efeitos principais e interação do ângulo colo - diáfise...

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0 UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA Efeitos principais e interação do ângulo colo - diáfise femoral e da atividade física no mineral ósseo de diversas regiões do fêmur proximal, em crianças de 10 a 12 anos de idade. Dissertação elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre na especialidade de Exercício e Saúde Orientadora: Professora Doutora Maria de Fátima Marcelina Baptista Júri: Presidente Professor Doutor Antonio Prieto Veloso Vogais Professor Doutor Paulo Alexandre Silva Armada da Silva Professora Doutora Maria de Fátima Marcelina Baptista CECILIA AYACO FRANCISCO 2012

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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA

FACULDADE DE MOTRICIDADE HUMANA

Efeitos principais e interação do ângulo colo -

diáfise femoral e da atividade física no

mineral ósseo de diversas regiões do fêmur

proximal, em crianças de 10 a 12 anos de

idade.

Dissertação elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre na especialidade

de Exercício e Saúde

Orientadora: Professora Doutora Maria de Fátima Marcelina Baptista

Júri: Presidente Professor Doutor Antonio Prieto Veloso Vogais Professor Doutor Paulo Alexandre Silva Armada da Silva

Professora Doutora Maria de Fátima Marcelina Baptista

CECILIA AYACO FRANCISCO

2012

Este trabalho foi realizado no âmbito do projecto PTDC/DES/115607/2009, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

…Ao meu avô João Francisco (in memorian), grande guerreiro autodidata que durante esse processo, sempre me visitava em pequenos recortes de lembrança

para me dar inspiração acima de tudo…

AGRADECIMENTOS

Aproveito esta oportunidade para frisar mais uma vez, gratidão a Deus

pelos meus amados pais João Francisco Filho e Luiza KaoruNakagaki Francisco,

mesmo de longe me fizeram sentir acompanhada, amparada e motivada com

suas palavras, orações, patrocínio e principalmente muito amor durante esta fase

em Portugal, país onde vivi uma fasecomplicada, embora tenha a plena certeza

que foi de muita importância para meu crescimento acadêmico, profissional,

espiritual, ou seja,em todos os âmbitos da minha vida. Agradeço meu irmão

querido João Issamu, assim como a doce Priscila Hubner com uma maneira

singela, porém, eficaz de se mostrarem presentes.Ao meu absoluto Clauton Silva,

que nas horas de infinita ansiedade e incerteza, com seu jeito simples me ajuda a

entrar novamente nos eixos. Obrigada pelo carinho, companhia, dedicação e

amor. Ao grupo de estudo da paróquia Nossa Senhora do Cabo, pela companhia

e orações nos meus sábados mais produtivos.

A todos os meus familiares que sempre me mostram o calor e o verdadeiro

valor do abraço da família, em especial a minha avó Cecilia Francisco, meus

padrinhos Norberto, Carmem, Emília, meus tios José Santos e Lucélia Santos e

minha amada prima-irmã Michele Sayuri.

Agradeço as minhas alunas que sempre foram como anjos me cercando

com alegria, entusiasmo e sorriso.Aos queridos amigos Lahis e Reimar, pelo

grande apoio e a minha querida amiga Inês Morais, pela força, amizade e zelo

quando mais precisei.

Agradeço a professora Drª Graça Cardadeiro pelo acompanhamento da

componente metodológica relativo à preparação, tratamento e análise de imagens

da pélvis.

Em especial agradeço à minha orientadora a Professora Doutora Fátima

Baptista pela confiança, cuidado, competênciae dedicação na realização deste

trabalho. É um privilégio ter a oportunidade neste início acadêmico, receber o

apoio e acompanhamento de toda a sua experiência e bagagem que realmente

me entusiasmaram.

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS TABELAS E QUADROS .............................................. IV

LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................. V

RESUMO.......................................................................................................... VI

ABSTRACT ..................................................................................................... VII

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ......................................... 8

1.1 Introdução .................................................................................................................. 8

1.2 Definição do Problema ............................................................................................ 9

1.3 Âmbito do Estudo ......................................................................................... 9

1.4 Pressupostos ................................................................................................ 9

1.5 Limitações ....................................................................................................10

1.6 Hipóteses ..................................................................................................... 11

1.7 Pertinência do Estudo .................................................................................. 11

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA .................................................. 13

2.1 Mineral Ósseo ..............................................................................................13

2.2 Fêmur Proximal e Ângulo Colo-diáfise Femoral ..........................................15

2.3 Efeitos da Atividade Física na Saúde Óssea. ..............................................22

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ..................................................................... 24

3.1 Concepção Experimental .............................................................................24

3.2 Selecção da Amostra ...................................................................................24

3.3 Instrumentos e Procedimentos ....................................................................25

3.3.1 Avaliação da Atividade Física ................................................................28

3.3.2 Avaliação da Composição Corporal ......................................................28

3.3.3 Cálculo da Área do Trocânter, Intertrocânter, Colo do Fêmur e Área de Ward ...............................................................................................................29

3.3.4 Avaliação da Maturação Biológica .........................................................30

3.4 Análise Estatística ........................................................................................30

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................. 32

4.1 Caracterização da amostra ..........................................................................32

4.2 Efeitos Principais e Interação do Ângulo Colo-diafisário Femoral e da Atividade Física no Mineral e Área Óssea .........................................................36

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES ........... 39

5.1 Recomendações ..........................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 40

ÍNDICE DE FIGURAS TABELAS E QUADROS

Figura 1: Critérios para Diagnóstico da Osteoporose

15

Figura 2: Fêmur Proximal

16

Figura 3: Representação da Força de Compressão Total sobre a Articulação

da Anca

18

Figura 4: Tipos de Fratura no Fêmur Proximal

19

Figura 5: Ângulo Colo-diafisário Femoral

20

Figura 6: Determinação do Ângulo Colo-diáfise Femoral e Comprimento do

Fêmur

27

Figura 7: ROI Total

29

Figura 8: Efeitos principais e Interação entre a atividade física e o ângulo colo-diáfise femoral no conteúdo mineral ósseo (CMO) e na área óssea do trocânter, intertrocânter e colo do Fêmur

38

Tabela 1: Músculos que atuam na articulação da anca

17

Tabela 2: Valores de corte para acelerometria em crianças de 10, 11 e 12 anos

28

Quadro 1. Caracterização da amostra de acordo com o ângulo colo-diáfise femoral e sexo: idade, maturação biológica, composição corporal e atividade física

33

Quadro 2. Caracterização da amostra de acordo com o ângulo colo-diáfise femoral e sexo: ângulo colo-diáfise femoral, comprimento da diáfise femoral, largura da pélvis, área e conteúdo mineral ósseo das três regiões do fêmur proximaL

35

Quadro 3. Efeitos principais e interação do ângulo colo-diáfise femoral e da atividade física na área e conteúdo mineral ósseo das três regiões do fêmur proximal, ajustados para a altura corporal, maturação biológica, massa magra e sexo

37

0

LISTA DE ABREVIATURAS

AF- Atividade física

CAD – Colo ângulo-diafisário

CF–Coeficiente de fiabilidade

CMO – Conteúdomineral ósseo

DMO – Densidade mineral óssea

DIAInf – Diâmetro inter-acetabular inferior

DXA – Densitometria radiológica de dupla energia

ETM- Erro técnico de medida

IMC – Índice de massa corporal

MG–Massa gorda

PVA – Pico de velocidade em altura

RESUMO

Objetivo: O presente estudo analisou os efeitos principais e a interação do

ângulo colo-diáfise femoral e da atividade física no mineral ósseo de diversas

regiões do fêmur proximal, em crianças de 10 a 12 anos de ambos os sexos.

Métodos: A análise do ângulo colo-diáfisefemoral foi realizada através de

morfometria geométrica em 115 participantes. A atividade física habitual foi

avaliada por acelerometria. A composição corporal e o mineral ósseo de três

regiões do fêmur proximal (colo, trocânter e intertrocânter) foram avaliados por

densitometria de raio-x de dupla energia. Resultados: Depois de ajustar para a

altura corporal, maturação biológica, massa magra e sexo, foi observado um

efeito da atividade física na mineralização das três regiões do fêmur (p<0,05) e

na área óssea do trocânter (p=0,009). Não se verificou qualquer efeito

significativo do ângulo colo-diáfise femoral no mineral ou área óssea das

regiões óssea estudadas. Observou-se, todavia umatendência para uma maior

mineralização do trocânter nas crianças mais ativas e com maior ângulo colo-

diáfise femoral (p=0,072).Conclusão:A atividade física tem um efeito

importante na mineralização das diversas regiões do fêmur proximal e este

efeito poderá ser eventualmente mais acentuado na região do trocânter em

sujeitos com maior ângulo colo-diáfise femoral.

Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia

(PTDC/DES/115607/2009).

PALAVRAS-CHAVE:ACELEROMETRIA, ATIVIDADE FÍSICA, ÂNGULO COLO-

DIAFISE FEMORAL, CRIANÇAS, FÊMUR PROXIMAL, MINERAL ÓSSEO.

ABSTRACT

Objective: This research investigated the main and the interaction effects of the

neck shaft angle and the physical activity in the mineral bone content at

different regions of the proximal femur, in children with 10 to 12 years old from

both sexes.Methods: The analysis of the neck shaft angle was donethrough

geometric morphometry in 115 participants. The habitualphysical activity was

evaluated through accelerometry. The body composition and the bone mineral

content and area from three different regions of the proximal femur (neck,

trochanter and intertrochanter) were evaluated through dual energy x-ray

absorptiometry. Results:After adjusting for body height, sexual maturation, lean

body mass and sex, we observed an effect of physical activity in the

mineralization of the three regions of the femur (p <0.05) and trochanter bone

area (p = 0.009). There was no significant effect of femoral neck-shaft angle in

mineral and bone area of the bone regions studied.There was however a trend

towards greater trochanter bone mineral content in more active children with

higher femoral neck-shaft angle (p = 0.072). Conclusion: Physical activity

revealed an important effect on the bone mineral content of various regions of

the proximal femur, and this effect could possibly be more pronounced in the

region of greater trochanter in subjects with higher femoral neck-shaft angle.

This work was funded by the Portuguese Foundation for Science and

Technology (PTDC/DES/115607/2009).

KEYWORDS:ACCELEROMETER, PHYSICAL ACTIVITY, NECK SHAFT

ANGLE, CHILDREN, PROXIMAL FEMUR, BONE MINERAL CONTENT.

8

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

1.1 Introdução

A osteoporose atinge silenciosamente milhões de pessoas em todo o

mundo, principalmente as mulheres pós-menopáusicas e pessoas idosas

(Berend et al. 2006; Branco, 2009). A estimativa é de que pelo menos uma em

cada três mulheres acima dos 50 anos apresentam ossos fragilizados devido a

esta doença ósteo-metabólica. A osteoporose é caracterizada pela diminuição

da densidade mineral óssea com deterioração da sua microarquitetura. A

fragilidade óssea, consequência desta doença, promove as fraturas ósseas

(Branco et al., 2009). Os locais mais comuns de fratura consequentes da

osteoporose são a coluna vertebral, o colo do fêmur e o punho (Orcel & Funck-

Brentano, 2011).

Embora não seja a mais comum, o tipo de fratura osteoporótica mais

perigosa é a do colo do fêmur, por ser a mais incapacitante e por vezes mortal.

Aproximadamente 20% das pessoas com fratura do colo do fêmur acabam por

falecer, 50% apresentam algum tipo de perda funcional e/ou motora e somente

30% dos doentes obtêm recuperação funcional para os níveis anteriores à

fratura. A maioria requer cuidados assistenciais de longo prazo (Rocha et

al.,2008; Branco et al., 2009). Sendo o fêmur proximal uma região crítica,

procurámos neste estudo, analisar os efeitos principais e a interação do ângulo

colo-diáfise femoral e da atividade física no mineral ósseo de diversas regiões

do fêmur proximal.

O impacto econômico das fraturas da anca na saúde pública deve-se ao

elevado custo dos tratamentos. No ano2000 registaram-se em Portugal cerca

de 8500 fraturas do fêmur proximal com um custo superior a 50 milhões de

euros segundo informação da Fundação Internacional de Osteoporose. Em

2006 a Direção Geral de Saúde revelou que o país gastou 52 milhões de euros

com este problema.

É sabido que a densidade mineral óssea (DMO) do adulto é herança

9

dainfância e adolescência, pois é nessa fase que se deposita a maior

quantidade de mineral ósseo (Campos et al., 2004; Soyka et al., 2000). No

processo de crescimento, devem-se promover intervenções que otimizem os

ganhos na mineralização, não esquecendo que é também de extrema

importância a manutenção da massa na idade adulta (Kemmler et al. 2010;

Cadore et al., 2005).Das ações capazes de influenciar a massa óssea,

destaca-se a atividade física como meio de desenvolvimento e manutenção da

massa e resistência ósseas (Cadore et al., 2005, Kemmler et al, 2004; Turner,

2003; Srinivasan, 2002;). Para promover a massa óssea é importante a

exposição a cargas mecânicas (Ruschel et al., 2010). Todavia, o potencial da

carga mecânica relacionado com a atividade física para a maximização do pico

de massa óssea poderá ser mais ou menos limitado de acordo com a

individualidade das características biológicas, donde se destaca neste estudo a

geometria do esqueleto, mais específicamente o ângulo colo-diafisário femoral.

1.2 Definição do Problema

Neste estudo pretendeu-se analisar os efeitos principais e a interação do

ângulo colo-diafisário femoral e da atividade física no conteúdo mineral ósseo

(CMO) e na área óssea de diversas regiões do fêmur proximal, em crianças de

10 a 12 anos de ambos os sexosjá que a carga mecânica associada à

atividade física influencia a saúde óssea(Nordin, 2003; Seeman et al., 2008).

1.3 Âmbito do Estudo

É importante nos estudos com a atividade física e a mineralização ou o

metabolismo ósseo a utilização de metodologias que quantifiquem a carga

mecânica à qual o esqueleto está exposto, de equipamentos e técnicas que

forneçam dados de mineralização óssea, mas também de análise morfométrica

uma vez que a geometria do esqueleto pode condicionar a carga mecânica à

qual o osso é exposto.

1.4 Pressupostos

10

Pressupõe-se que os participantes do estudo eram saudáveis conforme

questionário aplicado para verificar o estado de saúde e obter informações

relativas ao historial de doenças, fraturas, atividade física, medicamentos ou

suplementos que pudesseminfluenciar a mineralização óssea.Pressupõe-se

que a avaliação da atividade física efetuada neste projeto, revelevalores da

rotina real das crianças, já que foram analisados quatro dias, dois dias de

semana e dois dias de fim de semana, mesmo com as limitações de

sensibilidade do aparelho (Freedson, 2005).

1.5 Limitações

O acelerômetro tem a sensibilidade restringida aos movimentos de

locomoção, deve-se considerar que a atividade física de crianças envolve como

características específicas, outras formas de deslocação como a bicicleta ou a

patinagem. Por outro lado o acelerômetro não reflete a atividade física face às

inclinações do terreno e não pode ser utilizado em atividades na água (Trost et

al, 1998). Adicionalmente, a avaliação objetiva da atividade física pode

promover a reatividade, ou seja, as pessoas avaliadas poderem alterar o seu

comportamento habitual devido aavaliação à que se encontram submetidas

(Dencker, 2008).

Uma vez que as imagens extraídas através do DXA para a análise

morfológica do fêmur apresentam uma baixa resolução, as medidas obtidas

para o ângulo colo-diáfisário femoral podem não ter sido as mais exatas.

O fato de o questionário de saúde ser respondido pelas próprias

crianças pode ter sido uma limitação deste estudo, tendo em vista que este

tinha o objetivo obter informações importantes na seleção da amostra

comoexemplo as fraturas sofridas ou a ingestão de

algummedicamento/suplemento que podia interferir na mineralização óssea. As

crianças que sofreram algum tipo de fratura ou lesão recordavam-se do

ocorrido, mas os que tomavam algum tipo de medicamento, nem sempre

sabiam dizer qual era.

A ausência do cálculo da fiablilidade da medidão do ângulo colo-

diafisário femoral através da estimação do erro técnico de medição constitui

11

uma limitação deste estudo (Rothwell, 2000).

1.6 Hipóteses

Hipótese 1: Não existe qualquer efeito do ângulo colo-diáfise femoral no

tamanho e no grau de mineralização de diversas regiões do fêmur

proximal, nomeadamente no colo do fêmur, no trocânter e no

intertrocânter em crianças de 10-12 anos de idade de ambos os

gêneros.

Hipótese 2: Não existe qualquer efeito do da atividade física no tamanho e no

grau de mineralização de diversas regiões do fêmur proximal,

nomeadamente no colo do fêmur, no trocânter e no intertrocânter.

Hipótese 3 Não existe qualquer interação entre o ângulo colo-diáfise femoral

e a atividade física no tamanho e no grau de mineralização de

diversas regiões do fêmur proximal, nomeadamente no colo do

fêmur, no trocânter e no intertrocânter.

1.7 Pertinência do Estudo

Grande parte dos estudos realizados sobre o ângulo colo-diafisário

femoral, pretenderam verificar se a predominância de fraturas dependia de

maiores ou menores ângulos, comparar o fêmur direito com o esquerdo

(Mourão e Vasconcelos, 2001), comparar esta medida entre homens e

mulheres (Trinkaus et al., 1998)e entre pessoas com e sem fratura (Alonso et

al., 2000), normalmente em pessoas adultas, mulheres pós-menopáusicas e

idosos.

É evidentea influencia da atividade física na mineralização do esqueleto

(Maiomounet al., 2011; Ruschel et al., 2010; Cadore et al., 2005), porém,

estudos recentes analisaram igualmente o efeito da atividade física na própria

distribuição da massa óssea (Cardadeiro et al., 2011; Gregory et al, 2008), sem

que fosse considerada como variável moderadora a morfologia do esqueleto.

12

Os estudos sobre o ângulo colo-diafisáriofemoral tem sido de descrição,

de comparação ou de discriminação entre pessoas com e sem fratura, não

existindo estudos que relacionem o ângulo colo-diafisáriofemorale aexposição

àcarga mecânica na quantidade de mineral ou área óssea do fêmur proximal.

Por outro lado a idade da amostra,que se encontra em crescimento e

desenvolvimento ósseotambém é relevante, tendo em vista intervenções

focadas na maximização do pico de massa óssea de forma a prevenir doenças

e fraturas osteoporóticas.Não foram encontrados estudos sobre o ângulo colo-

diáfise femoral e a atividade física como determinantes (ou não) do mineral

ósseo em crianças com idade escolar.

13

CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Mineral ósseo

O crescimento e o desenvolvimento do esqueleto do ser humano

ocorrem de modo individualizado, mas de um modo geral são influenciados por

fatores genéticos, hormonais, do envolvimento com a prática da atividade

física,ingestão do cálcio, nutrição e exposição adequada à luz solar (Silva et al.,

2004: Marwaha et al., 2011; Caroli et al., 2011).

No crescimento dos ossos longos como no fêmur, ocorre a ossificação

endocondral. Nesses ossos, duas regiões principais sofrerão a ossificação: a

diáfise e as epífises. Entre a diáfise e a epífise existe uma região cartilaginosa

que possibilita a ocorrência constante da ossificação, levando à formação de

mais osso, promovendo assim o crescimento (Monemdjou, 2011). Da ação

conjunta dos osteoblastos que “formam” e dos osteoclastos que “reabsorvem” o

osso, surge o crescimento linear e radial de um osso, que é o processo de

(re)modelação resultante do balanço entre a formação e a reabsorção ósseas

(Rochefort et al., 2010). Este mecanismo mantém-se ao longo da vida e

constitui uma função essencial que também assegura o equilíbrio do

metabolismo do cálcio, do fósforo e a reparação de microdanos do esqueleto

(Chappard, 2010; Silva et al., 2008, Guedes, 2000).

Nos anos de crescimento há uma predominância da formação sobre a

reabsorção óssea, na fase adulta ocorre umequilíbrio entre estes dois

processos e por voltados 40 anos verifica-seuma predominância da reabsorção

em detrimento da formação óssea, sobretudo nas mulheres após a menopausa

(Silva, 2004). De realçar que a remodelação é fundamental na homeostasia do

cálcio, já que o osso é a principal fonte de cálcio do organismo (Mackowiak,

2011).

14

A massa óssea na idade adulta resulta do balanço entre o pico de

massa óssea obtido no final da maturação do esqueleto e a taxa de perda

óssea posterior (Teti, 2011). O pico de massa óssea é atingido entre 20 e 30

anos e depende em cerca de 60 a 80% dos fatores genéticos (Mora, 2003). O

pico de velocidade de deposição do CMO acontece cerca de dezoito meses

após o PVA, tanto nos rapazes como nas raparigas (Heaney, 2000).

É de grande interesse a possibilidade de potencializar o aumento da

massa óssea durante os anos de crescimento, de forma a maximizar o pico de

massa óssea na idade adulta jovem (Barros et al., 2008).

Em oposição ao aumento ou ganho de mineral ósseo durante os anos

de crescimentoverifica-se diminuição ou perda de mineral ósseocom o

envelhecimento. A osteoporose é diagnosticada como uma diminuição

significativa da massa óssea, expressa através da DMO, quando os valores de

DMO são inferiores a -2,5 desvios padrões (figura 1) tendo como referência a

DMO em idade jovem de pessoas do mesmo sexo. (Kanis, 2002)

Figura 1:Critérios para diagnóstico da osteoporose

A função da atividade física em caso de diagnóstico da osteoporose em

mulheres pós-menopausicas ou em homens com mais de 50 anosé a de

amenizar a perda de CMO, já que nesta nestas idades é difícil promover

15

ganhos de CMO. O ideal será,portanto,maximizar o crescimento e

desenvolvimento ósseosnos anos de crescimento e prevenir a possível

deterioração e risco de fratura óssea durante o envelhecimento.

2.2 Fêmur Proximal e Ângulo Colo-diáfise Femoral

O fêmur proximal está suscetível a inúmeros distúrbios ao longo do ciclo

de vida, muitos dos quais relacionados com variações na morfologia

(Stepacher et al., 2008; Doherty et al., 2008).Neste contexto, desenvolveram-se

diversas pesquisas que procuraram identificar medidas relevantes da

geometria do fêmur proximal através de medidas lineares e angulares (Paul et

al., 2009).

A geometria do fêmur proximal pode definir ou predizer as fraturas

ósseas quando associadaà DMO.Foram por exemplo relatadas incidências

mais baixas de fraturas ósseas devido a diferenças na geometria do fêmur

proximal entre indivíduos de diferentes etnias (Nelson et al., 2011).

O fêmur proximal compreende a cabeça,que representa dois terços de

uma esfera, duas saliências volumosas denominadas grandetrocânter e o

pequenotrocânter, o colo do fêmur está entre a cabeça e os trocânteres.A

cabeça femoral é sustentada pelo colo femoral que assegura a junção com a

diáfise (Sobotta, 2000) (Figura 2).

O colo do fêmur é considerado a parte mais fraca do fêmur por ter uma

constituição significativa de osso trabecular ou esponjoso (comparativamente

ao osso cortical) e possuir um diâmetro menor em relação às demais regiões

do fêmur (Hall, 2000). O eixo do fêmur é dirigido obliquamente para baixo e

para dentro, apresentando uma ligeira torção sobre este eixo.

O fêmur proximal é constituído essencialmente por osso esponjoso,

coberto por uma fina camada de osso compacto. As trabéculas que compõem o

osso esponjoso são alinhadas de maneira a transferir a carga exercida sobre a

cabeça para a diáfise do fêmur e para o joelho. A diáfise é cilíndrica e tubular

constituida sobretudo de osso compacto (Guedes, 2000).

16

Figura 2:Fêmur proximal

A morfologia do fêmur proximal pode ser caracterizada pelos pontos de

inserção de vários músculos (Tabela 1). Os músculos que atuam no fêmur são

os glúteos (máximo, médio e mínimo), os adutores (magno, curto e longo), os

vastos (intermédio, lateral e médio), o iliopsoas, a cabeça curta do bíceps e as

cabeças mediais e laterais do gastrocnêmio. Estes músculos tendem a causar

deformidades em caso de fratura (Hall, 2000).

Tabela 1: Músculos que atuam na articulação da anca

ACÇÃO MÚSCULOS

FLEXÃO

Íliopsoas / Sartório / Reto femoral / Tensor da fáscia lata / Adutor magno

EXTENSÃO

Glúteo máximo / Semitendinoso / semimembranoso / Bíceps femoral / Adutor magno

ABDUCÇÃO

Tensor da fáscia lata / Sartório / Glúteo médio / Glúteo mínimo / Piriforme / Obturador interno / Gémeos superior e inferior

ADUCÇÃO

Pectíneo / Adutor longo, curto e magno / Grácil

ROTAÇÃO INTERNA

Glúteo máximo e mínimo / Tenso da fáscia lata

ROTAÇÃO EXTERNA

Glúteo máximo / Piriforme / Obturador interno / Quadrado da coxa / Gémeo superior e inferior

A articulação coxo-femoral ou da anca é formada pela articulação

entre a cabeça do fêmur e o acetábulo e constitui uma das articulações mais

estáveis do corpo humano devido à sua composição e configuração anatômica,

à orientação das trabéculas, à força e à orientação da cápsula e dos

ligamentos habituais e à força dos músculos Peri-articulares e da fáscia (Lee,

2001).

Uma das características da articulação coxo-femural é a função de

suporte de peso do corpo e de locomoção assumida pelo membro inferior. A

17

força resultante do peso corporal é aplicada sobre o braço de alavanca traçada

entre o centro de gravidade corporal e o centro da cabeça do fêmur (Figura

3).A força transmitida nessa alavanca provém de um ângulo de

aproximadamente 165º a 170º, independente da posição da pélvis(Turek,

1991).

Figura 3: Representação da força de compressão total sobre a articulação da anca.

Na marcha a estimativa de carga recebida na cabeça femoral é de

aproximadamente 236% o peso corporal, que aumenta consideravelmente

durante a descida de escadas para 260% (Teixeira et al., 2008).

Consequentemente, o aumento do peso corporal e da atividade

física,contribuem de forma significativa para sobrecarregar a articulação da

anca.

Quando a carga aplicada ao fêmur proximal é superior à sua resistência

ocorrem fraturas ósseas. A maior porcentagem de fraturas por diminuição da

resistência óssea (osteoporose) não ocorre no fêmur proximal, mas noutras

regiões do esqueleto. Este tipo de fraturas representa, no entanto uma taxa de

mobilidade e de mortalidade significativa (Balderston, 1996).

A fratura da anca quase sempre requer hospitalização e cirurgia e pode

resultar em morte, por complicações do pós-operatório. Aproximadamente 25%

dos doentes com mais de 50 anos morrem no primeiro ano após a cirurgia na

anca (Cunha & Veado, 2006). Em adultos 90% das fraturas da anca ocorrem

no colo do fêmur e no intertrocânter. A incidência de sofrer uma fratura na anca

é 2 a 3 vezes maior nas mulheres do que nos homens e o risco de sofrer uma

18

fratura dobra a cada 10 anos a partir dos 50 anos de idade (Evans

andMcGrory, 2002).

Dos diferentes tipos de fraturas que podem ocorrer no fêmur proximal,

destacam-se as fraturas do colo do fêmur, as subtrocantéricas e as

trocantéricas. As fraturas do colo de fêmur são situadas entre a cabeça e a

área trocantérica. Subdividem-se em subcapitais e transcervicais.As fraturas

subtrocantéricas ocorrem abaixo do limite inferior do pequeno trocânter e as

fraturas trocantéricas são situadas na área limitada acima pela linha

intertrocantérica e abaixo pelo limite distal do pequeno trocânter (Figura 4).

Figura 4:Tipos de fratura no fêmur proximal

Algumas evidências têm surgido revelando que o ângulo colo-diáfise

femoral aumentado está relacionado com incidência de fraturas. Gnudi et al.,

(2011), em um estudo longitudinal de cinco anos em 729 mulheres pós-

menopáusicas, tentou identificar a previsão de fratura incidente do fêmur

proximal baseando-se nos dados da DMO do colo do fêmur e do ângulo colo-

diáfise. Nesta amostra, o ângulo colo-diáfise foi eficaz em predizer o risco de

fratura em conjunto com a DMO.

O ângulo colo-diafisário é definido pela união do eixo do colo do fémur

com o eixo da diáfise femoral, que direciona o fêmur medialmente e para baixo

(Hall, 2000). Trata-se de um ângulo que varia com a idade, o sexo e a

maturação óssea. Mede no recém-nascido cerca de 150⁰ ediminui com o

crescimento (Sobotta, 2000; Trinkaus, et al., 1998) para cerca de 125⁰ na

pessoa adulta (Sobotta, 2000; Paul et al., 2009). Este ângulo favorece a ação

dos músculos inseridos nesta região propiciando maior torque muscular

Intertrocantérica Transcervical Subcapital Subtrocantérica Grande Trocânter Pequeno trocânter

19

(Gardner et al 1988).Quando o ângulo está aumentado favorece o torque

muscular no movimento adutor e quando o ângulo está diminuído favorece o

torque muscular dos músculos abdutores.

Algumas pesquisas admitem que o ângulo colo-diafisário é menor em

mulheres do que em homens e menor em idosos do que em indivíduos mais

jovens. As diferenças nesse ângulo determinam classificações anatômicas

importantes (Kopf-Mayer, 2006) (Figura 5).

Normal 125º Valga> 136º Vara <120º

Figura 5: Ângulo colo-diafisário femoral

Quando esse ângulo é diminuído denomina-se coxa vara e quando é

excessivo denomina-se coxa valga. Na coxa vara pressupõe-se um

encurtamento do membro inferior, aumento da efetividade dos abdutores,

menor exposição á carga na cabeça do fêmur e maior exposição á carga no

cólo femoral. Essa posição vara dará aos abdutores do quadril uma vantagem

mecânica necessária para contrapor as forças produzidas pelo peso corporal.

O resultado é uma redução na carga imposta na articulação da anca e uma

redução na quantidade de força necessária para contrapor a força do peso

corporal (Hamil, et al. 1999).

Na coxa valga o aumento do ângulo faz com que haja além do aumento

do comprimento do membro, uma redução da efetividade dos abdutores do

quadril, aumento da carga sobre a cabeça femoral e redução de carga sobre o

cólo femoral.

Parece haver uma relação entre fraturas e ângulo colo-diafisário

aumentado em mulheres e homens idosos.O ângulo colo-diafisário também

20

tem sido estudado com o intuito de verificar se esse dado associado à DMO

pode prever o risco de fratura. Na investigação de Pulkkinen et al., (2010)

pretendia-se verificar se o T-score da DMO teria a capacidade para prever

fraturas docolo do fêmur e trocantéricas. Além disso, examinaram-se medidas

geométricas, como o ângulo colo-diafisáriofemoral e o comprimento do eixo do

colo do fêmur, comoinformações adicionais sobre a avaliação do risco de

fratura do quadril nos casos de fraturas em pacientes com T-score> -2,5. O

tamanho da amostra foi de 97 participantes, sendo 57 doentes e 40 saudáveis.

O estudo sugere que o risco de fraturas trocantéricas poderia ser previsto com

base no T-score de <-2,5 desvios padrão enquanto os casos de fratura do colo

do fêmur não poderiam ser previstosse fosse utilizado apenas este critério. Em

vez disso, os fatores de risco geométricos foram capazes de discriminar casos

de fratura do colo do fémur, mesmo entre indivíduos com T-score> -2,5. Para

fraturas do colo do fémur e trocantéricas combinadas, a DMO e as medidas

geométricas contribuíram independentemente para a discriminação de fratura

do fêmur proximal, embora os investigadores tenham indicado que os

resultados precisam ser confirmados com uma amostra maior, de preferência

em um estudo prospectivo.Num outro estudo semelhante, a geometria do osso

desempenhou uma função relevante na avaliação do risco de fratura (Pulkkinen

etal, 2004).

Gnudi et al., (2002) estudando a geometria do fêmur proximal como

meio de detectar e distinguir fraturas do colo femoral de fraturas trocantéricas

em mulheres na pós-menopausa, encontrou evidências de que a média do

ângulo colo-diáfisário femoral e o comprimento do eixo do colo do fêmur foram

maiores em pessoas com fraturas no colo femoral. Os investigadores

verificaram uma associação da DMO com fraturas do fêmur proximal e

apoiaram a evidência de que a geometria proximal do fêmur desempenha um

papel significativo apenas na previsão de fraturas do colo do fêmur, já que o

ângulo colo-diafisário femoral foi o melhor parâmetro de discriminação entre os

participantes com e sem fratura.

Tuck, et al. (2011), em um estudo com resultados controversos, avaliou o

ângulo colo-diafisário femoral em homens com diferentes tipos de fraturas por

21

fragilidade,no Reino Unido. Os autores não observaram diferenças no ângulo

colo diafisário femoralentre os indivíduos com fraturas na anca e os que não

apresentavam fraturas. O ângulo foi menor naqueles com fraturas vertebrais,

embora maior em pacientes com fraturas no antebraço distal. Os resultados

controversos sugerem que o ângulo colo-diafisário femoral não é um fator de

risco determinante em fraturas da anca em homens do Reino Unido.

Carlile et al., (2011) estudando o ângulo colo-diafisário femoral varo

(diminuído), em 179 pacientes, comparoua incidência de fraturas entre

pacientes com quadris varos e um grupo normal.Os investigadores não

observaram qualquer diferença significativa de fraturas do colo femoral entre os

grupos.Por sua vez,Unnanuntana et al., (2010)através da avaliação do fêmur

proximal utilizando fotografias digitais, observou uma pequena porém

significativa diferença entre homens e mulheres no ângulo colo-diafisário

femoral com as mulheres a apresentarem um ângulo inferior.

Um estudo japonês pretendeu analisar a morfologia do fêmur e a DMOe

a sua influência nas fraturas do colo do fêmur e nas fraturas trocantéricas

(Maedaet al., 2011).O autores verificaram a DMO de três regiões,

designadamente do colo do fêmur, do intertrocânter e da cabeça femoral

através de tomografia computadorizada quantitativa; as imagens foram também

utilizadas para determinar entre outras medidas, o ângulo colo-diafisário

femoral. Não foram encontradas diferenças significativas da DMO trabecular

entre os grupos nas três regiões do fêmur. Pacientes com fraturas trocantéricas

mostraram um menor ângulo colo-diafisário femoralem comparação com os

pacientes com fraturas do colo femoral.

O estudo de Trinkaus et al., (1998)observou que o grau de redução no

ângulo colo-diafisário femoral durante o crescimento estava associado ao nível

de atividade física habitual.Quanto maior era onível de atividade física maior

era a diminuição no ângulo colo-diafisário a partir do valor

neonatal.Relativamente ao sexo, o gênero femininorevelou maior ângulo colo-

diafisário femoral do que o gênero masculino, oque foijustificado pela menor

prática de atividade física das raparigas. Analisando a assimetria dos membros

inferiores, foi ainda evidenciadoum maior ângulocolo-diafisário no membro

22

inferior esquerdo.

2.3 Efeitos da Atividade física na saúde óssea.

Entre os diversos factores determinantes da massa óssea,a atividade

física constitui uma das variáveis fundamentais para promover e manter a

resistência óssea (Cadore, et al. 2005, Baptista et al., 2011). A Lei de Wolff

sobre a adaptação óssearefere que o osso adapta a sua forma externa e sua

arquitetura interna conforme a carga mecânica exercida sobre ele (peso

corporal, contração muscular voluntária e forças de reação – impactos) de uma

forma ordenada e previsível para adquirir a resistência ideal com o mínimo de

massa óssea.

As adaptações do esqueleto à carga mecânica exigem um período de

tempo relativamente longo devido ao lento processo de remodelação do tecido

ósseo. O ciclo de remodelação dura entre 3 a 4 meses para completar a

sequência de reabsorção, formação e mineralização, sendo necessário entre 6

a 8 meses para alcançar um novo equilíbrio de massa óssea, (Mundy, 1999).

Na infância e na adolescência a função da atividade física na massa

óssea é maximizar o pico de deposição óssea, enquanto na fase adulta a

atividade física é fundamental para a manutenção da massa óssea. As

recomendações do Colégio Americano de Medicina Desportiva de 2007 sobre

a relação da atividade física na saúde óssea para as crianças, defende que

devem ser promovidas as atividades aeróbias com impacto (pliometria e saltos)

de intensidade moderada e vigorosa e treinos de força com cargas adicionais

até 60% de da força máxima com uma frequência de três vezes semanais com

duração entre 10 a 20 minutos.

Baptista, et al, 2011, estudando o papel da massa magra (como

expressão das forças musculares) e da atividade física (como expressão das

forças de impacto) na saúde óssea em crianças, com idades compreendidas

entre 7 a 10 anos, depois de controlar para a idade óssea, massa corporal,

estatura e ingestão de cálcio, verificou-se que a massa magra foi o mais

importante preditor da área e/ oudo mineral ósseo em ambos os sexos. O colo

23

do fêmur foi a região do esqueleto mais associada com fatores de carga

mecânica e por isso a promoção da massa magra e da atividade física habitual

deve ser considerada nos programas de intervenção escolar ou outros.

Marco Gracia et al., (2011), investigou os níveis de atividade física que

melhor se associavam à DMO em 380 adolescentes saudáveis, categorizados

de acordo com a prática de menos de 60 minutos ou de 60 ou mais minutos por

dia de atividade física moderada e vigorosa. Os autores verificaram que menos

de 41 e de 45 minutos por dia atividade física moderada e vigorosa estavam

associadas a menorDMO no trocânter e colo do fêmur, respectivamente. Mais

de 78 minutos por dia de atividade física moderada e vigorosaestava associado

a maior DMO no colo do fêmur. Em relação à atividade física vigorosa, mais de

28 minutos/dia estava associado a maior DMO do intertrocânter e mais de 32

minutos/dia a maior DMO do cólo do fêmur.Este resultados revelam que a

quantidade de atividade física recomendada pelas instâncias internacionais

parece ser insuficiente para maximizar o pico de massa óssea.

Em contrapartida em um estudo que pretendia verificar a diminuição da

atividade física em adolescentes com fraturas de membros, Ceroni et al.,

(2011) confirma que a imobilização por períodos detempo prolongados pode

causar osteopenia, a resposta fisiológica do osso ao desuso. Neste estudo com

220 adolescentes com fraturas ósseas verificou-se uma com redução

significativa do nível de atividade física em comparação com um grupo controle

de adolescentes sem fratura. Estes dados devem ser um alerta para evitar

qualquer prolongamento desnecessário na imobilização devido a fraturas,

assim como para alertar para a perda óssea com o desuso.

Umestudotransversal (Ausili et al., 2011) que pretendia verificar o

impacto da atividade física, sexo, idade e puberdade na DMO com 359

crianças saudáveis entre 3 e 14 anos verificou um efeito positivo significativo

do sexo masculino e da massa magra na DMO. De se considerar que, embora

existam alguns esforços na tentativa de veriricar dados referentes à região

proximal do fêmur, essa região apresenta uma morfologia complexa, com

composição heterogênea, o que causa uma distribuição irregular das forças

dificultando a interpretação dos efeitos da atividade física nesta região do

24

esqueleto.

CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA

O estudo teve como objetivo analisar os efeitos principais e a interação

do ângulo colo-diáfise femoral e da atividade física no mineral ósseo de

diversas regiões do fêmur proximal, em crianças de 10 a 12 anos de ambos os

sexos. Neste capítulo apresenta-se a concepção experimental, a constituição

da amostra, os instrumentos e procedimentos utilizados, bem como os métodos

de análise estatística dos dados.

3.1 Concepção Experimental

O presente trabalho é um estudo descritivo transversal que procurou

analisar o ângulo colo-diáfisário femoral e a atividade física como variáveis

explicativas da variação de área e do conteúdo mineral ósseo de três regiões

do fêmur proximal com ajustamento para altura corporal, maturação biológica

massa magra e sexo.

3.2 Selecção da Amostra

Este estudo incluiu 115 participantes entre 10 e 12 anos, nomeadamente

60 raparigas e 55 rapazes de escolas do concelho de Oeiras que deram o seu

consentimento informado através dos seus encarregados de educação. Foram

incluídos apenas os participantes que realizaram as avaliações de todas as

variáveis solicitadas, designadamente, da composição corporal,da atividade

física e da maturidade biológica. Os critérios de inclusão exigiam que os

25

participantes fossem de raça caucasiana, não tivessem sofrido fraturas nos

membros inferiores e pélvis.

3.3 Instrumentos e Procedimentos

As imagens do fêmur para determinação do ângulo colo-diafisário foram

obtidas através de absorciometria de raio-x de dupla energia (DXA) (Hologic

Explorer, software version QDR for windons V. 12.4, Waltham, USA), de acordo

com a seguinte sequência dos procedimentos(Figura 6):

1. Definição da escala de medida: a partir de um objetometálico (4,4

cm) colocado na mesa de avaliação e scanarizado juntamente com o

participante a ser avaliado

2. Aumento da imagem obtida: a partir doajustamento do “zoom” de

modo a obter uma imagem que compreendesse o fêmur,a pélvis e o

objecto da escala de medida.

3. Cópia da imagem obtida para o programa “paint”: de modo a

separar o objecto de escala e a salvar a imagem em arquivo com

extensão TIFF.

4. Inserção de imagem com objecto de escala no programa Power

Point 2007: a partir das imagens de corpo inteiro obtidas por

DXA(copiadas através“Print Screen” e guardadas em extensão TIFF).

Cada uma das imagens foi posteriormente aberta em powerpoint para

inserir o elemento de escala, uma vez que o elemento de escala só foi

inserido na primeira avaliação/imagem tendo sido inserido

virtualmentenas restantes imagens depois de abertas em powerpoint.

5. Colocação das imagens em escala de cinza (grayscale) no

programa photoshop: de modo a queo programa específico de

análise de morfometria geométrica pudesse reconhecer a imagem;

ouseja, o arquivo precisa estar em extensão TIFF e em Grayscale.

26

6. Criação de um arquivo TPS: através doprograma TPS Utility que

compila as imagens de todos os participantes em um único arquivo.

7. Inserção de marcos anatômicos: através doprograma TPSDig2

(versão 5.0) para efetuar as medidas necessárias a este estudo .

8. Definição dos pontos médiosdo cólo e da diáfise femoral: para

definição dos respectivos eixos e posteriormente para definição do

ângulocolo-diafisário femoral.

9. Definição do ângulo cólo-diafisário através de ferramenta

específica.

10. Definição do comprimento do fêmur através de ferramenta

específica conforme objeto de escala.

27

Figura 6:Determinação do ângulo colo-diáfise femoral e comprimento do fêmur.

28

3.3.1 Avaliação da Atividade Física

A atividade física habitual foi avaliada através de acelerômetros

(Actigraph, model GT1M). Os dados foram recolhidos de maneira a reproduzir

a rotina habitual dos participantes. Para isso foram necessários quatro dias

consecutivos, sendo dois dias de semanae dois dias de fim-de-semana

(Freedson, 2005).Para validar a contagem era obrigatório cumprir pelo menos

10 horas de utilização por dia, em pelo menos três dias de utilização.

O tempo dispendido pelos participantes em cada nível de intensidade da

atividade física foi expresso em minuto e a intensidade média da atividade

física durante o período de registo foi expresso em impulsos (“counts”) por

minuto por dia. Os “counts” representam a unidade numérica produzida

peloacelerômetro num determinado intervalo de tempo; quanto maior o número

de impulsos numa determinada unidade de tempo (minuto) mais intensa é a

atividade física.

Os minutos em cada nível de intensidade da atividade física foram

obtidos através de valores de corte propostos por Trost et al. (2002) para as

diferentes idades estudadas:

Sedentarismo AF leve AF moderada AF vigorosa

10 anos ≤ 100 imp/min >100 e ˂1910 ≥1910 imp/min ≥4588 imp/min

11 anos ≤ 100 imp/min >100 e ˂2059 ≥2059 imp/min ≥4832imp/min

12 anos ≤ 100 imp/min >100 e ˂2020 ≥2020 imp/min ≥5094 imp/min

Tabela 2:Valores de corte para acelerometria em crianças de 10, 11 e 12 anos

Foi considerado sedentarismo todas as atividades que suscitaram

valores inferiores ou iguais a 100 impulsos por minuto e atividade física leve

todas as atividades acima deste valor e abaixo dos valores de corte defenidos

anteriormente para cada uma das idades dos 10 aos 12 anos.

3.3.2 Avaliação da composição corporal

A composição corporal foi analisada através de DXA. Foram efetuados

dois exames, um do corpo inteiro e outro do fêmur proximal conforme

29

recomendações padronizadas do fabricante. A partir destes exames o software

gerou resultados referentes à massa gorda, à massa magra ao conteúdo

mineral ósseo e a área das três regiões do fêmur proximal, nomeadamente,

trocânter,intertrocânter e cólo do fémur.

Para avaliação da altura corporal, utilizou-se um estadiômetro (SECCA-

aproximação 0,1 cm).A avaliação foi feita com o participante descalço, com a

cabeça no plano de Frankfurt, após inspiração. A medida foi efectuada desde o

vértex (ponto acima da cabeça no plano mediano sagital) até ao plano de

referência do solo. O peso foi obtido através da balança electrônica (SECCA –

aproximação 0,1 kg) com o participante em fato de treino e descalço. O IMC foi

calculado a partir da razão entre peso/altura (kg/m³).

3.3.3 Avaliação do Mineral Ósseo do Fêmur Proximal

O exame padrão de análise densitométrica do fémur proximal, envolve a

avaliação de três regiões principais de interesse, designadamente, o trocânter,

o colo do fémur e a região intertrocantérica (Figura 7).

Figura 7 Regiões de interesse do femur proximal avaliadas dpo absorciometria de raio-x de

dupla energia: 1-colo do fêmur, 2- trocanter, 3- intertrocanter.

O cólo do fémur é caixa de ~1,5 cm de altura x 4,1 cm de largura

centrada na região mais estreita do colo do fémur e perpendicular ao seu eixo.

O trocânter e o intertrocanter dizem respeito às regiões que ficam abaixo do

1

2

3

30

bordo inferior do colo do fémur separadas pela recta que vai do ponto de

intersecção da linha média com o final da região do colo do fémur, ao ponto de

inflexão da margem óssea lateral (Dunitz apud Santos, 2007).

3.3.4 Avaliação da Maturação Biológica

A avaliação da maturação biológica foi obtida através da estimação do

pico de velocidade em altura (PVA), a partirdo peso corporal, altura total, altura

sentada e comprimento da perna, de acordo com as equações de Mirwaldet al.

(2002).

Rapazes: Maturação = - 9.236 + (0.0002708 * comprimento da perna *

estatura sentado) - (0.001663 * idade * comprimento da perna) + (0.007216 *

idade * estatura sentado) + (0.02292 * peso / altura).

Raparigas: Maturação = -9.376 + (0.0001882 * comprimento da perna *

estatura sentado) + (0.0022 * idade * comprimento da perna) + (0.005481 *

idade * estatura sentado) – (0.002658 * idade * peso) + (0.07693 * peso /

altura).

Os resultadosdestas equaçõesindicam a distância a que o participante

se encontra relativamente ao pico de velocidade em altura estimado (PVA =

idade (anos) – idade cronológica).

3.4Análise Estatística

Para a análise estatística foi utilizado o software SPSS Statistics 19 e os

resultados expressos através da média e desvio padrão ou através da média e

do erro padrão de estimação em caso de análises ajustadas para a altura

corporal, maturação biológica, massa magra e sexo. A caracterização da

amostra, especificamente, a idade, composição corporal, nível de maturação,

atividade física e medidas geométricas e de mineralização do fémur proximal

foi efetuada separadamente por sexo e por dimensão do ângulo colo-diafisário

femoral. A comparação entre os grupos (rapazes vs. raparigas) foi efetuada

através de testes T para amostras independentes. Os efeitos principais e a

interação entre o ângulo colo-diáfise femoral e a atividade física no grau de

mineralização de diversas regiões do fêmur proximal, nomeadamente no colo

31

do fémur, no trocânter e no intertrocânter em crianças de 10-12 anos de idade

de ambos os gênerosfoi efetuada através da ANCOVA. A significância

estatística foi definida para um valor de p<0.05.

32

CAPÍTULO 4 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização da amostra

A caracterização da amostra, designadamente a idade, a idade do pico

de velocidade em altura, o estado maturacional através da distância ao pico de

velocidade em altura, assim como os dados de composição corporal e de

atividade física de acordo com o ângulo colo-diafisário femoral e sexo estão

expressos no quadro 1.

No grupo com menor ângulo colo-diafisário femoral (n=26 rapazes e 31

raparigas) verificou-se que embora a média da idade cronológica seja idêntica

entre os sexos, as raparigas apresentam valores superiores no peso (p=0,014),

na massa gorda (p=0,001), no IMC (=0,023) e na idade maturacional.Os dados

indicam que os rapazes alcançarão o pico de velocidade em altura (PVA) mais

tardiamente comparativamente às raparigas (p˂0,001), uma vez que no

momento da avaliação os rapazes estavam a 3,1±0,4 anos de alcançar o PVA

e as raparigas a 1,3±0,6 anos de atingir a idade do PVA (p˂0,001).

No grupo com maior ângulo colo-diafisário femoral (n= 29 rapazese 29

raparigas) foram observadas diferenças significativas entre estes dois grupos

no PVA (p˂0,001) revelando que os rapazes alcançarão o PVA mais

tardiamente com uma distância ao PVA de 2,7±0,6 anos enquanto as raparigas

apresentaram uma distância ao PVA de 1,37±0,5 anos (p˂0,001). Os dados da

atividade física indicam que os rapazes apresentam valores superiores aos das

raparigas na atividade moderada (p=0,018) e na atividade vigorosa (p=0,026).

33

Quadro 1. Caracterização da amostra de acordo com o ângulo colo-diáfise femoral e sexo: idade, maturação biológica, composição corporal e atividade física.

MENOR ÂNGULO

p

MAIOR ÂNGULO

p

Rapazes (26)

Raparigas (31)

Rapazes (29)

Raparigas (29)

Idade (anos) 10,2 ± 0,4 10,3 ± 0,6 0,429 10,2 ± 0,6 10,2 ± 0,4 0,433

Peso (Kg)

33,6 ± 6,5 38,6 ± 8,1 0,014 41,7 ± 12,1 38,8 ± 7,8 0,281

Altura (cm)

141 ± 6,1 144,4 ± 7,2 0,058 144,3 ± 7,8 144 ± 7,7 0,898

Massa gorda (%)

15,4 ± 5,9 22,5 ± 8,4 0,001 20,5 ± 10,8 22,9 ± 7,1 0,328

Massa magra (g)

26,2 ± 3,5 26,8 ±4,1 0.580 29.6 ± 5.4 27.5 ± 4.5 0.125

IMC (kg/m²)

16,8 ± 2,2 18,4 ± 3 0,028 19,9 ± 4,7 18,6 ± 2,9 0,215

PVA (anos)

13,3 ± 0,5 11,6 ± 0,5 ˂0,001 13,0 ± 0,6 11,5 ± 0,5 ˂0,001

Distância ao PVA (anos)

-3,1 ± 0,4 -1,3 ± 0.6 ˂0,001 -2,7 ± 0,6 -1,4 ± 0,5 ˂0,001

Sedentarismo (min/dia)

1046 ± 68 1040 ± 73 0,773 1040 ± 76 1058 ± 61 0,320

AF Leve (min/dia)

226 ± 37 246 ± 43 0,071 225 ± 38 237 ± 33 0,215

AF Mod (min/dia)

51 ± 14 45 ± 15 0,176 54 ± 17 44 ± 13 0,018

AF Vig (min/dia)

9,2 ± 4,7 7,1 ± 4,4 0,084 9,9 ± 6,3 6,7 ± 4 0,026

AF Total (min/dia) 424 ± 97 410 ± 120 0,636 441 ± 117 389 ± 93 0,066

IMC - Índice de Massa Corporal; PVA – Pico de Velocidade em Altura; AF –Atividade Física; AF mod – Atividade física moderada; AF Vig - Atividade física Vigorosa;

34

As variáveis ósseas da amostra estão apresentadas no quadro 2de

acordo com o ângulo colo-diafisário femoral e sexo. Nos grupos com menor

ângulo colo-diafisário femoral, nas raparigas, apresentaram valores superiores

no comprimento do fêmur (p=0,026), na distância interacetabular inferior

(p=0,034) e na área do trocânter (p=0,008).Nos grupos com maior ângulo colo-

diafisário femoral,a média do ângulo cólo-diafisário é superior nas raparigas

(p=0,013) e os rapazes demonstraram valores superiores da área e do

conteúdo mineral ósseo do colo do fêmur (p<0,05) e de conteúdo mineral

ósseodo intertrocânter (p=0,024).

35

Quadro 2. Caracterização da amostra de acordo com o ângulo colo-diáfise femoral e sexo: ângulo colo-diáfise femoral, comprimento da diáfise femoral, largura da pélvis, área e conteúdo mineral ósseo das três regiões do fêmur proximal.

MENOR ÂNGULO

p

MAIOR ÂNGULO

p

Rapazes (26)

Raparigas (31)

Rapazes (29)

Raparigas (29)

Ângulo CD (⁰)

134,2 ± 3,4 135 ± 3,6 0,399 142,7 ± 3,9 145,9 ± 5,3 0,013

Comp. Fêmur (cm)

23,8 ± 1,1 24,6 ± 1,3 0,026 24,2 ± 1,7 24,3 ± 1,7 0,900

Distância interacetabular inferior (cm)

10,6 ± 0,5 11± 0,9 0,034 10,8 ± 0,7 11,1 ± 0,9 0,190

Área Trocânter (cm2)

5,5 ± 1,3 6,4 ± 1,2 0,008 6,1 ± 1,5 6,3 ± 1 0,622

Área Intertrocânter (cm2)

13 ± 2,2 13 ± 2,0 0,982 13,8 ± 2,8 13 ± 1,8 0,165

Área Colo (cm2)

4 ± 0,3 4 ± 0,4 0,602 4,1 ± 0,4 3,9 ± 0,3 0,042

CMO Trocânter (g)

3,3 ± 0,9 3,7 ± 1,1 0,124 3,8 ± 1,3 3,7 ± 1 0,599

CMO Intertrocânter (g)

10,7 ± 2,2 10,2 ± 2,2 0,381 12 ± 3,5 10,2 ± 2,1 0,024

CMO Colo (g)

2,9 ± 0,4 2,7 ± 0,4 0,172 3,1 ± 0,5 2,7 ± 0,4 0,003

Ângulo CD – Ângulo entre o cólo e a diáfise femoral; Comp. Fêmur– Comprimento do fêmur; CMO – Conteúdo Mineral Ósseo.

36

4.2 Efeitos principais e interação do ângulo colo-diafisáriofemoral e da

atividade física no mineral e área óssea

Os resultados relativos aos efeitos principais e interação do ângulo colo-

diafisário femoral e da atividade física na área e conteúdo mineral ósseo das

três regiões do fêmur proximal, ajustados para a altura corporal, maturação

biológica, massa magra e sexo são apresentado no quadro 3. Não foram

observadas interaçõesdo ângulo vs. atividade física na área ou conteúdo

mineral ósseo das três regiões do fêmur, apesar de uma tendência para uma

interação entre estas variáveis no conteúdo mineral ósseo do trocânter

(p=0.072). Foi, todavia constatado um efeito principal da atividade física nas

variáveis ósseas dos participantes que realizavam mais atividade física,

apresentaram maior área do trocânter (p=0,009) e maior CMO do trocânter

(p=0,008), do intertrocânter (p=0,016) e do colo do fêmur (p=0,006).

Na figura 9, encontram-se os gráficos relativos a estas análises em que

a divisão dos grupos por ângulo colo-diáfisário femoral foi efectuado com base

num valor de corte de 139º e por atividade física com base num valor de corte

de 400 impulsos/minuto.

37

Quadro 3. Efeitos principais e interação do ângulo colo-diáfise femoral e da atividade física na área e conteúdo mineral ósseo das três regiões do fêmur proximal, ajustados para a altura corporal, maturação biológica, massa magra e sexo.

ÂNGULO COLO-DIÁFISE FEMORAL

ATIVIDADE FÍSICA

Interação

Menor ângulo

Maior ângulo

p

Menor Atividade

Física

Maior Atividade

Física

p

p

Área (cm2)

Trocânter

6,1 ± 0,1 6,1 ± 0,1 0,911 5,9 ± 0,1 6,3 ± 0,1 0,009 0,106

Intertrocânter

13,2 ± 0.2 13,2 ± 0,2 0,996 12,9 ± 0,2 13, 5 ± 0,2 0,082 0,657

Colo do fêmur

4,1 ± 0,0 4,0 ± 0,0 0,160 4,0 ± 0,0 4,0 ± 0,0 0,405 0,386

CMO (g)

Trocânter

3,6 ± 0,1 3,6 ± 0,1 0,982 3,4 ± 0,1 3,8 ± 1 0,008 0,072

Intertrocânter

10,7 ± 0,3 10,8 ± 0,3 0,778 10,3 ± 0,2 11,2 ± 0,2 0,016 0,766

Colo do fêmur 2,9 ± 0,0 2,8 ± 0,0 0,625 2,8 ± 0,0 2,9 ± 0,0 0,006 0,376

38

< ângulo > ângulo

CM

O d

o T

rocan

ter

(g)

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

4,0

4,2 < Actividade Física

> Actividade Física

< ângulo > ângulo

Áre

a d

oT

roca

nte

r (c

m2)

5,4

5,6

5,8

6,0

6,2

6,4

6,6

6,8 < Actividade Física

> Actividade Física

< ângulo > ângulo

CM

O d

o I

nte

r-tr

oca

nte

r (g

)

9,8

10,0

10,2

10,4

10,6

10,8

11,0

11,2

11,4

11,6

11,8

12,0 < Actividade Física

> Actividade Física

< ângulo > ângulo

Áre

a d

o I

nte

r-tr

oca

nte

r (c

m2)

12,2

12,4

12,6

12,8

13,0

13,2

13,4

13,6

13,8

14,0

14,2 < Actividade Física

> Actividade Física

< ângulo > ângulo

CM

O d

o C

olo

do

mu

r (g

)

2,65

2,70

2,75

2,80

2,85

2,90

2,95

3,00

3,05 < Actividade Física

> Actividade Física

< ângulo > ângulo

Áre

a d

oC

olo

(cm

2)

3,90

3,95

4,00

4,05

4,10

4,15

4,20 < Actividade Física

> Actividade Física

Valor de corte para o ângulo de 139º e para a atividade física de 400 impulsos/minuto.

Figura 8: Efeitos principais e Interaçãoentre a atividade física e o ângulo colo-diáfise femoral no conteúdo mineral ósseo (CMO) e na área óssea do trocânter, intertrocânter e colo do Fêmur.

39

CAPÍTULO 5 – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES

Considerando os principais objetivos do estudo, nomeadamente, a

análise dos efeitos principais e da interação do ângulo colo-diáfise femoral e da

atividade física no mineral ósseo de diversas regiões do fêmur proximal em

crianças de 10 a 12 anos de ambos os gêneros, podemos afirmar que a

atividade física é importante na mineralização das diversas regiões do fêmur

proximal e que este efeito poderá eventualmente (uma vez que a significância

estatística de 0,072 é “borderline”) ser mais acentuado na região do trocânter

em sujeitos com maiores ângulos entre o colo e a diáfise femoral.

Aos 10-12 anos de idade não foram observadas diferenças entre

rapazes e raparigas no que se refere ao ângulo colo-dafisário femoral

(raparigas: 140,24 ± 5,66 º vs. rapazes: 138,68 ± 7,09 º; p=0,199). É provável

que em idades mais avançadas, nomeadamente na idade adulta, estas

diferenças possam surgir em consequência do alargamento da bacia na

mulher, apesar do ângulo colo-diafisário femoral diminuir com a idade tanto no

sexo feminino como masculino (Sobotta, 2000; Trinkaus et al., 1998), ou pela

referida diferença de atividade física entre os sexos que habitualmente é

superior nos rapazes. Não observamos, todavia qualquer correlação entre o

ângulo do colo-diafisário femoral e as dimensões da bacia (dados não

mostrados no trabalho).

5.1 Recomendações

Para futuras investigações sugere-se um aumento do tamanho da

amostra.Se possível realizar estudo longitudinais com avaliaçõesanuais,para

acompanhar a evolução do ângulo colo-diafisário femoral, mineralização,

atividade física entre outros dados que possam ser relevantes, sugere-se ainda

a análise e comparação de medidas geométricas entre o fêmur direito e o

fêmur esquerdo.

40

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