efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Fisioterapia Juliane Alvarenga Rocha Merilyn de Paula Brandel EFEITOS A LONGO PRAZO DE UM PROGRAMA DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES RESPIRADORES BUCAIS Juiz de Fora 2011

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Page 1: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

Universidade Federal de Juiz de Fora

Faculdade de Fisioterapia

Juliane Alvarenga Rocha

Merilyn de Paula Brandel

EFEITOS A LONGO PRAZO DE UM PROGRAMA DE TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

RESPIRADORES BUCAIS

Juiz de Fora

2011

Page 2: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

Juliane Alvarenga Rocha

Merilyn de Paula Brandel

EFEITOS A LONGO PRAZO DE UM PROGRAMA DE TRATAMENTO

FISIOTERAPÊUTICO PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

RESPIRADORES BUCAIS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCCII)

apresentado a Faculdade de Fisioterapia

da Universidade Federal de Juiz de Fora,

como requisito parcial para a aprovação

na disciplina de Trabalho de Conclusão

de Curso II.

Orientadora: Prof.ª Rosa Maria de Carvalho

Juiz de Fora

2011

Page 3: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

Rocha, Juliane Alvarenga.

Efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico para crianças e adolescentes respiradores bucais / Juliane Alvarenga Rocha, Merilyn de Paula Brandel. – 2011.

55 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.

1. Fisioterapia. 2. Respiração bucal. I. Brandel, Merilyn de Paula. II Título.

CDU 615.8

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AGRADECIMENTOS

Juliane Alvarenga Rocha

Agradeço a Deus, meu criador e salvador, pelo SEU amor e fidelidade para comigo.

Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ELE toda honra e

glória.

Aos meus pais, Conceição e Edson, meu porto seguro, de onde recebi apoio

incondicional nessa empreitada. Agradeço por acreditarem e investirem no meu

sonho, pelo amor, conselhos, contribuíram de maneira inquestionável para que eu

conquistasse essa vitória. Amo muito vocês.

A minha querida tia Terezinha, pelo amor, compreensão e incentivo.

Aos meus irmãos, Edson Jr e Érika, eternos amigos, que sempre me incentivaram e

me encorajaram nesta jornada.

A minha orientadora e amiga querida, Rosa, pela dedicação, carinho, ensinamentos

e acima de tudo por ter me ensinado a amar ainda mais essa linda profissão.

A minha dupla Merilyn, pela dedicação, paciência e companheirismo, fundamentais

nessa jornada.

As minhas amigas queridas, Aline e Júlia, pelo carinho, incentivo, pelos momentos

de risadas, foram essenciais tornando essa jornada mais prazerosa e os meus dias

mais felizes. Amo vocês.

Ao Luiz Claudio pela paciência e cooperação.

A Andrea e a Carla, pela cooperação, suporte e incentivo na realização deste

projeto.

Ao Colégio de Aplicação João XXIII, pela atenção, pelo espaço cedido e pela

receptividade.

Às crianças e aos seus responsáveis, pela confiança e participação neste trabalho.

À banca formada pelas Professoras Érica e Isabel, pela atenção, pelos

ensinamentos se dispuseram a avaliar este trabalho.

Por fim, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para esta realização.

Page 6: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

AGRADECIMENTOS

Merilyn de Paula Brandel

Agradeço à Deus, pela vida, por estar sempre no meu caminho, iluminando e

guiando às escolhas certas.

Aos meus pais, Nilma e Sérgio, meus heróis, que sempre me incentivaram a

conquistar meus objetivos e me apoiaram nos momentos em que mais precisei,

sempre me dando toda a estrutura para que me tornasse a pessoa que sou hoje.

Ao meu irmão Sérgio, pelo apoio e cooperação.

À minha pessoa especial, por estar por perto me apoiando e torcendo pelo meu

sucesso.

Aos amigos, que sempre estiveram presentes nos momentos difíceis, mostrando

como as diferenças podem ser importantes nas nossas vidas, em especial à minha

amiga Juliane Rocha, pela paciência e companheirismo.

À orientadora Rosa, pela paciência, competência e acima de tudo pela amizade.

Ao Luiz Claudio pela paciência e cooperação.

Ao Colégio de Aplicação João XXIII, pelo espaço cedido e pela receptividade.

Às crianças e aos seus responsáveis, pela confiança e participação.

A Andrea e a Carla, pela cooperação, suporte e incentivo na realização deste

projeto.

À banca formada pelas Professoras Érica e Isabel, pela atenção, pelos

ensinamentos e cuidado ao analisarem este trabalho.

Finalmente, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para esta

realização.

Page 7: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

RESUMO

Introdução: A respiração bucal (RB) caracteriza-se por alteração do padrão

respiratório, parcial ou totalmente, de nasal para bucal. Crianças com RB podem

apresentar alterações posturais as quais vão gerar repercussões na força muscular

e na função ventilatória, além de comprometimento da qualidade de vida (QV). O

tratamento fisioterapeutico faz parte do enfoque multidisciplinar necessário.

Objetivo: Avaliar o comportamento da postura, da função ventilatória e da qualidade

de vida de escolares respiradores bucais, 12 meses após o encerramento de um

programa de tratamento fisioterapêutico. Metodo: Estudo prospectivo analítico do

qual participaram 10 escolares respiradores bucais com idade média de 12,4 anos,

um ano após o encerramento de programa composto por exercícios de alongamento

e fortalecimento muscular baseados nos conceitos de cadeias musculares e

Reeducação Postural Global. Os escolares foram avaliados através de espirometria

com o software Datalink®; manovacuometria utilizando-se manovacuômetro

aneróide GERAR®; postura através do Software Para Avaliação Postural (SAPO®);

e QV pelo questionário PedsQLTM Child Report. Resultados: Observou-se após 12

meses de tratamento manutenção dos valores obtidos com relação a força muscular

respiratória, postura, qualidade de vida e função ventilatória. Sob este último aspecto

foi notado aumento ainda mais consistente da ventilação voluntária máxima.

Conclusão: Os resultados obtidos a partir do programa de fisioterapia foram

mantidos e, além disso, o comportamento das pressões respiratórias, da função

ventilatória e da postura, assim como a percepção de qualidade de vida mostraram-

se relacionados entre si.

Palavras-chave: Respiração bucal. Fisioterapia. Postura. Espirometria. Qualidade

de Vida. Criança.

Page 8: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

ABSTRACT

Background: Mouth breathing (MB) is characterized by changes on breathing

pattern, from nasal to partially or completely oral. Children with this condition may

have postural changes which will generate effects on muscle strength and respiratory

function, as well as compromised quality of life (QL). Physical therapy is part of a

required multidisciplinary approach. Objective: To assess posture, respiratory

function and quality of life course of MB schoolchildren 12 months after a physical

therapy program. Methods: Prospective analytical study with 10 MB schoolchildren

with a mean age of 12.4 years one year after the end of a stretching and

strengthening exercises program based on the concepts of the muscle and Global

Postural Reeducation(GPR) . Schoolchildren were evaluated on spirometry through

Datalink ® software; respiratory muscle strength through an aneroid manometer

GERAR®; posture through Software for Postural Assessment (SAPO®;) and QL

through PedsQLTM Child Report. Results: Values concerning respiratory muscle

strength, posture, quality of life and respiratory function were unchanged. Consistent

increase was found on maximal voluntary ventilation. Conclusions: The results from

the therapy program were maintained and, furthermore, the behavior of the

respiratory pressure, respiratory function and posture, as well as the perceived

quality of life proved to be related to each other.

Keywords: Mouth breathing. Physical Therapy. Posture. Spirometry. Quality of Life.

Child.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AOS - Apnéia Obstrutiva do Sono

C7 - Sétima vértebra cervical

CAJXXIII - Colégio de Aplicação João XXIII da Universidade Federal de Juiz de Fora

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

CVF - Capacidade Vital Forçada

DPOC – Doença pulmonar obstrutiva crônica

EIAS - Espinha ilíaca anterossuperior

FEF25-75% - Fluxo expiratório forçado entre os 25-75% da CVF

HU/UFJF - Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora

L1 - Primeira vértebra lombar

Pemax – Pressão expiratória máxima

PFE - Pico de fluxo expiratório

Pimax – Pressão inspiratória máxima

QV - Qualidade de vida

RN - Respiração nasal

RB - Respiração bucal

RPG - Reeducação Postural Global

SAPO® - Software Para Avaliação Postural

SPSS® - Statistical Package for the Social Sciences

SRB – Síndrome do Respirador Bucal

T7 - Sétima vértebra torácica

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VEF1 - Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VVM - Ventilação Voluntária Máxima

Page 11: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Medida angular de protrusão de cabeça.....................................................21

Figura 2: Medida angular de protrusão de ombro......................................................22

Figura 3: Medida angular da lordose lombar..............................................................23

Page 12: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................11

2. OBJETIVOS: .........................................................................................................17

2.1 Objetivo geral.......................................................................................................17

2.2 Objetivos específicos...........................................................................................17

3. METODOLOGIA....................................................................................................18

3.1 Desenho de estudo...................................................................................18

3.2 Participantes..............................................................................................18

3.3 Procedimentos de avaliação......................................................................19

3.4 Procedimento para análise de dados........................................................24

4. RESULTADOS.......................................................................................................26

5. DISCUSSÃO..........................................................................................................31

6. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................37

REFERÊNCIAS..........................................................................................................38

APÊNDICE 1 – AUTORIZAÇÃO DA DIREÇÃO DO CAJXXIII...................................44

APÊNDICE 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO................45

APÊNDICE 3 – QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO........................................48

ANEXO 1 – PARECER CEP......................................................................................49

ANEXO2 - PedsQLTM Child Report...........................................................................51

Page 13: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

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1 INTRODUÇÃO

A respiração nasal (RN) é adquirida ao nascimento e é tida como função

primordial do organismo. A temperatura do ar e a oxigenação ideal ao organismo

são promovidas pela cavidade nasal, que é responsável pela realização de filtração,

aquecimento e umidificação do ar inspirado (YI et al., 2008). A mastigação e a

deglutição, bem como a posição de língua e lábios estão intrinsecamente ligadas à

RN (FELCAR et al., 2010).

Qualquer obstrução nasal que gere obstáculo à passagem de ar pelas vias

aéreas superiores pode levar o paciente a respirar total ou parcialmente pela boca

(LESSA et al., apud WECKX et al., 2005). A respiração bucal (RB), conhecida

também como síndrome da face longa, caracteriza-se por um conjunto de sinais e

sintomas na qual o indivíduo respira parcial ou totalmente pela boca. (FELCAR et al.,

2010).

A RB pode ser classificada em orgânica, na qual há presença de obstáculos

dificultando ou até mesmo impedindo a RN e funcional ou patológica, em que o

indivíduo mantém a boca aberta mesmo com a retirada da causa obstrutiva. Há

ainda a RB advinda de uma disfunção neurológica em indivíduos com necessidades

especiais (ABREU et al., 2008a).

A RB apresenta causas multifatoriais, podendo ser de etiologia obstrutiva ou

resultante de hábitos bucais deletérios, como por exemplo o uso de chupeta

(FELCAR et al., 2010). Nesse âmbito é necessário frisar a importância do

aleitamento materno na promoção do adequado desenvolvimento da musculatura

facial. Por outro lado, a sucção digital prolongada pode acarretar problemas de má

oclusão dentária, enquanto chupetas e bicos podem interferir na amamentação,

levando a um prejuízo na função motora bucal, contribuindo assim para a síndrome

da respiração bucal (SRB) (ABREU et al., 2008a).

Dentre os principais fatores causadores de obstrução crônica das vias aéreas

podemos citar em primeira instância a rinite alérgica, seguida pela hipertrofia das

tonsilas faríngeas e palatinas (YI et al., 2008).

Sujeitando-se à duração, a RB pode levar a alterações estruturais, funcionais,

posturais, patológicas, oclusais e de comportamento (MENEZES et al., 2006).

Page 14: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

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O indivíduo respirador bucal apresenta, de um modo geral, alterações

funcionais que se caracterizam por distúrbios dos órgãos da fala e das articulações,

hipotonia da língua, cianose intraorbitária, face alongada e entristecida, lábios

entreabertos e ressecados e bochechas caídas (ABREU et al., 2008a, MENEZES et

al., 2006).

A literatura aponta a existência de relação entre a RB e a apnéia obstrutiva do

sono (AOS). De acordo com a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono, a

síndrome da AOS é tida como um distúrbio intrínseco, caracterizado por episódios

repetidos de obstrução das vias aéreas superiores, associados à dessaturação da

hemoglobina (BALBANI, 2005). Tal obstrução pode ser parcial ou completa, o que

impede a entrada de fluxo aéreo, diminuindo a concentração de oxigênio e

dificultando a eliminação de gás carbônico no sangue, interrompendo assim a

ventilação normal e promovendo o aumento do trabalho cardíaco. Esse aumento

tem o objetivo de manter constante as proporções gasosas no sangue e contribui

para a geração de sinais e sintomas como ronco, sono entrecortado, distúrbios

neurocognitivos e comportamentais como dificuldade de aprendizado, alterações de

comportamento, déficit de atenção e hiperatividade. Além disso, uma má oxigenação

cerebral pode acarretar constantes estados de letargia e dores de cabeça, o que

pode levar os respiradores bucais a apresentarem-se constantemente agitados e

impacientes (ABREU et al.,2003, IZU et al., 2010, MENEZES et al., 2009).

Outras alterações comportamentais observadas nos respiradores bucais são:

irritabilidade, dificuldade de concentração seguida de declínio do rendimento escolar

e baixa aptidão esportiva. Tais alterações podem acarretar consequências danosas

para a qualidade de vida (QV) do indivíduo devido à sua influencia no campo

pessoal, físico, psicológico e no relacionamento social (MENEZES et al., 2006).

Respiradores bucais podem ainda apresentar dificuldade na linguagem, pois

comumente apresentam algum déficit auditivo resultante da vulnerabilidade a otites

que os predispõem a flutuação da audição. Tal alteração da acústica pode levar a

inabilidade de analisar e interpretar sinais sonoros, o que pode acarretar uma escrita

errônea além de estar intrinsecamente ligado à dificuldade de concentração e déficit

de atenção (BIANCHINI et al., 2009, MENEZES et al., 2009).

Com a necessidade de uma passagem do ar mais efetiva pela boca, os

respiradores bucais projetam a cabeça anteriormente, aumentando a lordose cer-

vical e encurtando os músculos esternocleidoociptomastoideo, escalenos e peitorais.

Page 15: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

13

Devido ao sinergismo dos músculos posturais e objetivando manter o centro de

gravidade bem como o equilíbrio, tais alterações irão levar à protrusão de ombros e

elevação das escápulas, além de hipercifose torácica e hiperlordose lombar. Podem

ainda estar presentes depressão submamária, abdome proeminente, assimetria e

projeção anterior pélvica, hiperextensão e valgo de joelhos, desabamento do arco

plantar e hálux valgo (FELCAR et al., 2010, SILVEIRA et al., 2010). Segundo

Krakauer e Guilherme (2000), as alterações posturais ocorrem igualmente em

ambos os gêneros, sendo mais evidentes após os oito anos de idade.

Tais alterações posturais contribuem ainda com o desenvolvimento de um

padrão ventilatório predominantemente apical, com recrutamento dos músculos

acessórios da respiração. Este padrão de movimento inspiratório proeminente do

tórax superior interfere na mecânica toracoabdominal e, consequentemente, na

dinâmica diafragmática (SILVEIRA et al., 2010; YI et al., 2008).

Alterações posturais em respiradores bucais podem contribuir para a piora da

função pulmonar, em função do encurtamento de músculos da cintura escapular e

da discinesia diafragmática encontrada nestes indivíduos. Esta complexa interação

gera um sistema de retroalimentação que culminará com piora progressiva do ponto

de vista músculo-esquelético e respiratório, podendo o respirador bucal apresentar

alterações estruturais do tórax e hipoventilação (BARBIERO et al., 2007; FELCAR et

al., 2010). Estudos apontam para a presença de valores espirométricos

consideravelmente menores em crianças respiradoras bucais quando comparados

ao predito e a crianças respiradoras nasais, especialmente no que tange a

Capacidade Vital Forçada (CVF), Volume Expiratório Forçado no 1º segundo (VEF1)

e relação VEF1/CVF (SILVEIRA et al., 2010).

Outro fator relacionado à função ventilatória diz respeito à força muscular

respiratória que, em crianças respiradoras bucais, se mostra diminuída,

provavelmente relacionada às alterações posturais desenvolvidas (HELD et al.,

2008). A resistência nasal induz à utilização da musculatura acessória da respiração

que, por sua vez, poderá se tornar encurtada e, consequentemente, enfraquecida,

contribuindo com a instalação de alterações posturais (REID; DECHMAN, 1995).

Estas, por sua vez, resultam em diminuição da expansibilidade e da elasticidade

torácica, gerando desequilíbrio das pressões pulmonares e explicando assim o

comprometimento ventilatório (CONTI et al., 2011).

Page 16: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

14

O diagnóstico de RB pode ser realizado pelo fonoaudiólogo através do

Espelho de Glatzel. Esse instrumento permite a avaliação da função nasal através

da observação da condensação do ar expirado sobre uma superfície metálica. O

método fornece a comparação da área de condensação entre as duas fossas nasais

viabilizando uma avaliação momentânea da permeabilidade nasal ao examinador. O

diagnóstico também é realizado pelo otorrinolaringologista e ortodontista através da

análise de alterações no desenvolvimento craniofacial bem como alterações dento-

maxilo-faciais, além do hábito de respirar pela boca (BRESCOVICI et al., 2008).

De acordo com Menezes et al. (2006), poucos são os trabalhos relativos à

prevalência da RB, variando percentualmente de 5% a 75%. O autor relata ainda um

predomínio desta patologia no sexo feminino. O estudo de Felcar et al. (2010), com

o intuito de observar a prevalência de respiradores bucais em idade escolar, com

idade variando de 6 a 9 anos, detectou 56,8% deste distúrbio, não havendo

diferença entre os gêneros. Já o estudo de Abreu et al. (2008b), realizado com 370

crianças de 3 a 9 anos em um município de Minas Gerais obteve uma prevalência

de 55% de crianças respiradoras bucais dentre as avaliadas. No município de Juiz

de Fora, Paula et al. (2008), encontrou prevalência de RB de 59,5% em um grupo de

649 crianças com idade variando entre 6 e 12 anos.

Há indícios de que o padrão socioeconômico influencie na prevalência de RB.

Estudos apontam para uma maior prevalência de respiradores bucais em usuários

de escolas públicas quando comparados a usuários de escolas particulares, bem

como para um maior índice de crianças respiradoras bucais em residências com

apenas um dormitório (MENEZES et al., 2007). Ceballos e Cardoso (2009) ressaltam

uma relação negativa entre condição sócioeconômica e hábitos bucais deletérios ca-

pazes de promover alterações fonoaudiológicas, otorrinolaringológicas,

odontológicas e no desenvolvimento físico e motor. Neste sentido, Cavassani et al.

(2003) destacam ainda o déficit de acesso da população de baixa renda a serviços

odontológicos e fonoaudiológicos, como fator de agravamento desse quadro.

A RB é tida, na atualidade, como um problema de saúde pública, uma vez

que sua duração prolongada pode ocasionar diversas consequências negativas no

desenvolvimento do indivíduo, bem como limitações e complicações, o que leva a

um comprometimento de sua saúde geral e da sua QV. Desta forma, faz-se

necessária a implementação de políticas de saúde que visem estratégias de

prevenção e tratamento precoce, evitando o tratamento sintomático, tendo o foco

Page 17: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

15

sempre em uma filosofia multidisciplinar (MENEZES et al., 2006; MENEZES et al.,

2007).

Há uma carência no que diz respeito a estudos clínicos relacionados a

intervenções fisioterapêuticas voltadas para respiradores bucais. Porém, a literatura

aponta como objetivos desse tratamento, a reorganização da dinâmica corporal e da

mecânica respiratória, assim como a reeducação do padrão respiratório nasal

(SILVA et al., 2007).

Ribeiro e Soares (2003) observaram melhora na função respiratória, com

incremento do padrão diafragmático e diminuição do padrão apical, além de

aumento nos valores de Ventilação Voluntária Máxima (VVM) em 14 crianças

respiradoras bucais após intervenção fisioterapêutica que constou de correção

postural e reeducação respiratória. Os autores associam esses resultados ao

desenvolvimento de uma ventilação pulmonar mais eficiente e, consequentemente,

menor esforço respiratório. De forma semelhante, Corrêa (2006), após aplicação de

exercícios de alongamento de cadeia anterior e fortalecimento de cadeia posterior

associados ao incentivo de padrão respiratório nasal em 19 crianças respiradoras

bucais, observaram diminuição significativa da ativação da musculatura cervical

durante a inspiração, expressando menor esforço respiratório.

Barbiero et al. (2007) realizaram um estudo com intuito de analisar o efeito de

um programa de biofeedback respiratório em 20 crianças respiradoras bucais

funcionais com idade média de 9,4 anos. Não foram obtidas alterações significativas

nos valores de VEF1, CVF, relação VEF1/CVF e pico de fluxo expiratório, porém o

tratamento influenciou de forma significativa alguns hábitos comuns de respiradores

bucais, gerando uma melhora no sono, diminuição do ronco, redução do hábito de

boca aberta durante vigília e sono, o que parece indicar modificação do padrão

respiratório e possivelmente, da função pulmonar.

Held et al. (2008) avaliaram, em 8 crianças respiradoras bucais do sexo

masculino e idade entre 5 e 12 anos, o impacto de um programa de treinamento

muscular ventilatório e da respiração, verificando melhora na força muscular

ventilatória e no fluxo respiratório.

Brech et al. (2009), em artigo de revisão, buscaram por publicações do

período de 1980 a 2008 que se referiam a respirador bucal, alterações posturais e

tratamento fisioterapêutico. Os resultados apontaram para o caráter não fisiológico

da RB que, por sua vez, pode acarretar inúmeras alterações respiratórias e

Page 18: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

16

posturais. Assim, os autores preconizam que devido à complexidade deste quadro, é

importante que se institua, como parte de intervenção multidisciplinar, o tratamento

fisioterapêutico precoce para o respirador bucal.

Cabalzar e Duarte (2010), em estudo intitulado “Avaliação dos efeitos de um

programa de tratamento fisioterapêutico na postura, na função ventilatória e na

qualidade de vida de crianças respiradores bucais”, observaram melhora na postura

de cabeça e ombro além do aumento da força muscular respiratória, mobilidade

tóraco-abdominal e QV em 10 crianças respiradoras bucais. Tais resultados foram

obtidos após 16 sessões de tratamento no qual foram utilizadas técnicas de RPG,

pompages e cadeias musculares no protocolo fisioterapêutico.

No que diz respeito à duração dos efeitos de intervenções fisioterapêuticas,

não foram encontrados, na literatura consultada, trabalhos relacionados a este

aspecto. Considera-se necessária esta abordagem visando ao embasamento da

prática clínica fisioterapêutica.

Page 19: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

17

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar o comportamento da postura, da função ventilatória e da qualidade de

vida de crianças e adolescentes respiradores bucais, 12 meses após o

encerramento de um programa de tratamento fisioterapêutico.

2.2 Objetivos específicos

1) Avaliar, em crianças e adolescentes respiradores bucais, 12 meses após, os

efeitos de um programa de tratamento fisioterapêutico:

- na postura de cabeça, ombros e coluna lombar;

- na força muscular respiratória;

- na capacidade vital forçada (CVF), Volume expiratório forçado no primeiro segundo

(VEF1), Ventilação Voluntária Máxima (VVM) e pico de fluxo expiratório (PFE);

- na qualidade de vida (QV).

2) Avaliar a relação entre o comportamento da postura, da função ventilatória e da

qualidade de vida.

Page 20: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

18

3 METODOLOGIA

3.1 Desenho do estudo

Trata-se de um estudo prospectivo analítico que buscou analisar o

comportamento da postura, da função ventilatória e da qualidade de vida de crianças

e adolescentes respiradores bucais, um ano após o término de um programa de

tratamento fisioterapêutico que constou de 16 sessões, duas vezes por semana,

compostas por exercícios visando a alongamento e fortalecimento muscular através

de técnicas de cinesioterapia passiva, ativa e assistida, baseadas nos conceitos das

cadeias musculares, das pompages e da Reeducação Postural Global.

O presente estudo foi autorizado pela direção do Colégio de Aplicação João

XXIII (CAJXXIII) (Apêndice 1) e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF), sob o

Parecer nº 0170/2011 (Anexo 1).

3.2 Participantes

Fizeram parte deste estudo todas as 10 crianças e adolescentes (a partir de

agora referidos como escolares) com idade entre 11 e 13 anos, alunos do Colégio

de Aplicação João XXIII (CAJXXIII), que participaram da pesquisa intitulada

“Avaliação dos efeitos de um programa de tratamento fisioterapêutico na postura, na

função ventilatória e na qualidade de vida de crianças respiradoras orais”

(CABALZAR e DUARTE, 2010), realizada no primeiro semestre letivo de 2010. Foi

solicitada a autorização aos responsáveis destes através da assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 2) e aqueles cujos pais aceitaram e

autorizaram sua participação foram incluídos neste estudo.

Page 21: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

19

3.3 Procedimentos de avaliação

Todos os procedimentos foram realizados nas dependências do CAJXXIII, no

período matinal, após o horário escolar no período de 17 a 25 de agosto de 2011.

Foram avaliadas:

Força Muscular Respiratória: Realizada utilizando-se um

manovacuômetro aneróide da marca GERAR®, com intervalo operacional de ± 300

cmH2O, conectado a um circuito plástico que termina em bocal.

Os escolares permaneceram em postura sentada recostada, com os pés

apoiados no chão e usando um clipe nasal para evitar escape aéreo pelas narinas.

Para medida da pressão inspiratória máxima (Pimax) foram solicitadas três

incursões respiratórias no volume corrente e, após uma expiração completa, um

esforço inspiratório máximo, sendo considerada, de três tentativas, a pressão mais

negativa que foi atingida e mantida por pelo menos um segundo. Em seguida, para

medida da pressão expiratória máxima (Pemax), foram realizadas novamente três

incursões e, a partir de uma inspiração máxima, foi solicitada a realização de um

esforço expiratório máximo, sendo considerada, também de três medidas, a maior

pressão positiva atingida e mantida por pelo menos um segundo (BLACK e HYATT,

1969). Durante a medida de Pimax os escolares foram orientados a manter as mãos

posicionadas sobre as bochechas para evitar interferência desta musculatura no

esforço inspiratório (NEDER et al., 1999).

Esta etapa da avaliação foi realizada pela mesma pesquisadora que a realizou

no estudo de Cabalzar e Duarte (2010).

- Etapa da avaliação foi realizada pela mesma pesquisadora que a realizou no

estudo de Cabalzar e Duarte (2010).

Qualidade de Vida: Foi analisada através da pontuação obtida nos

questionários PedsQLTM Child Report, versões 8 a 12 e 13 a 18 (Anexo 2),

traduzidos e validados para a língua portuguesa (KLATCHOIAN, 2008). Os

questionários foram aplicados individualmente, sendo que os escolares foram

posicionados confortavelmente em uma cadeira, com uma mesa à sua frente, onde

as opções de respostas ficaram expostas, no formato de placas coloridas. A cada

Page 22: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

20

pergunta realizada o escolar levantava a placa correspondente à resposta que

gostaria de dar.

Análise Postural: Foram realizados registros fotográficos dos escolares,

sendo fixados à pele dos mesmos, com fita adesiva dupla-face, marcadores

passivos feitos com bola de isopor (YI et al,. 2008) nos seguintes pontos

anatômicos: trágus da orelha, acrômio, sétima vértebra cervical (C7), sétima vértebra

torácica (T7), primeira vértebra lombar (L1), espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) e

trocânter maior do fêmur. Posteriormente, eles se posicionaram de pé sobre um

tapete e foram instruídos a permanecer em uma postura confortável, com flexão de

cotovelo esquerdo a 90º, sem que nenhuma interferência para correção da postura

adotada fosse realizada. A câmera fotográfica, da marca Sony® Cyber Shot 14.1

megapixel, foi posicionada em um tripé a uma altura de 1,5 metros e a 4 metros de

distância da criança e/ou adolescente (YI et al. 2008). Os escolares foram

posicionados à direita de um fio de prumo preso ao teto e foram fotografados em

perfil lateral esquerdo, usando traje de banho, descalços com os pés paralelos e os

cabelos presos, quando necessário.

Os dados obtidos pelo processamento das fotografias foram analisados

utilizando-se o Software para Avaliação Postural (SAPO®), disponibilizado

gratuitamente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP). A análise das fotos obedeceu à seguinte sequência: abertura da foto,

zoom de 150%, calibração da imagem a partir do fio de prumo e marcação dos

pontos.

A fim de caracterizar postura de cabeça, ombro e coluna lombar, foram

realizadas medidas de ângulos conforme definido por Cabalzar e Duarte (2010).

Page 23: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

21

Para avaliação da postura de cabeça, formou-se um ângulo a partir de três

pontos: trágus da orelha, acrômio e C7, sendo este último o vértice do ângulo

(Figura 1). Caracterizou-se que, quanto menor o ângulo, mais anteriorizada a

cabeça.

Figura 1: Medida angular de protrusão de cabeça

Page 24: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

22

A postura de ombro foi determinada pelo ângulo formado pelos pontos

acrômio, C7 e T7, sendo este o vértice (Figura 2). Caracterizou-se que, quanto maior

a medida angular, maior a protrusão de ombros.

Figura 2: Medida angular de protrusão de ombro

Page 25: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

23

A lordose lombar foi medida a partir dos pontos L1, EIAS e trocânter maior do

fêmur, sendo a EIAS o vértice do ângulo (Figura 3). Caracterizou-se que, quanto

menor o ângulo, maior a lordose lombar.

Figura 3: Medida angular da lordose lombar

Função Ventilatória: Inicialmente, foi mensurada a altura dos escolares,

dados necessários para a alimentação de informações do programa de espirometria.

Em seguida, a espirometria foi realizada conforme descrito por Pereira e Neder

(2002), com a utilização do Software Espirometria Datalink®, conectado a um circuito

que termina em bocal. Os escolares, usando um clipe nasal, sentados em cadeira e

com os pés apoiados no chão, foram instruídas a realizarem esforços máximos

inspiratórios e expiratórios. Os resultados abrangeram os seguintes parâmetros:

Page 26: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

24

Capacidade Vital (CV): medida em litros (l), obtida na fase inspiratória da

prova. Foi solicitado aos escolares que respirassem normalmente por alguns

segundos. Após esse tempo, foi pedido que soprassem todo o ar e, a seguir,

realizassem uma inspiração máxima.

Capacidade Vital Forçada (CVF): medida em litros (l), obtida pelo volume

máximo de ar exalado com máximo esforço, após uma inspiração máxima. Os

escolares foram solicitados a inspirar profundamente até o máximo possível e, a

seguir, exalar com o máximo esforço.

Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo (VEF1): volume de ar

expirado e medido no primeiro segundo da manobra da CVF.

Pico de Fluxo Expiratório Forçado Máximo (PFE.): valor máximo de fluxo

detectado na prova de CVF.

Ventilação Voluntária Máxima (VVM): medida em litros (l), obtida pelo volume

total de ar expirado, através de movimentos respiratórios rápidos e forçados, num

intervalo fixo de 12 segundos e extrapolado para 1 minuto.

Esta avaliação foi conduzida pela mesma pesquisadora que a realizou no

estudo de Cabalzar e Duarte (2010).

Os valores obtidos nas avaliações acima descritas foram comparados com os

que foram descritos por Cabalzar e Duarte (2010).

Foi aplicado ainda um questionário semi-estruturado (Apêndice 3) com o

objetivo de colher dados referentes a realização de novas atividades físicas e/ou

tratamento fisioterapêutico no período compreendido entre o término da pesquisa de

Cabalzar e Duarte (2010) e o início deste estudo (2011).

3.4 Procedimento para análise de dados

Foram realizadas análises descritivas de todas as variáveis estudadas e

também das variáveis categóricas (idade, sexo e altura) e dependentes (pressões

respiratórias máximas, valores espirométricos, ângulos posturais e escores de

qualidade de vida). Verificada a não normalidade de diversas variáveis, através do

Teste de Shapiro-Wilk, e em função do tamanho reduzido da amostra foram

utilizadas técnicas não paramétricas. Para comparação de cada característica ao

longo dos três momentos (antes do tratamento, após o tratamento e um ano após o

tratamento), foi utilizado o Teste de Friedman. Em caso de significância neste teste,

Page 27: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

25

foi utilizado o Teste de Wilcoxon entre cada par de momentos. A significância das

correlações foi verificada através do Teste de Spearman. O nível de significância

considerado foi α ≤ 0,05 para amostras comparadas entre si e α ≤ 0,1 para

amostras correlacionadas. O pacote estatístico utilizado foi o Statistical Package for

the Social Sciences (SPSS®) for Windows® versão 14.0.

Page 28: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

26

4 RESULTADOS

Fizeram parte deste estudo 10 escolares (3 meninos e 7 meninas) com idade

média de 12,4 anos (±0,24) e altura de 158,1 cm (±10,4).

As variáveis estudadas estão apresentadas nos três momentos analisados

neste estudo, ou seja: momento 1 e momento 2, referentes, respectivamente, às

avaliações realizadas antes e após a aplicação do protocolo de tratamento

fisioterapêutico no estudo de Cabalzar e Duarte, 2010, e momento 3, referente à

avaliação do presente estudo.

A Tabela 2 apresenta, em porcentagem do predito, os valores encontrados

para força muscular respiratória, conforme descrito por Wilson (1984), função

ventilatória de acordo com os valores definidos por Knudson (1983). Quanto à

Pimax, percebeu-se que o aumento detectado no momento 2 foi mantido até o

momento 3 (p=0,767). Já em relação à Pemax, o aumento dos valores observado

entre os momentos 1 e 2 sofreu uma perda significativa no momento 3 (p= 0,0218),

o que no entanto não impediu que, neste ultimo momento, os valores

permanecessem ainda superiores aos encontrados no momento 1 (p=0,046).

Quando analisados os resultados referentes à função ventilatória, foi

observado que os valores de CVF,VEF1 e PFE se apresentaram dentro dos limites

esperados e se mantiveram estáveis nos três momentos. Quanto a VVM, observou-

se, no momento 3, aumento ainda mais consistente (p=0,005) do que o que foi

observado entre os momentos 1 e 2.

Page 29: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

27

Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis respiratórias expressas em porcentagem do predito

Momento 1 Média (Desvio

Padrão)

Momento 2 Média (Desvio

Padrão)

Momento 3 Média (Desvio

Padrão)

Força muscular

Pimax 61,6 (±19,7) 80,2 (±29,7) 77,6 (±27,9)†

Pemax 52,8 (±19,1) 73,7 (±13,8) 64,0 (±13,1)*†

Função Ventilatória

CVF% 123,7 (±11,3) 121,1 (±17,3) 108,7 (±19,4)

VEF1% 129,0 (±16,8) 121,5 (±20,5) 112,6 (±17,8)

PFE% 109,6 (±32,8) 113,3 (±22,6) 108,0 (±20,0)

VVM% 70,5 (±21,9) 84,1 (±31,3) 189,1 (±56,7)*†

Pimax = Pressão Inspiratória Máxima. Pemax = Pressão Expiratória Máxima. CVF = Capacidade Vital Forçada. VEF1 = Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo. PFE=Pico de Fluxo Expiratório. VVM = Ventilação Voluntária Máxima. % = porcentagem do predito. * = diferença significativa (p ≤ 0,05) em relação a Momento 2 † = diferença significativa (p ≤ 0,05) em relação a Momento 1

A seguir, a Tabela 3 apresenta os valores das medidas angulares definidas na

avaliação postural. Observa-se que a redução da protrusão de cabeça verificada no

aumento dos valores angulares no momento 2 foi mantida até o momento 3. Quanto

à protrusão de ombros não houve diferença significativa entre as medias

encontradas nos três momentos de avaliação. Tratando-se da medida de lordose

lombar, embora não tenha havido diferença significativa do momento 1 para o

momento 2, foram encontrados valores significativamente maiores no momento 3

(p<0,01), indicando diminuição dessa curvatura.

Page 30: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

28

Tabela 3. Média e desvio padrão das medidas angulares expressas em graus

Momento 1 Média(Desvio padrão)

Momento 2 Média(Desvio padrão)

Momento 3 Média(Desvio padrão)

Protrusão de cabeça 59,7(±8,4) 66,8(±10,3) 70,1(±12,1)*

Protrusão de ombro 36,4(±2,5) 30,6(±4,9) 33,8(±7,9)

Lordose Lombar 81,6(±10,0) 82,2(±7,2) 104,1(±8,7)*

* = diferença significativa (p ≤ 0,05) em relação a Momento 2 † = diferença significativa (p ≤ 0,05) em relação a Momento 1

Por fim, a Tabela 4 mostra que, embora tenha sido observada diminuição no

Escore Total no momento 3 (p=0,008), não houve prejuízo da percepção de

qualidade de vida verificada em cada um dos quatro domínios do PEDSQL.

Tabela 4. Média e desvio padrão dos escores de QV

Momento 1 Média(desvio Padrão)

Momento 2 Média(Desvio padrão)

Momento 3 Média(desvio padrão)

Domínio físico 73,1(±13,4) 79,4(±12,4) 77,5(±13,3)

Domínio Emocional 54,5(±28,1) 68,5(±19,4) 57,5(±14,0)

Domínio Social 142,5(±169,7) 92,0(±9,5) 84,5(±14,0)

Domínio Escola 74,5(±9,6) 79,5(±18,2) 66,0(±9,1)

Escore Total 1617,5(±157,3) 1805,0(±212,4) 1660,0(±242,2)*

* = diferença significativa (p ≤ 0,05) em relação a Momento 2

A seguir, a Tabela 5 apresenta a análise das correlações entre o

comportamento das pressões respiratórias máximas e as demais variáveis

estudadas no momento 3. Observa-se que a Pimax somente se relacionou com o

PFE (p=0,09). Quanto à Pemax, foi encontrada correlação com a CVF (p=0,04),

VVM (p=0,1) e, em relação à percepção de qualidade vida, com o Escore Físico

(p=0,06). As duas pressões respiratórias máximas obtiveram ainda, forte relação

entre si (p<0,01).

Page 31: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

29

Tabela 5 – Análise de correlação entre o comportamento das pressões respiratórias

máximas e as demais variáveis no momento 3

CVF

PFE VVM Pimax Pemax Dom. Fis.

Cervical Ombro Lombar

r P

r P

r P

r P

r P

r P

r P

r P

r P

Pimax 0,261 0,47

0,564 0,09*

0,527 0,12

1,000 .

0,82 0,004*

0,280 0,43

0,042 0,91

0,321 0,37

0,055 0,88

Pemax 0,66 0,04*

0,527 0,12

0,539 0,10*

0,82 0,004*

1,000 .

0,622 0,06*

0,358 0,31

0,503 0,14

-0,091 0,80

r = Coeficiente de correlação; p= nível de significância; Pimax = Pressão Inspiratória Máxima; Pemax = Pressão Expiratória Máxima. CVF = Capacidade Vital Forçada. PFE = Pico de Fluxo Expiratório. VVM = Ventilação Voluntária Máxima. Dom. Fis. = Domínio físico *=correlação significativa

A tabela 6 apresenta as correlações analisadas entre o comportamento da

função ventilatória e das demais variáveis, ainda no momento 3. Observa-se

correlação entre a CVF e a medida angular cervical (P=0,03), bem como entre o

PFE e a medida angular lombar (p=0,01).

Tabela 6 – Análise de correlação entre as variáveis da função ventilatória e as

demais variáveis.

Esc. Fis. Cervical Ombro Lombar

r P

r P

r P

r P

CVF 0,335 0,34

0,697 0,03*

0,164 0,65

-0,273 0,44

PFE 0,244 0,50

0,297 0,41

0,139 0,70

0,745 0,01*

VVM 0,238 0,51

0,309 0,39

0,503 0,14

-0,030 0,93

r = Coeficiente de correlação; p = nível de significância CVF = Capacidade Vital Forçada. PFE = Pico de Fluxo Expiratório. VVM = Ventilação Voluntária Máxima. Esc. Fis. = Escore físico. *=correlação significativa

Page 32: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

30

Não foi encontrada relação entre os ângulos de postura dos diversos

segmentos corporais, assim como destes com a percepção da QV.

Foi ainda constatado que todos os escolares passaram, nos últimos seis

meses, a realizar atividade física regularmente, numa freqüência de três vezes por

semana. Nenhum dos escolares relatou ter sido submetido a qualquer forma de

tratamento fisioterapeutico.

Page 33: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

31

5 DISCUSSÃO

A SRB caracteriza-se por alteração do padrão respiratório de nasal para

bucal, mantido por um período igual ou maior que seis meses (ABREU et al., 2008a,

CONTI et al., 2011, MENEZES et al., 2009) tendo como conseqüência alterações

posturais, de força muscular e da função ventilatória, repercutindo negativamente na

qualidade de vida (MENEZES et al., 2006, OKURO et al., 2011). Embora escassos,

os trabalhos citam de um modo geral, como forma de tratamento fisioterapêutico, a

utilização de alongamento e fortalecimento muscular global bem como reeducação

postural e respiratória (CABALZAR e DUARTE, 2010, CORREA, 2006, RIBEIRO e

SOARES, 2003).

O presente estudo teve como objetivo avaliar o comportamento da função

ventilatória, da postura e da qualidade de vida de dez escolares com RB

participantes de um programa que utilizou o método RPG (CABALZAR E DUARTE,

2010), 12 meses após o encerramento do mesmo.

No que diz respeito ao comportamento das pressões respiratórias máximas,

ressalta-se que não foram encontrados, para a população brasileira, valores de

referência para pressões respiratórias máximas de indivíduos com idade inferior a 20

anos, tendo neste estudo sido utilizados valores descritos por Wilson (1984) para

crianças a partir de sete anos de idade. Embora tenha sido observada no momento

3, diminuição dos valores de Pemax (p<0,05), estes ainda permaneceram

significativamente maiores do que os que foram detectado no momento 1 e se

relacionaram fortemente com os valores de Pimax (p=0,004). Acredita-se que o

tratamento fisioterapêutico através do método de RPG, utilizando técnicas de

alongamento e fortalecimento muscular global promoveu melhora da biomecânica

corporal, refletindo assim na força muscular respiratória. Supõe-se ainda que os

efeitos promovidos por tal método são capazes de se manter, porém, o fato de todos

os escolares terem aderido, no último ano, à prática de atividades físicas pode ter

contribuído também para a manutenção desses resultados.

Moreno et al. (2007), em estudo que avaliou os resultados de um protocolo de

intervenção, também pelo método RPG, em 20 jovens saudáveis e sedentários,

observou aumento nos valores de Pimax e Pemax. Os autores argumentam que o

método RPG é capaz de promover o alongamento da musculatura respiratória,

contribuindo para uma maior interação dos filamentos de actina e miosina e,

Page 34: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

32

consequentemente, levar ao aumento da força da musculatura em questão.

Barbiero et al. (2007), após 15 sessões de tratamento que utilizou o método

biofeedback respiratório associado ao padrão quiet breathing com 20 crianças RB,

obteve um aumento significativo na Pimax o que, segundo esses autores, ocorreu

em virtude da melhora da mecânica respiratória através da reeducação da função

diafragmática. Há uma escassez de estudos que comprovem qualquer relação entre

força muscular respiratória e atividade física em crianças e/ou adolescentes

respiradores bucais. Porém, Ribeiro et al. (2010) em estudo com crianças asmáticas

avaliou a força muscular respiratória antes e imediatamente após a prática de

exercício realizado em esteira ergométrica bem como após o uso do broncodilatador

e constatou que as pressões máximas, quando comparadas às de crianças

saudáveis, encontravam-se diminuídas em todas as etapas avaliadas. Segundo os

autores a obstrução encontrada no indivíduo asmático gera aumento da resistência

à passagem de ar, o que leva a uma desvantagem da mecânica respiratória,

fazendo com que ocorra um maior recrutamento da musculatura respiratória, que,

por sua vez, leva a uma diminuição da habilidade contrátil de tal musculatura,

fazendo com que ocorra perda gradativa da força muscular respiratória.

No que diz respeito a VVM, embora tenha sido detectado, após aplicação do

protocolo de tratamento fisioterapêutico, aumento desse parâmetro (p=0,03),

observou-se uma elevação ainda mais significativa no momento 3 (p<0,01). Foi

ainda observada correlação entre Pemax e VVM (p=0,1) denotando a intrínseca

relação entre a capacidade dos músculos expiratórios de gerar pressões e a

resistência da musculatura respiratória. Durante a realização da prova de VVM, é

solicitado que o indivíduo realize inspirações e expirações rápidas e profundas, o

que faz com que o diafragma, bem como a musculatura abdominal, sejam

recrutados ativamente neste processo. Dessa forma, podemos inferir que quanto

maiores os valores para Pemax, maiores serão os valores também para VVM.

De acordo com Pereira (2002), a VVM pode estar diminuída em condições

obstrutivas devido a desvantagens da musculatura respiratória. É sabido que na RB

orgânica há presença de fatores obstrutivos que impedem ou dificultam a RN

(ABREU et al., 2008a). De acordo com Ribeiro e Soares (2003) e Basso et al.

(2010), quando há presença de obstrução nasal, há aumento da resistência das vias

aéreas gerando uma alteração do fluxo inspiratório. Sabendo-se que o volume

inspiratório é inversamente proporcional à resistência, o respirador bucal tende a

Page 35: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

33

aumentar o volume inspirado e diminuir a frequência respiratória a fim de reduzir o

trabalho respiratório. Sendo assim, esses autores atribuem a possibilidade de

diminuição da VVM à diminuição da frequência respiratória, já que estas estão

diretamente relacionadas.

Ribeiro e Soares (2003), após intervenção fisioterapêutica, composta

basicamente por alongamento da musculatura acessória da respiração e

fortalecimento de abdominais, em crianças respiradoras bucais de 8 a 12 anos,

também constatou aumento na VVM. Esses autores atribuem esses resultados às

mudanças posturais obtidas, o que, por sua vez, gerou diminuição do esforço

respiratório e conseqüente adequação da mecânica ventilatória. Borges et al.

(2011), em estudo de caso que avaliou os efeitos de um tratamento também

baseado no método RPG em uma criança respiradora bucal, detectou, ao final da

intervenção, aumento da VVM.

Moreno et al. (2009) em estudo com 20 adultos jovens e hígidos, avaliou a

função ventilatória destes antes e após aplicação de programa de RPG e, embora os

sujeitos se apresentassem inicialmente dentro dos limites esperados para função

ventilatória, foi observado, ao final, aumento significativo na VVM. Os autores

relacionam este achado à possibilidade de aumento do número de sarcômeros em

série, promovido pelo alongamento muscular o que, por sua vez, ao gerar aumento

do comprimento funcional dos músculos respiratórios, contribuiu para aumentar sua

capacidade contrátil.

Desta forma, no presente estudo, foi constatado, no momento 3, importante

aumento da VVM. Acredita-se ainda que, embora os escolares não estivessem mais

sob tratamento fisioterapêutico, o aumento da VVM esteja relacionado à prática de

atividade física regular (futsal, arte circense e ginástica rítmica) sendo que,

anteriormente, esta atividade só era desenvolvida por 20% destes.

Não foram encontrados estudos referentes aos efeitos da pratica de atividade

física em RB, porém Basso et al. (2010), em estudo controlado com 38

adolescentes, sendo a metade destes asmáticos, avaliou através do teste de

caminhada de seis minutos e do teste de degrau de 6 minutos a capacidade

ventilatória dos mesmos, obtendo resultados menos satisfatórios para o grupo

asmático, o qual também apresentou menores valores para VVM. Os autores

atribuem a limitação ao exercício a fatores ventilatórios, uma vez que, estando a

VVM diminuída em indivíduos asmáticos, a medida que a intensidade do exercício

Page 36: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

34

aumenta estes indivíduos tem sua eficiência ventilatoria diminuída e,

consequentemente, apresentam menor tolerância à atividade física quando

comparados a indivíduos saudáveis.

Cestaro et al. (2010), em estudo com 20 pacientes portadores de doença

pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) com idade média de 69 anos, buscou inferir os

fatores que influenciam na capacidade física destes indivíduos. Os autores

encontraram menores valores de VVM para menores distâncias percorridas no teste

de caminhada de 6 minutos. Segundo os autores, a VVM reflete a reserva

ventilatória disponível para responder à demanda durante o esforço, refletindo a

tolerância ao exercício físico, já que a ventilação inadequada pode comprometer a

oferta de oxigênio à musculatura periférica, gerando prejuízos na realização de

atividades. Wicher et al. (2010) em estudo com 61 indivíduos asmáticos com idade

variando entre 7 e 18 anos, submeteu metade destes à natação e a outra metade ao

tratamento tradicional com broncodilatador durante três meses. Após este período

foram mensuradas as variáveis ventilatórias de ambos os grupos. Foi encontrado um

aumento nos valores de Pimax e Pemax no grupo que praticou natação. e, segundo

os autores, isto ocorreu devido ao aumento da força elástica do tórax, permitindo

assim uma ventilação mais adequada. No presente estudo foi observada relação

entre valores de VVM e de Pemax, o que nos leva a inferir que estes resultados são

equivalentes aos de Wicher et al. (2010).

.Ainda no que diz respeito à função ventilatória, Silveira et. al., (2010) e

Barbiero et al. (2007) encontraram valores abaixo do predito para variáveis

espirométricas em crianças RB. Esse último avaliou o comportamento da função

ventilatória antes e após intervenção utilizando o biofeedback associado ao padrão

quiet breathing, onde os valores de VEF1, PFE e CVF, inicialmente abaixo do

esperado, mostraram-se inalterados após a intervenção. Os autores sugerem que o

padrão respiratório com volume próximo ao basal e frequência respiratória similar à

fisiológica, utilizados no tratamento, não foram capazes de gerar alterações desses

parâmetros. No presente estudo também não foram observadas mudanças

relacionadas a CVF, VEF1 e PFE, cujos valores já se encontravam dentro dos

limites esperados para as características dos escolares avaliados.

No entanto, foi encontrada correlação entre os valores de Pimax e PFE

(p=0,09). Tal achado pode estar relacionado ao fato de que, sendo o fluxo

expiratório dependente do volume pulmonar (PEREIRA, 2002), este ultimo pode ter

Page 37: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

35

sido influenciado por maiores valores de pressão inspiratória, contribuindo assim

para a capacidade de gerar fluxo. De forma semelhante, também foi observada

correlação entre Pemax e CVF (p=0,04). Sendo a CVF uma medida realizada

durante um esforço expiratório, acredita-se que as condições da musculatura

expiratória possam influenciar esse parâmetro.

Tratando-se da postura, pode ser observado que a diminuição da medida de

protrusão de cabeça, denotando um melhor alinhamento deste segmento, se

manteve inalterada no momento 3. Além disso, mesmo após o término da

intervenção fisioterapeutica, houve diminuição da curvatura lombar.

Okuro et al. (2010) em um estudo com 92 crianças, sendo 30 com RB e 62

com RN, com idade média de 9,6 anos, demonstrou através do teste de Nova York,

a intrínseca relação entre RB e protrusão de cabeça, encontrando tal alteração em

97% dos respiradores bucais e 48% em respiradores nasais. Os autores afirmam ser

esta a primeira compensação adotada pelo indivíduo com RB, como forma de

facilitar a passagem de ar nas vias aéreas. Conti et al. (2011), ao avaliar 306

crianças com RB e 124 com RN, encontrou, através de análise postural, relação

entre SRB e alinhamento postural desfavorável, tendo como alterações mais

prevalentes anteriorização de cabeça, protrusão de ombro e hiperlordose lombar.

Corrêa (2006), utilizou fotografia computadorizada a fim de avaliar a postura de 19

crianças com RB antes e após intervenção fisioterapêutica e encontrou melhor

alinhamento biomecânico do segmento cervical após a aplicação do tratamento. O

autor enfatiza que nestes casos a fisioterapia visa restabelecer o alinhamento

postural e o equilíbrio muscular.

No que diz respeito ao presente estudo podemos supor que o tratamento

fisioterapêutico promoveu melhora no alinhamento biomecânico e conscientização

corporal, fazendo com que houvesse manutenção dos resultados, conforme

verificado um ano após o período de intervenção.

Ferreira et al. (2009) em estudo de caso com um indivíduo portador de

escoliose grave avaliou a relação entre postura e função pulmonar, encontrando

intrínseca relação entre a alteração postural e a diminuição dos valores

espirométricos como CV, VEF1 e PFE. No presente estudo, foi observado que os

escolares que apresentaram melhor alinhamento do segmento cervical

apresentaram também maiores valores para CVF (p=0,03), bem como o melhor

posicionamento da coluna lombar relacionou-se diretamente com os valores de PFE

Page 38: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

36

(p=0,01). Como já mencionado anteriormente, o desalinhamento postural gera

encurtamentos musculares que, por sua vez, podem influenciar negativamente a

capacidade dos músculos respiratórios, compromentendo capacidades e fluxos

pulmonares.

No que diz respeito à qualidade de vida verificou-se, de acordo com o

PedsQL, manutenção dos escores nos diversos domínios, embora o escore total

tenha se apresentado diminuído no momento 3 quando comparado ao momento 2.

Foi encontrada correlação somente entre o domínio físico e Pemax. Acredita-se que

melhores condições da musculatura expiratória possam repercutir positivamente na

reserva ventilatória e consequentemente na percepção dos escolares sobre sua

capacidade física.

Só foi encontrado um estudo referente à avaliação de QV em respiradores

bucais. Milanesi (2011), ao avaliar na fase adulta o impacto da RB presente na

infancia, verificou, através do questionário de qualidade de vida SF-36, menores

escores no item estado geral de saúde. A autora ressalta que o ato de respirar pela

boca, quando na infância, pode gerar prejuízos na qualidade de vida que podem ser

percebidos ainda na fase adulta.

Page 39: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

37

6 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos a partir de um programa de tratamento fisioterapêutico

baseado no método RPG, direcionado a respiradores bucais, 12 meses após o

término dessa intervenção, foram mantidos. Além disso, o comportamento das

pressões respiratórias, da função ventilatória e da postura, assim como a percepção

de qualidade de vida mostraram-se relacionados entre si.

Não se pode afirmar que estes resultados são provenientes somente do

tratamento em questão, uma vez que os escolares passaram a realizar atividade

física regular. Porém, acredita-se que o tratamento fisioterapeutico tenha conferido

aos escolares, consciência corporal e padrão respiratório mais adequados, o que

pode ter contribuído para a adesão à prática da atividade física.

Sugerem-se estudos que avaliem a associação e comparem resultados entre

abordagem fisioterapêutica e prática de atividade física, contribuindo assim para

uma melhor definição da abrangência da atuação do fisioterapeuta no tratamento de

respiradores bucais.

Page 40: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

38

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Page 46: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

44

APÊNDICE 1 – AUTORIZAÇÃO DA DIREÇÃO DO CAJXXIII

Page 47: efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico

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APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP HU/UFJF

JUIZ DE FORA – MG – BRASIL

SERVIÇO DE FISIOTERAPIA – HU/CAS/UFJF Pesquisador Responsável: Rosa Maria de Carvalho Endereço: Rua Vieira Pena, 126 – São Mateus CEP: 36026-300 – Juiz de Fora – MG Fone: (32) 3212-7329 E-mail: [email protected]

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Seu(sua) filho(a) está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa “Efeitos a longo prazo de um programa de tratamento fisioterapêutico para crianças e

adolescentes respiradores bucais”. Neste estudo pretendemos avaliar o comportamento da postura, da função ventilatória - espirometria e força muscular respiratória - e da qualidade de vida de crianças e adolescentes respiradores bucais, 12 meses após o encerramento do programa de tratamento fisioterapêutico.

O motivo que nos leva a estudar este tema é a expectativa para que os resultados contribuam para a compreensão do comportamento da função ventilatória, da postura e da qualidade de vida de crianças e adolescentes caracterizadas como respiradoras bucais e, consequentemente, para a definição de protocolos de tratamento fisioterapêutico direcionados a essa população.

Para este estudo adotaremos os mesmos procedimentos de avaliação já realizados anteriormente, a saber:

- Avaliação fisioterapêutica da função ventilatória:

a) prova de função pulmonar através da realização de inspirações e expirações máximas e forçadas num bocal conectado a um micro-computador, para avaliar volumes, capacidades e fluxos pulmonares,

b) avaliação da força muscular respiratória através da realização de um esforço máximo na inspiração e na expiração em bocal conectado a aparelho que mede as pressões máximas atingidas.

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46

- Avaliação da postura a partir da realização de quatro fotografias de corpo inteiro da criança/adolescente (vestida com roupa de banho) em visões anterior, posterior, lateral direita e lateral esquerda visando a análise da postura através de software de avaliação postural;

- Avaliação da qualidade de vida através de aplicação de questionário (PedsQL™).

A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo ao indivíduo (risco este compatível ao que pode ocorrer todos os dias quando, por exemplo, saímos de casa). Caso estes ocorram serão ressarcidos pelos pesquisadores responsáveis. Quanto as benefícios espera-se uma avaliação quanto a duração dos efeitos de uma intervenção fisioterapêutica realizada à 12 meses, bem como seu impacto na postura, função ventilatória e qualidade de vida.

Para participar deste estudo seu(sua) filho(a) ou você não terão nenhum custo, nem receberão qualquer vantagem financeira.Vocês serão esclarecidos(as) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estarão livres para participar ou recusarem-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelo pesquisador

O pesquisador irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Quanto às fotos, servirão para análise postural e, em momento nenhum, o rosto de seu(sua) filho(a) será exposto a qualquer tipo de divulgação.

Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique a participação de seu(sua) filho(a) não será liberado sem a sua permissão.

O(A) Sr(a) e seu(sua) filho(a) não serão identificados em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável, no Serviço de Fisioterapia HU/CAS/UFJF e a outra será fornecida a você.

Caso haja danos decorrentes dos riscos previstos, o pesquisador assumirá a responsabilidade pelos mesmos.

Eu, ____________________________________________, portador do documento de Identidade ____________________, responsável por __________________________, residente à _____________________________________________________________, telefone ____________, fui informado (a) dos objetivos do estudo “Efeitos a longo prazo de

um programa de tratamento fisioterapêutico para crianças e adolescentes respiradores bucais”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.

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Juiz de Fora, _________ de __________________________ de 2011 .

__________________________________________________________________________________

Nome Assinatura responsável Data

__________________________________________________________________________________

Nome Assinatura pesquisador Data

__________________________________________________________________________________

Nome Assinatura testemunha Data

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o

CEP HU – Comitê de Ética em Pesquisa HU/UFJF

Hospital universitário Unidade Santa Catarina

Prédio da Administração Sala 27

CEP 36036-110

E-mail: [email protected]

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APÊNDICE 3 - QUESTIONÁRIO SEMI-ESTRUTURADO

QUESTIONÁRIO SOBRE ATIVIDADES FISICAS

Nome:_______________________________________________________________

Data de nascimento:_____/_____/_________ Idade:________________

1 – Nos últimos 12 meses realizou algum tipo de tratamento fisioterapêutico?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, qual o tipo? _____________________________________________________

Com que frequência? ( ) 1 x por semana; ( ) 2 x por semana; ( ) 3 x por semana;

( ) 4x por semana ou mais

Esse tratamento já era feito antes do trabalho de RPG (projeto)? ( ) Sim ( ) Não

2 – Nos últimos 12 meses realizou algum tipo de atividade física?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, especifique qual__________________________________________________

Com que frequência? ( ) 1 x por semana; ( ) 2 x por semana; ( ) 3 x por semana;

( ) 4x por semana ou mais

Essa atividade já era feita antes do trabalho de RPG (projeto)? ( ) Sim ( ) Não

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ANEXO 1 – PARECER CEP

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ANEXO 2 - PedsQLTM Child Report

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