educação nos artigos de jornais

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Áurea Adão (dir.) A Educação nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969) Um repertório cronológico, temático e onomástico

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A Educao nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969)

Um repertrio cronolgico, temtico e onomstico

urea Ado (dir.)

Ficha Tcnica Autoria / Coordenao .................. urea Ado Edio ............................................. Instituto de Educao da Universidade de Lisboa 1. edio ....................................... Maio de 2012 Coleo ................................................. Estudos e Ensaios Composio e arranjo grfico ................... Maria Marques Disponvel em ................................ www.ie.ul.pt Copyright ........................................ Instituto de Educao da Universidade de Lisboa ISBN ................................................ 978-989-96999-3-9

Apresentao por Justino de Magalhes ................. 5 Introduo por urea Ado .................. 11 ndice cronolgico ........... 41 ndice temtico ............. 412 ndice onomstico ........ 456

Apresentao, por Justino de Magalhes

A Educao nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969)

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Apresentao, por Justino de MagalhesConvida-me urea Ado a que registe, a ttulo de apresentao, uns breves comentrios sobre A Educao nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969). Um repertrio cronolgico, temtico e onomstico, obra resultante de um demorado projeto investigativo, levado a cabo por uma equipe alargada, que coordenou e cuja publicao assume agora com inteira responsabilidade. Esta publicao integra uma coleo cientfica em formato ebook, criada pelo Instituto de Educao da Universidade de Lisboa, de cuja Unidade de Investigao aquela investigadora membro como Colaboradora permanente. O Repertrio em publicao retoma a linha editorial desenvolvida, entre ns, por Antnio Nvoa, coordenando e dando estampa Repertrios e Catlogos fundamentais para o conhecimento histrico e para a investigao sobre a realidade portuguesa, de que se destacam a Imprensa Pedaggica, os Educadores Portugueses, os Liceus de Portugal. O Repertrio da Imprensa peridica que agora se publica, ainda que sem uma perspetiva de exausto e recaindo sobre um perodo relativamente curto, muito significativo e representativo da Educao no Estado Novo, entre 1945 e 1969. Incide sobre 9 peridicos, seletivamente escolhidos e publicados com regularidade durante o perodo em observao, com exceo de A Capital apenas publicado em 1968 e 1969 e da interrupo de publicao de O Jornal do Fundo, durante 6 meses, no ano de 1965. Da anlise sumria do livro, designadamente a partir da introduo e dos quadros elaborados pela autora, permito-me relevar algumas ideias fundamentais para a utilizao deste Repertrio. Decorrendo a observao sobre um perodo de vigncia do Estado Novo, caracterizado por uma forte componente de regimentalizao da educao e particularmente da escola, a imprensa peridica, particularmente no que respeita educao, revela-se um espelho da realidade, nas suas diversas facetas e muito especificamente da relao entre o Estado e a Sociedade. Neste quadro, um primeiro comentrio reporta representao da educao por parte da imprensa peridica. Para conhecer esta dimenso, os textos registados foram distribudos por 11 categorias (Quadro n. 1), vindo a ressaltar trs modalidades de registo: artigos de opinio, notcia, reportagem. Em quarto lugar vem a categoria estudos. Assim pois, a imprensa peridica constri trs temporalidades para a

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educao: a projetiva, desejada, imaginria, mais ou menos possvel, assinalada pelos artigos de opinio; o tempo do acontecimento, a atualidade, assinalado pela notcia; o tempo passado, relatado de forma crtica e iluminativa, correspondendo reportagem. A orientao prospetiva, visando uma perspetiva crtica e influenciadora da mudana, acentua-se com a relevncia atribuda aos estudos, categoria que vem em quarto lugar. Um segundo comentrio que ressalta como corolrio daquele, reporta ao estatuto da educao. Se a principal frequncia de textos se refere a artigos de opinio assinados, ainda que alguns sob pseudnimo para iludir a Censura, tal sintoma de uma grande instabilidade e porventura descontentamento sobre a realidade educativa. O iderio, ou iderios para a mudana, saem corroborados pelo facto de se constatar uma desvalorizao da reportagem e pelo cultivo da expectativa, em torno da notcia. Com efeito, trs dos peridicos privilegiaram a notcia, mas destes o caso mais notrio Repblica, que, sendo assumidamente contrrio situao, tomou a notcia como fator de legitimao e pretexto para o comentrio crtico. A notcia foi tambm privilegiada pelo Dirio de Notcias com alcance nacional e por O Comrcio do Porto que pela sua geografia reporta a uma regio demarcada, o Porto e o seu hinterland. Significativamente, no Novidades, peridico com maior nmero de textos sobre educao, assumidamente conservador e porta-voz oficioso do regime e do establishment, que a ordem daquelas temporalidades corresponde hierarquia dos parciais resultantes das respetivas grandezas acumuladas em cada dos itens observados, a saber: artigos de opinio, notcias, reportagens, estudos. Diferentemente o Dirio de Lisboa valorizou antes de tudo os estudos, vindo os artigos de opinio em terceiro lugar aps as notcias. Assumindo uma funo alternativa e de contestao poltica do regime, o peridico Repblica, que fez da educao uma rubrica temtica, apoiou-se na notcia e logo aps no estudo, para legitimar a sua aco. O Sculo foi o peridico com mais editoriais sobre a educao, enquanto o Dirio de Notcias primou pelo descomprometimento, centrando-se no noticioso, no artigo de opinio e na reportagem. Apesar de o Novidades ter mantido uma certa regularidade, a importncia da educao foi crescente, tendo o Dirio de Lisboa mais que duplicado os textos na dcada de sessenta e tendo A Capital feito da educao um tema central nos dois anos observados (1968 e 1969). Alis, quer o Sculo, quer o Dirio de Lisboa fizeram multiplicar as publicaes nos dois anos crticos: o de 1962 (greve da academia) e o de 1968 (Maio de 68 e repercusso na academia portuguesa).

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Com base nestes dois comentrios, ficam asseguradas a representatividade e a validade deste Repertrio para o conhecimento e a investigao sobre a educao, no ps-Guerra, cobrindo perodos de grande impacto como desde logo o ps-Guerra, a implementao de Planos de Fomento e Desenvolvimento para o Mediterrneo, a universalizao da obrigatoriedade da escola primria, a criao do ciclo preparatrio, a expanso da educao secundria liceal, tcnica e profissional. Tambm as questes universitrias mereceram um tratamento e uma ateno especficas, por parte da imprensa peridica. Previne a autora que desperdiou mais de 5 000 registos, por incidirem sobre regularidades, rotinas e continuidades do quotidiano o que pode, apesar de tudo, constituir um alerta para os investigadores. No obstante aquilo que foi coletado, num total de 15 345 registos, dando cobertura a 36 temas diferentes, extremamente vlido pelo que este Repertrio vem justificar as proclamaes, frequentemente retomadas, por entre outros historiadores, Marc Ferro, Eric Hobsbawm e, entre ns, Jos Manuel Tengarrinha, de que no ser possvel fazer a histria contempornea, nomeadamente a do sculo XX, sem recurso imprensa peridica. Acresce que a autora preparou de forma criteriosa trs ndices (cronolgico, temtico, autores), cuja utilizao facilita a tarefa do investigador, permitindo uma rpida consulta discriminada e um cruzamento de informao. muito honroso para mim ficar associado a esta publicao e poder manifestar publicamente o apreo pelo trabalho coordenado e publicado por urea Ado, que constitui um contributo fundamental para o esclarecimento histrico de um perodo do passado recente, to marcante para a histria portuguesa e europeia. Espero que a divulgao e a utilizao deste precioso instrumento de trabalho faam jus ao valor cientfico do mesmo. Lisboa, Dezembro de 2011 Justino Magalhes

Apresentao por Justino de Magalhes ......................... 7 Introduo por urea Ado ............... 13 ndice cronolgico ........... 43 ndice temtico ............. 414 ndice onomstico ........ 458

Introduo, por urea Ado

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Introduo, por urea AdoA imprensa peridica constitui uma fonte necessria para o estudo da histria contempornea nos seus diversos domnios; nela se exprime, directa ou indirectamente, a opinio pblica no sentido de opinio publicada. E foi igualmente, at difuso alargada de outros meios de comunicao de massas (televiso, internet), o principal instrumento de formao dessa mesma opinio pblica. No entanto, na atualidade continua a ocupar uma funo de grande destaque, pois, para alm do alcance direto que mantm, muitos dos seus contedos so divulgados atravs de outros media. Os historiadores P. Albert e F. Terrou, autores da obra Histoire de la presse, consideram os jornais como os arquivos do quotidiano1, () a fonte mais completa, e na sua diversidade, a mais objectiva da histria geral (1985, p. 4). Ou antes, dissemos ns, um campo especfico da histria que contribui para uma melhor utilizao dos jornais enquanto testemunhas desse quotidiano. Durante o Estado Novo, a imprensa, nacional e regional, revestia uma importncia significativa na (in)formao dos diferentes tipos de leitores, no s nos centros urbanos como tambm nas outras regies da chamada provncia. Esse poder j era reconhecido por Marcello Caetano, em 1947, numa festa de confraternizao dos trabalhadores do Dirio da Manh: A misso da imprensa orientar a opinio pblica e no deixar-se conduzir por ela2. Alguns anos mais tarde, na Assembleia Nacional, lembrando a alta misso social atribuda aos peridicos, o deputado Joo Amaral afirmava:O grande jornal, o jornal de grande extenso, hoje inegavelmente o instrumento de comando espiritual que mais deve interessar aos dirigentes de uma sociedade poltica; h que estar atento ao modo como utilizado, aos objectivos que visa, ao critrio que hierarquiza esses objectivos, s iniciativas e s carncias que se revelam na valorizao de arma to poderosa3.

1. Itlico dos autores. 2. Dirio da Manh, 8 de Abril de 1947. 3. Sesso de 27 de Fevereiro de 1953. Dirio das Sesses, Lisboa, 209, 28 de Fevereiro, 734.

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Em 1959, o jornalista de O Comrcio do Porto, Jaime Ferreira, afirmava que a sua profisso tinha como finalidade escrever, dia a dia, pginas que sirvam de alicerce aos futuros historiadores (p. 13). E, no final da dcada de 1960, quando se alastrava a contestao estudantil e dos jovens professores, o ministro da Educao Nacional, Jos Hermano Saraiva, considerava a imprensa como um dos instrumentos basilares de formao da juventude4. Os jornais tinham a funo de difusores de programas de ao governamentais, decises oficiais provocadas por acontecimentos especficos, textos propagandsticos, e, ainda que de modo muito limitado, veiculavam ideias e representaes relativas Educao por meio de comentrios, exposies e estudos. No entanto, devido censura, havia determinados problemas que no podiam ser debatidos. Deles, ou se conservam apenas declaraes oficiais que transmitem uma nica verso, ou ficaram artigos de opinio no assinados. Num e noutro casos, uma leitura comparativa mais atenta revela que se trata somente de textos provenientes dos meios governamentais. No nosso entender, recolher e trabalhar de forma sistemtica os artigos de diferentes jornais contribuir para melhor compreender fases de evoluo da Educao ou aspectos particulares dessa evoluo, como poder sugerir pistas para novos trabalhos e novas reflexes. Foi esse o princpio orientador que esteve na base do Repertrio cronolgico, temtico e onomstico que aqui apresentamos. Mais especificamente, no que se refere histria da Educao do regime do Estado Novo, este material constitui um corpus documental de grande importncia: ora contm uma linha de continuidade sobre alguns assuntos; ora insere diferentes sensibilidades de opinio, sobre alguns outros; ora, por fim, reporta-se ao nico documento informativo encontrado sobre determinado acontecimento. Devido ausncia de um jornalismo especializado, os autores dos artigos sobre Educao eram sobretudo docentes dos ensinos primrio e secundrio, professores universitrios, escritores e outros intelectuais conhecidos publicamente por apoiantes ou por oposicionistas ao Regime. Encontrmos os que se responsabilizavam publicamente, assinando os seus artigos, outros que o faziam, utilizando pseudnimos, mas eram muitos os trabalhos no assinados. Alguns articulistas aparecem como colaboradores em mais de um jornal.

4. Dirio da Manh, 30 de Agosto de 1969.

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Havia, contudo, professores e cientistas que, no se sujeitando ao arbtrio dos censores, em geral, vistos como pessoas sem conhecimentos suficientes e fiis cumpridores das orientaes governamentais, no se dispunham a informar a opinio pblica acerca de assuntos em que eram reconhecidamente especialistas. Assim o esclareceu Francisco Pereira de Moura, em 1967, durante um debate sobre o estatuto da Imprensa:Ora, eu sei de pessoas que no escrevem para a Imprensa, no trazem a sua contribuio para ajudar a formar a opinio pblica, pura e simplesmente porque conhecem tristes experincias de mutilao de artigos e trabalhos srios e bem intencionados (Moura et al., 1967, p. 44).

Afirmao esta que, na mesma ocasio, teve a confirmao do ento director-adjunto do Dirio de Lisboa, Mrio Neves:Ora, eu posso acrescentar alguma coisa, em resultado do meu conhecimento directo dos problemas. Na verdade, muito difcil conseguir a colaborao de bons especialistas nos jornais portugueses. A dificuldade provm, em primeiro lugar, do facto de a maioria das pessoas que o poderiam fazer no estarem dispostas a sujeitar-se a qualquer restrio, como bem compreensvel. Tm as suas ideias, estariam dispostas a apresent-las, mas em perfeita correspondncia com o seu pensamento (Moura et al., 1967, p. 47).

No obstante todos os condicionalismos oficialmente impostos, os jornais conseguiram transmitir ideias, atitudes, contextos e aces que se iam registando relativamente s polticas e sistemas educativos nacionais e estrangeiros.

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1. O Repertrio A ideia que presidiu elaborao do repertrio A Educao na imprensa peridica portuguesa (1945-1969)5 consistiu em colocar disposio dos investigadores instrumentos de trabalho que venham preencher, na nossa perspetiva, uma lacuna para quem queira estudar as questes de Educao durante um perodo significativo do Estado Novo o que decorreu entre o final da Segunda Guerra Mundial e o incio do marcelismo6. Sob a direco do CODES (Gabinete de Estudos e Projectos de Desenvolvimento Econmico) e com o apoio da Fundao Calouste Gulbenkian, em 1967, foi realizado um estudo sobre a populao estudantil e a imprensa, concluindo-se ento que os jornais mais lidos pelos universitrios eram o Dirio de Notcias (41,2 %), o Dirio Popular (36 %), o Dirio de Lisboa (34,4 %) e o Primeiro de Janeiro (27,4 %), mas, para os estudantes a partir do segundo ano da licenciatura, o Dirio de Lisboa tornava-se o segundo dirio de maior expanso. Os menos lidos eram A Voz (2,5 %) e o Dirio da Manh (1,2 %)7. Face a estes resultados e ausncia de outras informaes que pudessem servir de base segura para a definio da amostra a trabalhar, a elaborao do nosso Repertrio obedeceu a critrios lgicos e pragmticos de funcionalidade, que obrigaram a uma seleo de jornais mediante o nmero ainda significativo de ttulos existentes. Alm de pretendermos diversific-los segundo as tendncias redatoriais e as diferentes sensibilidades poltico-ideolgicas que, malgrado a aco da Censura, nunca deixaram de se afirmar ainda que, muitas vezes, de um modo dissimulado, tivemos igualmente em ateno o respetivo pblico leitor e a cobertura nacional e regional. Seguindo estes pressupostos, foram trabalhados os dois principais dirios com sede em Lisboa e com maior expanso pela provncia, Dirio de Notcias e O Sculo.

5. O trabalho de recolha do material foi realizado no mbito das atividades de investigao do Observatrio de Polticas de Educao e de Contextos Educativos da Universidade Lusfona de Humanidades e Tecnologias, sendo o respetivo projeto subsidiado pela Fundao para a Cincia e a Tecnologia e pela Fundao Calouste Gulbenkian. No entanto, o trabalho de preparao final desta obra e de elaborao da sua introduo realizouse em 2011, inserido no programa de atividades do Grupo de Investigao e Ensino de Histria da Educao do Instituto de Educao da Universidade de Lisboa. A 1. fase do Projeto teve a durao de 30 meses e iniciou-se em Maro de 2001. Sob a coordenao de urea Ado e contando com a colaborao de Srgio Campos Matos relativamente direo de seminrios sobre a histria do Estado Novo e definio de alguns temas, a equipa foi constituda por: Daniel Rosa, Jos Carlos Cruz, Maria Jos Remdios e Ral Mendes. Contou com a colaborao de: Ana Bela Morais, Cristvo Santos, Helena Neves, Isabel Monteiro, Karla Pinho, Ricardo Caetano e Sandra Barata. A compilao da obra do professor M. Calvet de Magalhes constitua a 2. parte do Projeto, sob a responsabilidade de Maria Manuel Calvet Ricardo. 6. Serviu j de instrumento de trabalho nos seguintes estudos: Ricardo, 2002; Ado & Matos, 2003; Remdios, 2003; Ado, 2005; Ado & Remdios, 2008; Ado & Remdios, 2009. 7. Jornalismo. Boletim do Sindicato Nacional dos Jornalistas, (3), Agosto 1967, 19-20.

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Dos vespertinos, com distribuio muito mais reduzida devido ao seu carcter urbano, selecionmos o Dirio de Lisboa, o Repblica e, a partir do seu reaparecimento em 1968, A Capital. Como jornais marcadamente pr-governamentais, trabalhmos o Dirio da Manh e o Novidades. Pensando numa maior abrangncia informativa regional, alargmos a pesquisa a O Comrcio do Porto e Jornal do Fundo. No seu conjunto, estes peridicos condensam toda uma informao dispersa e esquecida, em milhares e milhares de pginas publicadas. Informao que no se encontra, em muitos casos, em outras fontes habitualmente usadas pelo historiador (documentao de arquivo, anurios e outras publicaes oficiais, Dirio da Assembleia Nacional e da Cmara Corporativa, estudos publicados, e outros). Alm disso, muitas vezes, no fcil localizar uma notcia especfica nesse imenso caudal informativo (e desinformativo) da imprensa do Estado Novo. Quanto periodizao escolhida, particularmente no que se refere Educao, o perodo de 1945 a 1969 insere-se nas terceiras e quartas fases definidas por Nvoa (1996) relativamente organizao das polticas educativas portuguesas (19471960; 1960-1974). Registam-se ento alteraes e acontecimentos internacionais de grande alcance e, a nvel nacional, so promulgadas reformas profundas que procuram corresponder a ruturas significativas (ensino liceal, ensino tcnico), assiste-se a amplas crises estudantis (1962, 1969), vivem-se situaes pretensamente de mudana (interveno da OCDE, planeamento educativo, maior investimento na Educao, alargamento da escolaridade obrigatria, introduo da Telescola em localidades rurais). Em 1945, Portugal possua ainda uma fraca escolarizao, um baixo investimento na Educao e, consequentemente, uma alta taxa de analfabetismo cerca de 45% da populao maior de 7 anos. Com o final da Guerra, d-se incio ao debate sobre a necessidade de reformas estruturais no sistema educativo portugus8, o qual se estende imprensa, com a publicao de artigos e notcias sobre os efeitos ideolgicos nas polticas educativas do ps-guerra9. Finalmente, a 18 de novembro realizam-se eleies para a Assembleia Nacional tendo alguns jornais aproveitado o perodo para8. Por exemplo: Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares, Novidades, 7 de janeiro; Urge que se faa o arejamento da nossa Academia e que se reforme o nosso ensino dizem-nos os estudantes democratas que esto reivindicando liberdade e justia, Repblica, 23 de outubro; O ensino tcnico e o seu desenvolvimento, Dirio de Notcias, 5 de novembro. 9. Por exemplo: A Universidade Catlica de Lovaina no teve que fazer depuraes no seu elenco professoral, Novidades, 23 de outubro; Barros, Joo de, Educao ps-guerra, Dirio de Lisboa, 5 de maro; Kayser, Jacques, Depois de cinco anos de resistncia. O problema do ensino em Frana, Repblica, 23 de agosto; Silva, J. Serras e, Pedagogia germnica, O Comrcio do Porto, 11 de outubro.

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expor mais desenvolvidamente a necessidade de uma reforma de todo o sistema educativo ao mesmo tempo que destacadas personalidades oposicionistas ao Regime procuram neles fazer ouvir as suas opinies. No primeiro caso, destaca-se o Repblica que publica um conjunto de entrevistas10 e, no segundo, o Dirio de Lisboa que, auscultando a opinio de Antnio Srgio11, provoca a reao do Dirio da Manh, porta-voz da Unio Nacional12. Por outro lado, a mudana de governantes em 1968 no trouxe de imediato, no mbito da poltica educativa Estado novista, alteraes significativas. no ano seguinte que se registam acontecimentos que pretendem pr em causa o sistema educativo vigente os estudantes portugueses vivem uma grave crise acadmica, desencadeia-se um movimento reivindicativo dos professores provisrios, so publicados estudos crticos importantes sobre o ensino superior. o ano em que o ciclo preparatrio do ensino secundrio se expande com consequncias no seu funcionamento, nos espaos a ele reservados, no estatuto dos seus professores. O Gabinete de Estudos e Aco Educativa desenvolve uma considervel actividade respeitante ao planeamento regional da Educao. Em maio, realiza-se o 3. Congresso da Oposio Democrtica e a 26 de outubro tm lugar eleies para a Assembleia Nacional, acontecimentos que vo originar, na medida em que a Censura o permite, um conjunto de artigos de opinio, entrevistas e mesas redondas tratando especialmente da democratizao do ensino e que provocam outros textos de defesa do regime13.

10. Por exemplo: A democracia o melhor sistema de governo at hoje inventado pelos homens afirma o Dr. Nicodemos Pereira, numa notvel entrevista que nos concedeu, 6 de novembro; A juventude ama o que belo. E a democracia bela afirma o Dr. Manuel Campos Lima, 7 de novembro; O Prof. Bento de Jesus Caraa em resposta s entrevistas do sr. Presidente do Conselho (), 16 de novembro; A instruo do povo. preciso modernizar o ensino normal, restaurar o ensino infantil e reformar o ensino primrio. Afirma Repblica o ilustre professor Cardoso Jnior, 29 de novembro. 11. O momento poltico. Os democratas portugueses tm ideias precisas sobre os problemas administrativos da nao afirmou-nos hoje Antnio Srgio, 12 de outubro. 12. Gulfeiras, Joo de, O sr. Antnio Srgio ainda no comeou a reformar as suas ideias apesar de entender que h muito que reformar no nosso Pas, 19 de outubro; idem, Novas falas do sr. Antnio Srgio, 3 de novembro. 13. Relativamente ao Congresso, por exemplo: Fernandes, Rogrio, II Congresso Republicano A batalha socialista pela democratizao do ensino tem de inserir-se na estratgia global emergente da conjuntura histrica que o Pas atravessa, Repblica, 17 de maio; A expanso do ensino e a valorizao do professorado so objectivos fundamentais da poltica do Governo disse aos professores primrios o Presidente do Conselho, Novidades, 10 de junho. No perodo eleitoral, por exemplo: Deixou de existir em Portugal o analfabetismo na idade escolar afirmou em Vila Nova de Famalico o Ministro da Educao Nacional, Dirio da Manh, 21 de setembro; Simes, J. Santos, Opinies livres. Questes prioritrias num plano de reforma de ensino em Portugal A Capital, 30 de setembro; Bases de uma poltica democrtica de educao e cultura propostas pela C.E.U.D., Dirio de Lisboa, 19 de outubro; O ensino em Portugal debatido num Colquio da C.D.E. de Lisboa, Repblica, 19 de outubro.

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2. A ao da Censura14 O perodo de 1945 a 1969 corresponde a um tempo em que se publica um nmero considervel de peridicos de Educao e Ensino. Mas, se considerarmos a imprensa peridica no seu todo, logo notamos uma quebra significativa, relativamente ao decnio de 1930, de novos ttulos que iniciaram a sua publicao (, 1990, p. 442). O nmero dos que foram ento fundados , em mdia anual, mais baixo do que aquele que vai do incio da I Repblica aos anos da Ditadura Militar. Regista-se uma diminuio do aparecimento de novos peridicos mas, em contrapartida, uma maior estabilidade editorial (Nvoa, 1993, pp. XXXIX-XL). Estas tendncias no so alheias aos condicionalismos polticos do regime autoritrio e conservador de Salazar partido nico, polcia poltica, ausncia de liberdade de expresso, censura prvia, endoutrinao sistemtica da juventude , aproximando-se, em diversos aspectos, dos programas totalitrios da Itlia de Mussolini e do III Reich de Hitler. A Censura foi introduzida pouco depois do pronunciamento de 28 de Maio de 1926 que instaurou a Ditadura Militar, pondo termo curta experincia da I Repblica. Desde essa data (24 de Junho), os peridicos eram obrigados a mencionar Este nmero foi visado pela Comisso de Censura. E, ao invs do que sucedera durante alguns anos da vigncia da I Repblica, em que os cortes introduzidos davam lugar a colunas em branco (o que permitia ao leitor ter uma noo da atividade censora), na Ditadura Militar e, depois, no longo perodo do Estado Novo tal no se verificava. A Constituio da Repblica portuguesa de 1933 no mencionava explicitamente o termo Censura, mas referia a inteno de impedir preventiva ou repressivamente a perverso da opinio pblica na sua funo de fora social (art. 8.). Mltiplos diplomas regulamentaram a ao desta instituio que to profundas consequncias teve na cultura portuguesa da poca. Um dos mais relevantes foi o de 11 de abril desse mesmo ano de 1933, que estabelecia que as comisses de censura ficavam sob a tutela do Ministro do Interior por meio da Comisso de Censura de Lisboa (art. 6.). Segundo esse Decreto-Lei, a Censura tinha o propsito de impedir a perverso da opinio pblica na sua funo de fora social, defendendo-a de todos os factores que a desorientem contra a verdade, a justia, a moral, a boa administrao e o bem comum15.

14. Captulo da autoria de Srgio Campos Matos. 15. Decreto-Lei n. 22 469, 11 de abril de 1933.

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As suas consequncias depressa se fizeram sentir. A mais evidente traduziu-se na proibio de numerosas revistas culturais, como Cultura (1929-31), O Globo (novembro 1933), O Diabo (1933-40), Sol Nascente (1937-40), entre muitas outras, algumas delas mortas nascena (Azevedo, 1999, pp. 94-99). Com base num relatrio oficial da responsabilidade do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), verifica-se que o nmero de peridicos de provncia conotados com a Oposio teria baixado, entre 1933 e 1934, de 81 para 56 (menos 25 %), enquanto os situacionistas teriam crescido de 101 para 148, ou seja, mais 47 % (idem, pp. 169-170). Em 1945, outra fonte oficial j s referia a existncia, em todo o pas, de nove peridicos hostis ou eventualmente hostis ao Estado Novo (Barreto, 1999, p. 277), ou seja, apenas 3,4 % do total de publicaes (262). No entanto, no ano crtico de 1961, em entrevista ao jornal brasileiro O Globo, Salazar afirmava: Mas, em rigor no temos censura aqui. Os jornais circulam tal como so redigidos ou impressos, sem alterao de uma linha. Existe uma Comisso de Censura, que, todavia, praticamente no tem que fazer (citado in Azevedo, 1999, p. 341). Poder-se-ia pensar que o Presidente do Conselho ironizava perante uma pergunta incmoda do jornalista brasileiro Alves Pinheiro. Na verdade, Salazar estava bem consciente do efeito devastador da censura:O Governo conseguiu disciplinar a Imprensa, torn-la um elemento construtivo e no uma fora deletria, demolidora. Hoje os nossos jornalistas no precisam de censura, porque actuam apenas nos termos da lei, mas segundo uma tica de comedimento, de equilbrio, como convm ao interesse nacional (idem, ibidem).

Sublinhe-se, alis, que um diploma datado de 1944 colocava a controversa instituio da Censura na dependncia direta do chefe do Governo (e, j no, do Ministrio do Interior, como at essa data): Salazar nomeava o secretrio do SNI16 e com ele despachava17. Como se esta medida no fosse suficiente, em outubro de 1962 (ano da crise acadmica e j da guerra em Angola, recorde-se), o Presidente do Conselho insistiria que a) Os Servios de Censura dependem exclusivamente da Presidncia do Conselho e no recebem ordens de qualquer outro departamento de Estado (...) d) Em caso de dvida, mesmo no eliminada pela consulta aos Ministrios acima refe-

16. Secretariado Nacional de Informao, que substitua o extinto SPN. 17. Decreto-Lei n. 33 545, 23 de fevereiro de 1944.

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ridos [Ultramar e Negcios Estrangeiros], deve a mesma ser submetida apreciao do Ministro Adjunto da Presidncia ou ao Presidente do Conselho18. As instrues dirigidas aos censores eram inequvocas: sem prejuzo de consultas prvias dirigidas queles Ministrios, a sua atividade dependia diretamente do chefe do Governo. Devemos assinalar ainda o carter preventivo das instrues que o regime fornecia aos servios censrios. Exemplo disso uma Circular de 24 de janeiro desse mesmo ano de 1962, que estatua pormenorizadamente as referncias noticiosas a atividades estudantis que deviam ser censuradas: devia eliminar-se todo o contedo poltico ou social e em especial as que sejam contrrias ao acatamento devido ao Governo, s autoridades pblicas, ao professorado, e bem assim as que preconizem perturbaes de ordem pblica ou incitem indisciplina. Suprimiam-se ainda notcias relativas a greves, manifestaes ou prises de estudantes por motivos poltico-sociais. E, nas aluses a julgamentos judiciais, eliminava-se a referncia a estudantes (Azevedo, 1999, pp. 447-448). Podemos perguntar: seria a Censura sempre eficaz? Obviamente que no. Por um lado, devido ignorncia de muitos dos censores, no raro, ex-militares na reserva ou reformados com a patente de majores ou coronis. Por outro, devido subtileza e inteligncia dos jornalistas que aprenderam toda uma linguagem cifrada e, at mesmo, o recurso a comentrios reprovativos de certos acontecimentos que desagradavam ao regime. Exemplo desse expediente -nos dado por Mrio Ventura. Para noticiar manifestaes de estudantes em Lisboa, nos anos 60 (algumas delas violentas), dizia ele, s o conseguamos sob formas muito sibilinas, como esta: estudantes desordeiros tentaram manifestar-se na Baixa, obrigando a polcia a intervir pela fora (Ventura, 1999, p. 366). Deste modo, os leitores interessados na notcia procurariam obter, por outros meios, mais informaes. Mas, como reconhece este antigo jornalista e escritor, para o leitor comum a notcia no passava daquilo que referia; e, julga ele, que a simples adjetivao envolvia uma tomada de posio. Relativamente ao peridico Via Latina, rgo da Associao Acadmica da Universidade de Coimbra, lembra Jos Carlos de Vasconcelos que a Censura chegava a eliminar metade ou mais das suas pginas, embora os redatores procurassem evitar inserir textos directamente polticos. Diz ele: A censura cortava notcias sobre actividades universitrias e associativas, artigos ou textos sobre o movimento estudantil

18. Despacho do Presidente do Conselho, 20 de outubro.

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(qualquer referncia desejada democratizao do ensino, designadamente do acesso s universidades, era proibida), os problemas pedaggicos, a cultura, em especial o cinema e o teatro, o prprio desporto, etc. (Vasconcelos, 1999, p. 476). Aquele jornal acabaria por ser retirado do mercado e proibido, por ter publicado toda uma primeira pgina sobre o I Encontro Nacional de Estudantes. Para os ltimos anos da dcada de 1960 e primeiros da seguinte, poder-se-ia pensar que o Governo de Marcelo Caetano se traduziu numa outra poltica de informao. No incio, a Censura que passou a designar-se por Exame prvio com a adoo da Lei de Imprensa de 1971, a nica desde 1926 parece ter afrouxado a estreiteza da sua atuao, correspondendo assim, em parte, s expectativas de abertura poltica do regime. O novo Presidente do Conselho exprimiu repetidamente uma inteno favorvel sua futura abolio. Mas, em seu entender, a conjuntura da guerra em frica obrigava sua manuteno por um perodo indeterminado de transio (Barreto, 1999, p. 282). As disposies de 15 de novembro de 1968 extinguiram o SNI, transitando os servios de Censura para a responsabilidade da Secretaria de Estado da Informao, deixando assim de estar na dependncia direta do chefe do Governo. Mas os pormenores em que entrava aquele diploma19 indiciavam a tnica na continuidade de critrios e de mtodos. Entre outros pontos, chamava-se a ateno dos censores para tudo quanto ponha em causa problemas ligados a reivindicaes de salrios e reivindicaes acadmicas, sobretudo quando formulados em termos demaggicos ou de subverso; deviam suspender-se em regra inquritos e entrevistas a professores e estudantes at tomada de posio mais conveniente (Portugal, 1981, p. 215). Por outras palavras, na atividade censria privilegiava-se o setor mais ligado Educao, onde a influncia das oposies ao Estado Novo era mais forte no s nos meios estudantis mas tambm no seio da classe docente e em muitos intelectuais e alguns cientistas. Esto ainda por estudar em profundidade as transformaes que ocorreram na imprensa peridica durante o marcelismo, em que indiscutivelmente surgem novidades. Mas de admitir que, no essencial, a situao no tenha mudado substancialmente: isto , continuou a no haver liberdade de expresso. Para isso apontam os testemunhos de jornalistas que trabalharam na poca. H numerosos exemplos

19. Assinado por Csar Moreira Baptista, subsecretrio da Presidncia do Conselho.

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bem elucidativos da atuao do lpis azul. Um deles foi a proibio no jornal regional Notcias da Amadora, de 10 de agosto de 1968 (uma semana depois da queda de Salazar que o incapacitaria de continuar em funes como Presidente do Conselho), de uma srie de entrevistas de rua subordinadas pergunta Acha que os exames so necessrios?20. O artigo foi integralmente cortado, decerto atendendo inteno expressa do jornalista annimo de discutir o tema (que na poca era muito abordado por professores e outros pedagogos) e s posies crticas expressas por alguns dos entrevistados. Outro exemplo do mesmo peridico, foi a proibio de uma entrevista ao escritor Jos Cardoso Pires, conduzida por Fernando Dacosta, em Junho de 1969. Entre vrias outras questes, Cardoso Pires falava da estreiteza do pblico leitor e responsabilizava os meios de comunicao social, os liceus e as universidades pela distncia entre os escritores e o pblico. Chegava mesmo a afirmar: Uma das razes fundamentais do desinteresse das camadas jovens pela literatura que nos liceus e nas faculdades ela administrada sempre numa base negativa, paralisante21. Importar, pois, ter sempre em conta as condies extremamente difceis em que a informao e a reflexo sobre temas de Educao se desenvolveram em Portugal no perodo em causa. E considerar, em termos comparativos, o modo como esses temas eram tratados por rgos de imprensa e jornalistas de quadrantes ideolgicos muito diversos.

20. Reprter de rua. Acha que os exames so necessrios?. Notcias da Amadora. Inditos do Arquivo da Censura (1958-1974), (1474), 31 de janeiro de 2002, 8-9 (deveria ter sido publicado no n. 366, de 10 de agosto de 1968). 21. A mulher em Portugal evoluiu mais do que o homem. Idem, (1463), 25 de outubro de 2001, 10 (deveria ter sido publicada no n. 410, de 28 de junho de 1969).

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3. Classificao dos textos referenciados De acordo com bibliografia produzida sobre a Imprensa, existem dois grandes tipos de gneros jornalsticos: os que servem para dar a conhecer os factos e os que do a conhecer as ideias. Adaptando esta diviso principal nossa experincia de investigadores e ao objetivo de proporcionar um melhor aproveitamento da consulta do Repertrio, classificmos os diferentes textos em artigos de opinio, estudos, editoriais, reportagens, notcias, discursos, entrevistas, biografias, legislao, publicaes e mesas redondas (ver Quadro n. 1). O artigo de opinio, singular ou em srie sob o mesmo ttulo, assinado ou no, reveste um estilo literrio livre e, muitas vezes, opinativo. Tem como objetivo o estudo e/ou o esclarecimento de um tema/problema que, num determinado momento, tenha podido despertar o interesse do grupo de leitores ligados essencialmente s questes educativas e, at mesmo, o grande pblico, procurando provocar discusso e reflexo, ainda que veladas (Fontcuberta, 1999, p. 83). Os artigos de opinio constituem a percentagem mais elevada de textos selecionados (35,4 %) sendo o jornal Novidades o que maior nmero contempla devido publicao do seu suplemento semanal Aco Escolar, seguido dos Dirio de Lisboa e Repblica. Pelo contrrio, O Sculo apenas insere o correspondente a 1,7 % do total desses artigos. Os temas abordados so muito diversificados, com destaque para os problemas levantados por ocasio dos exames nacionais, as alteraes a planos curriculares, as questes relacionadas com o estatuto socioprofissional dos docentes, os problemas do ensino superior, aspectos de determinados sistemas educativos estrangeiros, ou seja, abordagens que a Censura ia permitindo. O estudo corresponde a um trabalho mais aprofundado (geralmente, da autoria de especialista na matria ou algum a ela ligado profissionalmente), com dimenses reduzidas, sobre um tema educativo nacional ou estrangeiro, ento atual, que requeresse um conhecimento mais aprofundado. Pelas caractersticas prprias da imprensa diria e regional, este gnero abrange apenas 9,2 % de todos os textos. So os Dirio de Lisboa (32,6 %) e Repblica (27,5 %) que os publicam em maior nmero. Classificmos como editorial, um texto de opinio publicado geralmente na primeira pgina, breve, claro e incisivo, assinado, ou no, por um elemento da Direco editorial e que exprime as posies do jornal perante um ou mais factos da atualida-

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de. Relativamente s questes de Educao, so pouco habituais, correspondendo a 3,6 % do total. O Sculo que se ocupa mais deste gnero (54,2 %), aproveitando questes do momento. Em contrapartida, o seu parceiro das manhs, o Dirio de Notcias, parco neste tipo de abordagem (2,0 %), tal como o regional Jornal do Fundo (2,0 %). Do dirio nortenho O Comrcio do Porto apenas recolhemos quatro editoriais (0,7 %). A reportagem, de acordo com Fontcuberta (1999), consiste no relato de factos actuais que no so estritamente notcia (embora s vezes o possam ser), e procura contar o essencial desses factos e das suas circunstncias explicativas (p. 82). No abandonando completamente esta definio, classificmos neste gnero os textos que oferecem mais informao do que a notcia, nos quais se incluem pequenos extratos de discursos. No Repertrio, a reportagem ocupa o terceiro lugar na ordem dos gneros definidos e corresponde a cerca de 15,4 % de todos os textos. So O Sculo (24,2 %), Novidades (23,4 %) e Dirio da Manh (23,2 %) que publicam mais este gnero. Em contrapartida, o Repblica o dirio que menos discursos transcreve (2,2 %). Consideramos estes textos de grande utilidade para o investigador pois, com eles, podero ser reconstitudas (no todo ou em parte) intervenes de governantes e de outras personalidades. Se algumas se encontram compiladas, outras tm apenas o seu registo na imprensa. Citamos como exemplo, a possibilidade de recuperao do discurso do ministro da Educao Nacional, Pires de Lima, aquando da tomada de posse do Director-Geral interino do Ensino Liceal (Dr. Francisco Prieto), a 27 de junho de 1947, a partir de artigos publicados nos Dirio da Manh e Novidades (Ado & Remdios, 2008, p. 52). A notcia consiste num texto de pequena dimenso, descritivo, tendo como finalidade a comunicao de algo acontecido ou divulgado. No regime do Estado Novo, competia ao Governo e, muito especialmente Censura, indicar diariamente o que seria a notcia, difundida pela Agncia Informativa, procurando-se impedir a divulgao de informaes recolhidas pelo prprio jornal. No entanto, encontrmos notcias do chamado jornalismo de proximidade que nos fornecem dados e pistas de trabalho muito teis. Na maior parte dos casos, as notcias sobre Educao no estavam inseridas na primeira pgina e eram introduzidas por ttulos sugestivos. Trata-se do segundo gnero por ns contemplado, correspondendo a 30,1 % do total dos textos e que podero servir de pistas para o tratamento de temas educativos at hoje des-

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prezados (por exemplo: os questionrios sobre coeducao, em 1947; a criao de uma Comisso para estudo do ensino superior, em 1969). Na categoria de discurso, inclumos intervenes de teor proclamativo, laudatrio e propagandstico totalmente transcritas, ou em parte(s). Neste gnero, destacam-se discursos governamentais proferidos por ocasio de visitas, reunies de trabalho, inauguraes, recepes, abertura de anos lectivos. Classificmos ainda neste gnero conferncias proferidas. Contudo, respeitantes Educao, constituem os textos menos inseridos na imprensa trabalhada, ao longo de todo o perodo considerado (54 = 0,4 %). De O Comrcio do Porto e Jornal do Fundo no retirmos nenhum e do Dirio de Notcias, apenas a mensagem de Ano Novo do Comissrio Nacional da Mocidade Portuguesa. A entrevista perdeu importncia depois da criao da Censura e, por isso, era pouco frequente nos jornais, correspondendo no Repertrio a 2,3 % dos textos. A sua maior utilizao estava reservada para ocasies eleitorais ou de grande polmica. So os Dirio de Lisboa e Repblica quem recorre mais vezes a este gnero jornalstico para tratar em srie de um ou outro tema de atualidade. O jornal A Capital constitui uma exceo, tendo publicado nos dois primeiros anos do seu reaparecimento (1968, 1969) 66 entrevistas de um total geral de 358, tratando os mais diversos temas e ouvindo especialistas de diversas reas das Cincias da Educao. A legislao engloba sobretudo normativos governamentais, como notas oficiosas, comunicados ministeriais, pareceres, etc., transcritos na ntegra ou por extratos, numa percentagem de 2,1 %. Durante o Estado Novo, era obrigao de toda a imprensa publicar estas informaes pelo que no havia possibilidade de serem confrontadas com outras verses do ocorrido, limitando-se alguns jornais a acrescentar um pequeno comentrio ou adotar um ttulo mais significativo. Devido ao seu contedo, em geral, selecionmos apenas um texto para cada normativo, optando somente pela sua repetio sempre que contemple alguma informao adicional. Os outros gneros biografia, publicaes, mesa redonda so em nmero muito limitado, no ultrapassando 1,5 %. Colocmos como biografia o texto que fornece informao sobre professores, pedagogos estrangeiros e outras pessoas ligadas Educao, desde notcias contendo elementos biogrficos por ocasio de falecimento, de homenagem ou de jubilao at estudos mais desenvolvidos preparados especificamente para serem publicados na imprensa. do jornal Repblica que maior nmero inserimos; pelo contrrio, o Dirio de Notcias e O Sculo

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no esto contemplados. Sob a classificao publicaes apresentamos toda a informao sobre obras e estudos editados tratando de questes educativas. Os Dirio de Lisboa, Novidades e Repblica so os peridicos que alguma informao oferecem sobre este gnero. Finalmente, a primeira mesa redonda que localizmos encontra-se no Repblica em 196322. Somente dois anos depois, prximo da realizao de eleies para a Assembleia Nacional, o Dirio de Lisboa tem possibilidade de organizar uma mesa redonda sobre investigao cientfica23. Ser este mesmo jornal que publica outras duas, em 196824. No ano seguinte, prximo de novas eleies, o vespertino A Capital publica sete mesas redondas sobre temas constantes dos programas eleitorais da Oposio. Quadro n. 1 Gnero dos textos selecionados (entre 1945 e 1969, nos diferentes jornais)2526Textos, gneros Artigo de opinio Notcia Reportagem Estudo Editorial Entrevista Legislao Biografia Publicaes Discurso Mesa redondaSubtotal

C25375 76 77 145 1 66 31 2 5 2 7

CP596 126 80 71 4 1 11 1 6

DL965 1120 161 460 87 94 83 11 20 14 4

DM203 427 548 37 52 37 56 1 4 13

DN228 292 198 24 11 14 33 1

JF325 61 120 28 11 12 2 1 3

N1753 590 553 225 53 17 38 20 38 13

R902 1389 53 388 31 107 25 94 12 7 1

S90 531 574 31 296 10 45 1 4

Subtotal

5 437 4 612 2364 1409 546 358 324 130 89 54 12 15 345

787

896

329

1378

801

563

3300

3009

1582

22. Os estudantes de Pinhel acham que s a existncia de um liceu e escolas tcnicas oficiais podero valorizar o nvel cultural dos habitantes (), Repblica, 21 de setembro de 1953. 23. A investigao gentica, Dirio de Lisboa, 26 de outubro de 1965. 24. Problemas da medicina jovem. Os recm-licenciados de 1968 socorrem-se de expedientes, enquanto no aberto o concurso (), Dirio de Lisboa, 14 de novembro de 1968; Sem reforma de mentalidade no possvel a reforma universitria, idem, 2 de dezembro de 1968. 25. A partir de 1968. 26. As siglas correspondem a: C, A Capital; CP, O Comrcio do Porto; DL, Dirio de Lisboa; DM, Dirio da Manh; DN, Dirio de Notcias; JF, Jornal do Fundo; N, Novidades; R, Repblica; S, O Sculo.

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4. Caracterizao dos jornais pesquisados Num trabalho desta natureza, parece-nos oportuno caracterizar resumidamente cada um dos peridicos selecionados e, em especial, no que diz respeito s temticas de Educao (ver Quadro n. 1). Comecemos pelos dirios da manh. O Dirio de Notcias, editado em formato grande, era lder nas tiragens, com expanso por todo o Portugal continental. Segundo Correia & Baptista (2007, p. 75), na sua redao, nomeadamente em lugares de responsabilidade, dominavam jornalistas apoiantes ou pelo menos no opositores activos do regime, o que ajudava a, sem conflitos internos, fazer do jornal um rgo oficioso do Estado Novo. Tambm Urbano Tavares Rodrigues informa: Quando estive no Dirio de Notcias, o jornal era associado ao regime e ramos obrigados a escrever coisas contra a nossa sensibilidade ou contra o nosso pensamento27. A sua estrutura apresentava-se com uma certa estabilidade, com um nmero de pginas oscilando entre 12 e 16 e com rubricas e pginas especiais regulares no respectivo dia de sada, ainda que a sua localizao no fosse sempre a mesma. Relativamente aos textos sobre Educao, privilegiava as notcias, os artigos de opinio e as reportagens que correspondem a 36,5%, 28,5% e 24,7% do seu conjunto. Nele se publicaram poucos estudos (24) assim como entrevistas (24) e editoriais (11). Como tambm parece no se ter ocupado com biografias nem a divulgao de publicaes da especialidade e apenas referencimos um discurso. O Sculo era o matutino com mais noticirio da provncia, graas a uma ampla rede de correspondentes; autointitulava-se como o jornal de maior circulao nacional. Tal como o Dirio de Notcias, era editado em formato grande, as suas edies oscilavam entre as 12 e as 16 pginas, quase metade preenchida com publicidade. Quanto distribuio dos assuntos, apenas eram fixas a 1. pgina (editorial e temas considerados mais importantes) e a 12. (publicidade); o contedo das outras variava, no tendo as diversas seces uma pgina certa de publicao. Ao nvel das tomadas de posio editoriais, identificava-se com o Governo nas questes essenciais. O seu director, Guilherme Pereira da Rosa, em 1968, declarava:Quanto informao, nenhuma dificuldade: em jornais informativos, a notcia deve ser verdica, cuidadosamente elaborada e autntica. Quanto aos comentrios, sou dos que defendem o princpio de que devem ser harmoniosos e no

27. Parte de entrevista transcrita in Correia & Baptista, 2007, p. 75.

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contraditrios e traduzir as ideias, o pensamento directivo do jornal. Esclareo que nO Sculo, ainda me reservo o direito de recusar aqueles escritos, mesmo assinados, que vo contra os ditames da minha conscincia28.

Em finais da dcada de 1960, publica regularmente a rubrica temtica Enrino, onde noticia bolsas de estudo, concursos para professores e outras informaes relacionadas com o quotidiano escolar. Para alm das reportagens (24,3%) e notcias (11,5%), privilegia os editoriais para tratar de questes educativas do momento; dos 546 referenciados em todos os peridicos, 296 pertencem a este madutino. Pelo contrrio, dos artigos de opinio recolhidos, o menor nmero por ele publicado (1,7%) e sobre temas que suscitaram alguma polmica na imprensa, como sejam os exames e as reformas de planos curricularres. So poucos os estudos encontrados 1,9 % do total dos seus textos) assim como as entrevistas (10) e os discursos (4). Quanto aos vespertinos, foram eles que introduziram alteraes a nvel jornalstico com outra apresentao grfica e a insero de suplementos temticos. O Dirio de Lisboa, criado em 1921, constituiu o primeiro vespertino portugus publicado em formato tablide. O nmero de pginas variava conforme os dias, mas as rubricas dirias saam regularmente nos mesmos locais. Embora tenha sofrido vrias crises internas e algumas remodelaes, na sua longa existncia de 70 anos, procurou manter-se fiel sua herana republicana, () Tentou ser um jornal independente e descomprometido com o poder poltico e econmico dentro dos limites, () Alm de ter sempre mantido uma direco editorial de pendor democrtico (Correia & Baptista, 2007, p. 162). O prestgio do jornal provinha, em grande medida, do seu grupo de colaboradores externos, figuras conhecidas em reas diversas desde o desporto literatura e educao, que constituam referncias para o leitor mais escolarizado, nomeadamente o que exercia profisses liberais. o seu ltimo diretor, Antnio Pedro Ruella Ramos, quem o confirma:Os leitores no eram necessariamente de esquerda ou comunistas. Eram pessoas da mdia burguesia, cultos, engenheiros, advogados, mdicos, professores, se calhar at eram relativamente conservadores mas gostavam da independncia do DL porque sabiam que era praticamente o nico dirio que no estava

28. Discurso proferido na abertura solene do I Curso de Jornalismo e publicado na Vida Mundial, 29 de novembro de 1968.

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comprometido com o regime. No era um jornal de oposio literal porque quem fazia isso estava preso. Mas tambm no tinha compromissos com o regime29.

Por outro lado, conforme nos d conta a investigao do CODES atrs referida, so tambm seus leitores os estudantes universitrios com um certo grau de politizao que se situavam na oposio ao regime do Estado Novo ou, pelo menos, no se mostravam seus defensores. Por isso, era reconhecidamente um jornal mais intelectual, com suplementos culturais e outros, como o Juvenil, onde se publicam artigos e notcias sobre temas escolares e educativos. Porm, no tinha um suplemento voltado para a Educao, inserindo apenas rubricas temticas, Dirio Escolar, Vida Universitria, Ensino, preenchidas com notcias breves de assuntos do quotidiano escolar, e tambm Eduquemos o nosso Filho, onde eram publicados curtos artigos de opinio. Nas suas pginas, desde 1945, sobre Educao escreveram regularmente destacadas figuras democrticas, como os Professores Vieira de Almeida, Eduardo Rogado Dias, Rui Grcio, Emlio Braga e tantos outros. Procurava informar os seus leitores sobre acontecimentos educativos nacionais e internacionais, na medida em que a Censura lho permitia, publicando no s um nmero muito elevado de notcias (24,4 % do total selecionado) como de artigos de opinio e de estudos (17,8 e 32,6 %, respetivamente). Privilegia igualmente a entrevista, cujo nmero corresponde a cerca de um quarto da sua totalidade. Ainda que em nmero pouco significativo, contempla a biografia (11), o discurso (14) e a informao sobre publicaes da especialidade (20). O vespertino Repblica, editado igualmente em formato tablide, era considerado o rgo da oposio republicana e democrtica. Com fraqussima penetrao junto do grande pblico, dependia das assinaturas, de meia dzia de fregueses leais, como esclarece um dos seus ltimos diretores, Norberto Lopes30. Constitua objeto privilegiado da Censura. Parece no ter tido um papel significativo no movimento de renovao do jornalismo, comparando com os outros vespertinos. Nos incios da dcada de 1960, no ultrapassava a dzia dos jornalistas, ou seja, metade do Dirio Popular e do Dirio de Lisboa e, no final dessa mesma dcada, baixava para menos de uma dezena, ou seja, cerca de quatro vezes menos do que aqueles dois vespertinos (Cabrera, 2006, p. 147).

29. Parte de uma entrevista in Correia & Baptista, 2007, p. 163. 30. Cf. entrevista referida in Correia & Baptista, 2007, p. 81.

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No entanto, destaca-se ao nvel da publicao de textos sobre Educao e dos seus colaboradores nesta rea, como Fernando Piteira Santos, J. Dias Agudo, Maria Amlia Borges, e outros. Na dcada de 1940 publica uma rubrica temtica intitulada Pelas Escolas e, nas dcadas seguintes, Ensino, Vida Universitria, Vida Acadmica, com pequenas notcias sobre o quotidiano escolar semelhana do Dirio de Lisboa. Tal como este, privilegia as notcias nacionais e internacionais, correspondentes a 46,2% dos seus textos selecionados, os artigos de opinio e os estudos (respetivamente 16,6 e 27,5% da totalidade dos gneros). Um nmero significativo de editoriais publicado (31), constitui o jornal que mais entrevistas apresenta (107 em 358 consideradas) assim como biografias (94 em 130). No entanto, assuntos do quotidiano escolar estavam ausentes ou apenas mereciam uma pequena notcia e somente localizmos uma mesa redonda, em 196331. O jornal A Capital reapareceu a 21 de fevereiro de 1968 sendo, por isso, objeto da nossa investigao durante apenas dois anos. Igualmente vespertino, foi seu primeiro diretor Norberto Lopes e diretor-adjunto Mrio Neves, que tinham sado do Dirio de Lisboa, em litgio. Procurou, por isso, ser inovador e congregou os melhores colaboradores de formao universitria e especializada. Daniel Ricardo, um dos seus mais jovens jornalistas nesta primeira fase, informa:Surgiu como um jornal da oposio e, como todas as publicaes que, na altura, eram de reviralho, os primeiros nmeros venderam imenso, e as primeiras tiragens foram enormes. S que, pouco a pouco, foram decaindo () no incio vendia seguramente mais de 50 00032.

Nos seus dois primeiros anos, destaca-se ao nvel da publicao de textos sobre Educao, nomeadamente estudos (10,3 % do total referenciado) e artigos de opinio (6,9 %). Publica com mais frequncia entrevistas sobre temas atuais com destaque para os problemas existentes no ensino universitrio, ou seja, 18,4 % da totalidade dos textos inseridos neste gnero e 59,5 % relativamente a 1968 e 1969. Como anteriormente j referimos, em 1969, publica sete mesas redondas das doze que localizmos em todos os jornais.

31. Os estudantes de Pinhel acham que s a existncia de um liceu e escolas tcnicas oficiais podero valorizar o nvel cultural dos habitantes (), em 21 de setembro. 32. Cf. entrevista referida in Correia & Baptista, 2007, p. 197.

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O Dirio da Manh era o rgo oficial da Unio Nacional, o nico partido poltico autorizado e, por isso, tambm o porta-voz do Regime. Com pouca influncia social, no que respeita Educao, privilegia as notcias, a reportagem (39,8 % dos seus textos) e os artigos de opinio (14,7 %). Publica um nmero significativo de editoriais (52), de estudos (37) e de entrevistas (37). O Novidades era o rgo oficioso da Igreja catlica, com contactos estreitos com o Patriarcado e mostrando-se apoiante do regime. Segundo Guilherme Sampaio, este dirio correspondia na prtica a um jornal catlico nacional que se propunha orientar a conscincia pblica luz da Doutrina Catlica33. Relativamente aos temas sobre Educao, o nico jornal a publicar semanalmente um suplemento, Aco Escolar34, dedicado aos temas relacionados com o ensino primrio e a educao da criana. Maria Jos Remdios que estudou as questes de Educao inseridas neste jornal, entre 1945 e 1950, referindo-se ao suplemento, considera que a oferta de um conjunto de quatro pginas semanais, passveis de serem coleccionadas, no pode ser vista alheada do processo de introduo, pelo Estado Novo, de um conjunto de mecanismos instrumentais da valorizao da ruralidade e da educao, especialmente, a de nvel primrio (2003, p. 13). Alm das notcias, artigos de opinio e estudos inseridos no suplemento em nmero muito significativo, este dirio publica tambm editoriais sobre temas educativos (9,7 % do total referenciado), entrevistas (17) e biografias sobretudo de pedagogos estrangeiros (20). Finalmente, trabalhmos dois jornais de abrangncia geogrfica mais reduzida. O Comrcio do Porto, criado em 1854, constitui um repositrio inalienvel da histria narrativa da cidade do Porto e da regio Norte, perspectivando as interaces diacrnicas entre o ncleo urbano e todo esse vasto hinterland mais ou menos rural35. Em meados da dcada de 1960, comea a publicar semanalmente a pgina Ensino que ser reintitulada Educao a partir de Outubro de 1969, sob a responsabilidade do professor do ensino secundrio Ral Gomes. Por isso, dele recolhemos um nmero significativo de artigos de opinio (66,5 % dos seus textos) e de estudos (7,9 %). Em contrapartida, no perodo estudado apenas selecionmos quatro editoriais, uma entrevista e uma biografia.

33. http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=75689. Consultado a 16 de agosto de 2011. 34. O jornal, no seu n. 399, de 18 de dezembro de 1945 (p. 1) sob o ttulo Mais um ano, traa uma resenha histrica deste suplemento. 35. http://arquivo.cm-gaia.pt/creators/13983/. Consultado a 17 de agosto de 2011.

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O semanrio Jornal do Fundo foi fundado em 1946 por Antnio Paulouro com o objetivo de se ocupar de problemas locais. A sua expanso ultrapassou a rea geogrfica tornando-se um dos jornais regionais de maior dimenso e capacidade de interveno (Palla, 1990, p. 216), devido qualidade dos seus colaboradores e independncia com que procura analisar os problemas da regio. Durante o regime do Estado Novo, foi alvo de uma vigilncia apertada pela Polcia poltica, tendo estado seis meses suspenso em 1965 (23 de maio-28 de novembro) a pretexto da publicao de uma notcia, na edio de 19 de maio, sobre o Cinquentenrio do Seminrio do Fundo em que se recordava simplesmente a data e se publicava o programa das comemoraes, notcia que no tinha sido apresentada aos censores de Castelo Branco. Embora esta tenha sido a justificao oficial, a medida repressiva foi desencadeada devido a uma outra notcia inserida, naquela mesma data, no novo suplemento literrio Argumentos, dirigido por Alexandre Pinheiro Torres:Nesse suplemento, que no voltou a publicar-se novamente, saiu uma notcia, a pginas 5, a duas colunas, a negro, com fotos e o ttulo: ISABEL DA NBREGA, LUANDINO VIEIRA E ARMANDO CASTRO obtiveram, respectivamente, o Prmio Camilo Castelo Branco (Romance), Grande Prmio de Novela e Grande Prmio de Ensaio (Azevedo, 1999, p. 448).

suspenso, juntou-se um elevado aumento da cauo e a obrigatoriedade de apresentao das provas em Lisboa, medidas muito gravosas para o jornal em termos de despesas e de tempo. No que respeita Educao, este peridico contou com colaboradores destacados que escreviam igualmente nas colunas de outros jornais, nomeadamente no Dirio de Lisboa, privilegiando por isso os artigos de opinio (57,7 % dos textos dele recolhidos). Dele recolhemos, igualmente, um nmero significativo de reportagens e de informaes sobre acontecimentos e necessidades regionais (respetivamente, 21,3 e 10,8 %). No deixou, porm, de publicar alguns estudos e entrevistas focando temas regionais e tambm nacionais.

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5. Os ndices A elaborao dos trs ndices que compem o Repertrio36 obedeceu a critrios de trabalho que partiram sobretudo da nossa experincia de investigadores e do objectivo dos dados fornecidos serem facilitadores de futuras investigaes. O ndice cronolgico constitui o principal instrumento de trabalho pois inclui a referncia completa de cada texto selecionado. Dado o volume de informao encontrada, tommos algumas decises limitando o corpus documental a publicar. No total, constam 15.345 referncias, ou seja, o correspondente a 74,8 % de todo o material recolhido. Quadro n. 2 Distribuio dos textos por jornais e anosAnos 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969Subtotal

C 433 354 787

CP 18 53 69 20 7 26 22 20 24 22 15 27 23 24 18 13 17 20 35 27 29 18 42 149 158 896

DL 69 38 58 26 28 27 46 29 37 36 43 45 46 61 48 35 38 420 312 329 294 278 265 309 112 3029

DM 28 32 49 32 47 26 30 24 39 35 60 180 67 62 52 32 24 41 34 37 37 157 86 99 68 1378

DN 16 24 25 29 28 26 23 26 24 12 24 17 15 9 12 13 4 52 42 30 32 47 21 111 139 801

JF 14 12 6 32 29 24 26 30 21 12 40 21 23 23 22 15 40 34 35 14 23 17 30 20 563

N 123 120 154 113 113 142 143 149 148 115 117 104 100 123 103 209 123 216 106 111 142 188 125 113 100 3300

R 126 87 141 104 49 62 53 178 55 61 62 196 185 237 221 253 108 139 115 98 99 75 110 90 105 3009

S 64 50 48 65 32 48 41 43 57 52 61 63 63 57 49 49 33 144 87 88 42 45 45 162 94 1582

Subtotal

444 418 556 395 336 386 382 495 414 354 394 672 520 596 526 626 362 1072 765 755 689 831 711 1496 1150 15 345

36. A consistncia de dados relativamente preparao dos trs ndices, como resultado dum trabalho de anlise e programao informtica, pertence a Jlio Sequeira Cosme que, a ttulo gratuito, se disponibilizou para tamanha tarefa.

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Inclumos todos os artigos de opinio, estudos, editoriais e entrevistas que foram localizados. Quanto a notcias, aproveitmos as que contemplam: extratos de discursos, notas oficiosas, circulares, dados biogrficos e homenagens relativos a professores e outras pessoas com ligao Educao, ensino no estrangeiro, instituies educativas, comemoraes e confraternizaes, intervenes na Assembleia Nacional e outros debates, dados estatsticos originais, informaes regionais/locais, obras publicadas, assuntos pouco divulgados. Apesar da Censura, cada jornal tinha em ateno o seu pblico leitor. Por isso, a notcia no era divulgada da mesma maneira por todos os jornais; quando percebemos que as abordagens so diferentes, optmos pela publicao repetida da mesma notcia porque consideramos que elas se completam na maior parte dos casos, quando so apresentadas sob ttulo que comporta uma inteno ideolgica ou um comentrio implcito. Selecionmos tambm as que esto publicadas na primeira pgina, as que envolvem mais de uma coluna e as que tm autor identificado. No inserimos 5 179 textos referentes repetio de noticirio idntico, transcrio de leis de fcil acesso e de pontos de exame, curtas informaes sobre doutoramentos honoris causa, jubilaes, concursos de professores e calendarizaes de: abertura dos anos lectivos, comemoraes e confraternizaes, actividades de organizaes nomeadamente a Mocidade Portuguesa, deslocaes de governantes, inaugurao de espaos escolares, incio e decurso das pocas de exames, realizao de conferncias e cursos, visitas de professores e de estudantes nacionais e estrangeiros. Pelo Quadro n. 2 e relativamente a todo o espao temporal pesquisado, podemos verificar que so os Dirio de Lisboa e Repblica que mais se ocuparam das questes de Educao (19,7 e 19,6 %, respectivamente), juntando-se-lhes o Novidades que publicava semanalmente, como j foi dito, um suplemento especfico de quatro pginas o que contribua para um maior nmero de referncias (21,5 %). a partir do incio da dcada de 1960 que os jornais trabalhados privilegiam mais frequentemente temas sobre a Educao: entre 1960-1969, seleccionmos 8 457 textos (55,1 % do total). Se analisarmos por anos, encontramos em 1962 maior nmero tendo para isso contribudo significativamente o jornal O Sculo do qual recolhemos um conjunto de notcias ocupando-se dos acontecimentos sucessivos da crise acadmica. tambm a partir desse ano que o Dirio de Lisboa comea a prestar

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maior ateno aos temas educativos. No entanto, como j atrs referimos, o jornal A Capital que, nos dois ltimos anos no nosso Repertrio, inclui na sua agenda diria 29,7 % do total dos textos considerados. Sobre os procedimentos adotados registar-se-o naturalmente opinies e perspetivas diferentes. Temos conscincia da existncia de lacunas nos dados recolhidos, que julgamos inevitveis num trabalho com esta natureza, desenvolvido por uma equipa ampla e diversificada37. No que respeita apresentao dos textos, adotmos uma uniformizao de escrita: letras maisculas apenas em alguns casos; introduo de um ou outro sinal de pontuao para melhor compreenso do texto. Quando se trata de ttulo extenso, omitimos algumas palavras com a devida indicao do corte efetuado. A elaborao do ndice temtico obedeceu a critrios de funcionalidade inserindo 322 temas que se prendem necessariamente com a histria da educao que se faz nos dias de hoje mas correspondendo igualmente a conceitos do perodo definido; alguns dos textos seleccionados foram classificados com um ou mais. A par de temas envolvendo um nmero significativo de referncias, inclumos tambm outros apenas com uma ou duas referncias, cujo tratamento julgamos inovador para a poca, como por exemplo, sobre o arquivo escolar, o ensino da Cincia Poltica e da Sociologia, a educao multicultural, e tantos outros. As questes relacionadas com o sistema educativo, quer portugus quer de outros pases, ocupam o primeiro lugar, com o correspondente a 18,4 % do total de referncias, seguidas de textos que se tratam de instituies educativas e do ensino regional (10,5 %) e do pessoal docente, desde o seu estatuto ao seu associativismo (7,0 %). Numa poca em que se registaram, pelo menos, duas importantes crises acadmicas, as referncias aos estudantes e sua situao ocupam o stimo lugar nesta nossa classificao (3,9 %). Face a estes dados, acreditamos que este ndice constituir um til instrumento de trabalho para o investigador que se ocupe do estudo da Educao no perodo do Estado Novo.

37. No decurso da pesquisa, realizaram-se diversas reunies destinadas formao dos membros da equipa que desenvolviam esse trabalho e foram convidados historiadores para falar sobre o Estado Novo.

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Quadro n. 3 Distribuio dos temas principaisTemas Sistema educativo Estabelecimentos de ensino Pessoal docente Educao comparada Organizao curricular Poltica educativa Alunos, estudantes, jovens Analfabetismo/alfabetizao Ensino-aprendizagem, processo Educao e ideologia A Educao Administrao e direo escolares Educadores portugueses Ao social escolar Escolaridade obrigatria Avaliao escolar Construes/Espaos escolares Colnias, educao/ensino Escola e comunidade Ensino distncia Igreja e educao Tempos livres, ocupao Cincias da Educao Educao feminina A criana Ensino privado Ensino militar Democratizao do ensino Formao pessoal e social Equipamento/material escolar Investigao cientfica Educao especial Educao intelectual, moral, fsica Educao artstica Regime de ensino Filantropia e educao Subtotal 1945-1959 1 630 930 611 556 510 249 375 601 392 389 261 185 374 216 114 213 219 91 189 17 191 124 120 118 112 92 82 46 110 59 51 43 95 31 41 34 9 471 1960-1969 2 325 1 330 898 783 656 658 471 147 347 288 311 379 177 286 375 274 265 365 197 299 92 130 120 120 124 89 83 118 44 91 78 84 26 65 35 20 12 150 Total 3 955 2 260 1 509 1 339 1 166 907 846 748 739 677 572 564 551 502 489 487 484 456 386 316 283 254 240 238 236 181 165 164 154 150 129 127 121 96 76 54 21 621

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Quanto ao ndice de autores, trata-se de um terceiro instrumento de trabalho com dimenses mais reduzidas. Inclui os nomes de todos aqueles que assinam os textos, de participantes em mesas redondas e das pessoas entrevistadas, ainda que estas no constem na respectiva referncia. Sempre que possvel, apresentamos o nome completo dos autores. Decerto, pela fora da Censura, alguns dos textos so assinados com uma simples abreviatura que, em muitos casos, no conseguimos identificar, ou com um pseudnimo, como por exemplo, DArtagnan, Incognitus, Solus, e outros. Deste ndice constam nomes destacados na sua poca, quer no meio acadmico (J. Serras e Silva, Delfim Santos), quer como pedagogos (Joo de Barros, Rui Grcio), quer como escritores (Jos Rgio, Matilde Rosa Arajo) ou, ainda, como polticos intervenientes (Flausino Torres, Vasco da Gama Fernandes), cujos artigos se mantm, em muitos casos, desconhecidos38. A partir deste Repertrio podero, pois, ser coligidos esses trabalhos e dar a conhecer o pensamento dos seus autores relativamente a temas que poderiam, por vezes, ser polmicos39. Parece-nos, assim, justificada a vantagem em preparar um conjunto de instrumentos que facilite a pesquisa, tornando as fontes mais acessveis. Face aos condicionalismos polticos do regime do Estado Novo, so os textos dos jornais que nos conduzem para o estudo do comportamento das diversas sensibilidades de opinio, que correspondem por vezes a um primeiro documento que sirva de ponto de partida para a preparao de um projeto de investigao ou para um breve estudo. Com os trs ndices aqui inseridos, pretendemos dar a conhecer um nmero maior de temas relacionados com a(s) poltica(s) educativa(s) do perodo trabalhado, procurando simultaneamente que esse novo conhecimento sirva de estmulo para futuras investigaes e indagaes. Torna-se, pois, necessrio explorar as virtualidades desta abordagem serial no que tem de uniformidade/conformidade e, paralelamente, tambm de divergncia. Essa explorao temporal e temtica ir, certamente, proporcionar uma reviso de pontos de vista e de contedos. Porm, no cabe aqui faz-lo, mas sim, proporcionar os elementos para trabalhos futuros.

38. Foi a partir deste nosso Projeto que Rogrio Fernandes pde publicar (2004) dois artigos de Joo de Barros (Joo de Barros, 1946. Educador pela paz. Revista Lusfona de Educao, Lisboa, 3, 147-149). 39. Por exemplo, compilmos alguns artigos publicados por Jos Salvado Sampaio (2006).

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Apresentao por Justino de Magalhes ......................... 5 Introduo por urea Ado ...................... 11 ndice cronolgico ........ 41 ndice temtico ............. 412 ndice onomstico ........ 456

ndice cronolgico1945 ......................... 41 1946 ......................... 53 1947 ......................... 62 1948 ......................... 75 1949 ......................... 84 1950 ......................... 92 1951 ......................... 101 1952 ......................... 110 1953 ......................... 121 1954 ......................... 131 1955 ......................... 140 1956 ......................... 150 1957 ......................... 167 1958 ......................... 181 1959 ......................... 197 1960 ......................... 210 1961 ......................... 226 1962 ......................... 235 1963 ......................... 260 1964 ......................... 277 1965 ......................... 294 1966 ......................... 310 1967 ......................... 330 1968 ......................... 347 1969 ......................... 382

A Educao nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969)

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19451 2 3 4

ndice cronolgico: 194503-01-45, Simes, Joo Gaspar, A poesia e o ensino (art. opinio), DL, 9 03-01-45, A mocidade saber construir olhos no futuro (discurso), DM, 1, 2 03-01-45, Leal, Antnio, Iluses sobre a pureza dos mtodos sintticos e analticos (art. opinio), N, 1, 2/S 03-01-45, Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares (art. opinio), N, 1, 6 03-01-45, Mensagem mocidade portuguesa (discurso), N, 4 03-01-45, Vai ser realidade o Jardim Universitrio de Belas-Artes criado por Guilherme Felipe (notcia), R, 4 03-01-45, Cunha Jnior, Jos Nabais da, O velho tema da proteco infncia (art. opinio), R, 5 04-01-45, Barros, Joo de, Analfabetismo (art. opinio), DL, 1 04-01-45, Danielle, Cantinho das raparigas (art. opinio), R, 3 04-01-45, Conselhos s mes A instruo da criana (art. opinio), R, 3 05-01-45, Educao e ensino (estudo), CP, 4 06-01-45, Silva, J. Serras e, O mestre-escola educador (art. opinio), N, 1, 4 07-01-45, U.P., Todos os vestgios da educao nazi sero eliminados (notcia), DL, 4 07-01-45, Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares (art. opinio), N, 1 07-01-45, U.P., Todos os vestgios do sistema de educao do nacional-socialismo sero eliminados, diz a Voz do Governo Militar Aliado (notcia), R, 4 24 16 08-01-45, Rodrigues, Manuel L., A preocupao ortogrfica dos portugueses (art. opinio), DN, 1, 2 08-01-45, Passos, Verglio, Educao chinesa (estudo), R, 3 09-01-45, Paixo, Braga, Estatstica da educao (art. opinio), DM, 1, 6 09-01-45, A criana na escola e na famlia (art. opinio), N, 1, 4/S 09-01-45, Anjo, Csar, O estudo da histria (art. opinio), R, 1 13-01-45, Barros, Joo de, Narcisismos (art. opinio), DL, 1 13-01-45, Silva, J. Serras e, Educao moral na escola (art. opinio), N, 1 14-01-45, Baltazar, Ligeirssimo comentrio sobre a juventude. Mais e melhor. Mais at serem todos; melhor at serem um por Portugal! (art. opinio), DM, 3, 4 14-01-45, O Grande Teatro del Mundo ser apresentado amanh e na tera-feira pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (entrevista), R, 4 16-01-45, J.M.A., O problema das escolas catlicas na Inglaterra (art. opinio), N, 1 17-01-45, Literatura e educao (editorial), N, 1/S 18-01-45, Lima, Dinah Santos, A voz da mulher Mulher e profisses (art. opinio), R, 7 18-01-45, A Escola Colonial que foi fundada h 39 anos tem prestado ao pas assinalados servios (notcia), S, 1 20-01-45, Silva, J. Serras e, Economia de tempo na escola (art. opinio), N, 1 30 22-01-45, Ao abandonar o ensino a professora D. Helena Roque Gameiro Leito de Barros foi homenageada pelas suas antigas alunas (notcia), DN, 4 22-01-45, Antigas alunas homenageiam a sua dedicada professora sr. D. Helena Roque Gameiro Leito de Barros (notcia), S, 1, 3 23-01-45, memria de Antnio Figueirinhas (art. opinio), N, 1 23-01-45, A Universidade Catlica de Lovaina no teve que fazer depuraes no seu elenco professoral (notcia), N, 6 24-01-45, Representao ao sr. Ministro da Educao (notcia), N, 1 24-01-45, A recente reforma escolar primria em Espanha (art. opinio), N, 3 24-01-45, Anjo, Csar, O ensino da Histria (art. opinio), R, 1 25-01-45, Faria, Dutra, A Mocidade Portuguesa imperial e slida (art. opinio), DM, 1, 3 25-01-45, Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares (art. opinio), N, 1 26-01-45, Silva, Jos da, O problema do ensino (estudo), R, 3 26-01-45, A Escola do Magistrio Primrio de vora ser transformada numa escola modelo (notcia), S, 1 27-01-45, As novas comisses da Junta Nacional de Educao tomaram ontem posse (notcia), CP, 5 27-01-45, Baltazar, O problema da educao fsica visto por um leigo (art. opinio), DM, 1, 4 27-01-45, Silva, J. Serras e, O trabalho pessoal (art. opinio), N, 1

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28-01-45, Pimentel, Fernando Alberto, Um amigo da infncia (estudo), R, 3 30-01-45, A originalidade de D. Bosco como educador (art. opinio), N, 1/S 31-01-45, Na Escola Colonial presidiu cerimnia de distribuio de prmios aos alunos mais distintos o sr. Subsecretrio de Estado das Colnias (reportagem), S, 1, 2 01-02-45, Silva, Jorge Ferreira e, Ambiente escolar. Sua aco no desenvolvimento da criana (estudo), R, 1 02-02-45, Um jardim-escola vai ser construdo em Tomar (notcia), DN, 2 02-02-45, Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares (art. opinio), N, 1 02-02-45, Que passe categoria de provincial o Liceu de Heitor Pinto o pedido de uma comisso da Covilh ao sr. Ministro da Educao (notcia), S, 1 03-02-45, Torres, Pinheiro, A obra educadora de Dom Bosco (estudo), CP, 1 03-02-45, Bernardes, Armando, Educao e os seus fins. A Escola Nova. Ligeiras consideraes chamando a ateno para o problema (art. opinio), DN, 1, 2 03-02-45, Silva, J. Serras e, Como valorizar a escola (art. opinio), N, 1 03-02-45, Veloso, Maria de Lourdes Rocha, A educao musical (art. opinio), N, 5 03-02-45, Pelos universitrios de todo o mundo (notcia), N, 6 03-02-45, A zona de Barlavento do Algarve deseja que seja elevado a provincial o Liceu Municipal Infante de Sagres, em Portimo (notcia), S, 1 05-02-45, Figueiredo, Palma de, Temas de educao fsica (art. opinio), N, 3 05-02-45, Faleceu ontem o Prof. Dr. Pedro Jos da Cunha (notcia), N, 3

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06-02-45, Confisses de Santo Agostinho Prevenes aos pais e aos educadores (estudo), N, 1/S 06-02-45, As nossas escolas precisam de se compenetrar da sua grave misso de preparar homens para a aco colonial afirmou o sr. Prof. Dr. Marcello Caetano no acto de posse de dois altos funcionrios do seu Ministrio (reportagem), S, 1, 4 09-02-45, Rodrigues, J. Castro, A velha Tuna Acadmica de Lisboa despede-se em Maio (notcia), DL, 11 09-02-45, Em prol da educao infantil (notcia), R, 3 10-02-45, Faria, Dutra, Eficincia da Mocidade (art. opinio), DM, 1, 3 10-02-45, Silva, J. Serras e, Para valorizar a escola (art. opinio), N, 1 10-02-45, Casimiro, Augusto, Rcita de estudantes (art. opinio), R, 1, 4 11-02-45, Novas descobertas da biologia educacional (estudo), R, 3 12-02-45, Oliveira, A. Correia de A., A reforma dos liceus Questes preliminares (art. opinio), N, 1, 4 14-02-45, Anjo, Csar, Iniciativa particular (art. opinio), R, 1 16-02-45, Oliveira, A. Correia de A., Professores agregados dos liceus (art. opinio), N, 1 17-02-45, Educao nacional. Lugares vagos em escolas do ensino primrio (notcia), CP, 5 17-02-45, Escola (editorial), DM, 1, 6 17-02-45, Silva, J. Serras e, A escola e o exame (art. opinio), N, 1 19-02-45, Casimiro, Augusto, A guerra e as crianas (art. opinio), R, 1 21-02-45, A Cidade do futuro (editorial), DL, 1

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21-02-45, Vai ser criada uma Escola do Magistrio Primrio no Algarve Assim o prometeu o sr. Ministro da Educao (notcia), S, 1 23-02-45, Ramos, Joo de Deus, Em prol da educao infantil A vida de um apstolo (art. opinio), CP, 1 24-02-45, Lucena, Armando de, Iniciativas da Mocidade Portuguesa Os sales de educao esttica (art. opinio), DN, 1 24-02-45, Silva, J. Serras e, Na escola nem s instruo (art. opinio), N, 1 26-02-45, Problemas de instruo Os directores e proprietrios dos colgios particulares fizeram hoje diversos pedidos ao sr. Ministro da Educao Nacional (notcia), DL, 7 26-02-45, Ensino secundrio (notcia), R, 1 27-02-45, O sr. Ministro da Educao Nacional recebeu ontem os directores e proprietrios dos colgios particulares (notcia), CP, 5 27-02-45, Mata, Caeiro da, Os pontos de exames sero organizados em cada liceu (reportagem), DM, 1 27-02-45, O ensino secundrio (discurso), DM, 1, 4 27-02-45, A ordem na escola (art. opinio), N, 1/S 27-02-45, Um novo impulso ao desenvolvimento do ensino de portugus na Gr-Bretanha (notcia), S, 1 27-02-45, Os directores e professores do ensino particular solicitaram do sr. Ministro da Educao que lhes seja permitido constiturem a sua Unio e apresentaram vrias sugestes para a reforma do ensino liceal (reportagem), S, 1, 4 28-02-45, Pereira, Henrique Antnio, O ensino tcnico e os seus professores (estudo), R, 4, 5 28-02-45, Instalaes escolares (editorial), S, 1

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A Educao nos artigos de jornal durante o Estado Novo (1945-1969)

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01-03-45, Danielle, Cantinho das raparigas. O riso, termmetro do carcter (art. opinio), R, 3 01-03-45, O chefe do distrito de Lisboa visitou a junta de freguesia, a Escola-Asilo e a cantina escolar de Alcntara onde colheu as melhores impresses (reportagem), S, 1, 4 02-03-45, O ensino colonial nas escolas da Metrpole (reportagem), N, 6 03-03-45, Torres, Pinheiro, A funo educativa do corporativismo (art. opinio), CP, 1 03-03-45, Silva, J. Serras e, A educao na escola (art. opinio), N, 1 04-03-45, Conferncia dos ministros da Educao dos pases aliados (notcia), N, 5 04-03-45, A educao sexual. Como ela deve ser feita e em que idade, segundo o presidente do Crculo Brasileiro de Educao Sexual (estudo), R, 7 04-03-45, Tiveram grande brilho as comemoraes do 142. aniversrio do Colgio Militar (reportagem), S, 1, 4 05-03-45, Barros, Joo de, Educao ps-guerra (art. opinio), DL, 1, 7 05-03-45, Mendes, Manuel, Leitura (estudo), R, 1 06-03-45, A verdadeira disciplina (art. opinio), N, 1/S 06-03-45, A caligrafia (art. opinio), N, 2/S 09-03-45, Ramos, Joo de Deus, Em prol da educao infantil. Mtodos nacionais ou estrangeiros? (art. opinio), CP, 1 10-03-45, Silva, J. Serras e, A formao da vontade na escola (art. opinio), N, 1 12-03-45, Passos, Verglio, Exames de emancipveis (art. opinio), R, 1 13-03-45, Silva, J. Serras e, A cooperao da criana na sua formao moral (art. opinio), N, 1/S

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16-03-45, A Queima das Fitas, em Coimbra. Os rapazes de h 40 anos lanaram um manifesto () (notcia), R, 4 17-03-45, A Escola Industrial de Marques Leito que, h cerca de trinta anos, est instalada em Valbom, vai ser transferida para So Cosme, sede do concelho de Gondomar (notcia), CP, 1, 4 17-03-45, Lucena, Armando de, O ensino tcnico profissional na personalidade e na formao dos artfices portugueses (art. opinio), DN, 1, 2 17-03-45, A construo de um novo edifcio para o Liceu de Ea de Queiroz na Pvoa do Varzim foi pedida ao sr. Ministro da Educao (notcia), S, 1 19-03-45, Os deveres das famlias para com os seus filhos estudantes (legislao), N, 1 19-03-45, Vo ser encerradas todas as universidades e escolas do Japo? (notcia), N, 5 20-03-45, A observao da criana (art. opinio), N, 2/S

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02-04-45, Homenagem a uma professora (notcia), N, 1 04-04-45, Silva, J. Serras e, O valor da tenacidade (art. opinio), N, 1 05-04-45, A necessidade urgente de defender e robustecer as novas geraes reclama o desenvolvimento de colnias de frias, problema que deve merecer a melhor ateno do Estado (reportagem), S, 1, 2 06-04-45, Silva, J. Serras e, Cultura da vontade (art. opinio), N, 1 07-04-45, Assistncia escolar (editorial), S, 1 07-04-45, A Escola Naval que vai celebrar um sculo de actividade ao servio da Nao tem sido alfobre de heris e de homens de cincia de mrito excepcional (notcia), S, 1, 4 08-04-45, Um importante problema mdico-pedaggico. A higiene escolar (art. opinio), R, 7 08-04-45, Maia, Samuel, Vossa excelncia (art. opinio), S, 1 08-04-45, A Cidade Universitria transformar Coimbra na verdadeira metrpole do pensamento e da cultura nacional, ttulo que lhe do as suas tradies e a realizao daquela iniciativa (reportagem), S, 1, 4 09-04-45, Est concludo o projecto de reforma da Faculdade de Direito (notcia), DL, 7 09-04-45, Pereira, Henrique Antnio, Cultura para todos. Para uma reforma geral do ensino (art. opinio), R, 3 10-04-45, Costa, Rui Carrington da, O desenho e o teste de representao mental do Dr. Decroly (estudo), N, 1, 2/S 10-04-45, Lamego pede que o seu liceu seja elevado a nacional (notcia), S, 1 12-04-45, Barreiro. Centro de trabalho dos mais importantes do pas onde ficaria bem uma escola tcnica (art. opinio), R, 8

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127 112 20-03-45, A Queima das Fitas. A Semana Universitria ter o fim de estreitar o grau de solidariedade entre todos os estudantes de ensino superior de Lisboa (entrevista), R, 4 23-03-45, Marques, Guilherme, Viagem a Washington. A Associao de Educao Nacional dos Estados Unidos (estudo), R, 5 24-03-45, Silva, J. Serras e, O jogo do sisudo (art. opinio), N, 1 26-03-45, Casas de estudantes (editorial), S, 1 29-03-45, As aptides de trabalho reveladas nas mulheres segundo um inqurito americano (estudo), DL, 5 30-03-45, Carpinteiro, Luiz, Temas de educao O valor de uma escola (estudo), DL, 2 31-03-45, Actualizao do ensino (editorial), S, 1 01-04-45, O problema do ensino na nova Frana (notcia), N, 1 131

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urea Ado

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13-04-45, Silva, Jorge Ferreira e, Esperana no futuro (art. opinio), R, 2 13-04-45, Castelo Branco vai pedir ao sr. Ministro da Educao que seja criada a Escola do Magistrio Primrio (notcia), S, 4 14-04-45, As relaes culturais entre as Universidades de Coimbra e de Compostela (discurso), S, 1, 8 17-04-45, Mendes, Manuel, Actualidade (art. opinio), R, 1 19-04-45, Uma valiosa obra de assistncia aos filhos do pessoal feminino dos Hospitais Civis de Lisboa (estudo), DL, 1, 7 19-04-45, Danielle, Cantinho das raparigas. A mulher belicosa (art. opinio), R, 3 20-04-45, Conferncia Mundial da Mocidade (notcia), DL, 6 20-04-45, U.P., A mocidade mundial vai reuni