suplemento diário económico

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5359 DE 07 DE FEVEREIRO DE 2012 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Energia PAINÉIS SOLARES FILIPE SANTOS Administrador da EDP Serviçosh A energia é core business para a EDP, logo a presença neste mercado é natural. João Paulo Dias GUSTAVO FERNANDES Administrador da Martifer Solar Estamos a expandir as áreas de negócio geograficamente, para fazer face à crise. FREDERICO ROSA Administrador da Sunergetic A internacionalização está sempre no horizonte, apesar de termos investidores que preferem Portugal. Foto cedida pela Martifer Solar Neves António Empresas apostam na internacionalização Ana Brígida Estação Fotovoltaica da Amareleja, situada no concelho de Moura (Beja) PUB

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Suplemento sobre energias renováveis em Portugal

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Page 1: Suplemento Diário Económico

ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO DIÁRIO ECONÓMICO Nº 5359 DE 07 DE FEVEREIRO DE 2012 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

Energia

PAINÉIS SOLARES

FILIPE SANTOS

Administrador da EDP Serviçosh

A energia é core businesspara a EDP, logo a presençaneste mercado é natural.

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GUSTAVO FERNANDES

Administrador da Martifer Solar

Estamos a expandir as áreasde negócio geograficamente,para fazer face à crise.

FREDERICO ROSA

Administrador da Sunergetic

A internacionalização está sempreno horizonte, apesar de termosinvestidores que preferem Portugal.

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Empresas apostam na internacionalização

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Estação Fotovoltaica da Amareleja,

situada no concelho de Moura (Beja)

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Page 2: Suplemento Diário Económico

II Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

Crise e fim dos benefíciosfiscais atiram empresáriospara a internacionalizaçãoAposta na globalização parece ser a opção dos empresários, mas a concorrênciaé feroz por parte da China, da Alemanhã e de Espanha.ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO

[email protected]

maioria das empresas dosector considerou negativoo fim dos benefícios fiscaispara os consumidores quepretendiam soluções paraeconomizar energia atravésda instalação de painéis so-

lares. Uma sentença negativa para o sectornuma altura que o Pais se vê a braços com apior crise económica e financeira que viveunas últimas décadas. Mas os empresários de-ram a volta à decisão do Estado português e àcrise e adoptaram estratégias de crescimen-to, através da incorporação de novas tecno-logias, da valorização da poupança de ener-gia juntos dos clientes ou ainda via interna-cionalização. Mas também houve situaçõesde corte nas margens de lucro. Em balanço, oano transacto até correu de forma positiva,como admitiram os 11 responsáveis de outrastantas empresas. Para este ano, estão expec-tantes quanto às consequências do aumentodo IVA de 13% para 23% (ver texto ao lado).Filipe Santos, administrador da EDP Servi-ços, enfatiza os “excelentes resultados obti-dos” quanto questionado sobre os resultadosdo ano passado e realça a consolidação da li-derança da EDP, com mais de mil clientes nomercado de microgeração. Também a Marti-fer Solar caracteriza o ano de 2011 como um“ano excelente”, salientou Gustavo Fernan-des, administrador da empresa.Crítico relativamente aos designados custosde contexto da economia nacional a que sejuntou a instabilidade económica, José Pi-mentão, director-geral da Sinergiae, assumeum crescimento significativo na facturaçãoexplicando que “o ano de 2010 ainda foi piordo ponto de vista de estabilidade do que o de2011”. Aliás, o mesmo responsável, apesar dereconhecer que os fim dos benefícios fiscaisteve “um impacto considerável” na factura-ção da organização, não deixa de reconhecerque os estímulos fiscais “são nefastos”. Sempretender entrar em polémicas, José Pimen-tão, prefere verdadeiras políticas de discri-minação positiva ambientais e energéticasdas energias renováveis”.Internacionalização sim, mas atenção

A à China, Alemanha e EspanhaApesar de ser um sector recente a concor-rência já é feroz. Chineses, alemães e espa-nhóis querem também ter uma palavra a di-zer no mercado mundial. E a estratégia dasempresas está também desenhada a uma es-cala mundial, como são o caso MCG Solar,da Martifer, Selfenergy ou a EDP. Senão, ve-jamos. Paulo Neves, director comercial daárea de negócios da MCG Solar destaca que ocrescimento vai passar “pela exportaçãopara mercados tão diversos como o alemão,francês, nórdico, ibérico e do Magreb”. E omesmo responsável avança ao Diário Eco-nómico que a empresa está a estudar entrartambém no mercado norte-americano.Apesar da visão à escala global, muitas ou-tras empresas estão apostadas em mercadosonde Portugal apresenta vantagens compe-titivas, como por exemplo o angolano, mo-çambicano e brasileiro, para os quais prati-camente todas elas trabalham.Mas nem tudo são “favas contadas”, comoreconhece Nuno Gonçalves, da Enerwise.Considera que o futuro passa “inevitavel-mente pela internacionalização”, mas reco-nhece que o processo foi moroso e que obri-gou a bastante paciência para obter resulta-dos quando deu os primeiros passos nos paí-ses africanos de língua portuguesa. Uma di-ficuldade que tem a ver com as especificida-des de cada mercado, mas também porque asempresas portuguesas competem com “chi-neses que têm a maior produção de módulossolares do mundo, contra alemães que são osmaiores produtores europeus de sistema fo-tovoltaico e contra os espanhóis com a suaindústria solar fortemente competitiva”, re-fere José Pimentão, director-geral da Siner-giae.A par desta agressiva concorrência, mas quefaz parte do jogo internacional, junta-seuma dificuldade alheia às empresas e que seprende com a falta de crédito. “Nunca tive-mos um ‘pipeline’ tão forte e tão completo eo grande desafio será a capacidade de oconseguirmos financiar e implementar”,adverte Miguel Matias, administrador daSelfenergy. ■

Crescernos mercadosexternosMuitas outras empresasestão apostadas emmercados onde Portugalapresenta vantagenscompetitivas, como porexemplo o angolano,moçambicano e brasileiro,para os quais praticamentetodas elas trabalham.

As empresas de painéis solares estão preocu-padas com o impacto no mercado de consu-midores domésticos do aumento de IVA de13% para 23%, em vigor a partir deste ano.Uma desvantagem que, associada às limita-ções de crédito, poderá estagnar este segmen-to de negócio. Com este enquadramento, asempresas prevêem quebras de vendas e vi-ram-se para o mercado empresarial com solu-ções que permitem vender electricidade àrede eléctrica, aproveitando as linhas deapoios financeiros inscritas no Quadro de Re-ferência Estratégica Nacional (QREN).Sara Ramos, directora-geral da Inenergi, dáconta desta situação ao afirmar que existeum “decréscimo muito significativo no que

IVA a 23%

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES UMA EQUIPA de investigadores da Faculdade de Engenhariada Universidade do Porto foi galardoada, no âmbito dos prémioscientíficos Solvay & Hovione Innovation Challenge 2011, no domínioda inovação e do empreendedorismo, pelo desenvolvimentode módulos fotovoltaicos, através de uma tecnologia que daráorigem a uma unidade de fabrico em massa, com capacidade anualde 2 MW, num investimento de três milhões.

Page 3: Suplemento Diário Económico

Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico III

trava mercado de particularesrespeita aos particulares” e que “não houvedecréscimo da procura ao nível empresa-rial”.O Orçamento do Estado para este ano, definiua passagem em vários sectores de actividadeda taxa intermédia de IVA de 13% para 23%,nomeadamente para o sector das energias re-nováveis, que passam desta forma a ser tam-bém taxados à taxa máxima. Uma situaçãoque causa alguma apreensão aos representan-tes do sector, pois em causa está um agrava-mento dos preços no consumidor via aumentode impostos, como explicou Nuno Gonçalvesda Enerwise. Ou seja, para este responsável omercado português já é um mercado de pe-quena dimensão e “infelizmente, vai-se man-

ter estagnado durante algum tempo”. Uma si-tuação que obrigou a empresa a “reduzir asmargens” para compensar parcialmente as al-terações fiscais, como confessou Nuno Gon-çalves.Por isso, muitas são as empresas que se virampara projectos desenhados a pensar nos in-centivos inscritos no QREN. Contudo, nemaqui as coisas parecem correr de feição para ospromotores, as empresas que pretendemadoptar políticas de racionalização de consu-mo de energia. “Os atrasos nas aprovações decandidaturas de clientes nossos ao QREN”, apar das “grandes dificuldades de implemen-tação do programa de minigeração face às li-mitações de crédito e o atraso no arranque do

programa EcoAP não permitiram um melhordesempenho” do sector, salienta Filipe BelloMorais, director-geral da Sotecnisol Energia(ler texto da página 10 e 11).Apesar do cenário, Miguel Matias, da Selfe-nergy, considera que com os elevados custosenergéticos com o IVA também a 23%, a“maior parte das soluções de energia solartérmica já são viáveis economicamente semnecessitar de mais benefícios”. Uma opiniãopartilhada por Filipe Santos, administrador daEDP, que afirma que a empresa “tem vindo aevoluir no sentido de responder e compensara redução dos incentivos à energia solar e,desta forma, manter a atractividade do inves-timento junto dos clientes”. ■ A.A . e R.C.

As empresasviram-se parao mercadoempresarialcom soluções quepermitem venderelectricidadeà rede eléctrica,aproveitandoas linhas deapoios financeirosinscritasno QREN.

A RENAULT tem em marcha até final deste mês, um projectode energia alternativa que consiste na cobertura do topo detodas as fábricas no mundo com painéis solares. Com isso,espera uma redução nas emissões de CO2 de cerca de 30 miltoneladas, até 2013. As primeiras unidades de produçãoque receberão estes painéis estão em França e serãocobertas com placas que somam uma área de 450 mil m2.

O GOVERNO espanhol anunciou a semana passada que vaisuspender todos os apoios aos novos projectos de energiasrenováveis. A medida do executivo é “temporária”, segundoa imprensa espanhola e surge como forma de travar o déficetarifário espanhol avaliado em cerca de 24 mil milhõesde euros. A medida não terá efeitos retroactivos nos projectosem funcionamento e em fase de instalação.

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O número de sistemas solarestérmicos instalados por ano cresceuentre 2003 e 2010 – de menosde 10 mil m2/ano em 2003, a maisde 180 mil em 2010. A decisãodo Governo, via Orçamentodo Estado proposto pelo MinistérioFinanças (foto do edifício do Terreirodo Paço, em Lisboa) de acabar comos benefícios fiscais levou a umforte abrandamento da procura. Em2008, foi lançado o projecto SolarTérmico, uma medida de incentivoà utilização de energias renováveis,com o objectivo melhorara performance energética do País.

>> MAIS DE 300 MIL M2DE PAINÉIS

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IV Diário Económico Terça-feira7Fevereiro2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

“Esperamosque o sector sejaassumido comoestratégico”O mercado é dinâmico e mostra resilência.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

energia solar é estratégicapara o País e Maria João Ro-drigues, presidente da Asso-ciação Portuguesa de PainéisSolares (APISOLAR), disseem entrevista ao Diário Eco-nómico ter esperança que o

Governo tenha noção da sua importância e quecrie enquadramentos que permitam o desen-volvimento sustentado do sector e o aumentoprogressivo do seu peso na economia nacional.

Que perspectivas de crescimento poderá ter osector em tempos de crise?Há que distinguir entre solar térmico e foto-voltaico. E no caso do solar térmico, há aindaque distinguir entre o sector residencial e onão-residencial. No primeiro, não existem in-centivos ao investimento ou benefícios fiscaise assiste-se ao forte abrandamento de novaconstrução, o que reduz a capacidade instalá-vel por via da regulamentação do desempe-nho energético de edifícios, o que significaque as empresas vão ter de se focar no edifica-do existente, onde o potencial de instalaçãoestá ainda fracamente realizado. Neste seg-mento, a atractividade de investimento estárelacionada com o aumento dos preços daenergia ao consumidor final. Este facto por sisó pode, no entanto, não ser suficiente paramanter um nível adequado de procura, sendoessencial reforçar fortemente o investimentoem educação e sensibilização do consumidor.No sector não residencial, a regulamentaçãodo desempenho energético de edifícios pode-rá contribuir positivamente para a procuranos edifícios de serviços, em particular emgrandes remodelações e na implementação deplanos de racionalização de consumos. Omercado solar térmico não-residencial pode-rá ainda vir a ser dinamizado no âmbito doCOMPETE, por via da subvenção directa aoinvestimento, à semelhança do que se verifi-cou no âmbito do QREN. Estes incentivos se-rão importantes para a manutenção do mer-cado dos edifícios do sector terciário e paraabrir mercados com pouca expressão até ago-ra, como alguns nichos industriais onde a in-corporação de tecnologia solar térmica parafornecer calor de processo pode ser atractiva.No sector solar fotovoltaico, foram aplicadoscortes nas quotas da micro e minigeração, queimplicam uma contracção de 47%. Nesse sen-

Paul

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tido, a APISOLAR pensa ser fundamental queas metas da micro e minigeração sejam enten-didas de modo flexível e agregada, devendoexistir trânsitos de quota entre regimes deacordo com os perfis de procura.

Mas que balanço faz do sector?O sector, como um todo, apresenta elevadodinamismo e tem respondido consequente-mente, e com qualidade, às aberturas de mer-cado e imposições estabelecidas por via daspolíticas públicas. Mas acima de tudo pensoque tem demonstrado uma elevada resiliên-cia, sobrevivendo às instabilidades políticas,suspensão de apoios, alterações de estratégia.Mas preocupa-me a real capacidade de manu-tenção das portas abertas de muitas empresas.

Quais as suas expectativas relativamente à polí-tica do Governo para a energia solar?Esperamos que o sector solar seja definitiva-mente assumido como estratégico para o País,quer no que se refere ao desempenho do siste-ma energético, quer para o desenvolvimentosócio-económico nacional. Com isto espera-se que sejam mantidos e/ou criados enqua-dramentos que permitam o desenvolvimentosustentado do sector e o aumento progressivoda sua importância para a economia.

O aumento dos preços da electricidade causoucorrida à energia solar térmica e fotovoltaica?Ainda é cedo para se medirem estes efeitos. Aexpectativa é que, pelo menos no solar térmi-

co, este seja um sinal positivo que influenciepositivamente a decisão de compra.

De que forma pode a energia solar tornar-se amelhor solução para a eficiência energética?Se pensarmos em termos estritos de sistemassolares activos, considero que nunca será umasolução ‘per si’ mas sim parte integrante dasolução. Mas energia solar não são só sistemassolares térmicos ou fotovoltaicos, que nospermitem gerar localmente, total ou parcial-mente, a energia que precisamos para satisfa-zer os nossos consumos. Se bem utilizados osconceitos passivos na construção, é tambémsinónimo de conforto térmico com menor re-curso a sistemas de climatização; conforto vi-sual, com maior recurso a sistemas de ilumi-nação natural, ambos implicando ganhos deeficiência energética significativos.É preciso entender que a eficiência energéticaé uma questão que vai muito além da ofertatecnológica. É uma questão fortemente con-dicionada por aspectos comportamentais, quedependem, sim, da nossa capacidade de pagare de aspectos de racionalidade económica doinvestimento; mas também da nossa vontadede pagar. São os comportamentos que deter-minam fortemente a adopção de tecnologiassolares e o modo como estas podem vir a in-fluenciar os perfis de utilização de energia. E énos comportamentos que temos que investir,se quisermos implementar com sucesso qual-quer estratégia consequente de eficiênciaenergética. ■

ENTREVISTA MARIA JOÃO RODRIGUES,PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE PAINÉISSOLARES - APISOLAR

Para 2012, uma dasprioridades da APISOLARna energia solarfotovoltaica, “é criar umambiente regulatório estávele sustentado, entendidocomo uma evolução dosregimes da micro eminigeração, que antecipea maturidade tecnológica nosentido da paridade derede”, assume Maria JoãoRodrigues. No solar térmico,a associação está aparticipar na revisão dosregulamentos dedesempenho energético.Mas são duas as grandesprioridades. “Assegurar amanutenção de umenquadramento adequadopara a formação ecertificação profissional”.Neste sentido, a APISOLARestá a dialogar com a DGEG,vai falar com a AgênciaNacional para aQualificação, e celebrouum protocolo decolaboração com oCENTERM/APIEF. Outroobjectivo é dinamizar omercado, “no sentido dese assegurarem incentivosadequados no âmbito doCOMPETE”, diz a presidenteda APISOLAR que revelaque outra das apostas para2012, é “a promoçãoe comunicação do sector,e de acções de educaçãoe sensibilização”. Paraambos os segmentos,pretende-se ainda“monitorizar de perto aentrada no mercado degrandes players, por formaa que se garanta que sãoidentificados e eliminadoseventuais comportamentosanti-concorrenciais”.

Prioridades dosector para 2012

Maria João Rodrigues, acredita que no segmento

residencial ainda há muita coisa para fazer

e que o não-residencial pode vir

a ser potencializado com o programa COMPETE.

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VI Diário Económico Terça-feira7Fevereiro2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Empresários de olhos postos na inovaçãoPortugal está no bom caminho quanto ao investimento em inovação, apostando em novos serviços e produtos.

RAQUEL CARVALHO

[email protected]

inovação marca a diferençaem todos os sectores de ac-tividade e a energia solarnão é excepção. No que tocaaos painéis solares, MariaJoão Rodrigues, presidenteda Associação Portuguesa

de Painéis Solares (APISOLAR) garante quePortugal “tem seguido uma trajectória pro-missora e de excelência internacional. Tem-seassistido a um aumento significativo do nú-mero de investigadores afectos ao desenvolvi-mento de novos materiais, novas aplicações eprodutos, novos conceitos de integração ar-quitectónica e novas arquitecturas de siste-ma”, diz, frisando a transferência de conheci-mentos e as parcerias entre universidades eindústria, nacionais e internacionais.Todas as empresas que actuam no sector assu-mem que a inovação, investigação e desenvol-vimento fazem parte do seu ADN. A EDP éuma delas. Filipe Santos, administrador daEDP Serviços garante que na oferta para a mi-crogeração e minigeração, a estratégia “ba-seia-se em produtos de elevada eficiência equalidade, com outros benefícios ao clientepara além da produção de energia”. A título deexemplo, a empresa “oferece um serviço demonitorização da produção, acessível atravésda Internet ou smarphones, e gerido central-mente pelos nossos serviços que alerta o

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hoA cliente em caso de anomalia, ou ainda módu-

los fotovoltaicos de marca própria produzidosem Portugal”, explica, adiantando que esteano, a empresa lançará mais novidades.Já Gustavo Fernandes, administrador da Mar-tifer Solar garante que a empresa aposta na di-versificação na área dos serviços “com a im-plementação de ferramentas dedicadas demonitorização para parques fotovoltaicos”.Em termos de I&D, até à data a HemeraEnergy já investiu mais de 2,5 milhões de eu-ros, sobretudo no desenvolvimento do Ad-vanClim, uma solução integrada de climatiza-ção solar. Mas em 2011, a empresa foi respon-sável pela engenharia, fornecimento e insta-lação dos dois primeiros sistemas solares tér-micos de tecnologia Sunaitec, sistema inova-dor em Portugal.Já a Sotecnisol investe, por ano, em inovação,150 mil euros, que são alocados, sobretudo,para o desenvolvimento de novos serviços eprodutos”, diz Filipe Bello Morais, director-geral. No que se refere à MCG Solar, Paulo Ne-ves, director comercial afirma que “o investi-mento total nesta área ronda habitualmente1,5% da facturação anual”, sendo sobretudoalocado em processos de fabrico e na sua opti-mização, sem esquecer, porém, o enfoque nodesenvolvimento de produto. A Sinergiae in-veste 10% da sua facturação a esta área. JáSara Ramos, directora-geral da Inenergi

adianta que a empresa vai investir em 2012,“cerca de 60% do rendimento na implemen-tação dos projectos desenvolvidos nos anosanteriores e no desenvolvimento de novosserviços e produtos” e informa estarem emfase de apresentação ao mercado três novosserviços de certificação desenvolvidos pelaInenergi e um parceiro alemão.Outra empresa com um investimento signifi-cativo em I&D é a Selfenergy, que está, aliás,com projectos QREN IDT em curso com oLNEG, o Instituto Superior de Setúbal e a Uni-versidade Nova, “em áreas pioneiras de apli-cação da energia solar”, destaca Miguel Ma-tias, administrador. A empresa participouainda em projectos europeus como oVerySchool ou o Spor2 com muita projecçãointernacional, e lançou uma iniciativa inova-dora com o MIT Portugal no âmbito da efi-ciência energética dos Campus Universitários.Enquanto ‘spin off’ do IST, a WS Energia temna sua génese a investigação e inovação tec-nológica. Daniel Martins, director de marke-ting da empresa diz estar a ser desenvolvidoum projecto “que alia a energia solar às redesinteligentes e outro, que permite a colocaçãode sistemas fotovoltaicos em comunidadesisoladas”. De frisar que a WS Energia, o Insti-tuto Superior Técnico e a Fundação para aCiência e Tecnologia vão criar uma CátedraConvidada na área da energia solar”. ■

Entre 1989 e 2011,o Instituto Portuguêsde Propriedade Industrial(INPI), recebeu 116 pedidosde patentes, sendo a áreados colectores solares,aquela que lidera a lista,com um total de 61 pedidos.O Solar térmico requesitou23 patentes, a área dosdispositivos semicondutoresentregou 19 pedidos, e osolar fotovoltaico requereu13 pedidos de patentes.O INPI revelou que, devidoao facto da temática daenergia solar representarum desenvolvimentotecnológico importantea nível mundial, houvenecessidade de se separarasdiferentes tecnologiasem classificaçõesespecíficas para as mesmastanto no sistemainternacional declassificação de patentes,como no sistema europeude classificação.

INPI recebeu116 pedidosde patentes

Foi inaugurado dia 31 de Janeiro,em Évora, o Instituto Portuguêsde Energia Solar, (IPES), que terácomo director o professor ManuelCollares Pereira, titular da cátedrade Energias Renováveisda Universidade de Évora, umadas instituições fundadoras do IPESe onde se realizou a escriturapública. O instituto visa desenvolvere promover o sector em Portugal eno exterior, apostar nas tecnologiase ser o agregador das competênciasdos seus 20 associados. Quer aindaposicionar-se para poder servir deinterlocutor ao Governo em aspectosrelevantes da política energéticana área da energia solar.

>> INAUGURADO IPES

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VIII Diário Económico Terça-feira7Fevereiro2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Governo congela novas licençasO acordo com a ‘troika’previa a análise dos regimes de apoio aos produtores de energia até Janeiro.

ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE

[email protected]

Executivo decidiu ontem‘congelar’ a atribuição denovas licenças para a pro-dução de eletricidade emregime especial, afectandoprincipalmente a geraçãoeólica e a cogeração.

Segundo o decreto-lei publicado ontem emDiário da República, o Governo suspende,“com efeitos imediatos, a atribuição de po-tências de injecção na Rede Elétrica de Servi-ço Público (RESP)”, ainda que ressalvando apossibilidade de poderem vir a ser exceciona-dos casos de “relevante interesse público”.Esta lei decorre de uma resolução do Conse-lho de Ministros de 5 de Janeiro que preten-de reavaliar o enquadramento legal da pro-dução de eletricidade em regime especial.Esta decisão suspende a atribuição de pedi-dos de informação prévia, a primeira fase doprocesso para a atribuição de potência para aprodução de energia elétrica a partir deenergias renováveis ou de resíduos indus-triais, agrícolas ou urbanos, com exceção daenergia hídrica, bem como em instalaçõesde cogeração.Na altura, o Executivo explicou que esta deci-são “decorre das orientações de política ener-gética previstas no Programa do Governo eque apontam para a necessidade de ponderare reavaliar o enquadramento legal da produ-ção de eletricidade em regime especial”.O Governo comprometeu-se na segunda revi-são do memorando de entendimento com a‘troika’ a analisar a eficiência dos regimes deapoio aos produtores de energia em regimeespecial até ao final de Janeiro, um mês após adata definida em Setembro na primeira revi-são do acordo.Na segunda revisão do memorando de enten-dimento, os prazos para a análise da eficáciados regimes de apoio à cogeração e possíveisreduções na tarifa, uma redução implícita dasubvenção, deveriam ter sido entregues à‘troika’ até final de Janeiro. No entanto, até aomomento, o Governo ainda não anunciou seentregou ou não. Na altura, Henrique Gomes,secretário do Estado da Energia esclarecia que“estamos a trabalhar nesse sentido”, acres-centando que, no início de Dezembro, o Esta-do assumiu perante a ‘troika’ “a obrigação dedeterminar as eventuais rentabilidades exces-sivas de cada um dos segmentos de produção[de electricidade] e de propor medidas para asua eliminação”. Henrique Gomes observouainda que o objectivo “é reduzir os rendimen-tos excessivos para reduzir o défice”, e adian-tou que “tem de existir disponibilidade doselectroprodutores para negociar”. Caso nãoexista, “o Governo tem de tomar medidas queainda não sabe quais”.O secretário de Estado colocou de parte acriação de uma taxa aos produtores de eletri-cidade, “que esteve em cima da mesa”, masesclareceu que o Governo “vai tentar outrasabordagens”. ■

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OHENRIQUE GOMES

secretário de Estado da Energia.

Na altura,o Executivoexplicou que estadecisão “decorredas orientaçõesde políticaenergéticaprevistasno Programado Governoe que apontampara anecessidadede ponderare reavaliaro enquadramentolegalda produção deeletricidade emregime especial”.

Em 2010, o volume de negócios do sector solarPortuguês rondou os 320 milhões de euros, tendosido responsável por cerca de 50 mil postosde trabalho, dos quais entre 25 a 30% serãolicenciados e pós-graduados.Em 2010, havia mais de 180 mil m2 de sistemassolares térmicos instalados em Portugal, sendoque os resultados para 2011 serão apuradosdurante o primeiro trimestre de 2012,estimando-se que não se deverá ultrapassar afasquia dos 100 mil m2. A confirmar-se este valor,a capacidade total instalada em Portugal no finalde 2011 será cerca de 850 mil m2 (595 MWth).Um dado a reter, é que, embora Portugal esteja nogrupo dos países europeus com menor capacidade

instalada anualmente (< 200 000 m2),em contra-partida, em termos de capitação,supera a média europeia: 52 Wth/habitanteportuguês contra 47,6 Wth/habitante europeu.No solar fotovoltaico, as estimativas apontampara uma capacidade instalada de 172 MW no finalde 2011, dos quais 59 MW foram realizadosentre 2008 e 2011 no âmbito da microgeração,que veio sem dúvida, trazer uma dinâmicasem precedentes no solar fotovoltaico.De referir que existem em Portugal, pertode 16 mil microprodutores. Valores que revelamuma elevada eficiência na implementação,14.25 MW/ano, contra 11.4 MW/ano no âmbitoda produção em regime especial (PRE). ■ R.C.

Sector solar português vale 320 milhões de euros

Em 2010, havia mais de 180 mil m2 de sistemassolares térmicos instalados em Portugal.

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X Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

Empresas apostam nas vantagens da micAs empresas garantem aos clientes elevadas taxas de rentabilidade e o investimento não é muito significativo. A produ

ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE E RAQUEL CARVALHO

[email protected]

om os aumentos sucessivos dopreço da electricidade, tantopara consumidores como paraempresas, está a despertar ointeresse pela microgeração. OQREN está a dar um empur-rão, mas a falta de crédito está,

por seu turno, a travar um crescimento supe-rior destas novas tecnologias. A microgeraçãonão é mais do que um sistema que transformaa energia solar em energia eléctrica que é deseguida vendida à rede eléctrica.As empresas garantem aos clientes elevadastaxas de rentabilidade e o investimento não émuito significativo. Tanto particulares comoempresas pagam uma das mais elevadas tari-fas de electricidade da Europa, mas os preçossó têm tendência para subir, como aconteceupor duas vezes no ano passado e no início des-te. Uma situação que está a deixar empresas eparticulares preocupados com os custos e queos leva a procurar alternativas. E uma delas éprecisamente a microgeração.Daniel Martins, da WS Energia, não deixa deconsiderar a situação em Portugal como pe-culiar. “Curiosamente, a procura tem crescido

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C nos últimos meses, diz o responsável ao DiárioEconómico. Aliás, o mesmo responsável con-sidera que “devido ao clima de incerteza eco-nómica e ao mais que previsível aumento dopreço da electricidade nos anos vindouros,empresas e famílias encaram a microgeraçãocomo um dos poucos investimentos seguros”.Também Miguel Matias, da Selfenergy, desta-ca precisamente as vantagens da microgera-ção quando se olha para o custo da electrici-dade. “Basta fazer as contas e comprovar apoupança”, salienta o responsável. E FilipeSantos, administrador da EDP, salienta mes-mo que “no ano passado, a procura excedeu apotência máxima a atribuir na microgeração”.A electricidade ficou mais cara 4% a partir de1 de Janeiro e atingiu 4,7 milhões de clientesdomésticos. E em relação ao gás, os consumi-dores só vão saber se haverá novas mexidas nafactura em meados de Junho, uma vez que asnovas tarifas de gás natural só são alteradas a 1de Julho de cada ano. A par do aumento noinício do ano passado, em Outubro o actualExecutivo voltou a subir o preço da electrici-dade e do gás pela via fiscal ao passar para23% o IVA respectivo.

José Pimentão, director-geral da Sinergiae,destaca como vantagens da microgeração osbenefícios ambientais, de eficiência e ainda obenefício de regime bonificado. Este últimoreside em vender electricidade a um preçopredefinido, que neste momento está em0,336 euros/kWh durante os oito primeirosanos e 0,185 euros/kWh nos 7 anos subse-quentes.“Desde que se implementou o regime da mi-crogeração, em 2008, a procura tem sido cadavez maior”, afirma Nuno Gonçalves daEnerwise, o que não deixa de ser um sinal queo custo deste bem está a obrigar as empresas arepensar toda a sua política energética.Rogério Ponte, administrador Self Energy, apar da tarifa pré-fixa na microgeração, assi-nala as exigências da implementação de me-didas de eficiência energética, como uma me-dida indirecta, e como medida directa destacaos “apoios via QREN que podem chegar aos70% no caso de instituições sem fins lucrati-vos, como IPSS”. Talvez por isso, Sara Ramos,directora-geral da Inenergi, foi mesmo pe-remptória ao afirmar: “não houve um decrés-cimo da procura ao nível empresarial”.

E há quemvá mais longeao compararos investimentosem microgeraçãocom asalternativasdisponibilizadaspor exemplo pelabanca, como éo caso de DuarteSousa, director--geral da HemeraEnergy, umaempresa dogrupo Quifel.

10 mileuros

O investimento para ainstalação de paneis solarespara microgeração poderáoscilar entre os 10 mil eurose os 17 mil euros em funçãodas tecnologias dos mesmos.Valores que contrastam comos praticados, por exemploem 2008.

QUANTO CUSTA UM SISTEMA DE MICROGERAÇÃO

2.500euros

As empresas garantem que areceita média anual da vendade electricidade à redepoderá render entre os doismil euros e os três mil euros.No Algarve, região com maissol o investidor poderáatingir chegar mesmo aostrês mil e quinhentos euros.

8 anosO Paybach, retorno doinvestimento poderá seralcançado entre 6 e 8 anos.Refira-se que a tarifamantém-se fixa duranteum período de 8 anos apósligação à rede.

15%Com a venda de energia à rede,um sistema de microgeraçãotem em média uma taxainterna de rentabilidade entre10% a 15%. Mas mais uma veztodos os valores dependemda zona do País porque, emPortugal, existe uma variaçãode aproximadamente 15%na radiação solar entrea região Norte e Sul.

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Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XI PUB

crogeraçãoução é toda vendida à rede.

E há quem vá mais longe ao comparar os in-vestimentos em microgeração com as alterna-tivas disponibilizadas por exemplo pela ban-ca, como é o caso de Duarte Sousa, director-geral da Hemera Energy, uma empresa dogrupo Quifel, do qual Miguel Pais do Amaral éo responsável máximo. “As pessoas estão cadavez mais sensibilizadas para a microproduçãode energia e, sobretudo, começam a perceberque é um investimento com um retorno e se-gurança bastante interessantes e uma alterna-tiva aos investimentos feitos na banca”, afir-mou o responsável. Argumentos para a em-presa de Pais do Amaral, dono também daTVI, que ajudaram a ultrapassar o número“emblemático” dos 400 sistemas de micro-produção instalados.Mas nem todos os responsáveis empresariaisfazem um balanço tão positivo. Rogério Ponte,administrador e responsável pelo negócio damicrogeração da Self Energy, destaca comopositivo o “aumento da oferta disponível para29,6 MW e terem sido “criadas condições fa-voráveis de registo no portal “Renováveis nahora”, mas foram medidas que não travaram“um decréscimo da procura”. ■

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XII Diário Económico Terça-feira7Fevereiro2012

GUSTAVO FERNANDES

Administrador da Martifer Solar

1. Para a Martifer Solar o ano de 2011 foi exce-lente. Apesar de todas as adversidades econo-mico-financeiras provocadas pela crise inter-nacional o sector das energias renováveis e emespecial o sector solar fotovoltaico voltou acrescer. Em 2011 foram instalados a nivelmundial cerca de 27,7 GW de novas instala-

ções fotovoltaicas o que comparado com os da-dos de 2010 (16,6 GW) representa um crescimento de cerca de 60%. AMartifer Solar com a sua presença a nivel mundial está em linha com omercado e a fazer parte deste crescimento mundial do sector.

2. A Martifer Solar está neste momento a expandir as suas áreas denegocio para fazer face à crise que estamos a viver actualmente. Anossa estratégia passa por diversificar geográficamente a nossa áreade actuação bem como reforçar em áreas que consideramos estraté-gicas como por exemplo a área de distribuição de equipamentos parao mercado solar fotovoltaico através da nossa marca Mprime e a áreade operação e manutenção de parques solares fotovoltaicos em te-mos uma enorme sinergia com a área de engenharia e construção.

3. O mercado irá continuar a crescer em 2012, se bem que o cresci-mento será mais lento que o de 2011.A Martifer Solar está desde o seu inicio vocacionada principalmentepara a área internacional por isso mesmo a internacionalização fazparte do nosso ADN enquanto empresa. Hoje estamos presentes em 20países e em quatro continentes por isso vamos continuar a apostarfortemente no crescimento a nivel internacional.

FórumSAIBA COMO ESTÁ A ACTIVIDADE DAS PRINCIPAIS EMPRESAS

DO SECTOR E O QUE FAZEM PARA COMBATER A CRISE

1

Qual o balanço que fazem do último ano de actividade? Qual o volume de negócios? Cresceram?

2

Quais as estratégias que a empresa está a desenvolver para fazer face à crise?

3

Quais as perspectivas de futuro? Acreditam que a internacionalização pode ser uma boa aposta?

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Por RAQUEL [email protected]

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

FILIPE SANTOS

Administrador da EDP Serviços

1. A EDP iniciou a sua oferta de microgeração há cerca deum ano e o balanço é muito positivo. Para além dos exce-lentes resultados obtidos, consolidámos a liderança da EDPno mercado, traduzindo-se neste momento em mais de milclientes de microgeração e na oferta de soluções diferentesque garantem a satisfação dos nossos clientes.

2. A estratégia da EDP é a de oferecer soluções inovadoras eadaptadas aos requisitos de cada cliente, dando a garantia do serviço técnico daEDP e o seu acompanhamento ao longo dos mais de 20 anos de vida prevista da ins-talação, em que o cliente necessita de ter toda a segurança e apoio de um fornecedorestável. Por exemplo, a nível da microgeração, temos um produto para os clientesque também desejam reduzir custos de electricidade e que combina a microgeraçãocom o controlo dos consumos da sua instalação; temos outro produto para quemexige um investimento mais reduzido. A nível da minigeração, temos produtos maissofisticados, como por exemplo modelos de investimento partilhado. Associado ànossa oferta, temos também um protocolo com a CGD para o financiamento destassoluções com spreads bonificados.

3. A produção de energia é core business para a EDP, logo a presença neste merca-do é natural. Para além disso, acreditamos que a energia solar apresenta um enormepotencial em Portugal e a nível mundial, sobretudo se pensarmos que no curto/mé-dio prazo este é um negócio que se vai universalizar. Ou seja, os nossos clientes co-meçarão a decidir se produzem a sua própria energia ou se a compram a um comer-cializador, já que os dois custos tendem a aproximar-se. Neste cenário, a EDP estarácom os seus clientes a oferecer as melhores soluções. Sendo esta uma aposta clarada EDP, a estratégia de crescimento passará pelo desenvolvimento de soluções cadavez mais eficientes e pela presença nos mercados naturais da EDP.

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XIV Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

PAULO NEVES

Director Comercial da área

de negócios MCG solar

1. A MCG solar é uma das no-vas áreas de negócio que sur-giu da estratégia de diversifi-cação da MCG mind for metal.Identificámos a área das ener-gias renováveis como estraté-

gica e o solar térmico, devidoao seu potencial de crescimento, foi a tecnologia es-colhida para o lançamento de um primeiro produtopróprio, o colector térmico CPC Power ST1. O arran-que da produção ocorreu no início do ano passado,pelo que 2011 foi de preparação e de certificação docolector.No seu portfólio a MCG solar tem, além da produção decolectores, a produção de estruturas metálicas para sis-temas solares com especial incidência no solar fotovol-taico. Foram dados passos importantes em 2011, con-cretizando-se alguns projectos que ajudaram a prepararo terreno para 2012, havendo boas perspectivas.Como ano de arranque, 2011 foi positivo pois tivemostempo para nos preparar e organizar e conseguimosbons resultados globais, com as quatro áreas de negó-cio, MCG automotive, MCG solar, MCG laser e MCGtooling, a representarem um ‘turnover’ de 24 milhõesde euros.

2. A MCG enfrenta com algum optimismo a crise ac-tual. A estratégia que está a ser seguida não foi desen-cadeada na actual crise mas sim na de 2008, altura emque a empresa dependia exclusivamente da indústriaautomóvel, sector profundamente afectado. Esta foi arazão pela qual a MCG avançou com uma revisão estra-tégica, renovando a sua imagem e apresentando umanova estratégia que pretende diversificar e fazer crescera MCG.Em particular na área de negócio MCG solar, e perantea crise, a MCG identifica a exportação como o primei-ro passo para a contornar. Aliás o nosso DNA é esse,cerca de 95% da facturação é para exportação e pre-tendemos continuar a ser uma empresa exportadoraem todas as áreas de negócio. O nosso objectivo é quea MCG Solar seja uma referência como fabricante decolectores solares térmicos e de estruturas metálicasalém-fronteiras.A par desta estratégia de exportação, estamos em fasefinal de industrialização de um colector solar plano, quepretendemos ter no mercado no final do primeiro tri-mestre de 2012. Iremos ter ao longo deste ano, mais pro-dutos no nosso portfólio.O desenvolvimento de uma área de negócio dedicada àcomercialização de produtos próprios de um sectorcomo o Solar Térmico, só será possível com grandes vo-lumes, e esses só estão ao nível de poucas empresas eu-ropeias como principal enfâse para algumas indústriasna Áustria e Alemanha. A MCG Solar tem a vantagem deestar inserida na MCG mind for metal onde as sinergiassão determinantes para o sucesso.

3. Apesar deste contexto actual de crise não temos re-ceio de encarar um futuro de uma forma optimista,acreditamos nos bons resultados da MCG solar a curto emédio prazo.O nosso crescimento passa pela exportação em merca-dos tão diversos como Alemão, Francês, Nórdico, Ibéri-co e do Magreb. Está também em análise o mercadonorte-americano. A internacionalização pode ser umadas soluções, é algo que tem de ser analisado de formaprofunda e por mercado a mercado. Foram já feitas al-gumas abordagens nesse sentido mas ainda estão emprocesso de maturação. Sabemos é que para abordar al-guns mercados terá de se garantir uma presença física ea exportação por si só não é a estratégia adequada paraesses mercados.

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

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Fábrica da Martifer Solar em Oliveira de Frades.

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Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XV

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FREDERICO ROSA

Administrador da Sunergetic

1. O último ano de actividadevoltou a ser positivo, com o vo-lume de negócio a superar a bar-reira do milhão de euros. A em-presa tem apostado, desde o seunascimento, numa política quecoloca um grande ênfase na

qualidade superior do produtoinstalado aliado a know-how interno muito forte, commuita formação e com uma rotação nula de pessoal, o quefaz com que o saber tácito e tangível da empresa esteja to-dos os dias a crescer e a ser partilhado.Diria que a nossa equação para o sucesso é traduzida porqualidade, conhecimento e confiança gerada. O cresci-mento deste último ano situa-se na ordem dos 30%.

2. Nós nascemos em crise, crescemos em crise e vive-mos em crise. Desde o início da empresa em 2008, tendonós um foco muito grande na energia fotovoltaica, jápassamos por várias reformas legislativas do enquadra-mento do sector, já passamos em 2010 por vários mesesem que a emissão de licenças para a instalação de siste-mas fotovoltaicos esteve fechada, já passamos por de-preciações de tarifas, e agora pelo aumento em 10% doIVA. Diria que resiliência é o nome do meio de todas asempresas deste sector em Portugal! Por gerirmos na Su-nergetic por ‘Scenario Planning’, sempre tentámos an-tecipar cenários negativos e tentar encontrar as respos-tas que a empresa pode dar mediante os modelos e ce-nários concebidos, tentando manter-nos preparadospara responder o mais rápido possível, sendo que o agu-dizar da crise e a falta de crédito no mercado já nos fezadoptar procedimentos definidos para cenários que hádois anos pareciam quase inconcebíveis de virem a serutilizados. E hoje são a realidade!

3. As perspectivas para o futuro são optimistas. Têmque ser optimistas, não há outra opção.A nossa estratégia de crescimento passa por implemen-tar um dos cenários que tínhamos previsto em caso decrise no crédito e previsibilidade de quebra nas vendaspara este factor, que não na procura, pois essa continuaa ser alta e a microgeração e minigeração investimentosaltamente atractivos, já estando a trabalhar neste mo-delo desde o último trimestre.A internacionalização está sempre no horizonte, apesarde termos investidores estrangeiros que preferem fazeraqui os seus investimentos. Tínhamos por exemplo uminvestidor do norte da Europa que queria investir cercade um milhão de euros no país em sistemas de energiasrenováveis, mas o facto de a lei ter mudado dois anosdepois de ter saído e se ter estado vários meses à esperade legislação nova que enquadrasse o sector, fez comque levasse o seu dinheiro para outras paragens. Porém,temos sido abordados igualmente por várias empresasnacionais e estrangeiras para iniciarmos o processo deinternacionalização junto dos PALOP, com Angola e Mo-cambique è cabeça, uma vez que detemos know-hownesta área. Temos uma cadeia de fornecimento muito

boa e de muita qualidade e muita vontade de abrir novasfronteiras e novos mercados. Mas temos igualmente res-ponsabilidades aqui e processos de internacionalizaçãopara serem bem sucedidos carecem de capital, não nospodemos internacionalizar à distância, temos que estarpresentes nos mercados que elegermos, temos quer teruma face e um regime de proximidade com os nossosclientes. E tudo isto requer capital numa altura em queele é escasso, tendo nós que dar um passo de cada vez.Mas com o parceiro certo e de pés bem assentes no chão,esse dia chegará e quando chegar não tenho dúvidas quevamos ser sucedidos nesta aposta!

MIGUEL MATIAS

Administrador da Selfenergy

1 . 2011 foi um ano bastantebom em termos internacionais,em particular no negócio ES-CO/Eficiência Energética, ten-do todas as nossas subsidiáriasem UK, Espanha e Moçambi-que terminado o ano com cres-cimentos importantes e todascom resultados líquidos positi-

vos e volume de negócio em li-nha com o esperado. Em termos nacionais o negócio ES-CO estagnou, devido aos atrasos do programa para a Ad-ministração Pública e à falta de capacidade de investi-mento de empresas e dos próprios agentes financeiros.Por outro lado, no negócio da geração de energias reno-váveis, as alterações tarifárias em Portugal e Espanha ea dificuldade de financiamento alteraram as regras dojogo, obrigando inclusivamente a revermos o formato

de contabilização de proveitos, por forma a torná-lamais prudente e conservadora. Nesse sentido, os resul-tados de 2011 desta área serão penalizados, apesar de osprojectos manterem TIRs invejáveis e de termos um pi-peline excelente e crescente, não só em Portugal e Es-panha, mas também em países de Leste ou em UK, en-tre outros.

2. Fizemos uma reestruturação interna e reduzimoscerca de 7 postos de trabalho em Portugal, tendo criadocontudo cerca de 10, entre Moçambique e UK, mantendoassim uma aposta nas pessoas e no crescimento, masmais perto de onde o negócio actualmente está a crescer.Outra resposta tem sido a de apostar nas parcerias paraser possível obter o financiamento de que necessitamospara continuar a nossa actividade, perdendo por vezesalgum volume de negócio global por partilha de projec-tos com outras empresas, mas mantendo a empresa nomercado e em crescimento, quer em Portugal, quer nasoutras geografias.

3. Com os custos actuais de energia, quer em casa ,quer nas empresas, os serviços de eficiência energéticada Self Energy nunca foram tão necessários, quer naEuropa, quer em países em desenvolvimento. Estespaíses vêm também nas Energias Renováveis a únicaforma viável de poderem crescer e aceder à energia.Nunca tivemos também um pipeline tão forte e tãocompleto e o grande desafio deste ano será a capacida-de de o conseguirmos financiar e implementar.A estratégia de crescimento passará assim por focar asnossas atenções nos mercados onde já estamos a ac-tuar, com especial incidência para o Reino Unido, ondeestamos desde 2008 e também para África onde alémde Moçambique, onde já estamos desde 2009, devere-mos também iniciar operações em Angola este ano.

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Vista aérea da central de energia solar em Serpa,

uma das maiores do mundo e que fornece

electricidade a oito mil casas.

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XVI Diário Económico Terça-feira7Fevereiro2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

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JOSÉ PIMENTÃO

Director-geral da Sinergiae

1. No segmento de mercadomicrogeração, o grupo facturoucerca de dois milhões de euros.Contudo, se considerarmosapenas a área da instalação emEnergias Renováveis, em detri-mento da área de projecto e es-tudos, ele representa pouco

mais de metade desse valor. Mes-mo assim, foi um crescimento significativo, isto porque,2010 ainda foi pior do ponto de vista de estabilidade doque o de 2011. Em 2010 não houve legislação no modelomicrogeração, e a minigeração nem sequer existia. Estefactor levou a que muitas empresas fechassem portas e asrestantes não se solidificassem do ponto de vista finan-ceiro. De facto, o ano de 2010 provocou uma desacelera-ção no investimento em soluções de microgeração, não afalta de procura, mas de total ausência de uma políticaenergética segura, traduzida em falta de legislação.Além disso, este factor levou a que se criasse uma verda-deira desconfiança desta área de negócio, que apenasretomou folgo em meados de 2011. Precisamente na al-tura em que a Direcção Geral de Energia e Geologiaanunciou o fecho da atribuição de potência e conse-quente alvará. Desde então, as empresas têm trabalhadopara projectos em 2012 e para umapotência que foi redu-zida a 1/3 daquela que tinha sido atribuída em 2011.

2. São inúmeras, desde já, a diferenciação tanto ao ní-vel do produto como ao nível do serviço.O Grupo Sinergiae soube, ao longo dos tempos, apetre-char-se de uma equipa de engenheiros e técnicos alta-mente qualificados que demonstram grande conheci-mento a nível de soluções em energias renováveis e efi-ciência energética.Ao nível do produto, a empresa aposta em marcas pró-prias de elevada qualidade, exemplo disso, é o nossomódulo fotovoltaico considerado em 2010, um dos 10melhores da união Europeia.Outro factor que destacaria com mais veemência é o dacomunicação e postura no mercado, no qual não quere-mos apenas instalar centrais fotovoltaicas, mas tambémparticipar nelas e fazer parte da estratégia nacional paraas energias, uma vez que somos desde 2011 consideradosempresa ESE (empresa de Serviço Energético).

3. Tendo em conta a redução do consumo por parte dasfamílias, é inevitável que a Sinergiae se vire para o mer-cado das empresas.A nossa estratégia passa por umacontinuação daquilo que foi feito em 2011 e num reforçoda nossa estrutura a nível nacional.A internacionalização esteve sempre a par do Grupodesde 2007, ano em que demos as primeiras pisadas emmercados Internacionais como o Angolano, e outros.Mas os mercados internacionais apenas fazem sentidoquando as empresas apresentam uma estrutura devida-mente estruturada e organizada no seu próprio país. EmPortugal, essa estruturação e organização não tem sidopossível devido ao pára-arranca nas estratégias nacio-nais para as Energias Renováveis (retirando a grandeEólica).Não podemos olhar para a internacionalização como umacto Kamikaze, em que muitas empresas se envolveram.No sector das renováveis, lutamos contra chineses quetêm a maior produção de módulos solares do mundo,contra os alemães que são os maiores produtores euro-peus de sistemas fotovoltaicos e os maiores consumido-res, contra os espanhóis que têm a sua indústria do solarcriada e fortemente competitiva, tendem a virar-se paraa internacionalização também.Se Portugal quisesse criar um cluster forte na EnergiaSolar, já o deveria ter feito... agora apenas irá atrás dosoutros, com o custo de oportunidade que isso represen-ta. O que mais custa a crer é que tínhamos tudo parasermos verdadeiramente líderes nessa área.

Componentes de energia solar térmica

desenvolvidas pela Ausra, na Califórnia.

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Page 18: Suplemento Diário Económico

XVIII Diário Económico Terça-feira 7 Fevereiro 2012

ENERGIA: PAINÉIS SOLARES

DANIEL MARTINS

Director de marketing da WS Energia

1. O balanço de 2011 é positivo,não obstante os valores de fac-turação total se tenham situadoabaixo dos valores verificadosno ano anterior. Crescemos emnúmero de negócios, porém aredução do valor total de factu-ração resulta da queda abrupta

do custo dos componentes. Sa-liento que esta queda generalizada de preços demonstraa rápida maturação da indústria solar, que se apresentacada vez mais como solução de produção energética ecuja presença no paradigma energético é cada vez maissólida e inexorável.

2. A velha máxima de que as oportunidades são cria-das em momentos de crise assenta que nem uma luva ànossa empresa. A racionalização de custos é neste mo-mento transversal a todas as áreas de negócio, empre-sas e famílias. Sendo a factura energética uma das quemais pesa no orçamento mensal, a opção pela produ-ção de energia com recurso à tecnologia fotovoltaica écada vez mais a opção lógica. Dessa forma, a estratégiada WS Energia passa pela aposta na multiplicação decanais de comunicação com o mercado, nomeada-mente através de uma forte aposta na comunicaçãoonline. Através da multiplicidade de canais pretende-mos divulgar a empresa e a nossa oferta junto de pú-blicos desconhecedores da possibilidade de serem mi-croprodutores e de assim verem os seus crescentesgastos com electricidade serem diminuídos ou mesmoeliminados.

3. Sendo o sector relativamente recente no panoramanacional, a WS Energia orgulha-se de estar presente navanguarda do mesmo desde o seu forte ressurgimentono país. Não descurando a importância do mercado na-cional para a actividade da empresa, desde semprecompreendemos a importância de marcar presençaalém fronteiras. Assim sendo, marcamos presença emvários mercados, com particular destaque para o mer-cado italiano. A aposta na internacionalização tem per-mitido não só a aquisição de know how essencial paraos projectos de I&D que desenvolvemos, mas também aescala necessária para o crescimento sustentável da em-presa. Num mercado com uma dimensão global como éo mercado fotovoltaico, a internacionalização constituiuma necessidade e não uma opção.

FILIPE BELLO MORAIS

Director-geral da Sotecnisol Energia

1. Apesar das dificuldades e in-definições presentes ao longode todo o ano de 2011, este re-velou-se positivo. As apostasem serviços de engenhariamais complexos, nomeada-mente na área do gás biológico,revelaram-se muito acertadas e

representaram um factor decrescimento extremamente importante.A Sotecnisol Energia terminou 2011 com uma facturaçãoa rondar os 4,2 milhões de euros, um crescimento de10% em relação ao ano de 2012.Contudo, atrasos nas aprovações de candidaturas declientes nossos ao QREN, as grandes dificuldades de im-plementação do programa de minigeração face às limi-tações de crédito e o atraso no arranque do programaEcoAP não permitiram um melhor desempenho.

2. A aposta em serviços de engenharia de maior com-plexidade tem-se revelado uma excelente aposta, tendo

Estamos atentos e de uma forma proactiva a analisar to-das as oportunidades de crescer no exterior.

DUARTE SOUSA

Director-geral da Hemera Energy

1. 2011 foi um ano de consoli-dação e de algum crescimento,sobretudo em termos de vendaschave na mão, em que ultra-passámos o emblemático nú-mero de 400 sistemas de mi-croprodução instalados, só emPortugal. O ano também ficou

marcado pelo fornecimento eimplementação soluções de eficiência energética emclientes industriais em Espanha.A Hemera Energy teve uma redução da actividade nomodelo ESE, que são os projectos em que o investimentoé feito pela própria Hemera, provocado pela envolventecontextual do próprio País e dificuldade generalizada deacesso a financiamento. Mesmo assim, a nossa activida-de ficou próxima dos quatro milhões de euros, que si-gnificou um aumento de 15% face ao ano anterior.Este ano fica também marcado pela descida significativanos preços da tecnologia fotovoltaica que fez baixar oinvestimento inicial nestes sistemas de microprodução eobrigou que as empresas tivessem de vender uma quan-tidade superior de sistemas para, no mínimo, manter orespectivo volume de facturação.

em conta necessidades de uma faixa de mercado quenão era abrangida pela actual oferta existente.Por outro lado, olhamos agora para o cliente final deuma forma diferente, procurando desenvolver ofertasmuito mais integradas, que permitam gerar benefícioscruzados, muitas vezes desconhecidos por parte destes.Nesse sentido, o programa Reabilitação Sustentável queserá apresentado ao mercado no próximo mês de Feve-reiro traduz exactamente essa nova perspectiva: gerarfluxos cruzados de valor para o cliente final.

3. O mercado interno apresenta-se em contracção nosegmento da construção nova, um dos nossos habituaismercados. Contudo, em todos os momentos difíceis sedetectam boas oportunidades, visíveis ao nível da reor-ganização dos modelos de oferta e procura.A Sotecnisol acredita que a forma como se tem consuli-dado no mercado nacional ao longo dos seus 41 anos deexistência, a capacidade de se relacionar com os diver-sos agentes do mercado, e a inovação sempre presentenos seus modelos e tipos de oferta são um garante de su-cesso futuro.Por outro lado, a intensificação do processo de interna-cionalização é também um objectivo prioritário. Paraalém do mercado espanhol, onde estamos há algunsanos, a Sotecnisol está desde meados de 2011 em Ango-la, onde deposita grandes expectativas, estando tam-bém a dar os primeiros passos no complexo mercadobrasileiro.Outros países revelam-se, por via dos nossos habituaisclientes, bastante promissores tais como a Argélia, Ro-ménia, Polónia, entre outros.

Estação Fotovoltaica da Amareleja,

situada no concelho de Moura (Beja),

Page 19: Suplemento Diário Económico

Terça-feira 7 Fevereiro 2012 Diário Económico XIX

necessidades de arrefecimento dos seus edifícios.A nossa estratégia de crescimento assenta em dois eixos. Aconcentração e especialização nos segmentos da micro-produção e da eficiência energética e o lançamento de umanova oferta para a miniprodução apoiada e alavancada poruma das empresas mais importantes da Europa no forne-cimento e instalação de sistemas solares fotovoltaicos.

SARA RAMOS

Directora-geral da Inenergi

1. A Inenergi, apesar de estarno mercado há apenas doisanos, é o reflexo de uma equipacom cerca de uma década deexperiência acumulada no sec-tor da energia e da gestão decarbono. 2011 representou oano de consolidação da primei-

ra fase do negócio, permitindo-nos fixar as principais áreas de actuação, estreitar o corebusiness e os prime targets de mercado, e consolidar umimportante conjunto de parcerias institucionais.Naturalmente, o negócio evoluiu e vem apresentado ín-dices de duplicação de crescimento, o que não estra-nhamos tratando-se de um negócio de base zero, queapesar de iniciado sem recurso a qualquer tipo de finan-ciamento se alicerça capacidade e envolvimento daequipa e na qualidade do serviço prestado ao cliente,dois dos seus elementos essenciais.

NUNO GONÇALVES

Director-geral da Enerwise

1. O último ano foi caracteri-zado pela continuada instabili-dade da regulamentação sobrea subsidiação tarifária dasenergias renováveis que temprovocado avanços e recuos nomercado. Por outro lado, a crisefinanceira provocou um arrefe-cimento da procura.

As energias renováveis têm tidouma procura crescente, ao longo destes últimos anos,em virtude da maior consciencialização dos consumi-dores face ao custo crescente da energia. Contudo, osreceios da crise económica e a dificuldade de acesso aofinanciamento restringem a vontade de alguns clientesadquirir sistemas de energias renováveis. Não obstanteas vicissitudes de mercado, tivemos um crescimentoconsiderável face a 2010.

2. Contornar a crise assenta sobretudo em dois eixosfundamentais: o primeiro na criação de serviços e pro-dutos que nos ofereçam uma vantagem competitiva. Osegundo eixo na procura de novos mercados.

3. Dentro de breves anos, atingiremos a paridade coma rede, isto é, o custo da unidade de energia produzida apartir de energias renováveis vai ser igual ao custo quetemos na rede eléctrica. Quando esse momento chegar,todo o sector vai ter um forte crescimento.O mercado português é um mercado de pequena dimen-são e, infelizmente, vai-se manter estagnado durante al-gum tempo. Neste contexto, o futuro passa inevitavel-mente pela internacionalização. Apesar de termos dadoos primeiros passos na internacionalização nos paísesafricanos de língua portuguesa, o processo é moroso eobriga a bastante paciência para obter resultados.

2. A Hemera Energy definiu concentrar em 2012 a suaactuação no desenvolvimento de soluções de microge-ração e na eficiência energética para o segmento empre-sarial, onde ainda há muito a fazer no nosso país e ondeexiste uma oportunidade real de crescimento. Contudo,a pulverização do mercado residencial e o crescente nú-mero de empresas concorrentes que surgiram no últimoano obriga a uma actividade comercial com canais e es-tratégias próprias, o que nos levou a tomar a decisão deconcentrar a Hemera Energy neste segmento, onde te-mos larga experiência e lançar já este ano um novo pro-jecto, com uma oferta fortíssima para o segmento daminigeração e que será anunciado em breve.

3. O futuro da Hemera Energy concentra-se na opor-tunidade que Portugal tem, face aos restantes países eu-ropeus, em aproveitar um recurso privilegiado, o sol.Este recurso permite-nos estar na linha da frente e abrea porta à exportação da energia solar. Por outro lado,queremos consolidar a nossa posição nas soluções demicrogeração para o mercado residencial e de eficiênciaenergética nos mercados residencial e empresarial.Quanto à expansão, a Hemera Energy integra o GrupoQuifel, de Miguel Pais do Amaral e, em específico, asub-holding Quifel Natural Resources, vocacionadapara o lançamento e gestão de negócios na área dos re-cursos naturais, em diferentes geografias. Estamos pre-sente em Espanha, com uma estratégia de desenvolvi-mento baseada num produto específico, o AdvanClim,um sistema inovador de climatização solar, concebidopara o mercado empresarial e temos em perspectiva, amédio prazo, a expansão para outros países com mais

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ida

2. Reconhecendo-a como uma evidência, não preten-demos, em todo o caso, refugiar o negócio na crise, nemsermos enredados pelo discurso da crise. Temo-nosempenhado em estruturar o negócio de modo sustentá-vel, adaptando-o sem assomos emocionais à estrita me-dida dos segmentos de mercado em que o inseríamos,tendo sempre presente que a ambição de qualquer em-presa não é um factor apriorístico, antes, porém, seconstrói.A crise tem duas faces. Serve, ou para pararmos, ou paracrescermos. E nesse aspecto em particular, escolhemossempre a face do trabalho, da inovação e do crescimen-to. Nessa medida, prosseguimos a internacionalizaçãoda Inenergi, iniciando trabalho no mercado brasileiro naárea da eficiência e certificação energéticas; em Macau,avançamos, agora, com a consultoria em sustentabili-dade; além de continuarmos a desenvolver serviços nosector das energias renováveis, análise de investimentose mercado de carbono em Espanha.Também em parceria com uma empresa espanhola dereferência estamos em fase de produção do estudo téc-nico-económico para implementação de um projectopróprio de produção de energia fotovoltaica a realizar,muito provavelmente, no distrito de Setúbal.

3. Em face do percurso profissional de qualquer doselementos da nossa equipa – tendo sido a experiênciainternacional um critério basilar da sua composição -, onegocio foi desde a primeira hora pensado numa pers-pectiva de exportação de serviços. Noutra medida, aInenergi tem desenvolvido intercâmbios estratégicos aonível da inovação e conhecimento e do desenvolvimentode negócio com parceiros internacionais, essencial-mente nos mercados alemão, inglês e brasileiro, o queacrescentando um valor significativo ao nosso produtopermite aos nossos clientes quer o acesso a soluções quenão encontrariam em Portugal, quer, de igual modo, apromoção do seu negocio internacionalmente.

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