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editorial REVISTA DO SERVIDOR DA UNEB Universidade do Estado da Bahia Reitor Lourisvaldo Valentim da Silva Vice-Reitora Adriana ds Santos Marmori Lima Pró-Reitor de Gestão e Desenvolvimeno de Pessoas (PGDP) Marcelo Duarte Dantas de Ávila Realização Equipe PGDP Projeto Gráfico e Editoração Pedro Santana Revisão Rita Brito [email protected] Todas as informações e opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores. A segunda edição da Revista do Servidor da UNEB reflete a consolidação de um projeto de reconhecimento e divulgação das experiências que são desenvolvidas em nossa Universidade, que representam a riqueza da nossa história e diversidade territorial. Assim, a revista cumpre o papel de promover a interlocução entre os atores que vivenciam o cotidiano da nossa Universidade. A temática central dessa edição versa sobre o Parque Estadual de Canudos e o Memorial Antônio Conselheiro, destacando o importante papel que a UNEB desempenha junto à comunidade de Canudos e à preservação do patrimônio histórico e cultural da região, através da sua parceria com o projeto. Além dessa matéria e da entrevista com o professor Luiz Paulo Neiva, coordenador do Projeto Canudos, o leitor vai encontrar nas próximas páginas, crônicas, resenhas, informativos e textos de autoria dos servidores da UNEB. A Revista do Servidor também cumpre o papel de noticiar à comunidade universitária, algumas ações e projetos que vêm sendo desenvolvidos pela Pró- Reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, no sentido de promover formação e qualificação do nosso quadro de pessoal, oferecendo diversos cursos, tais como o de Especialização em Gestão Governamental, além da continuidade da política de incentivos à criação de ideias e práticas que venham a promover e qualificar o trabalho da e na Universidade, dessa maneira o servidor é convidado a participar do Prêmio “Inovar – Práticas Criativas”. Aguardamos o envio de contribuições para as próximas edições da nossa Revista, assim, fortaleceremos esse rico meio de comunicação dos nossos servidores. Marcelo Duarte Dantas de Ávila

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editorial

REVISTA DO SERVIDOR DA UNEB

Universidade do Estado da Bahia

Reitor Lourisvaldo Valentim da Silva

Vice-Reitora Adriana ds Santos Marmori Lima

Pró-Reitor de Gestão e Desenvolvimeno de Pessoas

(PGDP) Marcelo Duarte Dantas de Ávila

Realização Equipe PGDP

Projeto Gráfico e Editoração Pedro Santana

Revisão Rita Brito

[email protected] as informações e opiniões

são de responsabilidade dos respectivos autores.

A segunda edição da Revista do Servidor da UNEB reflete a consolidação de um projeto de reconhecimento e divulgação das experiências que são desenvolvidas em nossa

Universidade, que representam a riqueza da nossa história e diversidade territorial. Assim, a revista cumpre o papel de promover a interlocução entre os atores que vivenciam o cotidiano da nossa Universidade.A temática central dessa edição versa sobre o Parque Estadual de Canudos e o Memorial Antônio Conselheiro, destacando o importante papel que a UNEB desempenha junto à comunidade de Canudos e à preservação do patrimônio histórico e cultural da região, através da sua parceria com o projeto. Além dessa matéria e da entrevista com o professor Luiz Paulo Neiva, coordenador do Projeto Canudos, o leitor vai encontrar nas próximas páginas, crônicas, resenhas, informativos e textos de autoria dos servidores da UNEB.A Revista do Servidor também cumpre o papel de noticiar à comunidade universitária, algumas ações e projetos que vêm sendo desenvolvidos pela Pró-Reitoria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, no sentido de promover formação e qualificação do nosso quadro de pessoal, oferecendo diversos cursos, tais como o de Especialização em Gestão Governamental, além da continuidade da política de incentivos à criação de ideias e práticas que venham a promover e qualificar o trabalho da e na Universidade, dessa maneira o servidor é convidado a participar do Prêmio “Inovar – Práticas Criativas”.Aguardamos o envio de contribuições para as próximas edições da nossa Revista, assim, fortaleceremos esse rico meio de comunicação dos nossos servidores.

Marcelo Duarte Dantas de Ávila

2 Revista do Servidor da UNEB

Prezados,Parabenizo a todos os colegas que

participaram da primeira edição da Re-vista do Servidor da UNEB, li a revista e gostei muito da crônica da colega Eliza-beth Azevedo, inclusive já me encontrei em situações muito parecidas com a que ela destacou. (risos)

Fiquei muito contente também com a matéria sobre meio ambiente e sustenta-bilidade, destacando a iniciativa do cam-

Espaço do Servidor

A Revista do Servidor, da Pró-Rei-toria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas (PGDP), traz neste número, produções que traduzem a dinami-cidade da vida acadêmica da UNEB. Neste número, fomos beneficiados com artigos e crônicas de servido-res que retratam a Universidade e a fazem acontecer e se consolidar nos seus 29 departamentos.

Em cada página escrita nesta Re-vista, o ideal do pertencimento se faz presente. E isso é muito próprio entre os que trabalham para ver a UNEB projetada e respeitada no âm-bito da educação superior. Falamos do pertencimento de servidores que se colocam ao dispor da causa uni-versitária em qualquer espaço desse território baiano; falamos da dedi-

cação, da soma de esforços, da pre-sença diuturna de todos pelo bem da instituição e das comunidades terri-toriais. É dessa forma que nós servi-dores atuamos e fazemos com que a UNEB chegue onde a população ca-rece e espera.

A publicação de Revista e outros materiais, a promoção de cursos e a permanente e necessária orienta-ção, no que diz respeito aos procedi-mentos organizacionais, vem sendo realizados pela PGDP, sempre com a finalidade de manter a qualidade dos serviços e de reconhecer a im-portância do trabalho desempenha-do por cada um dos servidores da Universidade. O empenho da PGDP na qualificação de pessoas, que inte-ragem e produzem bons resultados

para a academia, tem ampliado os níveis de excelência da UNEB. Sem dúvida, tem-se investido muito na formação de pessoas e essa Pró-Reitoria tem apresentado resul-tados positivos; tem apresentado indicadores de uma gestão bem sucedida.

O lançamento do 2o número da Revista do Servidor vem, opor-tunamente, compor a pauta de comemorações dos 30 Anos da UNEB e ratificar que somos to-dos agentes de mudança e de transformação, porque falamos a linguagem de uma educação de qualidade, promovida por re-cursos humanos aperfeiçoados e comprometidos com a excelência da nossa Universidade.

pus de Guanambi. Precisamos de cons-ciência ambiental e sustentável para preservar a espécie humana.

Senti falta de um índice, mas não sei se essa é uma tendência das edições modernas.

Atenciosamente,Júlia Cardoso

Editora de Video/WebTV

À Revista do Servidor da UNEB. Adorei os temas abordados na primei-

ra edição, principalmente a das ativida-des de teatro no Campus X. Gostaria de sugerir uma seção de indicados, contan-do com filmes, livros, discos e eventos culturais para que possamos entrar em contato e acompanhar. Parabéns pela iniciativa e até o número 02 da Revista.

Sheila Guimarães de Souza

ERRATAO Artista Plástico e Professor Titular da UNEB, Manoelito Damasceno é o autor da obra que ilustra a contracapa da

edição anterior da Revista do Servidor da UNEB. Desculpamo-nos por qualquer mal-estar ocasionado, ao tempo em que o parabenizamos pela beleza do painel que humaniza o Foyer do Teatro da UNEB (Campus I/Salvador).

Revista do Servidor da UNEB 3

Sábado, final de uma manhã ensolarada

de 35 graus centígrados na cidade de

Salvador, nossa equipe chegou ao local

onde ocorriam as atividades acadêmi-

cas de mais uma etapa do Curso de Pós-Gra-

duação em Gestão Governamental. Este curso é

promovido pela Universidade do Estado da Bahia

(UNEB), para os seus servidores técnicos admi-

nistrativos, integrantes do quadro de pessoal

permanente.

O curso foi uma iniciativa da Pró-Reitoria de

Gestão e Desenvolvimento de Pessoas – PGDP,

imediatamente abraçada com entusiasmo pelo

Departamento de Ciências Humanas do Cam-

pus I/Salvador, com a colaboração do Programa

Gestão de Organizações (PGO). Em parceria com

o Departamento, a Gerência de Desenvolvimento

de Pessoas (GDP), participa da coordenação do

curso que em conjunto com uma equipe de pro-

fessores de altíssima competência, torna real o

que até então parecia mais um daqueles sonhos

eternos: ofertar aos servidores técnicos e ad-

ministrativos da Universidade uma qualificação

ao nível de Pós-Graduação. O curso irá munir

os servidores de ferramentas especializadas,

permitindo aos mesmos atuar com agilidade e

conhecimento nas engrenagens, cada vez mais

complexas, da administração pública.

Através de edital específico, a Pós-Graduação

em Gestão Governamental foi oferecida a to-

dos os servidores dos 24 campi que compõem

a UNEB e, através de seleção, foi formado o pri-

meiro grupo composto por 100 servidores dis-

tribuídos em duas turmas. O curso tem carga

horária de 465 horas, divididas em 18 meses e

é uma qualificação sem precedentes nos servi-

ços prestados pela Universidade do Estado da

Bahia. Este aprendizado certamente promoverá

uma maior interação e agilidade nas ações dos

Departamentos e nas parcerias entre a Univer-

recursos humanos | aperfeiçoamento

A capacitação e o aperfeiçoamento do corpo funcional da instituição é um dos pontos centrais da política de Gestão de Pessoas da UNEB.

Foto: Divulgação

4 Revista do Servidor da UNEB

sidade e as administrações municipais onde es-

tão localizados os Campi no interior do Estado.

Municiados destas informações a equipe da

Revista do Servidor da UNEB, compareceu ao

local dos estudos para colher as impressões e

a palavra de quem vem tornando esta ação rea-

lidade e, principalmente, daqueles que estão se

pós-graduando a partir desta iniciativa da Uni-

versidade. Esta, além de realizar o curso, viabi-

liza a participação de servidores de Salvador e

especialmente dos Campi do interior do Estado.

Ao chegarmos aos auditórios o que encon-

tramos foi um ambiente tão aquecido quanto o

que deixamos do lado de fora no calor atípico do

outono soteropolitano, porém este aquecimento

derivava da profusão de debates, de propostas

e sugestões levantadas. O clima era também de

agradecimento à equipe de coordenação pelas

ações desenvolvidas em prol da execução do

curso, principalmente pela escolha dos profes-

sores. O comprometimento dos envolvidos se

materializava em novas propostas de ações que

eram registradas pelo grupo gestor do curso,

para aprimoramento nas próximas edições, e

até para serem inseridas ainda para esta turma,

ampliando e aprimorando as

ações já ofertadas.

O grupo gestor do curso de

Pós-Graduação demonstrou toda

a sua atenção e presteza no

acompanhamento do curso e das

expectativas por ele geradas, já

anunciando, através da Gerente

de Desenvolvimento de Pessoas

(GDP), que integra a equipe de

coordenação do curso, Mariste-

la Campos de Oliveira, a amplia-

ção do leque de conhecimentos,

agregando cursos paralelos de O curso estimula a concentração, motivando o interesse dos servidores participantes.

A Vice-Reitora, Adriana Marmori, presente a mais uma atividade.

Também prestigiando o curso a Vice-Reitora, professora Adriana dos Santos Marmori Lima,

após enfatizar uma série de ações que, inclusive, vêm despertando o interesse de Universidades do Brasil

como a realização do Encontro dos Técnicos Adminis-trativos da UNEB (ENTEAD), se dirige de forma mais específica ao curso de Pós-Graduação enfatizando

a importância da aproximação do setor gestor (Central e Departamental) com o setor do servidor para que a partir da visão de quem faz o dia-a-dia

da Universidade, se apresentem as soluções para os problemas e as sugestões

para o futuro da Instituição.

Para o Pró-Reitor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas – PGDP, professor Marcelo Duarte Dantas de Ávila – o im-portante é que se estabeleceu um novo foco sobre o servidor Técnico Administrativo da Universidade, estabeleceu-se a política de valorização em sua formação e atualização técni-ca profissional. Aperfeiçoar e atualizar o servidor é um passo importante no trabalho que se vem estudando no plano de política de cargos e salários.E ainda finaliza com um presente para coroar uma etapa vi-toriosa na política de afirmação profissional do servidor: os trabalhos de conclusão do curso serão destinadas á publi-cação científica.

Fotos: Divulgação

Revista do Servidor da UNEB 5

extensão. Voltados para as áreas de Redação

Oficial, Novo Acordo Ortográfico, Metodologia do

Trabalho Científico e Inglês Instrumental, estes

cursos ampliarão em muito as possibilidades

destes servidores dotarem os seus respectivos

lócus de trabalho de uma qualificação sem pre-

cedentes nesta Autarquia.

Após a vivência da equipe da Revista do Servi-

dor da UNEB, com a primeira turma do Curso de

Pós-Graduação em Gestão Governamental, só

nos resta, no calor da emoção de uma atividade

de sucesso, corroborar com as palavras da Ge-

rente de Desenvolvimento de Pessoas, Maristela

Oliveira, ao falar da importância de todas essas

ações: “ao se tornar instrutor, multiplicador do

conhecimento e também gestor, o servidor exer-

cita e fortalece a condição de multicampia, pas-

sando a ser também um facilitador para o trân-

sito das experiências e conhecimentos entre os

demais servidores, socializando as experiências

até então específicas”. Fique atento, portanto,

para as novas turmas que se formarão.

A servidora do Campus XIII/Itaberaba, Lene

São José, destaca que entre outros fatores o

curso motiva o servidor e o servidor motivado,

diagnostica os pontos a evoluir.

EVENTOS A SEREM REALIZADOS EM 2013

CURSOS:

Gestão e Melhoria de Processos e Procedimentos de Protocolo / Básico de Fotografia / Básico de Informática / Novo Acordo Ortográfico e Atualização em Língua Portuguesa / Redação Oficial e Textos Técnicos Profissionais / Produção de Textos / Contratos e Fiscalização / Pregão Eletrônico e Presencial / Deveres e Direitos do Servidor Público / Gestão de Materiais (Compras, Almoxarifado e Estoque) / Técnicas de Prevenção e Controle de Estresse / Pintura para Iniciantes / Contabilidade Aplicada ao Setor Público / Formação para Secretárias / Formação Gerencial / Formação Básica para Composição da Rede de Colaboradores da Capacitação.

OFICINAS:

Qualidade de Vida X Relações de Trabalho / Formação.

Maristela Campos de OliveiraGerente

Marlene Santos Costa, Campus V/Santo Antô-

nio de Jesus, na Universidade há 22 anos, reco-

nhece a possibilidade de poder estar se aprimo-

rando profissionalmente e afirma ser este curso

uma grande conquista da categoria.

Para o Analista Universitário, Reginaldo Araú-

jo, do Campus XV/Valença, estes cursos aprimo-

ram o servidor para que se torne coordenador

de ações que intensifiquem a socialização da

Universidade com a comunidade.

Segundo Flávio Andrade, do Campus I/Salvador,

a prática tem sido acima do esperado, a turma

tem interagido satisfatoriamente, o que resulta

na possibilidade de boas propostas de ação.

O clima descontraído é reflexo da satisfação dos servidores.

6 Revista do Servidor da UNEB

serviço | bibliotecapor: Carmozina Lopes, Luciana Pinheiro e Rozilda Reis

Para o fortalecimento das ações de ensino,

pesquisa e extensão desenvolvidas em seus De-

partamentos, a Uneb dispõe de um Sistema de

Bibliotecas (SISB), formado pela biblioteca Prof.

Edivaldo Machado Boaventura, no campus I e 23

(vinte e três) uni-

dades setoriais,

localizadas nos

departamentos

dos demais cam-

pi. O SISB oferece

suporte às ativi-

dades de ensino,

pesquisa e exten-

são de docentes,

servidores, pes-

quisadores e alu-

nos de graduação e pós-graduação da UNEB.

As bibliotecas que compõem o SISB têm como

objetivo: reunir, organizar, armazenar, conser-

var, disseminar, divulgar e manter atualizados os

acervos bibliográficos e multimídia.

O acervo das 24 bibliotecas totaliza 376.535

títulos e 426.328 exemplares, constituindo-se

mediante a compra, doação e/ou permuta de

livros, publicações periódicas e multimeios nos

seus diversos formatos.

A aquisição é realizada pelos departamentos,

com base nas ementas dos cursos e indicações

dos profissionais das diversas áreas do conhe-

cimento.

Nos dois últimos anos, o SISB teve uma ex-

pressiva evolução na aquisição e expansão do

acervo, o qual é planejado para atender às de-

mandas da comunidade acadêmica. Além disso,

foram criados o SISB Virtual e a fanpage oficial

do SISB no facebook, visando criar possibilida-

des de interação com a comunidade acadêmica

e de inclusão

digital. O SISB

Virtual é uma

ferramenta de

pesquisa com-

plementar, que

visa facilitar o

acesso às di-

versas bases

de dados, de

bibliotecas vir-

tuais, utiliza-

das no mundo inteiro.

Atualmente, todas as 24 (vinte e quatro) bi-

bliotecas, integradas ao SISB, são informatiza-

das. Na Biblioteca Prof. Edvaldo M. Boaventura,

Campus I, são oferecidos, inclusive, notebooks

para empréstimo local aos seus usuários, es-

tando, esta ação, em fase de expansão às de-

mais bibliotecas do Sistema.

Para Carmozina Lopes, coordenadora do SISB,

“estas ações representam importantes contri-

buições para o fortalecimento dos programas

especiais da Universidade, dos programas de

pós-graduação, além de iniciar um processo

de preparação das bibliotecas que compõem

o SISB, para o bom uso das novas tecnologias,

aliadas à educação”.

Fonte de dados: Sistema Pergamum e relatório quadrimestral SISB - Jan a abril/2013.

Conheça o Sistema de Bibliotecas da Uneb – SISB/UNEB

Revista do Servidor da UNEB 7

De domingo a domingo

esteja chovendo ou enso-

larado, não importava, lá

estava ela impávida sobre

a Pedra do Peixe ao no-

roeste-próximo do Farol

da Barra, poucos a viam.

Todos os dias centenas

e centenas de pessoas

passavam passeando, correndo, de automóvel,

bicicleta, skate, de mãos dadas, abraçados, ab-

sortos, loucos, enfim de tudo um pouco, mas

poucos ou quase nenhum a enxergava, parecia

coisa resguardada aos poetas, aos estetas ou

aos aluados.

Apesar de tudo isso, estava ela, sempre de

uma elegância ímpar com seus vestidos de le-

víssimos tecidos floridos e bordados à mão,

tamanha era a beleza e delicadeza que só po-

deriam ter sido incrustados naquele tecido por

mãos de fadas, não qualquer fada, mas do tipo

das que criaram o vestido da Gata Borralheira.

Os pés descalços confundiam-se com o brilho

do sal nas pequenas poças d’água que forma-

vam oásis para pequeninos peixes na escura e

inabalável rocha negro-chumbo.

Por solfejar intermitentemente uma linda

melodia, aqueles que não a viam, mas que a

ouviam, costumavam chamar aquele local de

“morada das sereias”. Os que viviam do mar

temiam; nem as ondas violentas das ressacas

de março ousavam tocar-lhe, apenas a fres-

ca brisa nordeste lhe acariciava e fazia flutuar

seus imensos fios de cabelos azuis. Os conta-

dores de histórias desta terra, desde tempos de

Monan e Maire, portanto anterior à chegada de

Cristo ou Oxossi por estas terras, narravam que

as pontas destes cabelos apagavam as pegadas

das virgens nativas nas areias de uma das ilhas

mágicas, que se petrificou, saindo do hiato en-

tre a Terra sutil e a Terra sólida com a chegada

de Martin Afonso de Souza que a denominou de

Ilha de Tinharé.

Não se tratava de uma jovem, os sulcos em

sua face demonstravam que a ampulheta ha-

via virado por várias vezes. Seus olhos negros

confundiam-se com as Marias-Pedras, rápidas

e abundantes nas poças que rodeavam aquele

coral, conseguiram permanecer abundantes por

terem pouca carne e muitas espinhas, o destino

lhes foi benevolente. Enquanto o sol brilhava ati-

nha-se à terra, lia com muita atenção a fisiono-

mia de todos que passavam. Nada dizia. À noite

voltava-se para o horizonte marítimo e postava-

-se como em oração. Nada dizia.

crônica | roger ribeiro“jamais se apressava em emitir parecer, o tempo lhe era grande aliado.”

Tu separarás a terra do fogo e o sutil do espesso*

8 Revista do Servidor da UNEB

Apenas quando os poucos que a enxergavam

chegavam e mansamente sentavam ao seu lado

parava de solfejar e atinha-se de corpo e alma

ao que lhe era narrado. Jamais se apressava em

emitir parecer, o tempo lhe era grande aliado,

sabia ouvir os sinais da natureza, não bastavam

as palavras, era necessário ouvir a brisa rever-

berar no som das palavras, o sol estalar na pele

do narrador. Havia muitos sinais que iam além

dos limites impostos pelos seus bloqueios mais

sutis. Era exatamente ali que podiam estar os

caminhos possíveis.

Por vezes sentia que o vento perdia a rota,

sentia pelos fios dos cabelos que saiam da reta e

rodopiavam perdendo a cor azul-água, corando-

-se de verde-esmeralda espelhando que a emo-

ção daquele corpo estava confusa. Os pássaros

marinhos não ousavam se aproximar muito

menos piar nestes momentos, de longe obser-

vavam as mudanças melódicas, aliás, do Morro

Ypiranga ouvia-se:

“Quando o riso se perde da face

E a tristeza invade

Entre o céu e o mar (...) / as gaivotas (...)”**

Em um destes momentos, quando o seu

acompanhante iria começar a narrativa, levan-

tou a mão pedindo-lhe que nada dissesse. Co-

locou levemente os dedos sobre seus lábios e

fechou os olhos para poder ouvir o vento e o sol

naquele corpo, os odores que surgiam naquele

momento, a reação dos peixes e das aves. Foi

neste momento que me viu voando entre o sol

e seus olhos, sombreando-os, sorriu largo para

meu voar! Voltou-se para o seu acompanhante e

baixinho lhe falou:

– Amedrontamo-nos com o ser só, por temer-

mos ter de nos aceitar.

Seus cabelos retornaram à rota, agora em um

azul-marinho vivo. Seus longos cabelos nas pe-

gadas nativas – o tempo.* Hermes / **Vôo Rasante – Lui Muritiba

Revista do Servidor da UNEB 9

Um terreno áspero, um misto de poeira fina e rochas

sedimentadas nos dá a impressão de andar sobre

cascalho, entre touceiras de mandacarus e arbustos

típicos da região do semiárido, que rapidamente nos

faz entender o porquê das roupas de couro típicas do

uso regional. Alguns passos adiante e estava a camisa de algo-

dão aprisionada no emaranhado de galhos secos e rígidos - efeito:

corte no tecido e arranhão na região das costelas. Onde será que

consigo uma jaqueta de couro cru?

Estamos no Sertão baiano, distantes 400 km da capital Salvador,

mas quando chegamos ao Parque Estadual de Canudos, consegui-

mos sentir a vibração de que ali se estabeleceu uma outra capital,

um arraial nascido lentamente de uma realidade que parecia mi-

lenar, contínua, uma reação inconsciente de se estar construindo

uma comunidade fruto de outra comunidade. A cria do leviatã, que

em sentido oposto à desmaterialização imposta à região nos finais

do século XIX, e buscando auxílio aos gregos, lemos como o nasci-

mento do filho que surge para negar o pai – o Titã.

(...)Havia no arraial

Uma igrejinha indigenteE ele como beato

Pregador e penitenteTomou a pobre igrejinhaPor seu abrigo dolente

Daí veio o apelidoDe Antônio Conselheiro

Logo espalhou-se a notíciaNaquele sertão inteiroTodo mundo tinha féNo beato milagreiro

(...)

ANTÔNIO CONSELHEIRO E A GUERRA DE CANUDOS

Apolônio Alves dos Santos

Disponível em http://www.jangadabrasil.com.br.

10 Revista do Servidor da UNEB

versidade do

Estado da

Bahia a área

de 1.321 hec-

tares que,

junto com o

Memorial An-

tônio Conse-

lheiro (MAC), demarcam um dos maiores sítios

para registro e estudo das Ciências Sociais do

Brasil. Este complexo histórico-arqueológico,

formado pelo PEC e pelo MAC, atrai hoje, pesqui-

sadores e visitantes não apenas do Brasil, onde

sua penetração e preservação deram-se muito

pela cultura da literatura de Cordel, mas, tam-

bém do mundo inteiro, seduzidos pela leitura do

diário histórico de “Os Sertões” e da literatura

sociológica da obra “Guerra do Fim do Mundo”.

Imagens da sociedade e da Guerra de Canu-

dos (1896-1897) em grandes painéis de vidro

que se integram ao ambiente, criam uma es-

trutura bela e moderna que instiga a curiosida-

de para a visita ao local. Ali, os pesquisadores

podem desvendar o imenso sítio arqueológico,

apoiados pelo bem estruturado laboratório

de Arqueologia, situado no Memorial Antônio

Conselheiro, na atual cidade de Canudos. Um

complexo cultural contendo Museu Arqueológi-

Por mais que leia e re-

leia a obra “Os Sertões”

de Euclides da Cunha, ou

a sua releitura na “Guer-

ra do Fim do Mundo” do

escritor peruano Mario

Vargas Llosa, ouvir seus

próprios passos naque-

la terra e ainda, de for-

ma impressionante, ouvir

o som do tão longínquo

mar quando o vento per-

passa pelas folhagens dos

arbustos que não con-

seguem esconder o horizonte, que parece bem

mais longe do que em qualquer outro lugar, é

se inserir em uma história trágica, tatuada em

um ambiente hostil e quente. O único caminho

possível parece ser a estrada, como se lê na pla-

ca indicativa, sagrada, por onde Antônio Vicente

Mendes Maciel, o Conselheiro, conduzia a “pro-

cissão” até as margens do rio Vasa-Barris.

O ambiente

O Parque Estadual de Canudos (PEC) foi cria-

do em 1986, através do Decreto das Terras

Devolutas nº 33.193, atrelado ao Decreto

da Secretaria de Educação e Cultu-

ra nº 33.333 de 30

de junho de 1986

e colocou sob a

responsa-

b i l i d a -

de da

Uni-

Painéis instalados demarcam os sítios arqueológicos e preservam a história e cultura do lugar.

Fotos: Divulgação

Revista do Servidor da UNEB 11

co, biblioteca, sala de vídeo, anfiteatro e área

de estudo da botânica local, promove um en-

tendimento do ecossistema que capacita e pro-

porciona gerir ações de intervenção adminis-

trativa nas soluções de questões históricas da

região, muitas destas, matrizes que lastreiam

o fato histórico de Canudos. Este manancial de

pesquisa e conhecimento sobre a história de Pátio do Memorial: painéis descrevem a saga de Canudos.

Dona Joana Ciriano, descendente dos habitantes de Canudos.

Foto: Evandro Teixeira

Nascida em 1893 no vale do rio Vasa-Barris, o arraial de Belo Monte, se não primava pela fertilidade, significava para a cres-

cente população de ex-escravos, trabalhado-res rurais, vaqueiros, pequenos comerciantes, velhos, mulheres e crianças, que fugiam das agruras naturais da aridez sertaneja, somada à violência do domínio político-econômico, uma possibilidade de subsistência, minimamente dig-na, fortalecida pelas poderosas pregações evan-gélicas de Antônio Vicente Men-des Maciel, O Conselheiro.

De tal forma o perene cresci-mento populacional do arraial baseado na produção rural semi comunitária e no comércio de gado e couro, passou a ser tratada pelos poderes constitu-ídos como algo que punha em risco a tranqüilidade do Sertão Nordestino, uma das bases de sustentação de uma República

eminentemente rural e escorada no controle e manipulação eleitoral.

Em uma coligação entre Estado e Igreja Cató-lica, em novembro de 1896, no governo estadual de Luís Viana, foi ordenada a primeira investida militar contra o fenômeno social do arraial de Belo Monte, daí em diante foram mais três expe-dições cada vez mais equipadas com “máquinas” de guerra e um grande contingente de reforços de militares estaduais e federais, até que em 05

de outubro de 1897, caiu a última base de resistência dos sertanejos agluti-nados pela palavra do Conselheiro.

Fonte: História da Bahia; Dias Tavares, Luís Henrique

Canudos tem sua coordenação adminstrativa

a cargo de Hamilton Paixão Santana e Adriana

Fontes, contando com o simpático e eficiente

acompanhamento e apresentação de Izailton

Almeida.

Foto: Divulgação

Foto: Antônio Olavo

12 Revista do Servidor da UNEB

entrevista | luiz paulo neivaCoordenador do Projeto Canudos (UNEB-FAPESB)

Revista do Servidor (RS) – Professor, fale sobre sua relação com Canudos.Luiz Paulo Neiva (LPN) – Fui a Canu-dos em junho de 1993, em evento que comemorava o centenário de fundação de Belo Monte (1893-1993), e Canudos entrava definitivamente em minha vida. Em 1995, assumi a Direção do CEEC (Centro de Estudos Euclides da Cunha) com propósito de preservar as referên-cias críticas da nossa memória. Com minha equipe, me empenhei na inicia-tiva de contribuir para preservar, com sistematicidade técnica e determina-ção política, a memória e as marcas da Guerra de Canudos, pesquisando, estimulando novos estudos, ouvindo os herdeiros da dor e cuidando das ri-quezas materiais e simbólicas daquele tempo, com o firme propósito de enrique-cer o registro histórico agregando-lhe a narrativa dos vencidos. Como resulta-do desta ação, destacamos a implan-tação do Parque Estadual de Canudos (PEC) – com demarcação dos sítios histórico-arqueológicos; realização de duas grandes etapas da pesquisa ar-queológica; implantação do Memorial Antônio Conselheiro (com museu, au-ditório, jardim temático); masterização de 43 mil documentos anteriormente microfilmados sobre a Guerra, dispo-nibilizados em arquivos digitais; desen-volvimento de um projeto editorial, com diversas publicações, destacando-se a Revista Canudos com cinco edições; inúmeros eventos, notadamente a co-ordenação do Simpósio Internacional 100 Anos de “Os Sertões”. RS – Que ações estão sendo adotadas para promoção do desenvolvimento sustentável e responsável da região?LPN – Acredito que o Projeto Canu-dos – que coordeno com o professor Manoel Abílio Queiroz, responde bem a essa questão. Lançado no início de 2008, ele é uma iniciativa de fomen-to ao desenvolvimento sustentável no semiárido baiano a partir de Canudos. O objetivo central é contribuir para o desenvolvimento da região, vinculando

a investigação de aspectos de diversas dimensões (história, memória, educa-ção contextualizada, bioma caatinga, agricultura de sequeiro e irrigada, etc.) que compõem as realidades do semi-árido à proposição de soluções inova-doras, aptas a reforçar e aperfeiçoar a infraestrutura socioeconômica local e o seu sistema produtivo. Os resultados alcançados até agora validam a impor-tância dessas práticas de planejamento e desenvolvimento, que reconhecem a participação coletiva, voltadas para o desenvolvimento sustentável, com efi-ciência econômica, equidade social e prudência ecológica.RS – Como impulsionar e gerar uma relação harmoniosa entre a pesquisa histórico-arqueológica e o estímulo à visitação turística do Parque?LPN – Um verdadeiro “museu a céu aberto”, demarcado, sinalizado e do-tado de uma infraestrutura adaptada às condições locais, o PEC é propício à realização de pesquisas, incrementa o turismo histórico, possibilita a con-secução de proveitosas atividades pe-dagógicas na área, beneficiando estu-dantes e professores de toda a região, além de atrair a presença de pesqui-sadores, estudiosos e intelectuais do Brasil e do exterior. Em 2012, cerca de 10.000 pessoas o visitaram e recen-temente foi inaugurada a exposição permanente de instalação em painéis de vidro com imagens que retratam o cenário da Guerra.RS – Qual a estratégia de inserção da comunidade local às ações do Parque e do Memorial?LPN – A principal é a participação efe-tiva da comunidade. Constituiu-se um Fórum de Desenvolvimento Local Sus-tentável, inicialmente com a participa-ção de 43 entidades da sociedade civil e da arena pública. O Fórum elaborou um plano que contempla os problemas e as potencialidades do município e, a partir daí, foram definidas as opções estra-tégicas para o desenvolvimento sus-tentável. Periodicamente o Fórum se

reúne para avaliar a Agenda de Com-promissos e celebrar conquistas, entre elas: assistência técnica à Unidade de Produção de mel com produção de 100 toneladas anuais; implantação de 100 tanques-rede para a produção de peixe em cativeiro (mais 300 serão implan-tados nos próximos meses); instala-ção da sala de teatro e criação da sua Companhia de Teatro; instalação de exposições fotográficas e iconográficas em painéis de vidro no Parque; articu-lações com o BNB para liberação de crédito para os pequenos produtores (mais de 50 projetos); requalificação do Memorial (com exposições permanen-tes); aquisição de livros para a bibliote-ca e instalação de moderno laboratório de arqueologia. O Núcleo de Audiovisu-al se constituirá num centro de produ-ção e criação de documentários, filmes e reportagens em um local tradicional-mente visitado pela mídia nacional, ob-jetivando contribuir para a preservação da memória e história da Guerra, evi-denciar a vida sertaneja e possibilitar a geração de renda. Além disso, estamos elaborando estudos para a implanta-ção da Cidade Cenográfica (ao estilo de Nova Jerusalém, em Pernambuco) com infraestrutura adequada à encenação anual da Saga de Canudos, que deverá criar, estima-se, mais de 1.000 empre-gos diretos e/ou indiretos. Gostaria de ressaltar a grande contribuição que a Senadora Lídice da Mata vem ofere-cendo às ações do projeto, através de emendas parlamentares da sua auto-ria, que totalizam cerca de R$ 1 milhão e que beneficiam a comunidade local. A mais recente contempla a aquisição de uma máquina retroescavadeira e um trator de pneus para os pequenos agricultores.RS – Existem planos para expansão do projeto e assimilação de novas parcerias?LPN – Neste ano, o Projeto Canudos entra numa nova fase que amplia as suas ações para os municípios de Eu-clides da Cunha, Monte Santo, Banzaê, e perspectivas para Uauá.

O Prêmio Inovar é uma iniciativa da Gerên-

cia de Desenvolvimento de Pessoas (GDP)

para identificar, divulgar e premiar anual-

mente, os servidores técnicos-administra-

tivos que se destacam com novos conheci-

mentos e práticas em gestão administrativa,

financeira e universitária, no âmbito dos di-

versos Departamentos e Órgãos Administra-

tivos que compõem a UNEB.

Estimular a geração de novas ideias, que

contribuam na melhoria das atividades exe-

cutadas pela Universidade, aprimorando sua

integração na qualidade dos serviços presta-

dos à comunidade, é o nosso objetivo.

Para se inscrever o servidor deve apresentar,

por escrito, a prática que está sendo feita ou mes-

mo alguma ideia que possa vir a ser feita, para

melhorar o desempenho das atividades relacio-

nadas à operacionalização de processos adminis-

trativos, financeiros ou finalísticos, de forma que

sua aplicação possa repercutir em resultados po-

sitivos, para a Universidade e para os cidadãos.

Os servidores administrativos da UNEB poderão

concorrer com trabalhos desenvolvidos individual-

mente ou em grupo, com temas de sua escolha.

As ideias apresentadas vão formar um banco de

ações inovadoras, que será disponibilizado publi-

camente pela Universidade do Estado da Bahia.

Revista do Servidor da UNEB 13

Prêmio v I arPráticas Criativas

Servidor Técnico Administrativo! valoriza você,

A UNEB

Inscreva o seu Projeto nas Áreas de Gestão Administrativa, Financeira,Universitária, Pessoal, Processos e/ou Resultados e concorra a prêmios!

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14 Revista do Servidor da UNEB

fotografia | neemias oliveira da silva“quando saio com minha câmera, o meu olhar é irresistivelmente atraído para as pessoas e o seu cotidiano.”.

Fotografia é uma técnica

de gravação por meios

mecânicos e químicos ou

digitais, de uma imagem

numa camada de material

sensível à exposição

luminosa, designada como

o seu suporte**História da Fotografia.

Disponível em http://www.cantao.net

“Adquiri uma câmera Nikkormat totalmente

mecânica e passei a fotografar como hobby.

Alguns anos depois, em conversa com um

amigo, também apaixonado por fotografia,

surgiu a ideia de agruparmos outros jaco-

binenses para fundarmos um clube de foto-

Sim, esta seria a definição do que seja uma fotografia, porém, sem o que posso chamar de ÂNIMA!

Ou seja, a vida, o que transforma uma fotografia em algo vivo. O que faz você olhar uma foto e sorrir, ou

largar uma lágrima de emoção, refletir, amar, odiar, aprender! Enfim o que faz uma fotografia se tatuar

em uma pessoa? – O olho, por detrás de tudo o que foi dito no primeiro parágrafo.

É exatamente este olhar banhado de humanismo que Neemias Oliveira da Silva, irá de agora em dian-

te nos apresentar: Leia as imagens, aprecie as suas reflexões.

“Em 1990, quando eu cursava Licenciatura Curta em Estudos Sociais na FFPJ (Faculdade de Formação de Professores de Jacobina), hoje DCH-IV da UNEB, o meu professor de História do Brasil me convidou para trabalhar em seu Laboratório Fotográfico. Inicialmente, atendia os clientes no balcão. Com o passar do tempo, a curiosidade me levou à aventura no processo “mágico” da revelação. Passei a trabalhar na câmara escura, entre filmes, químicos e ampliadores.”

grafia. Nasceu o FOTOCLUBE PAYAYÁ. Rea-

lizávamos exposições e varais fotográficos

no centro da cidade. Foi nesse contexto que

a fotografia se tornou, para mim, uma forma

de comunicação e expressão de sentimentos

e visão de mundo.”

“Minha formação se deu nas ciências humanas. Inevitavel-

mente, a minha formação não só influenciou, mas determi-

nou o meu olhar fotográfico. Quando saio com minha câme-

ra, o meu olhar é irresistivelmente atraído para as pessoas

e o seu cotidiano.”

Meu campo de visão tornou-se retangular. Eu enquadrava tudo

que olhava.

Fotografia analógica ou digital? Algo permanece o mesmo em ambas as tecnologias: a forma pela qual se olha através do equipamento. Independentemente da tec-nologia utilizada, o olhar e a sensibilidade do fotógra-fo são elementos indispen-sáveis para a composição da imagem. Sou forçado a confessar que a minha fo-tografia, na maioria das ve-zes, é invasiva. Minhas fo-tografias não são dirigidas. Uso sempre equipamento que me permite fotografar à distância e utilizar a luz natural. É dessa forma que consigo congelar gestos e

expressões espontâneas, sem interferir no registro.Cor ou p&b? Cor quando desejo retratar a realidade, ou enfatizar o colorido de um determina-do objeto. Preto e branco quando o meu objetivo é dar à imagem uma dramaticida-de, uma intensidade e im-pacto maior.InfluênciaDois fotógrafos brasileiros contemporâneos, a fotogra-fia engajada de Sebastião Salgado e Walter Firmo que exploram uma temática so-cial e bem brasileira, regis-trando nosso folclore, nossa cultura e personagens típi-cos, de norte a sul do país.

Neemias Oliveira é Técnico Universitário da Uni-

versidade do Estado da Bahia (UNEB), lotado no

Departamento de Ciências Humanas (Campus

IV/Jacobina). Possui Licenciatura Curta em Es-

tudos Sociais (1992), Licenciatura em História

(2002) e Bacharelado em Direito (2010), todos pela Universidade

do Estado da Bahia. Possui também Especialização em Informá-

tica em Educação pela Universidade Federal de Lavras (2004) e

Especialização em História: Cultura Urbana e Memória pela Uni-

versidade do Estado da Bahia (2006); Cursando Especialização

em Direito Empresarial.

16 Revista do Servidor da UNEB

artigo | marcelo duarte dantas de ávila“a Uneb se estabeleceu enquanto instituição pública de educação superior e atingiu lugar de destaque na formação de profissionais em todo o Estado”.

A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) está

comemorando 30 anos de existência e parti-

cipação na vida da população baiana. Ao longo

deste período, a Uneb se estabeleceu enquanto

instituição pública de educação superior e atin-

giu lugar de destaque na formação de profissio-

nais em todo o Estado. Desde a sua criação, a

partir da Lei Delegada nº 66 de 1º de junho de

1983, organizou-se segundo o modelo da multi-

campia, a partir da congregação de faculdades

já existentes localizadas em Salvador, Juazeiro,

Alagoinhas, Jacobina, Caetité e Santo Antônio de

Jesus. Hoje está presente, além da capital, em

23 municípios do interior por meio de seus 29

departamentos, demonstrando sua capilaridade

e abrangência em todo o território baiano.

Atualmente são oferecidos 108 cursos de gra-

duação presenciais nas mais diversas áreas do

conhecimento. Desde a sua origem, a instituição

se consolidou, sobretudo, na formação de pro-

fessores por intermédio

de seus cursos de licen-

ciatura. Até hoje a Uneb

já formou mais de 90 mil profissionais de edu-

cação e, mais recentemente, tem ampliado a

oferta dos bacharelados, implantando diversos

cursos novos, tais como Direito, Administração,

Psicologia, Medicina, Enfermagem, Nutrição,

Fisioterapia e novos cursos nas áreas de Enge-

nharia. Além dos cursos de graduação de oferta

regular presencial, a Uneb ainda oferece outros

cursos na modalidade à distância e cursos espe-

ciais de formação de professores.

Mas não é só na graduação que a Uneb se

destaca. Durante os últimos anos, a instituição

tem se sobressaído na construção e difusão de

conhecimento, o que pode ser verificado no au-

mento significativo da sua produção científica,

fortalecendo os grupos de pesquisa que vêm fa-

vorecendo a consolidação e a criação de cursos

de pós-graduação strictu senso em diver-

sas áreas do conhecimento.

Este cenário de crescimento e desenvol-

vimento exigiu o aumento da infraestrutura

física da instituição, a aquisição de acervo

especializado para as bibliotecas, constru-

ção de laboratórios e ampliação do quadro

de pessoal, a partir da realização de con-

cursos públicos. Ademais, a Universidade

tem investido na qualificação de docentes e

técnicos administrativos. Esse investimen-

to vem se refletindo de forma bastante visí-

vel, principalmente, no quadro docente, que

A Uneb comemora 30 anos

Nos seus primeiros passos, a UNEB estava presente em seis municipios.

Foto: Acervo ASCOM/UNEB

Revista do Servidor da UNEB 17

atualmente já conta com um percentual de 73%

de professores com mestrado e/ou doutorado.

A produção e participação dos estudantes de

graduação e pós-graduação em diversos even-

tos científicos nacionais e internacionais é outro

ponto de destaque, o que reflete o amadureci-

mento acadêmico conquistado ao longo destes

30 anos de existência. Não bastasse seu papel

decisivo na formação de profissionais e na pro-

dução de conhecimento, a Uneb ainda se dife-

rencia pela sua ação social por meio, por exem-

plo, de iniciativas direcionadas aos idosos, como

é o caso da Universidade Aberta à Terceira Idade

(Uati), além de outros inúmeros programas e

projetos direcionados às comunidades onde os

campi estão inseridos.

Para os próximos anos, a Uneb encontra-se

diante de muitos desafios. Talvez o maior e mais

importante deles seja o de ampliar e consolidar

a pós-graduação strictu senso, especialmente

no interior do Estado, fomentando o desenvol-

vimento da pesquisa e da inovação. Para tanto,

a Universidade terá que investir ainda mais na

qualificação docente, bem como na fixação de

profissionais qualificados no interior do estado,

favorecendo o desenvolvimento econômico e so-

cial dos municípios baianos.

Marcelo Duarte Dantas de Ávila mavila@uneb.

É professor e pró-reitor de Gestão e Desenvolvimento

de Pessoas (PGDP) da Uneb.

Revista do Servidor da UNEB 17

Com 24 campi implantados no Estado, a UNEB oferta 108 cursos de graduação e já formou mais de 90 mil profissionais de educação.

Foto: Acervo ASCOM/UNEB

18 Revista do Servidor da UNEB

ponto de vista | sérgio bahia

Desta forma se referia ao instrumento em

seu programa de rádio o grande violo-

nista Dilermando Reis, músico brasileiro

que elevou o violão no Brasil à dignidade que

merece.

Considerado a pequena orquestra pelo tam-

bém violonista espanhol Andrés Segóvia, o vio-

lão até o início do século XX era considerado um

instrumento de desocupados e boêmios, até se

tornar hoje um elo fundamental entre os com-

positores na música brasileira.

Para valorização desse instrumento pode-

remos citar músicos como: João Pernambuco,

Américo Jacomiro, o “Canhoto”, dentre outros

tantos.

O gênio Villa Lobos escreveu doze Estudos e

cinco Prelúdios para violão, sendo executados

nas salas de concerto do mundo inteiro.

Dentro da história da música brasileira ele se

sobressai nos acompanhamentos dos grandes

cantores das décadas de 30 e 40, até vir a se tor-

nar parte fundamental na ascendência de nossa

música, tornando-a internacional com a Bossa

Nova nas mãos do genial João Gilberto.

Como instrumento solista, se destaca nos de-

dos de músicos da nossa história mais recente

como Baden Powell, Raphael Rabelo, Duo As-

sad e do “insPIRADÍSSIMO” Yamandú Costa.

Quem nunca participou das famosas sere-

natas regadas a um bom vinho e ao som des-

se doce instrumento com sua música que nos

eleva e nos transporta a maravilhosas viagens?

Poucos instrumentos são tão presentes no coti-

diano, executados por músicos amadores tanto

quanto por profissionais. Afinal como dizia um

amigo meu: “É o instrumento mais fácil de ser

mal tocado”.

Na música brasileira o violão algumas vezes

é tratado como item essencial da vida como em

Chão de Estrelas de Orestes Barbosa, “... a ven-

tura dessa vida é a cabrocha o luar e o violão”,

ou como item de primeira necessidade na letra

de Chico Buarque em Acorda amor, “não esque-

ça a escova, o sabonete e o violão”.

Para mim é como um corpo feminino com suas

curvas sinuosas, violão e violonista se abraçam,

fazendo com que a música transcenda, vindo de

um universo desconhecido para deleite e como

essencial elemento da vida humana.

Sérgio BahiaSecretário da PGDP e Músico Profissional

Revista do Servidor da UNEB 19

variedades | festival

A década de 1960 foi para grande

parte do mundo um momento de sur-

preendentes rupturas e o Brasil não

fugiu a esta lógica, passou a década

de sessenta do século XX em profunda

agitação política, grandes debates que

apaixonavam os brasileiros a granel.

Porém, anos antes dos Beatles anunciarem o

“fim do sonho”, o do Brasil foi estrangulado pela

ocupação militar. O nosso “pé na estrada” propa-

gado pela Geração Beat, foi estancado e desviado

para uma estrada estática.

Porém como bem diz o poeta emerso deste

caldeirão: “Quando um muro separa, uma ponte

une”*, e o Brasil encontrou a música, os gran-

des festivais da canção para recompor, lavar e

enxaguar suas emoções. Destes apaixonantes

embates de poesias e melodias surgiram inter-

locutores que nos fizeram sonhar.

Foram consagradas interpretações insuperá-

veis como o paradoxal estupor de Toni Tornado

na “BR-3”, ou o surrealismo de Maria Alcina em

“Fio Maravilha”, Chico Evangelista reggueando a

Independência da Bahia, ou ainda Arrigo Barna-

bé e Itamar Assumpção destilando o “sabor de

Veneno”, eram novas tardes de domingo!

Porém, o verdadeiro fascínio eram as torcidas!

Elas que lotavam os teatros, ginásios, auditórios

e afins com suas bandeiras, faixas, cartazes e,

principalmente, suas vozes. A voz da socieda-

de que debatia, em momento de mordaça, suas

preferências rítmicas, melódicas e poéticas nos

ônibus, lanchonetes, feiras, escolas universida-

des. A música como a ponte que liberta.

Era assim, como dizia a plenos pulmões a pe-

quenina Elis: “Hoje tem arrastão”, e entre 1966 e

1969, quando foi interrompido só retornando em

1979, os Grandes Festivais da Canção fizeram o

que o AI-5 de 1968 tentou impedir, ou seja: uniu

o Brasil, fez as pessoas debaterem, se encontra-

rem e se reconhecerem.

É exatamente neste movimento aglutinador

que a UNEB, uma instituição, em certo sentido

como o Brasil, multicampi quer se inserir, já nos

reconhecemos na razão e na ciência, agora que-

remos nos unir pela arte, que ela nos faça dialo-

gar! E para isto as forças estão se aglutinando,

se fortalecendo, hoje somos a Pró-Reitoria de

Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, somada

à Pró-Reitoria de Assistência Estudantil e a Pró-

Reitoria de Extensão em conjunto, para realizar

o Grande Festival de Música da Universidade do

Estado da Bahia.

Como diria nos sessenta o “Rei”: “é isso aí bi-

cho” e os jovens de hoje à velocidade de 25 Me-

gabytes: “demorou!”.

A Grande Canção

* Pesadelo – Paulo César Pinheiro

Gil e Os Mutantes concorreram com “Domingo no Parque” no Festival da Record

Foto: Divulgação

20 Revista do Servidor da UNEB

O que torna esta obra do his-toriador londrino, de vastíssimo currículo, fascinante, é o seu propósito de convite ao diálogo. Não se trata de um livro para ler distraidamente como entreteni-mento, é necessária a disposi-ção de sentar frente a um autor com grande poder argumenta-tivo para se permitir momentos em que será impossível não se seduzir pelo desafio de relativi-zar, concordar, ir além, se en-

cantar, desencantar e ao mes-mo tempo mergulhar a fundo na sociedade que construímos.

Tentar dialogar com uma realidade que transforma bru-talidade em espetáculo é che-garmos próximos à provocação em que o professor Tony Judt inicia a sedução à sua atenção: “Um guia para os perplexos”, aceitar este debate é partir de um dos pilares desta obra: (...) ”Sabemos o preço das coisas, mas não temos idéia do seu valor.” Percorrer as duzentas e doze páginas deste livro é co-

nhecer um bom parceiro para uma reflexão mais densa, que impõe ao seu final a certeza de que estás apenas começando: “Os filósofos, como notoria-mente já observado, até agora apenas interpretaram o mundo de várias maneiras; a questão é mudá-lo”.

Uma obra sobre a nossa so-ciedade, a comunidade que nasce no pós-guerra com toda a sua complexidade e que pode ser lida na dimensão da sua contradição na frase atribuída ao jornalista Samuel Wainer: “Não tenho amigos, tenho inte-resses”.

indicados | discos, livros, filmes...

O MAL RONDA A TERRA – Um tratado sobre as insatisfações do presenteAutor: Tony JudtEditora Objetiva Rio de Janeiro / 2011

Uma narrativa livre, inspirada

em passagens da vida e obra do

jovem Renato Manfredini Jr, an-

tes de se tornar o Renato Russo,

líder do fenômeno musical dos

anos 1980 brasileiro: a Legião

Urbana.

Da mesma forma que a dire-

ção do Antônio Carlos localiza a

narrativa na pré-Legião, entre

muitas leituras possíveis do fil-

me, direcionei o olhar para um

roteiro incidental.

Por detrás da narrativa existe

o embrião das sociedades mo-

dernas que nascem no Brasil

pós década de 1950, uma so-

ciedade múltipla, uma geração

vivenciando as inquietudes da

pós-adolescência, arrastada pelo

tédio e falta de perspectivas de

um país mergulhado em uma

ditadura sem nexo.

Um filme onde o roteiro pas-

seia pela construção de uma

sociedade síntese do próprio

país, uma comunidade diver-

sa em suas nuances culturais

sendo exatamente esta diver-

sidade que permite o surgi-

mento de um poeta visceral

que cria um vigoroso Cordel,

(Faroeste Caboclo), incorpora

um lírico narrador (Eduardo e

Mônica), e crava o olhar sobre

a realidade provinciana-mo-

derna de sua geração (Geração

Coca-Cola).

Um filme que nos diz muito de

quem somos.

SOMOS TÃO JOVENSDireção: Antônio Carlos da FontouraBrasil / 2013