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321
Eletrônica Analógica

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Apostila de Eletrônica Analógica

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Eletrônica

Analógica

Conselho Regional do SENAI-CE

Jorge Parente Frota Júnior

Presidente

Ivan Rodrigues Bezerra

Vice-Presidente

Alexandre Pereira Silva

João Fernandes Fontenelle

Francisco de Assis Alves de Almeida

Delegados das Atividades Industriais

Hermano Frank Júnior

José Fernando Castelo Banco Ponte

Marcos Pinheiro de Oliveira Cavalcante

Suplentes dos Delegados das Atividades Industriais

Samuel Brasileiro Filho

Representante do Ministério da Educação e Cultura

Franco de Magalhães Neto

Suplente do Ministério da Educação e Cultura

Alberto Fernandes de Farias Neto

Representante do Ministério do Trabalho

José Nunes Passos

Suplente do Ministério do Trabalho

Departamento Regional do SENAI-CE

Francisco das Chagas Magalhães

Diretor Regional

Cid Fraga

Gerente do Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira

Federação das Industrias do estado do Ceará Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Departamento Regional do Ceará Centro de Formação Profissional

Waldyr Diogo

Eletrônica

Analógica

Fortaleza – Ceará

2004

© 2004. SENAI. Departamento Regional do Ceará Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. SENAI/CE Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira – CFP WDS Núcleo de Educação Profissional – NEP Este projeto foi elaborado por colaboradores desta unidade de negócios cujos nomes estão relacionados na folha de créditos.

Ficha Catalográfica S474 SENAI. CE. CFP. WDS. Eletrônica Analógica. Fortaleza, 2004. 321p. il

1 - ELETRÔICA ANALÓGICA I TÍTULO

CDU 621.3

SENAI Departamento Av. Francisco Sá, 7221 Serviço Nacional Regional do Ceará Barra do Ceará de Aprendizagem 60.310-003 – Fortaleza – Ceará Industrial Telefax: (85) 485-7888 e-mail: [email protected]

SUMÁRIO 1 RESISTORES

1.1 Características dos Resistores

1.2 Simbologia

1.3 Tipos de Resistores

1.4 Código de Cores para Resistores

1.5 Interpretação de Código

2 RESISTORES AJUSTÁVEIS

2.1 Simbologia

3 POTENCIÔMETROS

3.1 Funcionamento

3.2 Simbologia

3.3 Tipos de Potenciômetros

3.4 Potenciômetro de Fio

3.5 Potenciômetro de Carbono (Carvão)

3.6 Potenciômetros com Chave

4 CAPACITOR – ARMAZENAMENTO DE CARGAS

4.1 Descarga do Capacitor

4.2 Capacitância

4.3 Tensão de Trabalho

5 TIPOS DE CAPACITORES

5.1 Capacitores Fixos Despolarizados

5.2 Capacitores Ajustáveis

5.3 Capacitores Variáveis

5.4 Capacitores Eletrolíticos

5.5 Tipos de Capacitores Eletrolíticos

5.6 Especificação Técnica dos Capacitores

5.7 Apresentação das Características no Capacitor

5.8 código de Cores para Capacitores

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6

6 MATERIAIS SEMICONDUTORES

6.1 Estrutura Química dos Materiais Semicondutores

6.2 Dopagem

6.3 Cristal N

6.4 Cristal P

6.5 Influência da Intensidade de Dopagem no Comportamento dos

Materiais Semicondutores

6.6 Influência da Temperatura na Condutibilidade dos

Materiais Semicondutores

7 O DIODO SEMICONDUTOR

7.1 Simbologia e Aspecto Real

7.2 Formação do Diodo – Junção PN

7.3 Comportamento dos Cristais após a Junção

7.4 Aplicação de Tensão sobre o Diodo

7.5 Características de Condução e Bloqueio do Diodo Semicondutor

7.6 O Diodo Semicondutor Ideal

7.7 O Diodo Semicondutor Real

7.8 A Curva Característica do Diodo Real

7.9 Regime Máximos do Diodo em CC

8 RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA

8.1 Retificação de Meia Onda com Diodo Semicondutor

8.2 Funcionamento

8.3 Retificação de Meia Onda com Tensão de Saída Negativa

8.4 Tensão de Saída

8.5 Corrente de Saída

8.6 Inconvenientes da Retificação de Meia Onda

8.7 Fonte de Alimentação Meia Onda

9 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA COM DIODOS

SEMICONDUTORES

9.1 Retificação de Onda Completa com Derivação Central

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83

9.2 Funcionamento

9.3 Tensão e Corrente CC de Saída da Retificação com Derivação

Central

9.4 Corrente de Saída

9.5 Relação entre Freqüência de Entrada e Freqüência de Saída

9.6 Retificação de Onda Completa em Ponte

9.7 Funcionamento

9.8 Tensão e Corrente CC de Saída da Retificação em Ponte

9.9 Fonte de Alimentação de Onda Completa

10 O FILTRO NAS FONTES “DE ALIMENTAÇÃO”

10.1 O Capacitor como Elemento de Filtragem

11 A TENSÃO DE ONDULAÇÃO

11.1 Fatores que Influenciam na Ondulação

11.2 Tensão na Saída nos Circuitos Retificadores com Filtro

11.3 Observação da Ondulação com Oscilação

11.4 Determinação do Capacitor de Filtro

11.5 O Capacitor de Filtro Ideal

11.6Tabela de Equação de Circuitos Retificadores

12 DIODO EMISSOR DE LUZ

12.1 Corrente Direta Nominal (IF)

12.2 Tensão Direta Nominal (VF)

12.3 Tensão Inversa Máxima (VR)

12.4 Led Bicolor

12.5 Led Infravermelho

12.6 Teste de Diodo Led

13 DIODO ZENER

13.1 Comportamento do Diodo Zener

13.2 Características do Diodo Zener

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14 DIODO ZENER COMO REGULADOR DE TENSÃO

14.1 Funcionamento

14.2 Condução Normal

14.3 Condições de Regulação

14.4 Regulação de Tensão com Tensão de Entrada Variável

14.5 Aumento na Tensão de Entrada

14.6 Redução na Tensão de Entrada

14.7 Conclusão

14.8 Regulação de Tensão com Corrente de Carga Variável

14.9 Aumento na Corrente de Carga

14.10 Diminuição da Corrente de Carga

14.11 Regulação de Tensão com Corrente de Carga e Tensão de

Entrada Variáveis

14.12 Fonte de Alimentação com Tensão de Saída Reguladora a

Diodo Zener

15 TRANSISTOR BIPOLAR ESTRUTURA BÁSICA

15.1 Estrutura Básica

15.2 Tipos de Transistores

15.3 Terminais do Transistor

15.4 Simbologia

15.5 Aspecto Real dos Transistores

16 AS TENSÕES NOS TERMINAIS DO TRANSISTOR

16.1 As Junções do Transistor e a Polaridade das Tensões nos Terminais

16.2 Polarização Simultânea das Duas Junções

17 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO TRANSISTOR BIPOLAR

17.1 A Corrente de Base

17.2 A Corrente de Coletor

17.3 A Corrente de Emissor

17.4 O Controle da Corrente de Base sobre a Corrente de Coletor

17.5 Ganho de Corrente de Transistor

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174

18 O CIRCUITO DE COLETOR

18.1 Relação entre os Parâmetros IC, VCE e IB

18.2 Relação entre os Parâmetros do Transistor

19 DISSIPAÇÃO DE POTÊNCIA NO TRANSISTOR

19.1 A Dissipação nas Junções

19.2 Dissipação Máxima do Transistor

19.3 Fatores que Influenciam na Dissipação Máxima

19.4 Redução da Potência Dissipada em Função do Aumento

de Temperatura Ambiente

19.5 Correntes de Fuga no Transistor

19.6 Movimento dos Portadores Minoritários

19.7 Influência de ICBO na Corrente de Coletor

19.8 Disparo Térmico

19.9 Influência da Temperatura na Corrente de Coletor

19.10 Silício Versus Germânio

20 CONFIGURAÇÃO DE LIGAÇÃO DO TRANSISTOR

20.1 Curvas Características na Configuração de Emissor Comum

20.2 Característica de Saída do Transistor em Emissor Comum

20.3 Aplicação da Característica de Saída em Emissor Comum

20.4 Traçado da Reta de Carga

20.5 Aplicação da Reta de Carga

20.6 Ponto de Operação

20.7 Influência do Ponto Quiescente no Circuito

20.8 A Escolha do Ponto de Operação

20.9 Curva de Dissipação Máxima

20.10 A Reta de Carga e a Curva de Dissipação de Potência máxima

21 POLARIZAÇÃO DA BASE POR CORRENTE CONSTANTE

21.1 Análise do Circuito de Base

21.2 Determinação do Resistor de Base

21.3 Estabilidade Térmica dos Circuitos Transistorizados

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212

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22 REGIÕES DE OPERAÇÃO DE UM TRANSISTOR

23 POLARIZAÇÃO DE BASE POR DIVISOR DE TENSÃO

23.1 Análise do Circuito de Coletor

23.2 O Circuito de Base

24 REGULAÇÃO DE TENSÃO EM FONTES DE ALIMENTAÇÃO

24.1 Os Circuitos Reguladores

24.2 Princípio de Funcionamento

24.3 Fonte com Regulador de Tensão em Circuito Integrado

24.4 Reguladores de Tensão de Três Terminais

24.5 Estudo do CI 555

24.6 O Flip-flop RS

24.7 Princípio de Funcionamento

24.8 Operação Monoestável

24.9 Operação Estável

24.10 Ciclo de Trabalho de uma Forma de Onda

25 AMPLIFICADOR OPERACIONAL

25.1 Simbologia de um Amplificador Operacional

25.2 Os Terminais de Alimentação do A.O.

25.3 Os Terminais de Entrada do A.O.

25.4 Características de um A.O.

25.5 Impedância de Entrada

25.6 Impedância de Saída

25.7 Ganho de Tensão Diferencial

25.8 Tensão de OFFSET de Saída

25.9 Rejeição de Modo Comum

25.10 Banda de Passagem

25.11 O Amplificador Operacional 741

25.12 Comparação entre Parâmetros

25.13 Ajuste de OFFSET de Saída do 741

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26 CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA DE UM 741

26.1 Ampliação da Região de Operação Linear de um OP AMP

27 AMPLIFICADOR INVERSOR

27.1 Ganho do Amplificador Inversor

27.2 Impedância de Entrada do Amplificador Inversor

27.3 Amplificador Não-Inversor

27.4 Impedância de Entrada do Amplificador Não-Inversor

27.5 Amplificador Seguidor de Tensão

27.6 Impedância do Seguidor de Tensão

27.7 Circuitos Aritméticos com AO

27.8 Somador com Pesos Diferentes

27.9 Circuito Subtrator

28 SENSORES

28.1 Termistores

28.2 Aplicações dos Termistores

Referências Bibliográficas

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1 RESISTORES

Os resistores são componentes utilizados nos circuitos com a finalidade de limitar a

corrente elétrica. A figura 1 mostra alguns resistores.

Pelo controle da corrente é possível reduzir ou dividir tensões.

1.1 Características dos Resistores

Os resistores possuem características elétricas importantes:

a) Resistência ôhmica

b) Percentual de Tolerância

a) Resistência Ôhmica

É o valor específico de resistência do componente. Os resistores são fabricados em

valores padronizados, estabelecidos por norma.

Ex: 120Ω, 560Ω, 1500Ω.

b) Percentual de Tolerância

Os resistores estão sujeitos a diferenças no seu valor que decorrem do processo de

fabricação. Estas diferenças se situam em 5 faixas de percentual:

12

Fig. 1

± 20% de tolerância

± 10% de tolerância

± 5% de tolerância

± 2% de tolerância

± 1% de tolerância

Os resistores com 20%, 10% e 5% de tolerância são considerados resistores

comuns e os de 2% e 1% são resistores de precisão. Os resistores de precisão são

usados apenas em circuitos onde os valores de resistência são críticos.

O percentual de tolerância indica qual a variação de valor que o componente pode

apresentar em relação ao valor padronizado. A diferença no valor pode ser para

mais (+20%) ou para menos (-20%) do valor correto.

A tabela 1 apresenta alguns valores de resistor com o percentual de tolerância e os

limites entre os quais deve se situar o valor real do componente.

Resistor % Tolerância Valor do componente

1000Ω

10%

-10% 1000 x 0,9 = 900 +10% 1000 x 1,1 = 1100 O valor real estará entre 900Ω e 1100·

560Ω

5%

- 5% 560 x 0,95 = 532 + 5% 560 x 1,05 = 588 Entre 532Ω e 588Ω

120Ω

1%

- 1% 120 x 0,99 = 118,8 + 1% 120 x 1,01 = 121,2 Entre 118,8Ω e 121,2Ω

330Ω

10%

Entre 297Ω e 363Ω

18KΩ

20%

Entre 14,4KΩ e 21,6KΩ

13

A tabela 2 apresenta a padronização de valores para fabricação de resistores em

tolerância de 5%.

Tabela 2 – Série de Valores E-24

10 11 12 13 15 16 18 20

22 24 27 30 33 36 39 43

47 51 56 62 68 75 82 91

Encontram-se ainda resistores com os valores da tabela 2 multiplicados por 0,1; 10;

100; 1000; 10000; 100000. Exemplos: 1,1Ω; 180Ω; 2700Ω; 36KΩ; 56KΩ; 9,1MΩ.

Pela tabela observa-se que os valores padronizados acrescidos das tolerâncias

permitem que se obtenha qualquer valor de resistência desejada.

Tomando 3 valores consecutivos da tabela, têm-se:

100Ω - 10% = 90

+10% = 110

120Ω - 10% = 108

+10% = 132

150Ω - 10% = 135

+10% = 165

1.2 Simbologia

A figura 2 mostra os símbolos utilizados para representação dos resistores indicando

o símbolo oficial que deve ser utilizado no Brasil, segundo a norma ABNT.

14

Fig. 2

As características específicas dos resistores em um diagrama aparecem ao lado do

símbolo ou no seu interior (fig. 3 e 4).

1.3 Tipos de Resistores

Existem três tipos de resistores quanto à constituição:

a – resistores de filme de carbono

b – resistores de carvão

c – resistores de fio

Cada um dos tipos tem, de acordo com sua constituição, características que o

tornam mais adequado que os outros tipos em sua classe de aplicação.

A seguir, são apresentados os processos básicos de fabricação e aplicação do

componente.

a) Resistor de filme de carbono (Baixa Potência)

O resistor de filme de carbono, também conhecido

como resistor de película, é constituído por um

corpo cilíndrico de cerâmica que serve de base

para a fabricação do componente (fig. 5).

Fig.3 Fig. 4

Fig. 5

15

Os terminais (lides de conexão) são colocados nas extremidades do corpo em

contato com a camada de carbono.

Os terminais possibilitam a ligação do elemento ao circuito (fig. 7).

O corpo do resistor pronto recebe um revestimento que dá acabamento na

fabricação e isola o filme de carbono da ação da umidade.

As características fundamentais do resistor de filme de carbono são a precisão e a

estabilidade do valor resistivo.

b) Resistores de carvão (Média potência)

O resistor de carvão é constituído por um corpo cilíndrico de porcelana.

No interior da porcelana são comprimidas partículas de carvão que definem a

resistência do componente (fig. 9).

16

Sobre o corpo é depositada uma fina

camada em espiral, de material resistivo

(filme de carbono) que determina o valor

ôhmico do resistor (fig, 6).

A figura 8 apresenta um resistor pronto, em

corte, aparecendo a conexão dos terminais e

o filme resistivo.

Fig. 6

Fig. 7

Fig. 8

Com maior concentração de partículas de carvão o valor resistivo do componente é

reduzido.

Apresentam tamanhos físicos reduzidos. Os valores de dissipação e resistência não

são precisos. Podem ser usados em qualquer tipo de circuito.

c) Resistores de fio (Média – Alta potência)

Constitui-se de um corpo de porcelana ou cerâmica que serve como base.

Sobre o corpo é enrolado um fio especial (por exemplo: níquel-cromo) cujo

comprimento e seção determinam o valor do resistor.

Os resistores de fio têm capacidade para trabalhar com maior valores de corrente.

Este tipo de resistor produz, normalmente uma grande quantidade de calor quando

em funcionamento.

Para facilitar o resfriamento nos resistores que produzem grandes quantidades de

calor, o corpo de porcelana maciço é substituído por um tubo de porcelana (fig. 11 e

12).

17

A figura 10 apresenta um resistor de

fio em corte. Nela aparecem os

terminais, o fio enrolado e a camada

externa de proteção do resistor.

Fig. 9

Partículas de carvão

Fig. 10

1.4 Código de Cores para Resistores

O valor ôhmico dos resistores e sua tolerância podem ser impressos no corpo do

componente, através de anéis coloridos (fig. 13).

A cor de cada anel e sua posição com relação aos demais anéis, corretamente

interpretada fornece dados sobre o valor do componente.

A disposição das cores em forma de anéis possibilita que o valor do componente

possa ser lido de qualquer posição.

1.5 Interpretação de Código

O código se compõe de três cores usadas para representar o valor ôhmico, e uma

para representar o percentual de tolerância.

18

Fig. 11 Fig. 12

Resistores que dissipam grande quantidade de calor são

constituídos sobre um tubo oco de porcelana para facilitar o

resfriamento.

Fig. 13

Para a interpretação correta dos valores de resistência e tolerância do resistor, os

anéis tem que ser lidos em uma seqüência correta.

O primeiro anel colorido a ser lido é aquele que está mais próximo da extremidade

do componente. Seguem na ordem: 2º, 3º e 4º anéis coloridos (fig. 14).

Os três primeiros anéis coloridos (1º, 2º e 3º) representam o valor do resistor. O 4º

anel representa o percentual de tolerância (fig. 15).

A tabela a seguir apresenta o código de cores completo:

Cor Dígitos Significativos Multiplicador Tolerância Preto Marrom Vermelho Laranja Amarelo Verde Azul Violeta Cinza Branco Ouro Prata Sem cor

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - - -

1 x 10 x

100 x 1000 x

10000 x 100000 x

1000000 x - - -

0,1 x 0,01 x

-

± 1% ± 2%

± 0,5% ± 0,25% ± 0,1%

± 5% ± 10% ± 20%

19

Fig. 14

Indicam o valor da resistência do resistor em OHMS (Ω) (Mais afastado) indica a tolerância

Fig. 15

2 RESISTORES AJUSTÁVEIS

São resistores cujo valor de resistência pode ser ajustado, dentro de uma faixa pré-

definida.

A figura 1 mostra alguns resistores ajustáveis.

Estes tipos de resistores são utilizados em circuitos que exijam calibração.

Existem dois tipos de resistores ajustáveis:

- Resistor ajustável de fio (fig. 2)

- Trimpot (fig. 3)

2.1 Simbologia

Os resistores ajustáveis são representados pelos símbolos apresentados na figura

22. O símbolo normalizado está indicado (ABNT).

20

Fig. 1

Fig. 2 Fig. 3

Nos esquemas, o valor ôhmico que aparece ao lado do símbolo dos resistores

ajustáveis corresponde à resistência entre os terminais extremos (valor máximo).

21

Fig. 22 ABNT

3 POTENCIÔMETROS

São resistores com derivação que permite a variação do valor resistivo pelo

movimento de um eixo (fig.23).

São usados nos equipamentos para permitir a mudança do regime de operação.

Exemplos:

3.1 Funcionamento

Entre os dois terminais extremos o potenciômetro é um resistor comum. Sobre este

resistor desliza um 3º terminal chamado de cursor que permite utilizar apenas uma

parte da resistência total do componente (de um extremo até o cursor).

3.2 Simbologia

A figura 25 mostra os símbolos utilizados para representar os potenciômetro,

salientando o símbolo normalizado pela ABNT.

22

A figura 24 mostra um potenciômetro, indicando o

movimento do eixo para variação da resistência.

Fig. 23

Potenciômetro de volume – permite o aumento ou

diminuição do nível de intensidade do som.

Potenciômetro de brilho – permite o controle da

luminosidade das imagens.

A diferença entre os símbolos dos resistores ajustáveis e potenciômetros aparece na

ponta da diagonal.

Os componentes cujo valor está sujeito à modificação constante (potenciômetros

usados no controle de volume, por exemplo) são denominados de “variáveis”. Nos

seus símbolos aparece uma seta na ponta da diagonal.

Os componentes, cujo valor é ajustado na calibração e não sofre mais alteração, são

chamados de ajustáveis. O resistor ajustável é um exemplo característico deste tipo

de componentes.

3.3 Tipos de Potenciômetros

Existem dois tipos de potenciômetros:

3.4 Potenciômetro de Fio

23

- De fio

- De carbono Linear

Logarítmico

Sobre uma tira de fibra isolante em forma de anel são enroladas várias espiras de fio

especial (com resistividade elevada). Fixam-se terminais nas extremidades da fibra e

as pontas do fio, formando um resistor (fig. 26).

Fig. 25

Sobre o topo da fibra corre o contato móvel do cursor, que é ligado mecanicamente

ao eixo do componente. O cursor é ligado ao terminal do potenciômetro (fig. 27).

Os potenciômetros de fio para circuito são encontrados em valores de até 22KΩ de

resistência em potências de dissipação de até 4W.

Nos potenciômetros de fio a resistência entre o cursor e os extremos varia

uniformemente com o movimento do eixo.

24

Se o eixo foi movimentado até a metade

do curso total, a resistência entre o cursor

e os extremos é a metade da resistência

total (fig. 28).

Eixo rotativo

Terminal ligado ao contato móvel

Terminais externos

Espiras de fio

Contato deslizante

Fig. 27

Fig. 28

Fibra isolante Espira de fio

Se o cursor foi movimentado 1/4 do curso total em relação a um extremo, a

resistência entre este extremo e o cursor é 1/4 da resistência total.

Entre o outro extremo e o cursor haverá 3/4 da resistência (fig. 29).

Componentes com esta característica são chamados de LINEARES. Portanto os

potenciômetros de fio são sempre lineares.

3.5 Potenciômetro de Carbono (Carvão)

São semelhantes aos potenciômetros de fio na sua construção. Diferem apenas em

um aspecto:

Nos potenciômetros de carvão as espiras de fio especial (do potenciômetro de fio)

são substituídas por uma camada de carbono que é depositada sobre uma pista de

material isolante (fig.30).

25

POTENCIÔMETROS LINEARES Variação da resistência proporcional ao

movimento do eixo.

Fig. 29

Cobertura

Terminais externos

Fig. 30

Terminal ligado ao contato móvel

Eixo Rotativo

Elemento resistivo (carvão) Contato deslizante

Os potenciômetros de carbono podem ser lineares ou logarítmicos.

Os potenciômetros de carvão lineares são semelhantes aos de fio.

A variação da resistência entre um extremo e o cursor é proporcional ao movimento

do eixo:

Posição do cursor

Resistência entre um extremo e o cursor

Metade do curso total

Metade da resistência total

1/3 do curso total

1/3 da resistência total

3/4 do curso total

3/4 da resistência total

A variação da resistência dos potenciômetros lineares em relação à posição do

cursor se apresenta conforme o gráfico da figura 31.

Os potenciômetros de carvão logarítmicos se comportam de forma diferente, com

respeito à relação entre a posição do cursor e a resistência.

26

Ângulo de rotação do

eixo

Resistência entre o cursor e o extremo de referência

Fig. 31

Quando se inicia o movimento do cursor, a resistência sofre uma pequena variação.

À medida que o cursor vai sendo movimentado, a variação na resistência torna-se

cada vez maior.

A variação da resistência entre um extremo e o cursor é desproporcional ao

movimento do eixo:

Posição do cursor

Resistência entre um extremo e cursor

1/4 do curso total

_1__ da resistência total

20

1/2 do curso total

_1_ da resistência total

5

3/4 do curso total

_1_ da resistência total

2,5

O gráfico da figura 32 mostra como a resistência varia com relação à posição do eixo

nos potenciômetros logarítmicos.

27

Metade do curso total

Fig. 32

Ângulo de rotação do

eixo

Resistência entre o cursor e o extremo de

Pequena variação resistiva

3.6 Potenciômetros com Chave

Em algumas ocasiões utiliza-se o potenciômetro para controle de volumes e ligação

do aparelho. Para cumprir esta finalidade são fabricados potenciômetros

logarítmicos com uma chave presa ao eixo.

28

A figura 33 apresenta um potenciômetro

logarítmico com chave.

4 CAPACITOR – ARMAZENAMENTO DE CARGAS

O capacitor é um componente capaz de armazenar cargas elétricas, sendo

largamente empregado nos circuitos eletrônicos.

O material condutor que compõe as armaduras de um capacitor é eletricamente

neutro no seu estado natural.

29

Um capacitor se compõe basicamente de

duas placas de material condutor,

denominadas de armaduras, isoladas

eletricamente entre si por um material

isolante chamado dielétrico (fig.1).

Em cada uma das armaduras o número total de

prótons e elétrons é igual, portanto as placas não

têm potencial elétrico (fig. 2).

Não existindo potencial elétrico em cada

uma das armaduras, não há diferença de

potencial ou tensão entre elas (fig. 3).

Armaduras

dielétrico Fig. 1

Potenciais elétricos nulos

Fig. 3

OBSERVAÇÃO:

O fenômeno de armazenamento de cargas pelo capacitor pode ser compreendido

mais facilmente analisando o movimento de elétrons no circuito.

Por esta razão será utilizado o sentido eletrônico da corrente elétrica no

desenvolvimento do assunto.

Conectando-se os terminais do capacitor a uma fonte de CC, o capacitor fica sujeito

à diferença de potencial dos pólos da fonte.

O potencial da bateria aplicado a cada uma das armaduras faz surgir entre elas uma

força chamada de CAMPO ELÉTRICO, que nada mais é do que uma força de

atração (cargas de sinal diferente) ou repulsão (cargas de mesmo sinal) entre cargas

elétricas.

30

O pólo positivo da fonte absorve elétrons da

armadura a qual está conectado enquanto o

pólo negativo fornece elétrons à outra

armadura (fig. 4).

A armadura que fornece elétrons à fonte fica

com íons positivos, adquirindo um potencial

positivo, e a armadura que recebe elétrons

da fonte fica com íons negativos, adquirindo

potencial negativo (fig. 5).

Fig. 4

Fig. 5

Isto significa que ao conectar o capacitor a uma fonte de CC surge uma diferença de

potencial entre as suas armaduras.

A tensão presente nas armaduras do capacitor terá um valor tão próximo ao da

tensão da fonte que, para efeitos práticos, pode-se considerar iguais (fig. 6).

Quando o capacitor assume a mesma tensão da fonte de alimentação diz-se que o

capacitor está “carregado”.

31

Um capacitor conectado diretamente a uma fonte de alimentação

apresenta entre suas armaduras uma tensão que pode ser considerada

igual a da fonte.

Se, após ter sido carregado, o capacitor for desconectado da fonte de CC suas

armaduras permanecem com os potenciais adquiridos (fig. 7).

Fig. 6

Fig. 7

Isto significa dizer que, mesmo após ter sido desconectado da fonte de CC, ainda

existe tensão presente entre as placas do capacitor.

Resumindo, pode-se dizer que: quando um capacitor é conectado a uma fonte de

CC, ainda absorve energia desta fonte, armazenando cargas elétricas (íons positivos

e negativos) nas suas armaduras.

Esta capacidade de absorver e manter a energia em suas armaduras na forma de

cargas elétricas é que define o capacitor como sendo um armazenador de cargas

elétricas.

A energia armazenada no capacitor na forma de desequilíbrio elétrico entre suas

armaduras pode ser reaproveitada.

4.1 Descarga do Capacitor

Tomando-se um capacitor carregado e conectando seus terminais a uma carga

haverá uma circulação de corrente, pois o capacitor atua como fonte de tensão (fig.

8).

Isto se deve ao fato de que através do circuito fechado inicia-se o restabelecimento

do equilíbrio elétrico entre as armaduras.

Os elétrons em excesso em uma das armaduras se movimentam para a outra onde

há falta de elétrons, até que se restabeleça o equilíbrio de potencial entre elas (fig.

9).

32

resistor

Fig. 8

Durante o tempo em que o capacitor se descarrega, a tensão entre suas armaduras

diminui, porque o número de íons restantes em cada armadura é cada vez menor.

Ao fim de algum tempo a tensão entre as armaduras é tão pequena que pode ser

considerada zero.

4.2 Capacitância

A capacidade de armazenamento de cargas de um capacitor depende de alguns

fatores:

33

Capacitor carregado

Capacitor em descarga

Capacitor descarregado

Fig. 9

Quando um capacitor está em descarga, a tensão, entre suas

armaduras diminui até praticamente zero.

- da área das armaduras:

Quanto maior a área das armaduras, maior a capacidade de armazenamento de um

capacitor.

- da espessura do dielétrico:

Quanto mais fino o dielétrico, mais próximo estão às armaduras. O campo elétrico

formado entre as armaduras é maior e a capacidade de armazenamento também.

- da natureza do dielétrico:

Quanto maior a capacidade de isolação do dielétrico, maior a capacidade de

armazenamento do capacitor.

A capacidade de um capacitor de armazenar cargas é denominada de capacitância.

A unidade de medida de capacidade é o FARAD representado pela letra “F”

entretanto, a unidade FARAD é extremamente grande, o que leva ao uso de

submúltiplos dessa unidade.

4.3 Tensão de Trabalho

Além da capacitância os capacitores têm ainda outra característica elétrica

importante: a tensão de trabalho.

A tensão de trabalho é a máxima que o capacitor pode suportar entre as suas

armaduras. A aplicação de uma tensão no capacitor superior a sua tensão de

trabalho máxima, pode provocar o rompimento do dielétrico fazendo com que o

capacitor entre em curto, perdendo as suas características.

34

MAIOR

CAPACITÂNCIA MAIOR CAPACIDADE DE

ARMAZENAMENTO DE CARGAS

Na maioria dos capacitores o rompimento do dielétrico danifica permanentemente o

componente.

35

Deve-se tomar o cuidado de utilizar sempre capacitores com

tensão de trabalho superior ao valor que o componente irá

trabalhar realmente.

5 TIPOS DE CAPACITORES

Atualmente encontra-se no mercado um grande número de tipos de capacitores,

empregando os mais diversos materiais.

Estes capacitores podem ser resumidos em quatro tipos básicos:

- Capacitores fixos despolarizados;

- Capacitores ajustáveis;

- Capacitores variáveis;

- Capacitores eletrolíticos.

A figura 11 mostra alguns capacitores na sua forma real.

5.1 Capacitores fixos despolarizados

Existem diversos tipos de capacitores fixos. Entre eles citam-se, por exemplo:

- Capacitor de stiroflex (fig.13);

- Capacitor de cerâmica (fig.14);

- Capacitor de poliéster (fig.15).

36

Apresentam um valor de capacitância específico, que não pode

ser alterado. A figura 12 mostra o símbolo usado para

representar os capacitores fixos despolarizados.

Fig. 11

Fig. 12

Estes capacitores se caracterizam por serem despolarizados, ou seja, qualquer uma

das suas armaduras pode ser ligada tanto a potenciais positivos como negativos.

Alguns capacitores fixos podem apresentar-se em versão com os dois terminais nas

extremidades (axial) ou com dois terminais no mesmo lado do corpo (radial) (fig. 16

e 17).

De acordo com a necessidade de montagem pode-se utilizar um ou outro tipo.

5.2 Capacitores Ajustáveis

São utilizados nos pontos de calibração dos circuitos (fig. 18 e 19).

37

Capacitores despolarizados não tem polaridade

especificada para ligação.

Fig. 13 Fig. 14 Fig. 15

Fig. 17 Fig. 16

Fig. 18 Fig. 19

Apresentam valor de capacitância ajustável dentro de certos limites, por exemplo,

10pF a 30pF.

5.3 Capacitores Variáveis

São utilizados em locais onde a capacitância é constantemente modificada. As

figuras 20 e 21 mostram um capacitor variável e o seu símbolo.

5.4 Capacitores Eletrolíticos

Os capacitores eletrolíticos são capacitores fixos cujo processo de fabricação

permite a obtenção de altos valores de capacitância com pequeno volume.

A figura 24 permite uma comparação entre as dimensões de um capacitor eletrolítico

e um não eletrolítico de mesmo valor.

O fator que diferencia os capacitores eletrolíticos dos demais capacitores fixos é o

dielétrico.

Nos capacitores fixos comuns o dielétrico é de papel, mica ou cerâmica. O dielétrico

dos capacitores eletrolíticos é um preparado químico chamado de eletrólito que

oxida pela aplicação de tensão elétrica, isolando uma armadura da outra.

38

Fig. 20 Fig. 21

Não eletrolítico Eletrolítico Fig. 24

A utilização do eletrólito permite a redução da distância entre as armaduras a valores

mínimos, o que possibilita a obtenção de maiores valores de capacitância (desde

1µF até os valores maiores que 20000µF).

O capacitor é selado em um invólucro de alumínio que isola as armaduras e o

eletrólito da ação da umidade.

• DESVANTAGENS DO CAPACITOR ELETROLÍTICO

Os capacitores apresentam algumas desvantagens que são decorrentes do seu

processo de fabricação:

,

a) Polaridade: A utilização do dielétrico químico (eletrólito) nos capacitores

eletrolíticos apresenta algumas desvantagens. A formação da camada de óxido

entre as placas depende da aplicação de tensão nas armaduras, com polaridade

correta.

A ligação de polaridades incorretas sobre as armaduras do capacitor provoca a

destruição do eletrólito, permitindo a circulação de corrente entre as armaduras.

O capacitor sofre um processo de aquecimento que faz o eletrólito ferver, podendo

inclusive provocar uma explosão do componente devido à formação de gases no

seu interior.

39

a) Polaridade;

b) Alteração de capacitância;

c) Tolerância.

Os capacitores eletrolíticos polarizados são utilizados apenas em

circuitos alimentados por corrente contínua. Nos circuitos de corrente

alternada a troca de polaridade da tensão danifica o componente.

No componente a polaridade é expressa de duas formas:

b) Alteração da capacitância: O capacitor eletrolítico sofre alteração de capacitância

quando não está sendo utilizado. Esta alteração se deve ao fato de que a formação

da camada de óxido entre as armaduras depende da aplicação de tensão no

capacitor.

Quando o capacitor eletrolítico permanece durante um período sem utilização, o

dielétrico sofre um processo de degeneração que afeta sensivelmente a sua

capacitância.

40

O símbolo dos capacitores eletrolíticos expressa a polaridade das

armaduras (fig.25).

- por um chanfro na carcaça, que indica o

terminal positivo (fig. 26).

- por sinais de + impressos no corpo (fig. 27)

Capacitores eletrolíticos que não estão em uso têm sua

capacitância alterada.

Fig. 25

Terminal positivo Fig. 26

Fig. 27

Por esta razão, sempre que for necessário utilizar um capacitor que estava estocado

durante algum tempo, deve-se conectá-lo a uma fonte de tensão contínua durante

alguns minutos para permitir a reconstituição do dielétrico antes de aplicá-lo no

circuito.

c) Tolerância: Os capacitores eletrolíticos estão sujeitos a uma tolerância elevada no

valor real, com relação ao valor nominal. Esta tolerância pode atingir valores de 20 a

30% e até mesmo 50% em casos extremos.

5.5 Tipos de Capacitores Eletrolíticos

Existem dois tipos de capacitores eletrolíticos, que estão relacionados com o tipo de

dielétrico empregado:

As figuras 28 e 29 mostram um capacitor eletrolítico de óxido de alumínio e outro de

tântalo.

Os capacitores eletrolíticos de óxido de tântalo apresentam uma vantagem sobre os

eletrolíticos de alumínio:

41

Os capacitores eletrolíticos têm grande tolerância no seu

valor de capacitância.

- Capacitor eletrolítico de óxido de alumínio

- Capacitor eletrolítico de óxido de tântalo

Fig. 28 Fig. 29

- A capacitância dos capacitores de óxido de tântalo sofre menor variação com o

passar do tempo.

5.6 Especificação Técnica dos Capacitores

Os capacitores são especificados tecnicamente por:

Exemplos: Capacitor de poliéster, 0,46µF 600V

Capacitor eletrolítico 2200µF 63V

5.7 Apresentação das Características nos Capacitores

A capacitância e a tensão de trabalho dos capacitores é expressa no corpo do

componente de duas formas:

A figura 33 apresenta alguns capacitores com os valores de capacitância e a tensão

de trabalho expresso diretamente em algarismos.

Os valores são apresentados normalmente em microfarads (µF) ou picofarads (pF).

42

- Tipo;

- Capacitância;

- Tensão de trabalho

- Diretamente em algarismos;

- Através de um código de cores.

Fig. 33

Observação: Quando os capacitores são menores que 1µF (Exemplos: 0,1µF;

0,0047µF; 0,012µF) o zero que precede a vírgula não é impresso no corpo do

componente. Aparece diretamente um ponto, que representa a vírgula.

Exemplos:

5.8 Códigos de Cores para Capacitores

A figura 34 mostra o código de cores para capacitores e a ordem de interpretação

dos algarismos.

43

Valor do capacitor

0,1µF

0,047µF

0,012µF

0,68µF

Valor impresso no corpo

.1µF

.47µF

.012µF

.68µF

Fig. 34

Observação: o valor de capacitância expresso pelo código de cores é dado em

picofarads (pF).

Exemplos:

44

Amarelo – Violeta – Laranja – Branco – Azul

47000 pF ± 10% 630V 47pF

Laranja – Branco – Amarelo – Branco – Vermelho

390000 pF ± 10% 250V 0,39µF

6 MATERIAIS SEMICONDUTORES

São materiais que podem apresentar características de isolante ou de condutor,

dependendo da forma como se apresenta a sua estrutura química.

Um exemplo típico de material semicondutor é o carbono. Dependendo da forma

como os átomos do carbono se interligam, o material formado pode se tornar

condutor ou isolante.

Duas formas bastante conhecidas de matéria formada por átomos de carbono são:

• Diamante

Material de grande dureza que se forma pelo arranjo de átomos de carbono em

forma de estrutura cristalina. É eletricamente isolante.

• Grafite

Material que se forma pelo arranjo de átomos de carbono em forma triangular. É

condutor de eletricidade.

6.1 Estrutura Química dos Materiais Semicondutores

Os materiais semicondutores se caracterizam por serem constituídos de átomos que

tem 4 elétrons na camada de valência (TETRAVALENTES).

A figura 1 apresenta a configuração de dois átomos que dão origem a materiais

semicondutores.

45

- O diamante

- O grafite

Os átomos que têm quatro elétrons na última camada têm tendência a se agruparem

segundo uma formação cristalina.

Neste tipo de ligação cada átomo se combina com quatro outros, fazendo com que

cada elétron pertença simultaneamente a dois átomos (fig. 2 e 3).

46

Este tipo de ligação química é denominado de

ligação covalente, e é representada

simbolicamente por dois traços que interligam

os dois núcleos (fig. 4).

Fig. 1

Silício 14 Prótons 14 Elétrons 4 elétrons na

última camada

Germânio 32 Prótons 32 Elétrons

Ligação covalente Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

As ligações covalentes se caracterizam por manter os elétrons fortemente ligados

aos dois núcleos associados.

Por esta razão as estruturas cristalinas puras, compostas unicamente por ligações

covalentes, adquirem características de isolação elétrica.

O silício e o germânio puros são materiais semicondutores com característica

isolante quando agrupados em forma de cristal.

47

Quando um átomo tetravalente se associa por

ligações covalentes a quatro outros, a ligação é

representada conforme mostra a figura 5.

As estruturas cristalinas puras de elementos tetravalentes são

eletricamente isolantes.

A figura 6 mostra a configuração cristalina

do silício de forma planificada.

Observa-se que cada átomo realiza quatro ligações

covalentes com os átomos vizinhos. O aspecto real de

ligação dos átomos de uma estrutura cristalina de

germânio ou silício está apresentado na figura 7.

Fig. 5

Fig. 6

Fig. 7

6.2 Dopagem

A dopagem é um processo químico que tem por finalidade introduzir átomos

estranhos a uma substância na sua estrutura cristalina.

A própria natureza executa um processo de dopagem propiciando a existência de

“impurezas” na estrutura química dos cristais que se instalam durante a sua

formação.

A dopagem pode também ser realizada em laboratórios, com um objetivo mais

específico:

- Colocar no interior da estrutura de um cristal uma quantidade correta de uma

determinada impureza, para que o cristal se comporte conforme as condições

necessárias em termos elétricos.

Nos cristais semicondutores (germânio e silício, principalmente) a dopagem é

realizada para atribuir ao material certa condutibilidade elétrica.

A forma como o cristal irá conduzir a corrente elétrica e a sua condutibilidade

dependem do tipo de impurezas utilizado e da quantidade de impureza aplicada.

6.3 Cristal N

Quando o processo de dopagem introduz na estrutura cristalina uma quantidade de

átomos com mais de quatro elétrons na última camada, forma-se uma nova estrutura

cristalina denominada de cristal N.

48

Tomando-se como exemplo a introdução de átomos de

fósforo que possuem cinco elétrons na última camada

de cristal (fig. 8).

Fig. 8

O quinto elétron do fósforo não forma ligação covalente porque não encontra elétron

na estrutura que possibilite esta formação.

Este elétron isolado tem a característica de se libertar facilmente do átomo,

passando a vagar livremente da estrutura do cristal, constituindo-se um portador livre

de carga elétrica.

Cada átomo de impureza fornece um elétron livre dentro da estrutura do cristal

semicondutor (fig. 10).

Com a adição de uma determinada quantidade de impurezas o cristal, que era puro

e isolante, passa a ser condutor de corrente elétrica, através dos portadores livres

(elétrons), que podem circular na banda de condução.

É importante observar que, embora o material tenha sido dopado, seu número total

de elétrons e prótons é igual, de forma que o material continua eletricamente neutro.

49

Dos cinco elétrons externos do fósforo

apenas quatro encontram um par no

cristal que possibilite a formação

covalente (fig. 9).

Elétron livre

Fig. 9

Fig. 10

O cristal semicondutor dopado com impurezas de maior número de elétrons (como o

fósforo) é denominado de cristal N porque a corrente elétrica é conduzida no seu

interior por cargas negativas (fig. 11 e 12).

Observa-se que o cristal N conduz a corrente elétrica, independentemente da

polaridade da bateria.

6.4 Cristal P

A utilização de átomos com menos de quatro elétrons na última camada para o

processo de dopagem dá origem a um tipo de estrutura chamada de cristal P.

Quando os átomos de índios são colocados na estrutura do cristal puro verifica-se a

falta de um elétron para que os elementos tetravalentes se combinem de forma

covalente (fig.14).

50

O átomo de índio, por exemplo, que tem três elétrons na

última camada, dá origem a um cristal P quando é utilizado na

dopagem (fig. 13)

Corrente de elétrons

Cristal N Cristal N

Fig. 11 Fig. 12

Fig. 13

Esta ausência no interior do cristal é denominada de lacuna, sendo representada por

uma carga elétrica positiva na estrutura química (fig. 15).

A lacuna não é propriamente uma carga positiva, mas sim, a ausência de uma carga

negativa.

Os cristais dopados com átomos de menos de quatro elétrons na camada externa

são denominados de cristais P porque a condução de corrente elétrica no seu

interior se dá pela movimentação das lacunas.

O movimento de lacunas no cristal P pode ser facilmente observado, quando se

analisa a condução de corrente passo a passo.

51

Fig. 14

Lacuna

Falta 1 elétron

Fig. 15

Quando se aplica uma diferença de potencial aos extremos de um cristal P, uma

lacuna é ocupada por um elétron que se movimenta deixando uma lacuna em seu

lugar (fig. 16 e 17).

Esta lacuna é preenchida pelo elétron seguinte, que torna a criar outra lacuna atrás

de si (fig. 18).

Assim, a lacuna será preenchida por outro elétron gerando nova lacuna, até que

esta lacuna seja preenchida por um elétron proveniente da fonte (fig. 19 e 20).

As lacunas se movimentam na banda de valência dos átomos e os elétrons que as

preenchem, na banda de condução.

A condução de corrente por lacunas no cristal P independe da polaridade da fonte

de tensão (fig. 21 e 22).

52

Fig. 16 Fig. 17

Fig. 18

Movimento da lacuna

Movimento dos elétrons

Fig. 19 Fig. 20

Corrente de lacunas Corrente de lacunas

Fig. 21 Fig. 22

Conclui-se que os cristais P e N, isoladamente, conduzem a corrente elétrica

qualquer que seja a polaridade de tensão aplicada aos seus extremos.

Os cristais P e N são a matéria prima para a fabricação dos componentes

eletrônicos modernos tais como: diodos, transistores, circuitos integrados.

6.5 Influência da Intensidade de Dopagem no Comportamento dos Materiais

Semicondutores

A condução de corrente elétrica nos materiais semicondutores depende dos

portadores livres de carga na estrutura química.

Os cristais dopados mais intensamente se caracterizam por apresentarem maior

condutibilidade, porque sua estrutura apresenta um maior número de portadores

livres (fig. 23 e 24).

Controlando a quantidade de impurezas introduzidas na estrutura cristalina, a faixa

proibida, localizada entre as faixas de valência e condução, pode ser reduzida a uma

largura desejada (fig. 25, 26 e 27).

53

Material N

Dopagem fraca

Material N

Dopagem forte

Fig. 23 Fig. 24

Fig. 25

Material isolante

Largura da faixa proibida

Observando-se a quantidade de energia necessária para tornar os materiais

condutores, nos gráficos acima, verifica-se que o aumento da dopagem o material é

levado à condução mais facilmente.

6.6 Influência da Temperatura na Condutibilidade dos Materiais

Semicondutores

A temperatura exerce influência direta sobre o comportamento dos materiais

semicondutores no que diz respeito à condutibilidade elétrica.

Quando a temperatura de um material semicondutor aumenta, a energia térmica

adicional faz com que algumas ligações covalentes da estrutura se desfaçam.

Cada ligação covalente que se desfaz pelo acréscimo de temperatura propicia a

existência de dois portadores livres de energia a mais na estrutura do cristal (fig. 28

e 29).

54

Material semicondutor Fracamente dopado

Largura da faixa proibida

Fig. 26

Largura da faixa proibida

Material semicondutor Fortemente dopado

Fig. 27

A existência de um maior número de portadores aumenta a condutibilidade do

material, permitindo a circulação de correntes maiores no cristal (fig. 30).

55

Aquecimento

Fig. 30

Ligação covalente desfeita pela energia térmica

Fig. 29

Aquecimento

7 DIODO SEMICONDUTOR

O diodo semicondutor é um componente que apresenta a característica de se

comportar como condutor ou isolante dependendo da forma como a tensão é

aplicada aos seus terminais.

7.1 Simbologia e Aspectos Real

O diodo semicondutor é representado nos esquemas pelo símbolo apresentado na

figura 32.

O terminal da seta representa o material P, denominado de ANODO do diodo,

enquanto o terminal da barra representa o material N, denominado de CATODO do

diodo (fig. 33).

A identificação dos terminais (anodo e catodo) no componente real pode aparecer

de duas formas:

- Símbolo impresso sobre o corpo do componente (fig. 34)

56

Uma das aplicações do diodo é na

transformação de corrente alternada em

corrente contínua utilizada, por exemplo, nos

“eliminadores de pilhas” (fig. 31).

Fig. 31

ANODO

Seta

CATODO

Barra

ANODO

CATODO

Fig. 34

Fig. 32

Fig. 33

Observa-se que o comportamento de qualquer componente eletrônico fabricado com

materiais semicondutores depende diretamente da sua temperatura de trabalho.

Esta dependência é denominada de “DEPENDÊNCIA TÉRMICA”, constituindo-se

em fator importante que deve ser considerado quando se projeta ou monta circuitos

com estes componentes.

A figura 36 apresenta alguns tipos construtivos de diodos, utilizados em circuitos

eletrônicos.

7.2 Formação do Diodo – Junção PN

O diodo se constitui na junção de duas pastilhas de material semicondutor: uma de

material N e uma de material P (fig. 37).

7.3 Comportamento dos cristais após a junção

Após a junção das pastilhas que formam o diodo ocorre um processo de

“acomodamento” químico entre os cristais.

57

- Uma barra impressa sobre o corpo do

componente, que indica o catodo (fig. 35).

CATODO

ANODO

Fig. 35

Fig. 36

Zona de fusão

CALOR JUNÇÃO PN

Fig. 37

Como conseqüência da passagem de cargas de um cristal para outro se cria um

desequilíbrio elétrico na região da junção.

58

Na região da junção alguns elétrons livres

saem do material N e passam para o

material P, recombinando-se com as

lacunas das proximidades (fig. 38).

O mesmo ocorre com algumas lacunas que

passam do material P para o material N e se

recombinam com os elétrons livres (fig. 39).

Forma-se na junção uma região onde não

existem portadores de carga, porque estão

todos recombinados, neutralizando-se. Esta

região é denominada de região de

DEPLEXÃO (fig. 40).

Os elétrons que se movimentaram do material

N para o P geram um pequeno potencial

elétrico negativo (fig. 41).

Fig. 38

Fig. 39

Fig. 40

Região de deplexão - sem portadores

Zona de potencial negativo gerado pelos elétrons que não pertenciam ao material P

Fig. 41

As lacunas que se movimentaram para o material N geram um pequeno potencial

elétrico positivo (fig. 42).

Verifica-se que na região da junção existe uma diferença de potencial,

proporcionada pelo movimento dos portadores de um cristal para outro.

É importante observar que a barreira de potencial é NEGATIVA NO CRISTAL P e

POSITIVO NO CRISTAL N.

A tensão proporcionada pela barreira de potencial no interior do diodo depende do

material utilizado na sua fabricação.

Nos diodos de germânio a barreira de potencial tem aproximadamente 0,2V e nos

diodos de silício aproximadamente 0,7V (fig. 44 e 45).

59

Este desequilíbrio elétrico é denominado de

barreira de potencial.

No funcionamento do diodo esta barreira de

potencial se comporta como uma pequena

bateria dentro do componente (fig. 43). Efeito similar a uma bateria provocado pela barreira de potencial

Zona de potencial positivo gerado pelas lacunas que não pertenciam ao material N.

Fig. 42

Fig. 43

Ge Si

- 0,2V + Fig. 44 - 0,7V + Fig. 45

Não é possível medir a tensão da barreira de potencial, aplicando um voltímetro aos

terminais de um diodo, porque esta tensão existe apenas internamente no

componente. No todo, o componente continua neutro, uma vez que não foram

acrescentados nem retificados portadores dos cristais.

7.4 Aplicação de Tensão Sobre o Diodo

A aplicação de tensão sobre o diodo estabelece a forma como o componente se

comporta eletricamente.

A tensão pode ser aplicada ao diodo de duas formas diferentes, denominadas

tecnicamente de:

a) Polarização direta

b) Polarização inversa

a) POLARIZAÇÃO DIRETA

60

A polarização do diodo é denominada de

polarização direta quando a tensão POSITIVA

é aplicada ao MATERIAL P e a tensão

NEGATIVA ao MATERIAL N (fig. 46).

O pólo positivo da fonte repele as

lacunas do material P em direção ao

pólo negativo, enquanto os elétrons

livres são repelidos pelo pólo negativo

em direção ao pólo positivo (fig. 47).

Fig. 46

Fig. 47

Se a tensão da bateria externa é maior que a tensão da barreira de potencial, as

forças de atração e repulsão provocadas pela bateria externa permitem aos

portadores adquirir velocidade suficiente para atravessar a região onde há ausência

de portadores (fig. 48).

A polarização direta faz com que o diodo permita a circulação de corrente elétrica no

circuito, através do movimento dos portadores livres (figs. 50 e 51).

Quando o diodo está polarizado diretamente, conduzindo corrente elétrica diz-se

que:

61

Observa-se que nesta condição existe um fluxo

de portadores livres dentro do diodo, através da

junção (fig. 49).

Fig. 48

Fig. 49

Diodo de Silício V > 0,7 (Barreira de potencial)

A lâmpada limita corrente no circuito

Fig. 50 Fig. 51

O DIODO ESTÁ EM CONDUÇÃO

b) POLARIZAÇÃO INVERSA

Nesta situação os portadores livres de cada cristal são atraídos pelos potenciais da

bateria para os extremos do diodo (fig. 54).

62

Um diodo semicondutor polarizado diretamente ( + - ) entra

em CONDUÇÃO, permitindo a passagem de corrente elétrica.

É importante observar que a seta do símbolo do diodo

indica o sentido de circulação convencional da

corrente (fig. 52).

A polarização inversa de um diodo consiste na

aplicação de tensão positiva no material N e negativa

no material P (fig. 53).

Observa-se que a polarização inversa provoca

um alargamento da região de depleção, porque

os portadores são afastados da junção (fig. 55).

Fig. 52

Fig. 53

P N

Região de deplexão

Fig. 54

Fig. 55

Não existe fluxo de portadores através da junção, quando o diodo é polarizado

inversamente. Portanto, conclui-se que a polarização inversa faz com que o diodo

impeça a circulação de corrente no circuito elétrico.

Quando o diodo está polarizado inversamente, impedindo a circulação de corrente

diz-se que:

O DIODO ESTÁ EM BLOQUEIO (figs. 56 e 57)

7.5 Características de Condução e Bloqueio do Diodo Semicondutor

As características do diodo fornecem informações sobre o seu comportamento nos

circuitos eletrônicos durante os estados de condução ou bloqueio (figs. 58 e 59).

Em condução

63

Um diodo semicondutor polarizado inversamente ( - + ) entra em

bloqueio, não permitindo a passagem de corrente elétrica.

+

I Fig. 58

Em bloqueio +

(Sem condução de corrente)

Fig. 59

Fig. 56

Fig. 57

7.6 O Diodo Semicondutor Ideal

Como diodo ideal se compreende um diodo que apresente características especiais,

conduzindo ou bloqueando completamente.

a) CONDUÇÃO NO DIODO IDEAL E CIRCUITO EQUIVALENTE

Um diodo ideal, polarizado diretamente, deve conduzir a corrente elétrica sem

apresentar resistência, comportando-se como interruptor fechado (fig. 60).

O interruptor fechado é denominado de “circuito equivalente” do diodo ideal em

condução.

Os “circuitos equivalentes” são circuitos com componentes simples (interruptores,

resistores, capacitores) que através dos quais se obtém o mesmo efeito que com um

único componente mais complexo.

São usados como “ferramenta” para auxiliar na compreensão do comportamento de

componentes mais complexos nos circuitos.

b) BLOQUEIO DO DIODO IDEAL

Polarizado inversamente um diodo semicondutor ideal deve se comportar como um

isolante perfeito, impedindo completamente a circulação de corrente. A condição de

bloqueio de um diodo também pode ser denominada de corte do diodo, porque o

diodo corta a circulação de corrente.

64

Diodo ideal em condução Fig. 60

Em circuito equivalente o diodo ideal em bloqueio pode ser representado como um

interruptor aberto (fig. 61).

7.7 O Diodo Semicondutor Real

O diodo real apresenta algumas diferenças em relação ao “diodo ideal”.

Estas diferenças existem porque o processo de purificação dos cristais

semicondutores para a fabricação de componentes eletrônicos não é perfeito.

Após a purificação ainda existe nos cristais uma pequena quantidade de impurezas

originárias da formação do material na natureza.

Estas impurezas, chamadas de portadores minoritários, resultantes da deficiência na

purificação fazem com que as características de condução e bloqueio dos diodos

reais se distanciem dos ideais.

a) CONDUÇÃO NO DIODO REAL

Dois fatores diferenciam o diodo real do ideal no sentido de condução:

- A barreira de potencial

- A resistência interna

A barreira de potencial, existente na junção dos cristais, faz com que o diodo entre

em condução efetiva apenas a partir do momento em que a tensão da bateria

externa atinge um valor maior que a tensão interna (fig. 62).

65

Diodo ideal em bloqueio Fig. 61

A resistência interna é devida ao fato de que o cristal dopado não é um condutor

perfeito. O valor da resistência interna dos diodos na condução normalmente é

menor que 1Ω.

Assim, um circuito equivalente do diodo real em condução apresenta os elementos

representativos da barreira de potencial e da resistência interna (fig. 63).

Na maioria dos casos em que o diodo é utilizado, as tensões e resistências externas

do circuito são muitas maiores que os valores internos do diodo (0,7V; 1Ω). Assim,

se pode normalmente considerar o diodo real igual ao ideal no sentido de condução,

sem provocar um erro significativo.

No circuito da figura 64, por exemplo, a tensão e resistência externa ao diodo são

tão grandes, comparadas com os valores do diodo, que se pode considerar o

modelo ideal sem qualquer prejuízo.

66

Diodo de Silício Barreira de potencial –0,7 V Fig. 62

Diodo real em condução

Fig. 63

Fig. 64

Resistência Interna

Bateria - interna

I = 49,3V = 0,0328

1501Ω

ERRO = 0,0333 – 0,328 = 0,0005A

Erro desprezível face a tolerância do resistor.

b) BLOQUEIO NO DIODO REAL

Devido à presença dos portadores minoritários resultantes da purificação imperfeita,

o diodo real em bloqueio não é capaz de impedir completamente a existência de

corrente no sentido inverso.

Esta corrente inversa que circula no diodo, denominada de CORRENTE DE FUGA,

é da ordem de alguns microampéres.

Isto significa que no sentido inverso o diodo apresenta uma resistência elevadíssima

(vários Megahoms).

O circuito equivalente do diodo real em bloqueio apresenta esta característica

configurada (fig. 65).

Como a corrente de fuga é muito pequena, comparada com a corrente de condução,

a resistência inversa do diodo pode ser desprezada na análise da grande maioria

dos circuitos, considerando-se o diodo como ideal.

67

I = _50 = 0,0333 1500

Diodo real em bloqueio

R = Vários megohms

Fig. 65

7.8 A Curva Característica do Diodo Real

O comportamento dos componentes eletrônicos pode ser expresso através de uma

curva característica que permite determinar a condição de funcionamento do

dispositivo em um grande número de situações.

A curva característica do diodo mostra o seu comportamento na condução e no

bloqueio.

a) REGIÃO DE CONDUÇÃO

Durante a condução do diodo, a corrente do circuito circula no cristal. Devido à

existência da barreira de potencial e da resistência interna do diodo verifica-se a

presença de um pequeno valor de tensão sobre o diodo (fig. 66).

A curva característica do diodo em condução mostra o comportamento da queda de

tensão em função da corrente que flui no circuito (fig. 67).

68

Diodo de Silício

Fig. 66

Quadrante de condução

ID (mA)

300

200100

Fig. 67

Analisando a curva característica de condução, verifica-se que a tensão do diodo

sofre um pequeno aumento quando a corrente aumenta (fig. 68).

Através da curva verifica-se também que enquanto a tensão sobre o diodo está

abaixo de 0,7V (no caso do silício) a corrente circulante é muito pequena (região “c”

da curva). Isto se deve ao fato de que a barreira de potencial se opõe ao fluxo de

cargas no diodo.

Devido à existência desta barreira de potencial, a região típica de funcionamento dos

diodos fica acima da tensão de condução característica (fig. 69).

69

0,7 0,75 0,8

VD (V)

Ponto A ID = 100 mA

VD = 0,75 V

Ponto B ID = 200 mA

VD = 0,8 V

Fig. 68

Diodo de Silício Região de funcionamento

ID (mA)

b) REGIÃO DE BLOQUEIO

No bloqueio o diodo semicondutor não atua como isolante perfeito, permitindo a

circulação de uma corrente de fuga, de valor muito pequeno (da ordem de

microampéres).

Esta corrente de fuga aumenta, à medida que a tensão inversa sobre o diodo

aumenta (fig. 70).

Figura 71 apresenta a curva do diodo com os dois quadrantes: de condução e de

bloqueio.

70

Ponto A Tensão inversa – V = 100V

Corrente de fuga – I = 20 µµµµ A

Ponto B Tensão inversa – V = 200 V

Corrente de fuga – I = 40 µµµµ A

Fig. 70

Fig. 71

Corrente reversa de fuga microampéres

Tensão direta de condução

Tensão reversa

Corrente direta de condução Miliampéres ou ampéres

Tensão de barreira de potencial

Corrente de fuga

0,2V para Ge 0,7V para Si

7.9 Regimes Máximos do Diodo em CC

Os regimes máximos do diodo em CC estabelecem os limites da tensão e corrente

que podem ser aplicados ao componente em circuitos de corrente contínua, sem

provocar danos a sua estrutura.

Analisando o comportamento do diodo em condução e bloqueio verifica-se que os

fatores que dependem diretamente do circuito ao qual o diodo está conectado são:

a) Corrente de condução (IF)

b) Tensão reversa (VR)

A tensão de condução VD não depende do circuito (0,7 para silício e 0,2 para

germânio) e a corrente de fuga também depende apenas do material do diodo

(alguns microampéres).

a) CORRENTE MÁXIMA DE CONDUÇÃO

A corrente de condução máxima de cada tipo de diodo é dada pelo fabricante em

folhetos técnicos. Nestes folhetos, a corrente máxima de condução aparece

designada pela sigla IF proveniente do idioma inglês:

IF

Abaixo estão colocados dois comerciais e suas características de corrente máxima

(IF).

TIPO IF

SKE 1/12 1, 0 A

1N4004 1,0 A

71

CORRENTE

(FORWARD) DE CONDUÇÃO

Corrente máxima de condução em

regime contínuo.

b) TENSÃO REVERSA MÁXIMA

Cada diodo a estrutura preparada para suportar um determinado valor de tensão

reversa. Aplicando um valor de tensão reversa superior ao especificado para cada

diodo, a corrente de fuga aumenta excessivamente e o diodo é danificado.

Os fabricantes de diodo fornecem em folhetos técnicos o valor característico de

tensão máxima que o diodo suporta sem sofrer a ruptura.

Este valor aparece designado pela sigla VR.

72

As tensões reversas colocam o diodo em

bloqueio. Nesta condição toda a tensão

aplicada ao circuito fica aplicada sobre o

diodo (fig. 72).

VR Tensão reversa máxima

em regime contínuo

8 RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA

Retificação é o nome dado ao processo de transformação de corrente alternada em

corrente contínua.

A retificação é utilizada nos equipamentos eletrônicos com a finalidade de permitir

que equipamentos de corrente contínua sejam alimentados a partir da rede elétrica

CA.

A retificação de meia onda é um processo de transformação de CA em CC, que

permite o aproveitamento de apenas um semiciclo da tensão de entrada na carga

(fig. 1).

O circuito retificador de meia onda com diodo é empregado em equipamento que

não exigem uma tensão contínua pura, como por exemplo, os carregadores de

bateria.

8.1 Retificação de meia onda com diodo semicondutor

As características de condução e bloqueio do diodo semicondutor podem ser

utilizadas para obter uma retificação de meia onda a partir da corrente alternada da

rede elétrica domiciliar.

73

Tensão para a carga

Fig. 1

8.2 Funcionamento

a) PRIMEIRO SEMICICLO

Durante o primeiro semiciclo a tensão é positiva no ponto A, com relação ao ponto B.

Esta polaridade de tensão de entrada coloca o diodo em condução, permitindo a

circulação de corrente (fig. 4).

A tensão sobre a carga assume a mesma forma da tensão de entrada (fig. 5).

74

A figura 2 mostra a configuração de

um circuito retificador de meia onda

com diodo.

Tomando-se como referência o circuito

retificador de meia onda com diodo da

figura 3.

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

Fig. 5

O valor do pico de tensão sobre a carga é menor que o valor do pico de tensão da

entrada porque o diodo, durante a condução, apresenta uma pequena queda de

tensão VD (0,7 para silício e 0,2 para germânio) (fig. 6).

Entretanto, na maioria dos casos, a queda de tensão do diodo pode ser desprezada

porque seu valor é muito pequeno em relação ao valor total do pico de tensão sobre

a carga.

A queda de tensão sobre o diodo deve ser considerada apenas quando o circuito

retificador for aplicado a tensões pequenas (menores que 10V).

b) SEGUNDO SEMICICLO

Durante o segundo semiciclo a tensão de entrada é negativa no ponto A, com

relação ao ponto B.

Esta polaridade de tensão de entrada coloca o diodo em bloqueio, impedindo a

circulação de corrente (fig. 7).

75

Fig. 6

Fig. 7

Nesta condição toda a tensão de entrada é aplicada sobre o diodo que atua como

interruptor aberto, e a tensão na carga é nula porque não há circulação de corrente

(fig. 8).

Observa-se que para cada ciclo da tensão de entrada apenas um semiciclo passa

para a carga, enquanto o outro semiciclo fica sobre o diodo. Os gráficos da figura 9

ilustram o que foi descrito.

76

Fig. 8

Fig. 9

Tensão na entrada

Tensão no diodo de silício

Tensão na carga

A forma de tensão encontrada na carga é denominada de tensão contínua pulsante.

É contínua porque a corrente, quando flui, flui sempre no mesmo sentido, o que é

uma característica da tensão contínua e pulsante porque a circulação de corrente

ocorre em forma de pulsos.

8.3 Retificação de Meia Onda com Tensão de Saída Negativa

Dependendo da forma como o diodo está colocado no circuito retificador, pode-se

obter uma tensão CC positiva ou negativa em relação ao terra (fig. 10 e 11).

8.4 Tensão de Saída

A tensão de saída de uma retificação é contínua, embora pulsante. Para medir esta

tensão de saída utiliza-se um voltímetro de CC ou multímetro (fig.12).

77

Tensão de saída positiva

Forma de saída

A polaridade de saída é invertida

Invertendo o diodo

Tensão de saída negativa

Fig. 10

Fig. 11

Ao conectar-se um voltímetro de CC (ou multímetro em escala de tensão CC) na

saída de uma retificação, a tensão indicada pelo instrumento será a média entre os

períodos de existência e inexistência de tensão.

Na retificação de meia onda se alternam os períodos de existência e inexistência de

tensão sobre a carga (fig. 13).

Conseqüentemente, o valor de tensão CC média sobre a carga (medindo com

voltímetro CC na saída da retificação) está muito abaixo do valor efetivo CA aplicado

à entrada do circuito (fig.14).

A tensão média na saída é dada pela equação:

78

Os multímetros (em escala de VDC) e os voltímetros de CC

indicam sempre um valor de TENSÃO CONTÍNUA MÉDIA.

Voltímetro ou Multímetro

Fig. 12

VRL

Fig. 13

Média cc da retificação de meia onda

Médio

(EM – VD)

Fig. 14

Obs: Os livros e publicações de eletrônica costumam denominar o valor “tensão de

pico” (VP) de “tensão máxima” (EM). Por esta razão nas equações apresentadas será

utilizada a notação EM para a tensão de pico.

Quando as tensões de entrada (VCAef) forem superiores a 10V pode-se eliminar a

queda de tensão do diodo que se torna desprezível, reescrevendo a equação

conforme apresentado abaixo:

Simplificando os termos 2 obtém-se 0,45, logo: VCC = VCA . 0,45 π A seguir são apresentados dois exemplos de cálculo empregando a fórmula

completa e a fórmula simplificada.

EXEMPLO 1

79

VCC = ________

Onde:

VCC = tensão contínua média sobre a carga.

EM = tensão de pico da CA aplicado ao circuito (EM = VCA .

2 )

VD = queda de tensão típica do diodo (0,3V ou 0,7V)

Dados: VCA = 6V (menor que 10V)

VD = 0,7V (silício)

VCC = _______ = ______________

VCC = (6 . 1,41) – 0,7 3,14

VCC = 2,47V

EM - VD π

(VCA . √ 2 ) - VD

π

EM - VD

ππππ

Carga

EXEMPLO 2

A equação da tensão de saída é válida tanto para retificação com tensão de saída

positiva como negativa.

8.5 Corrente de Saída

Na retificação de meia onda a corrente de saída também é pulsante, uma tensão

sobre a carga é pulsante (fig. 15).

Isto implica que a corrente média na saída (sobre carga) é uma média entre os

períodos de existência e inexistência de corrente (fig. 16).

80

Dados:

VCA = 50V (maior que 10V)

VCC = VCA . 0,45

VCC = 50 . 0,45

VCC = 22,5V

Carga

Corrente Pulsante

I SAÍDA

Fig. 15

I SAÍDA

Fig. 16

O valor da corrente média de saída pode ser determinado a partir da tensão e da

resistência de carga:

O cálculo da corrente média de saída é muito importante porque serve como de

partida para a escolha do diodo que será utilizado no circuito.

8.6 Inconvenientes da Retificação de Meia Onda

A retificação de meia onda apresenta alguns inconvenientes, decorrentes da

condição de funcionamento:

A tensão de saída é pulsante, diferindo sensivelmente de uma tensão contínua (fig.

17).

O rendimento é baixo (45%) em relação à tensão eficaz de entrada (fig. 18).

Nas retificações com transformador existe um mau aproveitamento da capacidade

de transformação porque a corrente circula em apenas um semiciclo (fig. 19).

81

Corrente média de saída

I CC = _____ VCC RL

Fig. 17

Fig. 18

8.7 Fonte de Alimentação Meia Onda

O circuito retificador de meia onda pode ser utilizado como fonte de alimentação

para um circuito eletrônico.

Para que se tenha uma fonte de alimentação completa deve-se acrescentar ao

circuito retificador:

- Uma chave liga-desliga;

- Um fusível de proteção;

- Uma chave seletora 110/220.

As figuras 20 e 21 mostram o esquema e o circuito de uma fonte de alimentação

meia onda completa.

82

Circulação apenas nos

semiciclos positivos

Fig. 19

Fig. 20

Fig. 21

9 RETIFICAÇÃO DE ONDA COMPLETA COM DIODOS

SEMICONDUTORES

É um processo de conversão de corrente alternada em corrente contínua que faz um

aproveitamento dos dois semiciclos da tensão de entrada (fig.1).

O circuito retificador de onda completa é o mais empregado nos equipamentos

eletrônicos porque realiza um melhor aproveitamento da energia aplicada a entrada.

A retificação de onda completa com diodos semicondutores pode ser realizada de

duas formas distintas:

- Empregando um transformador com derivação central e dois diodos;

- Empregando 4 diodos ligados em ponte.

9.1 Retificação de Onda Completa com Derivação Central

Retificação de onda completa com derivação central é denominação técnica do

circuito retificador de onda completa que emprega dois diodos e um transformador

com derivação central.

A figura 2 apresenta a configuração deste tipo de circuito retificador.

83

Entrada

1 ciclo Circuito retificador de onda completa

Tensão para a carga

Fig. 1

Este tipo de retificação também é chamado de retificação de onda completa

CENTERTAPE.

A expressão “center tape” é inglesa e significa “derivação central”.

9.2 Funcionamento

O princípio de funcionamento do circuito retificador de onda completa pode ser

facilmente compreendido, considerando-se cada um dos semiciclos da tensão de

entrada isoladamente.

a) PRIMEIRO SEMICICLO

Considerando-se o terminal central do secundário como referência verifica-se a

transformação de duas polaridades opostas nos extremos das bobinas (fig. 3).

84

Fig. 2

(Referência)

Carga

Fig. 3

Nesta condição verifica-se que o diodo D1 é polarizado diretamente, conduzindo,

enquanto o diodo D2 é polarizado inversamente, entrando em bloqueio.

Substituindo os diodos por seus circuitos equivalentes ideais obtém-se a

configuração apresentada na figura 4.

A condição de condução de D1 permite a circulação de corrente através da carga do

terminal positivo para o terminal positivo para o terminal de referência (fig. 5).

A tensão aplicada à carga é a tensão existente entre o terminal central do

secundário e o extremo superior do transformador (fig. 6).

85

Negativo em relação ao

potencial mais positivo.

Fig. 4

Fig. 5

Durante todo o semiciclo analisando o diodo D1 permanece em condução e a tensão

na carga acompanha a tensão da parte superior do secundário (fig.7).

b) SEGUNDO SEMICICLO

No segundo semiciclo da tensão de entrada ocorre uma inversão na polaridade do

secundário do transformador (fig. 8).

86

Tensões iguais

(instantaneamente)

Fig. 6

VRL

Fig. 7

Carga

Fig. 8

Nesta condição o diodo D2 entra em condução e o diodo D1 em bloqueio (fig. 9).

A corrente circula pela carga, passando através de D2 que está em condução, no

mesmo sentido que circulou no primeiro semiciclo (fig. 10).

A tensão aplicada à carga é a tensão da bobina inferior do secundário do

transformador (fig. 11).

87

Carga

Fig. 9

Fig. 10

Tensões iguais

(instantaneamente)

Fig. 11

Durante todo o semiciclo analisando o diodo D2 permanece em condução e a tensão

na carga acompanha a tensão da parte inferior do secundário (fig. 12).

Analisando um ciclo completo da tensão de entrada verifica-se que o circuito

retificador entrega dois semiciclos de tensão sobre a carga:

- Um semiciclo do extremo superior do secundário através da condução de D1;

- Um semiciclo do extremo inferior do secundário através da condução de D2

(fig. 13).

9.3 Tensão e Corrente CC de Saída da Retificação com Derivação Central

Tensão de Saída

A retificação de onda completa com ponto médio entrega a carga dois semiperíodos

de tensão para cada ciclo da tensão de entrega (fig. 14).

88

Fig. 12

Fig. 13

O valor de tensão média sobre a carga (medido com um voltímetro de CC na saída)

é uma média dos valores fornecidos pelos pulsos de tensão (fig. 15).

O rendimento da retificação de onda completa com ponto médio é o dobro da

retificação de meia onda:

O valor EM é determinado em função da tensão CA presente entre a derivação

central e um dos extremos do transformador (fig. 16).

89

Tensão média

na saída

VCC = 2 __________ onde EM = VCA . 2 EM - VD

π

Ponte ou derivação central V ENTRADA

V SAÍDA

Fig. 14

Fig. 16

Tensão de pico dos pulsos na saída

Tensão CC média na saída

Fig. 15

Isto se deve ao fato de que, na retificação de onda completa com posto médio, cada

metade do secundário do transformador está ativa durante um período e inativa em

outro.

Observando atentamente este tipo de retificação é possível visualizar que o conjunto

se constitui de duas retificações de meia onda, cada uma atuante em um dos

semiciclos conforme mostra a seqüência da figura 17.

Para tensões de entrada acima de 10VCA pode-se desconsiderar a queda de tensão

no diodo, desenvolvendo a equação como:

90

Fig. 17

VCC = _________ desconsiderando VD têm-se:

VCC = 2 . ____ como EM = VCA . 2

VCC = 2 . VCA . 2 simplificando 2/π têm-se

VCC = 2 . VCA . 0,45

9.4 Corrente de saída

A corrente média na saída da retificação de onda completa depende da tensão

média:

A seguir estão apresentados dois exemplos de cálculo de tensão e corrente CC para

a retificação de onda completa com ponto médio.

EXEMPLO 1

91

EM - VD π

EM π

Tensão contínua média

na saída VCC = VCA . 0,9

Corrente contínua média

de saída ICC = VCC

RL

Tensão CA no secundário

menor que 10V, logo:

VCC = 2 . EM – VD π

EM = VCA . 2 EM = 6 .2 EM = 8,46 V

VCC = 2 8,46 – 0,7 3,14

VCC = 2 . 7,76 VCC = 2 . 2,47 3,14

ICC = VCC ICC = 4,94 = 4,94mA RL 1000Ω

EXEMPLO 2

OBSERVAÇÃO

A tensão de saída é negativa devido à posição dos diodos.

92

VCC = 4,94 V

ICC = 4,94mA

Tensão no secundário

maior que 10VCA

VCC = VCA . 0,9

VCC = 20 . 0,9 VCC = -18V

ICC = VCC ICC = -18V RL 820Ω

9.5 Relação entre freqüência de entrada e freqüência de saída

Na retificação de onda completa cada ciclo da tensão CA de entrada é transformado

em dois semiciclos de tensão sobre a carga. Desta forma, a freqüência dos picos de

tensão sobre a carga é o dobro da freqüência da rede (fig. 18).

9.6 Retificação de Onda Completa em Ponte

A retificação em ponte, com quatro diodos entrega a carga uma onda completa que

seja necessário utilizar um transformador com derivação central. A figura 19

apresenta a configuração da retificação de onda completa em ponte.

93

ICC = -21,9mA

Fig. 18

Fig. 19

Este tipo de retificação também é conhecido como retificação por PONTE DE ONDA.

A retificação em ponte pode ser feita sem a necessidade de um transformador de

entrada.

9.7 Funcionamento

a) PRIMEIRO SEMICICLO

Considerando a tensão positiva no terminal de entrada superior (fig.20).

A condição de polarização dos diodos se apresenta:

D1 – anodo positivo em relação ao catodo = CONDUÇÃO

D2 – catodo positivo em relação ao anodo = BLOQUEIO

D3 – catodo negativo em relação ao anodo = CONDUÇÃO

D4 – anodo negativo em relação ao catodo = BLOQUEIO

Substituindo-se os diodos pelos seus circuitos equivalentes ideais se obtém a

configuração apresentada na figura 21.

94

Fig. 20

Eliminando-se os diodos em bloqueio, que não interferem no funcionamento do

circuito verifica-se que D1 e D3 em condução fecham circuito elétrico, aplicando a

tensão do primeiro semiciclo sobre a carga (fig. 22).

Recolocando-se os diodos na forma de componente (eliminando os circuitos

equivalentes) observa-se como a corrente flui no circuito no primeiro semiciclo (fig.

23).

95

Carga

Fig. 21

Fig. 22

Fig. 23

b) SEGUNDO SEMICICLO

No segundo semiciclo ocorre a inversão da polaridade nos terminais de entrada do

circuito (fig. 24).

A condição de polarização dos diodos se apresenta:

Eliminando os diodos em bloqueio e substituindo os diodos em condução pelos seus

circuitos equivalentes ideais obtém-se a configuração apresentada na figura 25.

96

D1 – Anodo negativo em relação ao catodo – BLOQUEIO

D2 – Catodo negativo em relação ao anodo – CONDUÇÃO

D3 – Catodo positivo em relação ao anodo – BLOQUEIO

D4 – Anodo positivo em relação ao catodo – CONDUÇÃO

Fig. 24

Carga

Fig. 25

Carga

O circuito elétrico fechado por D2 e D4 aplica a tensão da entrada sobre a carga,

fazendo a corrente circular na carga no mesmo sentido que no primeiro semiciclo

(fig. 26).

Recolocando os diodos na forma original, observa-se a forma como a corrente

circula no circuito (fig. 27).

A ponte retificadora entrega a carga os dois semiciclos, da mesma forma que a

retificação de ponto central (fig. 28).

97

Fig. 26

Fig. 27

ENTRADA CA

SAÍDA CC

PULSANTE

Fig. 28

A freqüência da CC pulsante é o dobro da freqüência da rede.

9.8 Tensão e Corrente CC de Saída da Retificação em Ponte

• Tensão de Saída

A ponte retificadora de Grãetz fornece na saída o mesmo tipo de forma de onda que

retificação com ponto médio (fig. 31).

Há, contudo, uma diferença em termos de tensão de pico sobre a carga, devido ao

fato de que na ponte retificadora em cada semiciclo existem dois diodos em série.

Desta forma o pico de tensão sobre a carga é 1,4V menor que o pico de tensão na

entrada (para diodos de silício) (fig. 32).

98

A ponte retificadora também pode ser representada

em esquema conforme mostra a figura 29.

Nesta simbologia a barra do diodo aponta a saída

positiva e a seta a saída negativa (fig. 30).

Fig. 29

Fig. 30

Fig. 31

Fig. 32

A tensão CC média de saída é dada pela equação:

Para tensões acima de 20VCA na entrada da ponte pode-se desconsiderar as quedas

de tensão nos diodos (2VD) de forma que o desenvolvimento da equação resulta em:

O valor VCA da equação, para circuitos retificadores em ponte, é o valor da tensão

aplicado aos extremos dos diodos que compõem a ponte, conforme mostra a figura

33.

Este aspecto determina uma vantagem da retificação em ponte sobre a retificação

com derivação central.

Para uma mesma tensão de saída, a retificação em ponte usa apenas uma tensão

no secundário enquanto a retificação com derivação central necessita de duas

tensões com terminal central comum. A ponte, porém, usa 4 diodos.

As figuras 34 e 35 mostram claramente o que foi descrito.

99

VCC = VCA . 0,9 Para tensões acima de 20VCA na entrada da ponte.

Tensão CC média

na saída

Fig. 33

Conseqüentemente, o transformador é melhor aproveitado nas retificações em ponte

porque o secundário trabalha integralmente nos dois semiciclos.

• Corrente na Saída

A corrente média na saída é dada pela mesma equação utilizada na retificação

ponto médio:

A seguir estão desenvolvidos dois exemplos de cálculo de tensão e corrente CC de

saída para a retificação em ponte.

100

Corrente CC média

na saída

ICC = _________ RL (carga)

VCC

Fig. 34

Fig. 35

VCC = VCA . 0,9

VCC = 30 . 0,9

VCC = 27V

VCC = VCA . 0,9

VCC = 27V

EM = VCA . 2 EM = 15 . 2 EM = 21,2V

VCC = 2 21,2 – 1,4 = 2 19,8 3,14 3,14

VCC = 2 . 6,3 VCC = 12,6V

ICC = VCC ICC = 12,6V = RL 2200Ω

VCC = 110 . 0,9

ICC = 99V 300Ω

101

Tensão CA maior

que 20V

VCC = VCA . 0,9

VCC = 99V

ICC = 330mA

Tensão CA

menor que 20V

VCC = 2[ EM – 2VD] ππππ

ICC = 5,7mA

9.9 Fonte de Alimentação de Onda Completa

Os circuitos retificadores de onda completa são utilizados como fonte de alimentação

para circuitos de freio eletromagnéticos, alimentação de eletroímãs, brinquedos

como carrinhos de autorama.

As figuras 36 e 37 mostram os circuitos de fontes de alimentação onda completa

com as etapas identificadas.

102

1 – Entrada

2 – Controle e Proteção

3 – Rebaixamento ou Elevação da tensão

4 – Retificação

Fig. 36

Fig. 37

10 O FILTRO NAS FONTES DE ALIMENTAÇÃO

Tensões contínuas puras se caracterizam por apresentarem polaridade definida e

ser constante ao longo do tempo.

A figura 1 mostra o gráfico de uma tensão contínua pura fornecida por uma bateria.

Tensões fornecidas pelos circuitos retificadores, tanto de meia onda como de onda

completa, são pulsantes. Embora tenham a polaridade definida, as tensões

fornecidas pelos circuitos retificadores sofrem constante variação de valor, pulsando

conforme tensão senoidal aplicada ao diodo (fig. 2).

10.1 O Capacitor como Elemento de Filtragem

A capacidade de armazenamento de energia dos capacitores pode ser utilizada

como recurso para realizar um processo de filtragem na tensão de saída de um

circuito retificador.

103

Fig. 1

Onda completa Meia onda Fig. 2

O capacitor é conectado diretamente nos terminais de saída da retificação (fig. 5 e

6).

Nos intervalos de tempo em que o diodo conduz, circula corrente através da carga e

também para o capacitor. Neste período o capacitor armazena energia (fig. 7).

Nos intervalos de bloqueio do diodo o capacitor tende a descarregar a energia

armazenada nas armaduras.

Como não é possível a descarga através da retificação, porque o diodo está em

bloqueio, a corrente de descarga se processa pela carga (fig.8).

104

Meia onda Onda completa

Fig. 5

Fig. 6

Carga

Fig. 7

Portanto, a tensão contínua pulsante fornecida pelos circuitos retificadores não serve

para a alimentação de equipamentos de corrente contínua, devido às diferenças

entre sua forma de onda de saída e a forma de uma contínua pura (fig. 3).

A necessidade de realizar a alimentação dos equipamentos de corrente contínua a

partir da rede elétrica CA levou à utilização de circuitos de filtro.

105

Nas fontes de alimentação os filtros têm por finalidade permitir a

obtenção de uma CC mais pura.

Carga

Fig. 8

CC Pulsantes Diferentes da CC Pura

Fig. 3

Os filtros são colocados entre a retificação e a carga, e atuam sobre a tensão de

saída dos circuitos retificadores aproximando tanto quanto possível a sua forma à de

uma tensão contínua pura (fig.4).

Como o capacitor está em paralelo com a carga, a tensão presente nas armaduras

aplicada à carga (fig. 9).

A corrente absorvida pela carga é fornecida pelo capacitor. Com o passar do tempo

a tensão do capacitor diminui devido a sua descarga (fig. 10).

106

Fig. 4

VC = VRL

Fig. 9

Capacitor descarregando sobre a carga

Fig. 10

O capacitor permanece descarregado até que o diodo conduza novamente, fazendo

uma recarga nas suas armaduras (fig. 11).

Com a colocação do capacitor a carga passa a receber tensão durante todo o

tempo.

As figuras 12 e 13 mostram uma comparação entre a tensão de saída de uma

retificação de meia onda sem filtro e com filtro.

A presença de tensão sobre a carga durante todo o tempo, embora com valor

variável, proporciona a elevação do valor médio de tensão fornecido (fig. 14 e 15).

107

Fig. 11

Tempo que a carga não recebe tensão

A carga recebe tensão durante todo o tempo

Fig. 12 Fig. 13

A carga recebe tensão

108

A colocação de um filtro aumenta o valor da tensão média de saída

de um circuito retificador.

Tensão média

Sem filtro Com um capacitor de filtro

Fig. 14 Fig.15

11 A TENSÃO DE ONDULAÇÃO

O capacitor colocado em circuito retificador está sofrendo sucessivos processos de

carga e descarga.

Nos períodos de condução do diodo o capacitor sofre carga e sua tensão aumenta.

Nos períodos de bloqueio o capacitor se descarrega e sua tensão diminui (fig. 16).

t1 = tempo em que o capacitor sofre carga (sua tensão aumenta)

t2 = tempo em que o capacitor e descarrega parcialmente sobre a carga (sua tensão

diminui).

A forma de onda da tensão de saída não chega a ser uma contínua pura,

apresentando uma variação entre um valor máximo e um valor mínimo, denominada

de ONDULAÇÃO ou RIPPLE (fig. 17).

109

Fig. 16

V Saída

V Capacitor

Ondulação

Fig. 17

A diferença de tensão entre o valor máximo e o mínimo que a ondulação atinge é

denominada de Tensão de Ondulação de Pico a Pico, abreviada por Vondpp (fig. 18).

A tensão de ondulação na saída de uma fonte também é denominada de

COMPONENTE ALTERNADA de saída da fonte.

Um dos fatores que definem a qualidade de um circuito retificador é o valor da

componente alternada presente na sua saída.

11.1 Fatores que Influenciam na Ondulação

A ondulação na saída de um circuito retificador depende fundamentalmente de três

fatores:

a – da capacidade de armazenamento do capacitor;

b – da corrente absorvida pela carga;

c – do tempo que o capacitor permanece descarregando.

110

ONDULAÇÃO ou RIPPLE é a variação de tensão existente na forma

de onda de tensão de saída fornecida por um circuito retificador com

filtro capacitivo.

Quanto menor o valor da componente alternada presente na saída de

uma fonte melhor é a sua qualidade.

Fig. 18

Observando atentamente os fatores se verifica que todos influenciam na descarga

do capacitor, que resulta na ondulação.

a – A capacidade de armazenamento de um capacitor é expressa pela sua

capacitância.

Quanto maior o valor do capacitor, maior a capacidade de armazenamento. Assim,

um capacitor de filtro maior mantém a tensão de saída mais constante, diminuindo a

ondulação (fig. 19 e 20).

b – A corrente absorvida pela carga é responsável pela descarga do capacitor.

Quando a corrente absorvida pela carga é menor, o capacitor descarrega mais

lentamente. Como conseqüência, a redução de tensão do capacitor é menor,

obtendo-se menor ondulação (fig. 21 e 22).

111

Os fatores que influenciam na ondulação são aqueles que

influenciam na descarga do capacitor.

Capacitor de filtro com maior capacitância – TENSÃO DE ONDULAÇÃO

MENOR.

Fig. 19 Fig. 20

Entretanto, a corrente de carga é o ponto de partida para o cálculo da fonte.

É necessário que o circuito projetado tenha capacidade de alimentar a carga mesmo

na pior situação de consumo.

Por esta razão não se pode contar com modificações de consumo para melhorar o

desempenho de saída de uma fonte de alimentação.

c – O tempo de descarga influencia a ondulação, visto que quanto mais tempo o

capacitor descarrega, menor a tensão nas suas armaduras.

Por esta razão, para uma mesma carga e mesmo capacitor de filtro, os circuitos de

onda completa têm menor ondulação (fig. 23 e 24).

112

I1 maior que I2 VOND1 maior que VOND2

Fig. 21 Fig. 22

Fig. 23 Fig. 24

Em onda completa o capacitor é carregado duas vezes a cada ciclo de entrada (fig.

25).

11.2 Tensão na Saída nos Circuitos Retificadores com Filtro

A tensão CC média de saída em circuitos retificadores com filtro é dada pela

equação:

Quando um circuito retificador com filtro capacitivo está sem carga não há

ondulação. A tensão de saída é uma CC perfeita.

113

CARGA DO CAPACITOR

VCC = EM - VONDpp

2

Onde:

VCC Tensão CC na saída

EM Tensão de Pico VCA . 2 , desconsiderando-se

a queda nos diodos

VONDpp Tensão de ondulação de pico a pico

Fig. 25

A tensão de saída é, neste caso:

VCC = EM - _______ como VONDpp = 0 tem-se 2 VCC = EM ou VCC = VCA . 2

Isto é válido tanto para a retificação de meia onda com filtro como para a onda

completa com filtro (fig. 26 e 27).

Um exemplo ilustra o comportamento da tensão de saída de uma retificação de meia

onda com filtro sem e com carga.

114

VONDpp

Quando não há carga na saída, a tensão de saída dos circuitos

retificadores de meia onda e onda completa com filtro é a mesma.

VCC = EM

VCC = VCA . 2

VCC = 15 . 1,41 = 21,2V

VCC = 21,2V

Fig. 26

Onda completa sem carga

Meia onda sem carga

Fig. 27

Conectando-se um osciloscópio em modo DC na saída da fonte, a forma de onda

observada seria uma CC pura (fig. 28).

Quando a carga é aplicada a ondulação aparece, fazendo com que a tensão de

saída caia para valores inferiores a EM.

A redução na tensão de saída se deve a ondulação, e será tanto maior quanto maior

for a corrente solicitada pela carga.

Admitindo-se uma carga que provoque uma ondulação de 3Vpp.

A forma de onda da saída, observada em osciloscópio, em modo DC, seria a

mostrada na figura 29.

115

A ligação da carga a uma fonte provoca o aparecimento da ondulação,

resultando em uma redução da tensão de saída.

VCC = EM - _______

EM = VCA . 2 (desprezando a queda do

diodo)

VCC = 21,2 – 3,0Vpp

2

VONDpp

2

VCC = 19,7V

Fig. 28

Ref

O valor médio da tensão da saída CC, devido à ondulação, cairia de 21,2V (sem

carga) para 19,7V (média entre 21,2 e 18,2) devido à carga.

11.3 Observação da Ondulação com Osciloscópio

A ondulação é um componente alternada presente no topo da forma de onda

fornecida por uma fonte com filtro capacitivo e carga na saída.

Como o valor desta ondulação é normalmente igual ou menor que 10% do valor da

CC fornecida pela fonte, tornasse difícil medir o seu valor exato usando o

osciloscópio no modo DC (fig.30).

116

Fig. 29

Referência

Ondulação (Difícil de medir com precisão)

Fig. 30

Para obter uma medida precisa da tensão de ondulação de pico a pico utiliza-se o

modo AC. Neste modo de entrada o componente CC da saída é eliminado de forma

que o osciloscópio apresenta na tela apenas a ondulação na tela.

As figuras 31 e 32 mostram mesma saída de uma fonte, nos modos DC e AC de

entrada.

11.4 Determinação do Capacitor de Filtro

A tensão de saída de uma retificação com filtro é dada pela equação:

Pela equação verifica-se que a tensão de saída depende da tensão de ondulação. A

tensão de ondulação depende do tipo de circuito retificador (meia onda, onda

completa), do valor do capacitor de filtro e da corrente da carga.

117

Para medir com precisão o valor da tensão de ondulação na saída de

uma fonte deve-se utilizar o modo de entrada AC no osciloscópio.

VCC = EM - ______ Vondpp 2

Fig. 31 Fig. 32

Observa-se que a tensão de ondulação depende de vários fatores que estão

relacionados entre si. Esta dependência torna difícil a formulação de uma equação

exata que determine o valor de capacitor a ser usado para uma tensão pré-

estabelecida.

Entretanto, devido a grande tolerância de valor dos capacitores eletrolíticos (até

50%) pode-se formular uma equação simplificada para o seu cálculo.

Esta equação pode ser usada para cálculo de capacitores de filtros para até 20% de

ondulação de pico a pico sem introduzir um erro significativo.

A equação simplificada para o cálculo do valor do capacitor de filtro é:

O fator T é determinado em função do tipo de retificação usado (meia onda ou onda

completa), a corrente de carga máxima pela lei de OHM e a tensão de pico a pico de

ondulação assume o valor desejado (VONDpp até 20% de VCC).

A seguir estão apresentados dois exemplos de emprego de equação para

determinação do capacitor de filtro.

A – Deseja-se montar uma fonte retificadora de meia onda para tensão de saída 12v

corrente de 150mA, com ondulação de 2Vpp.

118

C = T Imáx_ VONDpp

Onde:

C = valor do capacitor de filtro em µ F

T = período aproximado de descarga do capacitor

meia onda T = 16,6 ms p/60Hz

onda completa T = 8,33 ms p/60Hz

Imáx = corrente de carga máxima em mA

VONDpp = tensão pico a pico de ondulação em Volts.

Qual o valor do capacitor de filtro?

Dados – meia onda (T = 16,6ms)

IRL = 150mA

VONDpp = 2V

C = T . Imáx_ C = 16,6 . 150mA C = 1245 µµµµ F VONDpp 2Vpp

B – A mesma fonte em onda completa.

Dados - onda completa T = 8,33ms

IRL = 150mA

VONDpp = 2V

C = T . Imáx_ C = 8,33 . 150 C = 625 µµµµ F VONDpp 2

Além da capacitância do capacitor de filtro deve-se também especificar a sua tensão

de isolação. A tensão de isolação deve ser sempre superior ao maior valor de tensão

que o capacitor irá realmente funcionar. Por exemplo:

Tensão de saída

(sobre o capacitor)

Tensão de isolação a

ser usada

12V

17V

28V

16V

25V

40V

11.5 O Capacitor de filtro ideal

O capacitor de filtro seria aquele que possibilitasse a obtenção de uma tensão de

saída sem componente alternada (ondulação inexistente). Certamente o valor de

capacitância deste capacitor seria elevadíssimo para que sua capacidade de

armazenamento fosse suficiente para manter a tensão de saída absolutamente

constante.

119

Entretanto a utilização prática de um capacitor como filtro implica em um

compromisso entre alguns fatores:

Por esta razão, verifica-se até que ponto é compensador diminuir a tensão de

ondulação de pico a pico de 20% para 5% de CC em relação ao custo e volume do

capacitor.

Na prática, os capacitores utilizados como filtro são normalmente eletrolíticos porque

possui maior capacitância por volume.

Se uma tensão de ondulação da ordem de 10% de VCC é elevada demais para que

uma fonte de alimentação possa ser usada em um determinado equipamento, utiliza-

se circuito eletrônico destinado especialmente a regulação da tensão de saída, sem

que seja necessário aumentar a capacitância do filtro.

A corrente de pico repetitiva é a razão pela qual não se pode aumentar

indefinidamente o capacitor de filtro de uma fonte.

11.6 Tabela de Equações de Circuitos Retificadores

A tabela 4 apresenta as equações para o cálculo dos principais parâmetros das

fontes retificadoras.

Os valores que aparecem na tabela são:

VCC* - tensão CC na saída, desconsiderando a queda nos diodos.

Diminuir o percentual de ondulação obriga ao uso de capacitores de

maior capacitância e, portanto, maior volume e custo mais elevado.

120

VCC - tensão CC na saída com carga máxima e considerando a queda nos diodos.

EM - tensão de pico da CA (VCA . 2 ) aplicada ao (s) diodo (s).

VD - queda típica em um diodo ( 0,3V ou 0,7V).

VONDpp – tensão de ondulação de pico a pico ( desejada ou liga em osciloscópio).

VCCNL – tensão de saída sem carga.

Imáx – corrente de carga máxima em mA.

RL – resistência da carga em Ω.

IRL – corrente de carga.

As tensões de saída fornecidas não levam em consideração a resistência interna

dos transformadores, quando usados. Esta resistência pode causar diferenças da

ordem de 10% para menos nas tensões de saída.

As tensões de pico inversas encontradas através das equações da tabela são os

valores reais aos quais o diodo está sujeito. Ao selecionar o diodo deve-se usar um

com tensão reversa repetitiva máxima maior que o valor encontrado no cálculo.

121

122

A seguir estão apresentados 2 exemplos de utilização da tabela.

EXEMPLO 1

Circuito retificador de onda completa em ponte, sem filtro, tensão de entrada C, 8V,

carga 27Ω. Diodos silício.

Tensão de saída

É necessário considerar a queda nos diodos (VCA < 20V)

VCC = 2 EM – 2VD π EM = VCA . 2 EM = 8 . 1,41 EM = 11,3V VCC = 2_ VCC = _2_ VCC = __2__ . 9,9 π π 3,14

VCC = 0,636 . 9,9

Percentual de ondulação

Valor fixo = 48%

Tensão reversa de trabalho em cada diodo

VRWM = EM

123

11,3 – 2 . 0,7 11,3 – 1,4

VCC = 6,3V

VRWM = 11,3V

Corrente média em cada diodo

IFAV = _____ IFAV = _______ = 6,3V 54Ω

Poderia se utilizar, por exemplo, um diodo com as seguintes características:

VRWM = 25V IFAV = 200mA

EXEMPLO 2

Circuito retificador de onda completa com derivação central, diodos de silício, com

filtro, tensão CA de entrada 35V, carga 230mA, ondulação desejada 5Vpp.

Tensão de saída

Não é necessário considerar a queda nos diodos (VCA > 10V)

VCC = EM - _______

EM = VCA . 2 EM = 35 . 1,41 EM = 49,4V

VONDpp = 5V (fornecido) VCC = 49,4 - ____

Percentual de ondulação

% OND = ___________ . 100 % OND = __________ . 100

% OND = __________ . 100 % OND = 5V . 100 162,2V

124

VCC 2RL

6,3V 2 . 27Ω

IFAV = 117mA

VONDpp

2

5V

2 VCC = 46,9V

VONDpp 12 . VCC

5V 12 . 46,9V

5V

3,46 . 46,9V

% OND = 3,1%

Percentual de regulação

% R = _________ . 100 VCCNL = EM (retificação onda completa)

VCCNL = 49,4V VCC = 46,9V (com carga)

% R = 49,4 – 46,9V . 100 % R = 2,5 . 100 46,9V 46,9V

Cálculo do capacitor de filtro

C = T . _Imáx_ T = 8,33ms = onda completa Imáx = 230mA (fornecido) VONDpp

VONDpp = 5V (valor desejado fornecido)

C = 8,33 . 230 5

Usando os valores comerciais, o capacitor poderia ser de 470µF, 63V.

Tensão reserva de trabalho em cada diodo

VRWM = 2EM VRWM = 2 . 49,4V

Corrente média em cada diodo

IFAV = _____ IFAV = 230mA 2

Poderiam ser utilizados, por exemplo, 2 diodos com as seguintes características:

VRWM = 150V IFAV = 200mA

125

VCCNL – VCC

VCC

% R = 5,3%

C = 383µµµµF

VRWM = 98,8V

IRL

2 IFAV = 115mA

12 DIODO EMISSOR DE LUZ

É um tipo especial de diodo semicondutor que emite luz quando é polarizado

diretamente.

O diodo emissor de luz, identificado comumente como DIODO LED

é representado pelo símbolo apresentado na figura 1.

Fig. 1

Os diodos LED são encontrados com as mais diversas formas e dimensões. A figura

2 apresenta alguns tipos construtivos de diodos LED.

O catodo de um diodo LED pode ser identificado por um “corte” na base do

encapsulamento (fig. 3).

O diodo LED é utilizado principalmente em substituição às lâmpadas incandescentes

de sinalização, devido a uma série de vantagens que apresenta, tais como:

126

Fig. 2

CATODO

VISTA DE BAIXO Fig. 3

12.1 Corrente Direta Nominal (IF)

É um valor de corrente de condução indicado pelo fabricante no qual o diodo LED

apresenta um rendimento luminoso ótimo (normalmente 20mA).

12.2 Tensão Direta Nominal (VF)

Para valores de corrente direta diferente do valor nominal (IF) a tensão direta de

condução sofre pequenas modificações de valor.

12.3 Tensão Inversa Máxima (VR)

Especificação que determina o valor de tensão máxima que o diodo LED suporta no

sentido inverso sem sofrer ruptura.

A tensão inversa máxima dos diodos LED é pequena (da ordem de 5V) uma vez que

estes componentes não têm por finalidade a retificação.

A tabela 2 apresenta as características de alguns diodos LED.

127

- Baixo consumo

- Alta resistência a vibrações

- Nenhum aquecimento

- Grande durabilidade

Especificação que define a queda da

tensão típica do diodo no sentido de

condução. A queda de tensão nominal

(VF) ocorre no componente quando a

corrente direta tem valor nominal (IF)

(fig. 4). Fig.4

TABELA 2

LED COR VF a IF = 20mA IF máx.

LD 30C Vermelho 1,5V 100 mA

LD 37Ι Verde 2,4V 60 mA

LD 35Ι Amarelo 2,4V 60 mA

12.4 Led Bicolor

O led bicolor consiste, na verdade, de dois leds colocados dentro de uma mesma

cápsula.

Estes LEDs tem três terminais (fig. 5 e 6).

Um dos terminais é comum aos dois LEDs. Dependendo da cor que se deseja

acender polariza-se um dos diodos (fig. 7 e 8).

128

Fig. 5 Fig. 6

ACENDE UMA COR ACENDE

OUTRA COR

Fig. 7 Fig. 8

12.5 LED Infra-Vermelho

A luz infra-vermelha é um tipo de luz que não é visível ao olho humano. Este tipo de

luz é usado principalmente em alarmes contra roubos e circuitos do gênero.

Existem diodos LED’s que emitem luz vermelha. Estes LED’s funcionam como os

outros, porém não se pode observar visualmente se estão ligados ou não.

12.6 Teste do Diodo LED

Os diodos LED’s podem ser testados como um diodo comum, usando um multímetro

na escala de resistência.

Em um sentido teste deve indicar baixa resistência e, em outro, alta resistência. (fig.

9 e 10).

Fig. 9

129

Fig. 10

OBSERVAÇÃO:

Em alguns casos, dependendo do multímetro utilizado para o teste, o LED acende

durante o teste com polarização direta.

130

13 DIODO ZENER

O diodo zener é um tipo especial de diodo utilizado como regulador de tensão. A sua

capacidade de regulação de tensão é empregada principalmente nas fontes de

alimentação, visando à obtenção de uma tensão de saída fixa.

13.1 Comportamento do Diodo Zener

O comportamento do diodo zener depende fundamentalmente da forma como é

polarizado.

POLARIZAÇÃO DIRETA: com polarização direta o diodo zener se comporta da

mesma forma que um diodo retificador, entrando em condução e assumindo uma

queda de tensão típica.

A figura 2 mostra um diodo zener polarizado e a figura 3 mostra a curva

característica de condução.

131

O diodo zener é essencialmente um regulador de tensão.

O diodo zener é representado nos diagramas pelo símbolo

mostrado na figura 1.

a) Com polarização direta;

b) Com polarização inversa.

Fig. 1

Fig. 2 Fig. 3

Normalmente o diodo zener não é utilizado com polarização direta nos circuitos

eletrônicos.

POLARIZAÇÃO INVERSA: até um determinado valor de tensão inversa, o diodo

zener se comporta como um diodo comum, ficando em bloqueio.

No bloqueio, circula no diodo zener uma pequena corrente de fuga, conforme mostra

a figura 4.

O sinal negativo de Iz (-Iz) na figura 4 indica que esta corrente circula no sentido

inverso pelo diodo.

Em um determinado valor de tensão inversa, o diodo zener entra em condução,

apesar de polarizado inversamente.

132

Polaridade diretamente, o diodo zener se comporta como um diodo

retificador convencional.

A corrente inversa aumenta

rapidamente e a tensão sobre o

zener se mantém praticamente

constante (fig.5).

Fig. 4

Fig. 5

O valor de tensão inversa que faz com que o diodo zener entre em condução é

denominado de TENSÃO ZENER.

Enquanto houver corrente inversa circulando no diodo zener à tensão sobre seus

terminais se mantém praticamente no valor de tensão zener.

É importante observar que, no sentido reverso, o diodo zener difere do diodo

retificador convencional.

Um diodo retificador nunca chega a conduzir intensamente no sentido reverso, e se

isto acontecer o diodo estará em curto, danificado permanentemente.

O diodo zener é levado propositalmente a conduzir no sentido reverso, visando

conter a tensão zener constante sobre seus terminais, sem que isto danifique o

componente.

13.2 Características do Diodo Zener

As características elétricas importantes do diodo zener são:

a) Tensão Zener;

b) Potência Zener;

c) Coeficiente de Temperatura;

d) Tolerância.

133

Tensão zener (Vz) é a tensão que aplicada inversamente a um

diodo zener provoca a sua condução.

O funcionamento típico do diodo zener é com corrente inversa, o que

estabelece uma tensão fixa sobre seus terminais.

a) Tensão Zener:

A tensão zener (tensão de ruptura) dos diodos zener depende do processo de

fabricação e da resistividade da junção semicondutora. Durante a ruptura o diodo

zener fica com o valor de tensão zener sobre seus terminais.

Os diodos zener são fabricados para valores de tensão zener da ordem de 2V até

algumas dezenas de volts. Este valor é fornecido pelo fabricante nos folhetos

técnicos dos diodos zener.

b) Potência Zener:

O diodo zener funciona na região de ruptura, apresentando um valor determinado de

tensão sobre seus terminais (VZ) e sendo percorrido por uma corrente inversa. (fig.

6).

Nestas condições, verifica-se que o componente dissipa potência em forma de calor.

A potência dissipada é dada pelo produto de tensão e corrente:

134

A tensão zener é a tensão que fica sobre o componente na condição

de funcionamento normal.

P = V . I

POTÊNCIA

PZ = VZ . IZ

POTÊNCIA ZENER

Fig. 6

Os diodos zener são fabricados para determinados valores de potência de

dissipação (o,4W, 1W, 10W).

Estes valores determinam a dissipação máxima que o componente pode suportar.

Cada diodo zener tem um valor de dissipação máxima que é fornecido pelo

fabricante nos folhetos técnicos.

Utilizando os valores de tensão zener e potência zener máxima, fornecidos pelo

fabricante, pode-se determinar a corrente máxima que o zener pode suportar.

Este valor da corrente não pode ser exercido sob pena de danificar o diodo zener

por excesso de aquecimento.

Os diodos zener de pequena potência (até 1W) podem ser encontrados em

encapsulamento de vidro ou plástico enquanto os de maior potência são geralmente

metálicos para facilitar a dissipação de calor (fig. 7 e 8).

A região de funcionamento do zener é determinada por dois valores de corrente,

uma vez que sua tensão inversa é constante.

135

PZ = VZ . IZ PZmáx = VZ . IZmáx IZmáx = ________ PZmáx

VZ

Fig. 7

Fig. 8

Estes valores de corrente são:

- IZ máximo

- IZ mínimo (fig. 9)

O valor de IZ máximo é determinado pela potência zener:

O valor de IZ mínimo é definido como 10% do valor de IZ máximo.

c) Coeficiente de Temperatura:

Os diodos zener são fabricados com materiais semicondutores, que sofrem

influência da temperatura nas suas condições de funcionamento (dependência

térmica).

A influência da variação de temperatura na tensão zener é expressa sob a forma de

relação entre dois valores (tensão e temperatura). Esta relação define em quantos

milivolts a tensão zener se modifica para cada grau centígrado de alteração da

temperatura do componente.

136

IZ máx = _______ PZ

VZ

IZ min = ______ IZ máx

10

A tensão zener se modifica com a variação de

temperatura do componente.

Fig. 9

Devido a uma diferença no princípio de funcionamento interno, os diodos zener são divididos em dois grupos: TENSÃO ZENER COEFICIENTE DE TEMPERATURA SIGNIFICADO

Até 6V

- mV / ºC

A tensão sobre o zener diminui com o aumento da temperatura.

Acima de 6V

+ mV / ºC

A tensão sobre o zener aumenta com o aumento da temperatura.

As curvas características da figura 10 e 11 exemplificam a dependência técnica nos

dois grupos de diodo zener.

OBSERVAÇÃO:

Os valores de tensão zener fornecidos pelo fabricante nos folhetos técnicos são

válidos para a temperatura de 25ºC.

137

COEFICIENTE DE

TEMPERATURA MV / ºC

Fig. 10 Fig. 11

d) Tolerância:

A tolerância do diodo zener especifica a variação que pode existir entre o valor

especificado e o valor real de tensão reversa do diodo zener.

Isto significa que um diodo zener de 12V pode ter uma tensão reversa real, por

exemplo, de 11,5V.

Para especificar a tolerância os fabricantes de diodo zener utilizam uma codificação:

- Tolerância de 5% - a designação do diodo zener vem acompanhada de uma

letra A.

Exemplo: 1N4742 A

Consultando o manual de diodos zener se verifica que o diodo 1N4742 é de 12V,

1W.

A letra A indica que pode existir uma variação de ± 5% no valor de tensão do zener

(de 11,4V a 12,6V).

- Tolerância de 10% - a designação do diodo vem sem letra no final.

Exemplo: 1N4133

Características 5,1V; 1W; 10% de tolerância (de 4,6V a 5,6V).

A tabela a seguir apresenta a especificação de alguns diodos zener.

138

139

14 O DIODO ZENER COMO REGULADOR DE TENSÃO

As características de comportamento do diodo zener na região de ruptura permitem

que o componente seja utilizado em circuitos que possibilitam a obtenção de uma

tensão regulada, a partir de fontes que forneçam tensões variáveis ou mesmo com

cargas de consumo variável (fig. 1).

Para que o diodo zener seja utilizado como regulador de tensão é necessário

introduzir junto com o componente, no circuito regulador, um resistor que limite a

corrente do zener abaixo do seu valor máximo (IZ máximo).

A figura 2 apresenta a configuração característica de um circuito regulador de tensão

com o diodo zener.

140

Fig. 1

Fig. 2

Conversão Filtro Regulação com

zener

Carga variável

CC pulsante CC filtrada CC regulada

ENTRADA TENSÃO

NÃO REGULADA

RS – RESITOR LIMITADOR

SAÍDA TENSÃO

REGULADA CARGA

A tensão sobre a carga é a mesma do diodo zener porque carga e zener estão em

paralelo.

14.1 Funcionamento do Circuito Regulador

O circuito regulador com diodo zener deve receber na entrada uma tensão no

mínimo 40% maior que o valor desejado na saída para que seja possível efetuar a

regulação. Assim, se a tensão de saída desejada é de 6V, o circuito regulador deve

utilizar um diodo zener com VZ = 6V e tensão de entrada de pelo menos 8,5 (fig. 3).

14.2 Condição Normal

A aplicação de tensão de entrada superior a tensão de ruptura do diodo zener,

coloca o componente na região de ruptura.

Desta forma a tensão sobre o zener assume o valor característico VZ (fig. 4).

141

Fig. 3

Fig. 4

Como o diodo zener e a carga estão em paralelo, assumem a mesma tensão (fig. 5).

Nesta condição circula corrente através da carga e do diodo zener (fig. 6).

Através do resistor limitador circula a soma das correntes do zener e da carga (fig.

7).

Estas correntes provocam uma queda de tensão sobre o resistor, cujo valor é

exatamente a diferença entre a tensão da entrada e a tensão do zener (fig. 8).

142

VRL =VZ

Fig. 5

Fig. 6

Fig. 7

Esta é a condição normal de funcionamento do circuito (fig. 9).

14.3 Condições de Regulação

A partir da condição normal de funcionamento são possíveis três situações distintas:

- Regulação de tensão quando a tensão de entrada está sujeita a variações.

- Regulação de tensão quando o consumo de corrente de carga pode ser

variável.

- Regulação de tensão quando a tensão de entrada e a corrente de carga

variam.

14.4 Regulação de Tensão com Tensão de Entrada Variável

Esta situação é muito comum em circuitos eletrônicos alimentados pela rede elétrica

CA.

143

VRS = VENT – VZ

Fig. 8

Fig. 9

A tensão fornecida pelas fontes retificadoras alimentadas pela rede elétrica CA varia

proporcionalmente em relação à tensão de entrada (fig. 10).

Para conseguir que a tensão CC aos circuitos eletrônicos alimentados pela rede CA

seja constante, são utilizados circuitos reguladores com diodo zener.

A seguir está descrita a forma como circuito regulador atua quando ocorre variação

na tensão de entrada, tomando como referência um circuito na condição normal de

funcionamento (fig. 11).

14.5 Aumento na Tensão de Entrada

Quando ocorre um aumento na tensão de entrada, este aumento tende a se

transferir para a carga.

144

Fig. 10

Fig. 11

Entretanto, o zener em paralelo com a carga mantém a tensão na carga constante; a

do zener diminui, permitindo a circulação de um valor de corrente zener maior: (fig.

12 e 13).

Resumindo:

Com o aumento na tensão de entrada:

a) A tensão e corrente na carga permanecem praticamente constantes;

b) A corrente do zener aumenta.

A soma das correntes do zener e carga (IZ + IRL) circula no resistor limitador.

Com o aumento na corrente do zener aumenta também a corrente no resistor

limitador (IL + IZ = IRS).

Com acréscimo da corrente no resistor limitador a sua queda de tensão aumenta

compensando o aumento na tensão de entrada (fig. 14 e 15).

145

VZ = RZ . IZ

Fig. 12 Fig. 13

Na prática, observa-se um pequeno aumento na tensão zener (por exemplo, de 6V

para 6,1V).

A figura 16 ilustra o comportamento do circuito regulador com o aumento da tensão

de entrada.

14.6 Redução na Tensão de Entrada

Quando há uma redução na tensão de entrada o zener se comporta de forma

inversa. Embora a tensão de entrada diminua, o zener em paralelo com a carga

mantém a tensão de saída constante.

Para que a tensão no zener (e na carga) permaneça constante a resistência interna

do zener aumenta, de forma que a corrente zener diminui (VZ = Rz . IZ) (fig. 17 e

18).

146

Fig. 14 Fig. 15

Fig. 16

Com a diminuição de IZ a corrente que circula no resistor limitador (IZ + IRL) se reduz.

Isto provoca a redução na queda de tensão no resistor limitador, compensando a

redução na tensão de entrada (fig. 19 e 20).

Verifica-se que a tensão sobre a carga permanece praticamente constante (6V e

5,9V) mesmo que a tensão de entrada diminua significativamente (8,5V para 7,5V).

A figura 21 ilustra o comportamento do circuito regulador com a redução na tensão

de entrada.

147

Fig. 17 Fig. 18

Fig. 19 Fig. 20

VENT diminui

VRS diminui

Permanece praticamente constante

Fig. 21

14.7 Conclusão

Analisando as duas situações de regulação, conclui-se que as diferenças de tensão

de entrada ficam sobre o resistor limitador, permitindo a carga receber uma tensão

praticamente constante (fig. 22).

14.8 Regulação de Tensão com Corrente de Carga Variável

As variações de tensão de alimentação em função da corrente de carga ocorrem,

principalmente, devido às características dos filtros utilizados nas fontes

retificadoras.

A variação na tensão de ondulação na saída das fontes provoca alterações na

tensão fornecida em função da corrente consumida pela carga.

O diodo zener pode ser utilizado, formando um circuito regulador, que possibilita o

fornecimento de tensão constante, independentemente do consumo de corrente pela

carga.

A seguir é analisada a forma como o diodo zener se comporta frente às variações da

corrente de carga, tomando como base um circuito na condição normal, com valor

de carga média (fig. 23).

148

Fig. 22

Considerando-se que a tensão de entrada seja constante, pode-se afirmar que a

tensão sobre o resistor limitador é constante (fig. 24).

Isto implica em que a corrente, que circula através do resistor limitador, tenha um

valor constante independente das variações de carga.

Resumindo, pode-se dizer:

Como IRS é dado pela soma IZ + IRL pode-se escrever:

149

Vi = constante VRS = constante IRS = constante

Tensão de entrada

constante IZ + IRL = constante

(carga média)

Fig. 23

VRS constante enquanto

VI for constante

Fig. 24

A partir desta conclusão pode-se analisar o comportamento do circuito quando a

corrente de carga varia.

14.9 Aumento na Corrente de Carga

Quando a corrente de carga aumenta, a corrente no diodo zener diminui, porque a

soma de IZ + IRL é sempre constante.

IZ + IRL = constante IRL + IZ = constante

As figuras 25 e 26 ilustram o que foi descrito.

14.10 Diminuição da Corrente de Carga

Quando a corrente de carga diminui, a corrente no zener aumenta, fazendo com que

a corrente no limitador permaneça constante.

IZ + IRL = constante IRL + IZ = constante

150

IRL = aumentou 20mA

IZ = diminuiu 20mA

IRS = permanecem constante

CONDIÇÃO MODIFICADA

Fig. 25 Fig. 26

As figuras 27 e 28 ilustram o comportamento do circuito com redução IRL.

Observando as duas situações de variação da corrente de carga se observa que o

zener absorve estas variações, de forma que a tensão sobre a carga permaneça

constante (fig. 29).

14.11 Regulação de Tensão com Corrente de Carga e Tensão de Entrada

Variável

Na maioria dos casos os circuitos reguladores estão sujeitos a variações

simultâneas de tensão de entrada e corrente de carga.

151

IRL = diminuiu 20mA

IZ = aumentou 20mA

IRS = permanecem constante

Fig. 27 Fig. 28

Fig. 29

Nestas condições o comportamento do circuito pode ser resumido em duas

situações:

- As variações de tensão de entrada aparecem sobre o resistor limitador;

- As variações de corrente de carga se traduzem em variações na corrente do

zener (fig. 30).

14.12 Fonte de Alimentação com Tensão de Saída regular a Diodo Zener

Uma fonte de alimentação com tensão de saída regular a diodo zener se compõe

basicamente dos três blocos apresentados na figura 31.

- A retificação transforma a CA em CC pulsante, podendo ser meia onda ou

onda completa.

- A filtragem aproxima a forma de tensão de saída à CC.

152

VARIAÇÕES DE TENSÃO

VARIAÇÕES DE CORRENTE DE CARGA

Fig. 30

Tensão CC regulada

CA

Retificação Filtro

Regulação com zener

Fig. 31

- A regulação recebe a tensão filtrada, que contém uma ondulação e que varia

em função da carga e da CA de entrada, entregando na saída uma tensão

constante (fig. 32).

A figura 33 mostra o chapeado de uma placa de circuito impresso para uma fonte de

CC com tensão de saída regulada a zener, identificando os blocos do circuito.

OBSERVAÇÃO

Não aparecem no circuito a chave liga-desliga, o fusível, a chave seletora

110V/220V e o transformador porque estão fora da placa de circuito impresso.

153

Fig. 32

RETIFICAÇÃO FILTRAGEM

ESTABILIZAÇÃO

Fig. 33

15 TRANSISTOR BIPOLAR ESTRUTURA BÁSICA

O transistor bipolar é um componente eletrônico constituído por materiais

semicondutores, capaz de atuar como controlador da corrente, o que possibilita o

seu uso como amplificador de sinais ou como “interruptor eletrônico”.

Em qualquer uma das duas funções o transistor encontra ampla aplicação:

- Amplificador de sinais = equipamentos de som e imagem e controles

industriais.

- Interruptor eletrônico = controles industriais, calculadoras e computadores

eletrônicos.

O transistor bipolar proporcionou um grande desenvolvimento à eletrônica, devido a

sua versatilidade de aplicação, constituindo-se em elemento chave de grande parte

dos equipamentos eletrônicos.

15.1 Estrutura Básica

A estrutura básica do transistor se compõe de duas pastilhas de material

semicondutor, de mesmo tipo, entre as quais é colocada uma terceira pastilha,

bastante mais fina, de material semicondutor com tipo diferente de dopagem,

formando uma configuração semelhante a um “sanduíche” (fig.1).

154

Material com dopagem diferente

MESMA DOPAGEM

Fig. 1

15.2 Tipos de Transistores

A configuração da estrutura, em forma de sanduíche, permite que se obtenha dois

tipos distintos de transistores:

Este tipo de transistor é denominado de TRANSISTOR BIPOLAR NPN.

Os dois tipos de transistores podem cumprir as mesmas funções diferindo apenas na

forma como as fontes de alimentação são ligadas ao circuito eletrônico.

15.3 Terminais do Transistor

155

- Um com pastilhas externas de

material N e pastilha central de

material P (fig. 2).

- Outro com pastilha externas

de material P e pastilha

central de material N,

denominado de TRANSISTOR

BIPOLAR PNP (fig. 3).

Existem dois tipos de transistores bipolares: NPN e PNP

Cada uma das pastilhas formadoras do

transistor é conectada a um terminal que

permite a interligação da estrutura do

componente aos circuitos eletrônicos

(fig. 4).

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

Os terminais recebem uma designação que permite distinguir cada uma das

pastilhas:

- A pastilha central é denominada de BASE, representada pela letra B.

- Uma das pastilhas externas é denominada de COLETOR, representada pela

letra C.

- A outra pastilha externa é denominada de EMISSOR, representada pela letra

E.

A figura 5 apresenta os dois tipos de transistores, com a identificação dos terminais.

Embora as pastilhas do coletor e do emissor sejam do mesmo tipo de material

semicondutor, não é possível trocaras ligações de um terminal com o outro nos

circuitos eletrônicos porque existe diferença de volume de material semicondutor e

de intensidade de dopagem entre as pastilhas.

15.4 Simbologia

A figura 6 apresenta o símbolo dos transistores NPN e PNP, indicando a designação

dos terminais.

156

O transistor possui três terminais: coletor, base e emissor.

Fig. 5

A diferença entre os símbolos dos dois transistores é apenas o sentido da seta no

terminal “emissor”.

Alguns transistores, fabricados para aplicações específicas, são dotados de

blindagem.

Esta blindagem consiste em um invólucro metálico ao redor das pastilhas

semicondutoras, que tem por finalidade evitar que o funcionamento do transistor seja

afetado por campos elétricos ou magnéticos do ambiente.

15.5 Aspecto Real dos Transistores

Os transistores podem se apresentar nos mais diversos formatos

(encapsulamentos).

Os seus formatos geralmente variam em função:

157

Estes transistores apresentam um quarto

terminal, ligado à blindagem para que esta

possa ser ligada à terra do circuito eletrônico.

O símbolo destes transistores mostra a

existência do quarto terminal (fig. 7).

Fig. 7

Fig. 6

- Do fabricante;

- Da função da montagem;

- Do tipo de montagem;

- Da capacidade de dissipar calor.

A figura 8 apresenta alguns tipos construtivos de transistores.

Por esta razão, a identificação dos terminais do transistor deve sempre ser feita com

o auxílio de um manual de transistores ou folheto técnico específico do fabricante do

transistor.

158

(1)

(5) Fig. 8

16 AS TENSÕES NOS TERMINAIS DO TRANSISTOR

O estudo do princípio de funcionamento do transistor consiste em uma análise do

movimento dos elétrons livres e lacunas no interior do componente, provocado pela

aplicação de tensões externas ap coletor, à base e ao emissor.

Para que os portadores se movimentem no interior da estrutura do transistor é

necessário aplicar tensões aos seus terminais.

O movimento dos elétrons livres e lacunas está intimamente ligado a polaridade da

tensão aplicada a cada um dos terminais do transistor.

Por esta razão a polaridade da tensão de funcionamento dos terminais do transistor

NPN é diferente da polaridade dos transistores PNP.

16.1 As Junções do Transistor e a Polaridade das Tensões nos Terminais

A estrutura física do transistor propicia a formação de duas junções entre cristais P e

N:

159

- Uma junção PN, entre o cristal da

base e o cristal do emissor, chamado

de junção base-emissor (fig. 1).

- Uma junção PN, entre o cristal da

base e o cristal do coletor, chamado

de junção base-coletor (fig. 2).

Fig. 1

Fig. 2

Ao unirem-se as três pastilhas semicondutoras de um transistor ocorre um processo

de difusão dos portadores.

Como em um diodo, este processo de difusão da origem a uma barreira de potencial

em cada junção.

No transistor, portanto existem duas barreiras de potencial que se formam com a

junção dos cristais:

- A barreira de potencial na junção base-emissor;

- A barreira de potencial na junção base-coletor.

As figuras 3 e 4 mostram as barreiras de potencial nos dois tipos de transistor.

a) A JUNÇÃO BASE-EMISSOR:

Na condição normal de funcionamento, denominada de função na região ativa, a

junção base-emissor é polarizada diretamente.

160

TRANSISTOR NA REGIÃO ATIVA:

JUNÇÃO BASE-EMISSOR POLARIZADA DIRETAMENTE

Fig. 3 Fig. 4

A condução da junção base-emissor é provocada pela aplicação de tensão externa

entre base e emissor, com polaridade correta (tensão positiva no material P e

negativa no material N).

As figuras 5 e 6 mostram a polaridade das tensões de base e de emissor em cada

topo de transistor.

b) A JUNÇÃO BASE-COLETOR:

Na região de funcionamento ativo, a junção base-coletor é polarizada inversamente.

O bloqueio da junção base-coletor é provocado pela aplicação de tensão externa

entre base e coletor, com polaridade adequada (tensão positiva no material N e

negativa no material P).

161

TRANSISTOR NA REGIÃO ATIVA:

JUNÇÃO BASE-COLETOR POLARIZADA INVERSAMENTE.

Fig. 5

Fig. 6

As figuras 7 e 8 mostram a polaridade das tensões de coletor em relação à base em

cada tipo de transistor.

16.2 Polarização Simultânea das duas Junções

Para que o transistor funcione corretamente as duas junções devem ser polarizadas

ao mesmo tempo.

Isto pode ser feito aplicando duas tensões externas entre os terminais do transistor

(fig. 9 e 10).

162

Fig. 7

Fig. 8

Fig. 9

NPN

OBSERVAÇÃO: As baterias representam as tensões de polarização.

Pode-se ainda obter a polarização correta das junções utilizando outra configuração

de ligação das baterias.

A figura 11 mostra a forma alternativa de polarização, tomando o transistor NPN

como exemplo.

Analisando a figura observa-se:

- A bateria B1 polariza junção base-emissor do transistor diretamente.

- A bateria B2 aplica uma tensão positiva ao coletor maior que a tensão positiva

da base.

Se o coletor é mais positivo que a base então a base é mais negativa de forma que

a junção base-coletor fica polarizada inversamente (fig. 12).

163

PNP

Fig. 10

Fig.11

A alimentação simultânea das duas junções, através das baterias externas, dá

origem a três tensões entre os terminais do transistor.

164

O coletor é mais positivo que

a base, logo

A base é negativa em

relação ao coletor.

TRANSISTOR – REGIÃO ATIVA

- A junção base-emissor deve ser polarizada diretamente;

- A junção base-coletor deve ser polarizada inversamente.

- Tensão de base a emissor

denominada de VBE (fig.13).

- Tensão de coletor a base,

denominada de VCB (fig. 14).

Fig. 12

Fig. 13

Fig. 14

Dispondo as três tensões em uma mesma figura se observa que as tensões VBE +

VCB somadas são iguais a VCE (fig. 16).

Para o transistor NPN a regra também é válida, invertendo-se apenas a polaridade

das baterias de polaridade das baterias de polarização (fig. 17).

165

- Tensão de coletor a emissor

denominada de VCE (fig.15).

VCE = VBE + VCB

VCE = VBE + VCB

Fig. 15

Fig. 16

Fig. 17

17 PINCÍPIO DE FUNCINAMENTO DO TRANSISTOR BIPOLAR

A aplicação de tensões externas ao transistor provoca o movimento dos elétrons

livres e lacunas no interior da estrutura cristalina.

O movimento dos portadores livres dá origem a três correntes que circulam os três

terminais do transistor (fig. 18).

A corrente do terminal EMISSOR é denominada de corrente de emissor

representada pela notação IE, a do terminal BASE de corrente de base (IB) e a do

terminal COLETOR de corrente (IC). Por convenção se estabeleceu que toda a

corrente que entra no transistor é positiva e a corrente que sai é negativa.

As figuras 19 e 20 mostram os dois tipos de transistor com as suas correntes.

166

Fig. 18

Fig. 19 Fig. 20

O princípio de funcionamento, que explica a origem das correntes no transistor é o

mesmo para os transistores NPN e PNP.

Por esta razão usa-se estudar o princípio de funcionamento apenas de um tipo. O

comportamento do tipo não analisado é semelhante, diferindo apenas na polaridade

das baterias e no sentido das correntes.

17.1 A Corrente de Base

A corrente de base é provocada pela tensão aplicada entre a base e o emissor do

transistor (VBE).

Tomando-se como exemplo o transistor PNP, para analisar o efeito causado pela

tensão VBE têm-se:

- O potencial positivo aplicado ao emissor repele as lacunas do material P em

direção à base (fig. 21).

- Se a tensão VBE tiver um valor adequado (0,6V para o silício e 0,3V para

germânio) as lacunas adquirem velocidade suficiente para atravessar a

barreira de potencial formada na junção base-emissor, recombinando-se com

os elétrons livres da base.

167

Fig. 21

Esta recombinação dá origem a corrente de base (fig. 22).

Devido à pequena espessura da base e também do seu pequeno grau de dopagem

e recombinação acontece em pequena escala (poucos portadores que provém do

emissor podem se recombinar). Isto faz com que a corrente de base seja pequena,

com valores que situam na faixa de microampéres ou miliampéres.

Como o emissor é fortemente dopado, um grande número de lacunas se desloca em

direção à base, repelidos pela tensão positiva do emissor e atraídos pela tensão

negativa da base.

A base, entretanto, não tem elétrons livres suficientes para recombinar com a maior

parte destas lacunas que provém do emissor.

Assim, um grande número de lacunas atinge a base em grande velocidade e não se

recombina, por falta de elétrons livres disponíveis (fig. 23).

168

Pequeno valor IB

Fig. 22

17.2 A Corrente de Coletor

As lacunas provenientes do emissor que não se recombinam se caracterizam por

serem portadores minoritários na base do transistor que é de material N (lacunas

presentes em um material N são portadores minoritários).

A barreira de potencial da junção coletor-base favorece o deslocamento das lacunas

da base para o coletor, onde existe um alto potencial negativo.

As lacunas que atingem o coletor, passando através da junção base-coletor dão

origem à corrente de coletor (fig. 24).

169

A corrente de base é provocada pela aplicação de um potencial

VBE ao transistor. Esta corrente é muito pequena porque se deve à

recombinação de portadores na base.

Fig. 23

A corrente de coletor tem valores muita maiores que a corrente de base porque a

grande maioria das lacunas, que partem do emissor, não se recombinam sendo

absorvidos pelo coletor.

Em geral, do total de lacunas que entra no emissor de um transistor PNP apenas 5%

(ou menos) correspondem a corrente da base. Os restantes 95% (ou mais)

correspondem a corrente de coletor (fig. 25).

170

IC » IB

IC é muito maior que IB

Fig. 24

GRANDE IC

(Devido ao Grande Número de lacunas não Recombinados na base.)

PEQUENA IB

(Pequena Recombinação na Base.)

17.3 A Corrente de Emissor

Analisando-se um transistor PNP e suas correntes se verifica que:

- A corrente de emissor entra no transistor;

- As correntes de base e coletor saem do transistor (fig. 26).

A corrente de base é formada por portadores que vem do emissor e recombinam na

base.

A corrente de coletor é formada por portadores que vem do emissor e não se

recombinam, dirigindo-se ao coletor.

171

Fig. 25

Fig. 26

Conclui-se, portanto, que tanto a corrente de base como a corrente de coletor

provém do emissor, da forma que se pode afirmar IC + IB = IE (fig. 27).

17.4 O Controle da Corrente de Base sobre a Corrente de Coletor

A principal característica do transistor reside no fato de que a corrente de base

(pequena corrente) exerce um controle eficiente sobre a corrente de coletor (IC).

Este controle se deve ao fato de que a corrente de base influi na largura de barreira

de potencial da junção base-emissor.

Quando a tensão VBE aumenta, a barreira de potencial na junção base-emissor

torna-se mais estreita (fig. 28)

172

A CORRENTE DE BASE CONTROLA

A CORRENTE DE COLETOR

Fig. 27

O estreitamento da barreira de potencial entre a base e o emissor permite que um

maior número de portadores do emissor atinjam a base.

Esta maior quantidade de portadores é absorvida pelo coletor, uma vez que a base

não tem capacidade para recombiná-los. Verifica-se, então um aumento na corrente

de coletor.

CONCLUSÃO

ΙB aumenta ΙC aumenta

Por analogia pode-se afirmar:

ΙB diminui ΙC diminui

Isto significa que a corrente de base de um transistor atua como corrente de controle

e a corrente de coletor como corrente controlada.

173

ΙB controla ΙC

Fig. 28

17.5 Ganho de Corrente do Transistor

Através de um transistor é possível utilizar uma pequena corrente (ΙB) para controlar

a circulação de uma corrente de valor muito maior (ΙC) que a outra:

A corrente controlada (ΙC) e a corrente de controle (ΙB) podem ser relacionadas entre

si para determinar quantas vezes uma é maior que a outra:

O resultado desta relação é denominado tecnicamente de ganho de corrente

contínua entre base e coletor, representado pela letra grega β (BETA) em corrente

contínua ou hFE.

Conhecendo-se o ganho de corrente entre base e coletor do transistor (βDC) é

possível determinar a corrente de coletor.

174

Uma pequena

corrente ΙB

Uma corrente

ΙC muito maior CONTROLADA

HFE ou βDC = ___

ΙC

ΙB

Ganho de corrente contínua

entre base e coletor.

___

Resulta em um número que indica quantas

vezes a corrente de coletor é maior que a

corrente de base.

ΙC

ΙB

βDC = ___ ΙC

ΙB

ΙC = βDC . ΙB

É importante salientar que o fato do transistor permitir um ganho de corrente entre

base e coletor não significa que sejam geradas ou criadas correntes no seu interior.

Todas as correntes que circulam em um transistor são provenientes da fonte de

alimentação, cabendo ao transistor apenas controlar a quantidade de corrente

fornecida por estas fontes.

175

Os transistores não geram correntes, atuando apenas como

controladores das quantidades de correntes fornecidas

pelas fontes de alimentação.

18 O CIRCUITO DE COLETOR

Na grande maioria dos circuitos transistorizados o coletor do transistor é conectado a

fonte de alimentação através de um resistor, denominado de “resistor de coletor”,

geralmente abreviado por RC (fig. 1).

Fig. 1

O resistor de coletor completo o CIRCUITO ou MALHA DE COLETOR, que é o

composto pelo grupo de componentes onde circula a corrente de coletor (fig. 2).

176

MALHA DE

COLETOR Fig. 2

Observando a figura 2 se verifica que a malha de coletor se compõe do resistor de

coletor RC em série com o transistor (coletor-emissor), aos quais está aplicada a

tensão VCC.

Sendo um circuito série, a malha de coletor obedece a segunda Lei Kirchhoff que

estabelece que a soma das quedas de tensão em um circuito é igual à tensão

aplicada aos seus extremos.

Na malha de coletor, a tensão VCC fornecida pela bateria se distribui em duas

parcelas:

- Uma parcela sobre o resistor de coletor, denominada de queda de tensão no

resistor de coletor, VRC.

- Uma parcela entre coletor e emissor do transistor (VCE), conforme a figura 3.

Conforme estabelece a Lei Kirchhoff, a soma das quedas de tensão nos

componentes da malha de coletor é igual à tensão aplicada à malha. A partir disto,

pode-se determinar a equação da malha de coletor:

177

VCC = VCE + VRC EQUAÇÃO DA

MALHA DE COLETOR

Fig. 3

Analisando particularmente cada um dos membros da equação da malha de coletor

têm-se:

VCC – é a tensão fornecida pela bateria ao circuito. Desconsiderando-se a influência

da resistência interna pode-se admitir que VCC tem um valor constante, independente

da corrente que o circuito solicitar.

VRC – é a queda de tensão no resistor de coletor. O valor desta queda de tensão,

segundo a Lei de Ohm, depende de dois fatores: do valor do resistor (RC) e da

corrente que está circulando (ΙC).

Esta expressão matemática nada mais é do que a Lei de Ohm aplicada ao resistor

de coletor.

V = R . ΙΙΙΙ

VRC = RC . ΙΙΙΙC

A queda de tensão no resistor de coletor (VRC) tem como principal característica o

fato de ser proporcional a corrente de coletor do transistor.

Se a corrente de coletor se torna maior (ΙC+) a queda de tensão sobre o resistor de

coletor aumenta (RC . ΙC+ = VRC+).

178

VRC = RC . ΙΙΙΙC

EQUAÇÃO DA QUEDA DE TENSÃO

NO RESISTOR DE COLETOR

A queda de tensão no resistor de coletor

(VRC) é proporcional a corrente de coletor (ΙC).

VCE – A tensão coletor emissor é o último membro da equação da malha de coletor.

O valor de VCE é o resultante da equação. VCE depende da tensão de alimentação e

da queda de tensão em RC:

VCC = VCE + VRC operando têm-se

Através de um exemplo pode-se ilustrar o emprego das equações da malha de

coletor.

Um transistor com resistor de coletor de 680Ω tem uma corrente de coletor de 6mA.

A bateria fornece uma tensão de 12V a malha de coletor. Qual é a queda de tensão

no resistor de coletor e a tensão coletor emissor do transistor.

Fig. 4

VRC = RC . ΙC VRC = 68Ω . 0,006A

179

VCE = VCC - VRC TENSÃO COLETOR-EMISSOR

DO TRANSISTOR

A figura 4 mostra o esquema da

malha de coletor citada.

Queda de tensão

no resistor de coletor

VRC = 4,1V

VCE = VCC - VRC VCE = 12V – 4,1V

Fig. 5

18.1 Relação Entre os Parâmetros ΙΙΙΙC, VCE e ΙΙΙΙB

Ao considerar que a queda de tensão VRC depende de ΙC, se afirma que VRC

depende também de ΙB. Desenvolvendo a equação da queda de tensão no resistor

de coletor têm-se.

VRC = RC . ΙC como ΙC = Ι B . β

VRC = RC . (ΙB . β)

ΙC

Nesta equação os valores de RC e β são constantes, logo se pode dizer que o valor

da queda de tensão no resistor de coletor depende diretamente da corrente de base.

Tomando-se um circuito a transistor com duas correntes de base diferentes se pode

verificar a relação entre os valores de Ιβ, ΙC, ΙRC e VCE.

180

Tensão de coletor emissor

do transistor VCE = 7,9V

A figura 5 apresenta novamente a

malha de coletor com os valores de

tensão em cada elemento.

A figura 6 apresenta o circuito usado como exemplo.

Adimitindo-se como primeiro valor de corrente da base 40µA os valores do circuito

são:

ΙC = ΙB . β ΙC = 40µA . 100

VRC = ΙC . RC VRC = 0,004A . 820Ω

VCE = VCC - VRC VCE = 10V – 3,3V

A figura 7 mostra o circuito com os valores obtidos com 40µA na base do transistor.

181

OBSERVAÇÃO O resistor RB na base do transistor serve para limitar a corrente de base do

transistor.

ΙC = 4mA

VRC = 3,3V

VCE = 6,7V

Fig. 6

Fig. 7

10 VCC

3,3 V

6,7 V

4 mA

40µµµµA

VDE

Adimitindo-se um segundo valor de corrente de base - 70µA os valores do circuito

são:

ΙC = ΙB . β ΙC = 70µA . 100

VRC = ΙC . RC VRC = 0,007A . 820Ω

VCE = VCC - VRC VCE = 10V – 5,8V

Colocando os dados do circuito nas duas situações em uma tabela se observam o

comportamento dos valores ΙC, VRC e VCE quando a corrente de base é modificada.

Corrente de

base ΙBC

Corrente de coletor

ΙC

Queda de tensão no

resistor de coletor VRC

Tensão coletor emissor do

transistor

40µA

4mA

3,3V

6,7V

70µA

7mA

5,8V

4,2V

Pela tabela se verifica que:

182

ΙC = 7mA

VRC = 5,8V

VCE = 4,2V

A figura 8 mostra o circuito com os

valores obtidos com 70µA na base do

transistor.

Se ΙB aumenta - ΙC aumenta

Se ΙC aumenta - VRC aumenta

Se VRC aumenta - VCE diminui

Fig. 8

Relacionando apenas os dados relativos ao transistor pode se resumir o

comportamento do circuito assim:

Considerando-se que a corrente de base ΙB depende da tensão VBE pode-se incluir

mais este parâmetro no comportamento do transistor:

logo

18.2 Relação Entre os Parâmetros do Transistor

183

ΙB ΙC

VCE

ΙB ΙC

VCE

VBE ΙB

VBE ΙB

VBE ΙB

ΙC VCE

VRC

VBE ΙB

ΙC VCE

VRC

19 DISSIPAÇÃO DE POTÊNCIA NO TRANSISTOR

Todo o componente sujeito a uma diferença de potencial e percorrido por uma

corrente elétrica dissipa uma determinada potência (P = V. Ι).

Pode-se citar, por exemplo, uma lâmpada que ao receber tensão sobre seus

terminais é percorrido por uma corrente, dissipando energia em forma de luz e calor.

No transistor também existe uma dissipação de potência. A circulação de corrente

elétrica através das junções do transistor, provocada pela aplicação de tensões aos

seus terminais, dá origem a uma dissipação de potência no interior do componente.

Esta dissipação se dá em forma de energia térmica, ou seja, produção de calor,

resultando em um aquecimento do transistor.

19.1 A Dissipação nas Junções

A dissipação de potência, em forma de calor, ocorre nas duas junções do transistor.

Estas potências dissipadas são denominadas de potência de coletor (PC) e Potência

de base (PB).

A potência total dissipada no transistor é, portanto:

Potência total = PC + PB

Entretanto, analisando as tensões e correntes presentes nas duas junções verifica-

se que a tensão e corrente presente na junção base emissora (VBE e ΙB) são muito

pequenas, comparadas com a tensão e corrente presente na junção coletor base

(VCB e ΙC) (fig.1).

184

Por esta razão, a potência dissipada na junção base-emissor é muito pequena

comparada com a potência dissipada na junção base-coletor.

Potência Total = PC + PB

Assim, a potência dissipada na base do transistor é desprezada e se considera que a potência total dissipada no transistor é a própria potência dissipada no coletor: Ptotal = PC

A potência de coletor depende da tensão de coletor à base (VCB) e da corrente de

coletor (ΙC):

PC = VCB. ΙC

Por questões de facilidade prática e objetivando a resolução de circuitos

transistorizados através de curvas características, esta equação é substituída por

outra aproximada, cujo erro é desprezível.

185

Muito pequena comparada com PC

PC = VCE . ΙC POTÊNCIA TOTAL DISSIPADA

NO TRANSISTOR

FIG. 1

19.2 Dissipação Máxima no Transistor

O calor produzido pela dissipação de potência (PC = VCE . ΙC) provoca a elevação da

temperatura dos cristais semicondutores que compõe o transistor, podendo leva-lo a

destruição.

OBSERVAÇÃO:

Os cristais dos transistores de germânio não devem ultrapassar a temperatura de

90ºC e dos transistores de silício não devem ultrapassar 120ºC.

Para que o transistor não seja destruído pelo aquecimento excessivo do cristal a

potência dissipada é limitada a um valor que permite o funcionamento do

componente.

Este valor, denominado de Potência de dissipação máxima (PC max) é fornecido

pelo fabricante do transistor nos manuais e folhetos técnicos.

19.3 Fatores Que Influenciam na Dissipação Máxima

O limite de dissipação da potência é estabelecida em função de dois fatores:

a) Resistência térmica do encapsulamento

b) Temperatura externa ao transistor

a) Resistência Térmica: A resistência térmica consiste na oposição apresentada

por um material ao fluxo do calor.

186

Potência de dissipação máxima é o limite de dissipação que um

transistor pode suportar sem sofre danos por sobreaquecimento.

Em termos de transistor, a resistência térmica do encapsulamento, representada

pela notação Rthj-a, diz respeito à oposição imposta pelo encapsulamento a

transmissão do calor gerado internamente para o meio ambiente (fig. 2).

Os transistores fabricados para capacidades de dissipação mais elevada

(denominados de transistores de potência) são normalmente encapsulados em

invólucros metálicos (fig. 3).

Os encapsulamentos metálicos se caracterizam por apresentar uma baixa

resistência térmica, transmitindo com mais eficiência o calor para o meio ambiente.

Os transistores de baixa dissipação (denominados transistores de sinal)

encapsulados em invólucros plásticos (fig. 4).

187

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

Os encapsulamentos plásticos são utilizados nestes transistores porque a

quantidade de calor gerada na estrutura é pequena.

b) Temperatura Externa ao Transistor: Além da resistência térmica, a transmissão

de calor entre dois pontos depende também da diferença de temperatura entre estes

pontos.

Para que haja transmissão um ponto deve estar a temperatura mais alta que o outro

(fig. 5).

Transmissão de calor de P1 para P2 devido à diferença de temperatura

A quantidade de calor transmitida é maior quando a diferença de temperatura é

grande entre os dois pontos, e menor quando a diferença é pequena. Isto explica,

por exemplo, porque uma xícara de café esfria mais rapidamente no inverno que no

verão.

A partir desta dependência entre a quantidade de calor transmitido e a diferença de

temperatura se conclui que:

188

A quantidade de calor transmitida da junção do transistor para o

ambiente depende da diferença de temperatura entre a junção e o

ambiente.

Mesma temperatura – sem transmissão de calor

Fig. 5

Quanto mais baixa a temperatura do ambiente, melhor a transmissão de calor do

interior do transistor para fora, menor o seu aquecimento.

Assim, dois transistores trabalhando com as mesmas tensões e correntes (mesma

potência dissipada PC) irão sofrer aquecimentos diferentes se estiverem

funcionando em temperaturas diferentes.

O transistor que estiver funcionando em um ambiente mais quente sofrerá maior

aquecimento porque a quantidade de calor transmitida para fora é menor.

Por exemplo:

TRANSISTOR BC547 POTÊNCIA DE DISSIPAÇÃO MÁXIMA 500mw à 25ºC menos

19.4 Redução da Potência Dissipada em Função do Aumento de Temperatura

Ambiente

Em muitas ocasiões se faz necessário utilizar transistores em circuitos que irão

funcionar em temperaturas superiores a 25ºC.

189

Devido à influência da temperatura na transmissão de calor a

especificação de potência máxima de dissipação do transistor é

dada em função da temperatura.

OBSERVAÇÃO

As potências de dissipação máxima fornecida pelos

fabricantes sempre são referentes à temperatura de 25ºC, a

menos que haja outra temperatura indicada

especificamente.

Nestas ocasiões é necessário considerar que o valor de potência de dissipação

máxima fornecida pelo fabricante não pode ser empregado porque é valido somente

até 25ºC.

O aumento de temperatura ambiente pode ser compensado, fazendo com que o

transistor dissipe uma potência menor, gerando uma menor quantidade de calor,

internamente e evitando a destruição por aquecimento excessivo.

O grau de redução que a potência nominal deve sofrer em função do aumento de

temperatura varia de transistor para transistor.

Os fabricantes fornecem um gráfico de dissipação total de potência em função da

temperatura ambiente (Ptot = Tamb, que indica a potência máxima no transistor para

os diversos valores de temperatura ambiente (fig. 6).

190

TEMPERATURA AMBIENTE

MAIOR QUE 25ºC

POTÊNCIA DE DISSIPAÇÃO MENOR

QUE O VALOR NOMINAL (a 25ºC)

Fig. 6

A figura 7 ilustra o emprego do gráfico, determinando a potência de dissipação

máxima dos transistores BC546, BC547, BC548 para uma temperatura ambiente de

50ºC.

19.5 Correntes de Fuga no Transistor

Os transistores são fabricados com materiais semicondutores P e N. estes materiais

sofrem um processo de purificação e dopagem para conterem as lacunas e elétrons

livres.

Entretanto, os materiais P e N não são perfeitamente puros, de forma que cada

material contenha apenas um tipo de portadores.

O material tipo P apresenta uma grande quantidade de lacunas e apenas uma

pequena quantidade de elétrons livres. Por esta razão, no material P, as lacunas são

denominadas de portadores majoritários (principais) e os elétrons livres de

portadores minoritários (fig. 8).

191

Para máxima BC546, BC547, BC548 A 50ºC 400mW

Fig. 7

O material do tipo N apresenta uma grande quantidade de elétrons livres, que são os

portadores majoritários e um pequeno número de lacunas que são os seus

portadores minoritários (fig. 9).

A existência dos portadores minoritários nos materiais semicondutores se deve

fundamentalmente a dois fatores:

- Imperfeição nos processos de purificação dos cristais que sempre

apresentam um pequeno grau de impurezas;

- A ruptura das ligações químicas pela energia térmica (aquecimento) (fig. 10).

192

Fig. 8

Fig. 9

19.6 Movimento dos Portadores Minoritários

Os portadores minoritários sofrem a influência das tensões externas aplicadas ao

componente semicondutor, movimentando-se no interior da estrutura cristalina.

Como no caso dos diodos, o movimento dos portadores minoritários só é importante

quando a junção entre os cristais está inversamente polarizada.

No caso dos diodos, durante a polarização inversa, o movimento dos portadores

minoritários dá origem a uma pequena corrente de fuga (fig. 11).

Nos transistores, o movimento dos portadores minoritários é importante apenas na

junção base-coletor porque esta junção está normalmente com polarização inversa

(fig.12).

193

Fig. 10

Fig. 11

Corrente de fuga em um diodo, provocada pelos portadores minoritários.

Polarização Direta

Polarização Inversa

- 100V

0,6 +V

Lacuna gerada pelo rompimento da ligação covolante (pelo aquecimento)

O movimento dos portadores minoritários na junção base-coletor, inversamente

polarizada, dá origem a uma pequena corrente de fuga entre base e coletor (fig. 13).

Esta corrente é representada pela notação ICBO que significa: corrente de fuga

entre coletor e base com emissor aberto (fig. 14).

194

Fig. 12

Polarização inversa da junção base-coletor

Fig. 13

Fig. 14

19.7 Influência de ICBO na Corrente de Coletor

A corrente de coletor depende diretamente da corrente de base. Esta dependência

está matematicamente expressa na equação que define o ganho de corrente do

transistor:

Operando esta equação se obtém a expressão para determinação de IC a partir de

IB:

A partir desta equação se verifica que com corrente de base IB = 0 a corrente de

coletor IC é:

IC = ββββDC . IB se IB = 0

Ou seja, quando não há corrente de base a corrente de coletor deve ser nula.

Entretanto a prática isto não ocorre.

Aplicação de tensão entre o coletor e emissor do transistor (VCE), mesmo sem

corrente de base (IB = 0), provoca a circulação de uma pequena corrente de coletor

denominada de corrente de fuga entre coletor e emissor com a base aberta,

representada pela notação ICEO (fig. 15).

195

hFE = ββββDC = I C

IB

ββββx = I C IB

IC = ββββDC . IB

IC = ββββDC . 0 = 0

ICED = corrente de fuga entre

coletor e emissor com base aberta.

Esta corrente de saturação reversa (ICEO) é provocada pela corrente de fuga ICBO.

Ao circular através da junção base-coletor a corrente ICEO provoca uma

recombinação de portadores na base que tem um efeito resultante semelhante à

aplicação de corrente de base no transistor, gerando a corrente ICEO.

ICEO é, portanto, uma corrente aproximadamente β (BETA) vezes maior que ICEO.

Este fator tem determinado uma crescente utilização dos transistores de silício

substituição aos transistores de germânio.

19.8 Disparo Térmico

O disparo térmico, também denominado de AVALANCHE TÉRMICA, é um

fenômeno que ocorre no transistor devido a corrente de fuga ICBO e que pode levá-

los à destruição por aquecimento excessivo.

A medida em que o transistor funciona em um circuito eletrônico ocorre um

aquecimento das junções, pela dissipação de potência (PC = VCE . IC).

O aquecimento da junção provoca um aumento na corrente de fuga ICBO.

Como a corrente de coletor é composta de duas parcelas IC = βIB + βICBO, o

aumento de ICBO resulta em IC maior.

Com IC maior, a potência dissipada aumenta (VCE . IC = PC ) e o transistor sofre

novo aquecimento. A maior temperatura da junção provoca novo aumento em ICBO.

A equação mostra que a corrente de fuga ICBO é amplificada pelo transistor da

mesma forma como corrente de base.

196

ICEO ≅ ICBO . ββββDC

Nos circuitos a transistor, a corrente ICEO (provocada pela corrente de fuga ICBO) e

a corrente IC (provocada pela corrente de base IB) circulam ao mesmo no terminal

“coletor” do transistor (fig. 16).

Conclui-se, então, que a corrente real de coletor de um transistor é sempre a soma

destas duas correntes.

OBSERVAÇÃO:

A corrente de fuga entre coletor e emissor com a base aberta ICEO é, em valor

exato, igual a ICBO (β + 1).

Porém devido ao fato do βDC dos transistores ser normalmente elevado (maior que

100) pode-se na prática desprezar o acréscimo da unidade considerando ICEO =

ICBO x βDC.

19.9 Influência da Temperatura na Corrente de Coletor

O aquecimento é um dos fatores responsáveis pela geração de portadores

minoritários nos materiais semicondutores, provocando o rompimento das ligações

covalentes do cristal.

197

IC = (ββββDC . IB) + (ββββDC . ICBO)

Fig. 16

A partir do momento em que um transistor sofre um aumento de temperatura o maior

número de portadores minoritários na estrutura provoca um aumento na corrente de

fuga ICBO (que é construída pelo movimento destes portadores).

A figura 17 apresenta uma curva característica de transistor que mostra o

comportamento da corrente de fuga ICBO frente às variações de temperatura.

Através desta curva verifica-se claramente que a corrente ICBO aumenta na medida

que a temperatura do transistor se torna mais elevada.

A corrente de fuga ICBO dobra a cada 10ºC aproximadamente nos transistores de

silício e 6ºC nos de germânio. Uma vez que parte da corrente de coletor é causada

por ICBO (IC = IB . β + ICBO . β), os aumentos de ICBO provocados pelo aumento de

temperatura do transistor se refletem num acréscimo em IC.

198

Fig. 17

19.10 Silício Versus Germânio

Embora a variação da corrente de fuga ICBO com temperatura seja

aproximadamente a mesma (a cada 6ºC no germânio e 10ºC no silício), os

transistores de silício se caracterizam por apresentarem um valor inicial de ICBO até

500 vezes menor do que os transistores de germânio na mesma temperatura.

199

A corrente de coletor do transistor sofre influência da

temperatura devido às variações de ICBO.

20 CONFIGURAÇÕES DE LIGAÇÃO DO TRANSISTOR

20.1 Curvas Características na Configuração de Emissor Comum

A configuração de ligação do transistor mais utilizada é a de emissor comum, razão

pela qual as curvas características dos transistores, fornecidas pelos fabricantes,

são relativas a esta forma de ligação.

A figura 1 mostra um esquema ilustrativo de um transistor ligado em emissor

comum.

Analisando a figura 7 se verifica que, na configuração de emissor comum, quatro

parâmetros são fundamentais:

Os valores VBE e IB são denominados de parâmetros de entrada e os valores VCE e

IC de parâmetros de saída da configuração emissor comum.

Portanto, para representar através de gráficos o comportamento do transistor em

emissor comum são necessárias duas curvas características:

- Uma que expressa o comportamento dos parâmetros da entrada do transistor,

denominada de CURVA CARACTERÍSTICA DE ENTRADA;

200

VBE, IB, VCE e IC

Fig. 1

- Uma que expressa o comportamento dos parâmetros de saída, denominada

de CURVA CARACTERÍSTICA DE SAÍDA.

20.2 Característica de Saída do Transistor em Emissor Comum

Do conjunto de curvas características que pode ser levantado a partir dos valores

elétricos do transistor, a curva que assume maior importância é a curva

característica de saída, também denominada de característica de coletor.

Os parâmetros de saída do transistor são IC e VCE. Entretanto, sabe-se que os

valores VCE e IC dependem do valor de IB.

A curva característica de saída é construída de forma a permitir que se relacionem

as grandezas IC, VCE e IB em um único gráfico.

A figura 2 mostra a característica de saída do transistor BC 547.

201

CARACTERÍSTICA DE

SAÍDA EM EMISSOR

COMUM

RELAÇÃO

IB IC VCE

Fig. 2

As curvas mostram a dependência da corrente de coletor (IC) em função da tensão

coletor-emissor, mantendo a corrente de base em um valor constante.

Nos manuais esta curva é identificada como ICf (VCE) IB parâmetro (lê-se: corrente de

coletor em função da tensão coletor-emissor para valores fixos de corrente de base).

Deve-se observar que os transistores PNP os parâmetros nas curvas são negativos:

-IB e VCE (as correntes IB e IC no transistor PNP saem do transistor e o coletor é

negativo com relação ao emissor) (Fig. 3 e 4).

Outro aspecto importantíssimo a ressaltar com relação às curvas características

fornecidas pelo fabricante de um transistor é que estas curvas representam o

comportamento médio de um grande número de transistores testados.

Isto significa que, na prática, o comportamento do componente pode apresentar

alguma diferença com relação à curva.

202

Fig. 3

Fig. 4

20.3 Aplicação da Característica de Saída em emissor Comum

A característica de saída em emissor comum encontra a sua maior aplicação na

determinação das condições de funcionamento de um transistor em um circuito.

Dispondo de valores do circuito, tais como a tensão de alimentação e o valor do

resistor de coletor, traça-se a “reta de carga” que permite determinar graficamente o

comportamento transistor em um circuito.

Reta de Carga

A reta de carga é traçada sobre a curva característica de saída do transistor,

permitindo que se determine graficamente a tensão presente sobre o transistor e

sobre o resistor de coletor em função da corrente de base (fig. 5).

203

As curvas características fornecidas por um fabricante representam o

comportamento médio de um grupo de componentes de mesma

especificação.

Fig. 5

20.4 Traçado da Reta de Carga

Traçado da reta de carga leva em conta dois fatores:

- A tensão de alimentação do circuito;

- O valor do resistor de coletor.

Isto significa que para cada transistor, e em cada circuito, existe uma reta de carga

específica.

Para traçar a reta de carga utilizam-se dois pontos que ocorrem em duas situações

especiais do transistor:

- Ponto de corte;

- Ponto de saturação

O ponto de corte é a situação em que o transistor está sem corrente de base.

Usando as equações do transistor se verifica o seu comportamento nesta situação:

IC= IB . β como IB = 0 IC = 0

VRC = IC . RC como IC = 0 VRC = 0

VCE = VCC – VRC como VRC = 0 tem-se VCE = VCC

Estes dois valores representam um ponto na curva característica de saída do

transistor. Tomando como exemplo o circuito da figura 6 o ponto de corte fica na

posição mostrada na figura 7.

204

VCE = VCC IC = 0

Este é um dos pontos da reta de carga.

O ponto de saturação é a situação em que se aplica ao transistor uma corrente de

base suficiente para fazer com que a tensão de coletor a emissor caia praticamente

a zero.

Considerando a tensão de coletor a emissor como “zero” tem-se:

VCE = VCC – VRC como VCE = 0 VRC = VCC

VRC = IC . RC IC = como VRC = VCC IC =

205

VRC RC

VCC RC

Fig. 6

Fig. 7

No circuito tomado como exemplo a tensão de alimentação é de 30V e o resistor de

coletor é de 470Ω. Portanto a corrente de saturação é:

ICSat = ICSat = ICSat = 63mA

Estes dois valores dão origem a outro ponto sobre a curva característica do

transistor (fig. 8).

206

Na situação de saturação a corrente de coletor

assume o valor máximo, como se o resistor de

coletor estivesse ligado diretamente a fonte de

alimentação.

Este valor de corrente de coletor é denominado

de CORRENTE DE SATURAÇÃO.

ICSat =

V CC

RC

VCC RC

30V 470Ω

VCE ≅≅≅≅ 0 IC = 63mA

VCE = 0 IC = 63

Fig. 8

É importante salientar que tanto o ponto de corte como o de saturação dependem

fundamentalmente da tensão de alimentação e do valor do resistor de coletor. Caso

estes valores sejam modificados, os pontos de saturação e corte tem a sua posição

alterada sobre a curva característica.

Este é o segundo ponto da reta de carga. Unindo os dois pontos têm-se as retas de

carga do circuito usado como exemplo (fig. 9 e 10).

Esta reta de carga serve apenas para o circuito apresentado: transistor BC 547, VCC

= 30V e RC = 470Ω.

Caso o transistor, a alimentação ou o valor do resistor de coletor seja modificado

deve-se traçar outra reta de carga de acordo com os novos dados.

207

Os pontos de saturação e corte dependem da tensão

de alimentação e do valor do resistor de coletor.

Fig. 9

Fig. 10

20.5 Aplicação da Reta de Carga

Uma vez traçada a reta de carga pode-se determinar graficamente os valores da

tensão VCE, da tensão sobre o resistor de coletor e da corrente de coletor do

transistor, para cada valor de corrente de base.

Tomando-se o circuito de exemplo (transistor BC 547, VCC = 30V e RC = 470Ω)

pode-se determinar as tensões e correntes na malha de coletor quando a corrente

de base for, por exemplo, 100µA.

A resposta é obtida através do ponto de encontro entre a reta de carga e a curva de

corrente de base 0,1mA (fig. 11).

208

Fig. 11

Projetando o ponto encontrado até o eixo horizontal encontra-se o valor do VCE do

transistor (fig. 12).

Encontra-se também a tensão sobre o resistor de coletor do circuito (fig. 13).

209

VCE = 13V

Fig. 12

Projetando o ponto encontrado até o eixo vertical, encontra-se a corrente de coletor

do transistor (fig. 14).

210

VRC = 17V

IC = 35mA

Fig. 13

Fig. 14

A seguir, estão apresentados dois exemplos de reta de carga e determinação de

parâmetros de um circuito através da curva característica de saída.

211

VCC = 6 V

RC = 120 Ω

IB = 100 µA

VCE = 3,4 V

VRC = 2,6 V

IC = 21,5 mA

VCC = 7,5 V

RC = 330 Ω

IB = 80 µA

VCE = - 3,2 V

VRC = - 4,3 V

IC = - 13 mA

7,5 V

20.6 Ponto de Operação

Ponto de operação ou ponto quiescente é a denominação dada ao conjunto de

valores de tensão e corrente que se estabelecem automaticamente em um circuito a

partir da sua alimentação.

Uma vez estabelecidos os valores do ponto de operação, se nenhuma modificação

for realizada no circuito, os valores permanecerão constantes.

A escolha correta do ponto de operação é fundamental, na medida em que todo o

funcionamento do circuito se dará em torno das condições estabelecidas por este

ponto.

20.7 Influência do Ponto Quiescente no Circuito

O ponto de funcionamento determina, em outras palavras, a condição normal de

funcionamento de um circuito, que se estabelece a partir da alimentação.

A importância do ponto de operação de um circuito eletrônico pode ser comparada,

por exemplo, à importância do ajuste da posição de referência do traço do

osciloscòpio para uma medida de tensão CC.

Se a referência está mal ajustada, todas as medidas realizadas estarão erradas.

212

A figura 15 mostra um circuito com

um transistor no ponto de operação:

VCE = 10V

VRC = 14V

IC = 52mA

24 V

Fig. 15

O mesmo ocorre com os circuitos eletrônicos. Se o ponto de operação estiver mal

posicionado, todo o funcionamento do circuito estará prejudicado.

20.8 A Escolha do Ponto de Operação

O ponto de operação de um circuito com um transistor sempre estará sobre a reta de

carga deste circuito. Logo, pode-se afirmar que o ponto de funcionamento depende

dos fatores que determinam a reta de carga (fig. 16 e 17).

- Transistor utilizado

- Tensão de alimentação

- Resistor de coletor.

De acordo com a função que o circuito irá desempenhar, o ponto de operação pode

se situar em qualquer posição sobre a reta de carga do circuito.

213

ICM = VCC RC

Fig. 16

Fig. 17

As figuras 18, 19 e 20 mostram 3 exemplos de ponto quiescente.

A partir do momento em que o ponto quiescente é localizado sobre a reta de carga

ficam automaticamente estabelecidos os valores da malha de coletor.

Tomando como exemplo o circuito apresentado a seguir (fig. 22 e 23).

214

Na maioria dos circuitos eletrônicos o

ponto de operação é localizado na

região central da reta de carga (fig.

21).

IC

Fig. 21

Fig. 18 Fig. 19 Fig. 20

Escolhendo um ponto de operação na região central da reta de carga, conforme

mostra a figura 24.

215

24 V

Característica de saída IC = f(VCE) : IB = parâmetro

Fig. 22

Fig. 23

Característica de saída IC = f(VCE) : IB = parâmetro

Fig. 24

Deste ponto quiescente se obtém:

a) A tensão entre coletor-emissor (fig. 25).

b) A queda de tensão no resistor de coletor (fig. 26).

c) A corrente de coletor (fig. 27).

Estes valores são valores do ponto quiescente, razão pela qual são denominados

de:

216

VCEQ : tensão coletor-emissor no ponto

quiescente.

VRCQ : queda de tensão no resistor de

coletor no ponto quiescente.

ICQ : corrente de coletor no ponto

quiescente (fig. 28).

Fig. 25 Fig. 26 Fig. 27

Característica de saída IC = f(VCE) : IB = parâmetro

Fig. 28

No exemplo utilizado estes valores são:

VCEQ = 10,5V VRCQ = 13,5V ICQ = 50mA

OBSERVAÇÃO:

Pequenas diferenças devido à imprecisão gráfica e espessura dos traços no

desenho não são significativas.

Para obter os valores quiescentes (VCEQ, VRCQ e ICQ) é necessário aplicar ao

transistor uma determinada corrente de base quiescente (IBQ).

O valor desta corrente de base é obtido diretamente do gráfico.

20.9 Curva de Dissipação Máxima

Utilizando o valor de potência de dissipação máxima do transistor e a equação PC =

VCE . IC pode-se traçar sobre a curva de saída do transistor o limite de dissipação

ponto a ponto.

217

No gráfico da figura 29, utilizado como

exemplo, o ponto de operação está

colocado sobre a curva de IB = 0,2mA.

Esta é a corrente necessária para

obter as condições desejadas.

Característica de saída IC = f(VCE) : IB = parâmetro

Fig. 29

Na equação PC = VCE . IC o valor de PC é dado pelo fabricante.

Tendo o valor de PC e escolhendo diversos valores para VCE acha-se os valores de

IC máximo.

Por exemplo – Transistor BC247 PC = 500mw a 25ºC.

218

Escolhendo alguns valores para VCE, tais como:

5V; 10V; 20V; 40V.

A região da característica de saída acima da curva traçada é denominada de região

de dissipação excessiva e a região abaixo da curva traçada é a região de

funcionamento (fig. 31).

219

Colocando-se os pontos em dois eixos IC e

VCE têm-se a curva de dissipação máxima o

transistor à 25ºC (500mw) (fig. 30).

Fig. 30

Região de dissipação excessiva

Região de funcionamento

Fig. 30

Se for necessário determinar a redução da potência de dissipação máxima, para

funcionamento em temperaturas maiores que 25ºC, usa-se o gráfico Ptot = (Tamb) e

depois se realiza o traçado sobre a característica de saída utilizando o valor

encontrado (fig. 32 e 33).

TRAÇADO DA CURVA LIMITE DE POTÊNCIA

TRANSISTORES BC 413, BC 414 à 50ºC

20.10 A Reta de Carga e a Curva de Dissipação de Potência Máxima

A reta de carga expressa todas as possibilidades de funcionamento de um transistor

para um determinado valor de resistor de coletor e de tensão de alimentação.

220

Curva limite de potência a 50º C –

240mW

Característica de saída IC = f(VCE) : IB = parâmetro

Dissipação total de potência

Fig. 32 Fig. 33

Como a curva de dissipação de potência máxima estabelece o limite da região de

funcionamento para um transistor, faz-se necessário que a reta de carga esteja

sempre situada abaixo desta curva.

Os resistores de coletor (RC) e as tensões de alimentação (VCC) devem ser

selecionados de modo a darem origem a retas de carga que se situam sempre

abaixo da curva de limite de dissipação (fig. 35 e 36).

221

A figura 34 mostra a curva

característica de saída do transistor

BC 413 com a curva de dissipação

máxima a 50ºC (240mw).

Fig. 35 Fig. 36

Fig. 34

Quando a reta de carga está abaixo da curva limite de dissipação qualquer ponto de

operação escolhido poderá ser utilizado sem o risco de provocar dissipação

excessiva no transistor.

222

21 POLARIZAÇÃO DA BASE POR CORRENTE CONSTANTE

Denomina-se de “polarização de base” o processo de obtenção da corrente de base

necessária para levar o transistor a ponto de operação.

Dentre os processos de polarização de base o mais simples é o de polarização por

corrente constante.

Através do traçado da reta de carga e da determinada do ponto de funcionamento

(PQ) fica determinada a corrente de base quiescente (IBQ) (fig. 1 e 2).

No método de polarização por corrente de base constante, o corrente de base

quiescente (IBQ) é obtido através de um resistor, denominado de resistor de base,

que é ligado entre a base e a tensão de alimentação (fig. 3).

223

Fig. 1

Característica de saída IC = f(VCE) IB = parâmetro

Fig. 2

21.1 Análise do Circuito de Base

O circuito de base se compõe do resistor de base (RB) e da junção base-emissor

ligados em série e aplicados a tensão de alimentação (fig. 4).

O circuito de base também é denominado de malha de base.

Considerando que a junção base-emissor do transistor se comporta como um diodo,

o circuito equivalente da malha de base fica conforme mostram as figuras 5 e 6.

224

RESISTOR DE POLA-

RIZAÇÃO DE BASE

Fig. 3

Fig. 4

Fig. 5 Fig. 6

Observando o circuito equivalente verifica-se que o “diodo base-emissor” é

polarizado diretamente, permitindo a circulação de corrente através do resistor.

Esta corrente, que circula através do resistor, é a corrente de base (fig. 7).

21.2 Determinação do Resistor de Base

A corrente que circula na base do transistor (IB) depende:

- Do valor do resistor (elemento de controle)

- Da tensão de alimentação – já definida

- Do tipo de transistor utilizado – já definido

Do circuito equivalente se verifica que a corrente circulante na base é dada pela

equação:

225

IBQ = VCC - VBE RB

VCC – tensão de alimentação

VBE – típico do transistor

RB - resistor de base

CIRCUITO EQUIVALENTE CIRCUITO REAL Fig. 7

Operando esta equação se obtém a fórmula para determinar o resistor de base:

∴∴∴∴

A seguir está apresentado um exemplo completo de determinação do resistor de

base para a obtenção de um ponto de operação desejado.

Dado o circuito apresentado a seguir com o transistor BC 200 (silício) e sua curva

característica de saída, determinar o valor do resistor de base necessário para obter

um VCEQ = -3V (a reta de carga para 330Ω já está traçada na curva).

226

IBQ = VCC - VBE

RB

RB = VCC - VBE IBQ

Considerando que a diferença de 0,2V é admissível, o valor de IBO necessário é 0µA

Para determinar o valor de RB aplica-se a equação.

RB = VCC - VBE ∴∴∴∴ RB = 7,5 – 0,6 = 86.250Ω IBQ 0,00008 O valor comercial mais próximo para RB é 82KΩ.

O resistor de base utilizado para a polarização por corrente de base constante

normalmente é de valor elevado (por exemplo, 68KΩ, 220KΩ, 470KΩ) por que as

correntes de base dos transistores são baixa (microampéres e miliampéres).

21.3 Estabilidade Térmica dos Circuitos Transistorizados

A corrente de coletor dos transistores está sujeita a variações de valor em função da

temperatura, devido as correntes de fuga ICBO e ICEO.

227

Verificando o encontro da reta de

curva com a curva de IB = 80µA se

verifica que este ponto determina

um VCEQ de aproximadamente –

3,2V (fig. 8).

Fig. 8

A corrente de coletor é responsável pela tensão no resistor de coletor (VRC = IC . Q) e

conseqüentemente, pela tensão VCE (VCE = VCC – VRC).

Assim as variações da corrente de coletor, ocasionadas pelas variações de

temperatura, modificam a forma como as tensões se dividem entre o transistor e o

resistor de coletor, retirando o transistor do ponto de funcionamento (fig. 9).

228

IC = β IB + ICBO . (β + 1)

DEPENDENTE DA

TEMPERATURA

As variações de temperatura tendem a fazer com que o ponto de

funcionamento do circuito se desloque.

Aumento de temperatura deslocamento para a parte superior da

reta de carga.

Redução de temperatura para a parte inferior da reta de carga.

Deslocamento de PQ com o AUMENTO DE TEMPERATURA

Fig. 9

Todo o circuito eletrônico com transistores apresenta um certo grau de instabilidade

térmica.

O ganho de corrente mais baixo do transistor deve ser compensado, através de um

aumento correspondente na corrente de base quiescente IBQ.

Para aumentar IBQ o valor de RB deve ser reduzido (fig. 18).

IBQ = 0,2mA

CONCLUSÃO

229

ICQ = 36mA

VCEQ = 12V

VRCQ = 12V

CORRIGIDOS

Quando for necessário o VCE de um transistor polarizado por

corrente de base constante deve-se aumentar a corrente de base,

reduzindo o valor de RB.

RB MENOR

Fig. 18

22 REGIÕES DE OPERAÇÃO DE UM TRANSISTOR

O ponto de operação de um transistor pode ser localizado em qualquer posição ao

longo da reta de carga.

De acordo com a posição da reta de carga em que o ponto de operação se situa diz-

se que o transistor está operando em uma das três regiões denominadas:

a) Região de corte (fig. 19)

b) Região de saturação (fig. 20)

c) Região ativa (fig. 21)

A) Região de Corte

Um transistor está na região de corte quando a junção base-emissor está polarizada

inversamente.

A polarização inversa na junção BE torna a corrente de base nula.

Com base na equação de IC e na corrente IB = 0 têm-se:

IC = β . IB + β . ICBO onde β . ICBO = ICEO

IC = ββββ . 0 + β . ICBO

230

IC = β . ICBO

Fig. 19 Fig. 20 Fig. 21

A corrente de coletor é apenas de fuga (corrente de saturação reversa ICEO) e seu

valor é da ordem de microampéres nos transistores de silício.

Com a corrente de coletor praticamente nula não há queda no resistor de coletor

(VRC = IC . RC) e o VCE do transistor é o próprio valor da tensão de alimentação do

circuito.

231

NO CORTE VCE = VCC

A figura 22 mostra um circuito

transistorizado com a junção BE polarizada

inversamente, de forma a estar em corte.

Na reta de carga o ponto de corte

está sobre o eixo horizontal (fig. 23).

Fig. 23

Fig. 22

Ponto de

corte

Nos transistores de silício em geral basta cortar a corrente de base para levar o

transistor ao corte, sendo desnecessário polarizar inversamente a junção BE.

B) Região de Saturação

Um transistor está na região de saturação quando a tensão VBE é maior que a

tensão VCE.

232

TRANSISTOR NA JUNÇÃO BE

REGIÃO DE CORTE JUNÇÃO CB

VCE = VCC

INVERSAMENTE POLARIZADAS

A figura 24 mostra um transistor de

silício polarizado na região de corte.

A figura 25 mostra um transistor

que está operando na região de

saturação.

15 VCC

Fig. 24

Fig. 25

Nas curvas características de saída normais a região de saturação correspondente a

uma faixa muito estreita.

233

TRANSISTOR NA JUNÇÃO BE

REGIÃO DE SATURAÇÃO JUNÇÃO CB

VCE = VCC DIRETAMENTE POLARIZADAS

Na curva característica de saída

a região de saturação fica

próxima ao eixo vertical, onde

os valores de VCE são mínimos

e os valores de IC são máximos

(fig. 26).

Por esta razão alguns manuais

trazem uma segunda característica

de saída somente para a região de

saturação (fig. 27).

Fig. 26

Fig. 27

C) Região Ativa

Esta é a região característica de funcionamento dos estágios amplificadores.

Para pontos de operação nesta região são válidas as regras de polarização.

- junção base-emissor →→→→ polarização direta

- junção base-coletor →→→→ polarização inversa

As figuras 29 e 30 mostram a característica de saída e as tensões elétricas de um

transistor polarizado na região ativa.

234

A região ativa corresponde a todo o

trecho da reta de carga entre as

regiões de corte e de saturação

(fig. 28).

Fig. 28

Em resumo, pode-se dizer que um transistor estará na região ativa sempre que VCE

for maior que VBE e menor que VCC (ou seja, fora das regiões de saturação e corte).

235

TRANSISTOR NA

REGIÃO ATIVA

JUNÇÃO BE →→→→ DIRETAMENTE POLARIZADA

JUNÇÃO CB →→→→ INVERSAMENTE POLARIZADA

VBE < VCE < VCC

Fig. 30

Fig. 29

18 VCC

23 POLARIZAÇÃO DE BASE POR DIVISOR DE TENSÃO

A polarização da base de um transistor pode ser feita a partir da utilização de um

divisor de tensão, através do qual se aplica uma tensão VBE entre base e emissor do

transistor.

A figura 1 mostra um circuito transistorizado que emprega este tipo de polarização,

denominado de “polarização de base por divisor de tensão”.

O divisor de tensão aplica uma tensão à base (VB) que polariza diretamente a junção

base-emissor do transistor, provocando a circulação da corrente IBQ.

Como o emissor está aterrado, a tensão de base VB é a própria tensão VBE aplicada

ao transistor (fig. 2).

236

Na polarização de base por divisor de tensão a finalidade do divisor é

fornecer à base uma tensão que polariza diretamente a junção base-emissor.

Fig. 1

O valor da corrente IBQ é ajustado aumentando ou diminuindo a tensão VBE, que é

fornecida pelo divisor.

Normalmente os circuitos polarizados por divisor de tensão têm ainda um resistor de

emissor (RE), que tem por finalidade melhorar a estabilidade térmica do circuito (fig.

3).

237

A inclusão de um resistor de emissor no circuito de polarização de um

transistor tem por finalidade melhorar a sua estabilidade térmica.

Fig. 2

VCC

VCC

A polarização por divisor de tensão acrescida do resistor de emissor é a mais

empregada porque propicia um alto grau de estabilidade térmica ao circuito.

Outra característica importante deste tipo de polarização é a menor variação dos

valores de polarização quando o transistor é substituído.

23.1 Análise do Circuito de Coletor

Nos circuitos polarizados por divisor a malha de coletor se compõe:

- Da fonte de alimentação;

- Do resistor de coletor;

- Do transistor;

- Do resistor de emissor (fig. 4).

A tensão fornecida pela fonte se distribui sobre os componentes do circuito de

coletor (fig. 5).

238

Fig. 4

Fig. 5

Queda de tensão em RC

Tensão coletor-emissor do transistor

Segundo a Lei de Kircchoff para circuitos série, a soma das tensões equivale à

tensão de alimentação.

As quedas de tensão no resistor de coletor (VRC) e no resistor de emissor (VRE)

dependem da corrente no circuito de coletor (fig. 6)

A diferença entre IC e IE é muito pequena, pois corresponde ao valor de IB (IE = IC +

IB). Por esta razão, costuma-se considerar IE = IC.

A seguir está apresentado um exemplo de aplicação das equações do circuito de

coletor.

239

VRC + VCE + VRE = VCC

VRE = IC . RE

As equações do circuito de coletor são:

VCC = VRC + VCE + VRE

VRC = IC . RC

VRE = IC . RE

Fig. 6

VRC = IC . RC

VRE = IE . RE

Com os dados disponíveis é possível calcular os valores de VRC e VRE.

VRC = IC . RC VRC = 1000Ω . 0,004A

VRE = IC . RE VRE = 270Ω . 0,004A

Dispondo de VCC, VRC e VRE pode-se determinar o VCE do transistor.

VCC = VRC + VCE + VRE ∴ VCE = VCC – (VRC + VRE)

VCE = 10 – (4,0 + 1,08) VCE = 10 – 5,08

23.2 O Circuito de Base

O circuito de base, que corresponde ao divisor de tensão, tem por finalidade

polarizar diretamente a junção base-emissor do transistor, provocando a circulação

da corrente IBQ.

Quando o circuito de polarização utiliza um resistor de emissor, a tensão aplicada

entre base e emissor (VBE) é a diferença entre a tensão de base e a tensão de

emissor (fig. 7).

240

Dado o circuito apresentado ao

lado, determinar os valores de

VRC, VRE e VCE.

VRC = 4v

VRE = 1,08v

VCE = 4,92V

10V

A tensão VBE aplicada à junção base-emissor (que se comporta como um diodo em

condução) dá origem a uma corrente de base (fig. 8 e 9).

A própria curva característica da junção base-emissor é, essencialmente, a curva

característica de um diodo em condução.

Através da aplicação do valor correto de VBE se obtém a condição de funcionamento

desejada para o circuito.

241

Fig. 8 Fig. 9

Fig. 7

VBE = VB - VRE

24 REGULAÇÃO DE TENSÃO EM FONTES DE ALIMENTAÇÃO

A necessidade de projetar e montar fontes reguladas de boa qualidade provém do

fato que as fontes não reguladas nem sempre atendem os requisitos necessários

para todas as aplicações.

Existem fundamentalmente duas razões pelas quais as fontes não reguladas se

tornam inadequadas em certas aplicações:

1 – A regulação pobre: Como resultado de uma regulação pobre, verifica-se uma

variação na tensão de saída quando a carga varia. A influência de uma regulação

pobre no desempenho de uma fonte de CC pode ser observada através de dois

gráficos, um de uma fonte ideal e outro de uma fonte real (fig. 1 e 2).

2 – A estabilização pobre: A tensão de saída varia conforme as variações de

tensão de entrada.

Nas fontes não reguladas, as variações de tensão de entrada (na rede AC)

provocam variações proporcionais na tensão de saída (fig. 3).

242

FONTE IDEAL FONTE NÃO REGULADA

Fig. 1 Fig. 2

Existem circuitos eletrônicos cuja finalidade é melhorar o desempenho das fontes de

alimentação, fornecendo um valor pré-estabelecido de tensão de saída,

independentemente das variações que ocorrem na corrente de carga na tensão da

linha de alimentação CA.

Normalmente, estes circuitos são denominados de reguladores de tensão, embora

sejam na realidade reguladores e estabilizadores de tensão (fig. 4).

243

Fig. 3

VENT > VSAÍDA Fig. 4

Deve-se sempre considerar que não existe um sistema regulador de tensão perfeito.

As variações na tensão de entrada sempre provocam pequenas alterações na

tensão de saída.

Os sistemas reguladores devem funcionar de tal forma que as variações na tensão

de saída (que sempre existem) sejam as menores possíveis.

24.1 Os Circuitos Reguladores

Os circuitos reguladores são classificados em dois grupos, segundo a posição do

elemento regulador em relação à carga:

- Regulador paralelo;

- Regulador série.

• Regulador Paralelo

Um circuito regulador é classificado de paralelo quando o elemento regulador é

colocado em paralelo com a carga (fig. 5).

Um exemplo típico de regulação paralela é a regulação com diodo zener.

244

REGULAÇÃO PARALELA

Fig. 5

• Regulador Série

Um circuito regulador é classificado de série quando o elemento regulador é

colocado em série com a carga (fig. 6).

Na regulação série, as variações de tensão da entrada são absorvidas pelo

elemento regulador, entregando a carga a uma tensão de saída praticamente

constante (fig. 7).

Neste tipo de circuito, apenas o elemento regulador dissipa potência.

245

REGULAÇÃO SÉRIE

Fig. 6

TENSÃO PRATICAMENTE

CONSTANTE

Fig.7

• Regulação Série com Transistor

Os reguladores de tensão do tipo série com transistor são largamente empregados

na alimentação de circuitos eletrônicos devido a sua boa capacidade de regulação.

A figura 8 apresenta o modelo mais simples de circuito regulador de tensão série

com transistor.

24.2 Princípio de Funcionamento

O princípio de funcionamento do circuito pode ser analisado com base nas tensões

presentes no circuito.

A associação diodo zener-resistor, ligada à tensão de entrada, permite a obtenção

de uma tensão constante (VZ), independentemente das variações da tensão de

entrada (fig. 9).

246

Fig. 8

Fig. 9

A tensão constante do diodo zener é aplicada à base do transistor, ou seja, a tensão

de base do transistor é estabilizada no valor VZ.

Como a carga está ligada ao circuito na posição de resistor de emissor, a tensão

sobre esta carga será a tensão aplicada à base (VZ) menos a queda na junção base

emissor (VBE) (fig. 10).

A diferença entre a tensão de entrada e a tensão na carga (VRL) fica entre coletor e

emissor do transistor (VCE) (fig. 11).

24.3 Fonte com Regulador de Tensão em Circuito Integrado

Incorpora num único encapsulamento todos os circuitos que fazem parte da

regulação de tensão da fonte. Como:

247

VB = VZ

VS = VE – VCE

Fig. 10

VRL = VB - VBE

ou

VS = VZ - VBE

Fig. 11

- Circuitos para fonte de referência;

- Amplificador de erro;

- Dispositivo de controle e proteção de sobrecarga.

Desta forma diminui toda complexidade de projeto, construção, custo e diminuição

considerável do espaço utilizado.

Possuem proteção térmica que os torna praticamente indestrutíveis contra curto-

circuito na saída.

É conveniente incluir no circuito capacitores de desacoplamento de transitórios, tanto

na entrada como na saída do regulador.

24.4 Reguladores de Tensão de Três Terminais

Exemplo de reguladores com tensão de saída fixa:

• Série 78XX, LM340 e LM309 – V saída positiva;

• Série 79XX e LM320 – V saída negativa.

OBSERVAÇÃO:

Pode-se obter tensão de saída ajustável com reguladores com tensão de saída fixa,

sendo que o valor ajustável mínimo é o valor de tensão especificada no

componente.

Exemplo de reguladores com tensão de saída ajustável:

• LM117, LM217, LM317, LM338, LM350 – V saída positiva;

• Lm337 – V saída negativa.

248

Aspecto Físico

São fabricados em vários tipos de encapsulamentos, os mais comuns são: TO-3 e

TO-220.

Identificação dos Terminais:

Encapsula. TO220 TO220 TO220 TO220 TO3 TO220 TO220 Terminais 78XX 79XX LM117;217;317;350 LM337 LM338K LM340 LM338T

1 Entrada Comum Ajuste Ajuste Entrada Comum Ajuste 2 Comum Entrada Saída Entrada Saída Saída Saída 3 Saída Saída Entrada Saída Comum Entrada Entrada

Estudo da Série 78XX:

• Diagrama de Blocos

1 – Circuito de Disparo: Circuito de proteção que desliga o regulador (tensão de

saída (Vs) igual a 0), quando a diferença entre a tensão de entrada (Ve) e Vs for

menor que a especificada (valor típico 2V).

2 – Gerador de Corrente: Fornece uma corrente constante ao elemento de

referência, independente da Ve e Vs.

249

VSAÍDA AJUSTE

VENT

TO – 3

TO – 220

3 – Elemento de Referência: Fornece uma tensão constante ao amplificador de

erro.

4 – Amplificador de Erro: Compara a tensão do elemento de referência com uma

amostra da Vs, obtida do divisor de tensão formado por R1 e R2. A diferença de

tensão é amplificada e enviada ao elemento de controle.

5 – Elemento de Controle: Recebe o sinal do amplificador de erro e varia sua

queda se tensão interna em função do erro.

6 – Proteção Térmica: Proteção contra curto-circuito, se a corrente de saída (Is) for

maior que a especificada, interrompe a Is através do elemento de controle.

7 – Proteção de Sobrecarga: Protege o elemento de controle quando o regulador

se desconecta, permitindo a passagem da corrente inversa.

• Circuito Interno

250

• Tipos:

TIPO Vs Ve mín(V)* Ve máx(V)* Is máx(A)* Is pico (A)* 7805 5 7,3 35 1,5 3,5 7806 6 8,35 35 1,5 3,5 7808 8 10,5 35 1,5 3,5 7810 10 12,5 35 1,5 3,5 7812 12 14,6 35 1,5 3,5 7815 15 17,7 35 1,5 3,5 7818 18 21 35 1,5 3,5 7824 24 27,1 40 1,5 3,5

(*) Os valores indicados nesta tabela podem ser diferentes, dependendo do fabricante.

• Nomenclatura:

• Circuito Típico:

• Especificações e recomendações técnicas:

- A diferença de tensão entre Ve e Vs deve ser suficiente para permitir a operação

adequada do regulador, observando-se que esta diferença influencia na dissipação

de potência do regulador;

- Deve-se manter uma corrente mínima que assegure a tensão de saída no valor

esperado. Para garantir esta corrente acrescenta-se ao circuito um resistor em

paralelo com a saída;

251

L 78 Nome da série

Y Ismáx, se: M – 0,5A S – 2,0A

Ausente – 1,5A

XX Tensão de saída

Y Limites de temp.

(ºC), se: C – 0 a 115

Ausente – 55 a 155

Y Encapsulamento, se:

V – TO – 220 T – TO-3

Tensão depois do filtro = V

- As especificações do componente informam a variação da tensão de saída

provocada pela corrente de carga, chamada de regulação de carga, e pela tensão

de entrada, chamada de regulação de linha;

- A série 78XX e LM340 possuem reguladores com tensão de saída positiva fixa na

faixa de 5 a 24V;

- A série 79XX e LM320 possuem reguladores com tensão de saída negativa fixa na

faixa de – 5 a –24V;

- Os capacitores de entrada e de saída ajudam a manter a tensão de saída

constante, além de absorverem as variações de tensão de alta freqüência. Devem

ser posicionados o mais próximo possível do regulador. Os de tântalo ou cerâmicos

são os mais recomendados, faixa de valores típicos é 10ηF a 1µF.

• Reguladores com tensão de saída fixa como reguladores ajustáveis

Conectando-se um componente que provoque uma queda de tensão (resistor, diodo,

etc.) entre o terminal do regulador GND e o terra do circuito, obteremos uma tensão

de saída maior que a especificada. O valor desta tensão será o resultado da soma

do valor da queda de tensão com a tensão especificada pelo regulador.

Vs = Vr + Vreg

Exemplo:

252

Cálculo de resistor:

R = (Vs – Vreg)/Iq

• Tabela de resistores para Vs diversas:

7805 7806 7808 7810 7812 7815 7818 7824 VS R=0 - - - - - - - 5 270 R=0 - - - - - - 6 470 270 - - - - - - 7 750 470 R=0 - - - - - 8 1K 750 270 - - - - - 9

1K2 1K 470 R=0 - - - - 10 1K5 1K2 750 270 - - - - 11 1K8 1K5 1K 470 R=0 - - - 12 2K 1K8 1K2 750 270 - - - 13

2K2 2K 1K5 1K 470 - - - 14 2K5 2K2 1K8 1K2 750 R=0 - - 15 2K7 2K5 2K 1K5 1K 270 - - 16 3K 2K7 2K2 1K8 1K2 470 - - 17

3K2 3K 2K5 2K 1K5 750 R=0 - 18 3K5 3K2 2K7 2K2 1K8 1K 270 - 19 3K7 3K5 3K 2K5 2K 1K2 470 - 20 4K 3K7 3K2 2K7 2K2 1K5 750 - 21

4K2 4K 3K5 3K 2K5 1K8 1K - 22 4K5 4K2 3K7 3K2 2K7 2K 1K2 - 23 4K7 4K5 4K 3K5 3K 2K2 1K5 R=0 24 5K 4K7 4K2 3K7 3K2 2K5 1K8 270 25

5K2 5K 4K5 4K 3K5 2K7 2K 470 26 5K5 5K2 4K7 4K2 3K7 3K 2K2 750 27 5K7 5K5 5K 4K5 4K 3K2 2K5 1K 28 6K 5K7 5K2 4K7 4K2 3K5 2K7 1K2 29

6K2 6K 5K5 5K 4K5 3K7 3K 1K5 30 6K5 6K2 5K7 5K2 4K7 4K 3K2 1K8 31 6K7 6K5 6K 5K5 5K 4K2 3K5 2K 32 7K 6K7 6K2 5K7 5K2 4K5 3K7 2K2 33

7K2 7K 6K5 6K 5K5 4K7 4K 2K5 34 7K5 7K2 6K7 6K2 5K7 5K 4K2 2K7 35 7K7 7K5 7K 6K5 6K 5K2 4K5 3K 36

Obs: Pode-se ainda projetar uma fonte regulável utilizando regulador de tensão de

saída fixa da mesma maneira dos reguladores reguláveis, com a diferença que a

tensão mínima de saída será a especificada no componente.

253

Iq é a corrente quiescente (valores típicos na faixa de 3,2mA a 5mA). Potência do resistor 1/4W.

Reguladores ajustáveis:

A configuração básica do circuito para se obter tensões de saída ajustável é

mostrada abaixo:

R1 e R2 formam um divisor de tensão que atua como elemento de amostra.

Como:

Valores Típicos:

254

Vs = Vr1 + Vr2 = Ir1.R1 + Ir2.R2

Ir2 = Ia + Ir1, onde Ia é a corrente de ajuste.

Vs = Ir1.R1 + R2 (Ia + Ir1)

Vs = Ir1.R1 + Ir1.R2 + Ia.R2

Ir1 = Vref/R1, então:

Vs = Vref(R1 + R2)/R1 + Ia.R2

Vs = Vref(1 + R2/R1) + Ia.R2

Vref = 1,25V

Ia de 50µA a 100µA

R2 = 4k7ΩΩΩΩ

R1 = 240ΩΩΩΩ

Características de Alguns Reguladores Ajustáveis

1. LM317

• Definição:

É um regulador de tensão positiva de três terminais que pode fornecer até 1,5A e

tensão de saída entre 1,25V e 37V.

• Características:

Características do LM317 Valor min. Valor típico Valor máx. Unidade Tensão de referência 1,2 1,25 1,3 V Regulação de linha - 0,02 0,07 %/V Regulação de carga - 0,3 1,5 % Regulação térmica - 0,04 0,07 %/W Corrente mínima de carga - 3,5 10 mA Limite de corrente ve – vs = 15v 1,5 2,2 3,4 A

• Nomenclatura:

• Aspecto Físico:

Normalmente fabricado em encapsulamentos TO-220.

• Circuito Típico:

255

LM317 X

Corrente de saída máxima, se: K ou T 1,5A H 0,5A

• Especificações e recomendações técnicas:

- Não é possível tensão de saída menor que a tensão de referência (Vref = 1,25V);

- É importante o uso de capacitores (de preferência de cerâmica ou de tântalo, ≅

100ηF) na entrada e na saída próximos ao regulador.

- O uso de diodos, em paralelo com os capacitores, permite as descargas dos

mesmos, evitando que elas ocorram pelo interior do integrado, podendo danificá-los.

2. LM350

• Definição:

É um regulador de tensão positiva de três terminais que pode fornecer até 3A e

tensão ajustável entre 1,25 e 33V.

• Aspecto Físico:

Normalmente fabricado em encapsulamento TO-220.

• Circuito Típico:

Semelhante ao circuito do LM317.

256

3. LM338

• Definição:

É um regulador de tensão positiva de três terminais que pode fornecer até 5A e

tensão de saída ajustável entre 1,2V a 32V.

• Aspecto Físico:

Normalmente fabricado em encapsulamento TO-3.

• Circuito Aplicativo:

• Tabela de Reguladores

Regulador Ve mín. Ve máx. Vs Is máx. Desligamento

LM117 4 40 1,2 a 37 1,5 2,5 LM217 4 40 1,2 a 37 1,5 2,5 LM309 4 40 5 (fixo) 1 2 LM317 4 40 1,2 a 37 1,5 2,5 LM337 -4 -40 -1,2 a –37 1,5 -2,5 LM338 4 40 1,2 a 32 5 2,7 LM350 4 36 1,2 a 33 3 2,5

257

24.5 Estudo do CI 555

Composto de um divisor de tensão, dois comparadores, um flip-flop RS e um

transistor de descarga, observem: (fig. 1 e 2).

258

Fig. 1 – Circuito Interno do C1555

Fig. 2 – Aspecto

24.6 O Flip-flop RS

Observando a figura 3, cada coletor alimenta a base oposta do transistor através de

Rb.

Neste circuito, transistor está saturado enquanto o outro está em corte.

Para o transistor saturado Vc ≈ 0, logo não há alimentação para a base do outro

transistor e sua Vc ≈ Vce, que por sua vez produz Ib suficiente para manter o

transistor em saturação, ele entra em corte.

Acrescentando-se mais componentes, obtém-se um flip-flop RS, que é um circuito

que pode fixar a saída Q alta ou baixa.

Uma entrada S alta implica Q alto.

Uma entrada R alta implica Q baixo.

A saída permanece em um dado estado até ser disparada para o estado oposto (fig.

4).

259

Fig. 3- Oscilador Biestável a Transistor

+ VCC

24.7 Princípio de Funcionamento

O comparador superior tem uma entrada de tensão de limiar (6) e uma entrada de

tensão de controle (5).

Na maioria das aplicações, a entrada de controle não é utilizada, de modo que a

tensão de controle é igual a 2/3 de Vcc.

Sempre que a tensão de limiar exceder à tensão de controle, o comparador terá

saída alta, o que ativa (set) o flip-flop (Q = 1).

O coletor do transistor de descarga está no pino 7. Quando este pino é ligado a um

capacitor, uma saída Q alta do FF satura o transistor e descarrega o capacitor.

Quando Q é baixo, o transistor entra em corte e o capacitor inicia o processo de

carga.

A saída complementar é conectada ao pino 3. Quando o pino 4 (desativar) está

aterrado, inibe o dispositivo. Quando não for utilizado é conectado à alimentação.

A entrada inversora do comparador inferior é chamada de disparo.

Devido ao divisor de tensão, a entrada não inversora tem uma tensão de 1/3 de

Vcc.

260

Fig. 4 - flip-flop

No momento em que a tensão de disparo for menor que 1/3 de Vcc, a saída do

comparador torna-se alta desativando o FF (Q = 0).

O pino 1 é o terra.

O pino 8 é a alimentação (4,5V a 16V).

24.8 Operação Monoestável (fig. 5 e 6)

No momento em que a entrada de disparo for menor que 1/3 de Vcc, o comparador

inferior tem uma saída alta e desativa (reset) o FF (S = 0, R = 1 e Q = 0), levando ao

corte o transistor de descarga, permitindo que o capacitor se carregue através de R.

No momento que a tensão do capacitor for maior que 2/3 de Vcc, o comparador

superior tem uma saída alta, o que ativa (set) o FF (S = 1, R = 0, pois é apenas um

pulso, Q = 1).

Logo que a saída se torna alta, o transistor satura, iniciando o processo de descarga

do capacitor (S = 0, R = 0 e Q = 1).

Cálculo do tempo de permanência do estado instável:

261

262

Fig. 5 (multivibrador monoestável)

Fig. 6 (circuito do multivibrador monoestável)

+ VCC

5 KΩ

5 KΩ

5 KΩ

1 - terra

4

limiar

A figura 7 mostra as formas de onda típicas.

A entrada de disparo é um pulso estreito.

O pulso deve ser menor que 1/3 de Vcc para desativar o FF e permitir que o

capacitor se carregue.

O capacitor se carrega através de R.

Quanto maior a constante de tempo RC, mais tempo leva para a tensão do capacitor

atingir 2/3 de Vcc.

O pino 5 é conectado ao terra através de um capacitor tipicamente de 0,01µF, isto

fornece a filtragem do ruído da tensão de controle.

Se aterrarmos o pino 4 ocorrerá a inibição do FF, para evitar um acionamento

indesejável, costuma-se ligá-lo ao potencial positivo de Vcc.

263

Fig. 7 (formas de onda típicas da configuração monoestável)

24.9 Operação Estável (fig. 8 e 9)

Quando a saída Q for baixa, o transistor estará em corte e o capacitor estará

carregado através de Ra + Rb.

A constante de tempo será (Ra + Rb)C.

A tensão de limiar aumenta à medida que o capacitor se carrega.

No momento em que a tensão de limiar for maior que 2/3 de Vcc, o comparador

superior terá saída alta, ativando o FF (S = 1, R = 0 e Q = 1).

Mas neste momento o transistor saturará aterrando o pino 7, descarregando o

capacitor através de Rb. A constante de tempo será (RbC).

Quando a tensão do capacitor estiver menor que 1/3 de Vcc, o comparador inferior

terá saída alta, desativando o FF (S = 0, R = 1 e Q = 0).

264

Fig. 8 (multivibrador astável)

A figura 10 mostra as formas de onda típicas, pode-se observar que a carga e

descarga do capacitor acontecem exponencialmente.

A saída é uma forma de onda retangular não simétrica, já que o tempo de carga é

maior que o tempo de descarga.

265

Fig. 9 (multivibrador astável)

2/3VCC

1/3VCC

VCC

t

T

Fig. 10 (formas de onda típicas da configuração astável)

24.10 Ciclo de Trabalho de uma Forma de Onda

É a razão entre o tempo em nível alto e o tempo do ciclo completo. Especifica o nível

de assimetria.

D = t_ D = Ra + Rb_ (100%) T Ra + 2Rb Dependendo das resistências Ra e Rb, o ciclo de trabalho encontra-se entre 50 e

100%. Fazendo-se Rb muito maior que Ra, obtém-se uma onda quadrada (ciclo de

operação 50%).

Cálculo da Freqüência de Saída

CARGA:

DESCARGA: (o cálculo é semelhante) t2 = 0,693 RbC

TEMPO TOTAL: (período) T = t1 + t2

T = 0,693(Ra + 2Rb)C

FREQÜÊNCIA: F = 1,443____ (Ra + 2Rb)C

266

2Vcc – Vcc = (Vcc – Vcc)(1 - ) 3 3 3 - 1Vcc __3___ = - 2Vcc 3 1n (1 ) = - t1___ _ 2 (Ra + Rb)C - 0,693(Ra + Rb)C = - t1 t1 = 0,693(Ra + Rb)C

- t1 RC

- t1 RC

25 AMPLIFICADOR OPERACIONAL

O amplificador operacional, também denominado de AO, é um circuito eletrônico

com características que se aproximam a de um amplificador ideal, encontrado

atualmente em forma de circuito integrado (fig.13).

A importância do amplificador operacional se deve fundamentalmente a sua

versatilidade que o torna aplicável em muitas áreas específicas da eletrônica, tais

como: instrumentação, circuitos industriais, circuitos de áudio, circuitos eletrônicos

para cálculos, filtros de sinais entre outras.

A denominação “amplificador operacional” tem origem no fato de que estes circuitos

foram utilizados inicialmente para realizar operações matemáticas como adição,

subtração, multiplicação através de circuitos eletrônicos.

25.1 Simbologia de um Amplificador Operacional

O símbolo utilizado para representar o amplificador operacional é um triângulo que

aponta no sentido do fluxo de sinal.

Ao triângulo são acrescentados terminais que apresentam os pontos de conexão

com o circuito externo (fig. 14).

267

Fig. 13

Fig. 14

Os amplificadores operacionais podem apresentar uma série de terminais com

funções definidas.

Existem fundamentalmente 5 terminais que fazem parte de todos os tipos de AO:

- 2 terminais para alimentação

- 1 terminal de saída

- 1 terminal de entrada não inversora

- 1 terminal de entrada inversora.

A figura 15 mostra o símbolo genérico de um amplificador operacional.

25.2 Os Terminais de Alimentação do AO

Os amplificadores operacionais apresentam uma característica singular no que diz

respeito às tensões de alimentação:

- São alimentados por duas tensões simétricas (por exemplo: + 15V e – 15V).

A figura 16 ilustra a forma comum de alimentação de um AO, a partir de uma fonte

simétrica.

268

Fig. 15

Fig. 16

Isto não significa que outros componentes ou circuitos que estejam ligados ao AO

não necessitem do terra. Este “terra” para o circuito externo pode ser obtido no

terminal “O” da fonte simétrica.

A figura 18 mostra um exemplo de circuito onde existem componentes externos

ligados ao terra do circuito.

25.3 Os Terminais de Entrada do AO

A finalidade de um amplificador operacional é realizar uma amplificação tanto de

tensões contínuas como alternadas.

Os amplificadores operacionais possuem duas entradas de sinal:

- Uma entrada inversora, indicada pelo sinal “-“ no símbolo do AO

- Uma entrada não inversora indicada pelo sinal “+” no símbolo do AO (fig. 19).

269

É importante observar que os Aos não são ligados

diretamente ao “terra” ou “OV” da fonte simétrica.

O próprio circuito interno dos Aos obtém “terra” ou

“OV” internamente (fig. 17).

Fig. 17

Fig. 18

Para os sinais ou tensões aplicadas na entrada inversora (-) o AO se comporta como

um amplificador com relação de fase de 180º entre saída e entrada. Isto é, se o sinal

aplicado na entrada “-“ torna-se mais positivo, o sinal de saída torna-se mais

negativo (fig. 20).

Para os sinais aplicados à entrada não inversora (+) o AO se comporta como um

amplificador com relação de fase de 0º entre a saída e a entrada.

Isto é, se o sinal aplicado na entrada “+” torna-se mais positivo o sinal de saída

torna-se mais positivo (fig. 21).

270

Os sinais aplicados à entrada inversora (-) de um AO são

amplificados com a fase invertida (180º).

Fig. 19

Fig. 20

25.4 Características de um AO

As características ou parâmetros de um AO são informações fornecidas pelos

fabricantes que possibilitam ao usuário determinar, entre diversos Aos, aquele que

se aplica a cada necessidade.

As características mais importantes de um AO são:

a) Impedância de entrada

b) Impedância de saída

c) Ganho de tensão em malha aberta

d) Tensão offset de saída

e) Rejeição de modo comum

f) Banda de passagem

As características de um amplificador operacional podem ser analisadas segundo

dois pontos de vista distintos: considerando o AO como IDEAL ou considerando-o

como REAL.

271

Os sinais aplicados à entrada não inversora (+) de um AO são

aplicados sem inversão de fase.

Fig. 21

Os fabricantes de amplificadores operacionais procuram continuamente desenvolver

novos circuitos cujas características se aproximam das ideais.

Por esta razão em cada uma das características faz-se uma comparação entre ideal

e real.

25.5 Impedância de Entrada

OBSERVAÇÃO

Para maior clareza os terminais de alimentação são omitidos nas figuras.

AO IDEAL – um amplificador operacional ideal deve apresentar impedância de

entrada infinita (Zi = ∝).

Uma impedância de entrada infinita atribui ao AO ideal uma característica

particularmente interessante.

As entradas de sinal não absorvem corrente (operando apenas com tensão, como

um FET).

Ii = como Zi = ∝ Ii = logo I = 0

AO REAL – Os amplificadores operacionais reais, construídos em forma de circuito

integrado têm uma impedância de entrada da ordem de vários megaohms (MΩ).

272

É a impedância que existe entre os

terminais de entrada do amplificador

operacional (denominada de Zi) (fig. 22).

Vi Zi

Vi ∝

Fig. 22

Devido ao alto valor de Zi os amplificadores operacionais reais em forma de circuito

integrado, podem ser considerados como ideais no que diz respeito à impedância de

entrada.

Esta aproximação do ideal permite que se admita que as entradas de um AO real

não absorvam corrente.

25.6 Impedância de Saída

AO IDEAL: Um amplificador operacional ideal deve apresentar impedância de saída

nula (zero Ω), ou seja, comporta-se como uma fonte de tensão ideal para a carga,

sem resistência interna (fig. 24).

273

As entradas de um AO não absorvem corrente, sendo

excitadas apenas pela tensão aplicada.

É a impedância do estágio de saída do

AO, denominada de Zo.

Á nível de circuito equivalente, a

impedância de saída pode ser

representada como um resistor em série

com o terminal de saída AO (fig. 23).

Fig. 23

Fig. 24

A ausência de impedância de saída permite que a tensão na saída de um AO ideal

dependa apenas dos sinais de entrada e da amplificação, sendo independente da

corrente solicitada pela carga (fig. 25).

AO REAL: Em um amplificador operacional real a impedância de saída existe,

podendo variar desde poucos ohms (ex. 5Ω) até valores como 1000Ω.

Através de recursos externos ao AO pode-se ainda, em alguns casos, reduzir a

impedância de saída para menos de 1Ω.

Esta impedância de saída atua como uma resistência interna provocando uma

queda na tensão de saída VO (fig. 26)

Desta forma se conclui que a tensão VO na saída de um AO real depende:

- Das tensões nas entradas

- Do ganho do AO

- Da corrente solicitada pela carga.

274

VO INDEPENDENTE DO

VALOR DA CORRENTE I0

VO = V - (IO . ZO)

QUEDA DE TENSÃO DEVIDA

A IMPEDÂNCIA DE SAÍDA

Fig. 25

Fig. 26

25.7 Ganho de Tensão Diferencial

O sinal a ser amplificado por um AO pode ser aplicado de três maneiras:

- Entre entrada inversora (-) e terra

- Entre entrada não inversora (+) e terra

- Entre as duas entradas (+) e (-) (fig. 27).

Quando o sinal é aplicado entre uma entrada e a outra o AO atua como

“AMPLIFICADOR DIFERENCIAL” amplificando a diferença entre as duas tensões de

entrada.

Nesta situação, o ganho obtido entre saída e entrada é denominado de GANHO DE

TENSÃO DIFERENCIAL.

O ganho de tensão diferencial pode ainda ser definido em “malha aberta” ou “malha

fechada”.

Nas folhas de dados os fabricantes fornecem o ganho de tensão diferencial em

malha aberta (Ad), que é amplificação fornecida pelo AO quando não há ligação

externa entre o terminal de saída e entrada (sem realimentação) (fig. 28).

275

Ganho de tensão diferencial é a amplificação proporcionada pelo

AO para a diferença de tensão (ou sinal) entre as entradas + e -.

Fig. 27

Fig. 28

Alguns autores representam o ganho diferencial em malha aberta pela notação AVOL.

AO IDEAL: O ganho de tensão diferencial em malha aberta de um amplificador

operacional ideal deve ser infinito (Ad =∝).

AO REAL: Os amplificadores operacionais modernos em geral apresentam um Ad

que varia entre 103 e 109. Este ganho normalmente é expresso em dB nos manuais

(dB = 20 . log ∆Vo).

∆Vi

O ganho propiciado por um AO pode ser diminuído desde o valor Ad (ganho

diferencial em malha aberta) até mesmo ao valor l se for necessário.

Esta redução no ganho é obtida pela realimentação, que são componentes externos

ao AO, interligando a saída com a entrada.

Esta é uma das características mais importantes de um AO: ganho em malha

fechada é definido somente pelos componentes externos que fazem a

realimentação.

276

Ganho de tensão diferencial em malha aberta (Ad) é a

amplificação fornecida pelo AO em um circuito sem

realimentação.

A figura 29 mostra um circuito amplificador com

AO e com componentes para realimentação

(malha fechada).

O ganho de um AO é definido externamente pelos componentes

que compõem a realimentação, até no máximo o valor Ad.

Fig. 29

25.8 Tensão de OFFSET de Saída

Um amplificador operacional deve amplificar os sinais aplicados as suas entradas.

Se as duas entradas estão a um potencial “zero” (aterradas através de resistores

iguais, por exemplo) a tensão de saída deve ser “zero” (fig. 30).

Qualquer valor de tensão, que esteja presente na saída de um AO que tem as

entradas aterradas (a zero volt), é denominada de tensão offset de saída.

AO IDEAL: Um AO ideal deve ter uma tensão de offset nula, ou seja, a saída deve

estar a “zero volt” se ambas as entradas estiverem ao potencial de terra.

AO REAL: Em geral, a tensão de offset dos AOs reais é da ordem de poucos

milivolts.

Alguns amplificadores operacionais têm terminais que possibilitam, através do

circuito externo, ajustar a tensão de saída para zero quando as entradas estiverem

ao potencial de terra. Este ajuste normalmente é denominado de OFFSET NULL.

A figura 31 mostra o símbolo de um AO com dois terminais específicos para ajuste

de OFFSET NULL.

277

Tensão offset de saída é a tensão presente na saída de um AO

quando suas duas entradas estão com potencial “zero”.

Fig. 30

25.9 Rejeição de Modo Comum

Quando as duas entradas do AO recebem sinal, o AO deve atuar como amplificador

diferencial, amplificando a diferença entre as duas tensões (fig. 32).

Aplicando-se o mesmo sinal às duas entradas a diferença entre as duas tensões

será sempre “zero” (fig. 33).

278

VO = AD . (VA – VB)

Ganho Diferencial

VA = VB logo

VA – VB = 0

Fig. 31

Fig. 32

Fig. 33

Assim sendo, a tensão de saída deve ser sempre zero, porque não há diferença a

ser amplificada.

Denomina-se de rejeição de modo comum (CMRR) a capacidade de um AO de não

amplificar tensões que sejam comuns às duas entradas. A rejeição de modo comum

também é conhecida como ganho de modo comum (AVCM).

AO IDEAL: Um amplificador operacional ideal deve ter uma rejeição de modo

comum infinita (CMRR =∝) amplificando apenas a diferença entre a tensão das duas

entradas.

Um exemplo facilita a compreensão da rejeição de modo comum.

Supondo-se um AO com ganho 100 em duas situações diferentes:

279

VO = Ad . (VA – VB) VO = Ad . 0 VO = 0V

SITUAÇÃO 1 SITUAÇÃO 2

VA = 1,1V

VB = 1,0V

VA – VB = 0,1V

VO = Ad . (VA – VB) = 10V

VA = 6,1V

VB = 6,0V

VA – VB = 0,1V

VO = Ad . (VA – VB) = 10V

Verifica-se que na situação 1 o AO rejeitou a tensão de 1V, amplificando apenas a

diferença (0,1V). Na situação 2 da mesma forma o AO rejeitou o valor comum às

duas entradas (6V) amplificando apenas a diferença (0,1V).

Este AO tem um CMRR = ∝

AO REAL: Um amplificador operacional real amplifica também as tensões comuns

aos dois terminais de entrada, mas com ganho muito menor (centenas de vezes

menores).

As mesmas situações usadas no AO ideal poderiam apresentar resultado diferente

em um AO real.

A diferença entre os dois valores de VO se deve ao fato de que o AO não rejeitou

completamente os valores de tensão comuns as duas entradas.

Obs: Os valores apresentados são apenas ilustrativos.

O valor de CMRR para os Aos reais é dado em dB.

280

VA = 1,1V

VB = 1,0V

VA – VB = 0,1V

VO = Ad . (VA – VB) = 10,01V

VA = 6,1V

VB = 6,0V

VA – VB = 0,1V

VO = Ad . (VA – VB) = 10,06V

SITUAÇÃO 2 SITUAÇÃO 1

25.10 Banda de Passagem

Os amplificadores operacionais podem apresentar um ganho diferencial (Ad) tão

grande quanto 100.000 ou 200.000.

Este ganho, entretanto, não é constante ao longo de toda a faixa de freqüências

amplificadas.

A figura 34 mostra o gráfico de ganho de um AO em função de freqüência

amplificada.

Por este gráfico se observa que até 5Hz o ganho decresce sensivelmente com o

aumento da freqüência até que em 1NHz o ganho atinja valor unitário.

Denomina-se banda de passagem a faixa de freqüência em que o ganho do circuito

se mantém até 70% do ganho máximo (que corresponde a –3dB em relação ao

máximo).

No caso da curva apresentada como exemplo o ganho máximo é de 106dB (200.000

vezes).

281

Fig. 34

A faixa de passagem vai até a freqüência em que o ganho é 103dB (140.000 vezes).

No gráfico exemplo, a banda de passagem vai de 0 até 7Hz aproximadamente (fig.

35).

Existem configurações de ligação do AO que permitem extender a banda de

passagem até centenas de quilohertz e até mesmo a megahertz no caso de alguns

Aos especiais.

25.11 O Amplificador Operacional 741

Um dos amplificadores operacionais mais utilizados na atualidade é o 741.

O campo de aplicação deste AO é tão extenso que um grande número de

fabricantes de circuitos integrados produz amplificadores operacionais com

características e designações praticamente idênticas (MA 741, LM 741, MC 741, SN

72741).

Uma análise comparativa entre o 741 e um AO ideal mostra que em muitas

características o 741 pode ser considerado como “ideal”.

282

Banda de passagem é a faixa de freqüência em que o ganho de um

circuito com AO se mantém até 70% do valor Ad.

Fig. 35

25.12 Comparação Entre Parâmetros

A tabela 1 faz uma comparação entre as características de um AO ideal e as

características do 741 (típicas).

CARACTERÍSTICA IDEAL 741

Impedância de entrada (Zi) ∝ 2MΩ

Impedância de saída (Zo) 0 75Ω

Ganho em malha aberta (Avol) ∝ 130dB (200000)

Rejeição de modo comum ∝ 90dB

Outras características do AO 741: Além das características internas importantes as

folhas de dados trazem especificações relativas aos fatores externos ao AO.

Estes valores são máximos e se excedidos podem danificar permanentemente o

dispositivo.

OBSERVAÇÃO

As características apresentadas correspondem ao AO LM741.

NOTA 1 – máxima tensão que pode ser aplicada entre uma entrada (inversora ou

não inversora) e o terra. Em qualquer caso, não deve exceder a tensão de

alimentação.

283

Tensão de Alimentação: ± 22V

Dissipação de potência: 500mW

Tensão de entrada (Nota 1): ± 15V

Tensão de entrada diferencial (Nota 2): ±30V

Duração de curto circuito na saída (Nota 3): indefinida

Temperatura máxima de operação: 0ºC a 70ºC

NOTA 2 – máxima tensão que pode ser aplicada entre duas entradas (inversora e

não inversora).

NOTA 3 – o AO LM 741 tem um circuito interno de proteção contra sobrecarga.

25.13 Ajuste de OFFSET de Saída do 741

A figura 36 mostra a dissipação dos terminais do 741 nos encapsulamentos circular

e DIL.

Os dois terminais indicados com a designação OFFSET NULL são utilizados para

correção do offset na tensão de saída, através de circuito externo.

A figura 37 mostra o AO 741 com o circuito externo necessário para o ajuste da

offset da tensão de saída.

284

Fig. 36

Fig. 37

26 CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA DE UM AO

O ganho de um AO em malha aberta (sem realimentação) é altíssimo, atingindo

valores de ordem de 10000 ou mais.

Isto significa que se aplicando uma diferença de 10 milivolts entre as duas entradas

a tensão de saída será, por exemplo:

VS = (VA . VB)Ad VO = 0,01 . 10000 = 100V

(VA – VB) = 10Mv VO = 100V

Entretanto, como a maioria dos Aos é alimentada a partir de fontes de baixa tensão

(± 15V, por exemplo), a tensão de saída nunca sobe além do valor de alimentação

(fig. 1).

Quando a tensão de saída de um AO atinge um valor igual (ou próximo) à tensão de

alimentação, diz-se que o AO atingiu a SATURAÇÃO.

Como um AO é alimentado por tensões simétricas, a saturação pode ocorrer para a

tensão de saída positiva ou negativa. Estas situações são chamadas de saturação

positiva e saturação negativa.

285

VO = (VA – VB) . Ad

VO máx = : ± 15V

SATURAÇÃO é a situação em que a tensão de saída de um AO atinge o

seu valor máximo para uma determinada tensão de alimentação.

Fig. 1

Na prática, a saturação sempre fica um pouco abaixo da tensão de alimentação. Por

exemplo:

± VCC = 15V - VCC = -15V

As figuras 2 e 3 mostram as duas situações de saturação.

Quando maior foi o ganho em malha aberta (Ad) de um AO menor será a tensão

entre as entradas para leva-lo a saturação.

Colocando-se em gráfico o comportamento do AO obtém-se o resultado mostrado na

figura 4.

286

Saturação positiva 13V

Saturação negativa -13V

VO = Vi . Ad VO = 0,015V . 10000 = 15V

VO limitada a + 8,5V

SATURAÇÃO POSITIVA

VO = Vi . Ad VO = 0,015V . 10000 = 15V

VO limitada a –8,5V

SATURAÇÃO NEGATIVA

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

Este gráfico é denominado de “CARACTERÍSTICA DE TRANSFERÊNCIA DO AO”.

Neste gráfico, usado como exemplo, enquanto a tensão entre as entradas está

abaixo de 15V (positivos ou negativos) a tensão de saída obedece a equação VO =

Vi. Ad correspondendo a uma versão amplificada do sinal Vi.

Considerando em um comportamento linear aberta seja constante, a equação é de

1º grau resultando em um comportamento linear (reta inclinada) na região central da

característica de transferência.

Devido à linearidade de saída em função da tensão de entrada, esta região é

denominada de “região linear”.

Um AO funcionando como amplificador deve trabalhar somente na região linear,

onde a tensão VO é uma réplica amplificada da tensão Vi.

A figura 5 mostra a característica de transferência de um AO com as três regiões de

funcionamento.

26.1 Ampliação da Região de Operação Linear de um OP AMP

Devido ao alto ganho de malha aberta a região linear de um AO é muito estreita,

situando-se entre alguns milivolts positivos e negativos (fig. 6).

287

Um amplificador de sinais com AO deve funcionar na região

linear da curva característica de transferência.

Fig. 5

Isto significa, por exemplo, que se um AO sem realimentação fosse usado como

amplificador de sinais, o sinal de entrada teria que estar limitado a poucos milivolts.

Entretanto, a região linear de operação de um AO pode ser ampliada através da

redução do ganho do AO usando de realimentação negativa.

A realimentação negativa consiste em retornar uma parte do sinal de saída para a

entrada inversora, através do circuito externo.

A figura 7 mostra um AO com um divisor de tensão externo (R1 e R2) que faz a

realimentação negativa.

Supondo-se, por exemplo, um circuito com ganho de tensão AV = 100 (estabelecido

por R1 e R2 externos) e alimentado por ± 15VCC (fig. 8).

288

Fig. 6

Fig. 7

A tensão VO está limitada aos valores ± 13V aproximadamente. Para que se obtenha

± 13V na saída com um circuito com ganho 100 faz-se necessário aplicar ± 0,013V a

sua entrada.

Comparando-se as características de transferência de um AO em malha aberta e em

malha fechada com ganho 100 se verifica a ampliação da região linear de alguns

molivolts até 130mV (no exemplo) (figs. 9 e 10).

289

VO = Vi . AV

0,13V . 100 = + 13V

- 0,13V . 100 = - 13V VO = Vi . AV

Fig. 8

Fig. 9

Os gráficos mostram como a redução do ganho permite um aumento da região

linear.

Os circuitos que usam Aos na região linear são chamados de “circuitos linear”.

Como exemplo desses circuitos, citam-se:

- Amplificador inversor

- Amplificador não-inversor

- Seguidor de tensão

- Somador

- Subtrator

290

Fig. 10

27 AMPLIFICADOR INVERSOR

O amplificador operacional possui uma entrada de sinal inversora que permite sua

utilização como amplificador de sinal com inversão de fase de 180º entre saída e

entrada (fig. 11).

Para que o AO opere na região linear faz-se necessário acrescentar a malha

realimentação negativa ao circuito.

A figura 12 mostra a configuração de um amplificador inversor com AO (foram

omitidas e os terminais de alimentação para maior clarezas da figura).

27.1 Ganho do Amplificador Inversor

O ganho (AV) do amplificador inversor depende apenas dos componentes da malha

realimentação.

291

Fig. 11

Fig.12

Esta dependência pode ser comprovada com base numa análise do circuito.

Faz-se necessário, nesta análise, considerar a impedância de entrada do AO do

amplificador ideal (infinita).

Admitindo-se que a impedância de entrada é infinita, define-se que a entrada do

sinal não absorve corrente do circuito externo (fig. 13).

Uma vez que não há circulação de corrente na entrada do AO a queda de tensão na

impedância de entrada é nula (fig. 14).

Verifica-se que tanto a entrada não-inversora (aterrada) como a inversora tem

potencial de “OV”. Embora a entrada inversora (-) não esteja ligada fisicamente ao

terra, seu potencial é nulo (fig. 15).

292

V2 = 0

V1 = Ii . Zi como Ii = 0

V1 = OV

Fig. 13

Fig. 14

Este ponto é denominado de terra virtual do AO (fig. 16).

Ao aplicar-se uma tensão à entrada do amplificador inversor circula uma corrente no

resistor R1. Como se o terra virtual a “0V”, o valor desta corrente é dado pela lei de

Ohm (fig. 17).

293

O potencial nas entradas de um AO é tão pequeno que pode ser

considerado como nulo. As entradas correspondem a um TERRA

VIRTUAL.

I = Vi R1 Vi = I . R1

Fig. 15

Fig. 16

Fig. 17

Uma vez que a entrada do AO não absorve corrente, a mesma que circula no

resistor R1 passa através de R2 (fig. 18).

O resistor R2 está ligado entre a saída do circuito e o terra virtual (0V) de forma que

a queda de tensão em R2 é igual a tensão de saída VO. Esta tensão pode ser

calculada pela lei de Ohm:

Como se dispõe das equações do VO e Vi pode-se determinar a equação do ganho

no circuito amplificador inversor.

O sinal de menos a frente da expressão indica a inversão de fase (180º).

Simplificando o termo “I”, comum ao denominador e numerador, tem-se a equação

pronta.

294

VO = I . R2

AV = - VO Vi

AV = - I . R2 I . R2

GANHO DA TENSÃO DO

AMPLIFICADOR INVERSOR

AV = - R2_

R1

Fig. 18

A equação mostra que o ganho do circuito depende dos componentes que compõem

a malha de realimentação.

A figura 19 mostra um amplificador inversor com ganho –10 (10 com inversão de

fase).

O resistor R3 não influencia no ganho e seu valor deve ser igual ao paralelo R1 e R2.

27.2 Impedância de Entrada do Amplificador Inversor

Admitindo-se que o terminal de entrada inversora é um terra virtual, a impedância de

entrada do circuito (Zi) será o próprio valor de resistor onde se aplica o sinal (fig. 20).

295

AV = RO = - 10K Ri 1K AV = - 10

R3 = R1 . R2 R1+R2

Zi = R1

Fig. 19

Fig. 20

27.3 Impedância de Saída do Amplificador Inversor

A impedância de saída (ZO) do amplificador inversor é sempre muito menor que

impedância de saída do próprio AO.

ZO (amplificador) << ZO (operacional)

Valores típicos de ZO são menores que 1.

27.4 Amplificador Não-inversor

Para a obtenção de um amplificador não-inversor utiliza-se a entrada não-inversora

do AO, o que resulta em VO em fase com Vi (fig. 21).

A malha de realimentação (R2 e R1) é necessária para manter o AO na sua linear de

funcionamento.

• Ganho de amplificador não-inversor

O ganho (AV) do amplificador não-inversor normalmente é determinado

considerando-se o AO como ideal:

- Impedância de saída ZO = 0Ω

- Impedância de entrada Zi =∝

296

Fig. 21

- Ganho diferencial Ad = ∝

Com estas aproximações, que não prejudicam o resultado prático, a equação do

ganho do amplificador não-inversor é:

Nesta equação dois aspectos são importantes:

- A ausência do sinal negativo, que indica que o sinal de saída está em fase

com o sinal de entrada;

- Se R2 >> R1 (R2 muito maior que R1) a equação pode ser reduzida a AV = R2 . R1

• Impedância de entrada do amplificador não-inversor

No amplificador não-inversor o sinal de entrada é aplicado diretamente à entrada

não-inversora do AO. Desta forma, a impedância de entrada (Zi) é a própria

impedância de entrada do AO.

Zi (amplificador) = Zi (do manual do AO)

• Impedância de saída do amplificador não-inversor

A impedância de saída (ZO) do amplificador não-inversor também é sempre menor

que a impedância de saída do próprio AO (ZO).

ZO (amplificador) << ZO (do manual do AO)

Os valores típicos são menores que 1Ω.

297

GANHO DE TENSÃO DO

AMPLIFICADOR NÃO-INVERSOR AV = (1 + R2) R1

27.5 Amplificador Seguidor de Tensão

O circuito seguidor de tensão, também conhecido como BUFFER, é um amplificador

de ganho de tensão = 1.

O seguidor de tensão é um tipo particular de amplificador não-inversor. A figura 23

mostra o circuito seguidor de tensão com AO.

Aplicando-se a equação do ganho de tensão (AV) do amplificador não inversor ao

circuito seguidor de tensão tem-se:

AV = 1 +

Como R2 é um curto e R1 é a impedância de entrada inversora (R2 = 0Ω ; R1 = ∝)

AV = 1 + 0 ∝

298

R2 R1

Fig. 22

Fig. 23

27.6 Impedâncias do Seguidor de Tensão

Em termos de impedância o circuito seguidor de tensão se comporta como o

amplificador não inversor.

Zi = impedância de entrada do AO

Z0 tipicamente menor que 1Ω.

Por esta razão o circuito seguidor é usado como casador de impedância.

27.7 Circuitos Aritméticos com AO

São circuitos com amplificador operacional capaz de realizar operações aritméticas.

Dentre eles destacam-se:

a) somador

b) subtrator

a) Circuito Somador: o somador é um circuito com amplificador operacional capaz de

fornecer na saída uma tensão igual a soma das tensões aplicadas nas entradas.

A figura 24 mostra um circuito somador de duas entradas.

299

GANHO DE CIRCUITO

SEGUIDOR DE TENSÃO AV = 1

Fig. 24

Considerando-se que a entrada inversora não absorve corrente e que o ponto A no

circuito é um terra virtual, pode-se analisar o comportamento do somador.

Aplicando-se duas tensões (V1 e V2) nas entradas circularão as correntes I1 e I2

cujos valores são:

I1 = V1 e I2 = V2 (fig. 25). R1 R2

As correntes I1 e I2 se somam no nó A e circulam através do resistor R3, uma vez

que a entrada do AO não absorve corrente (fig. 26).

A tensão de saída é dada pela lei de Ohm:

VO = -(I1 + I2) R3 ou VO = -(I1 . R3) + (I2 . R3)

Se os valores de R1, R2 e R3 são iguais, tem-se:

VO = -( I1 . R) + (I2 . R3)

Como I1 . R = V1

I2 . R = V2

300

Fig. 25

Fig. 26

A tensão de saída é numericamente igual a soma de V1 e V2, porém com sinal

negativo devido ao uso da entrada inversora.

Se for necessário obter as somas de V1 e V2 com o sinal correto pode-se usar um

amplificador inversor com ganho 1 após o somador (fig. 27).

Deve-se tomar cuidado quando uma das tensões a ser somada for negativa, pois a

corrente desta entrada será diminuída das demais (fig. 28).

O circuito somador pode ser constituído com qualquer número de entradas (fig. 29).

301

VO = - (V1 + V2)

VO = - [V1 + (-V2)]

VO = - [V1 - V2]

Fig. 27

Fig. 28

27.8 Somador com Pesos Diferentes

Quando o somador tem todos os resistores iguais, todas as tensões têm peso igual.

Entretanto, quando isto não acontece, deve-se usar outra equação para determinar

a tensão de saída (fig. 30).

Nesta equação, os valores RA, RA,......, RA, representam o ganho (peso) dado pelo R1 R2 Rn circuito a cada entrada.

27.9 Circuito Subtrator

O AO pode ser utilizado para a obtenção de um circuito que realiza a subtração

entre tensões. O efeito de subtração é obtido aplicando uma tensão na entrada

inversora e outra não-inversora.

302

R1 = R2 = R3 = ... = Rn

VO = - (V1 + V2 + V3 + ... + Vn)

VO = - (V1 . RA ) + (V2 . RA) + ... + (Vn . RA ) R1 R2 Rn

Fig. 29

Fig. 30

A figura 31 mostra o circuito subtrator.

Se todos os resistores forem de igual valor, a tensão de saída dos circuitos será

dada por:

VO = - (V2 – V1)

O sinal negativo indica a inversão do sinal do resultado da subtração e pode ser

eliminado da mesma forma que no circuito somador.

Este tipo de circuito pode ainda ser construído de tal forma que R1 = R2 e R3 = R4.

Neste caso, o circuito realiza a subtração e amplifica o resultado conforme a razão

R4 / R1. A equação do circuito se torna:

V = R4 (V2 - V1) para R4 = R3 e R2 = R1 R1

Nesta condição o circuito é conhecido como amplificador diferencial, pois amplifica a

diferença entre as duas tensões aplicadas.

303

Fig. 31

28 SENSORES

Para as áreas de eletricidade e eletrônica, o termo sensor se aplica a todo o

dispositivo ou componente capaz de transformar uma grandeza física (ou sua

variação) em uma grandeza elétrica.

Assim, por exemplo, é denominado de sensor de luminosidade um componente

capaz de transformar uma variação de intensidade luminosa em variação de

resistência elétrica.

Existem realmente componentes eletrônicos que são sensíveis à luz. Estes

componentes são ditos “FOTOELÉTRICOS ou FOTOSSENSÍVEIS”.

Sendo sensíveis à luz, os componentes fotoelétricos podem ser utilizados como

sensores de:

- Existência ou não-existência de luz: utilizado principalmente para a contagem

de objetos;

- Nível de iluminamento: utilizado em fotômetros para os processos

fotográficos;

- Variação de iluminamento: utilizado, por exemplo, para o controle automático

da iluminação em rodovias, para a detecção de objetos pela cor, etc...

Entre os componentes fotoelétricos citam-se:

A) LDR

B) Fotodiodo

C) Fototransistor

A) LDR

304

O LDR ou resistor dependente da luz (do inglês Light Dependent Resistor) é um

componente constituído à base de material semicondutor que se caracteriza por

apresentar uma resistência variável em função da intensidade da luz incidente.

Talvez por ser um dos componentes sensíveis à luz mais antigos, o LDR é

conhecido por uma série de designações, dentre as quais as mais usuais são:

fotoresistor, fotocélula, célula fotoelétrica.

As figuras 3, 4 e 5 mostram o formato construtivo típico de uma fotocélula e os

símbolos usados usualmente para representá-la.

Os LDR’s apresentam uma resistência elevada quando colocados no escuro e

sofrem uma redução de resistência à medida que a incidência de luz sobre o

componente aumenta.

Os valores de resistência dos LDR’s no escuro e no claro variam de tipo para tipo,

com variações típicas que vão desde alguns Megaohms no escuro até algumas

centenas de ohms em ambientes com grande intensidade de luz.

Um aspecto importante é que a variação da resistência de um LDR em função da luz

NÃO É LINEAR, conforme mostra a curva característica típica da figura 6.

305

Resistência elétrica dependente da intensidade

da luz incidente. LDR

Fig. 3 Fig. 4 Fig. 5

As figuras 7 e 8 mostram as curvas de sensibilidade espectral dos fotoresistores de

sulfeto de cádmio e de sulfeto de chumbo, comparando com a faixa da radiação

visível (curvas tracejadas).

O LDR pode ser utilizado em um divisor de tensão de forma que o resultado seria

uma tensão de saída dependente da intensidade luminosa (fig. 9).

306

Fig. 6

Fig. 7 Fig. 8

Este divisor associado, por exemplo, a um disparador Schmitt poderia ser utilizado

para comandar uma lâmpada que só acenderá a noite (fig. 10).

Embora a tensão de entrada varie vagarosamente à medida que o ambiente

escurece ou clareia, o disparador Schmitt se encarrega de chavear corretamente o

relé que aciona a lâmpada.

Uma das vantagens do LDR em relação aos outros sensores sensíveis à luz reside

no fato de que, apesar de ser semicondutor, não tem junções PN de forma que pode

ser utilizado em CA.

307

TENSÃO VARIÁVEL EM FUNÇÃO DA INTENSIDADE

LUMINOSA

Fig. 9

Fig. 10

Outra vantagem é a sua sensibilidade que a torna particularmente interessante em

locais onde o nível de iluminação é baixo.

Sua maior desvantagem reside no tempo de resposta

O LDR apresenta um tipo de “memória luminosa” que retarda a variação de

resistência do componente sempre que a célula estiver exposta a uma certa

quantidade de luz por algum tempo.

Isto limita a faixa de funcionamento em freqüência à, no máximo, algumas centenas

de Hertz.

B) Fotodiodo

A indicação do anodo ou catodo varia de tipo para tipo, de forma que a maneira mais

prática de identificar os terminais é através do catodo do fabricante ou do teste com

o multímetro.

A aplicação de luz no fotodiodo provoca a liberação de portadores nos cristais,

ocasionando um aumento na corrente reversa.

308

É um diodo fabricado em encapsulamento especial que

permita a incidência de luz sobre a junção PN.

Geralmente o encapsulamento é metálico e possui uma

lente para a concentração da luz sobre a junção (fig. 11).

O fotodiodo é utilizado normalmente com

polarização inversa. Nesta situação a corrente

circulante é uma corrente de fuga (fig. 12).

FOTODIODO Corrente reversa proporcional a intensidade

luminosa incidente no componente.

Fig. 11

FOTODIODO

Fig. 12

A figura 13 mostra a curva característica típica de um fotodiodo (apenas na região de

utilização com polarização inversa).

Nesta curva característica está representada a corrente circulante no fotodiodo sem

a presença de luz. Esta corrente, denominada de corrente de escuro, é muito

pequena, mas sempre existe.

Para verificar o comportamento do fotodiodo perante a variação da intensidade

luminosa pode-se traçar uma perpendicular sobre a curva característica, passando

por um determinado valor de tensão reversa (fig. 14).

309

Fig. 13

Fig. 14

Conforme mostram as linhas tracejadas, a aplicação de uma tensão de 15V reversos

resulta em uma corrente reversa de:

- 45µA para 400 lux de intensidade luminosa (ponto A no gráfico);

- 85µA para 800 lux de intensidade luminosa (ponto B);

- 170µA para 1600 lux de intensidade luminosa (ponto C).

É importante observar que a variação da corrente reversa se situa na faixa dos

microampéres.

Para que esta pequena variação de corrente possa dar origem a variações de

tensão apreciáveis costuma-se utilizar o fotodiodo em série com resistores de valor

elevado (na faixa das dezenas a centenas de KΩ) (fig. 15).

Um aspecto importante a considerar é que a corrente de fuga também depende da

temperatura do diodo, o que pode causar problemas quando um fotodiodo é utilizado

em locais onde a variação de temperatura é muito ampla.

A figura 16 mostra a curva de sensibilidade espectral de um fotodiodo de germânio,

comparada com a faixa visível (linha tracejada).

310

Fig. 15

Os fotodiodos têm maior sensibilidade em relação a outros dispositivos opto-

eletrônicos sendo muito utilizado em aplicações em que a intensidade luminosa seja

muito variável e podem alcançar freqüência de corte da ordem de 50KHz.

A maior desvantagem dos fotodiodos reside na pequena corrente de saída, mesmo

quando sujeito a uma grande taxa de iluminação.

C) Fototransistor

Os fototransistores são transistores que apresentam um encapsulamento que

permite a incidência de luz sobre os cristais semicondutores.

A figura 17 mostra dois tipos de encapsulamento típicos para fototransistores.

Conforme mostra esta figura, a construção e os terminais de um fototransitor são

similares a de um transistor convencional.

311

Fig. 16

O funcionamento do fototransistor tem como base o fato da junção base-coletor, que

sempre é polarizada inversamente, se comportar como um fotodiodo.

A incidência de luz sobre o “fotodiodo base-coletor” dá origem a uma corrente

reversa (semelhante a ICBO) que é amplificada beta (β) vezes no coletor. Esta

corrente é proporcional a intensidade luminosa à qual o transistor está sujeito.

Portanto, pode-se dizer:

A figura 19 mostra a curva característica de um fototransistor típico.

Nestas curvas a corrente de base (dos transistores convencionais) foi substituída

pelo iluminamento.

312

O símbolo de um fototransistor é o mesmo de um

transitor convencional, acrescido das setas que

indicam a sensibilidade à luz (fig. 18).

A corrente de coletor do fototransistor é proporcional às variações de

intensidade luminosa sobre o componente.

Fig. 19

Apesar de possuir o terminal-base como qualquer outro transistor este raramente é

utilizado, sendo mais comum a excitação somente através da luz (fig. 20).

Caso seja necessário, no entanto, alterar a tensão de coletor para um determinado

iluminamento, é possível polarizar a base da mesma forma que um transistor

convencional (fig. 21).

Este método, contudo, reduz a sensibilidade do circuito.

Os fototransistores têm freqüência de corte mais baixa que os fotodiodos, situando-

se tipicamente em alguns quilohertz.

313

Fig. 20

Fig. 21

Existem fototransistores fabricados especialmente para trabalhar em conjunto com

diodos emissores de luz (LED).

O transistor e o diodo formam um par casado em que o comprimento de onda

emitido pelo diodo é o ideal para o funcionamento do fototransistor.

Este tipo de utilização tornou-se tão popular que foram criados os fotoacopladores

que são constituídos por um diodo LED e um fototransistor em um encapsulamento

tipo circuito integrado (figs. 22 e 23).

Devido à alta isolação elétrica existente entre o LED e o fototransistor (acoplamento

apenas por luz), os fotoacopladores são muito utilizados como elo de ligação entre

os estágios onde existem CC e CA.

28.1 Termistores

São componentes semicondutores cuja resistência elétrica varia com a temperatura.

São utilizados toda a vez que se necessitar transformar uma variação de

temperatura em um sinal elétrico.

A figura 24 mostra o aspecto típico destes componentes e os símbolos.

314

ASPECTO REAL SÍMBOLO

Fig. 22 Fig. 23

Fig. 24

Os termistores podem ser utilizados tanto em CC quanto em CA.

A) Termistor PTC

É um termistor com coeficiente de temperatura positivo (Positive Temperature

Coeficiente), ou seja, a resistência aumenta com a elevação da temperatura.

A figura 25 ilustra o comportamento de um termistor PTC.

Observa-se entre 70º e 100º o comportamento típico do PTC.

315

Termistor PTC Aumenta a temperatura

Aumenta a resistência

Fig. 25

Cada PTC tem uma faixa de temperatura onde existe grande variação de resistência

em função das variações de temperatura. É nesta faixa que se situa a aplicação

ideal do termistor.

B) Termistor NTC

É um termistor com coeficiente de temperatura negativo (Megative Temperatura

Coeficiente), ou seja, a resistência diminui com o aumento de temperatura.

A figura 26 mostra o gráfico típico de um NTC ilustrando a variação de resistência

em função da temperatura.

28.2 Aplicações dos Termistores

Os termistores, tanto NTC como PTC, podem ser utilizados de duas formas distintas:

a) Atuando como sensores, se comportando de acordo com a temperatura do

equipamento;

316

Termistor NTC Aumenta a temperatura

Diminui a resistência

Fig. 26

b) Atuando sobre o equipamento, de acordo com as condições de tensão ou

corrente do mesmo.

Como sensores de temperatura, os termistores são utilizados, por exemplo, para a

manutenção do ponto de operação de transistores (fig. 27).

Neste circuito um aumento de temperatura tende a provocar um aumento na

corrente de coletor (devido a ICBO). Entretanto, o aumento na temperatura provoca

uma redução na resistência do NTC, reduzindo o VBE do transistor e corrigindo o

ponto de operação.

Outro exemplo de aplicação dos termistores é o controle de temperatura (fig. 28).

317

Fig. 27

Fig. 28

A variação na temperatura do termistor (NTC ou PTC) provoca uma variação na

tensão aplicada à entrada do disparador Schmitt.

Através do relé acoplado ao disparador pode-se comandar resistências de

aquecimento ou aparelhos de refrigeração.

A outra forma de utilização geralmente utiliza o termistor em série com a carga, de

forma que a corrente de carga (ou parte dela) circule através do termistor.

Neste tipo de aplicação à própria dissipação de potência no termistor provoca o seu

aquecimento, fazendo variar a sua resistência.

Nos aparelhos de TV a cores existe uma bobina para a desmagnetização do tubo.

Ao ligar o aparelho, esta bobina deve produzir por alguns segundos um campo

magnético intenso que depois deve praticamente desaparecer.

Para que isto aconteça, a bobina de desmagnetização é conectada em série com

um PTC (fig. 29).

Ao ligar a alimentação, o PTC está frio e com baixa resistência. A corrente circulante

é intensa, produzindo o campo desmagnetizante.

A corrente da bobina circula através do PTC provocando uma dissipação que eleva

a temperatura do componente.

318

Fig. 29

Com a elevação da temperatura, a resistência do PTC aumenta, reduzindo a

corrente na bobina.

Após alguns segundos, o sistema atinge o equilíbrio com o PTC em alta resistência,

o que praticamente elimina o campo desmagnetizante que já cumpriu a sua função.

319

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SENAI.DN. Eletrônica básica. Rio de janeiro: SENAI, s.n.t.

SILVEIRA. George Cajazeiras. Notações de aulas, s.n.t.

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EQUIPE TÉCNICA

COORDENAÇÃO: Leônidas Fernandes Macedo Júnior

ELABORAÇÃO: George Cajazeiras Silveira

DIGITAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Sandra Lúcia Carvalho de Araújo

CORREÇÃO ORTOGRÁFICA: Rosângela Fátima Carvalho de Araújo

NORMALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA: Núcleo de Informação Tecnológica - NIT