guaraqueçaba - tres décadas de subdesenvolvimento

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VANDERLEI XAVIER DO CARMO GUARAQUEÇABA- TRÊS DÉCADAS DE SUBDESENVOLVIMENTO Pesquisa realizada como tarefa do curso de gestão ambiental da UNISUL, Florianópolis-SC. Conteúdo usado para elaboração da monografia de conclusão de curso intitulada: Preservação e Desenvolvimento Sustentável. CURITIBA - 2012

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Este documento constata de forma clara e sucinta que o modelo de gestão ambiental implantado na região tem sido nocivo á sociedade local uma vez que não tem lhe dado condições para que melhore a sua qualidade de vida gerando com isso o êxodo rural. O meio tem que ser privilegiado, mas o homem como parte do meio precisa ser provido de condições mínimas adequadas para que ele não veja os seus sonhos dilacerados morrendo á mingua. E não estamos falando de projetos mirabolantes, mas iniciativas simples já plenamente testadas em outras regiões. As informações aqui compiladas devem ser usadas como instrumento nas mão do poder executivo municipal para pressionar o Governo estadual e ONGs lá inseridas a mudarem de postura para que não haja mais três décadas de subdesenvolvimento em Guaraqueçaba.

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Page 1: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

VANDERLEI XAVIER DO CARMO

GUARAQUEÇABA-

TRÊS DÉCADAS DE SUBDESENVOLVIMENTO

Pesquisa realizada como tarefa do curso de gestão ambiental da UNISUL, Florianópolis-SC. Conteúdo usado para elaboraçãoda monografia de conclusão de curso intitulada: Preservação e Desenvolvimento Sustentável.

CURITIBA - 2012

Page 2: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

“Os sonhos são como a seiva das plantas. Os homens morrem quando já não podem sonhar.”

V.X.C.

Ao povo guaraqueçabano

DEDICO

ii

Page 3: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

Agradecimentos

Á todos os meus amigos do curso de Gestão Ambiental da UNISUL que souberam com suas reflexões e palavras motivadoras contribuir com este trabalho.

as palavras certas.

Ao IPARDES pelo trabalho preciso sem o qual não teríamos as informações precisas que tanto necessitávamos.

Á Ana Lívia Kasseboehmer, mestre em Engenharia Florestal da UFPR, pela dissertação pormenorizada que fez sobre um dos temas deste trabalho.

Á doutora em Meio-Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR, Cristina Teixeira, cuja pesquisa foi de inestimável valor para a conclusão desta obra.

iii

Á minha esposa que soube nos momentos certos e nos errados também, dizer

Page 4: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS...................................................................................vi RESUMO.................................................................................................vii

1 INTRODUÇÃO........................................................................................01

1.1 PROBLEMAS..........................................................................................01

1.2 OBJETIVOS............................................................................................02

2 ÁREA DE ESTUDO................................................................................02

2.1 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO...............................................................04

3 IMPLANTAÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL EM

GUARAQUEÇABA.................................................................................07

3.1 AS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL........11

3.2 SPVS & IBAMA......................................................................................12

3.3 ATUAÇÃO DAS ONGS..........................................................................14

4 ECO-TURISMO NA VISÃO LOCAL.......................................................17

5 GUARAQUEÇABA – RANKING ESTADUAL E NACIONAL..................19

6 PROTEÇÃO AMBIENTAL & DESENVOLVIMENTO SOCIAL...............22

6.1 O QUE PENSAM OS GUARAQUEÇABANOS......................................23

6.2 MUDANÇA DE RUMO..........................................................................24

6.3 GUARAQUEÇABA E O CAPITAL INTERNACIONAL...........................25

6.4 A VERTENTE SOCIAL NA QUESTÃO AMBIENTAL.............................27

7 CONTROVÉRSIAS SOBRE A “SUSTENTABILIDADE” DA

AGRICULTURA EM GUARAQUEÇABA................................................28

7.1 BREVE HISTÓRICO.............................................................................28

7.2 UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA

GUARAQUEÇABA: O RESGATE AGRÍCOLA....................................31

7.3 AGROECOLOGIA: UM CAMINHO.......................................................33

8 GUARAQUEÇABA E A ADEQUAÇÃO À LEI 12.305 (PNRS)..............35

8.1 INTRODUÇÃO......................................................................................35

8.2 BENEFÍCIOS DA LEI PARA OS MUNICÍPIOS....................................37

8.3 1° AVALIAR..........................................................................................38

8.4 2° DEFINIR METAS, REGRAS E CONTROLE....................................39

8.5 RESPONSABILIDADE DO PODER PÚBLICO.....................................39

8.6 MAIS COLETA SELETIVA E MENOS LIXÕES....................................39

iv

Page 5: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

8.7 PLANOS MUNICIPAIS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS

SÓLIDOS..............................................................................................41

9 GUARAQUEÇABA NA IMPRENSA (WEB/JORNAIS)..........................46

9.1 MODELO DE PRESERVAÇÃO NÃO CONSIDERA HOMEM

COMO PARTE DA NATUREZA...........................................................46

9.2 GUARAQUEÇABA EXUBERANTE SÓ PARA OS TURISTAS............50

9.3 CHUVAS BLOQUEIAM O ACESSO RODOVIÁRIO Á

GUARAQUEÇABA.................................................................................54

9.4 GUARAQUEÇABA ESTÁ SEM ESTRUTURA MÉDICA........................55

10 CONCLUSÕES.....................................................................................58

10.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................63

v

Page 6: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

LISTA DE SIGLAS

IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e SocialFIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.IFDM Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal AEIT Área de Especial Interesse TurísticoAPA Área de Proteção AmbientalAPP Área de Preservação PermanenteAPROSENE Associação de Pequenos Produtores Rurais de Serra NegraARIE Área de Relevante Interesse EcológicoBPFlo Batalhão de Polícia FlorestalCEM Centro de Estudos do MarCIFOR International Center for Forestry ResearchCONAMA Conselho Nacional do Meio AmbienteDIBAP Diretoria de Biodiversidade e Áreas ProtegidasDUC Departamento de Unidades de ConservaçãoEMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão RuralFBPN Fundação O Boticário de Proteção à NaturezaIAP Instituto Ambiental do ParanáIBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos NaturaisRenováveisIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e ServiçosIDHM Índice de Desenvolvimento Humano MunicipalINPE Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisIPÊ Instituto de Pesquisas EcológicasIUCN União Internacional para a Conservação da Natureza e dosONG Organização Não GovernamentalPARNA Parque NacionalPNMA Programa Nacional do Meio AmbientePNUMA Programa das Nações Unidas para Meio AmbienteRDS Reserva de Desenvolvimento SustentávelREBIO Reserva BiológicaRESEX Reserva ExtrativistaRL Reserva LegalRPPN Reserva Particular do Patrimônio NaturalSANEPAR Companhia de Saneamento do ParanáSEMA Secretaria Especial do Meio AmbienteSISNANP Sistema Nacional de Áreas ProtegidasSNUC Sistema Nacional de Unidade de ConservaçãoSPVS Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e EducaçãoAmbientalSUDEPE Superintendência de Desenvolvimento da PescaUC Unidade de ConservaçãoUFPR Universidade Federal do Paraná

vi

Page 7: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

RESUMO

O município de Guaraqueçaba, localizado no litoral norte do estado do Paraná, possui aspectos de notável relevância ambiental no contexto brasileiro, especialmente por apresentar uma considerável quantidade de Unidades de Conservação cujo objetivo é proteger o terceiro mais importante complexo lagunar-estuarino do mundo e sua vasta cobertura de Floresta Atlântica, com elevada biodiversidade. Por outro lado, a região abriga comunidades tradicionais caiçaras com séculos de tradição cultural e um cenário de graves problemas sociais. A questão dos conflitos socioambientais nas áreas protegidas de Guaraqueçaba vem, nos últimos anos, merecendo destaque por parte dos pesquisadores. No entanto, há dificuldades em se tratar o tema de modo participativo, ou seja, de modo que inclua integralmente a percepção da população local em sua realidade. Além disso, carecem trabalhos que abordem esse processo conflituoso de maneira a integrar as diferentes interfaces apresentadas pelo mesmo. O objetivo deste trabalho foi diagnosticar e analisar os diferentes impactos decorrentes das restrições geradas pelas Unidades de Conservação, tomando-se a APA de Guaraqueçaba como centro de análise, bem como outros diversos instrumentos legais de conservação atuantes no município, considerando a situação emblemática da região. Constando o grau de satisfação com a atividade atual, expectativas quanto ao futuro, a relação da fiscalização ambiental com a população local, o conhecimento local sobre as UCs e a opinião sobre as mesmas, a percepção sobre a importância do meio ambiente, o ponto de vista sobre a presença de ONGs ambientalistas na região, o turismo como alternativa econômica e outros aspectos. Após analises de centenas de relatórios do IPARDES, ONGs, IAP, FIRJAN, e dissertações de doutorado e mestrado de outros pesquisadores, concluímos que a maior degradação que acontece na região é na autoestima do povo por desconsideração do Estado e das ONGs lá instaladas do contexto local, condições sociais, econômicas e cultural dos nativos caiçaras. Este documento constata de forma clara e sucinta que o modelo de gestão ambiental implantado na região tem sido nocivo á sociedade local uma vez que não tem lhe dado condições para que melhore a sua qualidade de vida gerando com isso o êxodo rural. O meio tem que ser privilegiado, mas o homem como parte do meio precisa ser provido de condições mínimas adequadas para que ele não veja os seus sonhos dilacerados morrendo ámingua. E não estamos falando de projetos mirabolantes, mas iniciativas simples já plenamente testadas em outras regiões. As informações aqui compiladas devem ser usadas como instrumento nas mão do poder executivo municipal para pressionar o Governo estadual e ONGs lá inseridas a mudarem de postura para que não haja mais três décadas de subdesenvolvimento em Guaraqueçaba.

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Page 8: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

1

1 INTRODUÇÃO

O município de Guaraqueçaba, localizado no litoral norte do estado do

Paraná, possui aspectos de notável relevância ambiental no contexto brasileiro,

especialmente por apresentar uma considerável quantidade de Unidades de

Conservação cujo objetivo é proteger o terceiro mais importante complexo

lagunar-estuarino do mundo e sua vasta cobertura de Floresta Atlântica, com

elevada biodiversidade. Está inserido, em toda a sua extensão na APA de

Guaraqueçaba, uma Unidade de Conservação – UC. Sua população é

constituída em sua maioria de agricultores, pescadores e pequenos

empreendedores que nos últimos anos, em função das dificuldades inerentes

destas atividades, têm sofrido restrições para manutenção de suas práticas

agrícolas historicamente utilizadas. Isto devido às imposições que a legislação

ambiental reservou a estas práticas no interior de UCs.

Com isso Guaraqueçaba se tornou últimos anos o palco do embate

entre a preservação dos recursos naturais e o desenvolvimento

socioeconômico. Desde então tem sido difícil a conciliação entre “proteção

ambiental” e o “desenvolvimento sustentável. As demandas da “sociedade

local” por melhorias no seu padrão de vida não tem tido ressonância, pois as

estratégias de preservação de todos os segmentos envolvidos a impedem de

desenvolver suas potencialidades de reprodução social no meio em que vivem.

1.1 PROBLEMAS

Questões como aspectos restritivos de instrumentos legais de

conservação da natureza, uso do ambiente e suas consequências estão no

centro dos conflitos evidenciados entre as populações residentes em Unidades

de Conservação.

Outros aspectos importantes decorrentes dessas consequências são as

relações entre as condições de vida das comunidades locais e as formas

organizacionais pelas quais se pretende conservar a biodiversidade local, bem

como a compatibilização dos objetivos de criação de uma Área de Proteção

Ambiental e de um Parque Nacional com os interesses da população existente

Page 9: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

2

na área. Outro problema é que a falta de informação e orientação, e por sua

vez a falta de consideração sobre a percepção dos atores locais durante seu

cotidiano denuncia a qualidade das políticas públicas formuladas e executadas.

A criação e a implantação de áreas protegidas em regiões onde habitam seres

humanos potencializam conflitos de natureza social e ambiental.

1.2 OBJETIVOS

Identificar e avaliar as consequências após 30 anos da implantação de

um processo traumático para os nativos de uma região que teve que se

submeter a um modelo de gestão ambiental que privilegia o meio em

detrimento do homem.

2 ÁREA DE ESTUDO

Distante 167 km de Curitiba, a APA de Guaraqueçaba possui uma

extensão de 3.143 km (IPARDES, 2001) e com população de 7.871 habitantes,

em decrescimento (ano 2000 – 8.288 hab.), como mostra o quadro abaixo,

sendo que a maior parte - 68,85% - vive na zona rural. A população se distribui

em 20 localidades ao longo dos vales dos rios. A densidade demográfica é de

4,09 hab/km². (IBGE -2010).

Page 10: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

3

A região abriga comunidades tradicionais caiçaras com séculos de

tradição cultural e um cenário de graves problemas sociais. A questão dos

conflitos socioambientais nas áreas protegidas de Guaraqueçaba vem, nos

últimos anos, merecendo destaque por parte dos pesquisadores. No entanto,

há dificuldades em se tratar o tema de modo participativo, ou seja, de modo

que inclua integralmente a percepção da população local em sua realidade.

Conclui-se que os instrumentos restritivos da legislação ambiental, juntamente

com as UCs existentes, criaram instabilidade entre os munícipes e forjaram

conflitos ambientais; tendo sido desfavoráveis à melhoria da qualidade de vida

Page 11: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

4

da população local. A desconsideração do contexto local, na forma de saberes,

condições sociais e econômicas, cultura, tradições e perspectivas contribuiu

para o agravamento dos conflitos identificados.

As populações tradicionais de Guaraqueçaba, no transcorrer das

últimas três décadas, vêm sendo permanentemente atingidas por processos de

transformações econômicas, sociais e culturais, como a decadência de suas

atividades produtivas, devido a agentes externos à região, que se apropriaram

de suas terras e no transcorrer da década de 1980 decorrentes das restrições

ambientais, de acordo com IPARDES (2001). Também de acordo com

IPARDES (2001), em todas as comunidades e em todas as categorias sociais

de produtores rurais, as maiores áreas das propriedades são ocupadas por

formações florestais em estádio final de sucessão secundária ou com

remanescentes de floresta primária, sendo que nas propriedades que obtêm

sua renda principalmente do cultivo da banana e da mandioca. As áreas com

floresta clímax ocupam de 21,3% até 46,5% da área total. Essas áreas se

localizam em geral nas encostas e topos de morros, sendo as mesmas um

reflexo das restrições ao uso agrícola impostas pela criação da Área de

Proteção Ambiental de Guaraqueçaba.

2. 1 PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO

Situação de pobreza – 4.724 pessoas (ano 2000).

População economicamente ativa – 3.517 pessoas (ano 2010).

Matrículas em creche – 54 crianças (ano 2011).

Matrículas na pré-escola – 49 crianças (ano 2011).

Matrículas ensino fundamental – 1628 alunos (ano 2011).

Matrículas ensino médio – 398 alunos (ano 2011).

Matrículas ensino superior – nenhuma (ano 2011).

Número de empregos – 675 (ano 2011).

Produção de banana – 10.780 toneladas (ano 2011).

Produção de arroz – 3.264 toneladas (ano 2011).

Produção de mandioca – 5.940 toneladas (ano 2011).

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5

Bovinos – 550 (ano 2011).

Equinos –120 (ano 2011).

Galináceos – 3.600 (ano 2011).

Ovinos – 160 (ano 2011).

Suínos - 800 (ano 2011).

*Receitas municipais – 13.492.948, 21 (ano 2010).

*Despesas municipais – 11.932.867, 67 (ano 2010).

Taxa de pobreza – 49,05 (ano 2000)

*NOTA: Não podemos afirmar sobre a exatidão deste números, já que a

Prefeitura não nos permitiu confirmar principalmente o valor das receitas

municipais.

Para mais dados consulte as tabelas abaixo com o perfil do município de

Guaraqueçaba elaborado pelo IPARDES:

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Page 14: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

7

3 IMPLANTAÇÃO DA PROTEÇÃO AMBIENTAL EM GUARAQUEÇABA

A proteção ambiental em Guaraqueçaba iniciou-se em 1981, com a

implantação do escritório do órgão ambiental estadual no local, ou seja, antes

mesmo da criação de unidades de conservação (UC). As primeiras, criadas

pela Secretaria Especial do Meio Ambiente do Governo Federal (SEMA), foram

a Estação Ecológica, em 1982, e a APA em 1985. Desde então, tal processo

enfrenta uma questão crucial definida a partir da relação entre desenvolvimento

e proteção ambiental.

As características ambientais de Guaraqueçaba justificam porque este

espaço atraiu a proteção ambiental. Nesta região se encontra o principal

remanescente da Floresta Atlântica do país e um importante estuário, nos

quais vive uma sociedade formada, na sua maioria, por pequenos agricultores

e pescadores que enfrentam graves problemas socioeconômicos. Desde o

início algumas perguntas se colocavam aos envolvidos neste projeto de

implantação da APA: qual a proteção e qual o desenvolvimento deveriam ser

ali implantados? Qual o papel da sociedade local nessa proteção? A resposta a

estas questões ainda não foram respondidas efetivamente.

Instituições governamentais ambientais - estaduais e federais – e

organizações não governamentais (ONGs) são os agentes deste processo.

Entre eles estabeleceram relações de interação e de conflito, gerando, a partir

de seus interesses, possibilidades e limites institucionais e conjunturais, ações

articuladas ou paralelas acompanhadas de concepções sobre a relação entre

sociedade local e sua utilização dos recursos naturais. Identifica-se dois

grandes períodos da proteção ambiental em Guaraqueçaba. O período de

implantação da proteção (1981-1990) caracterizou-se por ações de proteção

executadas por órgãos governamentais, no qual prevaleceu uma concepção

social da pequena agricultura. O período da consolidação (1991-1999), contou

com novos agentes, principalmente as ONGs, e uma concepção ambiental da

pequena agricultura.

Page 15: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

8

A APA abrange todo o município de Guaraqueçaba que ocupa 81,83%

de seu espaço. Com uma extensão continental e uma extensão costeira e

estuarina, possui uma variedade de ambientes: serra do mar, planície litorânea,

ilhas e manguezais, além de parte do oceano Atlântico abrigando enorme

diversidade florística, faunística e espécies endêmicas ameaçadas, ainda que

seja uma região considerada relativamente conservada (IPARDES, 2001, p.iii).

A floresta encontrada pelos primeiros colonizadores portugueses já sugeria um

processo de co-evolução entre sociedade e natureza (DEAN, 2000;

DOMINGUES, 2004). Mas as grandes modificações sobre o meio natural

acentuaram-se no final do século XIX e início do século XX, durante o período

de prosperidade socioeconômica de decorrente do desenvolvimento da

produção e comercialização de produtos agrícolas, principalmente a banana

(MIGUEL, 1997).

O período de prosperidade foi seguido pela crise do modelo econômico

local, levando o município à decadência econômica e cultural. A partir dos anos

30, Guaraqueçaba estaciona nesta decadência caracterizada pelo

empobrecimento dos agricultores locais, particularmente da pequena

agricultura familiar. Perde para outras regiões o mercado da banana, seu

principal produto, e a exploração do palmito intensifica-se com o aumento da

demanda de outras regiões do país. Nos anos 60, a chegada dos

neolatifundiários - grupos de empresas madeireiras e grupos industriais e

comerciais que instalaram em grandes propriedades destinadas à exploração

dos recursos naturais ou à especulação – intensificou a exploração de recursos

naturais (madeira, palmito) e expropriou agricultores e pescadores e

acentuando a pobreza da população local (MIGUEL,1997).

Diante deste quadro inicia-se a proteção ambiental em Guaraqueçaba

nos anos 80. As características ambientais da região aliadas ao

desenvolvimento do movimento ambiental no Brasil e no mundo, atraíram a

atenção de organismos internacionais, dos governos estadual e federal e de

ONGs ambientalistas.

Page 16: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

9

A proteção priorizou a conservação ambiental em um espaço

caracterizado por sérios problemas econômicos e sociais e insatisfatoriamente

atingido por políticas e programas de desenvolvimento. Tornou-se mais um

obstáculo para a maior parte da sociedade local, na medida em que restringiu o

uso dos recursos naturais necessários à produção e complementação de suas

atividades produtivas (MIGUEL, 1997; MIGUEL, ZANONI, 1998). Atualmente,

apesar dos ganhos de arrecadação com o ICMS ecológico, Guaraqueçaba

possui um o pior IDH do estado do Paraná. O período da implantação da

proteção ambiental está compreendido entre os anos de 1981 e 1990.

O Decreto nº 90.883, de 31 de janeiro de 1985, dispõe sobre a

implantação da APA de Guaraqueçaba, com o objetivo de assegurar a

proteção de uma das últimas áreas representativas da Floresta Pluvial

Atlântica. Esse período é concomitante ao desenvolvimento do movimento

ambiental e a paralela institucionalização da questão ambiental no Brasil que

trouxeram definitivamente o debate sobre o meio ambiente para o poder

público (ACSELRAD, 2001; LEIS,VIOLA, 1996).

Além disso, o Decreto define que a APA de Guaraqueçaba tem

também por finalidade proteger o entorno da Estação Ecológica de

Guaraqueçaba. Unidades de Conservação como o Parque Estadual de

Jacupiranga; o Parque Estadual do Marumbi e o Parque Estadual da Ilha do

Cardoso fazem limite com a APA, e ficam incluídas na mesma, as seguintes

Ilhas: Ilha do Lessa, Ilha do Corisco, Ilha do Pastinho, Ilha Baixa Grande, Ilha

das Rosas, Ilha Guamiranga de Fora, Ilha Guamiranga de Dentro, Ilha da

Ponta Grossa, Ilha do Gerere, Ilha do Lamin, Ilha Guará, Ilha Biguá, Ilha das

Cobras, Ilha das Bananas, Ilha Grande, Ilha dos Porcos, Ilha do Benito, Ilha

Rasa, Ilhas das Gamelas, Ilha das Peças e Ilha do Superagüi. Pelo Decreto, a

cidade de Guaraqueçaba fica excluída do domínio da APA.

Após um período de implantação dos principais instrumentos de

controle de uso dos recursos naturais, a proteção ambiental em Guaraqueçaba

avançou no sentido da consolidação das UC. O período da consolidação

iniciou-se em 1991 e estendeu-se até 1999 prevalecendo as ações que

Page 17: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

10

visaram a elaboração de um plano de gestão exigido para a implantação da

APA. Nesse período os principais agentes da proteção foram o IBAMA e ONGs

ambientalistas. Ao nível estadual, o governo de 1991 retoma a discussão sobre

o meio ambiente à luz da Rio-92. Promoveu a reorganização administrativa dos

órgãos ambientais seguindo a tendência do país de estabelecer órgão públicos

autônomos para tratar as questões relativas ao meio ambiente.

Em 1992 foram criados a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e

Recursos Hídricos (SEMA) o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), vinculado à

SEMA, uma fusão do ITCF com a Superintendência dos Recursos Hídricos

(IAP, 2002). A exclusividade ambiental dos órgãos recém-criados gerou um

melhor aparelhamento do estado par lidar com a questão ambiental e com os

recursos destinados exclusivamente ao meio ambiente. Mas, algumas

questões se desvincularam da política ambiental, dentre elas, a atenção

especial dada à “proteção” da pequena agricultura familiar, que era uma

preocupação originada na SEAB, a quem os órgãos anteriores estavam

subordinados nos anos 80.

A mesma gestão implantou o ICMS ecológico, já previsto na

Constituição Estadual de 1988, destinado aos municípios com mananciais de

abastecimento hídrico e aos municípios que possuíam UC. Além disso, alguns

programas “emergenciais” foram realizados, como a aquisição de

equipamentos para os órgãos de fiscalização (PARANÁ.SEMA, 1994).

Além da legislação ambiental, outro instrumento de proteção ambiental

se estabeleceu em Guaraqueçaba: a Reserva da Biosfera Vale do Ribeira –

Serra da Graciosa criada em 1991. Assim coroava-se a vocação de

Guaraqueçaba para a conservação, tão desejada pelos órgãos ambientais e

ONGs atuantes em Guaraqueçaba. A repercussão imediata da Reserva da

Biosfera está relacionada à atenção internacional para a proteção do bioma

envolvido, atraindo investimentos e programas de pesquisa e desenvolvimento

local. No caso de Guaraqueçaba, esta “marca” serviu para facilitar a aquisição

de convênios e recursos, especialmente para as ONGs ambientalistas que ali

desenvolveram suas ações.

Page 18: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

11

3.1 AS RESERVAS PARTICULARES DO PATRIMÔNIO NATURAL

RPPNs como a “Reserva Natural Salto Morato”, pertencente à

Fundação O Boticário de Proteção à Natureza (FBPN), com 2.340 hectares e a

RPPN “Reserva Ecológica do Sebuí”, vizinha ao PARNA e de propriedade de

um morador local, abrangendo cerca de 400 hectares.

Segundo IBAMA a RPPN é uma UC criada em área privada, gravada

em caráter de perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade

biológica, sendo a criação um ato voluntário do proprietário, que decide

constituir sua propriedade, ou parte dela, em uma RPPN, sem que isto

ocasione perda do direito de propriedade.

A organização não-governamental (ONG) SPVS administra três áreas

que foram transformadas em RPPNs, abrangendo juntas 20 mil hectares e

viabilizadas a partir de recursos da TNC – The Nature Conservancy que capta

recursos junto a várias multinacionais. As áreas foram adquiridas a partir de

1999, investimento de aproximadamente 19 milhões de dólares de um fundo

mantido pelas multinacionais American Eletric Power, Chevron, Texaco e

General Motors. Localizam-se no município de Antonina as áreas “Reserva do

Page 19: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

12

Morro da Mina” e “Reserva do Cachoeira”. A Reserva Natural Serra do Itaqui

fica no município de Guaraqueçaba e ocupa 6.653 hectares. Localiza-se

próxima à comunidade de mesmo nome.

3.2 SPVS & IBAMA

Após a conclusão do Macrozoneamento da APA de Guaraqueçaba em

1989, o IBAMA, através do chefe das UC, havia estreitado relações com a

ONG Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental

(SPVS) para elaboração do plano de gestão. Em 1994, o IBAMA assinou um

termo de cooperação técnica com SPVS/TNC (Convênio nº 10/94) e firmou um

convênio de co-gestão da APA de Guaraqueçaba com a SPVS (Convênio

12/94). Os recursos não seriam exclusivos do PNMA, caberia a SPVS “captar

recursos” para desenvolvimento de pesquisa e de planos de manejo, estes

sempre em maior valor do que os recursos do poder público.

Observa-se que o Convênio deixava a cargo da SPVS uma

responsabilidade muito grande sobre a gestão, caracterizando o que o IBAMA

definiria mais tarde como “parceria no processo decisório” na qual os parceiros

participam das decisões no planejamento básico das UC (Planos de Manejo e

Planos de Gestão). O IBAMA mantinha a característica do órgão

governamental de falta de recursos financeiros e humanos para realização de

suas atividades, o que o fazia recorrer a parcerias com outros órgãos. Neste

espaço, a SPVS se impôs como executor técnico das atividades de

implantação da APA. A parceria com a SPVS legitimou a supremacia técnica e

operacional desta ONG no que se refere ao desenvolvimento das ações de

pesquisa, planejamento e implantação de programas.

A parceria entre IBAMA e SPVS regia-se pelo Plano Integrado

elaborado pela SPVS em 1992, elaborado com recursos da TNC e já com o

apoio do IBAMA. Este afirmava que “...a grande maioria das atividades

antrópicas desenvolvidas na região são, se não incompatíveis, conflitantes com

os objetivos de conservação de um dos últimos remanescentes da Floresta

Atlântica e do complexo estuarino” (SPVS/TNC, 1992, p.19). Toda a sociedade

local foi considerada como responsável pela degradação do meio natural não

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havendo um grupo específico sobre o qual as atividades de controle ou

orientação de uso dos recursos naturais devessem se concentrar (TEIXEIRA,

2004).

A partir do Plano Integrado a SPVS elaborou o Programa Guaraqueçaba. Este fez parte do convênio estabelecido entre o IBAMA e a

SPVS em 1994, para a co-gestão da APA de Guaraqueçaba (Convênio 14/94). A perspectiva da SPVS sobre a inclusão da população na proteção ambiental tinha

como fundamento a proteção do meio natural e não o desenvolvimento da sociedade

local. Já não há mais atenção à pobreza e/ou à exclusão social em si. O problema

da relação entre a população e o meio natural reside nas “técnicas” de uso dos

recursos naturais. Se o objetivo é a proteção do meio natural, e na impossibilidade de

excluir a ocupação humana - a região é uma APA e uma Reserva da Biosfera - como

proceder para que haja o menor impacto antrópico possível sobre os recursos

naturais?

Enquanto a parceira IBAMA/SPVS se afirmava, a presença do IAP em

Guaraqueçaba foi reduziu-se significativamente. Por um lado pelo desmonte do

órgão afetou sua capacidade de atuação em Guaraqueçaba. Por outro, as

relações amistosas e de cooperação com os demais agentes da proteção

foram sendo gradativamente substituídas por relações de conflitos. O IAP

passa a ser considerado pelo IBAMA e pelas ONGs ali atuantes, como

permissivo diante da fiscalização e do licenciamento. Principalmente a partir de

1996, o IBAMA passou a controlar funções antes atribuídas por ele ao IAP,

como por exemplo, o controle sobre fiscalização e licenciamento.

O IAP passou a submeter suas autorizações e parte dos

licenciamentos a aprovação do IBAMA. No ano seguinte este órgão fecha seu

escritório em Guaraqueçaba. Em 1999, o IBAMA questionava o IAP como

instituição deliberativa em Guaraqueçaba, uma vez que a APA era federal.

Praticamente o IAP cessa sua atuação na APA uma vez que não foram

somente conflitos de ideias, mas conflito de poder sobre o espaço protegido.

Sua ação se concentra no restante do litoral e o IBAMA /SPVS passam a

determinar as ações de proteção em Guaraqueçaba.

Page 21: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

14

ATUAÇÃO DAS ONGS

Pode-se definir as ONGs como organizações formais, privadas, porém

com fins públicos, sem fins lucrativos, autogovernadas e com participação de

parte de seus membros como voluntários, objetivando realizar mediações de

caráter educacional, político, assessoria técnica, prestação de serviços e apoio

material e logístico para populações-alvo específicas ou para segmentos da

sociedade civil, tendo em vista expandir o poder de participação destas com o

objetivo último de desencadear transformações sociais ao nível local ou ao

nível global

A cooperação internacional – por intermédio da ajuda financeira de

ONGs dos EUA – tem sido responsável pela manutenção da infra-estrutura das

ONGs de Guaraqueçaba. Estima-se que há pelos menos umas 80 ONGs

registradas em Guaraqueçaba. O que para as ONGs vem a ser sinônimo de

pioneirismo, longevidade e solidez, uma vez que o pretexto de cuidar do meio-

ambiente garante acesso aos fundos internacionais, para os pequenos

agricultores e pescadores artesanais, significa uma ameaça ao seu modo de

vida, pelo fato destas instituições apenas privilegiarem um aspecto envolvido,

reforçando o contexto das restrições.

Protesto de um morador local no vilarejo do cedro

Page 22: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

16

“ONGs só vieram para ganhar dinheiro, só isso. Não têm aceitação aqui. Quando começam um trabalho, não terminam. Sou contra, acho que o governo tinha que controlar isso, porque esse pessoal que vendeu as terras pra eles tinham pouquinho dinheiro e se iludiu, a essa hora o dinheiro já acabou”. Agente de Saúde de Serra Negra.

Da mesma maneira que as instituições fiscalizadoras atuantes na

região, as ONGs também possuem uma imagem predominantemente negativa

para a população (Tabela 20). Em Barra do Superagui, a principal ONG atuante

é o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), sendo que a relação entre

comunidade e ONG vinha apresentando os mesmos conflitos apresentados em

Vila das Peças.

Atualmente pode-se afirmar que devido ao aumento de projetos

participativos voltados à geração de renda, melhoria de qualidade vida, resgate

de cultura caiçara e educação ambiental em Peças, a imagem das instituições

vêm sendo gradativamente revitalizada. Ações bastante isoladas vêm

ocorrendo nas comunidades rurais através de parcerias de ONGs com as

comunidades locais, como tentativas de certificação e comercialização de

banana orgânica, mas ainda sem efeitos traduzidos.

Em Barra do Superagui, pouco ou nada vem sendo feito em termos

práticos no sentido de se trabalhar a imagens das ONGs e outras instituições

presentes. Por fim, algumas universidades, entre elas a Universidade Federal

do Paraná por vezes é citada pelos entrevistados como sendo uma “ONG” ou

instituição de caráter semelhante, o que gera desconfiança por parte dos

moradores.

Alguns veículos de comunicação, como a internet e jornais retrataram

nos últimos anos a situação conflituosa entre populações de Guaraqueçaba e

ONGs. Algumas reportagens como a da Agência de Notícias “Carta Maior”,

divulgou a questão através de uma cobertura especial para a COP8/MOP3,

evento das Nações Unidas realizado em março de 2006 em Curitiba, Paraná

(AGÊNCIA CARTA MAIOR, 2006). O jornal “Gazeta do Povo” publicou no final

de 2005 uma reportagem intitulada “Colonização de Guaraqueçaba”,

Page 23: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

17

enfocando a questão da compra de terras e do crédito de carbono ocorrente no

município (GAZETA DO POVO, 2005).

Dessa forma, torna-se evidente que para as instituições oficiais a APA

nos aspectos ambiental e social não estaria sendo efetiva na plenitude, ou seja,

os problemas ambientais como a exploração ilegal de palmito e a exclusão

social persistem dentro de um processo construído equivocadamente, sem a

participação das pessoas. Se houvesse participação popular, o cenário

possivelmente poderia ser outro, com as pessoas se sentido parte efetiva do

processo, ou seja, sujeito em detrimento da condição de objeto. Num cenário

participativo como este, poderia se pensar em ações entre parceiros,

colaboradores para um objetivo comum.

4 ECO-TURISMO NA VISÃO LOCAL

A alternativa turística na região continental é vista com entusiasmo pelos

moradores locais, apesar das dificuldades de acesso pela estrada (PR-405).

Porém, há a consciência do potencial que a atividade apresenta para as

comunidades locais (turismo de base comunitária), devido às atrações naturais

e culturais que a região possui e que ainda permanecem desconhecidas por

grande parte dos frequentadores da região. Muitos moradores das vilas nos

continentes dizem se sentir excluídos das oportunidades que o turismo

proporciona, pela falta de divulgação da região continental em específico

(apesar de existir uma pousada e um restaurante na comunidade de

Tagaçaba).

Alguns opinam que a atividade no continente chega mesmo a ser

inviável, pela dificuldade de acesso por terra e falta de infra-estrutura (além de

falta de capital da população para investimento) e apontam as ilhas como

locais potenciais na atividade turística. Nesse caso, a Vila das Peças encontra-

se em estágio mais avançado de desenvolvimento com o turismo de base

comunitária, com grupo de condutores locais capacitado tecnicamente pela

SPVS e auto-organizado. Apesar das dificuldades, a população enxerga no

turismo uma atividade geradora de renda e emprego.

Page 24: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

18

Alguns entrevistados apontam que somente o Boticário, por meio de

sua Reserva particular, se beneficia com a atividade turística na região, e que

os moradores locais não recebem nenhum tipo de benefício ou compensação

por haverem “preservado a natureza local”. A mesma opinião vem sendo

compartilhada em relação à SPVS, uma vez que a ONG organiza roteiros e

passeios turísticos com a população urbana, geralmente de Curitiba, para a

Ilha das Peças.

Sabe-se que, uma vez planejado em bases de sustentabilidade, o

turismo pode resultar em geração de renda e empregos com baixo impacto

ambiental. O ecoturismo mostra-se como a forma mais apropriada a ser

desenvolvida na região, devido à sua rica diversidade natural e cultural. Não se

pode afirmar, no entanto, que o ecoturismo traga a solução para todos os

problemas enfrentados pelas comunidades, mas sim que esta atividade possa

contribuir para melhoria na qualidade de vida dos habitantes e para a

conservação dos ecossistemas envolvidos.

“Hoje não há turismo em Serra Negra. Em Tagaçaba há duas pousadas. Mas enquanto não asfaltar a estrada não vai haver turismo de verdade. Eu sou completamente a favor do turismo, não acredito que o turismo vá depredar a natureza, turismo não prejudica a natureza, o maior exemplo é a Estrada da Graciosa”. Pequeno agricultor de Serra Negra.

Sobre a atividade turística, Amend (2001) aponta que o setor terciário,

apesar de sempre ter tido uma participação reduzida na economia do

município, vem crescendo nos últimos anos devido ao aumento da demanda

turística e, por conseguinte crescente oferta de serviços turísticos e que a partir

de 1991, iniciou-se a estruturação de alguns estabelecimentos para atender

essa demanda.

“O turismo está sendo uma grande coisa porque ele vem ajudando muito os pescadores, porque se há um barzinho ou qualquer coisa, eles vêm de lá e compram alguma coisa, é uma grande coisa. São todos educados, a gente não tem o que falar deles. Eles gostam daqui, do Superagüi, e a gente também tem que respeitar eles, porque eles são gente igual a nossa, gostam de passear,

Page 25: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

19

moram numa cidade grande e querem conhecer uma ilha. Eles respeitam a gente e a gente tem de respeitar eles”. Pescador artesanal de Vila das Peças. Quanto à sustentabilidade do turismo na região, a crescente presença

de empreendedores externos (principalmente Superagui e Peças), que buscam

adquirir imóveis para estabelecer negócios turísticos ou casas de veraneio

local, pode, por outro lado, criar um grande foco de degradação sociocultural e

impactos ao meio ambiente devido geração de lixo e esgoto. Cabe ao poder

público equacionar este problema.

“Enquanto não arrumar a estrada, o turismo não vai evoluir”. Comerciante

de Tagaçaba.Na sede do município há queixas que o turismo diminuiu bastante

nestes dois últimos anos (2010-2012). Consultamos os donos das principais

pousadas que além de reclamarem do acesso via estrada também acham que

Guaraqueçaba precisa de mais propaganda e presença nos principais eventos

de turismo do Brasil.

5 GUARAQUEÇABA – RANKING ESTADUAL E NACIONAL

Há algo de muito errado que com a mudança de paradigma no município,

se algum ambientalista quiser aprender sobre como não administrar uma APA

é só analisar os índices relativos à APA de Guaraqueçaba espelhados no

Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2009. Veja as posições

dos últimos municípios em IDH do Paraná:

Page 26: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

20

Tunas do Paraná (subiu da 397ª para 390ª colocação).

Goioxim (subiu para 391ª posição).

Laranjal (subiu da 393ª para 392ª colocação).

Doutor Ulisses (subiu da 398ª para 396ª colocação).

Guaraqueçaba (manteve-se como último colocado).

Quando ampliamos a visão e comparamos os índices do município com os

5565 outros do Brasil a situação ainda é pior, sua posição é 5071ª, confira no

quadro:

No município de Guaraqueçaba há uma conjunção de fatores que

promovem a escassez e a pobreza dentre elas destacam-se:

1°- concepção do movimento ambientalista (ONGs, Governo) focados

excessivamente na preservação do meio mas com pouca ênfase no bicho

homem.

2° - descaso dos governantes estaduais, federais por incompetência dos

executivo local.

A partir de 1985, com a delimitação da APA, pesquisadores

passaram a enfatizar os conflitos ambientais e a propor formas de

desenvolvimento sustentável. A proposta desta concepção consistia em

Page 27: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

21

integrar e preservar a biodiversidade num processo que garantisse a qualidade

de vida às populações da região.

Duas décadas se passaram e muitos diagnósticos foram

realizados: monografias, dissertações e teses, além de inúmeros projetos de

manejos envolvendo universidades, ONGs, empresas e governo. Contudo, a

população rural da APA de Guaraqueçaba continua sofrendo. O município

apresenta o menor IDH do estado do Paraná. Nos últimos anos as abordagens

utilizadas nas políticas destinadas ao município, fundamentaram-se

basicamente na limitação de espaços a se proteger e/ou na regulamentação da

utilização de seus recursos naturais, sem se definir por formas efetivas de

conciliação entre desenvolvimento socioeconômico e proteção da natureza.

Isso deve-se também ao pouco consenso entre os órgãos e

agentes que atuam na região - ONGs, órgãos ambientais, universidades,

pesquisadores, entre outros - sobre quais as estratégias e/ou políticas a serem

utilizadas a fim de que se alcance o denominado desenvolvimento sustentável,

tanto para a preservação dos recursos naturais como para a sociedade que

vive no seu meio. Esta controvérsia insere-se num quadro de conflitos e

desarticulações entre níveis de governo e de interesses contraditórios entre os

diferentes grupos da sociedade local, gerando uma situação complexa em que

as relações sociedade e natureza se constroem fragmentadas e não

privilegiam aos interesses mais amplos da população local.

O papel das pesquisas científicas na região de Guaraqueçaba

infelizmente não tem sido o de produzir conhecimentos para a comunidade

local. Estes geralmente ficam à mercê de iniciativas projetadas em escritórios

técnicos refrigerados das metrópoles. Parece essencial, no contexto de buscar

propostas adequadas para a região, levar em conta a complexidade do meio

natural e da formação histórica das comunidades que o compõe, e estes

passam pelo resgate da agricultura comercial e da de subsistência, que não

têm apenas uma dimensão social e cultural, mas também econômica e assim

possibilitar a reequilíbrio social e econômico de uma população excluída, ou em

Page 28: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

22

vias de tornar-se, por falta de iniciativas efetivas e eficientes de políticas de

desenvolvimento e de sustentabilidade.

6 PROTEÇÃO AMBIENTAL & DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Pela proposta de zoneamento da APA de Guaraqueçaba, publicado pelo

Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES

2001), a busca de soluções produtiva para a sociedade local se basearia nas

seguintes estratégias:

1- ordenar as atividades turísticas voltadas para o desenvolvimento do

ecoturismo.

2- desenvolver atividades artesanais visando, principalmente, ao comércio

turístico (cestaria, cerâmica e trabalhos em madeira).

As propostas procuram dar ênfase à preservação dos recursos ambientais,

passando muito superficialmente por alternativas para viabilizar a manutenção

e o desenvolvimento das atividades produtivas entre as comunidades locais.

Resolução CONAMA 10/88 traça o que deve prevalecer como parâmetro

nas Áreas de Proteção Ambiental: “Unidades de conservação, destinadas a

proteger e conservar a qualidade ambiental e os sistemas naturais ali

existentes, visando à melhoria da qualidade de vida da população local e

também objetivando a proteção dos ecossistemas regionais”

(www.ibama.gov.apa-arquivos\apas.htm).

Page 29: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

23

6.1 O QUE PENSAM OS GUARAQUEÇABANOS

Page 30: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

24

6.2 MUDANÇA DE RUMO

Observa-se algo de muito errado quando diagnosticamos os

indicadores sociais da APA de Guaraqueçaba, os objetivos não deveria estar

essencialmente na gestão dos recursos naturais de uma região

comprovadamente especial pelos seus atributos naturais preservados, mas

também pelas questões sociais que a envolvem. Com isso, o Estado deveria

olhar com mais carinho o litoral norte do Paraná, a APA de Guaraqueçaba,

deveria dar também aos agentes envolvidos na sua gestão, o potencial e a

capacidade efetiva de se promover não só a conservação da diversidade

biológica mas ao mesmo tempo, viabilizar condições dignas de vida para a

população local, tanto das gerações presentes como as que virão.

A Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema

Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, admite que a conservação

da biodiversidade não deverá ser o único objetivo no manejo das diferentes

categorias de unidades de conservação (UCs). Há outros objetivos, como a

proteção de bacias, de fontes d’água e de paisagens; o fomento da recreação e

do turismo ao ar livre, a conservação de sítios históricos, arqueológicos e

culturais.

Page 31: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

25

Proteção do meio ambiente não deve ser vista como uma

restrição ao desenvolvimento, mas como um novo mosaico de oportunidades

de negócios sustentáveis, que harmonizem o crescimento econômico, a

geração de emprego e renda e a proteção dos recursos naturais. Em outras

palavras, buscar o bem-estar comum referenciado na Constituição Federal do

país. Isso significa dizer que é o poder público que deve incorporar a

perspectiva ambiental em todas as suas políticas de desenvolvimento.

Os pressupostos do desenvolvimento sustentável, em sua

plenitude, deviam estar incorporados em qualquer perspectiva que visasse à

melhoria de vida da sociedade. O que temos visto é que a cada dia a

população fica mais oprimida e desmotivada a empreender e colocar em

prática os seus sonhos. Quanto custa aos nativos da região a perda da

perspectiva de vida, o aterramento de seus ideais? Ninguém é contra a

preservação, mas contra aquela visão mesquinha que vê tudo na natureza

menos o homem. Necessitamos em Guaraqueçaba de um resgate, o resgate

da dignidade de um povo. Este muitas vezes se sente como um obstáculo no

meio em que vive, condenado a ouvir e ver na televisão que a sua região é

linda, preservada, rica em recursos naturais, mas que abriga um povo que

apesar de se dizer que mora num paraíso, ostenta a 399° posição no IDH do

Estado. Que o futuro seja mais gracioso com os nossos conterrâneos que

ainda vivem de fé e esperança!

6.3 GUARAQUEÇABA E O CAPITAL INTERNACIONAL

Há coisas que as ONGs brasileiras e seus financiadores

preferem manter escondidas. Uma delas é a ação de multinacionais dos EUA

(petroleiras e empresa de geração de eletricidade com carvão – termoeléctrica)

no Brasil, adquirindo terras para a “preservação” para negociarem os créditos

de carbono.

As áreas são adquiridas por ONGs brasileiras que são uma

espécie de fachada destas empresas no Brasil. Sobre os contratos de gaveta

Page 32: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

26

que eles têm entre si, nada se sabe. E essas empresas americanas compram

áreas no Brasil literalmente “a preço de banana”.

Quando parecia que a maioria esmagadora dos projetos na APA

de Guaraqueçaba fracassava, uma organização não governamental de

utilidade pública e sem fins lucrativos, a SPVS - Sociedade de Proteção à Vida

Selvagem e Educação Ambiental -, passou a adquirir grandes quantidades de

terras. Em sua tese de doutorado pela UFPR, Eliane Beê Boldrini aborda a

sistemática dessa ideologia ambiental praticada pela ONG. Financiada pelo

capital americano - American Eletric Power e General Motors, Chevron e

Texaco – adquiriu mais de 20 mil hectares da Mata Atlântica, com um

financiamento por volta de 15,4 milhões de dólares ao longo de 40 anos.

O dinheiro é investido na ONG americana TNC - The Nature

Conservancy - e repassado depois para a SPVS. Para entender essa ligação é

necessário conhecer a mais nova e lucrativa mercadoria criada pelo capital: os

créditos de carbono. Entenda: cada árvore tem a capacidade de extrair da

atmosfera uma certa quantidade de CO², o valor em créditos de carbono de

uma área será calculado tendo por base o numero de árvores e quantas

toneladas de CO² elas tem capacidade de sequestrar do ambiente.

De acordo com o professor Eloy Fassi Casagrande Jr, Ph.D. em

Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente pela Universidade de

Nottingham - Inglaterra, estas novas oportunidades do mercado envolvem

algumas ONGs brasileiras e estrangeiras que estão servindo como "laranjas"

para as indústrias na compra de áreas em florestas tropicais tendo como

justificativa a implantação de projetos ambientais.

Outro fato que preocupa é a instalação de projetos paralelos por

parte de empresas que participam desse marketing ambiental. Parceira da

SPVS, a TNC possui um projeto denominado "Aliança dos Grandes Rios",

destinado a conservação das nascentes de três grandes bacias hidrográficas

do mundo: a do Rio Alto Mississipi, nos Estados Unidos; a dos Rios Alto

Paraná e Paraguai, no Brasil; e a do Rio Yang Tsé, na China. No seu conjunto,

27

Page 33: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

as bacias fornecem água doce para aproximadamente 600 milhões de pessoas

nos três continentes.

Devido à privatização da floresta em Guaraqueçaba, populações

que tradicionalmente ocupavam a área e utilizavam seus recursos naturais,

foram expulsas de seu meio causando sérios problemas sociais na região.

"Eles aliciam o pequeno fazendeiro cobrindo o lucro que ele tira da terra.

Depois compram as terras, alegando preservar a área, deixando sem emprego

muitos funcionários que trabalhavam na fazenda", desabafa Isaías Rederde.

Em Guaraqueçaba, a Sociedade de Proteção a Vida Selvagem

esqueceu de cuidar do bicho homem, cada vez mais selvagem nesse mundo

capitalista. A privatização de APAs e outras áreas de patrimônio da

humanidade para obtenção de "créditos de carbono" precisa ser amplamente

discutida. Não somente por uma questão de soberania nacional, evitando um

novo tipo de colonização, mas também para podermos diferenciar na

sociedade civil organizada, quais são os grupos que atuam em benefício

próprio e os que atuam em benefício comum. É o carbono transformado em

capital e a natureza em marketing ambiental.

Reportagem do jornalista americano Mark Schapiro, divulgada

em maio de 2010 nos EUA, revela bem a trama que a mídia brasileira nada

menciona. A questão central de Mark Schapiro é simples: quem fica com a

grana dos créditos de carbono? Certamente não são os tais “povos da

floresta”! Há outras questões e pontos abordados pela reportagem que

merecem análise. Mas uma coisa é certa, não são os nativos os maiores

beneficiados pelas ONGs.

6.4 A VERTENTE SOCIAL NA QUESTÃO AMBIENTAL

O Homem está presente em praticamente todos os lugares do

planeta, mas a forma de apropriação que as diferentes sociedades fazem dos

recursos naturais é diferenciada. Os homens como seres sociais, participam

dos processos de formatação dos meios que ocupam (UFPR, 2003).

28

Page 34: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

Pode-se identificar, tanto no âmbito das investigações científicas

como na formulação das políticas de intervenção social, duas grandes

correntes predominantes. A primeira considera o problema antes de tudo

ecológico, sendo que a ameaça constaria nos danos aos quais as ações dos

homens submetem a Terra. A “sustentabilidade” a ser procurada, portanto,

seria a ecológica, sendo esta tendência denominada “protecionista” e

“conservacionista” rígida.

A segunda corrente considera que a sustentabilidade não se

coloca apenas em termos ecológicos, mas também em termos sociais: para

alguns autores, porque não há resposta aos problemas ambientais sem

tratamento dos problemas sociais; para outros, porque a natureza não tem

valor intrínseco, mas que este valor origina-se da própria existência dos

homens e dos usos que eles fazem dela, sendo esta a tendência

“antropocentrista”.

Parte integrante da pesquisa:

GUARAQUEÇABA - TRÊS DÉCADAS DE SUBDESENVOLVIMENTO

Por VANDERLEI XAVIER DO CARMO

Versão reduzida para exibição web. Para ter acesso a versão

completa envie e-mail para:

[email protected]

Projeto Eco-Visão

Page 35: Guaraqueçaba - Tres Décadas de Subdesenvolvimento

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