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Paulo Roberto Maia Estratégias corporativas da indústria de frangos – Um estudo exploratório Dissertação apresentada, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, ao Programa de Mestrado em Ciências Contábeis, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Controle de Gestão. Orientador: Prof. Dr. Fernando Tostes Rio de Janeiro 2008

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Paulo Roberto Maia

Estratégias corporativas da indústria de frangos – Um estudo exploratório

Dissertação apresentada, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre, ao Programa de

Mestrado em Ciências Contábeis, da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:

Controle de Gestão.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Tostes

Rio de Janeiro

2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação. _______________________________ _______________________

Assinatura Data

M217e Maia, Paulo Roberto. Estratégias corporativas da indústria de frangos: Um estudo exploratório

Paulo Roberto Maia. Rio de Janeiro, 2008. 110 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Fernando PereiraTostes. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado (Ciências Contábeis) –

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ, Faculdade de Administração e Finanças, Rio de Janeiro, 2008.

1. Indústria avícola - Dissertação. 2. Indústria de Frango – Brasil -

Estratégias. I. Tostes, Fernando Pereira. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Administração e Finanças. III. Título.

CDU 338.45:636.5

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Paulo Roberto Maia

Estratégias corporativas da indústria de frangos – Um estudo exploratório

Dissertação apresentada, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre, ao Programa de

Mestrado em Ciências Contábeis, da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração:

Controle de Gestão.

Aprovado em________________________________________________________________

Banca Examinadora:__________________________________________________________

Prof. Dr. Fernando Tostes (Orientador)

Faculdade de Administração e Finanças da UERJ

Prof. Dr. Celso José de Campos

Faculdade de Administração e Finanças da UERJ

Prof. Dr. José Augusto Veiga da Costa Marques

Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ

Rio de Janeiro

2008

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DEDICATÓRIA

À minha mãe Maria de Lourdes Roberto Ribeiro pela

força de todos esses anos; ao meu filho Márcio Vaz

Maia, razão de todos os meus esforços, à minha irmã

Cláudia Maia, e ao meu cunhado Ernane Gonçalves.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Fernando Tostes pelos ensinamentos, pela disponibilidade, pela

compreensão e paciência, durante todo o trabalho de orientação.

Aos meus colegas de trabalho em especial Jaldir Freire e Luiz Antônio, pelo apoio ao

longo de toda jornada de estudo e pesquisa.

Aos professores, funcionários e amigos do mestrado, pelo suporte acadêmico,

incentivo, e cooperação durante o curso.

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RESUMO MAIA, Paulo Roberto. Estratégias Corporativas da Indústria de frangos – Um estudo

exploratório. 2008. 110 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e Finanças, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. A indústria de frangos brasileira, representa um importante gerador de divisas e empregos, e tem-se destacado no cenário internacional altamente competitivo, e com fortes barreiras de entrada, sejam elas de natureza econômica, sanitárias, ou econômicas disfarçadas por uma justificativa sanitária. O excelente desempenho do setor, justifica-se pelos diversos fatores, sejam eles de natureza econômica, geográfica, e pela competência das principais empresas do setor. Neste sentido, é que o presente estudo teve como objetivo analisar as principais estratégias adotadas pelas duas maiores empresas brasileiras exportadoras de carne de frango, líderes no setor. Após análise de diversos relatórios setoriais, materiais institucionais das próprias empresas, e consultas à diversos artigos sobre o setor, realizou-se um breve questionário com o objetivo de identificar as principais estratégias destas empresas, além de possíveis ferramentas de análise estratégica utilizadas. Verificou-se que as estratégias gerais das empresas baseiam-se na diversificação de produtos para atender a novos mercados. Para isso torna-se necessário o investimento em inovação, como objetivo de desenvolvimento de produtos de maior valor agregado. Além disso somente uma das empresas analisadas utiliza-se de ferramentas formais de análise estratégica, mais conhecidas pela literatura acadêmica. Palavras-chave: Indústria de frangos, estratégias, análise estratégica.

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ABSTRACT

The Brazilian poultry meat industry represents an important exchange value and employments maker, and has been detached it in the international market, high competitive, and with strong entry barriers, being them from economics nature, sanitary, or economics disguised by one sanitary justification. The sector excellent performance, justifies it for the different factors being from economic nature, geographic nature, and for the competence of mayor industry companies. In this sense, the present study has the objective to analysis the main strategies adopted by the big two poultry meat Brazilian exporters companies, leaders in industry. After to analysis various industry reports, institutional material of the companies, and consulting different articles about the industry, a brief questioner was prepared, with the intend to identify the main strategies of this companies, besides possible strategies analysis tools used. Find out that the companies general strategies, relies in the products diversification to attend new markets. For that, it makes necessary investment in innovation, with the objective to develop products with high aggregate value. Besides, only one of the companies analyzed, uses strategic analysis formal tools, most known in the academic literature. Keywords: Poultry meat industry, strategies, strategies analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de associação entre oportunidades e recursos........................................ 19

Figura 2 – Decisões no Processo de Formulação de Estratégias............................................. 21

Figura 3 –As cinco forças competitivas de Porter................................................................... 24

Figura 4 –Estratégias genéricas de Porter................................................................................ 25

Figura 5– Modelo de análise SWOT........................................................................................ 32

Figura 6 – Matriz de Produtos e Missões de Ansoff................................................................ 33

Figura 7 – Matriz BCG............................................................................................................ 35

Figura 8 – Matriz GE/Mckinsey.............................................................................................. 37

Figura 9 – Perspectivas do Balanced Scorecard...................................................................... 38

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Produção e consumo de frangos em milhões de toneladas................................... 46

Quadro 2 – Consumo brasileiro Per Capita de carne de frango............................................... 48

Quadro 3 – Maiores empresas processadoras de carne de frango no Brasil............................ 49

Quadro 4 – Evolução do Consumo Per Capita de carnes no Brasil......................................... 50

Quadro 5 - Principais países exportadores de carne de frango................................................ 51

Quadro 6 - Principais países produtores de carne de frango ................................................... 52

Quadro 7 - Principais países consumidores de carne de frango............................................... 53

Quadro 8 - Exportação brasileira por tipo de produto............................................................. 54

Quadro 9 - Maiores empresas exportadoras de carne de frango no Brasil............................... 63

Quadro 10 – Quadro de Referencial Teórico........................................................................... 64

Quadro 11 - Volume de vendas e Receita Operacional Bruta da Sadia de 2004 a 2006......... 81

Quadro 12 – Volume de vendas e Vendas Líquidas da Perdigão em 2005 e 2006................. 87

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................... 12

Justificativa.............................................................................................................. 13

Problema de pesquisa............................................................................................. 13

Objetivos.................................................................................................................. 13

Delimitação do Estudo............................................................................................ 14

Organização do Estudo........................................................................................... 14

1 REVISÃO DA LITERATURA.............................................................................. 15

1.1 Origem e etimologia da palavra Estratégia ........................................................15

1.2 Conceito de Estratégia ........................................................................................... 15

1.2.1 Estratégia corporativa segundo Kenneth R. Andrews ............................................. 17

1.2.2 Decisões estratégicas segundo H. Igor Ansoff ......................................................... 20

1.2.3 Estratégias competitivas segundo Michael E. Porter ............................................... 23

1.2.4 O processo da Estratégia segundo Henry Mintzberg................................................ 28

1.3. Ferramentas de análise estratégica....................................................................... 31

1.3.1 Análise SWOT.......................................................................................................... 31

1.3.2 Matriz Ansoff ........................................................................................................... 32

1.3.3 Matriz BCG .............................................................................................................. 34

1.3.4 Matriz GE/Mckinsey..................................................................................................35

1.3.5 Balanced Scorecard .................................................................................................. 38

2 A INDÚSTRIA DE FRANGOS NO BRASIL...................................................... 40

2.1 O sistema agroindustrial ....................................................................................... 40

2.2 A cadeia agroindustrial de frango ........................................................................ 45

2.3 O ambiente competitivo.......................................................................................... 47

2.3.1 Mercado Interno .................................................................................................... 47

2.3.2 Contexto Internacional .......................................................................................... 51

2.3.3 Competitividade e Política Governamental.......................................................... 55

2.4 Estratégias corporativas da indústria de frangos no Brasil................................ 57

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................................... 60

3.1 Tipo de pesquisa...................................................................................................... 60

3.2 O método do Estudo de Casos................................................................................ 61

3.3 Critérios para a seleção da amostra...................................................................... 62

3.4 Coleta de dados.........................................................................................................63

3.5 A elaboração do questionário..................................................................................64

3.6 Limitações da pesquisa............................................................................................66

4 RESULTADOS........................................................................................................ 67

4.1 Histórico das empresas............................................................................................67

4.1.1 Sadia.......................................................................................................................... 67

4.1.2 Perdigão.................................................................................................................... 71

4.2 Respostas dos questionários................................................................................... 76

4.2.1 Sadia.......................................................................................................................... 76

4.2.2 Perdigão.................................................................................................................... 78

4.3 Análise das estratégias adotadas............................................................................ 81

4.3.1 Sadia.......................................................................................................................... 81

4.3.2 Perdigão.................................................................................................................... 86

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 93

REFERÊNCIAS...................................................................................................... 98

APÊNDICE – Questionário....................................................................................105

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INTRODUÇÃO

O Brasil consolidou-se como maior exportador de frango no ano de 2006, mantendo-

se no primeiro lugar no ranking mundial pelo terceiro ano consecutivo. A produção mundial

de carne de frango registrou em 2006 um aumento de 3,25%, atingindo 60,09 milhões de

toneladas. A produção brasileira foi de 9,3 milhões no mesmo período, mantendo o Brasil em

terceiro lugar entre os produtores mundiais, atrás somente de Estados Unidos e China, que

apresentaram produção de 16,16 e 10,35 milhões de toneladas, respectivamente no mesmo

período (ABEF, 2006).

O desempenho do Brasil como maior exportador e terceiro maior produtor de carne de

frango deveu-se às condições climáticas favoráveis do território brasileiro, à oferta de insumo

(milho e soja), que elimina a dependência do mercado externo tornando a disponibilidade

mais estável, e ao sistema de integração, que concilia a eficiência produtiva de pequenos

avicultores e a enorme capacidade de produção e distribuição das grandes empresas do setor.

Tais condições tornam-se vantagens competitivas importantes em relação à produção de

outros países.

O fenômeno da gripe aviária possibilitou que o Brasil ocupasse os espaços deixados

no mercado por países exportadores onde a doença se instalou. Até o momento a gripe aviária

ainda não chegou ao país, entretanto muitos especialistas julgam inevitável o surgimento da

doença no Brasil. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Frango - ABEF

(2006), a gripe aviária já causou prejuízos de US$ 10 bilhões nos países afetados, conforme

estimativas do início de 2006.

Dentre os maiores exportadores de carne de frango em 2006 encontram-se cinco

empresas, que juntas possuem uma participação de mercado de 73% (ABEF, 2006). A

globalização, a estabilização do real e suas flutuações, as barreiras tarifárias impostas pelos

países europeus, e a gripe aviária, fazem parte do contexto de mercado das empresas do setor,

consideradas no estabelecimento de suas estratégias corporativas.

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Justificativa

A indústria de frangos desempenha um importante papel econômico e estratégico para

o país, visto que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais, e o setor é um responsável

importante pela geração de divisas e empregos. Assim o estudo das estratégias corporativas

das maiores empresas exportadoras de carne de frango do Brasil, para a obtenção da

liderança, manutenção e expansão no mercado internacional, justifica a execução do presente

trabalho. A execução do mesmo justifica-se ainda pela importância acadêmica das análises de

estratégias do setor, que podem servir como fonte de consulta para novos estudos e até mesmo

para outros setores interessados.

Problema de Pesquisa

Em um ambiente de negócios globalizado, altamente competitivo, sujeito a severas

regras sanitárias e barreiras econômicas, a indústria de frangos brasileira destaca-se pela sua

competitividade.

Portanto, o problema principal de pesquisa do presente trabalho é responder a seguinte

questão: quais as principais estratégias adotadas pelas maiores empresas brasileiras

exportadoras de frango, e como tais estratégias possibilitaram o destaque dessas empresas no

setor avícola?

Objetivos

O objetivo específico do trabalho consiste em identificar as principais estratégias

corporativas adotadas pelos dois maiores exportadores de frangos brasileiros. Para isso, o

trabalho fundamentou-se na apresentação dos principais conceitos sobre estratégia

corporativa, na caracterização do ambiente competitivo inerente às empresas estudadas, e na

identificação a partir da literatura e dados secundários, das principais estratégias adotadas

pelas empresas.

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Delimitação do Estudo

O estudo se restringe a verificar as principais estratégias corporativas adotadas pelas

duas maiores empresas brasileiras exportadoras de carne de frango, bem como verificar os

principais fatores considerados na determinação de tais estratégias.

Esta pesquisa não objetiva comprovar a eficiência das estratégias adotadas, e sim

identificar as principais estratégias corporativas das empresas estudadas, e quais são os fatores

determinantes para a definição de tais estratégias pela alta administração das respectivas

empresas.

Organização do Estudo

A pesquisa foi dividida em quatro capítulos, cujos objetivos são apresentados a seguir:

� O primeiro capítulo apresenta a origem e etimologia da palavra estratégia, e em

seguida apresenta a visão de alguns dos principais autores sobre estratégia

empresarial.

� O segundo capítulo discorre sobre a indústria de frangos, seu ambiente

competitivo, e sobre as estratégias do segmento, segundo a literatura especializada;

� O capítulo seguinte aborda as questões referentes à metodologia, presentes no

processo de elaboração do trabalho. Descreve-se o tipo de pesquisa, o método

utilizado, os critérios para a seleção da amostra, o processo de coleta de dados e

de elaboração do questionário, e as limitações da pesquisa.

� O quarto capítulo descreve as principais estratégias das empresas selecionadas para

a pesquisa, generalizando-as ao setor como um todo.

� No quinto capítulo é apresentado um resumo das principais questões abordadas

pelo estudo, e as respectivas conclusões. Apresenta-se também as limitações e

sugestões de aprofundamento e complementação do presente trabalho.

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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 Origem e etimologia da palavra Estratégia

Segundo o dicionário (FERREIRA, 1999), estratégia é a: “Arte militar de planejar e

executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando a alcançar ou manter

posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados

objetivos”.

Tal definição teve sua origem na Grécia Antiga, significando inicialmente, “arte do

geral”, “adquirindo posteriormente, uma conotação voltada para a guerra, denotando general,

arte e a ciência de conduzir um exército por um caminho” segundo CAMARGOS e DIAS

(2003), apud STEINER e MINER (1981), e MEIRELES (1995).

Foi na época de Péricles (450 A.C.), que o termo assumiu o significado de habilidade

administrativa. Posteriormente, na época de Alexandre (330 A.C.), assumiria o significado

militar segundo MINTZBERG e QUINN (1991), apud EVERED (1983).

Estratégia significava inicialmente um meio de vencer o inimigo, mais tarde estendido

a outros campos de conhecimento humano como: política, economia e ao contexto

empresarial (GRAVE e MENDES, 2001).

1.2 Conceito de estratégia

Existem diversos conceitos de estratégia seja no âmbito empresarial, seja no âmbito

acadêmico. Parece haver uma utilização indiscriminada do conceito, dotado de uma grande

amplitude e diversificação, que em alguns aspectos é complementar e em outros divergentes

(MEIRELES e GONÇALVES, 2001).

Segundo ANDREWS (1997), estratégia corporativa é um modelo de decisão, que

determina os objetivos, propostas ou metas da empresa, as respectivas políticas e normas.

Delimita também o âmbito de negócio da empresa, o tipo de organização econômica e

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humana, e a natureza da contribuição econômica e não econômica , que se pretende oferecer

aos acionistas, empregados, clientes e comunidade.

Para ANSOFF (1977), estratégias são regras de decisão para que a empresa tenha um

crescimento ordenado e com lucro. Tais regras de decisão e diretrizes foram definidas como

estratégia, ou como o conceito de campo de atuação da empresa (ANSOFF, 1977).

De acordo com PORTER (1996, p.64): “Estratégia competitiva consiste em ser

diferente. Significa escolher deliberadamente um conjunto diferente de atividades para obter

um mix de valores únicos”.

Segundo MINTZBERG e LAMPEL (2002), em sua pesquisa histórica sobre a

literatura da estratégia, existem dez escolas principais, desde seu início da década de 1960. As

escolas sobre o pensamento estratégico, dividem-se em: a escola do design, a escola do

planejamento, a escola do posicionamento, a escola empreendedora, a escola cognitiva, a

escola do aprendizado, a escola do poder, a escola cultural, a escola ambiental e a escola da

configuração.

As dez escolas caem ainda em três grupamentos. As três primeiras são de natureza

prescritivas, preocupadas em como as estratégias devem ser formuladas. As seis escolas

seguintes consideram aspectos específicos do processo de formulação de estratégias e

preocupam-se mais com a descrição de como as estratégias são de fato formuladas, do que

com a prescrição do comportamento estratégico ideal. O grupo final é composto de apenas

uma escola, a escola de configuração, que é uma combinação de todas as outras (MINTZBER,

LAMPEL, 2002).

Mintzberg apresenta cinco definições de estratégia (os 5 Ps da Estratégia)

(MINTZBERG e QUINN, 2001):

� Como Plano: Tipo de curso de ação, uma diretriz (ou conjunto de diretrizes);

� Como Padrão: Padrão em um fluxo de ações, consistência no comportamento;

� Como Posição: Maneira de colocar a organização no ambiente. Força de

mediação ou harmonização;

� Como Pretexto: Manobra específica com a finalidade de enganar o concorrente

ou o competidor. e;

� Como Perspectica: A estratégia é um conceito, voltada para dentro da

organização, uma maneira enraizada de ver o mundo.

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1.2.1 Estratégia corporativa segundo Kenneth R. Andrews

ANDREWS (1997) diferencia estratégia corporativa da estratégia de negócios. Para

ele a estratégia corporativa aplica-se a organização como um todo, enquanto a estratégia de

negócios define a escolha de produtos/serviços, e mercados.

A estratégia de negócios determina a maneira como a empresa irá competir em seu

negócio, e como irá posicionar-se perante seus competidores. A estratégia corporativa define

em que negócios a empresa irá atuar, de maneira a centralizar recursos a fim de converter

competências distintivas em vantagens competitivas. Ambas são o resultado de um processo

contínuo da gerência estratégica (ANDREWS, 1997).

De acordo com ANDREWS (1997, p. 52): “A decisão estratégica que contribui para

tal modelo, é aquela que é efetiva por um longo período de tempo, afeta a empresa em

diversas maneiras diferentes, e direciona e compromete uma porção significativa de seus

recursos aos resultados esperados”.

O modelo mencionado provavelmente definirá o caráter central e imagem da empresa,

a individualidade que ela terá para seus membros e público em geral, e a posição que ela

ocupará em seu segmento e mercado (ANDREWS, 1997).

Segundo ANDREWS (1997, p. 53):

Alguns aspectos de tal modelo de decisão podem tornar-se corporativamente estabelecidos

imutáveis por longos períodos de tempo, como o comprometimento com a qualidade, ou alta

tecnologia, ou certas matérias-primas, ou boas condições de trabalho. Outros aspectos da

estratégia devem mudar de acordo ou antes das mudanças mundiais, como linha de produtos,

processo industrial, ou práticas de merchandising.

Estratégia corporativa é um processo organizacional inseparável da estrutura,

costumes e cultura da empresa. O processo de formulação de estratégia divide-se em

identificar oportunidades e fraquezas no ambiente da empresa, e relacionar os riscos às

alternativas (ANDREWS, 1997).

O processo de decisão estratégica, em caso de operações complexas, pode ser

organizado para providenciar regras apropriadas de descentralização e controle. Segundo

ANDREWS (1997, p.54):

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Quando a variedade do que deve ser conhecido não pode ser reduzido por uma estratégia

direcionada pela capacidade de uma mente singular, e quando a extensão de atividades da

empresa é de muitas indústrias e tecnologias, os problemas em formular estratégias coerentes

começam a sair de controle. Então a estratégia deve tornar-se um processo administrado,

preferencialmente à decisão do chefe executivo e seus associados imediatos.

As forças de uma empresa constituem recursos para crescimento e diversificação,

através, primariamente, da experiência em produzir e vender um produto, ou prestar um

serviço. Para identificar as forças geradas pelos produtos de uma organização, que podem se

transformar em novas oportunidades, deve-se examinar a linha de produtos corrente da

empresa, definindo suas funções nos respectivos mercados (ANDREWS, 1997).

Uma estratégia centralizada em um objetivo pode desenvolver capacidades a serem

aplicadas a diversos fins. Além disso, a maneira pela qual cada empresa combina

competências, recursos organizacionais, e valores é única (ANDREWS, 1997).

Segundo ANDREWS (1997) deve-se associar as oportunidades externas às

competências distintas da organização. Tal associação pode ser ilustrada por um diagrama que

associa oportunidades e recursos que resultam na estratégia econômica da empresa:

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19

CONDIÇÕES

AMBIENTAIS E TENDÊNCIAS

Econômica Técnica Física Política Social Comunidade Nação Mundo

OPORTUNIDADES E RISCOS

Identificação Questionamento Acesso ao risco

RECURSOS CORPORATIVOS

Extensão ou restrição de oportunidades Identificação das forças e fraquezas Programas de incremento da capacidade

COMPETÊNCIAS DISTINTAS

Capacidade: Financeira Gerencial Funcional Organizacional Reputação História

Consideração de todas as combinações

Avaliação para determinar a melhor combinação de oportunidades e recursos

Figura 1: Diagrama de associação entre oportunidades e recursos – Estratégia Econômica

Fonte: Adaptado de ANDREWS, K. R. The concept of corporate strategy. In: FOSS, N.J. Resources Firms And Strategies. Ed. Oxford Management Readers, 1997.p. 58. De acordo com GHEMAWAT (2000 p.19), Kenneth Andrews combinou a

competência distintiva (forças e fraquezas) com as oportunidades e ameaças que uma empresa

enfrentava no mercado: “Kenneth Andrews combinou esses elementos de uma forma que

enfatizava que competências ou recursos precisavam se igualar às necessidades ambientais

para ter valor”.

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MINTZBER e QUINN (2001, p.58) destacam algumas premissas básicas da obra de

Andrews:

À medida que você ler o livro de Andrews, uma série de premissas básicas se tornará de

pronto evidente. Entre estas estão: a distinção clara que é feita entre formulação de estratégia

e implementação de estratégia (na realidade entre pensar e agir); a crença de que a estratégia

(ou, pelo menos, a intenção estratégica) deve ser mais explícita; a idéia de que a estrutura

deve seguir a estratégia (em outras palavras, ser desenvolvida de acordo com ela) e a

pressuposição de que a estratégia emana da liderança formal da organização.

1.2.2 Decisões estratégicas segundo H. Igor Ansoff

As principais categorias de decisões de uma empresa dividem-se em: decisões

operacionais, decisões administrativas e decisões estratégicas. Segundo ANSOFF (1977,

p.4,): “As decisões estratégicas preocupam-se principalmente com problemas externos, e não-

internos da empresa, e especificamente com a escolha do composto de produtos a ser

fabricado pela empresa e dos mercados em que serão vendidos”.

Ainda segundo ANSOFF (1977, p.11): “O produto final das decisões estratégicas é

enganadoramente simples; uma combinação de produtos e mercados é escolhida para a

empresa”.

Conforme observado por SOUZA (1999), apud Ansoff: “O processo de

reconhecimento da empresa, segundo ANSOFF (1977) pode ser conseguido analisando-se sua

posição em termos do conjunto produto e mercado”.

ANSOFF (1977, p.20) apresenta um “Delineamento do Método de Busca Adaptativa

para a Formulação de Estratégias”, a ser aplicado à formulação da estratégia de uma empresa

em termos de produtos e mercados, cujas características principais são:

� Procedimento em “cascata” para refinação das regras de decisão;

� “feedback” entre os degraus da “cascata”;

� redução dos hiatos em cada estágio, e;

� adaptação dos objetivos e da avaliação feita no momento inicial.

A visão esquemática proposta por ANSOFF (1965, p.23), está apresentada na figura a

seguir:

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21

Formulação de objetivos, escolha de

metas

Avaliação interna da empresa

Avaliação de oportunidades

externas

Decisão de diversificar

ou não

Estratégia de expansão

Estratégia de diversificação

Componentes da estratégia

Componentes da estratégia

Regras de decisão para busca e avaliação

Figura 2: Decisões no Processo de Formulação de Estratégia

Fonte: Adaptado de ANSOFF, H.I. Estratégia Empresarial. Ed. McGraw-Hill do Brasil, Ltda, 1977, do original Corporate Strategy. Ed McGraw-Hill Inc, 1965. Os objetivos da empresa devem ser explicitados, por serem instrumentos de múltiplas

finalidades na avaliação de desempenho, no controle, na coordenação, bem como em todas as

fases do processo decisório (ANSOFF, 1977).

Segundo ANSOFF (1977, p.32): “Objetivos são regras de decisão que habilitam a

administração a orientar e medir o desempenho da empresa no sentido da consecução dos seus

propósitos”.

O campo de atuação da empresa e o elo comum são outros importantes conceitos

apresentados por Ansoff. Segundo SOUZA (1999), apud Ansoff: “O elo comum estabelece

uma relação entre produtos e mercados, presentes e futuros, que permite a estranhos perceber

em qual direção a empresa está avançando e dá orientação à sua própria administração”.

Outra definição para o elo comum é a de um vetor de crescimento, indicando a direção

em que a empresa está andando em relação a sua postura corrente em termos de produtos e

mercados (ANSOFF, 1977). Segundo ANSOFF (1977), tal vetor pode ser ilustrado por meio

de uma matriz. Tal matriz será discutida posteriormente, no tópico sobre ferramentas

estratégicas.

Para ANSOFF (1977, p.88), a descrição de campo de atuação da empresa: “... deve

englobar um amplo conjunto de ramificações naturais da posição da empresa em termos de

produtos e mercados, resultantes de alguma característica fundamental do ramo em que

presentemente opera.”.

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22

A mudança de estratégia representa um realinhamento do conjunto de produtos e

mercados da empresa, o que não necessariamente significa diversificação. Os motivos que

levam a diversificação, segundo ANSOFF (1977) são:

� Os objetivos da empresa não podem mais ser atingidos;

� Busca de maior rentabilidade, e ;

� Quando as informações disponíveis sobre diversificação não forem

suficientemente confiáveis.

As alternativas de diversificação dividem-se em: diversificação horizontal, integração

vertical, diversificação concêntrica e formação de conglomerados (ANSOFF, 1977).

A diversificação horizontal representa manobras dentro do ambiente econômico da

empresa. Os ramos de atividade que oferecem oportunidades horizontais não se destacarão em

termos de flexibilidade. O elo comum presente neste tipo de diversificação é encontrado na

sinergia de marketing, já que a empresa continua a vender pelos mesmos canais já

estabelecidos (ANSOFF 1977).

A integração vertical é mais sensível ainda à instabilidade, devido ao aumento da

dependência da empresa em relação a um dado segmento. Segundo ANSOFF (1977, p.113):

A sinergia será bastante grande se a tecnologia for de natureza semelhante, mas na verdade

poderá ser muito pequena, ou até mesmo negativa. Isto acontecerá porque as práticas

administrativas e a tecnologia de fabricação de peças ou materiais, para os produtos atuais,

serão muito diferentes das que a empresa possuir.

Assim tanto a diversificação horizontal, quanto a integração vertical oferecem

possibilidades limitadas para os objetivos da empresa. A flexibilidade e a estabilidade

tornam-se muito restritas em ambos tipos de diversificação, que contribuem a outros

objetivos, somente se a empresa estiver em crescimento (ANSOFF, 1977).

A diversificação concêntrica possui um elo comum com a empresa através da área de

marketing, da tecnologia, ou de ambas. Já a formação de conglomerados não possui qualquer

elo comum. Ambas podem permitir a consecução de todos os objetivos da empresa, entretanto

a estratégia concêntrica geralmente será mais rentável e menos arriscada (ANSOFF, 1977).

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23

1.2.3 Estratégias competitivas segundo Michael E. Porter

Em seu artigo de 1996 What is Strategy?, Porter diferencia eficiência operacional de

estratégia, e afirma que o posicionamento estratégico surge de três fontes distintas: baseado na

produção de um vasto conjunto de produtos ou serviços (variedade), no atendimento às

necessidades de um segmento específico de consumidores (necessidade), e na segmentação de

clientes (acesso).

Segundo PORTER (1996, p.68): “Uma posição estratégica sustentável requer trade-

offs.”. Os trade-offs determinam a necessidade de escolha e limitam aquilo que a empresa

oferece. Evitam a imitação e o reposicionamento dos concorrentes. Porter considera quatro

fatores básicos que determinam os limites da empresa: pontos fortes e fracos, valores pessoais

da organização, ameaças e oportunidades da indústria, e a expectativa da sociedade. (SOUZA,

1999).

Em seu trabalho sobre a análise estrutural de indústrias, Porter identifica cinco forças

competitivas: ameaça de novos entrantes, ameaça de produtos substitutos, poder de barganha

dos compradores, poder de barganha dos fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes

(PORTER, 1986):

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24

Figura 3 – As cinco forças competitivas de Porter

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_for%C3%A7as_de_Porter.

Segundo GHEMAWAT (2000), a estrutura de cinco forças preconizada por Porter,

procurava relacionar a lucratividade média dos participantes de um dado setor às cinco forças

competitivas. Para BETHLEM (2001), as cinco forças competitivas determinam a atratividade

de um ramo de negócios, as características da competição dentro dele e suas causas.

Para enfrentar tais forças competitivas, existem três abordagens estratégicas genéricas:

liderança no custo total, diferenciação e enforque. A liderança no custo total, tornou-se

popular nos anos 70, devido ao conceito da curva de experiência, e visa atingir a liderança no

custo total, através da adoção de políticas funcionais orientadas para este objetivo (PORTER,

1986).

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Figura 4 – Estratégias genéricas de Porter

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/1/10/Estrategias_genericas.png.

A diferenciação consiste em “criar algo considerado único no âmbito de toda a

indústria” (PORTER, 1986, p.51). Os métodos podem basear-se no projeto ou imagem da

marca, na tecnologia, em peculiaridades, em serviços sob encomenda, na rede de fornecedores

ou em torno de várias dimensões (PORTER, 1986).

A estratégica genérica do enfoque objetiva centralizar as atenções em um determinado

grupo comprador, um segmento da linha de produtos, ou um mercado geográfico (PORTER,

1986).

Segundo PORTER (1986, p.55):

As três estratégias genéricas são métodos alternativos viáveis para lidar com as forças

competitivas. O contrário da exposição prévia é que a empresa fracassando em desenvolver

sua estratégia em ao menos uma das três direções - uma empresa que fica no “meio-termo” –

está em uma situação estratégica extremamente pobre.

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26

De acordo com BETHLEM (2001, p. 240):

O conceito de estratégias genéricas se baseia em que a vantagem competitiva é o núcleo de

qualquer estratégia, e que para obter vantagem competitiva a empresa terá que fazer uma

escolha. Ser “tudo para todos” é uma receita para a mediocridade estratégica e para um

desempenho abaixo da média. Normalmente, significa que uma empresa não tem

absolutamente qualquer vantagem competitiva.

MINTZBERG e QUINN (2001 p.93) afirmam que as estratégias genéricas de Porter

“...constituem estratégias para distinguir a essência do negócio.”.

Para PORTER (1986, p. 61): “A estratégia competitiva envolve o posicionamento de

um negócio de modo a maximizar o valor das características que o distingue de seus

concorrentes”.

Logo, o aspecto central da formulação da estratégia é a análise da concorrência. Os

componentes de diagnóstico para tal análise são: as metas futuras da concorrência, a estratégia

em curso, as hipóteses do concorrente sobre ele próprio e sobre a indústria, e as suas

capacidades (PORTER, 1986).

A integração vertical, a grande expansão da capacidade, a entrada e a desativação

constituem os tipos importantes de decisão estratégica que ocorrem em uma indústria.

De acordo com PORTER (1986, p.278): “A integração vertical é a combinação de

processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processo econômicos

tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa”.

Segundo SOUZA (1999) apud Porter, existem dois níveis de estratégias: a estratégia

das unidades de negócio (ou competitivas), e a estratégia corporativa representando a

totalidade do grupo empresarial. A estratégia corporativa refere-se a duas questões distintas:

que negócio o grupo deve participar e como a matriz deve gerenciar suas unidades de

negócios. Estabelece a maneira que a empresa irá competir.

CAMARGOS e DIAS (2003), apud Porter, justificam a estratégia corporativa em

situações naturais e inevitáveis como a diversificação empresarial, que se ignoradas podem

levar ao fracasso a estratégia da organização como um todo. Entretanto, apesar de sua

importância, não existem evidências disponíveis satisfatórias, que comprovem o êxito ou

fracasso das estratégias corporativas, uma vez que os estudos que abordam essa questão a

fazem por meio de análise das fusões e aquisições do mercado acionário. Ainda segundo

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CAMARGOS e DIAS (2003), apud Porter, a forma correta de avaliar as estratégias

corporativas seria pelos programas de diversificação.

PORTER (1999) identificou quatro conceitos de estratégias corporativas adotadas

pelas empresas: gestão de portfólio, reestruturação, transferência de habilidades e

compartilhamento de atividades.

A gestão de portfólio consiste na diversificação através de aquisições (PORTER,

1999). Segundo CAMARGOS e DIAS (2003), apud Porter, tal estratégia exige uma grande

quantidade de informações e disposição para se desfazer rapidamente das unidades de

negócios com baixo desempenho.

A reestruturação baseia-se na reforma ativa das unidades de negócios, tornando-se

essencial o potencial não realizado. Busca empresas ou setores subdesenvolvidos ou

ameaçados. Torna-se imprescindível uma equipe com insight para descobrir empresas

subavaliadas, e capacidade pra reverter o desempenho da unidade (PORTER, 1999).

A transferência de habilidades é a base do conceito de cadeia de valores. “Embora

cada unidade de negócios tenha uma cadeia de valores própria, o conhecimento sobre como

desempenhar as atividades se transfere para elas” (PORTER, 1999, p. 151). Segundo

PORTER (1999), a transferência de habilidades conduz à vantagem competitiva nas seguintes

situações:

� As atividades envolvidas são suficientemente semelhantes para tornar

significativo o compartilhamento da expertise;

� A transferência de habilidades abrange atividades importantes para a vantagem

competitiva, e;

� As habilidades transferidas representam uma fonte significativa de vantagem

competitiva para a unidade receptora.

O compartilhamento das atividades da cadeia de valores, entre as unidades de

negócios representa uma base poderosa para a estratégia corporativa, acentuando a vantagem

competitiva através da redução do custo e do reforço da diferenciação. Entretanto, nem

sempre tal compartilhamento gera vantagem competitiva, defrontando a organização com a

intensa resistência, até mesmo às possibilidades de compartilhamento benéficas (PORTER,

1999).

Segundo PORTER (1999, p. 154):

A análise custo-benefício das possíveis oportunidades de compartilhamento são capazes de

determinar possíveis sinergias. O compartilhamento reduz os custos se redundar em

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economias de escala, impulsionar a eficiência na utilização dos recursos ou ajudar a empresa

a se deslocar com maior rapidez na curva de aprendizagem.

1.2.4 O processo da estratégia segundo Henry Mintzberg

Para MINTZBERG, LAMPEL e AHSLTRAND (2000) uma organização pode ser

descrita em algum tipo de configuração estável, em um dado período de tempo, adotando uma

determinada estrutura adequado a um certo contexto.

Segundo Mintzberg (MINTZBERG e QUINN, 2001), as famílias de estratégias podem

ser divididas em cinco grupos:

� Localizando a essência do negócio;

� Distinguindo a essência do negócio;

� Desenvolvendo a essência do negócio;

� Estendendo a essência do negócio, e ;

� Reconfigurando a essência do negócio.

As estratégias de localização, segundo Mintzberg (MINTZBER e QUINN, 2001) são

descritas de acordo com o estágio do negócio:

� Estratégias de negócios de corrente ascendente: Os negócios de corrente

ascendente operam junto às matérias-primas.

� Estratégias de negócios de corrente média: Organizações que se situam

atraindo diversos imputs com um único processo de produção do qual flui o

produto para uma série de usuários.

� Estratégias de negócios de corrente descendente: Grande variedade de entradas

convergem para um estreito funil.

Para Mintzberg, uma organização se distingue em um mercado competitivo ao

diferenciar suas ofertas de alguma forma. Logo a diferenciação é utilizada para identificar a

essência do negócio (MINTZBERG e QUINN, 2001).

Segundo Mintzberg, uma organização pode diferenciar suas ofertas através da

diferenciação de preço, de imagem, de suporte, de qualidade, de design e da não diferenciação

(MINTZBERG e QUINN, 2001).

Outra dimensão para distinguir a essência do negócio se faz pelo escopo dos produtos

e pelos serviços oferecidos, sendo o mesmo movido pela demanda.

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Segundo MINTZBERG e QUINN (2001, p.95):

A diferenciação, ao se concentrar no produto oferecido, adota a perspectiva do cliente,

existindo somente quando essa pessoa percebe alguma característica do produto que agrega

valor. E o escopo, ao enfocar o mercado atendido, adota a perspectiva do produtor, existindo

somente na mente coletiva da organização – em termos de como difunde e desagrega seus

mercados (em outras palavras, o que os especialistas de marketing chamam de segmentação).

Para Mintzberg (MINTZBERG e QUINN, 2001) as estratégias de escopo dividem-se

em:

� Estratégia de não segmentação: A organização tenta captar uma grande parcela

do mercado com uma configuração básica do produto. Ex: Modelo T da Ford,

bom para todos.

� Estratégia de segmentação: Possibilidades de segmentação ilimitadas, desde

uma simples estratégia de segmentação por tamanho (P, M, ou G), até uma

estratégia que visa atender a todos os segmentos como as lojas de

departamentos.

� Estratégia de nichos: Enfoca um único segmento. Ex: Fábrica de canoas na

fabricação de modelos de corrida.

� Estratégia personalizada: Limite final da segmentação, correspondendo a

desagregação do mercado a ponto de cada cliente constituir-se em um único

segmento.

Compartilhando a visão de Ansoff, para Mintzberg uma organização pode aperfeiçoar

seu negócios, desenvolvendo produtos dentro de sua estrutura (desenvolvimento de produtos),

desenvolvendo seu mercado via novos segmentos, novos canais ou novas áreas geográficas

(desenvolvimento de mercado e diversificação) ou pode “empurrar”os mesmos produtos de

maneira mais vigorosa para os mesmos mercados (penetração de mercado) (MINTZBERG e

QUINN, 2001).

Segundo Mintzberg (MINTZBER e QUINN, 2001), as estratégias de natureza

genérica servem para estender a essência do negócio. Tais estratégias dividem-se em :

estratégias de cadeia integrada, estratégias de diversificação , estratégias de entrada e controle,

estratégias combinadas de integração e diversificação e estratégias de retirada.

Em estratégias de cadeia integrada, segundo MINTZBERG e QUINN (2001,p. 327):

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A organização pode estender suas cadeias de operações fluxo abaixo ou fluxo acima,

incorporando em suas operações as atividades de seus clientes na ponta de entrega ou a de

seus fornecedores na ponta do recebimento.

A diversificação refere-se à entrada em um negócio que não esteja na mesma cadeia de

operações. Poderá estar relacionada a alguma competência ou recurso distinto da essência do

negócio (também chamado de diversificação concêntrica); por outro lado, pode ser

conhecido também como não relacionado ou diversificação conglomerada.

A integração em cadeia, ou diversificação, pode ser obtida por desenvolvimento interno ou

por aquisição. Em outras palavras, uma organização pode entrar para um novo negócio ao se

desenvolver ou pela compra de uma organização já em operação. Tanto o desenvolvimento

interno como a aquisição envolvem propriedade total e controle formal do negócio

diversificado.

As estratégias que combinam integração em cadeia com diversificação de negócios, às

vezes levam as organizações a redes inteiras de novos negócios. Para MINTBERG e QUINN

(2001, p. 328):

A diversificação de subprodutos envolve liquidar os subprodutos da cadeia operacional em

mercados diferentes, como no caso de uma companhia aérea que oferece seus serviços de

manutenção a outras companhias aéreas.

A diversificação ligada estende a diversificação de subprodutos: uma empresa simplesmente

leva a outra, quer seja integrada “verticalmente” ou diversificada “horizontalmente”. A

organização busca sua cadeia de operações fluxo acima, fluxo abaixo e lateralmente; explora

pré-produtos, produtos finais e subprodutos de sua linha essencial de produtos, assim como

uns dos outros, terminando com uma rede de negócios...

A diversificação cristalina leva a estratégia de diversificação ligada ao limite, de

modo que se torna difícil distinguir integração da diversificação, as atividades essenciais das

periféricas, e os negócios relacionados dos pouco relacionados (MINTZBERG e QUINN,

2001).

Há ainda as estratégias de abandono, liquidação ou desativação de negócios,

denominadas por Mintzberg como estratégias de retirada (MINTZBERG e QUINN, 2001).

Mintzberg identifica três estratégias básicas de reconcepção: estratégias de

redefinição, estratégias de recombinação e estratégias de mudança do negócio essencial

(MINTZBERG e QUINN, 2001).

Um negócio pode ser definido pela função que executa, pelo mercado a que atende e

pelo produto que produz. Logo pode-se reconceber um negócio pela redefinição dos conceitos

de como o negócio é conduzido (MINTZBERG e QUINN, 2001).

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Estratégias de recombinação de negócios representam esforços para recombinar

negócios diferentes de alguma forma, até o limite de reconceber vários negócios em um só

(MINTZBERG e QUINN, 2001).

As estratégias de mudança do negócio essencial podem ocorrer à medida que

acontecem mudanças na posição estratégica, seja na cadeia operacional, em funções

dominantes ou um deslocamento para um novo negócio (MINTZBERG e QUINN, 2001).

1.3 Ferramentas de análise estratégica

1.3.1 Análise SWOT

A Análise SWOT1 é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise

de ambiente), sendo usado como base para gestão e planejamento estratégico de uma empresa

(Wikipédia).

Segundo GHEMAVAT (2000, p.19):

Nos anos 60, as discussões em classe nas escolas de administração começaram a focalizar a

combinação das “forças” e “fraquezas” de uma empresa – sua competência distintiva – com,

as “oportunidades” ou “ameaças” (ou riscos) que ela enfrentava no mercado. Essa estrutura,

que veio a ser conhecida pela sigla SWOT, representava um importante passo adiante ao

fazer o pensamento explicitamente competitivo tratar de questões de estratégia.

Para WRIGHT, KROLL e PARNELL (2000), o objetivo da análise SWOT é

possibilitar que a empresa se posicione para tirar vantagem de determinadas oportunidades do

ambiente e evitar ou minimizar as ameaças ambientais. A empresa tenta enfatizar seus pontos

fortes e moderar o impacto de seus pontos fracos. Ainda segundo WRIGHT, KROLL e

PARNELL (2000, p. 86): “A análise também é útil para revelar pontos fortes que ainda não

foram plenamente utilizados e identificar pontos fracos que podem ser corrigidos.”.

1 Nota de tradução. SWOT (Strength, Weakness, Opportunity, Threat). No Brasil, usa-se tal sigla para definir: força, fraqueza, oportunidade e ameaça.

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Figura 5 – Modelo de análise SWOT

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Análise_SWOT.

1.3.2 Matriz Ansoff

A Matriz de Ansoff, também conhecida como Matriz Produto/Mercado, segundo a

Wikipédia, foi apresentada por ANSOFF (1977) como a ilustração do elo comum como vetor

de crescimento, como apresentada na figura a seguir:

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Figura 6 – Matriz de Produtos e Missões de Ansoff

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Matriz_de_Ansoff.

Conforme observa GHEMAVAT (2000, p.20): “Para que uma empresa mantenha seu

foco estratégico, Ansoff sugeriu quatro categorias para se definir a linha comum em sua

estratégia de negócios/corporativa.”

A penetração de mercado representa o crescimento através do aumento da participação

relativa da empresa nas suas linhas de produtos e mercados. No desenvolvimento de

mercados, a empresa busca novas missões para seus produtos. O desenvolvimento de

produtos é o processo pelo qual a empresa cria novos produtos em substituição aos existentes.

Na diversificação, tanto os produtos quanto as missões são novos para a empresa. O elo

comum pode ser identificado claramente nas três primeiras alternativas, entretanto tratando-se

da diversificação , o elo comum é menos evidente (ANSOFF, 1977).

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1.3.3 Matriz BCG

Segundo PORTER (1986), a matriz BCG baseia-se no uso do crescimento da indústria

e da parcela de mercado da empresa, relativa ao seu principal concorrente, representando:

(1) A posição competitiva da unidade de uma empresa em sua indústria, e;

(2) O fluxo de caixa líquido, necessário para operar a unidade.

A idéia principal é localizar as diversas unidades, em cada um dos quatros quadrantes,

posicionadas em fluxos de caixa essencialmente diferentes. A aplicabilidade do modelo é

limitada e depende das seguintes condições, segundo PORTER (1986):

� Definição apropriada do mercado;

� A estrutura da indústria deve ser tal, que a parcela de mercado relativa à

concorrência seja um bom representante para a posição competitiva e para os

custos relativos, o que freqüentemente não é verdadeiro, e;

� O crescimento do mercado é um bom indicador para o investimento de caixa

necessário, embora o fluxo de caixa de penda de uma série de outros fatores.

De acordo com GHEMAWAT (2000), a matriz BCG, também conhecida como matriz

de crescimento-participação representou o primeiro uso de análise de portfólio. A

recomendação básica do BCG2 era de manter um equilíbrio entre as “vacas leiteiras”

(negócios maduros) e as estrelas, alocando alguns recursos para alimentar os “pontos de

interrogação” (estrelas em potencial). Os “abacaxis” deveriam ser vendidos.

Segundo BETHLEM (2001, p, 260):

A originalidade do modelo BCG é que sua visão integrada da empresa estabelece para cada

produto um papel específico e analisa esse papel frente aos Portfólios da concorrência, e a

partir disso identifica onde estão as oportunidades a aproveitar e onde estão as ameaças que

serão resolvidas pela eliminação dos produtos com pouca capacidade de competição.

2 Sigla do Boston Consulting Group, empresa de consultoria em estratégia fundada em 1963.

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Figura 7 – Matriz BCG

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Matriz_BCG.

1.3.4 Matriz GE/Mckinsey

“A Matriz GE/McKinsey é um modelo para análise de portfólio de unidades de

negócios” (Wikipédia).

Segundo REBOUÇAS (1988), tal modelo constitui-se como ferramenta adicional para

avaliar e desenvolver o planejamento estratégico de uma empresa, pois oferece condições de

detectar novas áreas de oportunidades de negócios e não linhas de produtos especificamente.

O modelo de avaliação das possibilidades compreende duas dimensões compostas de

três posições alternativas, cada uma delas. As dimensões são: força do negócio (força

competitiva) e atratividade da indústria ou setor (atratividade do mercado) (REBOUÇAS,

1988).

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A força competitiva pode ser medida pelas seguintes variáveis, conforme

REBOUÇAS (1988):

� Tamanho da empresa;

� Taxa de crescimento da empresa;

� Participação da empresa no setor;

� Posição no ranking das empresas do setor;

� Rentabilidade da empresa;

� Posição e domínio tecnológico;

� Força/fraquezas;

� Imagem da empresa;

� Pessoas, e ;

� Vantagens competitivas.

Já a atratividade do mercado pode ser medida pelas seguintes variáveis conforme

REBOUÇAS (1988):

� Tamanho do mercado;

� Crescimento de mercado;

� Estrutura competitiva;

� Rentabilidade do setor;

� Regras e maturidade tecnológica;

� Regras sociais;

� Regras inerentes aos fatores ambientais, e;

� Legislação inerente.

Para REBOUÇAS (1988, p.243):

...a posição do negócio em relação à estratégia de investimentos que será adotada no seu caso

específico pode situar-se em três categorias distintas. Os negócios que ocupam posição de

média para forte, em termos de atratividade do setor, serão classificados como negócios a

investir; aqueles que estão situados num setor industrial com pouca atratividade, e numa

posição não muito forte em termos competitivos, possivelmente receberão menos

investimentos ou serão excluídos do portfólio e, finalmente, encontra-se a categoria dos

negócios intermediários denominados negócios seletivos, os quais deverão ser estudados

mais profundamente, pois sua posição exige definição do que se pretende e chances de

obtenção de recursos a serem alocados, ou seja, decisão mais pensada em relação à

necessidade/desejo de crescimento.

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Figura 8 – Matriz GE/Mckinsey

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Matriz_GE.

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1.3.5 Balanced Scorecard

O Balanced Scorecard propõe-se a medir a atuação de uma empresa decorrente de suas

estratégias, utilizando-se de quatro perspectivas de medida e em cada uma delas de medidas

genéricas. As quatro perspectivas são ligadas à visão e estratégia da empresa (BETHLEM,

2001):

Figura 9 – Perspectivas do Balanced Scorecard

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Balanced_Scorecard.

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A proposta inicial do Balanced Scorecard era superar as limitações da gestão baseada

apenas em indicadores financeiros (KAPLAN e NORTON, 2001).

Através de pesquisas sobre empresas que adotaram com sucesso o Balanced

Scorecard, Robert Kaplan e David Norton observaram a atuação de cinco princípios comuns

das organizações focalizadas na estratégia:

� Traduzir a estratégia em termos operacionais;

� Alinhar a organização estratégica;

� Transformar a estratégia em tarefa de todos;

� Converter a estratégia em princípio contínuo, e

� Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.

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40

2 A INDÚSTRIA DE FRANGOS NO BRASIL

A indústria de frangos evoluiu da criação doméstica, utilizando abatedores com

plantas rústicas para sistemas produtivos integrados, dotados de frigoríficos com grande

capacidade, e processos flexíveis, ágeis e capazes de atender a diferentes segmentos de

mercado (SOUZA, 1999).

Segundo MARQUES (1994, p:08): “A avicultura de corte, tal como a conhecemos

atualmente, é uma atividade relativamente recente no Brasil”.

A partir dos anos 70, a indústria de frangos, antes inexistente em termos de

processamento industrial, passou a constituir o principal segmento da indústria de carnes, em

função da instalação de grandes empresas oligopolizadas e integradoras (RIZZI, 1999). De

acordo com RIZZI (1999, p. 2): “Importando tecnologia de processo, as empresas não só

passaram a integrar verticalmente a produção das atividades complementares ao abate, como

também desenvolveram um esquema contratual na criação das aves junto aos produtores

agrícolas”.

Da adaptação da tecnologia de integração de aviários por abatedouros industriais,

passando pela importação de pintos avós por via aérea para chegar aos aviários totalmente

automatizados dos dias de hoje passaram-se cerca de 40 anos (JUNIOR, PAULA, ORMOND

e BRAGA, 2007).

Incorporaram-se ao setor, além de novas empresas comerciais que antes trabalhavam

apenas no abate de suínos ou bovinos, cooperativas de produtores agropecuários, empresas

que atuavam somente no processamento de grãos, como também toda gama de fornecedores

de equipamentos, material genético, medicamentos, insumos destinados à nutrição,

embalagens, máquinas industriais, sem esquecer das universidades, empresas de pesquisa e de

órgãos governamentais ligados à sanidade animal e dos alimentos (JUNIOR, PAULA,

ORMOND e BRAGA, 2007).

2.1 O sistema agroindustrial

O mercado globalizado impõe às empresas internacionalizadas, o atendimento das

diferentes necessidades exigidas pelos consumidores de diversos países, gerando infinitas

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41

concepções de organização. Este novo ambiente, crescente em termos qualitativos e

quantitativo, exige que as empresas busquem formas de organização capazes de sobreviver

dentro das incertezas, riscos e especificidades, e ainda gerar crescimento adaptativo (SOUZA,

1999).

Segundo SOUZA (1999, p.69.):

... as necessidades associadas à estratégia de internacionalização das companhias e à

demanda dos consumidores, exigindo produtos de melhor qualidade, com baixo preço e

dentro de determinadas condições de uso – quase prontas e em menor quantidade -, obrigam

as empresas do setor agroalimentar a uma forma de organização muito peculiar, que tem na

forte dependência entre os diversos elos da cadeia uma de suas principais características.

A noção de Sistema Agroindustrial (SAG) inclue as atividades agropecuárias não

apenas na etapa de produção, mas também no elos a montante e a jusante de fornecimento de

insumos, máquinas e implementos, bem como transformação agroindustrial e comercialização

(SIFFERT e FAVERET, 1998).

Para SIFFERT e FAVERET (1988, p.3), citando Goldberg (1968): “os sistemas

agroindustriais compreendem os segmentos antes, dentro e depois da porteira da fazenda.”.

O conceito de agribusiness propõe uma visão sistêmica do funcionamento das

atividades relacionadas à agropecuária, sendo composto de vários subsistemas agroindustriais

associados aos principais produtos (SIFFERT e FAVERET, 1998).

SOUZA (1999) apud Neves e Alli (1997), descreve o conceito de sistema

agroindustrial como um “fluxo de agregação de valor”, desde a indústria de insumos,

passando pela produção rural, pelas agroindústrias, pela distribuição, até o consumidor final.

CÂMARA e NAKAZATO (2001), citando HAGUENAUER (1986, p.1), conceitua

complexo industrial como um conjunto de indústrias cuja dinâmica é regida por fatores

comuns, constituindo segmentos de uma mesma cadeia produtiva ou de cadeias

interdependentes, que convergem para o mesmo mercado.

Ainda segundo CÂMARA e NAKAZATO (2001, p.24):

Nos complexos agroindustriais que envolvem a produção de alimentos, fibras e biomassa,

caracteriza-se como a soma de todas as operações de produção e distribuição de suprimentos

agropecuários, desde produção, beneficiamento e armazenamento nas unidades agrícolas, até

processamento e distribuição do produto final.

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FARINA e ZYLBERSZTAJN (1992) diferenciam o conceito de complexo da noção

de sistema agroalimentar, sendo complexo definido pela força de suas relações tecnológicas, e

a idéia de sistema consiste em organizacidade na busca de um resultado.

O sistema agroindustrial de alimentos organiza-se a partir de cadeias produtivas,

definidas em termos de produtos específicos (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

Utilizou-se no presente trabalho tais conceitos de Farina e Zylbersztajn, considerando

Sistema Agroindustrial de Alimentos, como a soma de componentes envolvidos na produção

de matérias-primas e insumos, industrialização e comercialização de alimentos, com o

objetivo comum de atender às necessidades da população e garantir a sobrevivência e

desenvolvimento do próprio sistema (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

O agronegócio sob o aspecto sistêmico implica em organização dos componentes para

que os objetivos comuns possam ser efetivamente atingidos. LAZAZARINI e ALLI (1995 )

destacam que a busca da vantagem competitiva acaba sendo sobreposta pela necessidade de

coordenação de todo o sistema, da indústria de insumos até o consumidor final, objetivando a

potencialidade e competitividade do sistema como um todo, de forma que todos sejam

favorecidos.

Tal sistema agroindustrial seria composto por vários subsistemas agroindustriais

associados aos principais produtos, incluindo ainda, órgãos de coordenação, como as firmas,

as cooperativas, as associações de empresas e mesmo os mercados e serviços de apoio como

créditos, mão-de-obra, transporte, energia, comercialização e marketing. (SIFFERT e

FAVERET, 1988).

Segundo SOUZA (1999, p. 70) citando BATALHA (1995):

Estas afirmações permitem a distinção de, pelo menos, quatro mercados com diferentes

características: entre os produtores de insumo e os produtores rurais; entre os produtores

rurais e a agroindústria; entre a agroindústria e os distribuidores ou outras agroindústrias; e

entre os distribuidores e os consumidores finais.

Entretanto, FARINA e ZYLBERSZTAJN (1992) observam que é a indústria alimentar

que “decodifica” as exigências do consumidor e as transfere para a agroindústria,

agropecuária e mesmo para a indústria de insumos.

Destacam-se entre as principais cadeias agroindustriais as de grãos (milho, soja, arroz

e outros); carnes (aves, suínos e bovinos); frutas (incluindo a subcadeia da citricultura);

fumo; produtos lácteos; açúcar; e café . Cada cadeia apresenta suas especificidades, sendo

necessário o reconhecimento dos atributos das transações, para que possam ser examinadas as

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43

estruturas de coordenação, que permitem lidar com sua dimensão fundamental (dimensão

temporal, associada à perecibilidade dos produtos e à sincronicidade da produção). Assim

existem diferenças significativas na dinâmica das organizações e das diferentes cadeias

produtivas que compõem o sistema agroindustrial. (SIFFERT e FAVERET, 1998).

As cadeias produtivas expressam relações comerciais e tecnológicas em seus

segmentos, permitindo o entendimento da mudança técnica e organizacional no sistema

(FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992). A representação de um sistema produtivo em termos

de cadeia de produção permite avaliar as conseqüências das inovações não somente no

interior da cadeia de produção, delimitada como espaço analítico inicial (análise vertical), mas

também junto às outras cadeias de produção que com ele se interconectam (análise horizontal)

BATALHA (1995).

SOUZA (1999, p. 71) apud FARINA e ZYLBERSZTAJN (1992) observa:

Uma característica marcante na dinâmica de funcionamento do sistema agroalimentar é a

diferenciação observada em nível de desempenho das diversas cadeias que o compõe. A

utilização de novas tecnologias provocou profundas transformações nos segmentos de

determinadas cadeias produtivas, mas em outras, as transformações foram mínimas,

envolvendo apenas a indústria ou, até não ocorreram. Este desempenho diferenciado

demonstra que há condicionantes específicos que podem estar vinculados tanto aos aspectos

tecnológicos do processo produtivo quanto à dinâmica do mercado consumidor.

O desenvolvimento tecnológico na agropecuária está fortemente condicionado às

exigências da indústria processadora, na busca de sustentação de suas vantagens competitivas

(SOUZA, 1999).

A maior conscientização dos consumidores em relação a problemas de saúde faz com

que o avanço tecnológico e a existência de pessoal capacitado, capaz de detectar corretamente

as tendências da demanda, se consolidem como importante ferramenta para obtenção de

vantagens competitivas. A flexibilidade do processo produtivo, propiciando maior

diferenciação do produto e o uso de embalagens não poluentes, são também geradores

potenciais de vantagens competitivas (MATUELLA e ALLI, 1995)

A dinâmica dos sistemas agroindustriais é determinada pela forma de organização das

cadeias produtivas. A organização de uma cadeia produtiva descreve a forma de distribuição

das atividades entre as firmas e como estas se relacionam. As forças que moldam sua estrutura

são de varias ordens, podendo resultar em integração vertical, contratação ou na ação conjunta

através de cooperativas (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

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O sistema agroindustrial no Brasil passa por um processo de reestruturação

envolvendo aspectos tecnoprodutivo, financeiro e organizacional. No aspecto tecnoprodutivo,

devido à necessidade de atualizações permanentes, apresenta altos investimentos em novos

produtos, instalações, e novas apresentações de produtos tradicionais (BELIK, 1998).

Sob o aspecto financeiro, as alterações estão por conta das novas formas de

alavancagem dos negócios, em que novos instrumentos financeiros estão sendo criados,

permitindo uma ampliação do investimento original. Além disso, grande volume de fusões,

através de acordos operacionais, joint ventures ou parcerias, definem um processo de

centralização de capital (BELIK, 1998).

Entretanto é no lado organizacional que estão ocorrendo as principais mudanças na

indústria de alimentos, não só no país como em nível mundial. A produção está caminhando

para um processo de “sistema de produção flexível”, com esquemas de terceirização que

possibilitam agilidade e redução de custos, fornecimento global de matéria-prima e o produto

segmentado conforme as preferências do consumidor (BELIK, 1998).

Em cada empresa surgem sistemas inovadores de administração considerando a

produção terceirizada, as parcerias, os acordos de distribuição e a logística de abastecimentos,

principalmente. Tal reestruturação organizacional está fundamentada, na flexibilidade e na

mobilidade da produção, seguida de ganhos de produtividade na logística e na adoção de

novas tecnologias (BELIK, 1998).

A forma de organização posiciona-se como um grande diferencial no dinamismo das

cadeias agroindustriais. A busca de incorporação de margens de lucro tem sido um forte

estímulo à integração vertical para frente, através de cooperativas agrícolas. Convém destacar,

que esta estratégia também tem sido adotada por empresas agroindustriais privadas. A

integração vertical para trás é bem mais rara, sendo substituída por contratos de fornecimento

ou parceria rural ou a quase integração, no caso de cooperativas (FARINA e

ZYLBERSZTAJN, 1992).

Os relacionamentos dentro da cadeia produtiva, entre uma empresa agroindustrial e

seus fornecedores de matéria-prima, podem ser fundamentados na dependência do primeiro

em relação ao abastecimento na quantidade e regularidade, consistente com sua escala de

produção e à qualidade da matéria-prima apresentada. A qualidade da matéria-prima será

tanto mais importante quanto menor a capacidade do processo industrial de modificá-la

(FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

O instrumento de obtenção dessa garantia pode ser através da integração vertical,

contratos de fornecimentos formais e informais ou no mercado. A integração vertical é

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utilizada pelas empresas como forma de garantir uma parcela da matéria-prima necessária à

manutenção do funcionamento do processo produtivo. A adoção da integração vertical parcial

é observada, ainda, em empresas agroindustriais, em função do risco de não contar com o

produto no tempo certo e quantidades necessárias (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

SIFFERT e FAVERET (1998) denominam este tipo de relação de “sistema de

integração” ou “forma contratual híbrida”, na qual os produtores rurais reduzem o nível de

incerteza em relação à produção/comercialização, e as organizações agroindustriais atuam nas

instâncias de coordenação, definindo quanto, como e quando produzir. Uma integração

vertical, então, seria justificada por condições de incerteza das trocas e especificidade dos

ativos ou comportamento oportunista de fornecedores, não fossem os custos de

monitoramento. A obtenção de insumos através do mercado se coloca como outro extremo

das formas organizacionais (FARINA e ZYLBERSZTAJN, 1992).

2.2 A cadeia agroindustrial de frango

Segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p: 193):

A cadeia produtiva da avicultura de corte apresenta uma trajetória das mais interessantes

dentre as cadeias produtivas agroindustriais no Brasil, marcada por constantes evoluções

técnicas, um adensamento constante, e estreitas colaborações entre seus integrantes que

resultaram na conquista do mercado interno, gradativamente suplantando concorrentes na

oferta de proteína animal, ou no mercado externo, superando os principais fornecedores

avícolas mundiais.

Como na cadeia de carne suína, a industrialização de aves apresenta forma

organizacional específica, grande avanço tecnológico, dentro de um ambiente de intensa

concorrência (SIFFERT e FAVERET, 1998). Outra característica comum às empresas líderes

no segmento de carne de frango e suínos, é o sistema de integração, reunindo milhares de

pequenos produtores rurais, os quais são encarregados da engorda e das elevadas escalas de

produção industrial (SIFFERT e FAVERET, 1998).

O desempenho da cadeia avícola no Brasil, vem aumentando ao longo dos últimos

anos. Através do Quadro 1, percebe-se a excelente performance da indústria do frango no

período de 1999 a 2007. O ano de 2007 apresenta um aumento de 179% na produção em

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toneladas de frango em relação a 1999, com incremento de 152%, no consumo interno,

durante o mesmo período.

Referências 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007Produção (M t) 5.526 5.981 6.567 7.449 7.645 8.409 9.348 9.354 9.989

Consumo (M t) 4.755 5.074 5.318 5.849 5.723 5.984 6.586 6.768 7.222

% da Produção 86,1 84,8 81 78,5 74,9 71,2 70,5 72,4 72,3

Quadro 1: Produção e consumo de frangos em milhões de toneladas

Fonte: Instituto FNP e ABEF, adaptado pelo autor

Segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p: 219):

...pode-se observar que, mesmo o Brasil ocupando a posição de maior exportador de carne de

frango do mundo, o mercado interno é o destino principal da produção do setor, respondendo

por 72,3% da demanda em 2007. Esta característica, compartilhada pelos principais

produtores de frango do mundo, proporciona segurança à atividade no país, permitindo que

as empresas do setor possam buscar o mercado externo com maior independência.

A adoção de novas tecnologias, em especial a genética, a automação do abate e

processamento, o desenvolvimento de novos produtos, associados a uma melhor coordenação

da cadeia, determinada pela relação contratual entre produtores e indústria processadora,

proporcionou maior competitividade ao setor e, conseqüentemente, redução nos custos

(SOUZA, 1999).

As inovações incrementais ocorreram simultaneamente a expansão de novas estruturas

de governança, que possibilitaram a coordenação eficiente dos vários agentes independentes.

O resultado desse processo foi a estruturação de um subsistema do agribusiness, cujo grau de

eficiência técnico-econômica foi capaz de proporcionar uma oferta crescente de carne de aves

e manter níveis relativamente elevados de exportações, além de promover uma queda no

preço da carne de frango em relação ao preço da carne bovina (SIFFERT FILHO e

FAVERET FILHO, 1998).

Segundo LUCE e KARSTEN (1992), o setor de carne de frango apresenta dois

sistemas distintos de organização da produção: o integrado e o independente. O sistema

independente é formado por pequenas empresas que fabricam sua ração, fazem o abate,

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possuem matrizeiros e engordam as aves para o abate. O sistema integrado, apresenta como

característica básica um único comando operacional, que coordena as operações de criação de

matrizes e incubação de ovos, produção de ração para aves, abate e distribuição, bem como a

função de engorda do frango.

Conforme LUCE e KARSTEN (1992), os segmentos que compõem o sistema de

produção de frangos de corte são os seguintes:

a) Seleção genética: atividade isolada e externa ao país, e que tem como função a

criação de novas variedades de aves, buscando uma maior produtividade; esta atividade não

está integrada verticalmente às demais, sendo que as empresas que desenvolvem novas

linhagens de aves têm, na maioria das vezes, ligações com grupos internacionais.

b) Criação de matrizes avós: visa à criação e reprodução das linhagens selecionadas no

processo genético, sendo um segmento explorado no Brasil por empresas de grande porte;

c) Criação de matrizes pais: segmento de granjas que objetiva a criação dos pintos de

corte, que dará origem ao frango de corte;

d) Engorda: envolve o recebimento do pinto de corte, engorda e posterior envio aos

abatedouros;

e) Abate e distribuição: este segmento inclui o abate, o processamento e a distribuição

de frango no comércio atacadista e varejista

f) Rações e medicamentos: caracterizam dois sub-segmentos, um responsável pela

produção de vitaminas e antibióticos, que envolve, geralmente, grandes laboratórios químicos

e veterinários e um segundo, que utiliza esses insumos e agrega-os a matérias-primas

agrícolas, distribuindo esse agregado como ração;

2.3 O ambiente competitivo

2.3.1 Mercado interno

A demanda por carne de frango no mercado interno vem apresentando crescimento

nos últimos trinta anos, passando o consumo per capita de 2,3 kg, na década de 70 para 37,70

kg em 2007, conforme demonstrado no Quadro 2:

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Ano Consumo per capita1970 2,30

1980 8,90

1990 13,60

2000 29,91

2006 36,70

2007* 37,70

* previsão

Quadro 2: Consumo brasileiro Per Capita de carne de frango

Fonte: Instituto FNP e ABEF, adaptado pelo autor.

Segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p: 219):

Este crescimento extraordinário consolidou o mercado interno que acompanhou de perto o crescimento

da produção industrial no mesmo período, fruto da introdução de novas tecnologias no setor.No passado

recente, o principal fator de crescimento do consumo desse segmento foi a recuperação da economia

com melhoria dos salários, obtida na implantação do Plano Real em 1993/1994. As perspectivas de

crescimento da produção nesse mercado passam fundamentalmente pela manutenção/aumento do poder

de compra das camadas mais pobres da população.

Ainda segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007), dentre as principais

características que beneficiam o consumo da carne de frango, destacam-se:

•preço (frente às outras carnes, a carne de frango apresenta preços mais competitivos);

•percepção de segurança quanto à origem da carne e praticidade de preparo;

•preocupação com a saúde (a busca por produtos mais saudáveis colocou a carne de

frango à frente das carnes vermelhas);

•restrições culturais (não apresenta restrições religiosas ou culturais na grande maioria

dos mercados); e

•curto ciclo de produção (em torno de 40 dias um frango está pronto para o abate).

As sete maiores empresas processadoras de carne de frango no Brasil, detêm 46% do

mercado de abate de aves no Brasil. Juntas, Sadia, Perdigão, Seara, Frangosul e Avipal, são

detentoras de 36% deste mercado, conforme pode ser observado no Quadro 3:

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Principais Empresas do Mercado de Frangos no Brasil2005

Sadia14%

Perdigão11%

Seara6%

Outros54%

Frangosul5%

Avipal5%

Dagranja3%

Aurora2%

Quadro 3: Maiores empresas processadoras de carne de frango no Brasil

Fonte: UBA, adaptado pelo autor.

Comparando-se o consumo da carne de frango, com o das carnes bovina e suína, nota-

se no Quadro 4, o grande aumento no consumo de carne de frango, a partir de 1987.

Segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p. 220): “Os esforços

realizados pela avicultura nacional tornaram a carne de frango a mais consumida no Brasil,

ultrapassando o consumo da carne bovina, líder de mercado até 2005”.

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Evolução do Consumo Per Capita de Carnes no Brasil

8,8 9,310,3 10,5 11,1

13,712,4 11,8 11,5 11,6 12,1

37,7

35,536,7

3332,1

33,4

30,929,9

28,6

26

23,8

36,7

36,536,436,6

35,336,3

35,335,835,836,536,4

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Anos

Kg

/Hab

Frango Bovino Suíno

Quadro 4: Evolução do Consumo Per Capita de Carnes no Brasil

Fonte: ABEF, Abipecs e Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), adaptado

pelo autor.

Verifica-se ainda um aumento constante do consumo de carne de frango, totalizando

um aumento de 58% durante o período, enquanto a carne bovina apresentou um aumento de

apenas 2,5% e a suína de 38%.

Este aumento pode ser explicado pela regularidade da oferta de carne de frango,

ocasionando maior estabilidade de preços, o que a torna mais atrativa sob este ponto de vista.

Já a carne bovina, altamente dependente das pastagens, sofre queda na oferta e aumento de

preços durante a entressafra. O aumento da renda das famílias das classes C, D e E , que

passaram a consumir mais proteína animal, notadamente carne de frango, substituindo parte

do consumo das proteínas vegetais, também foi outro fator importante para o aumento do

consumo de carne de frango (JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA, 2007).

De acordo com JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p. 221-222):

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51

...os supermercados são os principais responsáveis pela comercialização no varejo. Dada

uma oferta relativamente concentrada e uma demanda atomizada, com muitos compradores,

as grandes redes de supermercados, com ampla estrutura de distribuição e comercializando

também produtos substitutos da carne de frango (bovina e suína), são capazes de negociarem

com os frigoríficos em posição de força. Isto é possível porque os frigoríficos, além de

competirem em parâmetros de qualidade, também concorrem, entre si, via preços. Os

supermercados constituem o terceiro elo forte da Cadeia Produtiva da Carne de Frango, mas

não impedem que os comerciantes de pequeno e médio porte convivam no mesmo mercado,

embora com participação modesta. Desta forma, o preço é determinado pelos varejistas, mais

precisamente pelas grandes redes de supermercados. Entretanto, o preço também pode

oscilar diante de oferta abundante, como foi observado no início de 2006, quando alguns

países importadores restringiram o consumo de carne de frango por conta da ocorrência da

Gripe Aviária em seus territórios, obrigando a indústria a escoar essa produção internamente

a preços baixos. A alta de preços no mercado internacional, com forte demanda pelo produto

brasileiro, também é fator que pode fazer oscilar o preço no mercado interno, desta feita com

viés de alta.

2.3.2 Contexto Internacional

O Brasil é o maior exportador de carne de frangos do mundo, destacando-se ainda os

Estados Unidos, a União Européia, China e a Tailândia:

ANO BRASIL EUAUNIÃO

EUROPÉIA TAILÂNDIA CHINA MUNDO2000 907 2.231 774 333 464 4.856

2001 1.265 2.520 726 392 489 5.527

2002 1.625 2.180 871 427 438 5.702

2003 1.960 2.232 788 485 388 6.023

2004 2.470 2.170 813 200 241 6.055

2005 2.846 2.360 755 240 331 6.791

2006 2.713 2.454 620 280 350 6.470

2007** 3.203 2.508 685 280 365 6.737

EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGOPRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 - 2007** )

Mil toneladas

Fonte: USDA / ABEF ** Previsão

Quadro 5: Principais países exportadores de carne de frango

Fonte: USDA/ABEF, adaptado pelo autor.

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52

A carne de frango é a segunda carne mais consumida no mundo, sendo superada pela

carne suína. Em 2006 a carne de frango ocupou o quarto lugar no ranking da exportação de

produtos do agronegócio brasileiro. As características da carne de frango mais valorizadas no

mercado internacional são sanidade e preço. O Brasil se destaca em ambos, devido a sua

produção possuir os custos mais competitivos, sem subsídios governamentais, e ocupar lugar

de destaque quanto aos aspectos sanitários (JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA, 2007).

Os maiores produtores mundiais de carne de frango são: Estados Unidos, China e

Brasil, respectivamente:

ANO EUA CHINA BRASIL UE MÉXICO MUNDO2000 13.703 9.269 5.977 7.606 1.936 50.097

2001 14.033 9.278 6.736 7.883 2.067 52.303

2002 14.467 9.558 7.517 7.788 2.157 54.155

2003 14.696 9.898 7.843 7.512 2.290 54.282

2004 15.286 9.998 8.494 7.627 2.389 55.952

2005 15.869 10.200 9.200 7.736 2.498 59.092

2006* 16.162 10.350 9.336 7.425 2.610 60.090

2007** 16.413 10.520 9.700 7.530 2.724 61.162

PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGOPRINCIPAIS PAÍSES ( 1999 – 2007** )

Mil toneladas

* Preliminar ** Previsão

Quadro 6: Principais países produtores de carne de frango

Fonte: USDA/ABEF, adaptado pelo autor.

Observa-se que os maiores produtores, também são os maiores consumidores, o que

demonstra uma produção baseada no mercado interno, o que dá sustentabilidade ao setor de

cada país (JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA, 2007):

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53

ANO EUA CHINA

UNIÃO EUROPÉI

A BRASIL MÉXICO MUNDO2000 11.474 9.393 6.934 5.110 2.163 49.360

2001 11.558 9.237 7.359 5.341 2.311 50.854

2002 12.270 9.556 7.417 5.873 2.424 52.846

2003 12.540 9.963 7.312 5.742 2.627 52.903

2004 13.081 9.931 7.280 5.992 2.713 54.172

2005 13.428 10.088 7.503 6.612 2.871 57.339

2006* 13.817 10.370 7.405 6.622 3.010 58.888

2007** 13.901 10.585 7.490 7.120 3.148 59.744

CONSUMO MUNDIAL DE CARNE DE FRANGOPRINCIPAIS PAÍSES ( 2000 – 2007** )

Mil toneladas

Quadro 7: Principais países consumidores de carne de frango

Fonte: ABEF, adaptado pelo autor.

O aumento da produção e exportação a partir de 2000, foi conseguido com a aplicação

de tecnologia no campo e na indústria, como a identificação de animais adequados para a

postura e para corte, facilidade de acesso aos mercados de grãos, fornecimento de ração

balanceada, controles informatizados, além da busca por alimentos saudáveis e a forte

campanha publicitária veiculada pelos órgãos classistas (JESUS, LIMA, ORMOND e

BRAGA, 2007).

O desempenho da avicultura brasileira de exportação foi comprometido em 2006, pela

retração em importantes mercados consumidores da Europa, da Ásia e, principalmente, do

Oriente Médio, no início do ano, devido a focos da gripe aviária nestes continentes,

provocando redução de 4,7% no volume exportado, comparativamente a 2005. Entretanto

destaca-se o aumento das exportações para o Egito, África do Sul e China, evitando um

impacto negativo maior nos resultados do setor (JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA,

2007).

As exportações de frango inteiro vêm diminuindo sua participação no volume total das

exportações, enquanto os volumes de cortes e industrializados, produtos de maior valor, vêm

aumentando a sua importância nos volumes exportados. A seguir apresenta-se no quadro 8 o

mix de exportação do setor nacional:

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54

TIPO DE PRODUTO 2004 2005 2006 2007*Frango inteiro 39,46 36,70 34,97 36,04

Cortes 58,71 60,35 60,34 57,89

Industrializado 1,83 2,95 4,69 6,07

TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00

* Jan/Jun 2007

Quadro 8: Exportação brasileira por tipo de produto

Fonte: ABEF, adaptado pelo autor.

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55

2.3.3 Competitividade e Política Governamental

Segundo MARTINELLI e SOUZA (2005, p.17):

São fatores relevantes para competitividade do setor: preço, qualidade, sanidade dos

produtos e a capacidade de adaptação do subsistema produtivo às exigências dos diferentes

segmentos de consumidores no mercado internacional. Estes fatores estão relacionados, em

parte, ao grau de coordenação da cadeia agroindustrial, a uma forte estrutura contratual, que

viabiliza a obtenção regular e padronizada de matéria-prima e permite planejar as

exportações com antecedência e executá-las com eficiência. A regularidade no fornecimento

e produção de grãos é fator chave para o desempenho e equilíbrio do segmento.

Quanto a questão sanitária, a rastreabilidade do produto é ponto fundamental para

aquisição de mercados e da confiança dos compradores internacionais. “Os países que

conseguirem estabelecer um sistema de informações confiáveis estarão à frente dos

concorrentes.” (MARTINELLI e SOUZA, 2005, p.17).

Americanos e europeus detém competências em áreas que o Brasil ainda é vulnerável,

como as tecnologias relacionadas ao processo e a embalagem do produto, as biotecnologias

ligadas às esferas do material genético, sanidade e na criação do animal. Nestes países, os

órgãos governamentais e as instituições de pesquisa possuem relativa importância no

desenvolvimento do setor, realizando pesquisas nos diferentes elos. No Brasil, o governo não

constitui uma vantagem competitiva em relação aos demais países. Tal fato pode ser

associado à falta de políticas de apoio ao setor, no que se refere à ausência de um subsídio e

políticas específicas para o produtor integrado, elo fundamental (MARTINELLI e SOUZA,

2005).

Em relação a política de Ciência e Tecnologia, grande parte das pesquisas

desenvolvidas concentra-se em instituições privadas, sejam elas de pesquisas básicas ou

aplicadas que não possuem uma unidade de produção no Brasil, somente uma representação.

Contudo, em termos competitivos, este fato não afeta o desempenho do setor, havendo grande

oferta de produtos do setor fornecedor de insumos MARTINELLI e SOUZA (2005).

Nas instituições públicas (Centros de Pesquisa e Universidades), a participação está

voltada mais aos processos de manejo da produção agropecuária do que industrial. Entretanto

existem esforços isolados, bem sucedidos, como os da Universidade de Campinas e

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56

Universidade de São Paulo, no desenvolvimento de vacinas, em conjunto com a iniciativa

privada MARTINELLI e SOUZA (2005).

Segundo MARTINELLI e SOUZA (2005, p. 17): “... nos Estados Unidos, cerca de

vinte instituições privadas foram consideradas centros de excelência em pesquisa avícola,

entre elas algumas das principais universidades americanas, como UCLA e Geórgia

University”.

Apesar de o Brasil produzir com menores custos, é a eficiência na produção e

armazenamento de grãos que constitui uma vantagem competitiva para os Estados Unidos

(maior produtor e processador mundial). A rede de armazenagem brasileira, que possui

condições de armazenar somente 75% de sua safra, apresenta ainda um déficit, em qualidade,

se comparado aos Estados Unidos, cuja capacidade de armazenagem chega a 2,5 safras

MARTINELLI e SOUZA (2005).

A infra-estrutura é um outro fator relevante devido ao alto custo operacional do

transporte das cargas via portos e rodovias, cujo valor no Brasil representa cerca de 30%

acima do custo realizado pelas empresas nos países concorrentes . “Os portos brasileiros e

seus acessos apresentam carências e limitações. Neste campo, as dificuldades que a avicultura

encontra constituem-se mais graves que nos demais segmentos industriais pela perecibilidade

do produto” MARTINELLI e SOUZA (2005. p.18).

Ainda segundo MARTINELLI e SOUZA (2005. p.18):

A infraestrutura necessária para os transportes de cargas não constitui um fator controlável

pela agroindústria e sim pelo governo. Dessa forma é interessante observar, conforme

assinalam Silva & Batalha (2001) que, da combinação de um conjunto de fatores é que

resultam as condições necessárias para manutenção da competitividade, aqueles controláveis

pela agroindústria (estratégia, produtos, tecnologia, política de recursos humanos e pesquisa

e desenvolvimento, etc) e os não controláveis. Estes fatores estão estreitamente ligados com

a eficiência e eficácia das Cadeias Agroindustriais. Assim, ações de coordenação por parte

dos controladores destas variáveis são necessárias.

No aspecto sanitário, segundo JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA (2007, p. 213):

Os recentes focos de aftosa no Brasil trouxeram à tona uma série de fragilidades do sistema

nacional de vigilância sanitária. O episódio do surgimento de contaminação pelo vírus da

doença da Influenza Aviária na Tailândia e na Europa trouxe ao setor de avicultura de corte a

percepção dessa fragilidade.

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57

A Influenza Aviária e a Doença de New Castle são as doenças mais devastadoras para

as aves que se tem conhecimento. A Influenza pode causar infecção letal em humanos, por

transmissão pelas aves por contato com o sangue dos animais infectados. “A limitação do

comércio se justifica pelo potencial de transmissão da doença ao plantel do país importador”

(JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA , 2007, p. 213).

“O governo federal instituiu o “Plano Nacional de Prevenção da Influenza Aviária e de

Prevenção e Controle da Doença de Newcastle”, através da Instrução Normativa SDA nº 17,

de 7/4/2006, estabelecendo diretrizes e normas para coordenação das ações dos órgãos

federais e estaduais de vigilância, estabelecendo regras para o trânsito de aves vivas e de

resíduos de criação e de abate. A implementação do plano depende, em sua maior parte, da

adesão dos estados da federação.” (JESUS, LIMA, ORMOND e BRAGA , 2007, p. 213).

2.4 Estratégias corporativas da indústria de frangos no Brasil

A indústria avícola nacional, assim como as estrangeiras, adotam estratégias de

diferenciação de produtos como instrumento de concorrência e mecanismo de adequação às

mudanças no mercado consumidor MARTINELLI e SOUZA (2005)

No Brasil, as estratégias de diferenciação de produtos se consolidaram a partir da

colocação de novos produtos no mercado. As principais empresas nacionais a adotarem essas

estratégias foram as líderes, seguidas pelas concorrentes menores que procuraram acompanhar

as mudanças ocorridas nos hábitos e tendências alimentares MARTINELLI e SOUZA (2005).

O uso de estratégias de inovação de produto do tipo imitativas, ou seja, o lançamento

de produtos já conhecidos no mercado, constituiu-se como instrumento de auxílio para que as

pequenas processadoras pudessem acompanhar as líderes nesse processo. As próprias

empresas líderes lançaram vários produtos conhecidos mundialmente, como os nuggets,

hambúrgueres, almôndegas, cortes diferenciados e outros (MELLO, 2001).

Há uma gama variada de produtos avícolas lançados no mercado brasileiro que não

são inventados no Brasil, pois já existem no exterior e possuem relativo sucesso de vendas.

Segundo MARTINELLI e SOUZA (2005, p. 21):

As empresas líderes desse setor atuam com agressivas políticas de venda através do

lançamento de uma variedade de produtos para manterem suas posições e consolidarem suas

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58

marcas. Em se tratando do uso da marca, as principais decisões referem-se às decisões de

nome individual para cada produto, ou marca global para todos os produtos da empresa,

marcas por família de produtos, combinadas com o nome da empresas e do produto, marcas

próprias dos varejistas utilizando o nome da rede ou não.

As grandes empresas do setor direcionam suas estratégias para o lançamento de novos

produtos e para a agregação de valor dos mesmos, variando de acordo com os níveis de

desenvolvimento industrial de cada empresa MARTINELLI e SOUZA (2005).

De acordo com MARTINELLI e SOUZA (2005), as empresas diferenciam-se

conforme as seguintes fases de produção:

Abate e comercialização do frango inteiro;

Fabricação de cortes variados, e;

Produção de industrializados.

Percebe-se que as empresas de menor porte quando inovam em produtos, começam

processando alguns cortes de frango e embutidos, já os produtos de maior valor agregado que

ora se encontram nos supermercados, como os industrializados, são de exclusividade das

grandes empresas MARTINELLI e SOUZA (2005).

O aumento da produção destinada ao mercado internacional, por meio da oferta de

novos produtos e novos nichos de mercado, tem sido a estratégia de crescimento adotada

pelas empresas brasileiras MARTINELLI e SOUZA (2005). Ainda de acordo com

MARTINELLI e SOUZA (2005, p. 22):

Isto demanda um esforço ainda maior no que se refere às vias de negociação e

comercialização nos países importadores. Assim, algumas parcerias têm sido criadas para a

própria aceitação do produto em alguns mercados, como o da Inglaterra. Sadia e Sun Valley

formaram a Concordia foods para o acesso ao mercado inglês. Perdigão e Salton, empresa

americana de eletroportáteis firmaram parceria para demonstração dos aparelhos com linhas

de produtos da empresa em mercados específicos e a Cooperativa Aurora e a empresa belga

Midsummer para entrada no mercado europeu.

As grandes empresas adotam uma estratégia de segmentação de mercado, aliando a

favorável relação custo – benefício do produto para o consumidor a benefícios nutricionais,

conveniência de preparo e preços atraentes MARTINELLI e SOUZA (2005).

O marketing direcionado ao grande público está sendo substituído pelo trabalho

individualizado aos clientes.Valoriza-se mais os novos métodos de cozimento, sabores e

temperos, tornando a carne de frango mais prática para o preparo de uma refeição, resultando

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59

na a recuperação de muitas empresas e o acesso a novos mercados ate então inexplorados, de

produtos contendo um maior valor agregado MARTINELLI e SOUZA (2005).

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60

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Segundo GIL (2002, p. 17): “Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e

sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”.

A pesquisa desenvolve-se através da utilização cuidadosa de métodos, técnicas e

outros procedimentos científicos (GIL, 2002).

De acordo com SOARES (2003, p.14): “...o método é uma forma de pensar para

chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para

explicá-lo”.

O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada, durante a elaboração do

trabalho. Utilizou-se como referências alguns autores nacionais e internacionais para

fundamentar os procedimentos metodológicos utilizados.

3.1 Tipo de pesquisa

Segundo COLLIS e HUSSEY (2005, p.23), as pesquisas podem ser classificadas de

acordo com:

- O objetivo da pesquisa - os motivos pelos quais ela está sendo realizada;

- O processo da pesquisa – a maneira pela qual serão coletados e analisados os

dados;

- A lógica da pesquisa – busca-se generalizar uma situação observada em um

grupo específico ou, de maneira inversa, analisar uma especificidade em um

determinado evento;

- O resultado da pesquisa – diz respeito à abrangência do estudo, ou seja, a

pesquisa busca resolver um determinado problema, ou fazer uma contribuição

geral para o conhecimento.

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61

Sendo assim, podemos classificar o trabalho como:

- Exploratório de acordo com o Objetivo, pois pretende proporcionar maior

familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. (GIL,

2002)

- Qualitativo em relação ao Processo de Pesquisa, pois descreve a

complexidade de determinada hipótese, analisa a interação entre as variáveis,

permitindo a interpretação das particularidades dos comportamentos dos

indivíduos (SOARES, 2003).

- Indutivo, quanto à Lógica da Pesquisa, pois o argumento indutivo baseia-se na

generalização de propriedades comuns a certo número de casos, a todas as

ocorrências de fatos similares, que se verificam no futuro (CERVO e

BERVIAN, 2003)

- Quanto ao Resultado da Pesquisa, ele é Básico, pois o problema da pesquisa é

de natureza menos específica, com o objetivo de aumentar o entendimento de

questões gerais, sem ênfase em sua aplicação imediata (COLLIS e HUSSEY,

2005).

3.2 O método do Estudo de Casos

Com o objetivo de identificar as principais estratégias corporativas adotadas, pelas

principais empresas exportadoras de frangos brasileiras, foi utilizado o método do Estudo de

Casos.

Segundo PÁDUA (2002), Estudos de Casos são um tipo de análise qualitativa, que

pode complementar a coleta de dados, em trabalhos acadêmicos. PÁDUA (2002, p.71),

observa ainda: “...o caso propriamente dito se constrói no processo de pesquisa, à medida que

se identificam os múltiplos fatores que concorrem para sua configuração.”

Quando o estudo de caso se refere a instituições específicas, no momento de

caracterização do caso pode-se recorrer aos registros institucionais disponíveis, como atas,

regimentos, folders, jornais de circulação interna e outros (PÁDUA, 2002).

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62

Para GIL (2002, p. 139): “Os estudos de caso podem ser constituídos tanto de um

único quanto de múltiplos casos.”. Ainda segundo GIL (2002), a utilização de múltiplos casos

é mais freqüente nas pesquisas sociais.

Devido às características e aos objetivos do presente trabalho, a pesquisa do tipo

exploratória, realizada por meio do estudo de casos múltiplo tornou-se mais apropriada, por

proporcionar maior familiaridade com o problema, com o objetivo de aprimoramento de

idéias ou a descoberta de intuições (GIL, 2002).

Segundo YIN (2001), o objetivo do pesquisador ao se utilizar o método de estudo de

caso, é realizar generalização analítica e não estatística. Ainda segundo YIN (2001, p.68):

“...as provas resultantes de casos múltiplos são consideradas mais convincentes e o estudo

global é visto, por conseguinte, como sendo mais robusto.”

3.3 Critérios para a seleção da amostra

As empresas escolhidas para o trabalho de pesquisa (Sadia e Perdigão), são empresas

notoriamente conhecidas como as maiores empresas do setor, além de serem responsáveis por

43% das exportações brasileiras de frangos, conforme verificado no Quadro 9:

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63

Participação das Principais Empresas nas Exportações da Carne de Frango Brasileira

Sadia26%

Perdigão17%

Seara12% Doux

10%

Avipal8%

Outros27%

Quadro 9: Maiores empresas exportadoras de carne de frango no Brasil

Fonte: ABEF, adaptado pelo autor.

Segundo MATIAS, MEIRELES e CALDEIRA apud GUIMARÃES (1982), as

empresas líderes determinam ou influenciam significativamente a dinâmica da indústria.

Sendo assim, as empresas líderes no setor avícola influenciam consideravelmente, as

estratégias das demais empresas seguidoras, permitindo a partir do estudo das empresas

líderes, fazer algumas generalizações para a indústria como um todo.

3.4 Coleta de dados

Os dados obtidos na pesquisa foram obtidos através de relatórios e apresentações

institucionais, disponibilizados pela empresas analisadas em seus respectivos endereços

eletrônicos.

O histórico das empresas estudadas, os dados operacionais, as informações de

investimento, e as informações estratégicas foram obtidos através dos relatórios financeiros

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enviados à Security Exchange Comission (SEC), principal órgão regulador do mercado

acionário norte-americano, e dos respectivos relatórios anuais.

Adicionalmente elaborou-se um questionário com o objetivo de obter-se algumas

informações específicas, inerentes à pesquisa, que não puderam ser obtidas através da

Internet.

3.5 A elaboração do questionário

A fim de obter informações sobre as estratégias adotadas pelas maiores empresas

brasileiras exportadoras de carde de frango , foi elaborado um questionário com o objetivo de

obter as informações que não puderam ser obtidas, através das apresentações institucionais

das empresas selecionadas, divulgadas na internet ou em outros veículos de comunicação

(artigos, jornais, revistas especializadas, etc.)

Os questionários estão relacionados a metodologias positivistas e fenomenológicas, e

representam uma lista de perguntas, cuidadosamente, estruturadas que objetiva extrair

respostas confiáveis de uma amostra escolhida. (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 165)

As perguntas que compõem o questionário, foram escolhidas, com o objetivo de

elucidar os problemas da pesquisa. Tais perguntas foram formuladas de acordo com as

considerações mais importantes, levantadas durante o processo de revisão da literatura, e são

destacadas no quadro referencial (Quadro 10).

Pergunta Referencial Teórico

1 – Considerando o contexto no qual se insere

(interesse dos acionistas, empregados,

sociedade, etc.), quais os objetivos da

empresa?

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980), Mintzberg (2001).

2 – Levando-se em conta os objetivos da

empresa, quais as principais estratégias

corporativas adotadas?

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

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65

3 – Quais foram os principais fatores

considerados, para a definição das estratégias

de longo prazo da empresa?

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

4 – Em sua opinião, o conceito que melhor

define estratégia como processo é:

Mintzberg, Lampel e Ahsltrand (2000).

5 – Qual o seu grau de conhecimento das

seguintes ferramentas de análise estratégica:

Andrews (1997), Ansoff (1977), Porter (1986),

Ghemavat (2000), Wright, Kroll e Parnell

(2000), Bethlem (2001), Rebouças (1988),

Kaplan e Norton (2001).

6 – Quais destas ferramentas de análise

estratégica são utilizadas na empresa?

Andrews (1997), Ansoff (1977), Porter (1986),

Ghemavat (2000), Wright, Kroll e Parnell

(2000), Bethlem (2001), Rebouças (1988),

Kaplan e Norton (2001).

7 – Quem são os responsáveis pelo

estabelecimento das estratégias da empresa?

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

8 – Qual grau de participação dos indivíduos

descriminados abaixo, no processo de

formulação das estratégias da empresa:

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

9 – Existe um processo formal de

estabelecimento de estratégias na empresa?:

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

10 – Quanto ao prazo médio do processo de

estabelecimento das estratégias na empresa,

pode considerar:

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

11 – Quanto ao prazo médio do processo de

implantação das estratégias pode-se

considerar:

Andrews (1997), Ansoff (1965), Porter (1980),

Mintzberg (2001).

12 – As principais estratégias da empresa,

quanto aos produtos ofertados baseam-se:

Ansoff (1977), Ghemavat (2000)

13 – Classifique (numerando de 1 a 4, onde 1

representa a maior prioridade da empresa e 4 a

menor), as estratégias mencionadas na

pergunta 9:

Ansoff (1977), Ghemavat (2000)

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14 – Considerando as estratégias adotadas pela

empresa, classifique numerando de 1 a 3 (onde

1 representa a maior prioridade da empresa e 3

a menor), as seguintes estratégias genéricas:

Porter (1986).

Quadro 10 – Quadro de Referencial Teórico Fonte: Elaborado pelo autor.

Após a elaboração do questionário, foram levantados os contatos telefônicos, dos

principais executivos das empresas selecionadas, e após a elucidação dos objetivos da

pesquisa junto a estes executivos, foram enviados os questionários a serem respondidos a

princípio pelo presidente da empresa, e na impossibilidade pelo vice-presidente ou diretor

financeiro.

Os questionários foram enviados em março de 2007, após uma série de telefonemas e

contatos com diversos executivos, de diferentes níveis das empresas selecionadas.

3.4 Limitações da pesquisa

Devido as limitações de recursos e tempo, o presente trabalho de pesquisa

fundamentou-se nas estratégias das duas maiores empresas do setor, que acabam por servir de

modelo para as outras grandes empresas. Dessa forma as micro e pequenas empresas não são

contempladas pelo presente estudo, apesar de se consideradas em conjunto possuírem

representatividade para o setor.

As informações estratégicas obtidas são de conhecimento público, por estarem

divulgadas na Internet, nos respectivos endereços eletrônicos. Outras informações obtidas

através dos questionários aplicados, também são de conhecimento público, de acordo com os

dirigentes entrevistados.

Logo, informações estratégicas consideradas sigilosas pela administração, podem não

ter sido obtidas, devido seu caráter estratégico para as respectivas empresas.

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4 RESULTADOS

Para um melhor entendimento das estratégias adotadas pelas empresas analisadas,

buscou-se o conhecimento do histórico das empresas, seus objetivos, missões e principais

valores, através de consultas a materiais institucionais, disponibilizados através da internet

nos respectivos endereços eletrônicos.

4.1 Histórico das empresas

4.1.1 Sadia

A empresa foi fundada em 1944 por Attilio Fontana com a aquisição do frigorífico S.

A. Indústria e Comércio Concórdia, em Concórdia/SC, e posteriormente denominado por seu

fundador como Sadia.

Atualmente é líder nacional em seu segmento e uma das maiores empresas de

alimentos da América do Sul.

A empresa comercializa diversos produtos em todo o território nacional, no segmento

agroindustrial e na produção de alimentos industrializados congelados e resfriados, além de

cortes de carne bovina, suína e aves (peru e frango), massas, doces e margarinas.

Figura, há três anos, entre as dez maiores exportadoras do País. Com representações

comerciais em diversos países do mundo, a empresa exporta cerca de 1.000 produtos para

mais de 100 países da América, Europa, Ásia e Oriente Médio.

Possui escritórios comerciais em 11 países: Inglaterra, Alemanha, Emirados Árabes,

Rússia, Japão, China, Turquia, Argentina, Uruguai, Chile, Panamá.

No mercado brasileiro tem um portifólio de cerca de 680 itens, que são distribuídos

para mais de 300 mil pontos-de-venda. Para o mercado externo exporta perto de mil produtos

para mais de 100 países. As primeiras exportações da companhia foram realizadas nos anos

60.

Por quatro vezes consecutivas (2001, 2003, 2004 e 2005) a Sadia foi eleita a marca

mais valiosa do setor de alimentos brasileiro, em pesquisa divulgada pela Interbrand –

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consultoria inglesa conhecida pela tradicional lista das 100 marcas mais valiosas do mundo –,

que avalia companhias nacionais listadas na CVM e, dentre elas, elege as marcas brasileiras

de maior valor no mercado.

Companhia aberta desde 1971, a empresa lançou, em 2001, seus ADRs - American

Depositary Receipts na Bolsa de Nova York, o que aumentou a visibilidade da companhia e

possibilitou que investidores estrangeiros pudessem adquirir seus títulos nos Estados Unidos.

No mesmo ano, também aderiu ao Nível 1 de Governança Corporativa da Bolsa de Valores de

São Paulo. As ações da Sadia estão listadas também na Labitex, mercado que negocia títulos

de empresas latino-americanas na Bolsa de Madri.

Em 2004, a empresa abriu dois novos Centros de Distribuição -um em Chapecó (SC) e

outro em Ponta Grossa (PR). No final de 2004, a Sadia anunciou ainda a aquisição da Só

Frango Produtos Alimentícios, maior exportadora do Distrito Federal. Com a aquisição, a

Sadia passou a contar com 13 unidades industriais no Brasil.

Em 2005, a Sadia decide retomar o abate de bovinos, em seu frigorífico de Várzea

Grande, que estava arrendado ao grupo Friboi. Com isso, a empresa passou a oferecer cortes

bovinos com as marcas Sadia (cortes nobres) e Sadilar no mercado interno, bem como

reforçou sua pauta de exportação com produtos bovinos.

A companhia ingressou também no segmento de produtos à base de proteína vegetal,

com o lançamento da linha Sadia Vita Soja, cujos produtos apresentam sabor similar ao

produto tradicional. A marca Rezende, por sua vez, passou por uma grande reformulação em

2005. Além de nova logomarca, os produtos ganharam nova embalagem, em cores mais vivas

e atraentes.

Em 2006, a Sadia investiu fortemente na modernização da gestão da companhia. A

empresa promoveu diversas mudanças e renovações em sua equipe de gestores, tornando-a

cada vez mais robusta e pronta para enfrentar os desafios do mercado. A empresa criou um

Comitê de Sustentabilidade ligado ao Conselho de Administração para avaliar o

desenvolvimento de suas atividades, levando em conta a performance econômico-financeira,

ambiental e social.

Além de promover alterações na estrutura organizacional da área comercial, a

companhia anunciou reforços na área de marketing (com a missão de trabalhar mais

fortemente a marca no Brasil e no exterior) e a criação de uma diretoria de Relações

Internacionais.

A nova diretoria deu andamento ao projeto de instalação de uma fábrica da Sadia em

Kaliningrado, na Rússia, em parceria com uma distribuidora local. Será uma unidade

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processamento de carne – com matérias-primas provenientes do Brasil – que deverá ficar

pronta no final de 2007.

A fábrica vai atender o mercado russo e também as nações que compunham a antiga

União Soviética, como os países bálticos e do Cáucaso, além de fornecer parte da produção ao

abastecimento da rede McDonald´s na Rússia. A empresa será fornecedora exclusiva de

produtos processados de frangos e, em um segundo momento, também deverá fabricar pratos

prontos.

A Sadia é a marca estrangeira mais conhecida e, em relação ao comércio de aves,

aparece em Moscou entre as dez marcas mais conhecidas do mercado russo, de acordo com

pesquisas realizadas no início de 2007.

Em 2006, a Sadia também iniciou as obras de construção da Unidade Agroindustrial

de Lucas do Rio Verde. O projeto como um todo – que tem previsão de iniciar os primeiros

abates em meados de 2008 – contará com investimentos de R$ 800 millhões e compreenderá a

construção de um abatedouro de aves, uma unidade de abate e industrialização de suínos e

uma fábrica de rações.

Quando estiver em pleno funcionamento, mais precisamente no final de 2009, a nova

unidade da Sadia terá capacidade para abater 114 milhões de frangos e 1,25 milhão de suínos

por ano. O projeto deverá gerar aproximadamente 6 mil empregos diretos e outros 18 mil

indiretos na região, incluindo a força dos produtores integrados que atuarão como parceiros da

companhia.

Ainda em maio de 2006, a Sadia fechou a primeira venda de créditos de carbono

obtidos com a captação de gases do efeito estufa em granjas próprias de suínos e em

propriedades de fornecedores integrados localizadas em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do

Sul e Santa Catarina.

Em 2007, a empresa anunciou um plano ambicioso de investimentos, totalizando R$ 2

bilhões em 18 meses com o objetivo de dobrar o faturamento em cinco anos. Os recursos

serão aplicados no segmento de industrializados, na construção da unidade agroindustrial de

Lucas do Rio Verde, no segmento de bovinos e em diversos projetos de expansão e ampliação

de unidades, tecnologia da informação, infra-estrutura e matrizes.

Para colocar em prática o projeto, a Sadia já deu início à operação de três importantes

processos que fazem parte das obras de construção da Unidade Agroindustrial de Lucas do

Rio Verde: granjas de aves e suínos para o alojamento dos animais e armazém de cereais, que

serão utilizados para a fabricação de ração. Além disso, se engajou em uma parceria

importante com a Prefeitura da cidade, com uma organização da sociedade civil e com outras

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organizações do setor privado no projeto Lucas do Rio Verde Legal para viabilizar a

recomposição da reserva legal das propriedades do sistema de integração da empresa que

também está sendo estruturado.

Outra inauguração importante foi a obra de ampliação e modernização de seu

armazém frigorificado no Porto de Paranaguá. Instalado na área de embarque, o novo

armazém aumentou sua capacidade de 3,1 mil toneladas para 8,5 mil toneladas, o que

representa um crescimento de 170%. Com investimento de R$ 19 milhões, o projeto é

responsável pelo armazenamento de grande parte dos produtos exportados pela empresa para

mais de 60 países da América Latina, Europa, Ásia e Oriente Médio.

O foco estratégico da companhia tem se voltado cada vez mais à internacionalização e

à produção e distribuição de alimentos industrializados congelados e resfriados- produtos de

maior valor agregado.

A empresa tem profissionalizado cada vez mais sua gestão e emprega atualmente 50

mil colaboradores, e por meio de Sistema de Fomento Agropecuário mantém parceria com

aproximadamente 10 mil granjas integradas de criação de aves e suínos, o que lhe garante o

fornecimento de matéria-prima de ótima origem sanitária.

O planejamento estratégico da Sadia objetiva a continuidade de seu crescimento e

ampliação de sua rentabilidade, visando:

• Expansão da capacidade produtiva para atender ao aumento da demanda;

• Diversificação da produção com ênfase em itens de maior valor agregado;

• Ampliação dos canais de distribuição dos produtos; e

• Diversificação das exportações para as mais diversas regiões do mundo.

Missão: Alimentar consumidores e clientes com soluções diferenciadas.

Visão: Ser a empresa de alimentos mais competitiva do setor no mundo em soluções

de agregação de valor.

Vantagens competitivas:

• Imagem e conceito da marca;

• Liderança de mercado;

• Segurança alimentar;

• Controle da cadeia produtiva e rastreabilidade;

• Portfolio de produtos amplo e inovador;

• Logística integrada de congelados e resfriados;

• Competitividade internacional.

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4.1.2 Perdigão

Fundada em 1934, em Santa Catarina, a empresa opera unidades industriais em cinco

Estados brasileiros e sua presença internacional supera a marca de cem países nos mais

diversos continentes.

A companhia abriu seu capital em 1980 e, em 1994, desde que seu controle acionário

passou para um pool de fundos de pensão, adotou um modelo de gestão que introduziu

importantes mudanças em sua administração, considerada um case em expansão, inovação e

solidez.

As conquistas em todas essas frentes se refletiram nos resultados da companhia e em

sua atuação no mercado de capitais. Em outubro de 2000, a Perdigão foi a primeira empresa

brasileira de alimentos a lançar ADRs de nível II na Bolsa de Nova York.

Integrante do primeiro grupo de empresas a aderir ao nível I de Governança

Corporativa da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) desde a sua criação, em 2001, a

Perdigão também participa dos principais índices da Bolsa de Valores de São Paulo, além do

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), lançado em dezembro de 2005, e que tem como

objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas que promovam

boas práticas no meio corporativo brasileiro, por meio de ações de reconhecido compromisso

com a responsabilidade social e sustentabilidade empresarial.

Em 2006, ao ingressar no Novo Mercado da Bovespa — o mais novo e importante

passo na busca de excelência em gestão e no aperfeiçoamento da política de governança

corporativa —, a Perdigão consolida sua posição de excelência em gestão, sustentada por um

crescimento médio anual acima de 10% registrado nos últimos 11 anos.

Para migrar do Nível 1 para o Novo Mercado, a empresa teve convertida a totalidade

de suas ações preferenciais, sem direito a voto, em ações ordinárias, na proporção de uma

ação preferencial para uma ação ordinária. Com a nova estrutura de capital, a Perdigão passou

a ter controle difuso em vez de controle único, na linha adotada com sucesso por grandes

corporações internacionais, com maior transparência e liquidez para acionistas e investidores,

além de criar bases para o seu crescimento e sustentação de seus negócios.

A companhia atua na produção e abate de aves, suínos e bovinos e no processamento

de produtos industrializados, elaborados e congelados de carne, além da fabricação de linhas

de massas prontas, tortas, pizzas, folhados, vegetais congelados e margarinas. Seu mix

abrange mais de 400 produtos.

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Em 2007, a empresa entrou no mercado de lácteos com a aquisição do controle

acionário da Batávia e, em abril, ingressará no segmento de pet food, com o lançamento de

sua nova divisão de negócios: a Essencial Pet Care.

Em 20 de março de 2008 a Perdigão deu início às operações do Complexo

Agroindustrial de Mineiros, somando assim 16 unidades industriais de carne, duas

processadoras de soja, seis fábricas de rações e 17 centros de distribuição; estrutura que

garante aos clientes e consumidores um portfólio de mais de mil itens, destinados aos

mercados interno e externo, sob as marcas Perdigão, Chester®, Apreciatta, Toque de Sabor,

Turma da Mônica, Batavo, Borella, Perdix, Confiança, entre outros.

Atualmente, a Companhia opera 18 unidades de processamento de carnes, 16

incubatórios, 7 fábricas de rações animais, 3 unidades de processamento de lácteos e

sobremesas, uma fábrica de processamento de margarinas; 7 pontos de coleta de leite e uma

unidade de processamento de soja; distribuídas em seis regiões do Brasil: Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Paraná, Goiás, São Paulo e Mato Grosso.

No exterior, a Companhia possui escritórios de vendas na Inglaterra, França, Japão,

Holanda, Rússia, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.

A Companhia possui um avançado sistema de distribuição, utilizando-se de 24 centros

de distribuição em 13 estados brasileiros e no Distrito Federal e um centro de distribuição na

Europa, atingindo 80.000 supermercados, lojas de varejo, atacadistas, food-service e outros

clientes institucionais no mercado interno e vendendo para mais de 100 países no mercado

externo.

No mercado interno, a Companhia opera, principalmente, com as marcas Perdigão,

Chester, Batavo e a expressão Turma da Mônica (licenciada); e no mercado externo,

principalmente com as marcas Perdix, Fazenda (Rússia), e Borella (Arábia Saudita). Em

2007, através da aquisição do negócio de margarinas da Unilever, passou a trabalhar com as

marcas Doriana, Delicata, Claybom e Becel, esta última através de sua joint-venture.

A empresa já tem planejado a definição de sua Missão, Visão, Princípios e Valores até

2020. As principais vantagens competitivas identificadas pela empresa são as seguintes:

• Liderança e Posição de Destaque nos Segmentos de Atuação, com Marcas Fortes e

Presença no Mercado Global. Uma das maiores companhias brasileiras do setor de produtos

alimentícios, que possui dimensão e escala propícias a concorrer no Brasil e em âmbito

mundial. A posição de liderança da empresa permite aproveitar oportunidades de mercado,

possibilitando a expansão de negócios e o aumento da participação nos mercados

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internacionais. As marcas próprias e licenciadas são altamente conhecidas no País e as marcas

utilizadas nos mercados de exportação são bem renomadas em tais mercados.

• Ampla Rede de Distribuição no Brasil e no Mercado Externo. Rede de distribuição

própria capaz de distribuir produtos congelados e refrigerados em praticamente qualquer

região do Brasil. Ademais, exporta produtos para mais de 100 países, e deu início ao

desenvolvimento da rede de distribuição própria na Europa, onde vende diretamente a

companhias de processamento de alimentos e de empresas de serviços alimentícios (food

service), bem como a distribuidores locais. A capacidade de distribuição própria e experiência

em logística permite expansão dos negócios tanto no mercado interno quanto no mercado

externo, resultando em aumento nos volumes de venda e ampliação de linhas de produto.

• Produtor de Baixo Custo em Mercado em Expansão. A empresa acredita possuir uma

vantagem competitiva sobre produtores localizados em alguns dos mercados de exportação

em função dos custos de alimentação animal e custos de mão-de-obra, de modo geral mais

baixos, e dos ganhos com eficiência em produção animal no Brasil. Também alcançou escala

e qualidade de produção que permitem concorrer de maneira eficaz com os principais

produtores no Brasil e em outros países. Implementou recentemente uma série de programas

destinados a manter e aprimorar a eficiência de custos, como: (i) o programa ATP -

Atendimento Total Perdigão, visando otimizar o canal de fornecimento mediante a integração

das funções de pedidos, produção, gestão de estoques e fornecimento a clientes; (ii) CSP -

Centro de Serviços Compartilhados Perdigão, que centraliza funções corporativa e

administrativa; (iii) o programa MVP – Mais Valor Perdigão, destinado ao gerenciamento do

uso eficiente de capital fixo e de capital de giro; e (iv) o orçamento matricial destinado à

melhoria da eficiência na gestão dos gastos.

• Localização Geográfica Estratégica e Diversificada. No segmento de carnes, as

plantas de abate estão estrategicamente localizadas em diferentes regiões brasileiras (Sul e

Centro-Oeste), o que permitem mitigar riscos decorrentes de restrições à exportação que

possam ocorrer em determinadas regiões do País, em razão de preocupações com aspectos

sanitários. Adicionalmente, a diversidade geográfica das plantas proporciona custos mais

baixos no transporte em função da proximidade com regiões produtoras de grãos.

• Ênfase na Qualidade dos Produtos, Segurança dos Processos e Portfólio

Diversificado de Produtos. Foco na qualidade e segurança de todas as operações, a fim de

atender às especificações dos clientes, impedir contaminação e minimizar o risco de

ocorrência de epidemias em animais. Emprega sistemas de rastreamento que permite

identificar rapidamente e isolar qualquer fazenda ou granja em que venha a surgir

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preocupação quanto à qualidade ou saúde. Também monitora a saúde e tratamento das aves e

suínos que cria em todos os estágios de suas vidas e no decorrer de todo o processo de

produção. Primeira empresa brasileira aprovada pelo European Food Safety Inspection System

como qualificada para vender produtos processados de aves a consumidores europeus. Possuí

uma linha diversificada de produtos, o que dá flexibilidade para direcionar a produção de

acordo com a demanda de mercado e a sazonalidade dos produtos.

• Equipe de Gestores Experientes. Os executivos são altamente experientes e

transformaram a Companhia na última década em um negócio global. A maioria dos

executivos seniores trabalha na empresa há mais de 10 anos. A administração procura

enfatizar as melhores práticas nas operações, bem como governança corporativa, conforme

demonstrado pela listagem de ações ordinárias no Novo Mercado da BOVESPA, que exige a

observância dos mais altos padrões de governança corporativa da referida Bolsa de Valores.

A estratégia geral da empresa consiste em utilizar suas vantagens competitivas para

explorar oportunidades de crescimento a longo prazo, diversificando vendas e reduzindo

custos, visando a trazer menor volatilidade aos resultados, sendo uma empresa de alimentos,

que possui um dos mais diversificados portfólio de alimentos de produtos refrigerados e

congelados, nas linhas de carnes processadas, elaboradas e in natura, lácteos, margarinas,

massas, pizzas, dentre outros.

Busca crescimento e consolidação de forma equilibrada tanto dentre os segmentos de

atuação, aves, suínos, bovinos, lácteos e produtos processados, bem como na relação mercado

interno e mercado externo e buscando também oportunidades de crescimento via

processamento de produtos no exterior.

Os principais pontos da estratégia, aplicáveis tanto ao segmento de aves, suínos e

bovinos, quanto ao segmento de leite, produtos lácteos e margarinas, e produtos processados

são:

• Expandir Principais Negócios. Desenvolver ainda os principais negócios de produção

e venda de produtos alimentícios de aves, suínos, bovinos, leites, produtos lácteos e alimentos

processados por meio de, entre outros, investimento em capacidade de produção adicional

para ganho de escala e eficiência.

• Diversificar as Linhas de Produtos, Especialmente de Alimentos Processados de

Valor Agregado. Continuar a diversificação das linhas de produtos, com foco em alimentos

processados que tendem a ser produtos com menor oscilação de preços do que os cortes de

aves e suínos in natura e que podem ser destinados a mercados específicos.

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• Expandir a Base de Clientes Nacional e Internacional. Continuar a fortalecer a base

de clientes nacionais e internacionais por meio de atendimento e qualidade superiores, bem

como do aumento da oferta de produtos. A empresa acredita haver oportunidades

consideráveis para uma maior penetração nos mercados de exportação, especialmente devido

à ampliação das linhas de produto, incluindo produtos bovinos, leite, produtos lácteos e

alimentos processados. Posicionamento para ingressar em novos mercados de exportação

quando as barreiras comerciais existentes forem diminuídas ou eliminadas. O objetivo é

buscar o crescimento balanceado nos negócios nos mercados interno e externo, para que cada

um deles represente aproximadamente 50% das vendas líquidas anuais.

• Fortalecer a Rede de Distribuição Global. Desenvolvimento da capacidade de

distribuição fora do Brasil visando aprimorar os serviços prestados a clientes existentes e

expandir a base de clientes de exportação. Foco na expansão da rede de distribuição na

Europa e no Oriente Médio, a fim de aumentar a cobertura e dar suporte a esforços de

comercialização mais direcionados a estas regiões chave. Também considera-se realizar o

processamento de alguns produtos no exterior, de modo a permitir a entrega direta de

produtos a clientes localizados em tais mercados. No início de dezembro de 2007, celebrou

um acordo com a Cebeco Groep B.V., uma companhia holandesa, para a aquisição da

Plusfood, que possui três plantas industriais na Europa para processamento de produtos de

frango e carne bovina, com capacidade instalada para a produção de aproximadamente 20.000

toneladas/ano de produtos acabados. A pretendida aquisição ainda não foi concluída.

• Liderança em Custos Baixos. Aprimoramento da estrutura de custos a fim de

aumentar a eficiência das operações. A empresa objetiva atingir maiores economias de escala

mediante o aumento da capacidade de produção, ampliando os esforços de expansão

principalmente na Região Centro-Oeste do Brasil em função da disponibilidade de matérias-

primas, terras, mão-de-obra, condições climáticas favoráveis e demais características que

permitem minimizar os custos de produção da empresa. A empresa também pretende

implementar novas tecnologias a fim de racionalizar as atividades de produção e distribuição.

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4.2 Respostas dos questionários

4.2.1 Sadia

Segundo o executivo entrevistado, os objetivos da empresa baseiam-se na

diferenciação. De acordo com a visão institucional da empresa, o objetivo da Sadia é o de

tornar-se a empresa de alimentos, mais competitiva do mundo no setor de frangos/suínos,

oferecendo aos consumidores soluções diferenciadas.

Em 2007, a empresa anunciou um plano ambicioso de investimentos, totalizando R$ 2

bilhões em 18 meses com o objetivo de dobrar o faturamento em cinco anos. Os recursos

serão aplicados no segmento de industrializados, na construção da unidade agroindustrial de

Lucas do Rio Verde, no segmento de bovinos e em diversos projetos de expansão e ampliação

de unidades, tecnologia da informação, infra-estrutura e matrizes.

As principais estratégias corporativas adotadas visam o crescimento focado no core

business da empresa – proteína animal. O planejamento estratégico da empresa contempla o

aumento da capacidade produtiva, com o objetivo de atender ao aumento da demanda

esperada para os próximos anos, com o ingresso/ampliação de novos mercados consumidores

como Índia, China, e países islâmicos, além da diminuição dos subsídios e barreiras tarifárias

nos mercados europeus. O aumento da capacidade produtiva possibilitará também o ganho de

escala, diminuindo os custos de produção, tornando a empresa mais competitiva no mercado

internacional.

A empresa investe permanentemente em pesquisa e inovação de novos produtos, com

o objetivo de diversificar sua produção, dando ênfase em produtos de maior valor agregado

que geram um maior retorno, já que a margem bruta da atividade é relativamente pequena.

Apesar da empresa contar com um amplo canal de distribuição nacional, estando

presente nos supermercados de diversos estados brasileiros, a Sadia pretende ampliar seus

canais de distribuição, devido à importância do consumo interno, que garante a estabilidade

da demanda, em casos de crises no mercado internacional. Apesar do aumento das

exportações, as vendas internas ainda são responsáveis por 54% do faturamento bruto da

empresa.

A ampliação e modernização de seu armazém frigorificado no Porto de Paranaguá, a

instalação de uma fábrica em Kaliningrado na Rússia, a ampliação de seus escritórios no

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exterior, e a criação de uma diretoria de Relações Internacionais objetiva atender a estratégia

de internacionalização da empresa.

Os principais fatores considerados para a definição de tais estratégias foram a

crescente demanda mundial por proteína animal, gerada por novos entrantes no consumo

desse tipo de produto, e a necessidade de ganho de escala para manter preços competitivos e

atender ao aumento desta demanda.

Segundo a visão do executivo entrevistado a estratégia é um processo de concepção e

visionário. Por isso, durante o processo de formulação estratégica da Sadia, não são utilizadas

ferramentas acadêmicas, formais ou convencionais de análise. O processo de formulação das

estratégias da empresa é centralizado pelo presidente, que conta com o apoio de um Comitê

estratégico, formado por diretores e conselheiros que encaminham suas decisões para

aprovação do Conselho de Administração.

Dentre as ferramentas de análise estratégica mencionadas pelo estudo, a Matriz Ansoff

é desconhecida pelo executivo entrevistado, e o Balanced Scorecard é pouco conhecido. As

outras ferramentas são conhecidas, mas não são utilizadas de maneira sistemática. Algumas

premissas utilizadas por estas ferramentas são utilizadas em projetos pontuais, destacando-se

principalmente a análise SWOT.

A participação do presidente durante o processo de formulação das estratégias é alto,

não existindo na empresa o cargo de vice-presidente. Somente os diretores participantes do

Comitê Operacional – COP atuam no processo de formulação de estratégias da Sadia.

Diretores que não fazem parte do COP, supervisores ou gerentes de primeiro, gerentes

de segundo ou terceiro escalão e demais funcionários trabalham em projetos pontuais, e

podem ter participação na formulação das estratégias da empresa em tais projetos.

A empresas dispõe de um processo formal de estabelecimento de estratégias, mas que

não é divulgado a todos os funcionários. Tal processo é divulgado aos funcionários até o nível

gerencial, e possui um prazo de formulação e implantação curtíssimo, em torno de 1 a 2

meses.

As principais estratégias da empresa, quanto aos produtos ofertados baseiam-se

principalmente na internacionalização e inovação, com os respectivos objetivos de

desenvolvimento de novos mercados para os produtos existentes, e desenvolvimento de novos

produtos para os mercados existentes. A empresa utiliza-se da estratégia geral de enfoque em

um determinado mercado, como principal estratégia corporativa adotada.

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4.2.2 Perdigão

De acordo com a visão institucional da empresa, os objetivos da Perdigão consistem

em participar da vida das pessoas, oferecendo alimentos saborosos, de alta qualidade e a

preços acessíveis, em qualquer lugar do mundo. O objetivo de longo prazo da empresa,

denominado Visão 2020 define crescimento e expansão das operações de forma globalizada,

com qualidade e preços competitivos.

A estratégia geral da empresa consiste na utilização de suas vantagens competitivas

para explorar oportunidades de crescimento a longo prazo, diversificando vendas e reduzindo

custos. A empresa pretende diminuir a volatilidade de seus resultados, através de um portfólio

altamente diversificado de produtos refrigerados e congelados, nas linhas de carnes

processadas, elaboradas e in natura, lácteos, margarinas, massas, pizzas, dentre outros.

A Perdigão busca o crescimento de maneira equilibrada dentre seus segmentos de

atuação, aves, suínos, bovinos, lácteos e produtos processados. Além disso, a empresa

pretende equilibrar a relação de participação entre os mercados interno e externo, buscando

oportunidades de crescimento via processamento de produtos no exterior.

Os principais pontos de estratégia da empresas são:

• Expansão dos principais negócios: Desenvolvimentos dos principais negócios

de produção e venda, por meio de investimento em capacidade de produção

adicional, para ganho de escala e eficiência.

A empresa está investindo na expansão do Complexo Agroindustrial de Rio Verde, na

região Centro-Oeste do Estado de Goiás, além da construção de um novo complexo

agroindustrial para o processamento de peru, também em Goiás.

Estão sendo realizados investimentos em expansão da unidade de abate e

processamento de aves de Nova Mutum, no Estado de Mato Grosso, a fim de atender a

demanda de longo prazo na exportação de carne de frango.

Recentemente, a empresa anunciou a construção de uma fábrica de embutidos em

Bom Conselho, no Estado de Pernambuco e a meta de aumento de volume de produtos de

aves, suínos e alimentos processados em 50% entre 2007 e 2001. A projeção de média de

investimentos para este período é de R$ 350 milhões por ano.

• Diversificação das linhas de produtos, especialmente de alimentos processados

de valor agregado: Diversificação das linhas de produtos, com foco em

alimentos processados, que tendem a ser produtos com menor oscilação de

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preços do que os cortes de aves e suínos in natura, e que podem ser destinados

a mercados específicos.

Investimento em mais de R$ 400 milhões em novos negócios em 2006, e no período

de nove meses encerrado em 30 de setembro de 2007. As novas aquisições da empresa

incluem: 51% de participação da Batávia, que produz leite e produtos lácteos; os ativos, a

tecnologia do processo de produção e a marca da sobremesa Frutier; uma planta de cortes de

carne bovina; a Sino dos Alpes, produtora de embutidos; a Paraíso Agroindustrial, que possui

um abatedouro de aves e uma fábrica de rações; e as marcas de margarina Doriana, Delicata e

Claybom da Unilever, bem como os respectivos ativos usados na fabricação.

A empresa anunciou recentemente a construção de uma fábrica de lácteos em Bom

Conselho, e a compra do controle da Eleva (Avipal), para a inclusão de produtos como leite

em pó e queijos, ao seu portfólio, aumentando sua participação no mercado de leite e produtos

lácteos.

Segundo o entrevistado, a empresa pode buscar outras aquisições seletivas e/ou

construir novas plantas industriais para dar suporte a essas metas estratégicas. A empresa

espera investir aproximadamente R$ 150 milhões a mais por ano para a expansão da

capacidade destes novos negócios.

• Expansão da base de clientes nacionais e internacionais: A Perdigão pretende

continuara fortalecer a base de clientes nacionais e internacionais, por meio do

atendimento e qualidade superiores, bem como do aumento da oferta de

produtos.

A empresa acredita haver oportunidades consideráveis para uma maior penetração nos

mercados de exportação, especialmente devido à ampliação das linhas de produtos, incluindo

bovinos, leite, produtos lácteos e alimentos processados.

A Perdigão posiciona-se para que seja capaz de ingressar nos novos mercados de

exportação, quando as barreiras comerciais existentes forem diminuídas ou eliminadas. O

objetivo é o de buscar o crescimento equilibrado dos negócios nos mercados interno e

externo, para que cada um deles represente aproximadamente 50% das vendas líquidas anuais.

• Fortalecimento da rede de distribuição global: A empresa está desenvolvendo

sua capacidade de produção fora do Brasil, visando aprimorar os serviços

prestados aos seus clientes, e expandir a base de clientes de exportação.

A empresa está direcionada para a expansão da rede de distribuição na Europa e no

Oriente Médio, a fim de aumentar sua cobertura e dar suporte aos esforços de comercialização

centralizados nestas regiões chave.

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A Perdigão considera realizar o processamento de alguns produtos no exterior, de

modo a permitir a entrega direta de certos produtos aos clientes localizados em tais mercados.

Em maio de 2007, a empresa celebrou um acordo com a Cebeco Groep B.V., uma

companhia holandesa, para conduzir uma auditoria legal na Plusfood, como estágio inicial

para sua possível aquisição. A Plusfood possui três plantas industriais na Europa para

processamento de produtos de frango e carne bovina, com capacidade instalada para a

produção de aproximadamente 20.000 toneladas/ano de produtos acabados.

O entrevistado não assegura entretanto, que a pretendida aquisição seja efetuada ou

concluída.

Os principais fatores considerados pela Perdigão, para a definição de suas estratégias

de longo prazo são os macro-econômicos como: câmbio, aumento/diminuição da demanda

interna e externa, concorrência entre outros. Além da agregação real de valor para a empresa,

oportunidades, diversificação para crescimento e diminuição de riscos, e a abertura de novos

mercados.

Para a Perdigão a estratégia é um processo de concepção e visionário, além de

envolver análise e visão de longo prazo. Por isso a empresa centraliza o processo estratégico

na figura do presidente, auxiliado pelo vice-presidente e pelo conselho de diretores e

acionistas.

Apesar do conhecimento das ferramentas de análise mencionadas pelo presente

estudo, o executivo entrevistado informou que a empresa não se utiliza de nenhuma das

ferramentas mencionadas, em seu processo formal de estabelecimento das estratégias.

Apesar de divulgado a todos os funcionários da empresa, somente o presidente, vice-

presidente, diretores, supervisores e gerentes de primeiro escalão têm alta participação no

processo de estabelecimento das estratégias. Os gerentes de segundo ou terceiro escalão têm

uma participação considerada média pelo entrevistado. Já os demais funcionário possuem

pouca participação no processo.

O prazo médio para o estabelecimento das estratégias varia de 7 a 12 meses, e sua

implantação é relativamente longa, acima de 1 ano.

As prioridades da empresa, quanto às estratégias de produtos ofertados, é o

desenvolvimento de produtos para os mercados existentes e a diversificação de novos

produtos para novos mercados. A principal estratégia genérica da empresa baseia-se no

enfoque em um determinado mercado.

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81

4.3 Análise das estratégias adotadas

Por tratarem-se de grandes empresas líderes de mercado, concorrentes entre si, seja no

mercado interno seja no mercado internacional, e detentoras de 43% do mercado de

exportações de carne de frango. Pode-se considerar que as estratégias corporativas adotadas

por estas empresas, tornam-se referência para as outras empresas do setor, e representam um

retrato das estratégias da indústria exportadora de carne de frango como um todo

4.3.1 Sadia

As operações da Sadia organizam-se em quatro segmentos: produtos industrializados

(congelados, resfriados e margarinas), aves, suínos e bovinos. O Quadro 11 a seguir apresenta

o volume de vendas e receita operacional bruta, por segmento de negócios, apurados

conforme os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos – PCGA dos Estados Unidos, relativos

aos exercícios findos em 31 de dezembro de 2006, 2005 e 2004:

2006 2005 2004 2006 2005 2004

Mercado Interno 928.626 823.573 736.465 Mercado Interno 4482 4.252 3.725Industrializados 723.086 647.062 581.213 Industrializados 3.514 3.289 2.946

Aves 155.485 142.177 105.826 Aves 492 512 415

Suínos 41.022 34.334 49.426 Suínos 155 148 155

Bovinos 9.033 - - Bovinos 41 - -

Outros (*) 281 302 208

Mercado Externo 963.959 1.006.047 855.303Industrializados 76.470 91.593 84.059 Mercado Externo 3.412 4.076 3.393Aves 762.479 808.636 692.192 Industrializados 362 412,3 405,6

Suínos 81.382 105.818 79.052 Aves 2.373 2.938 2.489

Bovinos 43.628 - - Suínos 371 592 430

Bovinos 255 - -Consolidado 1.892.585 1.829.620 1.591.768 Outros (*) 52 133,4 68,6

Industrializados 799.556 738.655 665.272

Aves 917.964 950.813 798.018 Consolidado 7.894 8.327 7.117Suínos 122.404 140.152 128.478 Industrializados 3.875 3701,4 3352

Bovinos 52.661 - - Aves 2.865 3.450 2.904

Suínos 526 741 585

Bovinos 295 - -

Outros (*) 333 435,6 276,5

(*) Grãos e subprodutos, leitões, pintos e revendas

Volumes de Vendas (ton) Receita Operacional Bruta (R$ Milhões)

Quadro 11: Volume de vendas e Receita Operacional Bruta da Sadia de 2004 a 2006,

Fonte: Relatório 20F de 2006 da Sadia, adaptado pelo autor.

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A estrutura operacional da Sadia, em 2006 era composta de oito plantas de

processamento de carne, uma de produção de margarina, oito abatedouros de frangos, três de

perus, quatro de suínos, e um abatedouro de bovinos (Relatório 20F, 2006).

A estratégia da Sadia é elaborada para dar continuidade ao crescimento da empresa e

aumentar sua lucratividade. A empresa acredita que, com o reconhecimento de sua marca

como um símbolo de qualidade, tradição, valor e uma rede de distribuição sem paralelo no

mercado interno, apoiada por excelente logística, atenção às necessidades dos clientes na

linha de produtos e em todos os canais de distribuição e o baixo custo de produção no Brasil,

a empresa conquistará tanto maior crescimento quanto maior lucratividade, sem por isso abrir

mão de seu compromisso com os funcionários, produtores, fornecedores e as populações das

comunidades em que atua.

Os principais elementos dessa estratégia são:

• Aumentar a penetração no mercado interno com a intensificação da distribuição: A

Sadia tem uma extensa rede de distribuição, apoiada por uma frota terceirizada, profundo

conhecimento dos canais do atacado, varejo e vendas institucionais, planejamento logístico

integrado e centros de distribuição estrategicamente localizados, pontos e instalações de

transbordo. A empresa tem planos de continuar desenvolvendo e aprimorando sua rede e seus

sistemas de distribuição em todas as categorias de produto.

• Foco nos canais de varejo, institucional e de food service no mercado interno: A

Sadia aumentou seus canais no varejo, no mercado institucional e estabelecimentos de food

service, como restaurantes, e planeja manter o foco nas necessidades desses segmentos, em

vez de se concentrar no atacado, como hipermercados e distribuidores. Entre 2002 a 2006, a

empresa conquistou mais de 25.000 novos clientes.

• Continuar aumentando os serviços ao cliente e a capacidade de responder às

necessidades do mercado: A Sadia tem o objetivo de manter a liderança de todos os mercados

que atende no Brasil, continuando a oferecer altos níveis de serviços para os clientes e a

responder adequadamente ao dinamismo das necessidades de diversos segmentos. Como parte

dessa estratégia, a empresa estruturou suas operações, distribuição e logística de modo a

atender pedidos de diversos portes, dependendo das exigências particulares de cada segmento

mercadológico. No mercado externo, a empresa pretende fornecer produtos in natura e

industrializados. Pretende manter-se próxima de sua base de clientes, oferecendo o

atendimento rápido e descentralizado dos pedidos e serviços personalizados, entre eles

atenção específica às condições de refrigeração das instalações dos clientes.

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• Manter custos baixos e eficiência operacional: As vantagens naturais de operar no

Brasil - grãos, mão-de-obra, clima, produtores e custos relacionados -, associadas à eficiência

operacional da empresa, permite-lhe competir nos mercados internacionais. A Sadia visa

continuar entre os produtores distribuidores de produtos cárneos com custos mais baixos dos

mercados brasileiro e internacional. As operações verticalmente integradas da empresa e sua

atenção para a conquista contínua de maior eficiência operacional possibilitam o controle da

qualidade e dos custos ao longo de todo o processo produtivo.

• Manter o diferencial de marca: A marca que a Sadia desenvolveu em toda a linha de

produtos, tanto no mercado interno quanto no externo, é um dos ativos mais valiosos da

empresa. A Sadia pretende continuar investindo no desenvolvimento de produtos

comercializados sobre a sua marca, no transporte, na embalagem e em campanhas

publicitárias, para assegurar a manutenção da fidelidade do consumidor e a associação de sua

marca ao conceito de qualidade prêmio.

• Aumentar a produção através de crescimento orgânico, investimentos em capacidade

de produção e aquisições. O objetivo da Sadia é aumentar a capacidade de produção nas

unidades já existentes, bem como a construção de novas fábricas, sem perder o foco em sua

atividade principal. A empresa estima que os investimentos em suas instalações totalizarão R$

950 milhões em 2007, incluindo R$ 150 milhões a serem investidos em matrizes

reprodutores, R$ 440 milhões para expandir o complexo de Lucas do Rio Verde, R$ 150

milhões para construção de novos centros de distribuição, R$ 60 milhões para construção da

unidade na Rússia e R$ 150 milhões expansão em geral das instalações, incluindo expansão e

modernização das unidades de Brasília, Concórdia, Chapecó e Uberlândia e da capacidade de

abate de bovinos nas unidades de Várzea Grande. A Sadia está trabalhando na ampliação da

unidade de Uberlândia, que deve se tornar uma das mais modernas entre as 13 operadas pelo

grupo no Brasil. A empresa está no estágio final da conclusão e a ampliação deverá estar

concluída em 2007. O objetivo da expansão é aumentar a capacidade de produção e a Sadia

espera que, assim que a ampliação estiver concluída, a produção de frangos seja aumentada

em 110% (de 41.875 para 88.000), a produção de suínos em 146% (de 614 para 1.512) e a

produção de perus em 98% (de 6.379 para 12.614), medida com base no abate anual, e a

produção de produtos industrializados aumentará 62% (de 75,166 a 121,912), medida com

base em toneladas anuais. O investimento nesse projeto totaliza R$ 400 milhões ai longo dos

anos de 2004 até 2007, dos quais R$ 30 milhões estão previstos para serem investidos na

unidade de Uberlândia em 2007. Os maiores novos investimentos da Sadia é o complexo

agroindustrial de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. Ao longo do período de 2006 a 2009,

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o projeto envolverá um total de aproximadamente R$ 800 milhões em investimentos diretos

pela Sadia e está previsto um investimento no valor adicional aproximado de R$ 700 milhões

a ser feito por um grupo de cerca de 130 produtores integrados. O investimento inclui a

construção de uma unidade de abate de ave e outra de abate e industrialização de suínos. O

investimento dos produtores integrados envolve a construção de infra-estrutura para

reprodução e criação de frangos e suínos para processamento pelas novas instalações da

Sadia. Em 2007, a Sadia espera investir aproximadamente R$ 440 milhões. A construção teve

início no segundo semestre de 2006 e o início de operações do complexo está programado

para o primeiro semestre de 2008. O Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e

o Fundo Constitucional do Centro- Oeste, um programa do governo administrado pelo Banco

do Brasil, deverão financiar uma parte dos custos do projeto que serão incorridos pelos

produtores integrados. Até esta data, o BNDES já forneceu R$ 250 milhões para os

produtores. A Sadia assessorou os produtores na obtenção de financiamento do BNDES e

pretende fornecer garantia para o BNDES para as obrigações dos produtores de amortizar o

financiamento do BNDES, a ser sacada somente no caso em que a participação em garantia

do BNDES nos ativos dos produtores, tais como terra e equipamentos, não for suficiente para

cobrir suas obrigações. No passado, a Sadia forneceu garantias financeiras aos seus

produtores somente de forma bem limitada (em dezembro de 2006, somente foram fornecidos

R$ 20,2 milhões em tais garantias). Está previsto que os restantes R$ 450 milhões em

investimentos a serem contribuídos pelos produtores sejam financiados pelo programa do

Banco do Brasil e possivelmente por desembolsos adicionais do BNDES. Por meio do

programa do Banco do Brasil, um valor de até R$ 600 foi disponibilizado para financiar os

produtores e, na medida da existência de qualquer excedente, os investimentos da Sadia em

outros projetos. A Sadia não espera dar nenhuma garantia para tais valores adicionais e o

BNDES não assumiu nenhum compromisso de fazer tal financiamento. Nem a Sadia, nem

qualquer outra pessoa, garante que tais investimentos adicionais serão feitos, cujo valor e

prazo dependerão totalmente da capacidade dos produtores de obter financiamento em termos

aceitáveis para os mesmos. Foi previsto que tal empreendimento criará 8.000 empregos

diretos e 24.000 indiretos.

• O investimento na fábrica da Rússia compreende uma unidade de processamento de

carne e é um projeto desenvolvido em sociedade com uma distribuidora da Sadia naquele

país. Esse investimento, aprovado em outubro de 2006, é de US$ 92 milhões, tendo já sido

consumidos R$ 13 milhões; outros R$ 60 milhões serão consumidos em 2007 e R$ 19

milhões em 2008. As obras dessa unidade começaram no final de 2006 e o início das

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operações está previsto para o segundo semestre de 2007. Cada vez mais ocidentalizado, o

mercado russo está dentro da estratégia de negócios da Sadia no exterior. A empresa já

fechou, por exemplo, um pré-contrato para fornecer produtos industrializados de aves à rede

de fast-food McDonald's naquele país.

• Manter os volumes de exportações e vendas domésticas aproximadamente iguais. A

competitividade da produção de aves e suínos garante à Empresa acesso aos mercados

internacionais, economias de escala e oportunidades de financiamento a baixo custo. A Sadia

conseguiu aumentar suas vendas em mercados internacionais como, por exemplo, a Rússia,

onde anteriormente não tinha presença, e expandir o número de países com os quais faz

negócios e o número de produtos que exporta. As vendas externas e domésticas, divididas de

maneira praticamente iguais, fornecem uma proteção importante contra a volatilidade de

qualquer mercado em particular.

• Investir em projetos e iniciativas ambientais sustentáveis. A Sadia tem se empenhado

mais e mais em garantir que suas atividades sejam ambientalmente sustentáveis, indo além do

mero cumprimento das normas de proteção ao meio ambiente, e pretende realizar

investimentos significativos nesse aspecto de seu negócio. Recentemente, a empresa obteve

empréstimo de R$ 60 milhões do BNDES para desenvolver o "Programa de Suinocultura

Sustentável (Programa 3S), que consistirá na venda de certificados de créditos de carbono, no

âmbito dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo(MDL) do Tratado de Kyoto, para

financiar iniciativas sociais entre os produtores.

• Expandir a linha de produtos, com ênfase em produtos industrializados de maior

valor agregado. A Sadia acredita que a contínua inovação de sua linha de produtos é essencial

para atender às necessidades de clientes e consumidores. Na medida em que o mercado para

alimentos congelados prontos para o consumo se desenvolve, tanto no ambiente doméstico

quanto no internacional, a Sadia vem tentando fazer frente a esse desafio com maior ênfase na

produção de alimentos industrializados, incluindo uma linha de produtos que agora soma mais

de 700 itens. Nos últimos três anos, a Sadia lançou, em média, 60 produtos anualmente,

depois de extensivo esforço de desenvolvimento e testes de produto no mercado.

As principais estratégias corporativas da empresa objetivam o crescimento em seu

segmento de atuação. A Sadia possui um objetivo de médio prazo direcionado para a

duplicação de seu faturamento de 2007, nos próximos cinco anos.

Os investimentos atuais da empresa concentram-se no aumento da capacidade

produtiva, com o objetivo de atender ao aumento da demanda esperada para os próximos

anos.

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Além de atender ao aumento da demanda, o investimento em capacidade produtiva

possibilitará o ganho de escala, contribuindo para a diminuição dos custos de produção,

tornando a empresa mais competitiva no cenário internacional.

O investimento na criação de novos produtos, com ênfase em produtos de maior valor

agregado, representa a estratégia de diversificação voltada tanto para o mercado externo,

quanto para o mercado interno.

A ampliação dos canais de distribuição pretende estabilizar a demanda, garantindo o

retorno mínimo esperado pela empresa, em casos de crises nos mercados globais. Tal

estratégia pretende minimizar os riscos inerentes ao comércio mundial de comodities, e seus

impactos financeiros.

A Sadia direciona seus esforços estratégicos, no sentido da internacionalização, com

enfoque em determinados mercados emergentes responsáveis pelo aumento da demanda

mundial de carne de frango.

4.3.2 Perdigão

A perdigão operava em 2006 diversas unidades de produção em todo o Brasil. Dentre

elas 16 unidades de processamento de carnes, das quais 13 são de sua propriedade (1 estava

em construção em Mineiros, no Estado de Goiás), 1 arrendada e 2 operadas por meio de

contratos com terceiros; 15 incubatórios; 7 fábricas de rações animais; 3 unidades de

processamento de laticínios e sobremesas, 7 pontos de coleta de leite e uma unidade de

processamento de soja.

A empresa organiza suas unidades de produção em 5 regiões: Videira e Herval

d’Oeste, localizadas no Estado de Santa Catarina; Marau, localizada no Estado do Rio Grande

do Sul; Carambeí, localizada no Estado do Paraná; e Rio Verde, localizada no Estado de

Goiás.

A região de Videira inclui as instalações de Videira, Salto Veloso e Lages; a região de

Herval d’Oeste inclui as instalações de Herval d’Oeste e Capinzal; e a região de Marau inclui

as instalações de Marau e Serafina Correa. Compramos unidades de criação de aves em Nova

Mutum, localizada no Estado do Mato Grosso. Essas instalações incluem granjas de matrizes,

aviários, incubatórios, abatedouros e unidades de processamento, bem como fábricas de

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rações, inclusive instalações de armazenamento de grãos, fábricas de rações e instalações de

esmagamento e refino de óleo em algumas unidades.

Também opera 32 filiais para compra de grãos (sendo proprietária de oito delas), por

meio das quais compra o milho necessário para a produção de ração animal.

A empresa atua nos segmentos de produtos processados, aves, suínos/bovinos, e leite.

O Quadro 12 apresenta o volume de vendas e as vendas líquidas em 2006 e 2005, conforme

os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos – PCGA dos Estados Unidos:

2006 2005 2006 2005

Mercado Interno 881.700 696.800 Mercado Interno 2.794 2.312 Produtos processados 652.000 517.700 Produtos processados 2.277 1.891

Aves 72.800 49.300 Aves 190 150

Leite 73.400 - Leite 101 -

Suínos/Bovinos 17.900 10.000 Suínos/Bovinos 57 30

Outros 65.600 119.800 Outros 169 241

Mercado Externo 696.400 692.200 Mercado Externo 2.417 2.833 Produtos processados 113.200 118.300 Produtos processados 522 602

Aves 457.400 453.500 Aves 1.327 1.651

Suínos/Bovinos 125.800 120.200 Suínos/Bovinos 568 578

Outros 200 Outros - 2

Consolidado 1.512.500 1.269.000 Consolidado 5.211 5.145 Produtos processados 765.200 636.000 Produtos processados 2.799 2.493

Aves 530.200 502.800 Aves 1.517 1.801

Leite 73.400 - Leite 101 -

Suínos/Bovinos 143.700 130.200 Suínos/Bovinos 625 608

Outros 65.600 120.000 Outros 169 243

Volumes de Vendas (ton) Vendas Líquidas (R$ Milhões)

Quadro 12: Volume de vendas e Vendas Líquidas da Perdigão em 2005 e 2006

Fonte: Relatório 20F de 2006 da Perdigão, adaptado pelo autor.

A Perdigão evoluiu em sua estratégia de diversificação das plataformas de negócios e

na ampliação do mix de produtos,com foco em estruturas produtivas complementares e

sinérgicas que permitem o fortalecimento em produtos processados de alto valor agregado.

Por meio de aquisições e expansões, a Empresa ampliou a abrangência das suas atividades no

Brasil:

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• incrementou os volumes de produção de aves, suínos e processados de carnes com a

ampliação e aquisição de unidades industriais destinadas a esses produtos;

• fortaleceu a atuação em lácteos com a aquisição da Eleva Alimentos, a compra do

capital remanescente e investimentos na Batávia;

• avançou nas operações em bovinos, com a aquisição de um frigorífico em Mirassol

D´Oeste;

• abriu novas frentes no segmento de refrigerados, ao adquirir as marcas de

margarinas: Doriana, Delicata e Claybon, além de estabelecer uma parceria estratégica com a

Unilever, para as marcas Becel e Becel ProActiv.

• expandiu a cadeia logística de distribuição por meio da ampliação e construção de

novos CDs.

Essas medidas, acrescidas do esforço corporativo de melhorar o nível de serviço em

todo o território nacional, representaram a superação de etapas importantes do seu desafio de

se tornar a maior empresa de alimentos da América Latina. Paralelamente, a Perdigão

manteve-se alinhada aos movimentos estratégicos delineados para incorporar uma base

produtiva no exterior, abrindo novas frentes de atuação internacional:

• ampliou sua presença por meio das exportações para países-chave;

• fortaleceu a estrutura comercial e de distribuição no exterior;

• consolidou sua primeira base industrial fora do Brasil, com a aquisição da Plusfood.

Durante 2007, a Perdigão adotou uma política de expansão significativa, com a

diversificação de suas operações e o cumprimento de etapas importantes estabelecidas em seu

planejamento estratégico, o que lhe permitiu ampliar sua atuação a partir de parcerias e

aquisições de ativos no Brasil e no exterior.

Com isso, a Perdigão cumpriu também etapas fundamentais para se tornar uma

empresa de classe mundial, crescendo e expandindo suas operações de forma globalizada,

utilizando para isso a vantagem competitiva do know-how em refrigerados e congelados para

diminuir riscos e custos de seus processos produtivos.

Em 2008, a Empresa manterá sua linha estratégica, concentrando esforços na

consolidação dos negócios já implementados, captando sinergias e desenvolvendo a cultura

corporativa para os novos segmentos de atuação.

Os investimentos em 2007 totalizaram R$ 857,4 milhões, valor 34,6% superior ao

investido em 2006. Desse total, 41% foram destinados a aquisições, 30% à viabilização de

novos projetos e linhas de produção, 19% foram direcionados às melhorias e produtividade

demandadas pelo crescimento orgânico da Companhia, e 10%, aplicados no Complexo

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Agroindustrial de Mineiros. No ano, também foram direcionados mais R$ 126,1 milhões de

investimentos do capital de giro para o ativo imobilizado devido à reclassificação das matrizes

de aves e suínos, que anteriormente eram contabilizadas como estoques.

Para uma empresa com visão de curto, médio e longo prazo, delinear as ações e os

empreendimentos futuros é, ao mesmo tempo, um exercício de revisão das prioridades e re-

direcionamento de foco.

Após um ano de avanços significativos, a Perdigão reafirma para 2008 seu

compromisso de continuar em busca de um crescimento sustentável, ocupando posições ainda

mais relevantes nos mercados nacionais e internacionais de alimentos. Para isso, a empresa

concentrará esforços na consolidação das aquisições e ampliações realizadas em 2007, sem,

no entanto, deixar de viabilizar a concretização de novos negócios, projetar novos

investimentos e expandir sua amplitude de atuação dentro e fora do País.

As premissas de crescimento para 2008 contemplam a incorporação dos novos

negócios e as aquisições realizadas, o prosseguimento dos planos de internacionalização

delineados, e a expansão projetada no plano estratégico 2007-2011.

Baseada no cenário macro-econômico vivenciado, a Perdigão espera os seguintes

incrementos em 2008, considerando o pro forma consolidado para a Perdigão, Eleva e

Plusfood em 2007:

• crescimento em torno de 13% dos volumes totais comercializados de carnes e outros

produtos processados , prevendo um aumento de aproximadamente 15% para o mercado

interno e de cerca de 10% para os volumes do mercado externo;

• incremento de aproximadamente 40% para os volumes dos produtos lácteos;

• investimentos em Capex de aproximadamente R$ 800 milhões, em considerar

investimentos em aquisições ou novos negócios;

• investimentos de aproximadamente R$ 140 milhões de matrizes de aves e suínos.

Considerando o crescimento consolidado na Perdigão, em 2008 comparado com 2007, os

volumes de carnes crescerão em torno de 39% e os lácteos, 340%, com a incorporação da

Eleva e da Plusfood a partir do primeiro trimestre de 2008.

Considerando as perspectivas conjunturais favoráveis, como a tendência de melhoria

no nível de renda dos brasileiros e a manutenção do crescimento da empregabilidade, as

expectativas para o mercado interno em 2008 são positivas:

• crescimento de 15% nos volumes comercializados de aves, suínos, bovinos e

produtos processados de carnes, com desempenho superior ao mercado brasileiro;

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• expansão na comercialização de produtos processados de maior valor agregado como

presuntos, massas, pizzas, pratos prontos congelados;

• ampliação nas vendas de produtos lácteos; com expectativa de crescimento de 40%;

• Incorporação e incremento de vendas de margarinas, cuja atividade foi adquirida em

agosto de 2007.

A Perdigão aposta no ingresso em novos mercados, incentivada por diversas

conquistas como a melhoria do desempenho em serviços, a aquisição da Plusfood, a

certificação de unidades industriais para o mercado europeu e a queda das barreiras

comerciais impostas por órgãos internacionais aos produtos brasileiros.

Entre as principais metas, destacam-se:

• aumento de 10% para os volumes totais de aves, suínos, bovinos e produtos

processados de carne destinados ao exterior, sobretudo à Europa e ao Oriente Médio;

• redução da participação do volume de exportação de produtos in natura, com

aumento proporcional do volume de produtos processados;

• incremento na exportação de itens especificamente direcionados aos segmentos de

varejo e food service no mercado europeu;

• expansão na base de clientes internacionais, incluindo a melhoria de mix no portfolio

de vendas.

Garantir liquidez e rentabilidade a seus acionistas e investidores é o principal fator que

mobiliza a Perdigão para a gestão transparente dos recursos captados no mercado. Em 2008, a

Empresa manterá apolítica de aplicação do capital de forma equilibrada, se protegendo e

adotando uma postura proativa frente a fatores externos que possam desestabilizar as receitas,

tais como:

• proteção contra a volatilidade do preço dos grãos;

• acompanhamento permanente da taxa de juros;

• medidas de redução de riscos frente às moedas estrangeiras as quais a empresa está

exposta;

• adoção de operações de proteção às volatilidades das exposições cambiais e de taxas

de juros;

• incorporação das atividades financeiras da Eleva aos padrões da Companhia.

Manter os investimentos em capacidade de produção adicional, dar continuidade à

ampliação das linhas de produtos de maior valor agregado, fazer novas aquisições ou projetar

a construção de novas unidades industriais e expandir a malha logística para absorver os

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volumes resultantes dos novos negócios. Esses serão os pilares da gestão operacional da

Perdigão em 2008.

Entre as medidas concretas nesse sentido estão previstas:

• construção do Complexo Agroindustrial de Bom Conselho (PE),composto por uma

unidade de laticínios, uma fábrica de produtos embutidos e um novo centro de distribuição;

• aquisição ou projeção de uma nova unidade dedicada ao negócio bovinos, com o

objetivo de atingir a meta de 6 mil cabeças/dia, até 2011.

• construção de um novo centro de distribuição em São Paulo (SP) e em Bom

Conselho (PE) e conclusão das obras de ampliação dos CDs de Salvador (BA), Rio Verde

(GO) eFortaleza (CE).

A Perdigão investirá no aprimoramento de sua estrutura de custos, aumentando a

eficiência das operações por meio de economias de escala proporcionadas pela atuação em

mercados sinérgicos e complementares. Além dessa medida central, serão destaque em 2008:

• priorização dos investimentos na região Centro-oeste do Brasil, em função da

disponibilidade de matérias-primas, terras, mão-de-obra, condições climáticas favoráveis e

demais características que permitem minimizar os custos de produção;

• implementação de novas tecnologias a fim de racionalizar as atividades, otimizar a

utilização dos ativos de produção e de distribuição;

• manter o controle rigoroso das despesas, ampliando o alcance do orçamento

matricial.

O objetivo de longo prazo da empresa, denominado Visão 2020 determina crescimento

e expansão das operações no mercado global, através da qualidade e preços competitivos. Tal

objetivo pretende diminuir a volatilidade dos resultados da empresa, utilizando a empresa da

diversificação de produtos refrigerados, congelados e processados, e do processamento de

produtos no exterior.

As principais estratégias da empresa fundamentam-se na expansão dos principais

negócios, na diversificação das linhas de produtos de maior valor agregado, na expansão da

base de clientes, e no fortalecimento da rede de distribuição.

A expansão dos principais negócios da empresa ocorre através de investimentos em

capacidade de produção adicional. A diversificação das linhas de produto ocorre

principalmente através de aquisições seletivas, com foco em alimentos processados.

O aumento da base de clientes é realizado através da estratégia de penetração nos

mercados de exportação, possibilitada pela ampliação das linhas de produtos, e através do

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aumento da oferta de produtos no mercado interno. Para o aumento da oferta de produtos,

torna-se necessário o investimento em rede de distribuição.

O fortalecimento da rede de distribuição da empresa pretende oferecer suporte aos

clientes nacionais, através do aprimoramento dos serviços prestados, e expandir a base de

clientes de exportação.

A empresa encontra-se voltada para a expansão da rede de distribuição na Europa e no

Oriente Médio, e considera realizar o processamento de alguns produtos no exterior,

principalmente através de aquisições de marcas já estabelecidas em mercados estratégicos

para a empresa.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em consonância aos conceitos preconizados por Andrews, de centralização de

recursos na conversão de competências distintivas em vantagens competitivas, Sadia e

Perdigão utilizam-se da força de suas marcas no mercado interno, além de seus canais de

distribuição e baixo custo de produção, para ampliarem sua participação no mercado interno,

e expandir seus negócios rumo a internacionalização.

A centralização do processo estratégico, administrado preferencialmente à decisão do

chefe executivo e seus associados imediatos, além da associação das oportunidades externas

às competências distintas das organizações, constituindo recursos para crescimento e

diversificação, também são conceitos, verificados na obra de Andrews, que são largamente

utilizados pelas empresas estudadas.

As decisões estratégicas das empresas estudadas centralizam-se na figura do chefe

executivo, apesar da participação do conselho de administração, e de outros membros da

empresa, que atuam mais como conselheiros.

As oportunidades provenientes da abertura de novos mercados como China, países do

Oriente Médio, e países europeus (com a queda das barreiras tarifárias), associadas ao baixo

custo de produção, ao investimento em inovação e criação de novos produtos, e ao aumento

de produtividade, gerado pelo investimento em novas plantas industriais e modernização das

plantas antigas, permitem à Sadia e Perdigão competir no mercado internacional em pé de

igualdade com os grandes players mundiais.

Seguindo a definição de Ansoff, de escolha da combinação de produto e mercado

como o produto final das decisões estratégicas, as empresas líderes do setor avícola brasileiro

não só escolhem os produtos a serem fabricados e em que mercados serão vendidos, como

também investem na criação de produtos para mercados específicos.

Outro conceito utilizado por Ansoff, muito empregado pelas empresas estudadas,

refere-se ao campo de atuação como direcionador do processo estratégico. Nesse sentido, o

campo de atuação definido pelas empresas é o setor de alimentos. Verifica-se nos objetivos

institucionais das empresas, a definição clara do campo de atuação como sendo o setor de

alimentos.

Nesse sentido, a localização da essência do negócio, conforme os conceitos

desenvolvidos por Mintzberg, fundamenta-se no setor alimentício, através das estratégias de

corrente ascendente.

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As estratégias genéricas de liderança em custo, diferenciação e enfoque, abordadas por

Porter, são utilizadas em conjunto, tornando-se difícil verificar prioridade em uma única

estratégia.

Os investimentos da Sadia e Perdigão em modernização e expansão de suas plantas

industriais, em logística, e nos centros de distribuição, visam o ganho de escala a otimização

dos processos e conseqüentemente a liderança em custo total.

Investimentos em inovação e criação de novos produtos, além dos investimentos de

marketing e atendimento ao cliente, utilizam-se do poder que as marcas Perdigão e Sadia

possuem no mercado interno, para que as empresas possam destacar-se como exemplos de

qualidade e atendimento ao cliente.

As estratégias de distinção do negócio de Mintzberg, utilizadas pelas empresas,

consistem principalmente na diferenciação de imagem e qualidade, principalmente no

mercado interno. As estratégias de distinção voltadas para o mercado externo baseiam-se na

diferenciação de preço e suporte.

A estratégia de enfoque adotada pelas empresas centraliza os investimentos voltados

ao mercado externo. Investimentos em plantas industriais no exterior, compra de marcas

estrangeiras, e desenvolvimento de produtos específicos para o mercado externo são exemplos

de enfoque em determinados mercados consumidores, que Sadia e Perdigão visam atender e

para os quais pretendem expandirem-se.

Tais investimentos no exterior acrescido do desenvolvimento de produtos, representam

as estratégias de segmentação de mercado, conforme os conceitos de Mintzberg.

O processo ainda incipiente de internacionalização das empresas, baseia-se no

conceito de gestão de portfólio de Porter, consistindo na diversificação através de aquisições.

A aquisição de marcas já estabelecidas no exterior, assim como as parcerias para

construção de plantas industriais, e os contratos de fornecimento negociados com empresas

estrangeiras, representam as principais estratégias da Perdigão e Sadia de expansão de suas

atividades no exterior.

De acordo com o conceito de extensão de negócios de Mintzberg, Sadia e Perdigão

utilizam-se de estratégias de cadeia integrada, em seus investimentos de aquisições no

exterior.

Os objetivos descritos pelas empresas, basearam-se na visão institucional, que cada

empresa pretende divulgar ao mercado, destacando-se:

• Tornar-se referência mundial em atendimento ao cliente;

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• Participar da vida das pessoas, oferecendo alimentos saborosos, de alta

qualidade e a preços acessíveis, em qualquer lugar do mundo, e

• Alimentar consumidores e clientes com soluções diferenciadas;

As principais estratégias adotadas consistem em:

• Crescimento, através da expansão das operações de forma globalizada;

• Agregação de valor aos produtos comercializados;

• Diversificação das linhas de produtos;

• Liderança em custos;

O principal fator considerado para a definição das estratégias é a crescente demanda

mundial por proteína animal.

As principais estratégias genéricas das empresas estão voltadas para o enfoque em um

determinado produto.

Observa-se a importância da estratégia de diversificação de produtos, para

atendimento às mudanças nos hábitos de consumo do mercado. Todas as empresas analisadas

apresentam um enorme portfólio de produtos, que visam atender aos diferentes tipos de

consumidores, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Em determinados casos, existem

diversificações regionais de produtos, com o objetivo de atender às diferentes demandas das

diversas regiões do Brasil.

As estratégias de inovação, correspondem à criação de novos produtos, geralmente de

maior valor agregado, que são desenvolvidos por uma das empresas líderes, e que muitas

vezes, logo são copiadas pelas outras concorrentes. Muitas vezes, tais produtos não são

desenvolvidos no Brasil, mas devido ao sucesso no mercado internacional (principalmente o

norte-americano), passam a ser produzidos aqui no Brasil, como por exemplo os

hambúrgueres de frango, nuggets, cortes de frango congelados, etc.

No mercado interno, há a preocupação em consolidação da marca, através de uma

política agressiva de distribuição pelos diversos canais de venda, principalmente os

supermercados, de diversos tipos de produtos. Entretanto, percebe-se a maior preocupação

destas empresas com o mercado internacional, onde as mesmas vislumbram um maior

potencial de crescimento, devido à crescente demanda mundial por proteína animal, e aos

mercados entrantes no consumo deste tipo de produto.

As estratégias adotadas pelas principais empresas do setor baseiam-se na

diversificação de produtos para atender novos mercados. A fim de atender a essa estratégia

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principal, existe um alto investimento em inovação, objetivando a criação de novos produtos

com maior valor agregado.

A questão sanitária é uma preocupação constante dessas empresas, que estão

investindo no mercado internacional, seja através das exportações, seja através da divulgação

da marca, seja ainda através de compra ou construção de plantas industriais em outros países.

Entretanto, tal questão requer mais esforço governamental, do que das próprias empresas.

A internacionalização da Perdigão e Sadia parece ser o caminho natural a ser seguido,

e novas fusões e aquisições no setor podem ocorrer, como a recente compra da Avipal pela

Perdigão.

A utilização da marca, ainda é uma ferramenta de consolidação da empresa a nível

nacional, sendo o sistema de distribuição de produtos, um importante elo da cadeia produtiva

de carne de frango

Verifica-se que as ferramentas de análise estratégica não são utilizadas de maneira

formal pelas empresas analisadas. Entretanto seus gestores demonstram conhecer muitos

conceitos que fundamentam tais ferramentas, e acabam por utilizá-las indiretamente.

A análise SWOT, por exemplo é utilizada pelas empresas, ainda que não de maneira

formal. Os conceitos de ambiente de negócio, pontos fortes e fracos, oportunidades e

ameaças, etc. De alguma maneira são considerados no processo de análise estratégica destas

empresas, ainda que não sob o aspecto de uma ferramenta formal padronizada.

Quanto às estratégias de produto, análises similares às matrizes BCG, Ansoff, ou GE/

Mckinsey, devem ser utilizadas para que decisões de investimentos ou descontinuidade de

produtos possam ser tomadas. Entretanto nenhuma destas ferramentas foi mencionada pelos

gestores.

As estratégias adotadas pelas empresas do setor, no geral, são facilmente perceptíveis,

entretanto as ferramentas utilizadas no processo de elaboração das estratégias, e o próprio

processo estratégico em si, ainda permanece como uma caixa-preta, que parece pertencer à

mente dos principais executivos das empresas.

Por tratar-se de um tema tão amplo e complexo como estratégia empresarial, o

trabalho de pesquisa buscou sintetizar os conceitos de alguns dos principais autores, levando-

se em conta o impacto das obras publicadas no âmbito acadêmico. Entretanto, autores

importantes podem ter sido omitidos, devido à amplitude do assunto, e às diversas escolas do

pensamento estratégico.

As conclusões do presente estudo restringem-se às empresas constantes na amostra,

generalizando-se ao setor exportador de frango brasileiro, devido à representatividade destas

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empresas para o setor. Entretanto, como o setor também é composto de muitas outras micro,

pequenas e médias empresas, por não se ter analisado a totalidade das empresas exportadoras,

algumas conclusões restringem-se apenas à amostra de empresas selecionadas.

Como o assunto é de extrema relevância e preocupação pela alta administração das

empresas em geral, muitas informações relevantes ao estudo, mas de caráter sigiloso, podem

não ter sido obtidas.

Um aprofundamento sobre as estratégias adotadas pelas principais empresas

brasileiras, de outros setores estratégicos para o país, ou até mesmo de micro, pequenas e

médias empresas, parece ser um campo fértil para diversos estudos sobre estratégia

empresarial.

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SILVA, C.A.B.; BATALHA, M.O. Competitividade em sistemas agroindustriais: metodologia e estudo de caso. In: II Workshop Brasileiro de Gestão de Sistemas Agroalimentares, PENSA/FEA/USP, 1999, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: PENSA, 1999. 11 p. SILVA, E. M; SANTOS, F.C.A. Análise do alinhamento da estratégia de produção com a estratégia competitiva na indústria moveleira. São Paulo: Revista Produção, v.15. n.2, p.286-299, mai/ago.2005. SILVEIRA, M.A. Método para avaliação de estratégias: inserção do fator ambiental em estratégias de negócio. In: ANPAD, 2003, Curitiba. Anais... Curitiba: ANPAD, 2003. 16 p. SOARES, E. Metodologia científica: lógica, epistemologia e normas. São Paulo: Atlas, 2003. 144 p. SOUZA, J.P. As estratégias competitivas da indústria brasileira de carnes: a ótica do distribuidor. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1999. 130 p. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina. SUN TZU. A arte da guerra. São Paulo: Paz e Terra, 1999. TRICHES, D.; SIMAN, R.F.; CALDART, W.L. A cadeia produtiva da carne de frango da região da Serra Gaúcha: uma análise da estrutura de produção e mercado. In: XLIII Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural – SOBER, 2005, Ribeirão Preto. Anais... Ribeirão Preto: SOBER, 2005. 22 p. TUPY, O.; SHIROTA, R. Eficiência Econômica na produção de frango de corte. São Paulo: Informações econômicas, v. 28, n.10, out.1998. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1998. VIEIRA, A.C.P.; CAPACLE, V.H.; BELIK, W. Estrutura e organização das cadeias produtivas das carnes de frango e bovina no Brasil: Reflexões sob a ótica das instituições. In: VII Congresso de la Asociación Latinoamericana de Sociologia Rural - ALASRU, 2006. Quito. Anais... Quito: ALASRU, 2006. 19 p. VIEIRA, M.M.F; ZOUAIN, D.M. Pesquisa qualitativa em administração, teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2005. 237 p. WRIGHT, P.; KROLL, M.J.; PARNELL, J. Administração Estratégica. Conceitos. São Paulo: Atlas, 2000. 433 p. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001. 212 p. PAULA, N.M. Análise da competitividade da cadeia agroindustrial da carne de frango no estado do Paraná. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade e Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais da UFSCAR. Curitiba: IPARDES, 2002, 86 p.

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APÊNDICE - Questionário

Prezado (a),

Sou mestrando em contabilidade e a fim de concluir meu curso, devo realizar esta pesquisa

que objetiva investigar as principais estratégias adotadas pela indústria de frango. Para tanto,

conto com o seu auxílio respondendo um breve questionário a respeito deste assunto.

O questionário, que contém 14 perguntas, pode ser preenchido em 15 minutos. As respostas

deste questionário serão analisadas SOMENTE COM O PROPÓSITO DE PESQUISA.

Cordialmente,

Paulo Roberto Maia CRC/RJ – 094023/O-8

Email: [email protected] Tel: (21) 2172-6433 Cel: (21) 9314-3690

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Finalidade:

� Obtenção de dados para elaboração da dissertação: “Estratégias corporativas da indústria de frangos – Um estudo exploratório”, a ser defendida pelo mestrando Paulo Roberto Maia, aluno do curso de pós-graduação em Ciências Contábeis da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, sob a orientação do professor Fernando Tostes.

Objetivos:

� Levantamento de informações, que permitam o desenvolvimento de estudos acadêmicos pertinentes aos temas: estratégias e indústria de frango.

� Identificação das principais estratégias dos maiores produtores da indústria de frango.

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QUESTIONÁRIO

1 – Considerando o contexto no qual se insere (interesse dos acionistas, empregados, sociedade, etc.), quais os objetivos da empresa? 2 – Levando-se em conta os objetivos da empresa, quais as principais estratégias corporativas adotadas? 3 - Quais foram os principais fatores considerados, para a definição das estratégias de longo prazo da empresa? 4 – Em sua opinião, o conceito que melhor define estratégia como processo é: ( ) Estratégia é um processo de concepção. ( ) Estratégia é um processo formal. ( ) Estratégia é um processo analítico. ( ) Estratégia é um processo visionário. ( ) Estratégia é um processo mental. ( ) Estratégia é um processo emergente. ( ) Estratégia é um processo de negociação. ( ) Estratégia é um processo coletivo. ( ) Estratégia é um processo reativo. ( ) Outros: ___________________________________________________________ . 5 – Qual o seu grau de conhecimento das seguintes ferramentas de análise estratégica:

a. SWOT ( ) Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço

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b. Matriz de produtos ou missões ou Matriz Ansoff ( ) Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço

c. Matriz BCG ( ) Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço

d. Matriz GE/ McKinsey ( ) Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço

e. Balanced Scorecard ( ) Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço 6 – Quais destas ferramentas de análise estratégica são utilizadas na empresa? ( ) _______________________________________________________________ . ( ) Não se utiliza ferramentas acadêmicas, formais ou convencionais de análise estratégica. 7 – Quem são os responsáveis pelo estabelecimento das estratégias da empresa? ( ) O presidente, e somente ele. ( ) O presidente auxiliado pelo vice-presidente, e pelo conselho de diretores. ( ) O presidente auxiliado pelo vice-presidente, pelo conselho de diretores e acionistas ( ) O presidente auxiliado pelo vice-presidente, pelo conselho de diretores, acionistas e empregados. ( ) O presidente auxiliado por consultores ou outros especialistas. ( ) Outras opções: _________________________________________________ . 8 – Qual o grau de participação dos indivíduos descriminados abaixo, no processo de formulação das estratégias da empresa:

a) Presidente ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo

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b) Vice-presidente ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo

c) Diretores ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo

d) Supervisores ou Gerentes de primeiro escalão ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo

e) Gerentes de segundo ou terceiro escalão ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo

f) Demais funcionários ( ) Alto ( ) Médio ( ) Baixo ( ) Nulo 9 – Existe um processo formal de estabelecimento de estratégias na empresa: ( ) Sim, existe um processo formal, e o mesmo é divulgado a todos os funcionários. ( ) Sim, existe um processo formal, mas não é divulgado a todos os funcionários. ( ) Não, não existe um processo formal de estabelecimento de estratégias na empresa. ( ) _______________________________. 10 – Quanto ao prazo médio do processo de estabelecimento das estratégias na empresa, pode-se considerar: ( ) Curtíssimo (de 1 a 2 meses) ( ) Curto (de 3 a 6 meses) ( ) Médio( de 7 a 12 meses) ( ) Longo (acima de 1 ano)

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11 – Quanto ao prazo médio do processo de implantação das estratégias pode-se considerar: ( ) Curtíssimo (de 1 a 2 meses) ( ) Curto (de 3 a 6 meses) ( ) Médio( de 7 a 12 meses) ( ) Longo (acima de 1 ano) 12 – As principais estratégias da empresa, quanto aos produtos ofertados baseam-se: ( ) Na penetração de mercado dos produtos existentes. ( ) No desenvolvimento de produtos para os mercados existentes. ( ) No desenvolvimento de novos mercados para os produtos existentes. ( ) Na diversificação de novos produtos para novos mercado. 13 – Classifique (numerando de 1 a 4, onde 1 representa a maior prioridade da empresa e 4 a menor), as estratégias mencionadas na pergunta 9: ( ) Penetração de mercado dos produtos existentes. ( ) Desenvolvimento de produtos para os mercados existentes. ( ) Desenvolvimento de novos mercados para os produtos existentes. ( ) Diversificação de novos produtos para novos mercado. 14– Considerando as estratégias adotadas pela empresa, classifique numerando de 1 a 3 (onde 1 representa a maior prioridade da empresa e 3 a menor), as seguintes estratégias genéricas: ( ) Liderança em custo. ( ) Diferenciação de produto. ( ) Enfoque em um determinado mercado.

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