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Economia Regional Economia Regional e Urbana e Urbana

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Economia RegionalEconomia Regional e Urbanae Urbana

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Os benefícios do desenvolvimento económico não se distribuem de igual forma por todo o território nacional, podendo-se observar em todos os países

diferenças económicas entre regiões, as quais se designam de:

Disparidades regionais

As disparidades regionais são desigualdades regionais de bem estar ou de desenvolvimento entre regiões.

Podem utilizar-se diferentes indicadores de bem estar ou de desenvolvimento económico para verificar a existência das disparidades regionais como: taxa de escolarização, número de camas de hospital por 1000 habitantes, taxa de mortalidade infantil, taxa de desemprego, taxa de poluição, custos de vida, etc.

Vamos limitar-nos às disparidades económicas, utilizando-se normalmente o rendimento (produto ) per capita ( por habitante ) como instrumento de análise.

Deve evitar-se a confusão entre dois tipos de desigualdade:

-As desigualdades no nível de bem-estar ou no nível de rendimento real dos particulares ou das famílias;

-As desigualdades na repartição espacial das actividades económicas e das populações.

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A oferta e a procura regionais de trabalhoA oferta e a procura regionais de trabalho

• Para melhor ilustrar esta situação vamos observar o funcionamento dos mercados regionais de trabalhomercados regionais de trabalho e analisar as migrações inter-regionais.

• Vamos utilizar um modelo simples, em que se podem ver curvas de oferta e de procura de trabalho.

• Este modelo fornece o ponto de partida essencial de qualquer reflexão sobre o impacto económico das migrações inter-regionais.

• Consideremos duas regiões, A e B, de idêntico tamanho (o que não significa que sejam semelhantes do ponto de vista da estrutura económica ou de outras características).

• Ao analisarmos, A e B, constatamos que o nível de salários depende da procura de trabalho e esta resulta da procura de bens e serviços.

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Figura 1- Mercados regionais de trabalho em situação de equilíbrio no momento T1

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Na figura 1 podemos ver as curvas da oferta e procura de trabalho nas regiões A e B:

• Em cada região a oferta de trabalho aumenta com os salários oferecidos pelas empresas e, é por esta razão que a curva da oferta ( O ) sobe à medida que nos deslocamos da esquerda para a direita no eixo horizontal, o qual representa o número de unidades de trabalho oferecidas.

O aumento da oferta de trabalho pode dever-se quer:

- A um aumento do número de horas do trabalhador;

- À chegada ao mercado de trabalho de outras pessoas dispostas a oferecer os seus serviços em troca dos salários oferecidos.

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• A procura de trabalho ( D ) aumenta, por parte dos empregadores, à medida que o salário aceite pelos trabalhadores diminui, assim a curva da procura de trabalho desce à medida que nos deslocamos da esquerda para a direita.

• O ponto em que se cruzam as duas curvas - ponto de equilíbrio - determina o nível dos salários e do emprego:

• Nas duas regiões, A e B, o ponto de equilíbrio corresponde ao mesmo nível de salário (4 dólares por hora).

• Então as condições da oferta e da procura no momento T1, fazem com que os trabalhadores das duas regiões ganhem, em média, o mesmo salário.

• Assim podemos dizer que nos encontramos numa situação de equilíbrio inter-regional, sem disparidades do ponto de vista do salário dos trabalhadores.

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O que desencadeia as disparidades regionais?

Suponhamos que: no exemplo acontecem aumentos sustentados de produtividade por trabalhador, por exemplo devido ao progresso dos conhecimentos, evolução tecnológica, economias de aglomeração.

Se estes aumentos se verificarem, os rendimento por habitante vão aumentar no conjunto do sistema e a estrutura de consumo das famílias vai transformar-se.

Suponhamos também que: a região A é mais urbana que a B e com cidades maiores, tendo vantagens comparativas na produção de bens e serviços em relação a B.

À medida que o país se desenvolve, e que o rendimento por habitante cresce, a procura de bens e serviços desloca-se da região B para a região A e os consumidores do país procuram, em termos proporcionais, cada vez mais produtos da região A.

O resultado desta sequência de mudanças é o aumento da procura de trabalho na o aumento da procura de trabalho na região A e uma diminuição da procura na região B.região A e uma diminuição da procura na região B.

A deslocação das curvas de procura de trabalho provoca uma disparidade nos uma disparidade nos níveis salariaisníveis salariais, em que a taxa de salário é agora de 5 dólares por hora na região A e de 3 na região B.

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Figura 2- Mercados regionais de trabalhos depois de uma modificação da estrutura da procura no

momento T2

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Analisando as regiões A e B da figura 2, constata-se que :

• Um aumento da procura de trabalho na região A e um maior nível de salário.

• Na região B, a deslocação da curva de procura provocou uma diminuição tanto dos salários como do número de pessoas empregadas.

• Com um salário menos elevado, menos pessoas se apresentarão no mercado, assim os dois impactos, salários e taxas de actividade mais baixos, vão traduzir-se em rendimentos por habitante mais baixos na região B.

Assim, o elemento desencadeador das disparidades regionais é o o elemento desencadeador das disparidades regionais é o crescimento económico do conjunto do sistema, mais crescimento económico do conjunto do sistema, mais precisamente o impacto do crescimento sobre a composição da precisamente o impacto do crescimento sobre a composição da procuraprocura.

Pode desta forma concluir-se que o desenvolvimento económico engendra disparidades regionais.

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• As disparidades económicas desempenham um papel de extrema importância no processo de desenvolvimento, são sinais que indicam a direcção, segundo a qual os factores de produção se devem deslocar.

• A presença de uma disparidade dos salários da figura 2, incute-nos que será oportuno deslocar unidades de trabalho para a região A, lugar onde o seu rendimento será mais elevado.

• A transferência de recursos de B para A irá traduzir-se por um ganho líquido da produtividade para o conjunto do sistema.

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Modelo de ajustamento regionalA necessária mobilidade dos factores

Uma forma de eliminar a disparidade entre regiões A e B de forma a restabelecer o equilíbrio, é através da transferência de trabalhadores da região B para a região A no momento T3, demonstrado na figura 3.

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Na figura 3 iniciou-se um movimento migratório em que a população da região B vai dar-se conta de que os salários na outra região são mais elevados e sentem-se fortemente tentados a partir.

•A partida de trabalhadores da região B resultará num aumento dos seus salários ao reduzir-se a sua oferta de trabalho.

•Em contrapartida, a chegada à região A de uma quantidade considerável de trabalhadores vai ter como consequência uma pressão para a descida de salários.

•A deslocação de trabalhadores de uma região para outra continuará enquanto a disparidade existir, ou seja, enquanto os enquanto os habitantes da região B detectarem uma vantagem na migração habitantes da região B detectarem uma vantagem na migração em termos de rendimento a auferirem termos de rendimento a auferir.

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•Podemos observar também na figura 3 que a deslocação de trabalhadores, caso afecte um número suficiente de pessoas, acaba por eliminar a disparidade de salários entre as duas regiões A e B.

•Este raciocínio não se limita aos movimentos de trabalhadores, aplica-se da mesma forma aos outros factores de produção.

•Supondo que, sendo dada a evolução da estrutura da procura, há, no período T2, desvios de rendimento dos investimentos industriais entre a região A e a região B, com vantagem para A.

•No período T3, haverá capital a deslocar-se de B para A, até que seja reposta a igualdade de rendimentos entre as duas regiões.

Segundo o modelo de ajustamento regional, a redução das Segundo o modelo de ajustamento regional, a redução das disparidades regionais exige que as regiões se ajustem disparidades regionais exige que as regiões se ajustem constantemente e rapidamente às condições exteriores, em constantemente e rapidamente às condições exteriores, em particular à evolução das condições de procura.particular à evolução das condições de procura.

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• Nesta perspectiva, as migrações são um mecanismo essencial de ajustamento, de reposição do equilíbrio das economias nacionais.

• Se os ajustamentos se fizerem rapidamente e sem entraves, as disparidades não duram muito tempo, elas reduzem-se à medida que as regiões se vão ajustando às novas condições da procura.

• As disparidades regionais não são, mais do que perturbações, mais ou menos temporárias mas inevitáveis, em qualquer contexto de crescimento.

• O modelo de ajustamento regional pode ser considerado como uma adaptação à análise regional do pensamento neo-clássico, tendo como grande mérito apresentar um quadro coerente, fácil de apreender, para analisar a persistência das disparidades económicas regionais.

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Entraves à mobilidade dos factoresEntraves à mobilidade dos factores

Os ajustamentos não se fazem rapidamente e sem entraves.

1-Entraves à mobilidade das populações

• Percorrer distâncias implica esforço e custos, pelo que a transferência de factores de produção ( trabalho, capital, etc. ) não se faz sem entraves.

• Fazer a mudança de uma região para outra implica custos tanto mais elevados para pessoas ou famílias, quanto mais distante for a região de destino.

• A decisão de partir envolve custos importantes, tanto psicológicos como económicos, pelo que, para que valha a pena partir, os benefícios descontados têm de ser maiores do que os custos a assumir.

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• O afastamento não é apenas uma questão geográfica mas também cultural e psicológica, onde a idade é factor importante.

• A arbitragem entre benefícios e custos transparece na estrutura etária dos migrantes, assim, a propensão para emigrar para outras regiões diminui rapidamente depois dos trinta e cinco anos, na maioria dos casos.

• Os jovens em inicio de carreira têm mais tendência para partir, já que podem realizar benefícios durante um período mais longo, além disso, os custos (psicológicos e outros) a assumir são geralmente menores para as pessoas mais jovens.

• Será que é lícito admitir que venha a haver um número de trabalhadores a deslocar-se para eliminar as disparidades?

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• A resposta é negativa, porém para algumas famílias o desvio de salários não justifica os custos da mudança e à medida que a disparidade diminui menos pessoas se sentem atraídas a migrar.

• O processo migratório permite-nos tirar algumas conclusões:

– A persistência de disparidades regionais é previsível senão mesmo ‘normal’, na medida em que os trabalhadores não são, nem nunca serão perfeitamente móveis devido aos custos económicos e psicológicos associados à decisão de emigrar;

– Os desvios de rendimento são tanto maiores quanto mais afastadas tiverem as regiões, em termos de distância geográfica como de distância cultural;

– Os obstáculos à mobilidade das pessoas têm como consequência geralmente a acentuação das disparidades e a sua maior duração, sendo normal que os desvios de rendimento entre países, em que existem barreiras à imigração, sejam maiores do que entre regiões do mesmo país ;

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2-Mobilidade geográfica de capital

O capital ao deslocar-se de uma região para outra é prova das diferenças de rendimentos.

Mas os movimentos de capital não se fazem sem custosMas os movimentos de capital não se fazem sem custos.

A decisão de investir noutra região exige que o investidor possua informação sobre a região de destino.

O investidor não aposta numa empresa, numa dada região, sem recolher informaçõesinformações sobre as mesmas ( região e empresa ).

A obtenção destes elementos consome esforço e tempo, que o investidor tem de comparar com o custo de operação.

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• Os custos de informaçãoOs custos de informação podem ser maiores ou menores consoante a sua sensibilidade face à distância tanto cultural como geográfica.

• O factor de riscoO factor de risco está presente nas decisões de investimento, uma vez que, faz aumentar a prudência do investidor.

• A incerteza quanto aos rendimentos é também de considerar.

• O investidor tem tendência para favorecer em primeiro lugar os destinos conhecidos e mais próximos para minimizar os custos de informação.

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3-Difusão espacial das técnicas e ideias

Podemos estender este raciocínio a outros factores, entre os quais os factores de produção ‘intangíveis’ como: técnicas, ideias, técnicas, ideias, conhecimento, mentalidades, etc.conhecimento, mentalidades, etc.

Designa a transmissão no espaço, a propagação no espaço de factores deste tipo.

Os factores intangíveis de produção são sensíveis à distância (geográfica ou cultural), tal como os factores de produção mais clássicos.

Dado que as ideias, as técnicas, os conhecimentos, etc., têm de ser assimilados pelas populações antes de poderem transformar-se em produção efectiva de bens e serviços, os factores dinâmicos e intangíveis de produção são particularmente sensíveis às barreiras culturais.

A propensão para adoptar uma nova ideia ou uma nova técnica A propensão para adoptar uma nova ideia ou uma nova técnica é tanto mais pequena quanto mais longínqua estiver a é tanto mais pequena quanto mais longínqua estiver a novidade, tanto geográfica como culturalmente. novidade, tanto geográfica como culturalmente.

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Síntese: Distâncias e disparidades

A distância constitui umaA distância constitui uma barreira à integração dos mercadosbarreira à integração dos mercados porque por um lado geram custos que limitam o movimento dos factores e por outro trava a difusão das técnicas e ideias.

As disparidades permanecem enquanto o espaço geográfico ou um outro factor impedirem a total integração dos mercados.

Não é necessário demonstrar que as Não é necessário demonstrar que as disparidades do rendimento no disparidades do rendimento no interior de um mesmo país são menos pronunciadas que as interior de um mesmo país são menos pronunciadas que as disparidades entre paísesdisparidades entre países, que é uma primeira indicação de que a , que é uma primeira indicação de que a integração favorece igualização de rendimentosintegração favorece igualização de rendimentos.

Na Europa, depois da assinatura do Tratado de Roma que estabeleceu as bases da CEE (1957), os desvios em termos de rendimento entre países membros não cessaram de diminuir, o que constitui um indicador suplementar de que, no conjunto, a integração económica contribui para a supressão das disparidades.

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• Como os custos associados à distância são um travão ao funcionamento em condições óptimas dos mercados e, um obstáculo à igualização geográfica dos rendimentos, é de esperar que as disparidades regionais se reduzam à medida que os custos de transporte e de comunicação diminuem.

• Tem havido enormes progressos neste campo desde a segunda guerra mundial: auto-estradas, comboios de alta velocidade, telecomunicações, aviões a jacto, e assim a distância deixou de ter o peso que tinha em 1950.

• Em muitos países desenvolvidos, os resultados coincidem com as previsões nas últimas décadas, tanto em França como nos Estados Unidos, a tendência vem favorecendo a convergência dos rendimentos per capita entre regiões.

• No entanto, para outros países, somos obrigados a conter o nosso optimismo em relação ao efeito equalizador da redução das distâncias.

• O ritmo de convergência é amiúde muito lente, muito mais O ritmo de convergência é amiúde muito lente, muito mais lento do que o ritmo do progresso técnicolento do que o ritmo do progresso técnico.

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 As migrações como factor de equilíbrio e desequilíbrio

 A transferência de trabalhadores de B para A eliminou a disparidade, a qual reflectia uma mudança anterior nas

condições da procura.

Mas, será que a chegada de mão-de-obra à região A se irá limitar ao seu impacto sobre a oferta de trabalho? Vejamos como essa chegada pode influenciar a procura de trabalho.

Transferência espacial da procura

A entrada de fundos numa região provoca efeitos multiplicadores graças às despesas em bens e serviços locais.

A chegada de trabalhadores a uma região não provoca necessariamente o crescimento da procura global, mas vai modificar a estrutura da procura.

Notando-se o impacto sobretudo na construção residencial e nas infra-estruturas: escolas, hospitais, etc.

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O movimento de trabalhadores para A fará aumentar a procura de trabalho em A, empurrando a curva da procura para a direita e fazendo reaparecer uma disparidade salarial entre as duas regiões, exigindo um novo movimento de trabalhadores para restabelecer o equilíbrio inter-regional.

O impacto da emigração na procura interna de uma região será tanto O impacto da emigração na procura interna de uma região será tanto maior quanto maiores forem as ‘novas’ despesas dos novos habitantes maior quanto maiores forem as ‘novas’ despesas dos novos habitantes na região e quanto mais complexa for a estrutura económica destana região e quanto mais complexa for a estrutura económica desta..

Transferência espacial dos factores ‘intangíveis’ de produção

Uma transferência de população provoca uma transferência espacial desses factores dado que:

-Os factores intangíveis ( técnicas, conhecimentos, ... ) estão, em parte, presentes nas pessoas;

-As características da população têm impacto sobre o ritmo de difusão e de adopção de novas ideias e técnicas de produção;

-Alguns factores que estão na base de incrementos de produtividade estão associados a populações maiores.

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Selectividade das migrações

Nas migrações, a população que parte não tem as mesmas características que a população no seu conjunto, sendo uma dessas características a faixa etária.

A estrutura etária dos migrantes é normalmente diferente da estrutura do conjunto da população. A maior juventude dos migrantes reduz a taxa de dependência nas regiões de imigração e aumenta-a nas regiões de emigração.

Dai resulta uma disparidade no plano dos rendimentos per capita, pois na região de imigração vai aumentar a percentagem de população que trabalha.

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• Se as migrações selectivas continuarem, a região de emigração acabará por ter uma taxa de dependência alta, sintoma de uma população composta sobretudo por jovens em idade escolar, mulheres fora do mercado de trabalho e reformados.

• O efeito da selectividade não afecta, no entanto, apenas as estruturas etárias.

• Como a migração implica um custo, os primeiros a partir serão os que podem ou querem assumi-lo.

• Não serão os mais pobres nem os menos dinâmicos a partir.

• As populações migrantes são, em geral, mais As populações migrantes são, em geral, mais jovens, mais escolarizadas, mais dinâmicas e jovens, mais escolarizadas, mais dinâmicas e mais empreendedoras que as populações mais empreendedoras que as populações sedentárias.sedentárias.

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Relação Centro - periferia

O impacto cumulativo ( que faz aumentar as diferenças entre regiões, em termos de população, de stock de capital e de factores intangíveis ) dos factores de produção em favor das regiões que se desenvolveram primeiro e em detrimento das regiões distantes acaba por criar uma relação centro-periferia.

Em quase todos os países do mundo industrializado há regiões centrais mais povoadas que foram os primeiros focos de industrialização e urbanização, onde os rendimentos são maiores do que nos resto do país. Estão nessa situação algumas zonas do litoral português.

Em relação à economia das regiões centrais, a das regiões periféricas caracteriza-se por:

-  Mercado local mais limitado;

-  Mão-de-obra menos instruída e menos diversificada;

-  Taxa de desemprego mais elevada;

-  Estrutura económica mais especializada.

É difícil fazer contrapeso ao poder de atracção das regiões centrais.

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A evolução das disparidades regionais segundo o nível de desenvolvimento

Será possível relacionar o nível económico de um país com o nível das disparidades regionais?

O impacto das transformações espaciais que acompanham sempre as subidas de rendimento não se faz sentir da mesma forma num país rico e num país pobre.

Segundo a tese de T.J. Williamson, as disparidades aumentam rapidamente durante as primeiras fases do desenvolvimento e diminuem assim que ultrapassado um certo nível de desenvolvimento.

Ao iniciar-se o desenvolvimento a urbanização aumenta rapidamente e as migrações assumem um papel crucial como mecanismo de ajustamento.

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• Acontecem, no entanto, com um certo atraso em relação ao ritmo de alteração da procura e têm importantes custos, os quais são maiores nas primeiras fases de desenvolvimento, altura em que a migração é mais selectiva.

• É, portanto, lógico que as disparidades continuem a ser significativas até estar concluída a transferência de

populações para as cidades.

• A integração económica favorece, num segundo momento, a igualização dos rendimentos.

• Esta é função do desenvolvimento e dos investimentos em infra-estruturas que o acompanham: telefones, estradas, etc.

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Há ainda outros factores que favorecem a hipótese de Williamson:

- Os países ricos têm mais meios para pôr em prática políticas de redistribuição de rendimentos;

- As desigualdades são encaradas como mais inaceitáveis do ponto de vista social, nos países ricos;

- A fase rápida da urbanização provoca muitas vezes uma concentração dos rendimentos favorável aos proprietários urbanos;

- As diferenças entre indivíduos e grupos são menos nos países ricos fortemente integrados.

A relação entre desigualdades e desenvolvimento é tudo menos simples.

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Desenvolvimento desigual: debates e questões

Desde a 2ª Guerra Mundial muitos autores vêm sublinhando os efeitos potencialmente perversos do desenvolvimento.

Apesar da diversidade de palavras empregues, tudo são tentativas para resumir a mesma realidade:

•O desenvolvimento não se reparte de forma igual pelo território nacional.

•O desenvolvimento desigual é inevitável e não pode acontecer sem que existam disparidades ( de salários, de rendimentos, de capital).

A grande questão continua a ser:

-  as desigualdades atenuam-se ou agravam-se com o tempo, sendo , ou não, necessária a intervenção política para as contrariar?

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• A persistência das desigualdades sociais coloca-nos perante um dilema:

numa economia de mercado a criação de desigualdades ( salariais por exemplo ) é uma condição necessária ao desenvolvimento económico; este, no entanto, é condição necessária de atenuação das desigualdades.

• Esta frase recorda-nos que as desigualdades que surgem no processo de desenvolvimento são, do ponto de vista do seu papel no sistema económico, sinais que conduzem a afectação de recursos.

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O crescimento económico exige que se aceite o livre movimento dos factores de produção e a livre fixação dos preços.

Esta liberdade, porém, exerce-se muitas vezes à custa de um desenvolvimento desigual, mais ou menos passageiro.

Não é possível afastar a possibilidade de as forças de divergência, propícias ao desenvolvimento desigual, levarem a melhor sobre as forças de convergência.

É preciso aceitar que uma parte da explicação do desenvolvimento desigual reside nas condições institucionais e nas políticas locais.