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EDUCAÇÃO AMBIENTAL PAINÉIS – RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PAINÉIS –RELATOS DE EXPERIÊNCIAS

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PPPPPAINELAINELAINELAINELAINEL 11111

FORMAÇÃO DE PROFESSORESEM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Luiza Rodrigues

Sônia B. Balvedi Zakrzevski

Marta Ângela Marcondes

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Educação Ambiental emMimoso: o Pantanal e suasdinâmicas culturais e naturais

Luiza Rodrigues, Michèle Sato, Carla Pimentel, Luiz Cruz, Luíse Bordest,Samuel Oliveira, Sandro Vieira, Laura Pinheiro e Paulo Soares

Projeto Mimoso – Cuiabá/MT

ResumoMimoso é um projeto internacional financia-

do por organismos que visam à proteção ambiental.

Nossas pesquisas caracterizam-se pelo reconheci-

mento do caráter formativo do processo educacio-

nal, para poder alcançar as transformações sociais

necessárias aos cuidados ambientais. Privilegiamos

o enfoque biorregional, caracterizado pela compre-

ensão da conexão intrínseca entre as comunidades

humanas (cultura) e a comunidade biótica (natu-

reza) de uma dada realidade geográfica. Além dis-

so, busca-se a ruptura do “sujeito-objeto” da pes-

quisa, o que se reflete nas ações que possam pro-

mover a participação da comunidade (Mimoso) na

região pantaneira. Sujeitos pesquisadores e sujei-

tos pesquisados tornam-se, então, membros ativos

e reflexivos para diversos focos:

Turismo: para reconhecimento das diversas re-

presentações e dos impactos dele decorrentes.

Lixo e compostagem: na análise que possibilite

a crítica aos modelos de consumo e produção

de resíduos, com ênfase na compostagem e nas

estratégias pedagógicas que possibilitem

vivenciar criticamente esse dilema.

Biodiversidade: com análise biológica das es-

pécies existentes, mas com ênfase nos animais

peçonhentos, visto que a discriminação desses

animais pelos seres humanos os tem colocado

em desvantagem diante da vida, ameaçando

sua existência.

Comunicação: a possibilidade de sermos pro-

tagonistas das notícias, em vez de testemunhar-

mos as barbáries cometidas.

Gênero: na busca de mitos, lendas e histórias do

Pantanal, estudar os símbolos presentes na água

para a eqüidade das relações de gênero, confe-

rindo espaços sociais e biológicos aos homens e

às mulheres.

Os cinco temas aqui sublinhados possuem

como meta o desenho pedagógico que possibili-

te uma leitura mais crítica do mundo. Por meio

do diálogo entre a escola e a comunidade, bus-

ca-se extrair elementos que alcancem uma Edu-

cação mais crítica e propositiva. Fortalecimento

de um centro de documentação, cursos, oficinas,

reuniões, palestras, projetos escolares, entrevis-

tas e outras dinâmicas pedagógicas auxiliam na

formação continuada de professores e professo-

ras. A Educação Ambiental é, assim, projetada

nas realidades ambientais e nas dinâmicas soci-

ais, inserindo-se na dimensão curricular própria

da escola, com abandono do “eu, periférico e iso-

lado” para um “nós, coletivo e solidário”. Todos

se tornam sujeitos capazes de ação e reflexão,

formando uma comunidade de aprendizagem

capaz de atuar no processo da transformação

educativa, que alcance a desejada construção de

uma sociedade com menos disparidades sociais

e com mais cuidados ecológicos.

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Formação de professores em Educação AmbientalPAINEL 1

Na pesquisa sobre formação de professor@s1

em Educação Ambiental (EA), assim como napesquisa em educação em geral, existe uma es-treita ligação entre a formação (desenvolvimen-to profissional), a reflexão e a investigação (Carre Kemmis, 1988; Shön, 1995, 2000). Inúmer@spesquisador@s (Stenhouse,1987; Carr eKemmis,1988; Elliot, 1990; Pérez-Gómez, 2000;Zeichner e Liston, 1993; Shön, 1995, 2000;Sorrentino, 1995; Sauvé, 1997; Sato, 1997; Pimen-ta, 2000; Guerra, 2001) acreditam que o desen-volvimento do conhecimento profissional acon-tece por meio de um processo de investigaçãoreflexiva e crítica, que permita a construção dealternativas aos problemas mais relevantes daatividade escolar e dirigidas à intervenção e àação profissional.

A perspectiva teórica construtivista do conhe-cimento, a perspectiva sistêmica e complexa domundo e a perspectiva crítica constituem referen-ciais teóricos que, de modo integrado, podem daruma resposta criativa a alguns problemas relacio-nados à formação de professor@s. Esses referen-ciais podem ser sintetizados do ponto de vista di-dático e formativo, no princípio de investigação.

Acreditamos que a pesquisa-ação possibili-ta uma estreita ligação entre a formação e a in-vestigação. Ela é um processo de pesquisa, noqual os grupos sociais “investigam, conjunta esistematicamente, um dado ou uma situaçãocom o objetivo de resolver um determinado pro-blema, ou para a tomada de consciência, ou ain-da para a produção de conhecimentos, sob umconjunto de ética (deontológica) aceito mutua-

mente” (Sato, 1997: 134). É uma modalidade depesquisa em que a participação das pessoasimplicadas nos problemas investigados é abso-lutamente necessária.

Com o intuito de auxiliar @s professor@s naconstrução de conhecimentos sobre EducaçãoAmbiental e de iniciá-l@s em um processo depesquisa-ação da prática docente, ou seja, deinstitucionalizar a Educação Ambiental por meiode ações autônomas e responsáveis d@s pro-fessor@s, no sentido de inserir a EducaçãoAmbiental como política efetiva das escolas, ini-ciamos, no ano de 1998, em quatro municípiosgaúchos situados na região norte do estado doRio Grande do Sul, um programa de formaçãode professor@s em Educação Ambiental, comênfase na escola rural. Esse programa de educa-ção continuada foi constituído por quatro eta-pas básicas, descritas a seguir.

1a EtapaApós contato com as Secretarias Municipais

de Educação, procuramos analisar as percepçõesd@s professor@s sobre Educação Ambiental,identificando as necessidades e as expectativasdess@s professor@s. Buscamos conhecer a rea-lidade das escolas, as estratégias utilizadas e acomunidade. Enfim, tentamos conhecer a reali-dade natural e cultural da comunidade, subli-nhando o sistema educativo dos municípios. Issofoi realizado por meio de observaçõesparticipativas nas comunidades, nas salas deaula e nas áreas abertas. Além disso, elaboramos

A pesquisa-ação na formação deprofessor@s em Educação Ambiental:relato de uma experiência*

Sônia B. Balvedi Zakrzevski

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões/Erechim/RS

* Elaborado a partir do trabalho “Contribuições da pesquisa-ação para a formação de professores em Educação Ambiental”, de autoria deSônia B. Balvedi Zakrzevski e Michèle Sato, apresentado no I Encontro de Pesquisa em Educação Ambiental – Rio Claro, jul. 2001.

1 Acatando a recomendação internacional da Rede de Gênero, utilizaremos a simbologia “@” para evitar a linguagem sexista presente nos textos.

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entrevistas com professor@s, bem como a análi-se de materiais didáticos utilizados e dasmetodologias privilegiadas.

Por meio desse diagnóstico inicial, chegamosà conclusão de que a formação de professor@sem Educação Ambiental, além de levar em con-ta os problemas práticos d@s professor@s, deveconsiderar suas concepções e experiências, ascontribuições de outras fontes de conhecimen-to e as inter-relações que podem ser estabe-lecidas entre elas.

Durante a primeira etapa do trabalho, tam-bém procuramos conhecer as comunidades ru-rais, seus costumes, seus problemas e suassimbologias. Reconhecemos que a escola não éisolada de seu entorno e que as atividades emEducação Ambiental devem buscar a aliançaentre os participantes da comunidade escolar.Mais que isso, é preciso sublinhar a função daescola como produtora e mantenedora das múl-tiplas manifestações culturais tecidas cotidiana-mente, buscando elos intrínsecos entre a expres-são social e natural de cada local.

2a EtapaOrganizamos, com a colaboração das Secre-

tarias Municipais de Educação e das direções dasescolas, reuniões com os professores, com o in-tuito de apresentar uma proposta de um cursode Educação Ambiental. Para tal, seria necessá-rio estimular a constituição de um grupo de tra-balho em cada município para participar doscursos. Estabeleceu-se, assim, o diálogo interins-titucional necessário ao trabalho coletivo naEducação Ambiental. A transversalidade ultra-passou os limites das disciplinas, inscrevendo-se também nos diversos organismos e no aban-dono do personalismo da proposta. A institu-cionalização dos processos é um forte mecanis-mo que pode auxiliar a assegurar a susten-tabilidade dos projetos iniciados, desde que for-taleça os sistemas e ultrapasse as ilhas isoladasdos sistemas do conhecimento.

Muit@s professor@s demonstraram entusi-asmo, pois o curso vinha ao encontro da expec-tativa gerada pelo próprio tema – meio ambien-te –, além de ser oferecido por profissionais com-petentes na área.

Foram constituídos quatro grupos de pro-fessor@s, um por município, envolvendo direta-mente 273 professor@s, pertencentes a 45 esco-las. Os grupos eram formados por professor@sque atuavam na Educação Infantil, no EnsinoFundamental e Médio, em diferentes áreas do co-nhecimento. A maioria d@s participantes atua emescolas rurais, muitas delas com classes multis-seriadas, uma triste realidade das escolas rurais,que ainda não encontraram caminhos própriospara o desenho curricular compatibilizado coma agricultura ou com as condições sociais e natu-rais da biorregião. Nesse sentido, vale lembrar quea maioria dos livros didáticos traz situações ur-banas completamente distantes dessas realida-des, além de toda uma ideologia explicitada, con-forme mostram inúmeros estudos sobre a quali-dade dos livros didáticos.

Em contrapartida, também conhecemos ainadequada realidade da formação docente ruralque, pela ausência de políticas claras para essasregiões, sofre da lacuna da formação profissional,tanto inicial quanto continuada. Também, embo-ra não de modo linear, a desvalorização econô-mica adentra espectros sociais, reduzindo a sa-tisfação e a participação mais efetiva, além depermitir uma relação pessoal mais difusa.

3a EtapaConhecendo melhor a realidade de interven-

ção e o grupo estabelecido, promovemos, em cadamunicípio, seminários que versavam sobre osfundamentos teóricos da Educação Ambiental, osproblemas ambientais e suas estratégias de solu-ção e o desenvolvimento de projetos de Educa-ção Ambiental no entorno escolar.

Os primeiros seminários realizados foramquinzenais, depois espaçados para mensais, re-alizados na sede dos municípios, nos meses emque @s professor@s exercem as atividades do-centes. Essa fase do trabalho teve a duração de120 horas desenvolvidas nos municípios e mais30 horas de trabalho, envolvendo @s professor@sdos quatro municípios em um seminário reali-zado na URI – Campus de Erechim (I SeminárioRegional de Educação Ambiental). Optamos porencontros mensais, em vez de concentrá-los emum período, pois, desse modo, julgamos favore-

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Formação de professores em Educação AmbientalPAINEL 1

cer o trabalho de pesquisa-ação.No primeiro seminário, foram realizadas ati-

vidades para o planejamento do programa de for-mação. O desenho desse curso foi participativo,conforme as necessidades d@s professor@senvolvid@s, para a definição das metas, da análi-se crítica dos problemas observados e do estabe-lecimento de uma dinâmica que melhor se ade-quasse à construção da Educação Ambiental. Emmomentos posteriores, foram estudados algunsfundamentos teóricos da Educação Ambiental,como “noções de ambiente”, “desenvolvimento eeducação”, “histórico crítico da Educação Am-biental”, “Agenda 21” e outros temas. Esseembasamento teórico possibilitou a avaliação crí-tica dos problemas ambientais, com busca de es-tratégias para a sua solução por meio de engaja-mentos responsáveis e participativos.

Em relação à organização curricular, @sprofessor@s estiveram envolvid@s com doisgrandes documentos básicos: os ParâmetrosCurriculares Nacionais (PCN), propostos peloMinistério da Educação (MEC) para todo o ce-nário nacional, além do Padrão Referencial deCurrículo (PRC/RS), construído no bojo da rea-lidade gaúcha. Tais documentos foram impor-tantes na elaboração dos Projetos Político-Peda-gógicos próprios, facilitando a elaboração deprojetos que possibilitassem a inserção da Edu-cação Ambiental em bases epistemológicas con-cretas, fazendo emergir o diálogo entre a ação ea reflexão para a (re)construção crítica do dese-nho curricular.

Foram realizadas inúmeras oficinas pedagó-gicas e diversos trabalhos de campo, com a in-tenção de subsidiar a prática pedagógica d@sprofessor@s, por meio de reflexões críticas. Du-rante os seminários realizados no segundo se-mestre de 1999, @s professor@s foram desa-fiad@s a elaborar projetos de trabalho, para se-rem desenvolvidos na escola e seus arredores,que contemplassem as temáticas de EducaçãoAmbiental. Esses projetos foram discutidos, pla-nejados, avaliados e implementados.

Também durante os seminários de EducaçãoAmbiental, @s professor@s apresentaram as ex-periências de Educação Ambiental que estavamsendo desencadeadas nas escolas, além de refle-xões sobre o processo e sobre os resultados dos

trabalhos desenvolvidos. Nesse contexto, @sprofessor@s foram estimulad@s a refletir sobre osignificado do que faziam. Não cabia a el@s ape-nas ensinar, mas investigar, refletir, julgar e pro-duzir conhecimentos comprometidos com mu-danças em suas práticas educativas cotidianas.

Os seminários auxiliaram a construção deprojetos de Educação Ambiental para as escolas,além de possibilitarem uma reflexão sobre as con-cepções d@s professor@s a respeito da EducaçãoAmbiental e de como abordá-la pedagogicamen-te, inserindo-a nos currículos. Constituíram, as-sim, um rico espaço para que @ docente pudessevivenciar, trocar experiências, repensar ações, re-visar conceitos, bem como analisar criticamente,junto com seus/suas colegas, a sua práxis, a suacotidianidade de pensar, agir e refletir.

Sempre tivemos, ao longo dos cursos, umaatitude de escuta e de elucidação dos vários as-pectos em estudo, sem imposição dos diversosaspectos da situação e sem imposição unilateralde nossas concepções. A prática reflexiva coleti-va caracterizou-se pelo respeito às diversas opi-niões e por meio dos fóruns democráticos dediscussão, em constante processo de diálogo e(re)construção da Educação Ambiental.

Convém destacar que, no final de 1999,muit@s professor@s estavam envolvid@s emprojetos que visavam à incorporação da Educa-ção Ambiental no currículo escolar.

4a EtapaA partir de 2000, passamos a intervir mensal-

mente, auxiliando a ressignificar a prática do pla-nejamento e a inserir a Educação Ambiental comopolítica efetiva das escolas. A ação conjunta comos grupos de professor@s partiu dos problemas einteresses concretos apontados por el@s própri@se, posteriormente, favoreceu a análise da práticadocente, com a tomada de consciência sobre osmodelos implícitos na mesma.

Os conhecimentos foram construídos naperspectiva de um pensamento globalizado, ar-ticulado em projetos de trabalho, procurandosuperar os limites das disciplinas escolares,enfatizando a articulação da informação neces-sária para tratar o problema objeto de estudo.As relações entre os conteúdos e as áreas do co-

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nhecimento existiram em função das necessida-des que levaram a resolver uma série de proble-mas que surgiram: os temas ou os problemasexigem a convergência de conhecimentos. Aglobalização,

[...] mais do que uma atitude interdisciplinar ou

transdisciplinar, é uma posição que pretende pro-

mover o desenvolvimento de um conhecimento

relacional como atitude compreensiva das com-

plexidades do próprio conhecimento humano

(Hernández e Ventura, 1996: 45) [tradução nossa].

No planejamento, partimos da elaboração de“redes” ou “labirintos”, permitindo ao grupoaproximar-se da complexidade do conhecimen-to em estudo.

As redes conceituais podem ser interpretadas, de

um lado, como analogias semânticas de um re-

corte da estrutura cognitiva (a qual simboliza

nossos saberes) e, de outro, como analogia se-

mântica dos modelos neurônicos (que represen-

tam corporalmente nossos saberes) (Galagovsky,

1993: 307) [tradução nossa].

Elas são guias para os docentes no ensino. Nasredes, os conceitos não necessariamente derivamde outros mais gerais e inclusivos, mas adquiremem si mesmos a categoria de “nós articuladores”,que contribuem para a explicação e a representa-ção de um fenômeno. Por meio da construção dasredes foi possível definir critérios para selecionarconteúdos e visualizar os conceitos periféricos ecentrais. Convém destacar que os objetivos per-seguidos pel@s professor@s não eram apenas deordem cognitiva, mas sempre houve a preocupa-ção com a dimensão afetiva (sensibilização e en-volvimento com a responsabilidade e a ação) vol-tada à transformação (política).

Os projetos desenvolvidos enfatizaram ametodologia de resolução de problemas am-bientais locais como tema gerador da EducaçãoAmbiental (Layrargues, 1999), nos quais o diálo-go foi um caminho para a produção de saberes.Na pesquisa-ação, como afirma Thiollent (1998),todas as pessoas implicadas têm sempre algo a“dizer” e a “fazer”. Os projetos foram desenvolvi-dos numa perspectiva interdisciplinar, procuran-

do integrar as duas perspectivas complementa-res da Educação Ambiental: perspectiva naturale perspectiva cultural (Sauvé, 1997). Os trabalhosde Educação Ambiental priorizaram os proble-mas locais que afetavam as comunidades. Todaa dinâmica do processo foi enfatizada, irradian-do uma concepção pedagógica que visava à com-preensão e à transformação da realidade, fazen-do que a atividade-fim fosse o resultado naturalde uma caminhada reflexiva. A resolução do pro-blema não era entendida pel@s professor@s epela comunidade escolar como uma questãomeramente técnica, pelo contrário, havia umaampliação do trabalho, corroborada pelo proces-so de sensibilização, pela construção de conhe-cimentos, compreensão, pelo envolvimento eresponsabilização da comunidade escolar emrelação aos problemas ambientais locais, permi-tindo uma ação mais responsável no ambiente.

Convém destacar que os projetos desenvolvi-dos nas escolas foram apresentados, sob a formade comunicações orais e de pôsteres, durante o ISimpósio Gaúcho de Educação Ambiental (eventoplanejado com @s professor@s envolvid@s no pro-grama de Educação Ambiental). Os resumos dostrabalhos foram publicados nos Anais do evento,estimulando, além de tudo, a produção e a divul-gação dos conhecimentos.

Uma breve avaliação datrajetória percorridaA trajetória percorrida pelos grupos não foi

linear. Inúmeras dificuldades e vários obstáculosforam sentidos durante o processo, que, em al-guns instantes, fizeram-nos colocar em dúvida opapel da pesquisa-ação na formação de pro-fessor@s em Educação Ambiental. Sabemos queexistem certas divergências quanto à compreen-são da pesquisa-ação – ora compreendida comoum processo de intervenção que oportuniza aautonomia da população envolvida (com ruptu-ra do sujeito-objeto), durante e além do tempoda pesquisa propriamente dita, ora somentecomo um processo de participação ativa quantoà duração da intervenção, em que pesquisador@se pesquisad@s tornam-se sujeitos de um mesmoprocesso (Sato, 2001). Também na educação deprofessores, observamos inúmeras concepções de

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Formação de professores em Educação AmbientalPAINEL 1

pesquisa-ação, influenciadas pelo movimento do“professor como pesquisador” e da noçãocorrelata de “professor reflexivo”. Acreditamosque, independentemente da perspectiva, o obje-tivo da pesquisa-ação é estimular @s professor@sa se aprofundarem na compreensão e na inter-pretação de sua própria prática, com vistas ao seufortalecimento e à sua emancipação.

Tradicionalmente, as pesquisas são percebi-das como um projeto com início, meio e fim,obrigando as escolas a encontrar novas frentes,nascidas no contexto local ou, geralmente, emfunção dos “pacotes” autoritários, tornando oscurrículos inflexíveis e com ausência de políti-cas efetivas de formação de professor@s, para areflexão das ações em desenvolvimento. Argu-mentamos em favor da pesquisa-ação em razãode seu caráter participativo, defendemos o diá-logo como um caminho para a produção de sa-beres que perturbam os discursos hegemônicose que inscrevam no currículo, na escola, novasnarrativas que sejam capazes de desinstalar ve-lhas identidades.

Por meio da avaliação continuada do proje-to, percebemos que o trabalho com projetos vi-sando à resolução de problemas ambientais lo-cais permitiu, durante o período de assessoriaàs escolas:

• a abertura para os conhecimentos e os pro-blemas que circulam fora da sala de aula eque vão além do currículo que tradicional-mente a escola tem desenvolvido;

• em relação à construção do conhecimento,que @s professor@s assumissem seus papéisde problematizadores, mediando o proces-so pedagógico e sublinhando a aprendiza-gem, em vez da centralização do ensino;

• a organização do conhecimento de modomultidisciplinar e, muitas vezes, na perspec-tiva interdisciplinar;

• a participação d@s alun@s em processos depesquisa adequados à realidade vivenciada;

• a participação d@ alun@ no processo de pla-nejamento da própria aprendizagem;

• a compreensão do entorno individual e co-letivo por parte d@s alun@s, e as relaçõescom seus ambientes;

• a comunicação e o intercâmbio entre @s

docentes e demais membros da comunida-de escolar, o que repercutiu não só na me-lhoria da qualidade do ensino, mas tambémno acompanhamento personalizado daaprendizagem d@ alun@.

Como fruto do trabalho desenvolvido, @sprofessor@s de um município estão envolvid@sna construção de um Projeto Político Pedagógi-co (PPP) próprio, que incorpora a dimensãoambiental como política efetiva das escolas. En-xergam a pesquisa-ação como uma forma parareestruturar os currículos escolares e criticam oscurrículos impostos de cima para baixo. Afirmamque, por meio da pesquisa contínua para a reso-lução de problemas ambientais, o currículo podeser construído e transformado pela própria co-munidade escolar. Reconhecem que os efeitos deuma proposta curricular não ocorrem em pra-zos curtos; é preciso tempo para maturação, ava-liação e planejamentos constantes.

O estudo das escolas desse município per-mite-nos afirmar que a Educação Ambientalpode contribuir para modificar as concepções deescola e de Educação (Mayer, 1998):

• de uma escola que transmite conhecimen-tos elaborados em âmbito externo para umaescola que constrói conhecimentos relevan-tes em âmbito local;

• de uma escola onde os objetivos estão vin-culados quase que exclusivamente aos co-nhecimentos (saberes) prontos e acabadospara uma escola que quer enfatizar os senti-mentos, discutir valores, criar novos compor-tamentos; e

• de uma escola estática que é modificada tar-diamente pelos estímulos da sociedade parauma escola que quer modificar a sociedadee que não aceita ser subalterna a outras ins-tituições.

A rede de comunicações estabelecida garantiua troca, o diálogo aberto entre as diferentes árease a ruptura do “eu” individual e periférico paraum “nós” coletivo mais solidário. A proposição ho-rizontal e democrática desse fórum de discussãopossibilitou um processo de contágio no qualtod@s contribuíram para a formação de tod@s,além de serem sujeitos da própria formação. A

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autonomia e a participação desses grupos sociaisrevelaram, assim, que a estratégia utilizada con-solidou processos da pesquisa-ação na educaçãocontinuum da vida docente.

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* Parceiros: Divisão de Ensino Escolar (Ceam/SMA), Divisão dos Núcleos Regionais (Ceam/SMA), Diretoria de Ensino-Mauá, SecretariaMunicipal de Educação (Prefeitura Municipal de Rio Grande da Serra), Núcleo Regional de Educação Ambiental do Grande ABC, Companhiade Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Onaproma (ONG), Lara (Comércio e Prestação de Serviços).

Programa de Educação Ambiental parao município de Rio Grande da Serra/SP– Educando para a cidadania

Marta Ângela Marcondes*

Rio Grande da Serra/SP

O município de Rio Grande da Serra loca-liza-se na região do Grande ABC, que integraa Região Metropolitana de São Paulo/SP. Pos-

sui aproximadamente 33 km² de área totalmen-te inserida em Área de Proteção dos Mananci-ais (APM). Sua população é estimada em 39 mil

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Formação de professores em Educação AmbientalPAINEL 1

habitantes e, desse total, 12 mil pessoas estãoregularmente matriculadas na rede pública deensino do município, que conta com cerca de600 professores, distribuídos em 16 escolas (11estaduais e 5 municipais).

A Sabesp, por meio da proposta da implan-tação do Projeto Ribeirão da Estiva, buscou, apartir de julho de 2000, articular-se com diver-sas instâncias responsáveis pela gestão da áreade interesse. Com a convergência dos interes-ses dos diversos atores da região, formalizou-se uma parceria que consolidou a elaboraçãoe a implantação do Programa de EducaçãoAmbiental para Rio Grande da Serra.

É importante ressaltar que somente pormeio dessa parceria foi possível a realizaçãodesse Programa de Educação Ambiental, se-guindo os preceitos de otimizar esforços e mul-tiplicar resultados.

ObjetivoO programa tem como objetivo capacitar e

envolver os educadores da rede pública do mu-nicípio de Rio Grande da Serra, por meio dadiscussão de temas relacionados aos aspectosqualitativos e quantitativos da água, sanea-mento ambiental e saúde, Agenda 21, legisla-ção ambiental, Política Nacional de EducaçãoAmbiental e Parâmetros Curriculares Nacio-nais, possibilitando o resgate da cidadania e aformação de agentes multiplicadores, com ocompromisso de realizar ações efetivas ligadasà articulação e à integração das diversas inici-ativas das instituições públicas e organizaçõesnão-governamentais que atuam na região, coma perspectiva de recuperação e preservação dasáreas de manancial na zona de abrangência daRepresa Billings.

Para a realização do projeto foram propos-tas as seguintes etapas: reunião com os direto-res e coordenadores pedagógicos das escolas;seminário de sensibilização para as questõesambientais da região e apresentação do progra-ma para os professores; visitas às escolas nosHTPC para a realização das inscrições dos pro-fessores interessados; curso de capacitação comcarga horária de 40 horas; elaboração dos pro-jetos para as escolas (com acompanhamento);

seminário para apresentação dos projetos e re-cebimento dos certificados de participação;implantação dos projetos nas escolas (comacompanhamento); seminário para apresenta-ção dos resultados obtidos nos projetos.

Foram montadas três turmas: Ensino Mé-dio, Fundamental e Infantil, com 40 professo-res cada uma, contemplando todas as escolasdo município.

O certificado de participação será forneci-do pela Coordenadoria de Estudos e NormasPedagógicas (CENP/SEE/SP), segundo a Por-taria da Coordenadoria de 20/6/2001, nos ter-mos da Resolução SE-121/90.

Entende-se a Educação Ambiental comocatalisador do processo de implantação da ges-tão ambiental na referida área. Notadamente,os outros instrumentos de gestão – político-institucionais, legais, de planejamento am-biental, de fiscalização e controle e econômi-co-financeiros – disciplinam, controlam emonitoram o ambiente, mas sozinhos não têmsido capazes de solucionar os processos dedegradação ambiental, que têm uma velocida-de muito maior do que a capacidade do poderpúblico ou da sociedade civil organizada pararealizar ações a fim de estagnar ou reverter essequadro catastrófico em que nos encontramos.

Certamente, a busca da solução dos pro-blemas ambientais necessita ainda de geraçãode conhecimentos e de maiores entendimen-tos sobre as relações existentes nos ecossis-temas, e para isso é necessário desenvolverestudos e técnicas mais apuradas para lidarcom os complexos sistemas ambientais.

A compreensão dos reais riscos existentesna degradação ambiental tende a transformaras pessoas em aliadas na luta pela preservaçãodo meio ambiente e, conseqüentemente, davida no planeta.

Segundo Jacobi (1998), a questão ambien-tal está cada vez mais presente no cotidianoda população das nossas cidades, principal-mente no que se refere ao desafio da preserva-ção da qualidade de vida. A possibilidade demaior acesso à informação potencializa asmudanças comportamentais necessárias paraum agir mais orientado na direção da defesado interesse geral.

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DesenvolvimentoPara atingir os objetivos propostos, o pro-

jeto será desenvolvido em quatro módulos,descritos a seguir. Porém, antes do início doprojeto, serão necessárias reuniões para esta-belecer os contatos iniciais com as escolas ecom as diretorias de ensino estaduais e muni-cipais. Após esse processo, e uma vez estabe-lecido o cronograma, serão, então, desenvol-vidos os quatro módulos.

Reuniões

Reunião de apresentação da proposta,com os participantes a seguir

• Diretoria de Ensino e diretores das escolasda rede estadual

• Secretaria de Educação do Município de RioGrande da Serra:

– diretoras das escolas municipais

– diretora de Educação do município

• Coordenadoria de Educação Ambiental doEstado (Ceam)

• Instituto Acqua.

• Núcleo Regional de Educação Ambiental doGrande ABC

Nessa primeira reunião, as propostas de-vem ser apresentadas e os principais temas aserem abordados durante a capacitação devemser definidos, além de fazer com que o proces-so todo do projeto seja vinculado ao calendá-rio escolar de 2001.

Reuniões de definição do processo juntoàs escolasSeminário de sensibilização

Será realizado um seminário de sensibi-lização para fazer a apresentação das propos-tas do projeto para todos os professores dasredes estadual e municipal. Nesse semináriohaverá a apresentação da problemática am-biental da região, bem como da importânciada Educação Ambiental e de sua relação comos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Serão apresentadas três mesas-redondas,com os enfoques citados anteriormente, e seráformado um grupo de trabalho para a realiza-ção de um diagnóstico da percepção ambientalque o professor possui em relação à região emque ele atua.

Módulos

Módulo I – Capacitação/Informação

Deste módulo estarão participando os co-ordenadores das escolas, bem como as pessoasresponsáveis pela oficina pedagógica da Dire-toria de Ensino de Mauá, os responsáveis pe-las escolas municipais de Rio Grande da Serrae os professores que serão selecionados pelosdiretores e coordenadores das escolas. A sele-ção dos professores ficará a cargo de cada di-retor, porém devem ser obedecidos critériosdeterminados pela comissão de capacitação.

Neste módulo serão realizadas oficinas, pa-lestras e visitas técnicas, que servirão comobase para o conhecimento mínimo sobre:

• qualidade da água;

• mananciais;

• resíduos sólidos em áreas de mananciais;

• uso e ocupação do solo;

• outros temas que poderão ser propostospelos próprios diretores e coordenadoresdurante as reuniões de definições.

Vale ressaltar que todos os temas devemestar relacionados às questões da água.

• Tempo de duração: 40 horas.

• Turmas: 3 turmas com 40 participantescada.

Neste módulo, os educadores receberão in-formações sobre os materiais disponíveis noNúcleo Regional, na Ceam, na Sabesp, bemcomo nas oficinas pedagógicas e na prefeitu-ra, materiais esses que estarão disponíveis parao uso durante a elaboração dos seus projetos ede suas futuras aulas. Para isso, cada uma dasinstituições citadas deverá realizar um inven-tário da disponibilidade e encaminhá-lo paraa comissão de capacitação, para a preparaçãodo módulo.

131

Formação de professores em Educação AmbientalPAINEL 1

Também estão previstas orientações técni-cas aos professores em relação a habilidades,avaliação e registro, que contemplam o traba-lho pedagógico do desenvolvimento do proje-to junto ao aluno e que terão como caráter ope-ratório os conceitos do projeto ensinar eaprender da SEE.

Módulo II – Elaboração das propostas detrabalho das escolas

Neste módulo, os professores serão orien-tados para a elaboração de propostas que se-rão desenvolvidas pela escola como um todo,contando com o envolvimento de todos os pro-fessores, funcionários e alunos. Por exemplo:a Escola E.E. Antônio Lucas trabalhará o tema“Ribeirão da Estiva”.

Nesse caso, poderão ser desenvolvidos tra-balhos de:

• História: levantamento histórico da região.

• Geografia: desmatamento e ocupação –como ocorreram.

• Biologia e Ciências: monitoramento daqualidade da água, situação atual do local.

• Matemática: cálculo de vazão de água dolocal.

• Língua Portuguesa: elaboração dos relató-rios finais.

Os alunos, bem como os professores, a di-reção e os coordenadores, farão pesquisascom a comunidade local, para as mais diver-sas informações. Esse exemplo poderá ser de-senvolvido de várias formas. Os capacitadoresfarão a orientação do formato final do traba-lho para sua implantação. Para isso contare-mos com o apoio dos parceiros, no sentidodas visitas, do material a ser consultado e daorientação.

Estará a cargo de cada escola escolher otema e a forma como será trabalhado; todospoderão criar e inovar suas idéias.

Ao fim dos dois módulos haverá um even-to que apresentará para a comunidade local osprojetos e as propostas. Assim, todos saberãoo que estará acontecendo nos próximos seismeses, para que, quando uma criança, um jo-

vem ou mesmo um adulto das escolas pedireminformações, todos os recebam muito bem eos ajudem no seu projeto.

Será realizado um seminário para apre-sentar as propostas de trabalho. Desse semi-nário participarão todas as escolas com osseus projetos.

• Tempo: deverá ser determinado pela co-missão de capacitação.

• Local: a ser definido.

• Logística: procurar patrocinadores.

Módulo III – Implantação das propostasde trabalho nas escolas

Cada escola estará, dentro de suas possi-bilidades, implantando suas propostas. A co-missão de capacitação estará assegurando seubom desenvolvimento e disponibilizando ma-teriais e ajuda aos palestrantes, quando neces-sário. Cada parceiro deverá dar suporte, quan-do solicitado.

Para o bom desenvolvimento, as escolas eseus projetos serão cadastrados, e cada parcei-ro receberá esse cadastro para saber quais asnecessidades da escola e em que ele poderáauxiliar. Desse trabalho resultarão: redações;relatórios; experimentos; peças de teatro; pai-néis; fotos; pinturas; desenhos; músicas etc.

Módulo IV – Apresentação dos resultados

Para tanto, será realizada uma grande ex-posição, na qual cada escola terá a oportuni-dade de mostrar seu trabalho. Essa exposiçãoserá exibida para a comunidade de Rio Gran-de da Serra, e todos poderão participar e darsua opinião sobre os trabalhos.

Durante a exposição, serão escolhidos, deacordo com cada modalidade, os melhores tra-balhos, e estes poderão ser inscritos em even-tos científicos, como, por exemplo, a ReuniãoAnual da Sociedade Brasileira para o Progres-so da Ciência (SBPC). Dessa forma, os traba-lhos terão um cunho científico-cultural demuito peso como uma grande recompensapara aqueles que o executaram.

Para o desenvolvimento dos módulos pro-postos será necessária a parceria com as se-guintes entidades:

132

• Coordenadoria de Educação Ambiental (Ceam)/Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

• Companhia de Saneamento Básico do Es-tado de São Paulo (Sabesp).

• Coordenadoria de Estudos e Normas Pe-dagógicas (Cenp)/Secretaria de Estado daEducação.

• Instituto Acqua.

• Onaproma – Organização não-governa-mental.

• Núcleo Regional de Educação Ambientaldo Grande ABC.

• Prefeitura de Rio Grande da Serra.

• Diretoria de Ensino de Mauá.

• LARA.

• Outros parceiros que poderão ser propostos.

Cada parceiro deverá se comprometer acumprir as metas dos projetos. Para tal será de-senvolvido um termo de compromisso, quecada um deverá assinar e no qual estará firma-da sua responsabilidade.

MaterialSerá feito um diagnóstico, pelos parceiros,

para verificar como cada um poderá contribuire o que poderá disponibilizar.

CertificaçãoO projeto será enviado para a Coordenado-

ria de Ensino e Normas Pedagógicas (Cenp),para apreciação. Sendo aprovado, os certifica-dos serão emitidos por essa coordenadoria.1

TransporteQuando necessário, deverão ser contatadas

as empresas do município para que possam serparceiros e fornecer esse serviço.

BibliografiaAGENDA 21. Capítulo 36: “Promoção do ensino, da

conscientização e do treinamento”.

AGENDA 21. Capítulo 25: “A infância e a juventude no de-

senvolvimento sustentável”.

CASSINO, Fábio; JACOBI, Pedro; OLIVEIRA, José Flávio.

Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e ex-

periências. São Paulo: Secretaria de Meio Ambiente,

1998.

COIMBRA, José de Ávila Aguiar. O outro lado do meio am-

biente. São Paulo: Cetesb, 1985.

COSTA, Larissa Barbosa; TRAJBER, Rachel. Avaliando a

Educação Ambiental no Brasil: materiais audiovisuais.

São Paulo: Fundação Peirópolis, 2001.

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.

Brasília: SESI-DN, 1997.

ERICKSON, Jon. Nosso planeta está morrendo. São Paulo:

Makron Books, 1992.

FÓRUM DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL /ENCONTRO DA

REDE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Rio

de Janeiro, 1997.

LABOURIAU, Maria Léa Salgado. História ecológica da Ter-

ra. Edgard Blücher, 1994.

SILVA, Jorge Xavier ; SOUZA, Marcelo J. L. Análise

ambiental. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio

de Janeiro, 1988.

SMA/CEAM. Conceitos para se fazer Educação Ambiental.

São Paulo, 1997. (Série Educação Ambiental)

. Programa Estadual de Educação Ambiental.

Coordenadoria de Educação Ambiental.

TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL para sociedades

sustentáveis e responsabilidade global.

UNESCO. Educação para um futuro sustentável: a visão

transdisciplinar para ações compartilhadas. Brasília:

Ibama, 1999.

1 O Projeto foi aprovado e a certificação para os professores será feita pela Cenp.

133

PPPPPAINELAINELAINELAINELAINEL 22222

APRESENTAÇÃO DE PROJETOSDE TRABALHO EMEDUCAÇÃO AMBIENTAL

Maria Fernanda Lopes Pimentel

Antônio Fernando S. Guerra

Andréa Imperador Peçanha Travassos

Elizabeth da Conceição Santos

134

Nas várzeas do Baixo Amazonas, o histórico deuso intensivo dos recursos naturais e de degrada-ção ambiental comprometeu as áreas de matas ealgumas espécies de animais, como o pirarucu(Arapaima gigas) e o peixe-boi (Trichechusinunguis), que se encontram, respectivamente,superexplorado e em via de extinção. O baixo nívelde organização social nas atividades produtivas ea alta incidência de problemas de saúde relacio-nados às precárias condições de higiene básica são,entre outros, fatores que comprometem a quali-dade de vida das populações ribeirinhas. Nesse ce-nário, o Programa de Educação Ambiental (PEA)do Ipam/Projeto Várzea desenvolve, desde 1995,em parceria com a Secretaria Municipal de Educa-ção (Semed), um trabalho educativo de formaçãocontinuada com professores das escolas munici-pais da região de várzea do município de Santarém,com o objetivo de sensibilizar as populações ribei-rinhas sobre os principais problemas socioam-bientais desse ecossistema e de dar subsídios téc-nicos para o manejo sustentável dos recursos na-turais da várzea.

A atuação do PEA está baseada em metodo-logias participativas que trabalham com a cons-trução do conhecimento de maneira criativa edinâmica, fundamentando-se na linha pedagó-gica construtivista e no método de temas gera-dores de Paulo Freire, e está estruturado em qua-tro encontros (módulos), que são desenvolvidoscom professores e lideranças comunitárias, osquais ocorrem nas comunidades ribeirinhas,

com uma carga horária de aproximadamente 25horas/encontro. Nas atividades desenvolvidasdurante os encontros, são abordados sete tópi-cos: sensibilização, fundamentos da educaçãoambiental, ecologia e o manejo da várzea, temaspedagógicos, oficinas temáticas, noite cultural eelaboração de plano ambiental escolar.

O conteúdo e a dinâmica dessas atividadesestão de acordo com o pensamento de com au-tores renomados,1 que consideram que a Edu-cação Ambiental se inicia a sensibilização, parase obter um conhecimento sistêmico do ambi-ente inserido no processo da compreensãoeducativa, gerando assim, o envolvimento daspessoas, que, por meio de responsabilidades,buscarão a ação.

Entre os principais resultados do PEA, pode-mos citar:

• Diversificação de práticas e de recursos pe-dagógicos utilizados pelos professores, con-siderando o ambiente e os recursos naturaiscomo instrumentos facilitadores no proces-so de ensino-aprendizagem.

• Adaptação do conteúdo pedagógico, tornan-do-o mais coerente com a realidade rural.

• Melhor discernimento das relações ecológi-cas do ecossistema da várzea, acompanha-do pela aplicação de pré e pós-testes.

• Participação mais efetiva dos professorese alunos em atividades da comunidade, taiscomo as reuniões do Conselho de Pesca eda Associação Comunitária, entre outros.

1 Michèle Sato. Educação para o ambiente amazônico. Tese (Doutorado). Universidade Federal de São Carlos, 1997.

Programa de EducaçãoAmbiental para o manejoparticipativo dos recursosnaturais da várzea

Maria Fernanda Lopes Pimentel, Maria do Carmo Azevedo e Edinaldo Lopes

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam)

135

Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2PAINEL 2

• Iniciativa da escola em propor e realizareventos que visem ao resgate e à valoriza-ção da cultura local e ações que promovama melhoria da qualidade de vida (elabora-ção de jornais, horta escolar, plantio demudas, coleta e destino adequado do lixo,alimentação alternativa, medicina caseira ecampanha de lixo nas escolas).

• Participação/interação dos professorescomo monitores em Oficinas Abertas de Edu-cação Ambiental.

• Elaboração coletiva do livro Fazendo Edu-cação Ambiental: o mundo da várzea (utili-zado nas escolas envolvidas).

Em razão da limitação de recursos financei-ros e humanos e da preocupação com a susten-tabilidade do programa, a principal dificuldadeencontrada tem sido criar mecanismos efetivosde monitoramento da eficiência e do impacto dotrabalho nas áreas onde os encontros já foram re-alizados. Com base nessas informações, acredi-tamos que a Educação Ambiental tem um papeldeterminante no redirecionamento do futuro dasvárzeas na Amazônia, sendo o processo necessá-rio para suscitar a auto-estima das populações ri-beirinhas, a valorização do meio em que vivem eo exercício da ética e da cidadania no uso dos re-cursos comuns.

Nas áreas costeiras vivem, aproximadamen-te, 60% da população mundial, em uma faixa de60 km de raio dos oceanos. Com o aumentopopulacional, as atividades econômicas de ex-ploração do turismo nessas áreas contribuemcom 70% da poluição ambiental.

O litoral de Santa Catarina possui uma dasáreas mais belas e privilegiadas da Região Sul doBrasil, com praias, estuários, ilhas, lagoas,manguezais, costões e dunas. Ela concentra 68%

Projeto EducAdo: educação ambientalem áreas costeiras usando a Webcomo suporte

Antonio Fernando S. Guerra, Maria Beatriz A. de Lima,Marialva T. D. da Rocha e Marinez Panceri Colzani*

da população do estado, resultado do processointenso de migrações internas (Comitê do Lito-ral Centro-Norte de Santa Catarina, 1996).

O fluxo de milhões de turistas na época do ve-rão e a especulação imobiliária acabam destruin-do ou alterando a qualidade da paisagem, causan-do a perda da beleza cênica e comprometendo oturismo da região. Esse processo aumenta ainda,por exemplo, a destruição dos manguezais e dasdunas e a poluição marinha por esgotos.

* Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Educação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Secretaria de Estado da Educação,Secretaria Municipal de Educação de Itajaí/SC.

136

Diante desse quadro, é preciso não só apro-fundar as pesquisas dos problemas ambientaisdessas áreas, para sua conservação e manejo sus-tentáveis, como também desenvolver um pro-cesso de Educação Ambiental como forma dealcançar esse fim. Infelizmente, o conhecimen-to desses problemas é pouco explorado, ou mes-mo ignorado, nas atividades de ensino nas esco-las da área litorânea, até por falta de preparaçãoe atualização dos professores na “transposiçãodidática” do conhecimento científico produzidonas universidades para os conteúdos do EnsinoFundamental e Médio, levando também em con-ta os impactos da ação humana sobre os ecossis-temas costeiros.

Para minimizar o problema da formação con-tinuada de professores da região litorânea numadimensão ambiental, o Programa de Pós-Gradu-ação, Mestrado em Educação da Univali, em par-ceria com a Secretaria Estadual de Educação eSecretaria Municipal de Itajaí/SC, realizou o Pro-jeto EducAdo – Educação Ambiental em ÁreasCosteiras (Guerra, 2000; 2001), uma propostametodológica de trabalho pedagógico centradanos princípios da cooperação, autonomia einteração entre os “aprendentes” (professoras/esparticipantes, docentes e pesquisadores).

Para dar suporte ao processo de aprendiza-gem cooperativa em Educação Ambiental doprojeto, utilizaram-se as novas Tecnologias deInformação e Comunicação (TIC) – o computa-dor e a rede Internet – como possibilidade deinserção da dimensão ambiental (Guimarães,1995, 2000; Carneiro, 1999; Guerra e Taglieber,2000; Guerra, 2001) nos currículos do EnsinoFundamental e Médio.

Participam do projeto professoras(es) de di-ferentes áreas do currículo de Ensino Fundamen-tal e Médio – Ciências Naturais e Biologia; His-tória; Geografia; Artes; Língua Portuguesa e, ain-da, Informática Educativa. O projeto envolveuinicialmente três escolas: EEB Leopoldo JoséGuerreiro, do município de Bombinhas, a EBMAvelino Werner e o Colégio de Aplicação daUnivali, ambas de Itajaí/SC.

Na primeira e na segunda etapas do projeto,na parte presencial, dez docentes da Univali re-alizaram atividades de inserção pedagógica (AIP)(Guerra, 2001), a saber: oficinas; saídas de cam-

po para áreas do litoral catarinense; atividadesde percepção da paisagem e de sensibilizaçãoambiental, juntamente com uma fundamenta-ção teórica básica em Educação Ambiental e nouso das TIC, levando à aquisição de informaçõessobre problemas ambientais das áreas costeirase no uso das tecnologias.

Foi criado também um ambiente virtual expe-rimental, chamado EducAdo, que utiliza a Internetcomo suporte para o trabalho pedagógico, ao qualos professores tiveram acesso a partir dos encon-tros presenciais realizados no Laboratório deInformática do CEHCOM/Univali. O site está dis-ponível em <http://www.cehcom.univali.br/edu-cado> (ver, na página 139, a Figura 1).

A memória das AIP realizadas foi registradaem páginas da Internet (home pages) construídascooperativamente pelos próprios(as) profes-sores(as) participantes (ver, na página 139, as fi-guras 2 e 3).

Na terceira etapa, os professores desempe-nham o papel de multiplicadores junto à comu-nidade educativa, desenvolvendo projetos coo-perativos voltados para as questões ambientaisda escola e da comunidade local, pelo uso datecnologia como suporte, ativando assim o tra-balho pedagógico nas salas informatizadas des-sas escolas.

Na etapa atual, os participantes estão desem-penhando o papel de multiplicadores em suasescolas, a partir dos projetos cooperativos pla-nejados e executados por eles. São três projetos:

1. Educação Ambiental – Uma proposta de ati-vidades pedagógicas incluindo a Web comoveículo de informação e discussão – Colégiode Aplicação da Univali. Equipe: Professo-ras Maria Beatriz Araújo de Lima e MarialvaTeixeira Dutra da Rocha.

2. Uma escola, uma cidade, um rio – EscolaBásica Municipal Avelino Werner. Equipe:Professoras e professores Marinez PanceriColzani, Viviane S. Russi, Marinete SilvaMartins, Bernardete Coelho Buchele, MaraLucia Rossato, José Ricardo de Miranda,Rosimeri Reis Bastos, Denise PereiraIzidoro, Marinete Siqueira Balelo.

3. Desenvolvimento de conscientização eco-lógica no ambiente escolar – Escola deEducação Básica Leopoldo José Guerrei-

137

Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2

ro, em Bombinhas. Equipe: Professoras eprofessores Elaine Leonora Rolof Jung,Gilberto Manoel Pinheiro, Salete Foppa,Maria Cristina Spies Uhry, SalvelinaRaimundo da Silva.

Na EEB Leopoldo José Guerreiro, emBombinhas, alguns professores já deram um saltoà frente e incluíram desde o início do ano letivo atemática ambiental em seus planos de ensino.

As professoras Elaine Jung e Lúcia Pereira de-senvolvem, com as classes especiais de aceleraçãodo Ensino Fundamental, atividades pedagógicassobre os temas ambientais, produzindo, com seusalunos, materiais como: poesias, cartazes, pintu-ras, bem como o uso da sala informatizada paraapresentações em PowerPoint.

A professora Silvana, que trabalha com a dis-ciplina de Biologia no Ensino Médio e que nãoparticipou diretamente das etapas do EducAdo,entusiasmou-se com as atividades de EducaçãoAmbiental promovidas na escola pela equipe doprojeto e modificou suas estratégias de ensino,incluindo atividades de sensibilização dos alu-nos para problemas ambientais de nossa região.

Nas áreas da Física e da Biologia, a professoraJane, que atende ao Ensino Médio, também seuniu ao grupo e vem desenvolvendo atividadesque mostram os impactos do uso das tecnologiasno meio ambiente, seja mostrando os avanços dasciências, em termos de melhoria da qualidade devida e de saúde, seja também com as práticaspoluidoras e danosas aos seres vivos. Seus traba-lhos também estão sendo cadastrados e arquiva-dos para mostrar o grau de desenvolvimento daconsciência ecológica dos alunos.

Na disciplina Introdução à Informática, oprofessor Gilberto Pinheiro vem incentivando osalunos e abrindo campo para o aprofundamen-to desses temas durante suas aulas no EnsinoMédio. O tema Educação Ambiental é abordadopelos alunos que, já sensibilizados pelas demaisdisciplinas, trazem os problemas para a tela doscomputadores, produzindo e editando textoscom desenhos e figuras a respeito de poluição,extinção das espécies e outros temas afins.

Esses trabalhos ficam disponíveis para aces-so em apresentações em PowerPoint e são com-partilhados com os alunos de toda a turma; mais

tarde, serão aprofundados pelos próprios alunos.Na área de Matemática, mais especifica-

mente com as 5as séries do Ensino Fundamen-tal, os alunos também estão começando a seratingidos por trabalhos que abordam as preo-cupações ambientais de nossa sociedade. As-sim, nas aulas são apresentados problemas emque, por exemplo, se fazem cálculos sobre de-vastações da mata na região, do volume de pro-dução de lixo e de poluentes que chegam àspraias de Bombinhas.

Outras atividades, como caminhadas ecoló-gicas e saídas de campo com as turmas, come-çam a ser incluídas no planejamento curriculare concretizadas com o apoio de outros profes-sores da escola.

Também as professoras Salvelina, MariaCristina e Salete, do 1o e 2o ciclos do Ensino Fun-damental, vêm incentivando em suas atividadespedagógicas a realização de exercícios com te-mas ambientais e têm colhido os seus frutos.

À medida que as atividades dos projetos vãosendo concluídas com cada turma, nas reuniõesde estudo, que se realizam mensalmente, cadaprofessor faz suas observações e sua avaliaçãosobre o grau de aprendizado e de sensibilizaçãoambiental de seus alunos. Esses materiais e re-latórios estão sendo cadastrados e arquivadospara avaliação e inserção no site do ProjetoEducAdo e do projeto cooperativo da escola.

As professoras Maria Beatriz Araújo de Limae Marialva Teixeira Dutra da Rocha, participan-tes do projeto e agora mestrandas do PPG –Mestrado em Educação da Univali, também par-ticiparam do Projeto EducAdo pelo Colégio deAplicação. Suas pesquisas procurarão delinearnovas formas de trabalhar a temática ambientalno currículo escolar, de uma forma cada vez maisintegrada, o que configura a vivência dos pro-cessos de interdisciplinaridade e transversalida-de para inserção da dimensão ambiental, ou seja,da Educação Ambiental no currículo da escola.

Durante a Semana do Meio Ambiente desteano, nas escolas participantes, foram apresenta-dos, sob a forma de painéis, os trabalhos em de-senvolvimento com os alunos do 1o e 2o ciclosdo Ensino Fundamental, nas disciplinas de Ci-ências, História, Matemática, Língua Portugue-sa e Artes e Informática Educativa e, no Ensino

138

Médio, Biologia, Química e Sociologia.Na EBM Avelino Werner, além da apresenta-

ção das atividades realizadas pelos alunos daEducação Infantil, foram expostos trabalhos nasdisciplinas de Ciências, História, Matemática,Língua Portuguesa, Inglês, Artes, Ensino Religi-oso. Além disso, foram realizadas atividades pe-dagógicas como oficinas (organização de ter-rários, montagem de pipas e uso de softwareseducativos com temas ecológicos, na salainformatizada da escola). Foram realizadas tam-bém entrevistas com alunos e professores,registradas em filme e em fotografia.

No Colégio de Aplicação da Univali, as pro-fessoras organizaram uma caminhada ecológicaao Morro da Cruz, em Itajaí, para registrar em fo-tografia, com os alunos, as agressões humanas aoambiente natural e a modificação da paisagem.No alto do morro organizaram uma atividade depercepção ambiental chamada “Mapa mental”,que tem como objetivos: rememorar o trajeto co-tidiano que os alunos percorrem no deslocamen-to até a escola; destacar mentalmente pontos dereferência que diariamente eles encontram nocaminho; debater em grupo, em busca de nego-ciação, onde cada aluno mora e como represen-tar num mesmo mapa os diferentes caminhospercorridos; e despertar os sentidos de localiza-ção e valorização do ambiente que o cerca.

Cada equipe, composta de quatro a cincoalunos, representa numa cartolina um mapacontendo o trajeto que cada um deles percorreude sua casa até a escola. Depois de negociarem aorganização de um novo mapa, ele é apresenta-do ao grande grupo. Ao fim das apresentações,as equipes reúnem os respectivos mapas, a fimde ter uma visão geral da região.

Em Bombinhas, professores e alunos parti-ciparam, durante o Dia do Meio Ambiente, deuma palestra com ambientalistas na EscolaLeopoldo José Guerreiro para esclarecer umapolêmica que ocorreu na comunidade e que le-vou à suspensão da criação do Parque Nacionalda Costeira de Zimbros, em Bombinhas.

Pretende-se agora ampliar o projeto, apre-sentando-o às secretarias municipais de outrosmunicípios do litoral de Santa Catarina, para que

ele possa ser utilizado como uma metodologiapara a formação continuada de professores, con-tribuindo assim para as discussões sobre a in-serção da dimensão ambiental no currículo es-colar de uma forma transversal e interdiscipli-nar, como sugerem os Parâmetros CurricularesNacionais. Essa também é a meta do MEC com aimplantação do Programa Parâmetros em Ação.

BibliografiaCARNEIRO, S. M. C. A dimensão ambiental da educação

escolar de 1a a 4a séries do Ensino Fundamental na rede

pública da cidade de Paranaguá. Curitiba, 1999. Tese

(Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento), Uni-

versidade Federal do Paraná.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à

prática educativa. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GUATTARI, F. As três ecologias. 4. ed. Campinas: Papirus,

1993.

GUERRA, A. F. S. Projeto EducAdo: Educação Ambiental em

áreas costeiras usando a Web como suporte. Itajaí:

Univali, 2000. 26 p. (Univali – Programa de Pós-Gradua-

ção, Mestrado em Educação – Projeto em andamento).

. Diário de bordo: navegando em um ambiente

de aprendizagem cooperativa para Educação Ambiental.

Florianópolis, 2001. Tese (Doutorado em Engenharia de

Produção), Universidade Federal de Santa Catarina. 336 p.

GUERRA, A. F. S.; TAGLIEBER, J. E. Uma reflexão sobre a

dimensão ambiental na educação e as representações

docentes. In: Seminário de Pesquisa da Região Sul, 3,

2000. Anais… Porto Alegre: UFRGS, 2000. Disponível

também em CD-ROM.

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. 3. ed.

Campinas: Papirus, 1995.

. Educação Ambiental – temas em meio ambi-

ente. Duque de Caxias: Unigranrio, 2000.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fun-

damental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Am-

biente; Saúde. Brasília: SEF/MEC, 1998.

. Programa de desenvolvimento profissional

continuado Parâmetros em Ação. Brasília: SEF/MEC,

2000. 2 v.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21. Carta da

Terra. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento. Brasília: Ministério do Meio

Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, 1992.

RELATÓRIO DO COMITÊ DO LITORAL CENTRO-NORTE

DE SANTA CATARINA. Itajaí, Faculdade de Ciências

do Mar/Associação de Municípios da Foz do Rio Itajaí-

Açu, 1996.

139

Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2

Anexo

Páginas da Web construídas pelo grupo de professoras do município de Bombinhas.

Página da Web de abertura do Ambiente do EducAdo (disponívelem <htttp://www.cehcom.univali.br/educado>

Figura 1

Figura 2 Figura 3

140

ResumoO projeto de Educação Ambiental “Reciclando

a Solidariedade” surgiu a partir da observação de

que, em determinadas regiões do Brasil, existe um

consumo exagerado de recursos naturais, enquan-

to em outras as pessoas sofrem com a carência até

mesmo de materiais básicos para o seu desenvol-

vimento. Foi exatamente pensando nesses contras-

tes que, em 1999, nasceu a idéia de produzir, junto

com as crianças e os adolescentes das escolas es-

taduais e particulares da região de Nazaré Paulista,

município-sede do IPÊ, cadernos novos a partir

do papel de cadernos já utilizados anteriormen-

te pelos alunos. O material resultante seria doa-

do a outros estudantes – no caso, filhos dos as-

sentados rurais do Pontal do Paranapanema, uma

das regiões mais pobres do estado de São Paulo.

A produção de tais cadernos envolve, além do ato

de solidariedade, uma série de disciplinas que enri-

quecem o currículo do aluno, trabalhando o meio

ambiente de forma interdisciplinar. Dessa forma, o

aluno adquire uma série de conhecimentos sobre a

sua realidade e sobre a realidade de quem irá receber

o caderno. Desde seu início até o presente momento,

o projeto já envolveu mais de quinhentos estudan-

tes, dezenas de professores e coordenadores do En-

sino Fundamental e Médio, em que cada aluno teve

a oportunidade de produzir um exemplar.

Os temas trabalhados na produção de tal ma-

terial foram: biodiversidade, água, desmatamento,

lixo e saúde, entre outros. Essa estratégia tem con-

tribuído de forma muito significativa para a am-

pliação da visão de mundo de ambas as partes.

IntroduçãoO Brasil é reconhecidamente um país de

muitos contrastes e diferentes realidades, tantodo ponto de vista econômico quanto do social edo ambiental, o que nos incita à reflexão sobreas causas e as maneiras como podemos contri-buir para minimizar os impactos gerados. Umdos mais marcantes contrastes observados en-tre a população do país diz respeito ao acesso abens de consumo, considerados imprescindíveispara se ter um estado de “bem-estar” e confor-to. Porém, grande parte da população brasileiranão tem acesso a esses bens e mesmo assim temsido obrigada a conviver com problemas gera-dos por esse modelo de desenvolvimento. Há,ainda, uma falta significativa de políticas públi-cas capazes de contribuir para a diminuição dosproblemas socioambientais.

Um exemplo marcante da atualidade é agrande quantidade de lixo produzido principal-mente nas grandes cidades. Os bens gerados são

muitas vezes descartados e não devidamentereaproveitados. Esse processo vem causandouma série de graves problemas, que não são tra-tados com a atenção merecida.

O Brasil, infelizmente, continua estimulan-do um consumo desenfreado e insustentável,causando danos muitas vezes irreparáveis comconseqüências nefastas para o meio ambiente epara as populações menos privilegiadas. Emnome do crescimento econômico, os impactossão tratados como secundários e acabam refle-tindo na qualidade da vida de maneira geral.

Com base nessas realidades, o projeto“Reciclando a Solidariedade” foi concebido paraintegrar duas regiões onde vem atuando o IPÊ(Instituto de Pesquisas Ecológicas), organizaçãonão-governamental sem fins lucrativos. O pro-jeto está sendo realizado em dois contextos di-versos do estado de São Paulo: em Atibaia, loca-lizada em região de alto padrão socioeconômico,e em Teodoro Sampaio, município menos privi-

Reciclando a SolidariedadeAndréa Imperador Peçanha Travassos, Maria das Graças de Sousae Suzana Machado Pádua

Projeto IPÊ/SP

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Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2

legiado, situado em área de conflitos sociais in-tensos.

O projeto tem por objetivos chamar a aten-ção de alunos e professores para as diferençassocioambientais existentes no país e propiciaroportunidades para que cada um desenvolva ati-vidades que integrem a preocupação ambientalàs questões sociais marcantes de cada região. Oprojeto inclui etapas nas quais os alunos são en-corajados a trabalhar a reciclagem de papel, pro-duzindo cadernos novos com materiais criativos,a partir de outros que seriam descartados semutilização. Tem ainda a chance de travar contatocom indivíduos de classes sociais diferentes, es-timulando a solidariedade e a cooperação. A éti-ca perpassa todas as etapas do projeto, de ma-neira a interconectar as diversas disciplinas pormeio da temática ambiental.

Atibaia e Teodoro SampaioO estado de São Paulo é o mais rico da nação

brasileira, o que, infelizmente, não impede aexistência de fortes contrastes socioambientaisem suas regiões. Muito ao contrário, a riquezamal distribuída tem gerado diferenças marcantese a pobreza tem-se intensificado. A região deCampinas e arredores, por exemplo, consolidoudesde os anos 1970 seu papel como o maior póloeconômico, terceiro no país depois de São Pauloe Rio de Janeiro. Sua estrutura industrial émarcada pelo crescimento dos setores de bensde capital e consumo, e sua agricultura é domi-nada por produtos de exportação. Tais fatoresvêm atraindo milhares de pessoas, que migramprincipalmente da Região Metropolitana de SãoPaulo em busca de novas perspectivas econômi-cas e de melhores condições de vida. Emcontrapartida a esse desenvolvimento econômi-co, há uma crescente degradação ambiental naregião, com desmatamentos cada vez mais visí-veis nos remanescentes da Mata Atlântica, quevem cedendo lugar à especulação imobiliária.Esses fatores têm contribuído de maneira signi-ficativa para a perda da biodiversidade, oassoreamento dos rios e uma crescente produ-ção de esgoto doméstico. Apesar de haver umsistema de coleta de lixo na maioria dos municí-pios da região, resíduos industriais e domésti-

cos não são devidamente tratados, provocandograndes danos à qualidade da vida em geral.

O município de Atibaia, que faz parte da re-gião de Campinas, tem mais de cem mil habi-tantes e está a 70 km de São Paulo e 60 km deCampinas. Cerca de 85% da população vive emárea urbana, com média salarial de aproximada-mente três salários mínimos, e 93% de sua po-pulação é alfabetizada.

Já o município de Teodoro Sampaio possuiaproximadamente 20 mil habitantes. Localiza-seno extremo oeste do estado de São Paulo, em re-gião conhecida como Pontal do Paranapanema. Aárea tem chamado a atenção por conflitosfundiários recentes, tendo sido historicamente lo-cal de um processo de ocupação conturbado, mar-cado por grilagem de terras e pela destruição degrandes reservas florestais. Esse processo contri-buiu de modo significativo para a perda dabiodiversidade, para a degradação dos solosagricultáveis e para as diferenças sociais marcantes,comuns até hoje. É a segunda região mais pobredo estado de São Paulo e seus índices de analfabe-tismo e mortalidade infantil são muito altos.

O projeto Reciclando a Solidariedade tem sidodesenvolvido nessas duas regiões, principalmen-te em Atibaia, onde envolve estudantes de duasescolas da cidade: a E. E. Major Juvenal Alvim e oColégio Espaço – Educação Básica. O projeto pro-põe-se a ser um elo entre essas duas regiões e ser-vir para o intercâmbio entre elas, utilizando o ca-minho da ética e da transversalidade.

MetodologiaA metodologia consiste em várias etapas in-

terligadas. Primeiramente, os alunos observamo desperdício dentro da própria sala de aula.Quase nenhum estudante inicia um ano letivoutilizando cadernos do ano anterior. Muitas ve-zes, com uma quantidade enorme de folhas ain-da não utilizadas, esses cadernos são descarta-dos, aumentando a geração de lixo. Existe aindao grande impacto que ocorre na própria produ-ção dos cadernos, incluindo as árvores cortadaspara esse fim.

O processo inicia-se com a sensibilizaçãodos diretores, coordenadores e professores dasescolas participantes, a fim de garantir a conti-

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nuidade do projeto e a produção de novos ca-dernos pelos alunos, em oficinas de reciclagem.O planejamento é crucial para o desenrolar dasatividades, porque, além de ser o momento deentrar em contato com a proposta, estimula acriatividade dos professores para elaborar me-canismos que integrem as diversas disciplinasque lecionam. Desperta também a criação demeios de traduzir diferentes conteúdos aos alu-nos participantes, enriquecendo o processoeducacional.

Para produzir cadernos novos a partir de ca-dernos antigos é necessário fazer uma grandecoleta desse material, e isso ocorre de diferentesformas: campanhas efetuadas pelos diretores,coordenadores, professores e alunos nas própri-as salas de aula das escolas participantes; cam-panhas realizadas pelos alunos em seus respec-tivos bairros junto a vizinhos, amigos e paren-tes. Nessa etapa, é essencial introduzir estraté-gias de conscientização sobre a questão dareutilização e da reciclagem do papel e sobre anecessidade de contribuir de forma específicapara uma população escolar menos privilegia-da, no caso: a de Teodoro Sampaio.

Com os cadernos coletados, dá-se início à se-paração das folhas. As já escritas são encaminha-das à reciclagem e as em branco são empilhadasem blocos que formam novos cadernos. Os espi-rais e as capas são encaminhados para reutilizaçãopor uma outra instituição de fins ideais, o ProjetoCurumim, que vem se dedicando, por meio dareciclagem de papel, à melhoria da qualidade devida de crianças que viviam como coletores nolixão da cidade. Em seguida, os alunos que já se-pararam folhas suficientes para a confecção denovos cadernos são convidados a participar deuma oficina de reciclagem de papel, na sede doProjeto Curumim. Cada aluno contribui com 2quilos de alimentos não-perecíveis, o que enco-raja sentimentos de reconhecimento e dá a eles aoportunidade de sentir o prazer da doação. O des-locamento até a sede do projeto ocorre em trans-porte cedido por algum empresário local, propri-etário de empresa de ônibus, sensível às questõessocioambientais que o projeto vem trabalhando.

Durante a oficina, existe uma integração en-tre crianças e adolescentes de diferentes níveissociais, pois os professores que ensinam como

produzir papel reciclado são meninos e meni-nas que outrora viviam da coleta de lixo. Taisoportunidades são raras no Brasil e ajudam aaumentar a auto-estima de alguns e estimular asolidariedade de outros.

Cada aluno participante produz duas folhasde papel reciclado, que são respectivamente acapa e a contracapa do novo caderno. As folhassão levadas à escola envoltas em jornal e levamquatro dias para secar. Só então são enviadaspara uma encadernadora.

Os professores utilizam-se do processo pro-dutivo dos novos cadernos para interconectar asdiversas disciplinas. Os temas trabalhados vari-am, mas envolvem as diferentes áreas de estudodas seguintes formas:

Língua Portuguesa: interpreta textos, criamúsicas, poemas e redações relacionados aotema abordado, material que é depois inse-rido nos cadernos, juntamente com uma pe-quena autobiografia elaborada por cada umdos alunos.

Ciências: trabalha a riqueza biológica exis-tente na Mata Atlântica e a conseqüente per-da ocorrida ao longo do tempo, em virtudedo desmatamento e de outros impactos.

Geografia: localiza geograficamente os doismunicípios envolvidos no processo – Atibaiae Teodoro Sampaio – com seus respectivosvizinhos, principais vias de acesso, baciashidrográficas e uso e ocupação do solo.

História: pesquisa o processo de degrada-ção da Mata Atlântica ocorrida em São Pau-lo, as questões relacionadas à forma de co-lonização de cada região, a grilagem de ter-ras realizada por grandes proprietários noPontal do Paranapanema e a ocupação maisrecente conduzida pelo Movimento dosSem-Terra (MST).

Matemática: estima as árvores necessáriaspara a produção de papel, bem como a quan-tidade salva pela sua reutilização. Confecci-ona gráficos que mostram as vantagens eco-nômicas e ambientais da reciclagem.

Educação Artística: utiliza várias técnicasde pintura e colagem na elaboração de ca-pas artísticas, ilustradas com exemplares daMata Atlântica ou com enfoque nos temasabordados.

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A cada ano, têm sido produzidos cerca de 300novos cadernos, que são enviados a locais caren-tes de materiais educacionais. No caso deTeodoro Sampaio, os cadernos foram levados àComissão de Educação do MST do município. Oscadernos foram entregues durante cerimôniaespecialmente preparada com dois representan-tes dos alunos e duas professoras participantesdo projeto. Como sinal de gratidão, as professo-ras receberam dos representantes do MSTecharpes confeccionadas pelas mulheres, e osalunos, uma bandeira do movimento, o que re-presenta um gesto de extremo respeito e consi-deração. Mais uma vez, os alunos tiveram a opor-tunidade de vivenciar realidades bem distintasdaquelas em que vivem.

ConclusãoO projeto Reciclando a Solidariedade de-

monstra que, por meio de uma iniciativa simplescomo o reaproveitamento de papel para a con-fecção de novos cadernos, é possível não apenastrabalhar o tema meio ambiente de forma trans-versal, como também provocar reflexões e açõesde solidariedade e cidadania junto a alunos doEnsino Básico. Há, cada vez mais, a necessidadede se envolver estudantes em processos de trans-formação que os tornem cidadãos atuantes compreocupações éticas no convívio com a naturezae com os demais seres vivos. Tais processos sãofundamentais para a construção de um planetamais sadio e de uma sociedade mais justa.

Educação Ambiental e festaspopulares – um estudo de caso naAmazônia utilizando o FestivalFolclórico de Parintins/AM*****

Elizabeth da Conceição Santos

Universidade do Amazonas – Centro de Ciências do Ambiente – Escola de Educação Ambiental

IntroduçãoUma inquietação constante provocada pela

visão reducionista da questão ambiental, quer pelamídia, quer pelos sistemas educacionais, tem im-pulsionado um profundo envolvimento na buscade alternativas que permitam, principalmente àpopulação dos países emergentes, uma reflexãocrítica da realidade, a fim de contribuir para fo-mentar mudanças individuais e coletivas que pos-sam minimizar as desigualdades estabelecidas emtodo o planeta. Esta pesquisa constitui, em parte,a convergência desses estudos e intervenções, tan-to no ensino formal como no não-formal.

A desarticulação do componente social e aredução do tratamento ambiental ao meramen-te ecológico respondem, por um lado, ao esque-ma positivista da ciência e do conhecimento, im-pedindo uma adequada compreensão das com-plexas e múltiplas expressões dos fenômenos darealidade. É nesse aspecto que se propõe a Edu-cação Ambiental como uma estratégia para re-ver os reais fins da educação. Por outro lado, nãose pode negar que a Educação Ambiental, em suatrajetória, vem comportando tratamentosreducionistas que refletem os interesses dos paí-ses desenvolvidos, voltada exclusivamente para

* Tese (Doutorado em Educação). 2001, Instituto de Educação, UFMT.

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os fatores ecológicos, primordialmente quanto àmanutenção dos ecossistemas remanescentes doplaneta e o domínio econômico que consolidamas relações de desigualdades sociais.

Adotando a perspectiva crítica para a Educa-ção Ambiental, consideramos que ela se perfila im-plicitamente no questionamento da ordem socio-econômica vigente, das superestruturas, estrutu-ras e infra-estruturas que a sustentam; na análisedos fatores da crise ambiental, a partir de umaperspectiva predominantemente econômica e so-cial, fundamentada na análise crítica das desigual-dades locais, regionais, nacionais e internacionais,com respeito ao aproveitamento e à destinação dosrecursos, à melhoria das condições de produção, àcoletivização e à democratização das organizaçõessociais ou das estruturas políticas.

A pesquisa tende a desenvolver um processocapaz de permitir a incorporação desses pressu-postos teóricos e que vislumbre a possibilidadede, por sua natureza, se revestir de atrativos ca-pazes de não só atrair parcelas da sociedade pararefletir sobre a problemática ambiental contem-porânea, como também estimulá-las a atuar natransformação dessa realidade. Defendendo umavisão dos fenômenos que leve em conta os com-ponentes de uma situação em suas interações einfluências recíprocas, a investigação define-secomo abordagem qualitativa, como um estudo decaso etnográfico (André, 1998: 49-52).

A pesquisa pretendeu verificar a possibilida-de de as festas populares, que apresentam atemática ambiental no seu contexto, permitiremefetivar um trabalho de sensibilização, conside-rando que, por meio delas, a comunidade resis-te pontualmente às investidas do poder, ao de-nunciar e ao expor as atrocidades cometidas his-toricamente pelas relações econômicas determi-nadas pelos países ricos, que repercutem nomeio ambiente dos países emergentes em todaa sua dimensão e complexidade.

Educação e meio ambiente nocontexto contemporâneoA visão mecanicista e reducionista do mun-

do tem sido precisamente uma das causas fun-damentais da crise imperante nos últimos sécu-los – a crise ambiental do século XX é uma crise

planetária, uma crise de conhecimento e de for-mas de conhecimento; um desafio à interpreta-ção do mundo. A crise da educação é um dosaspectos relevantes da grande crise contempo-rânea. A crise obriga a falar de paradigmas e demudanças de paradigmas. Entender a criseambiental como fenômeno global significa terde se aproximar dela a partir de um novoparadigma conceitual e metodológico que per-mita explicar a complexidade e trabalhar sobreela. A contribuição de Edgar Morin (1996), pormeio do paradigma da complexidade, permitepensar a problemática ambiental contemporâ-nea, a fim de minimizar os estragos que as vi-sões simplificadoras fizeram não só no mundointelectual, mas também na vida. A contribui-ção de Alvin Toffler (1998), ao categorizar as on-das de mudanças vividas pela sociedade, con-duz à análise das transformações ocorridas paraa superação dos conflitos que surgem. Um novoparadigma ambientalista que venha substituiro existente deverá revisar não só a natureza dasconcepções humanas em relação ao meio, mastambém a ciência que foi influenciada por e in-flui sobre elas. O paradigma ambientalista comoresultante da fusão dos enfoques paradig-máticos de tipo ético e científico, ou seja, obiocêntrico e a complexidade, proporciona omarco adequado para situar, na conjuntura atu-al, a Educação Ambiental (Novo, 1995). A Edu-cação Ambiental entendida no novo paradigmaambientalista deixa de ser um processo de sim-ples mudanças éticas, conceituais ou metodo-lógicas e permite formular teorias e leis para aação educativo-ambiental. Contemplando essespressupostos teóricos, o presente trabalho, pormeio de uma estratégia assentada nas práticasculturais das populações amazônicas, objetivouconstruir um processo de sensibilização e decomprometimento da sociedade para com aquestão ambiental.

Manifestações culturais na Amazônia emeio ambiente

Partiu-se do reconhecimento de que aAmazônia foi apresentada ao mundo, envoltaem mitos, como uma região uniforme e mo-nótona, um espaço sem gente e sem história,

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passível de qualquer manipulação por meio deplanejamentos feitos a distância, ou sujeita apropostas de obras faraônicas, vinculadas a umfalso conceito de desenvolvimento. Ab’saber(1990) ressalta a necessidade da elaboração deum sistema de educação ativo e criativo, adap-tado a um modo de vida harmônico com ascondições ambientais e culturais da região,com respeito total aos valores das comunida-des autóctones. Nesse contexto amazônico,definido na conjuntura atual, destacam-se ma-nifestações culturais que culminam, muitasvezes, na realização de festas populares, reli-giosas ou profanas, revestidas da miscigenaçãoque integra historicamente as matrizes cultu-rais dos povos amazônicos. Essas manifesta-ções culturais que, integrando calendários tu-rísticos, emergem de cada município amazo-nense, apresentam, para esta pesquisa, duascaracterísticas fundamentais: o fato de atraí-rem multidões, pelo fascínio da temática e/oupela oportunidade de diversão; e o fato de mui-tas delas permitirem a incorporação da temá-tica ambiental no seu desdobramento. Entreas manifestações culturais que reúnem essascaracterísticas, a que é considerada como amaior festa popular da Região Norte é o Festi-val Folclórico de Parintins, evento anual, quese realiza nos dias 28, 29 e 30 de junho, tendocomo tema central um auto popular brasilei-ro, o Bumba-meu-Boi, Boi-Bumbá, ou simples-mente Boi, com modificações e adaptaçõeseminentemente amazônicas.

O município de Parintins é analisado naconjuntura regional por meio de vários parâ-metros: aspectos históricos, relevo, vegetação,clima, hidrografia, economia, educação, saú-de, infra-estrutura e serviços públicos, e sobinstrumentos legais que sustentam as orien-tações de gestão ambiental. A etnografia, naperspectiva da descrição densa, proposta porGeertz (1978), é assumida pela pesquisa comoprocedimento metodológico que permite des-crever o Boi como prática cultural e como ati-vidade impactante. Isso significa inscrever a di-mensão educativa do Boi na problemática daEducação Ambiental como campo teórico-prá-tico, buscando uma adaptação da etnografia àeducação.

Boi-Bumbá como prática cultural

As potencialidades do Boi-Bumbá como prá-tica cultural são enfatizadas, do ponto de vistade sua produção e/ou incorporação ao sistemaeducacional de Parintins. O Boi-Bumbá é anali-sado como prática cultural, buscando-se identi-ficar as potencialidades existentes nessa mani-festação, com o propósito de que as condiçõesconcretas de vida de seus portadores sejam umavia de acesso ao conhecimento de suas ideolo-gias, de seus valores e de suas práticas culturais,para colocá-los a serviço da questão ambiental.

Parte-se dos vestígios das origens do Boi-Bumbá que, por ser uma manifestação culturallocal e regional, requer a utilização do conceitode cultura como suporte teórico de referência; aabordagem do Boi, como prática cultural, buscasubsídios na perspectiva da teoria interpretativada cultura. A análise prossegue concebendo afesta como um momento extraordinário quepossibilita viver uma ausência fantasiosa e utó-pica de miséria, trabalho, obrigações, pecados edeveres, tendo, portanto, um caráter dionisíaco,permitindo compreender a elaboração das opi-niões comuns e das crenças coletivas, na análisede Maffesoli (1987). Incorporam-se referenciaisdos estudos de Turner (1974) e de DaMatta(1998), para considerar as festas como palco dastransformações culturais e cenários importan-tes da vida social; como lugar dos conflitos, dasexclusões, de controle, de disciplina, da educa-ção e da reforma do povo, assim como de resis-tência a todos esses processos.

De posse desses pressupostos, a pesquisaprossegue na sua primeira intervenção, com oobjetivo de verificar se as manifestações cultu-rais e, mais especificamente, a do Boi-Bumbá,explicitam-se nos currículos escolares de Parin-tins, assim como sua vinculação com a questãoambiental. Concebe a escola como um territó-rio de luta, e a pedagogia, uma forma de políticacultural (Giroux e Simon, 1999); por sua vez, con-cebe o currículo como uma frente privilegiadade luta de qualquer estratégia de intervençãocultural do processo de transformação.

Definiram-se como universo da pesquisa as12 escolas localizadas na zona urbana de Parin-tins, da esfera estadual, atuando no 3º e 4º ciclos

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(5a a 8a série) do Ensino Fundamental. O proces-so de investigação empenhou-se em incorporaros pressupostos básicos implícitos em uma abor-dagem qualitativa, utilizando entrevistas semi-estruturadas em conjunto com a observação par-ticipante e a análise de documentos como alter-nativa para recolhimento de dados, bem comoo desenvolvimento de categorias para procederà análise das respostas concedidas. Foram efeti-vadas 12 entrevistas com a direção de cada es-cola e 78 com os professores das disciplinas quecompõem a grade curricular das escolas envol-vidas na pesquisa. A triangulação dos resultadospermitiu a descrição crítica da incorporação dasmanifestações culturais do Festival Folclóriconos currículos e sua vinculação com a questãoambiental, tendo o meio ambiente como tematransversal, conforme preconizam os ParâmetrosCurriculares Nacionais.

Boi-Bumbá como atividade impactanteA pesquisa propôs-se levantar indicadores do

Boi-Bumbá como atividade impactante para, emconjunto com os indicadores do Boi-Bumbácomo prática cultural, projetar e avaliar um pro-grama de Educação Ambiental a ser trabalhadopela população residente na sensibilizaçãoquanto à questão ambiental. Ao referencial teó-rico são acrescidas reflexões sobre o fenômenoturístico e sua vinculação com a indústria cultu-ral que, segundo Coelho (1998), é vista ora comoresponsável pela alienação das massas, ora comoreveladora para o ser humano de suas significa-ções e do mundo que o cerca.

Os impactos socioambientais do turismosão discutidos convergindo para as con-seqüências sobre a cultura das regiões visita-das, numa demonstração de que os impactosdesfavoráveis se apresentam com maior inten-sidade nos locais onde acontece a convergên-cia de um fluxo turístico de massa, como emParintins, que, pelos dados estatísticos, chegaa dobrar de população residente na zona ur-bana, por ocasião do Festival.

Voltando-se para a população residente, apesquisa efetiva a segunda intervenção na reali-dade, objetivando o levantamento da situaçãoambiental de Parintins a partir da percepção da

população local. Utilizou-se um instrumentoque permitiu registrar os dados a partir de en-trevistas semi-estruturadas. Apesar de, na abor-dagem qualitativa, preponderarem pequenasamostras, definiu-se entrevistar 500 residentes,numa população urbana de aproximadamente50 mil habitantes. Optou-se por amostragemaleatória, podendo ser caracterizada comoamostragem por conglomerado, considerandoque os entrevistados foram envolvidos no ambi-ente escolar e fora dele. O instrumento para acoleta de dados foi utilizado como um guia,estabelecida a abordagem qualitativa, e foi ela-borado a partir de uma pesquisa prévia com apopulação residente para identificação dosparâmetros a serem analisados, a fim de permi-tir uma avaliação dos impactos positivos e ne-gativos do Festival Folclórico de Parintins.

Analisando os resultados advindos da análi-se descritiva, dos relatórios produzidos por meiodo software e comparando, quando possível, asestatísticas oficiais atuais com o que as pessoasrelatam a partir de suas percepções, tornou-sepossível caracterizar: informações preliminaresdos entrevistados; serviços básicos (em qualquerépoca e durante o Festival); alimentação (emqualquer época e durante o Festival); saúde (emqualquer época e durante o Festival); FestivalFolclórico de Parintins – preparativos; visitantes;impactos ambientais causados pelo Festival Fol-clórico; educação; e questão ambiental – um pro-blema conceitual?

Boi-Bumbá como suporte para umprograma de Educação Ambiental

Foi projetada e implementada uma estraté-gia de Educação Ambiental com base nos mar-cos referenciais nacionais e internacionais, con-siderando as potencialidades e a problemáticaem torno das manifestações culturais contidasno Festival Folclórico de Parintins, a fim de en-volver visitantes e residentes com a questãoambiental.

A exploração da dimensão educativa de prá-ticas culturais de intensa ação sígnica, como su-porte de ação pedagógica ambiental, produzuma conexão imediata entre Educação Ambien-tal e cidadania. Partindo do conceito de cultura

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Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2

proposto por Geertz (1978, op. cit.) como teia designificação simbólica, a pesquisa propõe a abor-dagem da cultura como texto que pode ser lidoe interpretado. Incorpora a semiótica de Peirce(1977), que concebe a comunicação como umarelação entre autor, intérprete e interpretante.

A dimensão educativa do Boi-Bumbá, emrelação aos impactos que provoca, do ponto devista do recorte epistemológico, coloca este tra-balho como tema e problema no campo da Edu-cação Ambiental. A estratégia de EducaçãoAmbiental pautada na realidade amazônica de-senvolveu-se em três momentos fundamentais:

• antecedendo o Festival, com a preparação eo envolvimento da população residente paraatuar na sensibilização dos visitantes, cons-tando de um concurso escolar dirigido à re-flexão sobre os impactos causados ao meioambiente, aproveitando as manifestaçõesculturais;

• durante o Festival, com a exposição dos tra-balhos selecionados, envolvendo a popula-ção visitante e residente na análise dos de-senhos e mensagens, considerando-se impli-citamente a relação autor, intérprete einterpretante;

• após o Festival, com a avaliação dos resulta-dos obtidos e a consolidação de um novoprocesso de sensibilização participativo.

O processo de sensibilização teve a escolacomo ponto de partida. Com o objetivo de en-volver a comunidade na construção da estraté-gia, inicialmente estabeleceu-se um concursoenvolvendo as escolas da rede urbana deParintins.

As escolas, em número de 12, apresentaramcomo universo a ser atingido 9.837 alunos, as-sim matriculados: 6.686 alunos de 5a a 8a série,no Ensino Fundamental, e 3.151 alunos no Ensi-no Médio.

As toadas (canções) foram escolhidas comoponto de partida para a estruturação da estraté-gia pelo fato de incorporarem à temática centrala discussão de problemas relacionados ao meioambiente, em sua totalidade e complexidade.Foram escolhidas, a partir da análise de conteú-do, 12 toadas de cada Bumbá, pertencentes aosfestivais de 1991 a 1998, considerando a incor-

poração da temática ambiental.Partindo da seleção prévia das toadas, o con-

curso foi integrado por dois componentesindissociáveis: desenhos expressando as mensa-gens das toadas escolhidas e mensagens buscan-do a sensibilização quanto à problemáticaambiental.

Os desenhos e as mensagens selecionados,em número de 202 cada um, representando 16%dos produzidos, integraram uma mostra paraenvolver, desta feita, o público participante doXXXIII Festival Folclórico de Parintins. Foramescolhidos, ainda, desenhos representativos decada toada selecionada, com a finalidade de se-rem transpostos para um muro pelo trabalho deartistas plásticos locais; esses painéis integraramo processo de sensibilização de visitantes e deresidentes no período de realização do Festival.Muro e exposição propriamente dita constituí-ram objeto de pesquisa quanto ao potencial dasfestas populares para a Educação Ambiental.

A presente pesquisa impôs aos desenhos eàs mensagens um arbitrário cultural possívelde cooperar para provocar mudanças de valo-res, comportamentos e estilos de vida neces-sários ao desenvolvimento sustentável; enfim,contribuir para forjar uma população prepa-rada para respaldar as mudanças necessáriasà sustentabilidade.

Partiu-se do pressuposto que, dessa forma,a população poderia, a partir da contemplaçãodos trabalhos, perceber as letras das toadas e suarelação com a questão ambiental, assim como acomplexidade em torno da qual a discussão datemática se estabelece, visando a um compro-metimento e a uma participação mais efetiva naproblemática contemporânea.

Efetiva-se a terceira intervenção na realida-de por meio de um instrumento de pesquisa,com perguntas abertas, sustentado em sete tó-picos: identificação do entrevistado; participa-ção no Festival/cuidados com a ilha; problemasambientais percebidos; toadas e preocupaçãocom o meio ambiente; aspectos relevantes nosdesenhos e nas mensagens; avaliação da estra-tégia para sensibilização quanto à problemáticaambiental; e sugestões para melhorar o trabalhode sensibilização.

A pesquisa, ao envolver visitantes e residen-

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tes na análise dos desenhos e das mensagens, uti-lizou como estratégia a seleção de três trabalhospor série. Foram realizadas 242 entrevistas; aamostra aleatória foi constituída por aqueles queconcordaram em participar do processo de sele-ção dos desenhos e mensagens da exposição e dospainéis do muro, ambos preparados para esse fim.

Considerando a avaliação dos participantes,as ações do Programa de Educação Ambiental,pautadas nas potencialidades e nos problemassocioambientais identificados, demonstraramconstituir uma alternativa importante que, uti-lizando as manifestações culturais, por meio dasfestas populares, se consolida num processo en-volvendo o ensino formal e o não-formal, naconstrução de uma sociedade comprometidacom o meio ambiente.

Dessa forma, a Educação Ambiental, ao sevaler dos elementos do Festival, pretende con-tribuir para que a questão ambiental seja com-preendida na dimensão e na complexidade a elapertinentes, principalmente com relação aospaíses emergentes, onde as disparidades ema-nadas das relações de dominação dos países de-senvolvidos impõem uma visão reducionista,que permite manter o status quo e uma atribui-ção de responsabilidade unilateral.

Considerações finaisA Educação Ambiental foi concebida, pela pes-

quisa, na vertente socioambientalista (Medina eSantos, 1994: 65-66), da qual vale a pena destacar:é proposta como uma alternativa educacionalcomplexa; faz uma análise histórica das situaçõesambientais como produto do próprio processo his-tórico da humanidade; postula uma educação paraa vida em toda a sua diversidade e complexidade;propõe uma educação voltada para o futuro, po-rém firmemente assentada nas análises do passa-do, capaz de pensar e construir uma utopia real ourealizável; visa a uma educação efetivamente crí-tica, que deverá caminhar até a superação das con-tradições da educação sistemática.

A sistematização da pesquisa converge paraduas recomendações advindas das avaliações re-alizadas, considerando o potencial identificadonas manifestações culturais para o tratamentoda questão ambiental:

• utilização das manifestações culturais noprocesso de sensibilização para a problemá-tica ambiental, com ênfase na conscien-tização da opinião pública;

• inserção das manifestações culturais noscurrículos escolares para trabalhar meioambiente como tema transversal, a fim decontribuir para a educação formal voltadapara o meio ambiente e para a susten-tabilidade.

Utilizando-se as manifestações culturaisemanadas do Festival Folclórico de Parintinspara a sensibilização quanto à questão ambien-tal, em sua complexidade e totalidade, foi pos-sível verificar que o processo desencadeado apartir da escola até a sociedade em geral, pre-sente à festa, permitiu um envolvimento de vá-rios segmentos na reflexão da problemáticacontemporânea.

A partir de alunos, professores, diretores,enfim, do corpo administrativo das escolas, bemcomo dos familiares, artistas locais e visitantes,a questão ambiental foi percebida por meio dastoadas, quer numa perspectiva “naturalista” –exaltação à beleza da natureza, restringindo ouprivilegiando o significado do meio ambiente emseus aspectos físicos e biológicos, dissociando asociedade da natureza –, quer numa perspecti-va “socioambientalista” – percebendo, além doambiente natural, o meio antrópico sujeito aosempreendimentos do homem condicionadosessencialmente pelas relações sociais, com ên-fase nos modelos de desenvolvimento impostose predatórios.

A pesquisa evidenciou a eventualidade e oreducionismo com que as manifestações cultu-rais derivadas do Festival Folclórico integram aproposta curricular de Parintins. A forma comoas escolas responderam confirma que os educa-dores têm tradicionalmente considerado a cul-tura popular como um conjunto de conhecimen-tos e prazeres desvinculados da pauta da esco-larização e como um terreno marginal e perigo-so, algo contra o qual se deva ser imunizado.Restringem o tratamento das manifestações cul-turais às disciplinas específicas, não permitindouma reflexão mais aprofundada da questãoambiental. A vinculação à questão ambiental é

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Apresentação de projetos de trabalho em Educação AmbientalPAINEL 2

percebida, mas, quando explorada, exalta osimpactos causados ao meio físico, principalmen-te pela utilização dos recursos naturais, em de-trimento dos relacionados aos aspectos sociais.

Apesar do reconhecimento da inserção daquestão ambiental no processo educacional, elaestá reduzida à esfera disciplinar, não se enfa-tizando, em momento algum, o efetivo trabalhointerdisciplinar necessário ao seu tratamento. Apreservação do meio ambiente e a conscien-tização dos alunos parecem ser possíveis sim-plesmente por meio da utilização de estratégiase/ou recursos didáticos. A vinculação dos temastransversais às datas comemorativas e à realiza-ção de eventos, como feiras de Ciências, pre-figura que esses trabalhos “conjuntos” são pon-tuais e, portanto, não atendem ao princípio datransversalidade em busca da construção dainterdisciplinaridade.

Existe consenso quanto à importância da in-serção das manifestações culturais nos currícu-los escolares para trabalhar meio ambiente comotema transversal, conforme preconizam os Pa-râmetros Curriculares Nacionais, considerandoas potencialidades e a problemática envolvidasnas festas populares, tanto do ponto de vista desua constituição cultural e/ou de seus impactos,dada a complexidade da questão ambiental.

Os temas transversais constituem um dosaportes teóricos mais inovadores que recente-mente deram à luz a teoria curricular contem-porânea. Pode-se afirmar, até mesmo, que emboa medida a viabilidade da reforma atualmen-te pretendida no Brasil depende do tratamentoque se dê a esses temas, em cada centro educa-tivo. O conceito de eixo transversal se refere aum tipo de ensino que deve estar presente naEducação obrigatória como “guardiã da interdis-ciplinaridade” nas diferentes áreas do conheci-mento; não como unidades didáticas isoladas,mas como eixo claro de objetivos, conteúdos eprincípios de procedimentos que vão dar coe-rência e solidez às matérias e salvaguardar suasinterconexões, na medida do possível.

A transversalidade radica-se na incorporaçãode uma perspectiva ética e de um posiciona-mento crítico ante a realidade, perante o clássi-co tratamento conceitual inspirado na idéia decompartimentalização das diferentes matérias.

São objetivos a curto e médio prazo estimular ascapacidades de participação social responsávele a intervenção ativa nas problemáticas locaisde cada comunidade, assim como tomar cons-ciência dos conflitos transnacionais que se pro-duzem no plano internacional. Constitui fina-lidade dos temas transversais, a longo prazo,potencializar o livre desenvolvimento pessoalda sociedade do futuro.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – pro-posta de reorientação curricular da Secretaria deEducação Fundamental do Ministério da Educa-ção – ao elegerem a cidadania como eixo verte-bral da educação escolar, reconhecem a neces-sidade de que as questões sociais sejam apresen-tadas para a aprendizagem e a reflexão dos alu-nos, indicando um tratamento didático que con-temple sua complexidade e sua dinâmica com amesma importância das áreas convencionais.Dessa forma, propõem um conjunto de temasdenominados temas transversais: ética, meioambiente, pluralidade cultural, saúde, orienta-ção sexual, trabalho e consumo.

O meio ambiente, concebido na dimensão dapresente pesquisa, bastaria como tema transver-sal único, considerando que em sua complexi-dade e totalidade incorporaria os demais temas.Isso, operacionalmente, resultaria em uma con-vergência de esforços para a efetiva implemen-tação dos Parâmetros. Em sendo assim, propõe-se meio ambiente como tema transversal paratrabalhar os demais propostos, e as manifesta-ções culturais como uma alternativa para traba-lhar o meio ambiente como tema transversal noEnsino Fundamental, mais especificamente de5a a 8a série, ou seja, 3o e 4o ciclos.

As potencialidades e as problemáticas do Fes-tival Folclórico de Parintins constituem a basepara que os temas transversais possam ser desen-volvidos, numa perspectiva interdisciplinar e comuma motivação pertinente ao prazer do qualemergem as manifestações. Gaudiano (1997: 144-145) reconhece que a “Educação Ambiental podefazer qualitativas contribuições na busca de umapedagogia da diferença em oposição a uma pe-dagogia da desigualdade”. Uma pedagogia em queo indivíduo, a partir de seus interesses, aspiraçõese desejos de mudança social, reúna condições depertencer à realidade que deve construir com base

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na análise crítica de suas condições objetivas esubjetivas de existência.

Na avaliação dos participantes, as ações doPrograma de Educação Ambiental, pautadas naspotencialidades e nos problemas socioam-bientais, demonstraram constituir uma alterna-tiva importante que, utilizando as manifestaçõesculturais por meio das festas populares, se con-solida num processo que envolve o ensino formale o não-formal para a construção de uma socie-dade comprometida com o meio ambiente.

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