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i ELISA ATÁLIA DANIEL MUIANGA FATORES QUE DESENCADEIAM DESVIOS DE CUSTOS E PRAZOS: ESTUDO NO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DE MOÇAMBIQUE CAMPINAS 2015

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ELISA ATÁLIA DANIEL MUIANGA

FATORES QUE DESENCADEIAM DESVIOS DE

CUSTOS E PRAZOS: ESTUDO NO SUBSETOR

EDIFICAÇÕES DE MOÇAMBIQUE

CAMPINAS

2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade De Engenharia Civil, Arquitetura E Urbanismo

ELISA ATÁLIA DANIEL MUIANGA

“FATORES QUE DESENCADEIAM DESVIOS

DE CUSTOS E PRAZOS: ESTUDO NO

SUBSETOR EDIFICAÇÕES DE

MOÇAMBIQUE”

Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade

de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da

Unicamp, para obtenção do título de Mestra em

Engenharia Civil, na área de Construção.

Orientador: Prof. Dr. ARIOVALDO DENIS GRANJA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA ELISA ATÁLIA DANIEL MUIANGA E

ORIENTADO PELO PROF. DR. ARIOVALDO DENIS

GRANJA.

Assinatura do Orientador

CAMPINAS

2015

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RESUMO:

Desvios de custos e prazos ainda são um grande desafio na construção civil. A execução do

empreendimento é muitas vezes repleta de atrasos e custos adicionais, causados por vários fatores,

que acabam encarecendo a construção. Em determinados países como Moçambique, as causas

específicas não são verdadeiramente conhecidas, existem apenas percepções intuitivas e

fragmentadas sobre os fatores que influenciam estes desvios. O objetivo desta pesquisa é apurar os

fatores críticos que mais contribuem para a ocorrência de desvios de custos e prazos em

empreendimentos do subsetor edificações de Moçambique. Para a busca de resultados de estudos

primários, foi utilizada a Systematic Literature Review (Revisão sistemática de literatura – RSL).

Informações relevantes foram extraídas dos artigos selecionados e, posteriormente, sintetizadas

para determinar uma estrutura de categorização e respectivos fatores responsáveis por estes

desvios. A literatura existente até o momento sobre desvios de custos e prazos se mostrou

multifacetada, com 92 artigos publicados em 46 fontes diferentes. A maioria das pesquisas teve

como foco o estudo de alguns destes fatores em particular, enquanto que esta pesquisa procurou

classificá-los e sintetizá-los de forma a possibilitar uma visão mais abrangente sobre o fenômeno.

Assim, nove categorias foram identificadas e propostas com base em seus determinantes: (i)

atividades e equipamentos; (ii) gerenciamento; (iii) projeto e documentação; (iv) financiamento;

(v) aspectos ambientais e econômicos; (vi) organização; (vii) contratos; (viii) alterações de escopo

e (ix) relações governamentais. Além disso, 95 fatores de influência para a ocorrência destes

desvios foram identificados e anexados às categorias pertinentes. Após a RSL, o método de

pesquisa para a sequência deste estudo é o Survey. Para isso, foi aplicado um questionário para

determinação da relevância dos fatores de desvios de custos e prazos obtidos por meio da RSL,

junto a 272 construtoras moçambicanas. Os resultados apresentaram 20 fatores estatisticamente

relevantes para a ocorrência de desvios em empreendimentos moçambicanos. Com base nos

fatores, foram apresentadas diretrizes para a redução dos impactos que esses fatores causam durante

os empreendimentos que poderão ser validadas em estudos futuros.

Palavras-chaves: desvios de custos, desvios de prazos, cost overrun, time overrun, Moçambique,

atrasos.

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ABSTRACT:

Cost and time overruns are recurrent challenges in construction projects. In project implementation

there are often delays and additional costs caused by several factors that increase the budget of

construction. In Mozambique, the underlying causes related to this issue are not well understood.

This study is a first attempt to determine the influence factors of cost and time overruns in this

context. This research aims to find the influence factors that contribute to the occurrence of cost

and time overruns, and to establish their criticality in Mozambican construction projects. A

systematic literature review (SLR) was carried out in a methodic fashion to ensure it is

scrutinizingly and repeatable. Relevant information was extracted from the selected articles and

subsequently synthetized in order to categorize and identify the influence factors, which trigger

time and cost overruns. The literature on time and cost overruns in construction is contrasting with

92 articles from 46 different reference sources. Most research has focused on the study of some of

these factors in particular, while this research sought to classify and synthesize the factors in order

to enable a new and more comprehensive view of this phenomenon. Nine categories were identified

and defined on the basis of their determinants: (i) activities and equipments; (ii) management; (iii)

design and documentation; (iv) financing; (v) environmental and economic; (vi) organization; (vii)

contracts; (viii) scope changes and (ix) governmental relations. Moreover, 95 influencing factors

were identified and classified accordingly. A survey has been designed to collect data from

construction managers in Mozambique in 272 Mozambican constructions, seeking to find out the

critical influence factors related to cost and time overruns. The results showed 20 relevant factors

for the occurrence of cost and time overrun in Mozambican construction. With the basis of factors,

guidelines were presented for reducing the impact that these factors cause for the enterprises that

can be validated in future studies.

Keywords: cost overrun, time overrun, Mozambique, delay, construction industry.

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SUMÁRIO

RESUMO: ..................................................................................................................................... vii

ABSTRACT: .................................................................................................................................. ix

SUMÁRIO ...................................................................................................................................... xi

DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... xvii

AGRADECIMENTO ................................................................................................................... xix

EPÍGRAFE ................................................................................................................................... xxi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................... xxiii

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................... xxv

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................. xxvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ xxix

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1. Visão geral do tema .................................................................................................................. 1

1.2. Setor de construção no contexto mundial ................................................................................ 1

1.3. Setor da construção em Moçambique ...................................................................................... 3

1.4. Justificativa............................................................................................................................... 4

1.5. Questões e objetivos da pesquisa ............................................................................................. 5

1.5.1. Objetivos da pesquisa .................................................................................................... 6

1.5.2. Objetivo específico ........................................................................................................ 6

1.6. Limitações da pesquisa............................................................................................................. 6

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1.7. Resumo do delineamento da pesquisa ...................................................................................... 7

1.8. Estrutura do trabalho ................................................................................................................ 8

2. CONTEXTO TEÓRICO SOBRE DESVIOS DE CUSTOS E PRAZOS EM

EMPREENDIMENTOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL .................................................................. 11

2.1. Revisão Sistemática da Literatura - RSL ............................................................................... 11

2.2. Estágios da RSL ..................................................................................................................... 12

2.2.1. Planejamento da revisão .............................................................................................. 13

2.2.1.1. Identificação da necessidade da pesquisa.................................................................... 13

2.2.1.2. Preparação da proposta para a revisão ........................................................................ 14

2.2.1.3. Desenvolvimento do protocolo da revisão .................................................................. 15

2.2.2. Condução da revisão ................................................................................................... 15

2.2.2.1. Identificação da pesquisa ............................................................................................ 15

2.2.2.2. Seleção dos estudos ..................................................................................................... 17

2.2.2.3. Avaliação da qualidade dos estudos ............................................................................ 18

2.2.2.4. Extração de dados e monitoramento do progresso ...................................................... 20

2.2.2.5. Síntese de dados .......................................................................................................... 21

2.2.2.5.1 Desvios de Custos ....................................................................................................... 21

2.2.2.5.2 Desvios de Prazos........................................................................................................ 23

2.2.2.5.3 Principais categorias da RSL....................................................................................... 25

2.2.3. Disseminação e relatório ............................................................................................. 27

2.2.3.1. Especificação da estratégia da disseminação .............................................................. 27

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2.2.3.2. Principal relatório de RSL ........................................................................................... 34

2.2.3.2.1 Principais resultados da RSL....................................................................................... 34

a) Proposta da classificação das categorias ................................................................................ 35

b) Agrupamento dos fatores nas categorias ................................................................................ 36

c) Análise da distribuição das categorias, de acordo com a quantidade de fatores apresentados

44

2.2.3.3. Avaliação de relatórios de revisão sistemática ............................................................ 44

2.2.3.4. Obtenção da evidência na prática ................................................................................ 45

3. MÉTODO DE PESQUISA .................................................................................................... 49

3.1. Estratégia da pesquisa ............................................................................................................ 49

3.1.1 Survey.......................................................................................................................... 49

3.1.2 Pesquisa Explanatória ou explicativa .......................................................................... 49

3.7.1 Pesquisa Exploratória .................................................................................................. 50

3.1.4 Pesquisa Descritiva ..................................................................................................... 50

3.1.5 Desenvolvimento da Survey ........................................................................................ 50

3.2. Descrição da amostra ............................................................................................................. 51

3.2.1. Perfil de construtoras Moçambicanas ......................................................................... 51

3.3. Pré-teste .................................................................................................................................. 57

3.4. Resultado do pré-teste ............................................................................................................ 58

3.4.1. Classificação das categorias ........................................................................................ 58

3.4.1. Classificação dos fatores ............................................................................................. 59

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3.5. Questionário final ................................................................................................................... 67

3.5.1. População de interesse ................................................................................................ 67

3.5.2. Plano da amostra ......................................................................................................... 67

3.5.3. Amostragem estratificada ............................................................................................ 68

3.5.4. Descrição do questionário ........................................................................................... 68

3.5.5. Análises do questionário ............................................................................................. 69

3.5.5.1 Software R versão 3.1.1 .............................................................................................. 69

3.5.5.2 Método Bootstrap ........................................................................................................ 70

3.5.5.3 Correção Bonferroni .................................................................................................... 70

3.5.6. Descrição das diretrizes ............................................................................................... 70

4. RESULTADOS ...................................................................................................................... 73

4.1. Denominação dos fatores para as diferentes categorias ......................................................... 73

4.2. Frequência amostral do tipo de desvio de acordo com o tempo, custo ou ambos ................. 78

4.3. Frequência amostral do nível de relevância atribuído a cada fator (0, 1, 2, 3 ou 4); ............. 87

4.4. Relevância médio e o respectivo intervalo de confiança ....................................................... 96

4.5. Classificação geral dos fatores em relação a relevância media, frequência amostral do nível de

relevância e frequência amostral do desvio. ................................................................................ 107

4.6. Classificação dos fatores com relevância média para os 20 fatores com maior relevância, “Top

20” 116

4.7. Diretrizes para a melhoria da eficiência de empreendimentos do subsetor edificações

moçambicano ............................................................................................................................... 118

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xv

4.7.1 Resumo das diretrizes................................................................................................ 120

4.7.2 Descrição das diretrizes ............................................................................................. 124

5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 139

5.1. Sugestões para trabalhos futuros .......................................................................................... 140

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 141

APÊNDICES ............................................................................................................................... 151

APÊNDICE 1 - Descrição dos fatores contidos nas categorias................................................... 151

a) Atividades e equipamentos................................................................................................... 151

b) Aspectos ambientais e econômicos ...................................................................................... 154

c) Financiamento ...................................................................................................................... 158

d) Projeto e documentação ....................................................................................................... 160

e) Gerenciamento ..................................................................................................................... 162

f) Organização .......................................................................................................................... 170

g) Relações governamentais ..................................................................................................... 172

h) Contratos .............................................................................................................................. 174

i) Alterações de escopo ............................................................................................................ 177

APÊNDICE 2 – Pré-teste ............................................................................................................ 179

APÊNDICE 3 – Questionário final ............................................................................................. 195

APÊNDICE 4 – Sugestões dos respondentes do questionário para a descrição das diretrizes ... 211

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DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus pais, Daniel Alfredo Muianga e Aida Jorge Mabota, pelo

apoio incondicional e constante incentivo.

Dedico também ao meu orientador Prof. Dr. Ariovaldo Denis Granja, pela confiança,

paciência, incentivo e excelente orientação.

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AGRADECIMENTO

À Deus, por iluminar o meu caminho e pela força interior para superar as dificuldades nas

horas incertas. O meu muito obrigado.

Ao Professor Ariovaldo Denis Granja, pela orientação;

À CAPES, pelo apoio financeiro;

Ao Rafael Maia, pelo apoio na avaliação estatística do trabalho;

Às professoras Gladis Camarini e Marina Ilha por sugerirem acréscimos significativos na

dissertação;

Aos docentes da FEC, pelas aulas e informação fornecida que conduziu o pouco que sei

na área de Construção em Engenharia Civil.

Às empresas participantes e profissionais entrevistados, pelo compartilhamento do

conhecimento;

Ao José Paulo Unterpertinger e a Marisa Muianga pelo apoio e incentivo na inscrição do

processo seletivo e durante a formação;

A minha família, amigos, colegas e demais que sempre apoiaram-me.

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EPÍGRAFE

Eu me retiro com a consciência tranquila,

sentindo que cumpri meu dever, de alguma

forma, com meu povo e meu país.

Nelson Mandela

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Análise da distribuição global do percentual de 92 pesquisas publicadas sobre desvios

de custos e prazos .......................................................................................................................... 19

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xxv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Análise das pesquisas aderentes de acordo com a base de dado ................................. 18

Gráfico 2: Artigos por ano de publicação .................................................................................... 20

Gráfico 3: Quantidade (%) de 697 fatores responsáveis por desvios de custos e prazos em cada

uma das categorias ......................................................................................................................... 44

Gráfico 4: Análise das categorias em relação aos 56 fatores obtidos por meio do pré-teste ....... 59

Gráfico 5: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria AAE ......................................... 79

Gráfico 6: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria AE ............................................ 80

Gráfico 7: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria ALE ......................................... 81

Gráfico 8: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria C............................................... 82

Gráfico 9: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria F ............................................... 83

Gráfico 10: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria G ............................................ 84

Gráfico 11: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria O ............................................ 85

Gráfico 12: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria PD .......................................... 86

Gráfico 13: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria RG .......................................... 87

Gráfico 14: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator AAE ................................. 88

Gráfico 15: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator AE .................................... 89

Gráfico 16: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator ALE ................................. 90

Gráfico 17: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator C ...................................... 91

Gráfico 18: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator F ....................................... 92

Gráfico 19: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator G ...................................... 93

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xxvi

Gráfico 20: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator O ...................................... 94

Gráfico 21: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator PD .................................... 95

Gráfico 22: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator RG ................................... 96

Gráfico 23: Nível de relevância média para categoria AAE ........................................................ 97

Gráfico 24: Nível de relevância média para categoria AE ........................................................... 98

Gráfico 25: Nível de relevância média para categoria ALE......................................................... 99

Gráfico 26: Nível de relevância média para categoria C ............................................................ 100

Gráfico 27: Nível de relevância média para categoria F ............................................................ 101

Gráfico 28: Nível de relevância média para categoria G ........................................................... 102

Gráfico 29: Nível de relevância média para categoria O ........................................................... 104

Gráfico 30: Nível de relevância média para categoria PD ......................................................... 105

Gráfico 31: Nível de relevância média para categoria RG ......................................................... 106

Gráfico 32: Nível de relevância média para Top 20*................................................................. 117

Gráfico 33: Quantidade (%) de fatores responsáveis por desvios de custos e prazos em cada uma

das categorias do “Top 20” .......................................................................................................... 119

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estágios e etapas para condução da RSL .................................................................... 12

Quadro 2: Palavras-chaves utilizadas nas bases, número resultante de trabalhos e processo de

filtragem ........................................................................................................................................ 16

Quadro 3: Análise das pesquisas de acordo com a fonte, autores e ano de publicação ............... 28

Quadro 4: Categorias de agrupamento dos fatores de desvios de custos e prazos na construção

civil 35

Quadro 5: 9 Categorias e respectivos 95 fatores responsáveis por desvios de prazos e custos em

empreendimentos da construção civil e quantidade de citações de cada fator .............................. 37

Quadro 6: Categorização dos Alvarás .......................................................................................... 52

Quadro 7: Valores limites para diferentes alvarás ....................................................................... 55

Quadro 8: Quadro técnico para diferentes alvarás ....................................................................... 56

Quadro 9: Categorias (9) e respectivos fatores (56) por desvios de prazos e custos em

empreendimentos do subsetor edificações da construção civil moçambicana .............................. 60

Quadro 10: Quadro do tamanho mínimo das amostras para cada margem de erro ..................... 68

Quadro 11: Quadro da descrição das categorias .......................................................................... 73

Quadro 12: Quadro da descrição dos fatores ............................................................................... 74

Quadro 13: Intervalo de confiança da categoria AAE ................................................................. 97

Quadro 14: Intervalo de confiança da categoria AE .................................................................... 98

Quadro 15: Intervalo de confiança da categoria ALE.................................................................. 99

Quadro 16: Intervalo de confiança da categoria C ..................................................................... 100

Quadro 17: Intervalo de confiança da categoria F ..................................................................... 102

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xxviii

Quadro 18: Intervalo de confiança da categoria G .................................................................... 103

Quadro 19: Intervalo de confiança da categoria O .................................................................... 104

Quadro 20: Intervalo de confiança da categoria PD .................................................................. 106

Quadro 21: Intervalo de confiança da categoria RG .................................................................. 107

Quadro 22: Classificação geral dos fatores ................................................................................ 108

Quadro 23: Intervalo de confiança do Top 20 ........................................................................... 118

Quadro 24: Quadro dos Top 20, causas e diretrizes .................................................................. 120

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xxix

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAE – Aspectos ambientais e econômicos

ABN – Amostragem bola de neve

AE – Atividades e equipamentos

ALE – Alterações de escopo

C – Contratos

C – Influência no custo

F – Financiamento

G – Gerenciamento

I – Influencia

INSS – Instituto Nacional de Segurança Social

MOPH – Ministério de Obras Públicas e Habitação

Mor – Moderadamente relevante

Mr – Muito relevante

NC – Não classificado

Nr – Não relevante

O – Organização

P – Influência no prazo

P/C – Influência no prazo e custo

PD – Projeto e documentação

Pr – Pouco relevante

R – Relevante

RG – Relações governamentais

Rm – Relevância média

RSL – Revisão sistemática de literatura

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1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo será apresentado o tema a ser pesquisado e o setor de construção de

moçambicano. Em seguida, será apresentada lacuna, os principais objetivos e justificativa da

pesquisa.

1.1. Visão geral do tema

Custos e prazos são ainda um problema recorrente em empreendimentos de construção

civil. Em que pesem os avanços na cultura gerencial de empresas do setor, desvios de custos e

prazos de empreendimentos em relação aos inicialmente planejados continuam a ocorrer com

bastante frequência.

A partir das pesquisas publicadas, evidenciou-se que ainda existem vários

empreendimentos com problemas de desvios de custos e prazos. A busca pelas causas específicas

e soluções para esse problema são considerados os maiores desafios na indústria da construção

civil. Entretanto, os fatores de desvios variam consoante a região onde se desenvolve o

empreendimento. Esse aspecto dificulta a generalização dos problemas e a aplicação das mesmas

soluções para os diferentes locais, o que cria a necessidade de efetuar estudos para cada região que

apurem os fatores críticos sobre desvios.

Em Moçambique, onde a pesquisa será desenvolvida, ao longo do ciclo dos

empreendimentos observa-se a ocorrência de desvios de custos e prazos. Não existem ainda estudos

científicos que apuram as causas e fatores dos desvios no setor construtivo moçambicano. Desse

modo, verificou-se a oportunidade de se desenvolver esta pesquisa, por forma a apresentar soluções

que possam ser adotadas neste contexto.

1.2. Setor de construção no contexto mundial

O processo de construção é dividido em três fases importantes: (i) a fase de concepção de

projeto, (ii) a fase da elaboração do produto e (iii) a fase da construção do produto,

(RAMANATHAN et al. 2012). Porém, a maior parte dos atrasos, acompanhados também pelos

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desvios de custos, ocorrem durante a fase da construção, onde observam-se vários fatores não

previstos inicialmente, (CHAN; KUMARASWAMY, 1997).

A identificação da causa para a ocorrência dos desvios é o primeiro e mais importante

passo para a execução de empreendimentos dentro do prazo e custos contratuais

(FALLAHNEJAD, 2013). Porém, apenas identificá-las não conduz às medidas corretivas ou

preventivas; é antes necessário que se entenda a origem dos fatores que causam desvios de custos

e prazos em empreendimentos (SAMBASIVAN; SOON, 2007).

Os fatores responsáveis por estes desvios estão associados à gestão de riscos no

empreendimento. Organizações de diversos setores têm reconhecido a importância crescente da

gestão de riscos, (AKINTOYE; MACLEOD, 1997). Em empreendimentos, os riscos

desempenham um papel importante na tomada de decisão, devendo ser tratados de forma sensata,

(WIGUNA; SCOTT, 2005). Para gerir riscos de forma eficaz, estratégias devem ser procuradas a

partir das perspectivas dos participantes do projeto e do seu ciclo de vida, (ZOU et al. 2007).

Uma prática bastante desenvolvida em países em desenvolvimento em empreendimentos

com contratos tradicionais é a adjudicação do mesmo ao menor preço apresentado, o que dificulta

o cumprimento das estimativas iniciais de custos e prazos da obra, (AL-NAJJAR, 2008;

RAMANATHAN et al. 2012). Além disso, existe um outro aspecto em comum, relacionado com

a falta de planejamento adequado, em que as atividades não apresentam uma ligação correta entre

elas, o que acaba desencadeando o atraso no início dos trabalhos, (LINDHARD; WANDAHL,

2014).

Porém, mesmo reconhecendo que existem problemas, é evidente que os desvios de custos

e de prazos vão além do planejamento e do valor da adjudicação da obra. Desvios de custos e

prazos ocorrem devido a um vasto conjunto de fatores, (CHAN; KUMARASWAMY, 1997).

Esse problema não se restringe a uma região específica ou uma limitação geográfica, e

não prevalece exclusivamente nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, (CHAN;

KUMARASWAMY, 1997). É sim um fenômeno mundial e considerado um problema global,

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(ROSENFELD, 2014). Por essa razão, a compreensão e análise dos fatores que possam causar os

desvios na construção tornou-se um aspecto importante para o gerenciamento eficaz dos

empreendimentos, (SHEHU et al. 2014).

Havendo reconhecimento dos fatores de desvios de prazos, os gestores poderão abordar e

resolver os problemas de forma precoce (KADIR et al. 2005). Assim, um esforço conjunto para

garantir a conclusão eficiente e oportuna é mutuamente benéfico para clientes e demais agentes

envolvidos no empreendimento, (OGUNLANA; OLOMOLAIYE, 1989).

1.3. Setor da construção em Moçambique

Em Moçambique, o setor de construção é considerado como um dos maiores contribuintes

para o crescimento da economia. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística – INE, as três

componentes com maior peso e que mais contribuíram para o crescimento do PIB são as indústrias

extrativas (+35.2%), a construção (+16.4%) e os transportes e comunicações (+12%), (Espirito

Santo, 2013). Os transportes e comunicação encontram-se amplamente correlacionados com o

desenvolvimento de infraestrutura e projetos de grande escala, conhecidos em Moçambique como

megaprojetos.

Contudo, vários problemas surgem durante a execução dos empreendimentos que

aumentam o prazo e encarecem as obras. O fator trabalhos adicionais é verificado com muita

frequência durante as obras. A principal fonte para a ocorrência deste fator é a elaboração

inadequada dos projetos. Eles apresentam na sua versão final vários trabalhos omitidos que acabam

aumentando o escopo ou alterações do próprio do empreendimento.

Em busca de solução para este problema, várias vezes as construtoras reivindicam

recomposições orçamentais para a conclusão dos empreendimentos, por meio de novos contratos

adquiridos. Esse aspecto acaba fazendo parte da rotina do gerenciamento de muitos

empreendimentos. Os empréstimos junto às agências financiadoras acabam sendo uma prioridade

quando não se consegue outra fonte para obtenção de fundos para a obra. Entretanto, essa prática

não é viável, uma vez que as empresas têm dificuldade de efetuar o reembolso do valor emprestado

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junto as agências, o que faz com que as empresas acabem encerrando as suas atividades por

insolvência.

1.4. Justificativa

Um volume considerável de estudos primários sobre desvios de custos e prazos em

empreendimentos de construção civil foi publicado. De acordo com a Revisão Sistemática de

Literatura (RSL) empregues nesta pesquisa, em que está enraizada no paradigma baseado em

evidências, com um processo que inicia com a formulação de uma questão de pesquisa específica

para encontrar as melhores evidências disponíveis na literatura que possam responder a questão,

(KITCHENHAM et al., 2009), a temática sobre desvios de custos e prazos em empreendimentos

da construção civil continua recebendo atenção da comunidade científica global, o que remete à

constatação de que este problema ainda é recorrente e desafiador no setor.

Os estudos discutiram os fatores de influência que causam estes desvios e abrangem

grande diversidade geográfica e contextual. Entretanto, poucos deles se propuseram a categorizar

e a classificar os fatores que influenciam estes desvios, de forma a propiciar uma compreensão

mais holística sobre o assunto. Além disso, categorizações e organização de informação são úteis

para possibilitar uma visão mais geral sobre assuntos complexos (FELDMAN, 2004).

Tendo em vista a intensificação da discussão sobre desvios de custos e prazos em

empreendimentos, verifica-se que em determinadas regiões ainda se desconhecem as causas

específicas. Especificamente no Brasil, foram encontrados poucos estudos primários com o devido

rigor científico nesta temática. Como exemplo, Ricardino et al. (2013) apresentaram em sua

pesquisa as causas mais frequentes de reivindicações em contratos administrativos para execução

de empreendimentos de infraestrutura e obras e serviços de grande complexidade técnica no Brasil.

Pereira (2012), apresentou na sua pesquisa fatores associados ao atraso na entrega de edifícios nos

municípios de Balneário Camboriú e Itajaí. Observou-se que fatores relacionados com a

qualificação e disponibilidade da mão de obra, erros que geram retrabalhos, produtividade dos

subempreiteiros e alterações provindas do cliente foram apontadas como as causas mais

importantes para a ocorrência de atrasos, (PEREIRA, 2012).Outro artigo, porém de cunho não

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científico, foi produzido pela mídia especializada em relação às causas de desvios em obras de

infraestruturas da copa do mundo de futebol de 2014 (BOMBIG; GORCZESKI, 2013).Tendo em

vista o nível atual de atividade do setor e os relatos recorrentes na imprensa sobre a ocorrência de

desvios de custos e prazos em empreendimentos nacionais, urgem mais estudos científicos na

temática.

Não só o Brasil carece de informações sobre desvios em empreendimentos. Em

Moçambique, onde se realizou a presente pesquisa, também se verificou que não existem estudos

e dados publicados em relação às margens de desvios em empreendimentos, bem como as possíveis

causas.

Entretanto, em vários empreendimentos de construção civil moçambicanos, ainda

ocorrem muitos desperdícios de material, trabalhos não previstos e, consequentemente, custos

adicionais e a falta de cumprimento de prazo proposto no contrato. As construtoras dificilmente

conseguem gerir o empreendimento satisfatoriamente.

Existem vários fatores responsáveis pelo surgimento desse problema, o que cria uma

necessidade de investigação mais aprofundada para apuração das causas específicas, tomando em

consideração que até então apenas existem especulações. Análises a partir de estudos científicos

têm sido uma das formas mais utilizados para a busca de soluções para este problema,

(RAMANATHAN et al. 2012).

1.5. Questões e objetivos da pesquisa

Apesar de já existirem várias pesquisas sobre desvios de custos e prazos em

empreendimentos, especificamente em Moçambique não foram encontrados estudos acadêmicos

que se dedicaram a esta temática. As seguintes questões de pesquisa norteiam este estudo:

Quais fatores influenciam a ocorrência de desvios de custos e prazos em

empreendimentos do subsetor edificações em Moçambique?

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Quais as diretrizes possíveis para melhoria dos fatores críticos relacionados com

desvios de custos e prazos em empreendimentos do subsetor edificações em

Moçambique?

1.5.1. Objetivos da pesquisa

O objetivo principal desta pesquisa é identificar os fatores responsáveis por

desvios de custos e prazos em empreendimentos do subsetor edificações de

Moçambique.

1.5.2. Objetivo específico

Desenvolver uma classificação destes fatores a partir de pesquisas já publicadas

em âmbito mundial na construção civil, por meio de Revisão Sistemática de

Literatura (RSL);

Identificar os fatores com maior relevância para a ocorrência de desvios de custos

e prazos em Moçambique;

Elaborar diretrizes para a melhoria da eficiência de empreendimentos do subsetor

edificações moçambicanos com vista a combater esses desvios.

1.6. Limitações da pesquisa

Apesar de existirem especulações sobre desvios de custos e prazos, especificamente em

Moçambique não foram encontrados estudos científicos sobre esse tema. A informação existente é

bastante limitada, o que dificulta a obtenção de bases que auxiliem o estudo.

A partir de um conjunto de pesquisas académicas publicadas em bases de dados

científicas, a primeira fase do trabalho irá estudar os problemas mais decorrentes em várias regiões

e, a partir delas, obter síntese e criar bases para um estudo similar em Moçambique. Apenas

pesquisas que retratam problemas de prazos e custos em empreendimentos serão incluídas no

referencial a ser estudado.

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A segunda fase constituirá a avaliação dos fatores de desvios em Moçambique. Os dados

serão extraídos por meio de um questionário que terá como base o referencial teórico da primeira

fase (RSL). Uma das principais limitações é a generalização do referencial em relação a do tipo de

obra, o que por sua vez auxilia na empregação de mais fatores que poderão responsáveis pelos

desvios. Entretanto, está pesquisa só será empregue às construtoras que atuam no subsetor de

edificações com base na limitação do nível do alvará.

Em Moçambique as empresas de construção são classificadas a partir do alvará, Quadro

6. A classificação do alvará é por meio do quadro técnico do pessoal Quadro 8 (profissionais

existentes na empresa) e o valor limite sobre os fundos próprios da empresa Quadro 7 (capital da

empresa). Essa classificação varia de 1ª classe até 7ª classe, sendo as empresas de classes superiores

mais propicias de apresentar estruturas de gestão mais organizadas e serem capacitadas de

exercerem obras de grande dimensão devido ao quadro técnico e do capital. Assim, a pesquisa será

efetuada apenas em construtoras moçambicanas com alvará de 5ª a 7ª classe que atuam no subsetor

de edificações de Moçambique. Os resultados serão obtidos por meio de análise estatística dos

dados obtidos neste contexto.

As diretrizes serão apresentadas a partir dos resultados dos questionários (Apêndice 3),

sugestões dos respondentes (Apêndice 4) e evidências da literatura em caráter propositivo.

Entretanto, a validação das mesmas está além do escopo desta pesquisa e justifica trabalhos futuros.

1.7. Resumo do delineamento da pesquisa

RSLs sobre as evidências disponíveis na literatura têm sido pouco exploradas na

construção civil, que de outra forma poderiam fornecer percepções e orientações para intervenções

nas necessidades operacionais de profissionais e agentes públicos (TRANFIELD; DENYER;

SMART, 2003). Essa é uma técnica científica eficiente e menos dispendiosa quando comparada à

produção de novos estudos primários, além de obter resultados mais precisos com melhor reflexo

da realidade (MULROW, 1994). Estudos secundários como as RSLs podem ser considerados como

estratégias direcionadas a pesquisas pragmáticas em diversas áreas do conhecimento, com o intuito

de contemplar tanto as comunidades acadêmicas como as profissionais da área.

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A categorização que será proposta na primeira fase da pesquisa agrupará os fatores

apresentados a partir de estudos individuais e proporcionará uma nova classificação a partir da

síntese destes. Com a conclusão da primeira fase da pesquisa, deu-se continuidade à elaboração do

instrumento de coleta de dados a ser aplicado em Moçambique. Em primeiro lugar, elaborou-se um

pré-teste na forma da aplicação de um questionário para validar o questionário final, cujo maior

objetivo foi de apurar se o questionário era compreensível, acessível e fácil de aplicar. Com o

retorno do pré-teste, fez-se o ajuste e elaborou-se o questionário final que trouxe os fatores mais

influentes para a ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos moçambicanos.

Com esse resultado, elaboraram-se medidas que poderão auxiliar na minimização desses

problemas. Este estudo representa o primeiro passo para determinação dos fatores de influência

nos desvios de custos e prazos em empreendimentos do subsetor edificações da construção civil

moçambicana.

1.8. Estrutura do trabalho

Este trabalho está dividido em 5 capítulos.

O capítulo 1, apresenta a introdução do trabalho, onde são discutidos o contexto, a

justificativa, questão, os objetivos, limitações e delineamento da pesquisa.

O capítulo 2, é composto pelo contexto teórico, a RSL. Será descrito como a primeira fase

do trabalho foi realizada ou seja a descrição das palavras-chaves e operadores booleanos para busca

de evidências, bases de dados, bem como os resultados obtidos na RSL.

O capítulo 3, apresenta o método de pesquisa, onde é descrito todo o procedimento sobre

como a pesquisa foi realizada. Neste capítulo, serão apresentadas as estratégias selecionadas para

a pesquisa, a amostra e a população de interesse. Por sua vez, ele será dividido em duas fases, a do

pré-teste do questionário e, posteriormente, a descrição do questionário final.

O capítulo 4, apresenta os resultados e discussão. Serão apresentados os resultados

questionário final, onde os fatores mais críticos são identificados e descritos. A partir dos fatores

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críticos serão apresentadas as diretrizes que poderão ser empregues durante os empreendimentos

de construção em Moçambique que possam minimizar as causas de desvios de custos e prazos.

O capítulo 5, apresenta a conclusão. Serão descritas as principais conclusões obtidas por

meio dos resultados do questionário final.

Seguem depois as referências e apêndices, onde são descritos todos os fatores

apresentados na pesquisa, o pré-teste, o questionário final aplicado e as sugestões dos respondentes

que auxiliou na descrição das diretrizes.

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2. CONTEXTO TEÓRICO SOBRE DESVIOS DE CUSTOS E PRAZOS EM

EMPREENDIMENTOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

Para a fundamentação teórica sobre desvios de custos e prazos em empreendimentos de

construção civil, obtiveram-se 92 pesquisas. Essas pesquisas tinham em comum a avaliação de

fatores que desencadeiam custos e prazos em empreendimentos de construção civil.

A partir dessas pesquisas, buscou-se sintetizar e caracterizar tendências em relação aos

desvios de custos e prazos na construção civil. O maior objetivo do contexto teórico foi de

estabelecer conhecimentos que fundamentem as análises práticas que serão efetuadas em

Moçambique.

2.1. Revisão Sistemática da Literatura - RSL

Em uma pesquisa com o método Survey, a RSL estabelece a fundamentação teórica da

contextualização para a parte prática da pesquisa. Assim, a RSL desempenha dois papéis, o teórico

(conhecimento sobre o assunto) e o estratégico (procedimentos para a elaboração do instrumento

de coleta de dados). Entretanto, esse é um procedimento elaborado a partir de regras que serão

descritas ao longo da pesquisa.

A RSL é um estudo secundário, meio pelo qual é possível identificar, avaliar e interpretar

as pesquisas disponíveis em estudos primários, relevantes para uma questão de pesquisa específica

(KITCHENHAM et al., 2009). Tem como um dos objetivos, a extração de detalhes específicos de

artigos já publicados de pesquisas pertinentes ao tema (BRERETON et al., 2007). Geralmente,

destina-se à coleta de informações (evidências) que embasem as pesquisas em desenvolvimento,

na qual o pesquisador procura identificar e integrar a melhor evidência de pesquisa disponível com

domínio de expertise (KITCHENHAM et al., 2009). Além disso, RSLs permitem novos

desdobramentos a partir de estudos primários já publicados, uma vez que a síntese deste conjunto

proporciona novas inferências e conclusões que individualmente as pesquisas não são capazes de

oferecer.

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Entretanto, as RSLs sobre as evidências disponíveis na literatura têm sido pouco

exploradas na construção civil, que de outra forma poderiam fornecer percepções e orientações

para intervenções nas necessidades operacionais de profissionais e de agentes públicos

(TRANFIELD; DENYER; SMART, 2003). Essa técnica científica é eficiente e menos dispendiosa

quando comparada à produção de novos estudos primários, além de proporcionar resultados mais

precisos com melhor reflexo da realidade (MULROW, 1994). Estudos secundários como as RSLs

podem ser considerados como estratégias direcionadas a pesquisas pragmáticas em diversas áreas

do conhecimento, com o intuito de contemplar tanto as comunidades acadêmicas como as

profissionais de uma área.

2.2. Estágios da RSL

Para o desenvolvimento da RSL, existe um conjunto de estágios a serem seguidos (Quadro

1). Os estágios correspondem ao (i) planejamento da revisão onde é descrita a necessidade da

pesquisa, (ii) condução da revisão onde se buscam as evidências sobre o tema a ser pesquisa e, por

último (iii) disseminação do relatório, onde se apresentam os resultados obtidos a partir dos estudos

primários e aplicação das evidências na prática.

Quadro 1: Estágios e etapas para condução da RSL

Primeiro Estágio – Planejamento da revisão

Identificação da necessidade da pesquisa

Preparação da proposta para a revisão

Desenvolvimento do protocolo da revisão

Segundo Estágio – Condução da revisão

Identificação da pesquisa

Seleção dos estudos

Avaliação da qualidade dos estudos

Extração de dados e monitoramento do progresso

Síntese de dados

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Terceiro Estágio – Disseminação e relatório

Especificação da estratégia da disseminação

Principal relatório de RSL

Avaliação de relatórios de revisão sistemática

Obtenção da evidência na prática

Fonte: Kitchenham (2009)

2.2.1. Planejamento da revisão

A RSL necessita de planejamento que é elaborado de acordo com o objetivo pelo qual a

revisão é realizada. O essencial no planejamento da revisão “pré-revisão” é a definição da(s)

pergunta(s) da pesquisa, que é a base para os procedimentos básicos para RSL, (KITCHENHAM,

2007).

2.2.1.1. Identificação da necessidade da pesquisa

A construção civil é complexa e incerta e se difere dos outros setores industriais devido

às partes envolvidas no processo de construção (OLADAPO, 2007; SUNDAY, 2010). Entretanto,

existem variáveis e fatores imprevisíveis que estão envolvidos no processo da construção que

resultam de muitas fontes, (ASSAF; AL-HEJJI, 2006 & CHAN; KUMARASWAMY, 1997). São

muitos agentes e várias fases que envolvem um processo de construção para diferentes tipos de

obra. É nesse contexto que a construção apresenta um caráter único pois, dificilmente se constrói

algo do mesmo modo, no mesmo local, ou com o mesmo conjunto de pessoas (CREEDY, 2006).

Esse é um dos principais fatores que dificulta a implementação de um único processo de melhorias

contínuas no sector da construção civil.

O sector da construção civil tem sido criticado pela ocorrência persistente de desvios de

prazos e custos e pela baixa produtividade e qualidade dos seus produtos (RIBEIRO et al. 2013).

Embora seja claro que a magnitude de atrasos e custos varia em diferentes construções, o

cumprimento desses dois fatores é considerado um parâmetro importante para que um

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empreendimento seja considerado bem-sucedido (ADNAN et al. 2009; MEMON et al. 2011). O

sucesso do empreendimento é definido pela sua conclusão dentro do orçamento, prazo e qualidade

inicialmente previstos (FRIMPONG; OLUWOYE; CRAWFORD, 2003; RAHMAN et al. 2013a).

O sucesso é altamente dependente da disponibilidade adequada dos diversos recursos bem como

de sua gestão eficiente da construção, (IYER; JHA, 2006; IYER; JHA 2005; RAHMAN et al.

2013b).

A partir do referencial teórico, observou-se que existem várias pesquisas em relação aos

desvios, contudo, há diferenças nas terminologias utilizadas. Esse aspecto dificulta a compreensão

holística sobre o assunto. Além disso, existe uma necessidade de se apurar causas específicas para

o contexto moçambicano, que para isso, é necessário buscar por meio da RSL bases de

conhecimento para elaboração de uma pesquisa em Moçambique.

2.2.1.2. Preparação da proposta para a revisão

A revisão iniciou a partir da busca de evidências nas bases de dados. Na RSL, foram

identificadas as palavras-chaves com vistas às seguintes questões da pesquisa: “quais fatores

influenciam a ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos do subsetor

edificações em Moçambique?” e, “quais as diretrizes necessárias para melhoria dos fatores críticos

relacionados com desvios de custos e prazos em empreendimentos do subsetor edificações em

Moçambique?”.

As palavras-chaves que caracterizam o tema investigado são atraso ou desvios de prazo

como “time overrun” e desvios de custos como “cost overrun”. Essas palavras foram adotadas e

utilizadas nas bases de dados para a busca do referencial teórico.

Para restringir a busca dando ênfase apenas para o setor da construção civil, foi adicionada

a palavra construção, “construction”. É importante ressaltar que a pesquisa não considerou

eventuais casos de desvios de prazos e custos abaixo dos inicialmente planejados, ou seja,

ocorrências de “time underrun” e/ou “cost underrun”, pois fogem ao escopo deste trabalho. Termos

em português também foram utilizados na busca, bem como suas variações, para possível inclusão

de estudos científicos publicados nesta língua.

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2.2.1.3. Desenvolvimento do protocolo da revisão

Para a RSL proposta, foram formadas frases com as palavras-chaves principais que

auxiliaram na obtenção das evidências. A primeira frase composta é “cost overrun and time

overrun and construction” (desvios de custos e prazos na construção). Neste contexto, a palavra

construção foi colocada para dar mais ênfase a área da construção.

Com a formação do primeiro conjunto de palavras-chaves, verificou-se que o número de

busca abrangia diversas áreas de estudo. Assim, adicionou-se a palavra “civil” que auxiliou na

redução do número das pesquisas para metade em relação a primeira busca.

Como havia necessidade de se estudar os fatores de influência, palavras como variáveis,

facilitadores e o quadro “enablers or variables or influencing factors or framework”, foram

adicionadas a frase principal da busca. E por se tratar de um país em desenvolvimento, foi

importante obter pesquisas desenvolvidas em países com condições econômicas semelhantes. Para

isso, foram acrescentadas as palavras “developing countries” (países em desenvolvimento) nas

buscas. Essa composição de palavras apresentou o menor número de pesquisas. Com esse conjunto

de frases, foi possível obter um universo de 7.218 pesquisas que posteriormente foram analisadas

por forma a identificar a qualidade e importância delas em relação aos desvios de custos e prazos

em empreendimentos.

2.2.2. Condução da revisão

Uma vez definidos os procedimentos básicos para a revisão, dá-se início a RSL. Cada

etapa desta fase deve ser desenvolvida sequencialmente, por forma a cumprir com os

procedimentos descritos no planejamento, (KITCHENHAM, 2007).

2.2.2.1. Identificação da pesquisa

As bases de dados utilizadas para a busca da literatura foram a Web Of Knowledge, Science

Direct e Scopus. A base de dados Scielo também foi utilizada para a busca, bem como termos em

português e suas variações, para possível inclusão de estudos científicos nacionais ou publicados

nesta língua. Segundo estes critérios, não foram encontradas referências nacionais. Mesmo assim,

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optou-se por incluir 3 fontes nacionais, consideradas relevantes para responder à questão de

pesquisa formulada: (i) Ricardino et al. (2013) e Pereira (2012), pesquisas de cunho científico e (ii)

Bombig; Gorczeski (2013), pesquisa proveniente da mídia especializada.

De acordo com o Quadro 2, com a aplicação dos filtros, foi possível adquirir pesquisas

aderentes para o tema. De um total de 7.218 pesquisas inicialmente buscadas, apenas 92 foram

aderentes e analisadas na RSL. O Quadro 2 ilustra as palavras-chaves utilizadas, a soma dos

trabalhos obtidos nas três bases de dados durante a busca e o processo de filtragem utilizado.

Quadro 2: Palavras-chaves utilizadas nas bases, número resultante de trabalhos e processo de

filtragem

Base de dados (Web Of Knowledge, Science Direct e Scopus) Trabalhos

encontrados

Pal

avra

-chav

e

cost overrun and time overrun and construction 3.718

cost overrun and time overrun and civil

construction 1.164

cost overrun and time overrun and construction and

(enablers or variables or influencing factors or

framework)

1.794

cost overrun and time overrun and construction and

developing countries 542

Total das pesquisas sem análise 7.218

Fil

tros

1º (Leitura dos temas - menos 6015 pesquisas) 1.203

2º (Sem duplicidades - menos 524 pesquisas) 679

3º (Leitura do resumo - menos 603 pesquisas) 76

4º (Amostragem bola de neve (ABN) - mais 16

pesquisas) 16

Total das pesquisas aderentes 92

Fonte: Autor

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17

As pesquisas selecionadas abordavam problemas relacionados com desvios de custos e

prazos em empreendimentos, efetuadas em várias regiões geográficas. A maior parte dos estudos

caracterizam empreendimentos de construção civil, sem a distinção do tipo de obra.

2.2.2.2. Seleção dos estudos

Com a aplicação das palavras-chaves, foram obtidos 7.218 trabalhos distribuídos em suas

bases de dados. Para aplicação do primeiro filtro, foram analisados os temas dos trabalhos. Os

temas que não se relacionavam com construção civil, prazos, custos e gerenciamento foram

excluídos, resultando em 6.015 trabalhos não relevantes para o tema.

O segundo filtro consistiu em analisar as duplicidades. Os 1.203 trabalhos aparentemente

relevantes foram analisados em conjunto. Observou-se que determinadas pesquisas foram

indexadas em mais de uma base de dados, com isso, foram excluídos mais 524 trabalhos.

Para as 679 pesquisas restantes, a análise foi mais aprofundada. O terceiro filtro foi

aplicado na forma de leitura dos resumos. Por existirem resumos curtos, que dificultavam a

compreensão da essência do trabalho, também foram analisados os objetivos, resultados e as

principais conclusões. Com este filtro, apenas 76 trabalhos apresentaram relevância para resposta

à questão de pesquisa formulada.

Com a leitura das 76 pesquisas aderentes, aplicou-se o quarto filtro. A obtenção de

trabalhos a partir do referencial de pesquisas aderentes que é descrito como “Amostragem bola de

neve” (ABN) (Snowball Sampling) (BIERNACKI; WALDORF, 1981). A RSL e ABN, são

métodos característicos do paradigma baseado em evidências (Evidence-based Paradigm). A ABN

consiste em buscar outros estudos citados dentro das referências da própria RSL, considerando

adequação temática e frequência de citação. É particularmente aplicada para garantir que

referências de pesquisas seminais estejam dentro da amostra (BIERNACKI; WALDORF, 1981).

Com a ABN, totalizaram-se 92 artigos aderentes que compuseram a RSL em conjunto com a ABN.

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18

As pesquisas tiveram em sua maioria o método o Survey com questionários abertos e

estruturados para a coleta de dados. Um pequeno número de trabalhos apresentou debates abertos

como outra opção de coleta de dados. Contudo, o maior objetivo das pesquisas era apurar os fatores

que mais contribuíam para a ocorrência de desvios de custos e prazos e para o gerenciamento

inadequado nos empreendimentos. Este aspecto orientou as decisões sobre inclusão e exclusão dos

artigos aderentes e a apuração dos fatores mais relevantes apresentados em cada pesquisa.

2.2.2.3. Avaliação da qualidade dos estudos

O critério de busca das pesquisas facilitou a avaliação em relação a qualidade dos estudos,

uma vez que foram utilizadas bases de dados de qualidade e que tem maior número de periódicos

indexados nelas. O Gráfico 1, mostra as pesquisas aderentes de acordo com as bases de dados onde

elas estão indexadas. A Scopus e ScienceDirect foram as bases com maior número de pesquisa

relevante, sendo a Web Of Knowledge e o Google com o menor número.

Gráfico 1: Análise das pesquisas aderentes de acordo com a base de dado

Fonte: Autor

Com a leitura das 92 pesquisas aderentes, foi possível analisar em que região elas tinham

sido realizadas. A Figura 1, demonstra que a maior parte dos estudos foram realizados na Ásia e

em seguida na África. A Europa segue como terceira região com um número significativo de

pesquisas publicadas, enquanto que a região da Oceania e América apresentam menos trabalhos

publicados relacionados com o tema.

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19

Figura 1: Análise da distribuição global do percentual de 92 pesquisas publicadas sobre desvios

de custos e prazos

Fonte: Autor

Os 92 trabalhos selecionados foram submetidos a análises bibliométricas. O Gráfico 2

apresenta a distribuição das pesquisas e respectivos anos de publicação. Observa-se que não foi

considerado um intervalo especifico nas bases de dado uma vez que existem poucas pesquisas

desenvolvidas em anos anteriores a 2004. Assim, o intervalo de anos das 92 pesquisas varia de

1985 a agosto de 2014.

A partir do Gráfico 2, é possível inferir que, apesar de já existirem várias pesquisas

relacionadas a desvios de custos e prazos, esse é um tema que continua a receber destaque na

literatura. Observa-se que a partir do ano 2005 há um aumento no número de pesquisas. Nos anos

seguintes, este número teve tendência de aumento e, no ano 2013, o valor foi três vezes maior em

relação a 2005. Possivelmente, até o final de 2014 poderão surgir mais pesquisas relacionadas ao

tema, uma vez que este estudo foi realizado em meados de 2014. Portanto, as pesquisas sobre

desvios de custos e prazos em empreendimentos do setor ainda recebem atenção, ao que tudo

indica, tendo em vista a complexidade e as particularidades regionais e contextuais do fenômeno.

As medidas mitigadoras para estes desvios nem sempre são efetivas, mesmo quando haja

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20

consciência sobre o problema. A busca das causas para a ocorrência destes desvios é fundamental

para a sua solução.

Gráfico 2: Artigos por ano de publicação

Fonte: Autor

2.2.2.4. Extração de dados e monitoramento do progresso

A literatura estudada apresentou uma grande diversidade no entendimento de conceitos e

terminologias. Portanto, torna-se necessário apresentar um alinhamento destes termos e definições

para a condução desta pesquisa. Assim, oferece-se uma contribuição adicional para que estes

conceitos e terminologias possam ser tratados de maneira consistente.

Assim, fatores de influência foram considerados como as causas para a ocorrência de

desvios de custos e prazos em empreendimentos. Esses fatores foram agrupados de acordo com as

similaridades apresentadas nas várias pesquisas. A categoria foi considerada como um grupo de

fatores que exprimem diversas relações entre ideias ou fatos relacionados. Cada agrupamento de

fatores compôs uma categoria que caracteriza e identifica os problemas mais predominantes nela.

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21

Para a extração dos dados das pesquisas aderentes, foi elaborado uma planilha em Excel.

Foram inicialmente extraídos dados como, o ano de publicação do trabalho, o periódico, o objetivo

da pesquisa, os fatores considerados mais relevantes, o tipo de desvio que o fator tinha causado

caso fosse apresentado, o país onde tinha sido efetuado o estudo e o tipo de obra.

Foram identificados 697 fatores agrupados em 9 categorias propostas. Entretanto havia

dificuldade na análise dos fatores por apresentar um número bastante extenso. Houve necessidade

de se reduzir o número de fatores de forma a facilitar a sua avaliação. Também, observou-se que

os fatores apresentavam terminologias com significados semelhantes, esse aspecto auxiliou na

estratificação, o que reduziu dos 697 fatores identificados inicialmente para 95 fatores.

Analisaram-se os fatores em relação a quantidade de vezes que eles tinham sido citados

como mais críticos nas pesquisas. Fez-se também a análise das categorias que apresentavam maior

quantidade de fatores. Esta análise serviu como base para a elaboração do pré-teste aplicado em

Moçambique.

2.2.2.5. Síntese de dados

As pesquisas analisadas trazem diferentes percepções sobre os desvios de custos.

Entretanto, serão apresentadas as principais definições obtidas nas pesquisas. Essas definições

auxiliaram na definição do que se considera desvio de custo e prazo na presente pesquisa.

2.2.2.5.1 Desvios de Custos

O conjunto das definições a seguir dá origem ao termo “desvio de custos” utilizado nesta

pesquisa:

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22

“A diferença entre o custo real e o estimado, expressa como uma percentagem do

custo estimado, considerando-se todos os custos a valores constantes 1”, (LEE,

2008);

“A diferença entre o custo inicial e o custo no término do empreendimento”,

(AVOTOS, 1983);

“A diferença percentual do custo final do projeto e o custo de adjudicação do

contrato”, (ROWLAND, 1981);

“O excesso do custo real acima do orçamento. Ele é também por vezes designado

por “escalação de custos”, “aumento de custos” ou “excedência do orçamento”,

(ZHU; LI, 2004).

Nesta pesquisa, desvios de custos é definido como a diferença do valor final do

empreendimento em relação ao valor inicialmente estipulado no contrato.

Desvios de custos são por vezes uma consequência da má gestão de custos do

empreendimento. A gestão de custos subentende-se como conjunto de estratégias, planejamento,

execução, avaliação e aperfeiçoamento de um determinado produto dentro de uma empresa,

(NAKAGAWA, 1993), na qual o desvio de custo é causado por muitos fatores que se inter-

relacionam de formas complexas. Este conceito destaca a importância do conhecimento e da gestão

de todos os fatores que interferem no custo final de um produto, onde o custo de produção define

o resultado da empresa.

Desvios de custos também estão associados às fases preliminares de planejamento ou de

concepção do projeto (POURROSTAM; ISMAIL, 2012). A identificação das causas destes desvios

é um pré-requisito para a minimização dos problemas que poderão causar (NEGA, 2008) e a gestão

rigorosa dos diversos riscos que podem impactá-los é fundamental (KALIBA et al. 2009). O

1 Ao que tudo indica, o autor se refere a valores descontados a um ponto específico do tempo.

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23

processo eficaz de gestão de custos deverá passar necessariamente pela eficiência e eficácias das

atividades de planejamento, execução e controle (MACHADO et al. 2008).

Algum tempo atrás, uma confortável margem de lucro absorvia as perdas originadas por

uma inadequada gestão do empreendimento. As construtoras eram acostumadas a atribuir uma

grande margem de segurança que, caso não fosse utilizada, transformava-se em lucro. Este método

permitia a ocorrência de erros do planejamento, orçamento e até mesmo na execução do

empreendimento, pois as margens de segurança cobriam todos os riscos, (ROCHA, 2001). No

entanto, hoje, estas margens não podem absorver mais nada, pois estão no limite da viabilidade

econômica da construção, (ROCHA, 2001).

Isso reflete na necessidade de se efetuar uma gestão de custos para garantir que os fatores

que possam afetar o custo final do empreendimento sejam contidos. Melhorar e controlar o

gerenciamento do empreendimento é fundamental para que o empreendimento decorra

satisfatoriamente.

2.2.2.5.2 Desvios de Prazos

De maneira semelhante, a definição sobre atrasos na construção civil contemplou diversas

visões. Nesta pesquisa se convencionou chamar de “desvio de prazos”:

“O tempo após a data de conclusão especificada no contrato” (RAMANATHAN;

NAKAYANA; IDRUS, 2012 & FUGAR; AGYAKWAH-BAAH, 2010 &

NAJAFABADI; PIMPLIKAR 2013 & JAHANGER 2013 & MARZOUK; EL-

RASAS 2014);

“A diferença entre a duração do prazo de contrato original do empreendimento antes

do seu início e seu prazo real apurado” (VIDALIS; NAJAFI 2002);

“O atraso além da conclusão prevista da data rastreável pelo contratante” (KAMING

et al., 1997a).

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24

“O atraso é definido como o tempo além ou após a data de conclusão especificada no

contrato, ou para além da data em que foram acordadas para a entrega do

empreendimento” (CHAN; KUMARASWAMY, 1997).

Nesta pesquisa, desvio de tempo é definido como a diferença do prazo do término do

empreendimento em relação ao inicialmente definido no contrato.

Os desvios de prazos em empreendimentos de construção são críticos (TUMI et al. 2009)

e, em alguns casos, eles provocam o aumento dos custos globais através da extensão do período de

construção, inclusive, por problemas de inflação na economia (RAMANATHAN et al. 2012). Uma

análise das responsabilidades das causas de atraso também sugere que é necessário um esforço

conjunto focado no trabalho em equipe para minimizar esse problema (ABD EL-RAZEK et al.

2008).

A insuficiência de tempo para a elaboração do projeto é uma das questões mais recorrentes

e pode causar desvios de custos e prazos na fase da construção (KOUSHKI et al. 2005), ao longo

da qual muitos fatores anteriormente imprevistos se evidenciam (CHAN; KUMARASWAMY,

1997). Em muitos casos, as partes interessadas no empreendimento envolvem-se em reivindicações

contratuais prolongadas e disputas que levam a ações judiciais (REN et al. 2008 & ALAGHBARI

et al. 2007) o que prejudica a viabilidade do empreendimento para os proprietários, retarda o

desenvolvimento setorial (ODEH; BATTAINEH, 2002) e tornam-se onerosos tanto para o

proprietário como para o construtor (MURRAY; SEIF, 2013; HAQ; ASLAM, 2013).

Contudo, os atrasos nem sempre são provenientes de uma única origem, frequentemente

se desenvolvem lentamente no decorrer dos trabalhos (AHMED et al. 2003). Por exemplo, alguns

autores ressaltam que a construtora pode influenciar diretamente a ocorrência de desvios de prazos

e custos (WANG; YUAN, 2011). Outros relativizam a responsabilidade da construtora, pois é de

conhecimento que nem sempre os problemas decorrentes nos empreendimentos são de sua

exclusiva responsabilidade (OGUNLANA; OLOMOLAIYE, 1989). Entretanto, a identificação dos

fatores é sempre fundamental para a resolução do problema.

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25

2.2.2.5.3 Principais categorias da RSL

A partir das 92 pesquisas da RSL, 6 delas apresentaram propostas de categorizações e

fatores causadores de desvios de prazos e custos (LONG et al., 2004; ASSAF et al., 1995; LE-

HOAI et al., 2008; NUTAKOR, 2007; GONZÁLEZ et al., 2013; SUGIHARTO; HAMPSON,

2003) que são descritas na forma de seus determinantes.

Long et al. (2004):

Financiador (fundos do empreendimento);

Proprietário (liderança, responsabilidade, processo de licitação);

Construtor (experiência, gerenciamento, produtividade);

Consultor (experiência, assistência no projeto e no empreendimento);

Atributos do projeto (escopo do projeto ambíguo, omissões e erros);

Coordenação (comunicação e compreensão);

Ambiental (efeitos climáticos e condições do solo).

Assaf et al. (1995):

Financiamento (fundos para o empreendimento);

Alterações (estudo de viabilidade e análise do empreendimento);

Planejamento e cronograma (cronograma e aprovação de recursos e demais

requisitos);

Mão de obra (nacionalidade dos trabalhadores, demanda e qualificação);

Material (especificações, aquisição e armazenamento);

Ambiental (efeitos climáticos, sociais e culturais);

Relações governamentais (permissões, burocracia e regulamentos).

Le-Hoai et al. (2008):

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26

Proprietário (pagamentos e dificuldades financeiras);

Construtor (fundos, gerenciamento e experiência);

Consultor (experiência, assistência no projeto e no empreendimento);

Projeto (alterações);

Material/trabalho (aquisição e habilidade dos trabalhadores);

Externo (condições climáticas e regulamentações ambientais).

Nutakor (2007):

Definição do escopo (diferença de opiniões, definição de responsabilidades, riscos),

Reivindicações e pleitos contratuais (magnitude e gestão das alterações);

Riscos de contrato (diferenças na interpretação);

Questões de gestão de riscos (experiência, avaliação das dificuldades do trabalho);

Condições do mercado (baixos níveis salariais e avaliação da mão de obra);

Processos de licitação (requisições para a licitação e omissões neste processo).

González et al. (2013):

Projeto (concepção e documentação);

Planejamento (programação e planejamento);

Subempreiteiros (produtividade e coordenação);

Execução do trabalho (produtividade e métodos implementados);

Material e equipamento (provisionamento);

Clima (condições climáticas).

Sugiharto; Hampson (2003):

Projeto e documentação (concepção, qualidade na documentação apresentada,

especificações e revisão do projeto);

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27

Profissional de gerenciamento (planejamento, cronograma e coordenação);

Pessoas (habilidades e inspeção);

Execução (métodos implementados, equipamento e horas extras);

Material (qualidade, manuseio, provisionamento e armazenamento);

Externo (Condições climáticas e do solo).

Pode-se perceber que as terminologias e conceitos utilizados nestas 6 pesquisas foram

diversificadas e heterogenias. Este fato que exigiu uma análise detalhada sobre os entendimentos

de cada autor e uma decorrente proposta de homogeneização para fins de consolidação da

terminologia nesta pesquisa. A contribuição de categorizações e respetivos fatores é apresentada

mais à frente neste artigo.

2.2.3. Disseminação e relatório

Nesta fase, descreve-se a parte final da RSL, os resultados obtidos e a divulgação dos

mesmos para potencias interessados, (KITCHENHAM, 2007).

2.2.3.1. Especificação da estratégia da disseminação

Os principais periódicos do referencial teórico são apresentados no Quadro 3

acompanhadas das quantidades de pesquisas e dos autores. Observa-se que o maior número de

periódicos está relacionado com gerenciamento de projetos de construção civil.

A partir de então, elaborou-se uma síntese narrativa das 92 pesquisas, que buscou reunir

os principais resultados dos estudos incluídos na RSL (PETTICREW 2009). Com a visão de síntese

destas pesquisas, buscou-se a análise das causas de desvios de custos e prazos e foi proposta uma

estrutura de categorização para os fatores de influência.

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28

Quadro 3: Análise das pesquisas de acordo com a fonte, autores e ano de publicação

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

20 International Journal of

Project Management

Akintoye; MacLeod (1997);

Al-Momani (2000); Arditi et

al. (1985); Assaf; Al-Hejji

(2006); Chan;

Kumaraswamy (1997);

Doloi et al. (2012);

Fallahnejad (2013);

Frimpong et al. (2003); Iyer;

Jha (2005); Kaliba et al.

(2009); Kaming, Peter et al.

(1997b); M Dlakwa; F

Culpin (1990); Manavazhi;

Adhikari (2002); Mansfield

et al. (1994); Odeh;

Battaineh (2002); Ogunlana

et al. (1996); Sambasivan;

Soon (2007); Sweis et al.

(2008); Wang; Yuan (2011);

Zou et al. (2007)

9

Journal of Construction

Engineering and

Management

Abd El-Razek et al. (2008);

Elinwa; Buba (1993);

González et al. (2013); Iyer;

Jha (2006); Lo et al. (2006);

Love et al. (2010); Okpala;

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29

Aniekwu (1988); Rosenfeld

(2014); Semple et al. (1994)

3 Journal of Management in

Engineering

Assaf et al. (1995);

Mahamid et al. (2012);

Shane et al. (2009)

3 Construction Management

and Economics

Kaming, Peter . et al.

(1997a); Koushki et al.

(2005); Olawale; Sun (2010)

3 Procedia Engineering

Hamzah et al. (2011);

Orangi et al. (2011);

Soekiman et al. (2011)

3

Journal of Financial

Management of Property

and Construction

Dominic; Smith (2014);

Shehu et al. (2014); Adnan

et al. (2009)

2

Australasian Journal of

Construction Economics and

Building

Fugar; Agyakwah-Baah,

(2010); Mahamid (2013)

2

Engineering, Construction

and Architectural

Management

Alaghbari et al. (2007);

Koushki; Kartam (2004)

2 Journal of Engineering,

Design and Technology

Mañelele; Muya (2008);

Oladapo (2007)

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30

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

2 Building and Environment

Chan; Kumaraswamy

(1996); Ogunlana;

Olomolaiye (1989)

2 Alexandria Engineering

Journal

Aziz (2013b); Aziz (2013a)

2 KSCE Journal of Civil

Engineering

Le-Hoai et al. (2008);

Ribeiro et al. (2013)

1 Automation in Construction Josephson; Hammarlund

(1999)

1 Australian Journal of Basic

and Applied Sciences

Jahanger (2013)

1 Built Environment Project

and Asset Management Park; Papadopoulou (2012)

1

Cost Engineering

(Morgantown, West

Virginia)

Nutakor (2007)

1

European Journal of Civil

Engineering and

Architecture

Murray; Seif (2013)

1 Habitat International Hwang et al. (2013)

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31

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

1 Humanity & Social Sciences

Journal Haq; Aslam (2013)

2 International Journal of

Construction Management

Enshassi et al. (2010b);

Muya et al. (2013);

1 International Journal of

Engineering and Technology Pourrostam; Ismail (2012)

1 International Journal of

Project Management Long et al. (2004)

1

International Journal of

Sustainable Construction

Engineering and Technology

Memon et al. (2011)

1 Journal of Civil Engineering

and Management Enshassi et al. (2010a)

1 Journal of Civil &

Environmental Engineering Ahomidan (2013)

1 Journal of Applied Sciences Rahman et al. (2013a)

1

Journal of Advanced

Research

Marzouk; El-Rasas (2014)

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32

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

1 Journal of Mechanical and

Civil Engineering

Najafabadi; Pimplikar

(2013)

1 Journal of Urban Planning

and Development Lee (2008)

1

Journal of the South African

Institution of Civil

Engineering

Kamanga; Steyn (2013)

1 Modern Applied Science Rahman et al. (2013b)

1 Science and Technology

Foundation, in Portuguese Couto (2006)

1 Structural Survey Kadir et al. (2005)

1 Transportation Makovšek et al. (2012)

4 Thesis

Al-Najjar (2008); Creedy

(2006); Nega (2008);

Roachanakanan (2005)

2

ARCOM 2010 Proceedings

of the 26th Annual

Conference

Motaleb; Kishk (2010);

Sunday (2010)

1

An Empirical Study. ASC

Proceedings of the 39th

Annual Conference

Ahmed et al. (2003)

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33

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

1

Proceedings from the

International Conference on

Advances in Engineering

and Technology

Alinaitwe et al. (2006)

1

CME 25 Conference

construction management

and economics "past,

present and future"

Pires et al. (2007)

1 National Postgraduate

Conference (NPC), 2011 Potty et al. (2011)

1

2012 IEEE Colloquium on

Humanities, Science and

Engineering (CHUSER)

Rahman et al. (2012)

1

The IEEE International

Conference On Industrial

Engineering And

Engineering Management

Ramanathan et al. (2011)

1

ARCOM 2008 Proceedings

of the 24th Annual Arcom

Conference

Ren et al. (2008)

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34

Nº de trabalhos Título de jornal,

conferência

Autores e ano de

publicação

1

Proceedings The 9th East

Asia-Pacific Conference on

Structural Engineering and

Construction.

Sugiharto; Hampson (2003)

1

4th transportation specially

conference of the Canadian

Society for civil

Engineering, Montreal,

Quebec

Vidalis; Najafi (2002)

1

ARCOM 2005 - Proceedings

of the 21st Annual

Conference.

Wiguna; Scott (2005)

Fonte: Autores

2.2.3.2. Principal relatório de RSL

Neste estágio, procurou-se extrair os principais resultados primários dos estudos

identificados na RSL. Primeiro, foi necessário definir os termos utilizados para o agrupamento dos

resultados. Posteriormente, cada agrupamento de fatores compôs uma categoria, a qual caracteriza

e identifica os problemas mais predominantes nela.

2.2.3.2.1 Principais resultados da RSL

A RSL gerou uma matriz que contém uma grande quantidade de informações sobre as

pesquisas selecionadas. A seguir, são apresentados quatro resultados provenientes da organização

e análise dessas informações. O primeiro é a proposta da classificação das categorias e

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determinantes para posterior agrupamento dos fatores. O segundo é o próprio agrupamento dos

fatores nas categorias propostas. O terceiro é a análise da distribuição dessas categorias, de acordo

com a quantidade de fatores apresentados.

a) Proposta da classificação das categorias

A proposta da classificação das categorias, partiu da identificação das categorias propostas

por outros autores (item.2.2.2.5.3). Assim, foi elaborado o Quadro 4 que apresenta 9 categorias

propostas e os respectivos determinantes, os quais proporcionaram o agrupamento dos fatores a

partir da síntese da RSL. Os determinantes representam um grupo de causas dentro de um mesmo

contexto. Por exemplo, o contexto que une a categoria “gerenciamento” pode estar representado

por atrasos na entrega do material, planejamento inadequado da obra, cronograma inadequado,

entre outros. Dada a complexidade de análise, as categorias não levaram em consideração as

responsabilidades dos diferentes agentes nas causas determinantes.

A categorização proposta nesta pesquisa agrupou as causas apresentadas a partir de

estudos individuais e proporcionou uma nova classificação a partir da síntese destes, que poderá

facilitar a análise dos fatores que influenciam os desvios de custos e prazos em empreendimentos

do setor.

Quadro 4: Categorias de agrupamento dos fatores de desvios de custos e prazos na construção

civil

Categorias Determinantes

1. Gerenciamento Fatores relacionados com o gerenciamento, planejamento,

cronograma e recursos de materiais no empreendimento.

2. Contratos Fatores relacionados com obrigações e imposições contratuais.

3. Financiamento Fatores relacionados ao financiamento do empreendimento.

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36

4. Atividades e

equipamentos

Fatores relacionados ao desempenho, habilidades da mão de

obra, instruções do trabalho, métodos de construção,

ferramentas e equipamentos.

5. Projeto e

documentação

Fatores relacionados à qualidade do projeto.

6. Organização Fatores relacionados com a supervisão, comunicação,

coordenação do trabalho.

7. Alterações de escopo Fatores relacionados ao retrabalho, ordens de variação e

alteração do escopo inicial.

8. Relações

governamentais

Fatores relacionados com licenças, leis, procedimentos

burocráticos governamentais.

9. Aspectos ambientais

e econômicos

Fatores relacionados aos efeitos sociais, ambientais e

econômicos.

Fonte: autor

b) Agrupamento dos fatores nas categorias

Para as 9 categorias propostas, foram distribuídos 697 fatores de acordo com os

respectivos determinantes (Quadro 5). Por existirem fatores que podem receber diferentes

terminologias nas diferentes pesquisas identificadas na RSL, os mesmos foram estratificados como

forma de homogeneizar e melhor agrupar os fatores dentro das categorias. Como exemplo, na

pesquisa de Murray; Seif (2013) um dos fatores críticos é a “pouca experiência do contratante”.

Por outro lado, Odeh; Battaineh (2002) referem-se à “inadequada experiência do contratante”,

sugerindo o mesmo significado de Murray; Seif (2002). Portanto, levando-se em consideração estes

autores e outros que se referem a este mesmo fator, o mesmo está apresentado no Quadro 5 na

categoria “Atividades e Equipamentos” como “Falta de habilidade e experiência da construtora e

da mão de obra, falta de trabalhadores qualificados no mercado local”. Sendo assim, as

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nomenclaturas adotadas após a estratificação e homogeneização dão ênfase ao conjunto de fatores

agrupados, reduzindo-se o número de fatores de 697 para 95. É importante ressaltar que algumas

categorias poderiam ter sido aglutinadas dentro de outras. No entanto, os autores optaram por

manter a proposta de categorização a mais próxima possível dos padrões identificados no corpo de

literatura estudado. A descrição de cada fator se encontra no Apêndice 1.

Quadro 5: 9 Categorias e respectivos 95 fatores responsáveis por desvios de prazos e custos em

empreendimentos da construção civil e quantidade de citações de cada fator

P- Influência no prazo; C- Influência no custo; P/C - Influência no prazo e custo; NC – Não

classificado e a numeração que representa a quantidade repetida do fator em cada categoria.

1. GERENCIAMENTO – 26 agrupamentos de 257 fatores citados

Falta de controle de tempo e dos custos de insumos. (C) - 1

Falta de planejamento e controle de custos no pré e no pós-contrato. (C) -2

Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a realização de trabalhos específicos.

(P/C) - 2

Falta de uso de gerenciamento da técnica análise do valor agregado. (C) – 1

Gerenciamento insuficiente do contrato. (P/C) - 3

Gerenciamento precário do empreendimento. (P/C) - 40

Número insuficiente de encarregados para supervisão e lentidão dos serviços. (P) - 1

Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento. (P/C) -

24

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos necessários para o

empreendimento. (P/C) - 9

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38

Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão. (P/C) – 14

Atraso na entrega do material na obra, problemas com o planejamento da entrega do material

na obra. (P/C) - 16

Cartelização de material atribuída a determinados fornecedores. (C) - 3

Escassez de material com qualidade aceitável, material inadequado, pouca oferta do material,

atraso na aquisição do material importado. (P/C) - 46

Estimativa incorreta do material. (C) - 4

Falta de conhecimento em relação às disponibilidades de materiais e equipamentos pelos

consultores. (P) - 2

Incremento de preço do material. (P/C) - 25

Uso de especificações inadequadas por consultores internacionais. (NC) – 1

Alteração do cronograma pelo proprietário/cliente. (P/C) - 9

Atraso na aquisição de terrenos e propriedades. (P/C) - 2

Atrasos no procedimento da execução do empreendimento. (P) - 9

Falta de comprometimento com o escopo geral do empreendimento. (P) - 1

Falta de métodos de supervisão, falta e/ou incapacidade de encarregados de supervisão. (P/C)

- 10

Planejamento e cronograma inadequados. (P/C) - 20

Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por problemas de qualidade. (P/C) - 2

Planejamento precário da logística para alocação de recursos. (P/C) - 6

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Poucas frentes de serviços e preparação insuficiente de tarefas. (P/C) – 4

2. CONTRATOS – 13 agrupamentos de 28 fatores citados

Burocracia excessiva na organização do empreendimento causadas pelo proprietário. (P) - 1

Competição muito acirrada na fase de licitação. (P/C) - 3

Conflitos entre os participantes pelos documentos do contrato. (P/C) - 2

Duração irreal do contrato imposto pelo proprietário/cliente. (P/C) - 4

Falta de envolvimento do usuário final. (C) - 1

Falta de obtenção de seguro da obra. (NC) - 1

Imposição pela construtora de técnicas construtivas a serem utilizados no próprio contrato. (P)

- 1

Modificações e alterações do contrato, questões de permissões legais e aquisições, aumento

do valor do contrato em relação ao inicialmente previsto. (P/C) - 6

Políticas internas (no âmbito do proprietário/cliente). (NC) - 1

Preço baixo de contratação. (P/C) - 2

Riscos contratuais. (P/C) - 2

Subestimação do prazo para execução do empreendimento pela construtora. (P) - 1

Tempo insuficiente para a preparação dos documentos do empreendimento. (P/C) – 3

3. FINANCIAMENTO – 6 agrupamentos de 78 fatores citados

Atrasos no pagamento à construtora. (P/C) - 11

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40

Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos. (C) - 1

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas agências financiadoras. (P/C) - 11

Dificuldades na quitação de financiamentos pelas construtoras. (P/C) - 1

Forma de pagamento apenas após o escopo completo do trabalho. (P/C) - 12

Problemas com o fluxo de caixa. (P/C) - 7

Problemas financeiros. (P/C) – 35

4. ATIVIDADES E EQUIPAMENTOS – 13 agrupamentos de 102 fatores citados

Abstinência da mão de obra. (P/C) - 3

Atenção deficiente às técnicas de segurança e saúde do trabalho. (P/C) - 2

Baixa produtividade da mão de obra. (P/C) – 9

Indisponibilidade da mão de obra em certas regiões. (P) - 2

Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados. (P/C) - 22

Erros e problemas de qualidade durante a construção. (P/C) - 8

Falta de mão de obra em geral. (P/C) – 16

Falta de habilidade e experiência da construtora e da mão de obra. (P/C) - 26

Greves no trabalho (no canteiro de obras). (P) – 2

Indisciplina no trabalho e uso abusivo de álcool e drogas. (NC) - 1

Método inadequado de construção, uso não efetivo de informação tecnológica. (P/C) - 5

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e complexidade do projeto. (C) - 2

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41

Preços elevados dos serviços de construção, custos de construção e projeto subestimados

(C)– 4

5. PROJETO E DOCUMENTAÇÃO – 7 agrupamentos de 71 fatores citados

Alteração do projeto. (P/C) - 21

Atraso na aprovação do projeto. (P/C) - 8

Atraso na elaboração do projeto. (C) - 1

Conflitos entre o arquiteto e os demais representantes das diferentes disciplinas do projeto. (P)

- 3

Defeitos, erros e omissões no projeto. (P/C) - 34

Soluções inadequadas do projeto. (P/C) - 1

Tentativas de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase de

construção. (P/C) – 3

6. ORGANIZAÇÃO – 5 agrupamentos de 35 fatores citados

Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre diferentes subempreiteiros na

execução do empreendimento. (P) - 10

Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e negociações de adversidade.

(P/C) - 5

Consequências negativas de decisões tomadas. (NC) - 1

Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada. (P/C) - 17

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42

Relacionamento entre os trabalhadores e o gerente do empreendimento. (C) – 2

7. ALTERAÇÕES DE ESCOPO – 4 agrupamentos de 43 fatores citados

Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do escopo do

empreendimento, alteração de interesses e requisitos. (P/C) - 17

Variações frequentes. (P/C) - 15

Retrabalhos. (P/C) - 8

Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento. (P/C) – 3

8. RELAÇÕES GOVERNAMENTAIS – 7 agrupamentos de 14 fatores citados

Alteração de regras governamentais. (P) - 4

Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o empreendimento. (P/C) - 1

Burocracia no processo de licitação. (C) - 1

Insegurança política. (P/C) - 2

Pressão do governo local, situação política, obtenção de permissões governamentais legais

para a construção. (P/C) -4

Alterações de câmbio da moeda. (C) – 1

Força maior. (C) – 1

9. ASPECTOS AMBIENTAIS E ECONÔMICOS – 14 agrupamentos de 69 fatores

citados

Acidentes durante a construção. (P) - 1

Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas que são necessárias para o

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empreendimento devido às condições de transporte no País. (P) - 2

Cartéis de fornecimento do material no âmbito interno do País. (P/C) - 2

Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas, problemas ambientais. (P/C) - 15

Condições e investigações inadequadas do solo. (P/C) - 14

Desastres naturais. (P) - 1

Efeitos sociais, culturais, históricos e ambientais. (P/C) - 3

Falta de condições de segurança e problemas ambientais na construção. (NC) - 1

Fronteiras fechadas. (P) - 3

Greves (no país). (P/C) - 3

Inflação. (P/C) – 7

Práticas fraudulentas. (C) - 1

Problemas econômicos e ambientais. (P) - 2

Questões tecnológicas e sociais, socioeconômicas e ambientais. (P/C) – 14

Fonte: Autor

De acordo com o Quadro 5, observa-se que 60% dos fatores apresentados influenciam

desvios tanto de prazo como de custo (P/C). Em seguida, 18% dos fatores apresentados

influenciaram desvios no prazo (P), e 16% no custo (C). Apenas 6% correspondentes aos fatores

que não foram classificados em relação aos desvios, considerados na pesquisa como (NC).

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44

c) Análise da distribuição das categorias, de acordo com a quantidade de fatores

apresentados

A Gráfico 3 apresenta uma síntese em percentagem fatores responsáveis pelos desvios em

cada uma das 9 categorias. A distribuição partiu dos 697 fatores obtidos na literatura pois

representavam a quantidade correta. Assim as percentagens apresentadas no Gráfico 3 representam

a quantidade dos fatores em cada categoria sem considerar a estratificação dos mesmos.

Gráfico 3: Quantidade (%) de 697 fatores responsáveis por desvios de custos e prazos em cada

uma das categorias

Fonte: Autor

2.2.3.3. Avaliação de relatórios de revisão sistemática

Com base no Gráfico 3, observa-se que alguns aspectos merecem reflexão. A categoria de

“Gerenciamento” apresentou a maior quantidade de fatores. Os fatores apresentados nesta categoria

em sua maioria estão correlacionados aos demais fatores das diferentes categorias. Esta é uma

questão de grande complexidade nos empreendimentos, uma vez que abarca a interação de todas

as partes interessadas do empreendimento. Além disso, a categoria “Gerenciamento” influencia

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45

todas as demais categorizações em termos de coordenação e tomadas de decisão. Na categoria

“Atividades e equipamentos”, com menor incidência de fatores responsáveis pelos desvios do que

a de “Gerenciamento”, foi frequente a menção a aspectos como, escassez e falta de qualificação de

mão de obra, equipamentos precários e em quantidade insuficiente, problemas com qualidade e

consequente retrabalho, entre outros. As categorias de “Financiamento”, “Aspectos ambientais e

econômicos” e “Projeto e documentação”, também seguem apresentando relevância. Fatores

relacionados a provisionamento de recursos financeiros necessitam maior atenção, devido a

problemas de escassez e indisponibilidade de recursos. Por exemplo, em relação aos recursos

financeiros, os fatores mais frequentes são a forma de pagamento apenas após o escopo completo,

dificuldades na quitação de financiamentos pelas construtoras, e dificuldades e habilidades

financeiras precárias do proprietário. Em relação à categoria “Aspectos ambientais e econômicos”,

a falta de uma investigação mais aprofundada do solo, a falta de uma previsão das condições

climáticas e as condições socioeconômicas são os fatores mais decorrentes nos empreendimentos.

Erros e omissões e a qualidade do projeto foram os fatores mais citados na categoria “Projeto e

documentação”. Como consequência dos problemas do processo de projeto, tem-se as alterações e

aumento do escopo do empreendimento, na forma de trabalhos adicionais.

Por último, as categorias “Organização”, “Contratos” e “Relações governamentais”,

apresentam fatores menos frequentes nos empreendimentos. Os problemas mais comuns na

“Organização” são falta de coordenação de diferentes tarefas entre diferentes subempreiteiros, falta

de conhecimento e experiência em relação ao empreendimento e má liderança. Entretanto, na

categoria de “Contratos” e “Relações governamentais”, fatores como a duração e valor irreal, a

pressão do governo e situação política de um país, bem como a obtenção de permissões legais e

alteração de regras governamentais, foram os mais citados para ocorrência de desvios de custos e

prazos em empreendimentos.

2.2.3.4. Obtenção da evidência na prática

A contribuição principal da RSL foi sintetizar os argumentos teóricos e os resultados de

um bloco multifacetado de literatura, composto de 92 estudos primários no tema desvios de custos

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e prazos em empreendimentos da construção civil. Com base na RSL, propuseram-se 9 categorias:

(1) gerenciamento; (2) contratos; (3) financiamento; (4) atividades e equipamentos; (5) projeto e

documentação; (6) organização; (7) alterações de escopo; (8) relações governamentais e (9)

aspectos ambientais e econômicos. Dentro destas categorias, foram distribuídos, respectivamente,

95 fatores que influenciam os desvios em empreendimentos da construção civil. Os fatores tiveram

que ser estratificados a partir dos seus significados nos estudos primários levantados, uma vez que

houve diversidade de uso de terminologias pelos diferentes autores, constituindo-se em uma

contribuição adicional desta pesquisa para alinhamento de terminologia dentro da temática.

Com base apenas nos poucos estudos nacionais considerados na pesquisa, há evidências

contrastantes que merecem reflexão. A categoria “Contratos” apresentou menor quantidade de

fatores no corpo de pesquisas consultadas quando comparada ao contexto brasileiro, isoladamente

(RICARDINO, 2013). Conforme este autor, o risco associado à formação de preço decorre da

qualidade da informação disponível em relação ao escopo de trabalho a ser executado,

especialmente em contratos por preço global. Assim, especificações detalhadas sobre o produto

tendem a ocasionar menores desvios esperados sobre o orçamento de referência. Por outro lado, os

contratos são celebrados em fases iniciais do ciclo de vida dos empreendimentos, onde há grandes

incertezas e precariedade de informação, fato que pode explicar a ocorrência frequente de

alterações de escopo nos empreendimentos do setor.

Conforme a RSL, a temática desvios de custos e prazos em empreendimentos da

construção civil continua recebendo atenção da comunidade científica global, o que nos remete à

constatação de que este problema ainda é recorrente e desafiador em nosso setor. Especificamente

em Moçambique e no Brasil, não foram encontrados estudos primários com o devido rigor

científico nesta temática. A proposta de categorização e levantamento sistematizado de fatores

oferecidos nesta pesquisa pode auxiliar a diagnosticar aqueles mais relevantes caso a caso, servindo

de base para a adoção de estratégias de tomada de decisão visando à maior conformidade de custos

e prazos inicialmente planejados.

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Assim, a síntese obtida a partir das fontes primárias analisadas oferece uma perspectiva

nova e mais detalhada sobre o assunto, a qual não seria possível de ser obtida a partir dos resultados

isolados de cada uma destas pesquisas. O resultado da RSL pode ser utilizado para várias situações

em diversas pesquisas, desde que a avaliação e o tratamento dos dados sejam realizados dentro do

contexto pelo qual a pesquisa foi efetuada.

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3. MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo é descrito o método de pesquisa do trabalho. O referencial teórico que

serviu como base para a elaboração do instrumento de dados foi criado por meio da RSL, conforme

o capítulo 2. Assim, neste capítulo é particularmente abordada a estratégia de survey

(levantamento), e mais especificamente seus elementos constituintes, quais sejam, a população

alvo para a coleta de dados em Moçambique, o desenvolvimento do pré-teste para validação do

questionário final, a elaboração do questionário final e o tratamento estatístico utilizado.

3.1. Estratégia da pesquisa

A estratégia de pesquisa define o meio pelo qual o estudo é realizado. Assim, porque se

procura adquirir conhecimentos e compreender a percepção de pessoas para um determinado

assunto, adotou-se o método Survey. Este método é apropriado quando se deseja responder uma

determinada questão como “o quê, por que, como e quanto” e se tem interesse por algo que está

acontecendo quer seja no presente ou no passado recente, (FREITAS et. al, 2000). O método Survey

é descrito nos itens abaixo.

3.1.1 Survey

A Survey é um tipo de pesquisa quantitativa, definida por Figueiredo (2004) como a

obtenção de informações quanto à prevalência, distribuição e inter-relação de variáveis no âmbito

de uma população. A aplicação de Survey exige conhecimento por parte do pesquisador sobre o

assunto a ser estudado, (MARTINS; FERREIRA, 2011). É um método que tem como principais

bases para a sua elaboração a parte explanatória, exploratória e descritiva. Conforme a descrição

abaixo.

3.1.2 Pesquisa Explanatória ou explicativa

A pesquisa explanatória ou explicativa tem como objetivo, explicar a razão para a

ocorrência de um determinado fenômeno por forma a adquirir conhecimento sobre ele. Neste tipo

de pesquisa, identificam-se as variáveis, a relação de dependência entre elas e as interferências na

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50

realidade. A pesquisa explicativa exige maior investimento em síntese, teorização e reflexão a

partir do objeto de estudo, de modo que o porquê do fenômeno seja explicado.

3.7.1 Pesquisa Exploratória

Considera-se pesquisa exploratória quando envolve levantamento bibliográfico e

entrevistas com pessoas que têm experiências práticas sobre o assunto a ser pesquisado. Tem como

finalidade a familiarização com o fenômeno que está sendo investigado, por meio de refinação de

conceitos, definição de questões e hipóteses para tornar as investigações subsequentes mais

precisas e compreensíveis. Esse tipo de pesquisa permite que o pesquisador escolha as técnicas

mais adequadas e questões que mais necessitam de atenção e investigação detalhada de forma

holística.

3.1.4 Pesquisa Descritiva

A pesquisa descritiva tem como objetivo observar, analisar, registrar e interpretar um

determinado fenômeno. O questionário é um dos instrumentos de coleta de dados mais utilizados

para este tipo de pesquisa. Entretanto, é importante que seja efetuada uma análise sobre o

questionário para se chegar a uma determinada conclusão sobre o fenômeno. Esse tipo de pesquisa

estabelece relação entre as variáveis no objeto de estudo analisado para uma posterior determinação

dos efeitos resultantes.

3.1.5 Desenvolvimento da Survey

Para a realização da Survey, foi necessário efetuar RSL. A RSL, auxiliou na busca de

conhecimento, estrutura e ideologia do meio pesquisado para elaboração de um instrumento de

coleta de dados que satisfizesse as necessidades do objetivo da pesquisa.

Com base no conhecimento adquirido através da RSL e com a proposta da categorização

e estratificação dos fatores, preparou-se um instrumento de coleta de dados “pré-teste” eficaz em

termos de tempo, custo e rentabilidade e com capacidade de trazer informações desejadas. O

principal objetivo do pré-teste foi a validação do questionário final, por meio da compreensão das

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perguntas pelos respondentes, a aceitação do questionário a partir da quantidade do retorno, o ajuste

de acordo com as sugestões dos respondentes e a aplicabilidade do mesmo.

Antes do envio do pré-teste e também do questionário final, foi mantido um contato

durante 3 meses por meio de troca de e-mails com as empresas. Esse contato fez com que as

empresas se familiarizassem com o assunto e visou garantir um maior percentual de retornos dos

respondentes durante a coleta de dados.

As análises do Survey foram obtidas com auxílio do pessoal qualificado na área de

estatística. Os resultados permitiram a hierarquização dos fatores em relação a sua relevância

(frequência) e também na realização de diretrizes a serem aplicadas no subsetor de construção civil

moçambicano, que podem ser validadas através de estudos de pré aplicação.

3.2. Descrição da amostra

A pesquisa foi desenvolvida em Moçambique. Foi inicialmente escolhido o tipo de

construtoras onde o questionário iria ser aplicado que pudessem representar e validar os resultados

para uma população maior. As construtoras que efetuam obras de maior dimensão, onde há

necessidade de um gerenciamento mais estruturado constituíram o alvo principal. Entretanto outras

características das empresas também foram essenciais para determinar o tipo de amostra de acordo

com a descrição do perfil das construtoras moçambicanas.

3.2.1. Perfil de construtoras Moçambicanas

Em Moçambique existe o Ministério de Obras Públicas e Habitação (MOPH) criado em

1995 pelo Decreto Presidencial 8/95 de 26 dezembro. A este Ministério e às suas instituições

subordinadas, compete, a contratação e supervisão de obras públicas, a promoção da construção de

habitações e a promoção do desenvolvimento do setor da construção.

Desde a criação do MOPH, um conjunto de instrumentos legais tem sido introduzido para

regulamentar o licenciamento de construtoras em relação as empreitadas. Abaixo seguem os

principais requisitos para uma construtora:

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a) As construtoras precisam estar licenciadas pelo MOPH. A atividade de empreiteiro pode

ser exercida por sociedades comerciais ou por empresas em nome individual, sob condição

de a empresa ter o respetivo alvará.

b) As construtoras podem ser consideradas nacionais ou estrangeiros para fins de

licenciamento e de participação em concursos. No entanto para ser considerada nacional,

uma construtora deverá:

Pertencer a um cidadão moçambicano, ou a um cidadão estrangeiro que resida

continuamente em Moçambique há pelo menos dez anos, no caso de empresas em

nome individual;

Ter pelo menos 50% do capital social da empresa detido por cidadãos

moçambicanos.

c) As construtoras precisam adquirir uma licença para exercitar as suas funções através do

alvará concedido pelo MOPH que é válido por 24 meses. Os alvarás são categorizados e

classificados de acordo com o Quadro 6.

Quadro 6: Categorização dos Alvarás

Categoria/ Setor Subcategorias / Subsetor

I – Edifícios e Monumentos

1. Edifícios

2. Monumentos

3. Estruturas de concreto armado e protendido

4. Estruturas metálicas

5. Demolições

6. Trabalhos de cofragem

7. Caixilharias metálicas e vidros

8. Pinturas e outros revestimentos correntes

9. Limpeza e conservação de edifícios

10. Pré-fabricação e montagem de edifícios

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11. Colocação de concretos por processos especiais

12. Isolamento e impermeabilização

13. Instalações de iluminação

14. Infraestrutura de água e esgotos

II – Obras hidráulicas

1. Hidráulica fluvial

2. Hidráulica marítima

3. Dragagens

4. Aproveitamentos hidráulicos

5. Dragagens

6. Equipamento hidromecânico (bombas, etc.)

7. Equipamento a incorporar em obras hidráulicas

8. Redes e canalização de águas e esgoto

III – Vias de Comunicação

1. Estradas

2. Caminhos de ferro

3. Aeródromos

4. Pontes metálicas

5. Pontes de concreto armado e protendido

6. Proteção e pintura de pontes

7. Pontes de alvenaria e cantaria

8. Pontes de madeira

9. Obras de arte não especiais

10. Sinalização e equipamento rodoviário

11. Sinalização e equipamento ferroviário

12. Sinalização

13. Túneis

IV – Obras de Urbanização

1. Arruamentos em zonas urbanas

2. Parques e ajardinamentos

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3. Canalizações de água e drenagens

4. Sinalização e equipamento

5. Terraplanagens

V - Instalações

1. Linhas de alta tensão

2. Redes de baixa tensão

3. Telecomunicações

4. Serviços eletrônicos de vigilância

5. Instalações de iluminação e serviços

6. Elevadores

7. Ventilação e condicionamento de ar

VI – Fundações e captações

de água

1. Sondagens geológicas e geotécnicas

2. Fundações de obras hidráulicas, incluindo injeções e

consolidações

3. Fundações especiais de pontes e edifícios

4. Estacas

5. Muros de suporte, incluindo injeções e consolidações

6. Furos de captação de águas

Fonte: MOPH

d) A inscrição numa categoria pode habilitar a construtora ao acesso automático a algumas

das subcategorias. Contudo, as construtoras não podem efetuar obras fora da categoria e

da classificação no alvará que os compete a não ser que seja permitido de forma explícita.

e) A inscrição na categoria automaticamente qualifica a construtora a participar em

concursos e executar obras dentro da categoria em que está inscrito, sempre que o valor

da obra for inferior ao limite da classe. Os valores que limitam as diferentes classes de

alvarás são apresentados no Quadro 7.

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55

Quadro 7: Valores limites para diferentes alvarás

Classe do alvará Limite superior de valor de

cada obra (em milhares de

meticais)

Capital mínimo da empresa

(em milhares de meticais)

1ª 350 20

2ª 850 50

3ª 2500 150

4ª 5000 500

5ª 15000 1500

6ª 50000 5000

7ª Mais de 50000 10000

Um real (R$) corresponde em média a 11,91 meticais (MZM) na data de 23-02-2015.

Fonte: MOPH

f) Para uma construtora ser elegível à concessão de alvará, deve preencher cumulativamente

os requisitos de idoneidade, capacidade técnica e capacidade financeira. Isto é então

confirmado pela apresentação de declarações assinadas pelos proprietários,

administradores e diretores da empresa dizendo que não se encontram em qualquer uma

das situações proibidas na lei, e pela obtenção de uma certidão de quitação do Ministério

das Finanças e do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). A capacidade técnica

avalia-se na base dos seguintes elementos:

Quadro técnico permanente;

Pessoal especializado e equipamento;

Tipo de organização e dimensão;

O portfólio de obras anteriores da empresa e o curriculum vitae dos técnicos.

g) As construtoras precisam ter um número suficiente de pessoal técnico sênior qualificado

para o tipo de alvará que pretendem obter. Este pessoal deve estar registrado no MOPH

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ou nas associações profissionais relevantes em Moçambique. Além disso, o requerente

deve apresentar uma descrição detalhada do equipamento da empresa, incluindo a sua

capacidade, potencial, a data de fabrico, condição operacional, localização, e a prova de

propriedade e registro. O Quadro 8, apresenta para cada tipo de alvará, o requisito mínimo

em relação ao pessoal técnico disponível.

Quadro 8: Quadro técnico para diferentes alvarás

Classe Quadro técnico permanente Diretor técnico

1ª 1 Construtor civil ou equiparado Construtor civil ou equiparado

2ª 1 Construtor civil ou equiparado com

mais de 5 anos de experiência

Construtor civil ou equiparado com

mais de 5 anos de experiência

3ª 1 Técnico médio de engenharia e 1

construtor civil

Técnico médio de engenharia

4ª 1 Engenheiro ou arquiteto e 1 técnico

médio de engenharia

Engenheiro, arquiteto ou técnico

médio de engenharia com mais de 5

anos de experiência

5ª 2 Engenheiros ou 1 engenheiro e 1

arquiteto ou 1 engenheiro e 2 técnicos

médios de engenharia

Engenheiro ou arquiteto com mais de

5 anos de experiência

6ª 3 Engenheiros e 1 técnico médio de

engenharia ou 2 engenheiros, 1 arquiteto

e 1 técnico médio de engenharia

Engenheiro ou arquiteto com mais de

5 anos de experiência

7ª 5 Engenheiros e 2 técnicos médios de

engenharia ou 3 engenheiros, 1 arquiteto

e 2 técnicos médios de engenharia com

mais de 5 anos de experiência

Engenheiro ou arquiteto com mais de

5 anos de experiência

Fonte: MOPH

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h) Os documentos dos concursos para obras públicas devem indicar de forma explícita as

categorias e classes dos alvarás exigidas para a admissão ao concurso. A falta de

cumprimento de quaisquer aspectos da legislação em relação ao licenciamento pode levar

a multas, suspensão ou cancelamento do alvará.

Com base nesta descrição dos alvarás, determinou-se que a pesquisa fosse desenvolvida

em construtoras com alvará de 5ª a 7ª classe no setor de edificações, por possuírem uma estrutura

de gestão mais desenvolvida em relação aos alvarás com níveis inferiores, pelo quadro técnico e

capital. Houve também interesse em estudar os problemas mais recorrentes no subsetor de

edificações que é de fácil acesso para à coleta de informação e por pertencer a maior parte dos

alvarás de 5ª a 7ª classe.

3.3. Pré-teste

O questionário é geralmente aplicado quando há necessidade de se obter opinião de um

grupo de pessoas para um determinado assunto. Esse método, em sua maioria necessita de uma

análise estatística para avaliação e obtenção de resultados e é visto como um instrumento bastante

vantajoso por reduzir custos e tempo na pesquisa, (MARTINS; RIBEIRO, 2011).

Na primeira fase, por se tratar de um pré-teste (Apêndice 2), o questionário foi elaborado

e aplicado apenas para 10 gestores de obras pertencentes a construtoras com alvará de 5ª a 7ª Classe

no subsetor de edificações da construção civil moçambicana. Entretanto, apesar do referencial

teórico não ter sido selecionado a partir do subsetor construtivo, esse aspecto garantiu que

determinados fatores que mais se destacam em outros tipos de obra fossem aplicados no subsetor

de edificações, garantindo um estudo mais amplo e assertivo.

O principal objetivo na realização do pré-teste foi caracterizar a amostra em relação à

frequência das respostas dadas e também através do nível de relação média observada de cada fator.

Foram aplicados os 95 fatores identificados na literatura (Quadro 5). O questionário foi elaborado

com níveis de importância da escala de Likert. A escala teve variação de frequências para cada

fator designadas “não é relevante, pouco relevante, moderadamente relevante, relevante e muito

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relevante”. Foi também estabelecida uma opção de escolha em relação ao desvio que o fator teria

causado em relação ao tempo ou custo.

A escala Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica usada habitualmente em

questionários e em pesquisas de opinião. Os entrevistados ao responderem a um questionário

baseado nesta escala, especificam seu nível de concordância com uma afirmação. Para esta escala,

foram adotados os números (0,1,2,3,4) correspondentes as categorias de “não relevante” á “muito

relevante”, e então calculada uma média ponderada.

3.4. Resultado do pré-teste

O pré-teste gerou dois resultados. O primeiro é a análise das categorias que mais se

destacaram em relação aos fatores com relevância média acima de 2.5. O segundo é a análise dos

fatores que irão compor o questionário final.

3.4.1. Classificação das categorias

Os dados do questionário foram descritivamente analisados. Apesar do pré-teste ter sido

aplicado para testar o instrumento de coleta de dados final, também permitiu avaliar outros aspectos

relativos a um conjunto de fatores relevantes pela sua frequência, (Quadro 9).

A análise foi efetuada com base na importância de cada fator de acordo com a frequência.

Assim, se todos os entrevistados respondessem “irrelevante” que é designado para o fator que é

menos frequente a relevância média seria de 0, e se todos responderem “muito relevante” para o

fator que ocorre mais frequentemente, a relevância média seria 4, do mesmo jeito para as outras

médias. Determinadas categorias apresentaram todos os fatores com relevância média maior que

3, e, em algumas categorias, a média relevante foi inferior a 1. A influência no custo e no tempo

foram também testados. A análise das categorias em relação a quantidade dos fatores apontados

como mais frequentes no pré-teste é apresentada no Gráfico 4. As médias relevantes de um fator

foram calculadas de acordo com os valores atribuídos pela escala de Likert. A análise descritiva

resultou em 56 fatores que demonstraram importância média igual ou superior a 2.5 que serão

aplicados no questionário final (Quadro 9).

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3.4.1. Classificação dos fatores

Apenas fatores que demonstraram relevância acima de 2.5 são apresentados no Quadro 9.

De 95 fatores aplicados no questionário, apenas 56 mais se destacaram. A partir do Gráfico 4,

observa-se que as categorias de “Gerenciamento” e “Contratos” apresentam a maior quantidade de

fatores. Entretanto, a categoria “Gerenciamento” influencia todas as demais categorizações em

termos de coordenação e tomadas de decisão. A contratação pelo valor mais baixo e processos de

licitação acirrados são bastante ressaltados na categoria de contratos. Isso leva-nos ao fato de que

determinados fatores não são comuns e não tem influência para a ocorrência de custos e prazos em

alguns Países, particularmente em Moçambique.

Seguindo raciocínio semelhante, verifica-se que as categorias de “Atividades e

equipamentos, Financiamento, Projeto e documentação, Alterações de escopo e Organização”,

também têm um forte impacto sobre os desvios. As categorias de “Relações governamentais e

Aspectos ambientais e econômicos” foram menos citadas. Fatores como, burocracias

governamentais e o problema de transporte no país que foram os mais citados trouxeram influências

negativas nos empreendimentos.

Gráfico 4: Análise das categorias em relação aos 56 fatores obtidos por meio do pré-teste

Fonte: Autor

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60

Quadro 9: Categorias (9) e respectivos fatores (56) por desvios de prazos e custos em empreendimentos do subsetor edificações da

construção civil moçambicana

I – Influencia; P- Influência no prazo; C- Influência no custo; P/C – Influência no prazo e custo; Nr – Não relevante, Pr – Pouco

relevante, Mor – Moderadamente relevante R – Relevante; Mr – Muito relevante; Rm – Relevância média.

Categorias Fatores Nr

(%)

Pr

(%)

Mor

(%)

R

(%)

Mr

(%)

Rm I

Aspectos

ambientais e

econômicos

Atraso na entrega de materiais, equipamentos e

ferramentas que são necessárias para o empreendimento

devido às condições de transporte no País.

0 0 40 20 40 3.0 P/C

Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas,

problemas ambientais

10 10 10 60 10 2.5 P/C

Inflação. 0 10 35 40 15 2.6 P/C

Atividades e

equipamentos

Baixa produtividade da mão de obra 0 10 40 30 20 2.6 P/C

Erros e problemas de qualidade durante a construção 0 0 50 30 20 2.7 P/C

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Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou

danificados

0 10 30 40 20 2.7 P/C

Falta de habilidade da mão de obra, falta de trabalhadores

qualificados no mercado local

0 0 60 10 30 2.7 P/C

Preços elevados dos serviços de construção, custos de

construção e projeto subestimados

0 10 30 50 10 2.6 P/C

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e

complexidade do projeto

0 10 20 60 10 2.7 P/C

Financiamento

Método de pagamento apenas após o escopo completo. 0 0 10 0 90 3.8 P/C

Custos diretos adicionados para aceleração dos trabalhos 0 0 20 40 40 3.2 P/C

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos

pelas agências financiadoras.

10 10 30 20 30 2.5 P/C

Atrasos no pagamento à construtora. 0 0 0 0 100 4 P/C

Problemas financeiros 0 10 10 20 70 3.6 P/C

Problemas com o fluxo de caixa. 0 0 10 20 70 3.6 P/C

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Projeto e

documentação

Projeto e documentação 0 0 11.1 44.4 44.4 3.3 P/C

Defeitos, erros e omissões no projeto. 0 11.1 11.1 11.1 66.7 3.3 P/C

Atraso na elaboração e aprovação do projeto 11.1 0 33.3 33.3 22.2 2.6 P/C

Conflitos entre o arquiteto e os demais representantes das

diferentes disciplinas do projeto.

0 22.2 22.2 33.3 22.2 2.6 P

Tentativa de modificações do projeto para o alcance do

padrão desejado durante a fase de construção

0 0 33.3 11.1 55.6 3.2 P

Gerenciamento

Gerenciamento precário do empreendimento 0 10 20 30 40 3.0 P/C

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos

necessários para o empreendimento

0 0 30 20 50 3.2 P/C

Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor

agregado.

10 0 20 20 50 3.0 P/C

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63

Falta de planejamento e controle de custos no pré e no

pós-contrato

0 10 10 20 60 3.3 P/C

Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a

realização de trabalhos específicos

0 10 20 30 40 3.0 P

Pouca comunicação e coordenação entre as equipes

envolvidas no empreendimento.

10 10 30 20 30 2.5 P/C

Processo lento das equipes envolvidas na tomada de

decisão

0 0 20 40 40 3.2 P

Falta de controle de tempo e dos custos de insumos. 0 10 10 10 70 3.4 P/C

Atraso na entrega do material na obra, problemas com o

planejamento da entrega do material na obra

0 0 10 20 70 3.6 P/C

Cartelização de material causada pelos fornecedores 0 0 10 60 30 3.2 P/C

Escassez de material com qualidade aceitável, material

inadequado, pouca oferta do material atraso na aquisição

do material importado

0 10 30 30 30 2.8 P/C

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Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais, falta de conhecimento em relação às

disponibilidades de materiais e equipamentos

10 0 20 10 60 3.1 P/C

Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais.

0 0 60 20 20 2.6 P/C

Alteração do cronograma 0 10 0 40 50 3.3 P/C

Falta de comprometimento com o escopo geral do

empreendimento

0 10 40 10 40 2.8 P/C

Falta de métodos de supervisão, 0 20 20 10 50 2.9 P

Interrupção no fluxo de construção do empreendimento

por problemas de qualidade.

0 10 10 60 20 2.9 P/C

Planejamento precário da logística para alocação de

recursos

0 20 20 30 30 2.7 P

Inadequado planejamento e cronograma. 0 22.2 0 11.1 66.7 3.2 P

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Organização

Conflito entre os participantes do empreendimento,

disputas e negociações de adversidade

0 20 20 40 20 2.6 P

Consequências negativas de decisões tomadas 0 0 30 60 10 2.8 P/C

Falta de conhecimento e experiência, liderança

inadequada.

0 0 20 30 50 3.3 P/C

Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas

entre diferentes subempreiteiros na execução do

empreendimento

0 0 40 0 60 3.2 P

Relações

governamentais

Burocracia no processo de licitação. 0 20 30 10 40 2.7 P/C

Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o

empreendimento.

10 10 30 20 30 2.5 P/C

Contratos

Competição muito acirrada na fase de licitação 0 0 10 60 30 3.2 P/C

Conflitos entre os participantes pelos documentos do

contrato

0 10 30 60 0 2.5 P

Duração irreal do contrato 20 10 10 10 50 2.6 P

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66

Imposição dos métodos de construção a serem utilizados

no próprio contrato

0 30 20 20 30 2.5 P/C

Preço baixo de contratação. 0 20 10 0 70 3.2 P/C

Tempo insuficiente para a preparação dos documentos do

empreendimento

12.5 0 0 12.5 75 3.4 P/C

Subestimação do prazo para execução do empreendimento 0 10 0 30 60 3.4 P/C

Alterações de

escopo

Alteração de especificações e escopo do empreendimento,

falta de clareza do escopo do empreendimento, alteração

de interesses e requisitos

0 0 0 30 70 3.7 P/C

Variações frequentes. 0 0 0 60 40 3.4 P/C

Retrabalho, reparação e repetição do trabalho. 0 0 10 20 70 3.6 P/C

Trabalhos adicionais, aumento do escopo do

empreendimento.

0 0 10 20 70 3.6 P/C

Fonte: Autor

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67

Este esforço inicial de coleta de dados foi destinado principalmente para a validação do

instrumento de coleta de dados finais. Para a sequência da pesquisa, uma amostra maior foi

definida, como será vista mais para à frente.

3.5. Questionário final

Nesta fase, com base na apresentação dos fatores mais relevantes (frequentes) no pré-teste,

foi elaborado o questionário que será aplicado a uma amostra maior. Essa amostra estimou a

proporção das construtoras que classificam um dado fator de interesse como relevante ou muito

relevante.

3.5.1. População de interesse

Foi primeiro pesquisado o número de construtoras existentes em Moçambique com

alvarás que variam de 5ª classe a 7ª classe. Constatou-se que existem 491 construtoras, sendo 213

da 7ª classe, 49 da 6ª classe e 229 da 5ª classe. Foi estabelecido que o questionário seria aplicado

na maior quantidade possível de empresas.

3.5.2. Plano da amostra

Para que amostra obtida fosse de fato representativa para a população de interesse e não

viciada, as construtoras foram escolhidas antecipadamente de forma aleatória, isto é, em forma de

sorteio. Foram enviados antecipadamente e-mails solicitando as empresas que contribuíssem com

a pesquisa através do retorno do questionário. Foi considerada também uma possível taxa de não

retorno, ou seja, respondentes que possivelmente não retornassem o questionário preenchido. Neste

caso, foi necessário selecionar um número maior de construtoras que o solicitado para completar o

tamanho de amostra mínima requerida.

Como apresentado no Quadro 10, as amostras foram calculadas considerando diferentes

margens de erro. A margem de erro é aqui representada como a menor diferença que se queira

detectar entre o valor estimado da proporção e o valor real (ou populacional). Entretanto, quanto

menor a margem de erro adotada maior é o número de amostra representativa.

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68

3.5.3. Amostragem estratificada

O planejamento foi elaborado pensando em amostrar a população total. Assim, foi

sugerida uma amostragem estratificada por classes de alvará que variam entre 5ª classe, 6ª classe e

7ª classe. Abaixo é apresentada o quadro para os tamanhos de amostra considerando diferentes

margens de erro.

Quadro 10: Quadro do tamanho mínimo das amostras para cada margem de erro

Classe do alvará

Margem de erro

5% 4% 3% 2% 1%

Alvará de 5ª classe 93 117 146 177 203

Alvará de 6ª classe 22 27 34 41 47

Alvará de 7ª classe 101 126 157 190 218

Total 216 270 336 408 467

Fonte: MOPH

A partir dos totais apresentados para cada margem de erro, decidiu-se que o número

mínimo que poderia ser obtido de retorno dos questionários seria de 216. Isso significa que o

número ideal do retorno deveria estar no intervalo de 216 a 467. Por essa razão o questionário foi

enviado para 491 construtoras por forma a obter uma amostra maior.

3.5.4. Descrição do questionário

Os fatores 56 (Quadro 9) foram apresentados em suas respectivas categorias e aplicados

no questionário final (Apêndice 3). Foram adicionadas questões como “quais fatores afetaram esta

categoria para a ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos”. O respondente

por sua vez, ao identificar o fator teve a opção de colocar a importância dele em relação ao desvio

causado quer seja no tempo ou no custo. Os níveis de importância para cada fator variam entre

“não é relevante, pouco relevante, moderadamente relevante, relevante e muito relevante”.

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69

3.5.5. Análises do questionário

As análises do questionário foram efetuadas segundo 3 métodos estatísticos conforme

apresentado nos itens abaixo.

3.5.5.1 Software R versão 3.1.1

O software R versão 3.1.1 (www.r-project.org) é um projeto GNU e uma linguagem

computacional de estatística e gráficos. O Projeto GNU foi lançado em 1984 para desenvolver o

sistema GNU. É um sistema operacional Unix-like que é software livre.

Um sistema operacional Unix-like é uma coleção de software de aplicações, bibliotecas e

ferramentas de desenvolvimento. É também considerado um programa de alocar recursos e com o

hardware, conhecido como um kernel.

O ambiente do software R inclui:

Uma manipulação de dados eficaz e instalação de armazenamento;

Um conjunto de operadores para cálculos em tabelas, em especial as matrizes;

Uma grande coleção integrada e coerente de ferramentas intermediárias para

análise de dados;

Instalações gráficas para análise de dados e visualização ou na tela ou em cópia

impressa e;

Uma linguagem de programação simples e eficaz bem desenvolvida que inclui

funções recursivas definidas pelo usuário e recursos de entrada e saída.

O software R fornece uma ampla variedade de estatística (linear e modelagem não-linear,

testes estatísticos clássicos, análise de séries temporais, classificação, clustering, etc) e técnicas

gráficas. É um software altamente extensível. Um dos pontos fortes do software R é a facilidade

com que as parcelas de qualidade para publicações bem desenhados podem ser produzidos,

incluindo símbolos e fórmulas matemáticas, quando necessário.

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70

3.5.5.2 Método Bootstrap

Foi proposto o método bootstrap que serve para aproximar a distribuição na amostra de

um levantamento estatístico. Usa-se frequentemente para aproximar o viés ou a variância de um

conjunto de dados estatísticos, assim como para construir intervalos de confiança ou realizar

contrastes de hipóteses sobre parâmetros de interesse. A enorme capacidade de cálculo dos

computadores atuais facilita consideravelmente a aplicabilidade deste método

computacionalmente.

3.5.5.3 Correção Bonferroni

A correção de Bonferroni é um método usado para evitar o problema de múltiplas

comparações. É considerado o método mais simples e conservador para controlar a taxa de erro

familywise.

A correção é baseada na ideia de que, se um experimentador está testando n dependentes

ou independentes hipóteses sobre um conjunto de dados, pode então manter a taxa de erro

familywise através de cada hipótese individual a uma significância estatística nível de 1 / n vezes.

Assim, se o nível de significância desejado para toda a família de testes deve para (no máximo) α,

então a correção de Bonferroni iria testar cada hipótese individual a um nível de significância de α

/ n. Este método auxilia na análise da taxa de erro e no nível de confiabilidade dos intervalos de

confiança.

3.5.6. Descrição das diretrizes

A partir da apresentação dos fatores críticos para a ocorrência de desvios de custos e

prazos no subsetor edificações de Moçambique, surgiu a necessidade de se apresentar diretrizes

para a melhoria da eficiência dos empreendimentos. A RSL, apresentou algumas pesquisas que

descreveram soluções para os fatores apresentados. A partir dessa descrição, foram adotadas

soluções para o contexto moçambicano. Além da RSL, alguns respondentes do questionário deram

a sua contribuição em relação as soluções que podem ser empregues diante dos fatores

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apresentados, o que também auxiliou na descrição das diretrizes. Assim, as diretrizes propostas

tiveram como base a literatura e sugestões dos respondentes do questionário (Apêndice 4).

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4. RESULTADOS

Neste capítulo são descritos resultados a partir da Survey com o retorno de 272

questionários que constituiu o tamanho final da amostra. Os questionários foram analisados

segundo a relevância e importância de desvio para os 56 fatores obtidos através do pré-teste. Assim,

são apresentados seis resultados principais, dentre os quais:

Frequência amostral do tipo de desvio de acordo com o tempo, custo ou ambos;

Frequência amostral do nível de relevância atribuído a cada fator (0, 1, 2, 3 ou

4);

Relevância média e os respetivos intervalos de confiança;

Classificação geral dos fatores em relação a sua importância e no tipo de desvio

causado;

Relevância média para os 20 fatores com maior relevância, “Top 20”;

Diretrizes para a melhoria da eficiência de empreendimentos do subsetor

edificações moçambicanas.

4.1. Denominação dos fatores para as diferentes categorias

Foram apresentados rótulos para as diferentes categorias que facilitam a identificação e

apresentação dos fatores nas tabelas e gráficos. O quadro 11 apresenta o rótulo das categorias.

Quadro 11: Quadro da descrição das categorias

Grupo de fatores Rótulo Número Fatores

Aspectos ambientais e

econômicos AAE 3

Atividades e equipamentos AE 6

Alterações de escopo ALE 4

Contratos C 7

Financiamento F 6

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Grupo de fatores Rótulo Número Fatores

Gerenciamento G 19

Organização O 4

Projeto e documentação PD 5

Relações governamentais RG 2

Fonte: Autor

A partir do rótulo das categorias, foram apresentados rótulos para os diversos fatores

identificados pelo número. O Quadro 12 apresenta a nomenclatura dos fatores.

Quadro 12: Quadro da descrição dos fatores

Grupo de

Fatores

Fatores

Rótulo Descrição

Aspectos

ambientais e

econômicos

AAE1 Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas

que são necessárias para o empreendimento devido às

condições de transporte no País.

AAE2 Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas,

problemas ambientais.

AAE3 Inflação.

Atividades e

equipamentos

AE1 Baixa produtividade da mão de obra.

AE2 Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados.

AE3 Erros e problemas de qualidade durante a construção.

AE4 Falta de habilidade da mão de obra, falta de trabalhadores

qualificados no mercado local.

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AE5 Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e

complexidade do projeto.

AE6 Preços elevados dos serviços de construção, custos de

construção e projeto subestimados.

Alterações de

escopo

ALE1 Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta

de clareza do escopo do empreendimento, alteração de

interesses e requisitos.

ALE2 Variações frequentes.

ALE3 Retrabalho, reparação e repetição do trabalho.

ALE4 Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento.

Contratos C1 Competição muito acirrada na fase de licitação.

C2 Conflitos entre os participantes pelos documentos do contrato.

C3 Duração irreal do contrato.

C4 Imposição dos métodos de construção a serem utilizados no

próprio contrato.

C5 Preço baixo de contratação.

C6 Subestimação do prazo para execução do empreendimento.

C7 Tempo insuficiente para a preparação dos documentos do

empreendimento.

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Financiamento F1 Atrasos no pagamento à construtora.

F2 Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos.

F3 Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas

agências financiadoras.

F4 Método de pagamento apenas após o escopo completo.

F5 Problemas com o fluxo de caixa.

F6 Problemas financeiros.

Gerenciamento G1 Atraso na entrega do material na obra, problemas com o

planejamento da entrega do material na obra.

G2 Cartelização de material causada pelos fornecedores.

G3 Escassez de material com qualidade aceitável, material

inadequado, pouca oferta do material, atraso na aquisição do

material importado.

G4 Falta de conhecimento em relação às disponibilidades de

materiais e equipamentos.

G5 Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais.

G6 Falta de controle de tempo e dos custos de insumos.

G7 Falta de planejamento e controle de custos no pré e no pós-

contrato.

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G8 Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a

realização de trabalhos específicos.

G9 Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor agregado.

G10 Gerenciamento precário do empreendimento.

G11 Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas

no empreendimento.

G12 Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos

necessários para o empreendimento.

G13 Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão.

G14 Alteração do cronograma.

G15 Falta de comprometimento com o escopo geral do

empreendimento.

G16 Falta de métodos de supervisão.

G17 Inadequado planejamento e cronograma.

G18 Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por

problemas de qualidade.

G19 Planejamento precário da logística para alocação de recursos.

Organização O1 Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre

diferentes subempreiteiros na execução do empreendimento.

O2 Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e

negociações de adversidade.

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O3 Consequências negativas de decisões tomadas.

O4 Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada.

Projeto e

documentação

PD1 Alteração do projeto.

PD2 Atraso na elaboração e aprovação do projeto.

PD3 Conflitos entre o arquiteto e os demais representantes das

diferentes disciplinas do projeto.

PD4 Defeitos, erros e omissões no projeto.

PD5 Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão

desejado durante a fase de construção.

Relações

governamentais

RG1 Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o

empreendimento.

RG2 Burocracia no processo de licitação.

Fonte: Autor

4.2. Frequência amostral do tipo de desvio de acordo com o tempo, custo ou ambos

O primeiro resultado do questionário apresenta a frequência dos fatores sobre o tipo de

desvio sobre o prazo e custo. A tendência do desvio é também analisada para a categoria em geral,

a partir da quantidade dos fatores que demonstram tendência para um determinado desvio.

A categoria AAE, Gráfico 5, apresenta tendência para os três tipos de desvio. Contudo, o

fator AAE1 apresenta a maior percentagem do desvio tanto no custo como no prazo. Ao somar os

valores para cada desvio, observa-se que o P/C apresenta maior percentagem. Assim, pode-se

considerar que a categoria AAE tem tendência para o desvio P/C.

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A categoria AE, Gráfico 6, apresenta fatores com maiores percentagens de desvio em

relação ao custo e prazo. Considera-se que esta categoria tem tendência para o desvio P/C.

Gráfico 5: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria AAE

AAE3 – Inflação, AAE2 – Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas, problemas ambientais,

AAE1 - Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas que são necessárias para o empreendimento devido

às condições de transporte no País.

Fonte: Autor

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Gráfico 6: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria AE

AE6 - Preços elevados dos serviços de construção, custos de construção e projeto subestimados, AE5 -

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e complexidade do projeto, AE4 - Falta de habilidade da mão de

obra, falta de trabalhadores qualificados no mercado local, AE3 - Erros e problemas de qualidade durante a construção,

AE2 - Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados, AE1 - Baixa produtividade da mão de obra.

Fonte: Autor

A categoria ALE, Gráfico 7, não se difere da categoria AE em relação a tendência para

desvios P/C. As margens variam de 77% a 82%. Pode-se considerar que a categoria ALE tem

tendência para o desvio P/C.

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Gráfico 7: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria ALE

ALE1 - Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do escopo do

empreendimento, alteração de interesses e requisitos, ALE2 - Variações frequentes, ALE3 - Retrabalho, reparação e

repetição do trabalho, ALE4 - Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento.

Fonte: Autor

Na categoria C, Gráfico 8, apesar de a maioria dos fatores apresentar tendência em relação

aos desvios P/C, o fator C1 apresenta tendência para o desvio P e o fator C2 apresenta tendência

para o desvio C. Contudo, esta categoria é também considerada com tendência ao desvio P/C.

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Gráfico 8: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria C

C1 - Competição muito acirrada na fase de licitação, C2 - Conflitos entre os participantes pelos documentos

do contrato, C3 - Duração irreal do contrato, C4 - Imposição dos métodos de construção a serem utilizados no próprio

contrato, C5 - Preço baixo de contratação, C6 - Subestimação do prazo para execução do empreendimento, C7 - Tempo

insuficiente para a preparação dos documentos do empreendimento.

Fonte: Autor

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Gráfico 9: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria F

F1 - Atrasos no pagamento à construtora, F2 - Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos, F3 -

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas agências financiadoras, F4 - Método de pagamento

apenas após o escopo completo, F5 - Problemas com o fluxo de caixa, F6 - Problemas financeiros.

Fonte: Autor

Na categoria F, Gráfico 9, os fatores F5 e F4 apresentam tendência em relação ao C e o

fator F3 em relação ao P. No entanto, os outros três fatores representam tendência em relação ao

P/C. Esse aspecto faz com que esta categoria seja também considerada com tendência ao desvio

P/C.

Na categoria G, Gráfico 10, o fator G17e G2 apresentaram tendência para o desvio C e

G12 e G4 apresentaram tendência para o desvio P. Os outros 15 fatores apresentaram desvios P/C.

Considera-se esta categoria com tendência para o P/C.

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Gráfico 10: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria G

G1 - Atraso na entrega do material na obra, problemas com o planejamento da entrega do material na obra,

G2 - Cartelização de material causada pelos fornecedores, G3 - Escassez de material com qualidade aceitável, material

inadequado, pouca oferta do material, atraso na aquisição do material importado, G4 - Falta de conhecimento em

relação às disponibilidades de materiais e equipamentos, G5 - Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais, G6 - Falta de controle de tempo e dos custos de insumos, G7 - Falta de planejamento e controle de

custos no pré e no pós-contrato, G8 - Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a realização de trabalhos

específicos, G9 - Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor agregado, G10 - Gerenciamento precário do

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empreendimento, G11 - Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento, G12 -

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos necessários para o empreendimento, G13 - Processo lento

das equipes envolvidas na tomada de decisão, G14 - Alteração do cronograma, G15 - Falta de comprometimento com

o escopo geral do empreendimento, G16 - Falta de métodos de supervisão, G17 - Inadequado planejamento e

cronograma, G18 - Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por problemas de qualidade, G19 -

Planejamento precário da logística para alocação de recursos.

Fonte: Autor

Na categoria O, Gráfico 11, o fator O2 apresenta desvio P e os fatores O1, O3 e O4

apresentam tendência para de desvio P/C. A categoria também é considerada com tendência para

P/C.

Gráfico 11: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria O

O1 - Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre diferentes subempreiteiros na execução

do empreendimento, O2 - Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e negociações de adversidade,

O3 - Consequências negativas de decisões tomadas, O4 - Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada.

Fonte: Autor

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Na categoria PD, Gráfico 12, todos os fatores apresentam uma margem acima de 78% em

relação ao desvio P/C. Esta é uma das categorias que mais apresentou tendência para os desvios

P/C.

Gráfico 12: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria PD

PD1 - Alteração do projeto, PD2 - Atraso na elaboração e aprovação do projeto, PD3 - Conflitos entre o

arquiteto e os demais representantes das diferentes disciplinas do projeto, PD4 - Defeitos, erros e omissões no projeto,

PD5 - Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase de construção.

Fonte: Autor

A categoria RG, Gráfico 13, apresenta apenas dois fatores com desvios P. Está é a única

categoria a apresentar uma tendência diferente de P/C verificada nas demais categorias. Assim, a

categoria RG é considerada com tendência para o desvio P.

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Gráfico 13: Gráfico de barras do tipo de desvio para a categoria RG

RG1 - Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o empreendimento, RG2 - Burocracia no

processo de licitação.

Fonte: Autor

4.3. Frequência amostral do nível de relevância atribuído a cada fator (0, 1, 2, 3 ou

4);

O segundo resultado do questionário apresenta a frequência amostral do nível de

relevância atribuído a cada fator. Esse resultado também pode ser analisado para a categoria em

geral.

A categoria AAE, Gráfico 14, apresenta frequência que varia de pouco relevante a

moderadamente relevante. Os fatores AAE2 e AAE3 têm frequência moderadamente relevante e

AAE1 é pouco relevante. Entretanto, AAE é considerada moderadamente relevante.

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Gráfico 14: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator AAE

AAE3 – Inflação, AAE2 – Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas, problemas ambientais,

AAE1 - Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas que são necessárias para o empreendimento devido

às condições de transporte no País.

Fonte: Autor

A categoria AE, Gráfico 15, apresenta fatores com tendência para a frequência

moderadamente relevante. Entretanto, os fatores desta categoria necessitam de maior atenção,

principalmente o fator AE3 e AE1, que apresenta frequência relevante. Em geral está categoria é

considerada moderadamente relevante.

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Gráfico 15: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator AE

AE6 - Preços elevados dos serviços de construção, custos de construção e projeto subestimados, AE5 -

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e complexidade do projeto, AE4 - Falta de habilidade da mão de

obra, falta de trabalhadores qualificados no mercado local, AE3 - Erros e problemas de qualidade durante a construção,

AE2 - Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados, AE1 - Baixa produtividade da mão de obra.

Fonte: Autor

Diferente da categoria AE, Gráfico 16, a categoria ALE apresenta a maior parte dos fatores

com tendência a frequência relevante. Esta categoria apresenta um nível relevância bastante alto

em relação as demais categorias, o que faz dela a mais relevante.

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Gráfico 16: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator ALE

ALE1 - Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do escopo do

empreendimento, alteração de interesses e requisitos, ALE2 - Variações frequentes, ALE3 - Retrabalho, reparação e

repetição do trabalho, ALE4 - Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento.

Fonte: Autor

A categoria C, Gráfico 17, apresenta desde a frequência pouco relevante no fator C6 até

ao relevante nos fatores C3, C1 e C5. Entretanto, em geral esta categoria é considerada

moderadamente relevante devido à variedade de frequências para os diferentes fatores.

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Gráfico 17: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator C

C1 - Competição muito acirrada na fase de licitação, C2 - Conflitos entre os participantes pelos documentos

do contrato, C3 - Duração irreal do contrato, C4 - Imposição dos métodos de construção a serem utilizados no próprio

contrato, C5 - Preço baixo de contratação, C6 - Subestimação do prazo para execução do empreendimento, C7 - Tempo

insuficiente para a preparação dos documentos do empreendimento.

Fonte: Autor

Os fatores da categoria F, Gráfico 18, variam de moderadamente relevante até o relevante.

O fator F1 e F4 necessitam de maior atenção por apresentarem uma frequência relevante. A

categoria F é também considerada moderadamente relevante devido à variedade de frequências

para os diferentes fatores.

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Gráfico 18: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator F

F1 - Atrasos no pagamento à construtora, F2 - Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos, F3 -

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas agências financiadoras, F4 - Método de pagamento apenas

após o escopo completo, F5 - Problemas com o fluxo de caixa, F6 - Problemas financeiros.

Fonte: Autor

A categoria G, Gráfico 19, apresenta várias frequências, desde a pouco relevante até a

relevante. Os fatores G5, G11, G13, G14 e G15 merecem maior atenção por apresentarem

frequência relevante. Entretanto, observa-se que a frequência moderadamente relevante constitui a

maioria dos fatores. Por esta razão, esta categoria também é considerada moderadamente relevante.

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Gráfico 19: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator G

G1 - Atraso na entrega do material na obra, problemas com o planejamento da entrega do material na obra,

G2 - Cartelização de material causada pelos fornecedores, G3 - Escassez de material com qualidade aceitável, material

inadequado, pouca oferta do material, atraso na aquisição do material importado, G4 - Falta de conhecimento em

relação às disponibilidades de materiais e equipamentos, G5 - Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais, G6 - Falta de controle de tempo e dos custos de insumos, G7 - Falta de planejamento e controle de

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custos no pré e no pós-contrato, G8 - Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a realização de trabalhos

específicos, G9 - Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor agregado, G10 - Gerenciamento precário do

empreendimento, G11 - Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento, G12 -

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos necessários para o empreendimento, G13 - Processo lento

das equipes envolvidas na tomada de decisão, G14 - Alteração do cronograma, G15 - Falta de comprometimento com

o escopo geral do empreendimento, G16 - Falta de métodos de supervisão, G17 - Inadequado planejamento e

cronograma, G18 - Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por problemas de qualidade, G19 -

Planejamento precário da logística para alocação de recursos.

Fonte: Autor

A categoria O, Gráfico 20, apresenta fatores com frequência moderadamente relevante. O

fator O1 apresenta tendência para frequência relevante e necessita de maior atenção. Entretanto,

esta categoria é considerada em geral moderadamente relevante.

Gráfico 20: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator O

O1 - Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre diferentes subempreiteiros na execução

do empreendimento, O2 - Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e negociações de adversidade,

O3 - Consequências negativas de decisões tomadas, O4 - Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada.

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95

Fonte: Autor

A categoria PD, Gráfico 21, apresenta fatores com frequência que variam dentre pouco

relevante a relevante. Os fatores PD1, PD4 e PD5 apresentam frequência relevante. Em geral esta

categoria é considerada moderadamente relevante.

Gráfico 21: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator PD

PD1 - Alteração do projeto, PD2 - Atraso na elaboração e aprovação do projeto, PD3 - Conflitos entre o

arquiteto e os demais representantes das diferentes disciplinas do projeto, PD4 - Defeitos, erros e omissões no projeto,

PD5 - Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase de construção.

Fonte: Autor

A categoria RG, Gráfico 22, apresenta fatores com frequência que variam de pouco

relevante a moderadamente relevante. Contudo, esta categoria é considerada pouco relevante

devido a margem elevada de frequência não relevante apresentada no fator RG1.

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Gráfico 22: Gráfico de barras do nível de relevância para cada fator RG

RG1 - Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o empreendimento, RG2 - Burocracia no

processo de licitação.

Fonte: Autor

4.4. Relevância médio e o respectivo intervalo de confiança

O terceiro resultado do questionário apresenta o nível de relevância médio e o respetivo

intervalo de confiança atribuído a cada fator. Este resultado auxilia na apresentação dos fatores

mais críticos para cada categoria.

A categoria AAE, Gráfico 23 e Quadro 13, apresenta AAE3 e AAE2 como fatores críticos,

com relevância média de 1.79 e 1.51, considerados de frequência moderadamente relevante. O

fator AA1 é o fator que menos influencia para a ocorrência de desvios nesta categoria.

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97

Gráfico 23: Nível de relevância média para categoria AAE

AAE3 – Inflação, AAE2 – Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas, problemas ambientais,

AAE1 - Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas que são necessárias para o empreendimento devido

às condições de transporte no País.

Fonte: Autor

Quadro 13: Intervalo de confiança da categoria AAE

Fator

Relevância

média IC 95%

AAE3 1.79 1.68 1.90

AAE2 1.51 1.40 1.62

AAE1 1.22 1.11 1.33

Fonte: Autor

A categoria AE, Gráfico 24 e Quadro 14, apresenta como fator mais crítico o AE3, com

relevância média de 2.69, considerado relevante. Os demais fatores são considerados

moderadamente relevante, exceto o fator AE6 que apresenta frequência pouco relevante.

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98

Gráfico 24: Nível de relevância média para categoria AE

AE6 - Preços elevados dos serviços de construção, custos de construção e projeto subestimados, AE5 -

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e complexidade do projeto, AE4 - Falta de habilidade da mão de

obra, falta de trabalhadores qualificados no mercado local, AE3 - Erros e problemas de qualidade durante a construção,

AE2 - Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados, AE1 - Baixa produtividade da mão de obra.

Fonte: Autor

Quadro 14: Intervalo de confiança da categoria AE

Fator

Relevância

média IC 95%

AE3 2.69 2.57 2.80

AE1 2.14 2.02 2.26

AE2 2.01 1.89 2.13

AE4 1.92 1.80 2.05

AE5 1.64 1.49 1.78

AE6 1.46 1.32 1.61

Fonte: Autor

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99

A categoria ALE, Gráfico 25 e Quadro 15, apresenta como fator mais crítico o ALE4, com

relevância média de 3.28, que é considerado de frequência relevante. Em seguida, o fator ALE1,

com relevância média de 2.92 que também é considerado de frequência relevante. Contudo, nesta

categoria todos os fatores apresentam uma frequência relevante, o que torna esta categoria crítica.

Gráfico 25: Nível de relevância média para categoria ALE

ALE1 - Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do escopo do

empreendimento, alteração de interesses e requisitos, ALE2 - Variações frequentes, ALE3 - Retrabalho, reparação e

repetição do trabalho, ALE4 - Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento.

Fonte: Autor

Quadro 15: Intervalo de confiança da categoria ALE

Fator

Relevância

média IC 95%

ALE4 3.28 3.18 3.38

ALE1 2.92 2.82 3.03

ALE3 2.81 2.70 2.92

ALE2 2.81 2.70 2.92

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100

Fonte: Autor

A categoria C, Gráfico 26 e Quadro 16, apresenta o fator C5 como o mais crítico com

relevância média de 3.32, considerado relevante. Os fatores C3 e C1 também apresentam relevância

média alta com frequência relevante. Os demais fatores como, C7, C2 e C4 são moderadamente

relevantes e C6 pouco relevante.

Gráfico 26: Nível de relevância média para categoria C

C1 - Competição muito acirrada na fase de licitação, C2 - Conflitos entre os participantes pelos documentos

do contrato, C3 - Duração irreal do contrato, C4 - Imposição dos métodos de construção a serem utilizados no próprio

contrato, C5 - Preço baixo de contratação, C6 - Subestimação do prazo para execução do empreendimento, C7 - Tempo

insuficiente para a preparação dos documentos do empreendimento.

Fonte: Autor

Quadro 16: Intervalo de confiança da categoria C

Fator

Relevância

média IC 95%

C5 3.32 3.21 3.42

C3 2.89 2.77 3.01

C1 2.61 2.49 2.73

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101

C7 1.93 1.81 2.05

C2 1.80 1.66 1.94

C4 1.54 1.39 1.69

C6 1.49 1.35 1.64

Fonte: Autor

A categoria F, Gráfico 27 e Quadro 17, apresenta os fatores F4 e F1 com relevância médias

de 3.07 e 2.93 respetivamente como os mais críticos com frequência relevante. Os demais fatores

são moderadamente relevantes com médias baixas, sendo o F3 pouco relevante.

Gráfico 27: Nível de relevância média para categoria F

F1 - Atrasos no pagamento à construtora, F2 - Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos, F3 -

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas agências financiadoras, F4 - Método de pagamento apenas

após o escopo completo, F5 - Problemas com o fluxo de caixa, F6 - Problemas financeiros.

Fonte: Autor

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102

Quadro 17: Intervalo de confiança da categoria F

Fator

Relevância

média IC 95%

F4 3.07 2.96 3.17

F1 2.93 2.81 3.06

F2 2.21 2.07 2.36

F6 1.83 1.69 1.98

F5 1.63 1.48 1.79

F3 1.32 1.18 1.46

Fonte: Autor

A categoria G, Gráfico 28 e Quadro 18, apresenta quatro fatores dentre os quais, G11,

G14, G15 e G13 com relevâncias medias altas, considerados relevantes. Entretanto, esta categoria

é a que apresenta o maior número de fatores relevantes. Contudo, determinados fatores como G16,

G2, G6 e G9 apresentam média baixa considerada pouco relevante. Os outros onze fatores restantes

são considerados moderadamente relevantes.

Gráfico 28: Nível de relevância média para categoria G

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103

G1 - Atraso na entrega do material na obra, problemas com o planejamento da entrega do material na obra,

G2 - Cartelização de material causada pelos fornecedores, G3 - Escassez de material com qualidade aceitável, material

inadequado, pouca oferta do material, atraso na aquisição do material importado, G4 - Falta de conhecimento em

relação às disponibilidades de materiais e equipamentos, G5 - Uso de especificações inadequadas por consultores

internacionais, G6 - Falta de controle de tempo e dos custos de insumos, G7 - Falta de planejamento e controle de

custos no pré e no pós-contrato, G8 - Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a realização de trabalhos

específicos, G9 - Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor agregado, G10 - Gerenciamento precário do

empreendimento, G11 - Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento, G12 -

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos necessários para o empreendimento, G13 - Processo lento

das equipes envolvidas na tomada de decisão, G14 - Alteração do cronograma, G15 - Falta de comprometimento com

o escopo geral do empreendimento, G16 - Falta de métodos de supervisão, G17 - Inadequado planejamento e

cronograma, G18 - Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por problemas de qualidade, G19 -

Planejamento precário da logística para alocação de recursos.

Quadro 18: Intervalo de confiança da categoria G

Fator

Relevância

média IC 95%

G11 2.86 2.71 3.01

G14 2.77 2.60 2.93

G15 2.53 2.36 2.68

G13 2.50 2.33 2.67

G5 2.38 2.21 2.56

G12 2.14 1.98 2.29

G19 2.14 1.96 2.32

G10 1.93 1.70 2.14

G1 1.79 1.61 1.96

G17 1.78 1.56 1.98

G4 1.77 1.59 1.95

G18 1.60 1.38 1.81

G8 1.58 1.38 1.79

G7 1.56 1.33 1.76

G3 1.53 1.33 1.70

G16 1.38 1.20 1.57

G2 1.30 1.12 1.48

G6 1.19 1.00 1.41

G9 1.12 0.93 1.32

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104

Fonte: Autor

A categoria ALE, Gráfico 29 e Quadro 19, apresenta o fator O1 como o mais crítico com

relevância média de 2.03, considerado de frequência moderadamente relevante. Entretanto, todos

os fatores desta categoria são considerados moderadamente relevantes devido as médias

apresentadas.

Gráfico 29: Nível de relevância média para categoria O

O1 - Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre diferentes subempreiteiros na execução

do empreendimento, O2 - Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e negociações de adversidade,

O3 - Consequências negativas de decisões tomadas, O4 - Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada.

Fonte: Autor

Quadro 19: Intervalo de confiança da categoria O

Fator

Relevância

média IC 95%

O1 2.03 1.91 2.14

O2 1.91 1.78 2.04

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105

O4 1.58 1.44 1.73

O3 1.57 1.43 1.71

Fonte: Autor

A categoria PD, Gráfico 30 e Quadro 20, apresenta como fatores críticos o PD4, com

relevância média de 2.95 e PD5 com relevância média de 2.79, considerado de frequência

relevante. Os fatores PD1 e PD3 apresentam frequência moderadamente relevante e o fator PD2 é

pouco relevante.

Gráfico 30: Nível de relevância média para categoria PD

PD1 - Alteração do projeto, PD2 - Atraso na elaboração e aprovação do projeto, PD3 - Conflitos entre o

arquiteto e os demais representantes das diferentes disciplinas do projeto, PD4 - Defeitos, erros e omissões no projeto,

PD5 - Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase de construção.

Fonte: Autor

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106

Quadro 20: Intervalo de confiança da categoria PD

Fator

Relevância

média IC 95%

PD4 2.95 2.83 3.06

PD5 2.79 2.68 2.91

PD1 2.19 2.06 2.33

PD3 1.69 1.54 1.85

PD2 1.23 1.09 1.38

Fonte: Autor

A categoria RG, Gráfico 31 e Quadro 21, apresenta o fator RG2, com relevância média de

1.56, considerado de frequência moderadamente relevante como o mais crítico. O fator RG1

apresenta relevância média baixa de 1.21, considerado pouco relevante.

Gráfico 31: Nível de relevância média para categoria RG

RG1 - Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o empreendimento, RG2 - Burocracia no

processo de licitação.

Fonte: Autor

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107

Quadro 21: Intervalo de confiança da categoria RG

Fator

Relevância

média IC 95%

RG2 1.56 1.48 1.64

RG1 1.21 1.13 1.30

Fonte: Autor

4.5. Classificação geral dos fatores em relação a relevância media, frequência

amostral do nível de relevância e frequência amostral do desvio.

O Quadro 22, apresenta os 56 fatores em ordem crescente de acordo com a classificação

dos resultados do questionário. Com base nesta apresentação, é possível apresentar os fatores

considerados mais críticos para ocorrência de desvio de custos e prazos no setor de edificações da

construção civil em Moçambique.

Descrição das categorias e os seus respectivos rótulos:

AAE - Aspectos ambientais e económicos

AE - Atividades e equipamentos

ALE - Alterações de escopo

C – Contratos

F – Financiamento

G – Gerenciamento

O – Organização

PD - Projeto e documentação

RG - Relações governamentais

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108

Quadro 22: Classificação geral dos fatores

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

G9 Falta de uso de

gerenciamento do sistema

do valor agregado

1.12 Pr P/C

G6 Falta de controle de tempo

e dos custos de insumos

1.19 Pr P/C

RG1 Aprovação dos requisitos

impostos pelo governo

para o empreendimento

1.21 Pr P

AAE1 Atraso na entrega de

materiais, equipamentos e

ferramentas que são

necessárias para o

empreendimento devido às

condições de transporte no

País

1.22

Pr P/C

PD2 Atraso na elaboração e

aprovação do projeto

1.23 Pr P/C

G2 Cartelização de material

causada pelos

fornecedores

1.3 Pr C

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109

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

F3 Dificuldades em relação à

modalidade de

pagamentos pelas agências

financiadoras

1.32 Mor P

G16 Falta de métodos de

supervisão

1.38 Mor P/C

AE6 Preços elevados dos

serviços de construção,

custos de construção e

projeto subestimados

1.46 Mor P/C

C6 Subestimação do prazo

para execução do

empreendimento

1.49 Mor P/C

AAE2 Condições climáticas

imprevisíveis ou

inadequadas, problemas

ambientais

1.51 Mor P

G3 Escassez de material com

qualidade aceitável,

material inadequado,

pouca oferta do material,

atraso na aquisição do

material importado.

1.53 Mor P/C

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110

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

C4 Imposição dos métodos de

construção a serem

utilizados no próprio

contrato

1.54 Mor P/C

G7 Falta de planejamento e

controle de custos no pré e

no pós-contrato

1.56 Mor P/C

O3 Consequências negativas

de decisões tomadas

1.57 Mor P/C

O4 Falta de conhecimento e

experiência, liderança

inadequada.

1.58 Mor P/C

G8 Falta de subempreiteiros e

firmas especializadas para

a realização de trabalhos

específicos

1.58 Mor P/C

RG2 Burocracia no processo de

licitação

1.56 Mor P

G18 Interrupção no fluxo de

construção do

empreendimento por

problemas de qualidade

1.60 Mor P/C

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111

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

F5 Problemas com o fluxo de

caixa

1.63 Mor C

AE5 Pouco entendimento do

escopo pela mão de obra e

complexidade do projeto

1.64 Mor P/C

PD3 Conflitos entre o arquiteto

e os demais representantes

das diferentes disciplinas

do projeto

1.69 Mor P/C

G4 Falta de conhecimento em

relação às disponibilidades

de materiais e

equipamentos

1.77 Mor P

G17 Inadequado planejamento

e cronograma

1.78 Mor C

AAE3 Inflação 1.79 Mor C

G1 Atraso na entrega do

material na obra,

problemas com o

planejamento da entrega

do material na obra

1.79 Mor P/C

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112

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

C2 Conflitos entre os

participantes pelos

documentos do contrato

1.80 Mor C

F6 Problemas financeiros 1.83 Mor P/C

O2 Conflito entre os

participantes do

empreendimento, disputas

e negociações de

adversidade.

1.91 Mor P

AE4 Falta de habilidade da mão

de obra, falta de

trabalhadores qualificados

no mercado local

1.92 Mor P/C

C7 Tempo insuficiente para a

preparação dos

documentos do

empreendimento

1.93 Mor P/C

G10 Gerenciamento precário

do empreendimento

1.93 Mor P/C

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113

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

AE2 Equipamentos e

ferramentas não

disponíveis ou

danificados

2.01 Mor P/C

O1 Falta de um plano para

coordenação de diferentes

tarefas entre

diferentes subempreiteiros

na execução do

empreendimento

2.03 Mor P/C

G12 Prazo insuficiente para

análise correta de recursos

e custos necessários para o

empreendimento

2.14 Mor P

G19 Planejamento precário da

logística para alocação de

recursos

2.14 Mor P/C

AE1 Baixa produtividade da

mão de obra

2.14 Mor P/C

PD1 Alteração do projeto 2.19

Mor P/C

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114

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

F2 Custos diretos adicionais

para aceleração dos

trabalhos

2.21 Mor P/C

G5 Uso de especificações

inadequadas por

consultores internacionais

2.38 Mor P/C

G13 Processo lento das equipes

envolvidas na tomada de

decisão

2.50 Mor P/C

G15 Falta de comprometimento

com o escopo geral do

empreendimento

2.53 R P/C

C1 Competição muito

acirrada na fase de

licitação

2.61 R P

AE3 Erros e problemas de

qualidade durante a

construção

2.69 R P/C

G14 Alteração do cronograma 2.77

R P/C

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115

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

PD5 Tentativa de modificações

do projeto para o alcance

do padrão desejado

durante a fase de

construção

2.79 R P/C

ALE2 Variações frequentes 2.81 R P/C

ALE3 Retrabalho, reparação e

repetição do trabalho

2.81 R P/C

G11 Pouca comunicação e

coordenação entre as

equipes envolvidas no

empreendimento

2.86 R P/C

C3 Duração irreal do contrato 2.89 R P/C

ALE1 Alteração de

especificações e escopo do

empreendimento, falta de

clareza do escopo

do empreendimento,

alteração de interesses e

requisitos

2.92 R P/C

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116

Rótulo Descrição dos fatores Relevância

media

Nr, Pr, Mor,

R, Mr

P, C, P/C

F1 Atrasos no pagamento à

construtora

2.93 R P/C

PD4 Defeitos, erros e omissões

no projeto.

2.95 R P/C

F4 Método de pagamento

apenas após o escopo

completo

3.07 R C

ALE4 Trabalhos adicionais,

aumento do escopo do

empreendimento

3.28 R P/C

C5 Preço baixo de contratação 3.32 R P/C

Fonte: Autor

4.6. Classificação dos fatores com relevância média para os 20 fatores com maior

relevância, “Top 20”

O Top 20 é apresentado de acordo com a relevância média e frequência amostral do nível

de relevância. O Gráfico 32 e o Quadro 23, destacam os fatores “Top 20” considerados os mais

críticos para a ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos moçambicanos.

Observa-se no Quadro 23, que estes fatores têm relevância média que varia de 3.32 de frequência

relevante a 2.14 de frequência moderadamente relevante respetivamente. Entretanto, 16 dos fatores

do Top 20 são considerados relevantes, o que demonstra a necessidade de mitigação. A obtenção

dos fatores críticos é o primeiro passo para que os problemas que ocorrem com maior frequência

em empreendimentos de construção civil moçambicanos sejam identificados. Este resultado,

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117

auxiliará na descrição das diretrizes a serem aplicadas de modo que os desvios de custos e prazos

em empreendimentos de construção civil possam ser reduzidos.

Gráfico 32: Nível de relevância média para Top 20*

*C5 - Preço baixo de contratação; ALE4 - Trabalhos adicionais; F4 - Método de pagamento apenas após o

escopo completo; PD4 - Defeitos, erros e omissões no projeto; F1 - Atrasos no pagamento à construtora; ALE1 -

Alteração de especificações e escopo do empreendimento; C3 - Duração irreal do contrato; G11 - Pouca comunicação

e coordenação; ALE3 - Retrabalho, reparação; ALE2 - Variações frequentes; PD5 - Tentativa de modificações do

projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase de construção; G14 - Alteração do cronograma; AE3 - Erros

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118

e problemas de qualidade durante a construção; C1 - Competição muito acirrada na fase de licitação; G15 - Falta de

comprometimento com o escopo; G13 - Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão; G5 - Uso de

especificações inadequadas por consultores internacionais; F2 - Custos diretos adicionais para aceleração dos

trabalhos; PD1 - Alteração do projeto; AE1 - Baixa produtividade da mão de obra.

Fonte: Autor

Quadro 23: Intervalo de confiança do Top 20

Fator

Relevância

média IC 95%

C5 3.32 3.19 3.45

ALE4 3.28 3.15 3.42

F4 3.07 2.92 3.19

PD4 2.95 2.79 3.09

F1 2.93 2.77 3.09

ALE1 2.92 2.76 3.07

C3 2.89 2.75 3.04

G11 2.86 2.71 3.01

ALE3 2.81 2.67 2.96

ALE2 2.81 2.65 2.97

PD5 2.79 2.63 2.95

G14 2.77 2.60 2.93

AE3 2.69 2.54 2.83

C1 2.61 2.45 2.75

G15 2.53 2.36 2.68

G13 2.50 2.33 2.67

G5 2.38 2.21 2.56

F2 2.21 2.03 2.41

PD1 2.19 2.03 2.36

AE1 2.14 1.99 2.28

Fonte: Autor

4.7. Diretrizes para a melhoria da eficiência de empreendimentos do subsetor

edificações moçambicano

Está pesquisa apresenta mais uma contribuição. Para além de serem apresentados os

fatores críticos, são também descritas as diretrizes para os 20 fatores mais relevantes. Essa

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119

descrição é realizada de acordo com a opinião dos respondentes do questionário e também com

base na literatura. Contudo, a validação das mesmas está além do escopo desta pesquisa e justifica

trabalhos futuros.

Pesquisas realizadas em vários países, têm apresentado fatores semelhantes em relação

aos desvios de prazos na construção, (ALSEHAIMI et al. 2013). A distribuição dos “Top 20”

também apresentou semelhanças com os resultados obtidos na RSL, (Gráfico 33). Observa-se que

as categorias de “gerenciamento, financiamento e projeto e documentação” encontram-se em

posições similares e apresentam-se a maior quantidade de fatores tanto na RSL como nos “Top

20”. Entretanto existem também diferenças significativas, como na categoria de “alterações de

escopo que é a segunda mais crítica nos “Top 20” e menos critica na RSL, e “ atividades e

equipamento” que é a menos crítica nos “Top 20” e a segunda mais crítica na RSL. Essas diferenças

criam a necessidade de se realizar pesquisas para cada região uma vez que soluções que podem ser

empregues acabam não sendo úteis mesmo que haja similaridade no desenvolvimento econômico

dos países.

Gráfico 33: Quantidade (%) de fatores responsáveis por desvios de custos e prazos em cada uma

das categorias do “Top 20”

Fonte: Autor

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120

Há limitações em relação à contribuição dos estudos para a resolução dos fatores

identificados. Na maior parte dos estudos, os autores não recomendam soluções práticas ou

métodos para melhoria dos fatores críticos, (ALSEHAIMI et al. 2013).

4.7.1 Resumo das diretrizes

Resumidamente são descritas as diretrizes de cada fator pertencente aos “Top 20” e as

suas causas.

Quadro 24: Quadro dos Top 20, causas e diretrizes

P Rótulo Descrição do

fator

Causas Diretrizes

1 C5 Preço baixo de

contratação

Licitação pelo preço

baixo;

Preços irreais

apresentados;

Valor e prazo da obra

acima do inicialmente

previsto.

Exigência no

cumprimento de custos e

prazos propostos;

Métodos que auxiliam no

alcance do valor

contratual.

2 ALE4 Trabalhos

adicionais

Trabalhos propostos para

suprir preços baixos;

Trabalhos omitidos.

Análise do projeto e mapa

de quantidades antes do

início da obra e dos

trabalhos propostos.

3 F4 Método de

pagamento

apenas após o

escopo

completo

Falta de pagamento pelos

trabalhos realizados;

Uso de financiamento

inadequado para

conclusão do

empreendimento.

Advertências dos desvios

que podem ser causados

pela falta de pagamento

pelos trabalhos efetuados;

Maior comprometimento.

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121

P Rótulo Descrição do

fator

Causas Diretrizes

4 PD4 Defeitos, erros

e omissões no

projeto

Falta de análises do

projeto e colaboração

entre disciplinas.

Projeto colaborativo;

Revisão detalhada do

projeto.

5 F1 Atrasos no

pagamento à

construtora

Faturas não pagas nas

datas propostas;

Falta de

comprometimento.

Comprometimento com o

pagamento por parte do

cliente.

6 ALE1 Alteração de

especificações e

escopo do

empreendiment

o

Falta de conhecimento

da dimensão e do custo

real do projeto durante a

criação;

Financiamento

indisponível.

Análise sobre os

requisitos do

empreendimento;

Garantia de fundos do

empreendimento.

7 C3 Duração irreal

do contrato

Prazos definidos pelo

cliente e o projetista

antes da licitação;

Pouca análise sobre os

recursos e métodos

construtivos.

Definição do prazo após

análise mais detalhada

sobre todas as

necessidades do

empreendimento.

8 G11 Pouca

comunicação e

coordenação

entre as equipes

envolvidas no

empreendiment

o

Contratos diferenciados

entre as partes

envolvidas;

Cumprimento apenas do

requisito contratual que

compete a cada equipe;

Conflito entre as equipes.

Providenciar encontros e

reuniões com frequência;

Compartilhar informação

sobre o que ocorre na

obra;

Gestão integrada;

Trabalho colaborativo;

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122

P Rótulo Descrição do

fator

Causas Diretrizes

9 ALE3 Retrabalho e

reparação

Falta de controle durante

a obra

Falta de qualidade dos

trabalhos concluídos.

Maior supervisão para

garantir que as tarefas

sejam efetuadas

corretamente.

10 ALE2 Variações

frequentes

Falta de esclarecimento

pelo projetista de todas

as dúvidas e requisitos,

principalmente no

processo de execução.

Maior participação do

projetista para

esclarecimento de dúvidas

durante o

empreendimento

11 PD5 Tentativa de

modificações

do projeto para

o alcance do

padrão desejado

O projetista está ciente

dos problemas que o

projeto apresenta;

Apresentação frequente

de desenhos novos

durante a obra.

Maior prazo para

elaboração do projeto;

Mais análise do projeto e

responsabilidade sobre

ele;

Projeto colaborativo.

12 G14 Alteração do

cronograma

O cronograma é visto

como um requisito

contratual e não como

um instrumento de

planejamento e controle.

Elaboração de um

cronograma eficaz;

Estimativa do prazo ideal;

Uso de cronograma de

curto e longo prazo.

13 AE3 Erros e

problemas de

qualidade

durante a

construção

Falta de supervisão do

material, equipamento e

métodos construtivos

empregues na

construção.

Supervisão no uso de

recursos especificados e

de todos os requisitos do

empreendimento.

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123

P Rótulo Descrição do

fator

Causas Diretrizes

14 C1 Competição

muito acirrada

na fase de

licitação

Falta de análise das

empresas participantes;

Falta de análise mais

detalhada das propostas;

Uso de práticas

fraudulentas.

Análise mais detalhada

das propostas e

esclarecimento de todas as

dúvidas antes da

aprovação das empresas;

Análise do curriculum das

empresas participantes.

15 G15 Falta de

comprometimen

to com o escopo

geral do

empreendiment

o

Priorização em satisfazer

o cliente apenas durante

a fase da aprovação;

Dificuldades no alcance

do objetivo principal do

projeto.

Atribuição de

responsabilidades e mais

exigência para o

cumprimento do escopo;

Busca por incentivos;

Maior produtividade.

16 G13 Processo lento

das equipes

envolvidas na

tomada de

decisão

Contratos diferenciados;

Conflitos na resolução de

problemas que ocorrem

na obra;

Soluções propostas não

aceitáveis pelas equipes.

Trabalho colaborativo;

Contratos que visam no

compartilhamento de

riscos e benefícios e

facilidade na resolução de

conflitos.

17 G5 Uso de

especificações

inadequadas por

consultores

internacionais

Falta de conhecimento

dos recursos disponíveis

no local, métodos

construtivos adequados e

leis governamentais.

Conhecimento sobre todas

condições do local do

empreendimento;

Propor recursos de fácil

acesso.

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124

P Rótulo Descrição do

fator

Causas Diretrizes

18 F2 Custos diretos

adicionais para

aceleração dos

trabalhos

Exigência para a entrega

do projeto antecipado;

Tentativa de

cumprimento do prazo.

Análise sobre os custos

diretos e indiretos do

empreendimento antes da

aplicação de recursos.

19 PD1 Alteração do

projeto

Falta de inclusão de

todos as necessidades do

cliente.

Participação do cliente

durante o processo de

criação.

20 AE1 Baixa

produtividade

da mão de obra

Preço baixo de

contratação;

Falta de pessoal

qualificado.

Exigência na contratação

de mão de obra

qualificada;

Cursos de

desenvolvimento de

habilidade.

4.7.2 Descrição das diretrizes

A descrição das diretrizes foi com base no Apêndice 4 e na literatura. Essas diretrizes são

consideradas como o passo inicial e, servirão como bases para mitigação dos fatores responsáveis

pelos desvios em pesquisas futuras por meio de validação.

C5 - Preço baixo de contratação

O preço baixo de contratação foi o que apresentou a maior relevância na pesquisa. Este é

um fator que tem afetado vários desvios em empreendimentos de construção em Moçambique.

Geralmente a empresa licitada é selecionada através do resultado do concurso pela

proposta com o preço mais baixo apresentado. Entretanto, várias construtoras optam por apresentar

preços irreais apenas para serem aprovados no processo de contratação. Por essa razão, durante o

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125

empreendimento o planejamento dificilmente é cumprido em sua maioria por falta de fundos.

Como forma de minimizar esse fator, são apresentados trabalhos adicionais com valores altos que

suprem as despesas dos trabalhos não efetuados.

Segundo Mahamid et. al (2012), os proprietários optam por escolher a proposta com o

menor preço. Contudo, as propostas baixas são apresentadas por empreiteiros com qualificação

baixa, escassez de recursos e, baixo desempenho que causam atrasos na conclusão da obra. Em

Hong Kong, o processo de licitação com o preço baixo foi a terceira maior causa para o atraso dos

empreendimentos. Como consequência, os trabalhos são precários, os empreiteiros apresentam

rescisão do contrato o que eleva o custo do empreendimento, (LO et al. 2006).

Para a mitigação deste fator, é necessário que ele seja evitado desde o início de qualquer

empreendimento, (LO et al. 2006). As normas de pré-qualificação e da política de concessão

também pode ser melhorada para controlarem este problema, por meio da rejeição de propostas de

baixo preço, (MAHAMID et al. 2012).

Para o contexto moçambicano, esse fator pode ser reduzido por meio da análise correta

das propostas pelo proprietário e o seu representante, de acordo com os preços de recursos e

serviços praticados no local onde a obra irá decorrer. O proprietário tem que ter uma base em

relação ao valor da obra e também, em relação as empresas que participarem do processo de

licitação de modo que, sejam assegurados preços justos e empresas qualificadas para a realização

do empreendimento. É um processo moroso e necessita de atenção, pois cada análise omitida pode

ser a causa de desvios de custos e prazos posteriormente. Assim, escolha correta de uma construtora

é fundamental para que o empreendimento seja de sucesso.

ALE4 - Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento

Trabalhos adicionais ocorrem durante todo o processo do empreendimento. Os erros e

omissões apresentadas no projeto são consideradas as causas principais para a ocorrência deste

fator. Entretanto, havendo trabalhos adicionais há também o aumento do escopo do

empreendimento.

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126

Em Moçambique, a apresentação de trabalhos adicionais nos empreendimentos é

considerado como um aspecto comum e faz parte da rotina de qualquer obra. Em determinados

casos, os proprietários já garantem uma margem orçamental destinada para os trabalhos adicionais.

Para a redução de trabalhos adicionais, Semple et al. (1994), propõe que seja dado mais

tempo aos projetistas para produzirem desenhos de forma clara com especificações completas e

que seja implementada engenharia de valor e construtibilidade durante as diferentes etapas do

empreendimento. Aziz (2013a) também propõe a revisão e comparação do projeto, a fim de evitar

a ocorrência de quaisquer trabalhos adicionais após a implementação do empreendimento.

Em empreendimentos moçambicanos, há necessidade do projetista realizar várias

reuniões com o proprietário antes da entrega final do projeto, a fim de verificar se todas as

necessidades do cliente estão contidas no projeto. Além disso, é necessário analisar o projeto e

detalhes com mais atenção, se possível, efetuar essa análise com ajuda da construtora, por forma a

esclarecer todos os pormenores do projeto para que o empreendimento decorra sem necessidade de

adição de trabalhos ou aumento do escopo.

F4 - Método de pagamento apenas após o escopo completo

O método de pagamento após o escopo completo refere-se a modalidade de pagamento a

construtora apenas na conclusão do empreendimento. Este método é bastante praticado em obras

públicas moçambicanas.

Este é um fator resultante da cultura prevalente em determinadas regiões. Como por

exemplo, na Nigéria, os contratos são baseados na promessa de que o cliente dispõe de recursos

financeiros suficientes para realizar o empreendimento e que a construtora tem a experiência

necessária para efetuar o empreendimento, (OKPALA; ANIEKWU, 1988). Entretanto, essa

premissa não é verdadeira, pois a maioria dos clientes dos países em desenvolvimento é o governo

que apresenta instabilidade financeira durante o empreendimento, (OKPALA; ANIEKWU, 1988).

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127

Devido à enorme quantia de dinheiro que é envolvido nas obras, as construtoras têm

dificuldade de suportar as despesas diárias da construção quando os pagamentos estão atrasados,

(MURRAY; SEIF, 2013). Assim, o progresso do trabalho é interrompido pois há falta de recursos

para suportar despesas e fluir com a construção, especialmente para construtoras que não são

financeiramente sólidas, (SAMBASIVAN; SOON, 2007).

Para a redução deste problema, Murray; Seif (2013) e Sambasivan; Soon (2007) sugerem

que o pagamento pelos trabalhos concluídos seja efetuado a tempo por forma a garantir o progresso

do empreendimento. Se o cliente fizer o pagamento antecipadamente à construtora, garantirá que

os subempreiteiros e demais fornecedores que dependem do pagamento da construtora sejam

também pagos, evitando todo o tipo de atraso na obra. Esta solução também aplica-se para o

contexto moçambicano. Efetuando o pagamento a tempo garante que o sistema e o plano de

aprovisionamento também sejam cumpridos evitando posteriores desvios.

PD4 - Defeitos, erros e omissões no projeto.

Erros e omissões de partes do projeto é um fator que tem sido observado em vários

empreendimentos. A falta de análise e responsabilidade do projetista para com o empreendimento

tem sido uma das causas mais frequentes para a ocorrência deste fator. Em Moçambique várias

vezes, a retificação ou entrega de partes do projeto são efetuadas durante o empreendimento. E

uma vez apresentado um projeto diferente do inicial, a construtora apresenta a lista de custos e

prazos para os trabalhos não inicialmente previstos. Entretanto, erros e omissões no projeto sempre

foram uma questão importante devido ao seu impacto negativos sobre o processo geral de

construção, pois eles podem levar a um atraso e perda de produtividade, (ENSHASSI et al. 2010).

Se os erros não forem corrigidos durante o processo de criação, surgem com maior

evidência no processo de execução, o que dá início a medidas corretivas através de variações do

escopo, (ENSHASSI et al. 2010). A coordenação e a comunicação entre as disciplinas por meio de

um trabalho colaborativo é fundamental para a redução deste problema.

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128

Em um país como Moçambique, onde dificilmente são desenvolvidos projetos em que

todas as equipes estão envolvidas, torna-se necessário que haja mudanças no processo do

desenvolvimento do produto final. E fundamental que a comunicação esteja presente durante todo

o processo até a fase da construção e que, os projetistas busquem opiniões de construtores e

fornecedores de materiais que por vezes tem maior conhecimento sobre um determinado assunto a

fim de, minimizar os problemas de defeitos e erros no projeto e no empreendimento.

F1- Atrasos no pagamento à construtora

Atrasos no pagamento à construtora ocorrem com frequência em vários empreendimentos.

O proprietário tem dificuldades de efetuar o pagamento das faturas dos trabalhos concluídos nas

datas propostas. Esse aspecto é também observado no contexto moçambicano onde as obras são

interrompidas por falta de pagamento e a construtora carece sempre de fundos para dar

continuidade a obra.

O atraso no pagamento afeta o fluxo de caixa do empreendimento. Tomando em

consideração o capital limitado que as empresas têm, o que causa falta de pagamento aos

subempreiteiros e fornecedores e consequentemente redução do desempenho da obra, (WIGUNA;

SCOTT, 2005).

Soluções apresentadas, destacam o custeamento adequado do empreendimento, (KALIBA

et al. 2009). As estimativas do custo da obra devem ser mais precisas, isso permitirá aos clientes

de garantirem os fundos necessários para o empreendimento e também que os gerentes cumprem

com as obrigações contratuais dentro do período exigido, (KALIBA et al. 2009).

Em Moçambique, é necessário que a construtora exija perante o proprietário os seus

direitos contratuais. O processo de faturamento pelos trabalhos terminados pode ser apresentado

faltando ainda 20 a 10% de tarefas a concluir. Isso faz com que o cliente se prepare com

antecedência em relação ao pagamento e evita atrasos e falta de fundos para as tarefas procedentes.

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129

ALE1 - Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do

escopo do empreendimento, alteração de interesses e requisitos

As alterações de escopo são normalmente provenientes do proprietário. Durante o

empreendimento, o cliente apresenta novas finalidades para a obra, o que por sua vez acaba

alterando o próprio escopo que afeta todo o processo, desde o projeto até a fase de construção.

As mudanças nas especificações e escopo, iniciadas principalmente por proprietários do

projeto e seus consultores, são as fontes mais comuns de variação. Isto resulta principalmente de

mudanças na capacidade financeira e em erros de projeto (OLADAPO 2007. Isso deve-se ao

aumento do trabalho e alterações do cronograma, e também devido à indisponibilidade adequada

recursos, (DOLOI et al. 2012).

Em Moçambique é comum que um projeto que tenha sido concedido para um determinado

fim, apresentar um escopo diferente posteriormente. Esse é um fator causado pela falta de

conhecimento sobre o valor e a dimensão do empreendimento. A falta de clareza do escopo do

empreendimento é predominante neste contexto.

É necessário que o cliente esteja ciente em relação aos fins para qual a obra é concedida.

É necessário também que tenha maior conhecimento sobre os requisitos principais do

empreendimento a fim de avaliar o preço de modo a garantir fundos para o projeto. Isso fará com

que as equipes envolvidas trabalhem com segurança e motivadas, pois várias alterações afetam a

produtividade do empreendimento e criam desânimo no pessoal. Está é uma das principais causas

para a ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos.

C3- Duração irreal do contrato

A duração irreal do contrato ocorre quando a análise do tempo necessário para a conclusão

do empreendimento não é correta. O prazo é estimado aleatoriamente pelo proprietário e consultor

de acordo com as suas necessidades em relação a obtenção da obra concluída antes do processo de

licitação. As construtoras se submetem a apresentar propostas relacionadas com o prazo proposto

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130

mesmo sabendo da dificuldade do cumprimento do prazo. Entretanto, a duração do contrato é um

fator importante para o sucesso de qualquer empreendimento, (MEMON et al. 2011).

Em Moçambique, o prazo da obra é estimado pelo projetista e pelo proprietário sem devida

atenção em relação a todos os requisitos e tarefas necessária para efetuar o empreendimento. Isso

resulta em horas extras de trabalhos como tentativa de cumprir com o cronograma.

Para minimizar este problema, é necessário que a estimativa do prazo seja efetuada

também pela construtora em coordenação com o proprietário e o projetista. A apresentação de um

planejamento auxilia na obtenção do prazo ideal para que o empreendimento seja concluído na data

prevista. Caso haja recursos adquiridos no exterior, é necessário que o prazo para a entrada deles

na obra seja tomado em consideração.

G11- Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no

empreendimento

A comunicação e a coordenação são a troca de informação entre todas as entidades

envolvidas no empreendimento. Como existem várias partes envolvidas em um empreendimento

(cliente, consultor, empreiteiro, subempreiteiros), a comunicação entre as partes é muito importante

para o sucesso, (SAMBASIVAN; SOON, 2007). Qualquer problema com a comunicação pode

levar a mal-entendido e, portanto, os atrasos na execução das tarefas, (MAHAMID, 2013).

Em empreendimentos moçambicanos, devido ao uso de contratos diferenciados entre as

partes envolvidas, a comunicação e coordenação é sempre precária, pois cada equipe procura

cumprir com os seus requisitos contratuais. É aconselhável manter reuniões regulares de obra com

a participação de todas as partes para resolver questões promovendo uma comunicação eficiente e

eficaz, (SAMBASIVAN; SOON, 2007). Esse aspecto auxilia na atualização de cada uma das partes

envolvidas sobre o estado do empreendimento, incluindo o planejamento, a fim de esclarecer

qualquer tarefa pendente, (HWANG et al. 2013). Essa solução pode ser adaptada no contexto

moçambicano, como forma de melhorar a comunicação e coordenação entre as equipes.

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131

ALE3- Retrabalho e reparação

Retrabalho e reparação ocorre quando há necessidade de repetição de uma determinada

tarefa já efetuada. Este fator tem ocorrido quando há falta de qualidade observada após a conclusão

de uma determinada tarefa.

As principais causas do retrabalho são alterações de projeto, pouca instrução de tarefas,

inadequado acabamento e a complexidade das especificações do projeto, (KAMING et al. 1997b).

Também pode ser causado pela não observância de especificações, (ALINAITWE et al. 2006).

Em empreendimentos moçambicanos têm-se observado retrabalho por falta de qualidade

do produto final. Entretanto o retrabalho é sempre deplorável, pois cria desânimo na equipe de

construção.

Para reduzir os problemas de retrabalho, as especificações devem ficar claras e bem

instruídas a equipe que efetua as tarefas, (ALINAITWE et al. 2006). Repetir as instruções

diariamente com auxílio de gestores e supervisores possivelmente tornará mais fácil que os

encarregados e trabalhadores tomem esse hábito como referência, (ALINAITWE et al. 2006).

Os supervisores podem estar mais presentes durante o empreendimento, de modo que as

dúvidas sejam esclarecidas. O reforço no controle é fundamental para que problemas de qualidade

não sejam verificados apenas após a conclusão do trabalho.

ALE2- Variações frequentes

Variações são geralmente causadas pela falta de esclarecimento de todos os requisitos do

empreendimento pelo projetista e falta de participação durante o processo de execução. As

variações são bastante frequentes em obras privadas moçambicanas, entretanto encarecem os

empreendimentos, pois há necessidade de se efetuar novos trabalhos que necessitam de adição de

prazo para a conclusão.

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132

A minimização das variações inicia-se pelo projetista e cliente sempre que possível. Os,

subsídios de contingência quantificada através de técnicas de análise de risco podem ser

incorporados por variações inevitáveis, (CHAN; KUMARASWAMY, 1997). Podem também ser

aplicadas estratégias para mitigar o impacto das variações inevitáveis, (CHAN;

KUMARASWAMY, 1997).

Esclarecer todas as dúvidas antes da conclusão do projeto com o proprietário evita que

futuramente ocorram variações, pois ele está ciente das suas escolhas. É necessário que haja maior

participação do projetista durante a execução do empreendimento de modo a esclarecer todas as

dúvidas.

PD5- Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante

a fase de construção

Modificações do projeto durante a construção é um fator comum em vários

empreendimentos. São causados pela alteração do escopo do empreendimento ou então por erros e

omissões apresentadas no projeto que, causam a má percepção da mão de obra em relação as tarefas

a efetuar, (ADNAN et al. 2009).

Em empreendimentos moçambicanos, o projeto final é apresentado praticamente na

conclusão da obra. Durante a construção, as alterações são constantes devido as omissões e erros

apresentados no projeto. Em determinadas vezes, o empreendimento é interrompido por falta de

definições do projeto ou atraso na entrega do projeto modificado.

A implementação de um projeto colaborativo é essencial para a redução de erros e

omissões apresentadas nos desenhos finais. Um maior prazo de estudo e da elaboração do projeto

podem reduzir esse fator.

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133

G14- Alteração do cronograma

Alteração do cronograma ocorre quando há imprevistos que fazem com que o

planejamento inicial não seja cumprido. A falta de planejamento e cronograma do empreendimento

pela construtora ou proprietários e consultores é classificado como uma das principais causas para

o atraso, (SWEIS et al. 2008). Entretanto, alterações são sempre indesejáveis, tem efeito negativo

sobre a credibilidade de horários. Nesse caso, a programação que era entendida como um prazo

fixo, passa apenas a orientar a execução das tarefas, (LINDHARD; WANDAHL, 2014).

O cumprimento de prazo em empreendimentos moçambicanos é algo raro. O cronograma

é visto como um requisito contratual e não como um instrumento de planejamento e controle. Há

sempre uma relação entre o cronograma, o escopo e as condições do empreendimento, (KALIBA

et al. 2009). É necessário que exista coordenação entre as partes envolvidas para que o cronograma

seja bem efetuado e que não haja necessidades de alteração durante o empreendimento. O

conhecimento das técnicas corretas de construção e a coordenação são essenciais para reduzir este

fator e uso de cronograma de curto e longo prazo de modo a cumprir com o prazo proposto.

AE3- Erros e problemas de qualidade durante a construção

Durante a fase de construção, os erros podem ser devido há várias causas, dentre elas a

falta de supervisão e instruções adequadas do trabalho a ser realizado, (SAMBASIVAN; SOON,

2007). São detectados a partir de tarefas mal realizadas e consequentemente falta de conformidade

do produto apresentado em relação ao previsto no projeto. Independentemente da causa para a sua

ocorrência, os erros podem ter impacto sobre o andamento do projeto (MURRAY; SEIF, 2013).

A falta de qualidade durante a construção, de supervisão do material, equipamento e

métodos construtivos empregues na construção é bastante evidente em empreendimentos

moçambicanos. Esse é o aspecto que faz com que o produto final tenha pouca qualidade.

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Uma forma para reduzir os erros é o aumento da supervisão do empreendimento. É

necessário também garantir a qualidade dos produtos e equipamentos utilizados para a realização

dos trabalhos de forma que eles possam auxiliar na obtenção do produto final adequado.

C1- Competição muito acirrada na fase de licitação

A concorrência acirrada na fase de licitação aumenta a probabilidade de melhoria do

desempenho do custo do projeto, (IYER; JHA, 2005). Entretanto nem sempre essa prática é viável.

As empresas optam por colocar preços baixos sem nenhum estudo prévio como forma de garantir

a aprovação no processo de licitação principalmente quando a melhor proposta é escolhida pelo

preço mais baixo.

Em projetos públicos moçambicanos, o concurso é sempre pelo preço mais baixo. A

competição é bastante acirrada principalmente pelas empresas de alvarás com classes inferiores.

Há falta de análise das empresas participantes uso de práticas fraudulentas. Por vezes, a empresa

vencedora não apresenta condições internas para realizar o empreendimento. As obras são

interrompidas por falta de recursos tanto financeiros como humanos.

O processo de licitação deve ser mais rigoroso. As empresas devem ser escolhidas por

apresentarem condições e historial que garante que o empreendimento possa decorrer sem

dificuldades. Esse é um processo que poderia ser mais moroso por forma a avaliar com mais tempo

todas as empresas e garantir justiça na adjudicação.

G15- Falta de comprometimento com o escopo geral do empreendimento

O escopo é o objetivo principal do empreendimento. A falta de comprometimento em

relação a obra pelas entidades envolvidas no processo de execução é uma das principais causas

para que não se atinja a meta planejada.

A falta de comprometimento é um fator bastante observado em empreendimentos

moçambicanos. O proprietário não estabelece medidas para que o principal objetivo seja atingido,

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o que faz com que as equipes não tenham incentivos para terminar a obra mais cedo, (DOLOI et

al. 2012). Consequentemente são aplicados técnicas improprias de construção que causam desvios

que comprometem o próprio empreendimento.

Se o cliente efetuar exigências necessárias e corretas sobre o escopo do empreendimento,

as equipes envolvidas podem criar esforços para que as metas propostas sejam atingidas e que o

principal objetivo do empreendimento seja alcançado. Maior envolvimento na obra, busca por

incentivos e atribuição de responsabilidades dentro das equipes é fundamental para minimizar este

fator.

G13- Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão

A tomada de decisão é algo importante para dar continuidade ao empreendimento. As

equipes envolvidas, perdem muito tempo em conflitos pela falta de concordância em alguns

aspectos do empreendimento. Entretanto, enquanto não houver solução para um determinado

assunto a obra fica interrompida o que afeta o cronograma e custos indiretos.

O fluxo de informações entre todos os membros da equipe do projeto não é organizado e

a pessoa responsável por fazer decisões não é claramente identificada, (CHAN;

KUMARASWAMY 1996). Os papéis e responsabilidades dos envolvidos no empreendimento

podem ser claramente definidas e, os tomadores de decisão devem ser identificados (CHAN;

KUMARASWAMY, 1997). Esta é uma solução que pode ser empregue em empreendimentos

moçambicanos. Se as responsabilidades forem bem designadas e se forem implementados

contratos que visam no compartilhamento de riscos e benefícios e facilidade na resolução de

conflitos as decisões podem ser tomadas nas reuniões com a colaboração de todos.

G5- Uso de especificações inadequadas por consultores internacionais

O consultor internacional responsável pela consultoria não é, em muitos casos,

familiarizado com situação local onde o empreendimento decorrerá, (ENSHASSI et al. 2010).

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Especificações s sobre o material e métodos de construção a serem utilizados no empreendimento

são geralmente empregues sem uma análise prévia.

Em grandes empreendimentos moçambicanos, os projetistas são internacionais. O uso de

especificações de recursos obtidos no exterior é bastante praticado nesses projetos, o que encarece

a construção. Entretanto, esses empreendimentos acabam tendo variações durante a execução,

(ENSHASSI et al. 2010).

É necessário que os consultores tenham um conhecimento sobre as condições do local do

empreendimento. Isso pode auxiliar a especificar recursos fáceis de obtenção e transporte, evitar

todas as possibilidades de problemas no aprovisionamento e reduzir os custos de obra.

F2- Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos

Aceleração dos trabalhos ocorre quando o empreendimento está atrasado e o proprietário

exige que a construtora conclua o trabalho antes da data prevista no contrato, (NEGA, 2008). Os

custos de aceleração também podem ser da total responsabilidade do cliente caso ele queira obter

o empreendimento, mas cedo que o planejado. O custo direto aumenta e os custos indiretos são

reduzidos. Por vezes quando bem planejado, os custos de aceleração são benéficos. Entretanto,

esses custos são mal empregues na maioria dos empreendimentos, o que causa desvios.

As tarefas atrasadas refletem-se no cronograma total da obra, assim, para a construtora a

opção pelos custos de aceleração é benéfica. Essa é uma solução empregue em vários

empreendimentos moçambicanos, pois na maioria das vezes as obras encontram-se atrasadas. Um

melhor estudo sobre os custos diretos e indiretos do empreendimento pode auxiliar na melhor opção

a implementar em relação aos custos de aceleração.

PD1- Alteração do projeto

Alterações do projeto é um fator bastante recorrente nos empreendimentos. Várias vezes

os proprietários tendem a alterar o projeto por razões de marketing, de modo a efetuar as vendas

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com maior antecedência, (HWANG et al. 2013 & WIGUNA; SCOTT, 2005). Há falta também da

participação do cliente no processo de criação o que faz com que as necessidades que representam

valor não sejam inclusas.

As alterações têm ocorrido em empreendimentos moçambicanos de caráter privado. O

proprietário altera o projeto por não ter encontrado ainda o seu ideal em relação ao

empreendimento.

É necessário que antes da entrega do projeto final se certifique de que todas as

necessidades do cliente foram inclusas. Reuniões frequentes durante o projeto são importantes para

a tomada de decisão em relação ao escopo e marketing do empreendimento.

AE1- Baixa produtividade da mão de obra

A produtividade da mão de obra é a parte da obra que garante que o cronograma seja

cumprido. Se a mão de obra não consegue atingir as metas diárias, consequentemente a sua

produtividade não será cumprida.

Em Moçambique, a baixa produtividade é verificada pela falta de recursos no

empreendimento e também pela falta de pessoal qualificado para realizar tarefas. A mão de obra é

obtida sem pré-requisito de formação. Mesmo que as equipes sejam calculadas de forma correta,

quando não há eficiência na mão de obra, é impossível atingir as metas estabelecidas no

planejamento. É necessário melhor o sistema de aprovisionamento de recursos. A construtora pode

dar cursos de formação ao seu quadro de mão de obra com base no desenvolvimento da habilidade

e qualidade da construção por forma a obter um pessoal qualificado para realizar as tarefas,

(ALINAITWE et al. 2006).

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5. CONCLUSÃO

Dada a quantidade de artigos recentes identificados na RSL, a temática desvios de custos

e prazos em empreendimentos da construção civil continua recebendo atenção da comunidade

científica global. Esse fato nos remete à constatação de que este problema ainda é recorrente e

desafiador no setor. A partir da RSL, obtiveram-se 95 fatores de desvios para diferentes áreas do

setor da construção. Dada a abrangência dos fatores identificados, eles podem ser generalizados

para outros contextos, desde que o tratamento estatístico seja realizado nesta nova situação.

Na primeira fase da pesquisa, aplicou-se um pré-teste que reduziu os 95 fatores

inicialmente apresentados para 56, avaliados por meio dos critérios de análise estatística. Na

segunda fase, estes 56 fatores foram aplicados no questionário final, destinado a uma amostra

maior, que resultou estatisticamente em 20 fatores relevantes para a ocorrência de desvios,

denominados “Top 20”. Estes fatores serviram como base para a descrição das diretrizes

apresentadas.

A partir da premissa de que Moçambique se enquadra no grupo de nações em

desenvolvimento, inferiu-se por meio dos resultados estatísticos de que as categorias relacionadas

ao “gerenciamento”, “alterações de escopo” e “financiamento”, foram as mais frequentes com

relação aos desvios de custos e prazos. Esse panorama remete à constatação sobre o quão

Moçambique ainda precisa resolver questões extra obra, para minimizar estes desvios. Da mesma

forma, também merecem atenção as categorias relacionadas à gestão de pessoas (atividades),

licitação (contratos) e projetuais (projeto e documentação). A pesquisa ainda sugere que, no

contexto moçambicano, é necessário melhorar o desempenho, habilidades e técnicas de

treinamento, de modo a obter mão de obra mais qualificada.

A linha principal de argumentação para a proposição das diretrizes foi a obtenção de

maior integração e colaboração entre as partes interessadas. Entretanto, partindo do princípio que

os empreendimentos moçambicanos são realizados utilizando contratos transacionais, a

implementação de novas técnicas que auxiliam a obter maiores níveis de esforços colaborativos,

por exemplo, por meio de contratos relacionais, são ainda um desafio. De maneira mais abrangente,

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os sistemas de contratação mais utilizados em Moçambique permitem apenas que as construtoras

tenham contato com o projeto final, precisamente durante o processo de licitação para a avaliação

do preço. Assim, todas as sugestões que visam à melhoria do produto final não encontram

oportunidade para serem aplicadas em etapas precoces de desenvolvimento do empreendimento.

De acordo com os fatores “Top 20”, baixos níveis de integração estão entre os principais

responsáveis pela ocorrência de desvios de custos e prazos em empreendimentos moçambicanos.

A implantação de novos processos de desenvolvimento de produto com grande ênfase na

gestão integrada e nas práticas colaborativas trazem benefícios de maneira geral, resolvendo um

dos grandes problemas do setor que é a segregação dos processos de projeto e da construção. É

também necessário salvaguardar o envolvimento do proprietário ou do usuário final durante o

desenvolvimento do produto, pois eles têm grande relevância no processo de criação, percepção e

entrega de valor pelo empreendimento. A aplicação de formas de contratação que garantam que as

responsabilidades da obra sejam compartilhadas por todas as equipes envolvidas pode estimular o

comprometimento dos agentes com os resultados mais gerais do empreendimento como um todo.

5.1. Sugestões para trabalhos futuros

A pesquisa apresentou o escopo do empreendimento como um dos fatores mais frequentes

para a ocorrência de desvios de custos e prazos. Portanto, são encorajados estudos futuros que

procurem estabelecer correlações entre este fator e os demais propostos nesta pesquisa.

Por outro lado, as diretrizes apresentadas tiveram como base a literatura pesquisada,

feedback de entrevistados e a própria pesquisadora, portanto, pode haver algum viés. Assim, novas

pesquisas de caráter prescritivo, por exemplo, pesquisa-ação ou Design Science Research, são

recomendadas para se abordar a questão de como solucionar os problemas relacionados aos desvios

pelos fatores identificados. No caso específico de Moçambique, se poderia tomar como base os

fatores “Top 20” para se desenvolverem soluções neste sentido.

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 - Descrição dos fatores contidos nas categorias

a) Atividades e equipamentos

Abstinência da mão de obra

A abstinência da mão de obra designa-se a privação voluntária do pessoal no canteiro de

obra. Na maioria das vezes é observada quando há reclamação por melhorias salariais e de

segurança no local da obra, (KAMING et al. 1997b). Entretanto, a aplicação de novas políticas de

contratação dos operários que garantam benefícios e estabilidade do trabalho são necessárias para

a redução deste fator, (KAMING et al. 1997b).

Atenção deficiente às técnicas de segurança e saúde do trabalho

Técnicas de segurança e saúde no trabalho são as normas apresentadas para que os

trabalhos decorram de forma segura. Um dos motivos para a falta de segurança e saúde é falta de

conhecimento e o não uso de boas práticas construtivas, (PIRES et al. 2007). Maior estímulo para

o cumprimento de mediadas de segurança e saúde são fundamentais para minimizar esse fator,

(PIRES et al. 2007).

Baixa produtividade da mão de obra

A baixa produtividade refere-se ao desempenho da mão de obra para o cumprimento das

metas estabelecidas para cada dia de trabalho. A baixa produtividade geralmente ocorre quando a

maioria dos trabalhadores não têm formação na área de construção e consequentemente são

submetidos a aceitar salários baixos. A admissão da mão de obra acontece através de amigos ou

parentes e neste caso a produtividade é sempre baixa, (KAMING et al. 1997a). Entretanto, com um

número suficiente da mão de obra qualificada é possível melhorar a produtividade, (ASSAF; AL-

HEJJI, 2006).

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Disponibilidade da mão de obra.

A disponibilidade da mão de obra designa-se ao número de trabalhadores em uma

determinada região com experiência na área de construção. Entretanto, pela falta de disponibilidade

da mão de obra local são contratados estrangeiros. A contratação de estrangeiros por vezes é ilegal

e por essa razão a renumeração também é baixa. Quando ocorre a deportação do pessoal ilegal,

verifica-se uma percentagem alta de escassez de mão de obra principalmente em países em

desenvolvimento, (SAMBASIVAN; SOON, 2007). Evitar a contratação ilegal é fundamental para

que não ocorram problemas de disponibilidade de mão de obra durante os empreendimentos.

Equipamentos e ferramentas não disponíveis ou danificados.

Equipamentos e ferramentas não disponíveis, ocorrem quando os mesmos não são

adquiridos ou danificados. A falta de manutenção de equipamentos causa falhas no funcionamento

o que prejudica o progresso da obra, (SAMBASIVAN; SOON, 2007). É necessário realizar um

planejamento de equipamentos de difícil acesso (AZIZ, 2013), e efetuar manutenção de forma

constante de modo a evitar que haja falta de disponibilidade de equipamentos durante o

empreendimento.

Erros e problemas de qualidade durante a construção.

Erros e problemas de qualidade ocorrem quando não é verificado o produto desejado no

término de tarefas durante a construção. Podem ser causados pela falta de supervisão do material,

equipamento e métodos construtivos empregues na construção. Independentemente do motivo, os

erros podem ter impacto no cronograma do empreendimento. A colaboração entre as equipes é

fundamental para a redução de erros e para a realização de tarefas com qualidade,

(SAMBASIVAN; SOON, 2007).

Falta de mão de obra.

A falta de mão de obra é a escassez de trabalhadores que se disponibilizam a trabalhar na

área de construção. Uma forma de minimizar esse fator, é a implementação de medidas proativas

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de treinamento e incentivo da população a participar na indústria da construção, (KADIR et al.

2005).

Falta de habilidade e experiência da construtora, falta de trabalhadores qualificados no

mercado local.

Habilidade e experiência e a qualificação dos trabalhadores referem-se ao resultado

positivo do trabalho realizado por uma empresa que comprove o histórico apresentado no processo

de licitação. Entretanto, uma construtora com inadequada experiência não pode planejar e gerenciar

empreendimentos corretamente e isso pode levar a consequências desastrosas, (SAMBASIVAN;

SOON, 2007). O estabelecimento de um conjunto adequado de normas, regulamentos e

especificações sobre a qualificação de empresas de construção é um pré-requisito para a eliminação

de empreiteiros impróprios da indústria da construção, (AZIZ, 2013).

Greves no trabalho (no canteiro de obras).

As greves são paralisações das atividades no canteiro de obra. Ocorrem por período

indeterminados geralmente quando os trabalhadores exigem algo a diretoria. No entanto, as greves

podem ser controladas através do uso de uma legislação adequada e apropriada, (KALIBA et al.

2009). O governo pode atualizar, aplicar e fazer cumprir as leis que garantem que a mão de obra

não seja prejudicada, sendo esses, procedimentos de governança corporativa por parte do cliente,

consultor e construtoras, (KALIBA et al. 2009).

Indisciplina no trabalho e uso de álcool e drogas.

A indisciplina ocorre quando não existe responsabilidade e respeito no canteiro de obra

por parte dos trabalhadores. Várias vezes eles se apresentam ao trabalho depois de terem usado

álcool e estupefaciente, provocando instabilidade e atrasos durante as suas tarefas diárias, o que

acaba originando atrasos no cronograma do empreendimento, (SOEKIMAN et al. 2011). Um

controle maior em relação a indisciplina é necessário para que ela seja controlada.

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Método inadequado de construção, não efetivo uso de informação tecnológica.

Os métodos de construção geralmente são descritos no caderno de encargo, onde são

apresentados detalhes de como efetuar cada atividade. A falta de uso de técnicas corretas, faz com

que a construção decorra inadequadamente, (MOTALEB KISHK 2010). O uso da tecnologia de

informação para melhorar os processos de construção, planejamento e gerenciamento, estabelecem

melhoria da construção do empreendimento, (LOVE et al. 2010).

Pouco entendimento do escopo pela mão de obra e complexidade do projeto.

Pouco entendimento do escopo refere-se a falta de clareza em relação ao objetivo do

empreendimento. A mão de obra tem dificuldades de compressão do projeto por ele ser complexo.

Esse aspecto faz com que o projeto seja refeito, o que dificulta a construtora de prosseguir com a

obra, (OGUNLANA; OLOMOLAIYE, 1989). É necessário que o projeto apresente clareza e

detalhes que facilitem a compressão da equipe de construção.

Preços elevados dos serviços de construção e projeto subestimados

A subestimação do custo de construção refere-se aos orçamentos com preços acima da

realidade. A falta de pessoal competente para estimativa de custos de obras, faz com as construtoras

apresentem propostas subestimadas, (FUGAR; AGYAKWAH-BAAH, 2010). Por vezes as

construtoras optam pela subestimação como forma de segurança, uma vez que não tem informação

sobre determinados materiais e serviços. A contratação de pessoal qualificado e com informação

atualizada é essencial para efetuar orçamentos mais assertivo, (FUGAR; AGYAKWAH-BAAH,

2010).

b) Aspectos ambientais e econômicos

Acidentes durante a construção.

Acidentes durante a construção podem ocorrer por fenômenos naturais. A falta de controle

para que as técnicas sejam empregues faz com que os acidentes acabem ocorrendo, (ASSAF; AL-

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HEJJI, 2006). É necessário efetuar estudos sobre os fenómenos naturais na região onde a obra irá

decorrer de modo a reduzir a quantidade de acidentes que podem causar durante o empreendimento.

Atraso na entrega de materiais, equipamentos e ferramentas que são necessárias para o

empreendimento devido às condições de transporte no País.

Condições de transporte no país referem-se as vias de acesso aos diversos locais. Em

determinados países, as vias de acesso são bastante precárias o que dificulta o transporte do material

e provoca atraso da entrada na obra. Quando há dificuldades de transporte consequentemente há

atrasos nos empreendimentos, (ALAGHBARI et al. 2007). Melhorar o sistema de transporte dentro

do País é necessário para o progresso não só no setor da construção civil, como também para os

demais existentes, (ALAGHBARI et al. 2007).

Cartéis de fornecimento do material no País.

Existe diversidade em relação a aquisição do material em um país. A falta de preços

padronizados num país faz com que cada fornecedor estabeleça preços materiais de acordo com a

sua procura, (AZIZ, 2013). Estratégias de alternativas, bem como um bom gerenciamento da cadeia

de suprimentos muitas vezes são as soluções mais empregues pelas construtoras de forma a não

serem afetadas com esse fator, (AZIZ, 2013).

Condições climáticas imprevisíveis ou inadequadas, problemas ambientais.

As condições climáticas vão além do controle humano. Quando as condições climáticas

são inadequadas resultam em desvios de custos em empreendimentos, principalmente em obras de

infraestrutura, (KALIBA et al. 2009). É necessário efetuar um planejamento com informações

meteorológicas atualizadas constantemente. Alterações do escopo do projeto, prevenções

ambientais e mitigação dos custos são as possíveis formas de minimizar esse problema, (KALIBA

et al. 2009).

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Condições e investigações inadequadas do solo.

As condições do solo são avaliadas através de ensaios. No entanto, as condições reais do

local para toda a extensão de um projeto não são sempre determinadas, (NEGA, 2008). Ocorre

negligência na análise inicial devido às condições meteorológicas adversas ou devido as mudanças

nas condições de subsolo, (NEGA, 2008). A investigação do solo de acordo com a implantação do

projeto é necessária antes de iniciar a obra, (CHAN; KUMARASWAMY, 1996).

Desastres naturais.

Desastres naturais são imprevisíveis, entretanto, por vezes é possível evitar que eles

prejudiquem o empreendimento, (MAHAMID et al. 2012). As soluções podem ser previstas

durante a fase de preparação da obra por forma a evitar danos que podem causar durante a fase de

construção, (MAHAMID et al. 2012).

Efeitos sociais, culturais, históricos e ambientais.

Os costumes, crenças, leis ambientais são específicas em determinados regiões, (ASSAF;

AL-HEJJI, 2006). Os problemas sociais, culturais, históricos e ambientais variam em relação ao

local onde o empreendimento decorrerá. É necessário adquirir conhecimentos sobre a região onde

o empreendimento irá decorrer. Um estudo prévio sobre os costumes e leis são fundamentais para

um planejamento correto do empreendimento, (ASSAF; AL-HEJJI, 2006).

Problemas ambientais na construção.

Os problemas ambientais na construção estão relacionados com as leis ambientais para os

serviços de construção exigidos pelo governo em vários países. As obras podem ser realizadas sem

que prejudiquem o sistema ambiental e a segurança da população. Melhorar o controle para o

funcionamento correto da prática ambiental e de segurança é importante para a sua devida

aplicação, (ZOU et al. 2007).

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Fronteiras encerradas.

Problemas com rompimento de circulação entre países fronteiriços ocorrem devido a

guerras civis, problemas governamentais entre países vizinhos ou mais. O encerramento frequente

e contínuo causa escassez de materiais de construção quando adquirido o exterior, (ENSHASSI et

al. 2010). Melhorar o sistema político é fundamental para o progresso construtivo.

Greves (no país).

As greves se referem as paralisações de atividades em um país. As greves frequentes

devido à instabilidade políticas e governamentais têm afetado o cronograma dos empreendimentos

na fase de construção, (KALIBA et al. 2009). Este é um aspecto que está além da própria gerência

da obra, o que dificulta que ele seja resolvido. As partes envolvidas podem entrar em consenso

para que nenhuma seja lesada em relação aos atrasos e custos adicionais que podem ocorrer devido

as greves.

Inflação.

A inflação é o desequilíbrio econômico caraterizado por preços altos que provêm de

excesso de poder de compra da massa dos consumidores em relação a quantidade de bens e de

serviços postos a sua disposição. A inflação por vezes encarece a construção. Se a taxa de aumento

da inflação estiver acima do nível previsto durante o período de construção, a estimativa de custo

original será excedida, (NEGA, 2008). Obviamente, qualquer fator que atrasa um empreendimento

poderá expor riscos de novos aumentos de custos inflacionários, (NEGA, 2008). É necessário

estabelecer contrato com reajuste de preços de acordo com a inflação em relação aos trabalhos

ainda por efetuar.

Práticas fraudulentas.

Durante os processos de licitação ocorrem várias práticas fraudulentas para garantir que

determinadas empresas vençam os processos de licitação. As fraudes são causadas quer pelas

entidades que representam o dono da obra quer também pelas construtoras que geralmente pagam

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alguma taxa para que vençam os processos de licitação. É necessário estabelecer um sistema

fraudulento de responsabilidade individual para desencorajar esta prática, (AZIZ, 2013).

Problemas econômicos.

Os problemas econômicos de um país sempre acabam afetando os empreendimentos. O

sistema de financiamento pode ser prejudicado e consequentemente o planejamento inicial do

empreendimento não é cumprido. Um bom ambiente econômico pode contribuir para ações ativas

na tomada de decisão e redução de riscos, (WANG; YUAN, 2011).

Questões tecnológica.

As questões tecnologias estão mais relacionados com o conhecimento da tecnologia e

como ela é empregue no processo construtivo. A tecnologia é fundamental para um bom

planejamento e coordenação do empreendimento entre várias equipes envolvidas. Quando o acesso

ao conhecimento tecnológico e relevante não estiver disponível, os projetistas optam pela

tecnologia obsoleta, (LONG et al. 2004). No entanto, há falta de conhecimento sobre as tecnologias

adequadas às condições regionais. Os projetistas precisam estar precavidos em relação a este fator,

(LONG et al. 2004).

c) Financiamento

Atrasos no pagamento à construtora.

O pagamento a construtora com as datas previstas é um fator importante para que as

atividades prossigam sem interrupções. Atrasos no pagamento as construtoras, causam conflitos

durante a construção e afetam os subempreiteiros, (KALIBA et al. 2009). Melhorar a burocracia

do cliente no sistema de pagamento evita que ocorram trabalhos inadequados e aumenta a

habilidade da mão de obra, (KALIBA et al. 2009).

Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos.

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Custos de aceleração dos trabalhos ocorre quando o empreendimento está atrasado ou

quando o proprietário exige que a construtora conclua o trabalho antes da data prevista no contrato,

(NEGA, 2008). Os custos de aceleração podem incluir a mobilização e desmobilização, devido à

necessidade de adicionar recursos em termos de mão de obra, equipamentos e supervisão em

relação ao inicial, (NEGA, 2008). No entanto, os custos de aceleração, por vezes acabam estoirando

o orçamento da obra. O valor que geralmente é pago pelo dono da obra acaba não cobrindo os

custos adicionais que auxiliaram para o cumprimento do prazo. É necessário analisar o custo de

aceleração em relação ao custo indireto que será reduzido pela entrega mais cedo do

empreendimento.

Dificuldades em relação à modalidade de pagamentos pelas agências financiadoras.

As agências financiadoras determinadas vezes não efetuam o pagamento nas datas

estabelecidas por forma a suprir com as necessidades da construção. É necessário certificar-se das

fontes adequadas e disponíveis para o financiamento, (AZIZ, 2013). Níveis de financiamento

podem ser determinados na fase de planejamento do projeto, para que o pagamento pelo trabalho

realizado seja regular, (FRIMPONG et al. 2003).

Dificuldades na quitação de financiamentos pelas construtoras.

A quitação do financiamento refere-se a devolução do valor emprestado as agências

financiadoras. Devido a quantidade de empréstimos, as construtoras têm dificuldade de reembolso

do valor, (ZOU et al. 2007). Um melhor gerenciamento do fluxo da caixa pode evitar os

empréstimos nas agências bem como o bom funcionamento do sistema de finanças é fundamental

para minimizar o fator, (ZOU et al. 2007).

Método de pagamento apenas após o escopo completo.

O método do pagamento após o escopo completo ocorre quando existe um contrato que

dispõe o pagamento apenas na entrega da obra concluída. Para que uma construtora consiga realizar

uma obra desse género, necessita de fundos próprios que consigam suprir todas as necessidades da

obra. Entretanto, as obras envolvem grandes quantias de dinheiro e a maior parte das construtoras

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têm dificuldade em superar as despesas diárias quando os pagamentos estão em atraso,

(SAMBASIVAN; SOON, 2007). Por existirem construtoras que não têm uma estrutura financeira

estável, há necessidade de efetuar pagamentos por etapas para garantir o bom andamento do

empreendimento, (SAMBASIVAN; SOON, 2007).

Problemas com o fluxo de caixa.

O fluxo da caixa representa a capacidade de autofinanciamento da empresa. É o lucro

líquido após imposto, ao qual se juntaram as amortizações e as reservas e provisões não tendo o

carácter de dívidas. Entretanto, o fluxo de caixa e a estabilidade financeira de várias construtoras é

crítico e a construção não progride conforme planejado, (RAHMAN et al. 2013b). Um correto

planejamento do fluxo de caixa através do progresso da obra e do pagamento evitam problemas

com o fluxo de caixa, (ASSAF; AL-HEJJI, 2006).

Problemas financeiros.

Os problemas financeiros ocorrem quando o proprietário não dispõe de fundos para dar

continuidade ao empreendimento. A fim de reduzir o custo do empreendimento e efetuar um

orçamento dentro das capacidades financeiras, os proprietários optam pelas variações dos projetos,

(ENSHASSI et al. 2010). Garantir antes todo o valor necessário para o empreendimento é uma das

resoluções de problemas financeiros. A redução do período de tempo entre a concepção e

implementação pode salvaguardar os fundos financeiros suficientes para realizar o trabalho durante

o período de restrição do empreendimento, (AZIZ, 2013).

d) Projeto e documentação

Alteração do projeto.

Alteração do projeto refere-se a um projeto que é apresenta mudanças após início da obra.

Esse aspecto acontece quando existem omissões e erros no projeto inicial. Na construção de vários

empreendimentos é notável uma série de alterações, (KAMING et al. 1997a). As alterações no

projeto pelo consultor estão relacionadas à falta de informações para alcançar os objetivos

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propostos, (ENSHASSI et al. 2010). A alocação de recursos financeiros e prazo para adquirir um

projeto com maior qualidade na fase da elaboração são necessárias para melhoria deste fator,

(AZIZ, 2013).

Atraso na aprovação do projeto.

O atraso na aprovação do projeto refere-se a análise do projeto final a ser aprovado pelo

consultor e pelo dono da obra. Por vezes compromete o início empreendimento. Portanto os

consultores devem ser flexíveis na avaliação e estabelecer um compromisso entre o custo e

qualidade do empreendimento para atingir os objetivos do empreendimento, (ASSAF; AL-HEJJI,

2006).

Atraso na elaboração do projeto.

O atraso na elaboração do projeto refere-se a entrega projeto final pelo projetista. O

projetista por vezes atrasa na elaboração ou na entrega de desenhos específicos para determinadas

tarefas. Por sua vez, as construtoras não conseguem prosseguir com o trabalho por falta do projeto,

o que causa atrasos no cronograma, (MEMON et al. 2011). Evitar atrasos na elaboração e entrega

do projeto auxilia na correta aplicação do cronograma da obra. Um melhor comprometimento com

o projeto é fundamental para reduzir este fator, (MEMON et al. 2011).

Conflitos entre o arquiteto e os demais representantes das diferentes disciplinas do

projeto.

Os conflitos entre as diferentes disciplinas do projeto são bastante frequentes. A falta de

concordância em soluções do projeto por parte de um integrante provoca vários conflitos entre as

partes envolvidas no processo do desenvolvimento do projeto, (AZIZ, 2013). O envolvimento de

todos os participantes para um objetivo comum que é satisfazer o cliente é importante para a

redução de conflitos. É necessário que todos trabalhem em prol de um objetivo. A coordenação e

comunicação suficiente entre o projetista e as diferentes disciplinas do projeto são essenciais para

reduzir conflitos e alcançar as melhores soluções, (AZIZ, 2013).

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Defeitos, erros e omissões no projeto.

Os projetos por vezes são entregues repletos de erros e emissões. Os projetistas são

responsáveis pela assistência inadequada do gerenciamento do projeto e falta de envolvimento

durante a fase da construção do projeto, (LONG Et al. 2004). O consultor desempenha um papel

importante na minimização dos erros e omissões no projeto e na resolução dos problemas antes do

início da construção, (ENSHASSI et al. 2010). É necessário o estudo do histórico do projeto

anteriores para possível aplicação em projetos semelhantes no futuro e aumentar a participação de

todos de modo a fornecer soluções mais adequadas, (AZIZ, 2013). Uma vistoria do projeto antes

de ser entregue pode detectar e reduzir os problemas contidos nele.

Soluções inadequadas do projeto.

As soluções empregues no projeto, quando não são adequadas corretamente, acabam

afetando a qualidade prazo e custo do empreendimento. Muitas vezes é o próprio projetista que

apresenta soluções sem antes efetuar um estudo para verificar as vantagens e desvantagens da nova

solução. É necessário que todos entrem em consenso antes da implementação de uma determinada

solução. A maior atenção nesse aspecto é fundamental para minimizar desvios de custos e prazos,

(PIRES et al. 2007).

Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado durante a fase

de construção.

A tentativa de melhoria do projeto durante a fase da construção faz com que ocorram

alteração no escopo do empreendimento e por vezes causa a falta de entendimento da mão de obra

em relação as tarefas a efetuar, (ADNAN et al. 2009). Realizar mais analises e supervisão antes da

apresentação do projeto final é solução que pode ser empregue para minimizar este fator, (ADNAN

et al. 2009).

e) Gerenciamento

Falta de controle dos custos de insumos.

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Os insumos se relacionam ao conjunto de elementos que entram na produção de bens e

serviços para uma determinada tarefa. O controle dos custos de insumos melhora o gerenciamento

de custos da construção e alerta a construtora e as demais entidades envolvidas no projeto dos

possíveis desvios, garantindo que soluções adequadas sejam aplicadas, (NEGA, 2008).

Falta de planejamento e controle de custos no pré e no pós-contrato.

Os custos podem variar durante o empreendimento. Devido a inflação e cartelização do

preço dos materiais, equipamentos e serviços, há necessidade de realizar um controle de custo no

pré e no pós-contrato, (AL-NAJJAR, 2008). Essa prática garante que nenhuma das partes

envolvidas seja prejudica e melhora o controle interno do custo do empreendimento, (AL-NAJJAR,

2008).

Falta de subempreiteiros e firmas especializadas para a realização de trabalhos

específicos.

Determinadas tarefas necessitam de pessoal especializado para realizar. Sendo assim,

várias construtoras contratam várias firmas para trabalhos específicos. Contudo, por vezes há

indisponibilidade de subempreiteiros especializados, (OGUNLANA; OLOMOLAIYE, 1989). É

necessário prever na fase da preparação da obra, o pessoal necessário para garantir a realização dos

trabalhos nas datas previstas, (OGUNLANA; OLOMOLAIYE, 1989).

Falta de uso de gerenciamento do sistema do valor agregado.

O uso do sistema do valor agregado auxilia na redução dos preços do empreendimento. O

relatório do progresso da construção pode ser visto como uma base para encontrar soluções de

desvios de custos ocorridos, (LEE, 2008). O sistema de alteração de materiais para aplicação de

novos com mais facilidade de acesso e menor preço que garantam a qualidade exigida na obra. É

necessário que fornecedores participem na tomada de decisões e soluções a aplicar na obra.

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Gerenciamento insuficiente do contrato.

O gerenciamento do contrato não é efetuado na sua totalidade. A insuficiência do

gerenciamento do contrato, afeta a cronograma do empreendimento e o controle geral de custos,

(OKPALA; ANIEKWU, 1988). A experiência e formação adequadas ao nível da administração,

mão de obra técnica, o alto nível de produtividade, o financiamento adequado para planejamentos

de curto e longo prazo, são as medidas que podem ser aplicadas na construção para melhorar o

gerenciamento do contrato, (OKPALA; ANIEKWU, 1988). A boa coordenação entre as equipes é

sempre fundamental.

Gerenciamento precário do empreendimento.

O gerenciamento precário do empreendimento ocorre quando o sistema aplicado não é

adequado ou quando não há conhecimento sobre gestão. É mais verificado em empreendimentos

pequenos com baixo valor de contratação. Entretanto, a má gestão é uma das mais importantes

causas de atrasos do empreendimento, (MURRAY; SEIF, 2013). Uma equipe eficaz e um eficiente

gerenciamento é fundamental para garantir que o trabalho seja realizado de acordo com o

cronograma, (KADIR et al. 2005).

Número insuficiente de encarregados e lentidão na supervisão.

A supervisão do empreendimento refere-se ao controle da realização das tarefas no

empreendimento. Nem sempre a supervisão é totalmente efetuada por falta de pessoal. Aumentar

o número de supervisores garante que haja mais inspeção atenção e rapidez na realização das

tarefas, sem correr o risco de erros, (MAHAMID et al. 2012).

Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento.

Uma vez que existem muitas partes envolvidas em um empreendimento (cliente,

consultor, construtora, subempreiteiros), a comunicação entre as partes é crucial para o sucesso do

mesmo. Qualquer problema com a comunicação pode levar a mal-entendidos e atrasos,

(SAMBASIVAN; SOON, 2007). A falta de coordenação entre as partes do projeto é mais notável

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entre a construtora e o consultor, (ENSHASSI et al. 2010). É necessário efetuar reuniões com

frequência e a comunicação pode ser efetuada por forma de e-mails, o que auxilia na coordenação

dos trabalhos.

Prazo insuficiente para análise correta de recursos e custos necessários para o

empreendimento.

A má estimativa e gestão de alterações reflete na falta de eficácia e eficiência no

procedimento de gestão do empreendimento, (LONG Et al. 2004). O prazo entre a preparação da

obra e o início é por vezes curto, o que faz com que a correta análise de recursos e custos. As

estimativas, feitas com alto grau de confiança, ajudam o responsável na decisão de preços

competitivos eficazes, (AZIZ, 2013).

Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão.

A tomada de decisão no empreendimento relaciona-se as soluções apresentadas para um

determinado problema. Os clientes devem ser responsáveis na avaliação de variações do projeto

por forma a criar planos de contingência eficazes de lidar em situações inesperadas, (CHAN;

KUMARASWAMY, 1996). É necessário que as decisões sejam tomadas com base no plano de

contingência por forma a não encarecer o empreendimento.

Atraso na entrega do material na obra, problemas com o planejamento da entrega do

material na obra.

O atraso na entrega do material a obra refere-se a entrega do material na obra de acordo

com o plano do aprovisionamento. Várias vezes a falta de pagamento faz com que os fornecedores

percam a confiança na credibilidade dos contratantes e os materiais nunca são entregues nos prazos

definidos, (KADIR et al. 2005). Outro apeto deve-se a falta do planejamento adequado para

aquisição do material necessário para cada fase da obra. As construtoras são aconselhadas a criar

estaleiros de materiais de construção necessários e especialmente aqueles que são escassos ou que

são em quantidade limitada nos mercados para evitar atrasos e custos adicionais, (AL-NAJJAR,

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2008). Analisar e efetuar planos de aprovisionamento capazes de assegurar que problemas

semelhantes não ocorram.

Cartelização de material causada pelos fornecedores.

A cartelização muitas vezes ocorre quando há problemas de importação do material,

fazendo com que os fornecedores locais estabeleçam e atribuam os preços consoante a sua procura,

(ADNAN et al. 2009). E dependendo do nível de procura a cartelização pode ser bastante elevada.

Esse problema que pode ser resolvido com a intervenção do governo, garantindo mais segurança e

estabilidade para os fornecedores, (ADNAN et al. 2009).

Escassez de material com qualidade aceitável, material inadequado, pouca oferta do

material, atraso na aquisição do material importado.

Durante os períodos de alto desenvolvimento onde o nível de atividade da construção é

extraordinariamente elevado em uma região particular, pode haver falta de alguns materiais de

construção, (NEGA, 2008). Algumas vezes, o mercado local não é capaz de suprir a demanda total

dos materiais solicitados, o que faz com que haja necessidade de importação dos materiais de

construção. Quando a importação não é prevista na estimativa inicial, podem ocorrer desvios de

custos e prazos, (NEGA, 2008). A procura por alternativas em colaboração com o cliente quando

há alerta de escassez do material é uma solução apontada para este problema, (NEGA, 2008). A

gestão local deve planejar com antecedência para garantir que os materiais críticos estejam sempre

disponíveis no local da obra (KADIR et al. 2005). Sistemas eficazes e eficientes de aquisição de

material devem ser estabelecido no âmbito de projetos através da melhoria no processo de aquisição

a fim de evitar atrasos de fornecimento, (FRIMPONG et al. 2003).

Estimativa incorreta do material.

A estimativa incorreta do material é também relacionada ao prazo insuficiente para a

estimativa de recursos. Isso ocorre quando a gestão do aprovisionamento é inadequada. O plano de

aprovisionamento deve ser efetuado com antecedência, o planejamento de soluções principalmente

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para material importado também pode ser previsto. O gerenciamento da logística adequado é

fundamental para minimizar esse fator, (KAMING et al. 1997a).

Falta de conhecimento em relação às disponibilidades de materiais e equipamentos pelos

consultores.

Esse fator, é causado pelos consultores que não têm experiências necessárias sobre os

materiais disponíveis em mercados locais. Entretanto, se o consultor não considerar a dificuldade

de obtenção dos materiais mais escassos durante a fase do projeto, fará com que ocorram variações

durante a fase de construção, (ENSHASSI et al. 2010). Um estudo prévio sobre o local onde a obra

irá decorrer e sobre a facilidade de obtenção do material é necessário. É possível, dependendo da

oferta, atribuir novas soluções ao projeto de acordo com a demanda de materiais.

Incremento de preço do material.

O incremento do preço do material pode ocorrer devido a inflação num determinado país.

As estimativas precisas dos materiais, equipamentos dependem de dados de custos de confiança.

Várias vezes o Ministério das Obras Públicas, através do seu centro de informações de construção,

publica os dados de custos trimestrais, que incluem o preço unitário de materiais, (KAMING et al.

1997a). No entanto, os dados são úteis apenas como um guia de licitação, e não são consistentes o

suficiente para o planejamento de construção efetiva. As construtoras precisam manter seus

próprios dados de custos históricos, (KAMING et al. 1997a). A fim de estabilizar o custo de

materiais, o aumento no valor da oferta de materiais pode ser útil para quebrar a cartelização dos

fornecedores e para o controlo da cadeia de suprimento, (AZIZ, 2013).

Uso de especificações inadequadas por consultores internacionais.

O consultor internacional responsável pela consultoria do empreendimento, em muitos

casos, não é familiarizado com situação local. Por isso, ele usa especificações internacionais que

são inadequadas para as condições locais. Isto leva a variações de especificações do material

durante o empreendimento, (ENSHASSI et al. 2010). Várias alternativas podem ser empregues

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ainda na fase do projeto para minimizar que materiais de difícil acesso sejam apresentados no

projeto final do empreendimento.

Alteração do cronograma pelo proprietário/cliente.

O cronograma do empreendimento pode ser alterado devido às exigências do cliente em

relação a uma necessidade da obra. Para reduzir as alterações do cronograma é necessário estudar

o projeto e seus benefícios antes da sua construção (KALIBA et al. 2009). O cronograma adequado

inclui o planejamento em curto prazo viável para metas, de médio prazo e de longo prazo, (AZIZ,

2013).

Atraso na aquisição de terrenos e propriedades.

A aquisição do terreno refere-se a disponibilidade do espaço onde o empreendimento será

efetuado. A demora na aquisição da autorização do uso de terra reflete no planejamento da obra. O

atraso na aquisição do terreno afeta o conhecimento prévio do local e da comunidade onde a obra

será realizada, bem como o estudo da situação real e mais detalhado do solo, (RAMANATHAN et

al. 2011 & MAKOVŠEK et al. 2012).

Atrasos no procedimento da execução do empreendimento.

A procedência das tarefas do empreendimento é de acordo com a satisfação e conclusão

das tarefas antecedentes. A monitorização da qualidade das atividades de forma contínua e

definição do sistema de qualidade exigido nas diferentes atividades do projeto, evita quaisquer

erros que podem levar a retrabalho de atividades e consequentemente atraso na fase da construção,

(AL-NAJJAR, 2008).

Falta de comprometimento com o escopo geral do empreendimento.

A falta de comprometimento com o escopo do empreendimento é notável quando há uso

de técnicas impróprias de construção que comprometem as normas de segurança, qualidade,

produtividade e aumentam a duração do empreendimento, (DOLOI et al. 2012). Outro aspecto que

demonstra a falta de comprometimento do cliente e da construtora é a falta de aquisição do material

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ou do plano de aprovisionamento na fase do projeto, que por sua vez afeta o planejamento do

empreendimento, (DOLOI et al. 2012). É necessário que haja um compromisso com o plano em

relação ao cumprimento das tarefas nas datas previstas e apresentadas com a qualidade exigida.

Falta de métodos de supervisão, falta e/ou incapacidade de encarregados de supervisão.

O atraso ou incapacidade na supervisão faz com que haja demora no fornecimento de

instruções para o bom andamento do empreendimento, (ALAGHBARI et al. 2007). A supervisão

eficiente e qualificada é sempre necessária para reduzir atrasos e garantir que o empreendimento

decorra corretamente, (ALAGHBARI et al. 2007). Uma vez efetuada uma boa supervisão garante

que outras atividades sejam realizadas com maior precisão e qualidade.

Inadequado planejamento e cronograma.

As construtoras muitas vezes não conseguem efetuar um planejamento prático e viável.

Entretanto, o planejamento inadequado nas fases iniciais do empreendimento compromete vários

estágios da obra. Apenas um projeto que é bem planejado pode ser bem executado,

(SAMBASIVAN; SOON, 2007). É necessário assegurar a gestão eficiente do tempo através de

adequado planejamento de recursos, de modo a evitar desvios de prazo e, consequentemente evitar

excesso de custos devido ao atraso, (NEGA, 2008).

Interrupção no fluxo de construção do empreendimento por problemas de qualidade.

Muitas vezes os consultores interrompem as construções por elas não apresentarem a

qualidade desejada, (ALINAITWE et al. 2006). É necessário que o pessoal técnico seja qualificado

e quantificado com experiência adequada em relação ao projeto. A equipe será mais eficaz se o

número engenheiros, técnicos e supervisores for suficiente, para que as responsabilidades sejam

compartilhadas entre todos eles, (AL-NAJJAR, 2008).

Planejamento precário da logística para alocação de recursos.

A falta de um planejamento para a alocação do material equipamentos e organização do

canteiro de obra, compromete o deslocamento e os cuidados necessários com os recursos,

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(RAMANATHAN et al. 2011). Várias vezes são impostos custos adicionais para aquisição de

novos recursos para substituir os danificados. A logística é efetuada e estudada em planta. É

necessário prever todos os movimentos necessários no canteiro de obra de acordo com a evolução

do empreendimento por forma a realocar os recursos em lugares apropriados. Um bom

planejamento da logística permite que a obra decorra sem interrupções e evita desperdícios,

(RAMANATHAN et al. 2011).

Poucas frentes de serviços e preparação insuficiente de tarefas.

Frentes de serviço referem-se as equipes que irão efetuar o empreendimento. Entretanto,

o prazo do empreendimento muitas vezes não é real, o que dificulta as construtoras de quantificar

a mão de obra necessária para o empreendimento sem erros, (IYER; JHA, 2005). É necessário que

o prazo de obra seja discutido pelas partes envolvidas no projeto para garantir que ele seja

cumprido, (IYER; JHA, 2005). A partir de então efetuar um planejamento adequado de acordo as

frentes de serviço disponíveis para o empreendimento para que o prazo proposto seja cumprido.

f) Organização

Falta de um plano para coordenação de diferentes tarefas entre diferentes

subempreiteiros na execução do empreendimento.

Normalmente em grandes empreendimentos, há muitos subempreiteiros que trabalham em

simultâneo, (MURRAY; SEIF, 2013). Entretanto, o empreendimento pode atrasar caso um dos

subempreiteiros não tenha capacidade e experiência necessária para realizar o trabalho, originando

conflito entre os demais subempreiteiros, (MURRAY; SEIF, 2013). Um plano eficaz que apresenta

o procedimento da obra para que as diferentes empresas saibam em que momentos podem iniciar

as suas atividades sem causar conflitos de espaço com as demais pode auxiliar na coordenação das

tarefas. Reuniões podem ser realizadas regularmente entre a construtora e os subempreiteiros para

esclarecer quaisquer questões pendentes, (MURRAY; SEIF, 2013).

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Conflito entre os participantes do empreendimento, disputas e negociações de

adversidade.

A diferença de opinião ou de falta de coerência em alguns aspectos do empreendimento

causa conflitos entre os participantes. Muitas vezes na busca de soluções algumas empresas apenas

apresentam benefícios para as tarefas que elas vão efetuar sem se importarem com os demais

participantes. O responsável pelo gerenciamento tem que desenvolver meios adequados para evitar

conflitos entre os participantes, (IYER; JHA, 2005). Estudar todas as soluções apresentadas e

procurar estabelecer um acordo que não prejudique e nem favorece a mais nenhum dos

participantes.

Consequências negativas de decisões tomadas.

As equipes envolvidas no processo construtivo podem considerar que as consequências

resultantes de suas decisões podem afetar as atitudes de risco. Entretanto, as soluções devem ser

tomadas com base nas análises e atenção em relação as principais desvantagens que elas podem

trazer. O conhecimento, experiência, a percepção do pessoal e o ambiente econômico são a base

para tomada de decisão correta, (WANG; YUAN, 2011). Quando as decisões são adequadas, elas

trazem benefícios ao empreendimento em relação ao prazo e custo.

Falta de conhecimento e experiência, liderança inadequada.

A falta de conhecimento e experiência faz com que vários fatores com impactos negativos

ocorram na obra. Quando não existe conhecimento para aplicar em uma determinada situação,

soluções inadequadas são empregues, tomando em consideração que a liderança é que tem o poder

da decisão final. Todas as três partes (cliente, consultor e construtora), podem colocar em prática

políticas que irão ajudá-los a manter os recursos humanos, reduzindo assim a rotatividade de

pessoal. Podem ser realizados programas de formação contínua para melhorar a competência e

conhecimento do pessoal, (KAMANGA; STEYN, 2013).

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Relacionamento entre os trabalhadores e o gerente do empreendimento.

Durante o empreendimento, existe conflitos entre o gerente e a mão de obra. Esse aspecto

faz com que as atividades ocorram sem desempenho e desânimo do pessoal. Um bom ambiente de

trabalho faz com que o empreendimento e o planejamento sejam cumpridos. Além disso, o bom

ambiente do trabalho deve ser salvaguardado, para que todos se sintam a vontade para opinar,

(MEMON et al. 2011).

g) Relações governamentais

Alteração de regras governamentais.

As alterações de regras governamentais afetam o progresso dos empreendimentos. Por

vezes as construtoras interrompem as suas atividades até que consigam cumprir com as novas leis

impostas, (ASSAF; AL-HEJJI, 2006). Apesar de este ser um aspecto que foge da responsabilidade

da própria construtora. É necessário ficar sempre atualizado em relação aos novos regulamentos

governamentais para que haja precaução em relação as novas leis de construção.

Aprovação dos requisitos impostos pelo governo para o empreendimento.

O Governo impõe determinados requisitos para que os empreendimentos decorram. Esses

requisitos se não tratados corretamente podem causar embargamento dos empreendimentos, (LE-

HOAI et al. 2008). Na preparação do empreendimento, é necessário também garantir que os

requisitos principais sejam cumpridos. Uma obra com condições adequadas exigidas pelo governo

evita interrupções desnecessárias.

Burocracia no processo de licitação.

No processo de licitação são exigidos vários requisitos burocráticos que dificultam

determinadas construtoras de participarem, (AZIZ, 2013). Por vezes, os requisitos são impostos

pelo órgão governamental responsável pelos empreendimentos, para garantir que as empresas

estejam dentro das condições impostas para realizarem as suas atividades, (AZIZ, 2013). A

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aprovação de uma empresa garante que vários problemas relacionados com o governo não ocorram

durante o empreendimento.

Insegurança política.

A insegurança política por ser imprevista, afeta os empreendimentos em relação a

aquisição de recursos importados e aumenta a cartelização de materiais, prejudicando a estimativa

inicial do empreendimento, (MAHAMID, 2013). Em alguns países esse problema ocorre com

frequência e é difícil assegurar-se de que eles não acontecem. Implementar medidas de precaução

para que esses problemas não afetem a obra são fundamentais.

Pressão do governo local, obtenção de permissões governamentais legais para a

construção.

A obtenção de permissões legais no governo pelas construtoras é um processo moroso e

burocrático. Elas causam atrasos nos empreendimentos, caso as obras já estejam a decorrer, ou

atrasam o início da obra, (FALLAHNEJAD, 2013). Os governos devem criar regimes deliberadas

que pode ajudar empreiteiros locais a obter as premissas necessárias para efetuarem as suas

atividades, (KALIBA et al. 2009). Esse aspecto pode ser frequentemente divulgado para que todas

as empresas possam melhorar o seu sistema e garantir que estejam dentro das condições exigidas

pelo governo.

Alterações de câmbio da moeda.

A alteração da taxa de câmbio é particularmente relevante se os materiais ou outros

elementos do empreendimento são adquiridos no estrangeiro, (NEGA, 2008). Se houver alteração

das taxas de câmbio no estrangeiro para além do nível esperado, o custo do projeto pode aumentar

o que leva automaticamente a desvios de custos, (NEGA, 2008). É necessário ficar sempre

atualizado em relação as possíveis alterações do câmbio da moeda. Quando se verifica essa

tendência, precauções e acordos entre as partes envolvidas podem ser estabelecidos por forma a

não prejudicar o bom andamento do empreendimento.

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Força maior.

Este termo abrange uma série de eventos que a incluem revolução, guerras, terremoto,

deslizamento de terra, incêndios, políticas, instabilidade econômica, hostilidades, contaminação e

outros riscos, (NEGA, 2008). A força maior muitas vezes é difícil precaução. Seguros de obra são

necessários para minimizar os problemas causados pela força maior.

h) Contratos

Burocracia excessiva na organização do empreendimento causadas pelo proprietário.

As burocracias do proprietário muitas vezes atrasam o progresso da obra, pois as partes

envolvidas no projeto interrompem as suas atividades por forma a cumprir com os requisitos

impostos pelo cliente, (ASSAF et al. 1995). Quantos menos o cliente for burocrático melhor será

o progresso do empreendimento.

Competição muito acirrada na fase de licitação.

A competição geralmente é muito fraudulenta. Há fuga de informação em relação ao valor

previsto pelo cliente para a construção. A aprovação das empresas não pode ser apenas pelo preço

mais baixo apresentado, mas sim pelo valor que mais se adequa ao valor real do empreendimento.

É necessário garantir que a empresa tenha capacidades financeiras suficientes antes da adjudicação

dos empreendimentos, (AZIZ, 2013).

Conflitos entre os participantes pelos documentos do contrato.

Conflitos pelos documentos são frequentes quando não há clareza nas definições

apresentadas no contrato. As construtoras devem rever o documento de contrato para ambas as

condições legais e contratuais, bem como detalhes técnicos onde podem surgir conflitos sobre sua

interpretação. Estas questões podem ser resolvidas antes do início da construção, (AZIZ, 2013).

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Duração irreal do contrato imposto pelo proprietário/cliente.

O cliente impõe a duração do contrato de modo que ele garante a satisfação das suas

necessidades em relação ao empreendimento. A duração irreal faz com que as construtoras

trabalhem sob pressão, o que eleva o custo de produção e traz pouca qualidade do empreendimento,

(FALLAHNEJAD, 2013). Com base no planejamento é possível estabelecer um prazo mais

realista. Em comum acordo entre as partes envolvidas, o prazo pode ser apresentado ao dono da

obra e estabelecido no contrato.

Falta de envolvimento do usuário final.

A falta de envolvimento do usuário final na realização do projeto, faz com que sejam

aplicados custos de determinadas tarefas que por sua vez não representam valor nenhum para o

cliente, (NEGA, 2008). O envolvimento através de comunicação faz com que as expetativas do

projeto estejam bem perto das necessidades do cliente, (NEGA, 2008). Isso garante que todos saiam

satisfeitos com o produto final.

Falta de obtenção de seguro da obra.

Os seguros de obra garantem que problemas de força maior sejam custeados. Em

determinados concursos, é exigido que as construtoras apresentem o seguro da obra no processo

de licitação, por forma a evitar possíveis conflitos durante a fase da construção, (ZOU et al. 2007).

O seguro garante que problemas sejam resolvidos quando nenhuma das partes envolvidas é

responsável.

Imposição pela construtora dos métodos de construção a serem utilizados no próprio

contrato.

Em alguns casos, a construtora seleciona os métodos para as atividades do

empreendimento. Esse é um aspecto que acaba sendo mais dispendioso se comparado com os

métodos acordados por todas as partes envolvidas no empreendimento, (FALLAHNEJAD, 2013).

Os métodos de construção devem ser discutidos e acordados entre todos. Isso garante que os demais

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subempreiteiros não sejam lesados e que a construção seja de total harmonia entre todos os

participantes.

Modificações e alterações do contrato, questões de permissões legais e aquisições,

aumento do valor do contrato em relação ao inicialmente previsto.

Os contratos são alterados durante a construção por eles terem sido inadequadamente

elaborados, muitas vezes repletos de omissões e erros em relação aos requisitos do

empreendimento, o que aumenta o custo previsto inicialmente, (CREEDY, 2006). A elaboração do

contrato pode ser desenvolvida com mais cautela de modo que sejam afastadas determinadas

dúvidas em relação ao que pode ocorrer durante o empreendimento. O contrato precisa ser

estabelecido em total acordo entre as partes envolvidas no empreendimento.

Políticas internas (no âmbito do proprietário/cliente)

O cliente estabelece e impõe políticas dentro da estrutura de gerenciamento do

empreendimento. A estruturação correta do empreendimento acaba sendo afetada e dificulta a

coordenação na realização das tarefas (ENSHASSI et al. 2010). O proprietário pode auxiliar na

tomada de decisão mas não pode impor a forma como o empreendimento será desenvolvido. É

necessário que as políticas internas sejam elaboradas com total acordo de todos.

Preço baixo de contratação.

As obras são concedidas as construtoras que apresentam uma proposta com preço menor,

(AZIZ, 2013). Os proprietários adjudicam os empreendimentos pelo menor preço para os

empreiteiros com baixa qualificação, sem recursos suficientes, o que acabam afetando o

desempenho e causam atrasos na conclusão da obra, (MAHAMID et al. 2012). Portanto, as normas

de pré-qualificação e atribuição de política deve ser melhorada para evitar este fator, (MAHAMID

et al. 2012).

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Riscos contratuais.

Prevenção de riscos na construção é geralmente reconhecido como impraticável. Esse

aspecto pode levar à apresentação de propostas bastante altas no processo de licitação, caso as

construtoras tome em consideração os riscos, (AKINTOYE; MACLEOD, 1997). Entretanto, uma

análise minimiza os imprevistos e melhora o gerenciamento através dos estudos de viabilidade.

Além disso, permite o cálculo possível para cada risco, evitando contratos insatisfatórios,

(AKINTOYE; MACLEOD, 1997).

Subestimação do prazo para execução do empreendimento pela construtora.

As construtoras por vezes subestimam o prazo para a realização do empreendimento como

forma de garantir um maior prazo para possíveis imprevistos. Entretanto, quanto maior prazo,

maior serão os custos indiretos, que encarecem o empreendimento, (MEMON et al. 2011). A

subestimação do prazo deve ser evitada. O prazo da obra deve ser estabelecido não só pela

construtora mas também pelas todas entidades responsáveis pelo empreendimento.

Tempo insuficiente para a preparação dos documentos do empreendimento.

Os documentos do empreendimento quando não são preparados corretamente, trazem

conflitos durante a fase da construção, (DOLOI et al. 2012). Os documentos do empreendimento

podem ser desenvolvidos com o andamento da preparação do projeto. É nesta fase que são previstas

e descritas todas as necessidades da obra.

i) Alterações de escopo

Alteração de especificações e escopo do empreendimento, falta de clareza do escopo do

empreendimento, alteração de interesses e requisitos.

Para qualquer projeto, o escopo precisa ser bem definida a partir de início até a conclusão.

Mudanças de escopo muitas vezes causam reivindicações e interrupção do trabalho, (KALIBA et

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al. 2009). Definição do escopo eficaz é, portanto, indispensável para a entrega do projeto

satisfatório, (KALIBA et al. 2009).

Variações frequentes.

As necessidades do proprietário podem mudar no decorrer do projeto ou da construção.

As condições de mercado também podem impor mudanças no projeto. Além disso, os erros,

adições e omissões durante a construção pode forçar as alterações, (NEGA, 2008). É necessário

certificar-se de que o escopo inclui todo os trabalhos necessários para evitar recursos adicionais,

(NEGA, 2008). O projeto bem elaborado evita variações durante o progresso da construção.

Retrabalho, reparação e repetição do trabalho.

O retrabalho e reparação muitas vezes levam à baixa produtividade do empreendimento.

As instruções inadequadas que podem ser devidas aos problemas de comunicação e falta de

compreensão da mão de obra são apontadas como as principais causas, (KAMING et al. 1997b).

Quanto mais complexo o projeto é, mais será o retrabalho, (KAMING et al. 1997b). O retrabalho

pode ser evitado se houver mais controle e garantia de que as tarefas sejam realizadas corretamente.

Uma equipe experiente e motivada é capaz de realizar um empreendimento com maior qualidade,

menos retrabalho e repetições.

Trabalhos adicionais, aumento do escopo do empreendimento.

Trabalhos adicionais referem-se aos trabalhos não previsto no empreendimento. O

aumento do escopo de trabalho pode atrasar o empreendimento devido à indisponibilidade de

recursos adequados, (DOLOI et al. 2012). Uma boa preparação a obra desde o anteprojeto até o

projeto final é essencial para que trabalhos adicionais não ocorram.

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APÊNDICE 2 – Pré-teste

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APÊNDICE 3 – Questionário final

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APÊNDICE 4 – Sugestões dos respondentes do questionário para a descrição das diretrizes

Preço baixo de contratação

Mudança em relação aos concursos pelo preço baixo;

Responsabilidade em relação aos preços baixos apresentados durante concurso;

Preços irreais que dificilmente são cumpridos.

Trabalhos adicionais

Análises para evitar omissões no mapa de quantidade;

Evitar que as empresas tirem proveito dos trabalhos não previstos;

Análise sobre as solicitações de novos trabalhos pelo cliente.

Método de pagamento apenas após o escopo completo

Advertências ao cliente sobre o pagamento principalmente em obras públicas;

O empreiteiro tem tendência a cobrar o risco do não pagamento, mas dificilmente

se concretiza;

Financiamento inadequado.

Defeitos, erros e omissões no projeto

Capacitação do projetista;

Interação com as demais disciplinas;

Análise detalhada do projeto antes da entrega.

Atrasos no pagamento à construtora

Cumprimento com o pagamento das faturas nas datas previstas;

Irresponsabilidade do cliente;

Financiamento disponível.

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Alteração de especificações e escopo do empreendimento

Projeto efetuado após análise do valor disponível;

Financiamento adequado;

Alterações para garantir que o valor existente seja suficiente.

Duração irreal do contrato

Prazo definido após análise;

Evitar definir o prazo de acordo com as necessidades do cliente em relação a obra

a concluída;

Previsão do tempo necessário dos processos burocráticos para aquisição de

recursos provindos do exterior.

Pouca comunicação e coordenação entre as equipes envolvidas no empreendimento

Alterar o sistema de contratos diferenciados para as empresas participantes do

empreendimento;

Evitar conflito entre as empresas por meio de trabalho colaborativo;

Criar meios para melhorar a comunicação na obra.

Retrabalho e reparação

Garantir qualidade dos trabalhos realizados;

Supervisores;

Controle durante a execução das tarefas.

Variações frequentes

Participação do projetista durante a execução do empreendimento;

Esclarecimento de dúvidas;

Controle durante a execução das tarefas.

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Tentativa de modificações do projeto para o alcance do padrão desejado.

Exigência para a entrega de projeto correto;

Maior responsabilidade do projetista;

Atribuição de responsabilidades.

Alteração do cronograma

Responsabilidade sobre o cronograma apresentado;

Elaboração de cronograma eficaz;

Implementação de técnicas de gestão que auxiliam no cumprimento do

cronograma.

Erros e problemas de qualidade durante a construção

Conhecimento dos métodos construtivos adequados;

Material e equipamento com qualidade;

Técnicas de supervisão.

Competição muito acirrada na fase de licitação

Medidas para evitar fraudes;

Reuniões com as empresas antes da aprovação para análise das mesmas;

Conhecimento do historial das empresas.

Falta de comprometimento com o escopo geral do empreendimento

Maior comprometimento;

Maior produtividade;

Evitar atrasos.

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Processo lento das equipes envolvidas na tomada de decisão

Trabalho colaborativo;

Facilidade na resolução de conflitos através de contratos que auxiliam;

Maior participação nas reuniões de forma a desenvolver soluções adequadas.

Uso de especificações inadequadas por consultores internacionais

Conhecimento do local ou região onde o empreendimento será efetuado;

Conhecimento sobre os recursos disponíveis;

Conhecimento de leis governamentais e métodos construtivos adequados.

Custos diretos adicionais para aceleração dos trabalhos

Abordagem que dificilmente apresenta vantagens uma vez que possivelmente já

foram verificados atrasos;

Estudo sobre os recursos adicionais para aceleração dos trabalhos de modo a não

encarecer o empreendimento;

Análise mais detalhadas antes da adição de custos diretos.

Alteração do projeto

Participação do cliente durante o processo de criação e execução;

Advertência sobre os custos que poderão ser causados pela alteração do projeto;

Maior detalhe do projeto de modo a verificar se todas as necessidades foram

inclusas.

Baixa produtividade da mão de obra

Exigência na contratação do pessoal qualificado;

Incentivos para maior produtividade;

Cursos de desenvolvimento de habilidades da mão de obra.