educaÇÃo e autoritarismo: aÇÕes e … · o papel transformador da escola e da educação, ......

14
1765 EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E CONSEQUÊNCIAS NA TRAJETÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA Berenice Corsetti 1 Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) [email protected] Márcia Cristina Furtado Ecoten 2 Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) [email protected] Resumo Anísio Spínola Teixeira foi um filósofo da educação que participou dos mais importantes movimentos educacionais brasileiros, dos anos 1930 aos 1960, o que fez com que, nem sempre, sua participação agradasse aos governos de cada período. Com isso, tornou-se persona non grata em alguns períodos autoritários da história do Brasil, especialmente no Estado Novo (1934-1937) e no período de Ditadura Militar, iniciado em 1964. O objetivo de nosso trabalho é destacar suas ações, no campo educacional, que demonstrem os motivos que o tornaram alvo dos governos autoritários brasileiros e as consequências que tais ações trouxeram para o autor. A metodologia adotada em nosso trabalho fundamenta-se na perspectiva dialética. Nessa direção, adotamos, como fundamento teórico-metodológico de nosso trabalho, a metodologia histórico-crítica. Palavras-chave: Educação. Autoritarismo. Anísio Teixeira. Um Educador Que Pensou o Brasil Moderno 1. A expansão escolar nos países protestantes transformou a escola, de uma opção possível em um investimento social inevitável. A maior valorização, atribuída mais ao futuro da criança do que ao seu presente, provocaria a afirmação não só da necessidade, mas também da generalização de uma relação pedagógica que progressivamente invadiu toda a vida social. “A civilização escolarizada, em construção no século XVI e nos séculos seguintes, viu a infância como projeto e a escola como agência fundamental de transmissão cultural e reprodução de normas sociais” (NOVOA, 1987: p. 415). Nos apoiamos nessa consideração colocada por Novoa para reforçar a importância 1 Pós-doutora em Educação. Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. 2 Graduada em História. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Bolsista do Observatório de Educação CAPES/INEP no projeto Indicadores de Qualidade e Gestão Democrática.

Upload: lecong

Post on 25-Jan-2019

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1765

EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E CONSEQUÊNCIAS NA TRAJETÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA

Berenice Corsetti1

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)[email protected]

Márcia Cristina Furtado Ecoten2

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)[email protected]

Resumo

Anísio Spínola Teixeira foi um filósofo da educação que participou dos mais importantes movimentos educacionais brasileiros, dos anos 1930 aos 1960, o que fez com que, nem sempre, sua participação agradasse aos governos de cada período. Com isso, tornou-se persona non grata em alguns períodos autoritários da história do Brasil, especialmente no Estado Novo (1934-1937) e no período de Ditadura Militar, iniciado em 1964. O objetivo de nosso trabalho é destacar suas ações, no campo educacional, que demonstrem os motivos que o tornaram alvo dos governos autoritários brasileiros e as consequências que tais ações trouxeram para o autor. A metodologia adotada em nosso trabalho fundamenta-se na perspectiva dialética. Nessa direção, adotamos, como fundamento teórico-metodológico de nosso trabalho, a metodologia histórico-crítica.

Palavras-chave: Educação. Autoritarismo. Anísio Teixeira.

Um Educador Que Pensou o Brasil Moderno1.

A expansão escolar nos países protestantes transformou a escola, de uma opção possível em um investimento social inevitável. A maior valorização, atribuída mais ao futuro da criança do que ao seu presente, provocaria a afirmação não só da necessidade, mas também da generalização de uma relação pedagógica que progressivamente invadiu toda a vida social. “A civilização escolarizada, em construção no século XVI e nos séculos seguintes, viu a infância como projeto e a escola como agência fundamental de transmissão cultural e reprodução de normas sociais” (NOVOA, 1987: p. 415).

Nos apoiamos nessa consideração colocada por Novoa para reforçar a importância

1 Pós-doutora em Educação. Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.2 Graduada em História. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Bolsista do Observatório de Educação CAPES/INEP no projeto Indicadores de Qualidade e Gestão Democrática.

Page 2: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1766

da visão e da atuação desse educador latinoamericano cuja trajetória investigamos. Sua percepção a respeito do papel da escola e de sua qualidade marcaram a história da educação brasileira. Além disso, nos parece relevante considerar, como Alves, que “os exemplos retirados do caso brasileiro são matéria que nos ajudam a fundamentar as análises relativas à tentativa de captação do movimento realizado pela escola no interior do modo de produção capitalista” (ALVES, 2001: p. 61).

A pouco mais de um século nascia esse educador que nos deixou uma contribuição que extrapolou os limites temporais de sua ação. Como um filósofo da educação, propagou o papel transformador da escola e da educação, para a constituição de uma sociedade moderna e democrática. Anísio Spínola Teixeira afirmava, de forma inequívoca, a relação entre educação e democracia e o papel central da educação num projeto sócio-político que tivesse em vista a concretização de uma sociedade mais justa. Educação como direito e não como privilégio foi um princípio basilar de sua atuação política e educacional.

Mas sua atuação no campo educacional enfrentou, obviamente diversos obstáculos. Esses obstáculos decorriam basicamente das resistências que forças sociais ainda dominantes no Brasil contrapunham às transformações da sociedade brasileira que visassem a superar o grau de desigualdade que sempre marcou a nossa realidade. E esse grau de desigualdade refletia-se na educação, que na verdade era tratada como privilégio das elites (SAVIANI, 2008: p. 222).

O contexto de seu período de vida, de 1900 a 1971, foi marcado por momentos significativos da vida nacional. Desde o ingresso na República, em fins do século XIX, colocava-se o desafio que marcou o projeto político republicano de modernização de país, para o que se fazia necessário o desenvolvimento da industrialização, da urbanização e, sobretudo, da educação. A discussão do projeto nacional é ingrediente fundamental desse momento histórico, ou seja, a construção do Brasil moderno, nos marcos do modelo capitalista, necessitava do desenvolvimento da educação. A expansão da escola pública foi ingrediente marcante desse período que também caracterizou a História dos demais países da América Latina, no processo de constituição de seus projetos e de sua identidade nacional.

Nascido em Caetité, no sertão baiano, teve uma sólida formação educacional, com bases jesuíticas, que se estendeu para além das fronteiras brasileiras. Ao longo de sua vida, promoveu e participou de projetos e reformas educacionais, que podem ser colocadas entre as mais importantes dentre as realizadas ao longo da História da Educação Brasileira, tendo formulado, também, o ideário de instituições educacionais de relevância

Page 3: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1766 1767

indiscutível, que mantém sua atualidade até o momento presente.

Como administrador, Anísio ocupou os cargos de inspetor-geral do Ensino da Bahia (de 1924 a 1928), de diretor-geral de Instrução Pública da cidade do Rio de Janeiro (de 1931 a 1935), de secretário da Educação e Saúde em Salvador (em meados dos anos 40 e início dos anos 50), diretor do Instituto Nacional de Estudos pedagógicos - INEP e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES (nos anos 50 e 60) e criador da Universidade de Brasília (anos 60). Em 1935 e 1964 foi afastado da administração pública, no primeiro caso pelo governo autoritário de Getúlio Vargas e, no segundo, pelo governo militar. Em todos os casos onde desenvolveu suas atividades, seu objetivo principal foi o de reconstruir a escola brasileira, nos seus mais diversos níveis. Foi um dos signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, que “foi confeccionado com a pretensão de fixar uma autêntica e sistematizada concepção pedagógica, indo da filosofia da educação até formulações pedagógico-didáticas, passando pela política educacional” (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1991: p. 52).

A obra de Anísio Teixeira lida com os problemas fundamentais dos homens e das mulheres do nosso tempo. Ao defender uma sociedade democrática, partia do pressuposto de que, apesar das diferenças individuais de aptidão, talento, dinheiro, ocupação, raça, religião e posição social, os indivíduos podiam se encontrar como seres humanos fundamentalmente iguais e solidários. A educação, nessa perspectiva, sempre se apresentou, para esse educador como alternativa para a revolução e a catástrofe, mas, para isso, era necessário que ela não se constituísse num caminho para o privilégio.

Podemos perceber, através da vasta obra de Anísio Teixeira, um plano de reconstrução da educação, da escola e da nação brasileiras. Em sua proposta explicita um modelo de nação que ele defendia independente e soberana. Esse modelo estava situado no que denominava “mundo moderno”, que tinha na indústria, na ciência e na democracia, os fundamentos de sua sustentação, e que era integrado pelos países capitalistas plenamente desenvolvidos. Tendo como referência esse modelo, Anísio interpretou o processo de industrialização do Brasil de maneira peculiar, já que vinculava a problemática do subdesenvolvimento à perspectiva doutrinária, onde a indústria ocupava posição de destaque e aparecia como categoria estruturante do pensamento e orientadora da ação. Por isso, podemos identificar a relação que estabelecia entre a problemática do subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes.

Page 4: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1768

Anísio entendia que o desenvolvimento econômico, político, social e cultural da nação brasileira, fundamento da tão desejada emancipação do país, não derivaria tão somente da intervenção direta do Estado na economia nacional, mas, sobretudo, de sua atuação no campo educacional, implementando reformas de base imprescindíveis para sua adequação à nova condição socioeconômica que iniciara a se gestar no país, com o advento do processo de industrialização, particularmente a partir da Primeira Guerra Mundial.

Nos anos 30, essa “nova filosofia de educação” de Anísio assentava-se sobre dois pilares básicos: a escola deveria preparar técnicos, homens capazes de se integrarem rapidamente na civilização baseada na ciência e na técnica (uma escola desse tipo só poderia ser construída pelo Estado; a escola deveria educar para a democracia, para a formação do cidadão, deveria colocar as pessoas das mais diversas origens em igualdade de condições para ascenderem socialmente (GHIRALDELLI JÚNIOR, 1991: p. 63).

Nesse contexto, Anísio entendia que essa nova realidade nacional, que estava marcada pelo incremento do processo de industrialização, se apresentava como uma possibilidade concreta de mudança da situação existencial vivida pela nação até aquele momento, marcada pelo subdesenvolvimento, pela marginalidade e pela indeterminação, em função das estruturas sócio-econômicas, políticas e culturais irracionais e alienantes que caracterizavam o nosso país. A indústria, que representava a expressão da racionalidade, da ação inteligente e da ação tecnológica, significava, para esse educador, a possibilidade de implementação de novos hábitos mentais e morais na sociedade brasileira, alcançando o desenvolvimento que era entendido como perspectiva de progresso e como condição de consolidação do mundo moderno, o que criava as bases para o desenvolvimento da democracia, garantindo o equilíbrio do progresso material, social e moral.

No entendimento de Anísio Teixeira, a escola poderia ajudar a encontrar o equilíbrio social, devendo assumir as tarefas e funções que, até aquele momento, eram desempenhadas pela família e pela comunidade. Passava-se a exigir da escola um desempenho bem mais amplo do que o tradicional papel de transmissora e difusora de conhecimentos. A exigência que a ela era estabelecida impunha a educação intelectual e moral de todos os cidadãos, como condição necessária para a obtenção do equilíbrio social.

Demarcavam-se, enfim, os termos de uma política educacional que reconhecia o lugar e a finalidade da educação e da escola. Por um lado, lugar de ordenação moral e cívica, da obediência, do adestramento, da formação da cidadania e da força de trabalho necessárias à modernização administrada. Por outro, finalidade submissa aos desígnios do Estado, organismo político, econômico e, sobretudo, ético, expressão e forma “harmoniosa” da nação brasileira

Page 5: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1768 1769

(SHIROMA, 2002: p. 26).

Em toda a sua atuação, Anísio Teixeira defendeu a elaboração de uma nova política educacional. Não era mais aceitável haver escolas para os mais capazes, era indispensável que houvesse escolas para todos. Mas não bastava haver escolas para todos, era indispensável que todos aprendessem. Podemos avaliar o quanto essa modificação passou a influir no conceito de rendimento da escola. Antes, dado o caráter seletivo, a reprovação era considerada um indicador da qualidade do ensino. Se muitos falhassem, isso significava que os critérios de julgamento eram realmente eficientes e se estava depurando, para a formação das elites intelectuais e profissionais, no dizer de Anísio, “a fina flor da população”. No entanto, se a escola tinha o dever de ensinar a todos, porque todos precisavam dos elementos fundamentais da cultura para viver na sociedade moderna, o problema se inverteu. Aluno reprovado significava não mais êxito do aparelho selecionador, mas fracasso da instituição de preparo fundamental dos cidadãos, homens e mulheres, para a vida comum. A eficiência da organização escolar exigia a transformação dos métodos de sua administração, bem como dos métodos e processos de ensino.

[...] a vida de Anísio Teixeira foi sempre marcada pelo entendimento segundo o qual a educação é um direito de todos e não jamais um privilégio. Esse entendimento atravessa de ponta a ponta toda a sua obra, tendo sido, inclusive, estampado nos títulos de alguns de seus livros [...] (SAVIANI, 2008: p. 222).

Anísio Teixeira foi autor de um conjunto expressivo de obras escritas, dentre as quais destacamos: Educação para a democracia (1936); A educação e a crise brasileira (1956); Educação não é privilégio (1957); Educação é um direito (1967); Pequena introdução à filosofia da educação : a escola progressiva ou a transformação da escola (1968); Educação no Brasil (1969) e Educação e o mundo moderno (1969).

Conforme Rothen (2008), em 1952 Anísio Teixeira assumiu a direção do INEP, que passou a dar maior ênfase ao trabalho de pesquisa. Este educador partiu de um diagnóstico, presente em sua obra, de que a sociedade brasileira estaria em um intenso processo de industrialização e conseqüente urbanização, havendo uma significativa defasagem do ensino oferecido, em relação às necessidades sociais. Entre seus objetivos, para contribuir na solução dos problemas educacionais, estava a criação de centros de pesquisa como instrumentos para estabelecer as bases científicas para a reconstrução educacional do Brasil. Essa idéia concretizou-se com a criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE), no Rio de Janeiro, e dos Centros Regionais, nas cidades de Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. Tanto o CBPE como os

Page 6: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1770

centros regionais estavam vinculados à nova estrutura do INEP que se consolidava.

Anísio Teixeira constituiu-se em representante destacado do pensamento educacional liberal no Brasil.

Basicamente, o ideário liberal caracterizou-se por quatro aspectos: a igualdade de oportunidades de oportunidades e democratização da sociedade via escola; a noção de escola ativa [...]; a distribuição hierárquica dos jovens no mercado de trabalho por meio de uma hierarquia de competências e não por outro mecanismo qualquer; e, por fim, a proposta da escola como posto de assistência social. [...] Anísio Teixeira enfatizou a relação entre a democracia e a educação no mundo moderno (GHIRALDELLI JÚNIOR, 2006: p. 55-56).

2. Ações e Consequências

Em 1932, Anísio tornou-se signatário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. O documento, redigido por Fernando de Azevedo, e assinado por diversos educadores brasileiros se tornou o marco inaugural do projeto de renovação educacional do país. Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita. Sobre os signatários do Manifesto, Ghiraldelli Jr explica que:

O grupo responsável pelo “Manifesto” nada tinha de homogêneo. O termo liberal, utilizado constantemente para designá-lo, é apenas um arcabouço formal que abrigou liberais elitistas como Fernando de Azevedo e Lourenço Filho e liberais igualitaristas como Anísio Teixeira. Além disso, é preciso lembrar as presenças de Paschoal Lemme, Roldão de Barros etc., também signatários do “Manifesto” e simpáticos ao socialismo (1994, p. 42).

O documento nos mostra, logo em seu início, o papel de destaque dado por seus signatários, à educação nacional. O primeiro subtítulo do Manifesto, intitulado A Reconstrução Educacional no Brasil - Ao Povo e ao Governo, diz que: “Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar a primazia nos planos de reconstrução nacional” (p. 33). Sobre a influência do Manifesto na Constituição de 1934, Marília Fonseca (2009) afirma que:

Page 7: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1770 1771

A Constituição de 1934 incorporou o sentido democrático do Manifesto, estabelecendo o ensino primário integral, gratuito, de frequência obrigatória e extensivo aos adultos. [...] Além disso, a Constituição assegurou ao recém-criado Conselho Nacional de Educação a competência para elaborar um futuro plano nacional de educação e também participar da distribuição dos fundos especiais (p. 156).

De 1931 a 1935, no antigo Distrito Federal, Anísio criou uma rede municipal de ensino da escola primária à Universidade. Introduziu a moderna arquitetura escolar, ampliou as matrículas, criou os serviços de extensão e aperfeiçoamento, as Escolas Técnicas Secundárias e transformou a antiga Escola Normal, criada na gestão Fernando de Azevedo, em Instituto de Educação.

A iniciativa mais polêmica, porém, foi a criação da Universidade do Distrito Federal, em abril de 1935. A universidade contava com um corpo docente extremamente prestigiado e adotava uma singular e inédita perspectiva integradora entre a pesquisa científica e a formação de professores. Contudo, em 1939, por decreto do então presidente Getúlio Vargas, parte da UDF é incorporada à Universidade do Brasil, enquanto outra parte é simplesmente extinta.

Em dezembro de 1935, motivos políticos levariam Anísio a pedir sua demissão junto ao prefeito Pedro Ernesto. Seus colaboradores, como Afrânio Peixoto, Carneiro Leão e Gustavo Lessa, entre outros, fazem um abaixo-assinado sem solidariedade, o que faz com que muitos fossem perseguidos e presos. Anísio vai para o sertão da Bahia, em sua cidade de origem, Caetité.

Em sua carta de demissão, Anísio diz que:

Renovo a declaração, porque não é possível aceitar agora a minha exoneração sem a ressalva de que ela não envolve, de modo algum, a confissão, que se poderia supor implícita, de participação, por qualquer modo, nos últimos movimentos de insurreição ocorridos no país. Não sendo político e sim educador, sou, por doutrina, adverso a movimentos de violência, cuja eficiência contesto e sempre contestei. Toda a minha obra, de pensamento e de ação, aí está para ser examinada e investigada, exame e investigação que solicito, para que se lhe descubram outras tendências e outra significação, senão a de reconhecer que o progresso entre os homens provém de uma ação inteligente e enérgica, mas pacífica.

Page 8: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1772

Finaliza a carta ressaltando:

Conservo, em meio de toda a confusão momentânea, as minhas convicções democráticas, as mesmas que dirigiram e orientaram todo o meu esforço, em quatro anos de trabalho e lutas incessantes, pelo progresso educativo do Distrito Federal e reivindico, mais uma vez, para essa obra que é do magistério do Distrito Federal, e não somente minha, o seu caráter absolutamente republicano e constitucional e a sua intransigente imparcialidade democrática e doutrinária.

Entre 1937 e 1945, Anísio permanece na Bahia e se dedica à exploração e exportação de manganês, calcário e cimento; à comercialização de automóveis; à tradução de livros para a Companhia Editora Nacional e à correspondência com amigos, entre os quais Monteiro Lobato.

Em 1946, Anísio aceita o convite que recebe do Primeiro-Secretário Executivo da UNESCO (United Nations Educational & Cultural Organization), para ser Conselheiro de Ensino Superior neste órgão.

Uma das mais importantes iniciativas de Anísio como Secretário de Educação e Saúde da Bahia (anos 40), foi a construção do Centro Popular de Educação Carneiro Ribeiro, popularmente conhecido como Escola-Parque. Esta criação ampliou seu reconhecimento em âmbito internacional. A Escola-Parque, inaugurada em 1950, procurava oferecer à criança uma educação integral, cuidando de sua alimentação, higiene, socialização, preparação para o trabalho e para a cidadania. Nesta Escola, também as artes plásticas estavam incluídas.

A luta de Anísio pela educação popular continuou intensa em toda a década de cinquenta através de conferências, de livros, de manifestos e de sua gestão na administração pública.

Anísio assumiu em 1951, no Rio de Janeiro, a Secretaria Geral da Campanha de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, que seria por ele transformada num órgão: a Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Em 1952, acumularia também o cargo de diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), no qual permaneceu até 1964.

Page 9: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1772 1773

Durante sua gestão na CAPES e no INEP, Anísio proferiu inúmeras conferências pelo País que lhe trouxeram desafetos e perseguições. Seu livro Educação não é privilégio, publicado em maio de 1957, recebeu aplausos e críticas. A publicação de Educação não é privilégio, se inseria no embate travado entre educadores liberais, educadores católicos e proprietários de escolas particulares em torno dos rumos da educação no País.

No momento em que a polêmica se acirrou, os bispos gaúchos liderados por Dom Vicente Scherer defenderam, através de um documento, os interesses do ensino confessional católico. O Memorial dos Bispos, lançado em 1958, se opunha à “revolução social através da escola “ e usava a Constituição Federal para atacar diretamente os órgãos do governo. Acusava Anísio de “extremista” e pedia ao governo da República sua demissão do INEP. O documento dizia:

[...] Ainda que inculque não advogar “o monopólio da educação pelo Estado” (Educação não é privilégio, Rio de janeiro, 1957, p. 114), – o que não admira, porque o socialismo, em suas correntes predominantes não é estatista – o professor Anísio Teixeira espera da escola pública ou comum, que tão ardentemente preconiza, os mesmos resultados pré-revolucionários, previstos, com ansiosa expectativa, pela doutrina socialista.

O Memorial, datado de 29 de março de 1958, foi assinado por:

t Vicente Scherer, Arcebispo Metropolitano, de Pôrto Alegre;t Antônio Reis, Bispo de Santa Maria; t Antônio Zattera, Bispo de Pelotas; t Benedito Zorzi, Bispo de Caxias; t Cláudio Colling, Bispo de Passo Fundo; t Luís de Nadal, Bispo de Uruguaiana; t Frei Cândido Maria, Bispo Auxiliar de Caxias; t Luís Vítor Sartori, Bispo Coadjutor de Santa Maria;t Edmundo Kunz, Bispo Auxiliar de Pôrto Alegre.

Foi idealizador, junto com Darcy Ribeiro, da Universidade de Brasília, na nova capital federal, com apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, que reunia a comunidade científica do País. A lei que criava a Universidade foi sancionada pelo presidente João Goulart, em 1961. Darcy foi nomeado seu reitor e Anísio vice-reitor. Em 1963, Darcy afastou-se do cargo para assumir a chefia do Gabinete Civil da Presidência da República e Anísio assumiu a reitoria. A Universidade de Brasília foi concebida

Page 10: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1774

com a intenção de se tornar a melhor experiência educacional da América Latina. Era uma universidade autônoma e se pretendia que nela ninguém fosse discriminado por convicções políticas ou religiosas. Em março de 1964, Anísio ocupava o cargo de Reitor da Universidade de Brasília, quando foi afastado do cargo pelo governo repressivo.

Em carta escrita por Jayme Abreu ao professor Robert J. Havighurst, podemos perceber como se deu esse processo de afastamento:

Guanabara, 24 de abril de 1964 Prezado Prof. Robert J. Havighurst: Pede-me o prezado amigo que lhe dê notícias do que ocorre por aqui, especialmente em relação à continuidade das atividades educacionais do Mestre Anísio. No momento em que lhe escrevo nada de consumado posso ainda lhe anunciar. O novo Ministro da Educação, Reitor Flávio Supplicy Lacerda (Paraná), teria todavia dito de viva voz ao Anísio das imensas dificuldades para resistir às pressões por afastá-lo do INEP. Fala-se já em nomes para o INEP como os dos Prof. Carlos Pascoale (São Paulo), Gildásio Amado e inclusive no do J. R. Moreira com a conseqüente direção geral dos Centros. Nesses dias, nessas horas, tudo deverá se esclarecer. A Universidade de Brasília foi fechada e depostos seus dirigentes. Se sair também do INEP, terá sido Anísio, com seu extraordinário espírito público e lúcida competência vítima total, mais uma vez, dessas “journée de dupes” em que é tão fértil o Brasil... Ao saber das maquinações fantasiosas, cerebrinas, do pensamento ultramontano, vira ele algo de diabólico, de terrífico que urge expurgar... Então é proclamado perigoso “comunista”, um singular comunista discípulo confesso de Dewey e um pouco de Whitehead, um prousteano ou gideano que jamais sequer leu e citou Marx ou Lenine, os quais aliás, como intelectual era o caso de conhecer. Um “comunista” a quem uma expressão tão autêntica da intelectualidade americana como a Columbia University acaba de destinguir com um dos seus mais altos títulos... Um “comunista” que é o maior introdutor do pensamento pedagógico norte-americano no Brasil. Um “agnóstico” (depois de perdida a fé religiosa) [...]. Um “inimigo da escola particular” só porque defende a escola pública como instrumento fundamental do estado democrático e que compreende a existência da escola particular se, de fato, livre e autêntica [...].

Jayme de Abreu.

Ao retornar ao Brasil, Anísio continuou a dedicar-se à educação. Permaneceu integrado ao Conselho Federal de Educação e tornou-se consultor da Fundação Getúlio Vargas e voltou a trabalhar na Companhia Editora Nacional.

Em março de 1971, Anísio desapareceu, provocando uma longa procura por informações teve início, repetindo o drama que diversas famílias viviam naquele momento, da ditadura militar. Finalmente encontrado no fosso do elevador do prédio do amigo e imortal Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, na Praia de Botafogo, no Rio de janeiro. Seu corpo não tinha sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial

Page 11: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1774 1775

foi de “acidente”, como a de muitas mortes ocorridas neste período. Sua morte trágica foi noticiada e debatida em vários jornais. O Jornal do Brasil trará em suas páginas, na edição de 15 de março, a notícia da morte do educador:

Anísio Teixeira achado morto em poço de elevadorDesaparecido desde quinta-feira pela manhã de sua casa, foi encontrado morto às 17h40m de ontem no poço do elevador do prédio 48 da Praia de Botafogo, o professor Anísio Teixeira, um dos mais conceituados educadores do país. O professor Anísio Teixeira vestia terno e gravata, mas estava sem sapatos e com um grande hematoma na face direita. Ao lado, havia uma pasta preta, de couro. O prédio onde seu corpo foi encontrado é o mesmo onde mora o acadêmico Aurélio Buarque de Holanda, a quem o professor Anísio Teixeira iria visitar ao deixar a sede da Fundação Getúlio Vargas na manhã de quinta-feira.Morte SuspeitaA 10ª Delegacia Policial registrou o caso como suspeita de homicídio, mas, até as últimas horas da noite de ontem não se sabia se se tratava de homicídio ou acidente.Um missionário da EducaçãoUm dos principais objetivos do professor Anísio Teixeira talvez tenha sido o de situar a educação como o maior problema político brasileiro e o de lhe dar base científica e técnica, associando-a às ciências sociais. Suas aulas, conferências, artigos, entrevistas e livros formam um conjunto de obras dos mais importantes já produzidos sôbre educação em língua portuguêsa (JORNAL DO BRASIL. Anísio Teixeira é achado morto em poço de elevador. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 15 março, 1971.).

Conclusões

A investigação que realizamos, a partir da obra de Anísio Teixeira, possibilitou a percepção da importância de conhecermos a contribuição deste autor para a construção de uma escola brasileira de qualidade. Ao longo de sua vida, promoveu e participou de projetos e reformas educacionais, que podem ser colocadas entre as mais importantes dentre as realizadas ao longo da História da Educação Brasileira, tendo formulado, também, o ideário de instituições educacionais de relevância indiscutível, que mantém sua atualidade até o momento presente.

Tais ações fizeram com que Anísio Teixeira fosse visto como persona non grata durante os períodos repressivos da História do Brasil, retirando-se da vida pública nestes períodos. Durante o Estado Novo, Anísio afastou-se da vida pública, dedicando-se à mineração — atividade de alguns parentes, na Bahia. O segundo momento de afastamento da vida pública se deu durante a ditadura miliar, quando Anísio saiu do país, indo lecionar na Universidade de Columbia, Estados Unidos (1964), retornando em 1966. Sua morte, em 1971, continua sem uma causa definida.

Page 12: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1776

Fontes

JORNAL DO BRASIL. Anísio Teixeira é achado morto em poço de elevador. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 15 mar. 1971

TEIXEIRA, Anísio. Educação Pública. Administração e Desenvolvimento. Relatório do Diretor Geral do Departamento de Educação. Rio de Janeiro: Oficina Gráfica do Departamento de Educação, 1934.

__________. Educação Para a Democracia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1936.

__________. A Educação e a Crise Brasileira. São Paulo: Nacional, 1956.

__________. Educação Não é Privilégio. Rio de Janeiro: José Olympio, 1957.

__________. Pequena Introdução à Filosofia da Educação: a escola progressiva ou a transformação da escola. São Paulo: Nacional, 1968.

__________. Educação e o Mundo Moderno. São Paulo: Nacional, 1969.

__________. Educação é um Direito. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

__________. Educação no Brasil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999.

Referências Bibliográficas

ALVES, Gilberto Luiz. A produção da escola pública contemporânea. Campo Grande, MS; Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

CASSASSUS, Juan. A centralização e a descentralização da educação. Cadernos de Pesquisa. nº 95. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1995.

CORSETTI, Berenice. A metodologia histórico-crítica e a reflexão sobre a questão do rendimento escolar no Brasil. In: MARTINS, Ângela Maria; WERLE, Flávia Obino Corrêa (orgs). Políticas Educacionais: elementos para reflexão. Porto Alegre: Redes Editora, 2010.

SOBRINHO, José Dias. Políticas de Avaliação, Reforma do Estado e da Educação Superior. In: ZAINKO, Maria Amélia & GISI, Maria Lourdes (orgs). Políticas e Gestão da Educação Superior. Coleção Educação: gestão e política, 2. Florianópolis: Insular, 2003.

FRANCISCO FILHO, Geraldo. A Educação Brasileira no Contexto Histórico. Campinas, SP: Editora Alínea, 2004.

Page 13: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1776 1777

GHIRALDELLI JÚNIOR, Paulo. Pedagogia e Lutas de Classes no Brasil (1930-1937). Ibitinga, SP: Humanidade, 1991.

__________. História da Educação Brasileira. 2 ed. São Paulo, Cortez, 2006.

HORTA, José Silvério Baía. Planejamento educacional. In: MENDES, Durmeval Trigueiro (org). Filosofia da Educação Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.

LIBÂNEO, José Carlos (org.). Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

MAKARENKO, Anton Poema Pedagógico. 3 vols. São Paulo: Brasiliense, 1985.

MANACORDA, Mário Alighiero. El Principio Educativo em Gramsci. Salamanca: Sígueme, 1977.

NOVOA, Antonio. Do Mestre Escola ao Professor do Ensino Primário – subsídios para a história da profissão docente em Portugal (séculos XV-XX). Nº 3. Lisboa: Análise Pscicológica, 1987.

NUNES, Clarice; CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Historiografia da educação e fontes. In: GONDRA, José Gonçalves. Pesquisa em História da Educação no Brasil. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

ROTHEN, José Carlos. O Inep Com Seus 70 Anos: um senhor maduro em constante busca de sua identidade. In: MORAES, Jair Santana; [et.al.]. O Inep e seus pesquisadores. Brasília: Inep, 2008.

SAVIANI, Dermeval. História das Idéias Pedagógicas no Brasil. 2 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

__________. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 10ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008.

SHIROMA, Eneida. Política Educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

SNYDERS, George. Pedagogia Progressista. Coimbra: Almedina, 1974.

__________. Para Onde Vão as Pedagogias Não-Diretivas? Lisboa: Moraes, 1976.

SUCHODOLSKI, Bogdan. La Educación Humana del Hombre. Barcelona: Laia, 1977.

__________. A Pedagogia e as Grandes Correntes Filosóficas. 3. ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1984.

Page 14: EDUCAÇÃO E AUTORITARISMO: AÇÕES E … · o papel transformador da escola e da educação, ... subdesenvolvimento e as teorias educacionais dela decorrentes. ... pela marginalidade

1778

__________. Tratado de Pedagogía. Barcelona: Ediciones 62, 1971.

VIEIRA, Sofia Lerche; FARIAS, Isabel Maria Sabino. Política Educacional no Brasil. Brasília: Liber Livro Editora, 2007.

ZAINKO, Maria Amélia Sabbag; GISI, Maria Lourdes (orgs). Políticas e Gestão da Educação Superior. Curitiba: Champagnat; Florianópolis: Insular, 2003.

ZEQUERA, Luz Helena Toro. História da educação em debate. Campinas, SP: Alínea Editora, 2006.