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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - CCB DEP. DE BIOLOGIA CELULAR, EMBRIOLOGIA E GENÉTICA - BEG LAB. DE CÉLULAS TRONCO E REGENERAÇÃO TECIDUAL LACERT Adriane Cristina Fagundes Efeito da radiação ultravioleta B em células tronco mesenquimais derivadas da pele Trabalho apresentado como requisito para a conclusão dadisciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II (BIO7016) do currículo do Curso de Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina. Orientadora: Dra. Talita da Silva Jeremias. Co-orientadora: Profa. Dra. Andréa Trentin Florianópolis 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA -

UFSC

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - CCB

DEP. DE BIOLOGIA CELULAR, EMBRIOLOGIA E

GENÉTICA - BEG

LAB. DE CÉLULAS TRONCO E REGENERAÇÃO

TECIDUAL – LACERT

Adriane Cristina Fagundes

Efeito da radiação ultravioleta B em células tronco

mesenquimais derivadas da pele

Trabalho apresentado como requisito para a

conclusão dadisciplina de Trabalho de

Conclusão de Curso II (BIO7016) do

currículo do Curso de Graduação em

Ciências Biológicas da Universidade Federal

de Santa Catarina.

Orientadora: Dra. Talita da Silva Jeremias.

Co-orientadora: Profa. Dra. Andréa Trentin

Florianópolis

2016

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Adriane Cristina Fagundes

Efeito da radiação ultravioleta B em células tronco

mesenquimais derivadas da pele

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado

para obtenção do Título de “Licenciado em Ciências

Biológicas”, e aprovado em sua forma final pelo Curso de

Ciências Biológicas.

Florianópolis, 02 de Dezembro de 2016.

Professora Dra. Maria Risoleta F. Marques

Coordenadora do Curso de Ciências Biológicas

Banca examinadora:

Dra. Talita da Silva Jeremias Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

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Dra. Cláudia Beatriz Nedel

Examinadora

Universidade Federal de Santa Catarina

Msc. Priscilla Delben Barros

Examinadora

Universidade Federal de Santa Catarina

Msc. Diana Heck

Suplente

Universidade Federal de Santa Catarina

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Aos meus pais por todo o amor e

todo o esforço que tiveram para que

eu chegasse até aqui e aos meus

irmãos pela amizade e inspiração.

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Santa Catarina pela

oportunidade de realizar esse trabalho e concluir meu curso e

ao CNPq pelo apoio financeiro durante minha graduação.

À minha orientadora, Talita Jeremias. Todas as

pessoas no mundo deveriam ter uma Talita na sua vida. Uma

pessoa incrível de todas as formas!

À minha co-orientadora, Profa. Andréa Trentin, por

ter me aceitado e me recebido de braços abertos.

A todos os meus amigos e colegas do LACERT; Prof.

Ricardo Garcez, por todos os ensinamentos. Diana Heck,

Helena Zomer e Priscilla Delben, sempre tão dispostas a

ajudar. À Camila Acordi, Maiara Marques (cafézinhoooo!),

Aruana Hansel, Gabriel Pescador, Alessandra Barauna,

Jaqueline Isoppo, Gisele Varela, Rafaela Grecco, Gabriel

Petry, Patrícia Dillenburg, Juliano Tibbola, Fernanda Lamin,

Ana Júlia Gonçalves e Jéssica Andrade por toda parceria,

vocês são demais!

Aos meus ex-colegas de laboratório e hoje grandes

amigos, Marcelo Falchetti, Gabriel Matos, Amanda Silveira

(amada mãe!), Jaqueline da Rosa, Graziela Vieira, Emily

Justino, Cairé Barreto, Bruno Dominski e Mariana Pilotto.

Sinto saudade de vê-los todos os dias!

Às minhas colegas e amigas de graduação, Amanda

Tuyama, Mahoany Machado, Tamires Gregorio, Nágilla

Alberton, Natani Coser, Joana Weck e Maysa Almeida. Foi

um prazer imenso estar ao lado de vocês por todos esse anos.

A todos os meus amigos queridos, os de infância:

Bianca Brasil, João Fransisco, Gustavo Lemos e Larissa

Lorenzi. E àqueles que adquiri um pouco depois, Camila Reis (a melhor das melhores amigas), Jefferson Corrêa (meu irmão

de coração!), Camila Leal, Henrique Lobo, Diego Feijó, Jhon

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(André) Trevisol, Kacilha Macedo, Douglas de Menezes, Joel

Mello e Leonardo Cabral. Obrigada por tantas alegrias

compartilhadas, pessoal!

Ao meu namorado, Luan Gomes, que conheci na

biologia e com quem posso contar desde então. Obrigada por

todo o apoio que você me dá em todos os momentos. Eu não

teria permanecido tão calma (tanto quanto posso ser) se não

fosse por você. E nem tão feliz! Te amo!

Aos meus pais por tudo o que fizeram por mim. Eu

sei o quanto vocês batalham ainda hoje para que eu seja o

melhor que posso. Eu sou imensamene grata por tudo. E amo

vocês. Também agradeço aos meus irmãos e melhores

amigos. Minha irmã, Lisiane, por alegrar todos os dias da

minha vida com sua risada cheia de vida e o seu senso de

humor. Meu irmão, Rodrigo, por ter sido meu ídolo nos

estudos. Tentei até gostar de matemática por sua causa.

Espero sempre ser motivo de orgulho a todos vocês.

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“Don't adventures ever have an end? I suppose not.

Someone else always has to carry on on the story.”

J.R.R. Tolkien

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RESUMO

FAGUNDES, A. C. Efeito da radiação ultravioleta B em

células tronco mesenquimais derivadas da pele. Trabalho

de Conclusão de Curso – Curso de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

As células tronco mesenquimais (CTMs) são

multipotentes, capazes de se diferenciar em diversas

linhagens celulares e, sugere-se, que estejam presentes em

todos os tecidos e órgãos do corpo. Trabalhos tem mostrado

que em condições adversas como hipóxia, as CTMs

sobrevivem. Por ser um órgão extenso e externo, a pele recebe

a maior parte da carga de radiação UV proveniente do sol. A

radiação ultravioleta do tipo B (UVB: 280-320 nm) é o tipo

de radiação mais energética, a qual atua como mediador de

espécies reativas de oxigênio e a exposição a essa radiação é

altamente mutagênica. Entretanto, também pode estimular a

proliferação, a diferenciação celular e aumentar a secreção de

fatores relacionados ao reparo tecidual. Sendo assim, o

objetivo desse trabalho foi verificar o efeito da radiação UVB

em células tronco mesenquimais derivadas da pele (CTMp).

As CTMp foram isoladas in vitro e expostas à diferentes doses

de radiação UVB (2,5, 5, 10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm²) para

análise de viabilidade, morfologia, dano de DNA, ciclo

celular, morte celular e apoptose. Os resultados obtidos

mostram que altas doses de radiação UVB diminuem a

viabilidade das CTMs ao causar dano no DNA, o que por sua

vez causa parada no ciclo celular e culmina na ativação de

cascatas de sinalização para morte celular. Já em baixas doses

(2,5 mJ/cm²) as CTMp não mostram diferenças signifitavas

em relação ao controle. Sendo as CTMp ativas em processos

de reparo de regiões lesionadas, analisar seu meio

condicionado. (secretoma) por radiação UVB é o próximo

passo para o estudo de uso dessas células como terapia.

Palavras-chave: células tronco, CTM, UVB

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ABSTRACT

FAGUNDES, A. C. Effects of Ultraviolet B radiation on

mesenquymal stem cells derived from the skin. Trabalho

de Conclusão de Curso – Curso de Ciências Biológicas,

Universidade Federal de Santa Catarina, 2016.

Mesenquymal stem cells (MSC) are multipotent cells

capable of differentiating in various cell lineages and it is

suggested that they are present in all the bodys tissues and

organs. Research has shown that MSC survive in adverse

conditions such as hypoxia. Because the skin is an extense and

exposed organ, it recieves most of the radiation coming from

the sun. Ultraviolet B radiation (UVB: 280-320 nm) is the

most energetic type of radiation and exposure to it is highly

mutagenic. However, it can also estimulate cell proliferation

and differentiation and increase secretion of tissue repair

related factors. Therefore, our objective was to evaluate the

effect of UVB radiation on mesenquymal stem cells derived

from the skin (MSCd). MSCd were isolated in vitro and

exposed to different UVB radiation doses (2,5, 5, 10, 20, 30,

40 and 50 mJ/cm²) to investigate cell viability, morphology,

DNA damage, cell cicle, cell death and apoptosis. Our results

show that high doses of UVB radiation decrease MSCd

viability by causing DNA damage and cell cicle arrest, which

ends in activation of cell death signaling pathways. However,

MSCd did not show significative differences compared to the

control group, when exposed to low dose radiation (2,5

mJ/cm²). Since MSCd participate in repairing wounded

regions, studying the MSCd conditionated medium

(secretome) by UVB radiation is the next step towards the use

of these cells as therapy.

Keywords: Stem cells, MSC, UVB

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação esquemática da pele

............................................................................................. 22

Figura 2 – Localização de nichos de CTs na pele

............................................................................................. 23

Figura 3 – Representação da penetração da luz ultravioleta na

pele ..................................................................................... 27

Figura 4 – Esquema da cascata de sinalização de apoptose

............................................................................................. 30

Figura 5 – Viabilidade das CTMp após exposição a radiação

UVB ................................................................................... 44

Figura 6 – Morfologia das CTMp após a irradiação por luz

UVB ................................................................................... 45

Figura 7 – Expressão de γH2AX nas CTMp irradiadas UVB

............................................................................................. 47

Figura 8 – Dados referentes à porcentagem de células nas

diferentes fases do ciclo celular ......................................... 49

Figura 9 – Efeito da irradiação UVB na quantidade de

CTMps viáveis e inviáveis dos diferentes grupos .............. 51

Figura 10 – Análise da apoptose após irradiação UVB das

CTMps ............................................................................... 53

Figura 11 – Representação esquemática dos resultados

obtidos ................................................................................ 59

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CT – Célula tronco

CTM – Célula tronco mesenquimal

CTMp – Células tronco mesenquimais derivadas da pele

DAPI – 4',6-diamidino-2-phenylindole

DMEM – F12 – Dulbecco's Modified Eagle Medium Ham’s

F12

DMSO – Dimetilsulfóxido

EDTA – Ácido Etilenodiamino Tetra- acético

ERO – Espécies reativas de oxigênio

MTT – (3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil bromo

tetrazólico)

IP – Iodeto de proídeo

PBS – Tampão Fosfato Salina

PS – Penicilina e Estreptomicina

RUV – Radiação ultravioleta

SBF – Soro Bovino Fetal

UV – Ultravioleta

UVA – Ultravioleta do tipo A

UVB – Ultravioleta do tipo B

UVC – Ultravioleta do tipo C

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................... 21

1.1 Pele ................................................................. 21

1.1.1Nicho de células tronco na pele ................... 22

1.2 Radiação ultravioleta ............................................ 26

1.2.1 Danos no DNA.............................................. 28

1.2.2 Morte celular ................................................ 29

2 JUSTIFICATIVA ...................................................... 33

3 OBJETIVOS .............................................................. 35

2.1 Geral ..................................................................... 35

2.2 Específicos ............................................................ 35

4 METODOLOGIA ..................................................... 37

4.1 Obtenção das amostras de tecido humano ............ 37

4.2 Cultura de células tronco mesenquimais (CTM)

derivadas da pele humana (CTMp) ............................ 37

4.3 Irradição das CTMp com ultravioleta B (UVB) ... 38

4.4 Ensaio de MTT ..................................................... 39

4.4 Análise da morfologia .......................................... 40

4.6 Análise de ciclo celular ........................................ 40

4.7 Imunocitoquímica ................................................. 41

4.8 Ensaio de viabilidade celular (vida/morte) ........... 42

5 RESULTADOS .......................................................... 43

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5.1 Análise de viabilidade celular das CTMp ............. 43

5.2 Análise da morfologia celular ............................... 44

5.3 Análise de dano de DNA ...................................... 46

5.4 Análise de ciclo celular por citometria de fluxo ... 48

5.3 Análise de morte celular ....................................... 50

6 DISCUSSÃO ............................................................... 55

7 CONCLUSÃO ............................................................ 59

REFERÊCIAS ............................................................... 61

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Pele

A pele é um órgão multifuncional que recobre toda a

superfície do corpo, protegendo-o contra a perda de água,

microorganismos, ações mecânicas e químicas e radiações

solares (ALONSO & FUCHS, 2003). A estrutura da pele é

composta de duas porções: a epiderme e a derme, sendo a

primeira a camada mais externa. A epiderme, originada da

ectoderme, é constituída por uma fina camada epitelial

estratificada pavimentosa, que por sua vez é composta

principalmente por queratinócitos. Ela também possui

melanócitos, células de Langerhans e de Merkel

(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004). Nesta camada, estão

presentes também os anexos epidérmicos: folículos pilosos,

glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas.

Já a derme, de origem mesodérmica, está localizada

adjacente à epiderme e apresenta uma camada de espessura

variável, muito resistente e rica em colágeno,

glicosaminoglicanos e elastina. Essa região da pele é

subdividida em derme papilar e derme fibrilar. A primeira está

localizada abaixo da epiderme e possui sistema circulatório

associado, enquanto a segunda é localizada mais abaixo,

próxima do tecido subcutâneo, e sua matriz extracelular é

mais densa. A derme é composta majoritariamente por

fibroblastos, porém também são encontradas células imunes e

do endotélio vascular. Abaixo da derme encontra-se um tecido

distinto composto por camadas de células adiposas. Esse

tecido é responsável por propocionar isolamento térmico e

pelo deslizamento da pele sobre suas estruturas de apoio

(Figura 1) (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).

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Figura 1. Representação esquemática da pele

Adaptado de:

http://www.ccsb.org/Cancer/Summary/CDR0000258037/.

1.1.1 Nicho de células tronco na pele

As células tronco (CT) são caracterizadas por sua alta

taxa de proliferação in vitro, sua capacidade de

autorrenovação e diferenciação em tipos celulares

especializados. Essa capacidade de diferenciação é

estabelecida dependendo da origem e potencialidade das CT.

Em tecidos embrionários e fetais, as CT são totipotentes e

pluripotentes. CT totipotentes são capazes de se diferenciar

em todos os tipos celulares de um organismo, incluindo os

anexos embrionários, enquanto as CT pluripotentes são

localizadas na massa interna do embrião, sendo capazes de

originar células dos três folhetos embrionários. Já em tecidos

adultos, estão presente CT multipotentes, que apresentam um

potencial menos abrangente, sendo capazes de se diferenciar

em apenas algumas linhagens celulares (ALISON et al.,

2009).

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23

Atualmente, têm-se levantado a hipótese de que todos

os tecidos adultos possuem um “compartimento tronco” ou

nicho onde estão localizadas as CTs. Esses nichos são

responsáveis pela reposição celular e pelo reparo de lesões.

Sendo assim, cada tecido tem uma taxa diferenciada de

capacidade de renovação. A pele, por exemplo, possui uma

alta taxa de proliferação celular, sendo que a epiderme

apresenta capacidade de se regenerar a cada duas semanas

como resultado da atividade de CTs adultas (ADOLPHE &

WAINWRIGHT, 2005). Já foram identificadas populações de

CTs em diversos nichos da pele, incluindo epiderme, folículo

piloso, glândula sebácea, derme e hipoderme (tecido adiposo)

(Figura 2) (WONG et al., 2012).

Figura 2. Localização de nichos de CTs na pele

Esquema ilustrando os diferentes nichos de CTs (em verde) na pele:

na camada basal da epiderme, no bulge e papila dermal do folículo

piloso, na derme e hipoderme. Quando há uma lesão no tecido, essas

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células são recrutadas e auxiliam no processo de reparo. Adaptado

de: (WONG et al., 2012).

A existência de CTs dermais na pele de mamíferos

ainda é pouco compreendida, entretanto, sabe-se que as CTs

obtidas da derme e epiderme possuem diferentes

características fenotípicas e potencialidades. Mas, em geral

permanecem capazes de se diferenciar in vitro em algumas

linhagens celulares e possuem marcadores de superfície

semelhantes às CTs mesenquimais da medula óssea

(VISHNUBALAJI et al., 2012; WONG et al., 2012).

As células tronco mesenquimais (CTM) se

caracterizam por serem aderentes ao plástico e positivas para

os marcadores de células tronco mesenquimais CD29, CD44,

CD71, CD73, CD105, CD90 e CD166 e negativas para CD45,

CD14, CD34, CD133 e HLA-DR, de acordo com o Mesenchymal and Tissue Stem Cell Committee of the

International Society for Cellular Therapy. As CTMs são

multipotentes e, portanto, capazes de se diferenciar em

diversas linhagens celulares derivadas do mesoderma, como

osteoblastos, adipócitos e condrócitos (BIANCO et al., 2001).

Inicialmente, essas células foram isoladas da medula óssea e

caracterizadas por Friedestein e colaboradores em 1968, e,

atualmente sugere-se que as CTMs estejam presentes em

todos os tecidos adultos, já que vem sendo isoladas de outros

órgãos e tecidos, como gordura, sangue do cordão umbilical,

líquido amniótico, placenta, polpa dentária, tendões e

músculo esquelético (MEIRELLES et al., 2008). No nosso

grupo de pesquisa, foi isolada e caracterizada uma população

de células mesenquimais derivadas da derme humana, com

características imunofenotipicas semelhantes as células da

medula óssea, e com capacidade de diferenciação para

fenótipos mesodermais e ectodermais (JEREMIAS et al.,

2013).

De fato, estudos sugerem que as CTMs podem

possuir uma plasticidade celular mais abrangente, sendo

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25

capazes de se diferenciar em células de origem endodérmica

(SATO et al, 2005) e ectodérmica (KOPEN et al, 1999). Uma

pesquisa realizada por Kopen e colaboradores (1999)

demonstrou que ao injetar CTMs de camundongos em

ventrículos laterais de camundongos neonatos, é observada a

diferenciação dessas células tronco em células neurais.

Também já foi descrito que o uso de CTMs é eficaz em

diversas estratégias de terapia celular como tratamento de

crianças com osteogênse imperfeita (HORWITZ et al., 2002),

recuperação hematopoiética (KOC et al., 2000) e estratégias

de regeneração tecidual (PETITE et al., 2000). Para a

medicina regenerativa, essa versatilidade celular é mais uma

característica em potencial a ser explorada, já que as CTMs já

vem sendo estudadas como possibilidade para tratamentos de

tecidos lesionados (ALDAHMASH et al., 2012).

Atualmente tem-se associado a presença destas

células em diferentes tecidos com a manutenção da

homeostase tecidual e recrutamento após lesões, e que o seu

efeito reparatório ocorre não só a partir da habilidade de

diferenciação das CTMs, mas também pelo seu efeito

parácrino, ou seja, os fatores secretados por essas células

(Figura 2). Análises do meio condicionado de CTMs

mostram a produção de diversos mediadores do processo de

reparo, como citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento,

e moléculas de matriz extracelular (CHEN et al., 2008;

PHINNEY, 2007). Além disso, trabalhos tem mostrado que

em condições adversas, como hipóxia e radiação ultravioleta,

as CTMs são capazes de sobreviver e secretar uma quantidade

maior desses mediadores do processo de reparo

(RAJENDRANNAIR et al., 2016; JEONG et al., 2013).

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1.2 Radiação ultravioleta

A nossa superfície terrestre recebe diversos tipos de

energia radioativa da nossa estrela local, o sol. Essas energias

são classificadas como radiação eletromagnética não

ionizada, o que inclui: infravermelho (780 – 3000 nm), luz

visível (400 – 780 nm) e ultravioleta (100 – 400 nm). A luz

infravermelha representa 54% da radiação solar, enquanto que

a ultravioleta representa apenas 7% (KOCHEVAR et al., 2008).

A exposição à radiação ultravioleta (RUV)

desencadeia diversas mudanças na pele, como hiperemia,

hiperalgesia e inflamação. Todas essas mudanças podem ser

observadas após a exposição à luz ultravioleta de diferentes

comprimentos de onda. Essa radiação pode ser classificada

em UVA (320 – 400 nm), UVB (280 - 320 nm) e UVC (100

– 290 nm) (EUBANKS et al., 2006). A radiação UVC é

eficientemente absorvida pela camada de ozônio e não chega

a superfície terrestre, já a UVB não é totalmente absorvida,

sendo que cerca de 0,1% atinge a superfície da Terra no verão

(região do Equador – 12:00hrs). Quanto à radiação UVA,

cerca de 5% atinge a superfície terrestre (HOLICK, 2016).

Por ser um órgão extenso e externo, a pele recebe a

maior parte da carga de RUV, porém, das três formas apenas

duas conseguem penetrar na pele, em diferentes níveis. A

radiação UVB é majoritariamente absorvida pela epiderme,

mas penetra também na camada superior da derme, enquanto

a UVA penetra mais profundamente, chegando até a camada

reticular da derme (Figura 3). De maneira geral, quando em

contato com a pele, a radiação UV pode prejudicar as funções

celulares direta e indiretamente ao gerar danos do DNA e

induzir assim, à parada no ciclo celular e apoptose (CHA et

al., 2014).

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Figura 3. Representação esquemática da penetração da

radiação ultravioleta na pele

Adaptado de: (HUSSEIN, 2005)

A radiação ultravioleta do tipo B (UVB: 280-320

nm) é o tipo de radiação mais energética, a qual atua como

mediador de espécies reativas de oxigênio (EROs) e a

exposição a essa radiação é altamente mutagênica, o que

possibilita o aparecimento de doenças, além de ocasionar

queimaduras e câncer de pele (JEONG et al., 2013).

Entretanto, a radiação do tipo UVB é essencial na indução da

produção de vitamina D e tem sido utilizada no tratamento de doenças, como vitiligo e psoríase (NJOO et al., 2000; GREEN

et al., 1988).

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28

1.2.1 Danos no DNA

Os danos ao DNA podem ser causados de forma

indireta e direta por diversos agentes exógenos, como a

radiação ultravioleta. Os danos indiretos são aqueles causados

a longo prazo, consequência da produção de EROs. Ao

produzir EROs, a radiação UVB causa, indiretamente, dano

oxidativo no DNA, RNA, proteínas e lipídios (SWALWELL

et al, 2012; GODAR et al, 1993). Já danos diretos são aqueles

que ocorrem no momento da exposição. No caso da luz UVB,

os danos ocorrem devido ao fato de as bases nitrogenadas que

compõe o DNA absorverem diretamente os fótons da luz

UVB (RAVANANT et al., 2001). Como consequência dessa

absorção, ocorre um rearranjo de nucleotídeos nessas

macromoléculas que induzem a formação de dímeros de

piramidina ciclobutano (CPDs) e pirimidina (6-4) pirimidona.

Tais danos podem afetar as células a curto e longo prazo.

Como consequência de lesões não reparadas, danos podem se

estabelecer e alterações permanentes podem ocorrer

ocasionando mutações, além de interferências nos processos

de transcrição e replicação. Essas alterações no DNA

acarretam bloqueios da replicação e indução da fosforilação

da histona H2AX na serina 139 (γH2AX) (ROGAKOU et al.,

1998; ROGAKOU et al.,1999), também responsável pela

sinalização de moléculas de reparo de DNA.

Durante o sistema de checagem do ciclo celular, as

lesões de DNA são reconhecidas por proteínas, o que induz

uma parada no ciclo celular para que haja o reconhecimento

de lesão (PIETENPOL & STEWART, 2002). Esse

reconhecimento se dá no período de intérfase do ciclo, o qual

é subdividido em três etapas: G0/G1, fase de crescimento

celular e que possui duração variável, além de poder

permanecer em estado quiescente (G0) por tempo

indeterminado como resposta à estímulos; S, fase em que há

duplicação do material genético; G2, fase que possui alguns

pontos de checagem e é o período que a célula permanece até

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29

que todo o material genética tenha sido duplicado para só

então passar à fase mitótica (JUNQUEIRA & CARNEIRO,

2004).

Caso o reparo não seja eficiente, pode haver sinalização para

que se inicie o processo de apoptose (PEI & STRAUSS,

2013).

1.2.2 Morte celular

A morte celular é o principal mecanismo de

eliminação celular nos metazoários e suas formas mais

conhecidas são a necrose e apoptose. A necrose é

caracterizada pela formação de vacúolos citoplasmáticos,

desestabilização da membrana plasmática e inflamação ao

redor das células necróticas (EDINGER & THOMPSON,

2004). Já a morte por apoptose tem como característica a

degradação de componentes celulares, a fragmentação do

DNA e a formação de corpos apoptóticos (HAIL et al, 2006).

Entretanto, não há rompimento da membrana plasmática e não

há presença de processo inflamatório (EDINGER &

THOMPSON, 2004). Essas características morfológicas da

apoptose são consequência da ativação de caspases, as quais

são ativadas devido a secreção de mediadores da mitocôndria

ou por receptores de morte (Figura 4) (EDINGER &

THOMPSON, 2004). Há muitos eventos que podem

desencadear a apoptose, sendo um deles, o dano de DNA, que

por sua vez, pode ser induzido por fatores exógenos como a

radiação ultravioleta. (GRIVICICH et al., 2007; SUZANNE

& STELLER, 2013).

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30

Figura 4. Esquema da cascata de sinalização de

apoptose

Representação da cascata de sinalização da caspase, que resulta em

apoptose. Caspases são altamente expressas na maioria das células

na forma de proenzimas inativas. Quando há dano de DNA,

proteínas, como a p53, são acumuladas no núcleo celular e, quando

não há sucesso no reparo, ativa as vias de caspase, inicializando

assim a cascata de sinalização apoptótica (PEI & STRAUSS, 2013;

ELMORE, 2007).

Diferentes tipos celulares podem ter reações distintas

à exposição a luz ultravioleta. Em queratinócitos e linfócitos

há a indução de apoptose, mas é interessante observar que os

linfócitos são mais sensíveis à radiação, sendo necessárias

menores doses de luz ultravioleta para que essas células

sinalizem para a apoptose (SCHINDL et al., 1998; AUFIERO

et al., 2006). Já em melanócitos, por exemplo, há o aumento

da densidade celular quando a pele é exposta a radiação solar

(TAYLOR, 2005).

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31

Trabalhos recentes têm mostrado a influência da

radiação UVB em CTs de diferentes tecidos. Estudos com

CTs do folículo piloso mostram que a exposição à RUV, além

de desestabilizar o microambiente dessas células reduz seu

potencial de formação de colônias, bem como sua viabilidade

(AOKI et al, 2013). Em relação a CT derivadas do tecido

adiposo, foi descrito que em baixas doses, a radiação UVB

aumenta a sobrevivência e a migração celular. Além disso, as

CT derivadas do tecido adiposo secretam mais fatores de

crescimento envolvidos com o reparo tecidual, como bFGF,

KGF, HGF e VEGF (JEONG et al., 2013). Neste contexto, as

CTMs encontradas na derme também podem ser afetadas pela

radiação UVB. Entretanto, ainda não existem estudos acerca

do pefil celular que essas células apresentam quando expostas

a essa radiação.

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2 JUSTIFICATIVA

As CTMs estão presentes em diversos tecidos, sendo

sugerido que estejam presentes em todos os tecidos adultos

(MEIRELLES, 2008). Essas células possuem a capacidade de

manter a manutenção tecidual e de auxiliar no processo de

reparo após lesão. Atualmente, discute-se que o efeito

reparatório ocorre não só a partir da habilidade de

diferenciação das CTMs, mas também pelo seu efeito

parácrino (VISHNUBALAJI et al., 2012). Entretanto,

diversos aspectos do microambiente, como diferentes

substratos, contato célula-célula e a exposição à ambientes

estressores, como hipóxia e radiação UV, podem afetar a

sobrevivência e a secreção de fatores parácrinos.

A luz UVB, quando em contato com a pele, pode

afetar as células e desestabiliziar o microambiente,

ocasionado morte celular. Entretanto, por estarem tão sujeitas

a exposição a agentes danosos, as células tronco da pele são

altamente resistentes ao processo de envelhecimento e ao

dano de DNA, possuindo mecanismos de reparo altamente

eficientes (RACILA & BICKENBACH, 2009; STERN &

BICKENBACH, 2007; GIANGRECO et al., 2008)

Assim, o efeito da irradiação UVB pode nem sempre

ser negativo e resultar em morte celular. Ao contrário, pode

estimular a proliferação, a diferenciação celular e aumentar a

secreção de fatores relacionados ao reparo tecidual (JEONG

et al., 2013). Recentemente, estudos vem sendo realizados a

fim de elucidar os efeitos da radiação UVB em diferentes

tipos celulares derivados da pele, incluindo as CTs epidermais

do folículo piloso e da papila dérmica. Entretanto, não há

dados na literatura em relação as CTMs da pele (CTMp).

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34

Dessa forma, faz-se necessário adquirir

conhecimentos acerca dos efeitos da radiação UVB em

células tronco mesenquimais derivadas da pele, visto que

essas células são importantes para a renovação do tecido e são

ativadas no reparo tecidual. Além disso, a possível

modificação dessas células após a irradiação pode aumentar

as possibilidades de uso das CTMp para terapias celulares

através do estímulo de secreção de biomoléculas que atuam

no processo de reparo.

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35

3 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar o efeito da radiação ultravioleta B em células tronco

mesenquimais derivadas da pele humana, in vitro.

2.2 Específicos

- Avaliar a viabilidade das CTMp após a irradiação com

diferentes doses de UVB.

- Analisar a morfologia das CTMp após serem expostas à

radiação UVB.

- Verificar o dano no DNA causado nas CTMp após irradiação

UVB

- Analisar o ciclo celular das CTMp após a irradiação UVB.

- Estudar o processo de apoptose das células CTMp após a

irradiação UVB.

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37

4 METODOLOGIA

4.1 Obtenção das amostras de tecido humano

As amostras de pele humana foram obtidas através de

uma colaboração com o Hospital Universitário – HU

(Florianópolis) onde pacientes submetidos a cirurgias

plásticas de “lifting facial” (ritidoplastias) doaram os

fragmentos de pele, retirados durante o procedimento

cirúrgico, após a apresentação e assinatura do termo de

consentimento livre e esclarecido. O fragmento de pele foi

coletado e armazenado a 4ºC em recipiente estéril, contendo

DMEM-F12 acrescido de antibióticos (penicilina e

estreptomicina - PS) (1U/μg) e encaminhado para o

Laboratório de Células Tronco e Regeneração Tecidual, onde

foram realizados os procedimentos de cultura celular.

4.2 Cultura de células tronco mesenquimais (CTM)

derivadas da pele humana (CTMp)

Os fragmentos de pele foram cortados em pedaços de

aproximadamente 1,0 cm² e incubados com 12,5 U/mL de

dispase durante 15 horas, a 4°C. Após este período, a

epiderme e a hipoderme foram removidas do tecido e a derme

incubada com 0,25% de tripsina a e 0,02% EDTA (Gibco)

durante 45 minutos, a 37°C. Após o bloqueio da reação

enzimática com DMEM acrescido de 10% de soro bovino

fetal (SBF), a suspensão de células foi filtrada com cell

strainer de 70 μm (BD) e centrifugada durante 7 minutos a

392 g. As células foram então ressuspensas em DMEM

suplementado com 10% de SBF e antibióticos (PS) e mantidas em garrafas de cultura de 25cm² a 37ºC, em 5% de CO2 e 95%

de umidade. Após 4 dias, o meio de cultivo foi trocado e as

células não aderentes descartadas. As células que

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38

permaneceram aderidas passaram a ser chamadas de células

tronco mesenquimais derivadas da pele (CTMp). As CTMp

foram mantidas em DMEM suplementado com 10% de SBF

e antibióticos (PS), em garrafas de cultura de 25 cm2 a 37ºC,

em 5% de CO2 e 95% de umidade. Quando atingiram

confluência de 80% foram repicadas e consideradas em

passagem 1. As células foram utilizadas entre 1 e 5 passagens.

4.3 Irradição das CTMp com ultravioleta B (UVB)

Para a irradiação das CTMp com a luz UVB foi

utilizado um aparato totalmente fechado, a fim de eliminar a

incisão de outras radiações. A lâmpada ultravioleta (marca)

foi posicionada a uma altura definida neste aparato, na qual a

intensidade da radiação UVB (312 nm) incidente é de 34

μW/cm2. Para a definição das doses, as CTMp foram expostas

a essa intensidade, em períodos de tempos diferentes,

conforme tabela 1. Foi utilizado um mesmo grupo controle

para todas as doses, que foi mantido por 4 minutos em PBS

1X.

Para realizar o procedimento de irradiação, o meio de

cultivo foi retirado e as células foram mantidas em 3 mL de

PBS 1X durante a exposição às diferentes doses de radiação

UVB. Em seguida, foram incubadas com DMEM

suplementado com 10% de SBF a 37ºC, 5% CO2 e 95% de

umidade.

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39

Tabela 1. Tempo de exposição das CTMs à radiação UVB

na intensidade de 34 uW/cm2 e suas respectivas doses.

Dose Tempo

2,5 mJ/cm² 1 min. 15s

5 mJ/cm² 2 min. 30s

10 mJ/cm² 4 min. 54s

20 mJ/cm² 9 min. 48s

30 mJ/cm² 14 min. 42s

40 mJ/cm² 19 min. 36s

50 mJ/cm² 24 min. 30s

4.4 Ensaio de MTT

Para a análise da viabilidade celular foi realizada uma

curva dose-resposta da sobrevida das CTMp irradiadas com

UVB, através do ensaio colorimétrico de MTT (3-(4,5-

dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil bromo tetrazólico). Esse ensaio

consiste na medição de atividade da redutase mitocondrial em

células vivas, baseando-se na clivagem do sal amarelo

tetrazólio para cristais de formazan azuis por células

metabolicamente ativas.

Para a realização do ensaio, 1x104 células foram

cultivadas em placas de 96 poços, e após atingirem

confluência de aproximadamente 70%-80% foram irradiadas

com 0, 2.5, 5, 10, 20, 30, 50 mJ/cm² de UVB, conforme o item

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40

4.3. Após 24, 48 e 72 horas, as CTMp foram incubadas com

MTT (2,5 mg/mL) dissolvido em DMEM acrescido de 10%

de SBF, por 3 horas a 37ºC, em 5% de CO2 e 95% de umidade.

Após este período, o meio foi removido e 100μL de DMSO

(dimetilsulfóxido) foi acrescentado à amostra. A coloração

obtida a partir dessa solubilização com DMSO foi

quantificada por leitura de absorbância (470 nm) em leitor de

microplacas Tecan Infinite M200.

4.4 Análise da morfologia

Para avaliar a morfologia celular das CTMp após a

irradiação UVB nas doses de 2,5 e 5 mJ/cm², as células foram

irradiadas em suas respectivas doses conforme a tabela 1 e

então mantidas com meio DMEM suplementado com 10% de

SBF. As CTMp foram fotografadas imediatamente após

serem expostas à radiação UVB e 48h após o tratamento.

4.6 Análise de ciclo celular

As CTMp foram cultivadas 1x105 em placas de

100mm e, ao atingir a confluência de 70 a 80% foram

irradiadas com UVB (0, 5, 10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm²), e após

48 horas foram incubadas com 0,05% de tripsina/EDTA

0,02% durante 5 minutos, a 37ºC. Após, foram ressuspensas

em PBS 1X acrescido de 10% de SBF, para bloqueio da

reação enzimática, e a concentração ajustada para 100.000

células/mL. A suspensão celular foi centrifugada por 5

minutos, a 392 g e, posteriormente, fixadas com 100 μl de

etanol 70% gelado, a -20ºC, durante 30 minutos. Em seguida,

as células foram lavadas com PBS 1X, novamente

centrifugadas, e incubadas com 100 μL de PBS Triton 0,1%,

100 μg/mL de RNAase e 14 μg/mL de iodeto de propídio, por

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41

uma hora em temperatura ambiente. A leitura foi feita através

de um Citômetro de fluxo FACS Calibur da BD®, e os

resultados foram analisados pelo programa Flowing onde foi

possível verificar em qual período do ciclo celular as células

se encontravam, G0/G1, S ou G2. Os dados foram

apresentados em porcentagem.

4.7 Imunocitoquímica

As análises de dano de DNA e apoptose, foram

realizadas através do ensaio de imunocitoquímica. Para

avaliar o dano de DNA foi verificada a expressão da

fosfohistona H2aX fosforilada (-H2aX), e a apoptose pela

expressão de caspase-3.

Para isso, as CTMp foram fixadas com

paraformaldeído 4% durante 30 minutos, a temperatura

ambiente, e permeabilizadas com PBS-Triton X-100 (0,25%)

durante 30 minutos. Os sítios inespecíficos foram bloqueados

com 5% de SBF durante 40 minutos e em seguida, incubadas

com os anticorpos primários anti--H2aX (Millipore) e anti-

caspase-3 (Abcam AB13847). A incubação com o anticorpo

primário foi realizada por um período de 14 horas, a 4°C e,

após este período, foram realizadas 3 lavagens com PBS-

Tween 20 (0,05%). Em seguida foi realizada incubação com

o anticorpo secundário do tipo IgG2a e IgG conjugado ao

fluorocromo Alexa 488 ou 594 respectivamente, durante 1

hora, a temperatura ambiente, e posteriormente lavadas com

PBS Tween 20 (0,05%). Para a observação dos núcleos totais,

as células foram coradas com 4',6-diamidino-2-phenylindole

(DAPI) (Sigma) durante 30 segundos, a temperatura

ambiente.

As marcações fluorescentes para os diferentes

marcadores analisados foram visualizadas em microscópio

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epifluorescente Olympus IX71 e as imagens capturadas com

a câmera Olympus DP71. Para a quantificação das células foi

utilizado o programa Flowing Software.

4.8 Ensaio de viabilidade celular (vida/morte)

Para a distinção de células vivas de células mortas,

foi utilizado o Kit de viabilidade/citotoxidade

“LIVE/DEAD” (invitrogem). Esse kit utiliza dois

marcadores fluorescentes: a calceína (verde) para indicar a

atividade da esterase intracelular, e o etídio (vermelho) para

indicar perda da integridade da membrana. Assim, as células

marcadas em verde são consideradas vivas, e as vermelhas

células mortas.

As CTMp foram cultivadas em placas de 100mm e,

ao atingir a confluência de 70 a 80% foram irradiadas com

UVB (0, 5, 10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm²) e após 48 horas foram

submetidas ao ensaio de vida/morte. Para isso, foram

incubadas com 0,05% de tripsina/EDTA 0,02% durante 5

minutos, a 37ºC. Após, foram ressuspensas em PBS 1X

acrescido de 10% de SBF, para bloqueio da reação

enzimática, e a concentração ajustada para 1x105 células/mL.

As células foram então centrifugadas por 5 minutos, a 392 g,

e posteriormente, incubadas com 2 μL de calceína e 4 μL de

iodeto de propídeo, de 15 a 20 minutos, a temperatura

ambiente, e protegido da luz.

A leitura foi feita através de um Citômetro de fluxo

FACS Calibur da BD®, e os resultados foram analisados pelo

programa Flowing. Os dados foram apresentados em

porcentagem.

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43

5 RESULTADOS

5.1 Análise de viabilidade celular das CTMp

Para avaliar o efeito da radiação UVB sobre a

viabilidade das CTMp, estas foram expostas à diferentes

doses de UVB e, após 24, 48 e 72 horas foi realizado o ensaio

de MTT. Como resultado, foi observado que, quando

submetidas à dose de 2,5 mJ/cm² a viabilidade das CTMps foi

de aproximadamente 80%, mostrando uma redução em todos

os tempos analisados (Figura 5). Já na dose de 5 mJ/cm², a

viabilidade foi de cerca de 56% em 24 horas e 48 horas,

apresentando um aumento após 72 horas (67%). Em doses

mais altas (10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm²) foram observadas

porcentagens de cerca de 50% após 24 horas e de cerca de

30% após 48 e 72 horas de cultivo.

Em resumo estes resultados mostram que a exposição

a baixas doses de UVB já é capaz de reduzir a viabilidade das

CTMp.

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44

Figura 5. Viabilidade das CTMp após exposição a radiação

UVB.

Representação gráfica da viabilidade celular realizada através dos

ensaios de MTT . Os dados mostram a viabilidade das células

irradiadas com diferentes doses (2,5, 5, 10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm2)

de luz ultravioleta B em relação ao grupo controle (100%). Os

valores representam as médias ± desvio padrão de triplicata de 3

experimentos independentes. ***P<0,001 por ANOVA uma via

seguido de teste de Bonferroni em relação ao controle.

5.2 Análise da morfologia celular

As CTMp são caracterizadas por possuírem adesão

ao plástico e morfologia semelhante a fibroblastos (Figura

6). Assim, após a irradiação das CTMp com diferentes doses

de UVB, foi avaliada a morfologia das CTMp através de

microscopia de contraste de fase. Após 48 horas de cultivo

não foram observadas alterações morfológicas nas células

irradiadas com as doses de 2,5 e 5,0 mJ/cm2. Já nas doses de

10, 20, 30, 40 e 50 mJ/cm2 foram observadas várias células

em suspensão, além de debris celulares (dados não

mostrados).

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45

Figura 6. Morfologia das CTMp após a irradiação por luz

UVB.

Imagens representativas do grupo controle e dos grupos de doses 2,5

mJ/cm2 e 5 mJ/cm2 em 0 horas e 48 horas após a irradiação. As

imagens foram adquiridas por microscopia de contraste de fase.

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46

5.3 Análise de dano de DNA

Para avaliar os danos no DNA das CTMp submetidas

a irradiação UVB, foi analisada a expressão da histona γH2Ax

fosforilada. Sabe-se que após radiação ionizante ocorre

quebras duplas de DNA, levando a um bloqueio da replicação

e indução da fosforilação da histona H2AX na serina 139

(γH2AX). Assim, a γH2AX é um marcador característico em

resposta a quebras duplas de DNA, indicando dano. Foram

consideradas células positivas para γH2AX as que

apresentaram focis de marcação maior que 5 e as com

marcação pan-nuclear (núcleo completamente marcado)

(Figura 7A).

Foi observado que no grupo controle a maioria das

células apresentaram apenas um foci de γH2AX sendo

consideradas como nível basal de acordo com os critérios

estabelecidos (Figura 7B e C). Os dados obtidos mostram que

a porcentagem de dano de DNA é de 100% a partir da dose de

30mJ/cm² e que em doses baixas (2,5 e 5 mJ/cm²) o dano é

significativamente menor do que em doses superiores (Figura

7B e C). Nas CTMps expostas, as doses de 2,5 e 5 mJ/cm²,

4% e 6% das células expressam mais que 5 focis de γH2AX,

respectivamente. Já a exposição a doses superiores (10 – 50

mJ/cm²) induziu um aumento significativo na expressão de

γH2AX em relação ao grupo controle e as doses de 2,5 e 5

mJ/cm². As células irradiadas com doses de 30, 40 e 50

mJ/cm² apresentavam uma maior quantidade de núcleos com

marcação pan-nuclear.

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47

Figura 7. Expressão de γH2AX nas CTMp irradiadas UVB.

(A) Imagens representativas da marcação de γH2aX. A primeira

coluna mostra a marcação da fosfohistona γH2aX, em que núcleos

celulares que apresentam focis abaixo de 3 são consideradas

marcações a nível basal para dano. Acima de 3 focis são

consideradas positivas, bem como as que apresentam marcação pan-

nuclear. A segunda coluna mostra a marcação nuclear por DAPI e

na terceira coluna está representada a sobreposição das imagens

anteriores. (B) O gráfico mostra a proporção de células positivas

para fosforilação da fosfohistona H2aX. Os valores representam as

médias ± desvio padrão de triplicata de 3 experimentos

independentes. ***P<0,001 por ANOVA uma via seguido de teste

de Bonferroni em relação ao controle. (C) O grupo controle e as

doses de 2,5, 5, 10 e 50 mJ/cm2 estão representadas por imagens

adquiridas por microscopia de fluorescência.

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5.4 Análise de ciclo celular por citometria de fluxo

Células com danos de DNA são reconhecidas por

proteínas presentes no sistema de checagem do ciclo celular.

Durante esse reconhecimento, ocorre uma parada no ciclo

celular, o que proporciona mais tempo para que ocorra o

reparo do DNA para que o dano não se perpetue após a síntese

de DNA e a segregação cromossômica. Em caso de

persistência do dano, é ativada a cascata de sinalização para a

morte celular. Assim, foi avaliada a progressão no ciclo

celular das CTMp irradiadas com UVB por citometria de

fluxo (Figura 8).

A partir dos resultados anteriores, foram selecionadas

as três doses mais baixas para análise do ciclo celular (2,5, 5

e 10 mJ/cm²). Nos resultados obtidos, os picos observados no

histograma (Figura 8A) representam uma população de

células em diferentes fases do ciclo celular. As células que não

estão dentro das regiões prédeterminadas são células não

viáveis.

O grupo controle (não irradiado) apresentou cerca de

92% de células em G0/G1, 1% em fase S e 7% em G2.

Quando irradiadas há uma diminuição de células em fase

G0/G1 de aproximadamente 9%, 12% e 7% nas doses de 2,5,

5 e 10 mJ/cm², respectivamente. Nas fases S e G2 há um

aumento de cerca de 5% no número de células de todos os

grupos irradiados em relação ao grupo controle. (Figura 8B).

Estas diferenças não tiveram significância estatística.

Com essa análise foi observado que a radiação por luz

ultravioleta B parece afetar o ciclo celular das CTMp,

indicando uma parada no ciclo celular na fase S e G2.

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49

Figura 8. Dados referentes à porcentagem de células nas

diferentes fases do ciclo celular.

Histograma representativo da população de células dos grupos

controle e irradiados nas fases G1, S e G2 do ciclo celular (A).

Gráfico que mostra a porcentagem de células nas fases do ciclo

celular entre os diferentes grupos irradiados e o grupo controle (B).

Não foram encontradas diferenças estatísticas entre o número de

células dos grupos controle e irradiados.

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50

5.3 Análise de morte celular

Os resultados obtidos até o momento indicam que a

radiação UVB, na doses mais baixas, causam danos no DNA

e que isto provoca parada no ciclo celular das CTMps. Assim,

para avaliar se o processo de morte celular é ativado,

primeiramente foi avaliada a quantidade de células viáveis e

inviáveis no grupo controle e nos grupos irradiados com luz

UVB, através do ensaio de morte/vida (Figura 9). As células

não-viáveis correspondem a células necróticas e apoptóticas.

Os dados obtidos através de citometria de fluxo

mostra que o número de células viáveis foi reduzido de

maneira dose dependente após a exposição à radiação UVB.

No grupo controle observa-se 95% de células viávies. Em

células irradiadas há uma redução no número de CTMp

viáveis de aproximadamente 10%, 20% e 45% nas doses de

2,5, 5 e 10 mJ/cm2, respectivamente. Não houve diferença

significativa na dose de 2,5 mJ/cm2 em relação ao grupo

controle.

Da mesma forma, o número de células não viáveis

aumenta também de forma dose depentente após a irradiação

por UVB. O aumento de quantidade é de cerca de 15% e 45%

nas doses de 5 e 10 mJ/cm², respectivamente. A dose de 2,5

mJ/cm² não apresentou diferença significativa em relação ao

grupo controle.

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51

Figura 9. Efeito da irradiação UVB na quantidade de

CTMps viáveis e inviáveis dos diferentes grupos (controle e

irradiados).

Gráfico que demonstra a quantidade, em porcentagem, de células

viáveis e inviáveis nos grupos controle e irradiados. ***P<0,001 por

ANOVA uma via seguido de teste de Bonferroni em relação ao

controle.

Os resultados obtidos até então indicam que dentre as

células não viáveis, existe uma população de células

apoptóticas. Então, para analisar se a cascata de sinalização

de apoptose foi desencadeada após a irradiação UVB, foi

avaliada a expressão de caspase-3 por imunocitoquímica. Os dados mostram um aumento de células positivas para caspase-

3 após a irradiação UVB. As células irradiadas com 2,5, 5 e

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10 mJ/cm2 apresentaram um aumento de cerca de 1, 6 e 16

vezes na expressão de caspase-3, respectivamente. Entretanto,

as células irradiadas com 2,5 e 5 mJ/cm2 não apresentaram

diferenças significativas em relação ao controle (Figura

10A). Foi observado também que as células positivas para

caspase-3 possuem morfologia alterada, apresentando

vesículas citoplasmáticas e menos pontos de adesão ao

substrato (Figura 10B).

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53

Figura 10. Análise da apoptose após irradiação UVB das

CTMps.

O gráfico mostra a porcentagem de células com marcação positiva

para anti-caspase 3+. **P<0,001 por ANOVA uma via seguido de

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teste de Bonferroni em relação ao controle (A). Imagens

representativas obtidas por microscopia de florescência de todos os

grupos foram dispostas para mostrar as marcações de DAPI e

caspase 3 (B).

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55

6 DISCUSSÃO

A pele é o maior órgão humano, sendo continuamente

renovado para que sua viabilidade e integridade sejam

mantidas e, assim, possa prover proteção para o corpo. A

homeostase do tecido é mantida por CTs epidermais presentes

na camada externa da epiderme e pelas CTM nas camada

interna da derme. Essas células são frequentemente afetadas

pelo ambiente, principalmente em áreas do corpo que estão

continuamente expostas à diferentes agentes estressores que

podem danificar direta e indiretamente o DNA celular, como

a RUV. A radiação UV é um dos maiores responsáveis por

danos de DNA em CT e a diminuição dessas células na pele

pode prejudicar a homeostase tecidual (PANICH et al., 2016).

Sendo assim, nosso objetivo foi avaliar o efeito da radiação

UVB em CTMp a fim de verificar o perfil que as CTMp

apresentam após a irradiação por UVB. Assim, foi analisado

neste trabalho a viabilidade, dano de DNA, morfologia, ciclo

celular e morte das CTMp, após a irradiação com diferentes

doses de UVB.

Os resultados obtidos mostram que a viabilidade das

CTMp irradiadas com UVB foi reduzida de forma dose

dependente. Mesmo em doses consideradas baixas na

literatura (2,5 e 5,0 mJ/cm2), foi observada uma diminuição

significativa de 20% em relação ao grupo controle. Com base

nos resultados obtidos no trabalho de Jeong e colaboradores,

o qual avaliou a habilidade de baixas doses de luz UVB em

estimular a sobrevivência, migração e atividade de formação

de tubos de CTM do tecido adiposo, os resultados do nosso

estudo foram discrepantes. Enquanto no trabalho de Jeong o

tratamento com radiação UVB aumentou a sobrevivência de

células tronco mesenquimais do tecido adiposo, no presente

trabalho não foi observado aumento de viabilidade celular.

Essas diferenças podem ter ocorrido pelo fato de as CTM de

diferentes tecidos responderem de maneira distinta frente a

exposição a UVB.

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56

Outro fator que pode ter influência são as doses de

UVB utilizadas, pois, apesar de iguais, podem não

corresponder a mesma intensidade. Durante o estudo da

literatura foi visto que os trabalhos não descrevem claramente

a intensidade e o tempo utilizados em seus experimentos de

irradiação. Assim, mesmo que a dosagem de radiação UVB

seja a mesma, a diferença em intensidade e o tempo de

exposição fazem com que os efeitos sejam diferentes. Em

trabalho recente foi demonstrado que efeitos biológicos

opostos ocorrem in vivo quando a dosagem permanece

constante, mas é exposto a diferentes tempos e intensidades

de radiação UVB. Os autores sugerem que os trabalhos devem

informar a intensidade (mW/cm2) e o tempo de exposição

(segundos) utilizados nos experimentos, além da dosagem

(mJ/cm2) para que os dados sejam mostrados corretamente

(LIDA et al., 2016).

Pelo fato da pele estar mais exposta a condições que

danificam o DNA celular, trabalhos sugerem que as CT sejam

altamente resistentes ao envelhecimento e dano de DNA e

possuam diversos processos ativos de mecanismos de reparo

(RACILA & BICKENBACH, 2009; STERN &

BICKENBACH, 2007; GIANGRECO et al., 2008). Nossos

resultados mostram que conforme o aumento da dose de

irradiação UVB, há um aumento na quantidade de células

positivas para γ-H2AX e na quantidade de focis nucleares.

Sabe-se que a expressão deste marcador está associada a uma

resposta à lesão no DNA, sendo então, amplamente utilizado

na literatura como um indicador de dano. Foi observado que

nas doses mais baixas, o número de células positivas para este

marcador foi estatisticamente semelhante ao das CTMp não

irradiadas, indicando que estas doses de radiação não são

suficientes para afetar o DNA das CTMp. Entretanto, não

foram encontrados dados na literatura sobre a expressão de

danos ao DNA em CTMp.

Em resposta à lesão no DNA, são ativados

mecanismos de reparo que afetam a progressão no ciclo

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celular. Sabe-se que células expostas a UV, ao sofrer dano

direto no seu DNA, acumulam proteínas responsáveis por

iniciar o processo de checagem e reparo e assim, é ativada a

transcrição de genes de reparo de DNA (PEI & STRAUSS,

2013). Dependendo das proteínas que forem ativadas nessa

etapa, e se o erro persistir ao longo do ciclo celular, a radiação

UV pode induzir a parada em G1, S e G2 (LIMA, 2014). Os

resultados do nosso estudo mostram um aumento de células

nas fases S e G2, indicando parada no ciclo nestas fases,

apesar de não ter sido encontrada diferença estatística entre os

grupos. Entretanto, isso se deve ao fato de o número amostral

para este experimento ser pequeno (n=2). Acredita-se que

aumentando o número de análises, haverá significância

estatística. Além disso, sugere-se análises mais especificas de

proteínas envolvidas com a checagem do ciclo celular, como

p53, Chk1 e Chk2 para melhor avaliar as alterações na

progressão do ciclo celular das CTMps irradiadas com UVB.

Com a parada no ciclo celular, proporciona-se mais

tempo para que o reparo ocorra. Havendo reparo, a célula

sobrevive e continua seu ciclo e, caso o reparo não seja

efetivo, pode levar à morte celular. Assim, com base nos

resultados anteriores foi avaliada a morte celular das CTMps

expostas a radiação UVB, e foi observado um aumento no

número de células não viáveis e, mais especificamente, em

células apoptóticas. Na dose mais baixa de radiação UVB (2,5

mJ/cm2) o número de células viáveis é semelhante a do

controle (diminuição de 10%). As doses de 5 e 10 mJ/cm2

apresentam diminuição no número de células viáveis e

aumento das inviáveis. Considerando que a radiação UVB é

um agente estressor, espera-se que hajam mais células em

processo de apoptose em grupos irradiados. Entretanto, alguns

trabalhos vem mostrando que pode haver aumento de

proliferação celular em células expostas à radiação UVB

(JEONG et al., 2013).

O presente estudo é o primeiro a mostrar o efeito da

radiação UVB em CTM derivadas da pele. Os nossos

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resultados mostram que as CTMps mostram-se sensíveis à

exposição UVB, mesmo nas baixas doses utilizadas neste

estudo. Assim, acreditamos que no organismo, essas células

possam ser afetadas negativamente pela radiação UVB e

acometer a homeostase tecidual, provocando envelhecimento

precoce e reparo menos eficiente do tecido. Entretanto, para

confirmar esta hipótese, análises in vivo devem ser realizadas.

Sugerimos ainda, que apenas as doses de 2,5 e 5

mJ/cm2 podem ser utilizadas para o pré-condicionamento das

CTMp. Outras formas de pré-condicionamento já foram

utilizadas com o objetivo de aumentar o potencial

regenerativo de diversas células tronco (REHMAN et al., 2004; SAMPAT et al., 2011; PETERSON et al., 2011). Sendo

assim, analisar o potencial regenerativo das CTMp pré-

condicionadas com radiação UVB, além do seu meio

condicionado (secretoma) é uma das perspectivas desse

estudo.

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59

7 CONCLUSÃO

Com base nos resultados desse trabalho, sugere-se

que altas doses de radiação UVB diminuem a viabilidade das

CTMp ao causar dano no DNA dessas células de forma dose

dependente. Ao reconhecer a lesão, as células ativam vias de

resposta que promovem parada no ciclo celular, culminando

então, na ativação da cascata de sinalização para morte

celular. Porém, quando expostas à baixas doses de radiação

UVB, as CTMp não apresentam diferenças na quantidade de

células positivas para dano de DNA e morte celular em

relação ao controle, apesar de haver diminuição da viabilidade

celular. Também não foram observadas diferenças

morfológicas entre os grupos irradiados e controle em baixas

doses.

Figura 11. Representação esquemática dos possíveis

efeitos da radiação UVB nas CTMp

1. Quando expostas à baixas doses de radiação UVB (2,5 e 5

mJ/cm2) não há diferenças na morfologia entre os grupos irradiados

e o grupo controle. Também não são observados aumento de lesão

no DNA e células em processo de apoptose. Entretanto, há

diminuição da viabilidade celular. 2. A radiação UVB, nas doses

consideradas altas, causam lesão no DNA nas CTMp, as quais

ativam vias de resposta para que haja parada no ciclo celular e então,

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60

não obtendo sucesso no reparo de DNA, sinaliza para que ocorra o

processo de morte celular, assim, diminuindo a viabilidade das

CTMp. Esse processo ocorre de maneira dose-dependente, havendo

uma maior quantidade de células mortas quanto mais elevada a dose

de radiação UVB. Fonte: Elaborado pela autora.

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