edicao 192 caderno1

16
7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1 http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 1/16 Ano 30 • número 192 • Julho de 2013 • Belo Horizonte/MG Faça ua aa! No ringue da tecnologia, rivalidades opõem usuários e estimulam competição entre fabricantes de celulares e games PÁGINAS 10 a 13 Cad Do!s - múica caiia, i d iêci, pqu píci dia d ua -ag JéSSICA AMARAL

Upload: lorena

Post on 14-Apr-2018

243 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 1/16

Ano 30 • número 192 • Julho de 2013 • Belo Horizonte/MG

Faça ua

aa!No ringue da tecnologia, rivalidades opõem usuários e estimulam

competição entre fabricantes de celulares e games PÁGINAS 10 a 13

Cad Do!s - múica caiia, i d iêci, pqu píci dia d ua -ag

JéSSICA AMARAL

Page 2: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 2/16

piia aava Impressão2 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

pArA seGUIr o JornAl

Facebook 

Impressão - Jornal Laboratório

do UniBH

Site:

www.jornalimpressao.com.br

Twitter:

twitter.com/impressaounibh

@

eXpeDIente

REITOR

Prof. Rivadávia C. D. de Alvarenga Neto

INSTITUTO DE CIÊNCIASSOCIAIS APLICADASProf. Rodrigo Neiva (diretor)Profa. Cynthia Enoque (diretora adjunta)

COORDENAÇÃO DO CURSODE JORNALISMOProf. João Carvalho

LABORATÓRIO DEJORNALISMO IMPRESSO

EDITORESProf. Leo CunhaProf. Maurício Guilherme Silva Jr.

PRECEPTORAProfa. Ana Paula Abreu(Programação Visual)

ESTAGIÁRIOSCamila FreitasJéssica Amaral

MONITORESAndré ZulianiDany Starling

LAB. DE CONVERGÊNCIA DE MÍDIASEDITORAProfa. Lorena Tárcia

ParceriasLACP – Lab. de Criação PublicitáriaLaboratório de Convergência de MídiasLaboratório de Fotograa

IMPRESSÃO / TIRAGEMSempre Editora2000 exemplares

ei h Ja-abaóid aí a exc 2009

2º h a exc 2003

O jornal IMPRESSÃO é um projeto deensino coordenado pelos professoresMaurício Guilherme e Leo Cunha, com osalunos do curso de Comunicação Social

- Habilitação em Jornalismo - do UniBH.

Mesmo como projeto do curso de Jorna-lismo, o jornal está aberto a colaboraçõesde alunos e professores de outros cursosdo Centro Universitário. Espera-se que osalunos possam exercitar a prática e divul-gar suas produções neste espaço.

Participe do IMPRESSÃO e faça contatocom a nossa equipe:

Rua Diamantina, 463Lagoinha – BH/MGCEP: 31.110-320Telefone: (31) 3207 -2811Email: [email protected]

Kala Lps5º Período

Escrever sobre blogs femininos(matéria na página 15) foi muito fá-cil para mim, principalmente por-que também sou blogueira. Comodisse na reportagem, hoje em dia,os blogs deixaram de ser somente

um diário na internet e se transfor-maram, para muitas pessoas, emfonte de renda. Esse é o meu caso.

Comecei na “blogosfera” de for-ma despretensiosa. Não sabia queo Hey Cute, meu blog, iria crescera ponto de se tornar um trabalho.As coisas foram acontecendo aospoucos, o número de visitas au-mentava a cada dia e, com doisanos de blog, comecei minhas pri-meiras parcerias. Hoje, quatro anos

depois, encaro o HC como algodivertido, em que ganho dinheiroexercitando minha criatividade.

Conversa de amiga na internet.É assim que penso o Hey Cute. Oblog trata de forma leve, diverti-da e interativa sobre assuntos que,normalmente, a gente conversaentre amigas. A ideia é promover odiálogo e trocar impressões sobreo que engloba o universo femini-no. Sabendo que existem muitosblogs que seguem a mesma linha,faço do HC um espaço que vai mui-to além do look do dia.

Por trás de todos os press-kits,

brindes que as empresas enviampara divulgar seus produtos, pre-sentes e eventos, há muito traba-lho e dedicação. Para gerar umconteúdo bacana, é preciso pes-quisa. E isso leva um bom tempo.Além de pensar, é claro, no texto,é necessário reunir imagens que,muitas vezes, são feitas por mimmesma. Além disso, acho que aparte mais difícil de blogar é conse-guir conciliar o HC com a faculdade

e os estágios. No nal, sempre dátudo certo, mas é corrido, viu...A faculdade me ajudou muito

nestes dois últimos anos. Acho queé uma via de mão dupla. O jornalis-mo me fez melhorar o blog, enten-der meu público, o que ele gostade ler e, é claro, ajudou, e muito,nas construções dos meus textos.Em resposta, o blog abriu muitasportas de estágios para mim. Doisdeles, no Portal Uai e na empresaAassessoria, consegui porque seusresponsáveis conheciam o Hey Cute.

Acho que todo mundo deveria

ter um blog, ou qualquer outroespaço na internet para divulgaro que sabe fazer. É uma forma dese manter inspirado, compartilharconteúdo interessante e, se issorender uma grana, melhor ainda.Mais do que nunca, penso que ainternet é a mídia do futuro. Secomeçarmos a usá-la como nossaaliada desde agora, só temos a ga-nhar quando ela, de fato, dominaro mundo.

Talvez esse seja umadas edições mais ecléticasao longo dos 30 anos doIMPRESSÃO. Ao mesmotempo em que navegamosnas ondas da tecnologia

 Android e iOS - que seenfrentam no ringue daspreferências - e nos aven-turamos no mundo dos

 gamers, há uma pausa po-ética e reflexiva para o en-saio fotográfico “Todas asjanelas do dia”. Vencedorde concurso do qual par-ticiparam alunos do curso

de jornalismo do UniBH,o ensaio teve seu título em-prestado do segundo CDda banda belo-horizontinaCinco Rios.

 Janelas são moldurasnas quais o emoldurado,seja ele interior ou exterior,é mutável, assim como amoda e as tendências dosblogs “arcoírísticos” douniverso feminino, nestaedição nomeados Blogsde Ouro e Blogs de Rímel.Também no universo dascores, destaque para a re-

portagem sobre a ParadaGay de Toronto, sob oprisma de quem lá estevee voltou para nos contar.

 Ainda no âmbito es-trangeiro, uma matéria re-corda e homenageia os 70anos de O Pequeno Príncipe,obra traduzida para 220idiomas e que atingiu ven-dagem superior a 150 mi-lhões de exemplares. (aspessoas grandes adoram

números!) Nesse ambien-te, no qual o singelo é pro-fundo e, infelizmente, in-

 visível aos olhos de muitaspessoas grandes, encontra-mos a música caipira, quenão é um mero chapéudisforme, mas um elefantedentro da jiboia chamadaindústria cultural.

É importante ressaltar

que, quando ameaçada, ajiboia expele aquilo queainda não digeriu. Assimtem sido a vida dos caipirasque digladiam, a ostentar a

 viola, contra a indústria fo-nográfica do sertanejo uni-

 versitário: ameaçam paraque não sejam engolidos.Dessa maneira, entrevista-mos o violeiro Almir Sa-ter, para assuntar sobre ogênero musical que nasceu

intrínseco à nossa nação,de forma “miscigemônica”,e abarcou características eelementos das culturas queoriginaram nossa pátria.O que culminou com o“Você já ouviu?”, a respeitode um CD de 2012 que dácontinuidade à tradição damúsica caipira, que muitosacreditavam estar extinta e

limitada a regravações. Acreditava-se tambémestar extinta a mentalida-de revolucionária dos sau-dosistas do “Diretas Já” e“Fora Collor”, que jamaispensaram que grandes ma-nifestações públicas volta-riam a pautar os meios decomunicação. A página deopinião apresenta os arti-gos “Por que fui às ruas” e“Por que não fui às ruas”,

lembrando aos nostálgicosque “o impossível não éum fato, é uma opinião”.

Portanto, leitor, vocêtem em mãos um jornalque, parafraseando MárioSergio Cortella, “não é re-fém da indigência mentale muito menos imperme-ável à capacidade daquiloque está fora da nossa ca-

pacidade”. Assim como a músicacaipira, o IMPRESSÃO éantigo, mas não é velho,pois estamos calcados naideologia de que é preci-so aprender, modificar eabrir a cabeça para podertransmitir a sabedoria,pois aquilo que envelheceapodrece; já o que é an-tigo ganha consistência,maturação.

“Invaçã é a vitalia a antig” Ané Zuliani8° PERÍODOeiçã: dany Staling

NATANAEL VIEIRA 

Page 3: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 3/16

Vi cíicaImpressão 3Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

P qu fui pa uaMaia Batiz Cast3º Período

Eu fui. Na primeira marcha, caí deparaquedas: participava do ato con-

tra o Estatuto do Nascituro (que visaa transformar a vítima em criminosae o estuprador em pai), e iríamos nosjuntar ao ato pela redução das passa-gens. O efeito foi contrário: ao invésde somar na luta, fomos engolidospelo tal gigante, que, com empáfia dedar desgosto, ofuscou nossa causa e seapoderou das ruas sem pedir licença.

Mesmo assim, segui com a marchaque apresentava uma massa hetero-gênea: de um lado, cidadãos que ex-pressavam uma revolta genérica, con-tra a corrupção e a violência (que é amesma coisa que lutar contra o mal),e, do outro, movimentos que sempre

se organizaram em prol da justiça so-cial. Mas a pluralidade foi nociva umtanto quanto: dotados do sentimentoantipartidário oriundo da ditadura,pessoas agrediram física e verbalmen-te militantes de partidos que levavamsuas bandeiras.

Num movimento que se dizia “dopovo”, há de se questionar a cassaçãode carteirinha dos manifestantes. Fuipara casa frustrada e decidida a nãomais participar. Porém, a multidão sócrescia, e, apesar de ser “muito lindo” ver a classe média enrolada na bandei-ra nacional, era cada vez mais preocu-pante a forma como a direita conser-

 vadora tomava os protestos. Militantesde causas sociais foram ocupar seu lu-gar nas ruas - e eu fui com eles.

No dia 22 de junho, fui da Pra-ça Sete ao Mineirão, e constatei queoutras pautas se formaram: as discor-

dâncias perante as exigências da Fifa,a PEC-37 etc. Dentre as exigênciaslegítimas, também surgiram reclama-ções absurdas, que ignoravam as atri-buições dos Poderes e denunciavam

a necessidade de um foco. Em meio àtruculência da PM, as ruas foram to-madas por pessoas bradando que “ogigante acordou”, remontando ao lemada Tradição, Família e Propriedade(TFP) à época do golpe de 1964. Ape-sar de ver militantes de movimentosque estavam bem acordados enquantoa classe média dormia, havia pessoascom camisa da seleção sentados nomeio da rua e sorrindo para fotos. Afi-nal, que protesto era aquele?

O hino nacional se fez trilha sono-ra de um ato em que as pessoas nãodecidiam se lutavam pela pátria oupelo povo. Após essa marcha, decidi

não ir às posteriores, uma vez que nãome senti representada pelas pautasconservadoras e pela falta de infor-mação, assim como pelo clima de mi-careta (beber cerveja no meio de umprotesto?). De uma forma ou de outra, vieram os resultados, mas sinto que foium tiro no escuro que acertou um alvoaleatório. Como militante, não posso valorar de forma negativa a ocupaçãodas ruas; assim como não acho queuma multidão de pessoas sem enfoqueconcreto vá mudar algo. Que tal abrirum livro de história antes de rechaçarmovimentos sociais e protestar contratudo ao mesmo tempo? É importante

que os estudantes queiram participarda vida pública e se inteirar sobre po-lítica. Mas, sem articulação, diálogo econhecimento de causa, é impossívelque a massa tenha êxito. A rua é nos-sa. Vamos ocupá-la e politizá-la!

FERNANDO DUTRA 

P qu nã fui pa uadany Staling8º Período

Eu tinha apenas três anos quandoo Brasil gritou por eleições diretas. Ti-

nha 11 quando os caras-pintadas in- vadiram as ruas exigindo que Collorfosse apeado do poder. Não entendiabem os movimentos que clamavam“Fora FHC!” e “Fora FMI!”. Dessa vez, contudo, nada me impedia departicipar dos manifestos que toma-ram conta de Belo Horizonte e dopaís no último mês de junho. #Vem-prarua, Dany!, cobravam amigos e co-nhecidos. Não, muito obrigado. Prefi-ro capinar um lote.

Não fui e digo o porquê, valendo-me da expressão que está na moda:esses neorrevolucionários não merepresentam. Em sua maioria, não

passam de garotos de classes sociaisprivilegiadas, mas de conhecimentosparcos, que inspirados pelo pau quecomeu em São Paulo no lombo dosmembros do Movimento Passe Livre,foram para as ruas protestar. Mas pro-testar contra o que? O que os motiva- va? Quais suas bandeiras?

 Alguns movimentos eram, de fato,legítimos. Como clamar contra o au-mento das passagens de ônibus. Ou olevante contra o Estatuto do Nascitu-ro. No mais, o que se via nos cartazes?Fim da PEC-37, Abaixo a Corrupção,Fora Feliciano, Fora Renan, ForaFifa, Fora Dilma, Fora Qualquer Um.

Tudo ao mesmo tempo agora. Co-bravam tudo, eram contra tudo, maspoucos sabiam o que estavam cobran-do. Criou-se a “passeata-micareta”.

O que me incomodou, desde o co-meço dessas passeatas, foi a ausência

de povo. As ruas foram tomadas pormeninos que fazem parte do que depior existe no país: uma classe médiaignóbil, enfurecida com os rumos to-mados pelo Brasil nos últimos anos.

Que não suporta ver pessoas de me-nor poder aquisitivo comprar carros,ir a shoppings centers, voar para lá epara cá, frequentar bons restaurantes,dançar nas boates da moda, dividirsalas de aula em universidades, terdireitos. Mas, ignorantes que são, vãocontra tudo que for governo com umaúnica desculpa – a mais fácil: chegade corrupção! Como se a corrupçãofosse uma invenção da última década.

Esse discurso neoudenista me feztemer que o “gigante enfurecido”,guiado pela imprensa golpista queassola o país, acabasse virando aindamais à direita. Só faltou reviverem a

“Marcha da Família com Deus pelaLiberdade”, de 1964. Ficou pertodisso. A sorte é que essa molecada éfogo de palha. O frio os cansou. A maioria já voltou para seus tablets, videogames e baladinhas. Resultado? Até agora, nenhum. Ok, a PEC-37 foiderrubada. Mas será que já consegui-ram descobrir, finalmente, do que elase trata?

O Brasil tem problemas. O gover-no Dilma Rousseff tem problemas,como tiveram as gestões Lula e FHC.O que o país precisa, contudo, não éde gente bradando a esmo nas ruas.É de pessoas que entendam esses pro-

blemas e tenham consciência deles nahora de votar, na hora de cobrar seuscandidatos e no apoio a este ou aquelegrupo político. Que discutam os pro-blemas e apontem soluções. Aí, sim,serei o primeiro a ir para as ruas.

Page 4: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 4/16

taa iva Impressão4 Belo HorIzonte, JUlHo De 2012

on facs nã têm vzRugb em cadeira de rodas inspira sono paraolímpico e transforma vida dos praticantes

Fnan dutaGabil LpsGabil Mis

 Vân Júni Wlisn Matins6º Períodoeiçã: dany Staling

Em 2016, o Brasil sedia-rá os Jogos Olímpicos e Pa-raolímpicos. Boa parte dapopulação mundial estaráenvolvida em clima de espor-tividade, competitividade enacionalismo, sobretudo du-rante os eventos. Embora as

atividades paraolímpicas nãotenham o mesmo clamor po-pular, são também responsá- veis por disseminar os valoresda competição – baseados,como se sabe, na ideia de in-tegração entre nações e seuspovos –, de modo a estimulara celebração da paz e o respei-to mútuo entre as pessoas.

Nas últimas edições dos Jogos, o Brasil vem se reve-lando grande potência emesportes voltados aos defi-cientes – mesmo com a notó-ria falta de incentivo e apoio

estatal. Na Paraolimpíada de2012, em Londres, os brasi-leiros trouxeram para casa 43medalhas. Foram 21 de ouro,14 de prata e oito de bronze,o que deu ao país a sétimacolocação geral na competi-ção. Tais números, aliás, sãobem melhores que os obtidosnos jogos “tradicionais”, nosquais o Brasil, com apenastrês medalhas de ouro, cincode prata e nove de bronze,terminou em 22ª lugar.

rugby paalmpic

Modalidade paraolímpicapouco conhecida é o rúgbiem cadeira de rodas, tam-bém chamado de quad rugby. Inventado em Winnipeg, noCanadá, por volta de 1979,a foi introduzido como es-porte de exibição, nos JogosParaolímpicos de Atlanta,em 1996. Até o momento, oBrasil ainda não conseguiubons resultados na categoria,muito em função da falta deestrutura e de equipamentospara fomento do desporto.

 As dificuldades vão além

dos altos valores necessáriospara aquisição de cadeirasde rodas adaptadas ao rúgbi.Para Everton Miranda, 31,e que pratica a modalidadehá três anos, o esporte aindademorará a evoluir. “Infeliz-mente, o crescimento serámuito lento, por falta de in-centivo. Não temos estímulopara nada. Outro fator nega-tivo é que praticamente nin-guém conhece o rúgbi”.

Os esportes voltados adeficientes apresentam ca-racterísticas específicas paraas modalidades. Na natação,responsável pelo maior nú-mero de medalhas do Brasilem jogos paraolímpicos, adivisão de categorias ocorresegundo as limitações físico--motoras, visuais e mentais.O quad rugby, por sua vez, éesporte voltado a pessoas queapresentam quadro de tetra-plegia, ou seja, limitaçõesmotoras em braços e pernas.

Minas Qua rugby  A capital mineira é umexemplo de como o esporteainda precisa de apoio pararesultar em bons resulta-dos, tanto em nível nacionalquanto internacional. Alémda falta de informação – mui-tas pessoas nem sabem da suaexistência, muito menos deque se trata de modalidadeparaolímpica –, quem quiserpraticar o rúgbi em cadeira derodas tem apenas uma opção:o Minas Quad Rugby, únicotime de Minas Gerais. “Aqui,

a gente não está brincando.Temos o compromisso derepresentar o Estado, pois,hoje, só existe nosso time”,destaca Leonardo Pezzi, 40,atleta da equipe e praticantedo esporte há três anos.

 Atualmente, a equipe doMinas Quad Rugby – queconta com grupo de jogado-res bastante heterogêneo –treina em espaços do Centrode Referência Esportiva paraPessoa Portadora de Defici-ência (CRE-PPD), em BeloHorizonte. Dentre os partici-

pantes, há quem pratique oesporte por hobby, e outrosque podem ser considerados verdadeiros atletas, com am-bições no esporte. Que o digaCarlos Eduardo Moreira, 30,com quatro anos de práticano quad rugby. Recentemen-te, ele recebeu convite paraatuar pela equipe da Univer-sidade Estadual de Campi-nas (Unicamp), no interiordo Estado de São Paulo, comauxílio de bolsa.

Embora o rúgbi em ca-deira de rodas seja um es-

porte novo no país, ele temconquistado cada vez maisadeptos, sempre em busca deação, como Luan Bruno, 25.“Escolhi o rúgbi por causa daemoção, de adrenalina, garrae força. A competição é óti-ma”. A opinião de Luan écompartilhada pelos demaisjogadores, para quem o rugby de cadeirantes pode se reve-lar até mais violento do queo “tradicional”.

Inpnência“O rúgbi me trouxe auto-

nomia social. É muito bomconviver com todos esses

‘caras’. Não saía de casa e,agora, venho treinar de ôni-bus, mesmo morando emSanta Luzia”. As palavras deEverton demonstram o per-fil humanista e socializantedo rugby para cadeirantes. Assim como em qualquermodalidade, seja olímpica ounão, a função primordial daprática esportiva é ser agentede formação, transformaçãoe inserção. A maior partedos atletas não compete emolimpíadas ou mundiais, masatua nos times das ruas, dos

bairros, dos amigos. Quan-do muito, ganham ajuda decusto. O maior benefício doesporte, inclusive no quad ru-gby, é a inserção social. Trata--se da oportunidade de aspessoas se sentirem parte dasociedade, de contribuíremde alguma forma, de seremaceitos.

Desafo

 Vítor Pereira da Silva, 15,nasceu com paralisia cerebrale já praticava natação, esgri-ma e bocha quando, há um

ano, conheceu o rúgbi paracadeirantes. Desde então, ojovem não perde um treino,nem faz corpo mole. Na ver-dade, ele pega pesado na pre-paração. “Muitas vezes, a gen-te precisa carregar pneu. Emcertos dias, termina cedo, emoutros, tarde. Fico bem can-sado”, conta.

O caso de Vitor é umaexceção na equipe do MinasQuad Rugby. A grande maio-

ria dos jogadores tornou-sedeficiente após acidentes empiscinas rasas ou cachoeiras,e tiveram de superar o trau-

ma para dar a volta por cima.Neste sentido, o rugby foi uminstrumento importante paraa superação. “O pessoal via acadeira do Carlos Eduardo.Hoje, eles veem o atleta Car-los Eduardo, o homem Car-los Eduardo. Coisas assim só vieram a acrescentar na vida,pelo esporte”.

Treinador do Minas

Quad Rugby, o estudante deeducação física e voluntárioGustavo Cruz, 22, destacaque o grande desafio impos-

to pelos cadeirantes não dizrespeito ao aspecto técnico,mas ao conhecimentos doslimites de cada um: “O limitedeles vai até onde quiserem.Se a pessoa acreditar queserá capaz, vai executar aqui-lo com todos os problemasque tiver. No esporte parao-límpico, a galera se supera acada dia”.

Localizado na AvenidaNossa Senhora de Fátima,2.283, no bairro Carlos Pra-tes, em Belo Horizonte, oCentro de Referência Espor-tiva para Pessoa Portadorade Deficiência “CRE-PPD”tem papel importante nainclusão de portadores dedeficiência. Segundo o pro-fessor de Educação Física epsicólogo Marcelo de MeloMendes, membro do progra-ma Superar, que funciona naunidade, o local atende cercade 600 pessoas, divididas em

três turnos.O Centro oferece aos alu-

nos diversas possibilidadesde prática esportiva, comofutsal para pessoas com defi-ciência intelectual, auditivae física (paralisia cerebral);basquete para indivíduoscom deficiência intelectuale cadeirantes; bocha parao-límpica, rúgbi em cadeira derodas, patinação, judô, tênisde mesa, goalball, musculação

(ginástica de salão), natação,hidroginástica e dança (parapessoas com qualquer tipode deficiência). Os usuáriose seus responsáveis contam,também, com atendimentomédico e fisioterápico.

Totalmente pensado parapessoas com deficiência, oespaço conta com rampas eelevadores para cadeirantes,além de banheiros adapta-dos. A unidade possui, ain-da, ginásio poliesportivo co-berto, piscinas semiolímpicaaquecida e infantil, tatame,

 vestiários, cozinha e ambula-tório médico.

 A unidade do bairro Car-los Prates é responsável peloatendimento a 600 usuários,nos turnos da manhã, da tar-de e da noite. “Isso aqui seriaum núcleo do Superar, maso programa vai além. Traba-lha com fomentos de esportepara pessoa com deficiência eoutras ações, como formaçãode profissionais”, disse.

Supan s limits

 Vitor nasceu com paralisia cerebral e sempre se dedicou aos esportes paraolímpicos

 VÂNDER JÚNIOR 

Page 5: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 5/16

taa ivaImpressão 5Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

dnt alambaO futebol amador - e suas excêntricas istórias - por um ângulo que você no conece

Nlsn Nuns5º Períodoeiçã: dany Staling

Começa mais uma par-tida no terrão. Com seu tra-dicional uniforme amarelo,a equipe da casa, SampdoriaFutebol Clube, já foi esca-lada pelo técnico Jurubeba,apelido que revela o gostodo comandante pela “mar-gada”. No gol, Vôzinho, ser- vente de pedreiro; na lateraldireita, Diego (“Oreia Seca”),peão de obra. Na ala esquer-da, Juninho, motoboy quecomemorava seu seguro de-semprego; na zaga, Douglas,

auxiliar de cozinha – aindabêbado, reflexo da noitadaanterior – e Éder, mais umfuncionário da construçãocivil. Completam o time ojornalista e meio campo Gle-dson, esportista um poucofora de forma; Dodô, eletri-cista; Maicon, serralheiro emeia direita, e Neuber, ven-dedor e verdadeiro craque dotime. No ataque, Guilherme,desempregado, e o veterano José Oliveira.

Naquele domingo de sole campo vazio, a “família Ju-

rubeba” enfrentaria o selecio-nado Pontual Esporte Clube,time que não queria muitaconversa com este repórter.De toda forma, importantelistar o escrete “pontualen-se”, escalado pelo técnico eprimeiro volante Jamanta:na baliza, Dodô; na zaga, Jo-natas e Willian; nas laterais,Tiririca e Henrique; no meiocampo, Marques e Fortim, e,no ataque, Dé, Nin e Esquer-

dinha. Depois de os “atletas”espantarem os quatro cavalosque pastavam, calma e inteli-

gentemente, na única partegramada das quatro linhas,começa, com uma hora deatraso, às 10h25, a partida– que acabaria, por volta das12h, com o resultado de 3 a3, com gols de Fortim, Dodôe Guilherme, para o Pontual,e 3 de Neuber, para a felicida-de do professor Jurubeba.

Escalados os times e re-latado o placar da partida,o importante é lembrar aoleitor o quão irrelevantes sãoo resultado e o rendimentodos jogadores. O mais inte-

ressante do jogo, na verdade,é a resenha final: na várzea,não existe salário e as chutei-ras não são as ferramentas detrabalho. Por isso, o que valeo esforço – e o suor – de to-dos é a diversão. Trata-se, afi-nal, de 22 trabalhadores que,todo domingo, encontram-separa correr atrás de uma bola– tesouro supremo – e tomaraquela cervejinha ao fim da“jornada”.

Em Minas Gerais, o fute-bol amador se revela bastantefértil. São 400 equipes regis-

tradas na Federação Mineirade Futebol, e outras 200 quenem se deram ao luxo de seoficializar. Quanto às arenas,os números também se mos-tram largos: 200 campos defutebol, dos quais 80 se en-contram em perfeitas condi-ções de receber partidas, mui-tas cores e times que primampela criatividade no momen-to do batismo: Bonfinense,Naja, Cruz Azul, Peladeiros,

Beira de Buteco, Bebedores, Acaiaca, Rio Limpo e, curio-samente, “Rio Sujo”. Wikipé-

dia do futebol amador, LeoCunha – homônimo de umdos coordenadores do IM-PRESSÃO – administra umdos principais sites que falamsobre o esporte no estado, ofutebolbh.com.br. Além deacompanhar os principaiscampeonatos, ele atualiza astabelas e posta a resenha dosjogos.

Cunha destaca, em pri-meiro lugar, que o futebolamador não tem idade exa-ta. “Em BH, há um clube,chamado Ferroviário, que

completou 80 anos em 2012.Segundo informações quetenho, quando esta mesmaequipe nasceu, o campeona-to amador já era disputadona cidade. Ou seja, creio quepodemos falar em 90 anos de vida”, comenta.

Oficialmente, são 15 tor-neios, alguns realizados sob abatuta da Federação Mineira,outros bancados por empre-sas, além dos não oficiais,organizados pelas agremia-ções. A Copa Itatiaia, criadaem 1962 pela emissora de rá-

dio que dá nome ao torneio,talvez seja a competição demaior prestigio. Tanto queé considerada a “Copa doMundo da Várzea”. Nelaparticipam 32 equipes, di- vididas em dois grupos – aschaves Belo Horizonte e Me-tropolitana. O jogo final étransmitido pela televisão, edisputado sempre em um dosgrandes palcos do futebol mi-neiro – Mineirão, Indepen-

dência ou Arena do Jacaré.Em 2009, com patrocínio daTV Globo, criou-se o torneioCorujão, outro campeonatode destaque, com partidas re-alizadas à noite.

 Alma a vázaMesmo com tantos cam-

peonatos considerados “im-portantes”, a alma do futebolde várzea está nas disputasentre agremiações de bairro.Bom exemplo é o clássicodo Bairro Novo Aarão Reis:a partida entre Cachoeira

Futebol Clube e AssociaçãoEsportiva Novo Aarão Reisaltera completamente a roti-na da favela.

Os fogos são ouvidos doinício ao fim do dia, e os co-merciantes mais fanáticos fe-cham suas lojas para assistirao clássico. Some-se a tudoisso a imperdível resenha nosbotecos: quem está mais bempreparado? E quais as apostassobre o resultado?

 Ao final da partida, os es-portistas dos campos de terracomemoram o resultado no

famoso Bar do Jorge, redutodos jogadores do time Cacho-eira, onde os vencedores cele-bram junto aos perdedores. A rivalidade, afinal restringe--se ao campo.

Outra curiosidade é acapacidade de organizaçãodas partidas. Muitas equipesnão disputam campeonatos,ou preferem ficar na infor-malidade. Para esses times,existe a “Federação”, a formamais fácil de marcar um jogo.Trata-se de um encontro in-formal realizado às segundas-

-feiras na Rua de Janeiro, noCentro de Belo Horizonte,entre donos de times, joga-dores e curiosos. Já me per-guntei, por vezes, o que seriaaquela aglomeração. Quandodescobri, fiquei surpreso epude constatar a força do fu-tebol de várzea.

Pssas sucssO futebol amador já foiceleiro de jogadores comoToninho Cerezo, Paulo Isi-doro, Euller e, atualmente,Rodriguinho, atleta do Amé-rica Mineiro. “Boleiros” quesaíram dos campos de terrae ganharam o mundo. Atu-almente, o número de reve-lações é bem menor, pois osclubes investem muito nascategorias de base. Projetossociais também auxiliam osamadores, da formação dosatletas ao atendimento a ga-

rotos na ociosidade.Conheci o Projeto UniãoCeleste, nascido em 1982,por meio de uma reunião depais e moradores dos bair-ros Ribeiro de Abreu e Bel-monte. Todos ali estavamdescontentes com a falta deatividades das crianças e comos altos índices de criminali-dade da região. Muitos garo-tos e garotas começavam aser recrutados, desde muitonovos, para o “caminho domal”. A iniciativa é finan-ciada pelos pais da garotada,

que pagam mensalidade de25 reais, e comerciantes daregião, que doam alimentos,bolas e dinheiro para ajudarnos custos. Como o valor damensalidade é baixo, o proje-to vive, mesmo, das doações.

O treinador dos jovens éo cabo Álvaro, do BatalhãoRotam, militar que divideseu tempo entre o treinodas crianças, a família e aatividade policial. “Nossoobjetivo não é formar atle-tas, mas cidadãos. Quandoconseguimos dar ocupação a

uma criança, é uma pessoasa menos no mundo do cri-me. Já perdi um aluno paraa bandidagem. Por isso é quefalo dos perigos da droga eda importância de obede-cer aos pais. A principal re-gra é divertir-se de maneirasaudável”,destaca.

Gol, o grande momento do futebol, na várzea ou em qualquer lugar

nú da váa

- 400 equipes cadastradas em MG e 200 não registradas

- 200 campos na RMBH, 82 em condições de jogos

- Estima se que o futebol tenha começado, em BH, noano de 1897, data da inauguração de cidade

- O campo do Prado Mineiro abrigou o 1º Campeonatoocial da Federação, vencido pelo Atlético, em 1915

- No futebol amador, há campeonatos da 1ª, 2ª e 3ª ° di-visões, organizados pela Federação Mineira de Futebol

NELSON NUNES

Page 6: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 6/16

Buna Tavas5º Períodoeiçã: dany Staling

Era dia 5 de agosto de 2012. De-pois de um pouco mais de 20 dias em Vancouver – período em que exploreios mínimos detalhes da cidade – cur- vava a minha atenção, finalmente,

para o que, no Brasil, é parada obri-gatória de todo turista – mas que,no Canadá, parece, tão somente, umcomponente estético natural: a praia.

Banhada pelas águas geladas doPacífico, a principal praia de “Vanci-ty”, a English Bay, fica ofuscada e es-quecida em boa parte do ano. Comoboa mineira que sou, não poderiaperder a oportunidade de curtir umbanho de mar sob céu azul limpinhoe sol escaldante. Afinal, os dias deextremo calor logo chegariam ao fim.

Combinei, então, com o HugoCosta, outro intercambista de BH, deencontrarmos em Downtown às 10h,dentro do Pacific Centre, no TimHortons, o Starbucks do Canadá.

O trajeto de minha casa ao centroera extenso e eu gastava pouco maisde uma hora. Por isso, resolvi sair às8h50. Já dentro do ônibus 100 Mar-

pole, deparei com pessoas um tantocuriosas, e, devo dizer, foi a primeira vez que sentia tamanho desconfortodesde que chegara a Vancouver. Sen-ti-me em um carnaval de cores, numafesta arco-íris, e com a leve impres-são de que todo mundo ia ao mesmolugar, menos eu. Logo lembrei quetinha visto no jornal, a caminho daescola, que, naquele sábado, seria rea-lizada a Parada do Orgulho Gay.

Passaram-se quarteirões, e ficouimpossível não analisar cada cidadão

do ônibus e suas roupas, um tantoengraçadas. “Eu amo lésbicas”, “Sougay com muito orgulho” e várias men-sagens de simpatia à causa estampa- vam camisetas de quem, assim comoeu, ia para a Estação de metrô Ma-rine Drive em direção à Waterfront,no centro.

Paa tas as ias Já dentro do skytrain completamen-te lotado, me surpreendi por ver tan-tas crianças, pré-adolescentes e idosostambém unidos em prol da causa gay.Não precisou nem de cinco minutospara ouvir um brasileiro comentandocom outro que não sabia que tinha viajado para uma cidade onde só ti-nha “viado” e simpatizantes. Era níti-do que os únicos deslocados daquele vagão eram os intercambistas, prin-cipalmente os asiáticos, que, com os

olhos esbugalhados, resumiam-se embalbuciar “ooooh’s” e rir sem enten-der muito bem a situação.

Em Waterfront, acabei me encon-trando, sem querer, com Jinkyoung,uma sul-coreana que, mais tarde, setornaria minha melhor amiga. Aocaminhar em direção à saída da esta-ção, Jin – como gosta de ser chamada- me cutucou, assustada. Não conse-gui entender o porquê de tamanhochoque, até que ela apontou para umcasal heterossexual abraçado, sendo

que o homem apoiava uma das mãosno traseiro da namorada. “Se isso émotivo para tamanho espanto, ima-gina o que Jin está pensando sobre aspessoas que estarão na parada?”, in-daguei. “Na Coreia, é impossível pre-senciar esse tipo de coisa. É grosseiroe desrespeitoso”, retrucou ela.

 Ao sair da estação, dava para per-ceber que a cidade estava comple-tamente diferente. O jeito frio doscanadenses ficou de lado, para, nolugar, uma onda de confraternizaçãoe alegria tomar conta de cada cantodo centro da cidade. Encontrei-mecom Hugo no Tim Hortons, tomei o

meu French Vanilla com donuts dechocolate, como sempre, e, antes departir em direção à praia, de longe,avistamos Flávio, outro intercambis-ta de BH, que iria se juntar a nós.

Estávamos na Seymour Street e,dobrando a esquina, entramos naGraville Street para poder pegar oônibus 6, rumo à Davie Street, ruade frente para a English Bay. Depoisde algum tempo, percebemos que osônibus não estavam funcionando, eque todos deveriam seguir a pé paraa praia - e, automaticamente, para aParada Gay.

 A paaaO caminho era longo. Cerca de 10quarteirões nos separavam do destinofinal. O fato de não andar de ônibusme possibilitou ter visão diferencia-da do que estava para acontecer. Narua, casais gays caminhavam de mãosdadas, trocavam beijos calorosos nomeio da multidão, sem preocupação esem temer o que os outros pensariam(até por que, certamente, ninguém seimportava, mesmo).

Conversando mentalmente comi-go mesma, logo comecei a pensar emBelo Horizonte e cheguei à conclusãode que nunca tinha visto demonstra-

ções de afeto tão à flor da pele entrepessoas do mesmo sexo. “Bem, tal- vez eu tenha visto alguma coisa umpouco parecida na Savassi e na PraçaRaul Soares”, completava o risonhoHugo, como se soubesse o que eu es-tava pensando.

Sempre tive amigos gays desde aépoca em que nem sabia direito oque tal palavra significava. Tambémconhecia lésbicas, mas, por puro pre-conceito, preferia evitá-las, até que,um dia, fui obrigada a fazer trabalho

eu ava á... Impressão6 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Um passi plas Ao visitar a parada do orgulo ga de Vancouver, no Canadá, possível perceber

Símbolo mundial do Movimento LGBT, arco-íris destaque no festival

FOTOS: BRUNA TAVARES

Page 7: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 7/16

eu ava á...Impressão 7Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

em dupla com uma e isso me ajudoua diminuir meu preconceito. Hoje,considero algo normal, ou pelo me-nos achei que assim pensava. A Para-da Gay em Vancouver, que, por sinal,não era uma parada qualquer, e sim,uma celebração do orgulho gay, foi aprova final para que qualquer traçode preconceito ficasse de lado - e quenovos conceitos fossem criados.

 Ainda no meio do caminho, naNelson Street, Flávio apontou o dedoindicador para cima e soltou um so-noro palavrão. A imagem realmenteera impressionante. Um outdoor comhomens musculosos, sem camisa, emposições provocantes e aos beijos, sal-tava diante de nossos olhos. Tratava--se da propaganda de um bate-papogay pelo telefone, uma espécie de “ve-nha, você pode acabar conhecendoo seu companheiro”. Mais uma vez,aquele sentimento de constrangimen-to voltou à tona, afinal, a possibilida-de de se ter uma propaganda homos-sexual nas ruas do Brasil é zero.

 Já na Davie Street, eu e os meni-nos procurávamos um jeito de tentaratravessar a rua para chegar à praia.Era tarde demais. Carros alegóricos,trios elétricos e milhares de pessoasde sexos e tribos diferentes domina- vam a rua ao som de música alta, se-gurando placas e cartazes, desfilandoao ar liv re, com roupas extravagantesou praticamente despidas. Flávio eHugo não perderam tempo e come-çaram a fotografar tudo, enquanto eutentava chegar mais perto.

Finalmnt, a paia!Por meio de cartazes e placas, o

público ganhava voz: “Gays or Strai-ght, our kids are great”, “It’s not achoice”, “Love is unconditional”

 Após acompanhar policiais, bom-beiros e todos os personagens ca-racterizados desfilando, uma jovemcomeçou a jogar pulseiras e colaresroxos, de plástico, em minha direção.

O engraçado é que um dos colares foiparar, exatamente, na mão do Hugo,que não pensou duas vezes e me deuo objeto. Decidimos, então, que iría-mos passar no meio do movimento e,realmente, ir à praia.

Dito e feito. Apesar da vergonha,aceleramos o passo e, finalmente,avistamos a areia (um tanto quantofeia e escura, diga-se de passagem) eo mar.

Mesmo sentada na areia, de fren-te à água, foi impossível não pensarno que tinha acabado de presenciar.Meu conceito sobre o que é liberdadetinha caído por terra.

Em Vancouver, as pessoas não sãooprimidas e não se oprimem por cau-sa de ninguém. Ninguém se preocupase você é negro, travesti, pinta o cabe-lo de rosa choque ou é estrangeiro.Faz parte da cultura dos canadensesfazer com que você se sinta bem-vindodo jeito que realmente é. É claro que,também, há pessoas intolerantes. Po-rém, esses poucos indivíduos sabemque esse tipo de pensamento não temespaço para ser compartilhado den-tro da sociedade em que vivem.

uas a libaque, em uma sociedade na qual a aparência no importa, ser “diferente” ser livre

Diversidade e bom umor: marcas da Parada Ga canadense

Page 8: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 8/16

eai Impressão8 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Todas as jahIAGO SOARES

JéSSICA AMARAL

JéSSICA AMARAL

Page 9: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 9/16

eaiImpressão 9Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

elas do diahIAGO SOARES

hIAGO SOARES

hIAGO SOARES

JéSSICA AMARAL

JéSSICA AMARAL

Page 10: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 10/16

Diê Impressão10 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

disputa na

palma a mãFanáticos pelo iPone e pelo sistema Android travam duelo entre smartpones

Lilia Sants2º Períododany Staling8º Períodoeiçã: Ané Zuliani

Embates tecnológicos sãoconstantes na sociedade mo-

derna. Na década de 1980,por exemplo, os consumido-res se indagavam sobre qualera o videocassete ideal, se VHS ou Betamax. A décadade 1990 foi marcada peladisputa entre computadores(PC x MAC) e sistemas ope-racionais (Windows, Linux,OS/2, OS X). Os usuáriosde internet debatem qualo melhor navegador para arede, se Explorer, Safari, Fire-fox ou Chrome. Até poucosanos atrás, discutia-se quemera melhor, se ICQ ou MSN

e, posteriormente, Orkut ouFacebook.Com a evolução dos celu-

lares para smartphones, a bri-ga entre os telefones móveisdeixou de se referir apenasà marca. A tecnologia usadanos aparelhos, hoje, é tãoou mais importante que aaparência – ou mesmo a ope-radora de dados a ser contra-tada. Apesar de existirem ou-

tras variedades, a contendaficou mais acirrada em doispolos distintos: de um lado,o sistema iOS, utilizado peloiPhone, da Apple. Do outro,a tecnologia Android, siste-ma operacional desenvolvidopela Open Handset Alliance,

grupo de empresas lideradaspelo Google, como Dell,HTC, Motorola, Intel, Sam-sung e LG. Afinal de contas,qual é melhor?

Difícil responder. Em ter-mos de software, o Androidtem a vantagem de ser mais versátil que o rival, já quepermite ser customizado deacordo com as preferênciasde cada usuário. O iOS segueo padrão Apple, que impedeo usuário de se valer de ou-tros aplicativos senão aque-les específicos para a linha.

No quesito hardware, noentanto, o iPhone tem larga vantagem. Mesmo operandoem dual core (núcleo duplo),superam os rivais, ainda queestes já utilizem a tecnologiaquad core (núcleo quádruplo)de processamento.

“Ainda que, numa compa-ração item a item, o Androidfique na frente do placar emtermos de recursos disponí-

 veis, não dá para dizer queum é superior ao outro”, ex-plica o engenheiro de com-putação Fernando Vieira. “Oque se percebe é a Apple seaproximando da concorrên-cia. Ela passou a se aproveitare, até mesmo, a melhorar al-

gumas ideias, admitindo queos outros também podemapresentar boas inovações”,completa.

Do ponto de vista tecnoló-gico há ligeira vantagem parao Android, é preciso levar emconsideração a importânciadada pelos usuários ao esti-lo na hora de comprar seussmartphones. Para muitos,o simples fato de pertencer à Apple já basta para cravar oiPhone como melhor opção. A marca da maçã, fundadapor Steve Jobs, Steve Woz-

niak e Ronald Wayne em1976, é referência mundialem tecnologia. O que talvezexplique as intermináveis fi-las formadas nos shoppingscenters brasileiros, em de-zembro de 2012, por cente-nas de consumidores, ávidospara comprar o iPhone5, aúltima versão do smartphoneda empresa. Autênticos apple- maníacos.

opiniõs ivgntsTamirys Seno, jornalista

de Bauru (SP), não chega afazer parte dos seguidoresfanáticos de Steve Jobs, masconfessa que não troca seuiPhone por nada. Aliás, essefoi o título do artigo que

ela escreveu para seu site, oGarotas Geek, no qual con-ta como se apaixonou peloaparelho da Apple. Quaseum ano após a publicação dotexto, ela se mantém convictaquanto à escolha. “Já utilizei WindowsPhone e Android,mas gosto mais da interfacedo iPhone. Não gosto de te-las grandes demais, como asdos novos aparelhos da Sam-sung, e não acho a interface Android tão intuitiva comoo iOS. O iPhone é perfeitopara quem quer ter um smar-

tphone de alta qualidade eque cabe na palma da mãocom facilidade”, avalia.

 Acostumada a lidar comcomentários e opiniões depessoas afeitas à tecnologiaem seu site, Tamirys vê maiorfidelidade entre os usuáriosdo iOS. “Quem tem iPhonesegue a linha da Apple decorpo e alma. É impossível ver um consumidor de algum

produto da Apple que nãoseja apaixonado pelo pro-duto que adquiriu”, julga ajornalista, que não pensa emmudar de lado tão cedo. “Sómigraria para Android casoo iOS sofresse uma mudançamuito drástica”.

 A opinião do estudantede Direito Rodrigo Hirai éum contraponto à visão deTamirys. Dono de um iPho-ne por quase dois anos, elemigrou para o sistema An-droid. E não se arrepende.Hoje proprietário de um Sa-msung Galaxy S3, o jovem dePresidente Prudente (SP) estásatisfeito com a mudança.“Tive contato com o Androidpor meio de amigos que jáusavam o sistema. Quatromeses atrás, mudei de apare-lho e gostei muito”, revela.

De acordo com Rodrigo, agrande vantagem de seu novocelular, em relação ao iPho-ne, é a personificação. “Possomodificá-lo, facilmente, deacordo com meus gostos, oumesmo conforme as neces-sidades do momento”, afir-ma. Para ele, outra diferençacrucial se dá nos aplicativos,baixados gratuitamente porquem tem Android. “Antes,eu tinha que pagar caro pelosapps na loja da Apple. Hoje,encontro tudo de graça noGoogle, sem gastar um centa-

 vo sequer”.Se Rodrigo e Tamirys sãocordiais na hora de explicitarsuas opiniões e preferências,o mesmo não acontece nosinúmeros fóruns de tecnolo-gia espalhados pela internete nas redes sociais. Neles, adisputa entre applemaníacos e androidmaníacos é beligeran-te, com constantes trocas deofensas e agressões verbais.Os donos de iPhone são cha-mados de “fanboys”. Estes,por sua vez, retrucam que sóusa Android quem não tem

dinheiro para comprar os ce-lulares da Apple – mais carosque os rivais.

Para Tamirys, essa rivali-dade é fomentada pelos pró-prios fabricantes. “Acho queas empresas exploram isso, emuito bem. Esse é o grandediferencial do mercado tecno-lógico: o usuário se identificatanto com o produto que pas-sa a defendê-lo com unhas edentes”, pondera a jornalista.

JéSSICA AMARAL

Piquenique tecnológico: evoluo dos celulares e tablets desperta polêmicas entre usuários

Page 11: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 11/16

DiêImpressão 11Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Não é só a natureza dosaparelhos – e seu aparato

tecnológico – que gera fris-son entre os donos de smar-tphones de última geração. As cases, ou capinhas paracelulares, como popularmen-te conhecidas, também fazemsucesso e se tornaram peçasdisputadas e itens de coleçãoentre os aficionados.

Feitas de toda espécie demateriais, do alumínio aoplástico, passando por acrí-lico, borracha, couro, neo-prene, silicone e algodão, ascapinhas surgiram, em umprimeiro momento, como for-

ma de proteção aos aparelhos,delicados e sujeitos a quebrasou telas trincadas. Hoje, noentanto, boa parte dos do-nos de smartphones escolhea case muito mais por ques-tões de estilo e beleza que pormera preocupação em manterseus aparelhos incólumes.

 A variedade é imensa. So -mente no site World Cases,que vende capinhas pela in-ternet, são mais de 100 mo-delos diferentes para iPhone. Aliás, nesse quesito, os apa-relhos da Apple têm ampla

 vantagem com relação aosrivais que operam com o siste-ma Android: a diversidade decapas para os smartphones damaçã é muito maior. O queé fácil de explicar. Como osiPhones são iguais, não exis-te diferença física entre osmodelos (salvo na cor, pretaou branca), os donos apelampara as capinhas para diferen-ciar – e destacar – seus “brin-quedinhos”.

Em formatos clássicos,discretos ou espalhafatosos,

simulando abridores de gar-rafa, antigas fitas K7 ou comimagens de bichinhos, almo-fadadas, de grifes famosas oucom peças de cristal e strass,as cases podem aparentar,ainda, vidros de esmalte, bar-ras de chocolate ou, até mes-mo, um soco-inglês. Meninose meninas, homens e mulhe-res, dos mais diferentes esti-los, certamente encontrarãouma – ou mais – capinha queatenda seus gostos.

Mais de uma? Certamen-te. “É muito difícil a pessoa

comprar uma só. O normalsão duas ou três a cada pedi-do, mas já tive clientes quecompraram sete de uma vez”,revela a empresária ThaysCardozo, dona do site WorldCases. De Campinas, no inte-rior de São Paulo, ela vendecapinhas para todo o Brasil.“Já mandei produtos para o Acre e para cidadezinhas dointerior do Nordeste que eununca ouvira falar antes. Masa maioria sai mesmo para Riode Janeiro, São Paulo e MinasGerais”, diz.

Há dois meses com o siteno ar, Thays se espantou coma rápida repercussão de seunegócio, principalmente noFacebook. “Em pouco tem-po, a página da loja cresceuassustadoramente, coisa queeu não imaginava. Sabia quehavia a demanda, mas nãoque o resultado viesse de for-ma tão rápida”. Com mais de7 mil curtidores, a página é aprincipal fonte de divulgação

dos produtos, o que já rendeuà empresa perto de mil capi-

nhas vendidas, com preço mé-dio de R$ 40 cada.Thays conta que a insis-

tência dos clientes para con-seguir determinada capinhaé grande. “Não adianta eudizer que a case está esgotadae que vai demorar a chegar. Algumas pessoas me pergun-tam todos os dias se ela já che-gou, querem a encomenda dequalquer jeito”. A empresáriaconfirma a predominância deapplemaníacos entre os com-pradores. “As capinhas paraiPhone vendem muito mais.

Nem dá pra comparar. Achoaté que muitas pessoas com-pram um iPhone somentepara ter uma capinha estilo-sa”, julga ela.

 A febre das cases é tantaque já existem fabricantesensinando como os usuáriospodem produzir suas peças decoleção. É o caso da universi-tária sul-mato-grossense Ra-faela Carretoni. Fã de modae tecnologia, ela produz capi-nhas de maneira artesanal,usando pedrarias, correntese miçangas. Diariamente, ela

ensina as técnicas para alunasno centro de Campo Grande(MS), em cursos que custamR$ 15 por aula.

Industrializadas ou arte-sanais, simples ou fashion,masculinas ou femininas, nãoimporta. As capinhas, assimcomo os próprios aparelhos,são alvo de cobiça pelos faná-ticos por smartphones. Restasaber apenas qual será a pró- xima moda.

o ftich as capinhas

De acordo com sua experiên-cia no Garotas Geek, “o de-sign clássico da Apple e as di- versas opções de aparelhos epersonalizações do Android”são os principais argumentosque temperam a briga.

rixa ga isaasO fanatismo dos usuáriosé tanto que chega a ser en-graçado. Foi o que pensou ojornalista e humorista ChicoRezende, do Rio de Janeiro.Em seu canal de vídeos dehumor no Youtube, ele nãoperdeu a oportunidade defazer gozação com pessoasque sempre criticaram os ap-plemaníacos, mas que, apóscomprar ou ganhar um pro-duto da maçã, engrossaramas fileiras dos adoradores deSteve Jobs. O vídeo “Eu amo

a Apple???”, publicado em ju-nho de 2012, possui quase170 mil visualizações e é umdos mais assistidos do canal.

“A intenção foi mesmo fa-zer uma crítica às pessoas queadoram falar mal dos apple-maníacos, mas quando com-

pram um iPhone ou um iPadacabam se apaixonando”, dizo carioca, dono de um smar-tphone da Apple. “Mas nãosou um apaixonado! Pelo me-nos ainda não”, se defende,ao risos. No decorrer do ví-deo, a crítica recai na fascina-

ção que os aparelhos causamnos usuários, a ponto de nãofazerem mais nada sem eles.

Chico entende que o fana-tismo dos usuários de smar-tphones, independentementeda marca ou modelo, recai nanecessidade de fazer parte dealgo específico, como se fos-se a sua turma. “Acho que aspessoas precisam estar em al-gum grupo para se sentiremfelizes. PC x MAC, Android x iPhone, Nintendo x PS3,tanto faz. Ninguém quer es-tar sozinho e adora criar uma

rivalidade para dar mais emo-ção para as coisas”, avalia.Segundo Tamirys, essas

disputas serviram para alte-rar a maneira como os fãsde tecnologia são vistos pelasociedade. “O estereótiponerd/geek mudou. O que

antes era um perfil excluí-do, hoje se tornou popular. Afinal, quem entende dessesassuntos está por dentro dasnovidades, tem status social. Além disso, esse conhecimen-to é fundamental no campoprofissional. A tecnologia

integrou a rotina humana epromete atrair mais pessoas”.

 A briga entre Android eiOS não encerra um ciclo. A evolução tecnológica dasúltimas décadas tende a cres-cer ainda mais nos próximosanos. Novos embates virão,dando fruto a novas gera-ções de fanáticos por esse

ou aquele produto. Que irãodefender seus preferidos com

quaisquer argumentos, pormínimos que sejam. Comono caso dos smartphones,por exemplo. Afinal de con-tas, celular serve, primordial-mente, para fazer ligaçõestelefônicas. Mas isso é o quemenos conta para os usuá-

rios na hora de escolher seusaparelhos.

Acúu d gaf

Contratar celebridades para divulgarmarcas e modelos de smartphones nasredes sociais tem se tornado praxe entreas empresas do ramo. O objetivo é mos-trar artistas, cantores e esportistas comoautênticos usuários dos aparelhos, sejapor meio de elogios ou pelo uso de apli-cativos e ferramentas.

Em alguns casos, contudo, a prática

tem gerado sérios constrangimentos paraas empresas. No último mês de junho, ahumorista Dani Calabresa, integrante doprograma CQC, da Band, postou duasmensagens no twitter destacando asqualidades da Samsung. O problema é

que ela usou um iPhone para fazer os co-mentários. Os tuítes foram agrados pelosite Mac Magazine e apagados em segui-da, mas a gafe já havia se espalhado.

O erro de Calabresa não é isolado.Pelo contrário, tem acontecido com fre-quência no meio dos famosos. Em abril,o tenista espanhol David Ferrer tambémusou seu iPhone para elogiar o Galaxy

S4, da Samsung. Acidentes parecidosocorreram com a apresentadora OprahWinfrey e com a cantora Alicia Keys. Secontinuar assim, as empresas irão come-çar a pensar duas vezes antes de repetira prática.

FOTOS: REPRODUçãO

Page 12: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 12/16

Guilhm Paclli4º PeríodoJã Lus Chagas7º Períodoeiçã: dany Staling

Há 20 anos, o mundo dosaficionados por games conhe-ceu uma das batalhas maisagressivas da história: SuperNintendo x Mega Drive. Osfãs de cada um dos consoles

se envolviam em longas dis-cussões sobre qualidade grá-fica, tecnologia embarcada,preço, enfim, qualquer coisaque pudesse ser usada comoargumento para ressaltar asqualidades de seu favorito.O ringue, ou melhor, o lu-gar das discussões, era quasesempre o mesmo: lojinhas elocadoras de games presentesem praticamente todos osbairros das cidades.

Nesse tempo, ter video-game em casa não era algopossível para todos por dois

motivos: preço e disponi-bilidade. Por isso, existiaminúmeros estabelecimentosem que se podia pagar parajogar durante um tempo de-terminado. Hoje é possívelcomprar um console por me-nos de um salário mínimo eainda parcelar em “suaves”prestações, mas, no iniciodos anos de 1990 a coisa erabem diferente.

O Super Nintendo (SNES)custava, em 1993, Cr$ 25 mil.Nesse período, a inflaçãoregistrada no país chegou a

assustadores 2.798% ao ano,

e o salário mínimo corres-pondia a um quinto do valordo console. “Lembro queganhei um Nintendo no meuaniversário de 12 anos. Erauma coisa de outro planeta,poucas crianças podiam terum videogame em casa. Asque tinham, como eu, ge-ralmente ficavam o resto doano sem ganhar outros pre-sentes”, conta o analista de

sistemas Gustavo Passos.Passado o perrengue paraconseguir o dinheiro, os joga-dores ainda tinham a tarefade encontrar os videogamesà venda. Como eram artigosmuito caros, havia poucasunidades nas lojas. “No dia,rodei umas cinco ou seis lojasdiferentes até encontrar umaúnica peça, na loja Arapuãdo BH Shopping. Encontraros jogos era duas vezes maisdifícil, porque não havia mui-tas unidades de um mesmotítulo. Muitas vezes, tive que

recorrer a uma tia que mora- va nos Estados Unidos paraconseguir os cartuchos quedesejava”, recorda Gustavo.

Toda essa dificuldade queos gamers enfrentavam expli-ca parte das desavenças entrejogadores do Brasil. Objetode desejo, uma vez adquirido,o console era defendido comunhas e dentes. Quem tinhaum modelo dificilmente ga-nharia ou compraria outro,o que gerava maior afinidadecom fabricantes, jogos exclu-sivos e controles.

“Hoje você consegue ter

dois ou mais modelos em

casa. Além da economia termelhorado, o preço dos jogose dos aparelhos caiu mui-to nos últimos 10 anos. Em1996, um cartucho para Su-per Nintendo custava entreR$ 70 e R$ 100, o mesmo valor que os jogos para Xbox 360 e Playstation 3 custamhoje”, explica Ricardo Costa,ex-proprietário de uma loja elocadora de games.

Sman a iscóiaOutro motivo da rivali-

dade entre os consumidores

eram os jogos exclusivos, que

cada fabricante desenvolvia

apenas para o console quefabricava. A prática foi mui-to usada entre 1983 e o fimdos anos de 1990, quando fo-ram lançados games clássicoscomo Super Mario Bros, Sonicthe Hedgehog , The Legend of Zelda, Metal Gear Solid, StreetFighter , Mortal Kombat, FinalFantasy, dentre outros. Essaprática vem caindo em desu-so desde então. Atualmente,a maioria dos jogos é criadapara rodar no maior númeropossível de videogames.

Para a produção de games

exclusivos continuar em alta,as fabricantes cooptavamprodutoras independentes. A ideia era ter o maior númerode títulos exclusivos possível,numa tentativa de obrigaros consumidores a optar poruma plataforma específica.Esta foi uma prática forte-mente adotada pela Sony, queoferecia grandes vantagenseconômicas para as empresasprodutoras. Um exemplo foia migração da franquia FinalFantasy, exclusiva da Ninten-do até meados dos anos 1990,

para o Playstation.O desenvolvimento de tí-tulos exclusivos acabou dan-do origem à batalha entreos mascotes da Nintendo eSega. Mario e Sonic foram asprincipais figuras de inúme-ras campanhas de marketingem eventos voltados para osjogos eletrônicos. Isso semfalar nos inúmeros produtoslicenciados que, até hoje,geram milionárias receitas

para as companhias que os

criaram. Os fãs passaram adefender, além da tecnologia,as personagens-símbolos dasduas empresas e os jogos nosquais eram protagonistas. A rivalidade só diminuiu a par-tir da metade dos anos 2000,até que, em 2008, o porco--espinho azul e o encanadoritaliano apareceram juntos,pela primeira vez, no jogoMario & Sonic at The OlimpicGames.

os fanátics

 A redução na produçãodos jogos exclusivos, a facili-dade em poder comprar maisde um console e o investimen-to das grandes companhiasdo segmento mudou o cená-rio dos games, especialmenteem países em desenvolvimen-to como o Brasil. Isso acaboufazendo com o que o perfildos gamers também mudassee o fanatismo cego por umamarca praticamente desapare-cesse. Um olhar sensato e crí-tico por parte dos jogadoresnasceu, até mesmo pelos que

não são fanáticos, mas confes-sam ter preferência por algumconsole das três grandes fabri-cantes atuais, Sony, Nintendoe Microsoft.

O estudante de computa-ção Anderson Almeida, quejá teve um Playstation 1 nosanos 1990, e atualmente pos-sui um Playstation 3, é o quese pode chamar de “Sonysta”.Confessa que sua admiraçãoe preferência pelos produtos

Diê Impressão12 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

 Hadouken nlsDesavenas e disputas marcaram os fanáticos por games nas dcadas de

1980 e 1990. hoje, eles se dizem mais moderados. Mas nem tanto

O nintendista Silas Fulan exibe, orguloso, seus “brinquedos”

Controle do PS4 agita mundo dos sonstas

GUILhERME PACELLI

FOTOS: REPRODUçãO

Page 13: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 13/16

e principalmente videogamesda Sony, em grande parte, sedeve aos jogos exclusivos queeram lançados para os apare-lhos da empresa. Ele conside-ra que o fanatismo dos joga-dores mudou. “Hoje o ‘ismo’

gira em torno dos fãs da Nin-tendo - que seja lá o que a em-presa fizer, vão segui-la cega-mente -, e de adolescentes quenão podem comprar mais deum console e protegem comafinco o seu lado”, diz.

O desenvolvedor de jogosdigitais e administrador deuma página no Facebook commais de 10 mil seguidores, in-titulada Nintendistas, SilasFulan, já teve vários video-games, de diversas marcas.Entre as máquinas que já pos-suiu estão aparelhos da Sega,

Sony, e claro, Nintendo. Eledeclarou que, desde a primei-ra vez que jogou Super Mario,adquiriu uma paixão incondi-cional pela marca. Contudo,não se considera um fanáticocego e acredita que, apesar deainda existir, essa é uma prá-tica infantil e os adeptos delasó tem a perder. “Infelizmen-te, ainda temos muitos ‘istas’por ai, que só enxergam opróprio console, e ignoramtotalmente as obras da con-corrência, deixando de jogargames muito bons pelo fato

de não terem o selo ‘Ninten-do’ em sua caixa.” Apesar de algumas dis-

cordâncias, Anderson eSilas, o sonysta e o ninten-dista, concordam em umacoisa: em épocas de feirasespecializadas, como a Ele-tronic Entertaiment Expo(E3) - maior evento de jogoseletrônicos do mundo -, essecomportamente consideradoinfantil, tende a se aflorar. A 

feira, que acontece todos osanos em Los Angeles (EUA),é o evento mais aguardadodo ano pelas comunidadesde jogadores, por causa doslançamentos e anúncios deprojetos futuros das maioresfabricantes e produtoras.

O sonysta Anderson acre-dita ser normal as brigasentre fãs nessa época, atéporque as próprias desenvol- vedoras e fabricantes fazemprovocações muitas vezes di-retas umas as outras, o queacaba por inflar sentimentosextremistas entre os jogado-res. Já Silas crê que essa é aépoca ideal para os fanáticoscegos mostrarem a face. “A época das feiras é o momentoem que os “istas” costumamsair de suas cavernas e, namaioria das vezes, deixam de

acompanhar a conferênciada sua empresa favorita parapescar os defeitos das compa-nhias adversárias do ramo degames. Depois, correm paraas redes sociais para divulgaressas falhas e procurar outrosistas para discutir”, critica.

 A edição 2013 da feira,que aconteceu no mês de ju-nho, fez com que radicalismose espalhasse novamente, po-tencializado pela web, comoocorre nos últimos anos.Sony e Microsoft apresenta-ram, de forma mais detalha-da, a próxima de geração dos

consoles Playstation e Xbox e também continuações desuas franquias de jogos exclu-sivos, como Forza e Killzone.Piadas e sátiras pipocavamna medida em que as novi-dades eram anunciadas. Oconteúdo é o mais variado

possível e inclui desde o de-sign dos novos consoles, atéas palavras repetidas à exaus-tão pelos executivos das duasempresas.

O canal de humor do Youtube, 5 Alguma Coisa,por exemplo, teve mais de700 mil visualizações em dois

 vídeos humorísticos sobre osconsoles recém lançados, lis-tando cinco coisas que todosdeveriam saber sobre os lan-çamento. Entre elas as múlti-plas funções exibidas duranteconferência na E3 e a paixãoirracional dos fãs da Sony.

DiêImpressão 13Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Rivais históricos nalmente se encontram no mesmo game

• Sonysta - Fã dos videogames produzidos pelaempresa japonesa Sony. (Playstation 1, Playstation

2, Playstation 3, Playstation 4, Playstation Portable,Playstation Vita).

• Nintendista - Fã dos videogames produzidos pelaempresa japonesa Nintendo. (Nintendo, Super Ninten-do, Nintendo 64, Game Cube, Wii, Wii U, Nintendo DS,Game Boy e outros).

• nid Wii - Videogame de sétima geração lan-çado ocialmente em 2006. É o console atualmenteproduzido pela Nintendo e já vendeu mais de 100milhões de exemplares.

• Sega - Empresa Japonesa, que até 2001 era uma dasgrandes fabricantes de videogame. Hoje em dia, pas-

sou a produzir jogos para os videogames das antigasconcorrentes.

• Super Nintendo (SNES) - Videogame da Nintendo,muito popular no Brasil na década de 90. Foi lançadopor aqui em 1993.

• Mega Drive - Videogame da Sega que competiu di-retamente com o Super Nintendo nos anos 90. Lança-do no Brasil, pela TecToy, fez grande sucesso.

• Super Mário - Perso-nagem de videogame

criado pela Nintendo,que desde os anos 80é o mascote ocial e

símbolo da empresa.

• Caixista - Fã dosvideogames produ-

zidos pela empresaamericana Microsoft.

(Xbox, Xbox 360,Xbox One).

• Sonic - Personagemcriado pela Sega

no início dos anos 90,para competirdiretamente coma popularidade deMário, o mascoteda principal con-corrente da empresana época.

• Hadouken - “Poder”utilizado pelos per-sonagens Ryu, Kene Akuma no gamede luta Street Fighter , lançado em 1987 pela empresa

 japonesa Capcom e um dos mais populares da história.

• Playstation - Console produzido pela japonesa Sonye que já vai para sua quarta geração. Revolucionou omundo dos games por sua qualidade gráca e jogabi-lidade. Em 2004, ganhou sua primeira versão portátil,Playstation Portable (PSP).

• Xbx - Fabricado pela Microsoft , foi lançando em2001 para competir com o Playstation 2, da Sony. Foio primeiro game de uma empresa americana desde aretirada do Atari Jaguar, em 1996. 

• Aai - Primeiro console popular do mundo. Lançadonos Estados Unidos em 1977, suas vendas ganharamforça no Brasil a partir de 1983. Alguns dos jogos maisconhecidos do arcade migraram para o Atari, comoPac-Man, Enduro e River Raid .

• E3 - Sigla de Eletronic Entertaiment Expo. É a maiorfeira especializada em videogames do mundo. Acon-tece anualmente, desde 1995, nos EUA. O evento éconsiderado o período mais aguardado do ano paraos jogadores, pois é nele que as empresas mostram asnovidades e futuros lançamentos.

Cci cuiidad

“Infelizmente, ainda temos

muitospor aí que só enxergam

o próprio console e ignoram

totalmente as obras da

concorrência, deixandode jogar games muito bons”

Silas Fulan

DIVULGAçãO

Page 14: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 14/16

miha BH Impressão14 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Blgs uProssionais de comunicação têm boa oportunidade de ganho em blogs. Mas como fazer?

Jan Fnans8º Períodoeiçã: dany Staling

O trabalho de blogueiropode ser considerado o ofí-cio da década. Amantes detemas específicos veem nosblogs um espaço para falar so -bre aquilo que amam, comocinema, música, culináriaou moda, ou, ainda, paramanter páginas pessoais nainternet por pura oportuni-

dade. Com a migração da pu-blicidade dos veículos de co-municação tradicionais paraa rede e com os avanços domarketing tradicional para odigital, tais profissionais têmreconhecido ser possível unir

o útil ao agradável. E sem sairde casa.

Exemplos internacionaisilustram bem o que ocorrehoje na internet. Blogs comoPerezHilton, BoingBoing,Talkingpointsmemo e Pro-

blogger chegam a faturar mi-lhões de dólares por ano compublicidade. Criador do Pe-rezHilton, o blogueiro e atoramericano Mario Lavandeiraconta fofocas sobre as cele-bridades do mundo todo, oque lhe rende cerca de quatromilhões de visitantes por dia.

No Brasil, ainda não exis-te nada que se compare aos valores obtidos com blogs emoutros países. O mercado lo-cal, contudo, vem sendo ex-plorado, principalmente, porprofissionais do jornalismo.

É o caso de Márcio Couti-nho, jornalista especializadoem marketing que, em 2008,logo após ter se formado,criou o Blog do Cout, parapublicar artigos autorais. En-tre um texto e outro, postava vagas de emprego destinadasà área de comunicação.

Um ano após a estreia, oblog transformou-se em espa-ço exclusivo para publicaçãode vagas de emprego endere-

çadas a comunicadores. Em2012, já com três mil visitasdiárias, Coutinho viu a pos-sibilidade de rentabilizar seutrabalho. O blogueiro contaque percebeu a oportunida-de no setor de vagas de co-municação em função de osgrandes sites de emprego nãoterem foco no setor, e, ain-da, devido às reclamações deusuários.

 A demanda aumentoutanto que, hoje, Coutinho

conta com ajuda de um esta-giário remunerado. “Temoscerca de 400 clientes, quepagam para usar o serviço emanter o projeto em movi-mento. Mantemos contatocom quase cinco mil empre-

sas no país para captação deoportunidades. Cerca de 200delas confiam em nosso ser- viço e nos procuram, regu-larmente, para divulgar suas vagas”. A meta do jornalistaé ultrapassar 500 clientes e

ampliar a atuação do blog naregião Sul do país até o finaldeste ano.

outs ganhsMercado Web Minas

também é um blog voltadoa oportunidades de empregopara comunicadores e pro-fissionais de Tecnologia daInformação. Marcelo Sanderé o responsável pela criaçãoda página, no ar desde 2008. Jornalista e especialista emmarketing político, o profis-sional mineiro conta que o

número de acessos do bloggira entre 11 mil e 17 mil visi-tas ao mês.

 Apesar de o blog ser re-conhecido por profissionaisde comunicação de todo oestado, Sander afirma aindanão ganhar dinheiro com ele:“De vez em quando, cai umtroco aqui, outro ali, e apa-rece um ou outro banner oualguns dólares anuais de Ad-Sense [remunerador de pu-

blicidade da Google]. Não setrata de nada, porém, que eupossa dizer que dê dinheiro.Ganhar remuneração, paramim, é poder viver só disso.Mas são poucos no Brasilque conseguem viver assim. Aqui em Minas, não conhe-ço ninguém que viva só deblogs. Talvez a Cris Guerra[blogueira de moda]”.

Sander considera que omaior ganho obtido com oblog relaciona-se à própria

profissão. “Estou sempre pordentro do mercado e me atu-alizo constantemente. Ficosabendo de vagas antes detodo mundo. Faço ótimoscontatos, parcerias, ‘freelas’.Participo de eventos, cursos

etc. Enfim, não há dinheirono mundo que pague o co-nhecimento e o networkingque faço”, salienta.

 Viciada em séries de TV,a jornalista Laís Menini é res-

ponsável, dentre outros, peloblog Serieterapia.com, o queela mantém mais atualizado. A página foi criada em 2011,porque queria “desabafar”com os amigos sobre os maisde 40 seriados de TV a queela assistia. Em abril de 2013,o blog obteve mais de 9 milacessos. Até o momento, so-mam-se mais de 21 mil visitasna página.

Laís ainda não ganha di-

nheiro com o blog, tendo em vista que, somente em abril,ela resolveu “monetizar” apágina. “Percebi que podiaganhar uma grana quandocomecei a trabalhar comoredatora web freelancer. Euera paga para escrever textospara outros blogs e comecei aentender que aquilo ali davaalgum dinheiro. Afinal, jáque estavam me pagando...”.

Mesmo que ainda nãorenda lucros, o blog foi res-

ponsável por importanteganho na vida de Laís, querecebeu convite para assumiro cargo de coordenadora deconteúdo na agência 5Seleto,onde trabalha atualmente. A jornalista conta que um dos

líderes da empresa acompa-nhava seu blog e, segundoela, apreciava muito os arti-gos postados.

Fábica blgs

Marcelo Sander e LaísMenini são exemplos dife-rentes, porém ilustrativos,de perfis de blogueiros comcerto grau de sucesso. Assimcomo Sander, ver oportuni-dades em temas pouco explo-rados pode ser a chave paraa notoriedade. Ou, no casode Laís, a paixão por deter-minado assunto torna-se aresposta encorajadora paraque a pessoa se aventure pela

internet, escrevendo artigosem blogs.

Sander lembra que osamigos sempre cobraram umblog dele, mas o jornalistanão sabia sobre o que falar:“Como vinha de experiênciaem agências e sentia falta deum ambiente único para co-mentar sobre esse universo,pesquisei na internet e vi quenão havia nada parecido. Es-perei sair de agências e traba-lhar do outro lado do balcão

para ter mais independênciaeditorial e conseguir credibi-lidade”, explica.

Fmaçã Assim como os profissio-

nais citados nesta reporta-gem, diversos outros jornalis-tas buscam aprimoramento,no que diz respeito, princi-palmente, à linguagem da in-ternet. Neste cenário, a espe-cialização em marketing podeser uma saída, já que as asses-sorias de imprensa e agênciasrevelam-se, por natureza, os

locais onde, hoje, a maiorparte dos jornalistas gradua-dos consegue emprego.

Para a professora LorenaTárcia, do Centro Univer-sitário de Belo Horizonte(UniBH), não seria função

das faculdades de jornalis-mo formar indivíduos espe-cializados em apenas umamídia, como a internet. “A digitalização está inserida empraticamente todas as disci-

plinas. Não faz muito sentidodiferenciá-las. Rádio, TV, im-presso e fotografia incluema digitalização nos processosde captação, edição e difusão.Talvez o maior desafio sejaconectar este aprendizadopor meio da convergência”.

Lorena acredita que, noUniBH, tal ensinamento es-teja sendo proporcionado pormeio do Trabalho Interdisci-plinar de Graduação (TIG).

REPRODUçãO

Page 15: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 15/16

miha BHImpressão   15Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Blgs ml Antes diários íntimos, blogs femininos revelam-se poderosos e inuentes

Kala Lps5º Períodoeiçã: dany Staling

Definitivamente, ele nãoé uma ferramenta desconhe-cida. No final dos anos 1990e início dos anos 2000, oblog era usado pela maioriados adolescentes, que deseja- vam um espaço para postartextos sobre seu dia a dia. Na verdade, tratava-se da possibi-lidade de manter um diário

na internet. Ainda que sejamutilizados neste formato, osblogs, hoje, transformaram-senum meio influente. As me-ninas que neles desabafavamcresceram e, agora, mostramque “blogar” também podesignificar “ter uma profissão”.

 As páginas específicas demoda e beleza ganharam es-paço gigantesco na internet ese tornaram uma espécie deguia. “Esses sites dedicados amulheres mudaram a minha vida”, diz Luciana Guedesque, de leitora, passou a blo-

gueira. O Devaneios de umaCamaleoa (www.devaneiosdeu- macamaleoa.com) nasceu deseu amor por blogs femini-nos. “Todos estes ambientes virtuais nos ajudam, e comtodo tipo de informação. Ne-

les, aprendi muita coisa demaquiagem, cozinha, decora-ção. Nessas páginas, há tudoque uma mulher precisa”.

O sucesso dos blogs fe-mininos deve-se, por vezes,ao fato de as páginas serematualizadas por mulheres co-muns, e não celebridades deTV ou modelos. Outro moti- vo é a diversidade de bloguei-ras existentes e que atendema um público igualmentediversificado. Hoje, há blogs

para todas: brancas, negras,altas, baixas, magras... En-fim, o leque é gigante e – ain-da bem! – não estereotipado.

 Autora do blog Dona Onça (www.blogdonaonca.com), Ca-rol Alcântara festejas as maisde 150 mil visitas mensaisem sua página. Segundo ela,com o passar do tempo, es-ses sites conquistaram papelimportante na tomada de de-cisão de compras. “As mulhe-res estão sempre ligadas nainternet e pesquisam bastan-te em blogs antes de comprar

alguma coisa, pois apresen-tam opiniões abrangentes, asfamosas resenhas, a respeitode determinado produto”,explica.

Para Carol, os blogs fun-cionam como uma conversa

entre amigas, em que umapessoa igual a você opina,ajuda e compartilha experi-ências próprias sobre artigosfemininos. “Há bastante tro-ca. A blogueira discute deter-minado assunto, a leitora co-menta, vem outra e tambémparticipa. Com isso, cria-seum diálogo rico em informa-ção”, afirma. Outro papel im-portante dos blogs é inspiraras leitoras, ajudando tanto naescolha de um visual para o

trabalho quanto nas deci-sões, digamos, mais pessoais.Muitas vezes, os espaços

também estão aliados à au-toestima: “Passei a me arru-mar muito mais depois quecomecei a ler sobre beleza nainternet”, conta a estudanteCaroline Santana, que acom-panha mais de trinta blogsnacionais e internacionais.“Com os blogs, posso meinspirar e aprender com me-ninas que são iguais a mim,que trabalham, estudam,têm espinhas e nem sempre

estão com o cabelo impecá- vel”, comemora.

Fnt naCom a crescente rele-

 vância dos blogs femininos,empresas e agências de publi-

cidade que trabalham com omesmo segmento perceberama oportunidade de anunciarsuas marcas e produtos. “Porter um público específico, émais fácil de o anúncio atingirseu objetivo”, explica VictoriaSiqueira, que, além de blo-gueira, trabalha como geren-te de relacionamento digitalnuma empresa que atende di- versas marcas do segmento. Omercado descobriu que, alémde eficaz, anunciar em blogs

é mais barato que outras mí-dias, como TVs e revistas. Apesar da facilidade de

atrair anúncios, blogueiras derepercussão já enfrentam pro-blemas com o Conselho Na-cional de Autorregulamen-tação Publicitária (Conar). Alguns posts publicitáriosfeitos por elas – os famosos“publieditoriais” – não foramsinalizados como propagan-da, o que é considerado cri-me e, também, é claro, faltade ética com as leitoras, queconfiam na opinião das do-

nas dos blogs. Além das blogueiras, mui-tas marcas ainda não apren-deram como lidar com propa-gandas em blogs. “O primeiropasso é encarar o anúnciocomo publicidade. Ou seja: épreciso sinalizar. Trata-se desinal de respeito da marca, edo blogueiro, com os consu-midores e leitores”, alerta Vic-toria. Outro importante pon-to para que as marcas lidemcom tal tipo de propagandaé a pesquisa. “Precisamos pa-rar e pensar onde anunciar,

levantando pontos como au-diência qualitativa ou quan-titativa, perfil dos leitores eperfil do blogueiro”, comple-ta a profissional. Tomadosesses cuidados, a relação dasmarcas e empresas com blogssó tende a crescer e melhorar.“Neste novo formato, vistoscomo formadores de opinião,eles chegaram para ficar”.

Camila Gomes, do blogSim, senhorita (www.srtase- nhorita.com), usa seu espaçona internet como fonte derenda. “Com os posts publi-citários, campanhas e anun-ciantes, acabo ganhando di-nheiro com o blog”, diz. Aspáginas, geralmente, lucramcom banners e posts patroci-nados. Os preços são cobra-dos de acordo com o númerode visualizações que tal blogrecebe mensalmente.

Quem também lucra comseu espaço na internet é Mar-cela Thiemi, do blog  Assimcomo vocês (www.assimcomovcs.com), que, além de trabalharcom publicidade elaboradapor agências, usa o Googlecomo aliado. “Os anúnciosda ferramenta Google Adsen-se são ótima opção. O melhoré que ele paga em dólar, deacordo com a quantidade decliques contabilizados numbanner da empresa inseridono blog”, explica.

 As internautas contam

que nem sempre a blogueiraconseguirá ganhar dinhei-ro com sua página. “Muitagente cria um blog achandoque vai ficar rico, mas não ésempre assim”, afirma Cami-la. Marcela ressalta a impor-tância de levar o que é feitoa sério, para que a página setransforme em renda. “É pre-ciso se dedicar para que vocêseja enxergada pelas agências,que, assim podem querer fe-char um anúncio e pagar porseu trabalho”, diz.

 A criação do blog precisa

ser feita naturalmente, semdesespero em conseguir gran-des parcerias logo de início.É necessário ter paciência enão correr atrás das agênciasimplorando por um publie-ditorial. “As empresas nãogostam de pedintes. Se vocêfaz um trabalho bem feito,ele será visto e reconhecido”,finaliza Camila.

Bguia x Jaia

Em grandes eventos de moda, como São PauloFashion Week e Fashion Rio, sempre são divulgadostextos dizendo que blogueiras e jornalistas não devemfrequentar o mesmo espaço. Com o crescimento dosblogs, contudo, seus autores também são bem-vindosnos eventos. “O blogueiro transmite a notícia com oolhar de consumidor, ao contrário do jornalista. As duasatividades são diferentes e cada um já aprendeu o seulugar. Apesar de ainda existir, essa rixa deve ser deixadade lado”, destaca a jornalista Marcela Colasurdo.

REPRODUçãO

Page 16: EDICAO 192 CADERNO1

7/29/2019 EDICAO 192 CADERNO1

http://slidepdf.com/reader/full/edicao-192-caderno1 16/16

U dia c... Impressão16 Belo HorIzonte, JUlHo De 2013

Git a sbvivência Ambulantes do Centro de Belo horizonte buscam formas dignas de ganar a vida

Nayaa Mais5º Período

 Anita Anni6º Períodoeiçã: Ané Zuliani

O dia mal amanheceu e os pri-meiros passos no Centro de BeloHorizonte já vêm acompanhados detrilha sonora familiar a nossos ouvi-dos. Que atire a primeira pedra quemnunca passou pela Praça Sete e se re- voltou com os gritos dos vendedores

ambulantes. Não neles! Calma... A  vida de um ambulante, com certeza,não é das mais fáceis. E a região cen-tral de BH tem voz própria e muitahistória para contar.

Em breve caminhada pelas ruasda capital mineira, encontramos a se- xagenária Maria de Jesus, que deixouo trabalho de babá há seis anos paratrabalhar na rua, “convocando” aspessoas para tirar fotos 3X4. SegundoMaria, que perdeu o filho de 27 anose, atualmente, vive sozinha, o ofício éuma forma de escapar da solidão. A quase aposentada pega no batente àsseis da matina e, geralmente, para às

três da tarde – a não ser nos dias emque atinge a meta diária com rapidez econsegue ir embora mais cedo.

Os gritos dos trabalhadores infor-mais, chamados de “pregões”, nadamais são que os embriões dos sloganse dos jingles publicitários. Para Renato Vilaça, professor do curso de Publi-cidade do UniBH, esses vendedoresfuncionam como publicitários daspróprias mercadorias. “A maioria deles

ganda do serviço oferecido”, explica. Ao contrário da maior parte dos

trabalhadores do setor, que tem pou-co tempo no serviço, Rafael de Souza,50, está há 12 anos chamando pesso-as a frequentar um salão de beleza narua Carijós. De sua rotina, ressalta oaprendizado maior: “Na rua, você temque saber viver”, diz, com a típica ma-lícia de quem conhece bem o próprioofício. Antes de ser “profissional dogrito”, Rafael era marceneiro, mas como desemprego resolveu procurar o ami-

go e proprietário do salão onde hojetrabalha. Depois de alguns anos, elediz já ter se acostumado com a rotina enão tem vontade de fazer outra coisa.

B cm intiaSegundo dados do Instituto Bra-

sileiro de Geografia e Estatística(IBGE), a informalidade predominaentre idosos com mais de 60 anos ejovens de 16 a 24 anos. O estudo, de2012, indica que mais de 70% da po-pulação idosa ocupada, com mais deseis décadas de vida, encontra-se hojeem trabalhos informais. Isso por quepessoas que atingem certa idade são

facilmente descartadas do mercado detrabalho, mas, como possuem benefí-cios como pensão ou aposentadoria, acarteira assinada não é um fator quechama a atenção na hora de procuraruma atividade profissional.

 Já para os 46% dos jovens ocupa-dos no Brasil, a busca do primeiroemprego, por vezes, vem acompanha-da da falta de experiência, que delesé cobrada no mercado de trabalho. A 

da mais viável e honesta de conseguirdinheiro no final do mês. Eis o casode Tainá Oliveira, 17, está no ramo dacompra e venda de ouro há dois me-ses. Ela pega serviço às 9 e o deixa às19h. Logo depois, segue para a escola,onde cursa o 2° ano do ensino médio.

“Não pretendo ficar a vida intei-ra por conta das vendas. Estou aquiporque é uma forma de conseguir di-nheiro fácil e sem cobrança de patrão,como em meu antigo emprego”, con-ta. A garota sonha em ser advogada e

pretende dedicar-se aos estudos paraque isso se torne realidade. “Na rua, você vive por si mesma. Já tive muita vergonha de trabalhar aqui, mas, ago-ra, me acostumei com os gritos. Elessão nossa identidade”, destaca.

 Vendedores ambulantes são consi-derados parte importante das cidadese das economias dos grandes centrosurbanos de todo o mundo. Eles distri-buem bens e serviços acessíveis, ofe-recendo aos consumidores opções de varejo convenientes, instantâneas e ba-ratas. Tremendo de frio é que Adriano,31, nos conta como são difíceis as con-dições de trabalho na rua. “Trabalhar

aqui é ruim. Há o clima frio ou quen-te, a chuva... Não temos para onde cor-rer. Chego às 8h e saio às 18h. Ganho250 por semana e tenho um filho detrês anos pra sustentar”, desabafa, com voz gaguejante e braços encolhidos, dequem espanta a friagem.

O trabalho informal chama a aten-ção de quem o procura, pela remune-ração razoável e por não exigir experi-ência e escolaridade de quem está em

cas profissões dignas, que dão retornosatisfatório pra gente, é isso aqui. Foia única forma que encontrei de traba-lhar honestamente”, completa.

Gits u sussus? A ausência de carteira assinada

resulta em vasta desmotivação daspessoas, e em falta de perspectiva de vida. Mesmo com tantos anos pelafrente, muitos trabalhadores não que-rem abandonar o que fazem e, sim-plesmente, param no tempo, como

se nunca mais conseguissem realizaralgo melhor. Foi o que vimos em Val-quíria Silva, 27. Para ela, o lado bomé a convivência com as pessoas narua. Quando lhe perguntamos sobrealgum sonho de vida, porém, ela ébem direta: “Acho que não consigomais sonhar”, afirma, com o olhar dis-tante, como se quisesse algo que estálonge demais para a realidade daquelagarota que, desde cedo, precisou en-frentar dificuldades.

Os “profissionais do grito” são bemconhecidos dos moradores da cidade,mas o berro nem sempre é a táticausada por eles para conseguir o clien-

te. Creuza dos Santos, de 52 anos, porexemplo, trabalha com fotos, mas pre-fere não gritar. Segundo ela, que estáno emprego há seis anos, é melhor cha-mar as pessoas com mais calma, semgrandes alardes. Para Creuza, afinal, ogrito, na maioria das vezes, pode afas-tar os fregueses. “Gosto de trabalharaqui. A gente vê muitas pessoas du-rante todo o dia, além de muita coisainteressante. Tudo se torna distração

Fala mansa de Creuza se destaca em meio ao escarcu dos comerciantes de rua

NAyARA MORAIS