Ellen Rovaris
Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos em matrizeiros
Cuiabá – MT
2013
Ellen Rovaris
Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos em matrizeiros
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em
Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do Título de Mestre em Ciência Animal.
Área de Concentração: Nutrição de Não-Ruminantes Orientador: Profª. Drª. Gerusa da Silva Salles Corrêa
Co-Orientador: Prof°.Dr°. André de Brito Corrêa
Cuiabá – MT
2013
Dedico este trabalho
A minha mãe Tereza (in memorian)
Por todos os ensinamentos no tempo que convivemos
Que eu vou levar para toda a vida
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me abençoado nesta jornada.
A minha família, meu pai Valdir e minha irmã Joziane, mesmo distante, porém sempre
apoiando minhas decisões, e com certeza o porto seguro na minha vida.
Ao meu esposo Lauro e meus sogros, Lucidia e Benedito por todo auxílio nesta etapa.
Agradeço a professora Gerusa por todos os ensinamentos, pelo apoio e pela
oportunidade de realizar o mestrado, agradeço também ao professor André pelo auxílio na
realização do trabalho e aos participantes da banca examinadora pelas contribuições na tese.
E claro meu agradecimento a todos os colegas de mestrado, em especial ao Uanderson,
Saulo, Luzilene e Franciele.
RESUMO
ROVARIS, E. Diferentes sistemas de alojamento de frangos de corte e de coleta de ovos
em matrizeiros. 2013. 60f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.
Realizaram-se três experimentos, o primeiro para avaliar o desempenho de frangos de
corte criados em dois tipos de galpões: tratamento 1: convencional e tratamento 2: dark house.
Os resultados mostraram que os frangos criados em galpão dark house apresentam melhores
pesos corporais aos 42 dias de idade, melhor ganho de peso, consumo alimentar e conversão
alimentar. Houve redução significativa na incidência de calos de patas dos frangos criados em
galpões de sistema convencional. O segundo experimento foi realizado para avaliar a
qualidade de ovos férteis e o nascimento de pintinhos oriundos de dois sistemas de coleta de
ovos (tratamento 1: manual e tratamento 2: automático), os resultados mostraram que os ovos
coletados em ninhos automáticos apresentaram melhores resultados de eclodibilidade e
menores porcentagens de contaminação bacteriana e fúngica, já os ninhos manuais
apresentaram maiores índices de aproveitamento para incubação e menores índices de ovos de
cama. O terceiro experimento foi realizado para avaliar a eclodibilidade de ovos férteis
defeituosos e verificar a viabilidade da incubação dos mesmos, os ovos com defeitos foram
divididos 6 tratamentos, tratamento 1: ovos tortos, tratamento 2: ovos pequenos (45 a 47g),
tratamento 3: ovos com microtrincas, tratamento 4: ovos com densidade considerada baixa
(1070), tratamento 5: ovos considerados ideais para a incubação porém posicionados na
bandeja com o pólo invertido (câmara de ar para baixo) e tratamento 6: controle, ovos
considerados ideais para incubação. Os resultados demonstraram que o tratamento controle
apresentou os maiores índices de eclodibilidade e menor mortalidade embrionária.
ABSTRACT
ROVARIS, E. Different housing systems for broilers and egg collection in broiler
breedes. 2013. 60f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013.
There were three experiments. The first to evaluate the performance of broilers raised
in two housing types: Treatment 1: conventional treatment and 2: dark house. The results
showed that broilers reared in dark house had better body weights at 42 days of age, better
weight gain, feed intake and feed conversion. Significant reduction in the incidence of
chickens’ foot callus reared in conventional system. The second experiment was conducted to
evaluate the quality of hatching eggs and chicks that had been hatched in two systems of egg
collection (treatment 1:Manual and treatment 2: automatic), the results showed that
eggs collected from nests automated had better hatchability results and lower percentages
of bacterial and fungal contamination, since the manuals nests had higher utilization rates and
lower floor egg hatching on the. The third experiment was conducted to evaluate
the hatchability of fertile eggs defective and verify the viability of the same incubation, the
eggs with defects were divided in 6 treatments, treatment 1: eggs crooked, treatment 2: small
eggs (45 to 47g), treatment 3 : eggs with microcracks, treatment 4: eggs considered
low density (1070), Treatment 5: eggs considered ideal for incubation placed in the tray with
the pole inverted (air chamber down) and treatment 6: control, eggs considered
ideal hatching. The results showed that the control treatment had the highest rates of embryo
mortality and reduced hatchability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Fluxograma da Cadeia Avícola de corte............................................................ 14
Figura 2. Aviário Convencional......................................................................................... 18
Figura 3.Sistema de ventilação positiva na forma transversal (a) e longitudinal (b), com
formação de túnel.......................................................................................................
18
Figura 4. Ventiladores convencionais................................................................................ 19
Figura 5. Aviário dark house............................................................................................. 19
Figura 6. Sistema de ventilação negativa.......................................................................... 21
Figura 7.Gráfico do Fluxo de Temperatura dos Ovos...................................................... 23
Figura 8. Ninhos com coleta manual (a) e com coleta automática (b)............................. 24
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1:
Tabela 1 - Médias de peso corporal aos 42 dias de idade (PC), ganho de peso (GP),
consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MORT) e incidência
de calo (ICP) de pata em frangos de corte, de acordo com os diferentes tratamentos......
35
Tabela 2 -Diferença de CA, média de aves alojadas (MA), média de aves abatidas
(MAB), peso corporal (PC), Kg/m2..................................................................................
37
CAPÍTULO 2:
Tabela 1. Porcentagem de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por
fungos e ovos trincados, nas diferentes idades das matrizes oriundos de dois tipos de
ninhos..................................................................................................................................
44
Tabela 2. Porcentagem de ovos incubáveis e ovos de cama nas diferentes idades das
matrizes de frango de corte e tipos de ninhos.....................................................................
47
CAPÍTULO 3:
Tabela 1. Índices de eclosão, pintos de 2ª, contaminação e mortalidade embrionária nas
diferentes fases de desenvolvimento.................................................................................
53
Tabela 2. Custo aproximado da incubação dos ovos em incubatório industrial e preço
do pinto em decorrência da eclodibilidade........................................................................
56
SUMÁRIO
1. 1.INTRODUÇÃO…………………………………………………………………...... 13
2. 2. REVISÃO DE LITERATURA…………………………………………………....... 14
2.1Cadeia Avícola............................................................................................................. 14
2.2 Termoregulação............................................................................................................ 15
2.3 Ventilação.................................................................................................................... 16
2.4 Aviários Convencionais............................................................................................... 17
2.5 Aviários Dark House................................................................................................... 19
2.6 Produção de ovos........................................................................................................ 22
2.7 Coleta de ovos férteis.................................................................................................. 22
2.8 Qualidade de ovos férteis............................................................................................ 25
Referências Bibliográficas................................................................................................. 28
3.Capítulo I....................................................................................................................... 32
Desempenho de frangos de corte criados em aviários dark house versus convencional 32
Resumo.............................................................................................................................. 32
Abstract............................................................................................................................. 32
Introdução......................................................................................................................... 33
Material e Métodos........................................................................................................... 34
Resultados e discussão...................................................................................................... 35
Conclusões........................................................................................................................ 38
Referências bibliográficas................................................................................................. 39
4. Capítulo II..................................................................................................................... 41
Efeito do ninho com coleta manual versus automática na eclosão de ovos incubáveis 41
Resumo.............................................................................................................................. 41
Abstract............................................................................................................................. 41
Introdução......................................................................................................................... 42
Material e Métodos........................................................................................................... 42
Resultados e discussão...................................................................................................... 44
Conclusões........................................................................................................................ 48
Referências bibliográficas................................................................................................. 49
5.Capítulo 3..................................................................................................................... 50
Avaliação da incubação artificial de ovos deformados em matrizes pesadas 50
Resumo.............................................................................................................................. 50
Abstract............................................................................................................................. 50
Introdução......................................................................................................................... 50
Material e Métodos........................................................................................................... 51
Resultados e discussão...................................................................................................... 52
Conclusões........................................................................................................................ 57
Referências bibliográficas................................................................................................. 58
Conclusões Gerais............................................................................................................. 60
13
1. Introdução
A avicultura emprega direta e indiretamente cerca de 4,5 milhões de trabalhadores, e é
responsável por 1,5% do PIB. Cerca de 65% da produção é para o mercado interno. O Brasil é
o principal exportador de carne de frango e o terceiro maior produtor, perdendo apenas para
os Estados Unidos e a China, posição alcançada desde 2002. Os principais importadores dos
produtos brasileiros são os países do Oriente Médio, Ásia, União Européia, África e América
(UBABEF, 2012).
No estado de Mato Grosso a avicultura de corte cresceu 318% na última década (2002-
2012). Em receita, nos últimos anos, a produção de carne de frango foi o sexto principal
agroproduto de Mato Grosso, atrás de soja, carne bovina, algodão, milho e da cana-de-açúcar.
Este crescimento foi obtido através da implantação de grandes indústrias no estado (POPOV,
2012).
Para continuar crescendo o setor avícola está buscando e investindo em novas
tecnologias para manter e até mesmo melhorar a produtividade, a fim de reduzir custos e
também compensar a falta de mão de obra, com isso se espera manter a competitividade
mundial na exportação de carne de frangos e industrializados.
Como exemplos de novas tecnologias temos os aviários dark house (aviários escuros),
que em matrizes de recria é um sistema que já se consolidou, em frangos de corte, embora os
custos de implantação sejam maiores, em regiões quentes tem sido utilizado, mas ainda
precisa ser estudado em função de adaptação de manejo para frangos de corte (CERATTO,
2011).
Outro exemplo de tecnologia que já está sendo empregada em matrizes é a substituição
do ninho manual pelo ninho automático. Segundo a GSI (2009), que é fabricante de ninhos
automáticos, eles reduzem significativamente a mão-de-obra dentro dos galpões e torna o
manejo do sistema produtivo mais fácil, confiável e preciso.
Além destas novas tecnologias, para suprir a demanda de produtos de origem avícola e à
expansão desse mercado, as empresas do setor visam aumentar a sua produtividade, através de
alguns manejos como o aproveitamento de ovos trincados, deformados e com baixa densidade
da casca para incubação.
Assim, o objetivo deste trabalho será avaliar a produção de frangos de corte criados em
galpões darkhouse e em galpões convencionais, eclodibilidade de ovos defeituosos em
matrizes pesadas, e a produção de ovos incubáveis de matrizes pesadas criadas com ninhos
automático e manual.
14
1. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Cadeia Avícola
A cadeia avícola é bastante complexa e pode ser dividida em elos principais e elos
auxiliares. Dentro dos elos principais temos o avozeiro sendo o primeiro elo da cadeia
produtiva, onde ficam as galinhas avós, que são originadas a partir da importação de ovos das
linhagens avós, os quais são acasalados para produzir matrizes que, por sua vez, vão gerar os
pintos comerciais criados para o abate. O matrizeiro é o segundo elo da cadeia produtiva, o
terceiro elo é o incubatório, onde acontece o nascimento de pintos de um dia que são
posteriormente enviados para os aviários de crescimento e engorda para abate, e os aviários de
frango de corte representam o quarto elo da cadeia. O frigorífico (abatedouro) é o quinto elo
da cadeia produtiva,de onde obtem-se o produto final (ARAÚJO et al., 2008).
Os elos auxiliares desta cadeia são as pesquisas e desenvolvimento genético,
medicamentos, milho, soja e outros insumos, equipamentos e embalagens, conforme pode ser
observado na figura 1.
Figura 1. Fluxograma da Cadeia Avícola de corte
Fonte: Adaptado de Mendes e Saldanha (2004).
Importação de
avós
Avozeiros
Matrizeiro
Incubatórios
Aviários de
cria e engorda
Frigorífico/aba
tedouro
Fábrica de
equipamentos
insumos
químicos e
farmacêuticos
Fábrica de
rações
15
A cadeia de frango de corte até 1940 era um subproduto da produção comercial de ovos.
Com a escassez de carne bovina provocada pela segunda Guerra Mundial (1945) o frango
recebeu a atenção não só dos melhoristas como também dos nutricionistas e técnicos da área
de manejo e produção. Assim,o frango atual é um produto híbrido, oriundo do cruzamento de
3 a 4 linhagens puras. Em geral, duas linhas de fêmea que dão origem a fêmea matriz e uma
ou duas linhagens de macho que dão origem ao macho matriz. Em um programa de
melhoramento comercial, normalmente, levam–se 4 anos para se transferir os ganhos
genéticos obtidos na linhas puras (SOUZA E MICHELAN, 2004).
Conforme Souza e Michelan (2004) as principais marcas comerciais de frangos de
corteutilizadas no Brasil são a Cobb, Ross, Arbos Acres, Hubbard, AvianFarms, Hybro, Isa,
Embrapa.
Além das evoluções ocorridas no processo de melhoramento genético, grandes
melhorias ocorreram também na nutrição e manejo destas aves. Entretanto, muitos desafios
tem surgido, principalmente em relação a ambiência.
2.2. Termoregulação
As aves necessitam ser mantidas na zona de termoneutralidade, assim evitam o
desperdício de energia para a manutenção da temperatura corporal. Quando pintinhos a
temperatura ambiente deve ficar de 33ºC a 34º C e quando adultas é de 15ºC a 28ºC, sendo
que a umidade ideal varia de 40 a 80%.Além desses parâmetros é ideal que o ar dentro das
instalações seja de boa qualidade (WELKERet al., 2008).
O conforto térmico ou zona de conforto para as aves é definido por Furlan e Macari
(2002) como sendo uma faixa de temperatura ambiente na qual a taxa metabólica é mínima e
a homeotermia é mantida com menos gasto energético. Assim, na zona de conforto térmico a
fração de energia utilizada para a termogênese é mínima e a energia de produção é máxima,
isto é traduzido em ganho de peso, conversão alimentar e produção de ovos. No entanto a
termotolerância da ave varia em função da idade e do peso animal, de forma que na primeira
semana de vida a temperatura ambiente ideal é de 32-35° C, na segunda semana de 29-32° C,
na terceira semana de 26-29° C, na quarta semana de 23-26°C e na quinta semana de 20-
23°C.
Avaliando o efeito da temperatura ambiente sobre o desempenho e as características de
carcaça de frangos de corte machos da linhagem AvianFarms, dos 22 aos 42 dias de idade,
Oliveira et al.(2006) verificaram que os melhores resultados de peso e ganho de peso
16
nospeitos, coxas e carcaças, foram obtidos nas aves criadas em temperatura ambiente de 24 a
26,3ºC e que temperaturas ambientes abaixo de 24ºC e acima de 26,3ºC influenciaram
negativamente os pesos e ganho de peso destas características.
Alguns autores apontam que, entre os fatores ambientais, os térmicos são os que mais
afetam as aves, pois comprometem sua função vital mais importante, que é a manutenção de
sua homeotermia (WELKER, 2008; BARBOSA FILHO, 2009).
Segundo Nazareno et al. (2009) a zona de termoneutralidade está relacionada a um
ambiente térmico ideal no qual as aves encontram condições adequadas para expressar suas
melhores características produtivas.
O excesso de frio e principalmente o calor revertem em menor produtividade, afetando
também o crescimento e a saúde das aves, o que pode levar a situação extrema como o
aumento de mortalidade dos lotes(SALGADO E NÄÄS, 2010).
Para manter as aves dento desta zona de conforto térmico, muitos fatores são
importantes, como a orientação dos aviários, arborização e ventilação que pode ser natural
ou artificial.
2.3. Ventilação
A ventilação natural é o movimento do ar por entre as construções especialmente
abertas pelo uso de forças naturais produzidas pelo vento e/ou por diferenças de temperaturas,
as quais permitem alterações e controle da pureza do ar, provendo o galpão de oxigênio,
eliminando amônia, CO2 e outros gases nocivos, excesso de umidade e odores, possibilitando
também, dentro de certos limites controlar a temperatura e a umidade do ar nos ambientes
habitados, de tal forma que o ar expedido, quente e úmido, seja substituído e assim aumente a
perda calorífica por convecção (TINÔCO, 2004).
A ventilação artificial é um meio eficiente de redução da temperatura dentro das
instalações avícolas, aumentando as trocas térmicas por convecção, conduzindo a um aumento
de produção. Neste caso é necessário o uso de artifícios estruturais, como o sistema de
ventilação automatizado nos galpões, para manter o equilíbrio térmico entre a ave e o meio. A
ventilação adequada também é importante para eliminar o excesso de umidade do ambiente e
da cama, proveniente de água liberada pela respiração das aves e dos dejetos e permitir a
renovação do ar, regulando o nível de oxigênio necessário às aves, eliminando gás carbônico
e gases da fermentação (MOREIRA et al., 2004).
17
Além de manter a temperatura de conforto térmico para as aves, a ventilação é muito
importante para as trocas de ar dentro do aviário, pois trocas de ar inadequadas aumentam as
concentrações de partículas de monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), e
amônia (NH3) no interior das instalações, diminuindo as concentrações de oxigênio (O2)
favorecendo, assim, a incidência de ascite em aves de corte (ALENCAR et al., 2004;
OWADA et al., 2007). Alguns sistemas de aquecimento consomem o O2 no interior das
instalações aumentando a concentração do gás CO2 em especial em ambientes mal ventilados.
Como o CO2 é mais denso que o ar e é oriundo principalmente da respiração dos animais e de
aquecedores, sua tendência é permanecer ao nível das aves, dificultando a atividade
respiratória e causando morte (RONCHI, 2004).
A ventilação artificial pode ser realizada por exaustores ou ventiladores e número destes
a ser usado no galpão vai depender da sua vazão, do volume do galpão, da época do ano e da
idade das aves. Aconselha-se que cada ave, em cada idade tenha garantida uma taxa mínima
de renovação de ar e seja regulada com no máximo uma determinada velocidade de ar. Muitas
construções no Brasil foram construídas no início da década de 90 com o conceito de que a
velocidade máxima recomendada para o ar perto das aves adultas era de 0,2m/s no inverno e
0,5m/s no verão.Esses baixos valores foram definidos por diversos autores na década de 80,
porém hoje diversos trabalhos demonstram que, na fase adulta e em condições de calor a
velocidade do ar deve chegar a 2,0 a 2,5 m/s perto das aves adultas (TINÔCO, 2001).
Medeiros et al. (2005) em seu estudo definiram os melhores índices de temperatura,
umidade e velocidade do ar com base nos resultados de desempenho, parâmetros zootécnicos
e comportamento animal nos diferentes ambientes térmicos. Os autores concluíram que a
temperatura mais recomendada para frangos de corte adultos seria de 26° C, com umidade de
55% e a velocidade do ar 1,5m/s, pois nestes parâmetros as aves mantiveram-se bastante
tranquilas, normalmente dispersas, boa alimentação e apresentaram a maior produtividade e
melhores parâmetros zootécnicos.
2.4. Aviários Convencionais
O sistema convencional de criação de frangos de corte consiste em aviários com lonas
azuis ou amarelas (figura 2), a ventilação é realizada por ventiladores, chamada de ventilação
positiva. O sistema de pressão positiva ou pressurização é composto por ventiladores que
podem ser distribuídos de forma longitudinal ou transversal. Quando dispostos
transversalmente devem ficar a favor dos ventos predominantes, como mostrado na Figura
18
3(a). Na Figura 3(b) é apresentada a distribuição de forma longitudinal, sendo necessário o
fechamento das cortinas laterais para a formação da ventilação tipo túnel (ABREU, 2003).
Santos et al. (2009) ao avaliarem na região sudeste a diferença entre a posição dos
ventiladores (lateralmente ou em túnel), concluíram que o desempenho das aves foi melhor no
sistema com ventiladores dispostos lateralmente.
Figura 2. Aviário Convencional
Figura 3.Sistema de ventilação positiva na forma transversal (a) e longitudinal (b), com
formação de túnel
Os aviários convencionais possuem comedouros automáticos ou manuais e os
bebedouros pendulares ou tipo nipple, e possuem sistema de nebulização.
19
Utilizando os ventiladores, manejo das cortinas e a nebulização, este sistema visa
manter as aves na zona de termoneutralidade, visando criá-las dentro de condições térmicas
ideais para o desenvolvimento e melhor produtividade.
Entretanto os ventiladores não proporcionam ventilação uniforme em toda extensão do
aviário, conforme observamos na figura 4, aves posicionadas próximas ao ventilador recebem
uma velocidade de vento de 9,1m/s, enquanto as posicionadas a 12 metros recebem ventilação
de 0,25m/s.
Figura 4. Ventiladores convencionais
Fonte: Cobb-Vantress, 2008a.
2.5. Aviário Dark House
Os aviários dark house (figura 5) são completamente fechados, climatizados, a
ventilação realizada por exaustores, o resfriamento do ar realizado com placas evaporativas
e/ou nebulizadores, bebedouros tipo nipple e comedouros automáticos. As lonas são pretas
por dentro e prata por fora, com isso é possível controlar a luminosidade dentro do galpão.
Figura 5. Aviário dark house
20
Ainda hoje, poucas empresas no Brasil trabalham com aviários dark house para frango
de corte (GALLO 2009).Possivelmente em função da falta de informações científicas que
comprovem a sua eficiência. Conforme Verdi (2009) e Gallo (2009), esse sistema permite
conduzir lotes com luminosidade controlada, mantendo as aves mais calmas, reduzindo lesões
na carcaça, ealojar 13 aves porm2,enquanto que em aviários convencionais são alojadas 10
aves por m2.
Muitos aviários dark house foram construídos no Brasil a partir de modelos trazidos dos
Estados Unidos com o mesmo conceito que foi desenvolvido naquele país, porém não foram
consideradas as diferenças climáticas,o que levou muitos projetos novos a não terem bons
resultados. Porém, hoje já existem projetos no Brasil que obtem resultados iguais ou
superiores aos Estados Unidos (GALLO, 2009).
O sistema dark house está baseado no isolamento ótimo, ou seja, o ar deve entrar e sair
somente por onde foi projetado. Entradas falsas de ar em pontos indesejáveis e mal vedados
comprometem o resutado.Os aviários devem ser construídos com sistemas de resfriamento
evaporativo que visa abaixar a temperatura do ar na entrada, não permitir a passagem de
umidade para dentro do aviário, possuir sistema de cortinas automáticas com abertura
conforme o número de exaustores, ser dimensionado em tamanho suficiente para não
sobrecarregar os exaustores,os quais cumprem a funções básicas de troca de ar, removendo o
calor, umidade e gases, promovem o efeito da sensação térmica, através da velocidade do ar,
variando de 0,1 m/s, para aves na primeira semana de vida, a 3m/s, após os 30 dias de vida.
Segundo Abreu (2003), a ventilação negativa realizada por exaustores, o ar é forçado
por meio dos exaustores de dentro para fora, criando um vácuo parcial dentro da instalação.
Cria uma diferença de pressão do ar do lado de dentro e do lado de fora e o ar sai por meio de
aberturas.
No sistema de ventilação por exaustão, os exaustores são posicionados no sentido
longitudinal ou transversal, voltados para fora em uma das extremidades do aviário e na outra
extremidade, são dispostas aberturas para entrada do ar. Com o sistema em funcionamento os
ventiladores são acionados, succionando o ar de uma extremidade à outra do aviário (figura
6). Os exaustores são dimensionados para possibilitar a renovação de ar do aviário a cada
minuto e à velocidade de 2 a 2,5 m/s. A eficiência desse processo depende de uma boa
vedação do aviário, evitando perdas de ar (ABREU, 2003).
21
Figura 6. Sistema de ventilação negativa
Segundo Borges et al. (2002) aviários que possuem maior eficiência em manter o
ambiente adequado para as aves permitem produzir mais quantidade de carne por metro
quadrado, porque possibilita alojar um número maior de aves numa mesma área, sendo uma
alternativa viável no sentido de aumentar o rendimento produtivo e econômico do plantel.
Estes autores fizeram um experimento e avaliaram diferentes densidades de alojamentos e
definiram que alojar aves em alta densidade proporciona aumento significativo na produção
de carne por área de galpão, resultando em melhor aproveitamento das instalações, o que pode
ter um grande significado econômico para os criadores.
Recomenda que nos primeiros 7 dias de alojamento das aves deve-se fornecer
intensidade de luz de no mínimo 20 lux nas partes mais escuras do galpão, entretanto, os
melhores resultados são obtidos quando a intensidade é de 60 lux. Dos 8 aos 20 dias fornecer
10 lux e após de 21 dias diminuir a intensidade de luz para 5 lux. No sistema de criação Dark
House é possível controlar o fotoperíodo e a intensidade luminosa porque os aviários são de
cortinas pretas, o que não ocorre em aviários convencionais, pois normalmente as cortinas são
de cor amarela(COBB – VANTRESS ,2008a).
Entretanto alguns autores avaliando a intensidade da luz concluíram que o excesso de
iluminação maior que 10 lux não traz beneficio, pois pode favorecer comportamentos de
agressividade, hiperatividade e canibalismo (OWADA et al., 2007). Já Deep et al. (2010)
descreve que a baixa intensidade da luz provoca lesão no coxim plantar. Isto é explicado por
Blatchford et al. (2009), os quais descrevem que o aumento da incidência de lesões
ulcerativas coxins plantares, o calo de pata, com a diminuição da intensidade da luz deve-se
22
provavelmente à maior duração do tempo de repouso, o que resulta em um tempo de contacto
maior entre o pé e a cama.
2.6. Produção de Ovos
2.7. Coleta de ovos férteis
Em condições de campo, frequentemente, observa-se queda na eclosão dos ovos de
matriz pesada nas épocas quentes do ano. A análise dos ovos não eclodidos normalmente
revela alta taxa de mortalidade embrionária nos primeiros dias de incubação (FIUZZA et al.,
2006). Portanto é necessário realizar uma coleta eficiente de ovos na granja.
A fertilização do óvulo de galinha ocorre no infundíbulo, logo após a ovulação, e o
processo de formação do ovo a partir da ovulação demora cerca de 24 horas. Durante esse
período, o ovo permanece no oviduto, onde a temperatura é deaproximadamente 42ºC,
possibilitando o desenvolvimento embrionário, que no momento da postura, encontra-se no
estádio de pré-gástrula. O ovo fertilizado mantido em temperaturas elevadas favorece o
contínuo desenvolvimento do embrião. Este desenvolvimento é paralisado quando o ovo é
colocado à temperatura entre 19ºC a 21ºC que é ponto zero fisiológico (FIUZA et al., 2006;
BOLELI, 2003).
O ovo, imediatamente após a postura, deve ser coletado, desinfetado e transportado para
o incubatório. (ROSA E AVILA, 2000).
A coleta de ovos deve ser realizada no mínimo 7 vezes por dia, utilizando bandejas
plásticas para melhor higienização dos ovos. E a coleta de ovos deve se concentrar no início
do dia momento que a maioria das aves frequenta o ninho (Jaenisch, 2005).
Segundo a Cobb-Vantress (2008), a eclodibilidade máxima e excelente qualidade dos
pintos só poderão ser obtidas se os ovos forem mantidos em ótimas condições de temperatura
entre a postura e a incubação (figura 7).
23
Figura 7.Gráfico do Fluxo de Temperatura dos Ovos
Fonte: Cobb – Vantress, 2008b
Um ovo fértil contém muitas células vivas. Uma vez posto, seu potencial de
eclodibilidade pode, no máximo, ser mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem
manipulados de forma errada, o potencial de eclodibilidade irá diminuir rapidamente. Para
manter a qualidade dos ovos deve-se realizar a manutenção em caso de ninhos manuais
(figura 8-a), fazer a coleta de 4 a 6 vezes por dia, controlar as coletas nos ninhos mecânicos
(figura 8-b), caminhar frequentemente dentro do galpão para evitar que as aves façam a
postura na cama, porque este manejo estimulará as aves que estão fazendo ninho na cama ou
nos cantos a realizar postura nos ninhos.
24
a) b)
Figura 8. Ninhos com coleta manual (a) e com coleta automática (b)
Um bom nascimento de pintinhos inicia-se pela coleta de ovos na granja e transporte até
o incubatório. A qualidade dos ovos incubáveis é fundamental para obtenção de altos níveis
de eclosão. As práticas destinadas à manutenção desta qualidade requerem coletas frequentes,
limpeza e desinfecção adequadas, uma vez que a microbiota bacteriana que existe na
superfície da casca pode infectar e causar mortalidade de embriões e pintos recém-nascidos.
Durante o processo de resfriamento dos ovos, há um fluxo natural de ar da superfície para o
interior dos ovos que carreia contaminantes por meio dos poros da casca (SCOTT E
SWETNAM, 1993 citado por CONY et al., 2008). Desta forma conforme Sesti (2005), os
ovos devem sofrer desinfecção o mais rapidamente possível após a postura por meio de
métodos e com compostos adequados.
Bell (2002) citado por Cony (2008), afirma que o manejo do ninho é um ponto de
extrema importância para a qualidade dos ovos e os ninhos com coleta manualsão os
preferidos pela maioria dos produtores sendo recomendada uma abertura para cada 4 a 5
galinhas e que a quantidade correta de ninhos irá reduzir a postura de ovos na cama.
Já nos ninhos automáticos, que se diferenciam pelo local de coleta da correia, que pode
ser central ou lateral. Os ninhos devem ser escuros e terem boa ventilação, possuir cama
sempre limpa e seca no caso dos ninhos manuais, devendo ser fechados à noite para impedir
que as aves permaneçam dentro deles, evitando assim a contaminação da área com material
fecal.
25
Pilotto et al. (2010) adaptaram um ninho manual holandês que é muito aceito por
matrizes de frango de corte, a um modelo com coleta mecânica e os resultados mostraram que
a transformação do ninho manual em mecânico aumentou o número de ovos postos na cama,
de ovos trincados e de ovos sujos, comprovando pior aceitação desse tipo de ninho pelas
galinhas.
O ninho manual reúne várias características preferidas pelas aves, como o formato
côncavo, Caranza (2000) explica que na natureza as aves fazem o ninho neste formato para
evitar que os ovos rolem, ainda Brake (1985) citado por Pilotto et al. (2010) verificou que as
galinhas preferem fazer a postura em ninhos com fundo côncavo. Outra característica é a
forração com maravalha que Holcmanet al. (2007) observaram que a maioria das galinhas
preferiram os ninhos forrados com maravalha que também permitia formar a concavidade a
ninhos com forração de borracha, além dessas duas as aves na natureza realizam a postura em
ninhos individuais, o que ocorre nos ninhos manuais. Já nos ninhos automáticos os fundos são
planos, a forração é de tapete plástico e são coletivos. O ninho mecânico permite fazer mais
coletas de ovos por dia, melhorando a qualidade microbiológica dos ovos e reduzindo o
número de ovos trincados.
Outro fator que devemos considerar na escolha do ninho, se optamos por ninho manual
ou automático é a mão de obra disponível,pois ninhos manuais demandamde um maior
número de funcionários para realizar a coleta. Borsa e Cruz (2008) avaliaram duas granjas
produtoras de ovos férteis, em relação à viabilidade, produtividade, incubabilidade e
eclodibilidade, onde uma das granjas possuíam funcionários mais especializados e a outra
granja com funcionários menos especializados, este trabalho demonstrou como a mão de obra
é essencial, já que a granja com funcionários mais especializados obteve melhores resultados.
2.8. Qualidade de ovos férteis
O incubatório é um ambiente estratégico da produção avícola e está fortemente
vinculado à granja de matrizes (GONZALES, 2003). A principal meta do incubatório é
transformar biologicamente ovos férteis em pintos de um dia no volume, prazo e qualidade
desejados, minimizando a incidência de anormalidades e contaminação, de forma a atender às
necessidades e expectativas da produção avícola, ao menor custo (TONA et. al., 2003).
26
Porém alguns ovos são considerados fora do padrão e descartados da incubação, como,
ovos tortos, ovos trincados, ovos pequenos, ovos com densidade alta ou baixa e são
descartados (COBB – VANTRESS, 2008b).
O tamanho do ovo é o fator que determina o tamanho do pinto. O peso do pintinho
normalmente corresponde a 66-68% do peso do ovo, sendo assim, pintinhos de ovos com
peso médio de 60g pesam por volta de 40g (COBB – VANTRESS, 2008).
O peso dos ovos está diretamente relacionado com o peso ao nascimento depintainhos
de corte, sendo um fator que afeta o desempenho animal e pode provavelmente influenciar o
peso das aves na idade de abate (MUERERet al., 2008).
Segundo Maiorka et al. (2003) pintinhos oriundos de matrizes em início de produção
produzem ovos menores e tendem a apresentar desenvolvimento inferior daqueles oriundos
das matrizes mais velhas (produzem ovos maiores), pois seus ovos contem menor quantidade
de albúmen e gema e maior densidade do albúmen, que atua como uma barreira para
evaporação e difusão de água e gases entre o interior do ovo e o meio ambiente da
incubadora, provavelmente dificulta a obtenção de oxigênio pelo embrião, o que atrasa seu
desenvolvimento e reduz sua eclodibilidade.
A falta de integridade da casca dos ovos, como por exemplo, ovos trincados, está
relacionada ao maior grau de contaminação dos embriões e a maiores perdas de peso no
período de incubação. Conseqüentemente, qualquer destas condições podem estar associadas
à redução dos índices de incubação (ROSA e ÁVILA, 2000).
Ainda segundo Rosa e Ávila (2000), aves entre 35 e 55 semanas de idade produzem
ovos com maiores densidades (1075 a 1090), relacionadas aos maiores índices de eclosão. Já
aves mais velhas, com idade superior a 56 semanas, produzem uma proporção maior de ovos
com cascas de menor densidade (< 1074), conferindo-lhes piores índices de eclosão.
Santos et al. (2007), avaliaram a incubação de ovos trincados e ovos deformados em um
incubatório industrial e os resultados obtidos pelos autores mostraram que os ovos trincados e
deformados apresentaram índices de eclodibilidade menores e mortalidade embrionária e
contaminação maiores que os ovos normais.
Durante o processo de incubação, o ovo perde umidade através dos poros da casca. A
rapidez com que o ovo perde umidade depende do número e tamanho dos poros da casca, e
também da porcentagem de umidade ao redor do ovo. Para obter melhores taxas de
nascimento, um ovo deve ter perdido 12% do seu peso no 180dia de incubação. Devido às
diferenças de estruturas da casca, e conseqüentemente na condução de gases, quando o ovo é
incubado sob uma mesma condição de umidade, ocorrerá uma variação na perda de umidade.
27
Em ovos de matrizes, essa variação ocorre normalmente,contudo não altera de forma
significativa o nascimento.Porém quando os ovos possuem casca fina ou pequenas trincas,
devido à problemas de manejo na granja ou a doenças, por exemplo,isso pode alterar
significativamente a eclodibilidade (COBB-VANTRES, 2008).
28
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32
3. CAPÍTULO 1.
Desempenho de frangos de corte criados em aviários dark house versus convencional.
Performance of broiler chickens createdin aviaries dark houseversusconventional.
Resumo: Com o objetivo de avaliar o desempenho zootécnico de frangos de corte em duas
diferentes instalações, aviários convencionais (com ventilação positiva) e aviários dark house
(com ventilação negativa e cortina escura), foi realizado este estudo, a partir de dados de
campo de uma empresa avícola situada em região com clima quente em MT. Foram avaliados
os desempenhos dos frangos de corte através do peso corporal, ganho de peso, consumo
alimentar, conversão alimentar, mortalidade e incidência de calos de pata. Os resultados
mostraram que os frangos criados em galpões no sistema dark house apresentaram melhores
desempenhos para peso final, ganho de peso, consumo alimentar e conversão alimentar.
Houve redução significativa na incidência de calos de patas dos frangos criados em galpões
de sistema convencional Quanto à mortalidade durante a criação não houve diferença
significativa entre as duas tecnologias. Assim o melhor sistema em relação aos resultados
zootécnicos para a criação de frangos em região quente é o sistema dark house.
Palavras–chave: aves,clima quente, frangos de corte,peso corporal, produtividade, sistema de
criação.
Abstract: In order to evaluate the growth performance of broiler chickens at
two different facilities, conventional aviaries (with positive ventilation) and avian dark
house (with negative ventilation dark curtain), this study was conducted, from data field
of a poultry company located in a region with a warm climate in state of Mato Grosso,
Brazil. Was evaluated the performance of broilers by body weight, weight gain, feed
intake, feed conversion, mortality and incidence of foot calluses. The results showed that
broilers reared in dark house sheds system presented better performances for final
weight, weight gain, feed intake and feed conversion. Significant reduction in the incidence of
foot callus of chickens reared in conventional sheds. Regarding mortality while creating there
was no significant difference between the two technologies. So the best
system, regarding zootechnical results for the keeping of chickens in hot region, isthe dark
house system.
Keywords: poultry, hot weather, broilerbody weight, productivity, system creation.
33
Introdução
O melhoramento genético dos frangos de corte nos últimos anos proporcionou frangos
com ganho de peso mais rápido, alto rendimento de carcaça, alta eficiência alimentar, entre
outros. Porém manter o desempenho no sistema de criação convencional principalmente em
clima quente tem sido o maior desafio na produção.
Os frangos de corte necessitam serem mantidos na zona de termoneutralidade, para
evitar o desperdício de energia na manutenção da temperatura corporal. Desta forma, que
quando são pintinhos, a temperatura deve ficar em torno 33ºC a 34º C e quando são adultos
precisam ser mantidos entre 15ºC a 28ºC com umidade variando de 40 a 80%. Além desses
parâmetros é ideal que o ar dentro das instalações seja de boa qualidade. (WELKER et al.,
2008).
Segundo Nazareno et al. (2009) a zona de termoneutralidade está relacionada a um
ambiente térmico ideal no qual as aves encontram condições adequadas para expressar suas
melhores características produtivas. Para manter as aves dento desta zona de conforto térmico
muitos fatores são importantes, desde a disposição dos aviários, arborização, ventilação, que
pode ser natural ou artificial.
O sistema de ventilação, com o uso de ventiladores também chamado de ventilação
positiva associada à nebulização e manejo de cortinas é um sistema que visa manter as aves
nesta zona de termoneutralidade, assim também como os aviários equipados com exaustores
(ventilação negativa) associados à nebulizadores ou a placas evaporativas também visam criar
as aves dentro de condições térmicas ideais para o desenvolvimento e melhor produtividade.
Conforme Tinôco (2004) o sistema de ventilação por pressão negativa o ar é succionado
por exaustores de dentro para fora, criando um vácuo parcial no interior da construção; desse
modo, succionando o ar externo, já no sistema de ventilação com pressão positiva o ar externo
é forçado, por meio de ventiladores, a entrar na construção, criando um gradiente de pressão
de fora para dentro da instalação. Esse sistema é o mais comum nos aviários de construção
aberta, podendo ser de dois tipos: em modos túnel e lateral.
Mesmo assim, ainda tem sido um grande desafio a criação de frangos, principalmente
em climas quentes, e por isso, tem surgido à possibilidade de criação de frangos de corte em
aviários com sistema dark house, visando melhorias no desempenho dos lotes. Este sistema, já
tem sido utilizado há muito tempo em galpões de matrizes, e em outros países também para
aves de corte, obtendo-se bons resultados. Dados de desempenho de frangos criados nos
Estados Unidos, descritos por Gallo (2009) demonstraram redução na conversão alimentar de
34
50 a 90 gramas, maior ganho de peso, redução na idade de abate de 3 a 5 dias e redução de 1 a
2 % na mortalidade total do lote.
Assim o objetivo deste estudo foi avaliar em qual sistema de criação (aviários
convencionais com ventiladores e nebulizadores ou dark house) obtêm-se melhores resultados
zootécnicos na criação de frangos de corte, criados em clima quente.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em aviários de uma empresa integradora, localizados no
médio norte de Mato Grosso, sendo que a média de temperatura anual é 24º C e as máximas
chegam a 38ºC.
Os frangos (machos) da linhagem comercial Cobb foram distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado.
Os tratamentos consistiram em dois diferentes tipos de galpões de 1500 m² cada.
Tratamento 1: galpão com sistema convencional, os quais possuíam 24 ventiladores dispostos
no modo túnel, com telhado de alozinco, forração, chão batido, nebulização, arborização e
lonas amarelas, nos quais foram alojados 10,8 aves por m² . Tratamento 2: galpão com
sistema dark house, os quais possuíam 7 exaustores, telhado isotérmico, lonas pretas na parte
interna e prateada na parte externa, chão batido, pad colling cerâmico associado com
nebulização, nos quais foram alojados 13 aves por m². O material utilizado para a cama em
ambos os tratamentos foi palha de arroz.
Foram avaliados 24 lotes no sistema dark house e 56 lotes no sistema convencional. As
aves utilizadas eram de mesma procedência, provenientes do mesmo incubatório.A ração foi
fornecida a vontade em comedouros automáticos e os bebedouros tipo nipple.Os dados foram
coletados no período de agosto de 2011 a agosto de 2012.
Os aviários dark house possuíam iluminação artificial, sendo que a intensidade de luz
foi de 20lux na primeira semana, reduzindo para 10lux na segunda semana até os 42 dias de
idade.
O desempenho foi avaliado através das variáveis peso corporal, ganho de peso,
consumo alimentar, conversão alimentar, mortalidade e índice de calos de patas. Em cada lote
foi pesado 100% das aves, de forma a obter o peso corporal e o ganho de peso.
O consumo foi obtido pela diferença entre a ração fornecida e a sobra, e a conversão
alimentar calculada pela relação do consumo total de ração pelo ganho de peso. A mortalidade
foi calculada pela diferença entre o número de pintinhos alojados e o número de frangos
35
mortos até o carregamento, o índice de calos de patas foi avaliado visualmente por
amostragem de 5% de cada lote abatido, e classificado somente em duas categorias com e sem
calo de pata. Cada lote foi considerado uma repetição.
Os dados foram submetidos à análise de variância e para diferença entre médias
utilizou-se o teste de Fisher, ao nível de 5% de probabilidade. Utilizou-se para a análise o
pacote estatístico SAEG (2008).
Resultados e Discussão
Os dados de peso corporal aos 42 dias, ganho de peso, consumo de ração, conversão
alimentar, mortalidade e índice de calo de pata estão apresentados na tabela 01.
Tabela 1. Médias de peso corporal aos 42 dias de idade (PC), ganho de peso (GP), consumo
de ração (CR), conversão alimentar (CA), mortalidade (MORT) e incidência de calo (ICP) de
pata em frangos de corte, de acordo com os diferentes tratamentos.
Tratamentos PC
(kg)
GP
(kg)
CR
(kg)
CA
(kg/kg)
MORT
(%)
ICP
(%)
Aviário convencional 2,72b 2,67b 5,16b 1,78b 2,98a 22,8a
Aviário dark house 2,96a 2,92a 4,96a 1,73a 3,58a 36,9b
CV 3,53 3,46 7.46 3,19 35,90 76,09
Médias seguidas de mesma letra, na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Fisher, ao nível de 5% de probabilidade
Houve efeito significativo (P<0,05) para as variáveis peso corporal aos 42 dias de idade
(PC), ganho de peso (GP), consumo de ração (CR), conversão alimentar (CA), calo de pata
(ICP), de forma que as aves que foram criadas nos galpões dark house apresentaram melhores
PC, GP e CA. Estes resultados demonstram que o sistema dark house proporcionou aos
frangos um ambiente com melhor conforto. Resultados semelhantes também foram
encontrados por Bueno e Rossi (2006) que avaliaram lotes da linhagem Ross por 14 meses em
dois tipos de galpões (com ventiladores e nebulizadores x exaustores e nebulizadores), sendo
que nenhum deles era em sistema dark house, porém com tecnologia similar e os autores
concluíram que o desempenho das aves foi melhor, no galpão com exaustores provavelmente
em função de melhores condições de conforto térmico, proporcionado pelos exaustores e
nebulizadores.
36
Conforme Gallo (2009); Verdi (2009) o sistema dark house permite conduzir lotes com
luminosidade controlada, mantendo as aves mais calmas, reduzindo lesões na carcaça e
consequentemente à dermatite e também permite alojar uma densidade deaves por m2maior
que em outros aviários.
Não foi observado diferenças significativas na taxa de mortalidade, talvez em função do
bom manejo que foi adotado em todos os lotes. Nowicki et al.(2012) trabalhando com frangos
de corte das linhagens Cobb e Ross criados em aviários convencionais e dark também não
encontraram diferenças significativas na taxa de mortalidade e no ganho de peso dos lotes.
Comparando o desempenho de lotes de frangos de corte, criados em 3 sistemas,
convencional (que possuiventilação positiva com ventiladores), túnel (que possui ventilação
negativa com exaustores) e dark house (que possui ventilação negativa com exaustores e
controladores de luminosidade), sendo que todos possuem nebulizadores, Verdi (2009)
verificou que o peso corporal e o ganho de peso foram melhores no sistema dark, entretanto
não encontraram diferenças para taxa de mortalidade.
Avaliando o desempenho de frangos criados em três tipos diferentes de galpões
(convencionais, blue house e dark house) no estado de São Paulo, Bichara (2009) observou
melhor resultado de conversão alimentar no sistema dark house, mas o ganho de peso diário
não foi diferente nos três sistemas.
Rovaris et al. (2012) analisando dados de uma empresa situada em região quente em
período com média de temperatura 34°C e 80% de umidade, obtiveram melhores índices de
ganho de peso diário e conversão alimentar nos frangos de corte criados em aviários dark
house em comparação aos criados em aviários convencionais.
Gallo (2009) analisou dados de uma empresa brasileira em 3 tipos de galpões
convencional, ventilação negativa e dark house, este salientou que o grande ganho do último
sistema consiste na menor conversão alimentar.
As diferenças de CA, PC, kg/m2, número de aves abatidas e alojadas estão apresentados
na tabela 2.
37
Tabela 2. Diferença de CA, média de aves alojadas (MA), média de aves abatidas (MAB),
peso corporal (PC), Kg/m2
Tratamentos CA
(kg/kg)
MA MAB PC
(kg)
Kg/m2
Aviário convencional 1,78 16,234 15,559 2,81 29,15
Aviário dark house 1,73 19,305 18,495 3,06 37,72
Diferença 0,05 3,071 2,936 0,250 8,57
Conforme a tabela 02 percebe-se que as aves alojadas no sistema dark house
consumiram 50g de ração a menos em relação às aves do sistema convencional, cada
repetição economizou 924 kg de ração considerando o preço médio da ração em todas as fases
de produção de R$0,54, a economia foi de R$499,00.
O objetivo da produção de frangos é produzir quilograma de carne e quanto maior a
produção por m2 os custos de produção são diluídos, o sistema dark house mostrou-se mais
eficiente em relação ao convencional, pois produziu 8,57kg/m2 a mais. Isto se deve ao melhor
desempenho dos frangos aliado a maior densidade que este sistema permite alojar.
Outro aspecto a considerar, quando se compara os dois tipos de sistemas (convencional
e dark house), é o que foi relatado por Owada et al. (2007) avaliando o comportamento das
aves em relação à luminosidade afirmam que este é um dos pontos mais importantes na
criação de frangos de corte, pois estes observaram em experimentos realizados por eles que o
excesso de iluminação (maior que 10 lux) não leva a qualquer benefício adicional e podem
prejudicar a produção favorecendo comportamentos de agressividade, hiperatividade e
canibalismo.
Observou-se diferenças significativas na incidência de calos de pata nos frangos, de
forma que as aves criadas em galpões com sistema dark house apresentaram maiores
incidências de calos. Isto pode ter ocorrido em função da maior densidade (aves/ m²) do
sistema dark house. Ou seja, no sistema convencional a umidade é mais facilmente retirada da
instalação através do manejo das cortinas laterais dos aviários, enquanto que no sistema dark
house não são manejadas as cortinas laterais, já que neste sistema do alojamento até o abate
das aves, o galpão fica totalmente fechado, conseqüentemente é mais difícil à retirada da
umidade do ambiente, ocasionando uma cama mais úmida e mais propensa à formação de
calos de patas nas aves.
38
Estes resultados estão de acordo com Muniz et al. (2006) que avaliaram a incidência de
calos de pata no abate de frangos em três diferentes densidades (10, 15 e 20 aves/m²) e
obtiveram diferenças significativas entre as três densidades, sendo que conforme a densidade
foi aumentada também aumentou o percentual de calo de patas.
Cabe ressaltar que os calos de patas passaram a ter maior relevância nos últimos anos
devido ao direcionamento dos pés de frangos para os mercados da Ásia, portanto o
rendimento percentual de patas passou a ser um fator econômico importante (VIEIRA, 2009),
portanto, é importante o manejo adequado para redução deste índice.
Em trabalho realizado por Deepet al. (2010) no qual correlacionaram a intensidade de
luz com a porcentagem de calos de pata avaliando 4 intensidades de luz (1,10,20 e 40 lux) em
frangos de corte da linhagem Ross, dos 7 aos 35 dias de idade, verificaram que não houve
diferença de peso corporal, consumo de ração, conversão alimentar e mortalidade, porém na
intensidade de 1 lux foi observado lesões ulcerativas no coxim plantar. Blatchford et al.
(2009) descrevem que o aumento da incidência de lesões ulcerativas coxins plantares, o calo
de pata, com a diminuição da intensidade da luz deve-se provavelmente à maior duração do
tempo de repouso, o que resulta em um tempo de contacto maior entre o pé e a cama.
Bessei (2006) citado por Owada et al. (2007) revisando pontos críticos de bem-estar na
produção de frangos de corte, apontou como importante o controle do regime e da intensidade
de luz em aviários, pois a intensidade da luz pode influenciar diretamente na atividade motora
e possível exaustão das aves levando aparecimento de anormalidades locomotoras.
Porém os resultados de Carvalho et al.(2011) os quais avaliaram 4 tipos de aviários
(dois tipos de Blue house, dark house e convencional) em relação à eficiência de ventilação e
qualidade do ar, verificaram uma maior homogeneidade no aviário dark house, ou seja, uma
melhor qualidade de cama em relação aos outros que obtiveram pontos com altos valores de
umidade, os mesmos atribuíram que o galpão dark house possui maior controle das variáveis
climáticas por apresentar maior isolamento térmico.
Conclusões
O sistema dark house propiciou melhores peso corporal aos 42 dias de idade, ganho de
peso, consumo e conversão alimentar para criação de frangos de corte em regiões de clima
quente.
No sistema convencional apresentou menor índice de calos de patas.
39
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41
4. CAPÍTULO 2
Efeito do ninho com coleta manual versus automática na eclosão de ovos incubáveis.
Effect of nest collection with manual versus automatichatches eggs hatching.
Resumo: Com o objetivo de avaliar a qualidade de ovos férteis e o nascimento de pintinhos
em dois diferentes sistemas de coleta de ovos, manual e automático, foi realizado o estudo a
partir de dados de campo de uma empresa avícola situada em MT. Foram avaliados 18060
ovos oriundos de matrizes pesadas com idades de 35 a 45 semanas. Foram avaliados no
incubatório a eclodibilidade dos ovos, número de ovos trincados e a porcentagem de
contaminação por bactérias e fungos. Na granja avaliou-se a porcentagem de ovos postos na
cama e a porcentagemde ovos incubáveis. Os resultados mostraram que os ovos coletados em
ninhos automáticos apresentaram melhores resultados de eclodibilidade e menores
porcentagens de contaminação bacteriana e fúngica. Já os ninhos manuais apresentaram
maiores índices de aproveitamento para incubação e menores índices de ovos de cama. Não
houve diferença no número de ovos trincados entre ninhos e idades das matrizes.
Palavras – chave: eclodibilidade, matrizes de frango de corte, ovos de cama, tipos de ninho.
Abstract: In order to evaluate the quality of fertile eggs and chicks born in
two different systems of collecting eggs, manual and automatic, a study was
conducted from field data of a poultry company located in Mato Grosso, Brazil. Was
evaluated the hatchery hatchability, cracked eggs and contamination by bacteria and fungi, the
farm was evaluated eggs laid on the floor and use. The results showed that eggs collected
from automated nests had better results and lower hatchability percentages of bacterial and
fungal contamination, on the other hand, the manual nests showed higher recovery for
incubation and lower floor eggs, cracked eggs in relation to no difference. There was no
difference of the number of cracked eggs between nests and broiler breeders’ age
Keywords: hatchability, floor eggs, broiler matrices, types of nest.
42
Introdução
Um bom nascimento de pintos inicia-se com a coleta de ovos na granja, o qual deve ser
coletado, desinfetado e transportado, imediatamente após a postura, para o incubatório (Rosa
e Avila, 2000).
De acordo com a Cobb- Vantress (2008) a eclodibilidade máxima e excelente qualidade
dos pintos só poderão ser obtidas se os ovos forem mantidos em ótimas condições entre a
postura e a incubação. Uma vez posto, seu potencial de eclodibilidade pode, no máximo, ser
mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem manipulados de forma errada, o potencial de
eclodibilidade irá diminuir rapidamente.
Os ninhos automáticos proporcionam uma coleta mais rápida em relação aos ninhos
manuais. Como descreve Silva (2012), o ninho automático impede que as aves tenham
contato com os ovos após a postura e a permanência dos ovos no local da postura é menor,
gerando menor incidência de trincas e contaminação e assim melhor qualidade dos ovos.
Além disso, a mão de obra pode ser reduzida em torno de 30 a 40%. Porém, tem um alto custo
inicial e maior propensão para a postura de ovos na cama.
Os ninhos manuais são preferidos pelas aves, conforme trabalhos realizados por
Holcmanet al. (2007), que mostraram que as aves preferem ninhos forrados com maravalha ao
invés de material plástico.
Em trabalho realizado por Piloto et al. (2010), no qual analisam a qualidade dos ovos,
foi observado que os ninhos com coleta manual proporcionaram ovos com melhor qualidade
em relação aos ninhos adaptados para coleta automática.
Em função de pouca informação científica e com resultados contraditórios, realizou-se
esta pesquisa visando a avaliação dos ovos coletados nos dois sistemas, manual e automático,
em relação à eclodibilidade, contaminação bacteriana e fúngica, índices de aproveitamento
para incubação e número de ovos de cama.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em aviários de uma empresa integradora, localizados na
região médio norte de Mato Grosso. A empresa aloja matrizes de mesma linhagem comercial.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, considerando o esquema fatorial de 2
43
x 11, sendo dois tipos de ninhos (manual e automático) x onze idades de matrizes Cobb (35,
36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44 e 45 semanas de idade).
Realizou-se a avaliação de 18060 ovos em incubatório comercial, estes advindos da
mesma granja que possui aviários com capacidade de alojamento de 14000 aves. Os aviários
dos matrizeiro são equipados com telha isotérmica, exaustores, pad coling (placas
evaporativas) e controladores automáticos dos equipamentos.
Os tratamentos consistiram em dois diferentes tipos de ninhos. Tratamento 1: ninho de
coleta manual, de madeira com 8 bocas, forrados com palha de arroz, sendo disponível 1 boca
para cada 4 galinhas. As coletas dos ovos do ninho foram realizadas 5 vezes ao dia e a coleta
dos ovos da cama 12 vezes ao dia. A palha de arroz era reposta e desinfetada uma vez na
semana com paraformol. Tratamento 2: ninho automático, com 1 módulo para cada 220
galinhas, forrados com tapetes plásticos, os tapetes foram limpos antes de iniciar o
experimento e as esteireiras desinfetadas semanalmente, sendo realizadas duas coletas ao dia,
logo pela manhã e no início da tarde e 17 coletas de cama. Foram avaliados 860 ovos em
cada nascimento (cada nascimento representa uma repetição). Antes da incubação foram
classificados através do uso de uma lanterna em uma sala escura, sendo que os ovos que
apresentavam trincas foram retirados das bandejas antes da incubação. Ao nascimento foram
avaliados a eclodibilidade e realizada a quebra dos ovos não eclodidos, onde foram
determinadas a porcentagem de contaminação por fungo e bactéria (avaliação visual). Ao
final de todos os dias de coleta, foram calculados a porcentagem de ovos encontrados na cama
e de ovos incubáveis (taxa de aproveitamento). Ovos inférteis não foram considerados.
Os ovos advindos da granja foram armazenados por 4 dias à 20º C e umidade de 75 a 85
%, posteriormente encaminhados ao pré-aquecimento por 6 horas antes da incubação em sala
específica para esta finalidade a uma temperatura de 28ºC sendo que a temperatura dos ovos
foi monitorada por termômetro de raio infravermelho. Após o pré-aquecimento foram
colocados na incubadora de múltiplo estágio, a temperatura de 37,3ºC e umidade de 50 a
60%, a qual foi mantida por bicos pulverizadores, viragem automática de 45º a cada hora. Aos
19 dias de incubação foram transferidos para o nascedouro a temperatura de 36ºC e umidade
de 87%.
Os dados foram submetidos à análise de variância e para diferença entre médias
utilizou-se o teste Student N e w m a n K e u l s , ao nível de 5% de probabilidade. Utilizou-se
para a análise o pacote estatístico SAEG (2008).
44
Resultados e discussão
As porcentagens de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por fungos
e ovos trincados estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Porcentagem de eclodibilidade, contaminação bacteriana, contaminação por fungos
e ovos trincados advindos de dois tipos de ninho, nas diferentes idades das matrizes.
Eclodibilidade (%) Contaminação bacteriana (%) Contaminação fúngica
(%)
Trincados (%)
Tratamentos
Idade (semanas)
Manual Automático Manual Automático Manual Automático Manual Automático
35 88,11 bE 91,63 aA 0,25 bBCD 0aA 0aA 0aA 1,630aA 0,964aA
36 88,75 bDE 92,09 aA 0,09 aA 0aA 0aA 0aA 1,288aA 0,961aA
37 89,56 bCDE 92,27 aA 0,10 aA 0,15aB 0aA 0aA 2,038aA 1,597aA
38 90,83 bABCD 92,01 aA 0,19 aBC 0,39bC 0aA 0aA 1,436aA 2,035aA
39 91,19 aABC 91,56 aA 0,43 bABCDE 0,39bC 0aA 0aA 2,720aA 1,123aA
40 90,39 bABCDE 91,85 aA 0,53 bBCDE 0aA 0aA 0aA 2,045aA 2,333aA
41 89,93 bBCDE 91,70 aA 0,35 bABCDE 0aA 0aA 0aA 1,510aA 1,711aA
42 89,53 bCDE 91,36 aA 0,38 bABCDE 0aA 0,04bB 0aA 1,626aA 1,271aA
43 89,46 bCDE 91,42 aA 0,44 bABCDE 0,14aB 0,06bC 0aA 2,425aA 1,271aA
44 89,21 bCDE 92,19 aA 0,36aABCDE 0,51bC 0aA 0aA 2,111aA 1,551aA
45 88,61 bDE 91,88 aA 0,22 aBCD 0,53bC 0,08bD 0aA 2,048aA 1,271aA
Médias seguidas de mesma letra minúsculana linha não diferem estatisticamente pelo teste Fisher e médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student Newman Kewls, ao nível de 5% de probabilidade.
Em relação à eclodibilidade, observou-se que ovos mantidos nos ninhos automáticos
apresentaram maiores eclodibilidades do que os ninhos manuais, com exceção nas aves de 39
semanas, as quais apresentaram ovos com taxas de eclosão semelhantes aos dos ninhos
automáticos. Comparando as diferentes semanas em relação a cada ninho, observou-se que os
ovos mantidos nos ninhos manuais, oriundos de aves com 38,39 e 40 semanas apresentaram
melhores taxas de eclosão, entretanto os ovos de aves com 40 semanas não diferiram das
demais semanas. No ninho automático não houve diferença de eclosão entre as idades.
A melhor eclosão dos ovos coletados por ninhos automáticos pode ser explicada
conforme citado em Fiuzza et al. (2006) os quais descreveram que em regiões quentes
ocorrem mortalidade embrionária inicial, portanto é necessário realizar uma coleta eficiente e
rápida. Analisando a mortalidade inicial deste experimento observa-se queesta foi maior nos
ovos advindos de ninhos manuais em média 0,71% superior em relação aos ovos do ninho
automático. É importante ressaltar que a coleta mecânica reduz em aproximadamente 60 a
70% o tempo de coleta em relação ao sistema manual, permitindo desta forma uma coleta
mais eficiente (SILVA, 2012). O potencial de eclodibilidade do ovo, logo após a postura,
45
pode, no máximo, ser mantido, mas não melhorado. Se os ovos forem manipulados de forma
errada, o índice de eclodibilidade diminui rapidamente.
Analisando a contaminação bacteriana verificou-se que o ninho manual propiciou
maiores índices para contaminação por bactérias, com exceção das idades de 38, 39, 44 e 45
semanas. Na idade de 37 semanas não houve diferença significativa entre os dois tipos de
ninho. Isto pode ser explicado pela maior agilidade de coleta e desinfecção dos ovos, pois a
microbiota bacteriana existente na superfície da casca pode infectar e causar mortalidade de
embriões e pintos recém-nascidos. Scott e Swetnam (1993) citado por Cony et al. (2008)
explicam que durante o processo de resfriamento dos ovos, há um fluxo natural de ar da
superfície para o interior dos ovos que carreia contaminantes por meio dos poros da casca.
Dessa forma, os ovos devem sofrer desinfecção o mais rapidamente possível após a postura
por métodos e com compostos adequados (MAULDIN, 2002; SESTI, 2005).
Com a utilização de ninhos automáticos há uma substancial melhora na qualidade
microbiológica pelo menor tempo de exposição dos ovos no ninho, reduzindo a incidência de
ovos sujos, trincados e quebrados (SILVA, 2012).
Os dados referentes aos índices de contaminação deste trabalho concordam com Quarles
et al. (1970) citado por Cony (2008), os quais compararam os índices de contaminação
bacteriana e fúngica no ar, na superfície da casca dos ovos e eclodibilidade dos ovos férteis de
aves criadas em aviários com cama de serragem e ninhos com maravalha de madeira
comparadas com aves criadas em aviários com piso de arame e ninhos com sistema plástico
de retirada de ovos através de rolagem. Os autores observaram que o percentual de
eclodibilidade foi significativamente inferior e a contagem bacteriana foi entre 20 a 30 vezes
maior na superfície da casca dos ovos das aves criadas no aviário com cama de serragem e
ninho de maravalha.
Cabe ressaltar ainda que, o material do ninho manual (maravalha) e a esteira dos ninhos
automáticos precisam ser desinfetados, assim também como os tapetes dos ninhos que devem
ser limpos com frequência para evitar a contaminação de ovos por bactérias e fungos. Elguera
(1999) explica que é impossível produzir um ovo estéril, pois mesmo ovos recolhidos
diretamente do oviduto já estão contaminados. Porém a desinfecção de esteiras de ninhos
automáticos se faz necessária, além de ser um processo mais fácil do que a desinfecção de
ninhos manuais. E isto explica a maior contaminação de ovos com coleta manual.
Sesti (2005) também cita que os ovos sempre terão a presença de microorganismos na
casca, podendo contaminar-se antes da ovulação ou durante a formação no trato reprodutivo.
46
Parte dos microorganismos é aderida à casca quando o ovo passa pela cloaca, por onde
passam também as excretas (Mauldin, 2002).
Entre as idades no ninho automático as semanas de 38, 39, 44 e 45 diferiram em relação
às outras idades, no manual a idade com maior índice de contaminação foi 40 semanas, porem
somente diferiu estatisticamente das idades de 36 e 37 semanas, que foram as idades com
menor contaminação. Cabe ressaltar que a contaminação por bactérias ficou acima do padrão
da linhagem cobb que é 0,15% nas idades avaliadas neste estudo.
Não houve contaminação por fungos nos ovos com coleta automática, já nos ovos com
coleta manual apenas trêsidades das matrizes ocorreu contaminação (42, 43 e 45), sendo que
na 45ª semana ocorreu maior contaminação seguido das semanas 43 e 42. Esta contaminação
por fungos somente nos ninhos manuais provavelmente ocorreu por este ser forrado com
palha de arroz e os fungos crescem e se proliferam bem em cereais, onde geralmente
encontram um substrato altamente nutritivo para o seu desenvolvimento (Dilkin 2002). Porém
a porcentagem de contaminação ficou abaixo da tabela padrão da linhagem Cobb.
Em relação ao índice de ovos trincados não foi observado diferenças entre ninhos e
também entre idades, o que diferiu de Pilotto et al. (2010) que verificaram maior índice de
ovos trincados em ninhos adaptados para coleta automática do que em ninhos com coleta
manual. Estes autores justificaram o maior número de trincados em ninho mecânico devido a
correia de transporte ser estreita, o que difere deste experimento, onde os modelos de ninhos
utilizados possuem esteira largas.
Já Worley e Wilson (2000) citados por Silva (2012) descrevem que o ninho mecânico
por permitir realizar um maior número de coletas por dia, o que reduz o número de ovos
trincados e também melhora a qualidade microbiológica nos ovos.
Os dados de aproveitamento de ovos e ovos postos na cama estão na tabela 2.
47
Tabela 2. Porcentagem de ovos incubáveis e ovos de cama nas diferentes idades das matrizes
de frango de corte e tipos de ninhos.
Ovos de cama(%) Ovos incubáveis(%)
Idade Manual Automático Manual Automático
35 2,53 aA 6,82 bB 96,76 aA 95,70 bABC
36 2,94 aA 6,06 bA 97,09 aA 94,57 bC
37 2,46 aA 6,14 bA 96,67 aA 95,21 bBC
38 2,27 aA 6,22 bA 97,24 aA 96,31 bABC
39 2,70 aA 6,22 bA 96,73 aA 96,74 aAB
40 2,40 aA 6,25 bA 97,74 aA 96,03 bAB
41 2,60 aA 6,46 bA 97,57 aA 95,97 bABC
42 2,34 aA 6,09 bA 97,93 aA 96,78 bAB
43 2,29 aA 6,22 bA 97,94 aA 96,70 bAB
44 2,23 aA 5,99 bA 97,57 aA 96,84 aAB
45 2,19 aA 6,04 bA 97,53 aA 96,66 aAB
Médias seguidas de mesma letra minúsculana linha não diferem estatisticamente pelo teste Fisher e médias seguidas de mesma letra
maiúscula na coluna não diferem estatisticamente pelo teste Student Newman Kewls, ao nível de 5% de probabilidade.
Na avaliação de ovos de cama os ninhos com coleta manual apresentaram melhores
resultados, assim também como no aproveitamento de ovos, com exceção das idades de 39,44
e 45 semanas onde os ninhos automáticos propiciaram índices de aproveitamento semelhante
aos ninhos manuais. Estes dados foram semelhantes aos encontrados por Pilotto et al. (2010)
os quais também encontraram maior porcentagem de ovos de cama em ninhos com coleta
automática.
Silva (2012) explica que uma das desvantagens do ninho automático é a propensão a
postura de ovos na cama. Entretanto, discordaos dados de aproveitamento de ovos obtidos
neste experimento. Este autor descreve que pela coleta mais ágil e menor tempo de
permanência no ninho o aproveitamento de ovos é melhor em ninhos automáticos.
Analisando os ovos postos na cama em relação à idade, nos ninhos com coleta manual
não foi encontrada diferença, já nos ninhos com coleta automática apenas na idade de 35
semanas houve postura de cama superior às outras idades.
O aproveitamento de ovos foi semelhante em todas as idades nos ninhos manuais
enquanto nos ninhos automáticos na idade de 36 semanas houve o pior aproveitamento,
entretanto, este não diferiu das idades de 35, 37, 38 e 41, enquanto que as outras idades foram
similares.
Outro aspecto importante a ressaltar é a escassez de mão de obra, em granjas que
possuem ninhos automáticos, onde obtêm-se uma redução de até 30% na mão de obra, e esta
também influencia nos resultados, como demostraram Borsa e Cruz (2008), avaliando duas
granjas produtoras de ovos férteis, em relação à viabilidade, produtividade, incubabilidade e
48
eclodibilidade, onde uma delas possuía funcionários mais especializados e a outra granja com
funcionários menos especializados, com este trabalho demonstraram como a mão de obra é
essencial, pois a granja com funcionários mais especializados obteve melhores resultados.
Conclusões
Os resultados mostram que os ovos coletados em ninhos automáticos apresentam
melhores resultados de eclodibilidade e menores porcentagens de contaminação bacteriana e
fúngica.
Já os ninhos manuais apresentam maiores índices de aproveitamento para incubação e
menores índices de ovos de cama.
Não há diferença no número de ovos trincados entre ninhos e idades das matrizes.
49
Referências Bibliográficas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Sistema para análise estatística e genética –
SAEG. Versão 9.1 Viçosa, MG:UFV 2008. Acesso em 10 de janeiro de 2013.
50
5. CAPÍTULO 3.
Avaliação da incubação artificial de ovos deformados em matrizes pesadas
Evaluation of artificial incubation of eggs for broiler breeders deformed
Resumo: Com o objetivo de avaliar a eclodibilidade de ovos férteis defeituosos e verificar a
viabilidade da incubação dos mesmos, incubou-se ovos que foram divididos em 6
tratamentos, tratamento 1: ovos tortos, tratamento 2: ovos pequenos (45 a 47g), tratamento 3:
ovos com microtrincas , tratamento 4: ovos com densidade considerada baixa (1070) ,
tratamento 5: ovos considerados ideais para a incubação porém posicionados na bandeja com
o pólo invertido (câmara de ar para baixo) e tratamento 6: controle, ovos considerados ideais
para incubação. Os resultados demonstraram que o tratamento controle apresentou os maiores
índices de eclodibilidade e menor mortalidade embrionária.
Palavras - chave: incubatório, eclodibilidade, mortalidade embrionária, frangos de corte.
Abstract: White the goal ofevaluate thehatchabilityof defective fertile eggsandverify the
viabilityofthe sameincubation, incubatedeggswere divided into6 treatments, treatment 1:
eggscrooked, treatment 2: small eggs (45 to47g), treatment 3:eggs with microcracks,
treatment 4: eggs considered lowdensity(1070), Treatment 5:eggsfor incubationconsidered
idealbutplaced in the tray with thepoleinverted(tube down) andtreatment 6: control, eggs
considered idealhatching. The results showed that the control treatment had the highest rates
of hatchability and reduced embryo mortality.
Keywords: hatchery, hatchability, embryo mortality, broiler.
Introdução
O ovo da galinha é uma célula reprodutiva e para a criação de frangos em escalas
comerciais, estas células também devem ser produzidas em escala comercial, e não existem
dúvidas de que a incubação artificial substitui a galinha de maneira muito mais eficiente
(SILVA, 2005).
O incubatório é um ambiente estratégico da produção avícola e está fortemente
vinculado à granja de matrizes (GONZALES, 2003). A principal meta do incubatório é
transformar biologicamente ovos férteis em pintos de um dia no volume, prazo e qualidade
51
desejados, minimizando a incidência de anormalidades e contaminação, de forma a atender às
necessidades e expectativas da produção avícola, ao menor custo (TONA et al., 2003).
Para se ter um bom nascimento de pintinhos, o processo inicia-se pelo bom manejo na
coleta de ovos na granja e seu transporte até o incubatório. Os ovos após realizada a coleta
nos aviários devem ser enviados para um depósito na granja e em seguida para um depósito
no incubatório, através do transporte por um caminhão climatizado. É importante que todos
estes lugares tenham ambiência semelhantes para evitar mudanças bruscas na temperatura e
umidade no ovo (COBB-VANTRESS, 2008).
Normalmente descartam-se ovos que apresentem pouca chance de eclosão, e que
impliquem em pintinhos de baixa qualidade, como ovos muito grandes ou muito pequenos,
trincado, sujos, deformados entre outros fatores. Ovos de boa qualidade devem ser
provenientes de aves saudáveis, livre de microorganismos, boa espessura de casca, forma
ovoidal, ser fértil, não apresentar deformidade e nem trincas (COBB-VANTRESS, 2008).
Entretanto, ainda existem dúvidas quanto às quais tipo de ovos realmente dever ser
descartados.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade na utilização de ovos defeituosos no
processo de incubação artificial.
Material e métodos
Foram incubados 344 ovos tortos, 344 ovos pequenos (entre 45 e 47g), 430 ovos com
microtrincas, 430 ovos com densidade de 1070, 430 ovos com o pólo fino virado para cima e
1080 ovos considerados de boa qualidade para incubação (controle), representando os
tratamentos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, respectivamente. Esta incubação foi realizada em incubatório
industrial. Com os ovos incubados na mesma incubadora, no mesmo dia, portanto submetidos
às mesmas condições de incubação.
Os ovos foram selecionados no incubatório, provenientes de matrizes da Linhagem
CoobR, armazenados por 4 dias à 20º C e umidade de 75 a 85 %, posteriormente
encaminhados ao pré-aquecimento por 6 horas antes da incubação em sala específica para esta
finalidade a uma temperatura de 28ºC sendo que a temperatura dos ovos foi monitorada por
termômetro de raio infravermelho. Após o pré-aquecimento foram colocados na incubadora
de múltiplo estágio, a temperatura de 37,3ºC e umidade de 50 a 60%, a qual foi mantida por
bicos pulverizadores, viragem automática de 45º a cada hora. Aos 19 dias de incubação foram
52
transferidos para o nascedouro a temperatura de 36ºC e umidade de 87%. A temperatura e
umidade foram monitoradas em todo o processo.
Para separação dos tratamentos, separou-se visualmente o tratamento 1 ovos tortos,
consideraram-se que ovos pequenos (tratamento 2) eram aqueles com peso entre 45 e 47 g, os
ovos do tratamento 3 foram selecionados em sala escura com auxílio de lanterna para
visualizar as microtrincas, o tratamento 4 ovos com densidade de 1070 foram selecionados
através da prova da densidade com a inclusão de cloreto de sódio (Nacl) na água e medições
através do densímetro, os incubados com pólo invertido (tratamento 5) e os ovos controle
(tratamento 6) foram os ovos que pesavam entre 48g e 70g, não apresentavam microtrincas,
de forma ovóide e densidade de 1080, sendo que o tratamento controle foi incubado com a
câmara de ar virada para cima.
As incubadoras foram higienizadas e desinfetadas três vezes por semana e nos
nascedouros colocados 150 ml de formol líquido a cada 7 horas.
Aos 12 dias de incubação foi realizada a ovoscopia, retirados os ovos claros (com
embrião morto ou inférteis) e realizada a quebra para realizar o embriodiagnóstico. Após aos
21 dias de incubação quando da eclosão avaliou-se a porcentagem de nascimento de pintos
viáveis, números de pintos de segunda, contaminação por fungo e bactéria, mortalidade
embrionária de 0-4, 5 – 10 e 11-21 dias de idade, através da análise de resíduos e quebra dos
ovos não eclodidos.
Foram descartados os ovos inférteis e somente foram considerados os férteis. Os índices
de eclodibilidade de pintos viáveis(PV), pintos de segunda(PS), contaminação(C),
mortalidade embrionáriade 0 a 4(M1), 5 a 10(M2) e 11 a 21(M3) foram obtidos a partir de:
PV= PV/TO (Total de ovos férteis) * 100; PS= OS/TO)*100; C= C/TO*100; M1=
M1/TO*100; M2= ME/TO*100; M3= M3/TO*100.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) e os dados foram
submetidos a análise descritiva.
Resultados e discussão
Os resultados da eclosão de pintos viáveis, pintos de segunda, mortalidade embrionária
0 a 4, 5 a 10,11 a 21 e contaminação dos ovos incubados com diferentes defeitos estão
apresentados na tabela 1.
53
Tabela 1. Índices de eclosão, pintos de 2ª, contaminação e mortalidade embrionária nas
diferentes fases de desenvolvimento.
Índices (tratamento 1)
O vos tortos
(%)
(tratamento 2)
O vos pequenos
(42 a 47g) (%)
(tratamento 3)
O vos Com
microtrincas
(%)
(tratamento 4)
O vos com
densidade
1070 (%)
(tratamento 5)
O vos com pólo
invertido (%)
(tratamento 6)
Controle (%)
Eclosão de
pintos viáveis
82,05 85,76
73,73 84,89 53,08 91,11
Pintos de 2ª
Contaminação
3,48
0,58
2,03
0
2,8
1,16
1,16
1,63
23,34
0
0,48
0,38
Mortalidade
embrionária 0 a
4 dias
Mortalidade
embrionária 5 a
10 dias
Mortalidade
embrionária 11
a 21 dias
7,20
2,32
4,37
5,81
2,33
4,07
8,83
3,02
10,46
6,51
1,63
4,18
3,94
1,16
18,47
3
1,16
3,87
Observa-se que a eclosão de ovos com características dentro da normalidade foi
superior as eclosões dos ovos que apresentavam alguma anormalidade, assim como para os
outros índices, com exceção da contaminação, que ovos pequenos e com o pólo invertido
apresentaram 0% para este índice, enquanto os ovos controle apresentaram 0,38%. Os maiores
índices de contaminação foram dos ovos tortos com 0,58% seguidos dos ovos com
microtrincas (1,16%) e com densidade de 1070 (1,63%).
Santos et al. (2007) estudando a incubação de ovos com diferentes defeitos também
obtiveram melhores índices de eclosão em ovos com boa qualidade de casca (82,9%).
Ovos com densidade de 1070 possuem espessura mais fina e maior porosidade
alterando a condutância da casca, isto explica o maior grau de contaminação dos embriões e a
maiores perdas de peso no período de incubação (ROSA E ÁVILA 2000; TANURÉ; CAFÉ;
BAIÃO, 2009).
Ovos de matrizes mais velhas têm maior freqüência de ovos maiores, ocorrendo redução
da densidade, devido à maior porosidade da casca, que favorece as trocas gasosas entre ovo e
meio. Mcdaniel et al., (1979) citado por Rosa et al., (2002) concluíram que a piora da
qualidade da casca, associada ao aumento da idade da matriz, determina maior perda de peso
54
em ovos durante a incubação e elevação da taxa de mortalidade embrionária, com
consequente queda da eclodibilidade dos ovos.
Quanto ao tratamento de ovos com microtrincas, os danos e lesões na casca aumentam a
mortalidade embrionária devido o aumento da perda evaporativa (NARAHARI et al., 2000).
Narush e Romanov (2002) demonstraram que a porosidade e a espessura da casca são fatores
de maior influência sobre o desenvolvimento embrionário e Peebles E Macdaniel (2004)
citado por Santos et al. (2007) que há uma associação entre qualidade de casca e
eclodibilidade.
Apesar dos ovos deformados, com microtrincas e com densidade 1070 apresentarem
maior grau de contaminação em relação aos outros tratamentos, os resultados foram inferiores
aos apresentados por Santoset al. (2007) que obtiveram 24,3% de contaminação em ovos
deformados e 10,9% em ovos trincados. Ressalta-se que os ovos utilizados neste estudo
passaram por processo de fumigação na granja, o que pode ter eliminado muitos
contaminantes da casca, o que deve ter contribuído para índices de contaminação não terem
sido muito elevados. Segundo Elguera (1999) o gás formado no processo de fumigação
obtidoao combinar cristais de permanganato de potássio com formol líquido, tem ação
bactericida de contato é muito efetivo contra salmonelas, coliformes e outras bactérias
patogênicas.
Ramos (2011) avaliando ovos de aves avós também obteve piores eclosões em ovos
com menor densidade, 61%, 70,5%, 74,42% e 76,37% de eclosão média em ovos com
densidade de 1070,1075, 1080 e 1085, respectivamente.
Os ovos incubados com o pólo invertido apresentaram uma menor eclosão, 53,8%,
seguidos pelos ovos com microtrincas com 73,73% e ovos deformados com 82,05% em
relação aos outros tratamentos. Santoset al. (2007) também obtiveram eclodibilidade inferior
em relação aos ovos deformados (21,21%) e aos ovos trincandos (57,3%).
Schmidt et al. (2002), consideraram que a forma do ovo pode influenciar as condições
requeridas para uma ótima incubação quando associada a uma alteração na porosidade da
casca, influenciando a perda de água durante o processo.
O ovo considerado ideal para incubação é o de formato ovalado, conforme citado por
Albino et al. (2005), o qual descreve que ovos com formatos compridos ou excessivamente
redondos possuem tendência de quebrar durante o processo de viragem nas incubadoras. O
processo de viragem é realizado durante o processo de incubação, isto deve ser feito para
prevenir a aderência do embrião à membrana da casca do ovo, principalmente durante a
primeira semana da incubação. A viragem ajuda no desenvolvimento das membranas
55
embrionárias, na medida em que o embrião se desenvolve, e aumenta sua capacidade de
produzir calor, também ajuda na circulação do ar e auxilia na redução da temperatura.
Ovos pequenos normalmente procedem de matrizes em início de produção e pintinhos
oriundos destes ovos tendem a apresentar desenvolvimento inferior daqueles oriundos das
matrizes mais velhas (produzem ovos maiores), pois seus ovos contem menor quantidade de
albúmen e gema e maior densidade do albúmen. O albúmen denso atua como uma barreira
para evaporação e difusão de água e gases entre o interior do ovo e o meio ambiente da
incubadora, provavelmente dificulta a obtenção de oxigênio pelo embrião, o que atrasa seu
desenvolvimento e reduz sua eclodibilidade (MAIORKA et. al., 2003), isto pode explicar o
pior índice de eclosão dos ovos pequenos (45 a 47g) em relação ao tratamento controle. Rosa
et. al. (2002) ao avaliarem os efeitos da idade damatriz do peso do ovo sobre o resultado da
incubação concluíram que ovos de matrizes na fase inicial de postura tiveram uma menor
eclodibilidade e uma mortalidade embrionária total maior, melhorando estes índices com o
aumento da idade da matriz e consequentemente com o aumento do tamanho do ovo, os
melhores resultados obtidos foram ao redor da 39ª semana de idade e com ovos ao redor das
65 g.
Os ovos posicionados com o pólo invertido obtiveram a pior eclosão. Segundo Brito
(2006) os ovos devem ser posicionados com a ponta fina para baixo, ou seja, com a câmara de
ar voltada para cima. Caso contrário, o desenvolvimento do pintinho será com a cabeça virada
para ponta fina que não existe câmara de ar. Ocorrendo assim mortalidade que podem ser
maior que 10% e uma taxa superior a 40% de refugagem.
Os dados deste estudo concordam com Noleto et al. (2012) que obtiveram 53% de
eclodibilidade em ovos de matrizes Cobb-500R incubados com o pólo invertido.
Na tabela 02 apresentam-se os dados de custos aproximados da incubação de ovos em
um incubatório industrial e o valor do pinto de 1 dia em decorrência da eclodibilidade,
considerando apenas os custos produtivos do incubatório.
56
Tabela 2. Custo aproximado da incubação dos ovos em incubatório industrial e preço do pinto
em decorrência da eclodibilidade.
Índices (tratamento 1)
O vos tortos
(tratamento 2)
O vos pequenos
(42 a 47g)
(tratamento 3)
O vos com
microtrincas
(tratamento 4)
O vos com
densidade
1070
(tratamento 5)
O vos com pólo
invertido
(tratamento 6)
Controle
Eclosão de
pintos viáveis
82,05 85,76
73,73 84,89 53,08 91,11
Número de ovos
incubados
(simulação)
Valor da
incubação/ovo
(R$)
800000
0,11
800000
0,11
800000
0,11
800000
0,11
800000
0,11
800000
0,11
Número de
pintos eclodidos
Valor pinto/1
dia (R$)
656400
0,134
686080
0,128
589840
0,149
679120
0,130
424640
0,207
728880
0,121
Em relação aos dados da tabela 2 observa-se que o valor do pinto de 1 dia varia
dependendo do defeito dos ovos, sendo que o menor custo é para produzir pintinhos oriundos
dos ovos do tratamento 6 (controle), nota-se por exemplo que os ovos com microtrincas
(tratamento 3) apresentam diferença de R$ 0,028 no preço do pinto de 1 dia em relação ao
tratamento controle, considerando a incubação de 800000 ovos, isto equivale a uma
diferença do de R$ 22400,00 no custo de produção dos pintinhos.
Muitos destes defeitos dos ovos analisados podem ser evitados realizando-se manejos
corretos na granja, como posicionar o ovo adequadamente, ter cuidado na manipulação para
evitar microtrincas, realizar uma correta desinfecção dos ovos para evitar ou diminuir as
contaminações, manter um ambiente adequado e sanitariamente controlado evitando que as
aves sofram calor ou doenças diminuindo a formação de ovos cascas finas e/ou tortos.
Para o incubatório obter altos índices de eclodibilidade que é o objetivo, faz-se
necessário a classificação dos ovos na granja ou no incubatório descartando ovos que
apresentem anormalidades (com tortos, com microtrincas, com baixa densidade) e é
necessário posicioná-los na bandeja com a câmara de ar para cima.
57
Os menores custos foram obtidos da incubação de ovos sem defeitos, porém a decisão
de descartá-los ou não vai depender do mercado, ou seja, da demanda que a aumenta ou
diminui o valor do pinto de 1 dia.
Conclusões
Os ovos com pólo invertido e com microtrincas apresentaram os piores índices de
eclodibilidade.
A incubação de ovos normais obteve melhores índices de eclodibilidade, mortalidade
embrionária e de pintos de segunda.
Os menores índices de contaminação foram obtidos nos ovos pequenos (42 a 47g) e os
incubados com pólo invertido.
58
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60
CONCLUSÕES GERAIS
O sistema dark house propiciou melhores peso corporal aos 42 dias de idade, ganho de
peso, consumo e conversão alimentar para criação de frangos de corte em regiões de clima
quente.
No sistema convencional apresentou menor índice de calos de patas.
Os resultados mostram que os ovos coletados em ninhos automáticos apresentam
melhores resultados de eclodibilidade e menores porcentagens de contaminação bacteriana e
fúngica, já os ninhos manuais apresentam maiores índices de aproveitamento para incubação e
menores índices de ovos de cama. Não há diferença no número de ovos trincados entre
ninhos e idades das matrizes.
Os ovos com pólo invertido e com microtrincas apresentaram os piores índices de
eclodibilidade. A incubação de ovos normais foi superior nos índices de eclodibilidade e
mortalidade embrionária, com exceção da contaminação em relação aos outros tratamentos.
Para o incubatório obter altos índices de eclodibilidade que é o objetivo, faz-se
necessário a classificação dos ovos na granja ou no incubatório descartando ovos que
apresentem anormalidades (com tortos, com microtrincas, com baixa densidade) e é
necessário posicioná-los na bandeja com a câmara de ar para cima.
Os menores custos foram obtidos da incubação de ovos sem defeitos, porém a decisão
de descartá-los ou não vai depender do mercado, ou seja, da demanda que a aumenta ou
diminui o valor do pinto de 1 dia.