efeito do rhizobium no crescimento e desenvolvimento ... · desenvolvimento da quantidade e...
TRANSCRIPT
Efeito do Rhizobium no crescimento e desenvolvimento inicial da soja
Eduardo dos Santos Silveira (Univag); Douglas Onghero Ribeiro (Univag); Eloiza Cristina Catelan (Univag); Jeferson Luiz Dallabona Dombroski (Univag).
Resumo A fixação biológica de nitrogênio é o processo através do qual o nitrogênio atmosférico (N2, forma não absorvida pelas plantas) é reduzido a NH3 por bactérias do gênero Rhizobium, dentro de estruturas especiais desenvolvidas nas raízes, chamadas nódulos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a nodulação nas raízes e o metabolismo nitrogenado com seu efeito sobre o crescimento inicial da soja. Para o desenvolvimento, o solo foi altoclavado e arranjado em vasos estéreis, posteriormente adubados. Em cada vaso foram dispostas 10 sementes de soja, sendo que, inoculadas com 5g do inoculante nos tratamentos 4 e 5. Nos tratamentos 2 e 5 foi acrescido a adubação sulfato de amônia no plantio, após 20 dias e 40 dias. Após cada período foram analisadas massa total, massa da raiz, massa da parte aérea, altura, área foliar, massa foliar e quantidade e desenvolvimento dos nódulos. Pelos resultados obtidos pode-se concluir que a utilização do inoculante na soja apresentou promissores resultados para aumentar a nodulação de raízes e promover o crescimento de plantas, isto se comparadas aos tratamentos que não foram inoculados, mas apenas adubados com Sulfato de amônia. Palavra Chave: Fixação biológica, Nitrogênio, Rhizobium, Soja.
Introdução Soja é um grão rico em proteínas (família Fabaceae), cultivado como
alimento tanto para humanos quanto para animais. A palavra soja vem do japonês
shoyu. A soja é nativa do sudoeste da Ásia.
O Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo, vindo atrás apenas
dos Estados Unidos. Outros grandes produtores são a Argentina, a China e a Índia.
A produção mundial de soja em 2004 foi de 190 milhões de toneladas. O óleo de
soja é o mais utilizado pela população mundial no preparo de alimentos. Também é
extensivamente usado em rações animais. Outros produtos derivados da soja
incluem óleos, farinha, sabão, cosméticos, resinas, tintas, solventes e biodiesel.
É uma das plantações que estão sendo geneticamente modificadas em larga
escala, e a soja transgênica está sendo utilizada em um número crescente de
produtos. Atualmente, 80% de toda a soja cultivada para o mercado comercial é
transgênica.
O relatório State of Food Insecurity in the World 2004 da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization,
FAO) revela que 840 milhões de pessoas vivem em estado de fome crônica e 8,8
milhões morrem de fome todos os anos no planeta. Pesquisas que propiciem melhor
aproveitamento das qualidades da soja, segundo especialistas, podem ser de
grande importância para amenizar o problema. Isso porque a soja tem todos os
aminoácidos necessários à manutenção da saúde.
A agricultura é um setor importante para o Brasil. E a soja é seu carro-chefe.
Segundo estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e
do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São
Paulo (Cepea/USP) cada real gerado no campo resulta na geração de 2,56 reais em
setores como os de beneficiamento, de transporte e de comercialização.
As leguminosas possuem o mecanismo simbiótico mais sofisticado e
eficiente entre as associações de plantas superiores com bactérias fixadoras de N2 e
as leguminosas de grão e forrageiras têm papel importante na agricultura tropical. O
sucesso da soja no Brasil se deve a um programa de melhoramento direcionado à
obtenção de cultivares com alta produção sem adubação nitrogenada e ao
desenvolvimento em paralelo de inoculantes contendo rizóbios adaptados às
condições e solos brasileiros. O avanço da soja para os cerrados se deve, além da
identificação e solução dos problemas de fertilidade, principalmente à obtenção de
inoculantes novos capazes de competir com a microflora de um ecossistema
perturbado após a conversão dos cerrados em terras de cultura.
A biologia do solo oferece inúmeras alternativas para o desenvolvimento de
novas biotecnologias que visam substituir sistemas agrícolas tradicionais baseados
no crescente uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Devido ao alto custo dos
fertilizantes nitrogenados (70% dos custos dos fertilizantes), a fixação biológica de
nitrogênio que permite o uso, pelas plantas, do N2 molecular da atmosfera, é o
processo mais estudado na biologia do solo, e os desenvolvimentos da biotecnologia
moderna em muito contribuíram para os progressos recentes neste campo. A
agricultura tropical não só é sujeita à erosão e, portanto, menos apropriada para
agrossistemas baseados em uso intensivo de fertilizantes; ela ainda oferece
umidade e temperaturas ótimas durante todo o ano para a atividade microbiológica.
Visto que a soja é importante para o Brasil e para o mundo, a produção em
larga escala exige melhoramento das técnicas de plantio, desta forma, o Rhizobium
é um grande “adubo” para desenvolvimento das plantas e conseqüentemente para
bons resultados na colheita.
Materiais e Métodos O projete iniciou no dia 26/04/06, no qual foi realizada a esterilização dos
vasos em solução de água sanitária a 20% durante 12 horas, e da terra em
autoclave com temperatura até atingir 120°C por 45 minutos. Em cada vaso a
adubação foi com 20g de supersimples e 3g de KCl.
No dia 28/04 a semente de soja foram preparadas com 5g de inoculante
para ser colocado nos tratamentos 4 e 5. Em seguida foram plantada 10 sementes
de soja por vaso, e no mesmo dia ocorreu a primeira aplicação de sulfato de amônia,
preparado em uma solução de 1L de água com 3g de sulfato de amônia para ser
aplicado 100ml da solução nos tratamentos 2 e 5. Vinte dias após a primeira
aplicação, no dia 18/05 foi feita a segunda aplicação com a mesma solução de
sulfato de amônia nos tratamentos 2 e 5.
A semeadura, a adubação e a aplicação de sulfato de amônia foram
realizadas de acordo com as condições para cada tratamento, sendo estas:
1º Solo estéril, sem inoculante, sem nitrogênio - a base para a análise e comparação
dos demais tratamentos;
2º Solo estéril, sem inoculante, com nitrogênio - indicará se a planta é capaz de
retirar do solo o nutriente sem a intervenção do inoculante;
3º Solo comum, sem inoculante, sem nitrogênio – indicará há presença do
Rhizobium no solo pela a presença ou ausência de nódulos simbióticos nas raízes.
4º Solo estéril, com inoculante, sem nitrogênio - Possibilitará observar a formação de
nódulos, onde será convertido o nitrogênio gasoso da atmosfera em amônia para
planta;
5º Solo estéril, com inoculante, com nitrogênio - Este tratamento evidenciará se o
Rhizobium se desenvolveu nas raízes das plantas de soja, de acordo com a
presença e o número de nódulo, ou se a planta absorveu o nitrogênio fornecido
como nutriente pela adubação.
Vinte dias após o plantio, no dia 19/05, foi feita a segunda aplicação de
Sulfato de amônia, e logo, no dia 24/05 foi realizada a primeira análise em
laboratório onde foram avaliados os seguintes itens: massa total, massa da raiz,
massa da parte aérea, altura, área foliar, massa foliar e nódulo.
No dia 07/06 ocorreu a terceira aplicação de sulfato de amônia, dois dias
após, no dia 09/06, foi realizada a segunda analise em laboratório, onde foi
observado os mesmos itens da primeira analise, contudo observando o
desenvolvimento da quantidade e verificação da coloração dos nódulos.
Resultados e Discussões 1º Tratamento testemunha; com o solo estéril e sem inoculante, sem
nitrogênio o tratamento serviu de base para analisar dos demais experimentos.
Apresentou aspecto pouco amarelado e pouco desenvolvimento.
2º Tratamento; solo estéril, sem inoculante e com nitrogênio a planta não
desenvolveu nódulos nas raízes e apresentou pouco desenvolvimento em relação
ao tratamento 4.
3º Tratamento; solo comum, sem inoculante e sem nitrogênio. As
bactérias (Rhizobuim) estavam presentes no solo, mas em pouca quantidade, isto se
repete para os nódulos. Com a raiz mais desenvolvida do que a parte aérea e pouco
desenvolvimento em relação à testemunha.
4º Tratamento; solo estéril, com inoculante e sem nitrogênio. O Rhizobium
inoculado formou nódulos simbióticos nas raízes. Sendo o tratamento de melhor
desenvolvimento.
5º Tratamento; solo estéril, com inoculante e com nitrogênio, devido há
presença de nitrogênio a planta desenvolveu poucos nódulos simbióticos nas raízes,
mesmo com a presença da bactéria.
Tabela 1: Massa total das amostras dos experimentos
Massa Total (grama) 1ª Analise 2ª Analise Tratamento 1 2,3038 6,8302 Tratamento 2 2,0389 5,7432 Tratamento 3 2,3492 2,9718 Tratamento 4 2,7855 9,4356 Tratamento 5 2,1842 5,7991
Tabela 2: Massa da raiz das amostras dos experimentos
Massa da Raiz (grama) 1ª Analise 2ª Analise Tratamento 1 1,1500 4,27 Tratamento 2 0,7382 1,2470 Tratamento 3 1,2487 1,4845 Tratamento 4 1,4001 3,7165 Tratamento 5 0,8682 1,8338
Tabela 3: Massa da parte aérea das amostras dos experimentos
Massa da Parte Aérea (grama) 1ª Analise 2ª Analise Tratamento 1 1,2129 2,7876 Tratamento 2 1,3824 4,5483 Tratamento 3 1,0745 1,4843 Tratamento 4 1,4073 5,5360 Tratamento 5 1,3045 3,9529
Tabela 4: Altura das amostras dos experimentos
Altura (centímetros) 1ª Analise 2ª Analise Tratamento 1 19 37,5 Tratamento 2 20,75 39 Tratamento 3 24 63 Tratamento 4 27,75 58 Tratamento 5 22,6 39
Tabela 5: Área foliar e massa foliar das amostras dos experimentos
Área foliar (cm2) Massa foliar (g) 1ª Analise 2ª Analise 1ª Analise 2ª Analise Tratamento 1 11,7 15,25 0,4072 1,5443 Tratamento 2 9,85 24,05 0,4443 2,2099 Tratamento 3 12 8,95 0,5680 0,8473 Tratamento 4 13,55 22,65 0,7485 3,9949 Tratamento 5 12,04 23,3 0,5887 2,6836
Tabela 6: Quantidade de nódulos seus pesos
Nódulos 1ª Analise 2ª Analise Peso (g) Tratamento 1 0 0 0 Tratamento 2 0 0 0 Tratamento 3 0 5 0,1531 Tratamento 4 13 25 0,4849 Tratamento 5 6 16 0,1177
Conclusão
É importante enfatizar que o processo de nodulação e atividade dos nódulos
resultantes da interação soja-Rhizobium é bastante dependente das condições
ambientais e especialmente das práticas culturais empregadas, como a correção de
acidez do solo, a aplicação de fertilizantes químicos e o uso de implementos
mecânicos que causam distúrbios no solo. Todos esses fatores podem alterar
expressivamente o processo.
Pelos resultados obtidos pode-se concluir que a utilização do inoculante na
soja apresentou promissores resultados para aumentar a nodulação de raízes e
promover o crescimento de plantas, isto se comparadas aos tratamentos que não
foram inoculados, mas apenas adubados com Sulfato de amônia.
Bibliografia
FREIRE, J.R.J. Fixação do nitrogênio pela simbiose rizóbio/leguminosas. In:
CARDOSO, E.J.B.N., TSAI, S.M. & NEVES, M.C.P., coords. Microbiologia do solo.
Campinas, Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1992. p.121-140.
HUNGRIA, M.; VARGAS, M.A.T.; SUHET, A.R. & PERES, J.R.R. Fixação
biológica do nitrogênio em soja. In: ARAUJO, R.S. & HUNGRIA, M., eds.
Microrganismos de importância agrícola. Brasília, Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, 1994. p.9-89.
VARGAS, M.A.T. & HUNGRIA, M. Fixação biológica do N2 na cultura da
soja. In: VARGAS, M.A.T. & HUNGRIA, M., eds. Biologia dos solos de cerrados.
Planaltina, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, 1997. p.297-360.
LOPES, A.S. Manual de Fertilidade do solo. São Paulo: ANDA/POTAFÓS;
1989. 153 p.
VIEIRA, M. E.; PRADO; S. G. A. Instituto de Química de São Carlos -
Universidade de São Paulo. Disponível em: <www.embrapa.com.br>. Acessado em:
06/03/2006.