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N a educação de hoje, há muita preocupação com o uso da tec- nologia nos processos de ensino e de aprendizagem (processos que são assimétricos: nem sempre o ensino re- sulta em aprendizagem e nem sempre a aprendizagem é decorrente do ensino). Essa preocupação tem lugar especial- mente em ambientes de aprendizagem mais convencionais, em que a aprendiza- gem é vista como decorrência do ensino e considerada equivalente à absorção e assimilação dos saberes disciplinares organizados no currículo e transmitidos aos alunos pelos professores. Em ambientes de aprendizagem mais sintonizados com as novas tendências pedagógicas, em que a aprendizagem é vista como construção do aluno, equi- valente ao desenvolvimento de compe- tências, habilidades, valores e atitudes Educação tecnológica no Ensino Fundamental: O GRANDE DESAFIO Eduardo Chaves* voltados mais para saberes/fazeres relevantes para a realidade do século XXI do que para saberes discipli- nares tradicionais, o foco se volta mais para a educa- ção tecnológica do que para o uso da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Na educação tecnológica, o foco está em ajudar o aluno a aprender a usar a tecnologia para resolver problemas do seu dia a dia. Os problemas em ques- tão podem ser práticos ou teóricos, embora seja de se esperar que a maior parte deles contenha compo- nentes tanto práticos como teóricos. Um problema é uma situação com que nos deparamos em determi- nadas ocasiões – em geral, chamada de situação-pro- blema –, que se apresenta como uma questão cuja resposta desafia a nossa engenhosidade. Jean-François Rischard, que já foi vice-presidente do Banco Mundial, escreveu um interessante livro com o título High Noon: 20 global problems, 20 years to solve them. Nesse livro, ele apresenta 20 problemas globais que desafiam nossa engenhosidade e que pre- conhecimento Revista Linha Direta - Especial 15 anos

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Na educação de hoje, há muita preocupação com o uso da tec-nologia nos processos de ensino

e de aprendizagem (processos que são assimétricos: nem sempre o ensino re-sulta em aprendizagem e nem sempre a aprendizagem é decorrente do ensino). Essa preocupação tem lugar especial-mente em ambientes de aprendizagem mais convencionais, em que a aprendiza-gem é vista como decorrência do ensino e considerada equivalente à absorção e assimilação dos saberes disciplinares organizados no currículo e transmitidos aos alunos pelos professores.

Em ambientes de aprendizagem mais sintonizados com as novas tendências pedagógicas, em que a aprendizagem é vista como construção do aluno, equi-valente ao desenvolvimento de compe-tências, habilidades, valores e atitudes

Educação tecnológica no Ensino Fundamental: O GRANDE DESAFIO

Eduardo Chaves*

voltados mais para saberes/fazeres relevantes para a realidade do século XXI do que para saberes discipli-nares tradicionais, o foco se volta mais para a educa-ção tecnológica do que para o uso da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Na educação tecnológica, o foco está em ajudar o aluno a aprender a usar a tecnologia para resolver problemas do seu dia a dia. Os problemas em ques-tão podem ser práticos ou teóricos, embora seja de se esperar que a maior parte deles contenha compo-nentes tanto práticos como teóricos. Um problema é uma situação com que nos deparamos em determi-nadas ocasiões – em geral, chamada de situação-pro-blema –, que se apresenta como uma questão cuja resposta desafia a nossa engenhosidade.

Jean-François Rischard, que já foi vice-presidente do Banco Mundial, escreveu um interessante livro com o título High Noon: 20 global problems, 20 years to solve them. Nesse livro, ele apresenta 20 problemas globais que desafiam nossa engenhosidade e que pre-

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mo; e prevenção de desastres naturais e mitigação de seus efeitos, quando não for possível prevê-los e preveni-los.

Por fim, os problemas de ordem mais normativa, relacionados à necessidade de definir novas regras e procedimentos que reduzam o impacto negativo das seguintes questões sobre o planeta e, em espe-cial, sobre nossa vida nele: sistema de taxação; se-tor financeiro; comércio, investimento, competição; comércio eletrônico; propriedade intelectual; migra-ção e trabalho internacional; uso da biotecnologia; e uso de substâncias hoje controladas.

Aqui, temos 20 problemas extremamente impor-tantes, cujas soluções se tornam mais urgentes a cada dia que passa, sem que haja progresso na bus-ca de sua solução. A principal dificuldade, segundo Rischard, é que a solução desses problemas exige uma nova atitude mental, um novo mindset, que a educação atual, mesmo em escolas de qualidade, não está conseguindo desenvolver nas pessoas.

cisam ser solucionados com urgência – sob pena de a vida se tornar inviável neste nosso planeta. Rischard classifica os 20 problemas nas seguintes categorias: naturais (relacionados ao compartilhamento do pla-neta); sociais (relacionados ao compartilhamento da nossa humanidade); e normativos (relacionados à definição de regras e procedimentos).

Na primeira categoria, o autor lista os seguintes pro-blemas: aquecimento global e outras ameaças ao cli-ma; redução de florestas (desflorestamento); redu-ção da biodiversidade e de ecossistemas; redução do estoque de peixes; redução da quantidade de água potável; e poluição dos mares.

Se esses problemas parecem de difícil solução, os da segunda categoria parecem quase impossíveis de se resolver: redução (no limite, a eliminação) da pobreza; redução (no limite, a eliminação) da doen-ça; redução (no limite, a eliminação) da ignorância; redução (no limite, a eliminação) da exclusão digi-tal; prevenção de conflitos e combate ao terroris-

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Uma segunda dificuldade séria para encontrar uma solução para esses problemas está no fato de que as situações-problema contempladas são, em geral, de três tipos: situações em que há consenso sobre qual é o problema a resolver e sobre como resolvê-lo; si-tuações em que há consenso sobre qual é o proble-ma a resolver, mas não sobre como resolvê-lo; e si-tuações em que não há consenso nem mesmo sobre qual é, exatamente, o problema a resolver.

No primeiro tipo de situação, temos, por exemplo, um incêndio. Via de regra, quando um prédio está pegando fogo, o desafio é apagá-lo, e em linhas ge-rais sabemos como fazer isso. Esse tipo de situação---problema exige foco na tarefa, obediência a regras e procedimentos que permitam que o fogo seja de-belado no menor prazo e com os menores riscos e prejuízos possíveis, e gerenciamento eficiente. No segundo tipo de situação temos, por exemplo, o problema do vulcão cujas cinzas têm paralisado a aviação em parte da Europa, ou o tsunami que qua-se paralisou a economia japonesa. Nesse caso, sabe-mos qual é o problema – restaurar a normalidade –, mas não sabemos como resolvê-lo. Aqui, em vez da racionalidade demandada no tipo anterior, precisa-mos de liderança, criatividade e firmeza. No terceiro tipo de situação temos, por exemplo, o problema do clima ou o da pobreza. Nesses casos, não temos consenso sequer sobre qual é exatamente o problema a resolver, quanto mais sobre as formas de resolvê-lo. Aqui, precisamos de paciência, resili-ência e perseverança, para não falar em certa dose de otimismo e confiança, porque os objetivos práti-cos imediatos podem se restringir simplesmente a formular boas perguntas, pensar out of the box e fazer algum progresso sempre.

Tecnologia é tudo aquilo que inventamos para tornar nossa vida mais fácil e mais agradável. A educação tecnológica é, portanto, aquela educação focada em

ajudar as pessoas na descoberta de como a tecno-logia pode tornar nossa vida mais fácil e agradável. Começamos a aprender isso lidando com pequenos problemas práticos que estão ao nosso alcance, pro-curando resolvê-los, em ambiente de colaboração, em que se aprende fazendo. Com o tempo, atacam-se problemas mais complexos, com elevados compo-nentes teóricos. Como se pode facilmente constatar, este é um tra-balho pedagógico muito mais nobre e engajante do que aquele centrado em usar computadores, proje-tores multimídia, lousas eletrônicas e a internet para conseguir que os alunos absorvam e assimilem os conteúdos disciplinares. Na educação tecnológica, a aprendizagem (ou seja, a dimensão cognitiva) está diretamente inserida nos contextos em que se vive (ou seja, na dimensão vital). O objetivo da ZOOM, representante exclusiva da LEGO® Education no Brasil, é ajudar as escolas a en-frentarem esse desafio e contribuir com a prepara-ção dos alunos - não apenas para a obtenção de bons resultados em exames oficiais, mas para o sucesso pessoal e profissional. Nossos programas educacio-nais reproduzem situações do mundo real, tornando a aprendizagem mais significativa e desafiadora. O maior exemplo do sucesso dessa abordagem são os torneios de robótica, em que ideias criativas e ino-vadoras são produzidas no processo de enfrentar os desafios propostos. Ali se aprende, fazendo, a resol-ver problemas.

*Ph.D em Filosofia pela University of Pittsburgh (EUA), diretor de Gestão Educacional da ZOOM, pro-fessor do programa de pós-graduação em Educação do Centro Universitário Salesiano (Unisal), de Ameri-cana/SP. Membro de conselhos de importantes insti-tuições, como o Instituto Crescer para a Cidadania e a Microsoft

www.LEGOZOOM.com

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Crianças e jovens utilizando as soluções de aprendizagem da ZOOM