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EDIFÍCIO PAGLIOLI E SALA 1 CINE VOGUE - INOVAÇÕES DA MODERNIDADE
EXPRESSAS NA ARQUITETURA E NAS PRÁTICAS DA JUVENTUDE, EM PORTO
ALEGRE/RS.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
RESUMO: O presente artigo pretende demostrar um caso de sucesso onde o térreo comercial
de um edifício de Arquitetura Moderna, em Porto Alegre, teve exploração de seu uso
enquanto espaço de lazer noturno. Parte deste sucesso é atribuída às características físico-
espaciais locais, desenvolvidas pela arquitetura de interiores nele executada, que consagrou a
identidade da unidade por suas características físico-espaciais. Além disso, a frequência local,
induzida por seus, atributos consagrou o espaço como pólo cultural, inicialmente frequentado
por arquitetos, e posteriormente por grande parte dos artistas, músicos, publicitários e
simpatizantes locais.
Palavras-chave: Arquitetura Moderna; Porto Alegre; Tectonicidade; Cinema Vogue;
Juventude.
1. INTRODUÇÃO:
A edificação analisada neste artigo foi construída em 1957, à esquina das Avenida
Independência e Rua Garibaldi, no Bairro Independência. O projeto de Remo José Irace e
Miguel Irace foi encomenda da família Pagliogli, liderada pelo patriarca Sr. Lyseu Paglioli –
renomado neurocirurgião da cidade, muito reconhecido à época da construção do edifício.
Em levantamento para o trabalho, foi entrevistado o atual zelador do edifício, Sr. Adão,
que trabalha na portaria do prédio há 18 anos. Conforme informação verbal do entrevistado,
os descendentes do casal Paglioli (cuja esposa o Sr. Adão desconhece tampouco ouviu falar),
ainda residem no edifício ou às proximidades do mesmo. São eles: Gilda Paglioli, Marília
Paglioli, Vera Paglioli, que reside no 9 andar e Eduardo Paglioli, o reconhecido
neurocirurgião professor da PUCRS, que reside no 8º andar.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
01. A Estrutura Resistente (descrição)
Sistema Estrutural Resistente
- Técnicas Construtivas
O edifício Paglioli foi construído em estrutura independente de concreto, com paredes
de vedação, sendo as externas e as geminadas em tijolos cerâmicos maciços e demais paredes
em tijolos cerâmicos furados.
Apresenta sistema construtivo baseado no Sistema Dom-ino, utilizado pela Arquitetura
Moderna – Modelo idealizado ou sistematizado sob a forma de desenho e sistema pelo
Arquiteto Charles-Edouard Jeanneret-Gris (Le Corbusier).
Também foi construído respeitando alguns pontos dos 5 estipulados por Le Corbusier
como diretrizes da Arquitetura Moderna. Assim, a edificação teve “construção sobre
pilotis”. Eles aparecem na fachada e em algumas paredes do prédio, já
incorporados/agrupados à alvenaria de vedação.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Entretanto, não foi possível comprovar seu uso em todos os pavimentos. Conforme
Bueno, “Sua organização em base recuada sugerindo pilotis, corpo e coroamento, reflete
referenciais corbusianos da época que a partir da leitura que fizeram da escola carioca”.1
Pelo fato de a leitura sobre o edifício ter sido feita antes da visita, foi tido o cuidado de
averiguar as informações.
1 ALMEIDA, Guilherme E.; ALMEIDA, João G.; BUENO, Marcos F. T.. Guia de Arquitetura Moderna em
Porto Alegre. Porto Alegre: EDIPURS, 2010, p. 46.
Assim, o levantamento procurou responder sobre a coerência da estrutura e
correspondência da mesma ao Sistema Dom-ino.
Figura 1: Estrutura de Base – Corpo – Coroamento Moderna.
Fonte: Foto da autora
De fato, à fachada, percebe-se que existe a sugestão de pilotis. Entretanto, eles já se
desalinham na própria fachada.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Na fachada, a ideia de suspensão do corpo do edifício do chão é eficiente. Entretanto
não tem a permeabilidade visual ou física de se transpor seu espaço térreo. A base é
totalmente fechada e opaca à passagem do pedestre, oportunizando maior permeabilidade
junto às entradas das portarias do prédio, onde se percebe mais fortemente a presença dos
pilotis.
Figura 1: Pilotis e térreo fechado. Rua
Garibaldi.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Pilotis e térreo fechado. Av.
Independência.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Pilotis – térreo Av. Independência.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Piloti - Cobertura.
Fonte: Foto da autora
O ambiente urbano projetado sob nova perspectiva, com mais integração visual e
linhas de visibilidade, que acompanhassem as linhas de movimento do pedestre, como
previsto pelos Modernistas, não coincidem. A relação interior-exterior mantém-se bastante
consolidada, sem romper os paradigmas do movimento anterior, e dando continuidade à
forma de relação do térreo, também atendendo aos desejos dos proprietários e à segurança
necessária nesta região próxima ao centro.
Estes também apoiam a grelha vertical que modula as janelas e que funciona como
brise à edificação. Esta função justifica o desalinhamento anteriormente citado no trabalho.
Como se vê na fotografia acima, do meio, os pilotis seguiam sob apoio das paredes externas e,
aproximando-se do prumo da grelha, recuam em aproximadamente 40 com, de modo a apoiar,
provavelmente, uma viga de transição que suporta a estrutura externa que funciona como
máscara, modulação de janelas e brises soleil.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
O espaço da cobertura do Edifício Moderno previa um espaço de lazer ajardinado para
convívio de seus moradores: o “terraço jardim”. Na edificação, o espaço está coberto e com
vedações laterais, para o desenvolvimento da atividade de salão de festas.
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Planta livre da estrutura
A definição dos espaços internos não mais estaria atrelada à concepção estrutural. O uso de sistemas viga-
pilar em grelhas ortogonais geraria a flexibilidade necessária para a melhor definição espacial interna
possível.
Figura 1: Implantação do Cinema, em cinza claro.
Fonte: Foto da autora
Fachada livre da estrutura
Consequência do tópico anterior. Os pilares devem ser projetados internamente às construções, criando
recuos nas lajes de forma a tornar o projeto das aberturas o mais flexível. Deveriam ser abolidos quaisquer
resquícios de ornamentação.
Janela em fita
Localizada a uma certa altura, de um ponto ao outro da fachada, de acordo com a melhor orientação solar.
Os pilotis do térreo sobrem até a cobertura, de terraço jardim.
- Materiais
- Vãos estruturais
- Disposição básica estrutural em três dimensões
Sistemas complementares
- Divisões internas
Divisões internas independentes de um sistema de vigamento estruturado sobre pilotis.
Paredes de vedação em tijolos furados, rebocados e com sistema de circulação,
dimensionamento e linguagem interna de edificações Pré-Modernistas.
- Climatização (ventilação, calefação e ar condicionado).
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
- Fachadas (esquadrias, vedações, elementos de proteção solar)
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
02. Relações com as estimulantes da forma (comparação e análise)
Programa: quando a estrutura responde aos usos/funções
Edifício de apartamentos: Unidades residenciais,
Não se sabe se projeto original dispunha de garagem. Após a construção do Cinema, o
edifício ficou sem área de pátio (devido à ocupação da base ter tomado 100% da ocupação do
terreno). Com projeção do mesmo em 100% da área.
Lugar: quando a estrutura é concebida em resposta ao lugar
Implantação do Cinema Vogue:
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Vista do 9º andar. Implantação do cinema.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Implantação do Cinema.
Fonte: Foto da autora
03. Tectonicidade (critica)
Determinação da maneira como o sistema estrutural se reflete e influencia positivamente a
forma construída. Figura 1: Implantação do Cinema, em cinza claro.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli,
em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli,
em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli,
em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
Figura 1: Edifício Paglioli, em Porto Alegre.
Fonte: Foto da autora
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALMEIDA, Guilherme E.; ALMEIDA, João G.; BUENO, Marcos F. T.. Guia de Arquitetura Moderna
em Porto Alegre. Porto Alegre: EDIPURS, 2010.
Lei n° 2046, de 30 de dezembro de 1959, institui o Plano Diretor e fixa normas para sua execução [e]
Lei n° 2047, de 30 de dezembro de 1959, institui o Código de Obras. Porto Alegre : Prefeitura
Municipal, 1960. 118 p.
SILVA, Elvan. A modernidade de cima para baixo: considerações sobre o Plano Diretor Urbano de
Porto Alegre de 1959. In: Ágora (Santa Cruz do Sul) Vol.8, n.1/2 (jan./dez. 2002), p. 223-229
XAVIER, Alberto. MISOGUCHI, Ivan. Arquitetura Moderna em Porto Alegre. São Paulo: PINI,
1987.