edição 66 - revista de agronegócios - fevereiro/2012

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Edição 66 - Revista de Agronegócios - Fevereiro/2012

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e-mails UÉLEI DIMAS MAIA([email protected])Engº Agrônomo e Cafeicultor. Fazenda do Córrego - Santo Antônio da Alegria (SP). “Considero a revista muito boa e im-prescindível para o agronegócio nacional. Faço parte de uma família de cafeicultores e gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios.

ALINE KUCHT([email protected])Pecuarista. Aliança do Tocantis (TO). “Estou iniciando um confi namento bovino e um criatório equino no Estado do Tocan-tins e gostaria muito de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

VICENTE NUNES JUNIOR([email protected])Engenheiro Agrônomo. Patrocínio (MG). “Sou consultor do Projeto Educampo Café e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios, como devo proceder pois gostei muito do material de vocês!

FÁBIO FURLAN([email protected])Gestor de Agronegócios. Ribeirão Preto (SP). “Gostaria de assinar a Revista At-talea Agronegócios”.

ALMIR AP. JORDAN COLOMBO([email protected])Cafeicultor. Patrocínio (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea”.

FLÁVIO VEZONO([email protected])Pecuarista. Barretos (SP). “Folheei a Revista Attalea Agronegócios em uma empresa e me interessei em recebê-la. Sou pecuarista em Itapagipe (MG), porém moro em Barretos (SP).

MACIEL MENEZES GIOLO([email protected])Estudante Agronegócios. Franca (SP). “Gostaria de receber sua revista. Tenho um sitio perto de Franca”.

JULIANA DA SILVA MENEZES([email protected])Estudante - Alfenas (MG). “Quero assinar a revista. Sou estudante Técnico em Agro-pecuária e Mestranda em Ciência Animal”.

ALEXANDRE BRANDÃO MARTINS([email protected])Avicultor. Leopoldina (MG). “Gostaria de receber a revista”.

ANDRÉA ROCHA ALVES([email protected])Cafeicultora - Astolfo Dutra (MG). “Gostaria de assinar a Revista Attalea Agronegócios.

notícias

CRV-LAGOA tem novo gerente de produto

Mapa de 1910 com as principais culturas agrícolas do Estado de SP. Em destaque, as áreas de produção de café (verde escuro no centro do mapa), mostrando a importância da cultura na região de Ribeirão Preto (SP) e São Carlos (SP). Na região de Franca, destaque para “Patrocínio do Sapucahy”, atual Patrocínio Paulista (SP).

a história em imagens

O médico veterinário, criador, juiz ofi cial do Colégio Brasileiro de Jurados de Pista, Albert Johan Kuipers assumiu a gerência de Produto Leite para as raças Jer-sey, Pardo Suiço e Simental, além do pro-grama CRV Lagoa Embryo Leite. “É com expectativa que venho assumir a função de gerente entre tantos nomes que vem des-empenhando tão bem essa função dentro da empresa. É uma grande responsabili-dade”, afi rmou Albert. Informações: www.crvlagoa.com.br. Tel. (16) 2105-2299.

ANDEF elege novo Conselho Diretor

João Sereno Lammel foi reeleito para o cargo de presidente do Conselho Diretor da ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal para o biênio 2012-2013. O Engº Agrônomo Lammel é diretor de Desen-volvimento de Negócios e Portifólio para a Améria Latina na DuPont. Laércio Gi-ampani (Syngenta) e Eduardo Leduc (Basf) assumem a vice-presidência. Informações: www.andef.com.br. Tel. (11) 3087-5033.

OUROFINO inaugura escritório em Xangai

No ano em que completa 25 anos, o Grupo Ourofi no Agronegócio inaugura seu escritório de representação em Xangai, na China. Atualmente, aquele país representa cerca de 75% das importações do Grupo Ourofi no. A demanda atende às unidades de saúde animal (Cravinhos/SP) e defensi-vos agrícolas (Uberaba/MG). Os principais produtos importados são intermediários e princípios ativos para a agricultura e pecuária. Informações: www.ourofi no.com - Tel. (16) 3518-2000.

Eletrólitos da SANEX para bezerras

Uma das fases mais críticas na produção de bezerras são as quatro primei-ras semanas (neonatal), período em que os animais estão mais susceptíveis a problemas digestivos. A melhor forma de prevenir ou tratar e recuperar a perda de peso das be-zerras é por meio da reidratação oral de ele-trólitos. Para tanto, a Sanex desenvolveu o Eletrólito Protetor Desmame. Informações: www.sanex.com.br. Tel. (41) 3249-1874.

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EDITORIAL

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EFEITO DO ESTRESSE HÍDRICO NO CAFEEIROGrande parte do parque cafeeiro do país encontra-se implantado em áreas que apresentam sérias limitações de ordem nutricional, incluindo também limitações de disponibilidade de água.

MÃO DE OBRA SERÁ DESAFIO EM 2012Pesquisa do Cafepoint aponta que o custo de mão de obra es-pecializada é o principal desafi o do setor em 2012. As incertezas climáticas e a importância da gestão de custos vieram a seguir.

FLORADA UNIFORME COM A IRRIGAÇÃO (2)

Segunda parte do artigo do en-genheiro agrônomo André Luis Teixeira Fernandes, demonstran-do o aumento da produtividade de cafeeiros em MG quando da utilização da irrigação.

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ADUBAÇÃO VERDE NO TRIÂNGULO MINEIROUma opção sustentável e que traz resultados contra o ataque de nematóides nas culturas de grãos são os adubos verdes. No verão, crotalária. No inverno, soja e aveia.

A PASTAGEM E OS SISTEMAS SILVIPASTORISPara obter sucesso em sistemas silvipastoris, o agricultor neces-sita de estudos de mercado, produtos, espécies, arranjos e principalmente manejo da planta forrageira e dos animais.

19ª AGRISHOW TERÁ 780 EXPOSITORESEvento acontecerá de 30 de abril a 4 de maio, em Ribeirão Preto (SP). Segundo a CNA, a estima-tiva de faturamento bruto da feira para este ano é superior a R$ 318 bilhões.

CAFÉ DA ALTA MOGIANA AGORA COM IGA região da Alta Mogiana con-quistou o Selo de Origem e Pro-cedência do INPI, o primeiro do Estado de São Paulo. Agora o café da Alta Mogiana tem suas fronteiras defi nidas e qualidade reconhecida. A AMSC gerenciará o uso do selo.16

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Café contraria previsões e mantém queda de preços

Os contratos de café na ICE Futures US em Nova Iorque caíram com força esta sema-

na. Os preços são derrubados em um momento em que deveriam estimular cafeicultores a investir no aumento da produção.

Mantive contato com vários cafeicultores da região de Franca (SP) e São Sebastião do Paraíso (MG) nestes últimos dias. To-dos estavam apreensivos com a queda do preço da saca de café. Reclamaram que não venderam acreditando nas análises dos es-pecialistas em mercado.

Mas na verdade, é um con-trasenso. Todos os fundamentos e previsões continuam apontando claramente para um frágil equilí-brio entre produção e consumo mundial. A OIC – Organização Internacional do Café estima produção mundial 2012 em 130,9 milhões de sacas e projeta um consumo de 139,1 milhões de sa-cas. Esta próxima safra brasileira, apesar de recorde, será sufi ciente apenas para atender nossas ne-cessidades de embarque e consu-mo, sendo seguida por uma safra de ciclo baixo. Nossos principais concorrentes, Colômbia, Vietnã e Indonésia, enfrentam seguidos problemas com suas produções

de café e os estoques mundiais são perigosamente baixos e de qualidade desconhecida.

Especialistas apontam dois fatores responsáveis pela oscila-ção de preço: a saída de especu-ladores deste mercado e a cres-cente crise econômica européia.

Ainda vale a dica aos cafei-cultores: “Venda quando tiver necessidade; se não tiver, aguarde o momento certo!”

Na edição deste mês, des-taque para a AMSC - Associa-ção dos Produtores de Café da Alta Mogiana, que divulgou a liberação pelo INPI do Selo de Indicação de Procedência para o café produzido na região da Alta Mogiana. Sonho de muitos anos, que benefi ciará todos os cafe-icultores. Que a união e a visão de futuro seja a meta de todas as associações, cooperativas, sin-dicatos e demais instituições da classe cafeeira dos 14 municípios aí representados.

Na pecuária, apresentamos artigo que retrata a importância das pastagens em sistemas silvi-pastoris. No Triângulo Mineiro, mostramos também a importân-cia da Adubação Verde na ro-tação de cultura no cultivo de grãos.

Boa Leitura a todos!

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Com a crescente importância da agricultura para a econo-mia brasileira, a Reed Exhi-bitions Alcantara Machado

promove a Agrishow 2012 - 19ª Feira Internacional de Tecnologia Agrí-cola em Ação, que acontece de 30 de abril a 4 de maio, no Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios, em Ribeirão Preto (SP).

A feira concentra os principais players da indústria mundial em um ambiente de negócios profi ssional e inovador. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estimam que o faturamento bruto da agropecuária brasileira deverá alcançar R$ 318,4 bilhões em 2012, sendo R$ 122,1 bilhões da produção da pecuária e R$ 196,4 bilhões dos produ-tos agrícolas.

A Agrishow 2012 é o princi-pal ponto de encontro para alavancar negócios do setor. Durante os cinco dias de feira, os compradores poderão conferir lançamentos de produtos e serviços, assistir as demonstrações de campo e participar dos test-drives ofe-recidos. A feira já se consolidou como o principal evento na agenda dos pro-fi ssionais, autoridades e empresários do segmento, e este ano deve superar os recordes de público e negócios regis-trados na edição passada, que atingiu

780 Expositores participarão da19ª AGRISHOW

CFeira atrai grandes compradores e amplia tecnologias

R$ 1,755 bilhão durante a feira em 2011.

A Revista Attalea Agronegócios participará com estande próprio (Pa-vilhão Coberto), apresentando ao pú-blico o que nossas empresas parceiras tem de novidade nos setores de máqui-nas, implementos e defensivos agríco-las, fertilizantes, pecuária de leite e de corte, cafeicultura, silvicultura, cultivo de grãos, horticultura e fruticultura.

Com o objetivo de otimizar a visita dos compradores, os organiza-dores da feira viabilizaram a entrada do evento através de duas portarias (Norte e Sul), além de concentrar os expositores por área de atuação. Neste sentido, a confi guração da planta foi regionalizada em dez segmentos: aviação, irrigação, ferramentas, cami-nhões/ônibus/transbordos, máquinas para construção, agricultura de pre-cisão, armazenagem, pecuária, pneus e automobilístico.

Este ano tanto a ocupação de área coberta como descoberta será am-pliada. Os pavilhões cobertos (Oeste e Leste) estarão situados em posições estratégicas e o pavilhão Leste terá sua área total ampliada em 25%, to-talizando 2.250 m2. Também serão realizadas melhorias em banheiros e áreas comuns: “As mudanças visam não só atender os visitantes, mas os

780 expositores da Agrishow. A feira já está praticamente comercializada e os visitantes podem esperar muitas novi-dades em soluções de tecnologia para seus negócios. Em virtude da crescente importância do agronegócio para a economia brasileira, é grande a proba-bilidade de superarmos os volumes de negócios registrados na edição passa-da”, afi rma o diretor da Agrishow, José Danghesi. O interesse internacional também pode ser visto pela participa-ção de países como Turquia, Portugal, Áustria, Itália, Índia, Estados Unidos e Argentina na feira.

Promovida pela Reed Exhibi-tions Alcantara Machado, o evento é uma iniciativa da ABIMAQ (Asso-ciação Brasileira da Indústria de Má-quinas e Equipamentos) em conjunto com a ABAG (Associação Brasileira do Agribusiness), ANDA (Associação Na-cional para Difusão de Adubos) e SRB (Sociedade Rural Brasileira). Além da presença das empresas de grande porte da cadeia do setor agrícola e indus-trial, a feira conta com a presença de agricultores, pecuaristas, executivos da agroindústria, gerentes comerciais e de marketing, pesquisadores, técnicos agrícolas, estudantes e profi ssionais de entidades de classe.

A venda de ingressos estará dis-ponível a partir do mês de março e poderá ser feita pelo site do evento www.agrishow.com.br. Acompa-nhe as novidades e outras notícias da Agrishow 2012 através do twitter (@agrishowofi cial).

Faça parte deste evento. Divulgue o seu negócio e seus produtos na Re-vista Attalea Agronegócios e tenha o nome de sua empresa circulando na maior feira de tecnologia da Améria Latina. A

EVENTOS

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www.revistadeagronegocios.com.br MÁQUINAS

CONSÓRCIO NACIONAL YANMAR AGRITECH

Agritech disponibiliza, através da Sami Máquinas, ótimas opções de negócios

Consórcio é uma ótima op-ção para quem quer adquirir máquinas e implementos agrícolas para mecanizar sua

propriedade e obter índices superiores de produtividade na atividade.

A Agritech, fabricante dos tra-tores Yanmar Agritech, em parceria com a administratora de consórcios Gaplan, oferece várias opções dessa modalidade para quem deseja adquirir máquinas e implementos agrícolas.

Atualmente, a Yanmar Agritech conta com três Grupos de Consórcios com: um Grupo Nacional e dois gru-pos com entrega programada. O Grupo Nacional tem planos de até 100 meses e possui grande facilidade de pagamento

para o produtor, com parcelas reduzi-das e pagamentos que podem ser men-sais, trimestrais, semestrais ou anuais.

Os grupos com entregas programadas têm taxas reduzidas, sendo as mais atrativas do mercado, além da entrega da máquina num curto prazo.

A Sami Máquinas Agrícolas, concessionária autorizada Yanmar Agritech, vem intensifi cando seus tra-balhos na área de consórcios e espera neste ano um grande aumento no vo-lume de venda de cotas.

“As cotas de consórcio são ótimas alternativas para o produtor que plane-ja suas compras tanto no curto, quanto no longo prazo, pois as opções de paga-mento e taxas reduzidas são grandes atrativos para nossos clientes”, afi rma o diretor comercial da Sami Máquinas, Sami El Jurdi.

Modelo Yanmar Agritech 1155, Super-Estreito.

para tratores e implementos é uma ótima opção para o produtor mecanizar a propriedade

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A importância das pastagens emSISTEMAS SILVIPASTORISEstratégias e recomendações para um bom manejo

Bruno Carneiro e Pedreira1, Vitor Del Alamo Guarda2 e

Jorge Nunes Portela3

A utilização de pastagens cul-tivadas ou fl orestas planta-das de maneira isolada re-presentam uma modalidade

de uso da terra cuja exploração é bem mais simples do que sistemas silvipas-toris. Dessa forma, nestes sistemas in-tegrados manter o equilíbrio entre os componentes (árvores, plantas forra-geiras e herbívoros) e suas interações, além da relação com os fatores ambi-entais disponíveis, tornam a atividade mais complexa e dependente de um planejamento rigoroso. Para obten-ção de sucesso é necessário estudos de mercado, produtos, espécies, arranjo e, principalmente, de manejo da planta forrageira e dos animais.

Quando se trata de espécies for-rageiras, é necessário conhecer sua tolerância e capacidade produtiva em ambientes sombreados. Além disso, o

conhecimento das características mor-fofi siológicas e estruturais das plantas é de suma importância para que sejam escolhidas e manejadas adequada-mente a fi m de garantir a longevidade do sistema.

A produção de forragem é afe-tada pela diminuição da radiação lu-minosa disponível para as plantas no sub-bosque e o fator luz só deixa de ser o mais importante, quando existem outras limitações mais fortes, como, por exemplo, limitação nutricional, fator que deve sempre ser corrigido. Outros fatores são água, temperatura e comprimento do dia reduzido, os quais comprometem a planta em qualquer sistema. Esses aspectos não inviabili-zam, tampouco desencorajam o siste-ma silvipastoril, mas precisam ser en-tendidos.

Nos dias atuais, em função de pressões econômicas e ambientais, qualquer atividade precisa ser eco-nomicamente viável e ambientalmente correta. Dessa forma, em locais onde a pressão econômica é mais forte e as questões ambientais não são um en-trave, os sistemas ainda tendem a ser exclusivos. Nesses casos a silvicultura

ou a pecuária são conduzidos separa-damente. No entanto, a verticalização (intensifi cação) da produção está cada vez mais em evidência, e com isso sistemas integrados de produção, nor-malmente iniciados em menor escala, são o primeiro passo para a diversifi -cação das atividades na propriedade. Outro aspecto refere-se ao alto custo da terra em algumas regiões do país que faz com que se busquem alternati-vas de melhor aproveitamento do solo (não deixando áreas em pousio), ob-tendo maior retorno no sistema como um todo e melhorando o fl uxo de caixa do projeto.

Além disso, quando se propõe um sistema silvipastoril, é preciso ter conhecimento adequado para planejá-lo e gerenciá-lo. Nesse caso é preciso mensurar a quantidade de árvores ver-sus perdas na produção de forragem, incluindo nesse processo o conheci-mento de fi siologia de plantas forragei-ras para que o manejo do pastejo seja feito de forma a garantir a perenidade da pastagem e, conseqüentemente, a economicidade do projeto.

Neste ambiente está evidente que o efeito da sombra muda toda a dinâmica da planta forrageira, pro-porcionando aumentos na área foliar específi ca, na quantidade de lignina, no alongamento de colmos e na di-minuição das reservas. Dessa forma, ao implantar um sistema silvipastoril, mais do que nunca, o respeito aos limi-tes fi siológicos das plantas forrageiras, ao período de descanso e ao estande de plantas na área tornam-se aspectos ainda mais relevantes, que se negligen-ciados podem comprometer o sistema rapidamente. Nesse sentido, a quan-tidade e o formato de distribuição das árvores tornam-se fatores cruciais no processo.

Algumas espécies de gramíneas de clima tropical foram submetidas a três níveis de sombreamento (0, 30 e 60%). De maneira geral, houve redução na produção em função da redução na quantidade de luz disponível. Brachi-aria brizantha cv. Marandu; B. de-cumbens e Andropogon gayanus cv. Planatina apresentaram redução na produção, e no maior nível de som-bra a produção caiu em 27%, 45% e 49%, respectivamente, decorrente da redução da radiação luminosa em am-biente sombreado. Melinis minutifl ora e Setaria anceps cv. Kazungula

1 - Pesquisador da EMBRAPA Agrossilvipastoril, Sinop (MT)2 - Pesquisador Embrapa Pesca e Aquicultura.3 - Pesquisa e Ensino. Bento Gonçalves (RS).

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não tiveram suas produções alteradas pelo sombreamento.

Ainda nesse estudo, uma resposta interessante foi relatada com relação ao Panicum maximum cv. Vencedor, que a pleno sol e com 30% de som-

Pedro César Barbosa de Avelar1

O pastejo rotacionado é uma alternativa colocada à dis-posição da propriedade lei-

teira, que visa fornecer aos animais um pasto novo, abundante e de boa qualidade. Busca o aumento da efi ciência econômica através de um manejo racional e intensivo do pasto, dentro de um planejamento alimentar da atividade.

A produção leiteira deve ser competitiva como outras atividades agrícolas para progredir e para tan-to necessita explorar com máxima efi ciência todos os recursos exis-tentes. Neste sentido, as pastagens constituem uma das estratégias mais promissoras para desenvolver siste-mas de produção sustentáveis por possibilitar a melhor utilização dos insumos ao longo do tempo.

A efi ciência está condicionada a exploração racional de todos os fatores produtivos da propriedade, onde se busca resultados econômicos e socioambientais. A sustentabili-dade está alicerçada num tripé, onde a questão econômica, aos nossos ol-hos e aos nossos bolsos, é o que mais pesa, mas a questão socioambiental é tão importante quanto, pois sustenta o sistema como um todo. O Tripé da Sustentabilidade é: Econômico, Social e Ambiental e Sistemas Agrícola.

O solo é um dos recursos ambi-entais mais importantes do processo produtivo. Ele se intera num sistema que deve ser entendido e manipulado de forma global para garantir a susten-tabilidade do sistema de produção.

O solo no ManejoINTENSIVO DE PASTAGENS

bra apresentou produção semelhante, demonstrando o potencial dessa planta em sistemas silvipastoris. No entanto, quando submetido a 60% de sombra, sua produção reduziu em 28%. Por isso, a defi nição do espaçamento dos

renques é de suma importância, para que se tenha ganho com a produção de madeira (árvores), conforto térmico para os animais, sem maiores perdas em produção de forragem.

SOLO - PLANTA - CLIMA - ANIMAL - AÇÃO DO HOMEM = Um dos grandes entraves na obtenção de elevadas produtividades em pastagens tem sido a compactação e a degrada-ção do solo. O correto manejo das pastagens deve estar atrelado ao bom manejo do solo, utilizando um sistema capaz de minimizar os impactos nega-tivos da erosão, compactação e baixa infi ltração da água. O super pastejo, assim como o sub pastejo são causas da degradação do pasto e da compacta-ção do solo. O sub pastejo dos piquetes proporciona o sombreamento da base da touceira, o que prejudica o perfi lha-mento e rebrota das plantas. Ao con-trário, o super pastejo pode provocar a redução da área fotossintética, esgo-tamento das reservas orgânicas, maior exposição do solo, provocando o apa-recimento de ervas invasoras, compac-tação e redução da fertilidade do solo. O pisoteio causa uma compactação em profundidades de 7 a 10 cm o que pode ser corrigida pelo crescimento radicu-lar do capim,quando o sistema for bem manejado.

O sistema rotacionado estabelece um ciclo de pastejo, ou seja, os períodos de ocupação e descanso a serem adota-dos. Permite um controle rigoroso da colheita da forragem, proporcionando o melhor aproveitamento da pastagem, evitando a desuniformidade de pastejo e consequentemente a degradação do solo.

No manejo intensivo de pasta-gens o diagnóstico ambiental deve ser realizado evidenciando aspectos como:

Análise química e física do solo – Deverá ser feita pelo menos uma vez ao ano(março/abril), construindo um histórico da evolução da fertilidade.

Escolha das espécies forrageiras

– Implantar espécies forrageiras que sejam adaptadas às condições de solo, clima e manejo.

Planejamento das correções e adubações do solo – Aplicar cor-retivos e fertilizantes buscando al-cançar níveis de produtividade, mas evitando-se os impactos negativos, tanto no aspecto econômico (custo), quanto ambiental (contaminação dos mananciais, liberação de gases do efeito estufa).

Aumentar os índices de ma-téria orgânica do solo – Benefi cia as condições físicas (estrutura) e quími-cas (nutrientes) do solo; aumenta a capacidade de retenção de água, di-minui perdas por erosão, incrementa a vida do solo pelo aumento de mi-croorganismos.

Em áreas de pastejo rotacionado bem manejadas existe a tendência da diminuição anual da reposição dos nutrientes, principalmente o fósforo e o potássio, pois o desempenho das pastagens tende a melhorar, princi-palmente pela incorporação de maté-ria orgânica, o que diminui os custos com adubações. A permanência dos animais nos piquetes uniformiza a distribuição dos resíduos, o que me-lhora e mantém a fauna do solo e a reciclagem de nutrientes, mantendo as condições desejáveis do solo.

A adoção de sistemas agrícolas como o pastejo rotacionado inten-sivo deve ser vista como uma das ferramentas capazes de intensifi car a efi cácia da atividade leiteira e contri-buir para a manutenção dos recursos naturais. Cabe aos atores envolvidos na atividade terem uma visão holísti-ca do sistema, principalmente quanto aos aspectos edafoclimáticos, para que os resultados sejam positivos e promissores.

O objetivo maior do Projeto Cati Leite é conseguir sustentabi-lidade na atividade, com a produção basicamente em regime de pasto ro-tacionado, produzindo alimentos de alta qualidade, durante pelo menos 10 meses por ano e alta produtividade por hectare.

1 - Engº Agrônomo, diretor do EDR Franca/SP, Escritório de Desenvolvimento Rural. Tel. (16) 3721-4366. Email: [email protected]

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Adubação Verde: economia esustentabilidade para o soloDO TRIÂNGULO MINEIRORotação de cultura: sucesso no combate a nematóides

José Aparecido Donizeti Carlos 1

Os nematóides estão au-mentando signifi cativa-mente em todas as regiões produtoras de soja e milho

do Brasil. É questão de tempo para atingir o total das regiões do país. Mas, para combater essa praga, uma opção sustentável e que traz resultados con-tra esta epidemia são o uso de adubos verdes não hospedeiros.

Pesquisas já revelaram o efeito positivo no controle de nematóides do 1 - Engenheiro Agrônomo – Piraí Sementes. Email: [email protected]

cisto, de galha e lesão das raízes com as Crotalárias spectabilis e ochroleuca, as quais podem ser semeadas de outubro a março.

Após a colheita de milho e soja, há um espaço de tempo para o plantio de coberturas de verão que, mesmo semeadas tardiamente, tem o efeito da rotação os quais consistem em: melho-ria do solo, quebra de ciclo de pragas, doenças e nematóides.

Já para os meses de abril e maio, existe a opção dos adubos verdes de inverno. Neste caso, as melhores es-pécies para o cultivo são: a aveia em sucessão a soja e o tremoço em sucessão

ao milho. Um casamento perfeito entre leguminosa e gramínea, que garante ganho de produtividade, economia de insumos e redução de pragas, doenças e nematóides.

Adubação Verde na Rotação das Culturas - A tradição de rotacionar as culturas foi observada há mais de dois mil anos pelos chineses. A ne-cessidade foi observada por causa do empobrecimento do solo, aumento de pragas, doenças, nematóides e, conse-quentemente, o aumento do custo de produção.

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Já encontram-se abertas as in-scrições para o 8º SIMCORTE – Simpósio de Produção de Gado de Corte e 4º Simpósio Internacional

de Gado de Corte, que acontecerá nos dias 07, 08 e 09 de junho de 2012, na Universidade Federal de Viçosa (MG).

O evento contará com os mais renomados pesquisadores do Aus-trália, Brasil, Estados Unidos e Europa. Serão 20 palestras abordando temas de grande relevância para o desenvolvi-mento da Pecuária Brasileira.

As cinco primeiras edições do SIMCORTE contaram com programa-ção temática abrangente, proporcio-nada pelos mais renomados palestran-tes da área de Bovinocultura de Corte do país, que concederam a estudantes de ciências agrárias, profi ssionais e produtores rurais, a oportunidade de adquirir know how para incrementar a produção, a produtividade e a melho-ria da qualidade da carne no Brasil, au-mentando a competitividade no mer-cado nacional e internacional.

Em sua primeira edição, o SIM-CORTE, foi realizado em novembro de

1999 e contou com um público aproxi-mado de 500 participantes. Na última edição, o simpósio contou com a par-ticipação de 650 pessoas.

Os participantes do 8º SIM-CORTE terão direito a tradução si-multânea em todas as palestras. Con-fi ra algumas das principais palestras:

• “Manejo Nutricional de Bovinos Confi nados para Otimizar o Desem-penho e Minimizar o Impacto Ambi-ental”, com o Dr. Noel Andy Cole – USDA-ARS CPRL, Bushland, TX

• “Fibras Musculares e sua Rela-ção com a Efi ciência de Crescimento e a Qualidade da Carne Bovina”, com a Dra. Brigitte Picard – INRA, Cler-mont-Ferrand, França

• “Desvendando a Microbiologia de Rúmen: Quais Ferramentas Práti-cas podem surgir a partir da Biologia Molecular?”, com o Prof. Bryan White – University of Illinois

• “Aplicação de Sistemas de Exi-gências Nutricionais para Bovinos

Viçosa (MG) abrigará o8º SIMCORTE EM JUNHO

Já encontram-se abertas as in- 1999 e contou com um público aproxi-

Simpósio contará com pesquisadores internacionais

em Pastejo, com ou sem Suplemen-tação”, com o Dr. Stuart McLennan – Queensland Alliance for Agriculture & Food Innovation (QAAFI), University of Queensland.

• “Programação Fetal em Bovinos de Corte: Otimizando Desempenho e Qualidade de Carcaça nos Primeiros Estágios de Vida”, com o Prof. Min Du, da Washington State University

• “Bem Estar Animal e Manejo Pré-Abate a Nível de Indústria Frigo-rífi ca”, com a Profa. Janice Swanson – Michigan State University

• “Gerência e Competitividade na Bovinocultura de Corte”, com Prof. Fabiano Alvim Barbosa – UFMG

• “Gestão na Bovinocultura de Corte: a Experiência do Projeto em To-cantins”, com o Dr. José Daniel Tava-res – SEBRAE / TO

• “Instituições Inclusivas e De-senvolvimento Econômico e Social Sustentável: o Caso do Agronegócio”, com o Dr. Alberto Duque Portugal – Fundação Dom Cabral / FDC

• “Bovinocultura de Alto Desem-penho com Sustentabilidade”, com o Prof. Mário Fonseca Paulino – UFV

Confi ram a programação comple-ta e outras informações no site: www.simcorte.com A

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www.revistadeagronegocios.com.brCAFÉ

O Plenário da Câmara apro-vou o projeto de lei de con-versão do deputado Júnior Coimbra para a Medida

Provisória 545/11, que, entre outras medidas, altera as regras de incidência do PIS/Pasep e da Cofi ns sobre o café não torrado. Como foi admitida na for-ma de um projeto de lei de conversão, a matéria, agora, deverá ser votada pelo Senado.

De acordo com o texto da MP 545, a venda de café não torrado con-tará com a suspensão do PIS/Pasep e da Cofi ns, exceto se ocorrer para o consumidor fi nal. A medida também implica que os produtores que expor-tam café cru terão direito a descontar desses tributos um crédito presumido

Aprovada suspensão doPIS/PASEP e COFINS

OIncidência ocorrerá apenas no café não torrado

equivalente a 10% das alíquotas. Por sua vez, as torrefadoras sujei-

tas ao regime não cumulativo poderão descontar do tributo a pagar um crédi-to correspondente a 80% das alíquotas, desde que o produto comprado seja usado exclusivamente para a produção de café torrado ou extratos, essências e concentrados do aromático.

Ainda de acordo com a MP 545, o crédito presumido obtido poderá ser usado nos meses seguintes e, a cada trimestre, também se poderá utilizá-lo para a compensação de débitos de outros tributos caso haja sobras no desconto do PIS/Pasep e da Cofi ns. Além disso, os cafeicultores deixam de presumir crédito de 35% das alíquotas a que têm direito atualmente.

O Conselho Nacional do Café (CNC) comemora e agradece a aprova-ção da medida na Câmara e torce para que o mesmo ocorra no Senado Fede-ral, uma vez que o texto dessa Medida Provisória corrige o perverso regime tributário anterior, no qual empresas estranhas ingressaram no mercado com o objetivo único de comprar café para revendê-lo e se apropriar dos créditos.

Segundo o presidente executivo do CNC, Silas Brasileiro, a consolidação da medida, que ocorrerá com a aprova-ção no Senado, trará o reequilíbrio na relação comercial do café no Brasil, eliminando a concorrência desleal en-tre as grandes e pequenas torrefadoras, pois o novo sistema de tributação pro-porcionará maior transparência.

“O mercado voltará a vender para o exterior ‘apenas o café a preço de café’ e não mais ‘café com crédito tributário’. Ou seja, o mercado não re-passará para o consumidor externo os benefícios tributários e, em última in-stância, os produtores brasileiros, que pagam os impostos na compra de seus insumos, serão benefi ciados em forma de melhores preços”, conclui. (Fonte: Agrolink) A

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CAFÉ

Café da Alta Mogiana conquista INDICAÇÃO DE PROCEDÊNCIAAMSC: “Fronteiras definidas e qualidade reconhecida”

Os cafeicultores da Alta Mo-giana (região que inclui o município de Franca e ou-tros 14 municípios no nor-

deste de São Paulo) são os primeiros do Estado a conquistar o Selo de Origem e Procedência do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Agora, o café da Alta Mogiana tem suas fron-teiras defi nidas e qualidade reconhe-cida.

No início de fevereiro, a região conquistou o selo de Indicação de Procedência, com base na indicação geográfi ca. Concedido pelo INPI, será gerenciado pela Associação dos Produ-tores de Cafés Especiais da Alta Mo-giana (AMSC).

O certifi cado de identifi cação geográfi ca é o terceiro concedido no país para a cultura do café - os outros

dois foram para as regiões do Cerrado Mineiro (em 2005) e Serra da Man-tiqueira (em 2011).

A partir de maio, todas as sacas de café produzidas na Alta Mogiana terão estampadas o selo que é uma ga-rantia de qualidade para o consumidor. O vice-presidente da AMSC, Milton Cerqueira Pucci, diz que a identifi ca-ção valoriza características próprias de cada origem. “Nossa peculiaridade é o equilíbrio entre corpo, doçura e acidez. Isso é o que nos diferencia dos demais cafés e passaremos a ser reconhecidos por isso, inclusive no exterior”, disse. Para receber o certifi cado, os produ-tores devem respeitar critérios como não possuir embargos trabalhistas ou ambientais e obter pelo menos 75 pontos na escala Associação Ameri-cana de Cafés Especiais (SCAA), que

avalia parâmetros como torra do café, concentração de elementos sólidos solúveis, aroma, fragrância, entre ou-tros.

Da esquerda para a direita: Antonio Luis Jamas (RC Brazil), Celso Vegro (IEA), Geraldo Nascimento Junior (CATI), Shigueiro Kondo (CATI), Gabriel Oliveira (tesoureiro da AMSC), Flavia Olivito Lancha Alves de Oliveira (associada da AMSC), Milton Cerqueira Pucci (Vice-presidente da AMSC), Lucileida Castro (diretora administrativa da AMSC), Julio Ferreira (Mogiana Specialty Coffees) e Calixto Jorge (Mogiana Specialty Coffees).

Municípios que compõem a Alta MogianaFO

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www.revistadeagronegocios.com.br CAFÉ

A AMSC será responsável pela auditoria dos lotes e dos critérios ex-igidos. “Isso não signifi ca elitizar o selo. O produtor que tem um método simples de cultivo poderá receber des-de que cumpra as normas, que não es-tão relacionadas a altos investimentos tecnológicos”, explica André Cunha, presidente da AMSC.

Em 2011, a Alta Mogiana produ-ziu 813 mil sacas de café benefi ciado, em 53 mil hectares de lavouras. Segun-do a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, a expectativa é que a produção dobre em 2012, colocando a região como líder paulista.

Milton Pucci conta que a Asso-ciação lutava desde setembro de 2007 para conseguir a indicação. “Este selo é uma conquista de todos os produtores da região. É um marco histórico para a

sidade de produzir grãos de qualidade e agregar valor”, comenta Lucileida Cas-tro, diretora administrativa da AMSC. “É uma tendência no país. O Brasil, maior produtor e o segundo país no mercado de consumo de cafés, precisa deste reconhecimento para consoli-dar sua excelência neste setor”, afi rma Pucci.

Histórico - Fundada em 2005 por produtores de cafés especiais da Alta Mogiana, a AMSC conta com 40 associados e foi criada com o objetivo de valorizar cafés fi nos e de qualidade. A instituição é membro da Associa-ção Brasileira das Origens Produtoras de Café e vai gerenciar a utilização do selo de procedência na região. A partir de agora, o selo virá nas sacas de cafés produzidos na Alta Mogiana, em ações de marketing e amplamente divulgado em feiras internacionais.

André Cunha, presidente da AMSCAlta Mogiana”, comemora. “A partir de agora precisamos unir todas as forças da cafeicultura regional para fi scalizar o uso do selo, valorizar a indicação e fazer com que a conquista realmente agregue valor e proporcione um preço mais justo para o nosso café. Além de valorizar a região e movimentar a eco-nomia, a indicação de procedência é uma garantia para o consumidor pois atesta a qualidade do produto”, frisa Pucci.

A região da Alta Mogiana en-globa 15 municípios: Altinópolis, Batatais, Buritizal, Cajuru, Cristais Paulista, Franca, Itirapuã, Jeriquara, Nuporanga, Patrocínio Paulista, Pe-dregulho, Restinga, Ribeirão Corrente, Santo Antônio da Alegria e São José da Bela Vista. “A Indicação Geográ-fi ca é um tema recente no agronegócio brasileiro. Ganhou destaque a partir do fi nal dos anos 1990, com a neces-

Engº Agrº Milton Cerqueira Pucci (Vice-presidente da AMSC), Engº Agrº Celso Vegro (Instituto de Economia Agrícola) e Gabriel Mei Alves de Oliveira (tesoureiro da AMSC).”

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Quando pensamos em produ-tos de qualidade única, ten-do em vista as características naturais, como o mesoclima

de sua origem, e humanas, como o pro-cessamento manual e artesanal para obtenção do mesmo, sabemos exata-mente de onde são provenientes, e es-taremos, muito provavelmente, diante de um bem atestado com certifi cado de qualidade, que afi rma sua origem e garante o controle rígido de suas car-acterísticas únicas. Juridicamente, es-ses produtos são designados por uma Indicação Geográfi ca.

Também, muito possivelmente, ao escolhermos produtos de pro-veniência controlada e garantida, deci-diremos dispor de um valor superior ao preço médio praticado pelo mercado, tendo em vista a confi ança adquirida com a manutenção e controle das características inerentes ao produto durante décadas de comercialização e respeito ao consumidor.

Alguns exemplos desses produ-tos de notável qualidade certifi cados e identifi cados como Indicações Geográ-fi cas, são o Champagne - o vinho espumante proveniente daquela região francesa; os magnífi cos vinhos tintos da região de Bordeaux, o presunto de Parma, os charutos cubanos, os queij os Roquefort e Grana Padano.

As Indicações Geográfi cas cons-tituem-se em uma das formas espe-ciais de proteção a bens imateriais ou intangíveis, residentes em uma das es-pecialidades do Direito, a Propriedade Intelectual. A Indicação Geográfi ca visa, principalmente, a distinguir a ori-gem de um produto ou serviço, através da diferenciada qualidade e/ou a ex-celência da manufatura dos mesmos, ou através da fama de uma área geográ-fi ca pela comercialização ou obtenção de um determinado produto.

artigo

AS INDICAÇÕESGEOGRÁFICASAlexandre Fragoso Machado - advogado de Momsen, Leonardos & Cia., pós-graduado em Direito da Propriedade Intelectual pela PUC-RJ, ex-Examinador de Marcos do INPI. [[email protected]]

O assunto não é novo. Histori-camente, produtos são rotulados e distinguidos desde os primórdios da era romana, quando seus Generais e o próprio “César” (Imperador) rece-biam ânforas de vinho com a indicação da região de proveniência e produção controlada da bebida de sua preferên-cia. A morte era a punição daqueles que traziam o vinho errado.

Na metade do século XIX, a Euro-pa, então, vivendo período de compro-vado crescimento sócio-cultural pôde comprovar que o controle pela quali-dade de sua principal bebida, o vinho, era assunto de mais alta relevância. A indicação de regiões em seus vinhos começava a agregar valor econômico ao produto, atribuindo-lhe reputação e identidade própria, tornando-o, a rigor, mais valioso.

O vinho, considerado a mais pre-ciosa riqueza da França, foi alvo da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Safras estupendas do século XIX foram sorrateiramente escondidas em caves por seus produ-tores, principalmente as dos bordole-ses, através de paredes cobertas de teias de aranha.

Ao longo do Século XX, com o advento da Globalização de mercados e organização de blocos econômicos, torna-se cada vez mais visível que produtos de qualidade superior vêm sendo oferecidos ao consumidor co-mum.

Por outro lado, a cultura de pro-teção do registro de indicação geográ-fi ca no Brasil é uma das inovações da nova Lei de Propriedade Industrial, em vigor desde 1997.

Logo, a legislação brasileira inovou ao conferir proteção legal às regiões produtivas brasileiras através do registro de Indicações Geográfi -cas, o qual certifi ca a procedência dos

produtos, permitindo que aqueles, com comprovada qualidade, oriundos de determinadas regiões do país pudessem receber tal registro.

De acordo com a Lei nº 9.279/96, a Lei da Propriedade Industrial vigente no Brasil, as indicações geográfi cas po-dem ser classifi cadas em uma simples dicotomia: a) denominação de origem; ou b) indicação de procedência.

a) - A Denominação de Origem é caracterizada por uma área geográfi ca delimitada, precisamente demarcada, produtora de determinado produto infl uenciado por suas características geográfi cas (solo, sub-solo, vegetação), meteorológicas (mesoclima) e huma-nas (cultivo, tratamento, manufatura). Exemplos: Champagne, Borgougne, Alsace, Bordeaux, Parma, Cognac.

b) - A Indicação de Procedência, por outro lado, aponta determinada área geográfi ca conhecida por produzir certo produto, ou seja, não há carac-terísticas naturais (clima, geografi a,...) ou humanas, envolvidas na produção do mesmo. Exemplos: região de Franca (SP) para calçados, Sul da Bahia para charutos, Gramado e Canela (RS) para chocolates, queij os de Minas Gerais e Nova Friburgo (RJ).

Até o presente momento, o Insti-tuto Nacional da Propriedade Industri-al (INPI), órgão do governo brasileiro responsável pela análise e concessão de tais registros, recentemente concedeu, de forma pioneira, a primeira Indica-ção Geográfi ca genuinamente brasilei-ra – o Vale dos Vinhedos.

O “Vale dos Vinhedos” é uma conhecida região da Serra Gaúcha produtora de vinhos fi nos, entre as ci-dades de Bento Gonçalves e Garibaldi.

O empreendimento pioneiro foi representado pela APROVALE, a As-sociação dos Produtores do Vale dos Vinhedos, com o incentivo técnico

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www.revistadeagronegocios.com.br ARTIGOda EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que após diversos anos de pesquisa na região, conseguiu identifi car a área geográfi ca com carac-terísticas geoambientais ideais para a produção de vinhos fi nos.

Mesmo com inovações compro-vadas e com características determi-nantes na região delimitada, APROVA-LE e EMBRAPA decidiram solicitar, inicialmente, ao INPI, o reconheci-mento da região do Vale dos Vinhedos como Indicação de Procedência, ou seja, uma área geográfi ca simplesmente conhecida pela produção e/ou comer-cialização de vinhos fi nos.

A estratégia foi adotada com a intenção de se fortalecer as regras de controle de qualidade e fundamentar a excelência da região na produção de vinhos fi nos. Com o estabelecimento sedimentado e com a certeza da quali-dade de seus produtos, a APROVALE pretende requerer junto ao INPI o re-conhecimento de sua área geográfi ca delimitada como a primeira Denomi-nação de Origem brasileira.

A mais recente discussão no âmbito das Indicações Geográfi cas brasileiras é a questão envolvendo a

CACHAÇA. A bebida é notadamente uma aguardente extraída da cana de açúcar e mundialmente conhecida como proveniente do Brasil. Portanto, era de se esperar que os órgãos interna-cionais de registro reconhecessem que o termo CACHAÇA, por sua defi nição, não deveria ser concedido como um bem de propriedade industrial a quem quer que o requeresse.

Todavia, o termo CACHAÇA vem sendo alvo de requerimento de marcas em diversos países do mundo, como também vem acontecendo com as frutas exóticas extraídas da Região Norte do Brasil, como o cupuaçu e o açaí.

Dessa forma, o interesse nacional em se proteger o termo CACHAÇA mundialmente, tendo em vista o cres-cente volume de exportações da bebida genuinamente brasileira, vem toman-do assento no campo das Indicações Geográfi cas.

Politicamente, a intenção clara de proteção imediata da CACHAÇA levou o Governo brasileiro a publicar o Decreto nº 4.072/2002, o qual de-fi ne o termo CACHAÇA como sendo a aguardente extraída da cana de açúcar

proveniente do Brasil, com algumas características organolépticas pré-esta-belecidas.

A Associação Brasileira da Pro-priedade Intelectual (ABPI), vem discutindo a possibilidade de se en-quadrar a CACHAÇA como uma Indi-cação Geográfi ca brasileira. Para tanto, vem estudando legislações estrangeiras que já vislumbram com certa tradição o instituto das Denominações de Ori-gem, como França, Itália, Portugal e Espanha. A ABPI também vem estu-dando a apresentação de um Projeto de Lei que visa a regulamentar as De-nominações de Origem no Brasil.

Sem sombra de dúvida, o Brasil, outrora denominado como país es-sencialmente agrícola, possui enorme potencial no desenvolvimento das Indicações Geográfi cas, tanto que a própria EMBRAPA, maior centro de pesquisa agropecuária da América La-tina, já identifi cou mais de 30 (trinta) áreas geográfi cas com condições de abrigar centros de obtenção de produ-tos de qualidade superior, como exem-plo, mangas e uvas no Vale do Rio São Francisco, maçãs do Planalto Central e o café do Cerrado de Minas. A

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EVENTOS

Últimos estandes para a EXPOCAFÉ 2012

4º SIMCAFÉ já tem DATA DEFINIDA

O 4º SIMCAFÉ - Simpósio do Agronegócio Café da Alta Mogiana, realizado anualmente pela COCAPEC - Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas, já tem data defi nida e será nos

dias 18 e 19 de abril, no Salão de Evento do Castelinho, em Franca (SP)

A proposta do SIMCAFÉ é buscar alternativas que contribuam para aumentar ainda mais a efi ciência produtiva de seus cafeicultores e dos cooperados. O simpósio tem o objetivo despertar no empresário rural o interesse em infor-mações ligadas aos processos de gestão de seu negócio, para que, da mesma forma que as tecnologias de produção foram adotadas, as ferramentas de gestão sejam desenvolvidas e implantadas nas propriedades.

De acordo com Victor Alexandre Ferreira, coordena-dor da equipe organizadora do Simpósio, o contato com os parceiros já foi iniciado, bem como o convite aos palestran-tes. “Já demos início aos preparativos e, muitos dos nossos parceiros apresentaram o interesse de mais uma vez partici-parem deste grande evento”, afi rma Victor.

Informações: www.cocapec.com.br

A venda de estandes para a 14ª EXPOCAFÉ teve iní-cio em dezembro e, até o momento, 85% dos 189 espaços disponíveis foram comercializados. “Para esta edição aumentamos a área e o número de es-

tandes e estamos tendo um retorno bastante positivo dos expositores. Cem empresas já estão confi rmadas”, informa o relações públicas Antônio Augusto Braighi, da Comissão de Organização e Comercialização.

Na EXPOCAFÉ produtores e representantes da indús-tria têm a oportunidade de conhecer e adquirir novidades em máquinas, equipamentos e insumos, além de participa-rem de treinamentos e eventos paralelos sobre a cafeicul-tura. Em 2011, o evento recebeu mais de 22 mil visitantes e movimentou R$228 milhões em negócios.

As atividades da EXPOCAFÉ 2012 terão início no dia 19 de junho com a realização do 3º Simpósio da Mecanização da Lavoura Cafeeira. O Simpósio é exclusivo para partici-pantes previamente inscritos. A partir do dia 20, a feira será aberta ao público com a realização da exposição de equi-pamentos, máquinas e insumos e outros eventos paralelos, como as dinâmicas de campo e cursos de capacitação para operadores de máquinas. Informações: www.epamig.br e www.expocafe.com.br A

www.epamig.brA

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Como Uniformizar a Florada do Cafezal com oUSO DA IRRIGAÇÃO (2)

Pesquisador esclarece os mistérios da florada do caféAndré Luis Teixeira Fernandes1

3. FLORADA DO CAFEEIRO

O café se constitui numa espécie na qual todas as plantas individuais de uma certa extensão geográfi ca

fl orescem simultaneamente. Todavia, acontecem várias fl oradas, desde al-gumas poucas nas regiões cafeeiras das latitudes médias, com época seca e fria

bem defi nidas, até várias ao longo do ano, nas regiões equatoriais chuvosas.

Na região cafeeira do sudeste do Brasil, segundo o Prof. Alemar Braga Rena, da Universidade Federal de Viço-sa, podem ocorrer de 3 a 4 fl oradas, ou mais, de intensidade e temporalidade variáveis. Esse hábito reprodutivo con-duz a uma série de difi culdades práti-cas, algumas relacionadas com colhei-tas parciais prolongadas, outras com os controles efetivos de doenças e pragas dos frutos, podendo causar redução de produtividade e qualidade dos grãos.

De acordo com o pesquisador Go-pal, “a fl oração do cafeeiro (indução, evocação, diferenciação e antese) é um processo muito complexo e parece ser

uma resposta de efeitos cumulativos de fatores fi sio-ecológicos e sobre a qual muitos aspectos estão ainda por ser revelados”. O fenômeno da fl oração é ainda um dos maiores mistérios da tec-nologia cafeeira”. O seu conhecimento é fundamental para o agronegócio café.

Não há no momento qualquer es-tudo verdadeiramente científi co sendo realizado sobre a fl oração do cafeeiro, no Brasil, talvez no mundo.

Segundo o Prof. Rena, da UFV, a grosso modo, são reconhecidas quatro fases distintas na fl oração do café:

a) - iniciação fl oral: é precedido das reações fi siológicas da indução do estado fl orífero, que resultam na produção do “estímulo fl oral” e da “evocação” do meristema, resultando na formação da infl orescência. Estas gemas fl rais só são visíveis quando no estádio E2 (Figura 5), ou seja, numa fase mais adiantada do desenvolvi-mento fl oral.

b) - diferenciação fl oral e dor-mência do botão fl oral: os primórdios fl orais recém-diferenciados crescem de modo contínuo por um período de cerca de dois meses, até atingirem ta-manho máximo de 4 a 6 mm no Estádio 4 (Figura 5), com uma pausa de sema-nas ou meses (dormência), depen-

1 - Engº Agrônomo, Doutor em Engenharia de Água e Solo / Unicamp, Prof. Pesquisador da Uni-versidade de Uberaba (MG), área de Irrigação e Drenagem, coordenador do Núcleo de Cafeicul-tura Irrigada da Embrapa Café, representante ins-titucional Uniube / Embrapa Café, Pesq. do CNPq.

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dendo das condições externas, prin-cipalmente chuvas ou irrigação. Este botão E4 é o único sensível aos fatores ambientais, especialmente hidratação ou frio, que conduzem à recuperação do crescimento e eventualmente à ab-er-tura da fl or. Em condições de campo, a pausa de crescimento dos botões no estádio 4 coincide com a estação seca e com a redução do crescimento vegeta-tivo, porém, ainda são contraditórios trabalhos que comprovem a importân-cia de um défi cit de água na cessação do crescimento dos botões fl orais. Em cafeeiros com irrigação constante, ve-rifi ca-se que os botões fl orais se man-têm em dormência permanente, sendo necessário um período de seca para que haja a fl orada, quando os cafeeiros são novamente irrigados. Contudo, défi cits de água podem desenvolver-se mesmo em cafeeiros irrigados continuamente, estando o tempo ensolarado, com o acontece em algumas regiões do Bra-sil, com solos arenosos e clima quente, como a região oeste do estado da Bahia. A adoção ou não de um período de dé-fi cit hídrico para uniformizar a fl orada do cafeeiro talvez seja um dos maiores gargalos da cafeicultura irrigada do Brasil.

c) - abertura da fl or, ou fl orada: em condições normais, os botões fl orais que entraram em dormência durante um período de seca, tão logo ocorra uma chuva de valor mínimo (chuva de fl orada), reiniciam imediatamente o seu crescimento, levando à abertura das fl ores. As fl oradas, na maioria das regiões cafeeiras coincidem com o iní-cio do rápido crescimento vegetativo

(agosto/setembro) e têm continuação durante a estação de crescimento máxi-mo (novembro/dezembro). Chuvas e queda acentuada de temperatura estão geralmente associadas ao desencade-amento da abertura fl oral, porém, são necessários mais trabalhos de pesquisa que possam elucidar os efeitos de cada um destes fatores.

“Um período de défi cit hídrico é aparentemente essencial para liberar os botões fl orais da dormência, mas nem a presença da folha do nó nem um gradiente de potencial hídrico da

folha para o botão afetam o fenômeno de forma clara.

A pesquisa nos mostra que:-• O botão no estádio 4 entra em

dormência verdadeira;• Não tem xilema desenvolvido.• Após o défi cit hídrico, segui-

do da adição de água (hidratação), em 3 dias o xilema diferencia-se.

• Ocorrem variações hormonais no interior do botão fl oral.

• Crescimento é retomado e a fl or abre-se de 8-14 dias, dependendo da temperatura e do grau de hidratação.

• Somente gemas “maduras para a fl oração” (estádio 4) são sensíveis ao défi cit hídrico.

• Somente botões no estádio 4 de-senvolve o xilema.

4. MAS, E NA PRÁTICA?

Na prática, pode-se recomendar irrigação freqüente e abundante para evitar a fl oração (antese), seguida de défi cit controlado, quando o maior número possível de botões esteja no estádio 4. Irrigar novamente de forma abundante para sincronizar a fl oração. É preciso muito cuidado no retorno da irrigação, já que a hidratação insufi ci-ente do cafeeiro é muito prejudicial ao desenvolvimento. Talvez seja este um dos motivos da resistência dos cafeicul-tores em adotar um período de

Figura 5 - Estádios da fl oração do cafeeiro (Fonte: Prof. Alemar Braga Rena, UFV).

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CAFÉ

estresse hídrico para o cafeeiro.Alguns experimentos realizados

pela Embrapa Cerrados foram muito importantes para viabilizar a utilização da sincronização da fl orada com défi cit hídrico. No início, foi proposto défi cit fi xo, de 70 dias, para todas as regiões, tanto frias, como médias e quentes. Porém, esta prática já não é mais uti-lizada, pelo fato das características climáticas de cada uma das regiões cafeeiras brasileiras serem muito dife-rentes. Hoje, a paralisação da irrigação é feita em meados de junho, mas o re-torno das irrigações depende da região, da situação da lavoura, das condições climáticas.

Estes experimentos mudaram bastante o conceito inicial de que o défi cit hídrico controlado poderia comprometer a produtividade ao se visar a qualidade. Se realizada adequa-damente, é possível, com a paralisação da irrigação, no período adequado e no momento oportuno, é possível con-seguir altas produtividades com quali-dade.

Especifi camente na irrigação por gotejamento, ao invés de se interrom-per totalmente a irrigação, tem sido utilizado com sucesso a irrigação com défi cit, que tem por princípio reduzir a lâmina de água aplicada ao cafeeiro du-rante um período (entre junho e agos-to), com monitoramento da umidade do solo até 60 cm. Este procedimento tem permitido um ganho de qualidade, sem comprometer a produtividade do cafeeiro.

5. GERENCIAMENTO DA IR-RIGAÇÃO

Para que um projeto de irrigação do cafeeiro atinja seus objetivos, é ne-cessário que além de um projeto ade-quado (dimensionamento e implanta-ção), haja também um manejo efi ciente

da irrigação. O conceito de manejo efi ciente da irrigação é complexo, po-dendo assumir diversas faces, e no seu sentido mais amplo relaciona tanto o aspecto do manejo da água como tam-bém o manejo do equipamento, com o objetivo de adequar a quantidade de água a ser aplicada e o momento certo desta aplicação.

O manejo adequado da irrigação tem por um lado o compromisso com a produtividade do cafeeiro, e por outro o uso efi ciente da água e da energia, promovendo a conservação do meio ambiente.

Para ilustrar o cálculo da quanti-dade de água necessária para cafeicul-tura irrigada, vamos considerar o caso da região Oeste da Bahia. Atualmente a cultura ocupa uma área aproximada de 15.000 ha. A região caracteriza-se por alta demanda evapotranspirativa, o que resulta no consumo médio da cul-tura do cafeeiro da ordem de 1600 mm.

Considerando-se que as chuvas atendam 50% da demanda da cultura (800 mm), a quantidade de água a ser aplicada via sistema de irrigação atinge a cifra de 800 mm.

Sabendo-se que 1 mm representa 1 L/m2 ou 10 metros cúbicos (m3 )/ha, é fácil concluir que serão necessários aplicar 8.000 m3 por cada hectare irri-gado, ou 96.000.000 m3 (ou 96 trilhões de litros de água) na região como um todo.

Para permitir um melhor enten-dimento do volume de água necessário para irrigar o cafeeiro no exemplo an-terior, vamos compará-lo com o gasto de água para abastecer os habitantes de uma cidade. Tomando por base um consumo de 200 litros de água/habitan-te por dia, conclui-se que a quantidade de água gasta na irrigação do cafeeiro nesta região corresponde ao consumo de água de água de uma cidade de cerca de 1.315.068 de habitantes.

Os cálculos anteriores, apesar de simplifi cados, dão uma idéia do vol-ume de água envolvido na agricultura irrigada, e reforçam a tese de que a gestão de recursos hídricos passa in-variavelmente pela análise e conheci-mento da irrigação.

Outro ponto a considerar é a ne-cessidade de conhecimento das car-acterísticas dos diversos sistemas de irrigação utilizados. Cada sistema interagindo com uma determinada situação local promove uma maior ou menor efi ciência de irrigação, o que irá afetar o consumo de água total.

Durante a evolução da cafeicul-tura irrigada no Brasil, diversos foram os enfoques adotados. Inicialmente a única preocupação era o aumento da produtividade. Atualmente, a moder-nização da agricultura mundial passa pelo conceito de agricultura susten-tável, com a integração de todos os fatores que interferem na produção. Neste contexto é fundamental a uti-lização efi ciente da água e conservação do meio ambiente, que vem sendo um dos grandes desafi os da cafeicultura ir-rigada.

Outro desafi o atual é a consci-entização de que cafeicultura irrigada não signifi ca a mesma coisa que cafei-cultura tradicional mais água. Por traz deste simples jogo de palavras esconde-se uma questão fundamental para o futuro da agricultura irrigada, e que vem sendo o motivo de vários insuces-sos na exploração agrícola. É impor-tante a conscientização da necessidade uma reavaliação geral de conceitos e defi nições quando se inicia a explora-ção de uma cultura irrigada em uma área qualquer.

Devem ser questionados aspec-tos básicos como: melhor variedade, espaçamento mais adequado, níveis de adubação tratos fi tossanitários etc. Em síntese, é bem provável que uma série de atitudes e decisões adotadas sejam adequadas para a cafeicultura irrigada, mas não otimizam a produtividade e o lucro do produtor em condições ir-rigadas.

Assim é necessário assim que haja maior disponibilidade de informações para a condução de uma determinada cultura em condições irrigadas, de-nominado como “pacotes tecnológi-cos”. Para isso é fundamental desen-volver um grande número de pesquisas que possam trazer informações con-fi áveis aos cafeicultores irrigantes. que possam trazer informações con-

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Efeitos do estresse hídrico e daDISPONIBILIDADE DE FÓSFORO NO CAFEEIRO

Leandro da Silva1

Grande parte do parque cafeeiro do país se encontra implantado em áreas que apresentam sérias limitações

de ordem nutricional ao desenvolvi-mento das plantas (CORRÊA, 2001), incluindo também limitações de dis-ponibilidade de água. Com a ocupação de solos de Cerrado associada à irriga-ção, a cafeicultura tem sido estendida para áreas onde a condição de défi cit hídrico é uma constante (SANTI-NATO et al., 2008).

Parte do sucesso da cafeicultura irrigada tem se justifi cado pela possibi-lidade de expansão da cultura em áreas antes limitadas pela defi ciência hídrica ou distribuição irregular das chuvas, através de um manejo adequado dos recursos naturais solo-água. Em regiões tradicionais do parque cafeeiro a irri-gação garante a produção em anos de baixa precipitação ou quando ocorrem veranicos nas fases críticas de desen-volvimento dos frutos (SANTINATO et al., 2008). Em geral a irrigação é

uma prática que, além de incrementar a produtividade, proporciona a obten-ção de produto de melhor qualidade e melhor preço no mercado, fatos que também se constatam na cafeicultura irrigada (SANTINATO et al., 2008).

A defi ciência hídrica comum durante o cultivo das plantas, pode reduzir o fl uxo de fósforo (P) para a parte aérea (MOUAT & NES, 1986). Esta paralisação do suprimento de P do solo para a planta é agravada quando o sistema radicular é pouco denso e a espécie possui baixa efi ciência no uso do P (SANTOS et al., 2004). Sendo o cafeeiro uma planta sensível a de-sequilíbrios ambientais e nutricio-nais, tecnologias que permitam maior efi ciência produtiva são desejáveis, fato esse que está diretamente relacio-nado com uma adubação equilibrada e com disponibilidade hídrica adequada para a cultura, de maneira que even-tuais desequilíbrios não sejam prejudi-ciais na formação e produção do cafeei-ro (SANTINATO et al., 2008).

De fato, a redução da concen-tração de P reduz o crescimento e a produtividade vegetal, sendo que essa redução da força de dreno dada pela redução do crescimento impõe limi-

tações à fotossíntese (PIETERS et al., 2001), cujos efeitos podem ser amplia-dos por modifi cações induzidas na respiração e no metabolismo de ni-trogênio de plantas defi cientes em P (FLÜGGE et al., 2003). A inibição da fotossíntese causada pelo suprimento inadequado de P tem origem na alta demanda de ATP (adenosina trifosfa-to) pelo crescimento vegetal e na fun-ção essencial de intermediários fosfo-rilados nas reações de fi xação do CO2 (STITT, 1990).

As inovações tecnológicas envol-vendo adubações com doses elevadas de P têm sido consideradas como uma forma de aumentar a aquisição deste elemento pelos cafeeiros, sob o argu-mento de alcançar maior produtivi-dade e melhores índices de qualidade do produto fi nal (GUERRA et al., 2007). Sendo o P um elemento impor-tante para a formação do sistema radi-cular, sua presença é fundamental para o equilíbrio nutricional das plantas (RENA et al., 1986). A disponibilidade adequada de P proporciona cafeeiros bem desenvolvidos e vigorosos, o que em última instância determina boas produções.

Além da extração de P do solo e da mobilização deste na planta serem relativamente pequenas, as adubações fosfatadas ainda devem considerar as perdas que ocorrem principalmente nos solos ácidos e com elevados teores de óxidos de ferro e alumínio, mui-to comuns nas condições brasileiras (RENA et al., 1986). A disponibilidade de P é reduzida pela fi xação ao ferro, ao alumínio e ao cálcio, reduzindo sua difusão até as raízes (MALAVOLTA, 1980). Aplicações de doses elevadas de fertilizantes fosfatados são necessárias por ocasião do plantio, no entanto, as plantas extraem quantidades relativa-mente pequenas de P. Esse fato sugere que uma parte signifi cativa dos fosfatos adicionados no solo estaria indisponí-vel para o cafeeiro em crescimento (NOVAIS & SMYTH, 1999).

Plantas cujo sistema radicular é bem desenvolvido apresentam capa-cidade de explorar um maior volume de terra, possibilitando aumento da absorção de nutrientes e água, bene-fício mais evidente em condições de veranicos (RENA et al., 1986). Assim como os demais elementos nutricio-nais, a disponibilidade adequada de P proporciona cafeeiros bem desenvolvi-dos e vigorosos, o que determina boas produções. De fato, alguns pesquisa

1 - Engenheiro Agrônomo, Mestre em Tecnologia de Produção Agrícola. Tel. (16) 9121-6287 / (35) 9998-1752

Estresse hídrico ocasionado durante o inverno comum em regiões cafeeiras.

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dores têm observado respostas lineares e signifi cativas da produtividade de cafeeiros com o aumento da adubação fosfatada além dos níveis recomenda-dos, ocorrendo crescimento de novos nós e de radicelas superfi ciais, desen-volvimento de gemas reprodutivas, au-mento da fi xação dos frutos e redução da bienalidade da produção (GUERRA et al., 2007).

De fato, a defi ciência hídrica e a baixa disponibilidade de P são alguns dos mais importantes fatores limitantes ao crescimento das plantas em regiões tropicais (FAGERIA et al., 1997).

O aprimoramento de técnicas de irrigação e adubação é dependente do conhecimento da fi siologia dos cafeei-ros em condições específi cas, tais como a baixa ou a alta disponibilidade de fós-foro e a sua interação com a defi ciên-cia hídrica. Essa limitação ambiental ocorre com periodicidade ao longo do ciclo de cultivo do cafeeiro, ocorrendo naturalmente durante a estação de in-verno no Estado de São Paulo e prece-dendo a fase de fl oração.

CORRÊA, J. B.; REIS JÚNIOR, R. A.; CARVALHO, J. G. de; GUIMARÃES, P. T. G. Avaliação da fertilidade do solo e do es-tado nutricional de cafeeiros do sul de Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, v. 25, p. 1279-1286, 2001.

FAGERIA, N.K.; BALIGAR, V.C.; JONES, C.A. Growth and mineral nutrition of fi eld crops. New York: Marcel Dekker, 1997. 662p.

FLÜGGE, U. I.; HÄUSLER, R. E.; LUDEWIG, F.; FISCHER, K.. Functional ge-nomics of phosphate antiport systems of plas-tids. Physiologia Plantarum, v.118, p. 475-482, 2003.

GUERRA, A.F. ROCHA, O. C.; RO-DRIGUES, G. C.; SANZONOWICZ, C.; MERA, A. C.; CORDEIRO, A. Aprimoramen-to do sistema de produção de café (Coffea ara-bica L.) irrigado do cerrado. In: Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 5., 2007, Águas de Lindóia, Resumos expandidos... CBP&D/Café, 2007, cd-rom.

MALAVOLTA, E. Elementos de nu-trição mineral de plantas. Piracicaba: Editora Ceres, 1980. 251p.

MOUATT, M.C.H.; NES, P. Infl uence

of soil water content on the supply of phos-phate to plants. Australian Journal of Soil Re-search, v.24, p. 435-440, 1986.

NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fós-foro em solo e planta em condições tropicais. Viçosa: UFV, 1999. 399p.

PIETERS, A.J.; PAUL, M.J.; LAWLOR, D.W. Low sink demands limits photosynthe-sis under Pi defi ciency. Journal of Experi-mental Botany, v.52, p. 1083-1091, 2001.

RENA, A.B.; MALAVOLTA, E. RO-CHA, M.; YAMADA. Cultura do cafeeiro: fa-tores que afetam a produtividade. Piracicaba: Potafós, 1986, 447p.

SANTINATO, R.; FERNANDES, A.L.T.FERNANDES, D.R.; Irrigação na cultura do café; 2ªed.; Belo Horizonte, 2008, 476p.

SANTOS, M.G.; RIBEIRO, R.V.; OLIVEIRA, R.F.; PIMENTEL, C. Gas ex-change and yield response to foliar phospho-rus supplying in Phaseolus vulgaris under drought. Brazilian Journal of Plant Physiol-ogy, v.16, p. 171-179, 2004.

STITT, M. Fructose-2,6-bisphosphate as a regulatory molecule in plants. Annual Review of Plant Physiology and Plant Mo-lecular Biology, v.41, p. 153-185, 1990.Review of Plant Physiology and Plant Mo-

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Cadeia produtiva vêEQUALIZAÇÃO DAS DÍVIDASOferta restrita e demanda crescente animam o setor

Depois de dez anos de rentabilidade baixa, os cafe-icultores brasileiros fi caram bem mais aliviados nas duas últimas safras. Impulsionados pela oferta restrita e demanda crescente, os preços internos

do café praticamente dobraram entre 2010 e 2011 e, apesar da queda recente, prometem se sustentar em níveis elevados por algum tempo.

O setor ainda carrega um grande passivo, acumulado durante os longos períodos de vacas magras. O montante da dívida, dizem as lideranças, é praticamente incalculável - a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e os Minis-térios da Fazenda e Agricultura estão tentando levantar os números - mas aparentemente está sendo equalizado. “O endividamento já foi bem maior. Nas últimas safras houve um realinhamento e, hoje, a inadimplência é muito baixa”, afi rma Ademiro Vian, diretor-adjunto da Febraban. Em de-terminados momentos, lembra, o crédito ao segmento tam-bém foi mais restrito.

Vian pondera, porém, que a dívida do setor ainda é muito pulverizada e está mais concentrada fora do sistema

fi nanceiro, sobretudo com cooperati-vas, indústrias de insumos e tradings. É o que explica a difi culdade de se fazer um levantamento mais preciso das dív-idas do setor.“Quanto maior a renda, maiores as chances de se resolverem esses passivos”, afi rma Breno Mesqui-ta, presidente da Comissão Nacional de Café da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Segundo ele, de agosto de 2010 para cá, quando os

preços do produto começaram a melhorar, o fl uxo de recur-sos para o pagamento das dívidas com os bancos melhorou muito.

Segundo o Departamento de Café da Secretaria de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, dos compromissos com o Funcafé em 2011, R$ 269,01 milhões foram pagos antecipadamente, o equivalente a 13,25% de todo o fl uxo de reembolsos ao fundo previsto para o ano, de R$ 2,03 bilhões. Em 2010, o pagamento antecipado havia somado R$ 220,86 milhões, ou 9,1% do fl uxo estimado de R$ 2,4 bilhões.

Apesar da melhora, a antecipação dos pagamentos per-deu fôlego entre julho e dezembro de 2011. No período, os pagamentos antecipados somaram R$ 83,22 milhões, uma queda de 55% em relação aos R$ 185,79 milhões pagos no primeiro semestre.

O ex-secretário de Produção e Agroenergia, Manoel Bertone, afi rma que as antecipações diminuíram pelo fato de a base fi nanciada já ter sido calculada a preços mais eleva-dos. “O produtor fez fi nanciamento com um nível de preço mais elevado e não está se antecipando aos pagamentos, pois espera o auge da entressafra, quando considera que os preços serão melhores”, explica.

Os cafeicultores ligados à Cooxupé estão obedecendo ao fl uxo de pagamento normal - parcelas anuais, sem ante-cipações, segundo informou a assessoria de comunicação da cooperativa. Existem prorrogações feitas anteriormente que vão até 2020.

Para o fi nanciamento da safra 2012/2013, que começa em junho, a expectativa é que sejam disponibilizados R$ 2,8 bilhões pelo Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Fun-café). Na temporada passada, foram liberados cerca de

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R$ 1,9 bilhão, de acordo com o Minis-tério da Agricultura. “É importante ter recurso de colheita e estocagem para o produtor vender a safra grada-tivamente. Política para não deprimir preços é boa para o produtor e para o mercado”, diz Breno Mesquita.

Ainda é cedo para concluir se a renda do cafeicultor na nova tempo-rada será maior ou, pelo menos, igual à apurada no ciclo 2011/12 - de modo geral, sufi ciente para cobrir os custos de produção. Atualmente, a saca do produto de boa qualidade é negociada entre R$ 470 e R$ 490 no mercado físico, observa Eduardo Carvalhaes, analista de mercado do Escritório Car-valhaes.

A expectativa é de que os preços continuem sustentados no mercado internacional. De dezembro de 2011 até o início de fevereiro, o valor do produto caiu de 5% a 6%, segundo o Escritório Carvalhaes. Nesta semana, o indicador de preços Cepea/Esalq para o café atingiu o menor patamar desde janeiro de 2011.

Apesar da previsão de uma safra maior, Eduardo Carvalhaes afi rma que não se nota uma corrida para plantar

mais café. “O produtor pensa muito antes de cultivar o grão, pois pode plantar no pico do mercado e colher com os preços em baixa”.

Os custos de produção variam bastante, conforme apontam os dados apurados pela Confederação de Ag-ricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Universidade Federal de Lavras (UFLA). Em Santa Rita do Sapucaí (MG), por exemplo, o custo total por saca foi de R$ 408,47, com margem líquida de R$ 28,53, em 2011, contra um custo de R$ 380 e margem líquida de R$ 145 a saca, em 2010.

Segundo a assessora técnica da superintendência técnica da CNA, Carolina Bazilli, o levantamento de 2012 será feito entre março e junho e consolidado apenas em setembro. Se-gundo ela, ainda não existe uma prévia das estimativas de custo, mas eles não devem mudar muito em relação a 2011.

O primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abasteci-mento (Conab), divulgado em janeiro, aponta que a safra de café 2012/2013 deve fi car entre 48,97 milhões e 52,27 milhões de sacas. O bom desempenho é explicado pela bienalidade da cultura

(ano de produção ruim seguido de co-lheita cheia) e pelos investimentos na lavoura.

Contexto - A Associação Brasilei-ra da Indústria de Café (Abic) acredita que não haverá excedente do grão no mercado interno em 2012. Apesar da previsão de uma safra brasileira maior, a queda da produção na Colômbia, América Central, África e Indonésia deve equilibrar o mercado, avalia Na-than Herszkowicz, diretor da Abic. Expectativa semelhante está presente na análise mensal do Centro de Estu-dos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ESALQ) para o café. Com base em números do Departamento de Ag-ricultura dos Estados Unidos, o Cepea estima que o estoque inicial da safra 2012/13 não deve passar de 4 milhões de sacas. Para 2012, a indústria prevê um aumento de consumo entre 3,5% e 4%, o que signifi ca um acréscimo de 700 a 800 mil sacas - mais um fator de sustentação dos preços. Os brasileiros devem consumir 20,5 milhões de sacas. O faturamento da indústria no ano pas-sado foi de R$ 7 bilhões, alta de 19% em relação a 2010. A

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Maior desafio em 2012 será o CUSTO DE MÃO DE OBRAPesquisa do CaféPoint analisa o setor cafeeiro

Rafaela Vendemiatti1

No início de janeiro o CaféPoint lançou a seguinte enquete aos seus leitores: Qual será

o principal desafi o do setor cafee-iro em 2012?

A pesquisa contou com a par-ticipação de 9 estados brasileiros, e 18,79% das respostas aprontaram como o principal desafi o as difi cul-

dades com custo de mão de obra es-pecializada. Os leitores apontaram como segundo maior desafi o, com 15,66%, as incertezas climáticas que nos últimos anos é preocupa-ção em todas as regiões produtoras de café do mundo. A importância da gestão de custos na propriedade fi cou em terceiro lugar com 10,02% das respostas.

As preocupações com a mão de obra vêm sendo discutida com freqüência no setor. A atividade exige pessoas qualifi cadas e com-prometidas. A burocracia existente

na contratação da mão de obra difi culta no sentido em que os trabalhadores temporários ganham maiores garantias de estabilidade em seus empregos fi xos, portanto colocam em se-gundo plano os trabalhos temporários de safra, o que gera preocupação por parte dos produ-tores.

Outras opções de desafi os para 2012, além das indicadas pelo CaféPoint, foram sugeridas pelos leitores: Escassez de mão de obra; Queda na produtividade; Alto custo e monopólio dos insumos agrícolas; Conscien-tização da importância da qualidade; Controle de doenças e pragas; e Renovação das lavouras.

Dentre os leitores participantes da en-quete, os mineiros tiveram maior participa-ção (46%), seguido dos paulistas (31%) e dos capixabas (12%).

Comentários de Destaque1 - “Nas constantes variações de diversos

pontos do setor, o produtor precisa ser efi ci-ente no momento de produzir com qualidade e diminuir custos.”

2 - “Transparência de preço e orientação ajudarão a contornar estes desafi os. “

3 - “Colheita manual para o café conilon, esse pode vir a ser nosso desafi o. Ainda não te-mos máquinas apropriadas para essa cultura.”

4 - “Não só o custo, mas a falta de mão de obra será um desafi o.”

5 - “Com relação aos problemas climáti-cos, não temos controle total sobre eles, por-tanto estamos bem expostos. No momento onde o cenário mundial aponta para o cresci-mento do consumo, acredito que o Brasil deve trabalhar mais na divulgação de nosso café, as-sim como os demais países da América Latina, cuja produção é menor que a brasileira, porém de maior valor agregado.”

6 - “Continuando as ações de marketing que vem sendo trabalhadas sob novos arran-jos desde 2011, o novo ano precisa avançar no posicionamento dos diferentes cafés do Brasil. A ABOP Café terá um importante papel neste processo, bem como os trabalhos que outras entidades vêm desenvolvendo, precisam ser somadas num discurso único e mostrar ao mundo quem é o país do café. Neste processo, adequar as propriedades e gerenciar seus cus-tos são os desafi os internos da propriedade, pois não é porque os preços estão melhores que deveremos nos descuidar destas áreas.”

7 - “As certifi cadoras deverão ser mais atuantes e de fácil acesso para os pequenos produtores, acho que eles estão muitos distan-tes da realidade, porque o processo de certifi -cação deve ser gradativo.”

8 - “União dos produtores, criação de regiões de origem controladas, exigir maior efi cácia das cooperativas.”

1 - Engª Agrônoma formada pela Unesp/Bo-tucatu. Atua na empresa Agripoint, respon-sável pelo conteúdo do portal CaféPoint.

Gráfi co 1 - Qual será o principal desafi o do setor cafeeiro em 2012?

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9 - “Acredito que as incertezas climáticas têm colocado obstáculos às perspectivas da produção cafeeira, já que qualquer planejamento precisa levar em conta as alterações de clima que visivel-mente tem alterado nossa capacidade de previsão de safra, que acaba não confi gu-rando o esperado. Também entendo a ne-cessidade de se estabelecer uma estratégia de marketing efi ciente para fortalecer es-pecialmente uma percepção mais clara das qualidades do café brasileiro no mercado interno e no exterior, assim como estabel-ecer um planejamento estratégico, visando a adoção de tecnologias inovadoras que permitam ao cafeicultor a substituição do uso intensivo de mão de obra que cada vez mais vem onerando o custo de produção.”

Gráfi co 2 - Participação por estado brasileiro

10 -“Realizar um plantio sustentável, manter o nível de produção da lavoura alto e conseguir um preço fi nal justo é o principal desafi o da cafeicultura brasileira para 2012 .”

11 -“Os incentivos fi scais e fi nanciamentos deveriam benefi ciar apenas os que andam em dia com sua obrigações assumidas, e não fi car tentando acertar a situação dos inú-meros produtores que só querem prorrogação de dividas, sendo que com os preços que atingimos agora só não acer-tou suas dividas quem não quis! Precisamos de incentivos para os que realmente acreditam no CAFÉ - nosso principal produto!”

12 -“Hoje a burocracia existente na contratação da mão de obra no setor cafeeiro difi culta muito, no sentido de que os trabalhadores temporários estão ganhando maio-res garantias de estabilidades em seus empregos e estão dei-xando de lado as temporadas da safra do café. O que traz grande afl ição para os produtores e descontentamento para a categoria.”

13 -A mão de obra representa muito no custo de produção do café, particularmente, em lavoura de fi xa produtividade, porque o trabalhador que trabalha por produção, cobra muito caro por unidade colhida quando não consegue colher muitas unidades por dia. Para que ele tenha uma renda boa é preciso cobrar mais por unidade.”

14 -“Administrar o custo de produção para poder in-vestir em tecnologia, mecanizando o máximo as lavouras, devido a difi culdade de se obter mão de obra para o setor cafeeiro.”

15 -“Acredito que as três opções marcadas expressar minha preocupação com o aumento do consumo interno no Brasil, mas com os estoques baixos acredito que o pro-blema estará em manter a qualidade dos cafés para o nosso consumo interno. Há uma grande difi culdade em manter uma qualidade devido à difi culdade em adquirir e manter o mesmo padrão dos blends. Com os estoques baixos e a ex-pectativa de uma safra próxima de 50 milhões de sacas para 2012/13, acredito que os preços não deverão sofrer grandes mudanças. Qualquer contratempo climático no Brasil para as próximas safras poderá dar suporte para os preços.”

16 - “O momento da cafeicultura Brasileira é extrema-mente positivo, porém as condições climáticas é um grande desafi o, pois não há ações técnicas e práticas para solucionar estes problemas a curto prazo. Por exemplo, caiu uma chu-

va de granizo que acabou com as lavouras no município de Itamogi, e não tem como fazer nada para prevenir, somente rezar, e começar a colocar em prática ações, como o uso de quebra vento, para diminuir a incidência de doenças.”

17 - “Para os cafeicultores das regiões de montanha o principal desafi o é reduzir o custo de colheita!

18 - “Diante de um quadro de altos custos de produção, principalmente no que concerne à mão de obra, e das exi-gências de mercado quanto a práticas agrícolas sustentáveis e rastreabilidade, há necessidade de novas tecnologias e inovações para o setor cafeeiro visando maior qualidade de nosso produto.” (Fonte: www.cafepoint.com.br) A

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EVENTOS

Franca sediará em setembroA 4ª EXPOVERDER$ 1,75 milhão de negócios atraem expositores

Com grande expectativa, a Comissão Organizadora da 4ª EXPOVERDE - Feira de Máquinas e Imple-mentos Agrícolas, Insumos, Flores, Frutas, Hor-taliças, Plantas Nativas, Plantas Ornamentais, Plan-

tas Medicinais e Agricultura Orgânica de Franca e Região já iniciou os preparativos para o evento, que acontecerá de 20 a 23 de setembro, no Parque de Exposições “Fernando Costa”, em Franca (SP).

A realização é da Associação dos Produtores Rurais do Paiolzinho, com o apoio da Prefeitura de Franca, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento,

“Buscamos, com este evento, fi rmar a EXPOVERDE como a principal feira de negócios da Alta Mogiana no se-gundo semestre, envolvendo as áreas agrícolas e de paisa-gismo”, explica Carlos Alberto Rodrigues, presidente da As-sociação do Paiolzinho.

A feira conta com estande de empresas de produtos e serviços relacionados à agricultura (cultivo de grãos, mudas

frutíferas, sementes de hortaliças, irrigação, agricultura orgânica, plantas medicinais, in-sumos, máquinas e implementos agrícolas) e também o paisagismo (mudas de orquídeas, fl ores e demais plantas ornamentais, gra-mas, mudas de plantas nativas, pedras, de-coração, jardinagem, madeira, gramas, etc.).

Reunidas em um único espaço, as empresas que trabalham nestas áreas terão a oportunidade de mostrar produtos e ser-viços, atraindo um número maior de visi-

tantes, bem como comprovar a importância econômica des-tas atividades na economia local, responsáveis pela geração de riquezas e geração de empregos.

No ano passado, a EXPOVERDE contabilizou R$ 1,75 milhão em negócios gerados durante o evento. E a agricul-tura foi o setor com maior destaque, principalmente com as empresas de máquinas e implementos e também irriga-ção. “Aos poucos, a feira vai se tornando referência regional, dando oportunidade para os agricultores de toda a região e também de Minas Gerais conhecerem e adquirirem máqui-nas, implementos, equipamentos, insumos e diversos outros serviços voltados à produção agrícola”, afi rma Alexandre Ferreira, secretário municipal de Desenvolvimento.

Para este ano, são mais de 60 espaços comerciais, dos quais 40% já foi comercializado antecipadamente, ainda no ano passado. “As empresas estão antecipando o fechamento dos estandes, o que agrada e muito a organização”, diz.

O horário de funcionamento da 4ª EXPOVERDE será das 9 às 19 horas, com entrada gratuita. A Revista Attalea Agronegócios é parceira do evento desde a sua criação e manterá um estande próprio durante os quatro dias.

Além da feira comercial, o visitante poderá ainda par-ticipar de várias palestras técnicas, uma confortável praça de alimentação.

Sem falar no sorteio de prêmios. No ano passado, o agricultor Marcial de Souza Stefani, cafeicultor do sítio Re-tiro, zona rural de Ribeirão Corrente (SP), foi o ganhador de uma Carreta Agrícola Acton. “Para este ano, estudamos aumentar o valor do prêmio, mas dependemos dos patroci-nadores. Quem sabe, com apoio, conseguiremos um trator!”, enaltece Alexandre Ferreira.

Informações:- www.franca.sp.gov.br. Tel. (16) 3711-9482. Email: [email protected]

Cafeicultores avaliam trator New Holland durante a 3ª EXPOVERDE.

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www.revistadeagronegocios.com.brCRÉDITO RURAL

PREVER: Crédito Rural comPROFISSIONALISMOEmpresa francana auxilia o produtor rural

O fi nanciamento da atividade agrícola no Brasil é repre-sentado basicamente pelo Crédito Rural, que é uma

linha de crédito que é disponibilizada ao produtor, cooperativa ou empresa rural para custeio, investimento e co-mercialização de produtos agrícolas.

Esta linha de crédito estimula os investimentos, garante o valor de custeio da produção e comercializa-ção e, conseqüentemente, fortelece o setor rural. Outro benefício decor-rente do fi nanciamento agrícola é que este propicia o desenvolvimento de tecnologias que irão promover a me-lhoria da produtividade e o aumento da produção.

Exigências e Garantias - Para a liberação de crédito, as institui-ções fi nanciadoras exigem garantias de pagamento, que podem variar de acordo com a situação do tomador do fi nanciamento, tais como penhora de produção, bens imóveis, hipoteca co-mum ou qualquer outro bem permiti-do pelo Conselho Monetário Nacional.

Estas exigências variam de acordo

com a instituição fi nanciadora, sendo que, normalmente, algumas exigên-cias são comuns as diversas institui-ções, como a idoneidade do tomador, a elaboração de planos ou projetos com orçamentos, a capacitação de execução e um cronograma de desembolso e re-embolso do valor tomado.

A liberação do crédito normal-mente se dá de acordo com o crono-grama fi nanceiro do projeto.

Projeto - Cabe ao produtor rural decidir a necessidade de assistência técnica para elaboração do projeto e de orientações, salvo quando considera-dos indispensáveis pelo agente fi nan-ciador ou quando exigidos em opera-ções com recursos ofi ciais.

A liberação do crédito do fi nan-ciamento na sua maioria acontece seguindo com o cronograma fi nanceiro do projeto apresentado para a con-cessão dos recursos.

“O cronograma serve para di-mensionar a quantidade e prazos como as parcelas serão liberadas de acordo com a necessidade do empreendi-mento”, explica o Engº Agrº Fernando

Pavão, diretor da PREVER Engenhei-ros Associados.

A PREVER é uma empresa se-diada em Franca (SP), credenciada junto ao Banco do Brasil e que presta serviços para produtores rurais visando a obtenção de fi nanciamentos junto às instituições fi nanceiras que trabalham com crédito rural (incluindo Banco Santander e Credicocapec).

“Além da elaboração de projeto técnico, a PREVER realiza o estudo de viabilidade econômica, estabelece o limite de crédito (cadastro do cli-ente), elabora laudos de avaliação em propriedades rurais (móveis e imóveis) e também laudos de perícia judicial”, afi rma o Engº Agrº Milton Eugênio Jorge Monteiro, sócio de Pavão na em-presa.

Com profi ssionalismo e agilidade, Fernando Pavão e Milton Eugênio atu-am há mais de 15 anos desenvolvendo projetos na área de crédito rural para cafeicultores, pecuaristas, produtores de cana-de-açúcar e fruticultores da região de Franca (SP). “Colocamos todo o conhecimento da empresa à dis-posição do agricultor, para que o pro-jeto seja bem elaborado, com planeja-mento adequado e a melhor opção para o seu negócio”, conclui Fernando Pavão.

Pagamento do Financiamento - O pagamento (à vista ou parcelado) é realizado após um período de carên-cia, que varia de acordo com cultura ou criação e a atividade realizada e é programado de acordo com a capa-cidade de receita durante as épocas de produção.

As taxas de juros utilizadas no crédito rural são, em geral, mais baixas que em fi nanciamentos de outras mo-dalidades e são determinadas pela ins-tituição fi nanciadora.

A seguir, elaboramos algumas modalidades de fi nanciamentos agríco-las, dos quais os produtores rurais po-dem utilizar-se do apoio da PREVER Engenheiros Associados.

a) - Comercialização:- destina-se a assegurar ao produtor ou cooperati-vas os recursos necessários à colocação de seus produtos no mercado, podendo compreender a pré-comercialização, os descontos de Nota Promissória Ru-ral e o Empréstimo do Governo Fe-deral (EGF).

b) - Custeio:- destina-se a cobrir despesas normais dos ciclos produti-Os agrônomos Fernando Pavão e Milton Eugênio, diretores da PREVER Engenheiros Associados. despesas normais dos ciclos produti-

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vos de lavouras periódicas, de entressafra de lavouras permanentes ou da extração de produtos vegetais espontâneos, incluindo o ben-efi ciamento primário da produção obtida e seu armazenamento no imóvel rural ou em cooperativa; de exploração pecuária; e de benefi -ciamento ou industrialização de produtos agropecuários.

Divide-se em Custeio Agrícola, Custeio Pecuário e Custeio de Benefi ciamento ou Industrialização.

Financia-se até 100% do orçamento das despesas da exploração durante o ciclo produtivo dos animais, limitado a 70% da receita pre-vista para o empreendimento.

c) - Investimentos:- destina-se às aplicações em me-lhorias, a aquisição de bens ou de serviços, cujo resultado será observado na melhoria das condições de produção a longo prazo.

Divide-se em Pronamp, Procap-Agro, ModerAgro, Moder-Frota, ModerInfra e Programa ABC.

O Pronamp - Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural foi criado na safra 2010/2011, dispõe de re-cursos para custeio e investimento aos médios produtores rurais. Para a safra 2011/2012, o limite para enquadra-mento no programa aumentou para R$ 700 mil, favorecendo um maior número de produtores. O Pronamp substituiu o antigo Proger Rural, com mais recursos e condições facilitadas para contratação.

O Procap-Agro - Programa de Capitalização de Cooperativas Agro-pecuárias é destinado às cooperativas de produção agropecuária, pesqueiras e aquícolas, que contam com recursos para a recuperação ou a reestruturação patrimonial. Os juros são de 6,75% ao

ano e o prazo de pagamento, no caso de projetos para a integralização de cotas-partes, é de até seis anos, incluídos até dois anos de carência.

Já o Moderagro - Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais tem por objetivo fomentar os setores da apicultura, aquicultura, avicultura, cunicultura, fl oricultura, hortifruticultura, ovinocaprinocultura, pecuária leiteira, pesca, ranicultura, sericicultura e suinocul-tura.

Inclui ainda fomentar ações relacionadas à de-fesa animal, particularmente o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tubercu-lose (PNCEBT) e a implementação de sistema de rastreabilidade animal para alimentação. E também apoiar a recuperação de solos por meio do fi nancia-mento para aquisição, transporte, aplicação e incor-poração de corretivos agrícolas.

A taxa de juros é de 6,75% ao ano, incluída a remuneração da instituição fi nanceira credenciada, de 3% ao ano. O prazo total é de até 10 anos, in-cluída a carência de até 3 anos.

Os limites do fi nanciamento são de até R$ 600 mil, por cliente, para empreendimentos individuais e até R$ 1,8 milhão por modalidade, em empreen-dimento coletivo, respeitado o limite individual por participante. Para a reposição de matrizes bovinas ou bubalinas, no âmbito do PNCEBT, limite de até R$ 120 mil, por cliente, e até R$ 3 mil, por animal. Já os itens de fi nanciamento relacionados à pesca e aquicultura, limite de até R$ 600 mil, por cliente.

O Moderfrota - Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos As-sociados e Colheitadeiras tem por objetivo fi nan-ciar a aquisição de equipamentos novos ou usados (tratores e implementos associados, colhei-tadeiras e suas plataformas de corte, e equipamentos para preparo, secagem e benefi ciamento de café).

A taxa de juros é de 7,5% ao ano para os clien-tes que se enquadrem no Moderfrota-Pronamp e de 9,5% a.a., para os demais clientes.e de 9,5% a.a., para os demais clientes.

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Nos fi nanciamentos de equipa-mentos para preparo, secagem e benefi -ciamento de café, os produtores deverão ter renda bruta anual inferior a R$ 100 mil, com limite do fi nanciamento de até R$ 40 mil, por cliente.

O prazo de fi nanciamento de equi-pamentos novos para café e implementos associados é de até 8 anos, com exceção de implementos agrícolas isolados, onde o prazo é de até 4 anos.

O ModerInfra - Programa de In-centivo à Irrigação e à Armazenagem tem por objetivos apoiar o desenvolvi-mento da agropecuária irrigada; am-pliar a capacidade de armazenamento da produção; proteger a fruticultura em regiões de clima temperado; e apoiar a construção e ampliação das instala-ções destinadas à guarda de máquinas e implementos agrícolas e à estocagem de insumos a-gropecuários.

São fi nanciáveis os investimentos relacionados com todos os itens ineren-tes aos sistemas de irrigação e de arma-zenamento, de forma coletiva ou individual, implantação e recuperação de equipamentos e instalações para proteção de pomares contra a incidência de granizo e a construção e ampliação de instalações destinadas à guarda de máquinas e implementos agrícolas e à estocagem de insumos a-gro-pecuários.

A taxa de juros é de 6,75% ao ano, com prazo total de até 12 anos, incluída a carência de até 3 anos.

O limite do fi nanciamento é de té R$ 1,3 milhão por cliente, para empreendimento individual, e até R$ 4 mil-hões, para empreendimento coletivo, respeitado o limite in-dividual por participante.

Já o Programa ABC - Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura tem por objetivos promover a redução das emissões de gases de efei-to estufa oriundas das atividades a-gropecuárias; reduzir o desmatamento; aumentar a produção agropecuária em bases sustentáveis, como sistemas orgânicos de produção e plantio direto; a-dequar as propriedades rurais à legislação ambien-tal; ampliar a área de fl orestas cultivadas; e estimular a recu-peração de áreas degradadas.

Poderá ser fi nanciado custeio associado ao investi-mento, limitado a até 30% do valor fi nanciado, podendo ser ampliado para:

i) - até 35% do valor fi nanciado, quando destinado à implantação e manutenção de fl orestas comerciais ou re-composição de áreas de preservação permanente ou de reserva legal; ou

ii) - até 40% do valor fi nanciado, quando o projeto in-cluir a aquisição de animais e sêmen de bovinos, ovinos e caprinos, para reprodução, recria e terminação.

Para o Programa ABC, a taxa de juros é de 5,5% ao ano e até R$ 1 milhão por cliente, por ano-safra. Já com relação aos prazos, estão foram estipulados assim:

i) - Projetos para implantação de viveiros de mudas fl o-

restais = até 5 anos, incluindo até 2 anos de carência;ii) - Investimentos destinados à adequação ao sistema

de agricultura orgânica, ao plantio direto “na palha”, à recu-peração de pastagens e à implantação de sistemas produtivos de integração lavoura-pecuária, lavoura-fl oresta, pecuária-fl oresta ou lavoura-pecuária-fl oresta = até 8 anos, estenden-do-se até 12 anos quando a componente fl orestal estiver pre-sente, incluindo até 3 anos de carência;

iii) - Projetos para implantação, manutenção e manejo de fl orestas comerciais e para produção de carvão vegetal = até 12 anos, estendendo-se até 15 anos a critério da institu-ição fi nanceira credenciada e quando a espécie fl orestal o justifi car, incluindo até 8 anos de carência

iv) - Projetos para recomposição e manutenção de áreas de preservação permanente ou de reserva legal = até 15 anos, incluindo até 1 ano de carência. A

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