economia - introdução à economia - serviço social - unidade 0xx - valor - iesf

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 Introdução à economia UNIDADE 0x: XXX Objetivo Geral xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx  Nesta Unidade, vamos explicar como se formam os preços das mercadorias e, amparados na Economia Política, vamos discutir a Teoria do Valor- Trabalho e a Teoria do Valor-Utilidade, no intuito de fazer você compreender a situação do trabalhador, da acumulação de capital, da distribuição da riqueza, da industrialização, do setor agroindustrial, do comércio, das famílias, das empresas e do governo.  Objetivos específicos de aprendizagem Ao finalizar esta Unidade você deverá ser capaz de: xxxxxx.

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  • 5/21/2018 Economia - Introduo Economia - Servio Social - Unidade 0xx - Valor - Iesf

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    Introduo economia

    UNIDADE 0x: XXX Objetivo Geral xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx NestaUnidade, vamos explicar como se formam os preos das mercadoriase, amparados na Economia Poltica, vamos discutir a Teoria do Valor-Trabalho e a Teoria do Valor-Utilidade, no intuito de fazer voc

    compreender a situao do trabalhador, da acumulao de capital, dadistribuio da riqueza, da industrializao, do setor agroindustrial, docomrcio, das famlias, das empresas e do governo.Objetivos especficos deaprendizagem Ao finalizar esta Unidade voc dever ser capaz de: xxxxxx.

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    2xxxxx

    xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

    Caro estudante!

    Estamos iniciando a Unidade 2. Agora que voc j tem um bom entendimento dos

    conceitos fundamentais da Economia, vamos conversar sobre a questo do valor na Economia.No perca tempo, inicie a leitura e lembre-se: voc no est sozinho. Bom estudo!

    A discusso do valor um dos temas de maior relevncia na Economia. No entanto, osmanuais de Economia dificilmente trazem uma unidade especial destinada a debater a suaorigem, estruturao e desenvolvimento, e quando trazem, quase sempre o fazem de formamuito pouco crtica, ampliada e desatrelada da formao sistmica vigente.

    Para abordarmos o valor, inicialmente, procuraremos apresentar as concepesdesenvolvidas sobre como se formam os preos das mercadorias*, melhor dizendo, o que fazcom que os produtos tenham preos. E, tambm, por que estamos dispostos a pagar umdeterminado preo por um produto quando poderamos pagar um outro preo muito menor porele.

    Na formao dos valores, os preos organizam-se de forma relativa. Diversoscomputadores da marca X equivalem a um carro da marca Y. Na realidade, os preos relativosdas mercadorias acabam alertando os consumidores, que obedecem renda disponvel, tendo,por isso, restrio oramentria, em uma economia na qual os salrios e os juros tambm sopreos. Recordemos a situao dos juros exorbitantes que pagamos para adquirir umadeterminada mercadoria a prazo na economia brasileira. Esses juros, no fundo, agem comobarreira para frear o consumo e, portanto, adquirem a forma de preos.

    As escolas do pensamento econmico desenvolveram inmeros estudos com a intenode entender o valor. Inicialmente, gostaramos que voc ficasse com a ideia de que o valor serefere ao preo de uma determinada mercadoria em relao a uma outra. Se, por exemplo, umcarro custa R$ 30.000,00, e um computador, R$ 3.000,00, podemos com certeza afirmar que um

    carro equivale a dez computadores.Mas, ento, o que pretende explicar a Teoria do Valor?

    No nosso entendimento, a Teoria do Valor possibilita a compreenso do motivo que levaum carro a custar o equivalente a dez computadores, e no o equivalente a cinco, ou mesmo aum, e facilita a troca no mercado, tendo em vista que os produtos, na sua maior parte, soproduzidos para serem comercializados (valor-de-troca). Na Economia, entender os preosrelativos auxilia e muito a compreenso da apropriao da renda e da situao entre economiasdesenvolvidas e em processo de desenvolvimento.

    Com o estudo centrado na Economia Poltica, visualiza-se melhor a situao do trabalho,da acumulao do capital, do lucro, da distribuio da riqueza, da industrializao, do setoragroindustrial, do comrcio, das famlias, do governo, etc. Embora o propsito desta Unidade

    no seja a de estudar Economia Poltica, muitos dos focos tero o uso das suas ferramentas paramelhor ilustrar as mais variadas situaes.

    Em quantas teorias se divide a Teoria do Valor?

    A Teoria do Valor divide-se em duas teorias:

    Teoria do Valor-Trabalho: explica a formao do valor de uma mercadoria pela

    quantidade de trabalho inserida no seu processo de produo e enfoca os custospresentes; e

    Teoria do Valor-Utilidade: explica a produo e o consumo pela capacidade de

    satisfao que provoca em ambos. Na Teoria do Valor-Utilidade, o ponto deequilbrio nos mostra o lugar onde tanto produtores quanto consumidores seencontram satisfeitos.

    Note que o termo mercadoria tem uma conotao provocativae no esconde o objetivoda conquista do maior lucro possvel. As leis de produo, reproduo e distribuio das

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    mercadorias na Economia Poltica auxiliam-nos no entendimento mais profundo da suaengrenagem. significativo frisar que nem toda mercadoria produzida vai para o mercado, equando uma mercadoria til, mas no comercializada no mercado, dizemos que ela possuiapenas valor-de-uso.

    Uma mercadoria somente possui valor-de-troca quando entra no mercado para ser

    comercializada. Portanto, uma mercadoria com valor-de-troca contm diferentes valores-de-uso,sendo medida por um parmetro comum que o trabalho.

    Assim, independente da posio ideolgica assumida, necessrio que voc conhea aTeoria do Valor-Trabalho e a Teoria do Valor- Utilidade para poder compreender ofuncionamento orgnico do sistema econmico na sua plenitude. So as caractersticas dosmercados que nos fornecem os detalhes de como os preos acabam sendo formados. Entender arelao de funcionamento entre preos e custos ajuda-nos na compreenso da formao do lucroe no entendimento das crises, que so dificuldades originadas em funo do decrscimo da taxade lucro nas economias.

    Sem a pretenso de esgotar o assunto, que merece um estudo mais aprofundado, cabeobservar que a crise pode se estabelecer pela superproduo ou pela estagnao. Quando ocorresuperproduo, os produtos acabam sobrando nas prateleiras, pois a renda existente no mercadono consegue absorver to rapidamente o aumento da produtividade trazido pela tecnologia, equando ocorre estagnao, o mercado j utilizou toda a capacidade instalada e no temcondies de atender crescente demanda do mercado.

    As principais contribuies para a fundamentao da Teoria do Valor

    O uso da Teoria do Valor se alterou ao longo do desenvolvimento da Economia,assumindo as feies de cada poca, sem deixar, entretanto, de adquirir uma compreenso cadavez mais aprofundada da questo. No perodo medieval, por exemplo, o valor era esttico, e opreo vinculava-se ao que a moral considerava justo. Apenas quando o mercado se ampliou, nomercantilismo, perodo que ser abordado na Unidade 7, que o preo justo passou a coincidircom o preo do mercado competitivo e acabou sendo considerado moralmente correto, com oaval da Igreja. O lucro nessas transaes comeou a ser aceito e considerado normal. Mesmo

    antes do surgimento da Escola Clssica, havia indcios de a questo do valor estar relacionada renda e ao lucro. No entanto, naquela poca, lucros exorbitantes, como referido anteriormente,no eram aceitos.

    Como a explicao adquiriu um rumo mais coeso?

    Apesar dessas reflexes sobre valor, foi com Adam Smith (1981) que a explicaoadquiriu um rumo mais coeso em direo insero do trabalho na fundamentao, afastando-seum pouco da concepo de utilidade e escassez, sem, no fundo, neg-la. Concebia-se e aindapermanece sendo muito aceita a questo do valor ligada escassez dos produtos, que tem hojeno diamante a sua melhor explicao. A gua, que era considerada um produto abundante, nosdias atuais, devido degradao ambiental, comeou a se tornar escassa e tende, em breve, a setornar um produto dos mais procurados, inclusive mais at que o diamante, pois se trata de

    produto essencial, e no suprfluo. Entretanto, com relao ao que postula Smith, prudenteobservar que a Teoria do Valor formulada pelo estudioso da Economia Clssica se respalda naTeoria da Mo Invisvel.

    Voc j ouviu falar na Teoria da Mo Invisvel?

    Segundo esta teoria, o prprio mercado seria o maior encarregado pelo permanenterestabelecimento do equilbrio, ajustando a demanda e a oferta num ponto timo, tido comopreo natural (ponto de satisfao dos demandantes e dos ofertantes aptos e dispostos aparticipar). Num mercado de competio perfeita, explicava Adam Smith, quando a demandaexcedia oferta, a competio entre os demandantes se acirrava (situao decorrente de guerras,calamidades, etc.), e, quando a oferta excedia demanda, a competio entre os ofertantes quese acirrava (desenvolvimento tecnolgico, produo ampliada, etc.).

    Cabe observar que, como os preos so expressos em moeda e cada moeda varia de paspara pas, Adam Smith distinguiu o preo real do preo nominal, ao considerar o primeiro como

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    possuidor sempre do mesmo valor, e o segundo como aquele que varia, originando dessaformulao a concepo da necessidade da instituio de uma moeda estvel.

    Nesse contexto da anlise, observa Adam Smith que o trabalho se constituiu na medida devalor aceita universalmente e que mais se aproxima da exatido dos custos, sendo considerado,portanto, um dos melhores comparativos para quando se quer conhecer o valor de um

    determinado produto. Por exemplo, converter o preo de um produto vendido em ris, nasegunda metade do sculo XIX, para o real de hoje se tornaria uma tarefa quase impossvel,devido existncia de outras moedas pelo caminho.

    Mas uma forma de conhecer o seu valor nos preos de hoje seria verificar quantas sacasde caf se compravam com X valor em ris e, ao obter-se o nmero de sacas, verifica-se quantoesse nmero de sacas corresponde em reais. Pode no ser um valor to exato, mas o possvel eo que mais se aproxima do corrente. A descoberta disso foi muito importante para a Economia.

    Em resumo, podemos afirmar que, nos estudos de Adam Smith, toda formulao buscou aliberdade do mercado, independente da interferncia governamental, e contou com a diviso dotrabalho no aumento da produtividade, atravs do clssico exemplo da fbrica de alfinetes, quemostrou, pela primeira vez a importncia de as tarefas serem divididas, em busca, tudo isso, doentendimento do que que leva riqueza das naes.

    Um outro estudo foi realizado para compreender a Teoria do Valor. Voc saberia dizerqual?

    A concepo de valor para Ricardo (1985) passou a ser discutida a partir de um problemano levantado por Adam Smith: o modo como as mudanas relativas das quantidades de terra,de trabalho e de capital eram incorporadas no processo de acumulao e no processo decrescimento do produto.

    Para saber mais

    *David Ricardo (17721823) considerado um dos principais representantes daEconomia Poltica Clssica. Dedicou-se a escrever um tratado terico geral sobre a Economia,os Princpios, publicado em 1817. Mas sua grande obra-prima, sem dvida, foi Princpios de

    Economia Poltica e Tributao, publicado em 1817. Fonte: Wikipdia (2007).A Teoria da Renda da Terra de Ricardo parte para a discusso de como ficou a situao

    com o crescimento da populao e a incorporao das outras terras at ento em desuso. Nessaformulao, o valor depende da fertilidade da nova terra incorporada ao cultivo, sendonecessrio o aumento do preo para cobrir os custos da terra menos produtiva. Assim, no valorprodutivo retirado da terra de menor qualidade, a renda determina o preo, e no o contrrio.

    Em outras palavras, o produto (no caso, o trigo) no se torna elevado por causa dopagamento da renda, e sim pelo motivo de o produto ter preo elevado que se paga uma renda.Para Ricardo (1985), todas as classes, com exceo da dos proprietrios de terras, eramprejudicadas pelo aumento do preo do produto.

    A incorporao das terras menos frteis ao processo de produo, devido ao aumento da

    populao, e a necessidade de ampliao da quantidade produzida faziam com que os salrios,segundo o autor, tendessem a crescer e, com isso, os lucros despencassem, chegando ao pontode ocasionar a presena do que chamou de Estado Estacionrio*, se nada fosse feito. E, pararesolver o impasse, adotou a criao do Salrio de Subsistncia, necessrio apenas para agarantia das prprias necessidades, pois, se o salrio aumentasse muito, aps o pagamento darenda da terra, cada vez uma menor quantidade de lucro sobraria para o produtor.

    Ricardo (1985) alertou que o preo a ser pago pelo trabalho incorporado na produo deum determinado produto acabava se dirigindo a um valor de subsistncia, por ser determinadopela oferta, de forma independente da demanda. A Teoria do Custo est bastante presente naformulao ricardiana, e a questo do trabalho destaca-se de forma fundamental, por explicar ovalor a partir dos salrios e dos lucros. Para Ricardo (1985), a quantidade de trabalhoincorporada no processo e a durao do capital interferiam na variao das trocas. Em suateoria, chegou-se a medir o valor relativo de uma mercadoria em relao quantidade detrabalho-horas empregado.

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    Enquanto Adam Smith se preocupou mais com o crescimento, Ricardo investigou adistribuio, construindo uma Teoria do Valor Relativa, dependente do trabalho incorporado,mas frgil na operacionalizao por no ter avanado na parte monetria, ao supor tudoconstante. Contudo, na Economia Internacional, a Teoria das Vantagens Comparativas entrepases, at os dias atuais, tem sido objeto de apreciao. A Teoria das Vantagens Comparativas*tornou-se o carro-chefe das teorias para quem quer entender, no comrcio internacional, asoportunidades de se produzirem determinados tipos de produtos a serem colocados na pauta decomercializao.

    O exemplo utilizado por Ricardo foi o caso da Inglaterra, que produzia tecido e trocavacom Portugal, que produzia vinho. Na concepo de Ricardo, cada pas, ao se especializarnaquilo que fazia melhor, adquiria vantagens nas trocas, possibilitando melhores resultados parasua economia.

    Como se deu a relao da Teoria Marxista com a Teoria do Valor?

    Qual o legado de Marx para a Cincia Econmica?

    A Teoria do Valor Marxista, formulada por Karl Marx (1985), constituiu- se numa teoriaque levava em conta a importncia do valor e do crescimento para o entendimento do

    funcionamento da economia. Marx perseguiu as formulaes de Ricardo, tendo dedicadoespecial ateno Teoria do Valor incorporado ao trabalho e Teoria da Taxa de decrscimo dolucro.

    Para saber mais

    *Karl Heinrich Marx (18181883) foi um intelectual alemo considerado um dosfundadores da Sociologia. Tambm podemos encontrar a influncia de Marx em vrias outrasreas, tais como: Filosofia, Economia, Histria, entre outras. Teve participao como intelectuale como revolucionrio no movimento operrio, e ambos (Marx e o movimento operrio)influenciaram uns aos outros durante o perodo em que o autor viveu. Fonte: Wikipdia (2007).

    Embora influenciado por Ricardo, os estudos de Marx ampliaram o leque dasinterpretaes sobre o valor e propiciaram uma compreenso diferente para o funcionamento do

    sistema econmico, de forma essencialmente orgnica. Marx tinha grande conhecimento deFilosofia, Histria e Direito, e fundamentou os estudos realizados em pesquisas empricas*. Aodedicar-se ao estudo da Economia Poltica, Marx enveredou-se para a discusso do processo deproduo como o determinante do funcionamento da economia.

    A diferena entre Ricardo e Marx, nas formulaes tericas, reside na sua forma dinmicade abordar o funcionamento econmico e por querer conhecer, desde sua origem, a forma dadistribuio do produto. Marx fez duras crticas Economia Poltica Clssica e evocou umaanlise sobre a Economia em profundidade e de longo prazo. A relao trabalho-capital foitotalmente esmiuada por Marx, separando os produtores (donos dos meios de produo) dostrabalhadores (vendedores da fora de trabalho*). H que se registrar que Marx buscoucompreender a situao da distribuio na economia e trouxe de volta a ideia dos conflitos entreprodutores e trabalhadores, levantados anteriormente pelos estudiosos do socialismo utpico.

    Na Teoria do Valor-Trabalho, Marx construiu a Teoria da Mais- Valia e recomps omodo como os lucros se formavam numa sociedade formada por produtores e trabalhadores,para demonstrar detalhadamente os conflitos existentes entre capital e trabalho. Na concepode Marx, era atravs do trabalho incorporado na mercadoria que a medida do valor se institua,ou seja, em qualquer produto produzido, o trabalho incorporado que criava valor.

    A fora de trabalho, num mercado como o que foi analisado por Marx, tambm setransforma em mercadoria e passa a ser vendida por um valor que cobre apenas a suasubsistncia. Na anlise de Marx, a diferena entre o trabalho realizado e o que era pago aotrabalhador o que ficou conhecido como mais-valia* e que explicaremos mais frente, atravsdo esquema de reproduo do capital.

    Na Teoria Marxista, o valor encontra-se presente na produo, na distribuio e na troca.

    O conceito de exrcito industrial de reserva, criado por Marx, destacava que os trabalhadoresque ficavam de fora do sistema acabavam fazendo com que os salrios permanecessem baixos,

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    pois a qualquer hora, caso alguns trabalhadores se sentissem insatisfeitos, poderiam sersubstitudos por outros novos trabalhadores a perder de vista.

    Marx explicou detalhadamente a relao entre o capital e a produo, ressaltando oscustos. Ele qualificou de trabalho direto aquele despendido diretamente pelo trabalhador paraproduzir uma determinada mercadoria e o denominou de capital varivel (v). Com relao s

    mquinas e aos instrumentos utilizados na produo, denominou de capital constante (c), e olucro, a parte que fica com o produtor, e que apropriada do trabalho realizado, de mais-valia(m). Na concepo marxista, o valor-de-troca pode ser traduzido em c+v+m, e o valor refere-seaos trabalhos direto e indireto, socialmente utilizado na produo, enquanto a moeda faz aequivalncia dos valores, e a mercadoria traduz a equivalncia relativa. Um carro de umadeterminada marca, referido inicialmente, que custa R$ 30.000,00, refere-se ao Valor Relativo,e a moeda, ao Valor Geral. Deduzimos, ento, a partir da fundamentao marxista, que o valorexerce influncia determinante sobre o preo.

    Prosseguindo com Marx, para o entendimento da formao orgnica do nosso sistema deproduo, basta dividir o capital constante pelo capital varivel, que se encontra a composioorgnica do capital. J a taxa de lucro (L), para ele, descreve a relao entre a maisvalia (m) e acompra de mquinas e matrias-primas (v): L= m/c+v. A lei de tendncia ao decrscimo da taxa

    de lucro, que explica o funcionamento contraditrio do processo de produo, ora em crise pelasuperproduo, ora pela estagnao, buscou mostrar o funcionamento do capital diante datendncia ilimitada do desenvolvimento das suas foras produtivas, aqui entendidas como meiode produo e fora de trabalho utilizados para produzir mercadorias.

    No esquema desenvolvido, o capital-dinheiro acumulado, ao invs de dirigir-sediretamente para o setor comercial, passa a ser aplicado na esfera da produo. Ento, oesquema simples de produo: Dinheiro MercadoriaDinheiro passou a ocorrer da seguinteforma: DinheiroMercadoria (Matria-Prima e Fora de Trabalho)ProduoDinheiro

    O esquema apresentado demonstra que o produtor pega o seu dinheiro e o transforma emcapital, comprando mquinas, matriasprimas e fora de trabalho para produzir mercadorias,vendidas por um preo mais elevado em relao ao dinheiro inicial. Logo, a diferena entre D e

    D o que passou a ser chamado de mais-valia e tem origem no processo de produo.Embora haja muito mais para falar de Marx, acreditamos ter abordado o essencial e

    esperamos ter despertado em voc a satisfao de conhecer ainda mais o sistema por dentro.Como ficou a Teoria Neoclssica com relao Teoria do Valor?

    A Teoria Neoclssica, na tentativa de auxiliar o desenvolvimento da economia e sempretenses de construir uma Teoria do Valor, se contraps ao estudo de Ricardo e apresentou aformulao que ficou conhecida como marginalista, dependendo o valor de um determinadoproduto, no tanto da quantidade de trabalho nele introduzida, mas da sua utilidade. Nessecontexto, houve estudos que, embora fossem marginalistas, no descartavam por completo otrabalho incorporado, levando em conta os dois fatores.

    Quem se destacou nesta parte foi Alfred Marshall, ao observar que a oferta e a demanda

    entravam na discusso de forma interdepen dente, ou seja, a demanda amparada na concepoda utilidade marginal* e a produo amparada na concepo da produtividade marginal.

    Embora a anlise de Marshall tenha sido a do equilbrio parcial em contraposio deWalras, que buscou o equilbrio geral, sua concepo levou em conta o tempo e, com isso,possibilitou uma situao mais apropriada para a construo do preo, por estar mais prximada realidade. Era o comeo da anlise microeconmica, que dava as suas fortes contribuies,em contraposio anlise macroeconmica dos clssicos. Foi o perodo em que ocomportamento tanto dos consumidores quanto dos produtores passou a ser analisado a partirdas anlises de custo marginal e da utilidade.

    A Microeconomia estuda o comportamento econmico individual de consumidores,firmas e indstrias, bem como a distribuio da produo e do rendimento (renda) entre eles. Os

    consumidores so considerados como fornecedores de trabalho e capital, e demandantes deprodutos finais. As firmas so consideradas demandantes de trabalhos e fornecedoras deprodutos finais ou intermedirios (a serem usados por outras firmas ou agentes produtores).

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    Com todo esse aparato que levava em conta as mais diversas situaes, Marshallconstruiu uma Teoria da Distribuio, segundo a qual a distribuio de renda ocorreria por contado prprio mercado de concorrncia. Cabe ressaltar que os neoclssicos se recusaram aenfrentar o problema do valor por dentro, no intuito de investigar mais profundamente as causasdeterminantes das situaes em andamento, e acreditaram ser a economia uma rea que semovimentava de forma bastante independente.

    Contudo, alguns estudiosos, seguidores de Marshall, desenvolveram novas teorias,levando em conta as imperfeies do mercado, como Pigou e Joan Robinson, em busca daformulao de uma Teoria do Bem-Estar. Sem dvida, Marshall, na Teoria Neoclssica, teve osseus mritos e muito contribuiu para o entendimento da realidade dos empresrios e dosconsumidores, apesar de no ter se constitudo numa teoria do valor.

    Uma conversa resumida bem ao p do ouvido

    A Teoria do Valor-Trabalho mostra todos os custos no processo de produo de umadeterminada mercadoria. Levanta desde as matrias- primas, as instalaes, as mquinas (capitalconstante) e a fora de trabalho (capital varivel) empregada na produo de uma determinadamercadoria. Como todos se utilizam do trabalho, este passa a ser o componente principal para aformulao do valor. O tempo do trabalho socialmente empregado para produzir algumamercadoria acaba sendo levado em conta. Portanto, do trabalho despendido que se origina ovalor da mercadoria. Logo, a Teoria do Valor-Trabalho explica a formao do trabalho social naEconomia e permite compreender o funcionamento da economia no mundo (em termosmacroeconmicos).

    A Teoria do Valor-Utilidade procura explicar a formao do valor a partir da utilidade.Quando desejamos ou necessitamos muito comprar algum produto, normalmente estamosdispostos a pagar o preo que nos pedem, no nos importando com o valor a ser gasto.Realizada a satisfao, um segundo produto no ter mais a mesma importncia, bem como umterceiro, um quarto, etc. Logo, segundo a Teoria do Valor-Utilidade, os produtos dependemmuito da satisfao, e a curva que representa a situao descrita tem, por isso, um formatodecrescente.

    O grau maior de satisfao na Teoria da Utilidade se d no ponto de interseco entre acurva da oferta e a curva da demanda, e ficou conhecido como ponto de equilbrio. A curva deindiferena* que traz a representao grfica das opes de cestas para o consumo indiferentedo consumidor (mesma satisfao). Na realidade, atravs da curva de indiferena, osconsumidores demonstram a sua opo num determinado momento, respeitando a satisfao. um debate dos mais interessantes, pelo fato de entrar no mundo subjetivo e objetivo (restriooramentria) do consumidor.

    A Teoria do Valor-Utilidade est repleta de imperfeies, pois as empresas mais fortesinterferem no mercado, e as decises dos compradores nem sempre so to soberanas, uma vezque acabam sofrendo a interferncia da propaganda. Nem a presena do governo nem ainterferncia de empresas so requisitadas. o liberalismo em plena ao, buscando atender

    satisfatoriamente tanto os produtores quanto os consumidores.Portanto, das Teorias do Valor, se voc nos perguntasse qual delas recomendaramos, semtitubear, diramos para ter ateno para com as duas formulaes. Desde Adam Smith, aEconomia vem lutando em busca da compreenso do valor e do desenvolvimento. Contudo,somente na atualidade passamos a ser um pouco mais conscientes do nosso papel no processoeconmico. Se nem tudo ocorreu de acordo com as previses dos tericos, no deve ser este ummotivo para deixarmos de estud-los, afinal estudamos Economia, e no Futurologia*.

    Saiba mais...Sobre a Teoria das Vantagens Comparativas:http://pt.wikipedia.org/wiki/Vantagens_comparativas

    Sobre as contribuies tericas de Alfred Marshal, consulte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfred_marshall

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    RESUMODas contribuies sobre a Teoria do Valor, apresentamos as formulaes de Adam Smith,

    David Ricardo, Karl Marx, Alfred Marshall, Len Walras, Arthur Cecil Pigou e Joan Robinson.Esperamos que, aps realizada a leitura, voc tenha conseguido adquirir uma noo consistenteda Teoria do Valor- Trabalho, da Teoria do Valor-Utilidade, da formao do lucro e da origem

    das crises na economia mundial.Atividades de aprendizagem

    Esta Unidade apresentou consideraes importantes sobre a questo do valor emEconomia. Se voc realmente compreendeu o contedo, no ter dificuldades para responder asatividades. Para tanto, propomos que voc releia o texto e busque responder as questes abaixo.

    1. Por que importante a concepo de valor na sua formao de administrador?2. Explique a Teoria do Valor-Utilidade e destaque os entraves que inviabilizam o seufuncionamento completo.3. Qual a contribuio de Marx para o fortalecimento da Teoria do Valor-Trabalho?4. Destaque a contribuio de Adam Smith e de David Ricardo para a compreenso da

    Teoria do Valor.5. Dos neoclssicos, quem voc destacaria como a mais interessante contribuio para oentendimento da Economia?6. Destaque e explicite algumas formulaes marxistas, tais como capital constante,capital varivel, mais-valia, taxa de lucro e exrcito de reserva.7. Explique por que o lucro est no centro de tudo numa economia capitalista.

    Caro estudante!

    Chegamos ao final da Unidade 2, na qual voc teve a oportunidade de aprender ourelembrar alguns conceitos fundamentais da Economia, como tambm a questo do valoratribudo a ela. fundamental que voc tenha compreendido todos os conceitos aqui tratados, e,caso tenha ficado alguma dvida, no deixe de procurar auxlio junto ao seu tutor. Nosso papel

    auxili-lo na construo de seu aprendizado. Bons estudos!GLOSSRIO*Futurologiaconjunto de pesquisas prospectivas que tm por objeto a evoluo dahumanidade nos seus aspectos cientfico, econmico, social, etc. Fonte: Priberam(2007).

    *Utilidade marginalutilidade ou grau de satisfao proporcionada pela ltima unidadeobtida pelo possuidor de determinado tipo de bem. Fonte: Lacombe (2004)

    *Estado Estacionrio quando o investimento se iguala depreciao. Nesse estgio,aumentos do capital reduzem o consumo. Por depreciao, devemos entender o custo decorrentedo desgaste ou da obsolescncia dos ativos imobilizados da organizao. Fonte: Wikipdia(2007).

    *Teoria das Vantagens Comparativasprincpio que explica o motivo pelo qual os pasescomercializam entre si. Sugere que cada pas deve se especializar na produo daquelamercadoria em que relativamente mais eficiente, exportando-a. Por outro lado, esse mesmopas deve importar aqueles bens cuja produo implicar um custo relativamente maior (ou quetenha sua produo relativamente menos eficiente). Fonte: Wikipdia (2007).

    *Mercadoriaqualquer produto ou servio produzido para venda ou troca por outra coisanum sistema de mercado. Fonte: Lacombe (2004).

    *Empirismodoutrina que se baseia exclusivamente na experincia como nica fontede conhecimento. Fonte: Priberam (2007).

    *Fora de trabalho o nmero total de trabalhadores de um pas ou uma regio,

    incluindo os empregados e os desempregados procura de emprego. Em ingls:working force. Fonte: Lacombe (2004).

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    *Mais-valia o nome dado por Karl Marx diferena entre o valor produzidopelo trabalho e o salrio pago ao trabalhador, que seria a base da explorao no sistemacapitalista. Fonte: Wikipdia (2007).