economia geral brasileira e regional

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Universidade Estadual de Ponta Grossa PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO DIVISÃO DE ENSINO PROGRAMA DE DISCIPLINA SETOR: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO: ECONOMIA DISCIPLINA: ECONOMIA GERAL BRASILEIRA E REGIONAL CÓDIGO: 404077 NÚMERO DE AULAS TEÓRICAS: 136 NÚMERO DE AULAS PRÁTICAS: 0 CARGA HORÁRIA TOTAL: 136 DESTINA-SE AO CURSO DE: ADMINISTRAÇÃO EMENTA: O funcionamento de uma economia de mercado; noções de microeconomia e de macroeconomia; oferta e demanda de moeda; sistema financeiro; comércio internacional e padrões de especialização; mercado de câmbio e formação das taxas cambiais; a contabilidade das transações internacionais; as diferentes fases da economia brasileira, ajustamento e estabilização. Tópicos do desenvolvimentoeconômico paranaense e da região dos Campos Gerais. Perspectivas futuras. Tópicos avançados na área. OBJETIVOS : Objetivo geral: Propiciar visão geral de uma economia de mercado, permitindo análise no âmbito da empresa e do contexto local, nacional e internacional. Objetivos específicos: Entender o contexto econômico da empresa; Permitir a análise crítica dos problemas econômicos atuais; Conhecer a teoria econômica, tendo em sua vista sua aplicação nas organizações

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Page 1: Economia Geral Brasileira e Regional

Universidade Estadual de Ponta Grossa PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

DIVISÃO DE ENSINO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

SETOR: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO: ECONOMIA DISCIPLINA: ECONOMIA GERAL BRASILEIRA E REGIONAL CÓDIGO: 404077 NÚMERO DE AULAS TEÓRICAS: 136 NÚMERO DE AULAS PRÁTICAS: 0 CARGA HORÁRIA TOTAL: 136 DESTINA-SE AO CURSO DE: ADMINISTRAÇÃO EMENTA: O funcionamento de uma economia de mercado; noções de microeconomia e de macroeconomia; oferta e demanda de moeda; sistema financeiro; comércio internacional e padrões de especialização; mercado de câmbio e formação das taxas cambiais; a contabilidade das transações internacionais; as diferentes fases da economia brasileira, ajustamento e estabilização. Tópicos do desenvolvimentoeconômico paranaense e da região dos Campos Gerais. Perspectivas futuras. Tópicos avançados na área.

OBJETIVOS :

Objetivo geral: Propiciar visão geral de uma economia de mercado, permitindo análise no âmbito da empresa e do contexto local, nacional e internacional.

Objetivos específicos: • Entender o contexto econômico da empresa; • Permitir a análise crítica dos problemas econômicos atuais; • Conhecer a teoria econômica, tendo em sua vista sua aplicação nas

organizações

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Universidade Estadual de Ponta Grossa

ESTRUTURA DO CONTEÚDO DA DISCIPLINA:

ECONOMIA GERAL E BRASILEIRA

UNIDADE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO HORAS/AULA

01 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CIÊNCIA ECONÔMICA • Definições • Evolução da ciência econômica • Natureza dos problemas econômicos

10

2 NOÇÕES DE MICROECONOMIA 2.1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR • Oferta e demanda • Elasticidade • Equilíbrio do consumidor 2.2 COMPORTAMENTO DA FIRMA • Produção, custos e rendimentos • Equilíbrio da firma 2.3ESTRUTURAS DE MERCADO • Estruturas clássicas • Regulamentação dos mercados

40

3 NOÇÕES DE MACROECONOMIA 3.1 Moedas, bancos e política monetária 3.2 Agregados econômicos 3.3 Séries de números-índices, deflatores 3.4 Determinação da oferta e da demanda agregadas

20

4 NOÇÕES DE ECONOMIA INTERNACIONAL 4.1 Livre-comércio e protecionismo 4.2 Balança de Pagamentos

4.3 O mercado de câmbio e a formação das taxas cambiais

10

5 ECONOMIA BRASILEIRA 5.1 Crescimento e desenvolvimento 5.2 Modelo primário-exportador 5.3 O processo de substituição de importação 5.4 Evolução recente • Crises e aberturas para o comércio • Processo de estabilização

42

6 ECONOMIA PARANAENSE E REGIONAL • Formação econômica da Paraná e dos Campos Gerais • Cenários da economia paranaense • Cenários da economia regional • Perspectivas futuras.

32

METODOLOGIA AULAS EXPOSITIVAS; EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO.

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BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

1. EQUIPE DE PROFESSORES DA USP (1998). Manual de Economia . São Paulo:

Saraiva, 3 ed. 2. MANKIW, N.Gregory (1999). Introdução à Economia - Princípios de Micro e

Macroeconomia. Rio de Janeiro: Campus. 3. O’SULLIVAN, Arthur, SHEFFRIN, Steve M. (2000) Princípios de Economia . Rio

de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Cient í f icos. 4. ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 17. ed., São Paulo: Atlas, 1997. 922 p.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

ABREU, M.P. A Ordem do Progresso: 100 anos de política econômica na república. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

BAER, Werner. A Industrialização e o Desenvolvimento Econômico do Brasil, Editora da FGV.

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil, Nacional.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório Anual do Banco Central do Brasil, Brasília.

B OLIVEIRA, G. Brasil Real: desafios da pós-estabilização na virada do milênio. 2. Ed., São Paulo, Mandarim, 1996. 207p.

CASTRO, A.B. e LESSA, C.F. Introdução à Economia: uma abordagem estruturalista. 31. ed., Rio de Janeiro: Forense, 1988.

CARDOSO, Eliane A. Economia brasileira ao alcance de todos. 12. ed., São Paulo: Brasiliense, 1991.

GREMAUD, A.P. Economia Brasileira Contemporânea: para Cursos de Economia e Administração, São Paulo, Atlas, 1996. 293p.

LONGO, C.A; TRASTER, R.L. Economia do Setor Público, São Paulo, Atlas, 1993. 202p.

PEREIRA, Luiz C. Bresser. Economia Brasileira: uma introdução crítica. 12. ed. São Paulo: Brasiliense.

PEREIRA, L.B ; NAKANO; Y. Inflação e recessão: A Teoria da Inércia Inflacionária, 2. ed., São Paulo, Brasiliense; 1986. 221p

PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Desenvolvimento e Crise no Brasil. São Paulo, Brasiliense.

RIANI, F. Economia do Setor Público. 3. ed., São Paulo, Atlas, 1997. 208p.

ROSSETTI, J.P. Política e Programação Econômica, 7. ed. , São Paulo, Atlas, 1987. 349p TAVARES, Maria da Conceição. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro: ensaios

sobre economia brasileira. 10. ed., Rio de Janeiro: Zahar, 1982.

VASCONCELOS, M.A.S. Fundamentos de economia. São Paulo: Saraiva, 1998. 240p.

WILLIAMSON, John. Economia aberta e a economia mundial. Editora Campus.

Page 4: Economia Geral Brasileira e Regional

NÃO É APOSTILA DE ECONOMIA GERAL E BRASILEIRA Estes resumos visam apenas facilitar o acompanhamento das explicações fornecidas em classe, NÃO eliminando a necessidade de se pesquisar a respeito dos temas ministrados.

ECONOMIA POLÍTICA

Economia: Definição etimológica (atribuída a Aristóteles, 350 a.C. (Grécia)).

- oikos: casa - nomos: administração, lei.

Economia Ciência da administração da casa.

Ciência das riquezas.

Ciência da escassez.

Definição acadêmica: Economia é a ciência que trata das leis que regem a PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO e CONSUMO das riquezas, através do melhor aproveitamento dos recursos escassos, buscando a satisfação das necessidades ilimitadas. Genericamente, a Economia centra sua atenção nas condições da prosperidade material, na acumulação da riqueza e em sua distribuição aos que participam do esforço social de sua produção.

Bens = riquezas, utilidades.

Podem ser bens livres

bens econômicos

Objeto da economia : estudo das riquezas, como utilidades destinadas a prover necessidades econômicas do homem, através do seu melhor aproveitamento.

recursos escassos x necessidades ilimitadas.

Necessidades humanas: ilimitadas

Recursos produtivos: limitados

A contradição leva à seguinte proposição: por mais rica que a sociedade seja (por mais recursos produtivos de que disponha), os fatores de produção serão sempre escassos para efetivar a fabricação de todos os b/s que essa mesma sociedade deseja. Ou seja, ela terá que efetuar escolhas sobre quais os bens e serviços deverão ser produzidos.

Por este fato, a Economia muitas vezes também é definida como a ciência que estuda a escassez ou a ciência que estuda o uso de recursos escassos na produção de bens alternativos.

LEIS ECONÔMICAS Economia Ciência Social. As leis, fórmulas, princípios, teorias, não são

rígidas nem inflexíveis indicam tendências.

Page 5: Economia Geral Brasileira e Regional

SISTEMA ECONÔMICO

Conjunto de regulamentos econômicos, sociais, trabalhistas, ...que regem as relações econômicas de um país. Entende-se por sistema econômico o conjunto de relações básicas, técnicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Essas relações condicionam o sentido geral das decisões fundamentais tomadas em toda a sociedade e os ramos predominantes de sua atividade. Sistemas econômicos: conjunto de doutrinas e teorias aplicadas com vistas à orientação filosófica e prática de um povo ou de uma nação. Regime econômico: conjunto de leis, decretos e normas que regem as relações econômicas numa sociedade.

Estrutura econômica: proporcionalidade entre os elementos de um sistema objetivando o equilíbrio econômico.

Classificação: economia fechada, economia artesanal, economia capitalista, economia coletivista, economia corporativa.

Economia Aberta: Empresas + famílias + Governo + Resto do Mundo.

Resto do mundo importações

Exportações

Arrecadação

Governo: Gastos e financiamento dos gastos Emissão

( necessidades coletivas) Empréstimos

Os Agentes Econômicos Os agentes econômicos fundamentais são: as unidades familiares, as empresas e o setor público.

As funções das unidades familiares consistem, por um lado, em consumir bens e serviços e, por outro vender seus recursos (trabalho e capital) nos mercados de fatores.

Page 6: Economia Geral Brasileira e Regional

As empresas realizam duas funções básicas: elaboram bens e os vendem; e empregam recursos no mercado de fatores. Realizam essas ações tentando maximizar seus lucros.

O setor público estabelece o marco jurídico - institucional e é o responsável pela política econômica, e busca a satisfação das necessidades coletivas. Em determinados aspectos, atua também como um empresário, especialmente no caso dos bens públicos.

Funções do governo em uma Economia de Mercado:

PROBLEMA ECONÔMICO CENTRAL

(EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DE CIÊNCIA ECONÔMICA)

O QUÊ (QUANTO) PRODUZIR: Determinação do bem a ser produzido (quantidade), visando a satisfação das necessidades da população. Utilização dos recursos produtivos existentes. Adoção da opção lógica = mercado (Lei da oferta e da procura). COMO PRODUZIR Processo de produção mais adequado.

O que Melhor nível tecnológico (eficiência). Como Ótima alocação de recursos de acordo com a região.

PARA QUEM PRODUZIR. Eficiência distributiva. Renda. Resposta adequada :- Mercado

Delineadas as respostas às questões acima, entram os conhecimentos de Marketing.

Marketing: Mudar o conceito de vender o que se produz, para produzir o que se vende.

Marketing – geração de novas necessidades.

“Civilizar significa criar novas necessidades”. Preço: define quantidade produzida, qualidade, canal de distribuição, serviço pós-venda, ... localização, estacionamento, serviços complementares, ...

Produto

Promoção: (ou PRAÇA)

Publicidade:

Para quem

ideal

Preço Produ to Promo Publici ção dade (praça) P bli i

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Motivação & Sucesso

09 a 15 de maio de 2004

Estudo feito por 15 pesquisado-res da USP, PUC-SP, UNICAMP e UNIP e publicado como o Atlas da Ri-queza no Brasil - Editora Cortez, SP, 2004, mostra que apenas nas 50 ci-dades mais ricas do Brasil , temos 926.742 famílias com renda superior a R$10.982,00. Como a mé-dia da família bra-sileira é de 3,4 pes-soas, temos uma população de 3.150.000 pessoas nas famílias ricas. O Brasil tem 5.561 municípios. Os dados, portanto, referem-se a ape-nas 0,9% dos mu-nicípios brasileiros. Esse r ico mercado dos ricos precisa ser conheci-do e melhor explo-

rado no Brasil. Não se trata de fazer aqui um juízo de valor se deveríamos ou não ter esses ricos num país com todos os problemas sociais e econômi-cos como o nosso. Trata-se de uma constatação de pes-quisa. Esse merca-do existe. Ele gera emprego e renda e está aí para ser usado pelas empre-sas. Só para se ter uma idéia do tama-nho desse mercado, ele equivale a 92% de toda a popula-ção do Uruguai; a 42% da Suíça, 30% de Portugal; 30% da Bélgica; 15% da Austrália e 8% da Argentina. São Paulo tem mais de 400 mil famílias ricas. Em segundo lugar

vem o Rio de Janei-ro com mais de 76 mil famílias. A 50a. cidade citada no es-tudo é Caxias do Sul, RS, com mais de 2.400 famílias ricas. Nesta sema-na, gostaria que vo-cê pensasse nesse mercado de ricos. Como sua empresa poderá aproveitar essa realidade des-conhecida do mer-cado brasileiro? O que pode-mos fazer em ter-mos de produtos e serviços para servir a esse mercado exigente e com re-cursos para gerar emprego e renda? Pense nisso. Boa Semana. Sucesso!

O MERCADO DE RICOS SOMENTE NAS 50 CIDADES MAIS RICAS DO

BRASIL É IGUAL A:

562% da população de Lisboa e 30,3% da população de Portugal;

234% da população de Montevidéu e 91,8% do Uruguai;

96,7% da população de Madri e 7,5% da Espanha;

128% da população de Roma e 5,61% da Itália;

21% da população de Buenos Aires e 8,35% da Argenti-na;

42% da população da Suíça;

30,5% da população da Bélgica;

15,5% da população da Austrália.

Assim, pense em como aproveitar esse mercado!

O rico mercado dos ricos

Motivation & Success

Rua Manoel Affonso, 64 - 18090-550 Sorocaba – SP – Brasil -

Tel.:(15)3331-7777 – Fax:(15)3331-7778 [email protected] -

www.anthropos.com.br

Luiz Marins

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ESCOLAS E DOUTRINAS ECONÔMICAS

Antiguidade (.../496 d.C. – queda do Império romano). Pensamento econômico disperso, sem unidade.

Fragmentárias apreciações sobre fatos econômicos, sem visão de conjunto.

Fatos econômicos adstritos a outras ciências (Política, filosofia, Moral, Direito, ...)

Era dos filósofos-políticos universais: Platão, Aristóteles e Xenofonte na Grécia; Catão, Varrão, Columela e Paládio no Império Romano.

Trabalho considerado desprezível; escravidão vigorava com pleno assentimento dos mais brilhantes pensadores.

Na Grécia, Platão dedicou-se à planificação de um Estado Ideal, no qual seriam evitadas as instituições decadentes e as injustiças sociais então existentes.

Aristóteles desenvolveu diversas idéias sobre o Estado, discutiu a usura e os salários, o intercâmbio e a aquisição, o valor e a formação da riqueza.

Xenofonte escreveu diversos ensaios sobre a agricultura e o sistema tributário.

Predominava a idéia da preponderância do geral sobre o particular (o sacrifício do indivíduo à cidade, subordinando-se seus interesses individuais à segurança e prosperidade gerais), a igualdade (domina todas as manifestações teóricas e práticas do espírito grego) e o desprezo à riqueza (num país onde os meios de subsistência são limitados, é impossível alguém enriquecer senão à custa das perdas de outrem). Esse espírito trouxe a conseqüência de impedir o desenvolvimento da riqueza: nesse sentido, é essencialmente antieconômico.

Em Roma os pensadores dedicaram-se mais ao Direito, e suas contribuições ao terreno da economia prendem-se à observação das atividades agrícolas.

Catão condenou as grandes propriedades e propôs novos sistemas para repartição de terras; Varrão sugeriu o retorno aos campos, “como meio de evitar o empobrecimento das massas e do Estado”.

Columela e Paládio preocuparam-se com o declínio da atividade agrícola e aconselharam a diversificação da produção.

Idade Média (496/1453) – Queda de Constantinopla. Obscurantismo. Igreja domina o pensamento econômico. Desaparece a economia antiga e o feudalismo, então na sua plenitude, criando o fracionamento político e a fragmentação econômica.

Substituição das relações políticas entre Estado e cidadãos pela vinculação pessoal entre senhores e vassalos.

2 grandes períodos:

Séc. V a XI – Feudalismo: servos e senhores feudais. Produção quase exclusivamente rural. Artesanato apenas para consumo local. Comércio – papel secundário. Moedas – circulação restrita. Meios jurídicos de troca: rudimentares. Vias de comunicação precárias, quase inexistentes. Trabalho visava apenas o sustento. Sentimento religioso: freio ao ganho excedente.

Séc. XI a XV – Igreja imprime moderação ao lucro; reconhece dignidade do trabalho; condena ociosidade. Estabelece princípio de equilíbrio: Justo lucro, justo salário, justa troca.

Servos passam a arrendatários. O comércio se estende, tornando-se inter-regional com o surgimento das feiras (Flandres, Champagne e Beaucaire) que exigem meios jurídicos de troca mais estáveis e em maior número: a moeda e o crédito tornam-se necessários. Origem do capitalismo comercial moderno.

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Incremento ao artesanato; diversificação das profissões. Início das corporações de ofício (“sindicatos”). Desenvolvimento da burguesia; incremento das trocas. Surgimento do sistema bancário.

Autores: Orèsme (Breve Tratado da Primeira Função das Moedas e das suas Causas e Espécies (1336) é a primeira obra escrita sobre questões puramente monetárias); São Tomás de Aquino (comércio, usura e salário); Antonino de Florença (salário).

Mercantilismo

Época das grandes navegações. Renascimento – conhecimento leigo. Absolutismo.

Interferência da Igreja decai. Renovação dos conceitos de lucro e riqueza.

Nacionalismo econômico: subordinação dos interesses do Indivíduo aos da coletividade; intervenção do Estado em todos os domínios, principalmente na regulamentação das transações comerciais internacionais: balança comercial deveria ser sempre positiva - estimulo à exportação e restrição às importações.

Metalismo econômico: pensamento de que quanto maior a quantidade de ouro e prata que um país possuísse, mais rico e poderoso ele seria.

Concepção de que o ouro e a prata eram essenciais para a realização da riqueza dos Estados.

Artesanato urbano, regimes corporativos e organizações feudais deram lugar a supremacia do Estado.

Agricultura relegada a segundo plano.

Principal erro do Mercantilismo: prosperidade do Estado, em detrimento dos indivíduos.

Início do Sé. 18: política econômica começa a ser desmistificada (fome).

Pensadores: Olivares (Portugal), Thomas Munn (Inglaterra), Jean Bodin e Jean Baptiste Colbert (França).

Liberalismo

Crença em mecanismos auto-regulamentadores da Economia.

2 correntes de pensamento:

Escola Fisiocrata Grupo de economistas franceses do século XVIII que combateu as idéias mercantilistas e formulou, pela primeira vez, de maneira sistemática e lógica, uma teoria do liberalismo econômico. A primeira escola científica de Economia formou-se na França em meados do século XVIII, como resultado de condições políticas e econômicas intoleráveis, ocasionadas por muitos anos de guerra e extravagância.

Transferindo o centro da análise do âmbito do comércio para a produção, os fisiocratas criaram a noção de produto líquido: sustentaram que somente a terra ou a Natureza é capaz de realmente produzir algo novo (só a terra multiplica, por exemplo, um grão de trigo em muitos outros grãos de trigo). As demais atividades, como a indústria e o comércio, embora necessárias, não fazem mais que transformar ou transportar os produtos da terra (daí a condenação ao mercantilismo que estimulava essas atividades em detrimento da agricultura).

Dividiam a sociedade em 03 classes: os produtores (agricultores), os proprietários de terra (a nobreza e o clero) e as classes estéreis (os demais cidadãos).

Descobriram que existe uma circulação da renda entre essas três classes: os agricultores e proprietários compram produtos e serviços dos demais grupos, que depois fazem retornar essa renda comprando produtos agrícolas (o que é exposto no Tableau Économique de Quesnay). Achavam que isso corresponde a uma ordem natural regida por leis imutáveis como as leis físicas: toda intervenção do estado é condenável quando não se limita a garantir essa ordem.

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Defenderam a mais ampla liberdade econômica (contra as barreiras feudais, ainda imperantes na época, e o intervencionismo mercantilista) e lançaram a célebre máxima do liberalismo: laissez-faire, laissez-passer (deixar fazer, deixar passar). Propuseram a supressão de todas as taxas, com sua substituição por um imposto único incidindo sobre a propriedade, já que esta seria a única fonte de riqueza e os proprietários apenas se apropriariam da renda sem contribuir para o aumento do produto líquido, enquanto os agricultores, os comerciantes e os artesãos deveriam facilitar a circulação da renda. Para manter essa ordem natural, o estado deveria assumir o papel exclusivo de guardião da propriedade e garantidor da liberdade econômica.

Como a tributação era na realidade o “flagelo” da economia francesa, os fisiocratas se preocupavam com a sua reforma. Desejaram simplificar a tributação, cobrando de todas as classes sem exceção, inclusive da classe isenta.

Os fisiocratas chegaram à conclusão de que o produto líquido devia e podia fornecer as rendas necessárias; portanto, propuseram o impôt unique ou imposto único sobre o verdadeiro produto líquido.

O imposto único lhes pareceu adequado para atender a todas as necessidades fiscais; era simples, direto, de fácil arrecadação, e acima de tudo, leve. Estavam certos de que, com o seu plano esclarecido, a economia prosperaria, o produto líquido aumentaria, e a renda obtida com o imposto cresceria proporcionalmente. Esperaram que as extravagâncias do Estado diminuíssem e que as suas necessidades se ajustassem às rendas, e não o contrário.

Os fisiocratas estavam objetivamente empenhados em promover reformas não apenas econômicas, mas também políticas e sociais.

Principal erro da Fisiocracia: Falsa noção de produção: Capitalismo industrial emergente e a revolução econômica que daí adviria não poderiam ser chamadas de “estéril”.

Pensadores: François Quesnay, Turgot, Mirabeau e Du Pont de Nemours, entre outros.

Escola Clássica

Oposição ao mercantilismo. Preocupação em elevar o nível de vida da população (Humanismo Renascentista)

Base para o moderno capitalismo.

Prega a liberdade de empresa (preços, produção, mercados, ...)

A escola clássica propriamente dita consiste de uma corrente científico-econômica iniciada com Adam Smith, continuada particularmente com Malthus e Ricardo e completada, em 1848, por Stuart Mill e seus “Princípios de Economia Política”.

Adam Smith publica em 1776 a “Riqueza das Nações”, que constitui um marco na história da economia política: a preposição segundo a qual o produto do trabalho se reparte por entre um número maior ou menor de consumidores é que torna uma nação mais ou menos rica, e a eficácia do trabalho nas nações provém da divisão do trabalho.

O liberalismo econômico acredita que o interesse individual coincide com o interesse geral. Na prática, deixa a plena liberdade de ação aos interesses privados. Para se produzir em abundância, é indispensável ter mercados suficientes á disposição: a produção de uma nação depende da extensão de seus mercados. A política mais favorável à ampliação dos mercados é a da liberdade do comércio.

A teoria da população de Malthus - diferença existente entre a taxa de crescimento da população e a dos meios de subsistência. Malthus afirma que a população aumenta numa progressão geométrica enquanto os meios de subsistência crescem numa progressão aritmética. O desenvolvimento processado de acordo com essas progressões conduzirá inevitavelmente à catástrofe. E a limitação voluntária da natalidade seria o meio mais eficaz de combater essa catástrofe. Mas na realidade, graças a uma população numerosa, a concentração da produção pode ser levada ao máximo, com redução do preço de custo: cresce, assim, o consumo e, em conseqüência, também a produção.

Ricardo publica “Principles of political Economy and taxation”, discutindo o conflito entre os interesses das indústrias e os da agricultura. Para poder competir nos mercados exteriores

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seria necessário às indústrias britânicas reduzir o preço de venda e, portanto, o custo de produção. E o preço dos produtos agrícolas não deixaria de subir devido a impiedosa necessidade de, sob a pressão demográfica, se cultivarem terras cuja fertilidade é cada vez menor e de se lhes incorporar mais trabalho e capital.

Em face do problema do antagonismo existente entre a agricultura e a indústria, com o qual se defronta a política de seu tempo ia em auxílio da tese industrialista, com prejuízo daquela defendida pelos proprietários territoriais. Com base nessa teoria, propunha Ricardo a adoção de uma política econômica tendente, nesse campo, à supressão das taxas sobre a importação de cereais. Porém a teoria da renda, de Ricardo apresenta uma deficiência no plano puramente científico, ele desconsiderou o fator procura, para considerar somente a oferta, isto é, o custo de produção.

Stuart Mill evitará esse erro, mostrando ser perfeitamente possível produzir uma renda da terra, afora a hipótese de diferença de fertilidade. Sobre muitos pontos ele se aproxima do socialismo. Opina pelo confisco da renda de monopólio nas cidades, mediante a imposição de um tributo, onerando as sobrevalias imobiliárias. O conceito de renda passa a abranger o vasto quadro da produção, aplicando-se a todos os seus fatores.

Stuart Mill elucidou e aperfeiçoou as doutrina e teorias da Escola Clássica inglesa. Ele introduziu uma nova ordem de preocupações, qual seja a busca da justiça social. Sua obra representa, assim, a transição da Escola Clássica ao socialismo e ao intervencionismo. “A sociedade – escreve ele – pode submeter a distribuição da riqueza a regras que lhe parecem melhores.”

A obra de Stuart Mill apresenta um duplo característico que interessa à história das doutrinas: surge e se situa no ponto divisório de duas grandes correntes do pensamento econômico; a um tempo, constitui a expressão última da ciência clássica e contém em si o germe das idéias que se lhe oporão doravante; situa-se no momento exato em que duas correntes vão chocar-se violentamente nos fatos e na doutrina: 1848 – ano da publicação de sua obra “Princípios” - é o ano das revoluções européias e do “manifesto Comunista”, de Marx e Engels.

Socialismo

Segunda metade do Séc. 19. Publicação do “Manifesto Comunista” de Marx e Engels. Reação contra as doutrinas liberais e individualistas. Supressão da liberdade individual e propriedade privada. Controle dos meios de produção e propriedades pelo Estado. Condena classes sociais: sociedades igualitárias. Nivelamento de trabalhadores: salários, saúde, assistência social, escolas, ... Na prática: arbitrário.

Pensadores: Karl Marx, Friderich Engels, Charles Fourier, Robert Owen, Henry George. Modalidades: Socialismo de Cátedra Socialismo Científico (Marx e Engels) Socialismo Utópico (Charles Fourier e Robert Owen) Socialismo de Estado Socialismo Agrário (Henry George) Socialismo Industrial Socialismo Evolutivo (Jean Jaures) Socialismo Corporativo Socialismo Sindical ou Sindicalismo Socialismo Guildista (variação do Corporativo) Doutrina Social

Leitura complementar

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A ÚLTIMA TENTAÇÃO DE MARX Armando Avena

Foi um grande avanço da ciência. Depois de exaustivos estudos, os cientistas encontraram a técnica de transposição no tempo e no espaço. Perplexo, o mundo inteiro parou para ver o primeiro homem que viria do passado para o presente. A escolha tinha sido difícil. Os filósofos queriam Platão, os religiosos exigiam que fosse Jesus, os militares preferiam Napoleão, mas as empresas transnacionais, que patrocinavam o evento, queriam Marx. Era uma escolha emblemática. Karl Marx tinha sido o criador do socialismo, o homem que havia previsto o fim do sistema capitalista de produção e ninguém melhor do que ele para explicar por que suas previsões haviam falhado, Estava na hora de explicar o fiasco da União Soviética e de louvar o capitalismo e sua fantástica capacidade de perpetuação. Como o processo de transposição no tempo permitia uma estada no futuro por apenas 48 horas, tudo foi planejado de modo que no primeiro dia, através de um moderno sistema de multimídia, Marx pudesse se inteirar do que havia ocorrido de importante no século XX, para que no dia seguinte respondesse, em rede mundial de televisão, às perguntas dos jornalistas do mundo inteiro. A primeira reação de Marx, ao se ver materializado no futuro, foi de espanto e estupefação, mas gradualmente a mente privilegiada do pai do socialismo percebeu o que se passava e a extraordinária possibilidade de checar suas teorias. Aprendeu em minutos a manejar o computador e mergulhou de cabeça no conhecimento e na análise dos acontecimentos ocorridos depois de sua morte. Não dormiu um momento sequer e, no dia seguinte, quando se apresentou à indócil platéia de jornalistas, ainda tinha um ar estupefato mas parecia extremamente seguro, como se pudesse explicar tudo o que havia acontecido depois da sua morte. Não demorou um segundo e uma pergunta partiu do fundo da sala, questionando o marxismo e sua aplicação na União Soviética e pedindo explicações para o fracasso do socialismo. E, então, uma voz tonitruante tomou conta do auditório e o velho Marx falou o que ninguém esperava ouvir: - Se aquilo que implantaram na tal de União Soviética for marxismo, eu não sou marxista! E começou a explicar que jamais admitiu a possibilidade de um país pobre e quase feudal, como a antiga Rússia, chegar ao socialismo. Segundo Marx, isso não poderia ocorrer porque o socialismo pressupunha um alto nível de desenvolvimento tecnológico e uma produção abundante. Não se poderia socializar a miséria, por isso a pátria do novo regime teria de ser obrigatoriamente uma sociedade opulenta. Lembrou que suas previsões indicavam a Inglaterra, o país mais desenvolvido de sua época, como o primeiro lugar onde ocorreria a revolução socialista. E que nunca passou por sua cabeça que a revolução pudesse ser feita em um país não-industrializado, através de uma esdrúxula aliança entre camponeses, proletários e a pequena burguesia. Lembrou também que jamais aceitaria a tese do socialismo num só país ou num bloco de países. Isso não poderia acontecer pois ia de encontro à lógica do processo. Se a revolução acontecesse no país mais desenvolvido do planeta, a força dessa potência determinaria que os demais países seguissem a mesma linha e em breve todos seriam socialistas. Mas, se contra todas as evidências, a revolução ocorresse num país atrasado, as potências capitalistas nunca permitiriam que ela se expandisse; pelo contrário, estes países, até pela necessidade de sobrevivência, atuariam sempre como contra-revolucionários, lutando para destruir o socialismo. - Essa história de socialismo num país ou num bloco deles é coisa desse tal Lenin e desse outro, vade retro, Stalin. Quanto a mim, neste ou no outro mundo continuarei a ser internacionalista. A expressão quase possessa daquele homem impressionou o auditório, mas não evitou que novas perguntas pipocassem por toda a sala. Uma delas foi incisiva e questionava as previsões de Marx, que garantiam que o socialismo se expandiria por todo o planeta. Alguém indagava, com visível ironia, sobre o que havia salvo o capitalismo da crise e da destruição que ele havia previsto. - Fui eu, Marx, quem salvou o capitalismo!

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Todos ficaram atônitos, alguns riram sem contudo esconder a perplexidade. Nesse momento, Marx fez seu mea culpa. Reconheceu que havia errado em muitas de suas previsões e que fora excessivamente evolucionista, acreditando numa técnica inexorável dos acontecimentos. Seu maior erro porém foi não ter previsto a incrível capacidade de adaptação do sistema capitalista. Se o sistema permanecesse o mesmo, se a exploração selvagem perdurasse, se os salários continuasse, em níveis irrisórios seria inevitável a revolução e suas previsões se confirmariam. Mas, ao anunciar o fim do capitalismo, ele, Marx, dera uma alternativa aos trabalhadores, e a Revolução Russa, mesmo desvirtuando a essência teórica do marxismo, parecia demonstrar que esta esperança estava próxima. Para sobreviver, as classes dominantes tiveram que ceder alguns privilégios. O medo do comunismo fez o capitalismo mudar. E o que se viu nos países ricos foram mudanças até certo ponto radicais, que melhoraram a vida dos trabalhadores, reduziram sua jornada de trabalho e aumentaram os salários acima dos níveis de subsistência. Como pensar em revolução, se o proletariado desses países recebe um salário digno, educação e saúde gratuita e até, suprema ironia para quem falava da necessidade de um exército de desempregados, seguro-desemprego. Os países ricos provaram que era possível distribuir a renda sem mexer no sistema capitalista de produção. De repente, um barulho infernal tomou conta da sala e, em coro, surgiu a indagação: - Então, Marx mudou? A resposta veio de imediato: - Quem mudou não foi eu, foi o capitalismo! E o velho pensador mostrou que o capitalismo moderno era completamente diferente daquele que ele havia analisado e que se pudesse novamente estudá-lo teria de reescrever O capital. Todavia, antes que algum incauto dissesse que ele era um vira-casaca, que estava elogiando o sistema, apressou-se em dizer que o novo capitalismo tinha tantos problemas quanto o anterior. Que o desemprego era a praga deste século, e que, se havia alguma justiça social nos países ricos, a miséria nos países pobres era tão grande quanto na sua época. Um extraordinário burburinho tomou conta da sala, mas o silêncio foi total quando a alguém levantou-se e pediu uma declaração enfática de Marx contra a privatização das empresas estatais, afinal o pai do socialismo deveria ser favorável á estatização. Qual o quê! Marx mostrou que não poderia ser a favor da ampliação do estado, pois sua teoria tinha como meta exatamente a extinção do estado, que sempre é cooptado pelas classes dominantes. A função da ditadura do proletariado era acabar com o estado burguês, e pavimentar o caminho para o comunismo, um sistema em que não haveria estado. Os soviéticos criaram um estado burocrático, que pouco tinha a ver com as idéias marxistas. Do ponto de vista marxista não havia defesa possível para a estatização. Novamente gritos de protesto e uma pergunta ecoou por toda a sala: - E o futuro? E o futuro? Marx era um profeta incorrigível e mais uma vez caiu em tentação. Previu novamente a revolução. Mas alertou que o conflito não seria mais entre proletários e capitalistas, entre esquerda e direita. Estabeleceu que essas categorias estavam ultrapassadas e vaticinou que o drama do mundo moderno seria o confronto entre ricos e pobres. A dualidade entre a opulência dos países ricos e a miséria dos países pobres seria o estopim da nova revolução. Uma Europa cercada de fundamentalistas por todos os lados, hordas de miseráveis invadindo as grandes cidades e a maior potência do mundo invadida por milhares de mexicanos famintos. O auditório ficou em silêncio e o próprio Marx calou-se como que temeroso de sua profecia. Antes que a entrevista se encerrasse, uma frase ecoou no recinto: - É, mesmo morto, o velho Marx continua brilhante.

Keynesianismo

Conjunto de doutrinas econômicas que derivam da obra de Keynes, que estabeleceu os princípios da macroeconomia e da presença do estado como agente econômico.

Descrença no mecanismo auto-regulador da Economia (Mão invisível do mercado).

Prega intervenção econômica estatal na condução da economia.

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Recomendação de uso de políticas fiscais ativas e maior grau de intervenção do governo.

Meio termo entre o liberalismo absoluto e o total controle do Estado. Na esfera da adoção de políticas econômica, os keynesianos são adeptos do controle ativo, por parte do governo, da demanda agregadas, através de medidas monetárias e fiscais. Em ambos os aspectos, o keynesianismo se opõe às diversas versões do monetarismo.

Neoliberalismo O liberalismo – ideologia da burguesia - foi responsável por reformas e revoluções que tiraram a economia do controle do Estado, pondo fim ao que ainda existia de mercantilismo. Em seu lugar passou a existir a liberdade de comprar e vender (livre concorrência de mercado) e o respeito ao direito do indivíduo de investir onde e como quiser.

Diretrizes e política econômica na fase de recessão: • redução das despesas e do déficit público; • congelamento dos salários; • liberação de preços; • restrições no crédito e elevação nas taxas de juro; • desvalorização da moeda e liberalização do comércio exterior; Essas medidas costumam aparecer em contextos de inflação muito alta e crise na balança de pagamentos e geralmente integram o pacote de recomendações que o FMI exige aos países como condição a concessão de crédito.

Ideologia ou filosofia econômica Consiste em uma nova visão do mercado. No ponto de vista ideológico defende-se que o mercado assegura um aproveitamento pleno e eficiente dos recursos econômicos e também garante o crescimento mais acelerado da produção acrescentado num mercado livre de interferências grande estabilidade econômica e uma justa distribuição de renda.

O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado Intervencionista e de bem-estar. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão , de Friedrich Hayek escrito já em 1944. Trata-se de um ataque contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciadas como uma ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política.

Em 1947, Hayek e outros assistentes, adversários do europeu Estado de bem-estar e também inimigos do New Deal americano, que compartilhavam de sua ideologia formaram, na Suíça, a Sociedade de Mont Pélerin, uma espécie de franco-maçonaria neoliberal, altamente dedicada e organizada com reuniões internacionais a cada dois anos.

Seu propósito era combater o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de um outro tipo de capitalismo, duro e livre de regras para o futuro. Hayek e seus companheiros afirmavam que o novo igualitarismo, promovido pelo Estado de bem-estar destruía a liberdade dos cidadãos e a vitalidade da concorrência, da qual dependia a prosperidade de todos. Argumentavam também que a desigualdade era um valor positivo, pois disso precisavam as sociedades ocidentais.

Com a chegada da grande crise do modelo econômico do pós-guerra , em 1973, quando o capitalismo avançado caiu em recessão, as idéias neoliberais passaram a ganhar terreno.

Segundo Hayek as raízes da crise estavam localizadas no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e do movimento operário, que haviam corroído as bases de acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários e com sua pressão parasitária para que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais. Esses dois processos destruíram os níveis necessários de lucros das empresas e desencadearam processos inflacionários que não podiam deixar de terminar numa crise generalizada das economias de mercado.

O remédio então era: manter um Estado forte, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas econômico em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas;

A estabilidade monetária deveria ser a meta suprema de qualquer governo; Contenção de gastos com bem-estar

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Restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, a criação de um exército de reserva de trabalho para quebrar os sindicatos; Reformas fiscais para incentivar os agentes econômicos, isto significava reduções de impostos sobre os rendimentos mais altos e sobre as rendas.

Assim uma nova e saudável desigualdade iria voltar a dinamizar as economias avançadas e o crescimento voltaria quando a estabilidade monetária e os incentivos essenciais houvessem sido restituídos.

Em 1979, com Thatcher, a Inglaterra torna-se o primeiro país a implantar o regime neoliberal. Contraiu a emissão monetária, elevou as taxas de juros, baixou drasticamente

os impostos sobre os rendimentos altos, aboliu controles sobre os fluxos financeiros, criou níveis de desemprego passivos, aplastou greves, impôs nova legislação anti-sindical e cortou gastos sociais. Este pacote de medidas é o mais sistemático e ambicioso de todas as experiências neoliberais em países de capitalismo avançado.

O NEOLIBERALISMO NO BRASIL:

O neoliberalismo traz uma nova realidade para o Brasil. A globalização, definida como crescimento do fluxo de comércio de bens e serviços e como o aumento do investimento internacional em níveis superiores aos do crescimento da produção teria levado ao aumento do grau de abertura das principais economias do mundo. Sendo assim o Brasil deveria ajustar-se a essa nova realidade, implementando políticas que aumentem o seu grau de abertura, para poder aproveitar os benefícios da globalização. O Brasil deve seu atraso para embarcar no “trem da história” ao viés protecionista de suas políticas. O Brasil só conseguirá inserir-se adequadamente ao novo contexto, se o programa neoliberal que ele propõe for implementado e mantido; ou ainda, desde que o Plano Real seja completado pelas tais reformas.

A explicação do fato de o Brasil ter ficado à margem do processo de globalização por causa da instabilidade macroeconômica a da degeneração de suas políticas pode ser resumida em um ponto: o esgotamento do processo de substituição de importações.

Como pobreza e concentração de renda são sinônimos de baixa produtividade, o processo de substituição de importações, que caracterizou o desenvolvimento industrial de grande parte de nossa história econômica, levou à concentração de renda, uma vez que levou necessariamente à estagnação da taxa de crescimento da produtividade. Isto é evidente: uma economia que não é exposta à concorrência internacional não pode ter produtividade nem competitividade e, portanto, leva à concentração de renda e à pobreza.

Uma proposta simples liga-se à concepção de desenvolvimento: deve-se superar a fase de substituição de importações, promovendo a abertura comercial, o que aumenta a concorrência e com ela a competitividade. Reduzem-se a pobreza e a concentração de renda.

Terceira Via Um dos acontecimentos que se destacaram no séc. XX foi a divisão do planeta em dois blocos: o comunista e o capitalista.

Com a queda de Berlim e da União Soviética o modelo comunista acabou, o que não significa que a fórmula capitalista adotada tenha sido excelente, ao contrário, os problemas econômicos atuais demonstram o contrário: os países que adotaram o modelo do capitalismo globalizado estão encontrando dificuldades cada vez maiores para solucionar seus problemas.

O fracasso de ambos os modelos sugere algo novo, nem capitalismo, nem comunismo: uma nova via – a terceira – uma idéia onde os aspectos positivos de um e outro modelo fossem aproveitados.

A Terceira Via é uma esquerda disfarçada de centro, com objetivo último da esquerda: uma sociedade igualitária.

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Em alguns países da Europa como a Itália e a Suécia, a Terceira Via era entendida como um sistema misto, combinando planejamento central e instituições do mercado. Só que isso, segundo estudos, resultaria em desemprego, estagnação, caos financeiro.

A Terceira Via defendida por seus propugnadores é a social-democracia modernizada, chamada de “centro radical”. Radical porque não abandonou a política de solidariedade que foi defendida pela esquerda. Do Centro porque reconhece a necessidade de trabalhar alianças que proporcionem uma base para ações práticas. E de Direita, por que continua respeitando a propriedade privada.

Seus principais objetivos são: a reforma do Estado, a revitalização da sociedade civil, a criação de fórmulas paro o desenvolvimento sustentado e a preocupação com uma nova política internacional.

Quanto a ser radical porque não abandonou a política de solidariedade, cabe perguntar: a política tradicional da esquerda foi a socialização dos meios de produção, a coletivização dos campos, a perseguição dos que discordavam dela, o envio de centenas de milhares de pessoas aos paredões. E isto é ser solidário?

O Primeiro-ministro Tony Blair afirmou: “A Terceira Via... não é simplesmente um acordo entre esquerda e a direita. Ela busca pegar os valores essenciais do centro e do centro-esquerda e aplicá-los a um mundo de mudanças sociais e econômicas fundamentais e fazer isso livre de ideologias ultrapassadas.

A terceira Via... extrai vitalidade da união das duas grandes correntes de pensamento – socialismo democrático e liberalismo.”

O liberalismo da Terceira Via, ao mesmo tempo que parece abrir campo a uma certa iniciativa privada,espera contê-la dentro dos limites de um igualitarismo social-econômico.

Em qualquer caso, porém, olhando a realidade e não a utopia, fica-se a um passo da realização da meta última do marxismo, ou seja, a abolição do Estado em favor de um mundo sem governo nem desigualdade.

Os governos precisam aprender novas habilidades: trabalhar em parceria com os setores privados e voluntários; dividir a responsabilidade e responder a um público mais exigente. É certo que há um esforço incomum propalando as virtudes dessa via. Porém, não é possível saber se diante das inúmeras crises que se acumulam no horizonte, ela se desenvolverá inteiramente, no sentido de tentar alcançar de pronto aquele estado de coisa utópica, propugnado pelos mais avançados revolucionários comunistas.

Regimes Políticos SOCIALISMO – Você tem duas vacas e dá uma para o seu vizinho COMUNISMO – Você tem duas vacas, o governo toma as duas e lhe dá o leite FASCISMO – Você tem duas vacas, o governo toma as duas e lhe vende o leite NAZISMO – Você tem duas vacas, governo toma as duas e mata você BUROCRACIA – Você tem duas vacas, o governo toma as duas, mata uma e joga o leite da outra no ralo CAPITALISMO – Você tem duas vacas, vende uma e compra um touro

LEI DA OFERTA E DA PROCURA Procura = Demanda DEMANDA: A Demanda de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os consumidores estão dispostos e aptos a adquirir, em função de vários níveis possíveis de preços, em dado período de tempo. Depende dos seguintes fatores principais: • Preço: é a variável mais importante para que o consumidor decida o quanto vai comprar do bem;

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• Renda do Consumidor: embora o consumidor considere atrativo o preço do bem X, ele pode não ter renda suficiente para comprá-lo; • Preço de outros bens: substitutos ou sucedâneos (manteiga, margarina, requeijão cremoso, etc) • Hábitos e gostos dos consumidores: embora as demais variáveis estejam adequadas, se o consumidor não estiver habituado ao consumo do bem, pode não adquiri-lo; Matematicamente, a Demanda do bem X, podemos adotar a seguinte expressão: Dx = f (Px, Y, Pz, H, etc) Onde: Dx = Demanda; f = "função de " Px = Preço do bem X Y= Renda do Consumidor Pz = Preço dos substitutos H = Hábitos e gostos dos consumidores Preço do bem X 10 8

Quantidades demandadas Para estudar o efeito na Demanda de uma mudança no valor de uma variável considerada isoladamente, recorre-se à hipótese de que tudo mais permanece constante. É uma curva descendente da esquerda para a direita, logo: A QUANTIDADE PROCURADA DO BEM X VARIA INVERSAMENTE AO COMPORTAMENTO DE SEU PREÇO, ou seja, se o preço do bem X aumentar, a sua quantidade demandada diminuirá e se o preço de X diminuir, a quantidade do bem aumentará ( Lei da Procura). OFERTA: A oferta de determinado produto é determinada pelas várias quantidades que os produtores estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, em função de vários níveis possíveis de preços, em dado período de tempo. Variáveis determinantes (principais): • Preço: é a variável mais importante; • Preço dos insumos, usados na produção: alterações nos níveis de preços de

materia-prima, de energia, de combustíveis e outros insumos terão como consequência alterações na quantidade ofertada no mercado;

• Tecnologia: inovações tecnológicas que reduzem custos de produção ou propiciem maior volume de produção ao mesmo custo tornarão sua oferta mais abundante;

• Preços de outros bens: o agricultor, por ex., ao considerar quanto produzirá de milho, levará em conta preços de culturas alternativas. O mesmo é válido para uma indústria ( p.ex. dois tipos de parafusos, etc)

Assumindo-se a hipótese de tudo mais permanece constante.: O = f ( Px),a curva de oferta do bem x será: Preço do bem X 10 8

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Quantidades ofertadas

Quanto maior o Preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado. A oferta é uma função direta e crescente do preço. EQUILÍBRIO DE MERCADO A intersecção das curvas de Oferta e Demanda determinam o Preço de Equilíbrio, no mercado de concorrência perfeita. Este é definido como o Preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. Preço do bem X Q

Elasticidade Da Oferta E Da Procura

Reação do mercado a uma alteração (para mais ou para menos ) no preço de um bem ou serviço. Elasticidade da procura E = ΔQ% ΔP% E>1 Procura Elástica - Variação na quantidade demandada é maior que a variação dos preços. Ex. Produtos com substitutos, produtos supérfluos,...

E<1 Procura Inelástica - Variação na quantidade demandada é menor que a variação dos preços. Ex. Produtos baratos, com pouca significância no orçamento doméstico, ...

E=1 Procura de Elasticidade Unitária - Variação na quantidade demandada é igual à a variação dos preços

E⇒ 0 Procura perfeitamente inelástica. Produtos em que a alteração nos preços quase não alteram a quantidade demandada. Ex. Produtos sem substitutos, produtos essenciais, ...

E⇒ ∝ Procura perfeitamente elástica . Produtos em que a alteração nos preços alteram muito a quantidade demandada. Ex. Produtos com grande número de substitutos, ...

Elasticidade da oferta E = ΔQ% ΔP%

E>1 Oferta Elástica - Variação na quantidade ofertada é maior que a variação dos preços. Ex. Produtos facilmente produzíveis, serviços não qualificados, …

E<1 Oferta Inelástica - Variação na quantidade ofertada é menor que a variação dos preços. Ex. Produtos de difícil produção, serviços qualificados, (demandam maior tempo para equilibrar) ...

E=1 Oferta de Elasticidade Unitária - Variação na quantidade ofertada é igual à a variação dos preços.

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E⇒ 0 Oferta perfeitamente inelástica. Produtos em que a alteração nos preços quase não alteram a quantidade ofertada. Ex. B/S raros, de difícil obtenção, …

E⇒ ∝ Oferta perfeitamente elástica . Produtos em que a alteração nos preços alteram muito a quantidade demandada. Ex. Produtos de fácil obtenção, ...

EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR:

ESTRUTURAS DE MERCADO 1) MONOPÓLIO: Caracteriza-se pela existência de um único vendedor. O monopólio pode ser legal ou técnico (de direito ou de fato).

Condições:

a) Unicidade: Há apenas um vendedor, dominando inteiramente a oferta. O monopolista detém total poder para influenciar o mercado;

b) Insubstitutibilidade: O produto da empresa monopolista não tem substitutos próximos, similar ou sucedâneo;

c) Barreira: A entrada de um novo concorrente no mercado monopolista é impossível (viscosidade de mercado).

d) Poder: a expressão "poder de monopólio" é empregada para caracterizar a situação privilegiada em que se encontra o monopolista quanto às variáveis de mercado de "preço" e "quantidades". O poder é exercido sobre ambas, com objetivos diversos: manter a situação do monopólio, maximizar os lucros ou controlar reações públicas à situação monopolista.

e) Extrapreço: Devido a seu pleno domínio sobre o mercado, os monopólios dificilmente recorrem a formas convencionais de mecanismos extrapreço, para estimular ou desestimular comportamentos de compradores. Quando os monopólios recorrem a expedientes extrapreço, os objetivos são mais de natureza institucional, ligados, por exemplo, à melhoria de imagem pública, do que econômicos.

f) Opacidade: Os monopólios, são por definição, opacos (“caixas pretas”). O acesso a informação sobre fontes supridoras, processos de produção, níveis de oferta, resultados, etc, dificilmente são transparentes e abertos. Caracteriza-se por ser impenetrável.

2) OLIGOPÓLIOS: É o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domina a maior parte do mercado Ex: indústria automobilística, indústria química de base, siderúrgica, de papel e celulose; Serviços bancários, indústria de eletrodomésticos. 3) POLIPÓLIOS:

É o mercado em que existe um grande número de vendedores de produtos iguais, semelhantes ou sucedâneos entre si.

4) MONOPSÔNIO: É o mercado em que há apenas um único comprador. Ex. Região em que há diversos produtores de leite e uma Cooperativa que compra seus produtos, que tem condições de impor o preço;

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5) OLIGOPSÔNIO: Existência de um pequeno número de compradores ou ainda em que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no mercado. Ex: Indústria automobilística, constituída por um pequeno número de empresas, tem um poder oligopsolista em relação à indústria de auto-peças. 6) POLIPSÔNIO:

Existência de um grande número de compradores de uma determinada linha de produtos no mercado. Mercado fluido.

7) CONCORRÊNCIA

Polipólio bilateral. Concorrência imperfeita.

8) CONCORRÊNCIA PERFEITA:

Caracterizado pelos seguintes fatores: a) Grande número de pequenos vendedores e compradores: Cada um, individualmente, representa muito pouco no total do mercado (mercado atomizado) b) O Produto transacionado é homogêneo: Todas as empresas participantes do mercado fabricam produtos rigorosamente iguais, que não se distinguem por qualidade, marca, rótulo, etc (produto padronizado). c) Mobilidade: Qualquer empresa pode entrar e sair do mercado a qualquer momento, sem qualquer restrição das demais concorrentes, tais como práticas desleais de preços, associações de produtores visando impedir a entrada de novas empresas, etc; A mão de obra e outros insumos utilizados na produção podem facilmente ser deslocados da fabricação de uma mercadoria para outra; d) Permeabilidade: Não há barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam ou querem atuar no mercado. Não há barreiras técnicas, financeiras, legais, emocionais ou qualquer outra; e) Transparência: Não há qualquer agente que detenha informações privilegiadas. Todos têm acesso e todos pactuam em igualdade de condições, de decisões dela decorrentes. Se, por exemplo, uma empresa obtiver uma inovação tecnológica no processo produtivo, as outras saberão deste fato imediatamente; f) Preço-limite:Nenhum vendedor de produto ou recurso pode praticar preços acima daquele que está estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das forças de oferta e procura. Em contrapartida nenhum comprador pode impor um preço abaixo do de equilíbrio. O Preço-limite é dado pelo mercado. Defini-se impessoalmente. Resulta das forças que nenhum agente é capaz de comandar. Como se percebe, o mercado de Concorrência Perfeita não é facilmente encontrado na prática. Os que mais se aproximam são os mercados de produtos agrícolas.

O Mercado de Concorrência Perfeita é estudado pelos economistas para servir de Paradigma (referencial de perfeição), para análise dos outros mercados.

CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTCA:

Trata-se de um mercado em que, apesar de haver um grande número de produtores, (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais. A diferenciação se dá por meio das características do mesmo, tais como: qualidade, marca (griffe), padrão de acabamento, assistência técnica, etc.

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Características principais:

a) Competitibilidade: é elevado o número de concorrentes com capacidade de competição relativamente próximas;

b) Diferenciação: O produto de cada concorrente apresenta particularidades capazes de distingui-los dos demais e de criar um mercado próprio para ele.

c) Substitutibilidade: Trata-se de um atributo que fica exatamente entre a insubstitutibilidade do monopólio puro e a plena homogeneidade da concorrência perfeita. A substituição não é perfeita. Ex. mercado de sêmen. Cada um possui características próprias e diferenciadas, porém a inseminação artificial da matriz pode ser feita por uma grande variedade, todos reprodutores de alta linhagem e alto valor genético.

d) Preço-prêmio: a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende do grau de diferenciação percebido pelo comprador. Depende também de outros fatores, tais como: localização dos demais concorrentes, esforço mercadológico, capacidade de produção, disponibilidade do produto, etc.. A diferenciação, quando percebida e aceita, pode dar origem a um preço-prêmio, gerando resultados favoráveis e estimuladores.

e) Baixas barreiras: Há relativa facilidade para ingressos de novas empresas no mercado. A diferenciação é praticamente a única dificuldade.

A CONCORRÊNCIA IMPERFEITA : Situação de mercado entre a concorrência perfeita e o monopólio absoluto. Corresponde à grande maioria das situações reais. Caracteriza-se pela possibilidade dos vendedores influenciarem a demanda e os preços por vários meios: diferenciação de produtos, publicidade, dumping, cartéis, ...

ASSOCIAÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS

ACORDO DE CAVALHEIROS

CARTEL

TRUSTE

HOLDING

A FIRMA RECEITA

Soma de todos os valores recebidos por uma empresa num determinado período. É formada pelas vendas a vista, pela parcela recebida das vendas a crédito, pelos rendimentos de aplicações financeiras e por outros rendimentos. (Cash)

$

Q

CUSTOS CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS:

QUANTO À SUA INCIDÊNCIA NA PRODUÇÃO:

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A. Custos diretos: valores gastos na fabricação e comercialização do produto. Elementos que atuan diretamente na produção. Podem ser imediatamente apropriados a um só produto ou serviço. Ex.: Matéria prima.

B. Custos indiretos: Remuneração dos elementos indispensáveis à produção, mas que não colaboraram diretamente no processo. Dependem de rateio para sua apropriação no Preço de Venda do produto ou serviço. Ex.: Salário do pessoal administrativo.

QUANTO AO VOLUME DE PRODUÇÃO:

A. Custos fixos: Independem da quantidade produzida. Ocorrem quer a empresa esteja funcionando ou não. Também chamados de custos programados.

$

Q

B. Custos variáveis: Variam proporcionalmente à produção. Tem seu crescimento ou decréscimo condicionado ao volume produzido.

$

Q

CUSTOS TOTAIS

Somatória de todos os custos (fixos e variáveis) necessários à produção de um bem ou serviço.

$

ct

Q

CUSTO MÉDIO Custo total dividido pela quantidade produzida. Também chamado CUSTO UNITÁRIO.

IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS CUSTOS

• Estabelecimento do preço de venda. ( ∑ de todos os custos + lucro)

• Condições para enfrentar a concorrência (↓ custos).

• Conhecimento do nível de lucratividade da Empresa.

• Estabelecimento de metas.

• Determinação do resultado operacional.

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PONTO DE EQUILÍBRIO Ponto que define o volume de vendas (produção) em que uma empresa não ganha nem perde dinheiro: apenas cobre seus custos. Além deste ponto, a empresa começa a apresentar lucro; abaixo, sofre perdas.

R $ CT

pe

Q

PREÇO DE VENDA Contabilmente, o estabelecimento do preço de venda de um bem ou serviço se dá através da somatória do custo médio, acrescido da margem de lucro desejada e dos impostos incidentes sobre a produção e comercialização. Economicamente, sabe-se que é necessário analisar a quantidade que se deseja produzir e vender, o preço que a concorrência está praticando, ...

SISTEMA MONETÁRIO

ESCAMBO

Trocas diretas em espécie Primitivo sistema de trocas, sem intervenção de moeda ou sistema monetário. Sistema monetário inexistente ou não desenvolvido.

Inconvenientes: Dificuldade em encontrar produtores com necessidades opostas. Desacordo sobre relação de valor. Desacordo sobre qualidade. Diversidade em quantidades necessárias. Variedade de ofertas.

MOEDA

Algo geralmente aceito em troca de B/S. Imperfeição do sistema de trocas. A princípio mercadorias-moeda: raras e necessárias. Difícil operacionalização e praticidade: indivisíveis

diferença na qualidade perecíveis transporte

METALISMO (só pode adquirir valor o que tem valor) Agentes monetários preferenciais; aceitação universal: raros

estáveis fracionáveis homogêneos

Problema: pesagem balança sensível cunhagem recunhagem inflação (teoria quantitativa). Entalhes visavam diminuir fraudes. Cédulas: escassez de metais preciosos. FUNÇÕES DA MOEDA: facilitador das trocas instrumento geral de pagamentos (liquidez)

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denominador comum de valores reserva TIPOS DE MOEDA: Moeda metálica: ouro e prata (mercadoria) divisionária (troco) Moeda fiduciária: Papel moeda (inconversível, curso forçado) Moeda papel (conversível) Moeda escritural (bancária) Cheque (curso livre): representante de depósito à vista Cartão de crédito (curso livre): crédito VALOR DA MOEDA: Poder aquisitivo. QUASE-MOEDA Haveres não monetários, de alto índice de liquidez, negociabilidade, rentabilidade, segurança. Substitutos muito próximos da moeda. Depósitos em caderneta de poupança Depósitos em CBB, RDB, ... Letras de câmbio Letras Financeiras do Tesouro, ...

POLÍTICA MONETÁRIA É um conjunto de medidas adotadas pelo governo visando a adequar os meios de pagamento disponíveis às necessidades da economia do país. Na maior parte dos países, o principal órgão executor da política monetária é o Banco Central, encarregado da emissão de moeda, da regulação do crédito, da manutenção do padrão monetário e do controle de câmbio. A Política Monetária pode recorrer a diversas técnicas de intervenção, controlando a taxa de juros por meio da fixação das taxas de redesconto cobradas dos títulos apresentados pelos bancos, regulando as operações de open market ou impondo aos bancos o sistema de reservas obrigatórias para garantir a liquidez do sistema bancário. Em relação ao crédito, podem ser adotadas medidas restritivas ou práticas seletivas. • As restritivas ocorrem em períodos de elevada inflação ou crise no balanço de pagamentos. Consiste na fixação dos limites de crédito bancário e na redução dos prazos de pagamento dos empréstimos. • As seletivas visam direcionar o crédito para as atividades mais rentáveis e produtivas da economia. No Brasil e em outros países, a política monetária constitui atualmente um instrumento de combate aos surtos inflacionários.

CRÉDITO (credere - confiar) Antecipação do poder aquisitivo.

CRÉDITO É a troca de uma quantia presente por uma quantia futura: é um empréstimo de moedas ou mercadorias. O crédito que alguém ou uma instituição outorga a uma pessoa, permite adiar o cumprimento de uma obrigação ou transação para oportunidade posterior. Há diversos tipos de créditos, de diferentes pontos de vista. • Crédito Público: proporcionado pelo Estado e empresas públicas. • Crédito Privado: originado nas pessoas e nas instituições privadas. Quando o Estado apela para o crédito, aumenta a dívida pública – que pode ser interna ou externa. Conforme o prazo concedido para o cumprimento da obrigação, o crédito pode ser a curto, médio ou longo prazo. No Brasil, considera-se curto prazo o que não passa de um ano (30, 60 ou 90 dias são os mais usuais) e longo o que se excede 5 anos.

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IMPORTÂNCIA DO CRÉDITO Em toda economia de trocas, o crédito ocupa um lugar proeminente no desenvolvimento econômico. Este mecanismo permite, desenvolver e ampliar diferentes atividades. BANCOS São as mais importantes instituições creditícias, e podem ser: estatais, particulares ou mistos, organizando-se como sociedades anônimas, salvo os estatais e particulares. O Estado concede a um deles a faculdade de emitir papel-moeda, o qual passa a chamar-se “privilegiado”. No Brasil o banco privilegiado é o Banco Central, de tipo estatal. As operações mais comuns de um banco são os depósitos, que podem ser em conta corrente, que podem ser retirados mediante cheques de uma só vez ou parcelas. Os depósitos podem ser a prazo, quando é determinada uma data para o dinheiro ser retirado, e em custódia, que são feitos para guardar dinheiro. Taxa de Câmbio: Preço de uma moeda expressa em outra. Paridade do Poder de compra. i/d=1 Mecanismos: Taxa de câmbio flexível: Sem intervenção do Banco Central. Determinada pela oferta e demanda. Taxa de câmbio fixa: rigidamente determinadas pelo Banco Central. Taxa de câmbio administrada: (ajustada) flutua dentro de um limite pré-estabelecido pelo Banco Central, de acordo com a política econômica (de exportações/importações) do país. (chamado de flutuação suja). Cassel: A taxa de câmbio exprime que o andamento médio do curso de câmbio é resultante da relação entre o nível de preços internos dos mercados que se defrontam POLÍTICA CAMBIAL Representa uma série de medidas no sentido de resguardar o valor externo da moeda de um país. Quando um país enfrenta crônicos déficits em sua balança de pagamentos, ocorre sensível deterioração no valor de sua moeda o mercado externo, obrigando-o a adotar severos controles cambiais. A economia brasileira, por decênios vem adotando permanente política de controle dos meios de pagamento e do câmbio, procurando um relativo grau de estabilidade da moeda no mercado internacional. O câmbio representa a troca de moedas entre países. Essa troca de dinheiro de um país por quantia equivalente em dinheiro de outro país tem por objetivo liquidar as dívidas de um país com outro, sem interferência da moeda. Pelas operações de câmbio evita-se a circulação da moeda metálica, substituída pela cambial, também conhecida por letra de câmbio. Exemplificando, se determinado comerciante ou industrial brasileiro necessita adquirir uma máquina em Londres, Nova Iorque, Roma ou Paris, para evitar a remessa de reais correspondentes ao preço do produto, o interessado na compra adquire, em banco, uma cambial, mediante o depósito equivalente em reais, ao valor em libras, dólares, libras ou francos. A cambial, correspondendo a uma ordem de pagamento a favor do vendedor da máquina, concretiza a transação, sem necessidade de utilização da moeda metálica. O valor da moeda interna de um país frente ao valor de moeda externa é altamente sensível em razão de causas econômicas e financeiras de natureza endógena ou exógena, isto é, determinadas dentro do país ou originadas externamente. A balança comercial brasileira, até 1995, se mantinha habitualmente positiva. A partir de 1996, porém, se tornou negativa, somando seu débito aos volumes também negativos e crescentes de balança de pagamentos, obrigando maior vigilância na política cambial do país. Sem dúvida, a política cambial é afetada pelos desequilíbrios nas balanças de pagamentos e comercial, a consumirem reservas eventuais de divisas, onerando o valor das cambiais e obrigando o país em déficit a contrair empréstimos compensatórios ou a limitar suas importações. Nos últimos 60 anos a política cambial brasileira sofreu constantes alterações, ante uma conjuntura internacional adversa, com conflitos como as guerras do Vietnã e Coréia, após a segunda guerra mundial, as normas protecionistas ressurgindo no mercado mundial, os

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subsídios à agricultura nos países europeus e inúmeras outras causas a somarem-se, em prejuízo à economias emergentes, como no caso do aumento do petróleo dos Emirados Árabes. O sistema bancário brasileiro é o da centralização que se processa por intermédio das diretivas do banco central. O banco oficial é o Banco do Brasil. A emissão é procedida pelo tesouro nacional, por intermédio da casa da moeda. POLÍTICA FISCAL O governo, para alcançar os objetivos a que se propõe, utiliza a política econômica. Esta geralmente é feita mediante os instrumentos que a política fiscal e monetária oferecem. A política monetária ocupa-se principalmente em controlar a quantidade de dinheiro e a taxa de juros. A política fiscal: integram a política fiscal os programas de governo relacionados com a compra de bens e serviço, o gasto de transferências e a quantidade e o tipo de impostos. As decisões do governo que se referem ao gasto público e aos impostos constituem a política fiscal. As receitas públicas são as receitas do Estado obtidas basicamente por meio dos impostos. Os impostos são as receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para os sujeitos contemplados por ela. O mesmo ocorre com o gasto público, o governo pode atuar sobre a economia utilizando os impostos. Se o imóvel de atividade econômica é relativamente baixo e existe um volume considerável de desemprego, o governo pode reduzir os impostos com o objetivo de impulsionar a demanda de consumo. Inversamente, se a demanda agregada está superior à capacidade produtiva do país, uma estratégia possível é elevar os impostos. O orçamento do setor público é uma descrição de seus planos de gasto e financiamento. As atitudes do setor público em relação aos gastos públicos e aos impostos estão espalhadas no orçamento. O orçamento do setor público pode ser definido da forma esquemática que se segue: Orçamento do setor público Se as receitas públicas superam o gastos públicos, haverá um superávit orçamentário. Pelo contrário, haverá um déficit orçamentário quando as receitas públicas forem menores que os gastos públicos. O orçamento estará equilibrado quando a receita pública for igual ao gasto público.

AUTORIDADES MONETÁRIAS

Conselho Monetário Nacional Órgão normativo do sistema financeiro nacional, criado na reformulação do sistema em 64,

pela lei 4595. É presidido pelo Ministro da Fazenda, sendo o Ministro do Planejamento o vice. Este órgão se reúne no Ministério da Fazenda, em Brasília. Suas decisões geram resoluções

que são publicadas. Tais resoluções já ultrapassam 2000, desde sua criação. As funções do conselho são:

Controle Monetário: controla e estabelece limites para a emissão de moeda. Política Cambial: por delegação o BACEN cuida desta questão no dia a dia.

Orientar as operações financeiras Cuidar para o aperfeiçoamento das instituições financeiras Zelar pela liquidez do sistema Coordenar políticas monetárias, creditícia e da divida pública e externa Operações especiais, tais como subsídios a setores da economia.

Banco Central do Brasil Órgão executivo, criado pela lei 4595 de 31/12/64, ocupante das funções da antiga SUMOC ( superintendência da moeda e do crédito ). Seus principais objetivos são o controle monetário ( inflação ), equilíbrio do Balanço de Pagamentos e estímulo da economia nacional. O presidente do Banco Central é escolhido pelo presidente do Brasil, e deve ser sabatinado pelo senado federal, para que possa ocupar o cargo.

Suas principais funções são: Controle Monetário Serviço do meio circulante Autorizar o funcionamento das instituições financeiras

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Fixar normas para o funcionamento das instituições financeiras Fiscalização Depositário das reservas internacionais no Brasil Controle sobre o capital estrangeiro no Brasil Política cambial Fixa e recolhe os depósitos compulsórios

FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL

Fundo Monetário Internacional. Criado em 1944, pelo Acordo de Bretton Woods, é o organismo financeiro da Organização das Nações Unidas-ONU, com sede em Washington-EUA, para corrigir desequilíbrios no balanço de pagamentos dos países-membros que possam comprometer o equilíbrio do sistema econômico internacional. Geralmente, o auxílio do FMI incorre em medidas econômicas ortodoxas de equalização fiscal e cortes de gastos públicos.

INFLAÇÃO Inflação: excesso de procura de bens e serviços sobre a oferta, aos preços correntes. É fenômeno da alta constante do nível geral de preços. Principal característica da inflação: processo depreciativo da moeda ou a elevação incontida da sua quantidade em circulação. TIPOS DE INFLAÇÃO •Inflação de custos •decorrente do aumento dos custos relacionados com a oferta de bens e serviços: •aumento do preço da matéria-prima •aumento do custo da mão-de-obra •aumento da margem de lucro •inflação de demanda • provocada por um aumento de demanda, sem o consequente aumento da oferta • aumento de oferta monetária (Teoria monetarista) • por redução da oferta de bens e serviços, a uma demanda constante •inflação mista (custos-demanda) •num segundo momento, a inflação de demanda acaba por transformar-se em inflação de custos, eis que não existe bem ou serviço que não se pres-te à transformação. ABORDAGENS •inercialista • inflação presente resulta da inflação passada • mecanismos de controle acabam retroalimentando o processo • vincula-se a causas circunstanciais •estruturalista •raízes estruturais •inelasticidade da oferta de produtos agrícolas •desequilíbrio crônico das contas externas •má distribuição da riqueza e da renda •rigidez dos orçamentos públicos • descontrole da política econômica. Causas externas da inflação: política tributária, gastos públicos vegetativos, balanço de pagamentos deficitário, saldos na balança de pagamentos não-aproveitados. Deflação

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Conjunto de medidas objetivando a normalidade do nível geral de preços. São medidas corretivas que devem ser aplicadas com muita cautela. Com a adoção de processos deflacionários, procura-se um retorno à estabilidade econômica e financeira rompida com a inflação, porém a política deflacionária pode gerar ciclos recessivos mais prejudiciais do que os inflacionários. Inflação no Brasil: não deve ser analisada apenas do aspecto monetário, pois ela também nasce, evolui e persiste por causas e efeitos de natureza social, política e econômica.

COMÉRCIO INTERNACIONAL Auto-suficiência: não existe (economias fechadas). Mercantilismo: Produção essencialmente voltada à exportação, não ao Comércio Internacional. Fisiocratas: “Lassez faire, lassez passer.” Conseqüência da diferentes dotação dos fatores de produção pelo planeta. Ex.: Maior produtor mundial de petróleo: Arábia Saudita. 100% das exportações da A.S. são petróleo. Importação: Complementação da produção de cada economia, buscando o equilíbrio geral. Exportação: Pagamento das importações e escoamento do excedente da produção. Composição do Comércio Internacional: 1. Transações correntes:

Balança comercial: Exportações e Importações: (Produtos - exportações visíveis) Balança de serviços: (exportações invisíveis) : transporte, viagens internacionais,

seguro, renda de capitais, ... Transferências unilaterais.(doações, salários de brasileiros no exterior, ...)

2. Movimentos de capital: Investimentos, empréstimos, amortizações. Investimento: Capital de risco: Formação de multinacionais. Capital de empréstimo: BALANÇA COMERCIAL: resultado das transações comerciais (visíveis) entre países. E – I = + Superávit comercial E – I = - Déficit comercial => empréstimos compensatórios => dívida externa BALANÇO DE PAGAMENTOS: resultado de todas as transações internacionais entre países. Tendência atual e futura: Formação de blocos comerciais entre países pares (com situação econômico-produtiva semelhante), com tratados de preferência comercial, livre câmbio (comércio internacional sem entraves legais ou aduaneiros) e LIVRE CIRCULAÇÃO DE FATORES. Ex.: C.E.E., Mercosul. Vantagens do Comércio Internacional: - Expansão do mercado - Especialização (Teoria das vantagens comparativas) - Diminuição de custos por economia de escala - Atualização tecnológica (cria condições para o crescimento). - Aumento do volume de empregos (Aumento da renda). - Equilíbrio geral. Desvantagens do Comércio Internacional: (países pobres). - Produção para exportação (não de acordo com a vocação produtiva). - Manutenção de baixos salários para não prejudicar exportações. - Renúncia fiscal. - Países pobres: venda de M.P. e semi-elaborados para pagamento de importações. - Déficit constante: compra de produtos caros e vendas de produtos baratos. - Falta interna de produtos. MECANISMOS DE PROTEÇAO DO MERCADO INTERNO: (Protecionismo) Barreiras alfandegárias: taxas de importação (tarifas aduaneiras) e estabelecimento de cotas máximas. Utilizado principalmente por países subdesenvolvidos.

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Barreiras qualitativas: regulamentação qualitativa, sanitárias ou de defesa do consumidor, muito mais minuciosas que para o produto nacional. Países desenvolvidos – Alemanha – normas DIN. Barreiras psicológicas ou mentais: formação de mentalidade que privilegie o produto interno : Chauvinismo ou Xenofobia.

DESENVOLVIMENTO E SUBDESENVOLVIMENTO

CRESCIMENTO ECONÔMICO

Aumento da produção, decorrente do aumento da capacidade produtiva. Causas: Aumento dos fatores de produção

Mudanças tecnológicas Mudanças de organização Aumento da produtividade

Crescimento sustentável gera desenvolvimento.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Processo de mudança (melhoria) social de uma região, gerado por mecanismo endógeno (sustentável) de crescimento econômico. causas: maior industrialização / primário

mudanças nos setores de renda | secundário Aumento da renda per capita \ terciário

Crescimento baseado em fatores exógenos: Instável e dependente: cessando a causa, cessa o crescimento. CARACTERÍSTICAS DAS NAÇÕES DESENVOLVIDAS alta renda per capita assistência e previdência social desenvolvidos poupança aplicada em bens duráveis e bens de capital industrialização setor predominante da produção: secundário excedente econômico

SUBDESENVOLVIMENTO

Não é um processo, mas um estágio. Atividade predominante: primária industrialização escassa latifúndios – aristocracia rural baixa renda per capita / má distribuição da renda baixo consumo de Kw. insuficiência alimentar alta taxa de natalidade alta taxa de mortalidade infantil analfabetismo dependência econômica ao estrangeiro CAUSAS DAS DISPARIDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS NATURAIS: Desigual dotação de recursos naturais

Clima HUMANAS: Diferentes padrões de colonização e cultural / “religião”

Taxas históricas de acumulação de capital Desiguais índices de densidade demográfica e capacitação profissional

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Concentração geográfica do desenvolvimento industrial

I.D.H. Índice de Desenvolvimento Humano Indicador elaborado pela ONU, para medir a qualidade de vida dos países. Compara: renda / pib per capita ajustado

Saúde Educação

ÍNDICES MACROECONÔMICOS (estimativas) PRODUTO (OUT—PUT) : Valor monetário de todos os bens e serviços resultantes da atividade econômica realizada num determinado período. RENDA: Valor de todos os pagamentos feitos aos fatores de produção para a obtenção do PRODUTO. PRODUTO NACIONAL BRUTO: Valor monetário da produção nacional, num determinado período, incluindo investimentos. PRODUTO NACIONAL LIQUIDO: P.N.B, - depreciação. RENDA NACIONAL: Valor das remunerações pagas a todos os fatores empregados no processamento das atividades econômicas da produção. (salários + lucros + Juros + aluguéis) RN. = P.N.L. - impostos indiretos + subsídios = P.N.L. ao custo dos fatores RENDA PESSOAL: R.N.- pagamentos de transferência RENDA PESSOAL DISPONÍVEL : R.P. - impostos diretos = Renda a disposição para consumo e poupança. PRODUTO INTERNO BRUTO: Valor monetário dos bens e serviços realizados dentro das fronteiras geográficas de um pais, num determinado período ≠ entre P.I.B. e P.N.B. = Renda Líquida do exterior RENDA PER CAPITA

TRABALHO fator ativo da produção. Atividade humana, física ou intelectual, voluntária, consciente, remunerada, encaminhada a produção de bens e serviços ou troca.

Pode ser: qualificado Não qualificado Especializado

Quando há excedente de mão de obra, as pessoas buscam se qualificar e depois especializar para conseguir uma melhor remuneração.

TAXA DE OCUPAÇÃO - população economicamente mobilizável – número de pessoas que podem trabalhar em determinado país. No Brasil, entre 16 e 65 anos.

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- população economicamente ativa – toda pessoa, dentro da faixa etária produtiva, que não esteja impedida de trabalhar. (estudante integral, dona de casa, réu cumprindo pena, etc). - população ocupada – os que estão empregados, indivíduos que exercem algum tipo de atividade remunerada. No Brasil, 66 milhões. - Taxa de ocupação = p.o / n

No Brasil = 66.000.000 / 160.000.000 = 43%

DESEMPREGO Parcela da PEA que quer trabalhar e não encontra emprego. tipos de desemprego involuntário:

- conjuntural: gerado pela conjuntura da época. - cíclico: crescimento e recessão, - estrutural: faz parte da região (NE) - tecnológico: entre a qualificação exigida e a mão de obra

desocupada - friccional: atrito entre a procura por profissionais (vagas

abertas) e os desempregados - normal: busca de emprego melhor pelo trabalhador - sazonal: empregos de época (papai noel, bóia-fria, etc)

Subemprego

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Panorama da Economia Brasileira Contemporânea João Sayad (2002)

O Brasil tem mais de 8,5 milhões de km2 de área e população de 169 milhões de habitantes, sendo de 70 milhões a sua população economicamente ativa. Em 2000, a renda per capita do país foi de US$ 3,5 mil anuais e sua produção, no conceito de produto nacional bruto, foi de US$ 700 bilhões, o que o caracteriza como a maior economia da América Latina e a oitava do mundo.

A história da economia brasileira durante o período colonial foi marcada pela especialização em diversos produtos que interessavam à metrópole portuguesa. No início da colonização, concentrou-se na produção de pau-brasil; mais tarde, entre os séculos XVI e XVII, na produção de cana-de-açúcar; e, entre os séculos XVII e XIX, na extração do ouro. A partir da segunda metade do século XIX, o país passou a ser um dos maiores produtores de café do mundo.

A grande depressão de 1929 marcou um período importante para a economia brasileira. Diminuiu sensivelmente a importância do café, e o processo de industrialização, que já se iniciara anteriormente, passou a ser mais significativo devido à desvalorização cambial e ao estabelecimento de uma política de câmbio diferenciada.

O período do pós-guerra foi marcado por um rápido processo de substituição de importações que começou no setor de produção de bens de consumo e foi avançando verticalmente para trás, chegando à produção de bens de capital e de insumos básicos, particularmente nos anos finais da ditadura militar imposta pelo golpe de 1964, quando foi implementado o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, na gestão do então presidente Ernesto Geisel (1974-79).

Hoje, a indústria brasileira representa 20% da produção nacional, a agricultura outros 20%, e o setor de serviços, 60%. A maior parte da população brasileira se concentra nas áreas urbanas, particularmente nas grandes cidades. O índice de urbanização do país é de 75%, chegando a 93% em algumas regiões, como acontece no estado de São Paulo.

A inflação foi a marca distintiva da economia brasileira, assim como de quase todas as economias latino-americanas. Desde 1948, quando a Fundação Getúlio Vargas começou a computar os índices gerais de preços, a inflação brasileira sempre foi muito elevada, sempre crescente e na maior parte do tempo atingindo valores superiores aos dois dígitos anuais. A inflação se acelerou rapidamente nos anos 60, a partir do final do governo de João Goulart, sucessor do presidente Jânio Quadros, que renunciou ao cargo após a implementação de um plano de reformas econômicas que acabava com o subsídio às importações e desvalorizava o câmbio em 100%. Em 1964, o governo foi deposto por um golpe militar e uma série de novas reformas foi implementada. Entre as mais importantes está a autonomia às empresas estatais, que passaram a se organizar por setores: elétrico, com a Eletrobrás; siderúrgico, com a Siderbrás; do petróleo e petroquímica, com a Petrobrás, e de comunicações, com a Telebrás.

O governo militar estabeleceu uma rígida política salarial, que derrubou a taxa de inflação, e criou uma legislação que permite a correção monetária dos impostos e dos ativos financeiros e, finalmente, a partir de 1967, as minidesvalorizações cambiais. A economia brasileira passou a ser uma economia altamente indexada e com taxas decrescentes de inflação graças ao controle dos salários e à repressão do movimento sindical.Em 1974, com a crise do petróleo, a inflação voltou a subir e o governo militar anunciou o início do processo de abertura política. O segundo choque do petróleo, em 1979, e a crise da dívida externa, em 1982, marcaram o início de um período bastante difícil para a economia brasileira, com a interrupção dos empréstimos externos e com a elevação da taxa de inflação a níveis inéditos mesmo para o Brasil.

Em 1985, com o final do governo militar e o fim da lei salarial, os trabalhadores começaram a demandar correções cada vez mais freqüentes nos salários, com repercussão imediata sobre a taxa de inflação. A partir de 1986 o Brasil passou por diversos planos de estabilização econômica. O primeiro deles, o Plano Cruzado (1986), acabou com a correção monetária e com a indexação, estabelecendo um congelamento geral de preços. O plano fracassou e outras tentativas foram feitaó: Plano Bresser, em 1987; Plano Verão, em 1988; e Plano Collor, em 1990. Este último se diferenciou dos demais pelo confisco de 80% dos ativos financeiros, inclusive depósitos à vista, jogando a economia num processo recessivo, ao mesmo tempo em que dava início ao processo de redução das tarifas de importação.

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Em março de 1994 foi renegociada a dívida externa brasileira nos moldes da renegociação de outros países da América Latina. Em julho desse mesmo ano foi lançado o Plano Real, que, com preços livres, derrubou a taxa de inflação e reduziu ainda mais as tarifas comerciais. O câmbio foi fixado a valores nominais constantes e a inflação caiu sensivelmente. Depois de muitos anos de superávits comerciais expressivos, a economia brasileira passou a apresentar déficits.

Em termos de inflação, a economia brasileira passou por modificação radical após o Plano Real. Em termos de crescimento, a estratégia adotada pelo Plano Real e o próprio ritmo de crescimento das economias mundiais são menos alvissareiros.

A administração que assumiu o governo federal em 1995, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, teve como objetivo principal aprovar no Congresso Nacional um grande conjunto de reformas da Constituição Federal de 1988. O objetivo é repreparar e adaptar a Constituição brasileira para as características atuais da economia mundial: grande mobilidade de capital, rápido crescimento dos investimentos estrangeiros, a desregulamentação de mercados e, particularmente, flexibilização das regras de contratação de mão-de-obra. Entre as reformas destaca-se o fim do monopólio em áreas como a do petróleo e a de telecomunicações.

O governo FHC foi rápido e eficaz na estratégia de privatização. Todo o setor siderúrgico nacional passou para as mãos da iniciativa privada, assim como o setor petroquímico e o de fertilizantes. O setor de energia elétrica, na área de distribuição e geração regional, foi privatizado completamente, restando agora a privatização das grandes produtoras de energia, como Furnas, as usinas da CESP, estadual, e as Centrais Hidroelétricas de São Francisco, entre os nomes mais representativos. A crise de energia de 2001 e a concordata da Enron nos Estados Unidos reduziram o entusiasmo pela privatização no setor. Todo o setor de telecomunicações - a Telebrás e as várias empresas telefônicas estaduais, tanto as fixas como as de telefonia móvel - foi privatizado na segunda metade de 1998. Assim, a privatização deixa de ser um objeto prioritário da estratégia do governo, por ter sido implementada quase completamente.

A população brasileira cresce mais lentamente desde meados dos anos 70 e começa a apresentar idade média maior. O sistema previdenciário brasileiro é organizado na base do sistema de repartição, no qual as contribuições dos trabalhadores ativos financiam as aposentadorias dos inativos. Tal sistema se torna inviável financeiramente quando a idade média da população se eleva. O problema é agravado no Brasil pelo fato de a aposentadoria ser concedida por tempo de serviço (30 anos para a mulher e 35 para o homem) e incluir vários privilégios para categorias especiais - professores e juízes, por exemplo. Além disso, a Previdência Social é um sistema muito grande e centralizado, o que permite falhas administrativas graves, corrupção e elevada sonegação fiscal. O déficit financeiro das aposentadorias é reduzido no momento atual, mas estima-se que seja potencialmente grande no futuro. Esta área também passou por processo de reestruturação. Hoje a aposentadoria depende do número de anos de contribuição.

A economia brasileira apresenta grande potencial de crescimento e conta com um significativo mercado consumidor, mesmo considerando-se a distribuição de renda, que, segundo dados de 1995 e considerando apenas seis das nove regiões metropolitanas brasileiras, fazia com que os 20% mais ricos destas regiões recebessem 63% da renda, enquanto os 50% mais pobres ficassem com apenas 12%. De acordo com outros indicadores e com a pesquisa sobre as condições de vida no mundo, realizada pela ONU em 1996, a renda média dos 10% mais ricos da população é cerca de 30 vezes superior à renda média dos 40% mais pobres. Em outros países, onde a distribuição de renda é mais equilibrada, os mais ricos ganham em média dez vezes mais do que os mais pobres.

Os investimentos na produção de automóveis, televisões e outros eletrônicos, TV a cabo, TV por assinatura, cerveja e refrigerantes, cimento e outros produtos que atendem ao mercado interno têm crescido rapidamente desde 1994 - o que demonstra a expectativa do setor privado no bom desempenho da economia e particularmente no crescimento do mercado interno, que foi tão duramente afetado pela instabilidade que vigorou no País desde meados dos anos 80.

Em janeiro de 1999, após perder grande volume de reservas cambiais desde a crise da Rússia de outubro de 1998, o Banco Central abandonou o sistema de taxas cambiais fixas que podiam oscilar dentro de bandas, que representava grande ameaça à estabilidade do país. O câmbio se desvalorizou nos primeiros dois meses em quase 60% e depois recuou para desvalorização da ordem de 30% com relação à taxa fixa final de 1998. Os resultados foram surpreendentemente positivos - a taxa de inflação se elevou, mas menos do que todos esperavam. Os fluxos financeiros internacionais se recompuseram também muito rapidamente.

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E a recessão projetada em decorrência da desvalorização é menor do que todos temiam. A economia brasileira ficou livre de um obstáculo que impedia as exportações e os investimentos na produção de exportáveis e de importáveis, e que preocupava a todos os analistas, sem comprometer a estabilidade do valor da moeda e a saúde do sistema financeiro. As taxas de juros se mantiveram com níveis elevados em termos reais, exigindo que o governo mantivesse elevados superávits primários (de ordem de 3,5% do PIB).

Para o longo prazo, o crescimento da economia depende, a partir de agora, do desempenho dos diversos setores da economia. O País possui um dos parques industriais mais diversificados e completos da América Latina e mesmo de todo o Hemisfério Sul, e, portanto, tem um grande potencial de crescimento quando se considera a experiência, a cultura empresarial e o tamanho do mercado.

Em relação à agricultura, o mesmo tipo de observação é possível. Esta conseguiu ocupar áreas de solo consideradas improdutivas no passado - os cerrados - pelo aprimoramento de variedades desenvolvidas em laboratórios nacionais, especialmente adaptadas à região. E ainda, mostrou dinamismo e iniciativa ao introduzir novos produtos, como soja, açúcar, laranja e outras frutas, além de novas variedades de café, o produto tradicional do país. A agricultura brasileira, no que toca a produtividade e flexibilidade, é de elevada qualidade, sendo liderada por agricultores e empresários muito diferentes do estereótipo do velho coronel que caracterizava a agricultura brasileira na primeira metade do século XX.

Entretanto, a reforma agrária continua a ser um problema importante quando se considera a distribuição de renda, a concentrada distribuição da propriedade da terra e o crescimento exagerado das grandes cidades brasileiras. O Movimento dos Sem Terra agrega grande contingente de trabalhadores rurais e desempregados que ameaça a propriedade rural e parece não se contentar com a desapropriação e distribuição, catalisando o descontentamento de importante parcela da população brasileira em relação ao estilo de crescimento.

A questão mais relevante no longo prazo se refere aos resultados esperados do novo modelo mundial de crescimento. A se aplicarem no Brasil, os resultados observados na economia mundial desde o início dos anos 80 indicam que o novo modelo tem gerado economias com baixa taxa de inflação por um lado, mas, por outro, com baixo ritmo de crescimento e elevado nível de desemprego.

Para países como o Brasil, que, de partida, tem elevado nível de desemprego estrutural, distribuição de renda concentrada, baixo nível de escolarização e renda média baixa, a expectativa de repetição deste padrão de desempenho (inflação baixa e desemprego elevado) representa uma ameaça séria. Mais do que isso, é alternativa inviável, quer econômica ou politicamente.

Este é o verdadeiro desafio a ser enfrentado no Brasil - e se agrava quando lembramos que o país continuará, fortemente inserido nos mercados financeiros internacionais. Não existem alternativas de políticas disponíveis, a não ser grandes investimentos na área social e investimentos públicos em infra-estrutura e tecnologia.

O forte desequilíbrio financeiro do setor público brasileiro, decorrente da estratégia de política de câmbio fixo e juros altos, impede que estes investimentos sejam realizados em volume e tempo necessários para que o longo prazo possa ser apresentado como alvissareiro. Por outro lado, diferentemente de outros países, a nova vida e organização política do país, com ampla liberdade de expressão e representação política, anulam o risco da existência de bolsões de insatisfação ou revolta que a difícil situação social do país poderia sugerir.

Talvez esta seja a característica mais positiva e promissora do Brasil. Um país de herança ibérica e cultura autoritária, com passado de grande instabilidade política, que apresenta como aspirações mais importantes a prosperidade e a liberdade. Estas características permitem concluir que a sociedade brasileira, assim como sua economia, passa por um período de grandes transformações, que são ao mesmo tempo promissoras e difíceis de serem realizadas.

Informações complementares podem ser obtidas em sites como os seguintes: http://www.fazenda.gov.br/ http://www.mdic.gov.br/ http://www.bndes.gov.br/ http://www1.bcb.gov.br/ http://www.ipea.gov.br/ http://www.mpo.gov.br/

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As três vias de constituição do capitalismo

O caminho clássico: Os países líderes do capitalismo construíram seu desenvolvimento pela via clássica. Nesses países, a partir do século XVIII, ocorreram transformações político-econômicas decorrentes das revoluções democrático-burguesas. O prussiano; representou uma passagem do feudalismo para o capitalismo; foi seguida pelos países de industrialização retardatária, no século XIX., que conquistaram a autonomia econômica, marcados pela ausência de processos democráticos de emancipação. O colonial. Soma do atraso econômico ao democrático. A ausência de revoluções democrático-burguesas e a existência de grandes propriedades de terra são algumas das semelhanças entre a via prussiana e a via colonial. A via colonial já nasceu inserida no sistema dominado pelo capital. A forma colonial de construção capitalista gerou uma burguesia sem condições de conquistar a autonomia política de seus países e incapaz de impedir sua subordinação aos pólos dinâmicos das economias centrais. Colonização e expansão do Novo Mundo

Colônias de povoamento: estabelecimento definitivo de europeus no Novo Mundo, que procuravam afastar-se de conflitos internos da Europa (políticos e religiosos). Durante dois séculos, grandes contingentes populacionais migraram para regiões de clima similar ao do local de origem, concentrando-se prioritariamente, na zona temperada. Colônias de exploração centravam-se na produção de gêneros que interessavam ao mercado internacional. A diversidade de condições naturais propiciava a obtenção de gêneros diferentes e atrativos, que ofereciam altas taxas de retorno para os investidores (EX. açúcar: ouro branco). Atraídos por esses estímulos, os colonos desejavam enriquecer e retornar à Metrópole para usufruir de sua nova condição. Os colonos eram empreendedores, mas raramente trabalhadores propriamente ditos; o esforço físico deveria ficar a cargo de outros. A disputa com novos aventureiros de além-mar impôs a necessidade da ocupação efetiva do solo brasileiro. A exploração econômica da colônia, após o extrativismo inicial, concentrou-se na agricultura em grande escala, gerando unidades monocultoras com elevado número de trabalhadores. A falta de mão-de-obra foi solucionada com a escravidão africana. Colonização e pacto colonial

Os principais objetivos da empreitada lusa foram comprometidos porque: os portugueses não haviam encontrado a passagem para as Índias; não desfrutavam das mesmas vantagens extrativas dos espanhóis. A gênese da colonização brasileira ocorreu em razão das lutas políticas no continente europeu, pois os países ibéricos eram vistos como contrapostos aos interesses das outras nações européias. Os portugueses precisavam ocupar as terras para garantir sua posse. Fatores que contribuiram pelo interesse na colônia: Aumento da produtividade agrícola e exportação de manufaturados. Feiras, núcleo das primeiras cidades modernas, ajudando no renascimento comercial e urbano europeu. O incremento do comércio de longa distância e o desenvolvimento de atividades primárias e secundárias da economia geram um novo setor agrícola, impulsionando a manufatura. Companhias de Comércio: organizadas com base nos monopólios e ligadas ao aparelho do Estado. Pacto colonial: Exclusivismo comercial da Metrópole em relação às suas colônias, subordinando-as por meio de medidas econômicas e políticas.

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Os Ciclos Econômicos

Foram imensas as dificuldades para a implantação da agricultura e de atividades extrativas no período do Brasil Colônia. Para atrair o colono, que deveria superar as dificuldades da zona tropical, era necessário oferecer-lhe grandes propriedades de terra, como recompensa pelo grande sacrifício. Convencidos da necessidade de ocupação das terras brasileiras, os portugueses dividiram-na em lotes, denominados capitanias hereditárias, e deram início à produção agrícola na forma de plantation, O Brasil conheceu, então, certo florescimento econômico, mas que não se deu de maneira regular e linear, e sim sob a forma de ciclos econômicos.

A teoria econômica afirma que os ciclos são flutuações nas atividades econômicas da era industrial, ou seja, alternância de períodos de expansão e de contração da economia.

Tendencialmente, as crises cíclicas ocorrem em intervalos periódicos relativamente constantes. Há diversas explicações para o fenômeno e inúmeras propostas para o enfrentamento da questão.

Na história econômica brasileira, o conceito de ciclos econômicos é utilizado para identificar os

movimentos de crescimento e declínio das atividades extrativas ( ciclo do pau-brasil), da produção agrícola ( borracha, cana-de-açúcar, cacau, café) e mineradora ( ouro).

A Produção Açucareira O processo de mudança da mão-de-obra nativa para a negra correu durante a era colonial. Foi mais rápido na região Nordeste, principalmente na Bahia e em Pernambuco, dois grandes núcleos iniciais da produção açucareira, que demandavam a força de trabalho proveniente da África.

No resto do país, a implantação do sistema foi mais lenta. Seu custo fora das zonas nobres do eixo econômico era alto, pois as condições de viagem e os maus-tratos impostos aos escravos reduziam seus quadros pela metade, aumentando seu valor. Resolvido o fator trabalho, a monocultura pôde iniciar-se; eram extensas unidades com grande número de braços locando a produção, sob o olhar ameaçador de um feitor, homem de confiança do proprietário. O engenho, cuja função era produzir açúcar, constituía o centro dessas fazendas. Lá, manipulava-se a cana e criava-se o produto final. Com o passar do tempo, o conceito de engenho se estendeu a todas as terras e culturas, tornando-se equivalente a propriedade canavieira. As extensas terras eram ocupadas principalmente com as grandes plantações, mas também com a agricultura de subsistência e pastagem dos animais.

Desde a sua implantação, no século XVI, até quase o final do século XVIII, a produção açucareira foi o eixo da economia colonial. O açúcar constituía um produto nobre de exportação, por seu destaque no plano internacional. Até o século XVII, a produção cabocla era líder no mercado mundial, só vindo a perder esse lugar quando entraram no cenário americano as produções concorrentes, realizadas na América Central e nas Antilhas.

Assim, os produtores locais tiveram de começar a investir em outros produtos. O tabaco não só teve boa receptividade na Europa como cumpria papel similar à aguardente no escambo feito na costa africana. Sintomaticamente, sua decadência se deu à época da proibição do tráfico negreiro, no século XIX.

Ainda durante o ciclo açucareiro, Lisboa enfrentava dificuldades advindas das invasões holandesas na região Nordeste. Com o domínio castelhano sobre a Coroa lusa, durante o século XVII, unindo a

Península Ibérica sob um único governo, os neerlandeses tornaram-se inimigos de Portugal e, consequentemente, do Brasil. A manutenção dos interesses portugueses ma região Nordeste tornou-se

mais difícil, sendo garantida na ponta das baionetas. Outro dado que aponta a relevância do período em pauta é o aumento territorial brasileiro. A defesa do monopólio açucareiro levou ao alargamento das nossas fronteiras sob o domínio ibérico, com o estímulo ao povoamento de outras faixas de terras, atingindo a região Amazônia.

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“ Outro produto que merece destaque é a aguardente de cana, peça-chave no escambo de escravos.”.

A grande propriedade monocultura é um complexo produtivo com aparelhos mecânicos como a moenda, a caldeira e a casa de purgar açúcar e aguardente. Necessita, além da casa-grande do senhoria e da senzala para os escravos, de instalações acessórias, oficinas, estrebarias e um santuário, elemento ideológico de dominação colonial”.

O Ciclo do Ouro

O ouro brasileiro provocaria grandes mudanças, que levariam ao esgotamento da primeira fase do açúcar. Contudo, o metal não superaria, em cifras de produção global, o montante de recursos que o açúcar forneceu ao longo da história da colônia. Quando surgiu no palco nacional, porém, fez grande alarde, atraindo todas as atenções locais e internacionais. As demais atividades declinaram diante da importância desse metal. O ouro atraiu para Minas Gerais, junto com as classes dominantes, um contingente populacional carregado pelo ilusão do enriquecimento rápido.

É verdade que se buscava ouro desde o início da empreitada mercantil. A descoberta desse metal pelos espanhóis sempre havia alimentado a fantasia lusa de que todo o território americano estivesse repleto de jazidas auríferas, e essa esperança permaneceu viva durante dois séculos de exploração. Comprovam-no as várias expedições que, desde o início, tinham se embrenhado mata adentro. Muitos membros dessas empreitadas pagaram com a própria vida a ousadia, pois quase todas se perderam, vitimas dos índios ou da própria natureza.

Essas expedições assumiram diversas formas, dentre as quais destacaram-se as bandeiras paulistas, que tinham como objetivo a captura de índios. Foram esses aventureiros que encontraram o ouro mineiro na região das cidades históricas de Minas Gerais. Começou, então, a corrida ao ouro brasileiro, que, durante um século, ocuparia o centro nervoso da economia.

A repercussão da descoberta do metal ocasionou um movimento migratório inédito para o Brasil, alterando-se o perfil populacional, sobretudo pelo surgimento de uma camada média na escala social. A mineração atraiu colonos de menores posses, devido ao tamanho mais modesto das minas brasileiras em relação às das colônias castelhanas. No que diz respeito à importância dessa migração, Furtado afirma: “ Não se conhecem dados precisos sobre o volume da corrente emigratória que, das ilhas do Atlântico e do território português, se formou com direção ao Brasil no decorrer do século XVIII. Sabe-se, porém, que houve alarme em Portugal, e que se chegou a tomar medidas concretas para dificultar o fluxo migratório”. A indústria da mineração consubstanciavam-se na exploração das jazidas, a qual se dava, de um lado, nas lavras e de outro, pelo trabalho dos fiscadores – homens livres e nômades que produziam isoladamente e já faziam parte do cenário europeu. Seu volume tendeu a aumentar na fase de decadência do ouro.

Diferentemente do ciclo econômico anterior, alguns escravos gozavam de uma posição diferenciada na economia mineira, com maior mobilidade social. Podiam mesmo chegar a se estabelecer por conta própria, trabalhando por quotas e acumulando o suficiente para adquirir a própria liberdade.

No passado, somente os grandes proprietários gozavam do status advindo de sua posição dominante na estratificação social vigente. Em Minas, porém, as possibilidades eram outras e vários empreendedores de

menor porte logravam sucesso na nova atividade. É dessa época a determinação da quinta parte – o quinto – como taxação sobre o ouro extraído. A Fazenda Real enfrentava muitos contratempos para a fiscalização da cobrança desse imposto. Tratava-se de um tributo alto para os mineradores, que não pouparam criatividade para burlar o fisco e maquiar o montante da produção obtida. As conseqüências para os infratores eram severas. Todas essas medidas

foram somadas a outra, mais drástica para os envolvidos no atraente negócio das minas de ouro: a decretação da quota mínima, por volta de 100 arrobas ou 1.500 quilos. Espontaneamente ou de forma compulsória, por meio do derrame, a quantia tinha que ser entregue à fiscalização. Tamanho abuso de

Lisboa determinou um clima de revolta, culminando com a Inconfidência Mineira, que, apesar de todos os percalços, conseguiu pôr um fim nesses atos predatórios parta a colônia.

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O século XVIII chegou ao seu final conhecendo a decadência da mineração brasileira. O ouro que ainda era encontrado, geralmente nos leitos e nas margens dos rios, na forma de aluvião, diferentemente daquele extraído de rochas matrizes, era pouco abundante, o que explica seu precoce esgotamento. Somava-se, sem pesquisa ou aprofundamento de seus conhecimentos. A administração colonial, devido a seu caráter exploratório, nunca investira em educação nem na reacionalização de processos produtivos, comportamento que teve reflexos na economia local e acelerou a decadência da mineração. Outra preciosidade explorada à época foram os diamantes. O Brasil tomou o lugar antes ocupado pela índia como grande produtor de diamantes para, posteriormente, perdê-lo para a África do Sul, onde ocorreriam descobertas de grandes jazidas dessa pedra.

Em comparação com o ouro, a produção brasileira de diamantes foi pequena, mas conheceu a mesma lógica exploratória. Nesse caso, a Corte acabou por assumir totalmente a questão, com controle direto

sobre o Distrito de Diamantina e demais áreas. A mineração, apesar de relativamente efêmera, ocupou um lugar de destaque na história da colônia. No período de sua vigência, foi o foco das atenções no país e cresceu em detrimento das demais atividades. Houve uma corrida ao ouro de outras regiões do país em direção a Minas Gerais, a qual alterou o quadro populacional interno, promovendo a ocupação do Centro-Oeste e a mudança do eixo econômico ( que até então estava localizado nas áreas de produção açucareira). Desenvolveram-se também na região a agricultura e a pecuária como atividades acessórias para a manutenção da produção mineradora. Outra conseqüência foi a transferência da capital, em 1763, da Bahia para o Rio de Janeiro, pois as comunicações entre Minas e a Metrópole seriam estabelecidas com mais facilidade por intermédio do porto carioca.

O Renascimento Agrícola Com o florescimento da mineração, a agricultura atravessou um período de decadência. Fenômeno oposto ocorreria na século XVIII, quando, novamente, a agricultura se tornaria a maior fonte de recursos da colônia. Sob os auspícios das vantagens trazidas pela Revolução Industrial e os progressos obtidos no mundo recém-industrializados, novas oportunidades surgiram no mercado internacional. Em conseqüência da aliança portuguesa com o governo inglês que colocava Portugal numa posição privilegiada no emaranhado das guerras européias, o Brasil pode aproveitas as novas oportunidades emergentes para oferecer, com vantagens, suas mercadorias tropicais nas rotas comerciais e investir em um novo produto.: o algodão. Com novas tecnologias desenvolvidas na Revolução Industrial, esse tecido tornou-se a principal matéria-prima da época.

O algodão é originariamente americano. As populações nativas inclusive os indígenas brasileiros, já o conheciam antes dos descobrimentos, era produzido em todo país. O açúcar acompanharia o algodão no

renascimento agrícola da colônia. Após um centenário de decadência, as antigas regiões produtoras renasceram.

Outra produção que floresceu nesse ciclo foi o arroz., as principais lavouras estavam localizadas no Maranhão, depois no Pará e Rio de Janeiro. O anil foi uma esperança frustada. Os americanos se tornaram no século XVIII, os maiores produtores mundiais, superando a produção da Índia. Ainda no século apareceu o cacau no cenário baiano e na região paraense. O café, proveniente da Abissínia, passou pela Europa antes de atingir a América e chegou ao Brasil na primeira metade do século XVIII.

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O renascimento agrícola colonial marcou a superação da era da mineração. Definitivamente, a agricultura retomou sua importância e foi reconhecida como a base da economia local.

Esse novo surto não teve uma longa vida no Nordeste, pois, já na segunda metade do séc. XIX, o Centro-Sul tomaria a liderança, enquanto se assistia ao declínio das regiões Norte e Nordeste e à ascensão do Sul e do Sudeste, na época do Brasil politicamente independente.

Do litoral ao interior: os ciclos econômicos e a formação do Brasil A descoberta do Brasil em 1500 marcou o início da ocupação civilizada do território

que viria a se chamar Brasil, sob os moldes do absolutismo europeu e do sistema colonial. Antes da chegada de Pedro Álvares Cabral, os nativos se organizavam sob a forma tribal e configuravam uma cultura primitiva, em que a terra correspondia à área de habitação de tribos diferenciadas. Esses nativos, chamados equivocadamente de indígenas pelos colonizadores europeus, deixaram traços na cultura brasileira, especialmente na arte, na alimentação e nas formas de cultivo agrícola.

O sistema colonial implantado no novo território baseou-se inicialmente na exploração do pau-brasil e, em seguida, no cultivo da cana-de-açúcar, que garantiu aos portugueses a ocupação definitiva do litoral. A base da economia era a atividade agrícola, mantida pela mão-de-obra escrava vinda da África.

O chamado pau-brasil se caracterizou como uma especiaria, pois tratava-se de uma árvore da qual se extraía tintura vermelha para tecidos, mercadoria de grande procura na Europa. O nome Brasil derivou, assim, de uma árvore da cor de brasa.

Com o rareamento da madeira e o monopólio do produto, impôs-se novas formas de desenvolvimento econômico do litoral e os colonos lançaram-se a um novo projeto: a cultura da cana e a produção do açúcar.

Em meados do século XVI, o açúcar tinha grande valor de mercado e sua cultura era dominada pelos portugueses, que se haviam aperfeiçoado nessa produção nos Açores. Para o plantio do açúcar, os colonos contaram, a princípio, com a mão de obra indígena que, no entanto, não se adequou à operação dos engenhos, tarefa que exigia um melhor grau de aperfeiçoamento tecnológico. Para resolver esse problema, os portugueses começaram a importar escravos da África, que se tornaram uma solução a longo prazo.

Do ponto de vista da ocupação territorial e da colonização indígena, foi fundamental a presença da Companhia de Jesus. Esta instalou-se no Brasil em várias capitanias - Bahia, Porto Seguro, Pernambuco e São Vicente (hoje São Paulo) onde tinha como uma de suas tarefas principais a criação de aldeamentos indígenas e a conformação de inúmeras organizações como igrejas, orfanatos e colégios para os filhos da terra. Nos primeiros anos da colonização, os jesuítas foram os maiores protetores dos indígenas. Na sua concepção de sociedade, porém, os índios, apesar de não serem escravos, não eram livres, tinham que obedecer aos preceitos da Ordem religiosa, seguindo uma moral rigorosa e abandonando muitos de seus costumes tradicionais.

Apesar dos lucros obtidos com a exploração mercantilista do açúcar, a Coroa enfrentou inúmeras dificuldades políticas e econômicas acabando por perder o monopólio do produto. A conquista do interior fazia-se necessária, não apenas para garantir a economia via novas riquezas minerais, mas para implementar a ocupação do território, ameaçado desde a chamada invasão holandesa.

O paulista Fernão Dias foi o maior responsável pelo surto minerador que tomaria conta do Brasil já na segunda metade do século XVII. Caçador de índios, Fernão Dias descobriu esmeraldas na região serrana de Minas Gerais. Após sua morte, durante a expedição, seus companheiros encontraram ouro, o que incrementaria as chamadas bandeiras. As bandeiras eram expedições armadas que partiam em geral da Capitania de São Vicente, em direção ao interior, a fim de escravizar índios e descobrir riquezas minerais. A tentação do ouro era maior do que os perigos e inúmeras incursões foram organizadas e chegaram a

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descobrir muito do precioso metal. Houve quem dissesse que o ouro era tanto que, em muitos riachos, bastava-se mergulhar a bateia e ficar rico.

A chamada corrida do ouro atraiu diversos aventureiros à região, mais tarde conhecida como Minas Gerais, fazendo surgir os primeiros arraiais, com suas capelinhas em agradecimento aos santos de devoção, iniciando o povoamento das áreas conquistadas. Atrás dos mineradores apareceram os mercadores que vendiam roupas, comidas e escravos conformando uma sociedade essencialmente urbana.

O desenvolvimento da economia colonial, após a descoberta do ouro e a conseqüente queda da produção do metal, prosseguiu. Em diferentes regiões, outras riquezas naturais foram cultivadas: o fumo, na Bahia; o algodão, no Maranhão e no Pará; e a pecuária, que do norte e litoral avançou para o interior. Algumas investidas na indústria têxtil no Pará e em Minas Gerais se fizeram presentes ainda que de pequeno porte. A siderurgia passou a ser uma alternativa na região de Aroiçaba da Serra, em São Paulo, na segunda metade do século XVIII.

Com a morte de Dom José, em 1777, o trono passa às mãos de Dona Maria que enfrenta uma grande crise econômica. Em 1785, um alvará régio proibiu qualquer tipo de indústria no Brasil. Enquanto isso, a Europa enfrenta a crise mercantilista que viria a propiciar grandes revoltas políticas, cujo exemplo máximo foi a Revolução Francesa. Anteriormente, em 1776, os Estados Unidos já haviam se tornado independentes da Inglaterra.

Os problemas econômicos portugueses, com o acréscimo excessivo de impostos, levou a elite de Minas Gerais a considerar a possibilidade de um movimento de independência - a chamada Inconfidência Mineira. Delatado, o levante fracassaria e teria como conseqüências a execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier - o Tiradentes, e a prisão seguida de exílio de seus companheiros.

O século XIX encontraria uma situação política internacional bastante diferenciada. Com a presença de Napoleão Bonaparte na França e suas campanhas militares, foi decretado o chamado bloqueio continental. A França pressiona Portugal a aderir ao bloqueio irritando a Inglaterra, que via em Portugal um aliado precioso. Numa tentativa de aliviar as tensões e garantir seus interesses comerciais, a Inglaterra envia a Lisboa o lorde Strangford com propostas claras a Dom João: ou o regente permaneceria ao lado da Inglaterra e teria garantida a Coroa, ou então o Brasil seria invadido. Muito pressionado, o regente português resolve abandonar Lisboa e transferir a corte para o Rio de Janeiro.

A presença de Dom João no Brasil abriu novas perspectivas. Criou-se o Banco do Brasil, foram feitas reformas urbanas no Rio de Janeiro e a colônia foi elevada a Reino Unido. Mas a situação interna do país aos poucos foi se tornando caótica, especialmente para a economia nordestina, com a queda dos preços de produtos como o algodão e o açúcar, que continuava como a principal exportação brasileira. Em Portugal, consequentemente, a situação econômica era também precária e o descontentamento geral. As pressões no Brasil e em Portugal levaram o rei de volta a Lisboa, no dia 25 de abril de 1821. O Brasil ficaria sendo governado por um regente, seu filho e herdeiro, Dom Pedro que viria a decretar a independência do país em 7 de setembro de 1822.

Para solucionar os problemas de reserva de capital, Dom Pedro I se aproximou da Inglaterra a quem recorreu com pedidos de empréstimos sucessivos, dificultando cada vez mais a crise econômica e política. Em 1831, na madrugada de 7 de abril, Dom Pedro I abdica o trono, deixando como herdeiro seu filho de cinco anos. A abdicação do regente mudou o quadro político do país, o comando passou para as mãos dos liberais, com a presença do ministro da justiça Diogo Antônio Feijó que, apesar de ter promovido um certo saneamento econômico, manteve o país eminentemente agrícola e dependente do escravismo. O problema da escravidão e do tráfico de negros será a grande causa dos conflitos do país.

A estabilidade política e econômica do império chegaria na década de 1840 coincidindo com a expansão do café. Este já era produzido no Pará desde o século XVIII, mas se expandiu a partir do Rio de Janeiro até São Paulo.

O fim do império culminou numa era de transições: o país até então rural passou a viver uma acelerada urbanização. A extinção da escravidão incrementou o trabalho livre e possibilitou o capitalismo e o progresso tecnológico do país. A imigração maciça concentrou-se sobretudo em São Paulo, junto aos cafeicultores, mas ocorreu também intensamente no sul do país.

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A consolidação política e econômica da República sob o domínio do café, transformou São Paulo e o Rio de Janeiro em grandes metrópoles, cuja evolução urbana poderia ser observada no cenário urbano ligado à belle epoque. Os capitais privados foram destinados à construção de grandes obras, a exemplo das vias ferroviárias.

O início do século XX, teve como marco o apoio à industrialização e à imigração. O desenvolvimento industrial se fez sentir sobretudo em São Paulo, onde surgiram bairros de operários e grandes conglomerados industriais, cujo exemplo mais importante foi o grupo criado por Francisco Matarazzo. Em 1910, São Paulo ostentava o maior complexo industrial da América do Sul.

Independente das duas Guerras Mundiais e das diversas crises internas o Brasil, ao longo do tempo, passou por processo de crescimento urbano espantoso das cidades ligadas à industrialização, a despeito da manutenção de grandes áreas latifundiárias ligadas à criação de gado e à produção agrícola.

Cristina Ávila http://www.cidadeshistoricas.art.br/hac/hist_01_p.htm

Os Caminhos do Agronegócio Brasileiro

por Carlos Nayro Coelho Em termos de evolução da sociedade, as últimas décadas foram notáveis no sentido de

sepultar velhas idéias e teorias acerca do desenvolvimento econômico das nações, e a década de noventa, foi particularmente importante no sentido de definir as tendências que sem dúvida dominarão o processo de formulação de políticas macroeconômicas nos anos vindouros, com reflexos poderosos em todo o agribusiness mundial e nacional.

Na área econômica, estão praticamente cristalizadas as seguintes tendências: redução do nível de intervenção do Estado na economia, integração cada vez maior dos mercados mundiais com maior competição e maior peso das variáveis sociais e ambientais no cálculo econômico.

O processo de intervenção do Estado na agricultura tem sido bem mais complexo porque tem ocorrido em alta escala, de maneira mais ampla e persistente que em outros setores, tanto nos países desenvolvidos como nos países desenvolvimento. Nos primeiros, ocorreu na forma de transferências ou subsídios para proteger o setor contra oscilações nos preços e na renda (geralmente dentro da ótica da segurança alimentar e do principio da paridade), com fortes tendências a se perpetuar. Nos demais, aconteceu via taxação, confisco cambial etc, para extrair os excedentes necessários ao financiamento do processo de desenvolvimento.

De qualquer maneira, entre os estudiosos dos problemas agrícolas, existe uma quase unanimidade de que, em nível mundial, tanto os produtores agrícolas como os consumidores foram prejudicados com o excesso de intervenção. A conclusão básica é que o excesso de intervenção prejudicou o esforço global de desenvolvimento (restringindo as exportações da grande maioria das nações em desenvolvimento), trazendo crescentes doses de sacrifícios para as populações envolvidas e provocando uma redução considerável no nível de consumo de alimentos em função da manutenção de preços artificialmente elevados nos mercados domésticos.

Para delinear os prováveis caminhos do agronegócio brasileiro, a médio e longo prazos, é necessário primeiramente entender que a base do agronegócio é a agricultura. Portanto, esse setor não pode ser visto com um setor estanque ou isolado dentro da economia, com forte tendência de queda na participação do Produto Interno Bruto nacional na medida em que o processo de desenvolvimento ocorre.

A agricultura deve ser vista como o centro dinâmico de uma série de atividades econômicas, que envolvem as atividades de produção agrícola propriamente dita (lavouras, pecuária, extração vegetal), aquelas ligadas ao fornecimento de insumos nas ligações para trás (backward linkages), as relacionadas com o processo agroindustrial e as que dão suporte ao fluxo de produtos até a mesa do consumidor final, nas ligações para a frente (forward linkages). Nesse sentido, no suporte à produção vinculam-se com o setor agrícola as indústrias de fertilizantes, defensivos, máquinas e equipamentos agrícolas,financiamentos (crédito rural para investimento e custeio), pesquisa agropecuária e os transportes desses insumos.

Na fase de distribuição e processamento vinculam-se os transportadores dos produtos agrícolas, a agroindústria, os agentes financeiros que apoiam a comercialização, os

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armazenadores e o comércio (atacado e varejo), neste último encaixando-se inclusive o importante subsetor de alimentação comercial (restaurantes, lanchonetes, bares, etc). O agronegócio representa aproximadamente 28% do PIB total do Brasil, que em 2001 alcançou perto de R$ 1,3 trilhões e é responsável pelo emprego da maior parte da População Economicamente Ativa (PEA) do país.

O potencial do agronegócio nacional em termos de área cultivável impressiona. A área total de mais de 210 milhões de hectares (24% do território nacional) da região dos cerrados equivale à metade da área total do México, e nela ainda estão inexplorados cerca de 90 milhões de hectares, uma área equivalente à toda a área da China e dos EUA, que são os dois maiores produtores mundiais de grãos.

Nesse contexto,o Brasil tem condições de operar em larga escala no agronegócio internacional, pois é o único país no mundo, com uma infra estrutura razoável, que dispõe em abundância do fator de produção mais escasso em escala mundial: terra agricultável. O que é preciso é que se busque o máximo de eficiência em todos os elos da cadeia produtiva e que o Setor Público crie um ambiente econômico favorável ( que envolve basicamente a modernização da infra-estrutura logística e mudanças na estrutura tributária e nas leis trabalhistas) para que o agribusiness nacional possa operar com segurança e competitividade na conquista de novos mercados e procure com mais vigor e determinação eliminar as distorções que ainda afetam o comércio internacional.

Na área externa as medidas podem ser divididas em duas categorias. A primeira envolve a implantação de um eficiente sistema de promoção comercial e a segunda de uma diplomacia comercial mais dinâmica e agressiva.

O sistema de promoção comercial já é utilizado em larga escala pelos grandes exportadores mundiais e envolve duas variantes: financiamento das exportações e marketing. Na primeira, o papel do governo brasileiro seria criar mecanismos apropriados de financiamento às exportações considerando a mesma sistemática adotada pelos outros países exportadores. Nas exportações agrícolas, devido às características cíclicas da agricultura e ao elevado grau de competitividade dos mercados agrícolas, esses mecanismos são cruciais. Na segunda ( marketing), a política envolveria, em primeiro lugar, a alocação de recursos destinados exclusivamente à promoção dos produtos brasileiros no exterior, com base em dois objetivos: ampliação dos mercados tradicionais e criação de novos mercados. A outra categoria envolve o estabelecimento de uma diplomacia comercial mais agressiva, atuando concretamente para eliminar as barreiras comerciais existentes contra produtos agrícolas brasileiros em alguns países.

Para que o Brasil formule uma estratégia de longo alcance, existe um amplo leque de alternativas, ainda pouco explorado pelo governo e pelos empresários brasileiros na área externa, como o uso em escala compatível com o tamanho da economia brasileira dos modernos mecanismos de promoção comercial.

O Brasil, por exemplo, por meio de uma estratégia de promoção comercial mais agressiva tem condições de tirar proveito imediato da expansão mundial da demanda de alimentos, principalmente de alimentos com elasticidade-renda elevada. Como se sabe, essa expansão decorre principalmente do efeito-preço, que surgiu em função de um certo grau de liberalização obtido na Rodada Uruguai, em algumas áreas como lácteos, bebidas, frutas e carnes, em grandes mercados (como União Européia e Japão), antes dominados por rígidos esquemas protecionistas, e do efeito-renda, ampliado em função do elevado índice de crescimento econômico de alguns países em desenvolvimento, principalmente os asiáticos.

Quais seriam então os setores mais dinâmicos do comércio agrícola mundial, e os países onde o Brasil teria condições de explorar com maior vantagem e penetrar com escala e segurança nos próximos anos?

De acordo com os dados da FAO, os grandes complexos exportadores mundiais que apresentaram maior dinamismo, ou seja, maior índice de crescimento no mercado internacional na década de noventa e que, portanto, oferecem melhores perspectivas no novo contexto do comércio mundial, com maior liberalização e maior crescimento da renda per-capita são: vinho, lácteos, óleo de palma, frutas, carnes e soja.

Em todos esses produtos os esforços de exportação devem ser concentrados, sem esquecer logicamente os produtos em que o País já é grande e tradicional exportador, como café, açúcar, suco de laranja, couros etc.

Além disso, o Brasil dispõe das condições ideais para aproveitar um novo segmento do mercado agrícola mundial que está crescendo de forma acelerada, principalmente nos países desenvolvidos, e que já movimenta mais de US$ 20 bilhões ao ano: a agricultura natural ou biológica. Essa cadeia produtiva envolve produtos que vão do café aos diversos tipos de cereais e carnes. Dependendo do produto e do país, os consumidores estão dispostos a pagar

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prêmio de até 200% sobre o preço do produto comum. O Brasil dispõe do maior rebanho bovino "verde" do mundo e de vários locais já produzindo produtos naturais.

No contexto atual, o mercado asiático é o que oferece as melhores perspectivas, em termos de uma expansão em alta escala das exportações do agribusiness brasileiro, em função de três fatores importantes: a) a entrada da China na OMC; b) o Governo japonês aparentemente se convenceu de que a recuperação da economia japonesa depende de maior abertura para o comércio exterior; c) a rápida recuperação dos tigres asiáticos; d) os países da Ásia continuarão sendo os maiores importadores de alimentos do mundo; e) são países que detêm uma posição financeira externa invejável em termos de reservas, saldos em conta corrente etc.

NOSSA HISTÓRIA ESFARRAPADA Veremos hoje uma das maiores fraudes de nossos livros de história, um exemplo claro de informação "chutada" e de como instituições com rigor científico e apreço pela pesquisa, como o IBGE, podem se deixar enrolar. Certamente você aprendeu na escola sobre a vinda da família real portuguesa para o Brasil, fugindo do exército de Napoleão que invadiu Portugal. Os livros dizem que foram 15 mil pessoas, número que aparece até no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mas será que foi mesmo isso tudo? Ora, 15 mil pessoas, em 1808, correspondiam a 25 porcento da população urbana do Rio de Janeiro e a 8 porcento da de Lisboa. Onde esse pessoal todo foi acomodado, repentinamente, na cidade? E quantas embarcações foram necessárias para trazer tanta gente? Alguém pensou nisso? Teve um que parou para pensar, sim. Foi o pesquisador e professor Nireu Cavalcanti, autor do livro "O Rio de Janeiro Setecentista", que esclareceu esta história. Lógico que ele não foi ao IBGE, mas recorreu aos arquivos do movimento do Porto do Rio de Janeiro e às listas de passageiros dos navios que chegaram naquela época. O QUE FOI DESCOBERTO * Como a capacidade dos navios mercantis e de passageiros, na época, era de 80 pessoas em média, seria necessária uma gigantesca frota de 1.875 embarcações (que obviamente não existiu) para trazer os 15 mil portugueses; * Nos anos de 1808 e 1809, aportaram no Rio apenas 30 embarcações trazendo a família real e seus acompanhantes; * Somando as listas de passageiros dessas embarcações, tem-se o total de 444 pessoas, sendo 60 delas da família real; Um erro de quase 14.500 pessoas ou 97,5 porcento - deve ser um recorde no IBGE. O mais grave é que embora os números corretos tenham sido divulgados pelo prof. Nireu Cavalcanti há mais de um ano, em 2004, ainda não se modificou nenhuma linha dos livros e nem do site do governo brasileiro. Como a maior parte das revisões de nossa história, esta também tende a ser sepultada pela versão errada. Mudar livros e cabeças dá muito trabalho e despesa, quase tanto quanto pesquisar e pensar. E 15.000, afinal, é muito mais glamouroso que 444.

Vinda da família real: é dessa época a determinação da quinta parte – o quinto – como taxação sobre o ouro extraído.

Fazenda Real: sérios contratempos para a fiscalização da cobrança desse imposto. Decretou-se então a quota mínima, por volta de 100 arrobas ou 1.500 quilos, o que foi um dos principais geradores da Inconfidência Mineira. O século XVIII chegou ao seu final conhecendo a decadência da mineração brasileira. O ouro que ainda era encontrado, geralmente nos leitos e nas margens dos rios, na forma de aluvião, diferentemente daquele extraído de rochas matrizes, era pouco abundante, o que explica seu precoce esgotamento. A produção brasileira de diamantes foi pequena.

Revolução Industrial e o algodão. Com novas tecnologias desenvolvidas na Revolução Industrial, esse tecido tornou-se a principal matéria-prima da época.

Esse novo surto não teve uma longa vida no Nordeste, pois, já na segunda metade do séc. XIX, o Centro-Sul tomaria a liderança, enquanto se assistia ao declínio das regiões Norte e Nordeste e à ascensão do Sul e do Sudeste, na época do Brasil politicamente independente.

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Os investimentos estrangeiros, cujo afluxo aumentou consideravelmente a partir de meados do século XIX foram encaminhados, sobretudo, para a infra-estrutura. No período de 1860 a 1889, foram concedidas licenças para abertura de 137 companhias estrangeiras, 111 das quais eram inglesas

Entre essas empresas primitivas, havia também certas exceções como o estaleiro na cidade de Niterói, inaugurado em 1850. Construído de acordo com modelos ingleses e sob a direção de engenheiros também ingleses, nele trabalhavam mais de mil pessoas. Entre 1850 e 1861, essa empresa, do Visconde de Mauá, construiu 72 navios.

Contudo, a maior parte das empresas criadas depois da reforma de tarifas de 1844 não conseguiu sobreviver, devido à falta de mão-de-obra qualificada, à concorrência por parte de esferas mais lucrativas de aplicação do capital e, especialmente, ao enfraquecimento do protecionismo alfandegário a partir de 1857. Em particular, em 1858 foram fechadas muitas fábricas têxtil da capital, mesmo as que recebiam ajuda do governo. Depois da diminuição dos impostos sobre a importação de navios a vapor, de alguns tipo de veleiros e de máquinas a vapor, o estaleiro de Mauá viu-se forçado a se dedicar ao conserto de navios pequenos para finalmente, ser fechado em 1861

A nova tarifa alfandegária posta em vigor em 1887 estabeleceu elevados impostos, sobretudo para os produtos agrícolas, que podiam concorrer no mercado interno com os produtos locais, e impostos moderados para produtos em cuja importação estava interessado o setor filiado de lã e de algodão importado por fabricantes locais de tecidos. Em outras palavras, o protecionismo alfandegário tinha como objetivo atender basicamente os interessados da classe dominante tradicional. Medidas mais enérgicas em defesa da indústria foram tomadas pelo primeiro governo republicano, especialmente em época da gestão do Marechal Floriano Peixoto ( 1891-1894). O Ministro da Fazenda Ruy Barbosa estabeleceu impostos protecionistas para os produtos manufaturados nacionais, tendo diminuído consideravelmente as taxas cobradas sobre a importação de equipamentos e de matérias-primas. Nessa mesma época, foi promulgada a lei da proteção à indústria, que estabeleceu privilégios adicionais. Essas decisões foram anuladas depois da tomada do poder pelo governo de Prudente de Morais ( 1894-1898), o primeiro presidente a representar, na época da República Velha ( 1889-1930), os interesses da oligarquia do café de São Paulo. A política do estado foi especialmente pró-oligárquica e antiindustrial na época dos presidentes Campos Salles ( 1898-1902) e Rodrigues Alves ( 1902-1906). Em particular, a tarifa alfandegária de 1900, que continuou em vigor até 1934, levara em considerações, sobretudo, os interesses dos ramos da agricultura que se orientavam para a exportação e dos grupos sociais ligados a esses ramos.

O modelo primário-exportador A importância estratégica do setor agrícola como mecanismo de crescimento

econômico no Brasil tem sido demonstrada repetidamente desde 1500 como os primeiros empreendimentos experimentais. A exploração do pau-brasil pelos primeiros comerciantes portugueses marcou o início de uma longa (e lucrativa) sucessão histórica de períodos de prosperidade, a grande maioria da qual envolvia produtos agrícolas destinados aos mercados externos. A cana-de-açúcar, o algodão, o fumo, o cacau, a borracha e o café, todos experimentaram períodos de desenvolvimento e fracasso frenéticos, porém, relativamente breves. As conseqüências econômicas dessas expansões voltadas para o exterior transcenderam sua natureza regional para afetar não somente o Brasil, mas também toda a América Latina - na verdade, toda a ordem econômica internacional.

A economia brasileira, desde o início da colonização, funcionou predominantemente como reflexo dos interesses externos, reagindo aos estímulos vindos de fora. Essa orientação para o exterior levou à implantação da monocultura, com produção e exportação centradas no produto de maior rentabilidade em certo momento histórico. Essa dependência pode ser observada nos ciclos econômicos que caracterizaram esse longo período.

Conforme ressalta BRUM (1996), o ciclo econômico pode ser entendido como o período em que determinado produto, beneficiando-se da conjuntura favorável do momento, se constitui no centro dinâmico da economia, atraindo as forças econômicas

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- capitais, tecnologia e mão-de-obra - e provocando mudanças em todos os outros principais setores da sociedade, como a criação de novas atividades, no uso de equipamentos, na distribuição das rendas, na constituição das classes sociais ou frações de classe, com o declínio de umas e a ascensão de outras etc. Geralmente, o ciclo econômico se caracteriza pela supremacia de determinado produto na exportação.

Um ciclo propriamente supõe três fases sucessivas: o início da expansão, o auge e a decadência acentuada tendente ao desaparecimento. No caso brasileiro, alguns dos principais produtos cíclicos tradicionais, com destaque para o açúcar e o café, embora experimentassem declínio, continuam ainda hoje a ter relativa expressão, tanto na produção como na exportação.

Três foram os grandes ciclos que marcaram mais profundamente a vida brasileira: do açúcar, do ouro e do café, sucessivamente. Intermeadiários ou concomitantes a eles, tivemos os ciclos menores do algodão, da borracha e do cacau, além do extrativismo inicial do pau-brasil. Os subciclos do gado e do fumo tiveram função complementar, como auxiliares dos ciclos principais.

O primeiro dos grandes ciclos econômicos for o açúcar. Tornou-se o produto de maior valor no comércio mundial no final do século XVI. Os principais centros de produção açucareira foram Pernambuco, Bahia e São Vicente (São Paulo). O açúcar teve papel decisivo no financiamento do Império Português, para sustentar a Coroa e garantir-lhe a posse da Colônia, e na definição do modelo de colonização do Brasil, baseado na grande propriedade rural, na vinculação dependente ao exterior, na monocultura de exportação e na escravidão.

O segundo grande ciclo econômico, do ouro e diamante, só ocorreu no século XVIII, pois a expectativa dos portugueses de encontrar metais preciosos só se realizou após décadas de crise econômica na Colônia e sobretudo na Metrópole, decorrente da concorrência do açúcar das Antilhas.

O café só passou a ter alguma expressão econômica no final do século XVIII. O ciclo propriamente dito teve mais de uma década de duração (1825-1930). Contudo, mesmo depois de encerrada a fase de grande expansão continuou por mais de quatro décadas a ser o principal produto de exportação do país e ainda hoje tem uma posição destacada.

Todavia, a partir dos primeiros anos do século XX, o café passou a enfrentar uma crise de superprodução. Esta situação provocava forte tendência de queda dos preços no mercado mundial. Aliado a este fato, um acontecimento externo, no final da década de 20, abalou a economia mundial e a economia brasileira, com forte impacto negativo sobre o café: a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1929.

A falência da Bolsa desencadeou violenta crise econômica que atingiu profundamente os EUA e os países da Europa e teve reflexos negativos sobre o nosso principal produto de exportação – o café -, base da nossa economia na época, uma vez que os Estados Unidos eram o nosso principal comprador de café e os negócios eram fechados na Bolsa de Nova York. Com os países consumidores em crise e os respectivos governos adotando políticas duras de contenção para a recuperação de suas economias – inclusive o crédito externo foi suspenso – as exportações de café despencaram e os preços aviltaram-se no mercado internacional. Assim, o café deixava de ser um investimento atrativo

Por outro lado, a Primeira Guerra Mundial teve influência na criação de condições favoráveis para a decolagem do processo de industrialização do país. O bloqueio econômico no Atlântico dificultou as exportações e as importações. Houve também a suspensão da entrada de capitais estrangeiros. As economias dos países beligerantes foram orientadas para atender prioritariamente às necessidades do conflito. Assim, o mercado interno brasileiro ficava livre para a iniciativa nacional - quase sem a concorrência dos produtos importados. Com a escassez, os preços subiram. E a demanda do mercado interno impulsionou um surto próprio de industrialização no país. A indústria mostrava-se uma atividade econômica promissora. Como a exportação também estava dificultada, operou-se relativa transferência de

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recursos financeiros, do setor agroexportador para o setor urbano-industrial. As dificuldades de importação levaram também um número crescente de comerciantes a direcionarem parcela de suas disponibilidades financeiras para atividades industriais, com vistas ao atendimento da demanda.

A crise do café comprovava definitivamente a vulnerabilidade e a inviabilidade da monocultura exportadora como sustentáculo da economia. E, consequentemente, pressionou no sentido da criação de novas fontes de riqueza. E a industria era tida como o setor preferido e defendido pelos que desejavam a modernização do país, retirando-o do atraso colonial em que ainda se encontrava.

Discutiu-se muito no Brasil se a agricultura favoreceu ou funcionou como um entrave à industrialização. A agricultura - especialmente o café - sem dúvida teve um papel fundamental na implantação da indústria no país: transferiu capital para indústria, liberou mão-de-obra, proporcionou divisas, permitiu que o custo de reprodução da força de trabalho nas cidades permanecesse relativamente baixo; apenas não criou mercado para a indústria. Mas se a agricultura, entendida como produção agrícola, foi um apoio, sem dúvida uma parte dos latifundiários, especialmente os cafeicultores, foram um sério obstáculo à industrialização. O latifúndio mercantil exportador percebeu desde o início que industrializar significava transferir renda do campo para a cidade, e se opôs firmemente a isto.

O latifúndio exportador, cafeeiro, foi vencido nessa batalha. O latifúndio orientado para o mercado interno, entretanto, foi vitorioso. A industrialização foi realizada, mas a reforma agrária, que muitos imaginavam essencial para essa industrialização, deixou de ser feita. Os setores agrícolas menos comprometidos com a exportação e mais orientados para o mercado interno já a partir dos anos 30 aliaram-se à indústria e trataram de suprir os alimentos necessários, além de manter as exportações.

Durante todo o período inicial da industrialização brasileira, a agricultura foi marginalizada de qualquer auxílio estatal. Toda a ênfase foi colocada na industrialização. Reproduzindo o que aconteceu na maioria dos outros países que se industrializaram tardiamente, o Estado funcionava como veículo de transferência de renda da agricultura para a indústria. Essa política estava basicamente correta. A agricultura, apesar de todas as suas deficiências, era capaz de andar com suas próprias pernas. A indústria é que necessitava de suporte.

À medida que as esporádicas arrancadas da atividade exportadora começavam a dar lugar aos avanços do complexo urbano-industrial do século XX, os esforços agrícolas deixaram de ser o centro das atenções. o ritmo frenético das atividades de substituição de importações nos anos 50 ofuscaram totalmente os progressos realizados no setor agrícola. O planejamento e as políticas agrícolas foram negligenciadas tanto pelos políticos quanto pelos acadêmicos.

Contudo, foi durante esse período de relativo descuido que o perfil da agricultura brasileira foi permanentemente modificado. o setor agrícola, juntamente com o resto da realidade socioeconômica, foi levado nas correntes da industrialização, destinado a ser submetido a uma modernização significativa seguindo as conseqüências das políticas de substituição de importações.

Assim, a partir de 1950, a agricultura brasileira entrou num processo de modernização, baseado na mecanização e na tecnificação da lavoura e na intensa aplicação de insumos químicos. das lavouras de trigo e de arroz irrigado no Rio Grande do Sul, o processo estendeu-se para a soja e outras culturas, em expansão crescente em vários estados. Esse processo, chamado "modernização conservadora da agricultura", por ser substituto da reforma agrária, adequava-se sobretudo à média e à grande propriedade rural. Foi alavancado com financiamentos fortemente subsidiados pelo estado (governo federal), em todas as fases da cadeia produtiva - aquisição de máquinas, implementos e insumos, formação da lavoura e custeio, colheita, armazenagem e comercialização.

Era o capital industrial que substituía o capital mercantil na produção agrícola. Grande capital em certas culturas, como a cana-de-açúcar, e na pecuária. Pequeno

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capital, quase pequena produção mercantil, embora muito moderna e mecanizada, em outras culturas, como a soja.

A internacionalização da economia brasileira, os avanços tecnológicos e a proletarização da mão-de-obra foram somente algumas das forças geradas pela industrialização que em breve devastariam a natureza feudal/tradicional da agricultura brasileira. O conceito de que a habitual dependência do petróleo importado poderia terminar com a produção de álcool de cana-de-açúcar em larga escala foi apenas um dos resultados dessa era de renovação.

Tal modernização, porém, não deixou de apresentar problemas. Uma população em expansão combinada com um aumento da migração do campo para a cidade resultou numa população urbana de proporções gigantescas como a do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Em anos recentes, a escassez de alimentos às vezes tornou-se intensa, especialmente entre as classes de renda mais baixa, destacando um aspecto antes não discutido da agricultura brasileira: a produção de alimentos para consumo interno.

No início da década de 60, o papel da agricultura na economia começou a mudar. à medida que as dinâmicas taxas de crescimento da era de substituição de importações começavam a declinar, ficava claro que somente a industrialização não serviria mais de mecanismo de crescimento e desenvolvimento econômico. É por volta dessa década que se nota a lenta, mas constante “abertura” da economia brasileira. Apesar de ter dado muita ênfase à exportação de bens manufaturados, a produção agrícola para consumo externo também cresceu significativamente. As exportações de produtos provenientes da agricultura (beneficiados e não-beneficiados), excluindo o café, cresceu a uma taxa média anual de 22% entre 1965 e 1977 (em termos nominais).

Está claro que os enormes aumentos na produção de soja estavam à frente desse novo movimento. De 1966 a 1977 a produção de soja ampliou-se a uma taxa anual de 37,6%. Essa expansão espetacular é parcialmente explicada pela pequena base de onde o produto começou, embora durante todo o transcorrer dos anos 70 os aumentos na produção eram grandes até em termos absolutos, tornando o Brasil o seu terceiro maior produtor do mundo e o segundo maior exportador em meados dessa década. Quando os produtores de laranja passaram à exportação em larga escala de suco concentrado, a produção aumentou a uma taxa anual média de 12,1% durante o mesmo período.

Alguns dos principais produtos de exportação, como café e cacau, experimentaram baixas taxas de crescimento no final da década de 60 e início da de 70, embora isso revele pouco sobre o impacto causado por esses setores, visto que os preços internacionais, extremamente favoráveis, principalmente durante aquele período, mais do que compensaram os pequenos aumentos na produção.

A partir da segunda metade dos anos 60, o Estado desenvolve um amplo sistema de crédito agrícola. A agricultura, que já havia perdido sua capacidade de transferir renda para a indústria, passa agora a receber subsídios. No final dos anos 70, o desenvolvimento agrícola e o desenvolvimento energético (que passava também pela agricultura, via produção de álcool) tornaram-se uma prioridade nacional.

A partir de 1977, o programa Proálcool, visando substituir a gasolina por álcool, transformou-se em fator adicional de redução da oferta de alimentos, na medida em que as culturas domésticas eram expulsas pela cultura subsidiada de cana-de-açúcar. Entre 1977 e 1984, a produção por habitante de culturas domésticas caiu a uma taxa anual de 1,9%, enquanto a produção de culturas de exportação crescia à uma taxa anual de 2,5% e a de cana-de-açúcar, beneficiada pelos subsídios do Proálcool, crescia à taxa de 7,8% ao ano.

O Estado brasileiro, endividado externa e internamente, não teve mais condições de financiar com generosos subsídios a agricultura. Desta forma, esse modelo agrícola dependente do Estado entrou em colapso. Com a progressiva retirada dos subsídios ao crédito, iniciada em 1981, passou-se para uma situação de financiamento a juros reais. Ao longo da década de 1980, em meio a dificuldades financeiras e planos de estabilização econômica fracassados, os produtores rurais alimentavam a esperança

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da volta aos bons tempos do passado recente, em que o Estado, sócio generoso, favorecia a apropriação privada dos lucros e acabava sempre pagando a conta em caso de eventuais prejuízos. Sem se darem conta de que a realidade havia mudado e o tempo das facilidades ficara para trás - definitivamente. República do Café com Leite

Proclamada a república em 1889, seguiu-se o governo de transição do Marechal Floriano Peixoto. Depois vieram governos em sua maioria civis dirigidos por políticos paulistas e mineiros. Por isso, o período que vai da Proclamação da República à Revolução de 1930 foi chamado de “república café com leite”.

Os principais acontecimentos que marcaram este período foram: a sustentação da economia centrada no café; a reurbanização e o saneamento do Rio de Janeiro; os surtos econômicos regionais da borracha e do cacau; as novas imigrações de europeus, italianos e japoneses; as revoltas sertanejas de Canudos e do Contestado; a revolta da chibata; a construção de estradas de ferro, usinas hidrelétricas e redes telegráficas; a retomada dos contatos com as populações indígenas; o crescimento industrial: a consolidação do modo de vida urbano; as primeiras greves operárias; as revoltas dos tenentes e a coluna Prestes; a Semana de Arte Moderna; a quebra da bolsa de Nova Iorque e o fim do ciclo do café.

O governo do mineiro Afonso Pena se destacou entre todos dessa época por ter sido o mais progressista, incentivando a indústria e a imigração estrangeira. A implantação da rede telegráfica deu ao Brasil seu maior sertanista, o Marechal Rondon, fundador do Serviço de Proteção ao Índio.

A revolta de Canudos descobriu Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, o mais impressionante relato sobre a vida do sertão, o sertanejo e a Guerra de Canudos. A Revolta da Armada revelou o líder negro João Cândido, que mostrou ao país, 20 anos depois de extinta a escravidão, que ainda se usava castigo físico nos navios da Marinha; uma atrocidade que foi extinta a custa de atrocidades maiores feitas pelo governo aos que se insubordinaram contra ela.

A Semana de Arte Moderna colocou o brasileiro definitivamente voltado para a sua invenção e seu futuro. Com a quebra do café, o poder político se deslocou do campo para as cidades, da agricultura para a indústria e a modernização econômica e social teve início. Politicamente, a república continuou as práticas centralizadoras do império, através da política dos governadores, que controlavam de um lado o poder local através dos coronéis e de outro davam sustentação aos presidentes. As eleições eram feitas na base do “bico de pena” ou seja , através de listas de votação, que podiam ter as assinaturas e os votos falsificados.

O direito a votar estava condicionado à pessoa ter determinada renda, e saber ler e escrever. Isso significava que pessoas pobres e analfabetas não podiam votar. Como era muito baixo o grau de instrução do povo, só uma minoria do povo podia registrar-se como eleitor.

Depois das votações, cabia às juntas apuradoras fazer a contagem dos votos e emitir os diplomas de eleição. A diplomação acabava sempre dando muita confusão, pois as listas eram na maioria das vezes falsificadas e os resultados manipulados. O reconhecimento final dos eleitos era feito pela Comissão de Verificação dos Poderes da Câmara, que confirmava os eleitos, conforme os interesses da presidência da república.

A política era toda amarrada em torno dos interesses dos governantes e das classes dominantes, era quase impossível aos governistas perderem eleição. Os coronéis eram donos dos chamados “currais eleitorais”, que reuniam eleitores. Eles usavam seus votos em troca de favores. Da mesma forma trocavam seu apoio ao governador por nomeações e verbas. O governador, por sua vez, transacionava seu apoio nas duas direções, dos coronéis e do presidente, cadeia de trocas de favores políticos que ganhou o nome de clientelismo.

A política “café com leite” era de cartas marcadas. A eleição dos representantes do povo e dos governantes era precedida de intensas consultas e negociações que selavam as alianças. O esquema era dominado pelos governadores de Minas e de S. Paulo e, como no império, garantiu por quase quarenta anos a estabilidade e o imobilismo político, que favoreceu o setor agrícola e cafeeiro e boicotou os interesses das indústrias e das cidades.

Desde a década de 20, as greves operárias, as revoltas dos tenentes e os “escândalos” programados pela Semana de 1922 diziam com todas as letras que o país precisava mudar. A revolução de 1930 acabou com a dobradinha do “café com leite”, instituindo o voto secreto, a legislação trabalhista, anistiando os tenentes e fazendo profissão de fé na indústria e na modernização do país. A partir de então, a república “café com leite” passou a ser chamada de “república velha”.

Maria Lúcia Andrade Garcia http://www.cidadeshistoricas.art.br/hac/hist_07_p.htm

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A mão-de-obra

A utilização em massa do trabalho assalariado representou a primeira fase de desenvolvimento do capitalismo no Brasil. Até a década de 1930, no sudeste, a mão-de-obra assalariada era recrutada

entre os imigrantes, embora já houvesse desde as últimas décadas do século XIX um grande contingente potencial de trabalhadores assalariados entre os brasileiros natos. Durante 50 anos, de 1880 a 1930, chegaram ao país quatro milhões de

imigrantes; no final do século XIX, os imigrantes constituíam cerca de metade da população adulta de São Paulo e mais de 10% da população adulta do país. O primitivismo dos hábitos de trabalho dos brasileiros natos, assim como

tradições e costumes que lhes foram inculcados, criavam sérios obstáculos à exploração capitalista da mão-de-obra nacional. O estoque de escravos existente no Brasil revelou-se insuficiente em face da

contínua expansão da produção cafeeira. O tráfico interno atingiu um ponto de esgotamento, provocando uma excessiva utilização (e conseqüentemente um desgaste maior) dessa mão-de-obra. Os trabalhadores da economia de subsistência estavam extremamente dispersos,

dificultando o recrutamento e exigindo uma significativa mobilização de recursos. Os cafeicultores do oeste paulista e os primeiros industriais preferiam admitir

operários-imigrantes que já haviam “cursado uma escola de trabalho assalariado”, habituados a mais disciplina e autonomia, embora custassem mais. Após 1930, sérias restrições foram impostas às novas imigrações devido ao

agravamento do problema do excesso de oferta da mão-de-obra nacional. A libertação dos escravos não os transformou em operários assalariados, mas

apenas criou possibilidades para isso. Tornar-se-iam proletários apenas filhos e netos dos antigos escravos, cujos pais

e avós tiveram de passar pela severa escola da adaptação ao novo modo capitalista de produção.

Mauá e o início da Modernização no Brasil Em meados do século XIX, enquanto os países capitalistas desenvolvidos viviam a Segunda Revolução

Industrial, o Brasil apresentava alguns avanços sócio-econômicos, responsáveis pela transição da monarquia para república. O processo abolicionista e o crescimento de atividades urbanas, tornavam o regime monárquico cada vez mais obsoleto.

O café, base da economia, ao mesmo tempo em que preservava aspectos do passado colonial (latifúndio, monocultura e escravismo), tornava a realidade mais dinâmica, estimulando a construção de ferrovias e portos, além de criar condições favoráveis para o crescimento outros empreendimentos como bancos, atividades ligadas ao comércio interno e uma série de iniciativas empresariais.

A aprovação da tarifa Alves Branco, que majorou as taxas alfandegárias, e da lei Eusébio de Queirós, que em 1850 aboliu o tráfico negreiro liberando capitais para outras atividades, estimularam os negócios urbanos no Brasil, que já contava com 62 empresas industriais, 14 bancos, 8 estradas de ferro, 3 caixas econômicas, além de companhias de navegação a vapor, seguros, gás e transporte urbano.

Nesse cenário de desenvolvimento, destaca-se a figura de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, principal representante do incipiente empresariado brasileiro, que atuou nos mais diversos setores da economia urbana.

Em 1846, adquire um estabelecimento industrial na Ponta de Areia (RJ), onde foram desenvolvidas várias atividades, como fundição de ferro e bronze e construção naval. No campo dos serviços Mauá foi responsável pela produção de navios a vapor, estradas de ferro, comunicações telegráficas e bancos. Essas iniciativas modernizadoras encontravam seu revés na manutenção da estrutura colonial agro-exportadora e escravista e na concorrência com empreendimentos estrangeiros, principalmente britânicos. Essa concorrência feroz, não mediu esforços e em 1857 um incêndio nitidamente provocado destruiu a Ponta de Areia.

Suas iniciativas vanguardistas representavam uma ameaça para os setores mais conservadores do governo e para o próprio imperador, que não lhe deu o devido apoio. Sua postura liberal em defesa da abolição da escravatura e sua atitude contrária à Guerra do Paraguai, acabam o isolando ainda mais, resultando na falência ou venda por preços reduzidos de suas empresas.

INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA

1500-1808: restrição portuguesa ao desenvolvimento de atividades industriais no Brasil. Apenas uma pequena indústria para consumo interno era permitida, devido às

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distâncias entre a metrópole e a colônia. Eram, principalmente, de fiação, calçados, vasilhames.

2a. metade do século XVIII - algumas indústrias começaram a crescer, como a do ferro e a têxtil. Isso não agradava Portugal porque já faziam concorrência ao comércio da corte e poderiam tornar a colônia independente financeiramente e gerar independência política. Em janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará, extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia, exceto a dos panos grossos para uso dos escravos, e criando restrições à indústria do ferro.

1808-1850 1808 - chegada ao Brasil da família real. D. João VI revogou o alvará e abriu os portos ao

comércio exterior, fixando taxa de 24% para produtos importados, exceto para os portugueses que foram taxados em 16%. Em 1810, através de um contrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em 15% a taxa para as mercadorias inglesas por um período de 15 anos. O desenvolvimento industrial brasileiro foi pequeno devido a concorrência dos produtos ingleses.

1828 - renovado o protecionismo econômico cobrando-se uma taxa de 15% sobre os produtos estrangeiros, agora igual para todos os países.

1844 - Ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, criou uma lei , Lei Alves Branco, que ampliava as taxas para 30% e 60%.

1850-1930

1850 – proibição do tráfico de escravos; duas consequências importantes para o desenvolvimento industrial:

- capitais que eram aplicados na compra de escravos ficaram disponíveis aplicação no setor industrial. - cafeicultura que estava em pleno desenvolvimento necessitava de mão-de-obra, estimulando a entrada de um número considerável de imigrantes, que trouxeram novas técnicas de produção de manufaturados e foi a primeira mão-de-obra assalariada no Brasil. Constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento industrial, bem como força de trabalho especializada.

O setor que mais cresceu foi o têxtil, favorecido em parte pelo crescimento da cultura do algodão em razão da Guerra de Secessão dos EUA, entre 1861 e 1865.

Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto industrial quando a quantidade de estabelecimentos passou de 200, em 1881, para 600, em 1889.

Esse primeiro momento de crescimento industrial inaugurou o processo de Substituição de Importações.

Entre 1914 e 1918 - Primeira Guerra Mundial: a partir dai, constata-se que os períodos de crise mundiais foram favoráveis ao crescimento industrial brasileiro. Isso ocorreu também em 1929 com a Crise Econômica Mundial e, mais tarde, em 1939 com a 2ª Guerra Mundial, até 1945.

Nesses períodos a exportação do café era prejudicada e havia dificuldade em se importar os bens industrializados, estimulando dessa forma os investimentos e a produção interna, basicamente indústria de bens de consumo.

Em 1907 - 1° censo industrial do Brasil: existência de pouco mais de 3.000 empresas. O 2° censo, em 1920, mostrava a existência de mais de 13.000 empresas, caracterizando um novo grande crescimento industrial nesse período, principalmente durante a 1ª Guerra Mundial quando surgiram quase 6.000 empresas.

Predominava a indústria de bens de consumo que já abastecia boa parte do mercado interno. O setor alimentício cresceu bastante, principalmente exportação de carne, ultrapassando o setor têxtil. A economia do país continuava, no entanto, dependente do setor agroexportador, especialmente o café, que respondia por aproximadamente 70% das exportações brasileiras.

Segundo período - O início desse período foi marcado pela crise econômica de 1929,

decorrente da grande depressão norte-americana e a quebra da Bolsa de NY. Outro marco foi a Revolução de 1930, com Getúlio Vargas, que operou uma

mudança decisiva no plano da política interna, afastando do poder do estado oligarquias tradicionais que representavam os interesses agrários-comerciais. Adotou uma política industrializante, regulamentando o mercado de trabalho urbano, limitando algumas importações e, mais tarde, dirigindo investimentos estatais para a indústria de base.

Vargas investiu forte na criação da infra-estrutura industrial: indústria de base e energia. Destacando-se a criação de:Conselho Nacional do Petróleo (1938), Companhia

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Siderúrgica Nacional (1941), Companhia Vale do Rio Doce (1943); Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).

Também contribuíram para o desenvolvimento industrial a partir de 1930, o grande êxodo rural, devido a crise do café, com o aumento da população urbana que foi constituir um mercado consumidor;a redução das importações em função da crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, que favoreceu o desenvolvimento industrial, livre de concorrência estrangeira.

Esse desenvolvimento ocorreu principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, definindo a grande concentração espacial da indústria, que permanece até hoje.

Uma característica das indústrias que foram criadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas delas fazem apenas a montagem de peças produzidas e importadas do exterior. São subsidiárias das matrizes estrangeiras.

No início da 2ª Guerra Mundial o crescimento diminuiu porque o Brasil não conseguia importar os equipamentos e máquinas que precisava. Isso ressalta a importância de possuir uma Indústria de Bens de Capital.

Apesar disso as nossas exportações continuaram a se manter acarretando um acúmulo de divisas. A matéria-prima nacional substituiu a importada. Ao final da guerra já existiam indústrias com capital e tecnologia nacionais, como a indústria de autopeças.

Terceiro período : Ao final da 2a. Grande Guerra, oo Brasil dispunha de grandes

reservas de moeda estrangeira, divisas, fruto do superavit comercial. O governo de Eurico Gaspar Dutra estimulou as importações esgotando as

reservas mas favorecendo o reequipamento de vários setores industriais, contribuido para o seu crescimento. Adotou uma política de seleção de importações para evitar um desequilíbrio na balança de pagamentos.

Enquanto nas décadas anteriores houve predominância da indústria de bens de consumo, na década de 40 outros tipos de atividade industrial começam a se desenvolver como no setor de minerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores mais sofisticados tecnologicamente.

1950: problemas de de grande importância dificultaram o desenvolvimento industrial: falta de energia elétrica; baixa produção de petróleo; rede de transporte e comunicação deficientes.

Para tentar sanar os dois primeiros problemas o presidente Getúlio Vargas inaugurou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobrás.

No governo JK, 1956 a 1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou mais de 2/3 de seus recursos para estimular o setor de energia e transporte.

Aumentou a produção de petróleo e a potência de energia elétrica instalada, visando a assegurar a instalação de indústrias. Desenvolveu-se o setor rodoviário.

Houve um grande crescimento da indústria de bens de produção. Década de 50: alteração da orientação da industrialização do Brasil. Contribuiu

para isso a Instrução 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), instituída em 1955, no governo Café Filho. Essa Instrução permitia a entrada de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial (sem depósito de dólares para a aquisição no Banco do Brasil).

O crescimento da indústria de bens de produção refletiu-se principalmente nos setores siderúrgico e metalúrgico (automóveis), químico e farmacêutico e de construção naval.

O desenvolvimento industrial foi realizado principalmente com capital estrangeiro, atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscais oferecidos pelo governo. Nesse período teve início em maior escala a internacionalização da economia brasileira, através das multinacionais.

A década de 60: sérios problemas políticos ocasionaram um declínio no crescimento econômico e industrial.

Após 1964, os governos militares, retomaram e aceleraram o crescimento econômico e industrial brasileiro. O Estado assumiu a função de órgão supervisor das relações econômicas. O desenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.

Ocorreu uma maior diversificação da produção industrial. O Estado assumiu certos empreendimentos como: produção de energia elétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura de rodovias e outros, assegurando para a iniciativa privada as condições de expansão ou crescimento de seus negócios.

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Houve grande expansão da indústria de bens de consumo não-duráveis e duráveis com a produção inclusive de artigos sofisticados.

Para sustentar o crescimento industrial, houve o aumento da capacidade aquisitiva da classe média alta,através de financiamento de consumo. Foi estimulada, também, a exportação de produtos manufaturados através de incentivos governamentais.Em 1979, pela 1ª vez, as exportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bens primários (produtos da agricultura, minérios, matérias-primas).

A industrialização brasileira teve seu apogeu entre fins da década de 70 e início dos anos 80. Substituindo importações e atendendo a uma crescente demanda interna, sob o amparo de políticas industriais fortemente protecionistas, a indústria chegou a gerar mais de um terço do PIB em 1980 com as atividades extrativas minerais e de transformação industrial.

A partir de 1981, a indústria iniciou um longo período de estagnação que duraria até 1992-93, conforme indica tabela. A crise internacional deflagrada pela elevação dos preços do petróleo e dos juros no mercado internacional, bem como erros na condução da política econômica interna em 1980, acarretou forte desequilíbrio no balanço de pagamentos e aceleração da inflação.

A necessidade de promover o ajuste das contas externas e de controlar a inflação passou a integrar o primeiro plano na agenda da política econômica, afastando as preocupações com o longo prazo, particularmente com o desenvolvimento industrial, pelo resto da década de 1980. Algumas tentativas de definir uma política industrial entre 1985 e 1988 fracassaram, e a Nova Política Industrial (de 1988) foi apenas parcialmente implementada. Somente algumas políticas setoriais, como a Política Nacional de Informática, e programas de investimento em indústrias exportadoras (como celulose, por exemplo), foram implementados.

Em 1990, após dez anos de estagnação, a indústria de transformação já havia perdido quase cinco pontos percentuais de participação no PIB. Com sérios problemas de defasagem tecnológica, métodos gerenciais e formas organizacionais ultrapassadas e ineficiências quase generalizadas em termos de custos, produtividade e qualidade, a indústria teve de defrontar-se com a abertura da economia. Esta abertura mudou radicalmente o ambiente econômico, submetendo a indústria a fortes pressões competitivas. Ocorreu, então, um amplo processo de reestruturação industrial, envolvendo: fusões e incorporações, abandono de segmentos (principalmente os de tecnologia mais avançada), aumento do coeficiente de insumos importados, racionalização do processo produtivo (terceirização, automação) com redução do emprego, programas de qualidade e produtividade etc.

Hoje, a indústria (extrativa mineral e de transformação) responde por menos de um quarto do PIB. Sua estrutura está fortemente concentrada nas "velhas" indústrias pesadas (aço, produtos metalúrgicos, máquinas e equipamentos mecânicos, elétricos e de comunicações, veículos), química/petroquímica, alimentos e bebidas, têxteis, confecções e calçados, e celulose/papel. Em conjunto, essas indústrias respondem por mais de 80% do produto industrial. Muito ainda há por desenvolver nas indústrias representativas das novas tecnologias, tais como eletrônica, materiais avançados e biotecnologia, e suas aplicações nas outras indústrias.

A indústria brasileira atual apresenta alguns aspectos virtuosos, tais como: grande potencial de expansão no mercado interno, crescente coeficiente de exportação, forte avanço nos níveis de produtividade, significativa melhoria da qualidade (atestada por grande número de empresas com certificação ISO 9000 e outras) e maior capacidade de competição (ou seja, menos dependência de proteção e fomento). Entretanto, seu crescimento segue sujeito a restrições de ordens externa e fiscal.

A indústria ainda enfrenta vários problemas que geram externalidades negativas, entre os quais infra-estrutura física deficiente e com custos elevados; infra-estrutura de ciência e tecnologia debilitada e com quase nenhuma interação com o setor produtivo; pouco esforço próprio de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) por parte das empresas privadas; força de trabalho pouco qualificada e com precárias condições institucionais de suporte; grupos econômicos de pequeno porte e sem sinergias produtivas, sobretudo nas novas tecnologias etc.

Fonte: www.mre.gov.br http://www.culturabrasil.org/vinte.htm

Multinacional é diferente de Transnacional. A primeira se caracteriza por uma industria que transfere sua produção para o país, mas mantém sua administração e padrões de produção no país da matriz. Já transnacionais transferem a parte produtiva e sua administração para o país, adequando sua produção os valores locais.

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SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES O mercado interno ganha espaço A demanda reprimida por bens importados se converteu em demanda por produtos locais, agora mais baratos. Nos anos 30, as atividades agrícolas e fabris, ligadas ao mercado interno, puderam manter ou mesmo aumentar os seus lucros. Por outro lado, a lucratividade do setor agrícola exportador estava em baixa. A indústria precisa importar máquinas e equipamentos. A desvalorização cambial dificultou a importação de bens de capital e de insumos básicos. Naquela fase da industrialização, a compra de máquinas e equipamentos para a montagem de fábricas era essencial. A crescente demanda por produtos locais foi inicialmente suprida pela produção com máquinas e equipamentos, já instalados, que se encontravam subutilizados. Fatores favoráveis e desfavoráveis ao desenvolvimento industrial Houve uma conjuntura favorável ao desenvolvimento industrial: a manutenção do nível de renda doméstica e o mercado consumidor para a indústria nascente. Houve também um fator desfavorável: a reduzida capacidade para importar bens de capital e insumos, necessários para montar as fábricas ou ampliar as já existentes. A despeito desse fator negativo, entre1929 e 1933, a renda aumentou em 20%, e a produção industrial cresceu em 50%, enquanto os Estados Unidos e a Inglaterra viviam a Grande Depressão. Com o sucateamento da indústria nos países em depressão, houve compras de bens de capital usados. Indústria de bens de consumo Nos anos trinta, desenvolveram-se principalmente as indústrias destinadas a substituir importações, que eram indústrias de bens de consumo: não havia produção local de bens de capital. Reserva de mercado para a indústria local O câmbio desvalorizado instituiu o protecionismo cambial à indústria brasileira. O crescimento de toda a década dos anos 30, que perdurou até 1945, foi caracterizado pela restrição da capacidade de importar, que decorreu do mau desempenho das exportações. Depois de 1937, com o Estado Novo, a reserva de mercado para a indústria nacional passou a ser praticamente promovida pelo governo. Com a intensificação da substituição de importações, cresceu principalmente a produção de produtos tradicionais, como alimentos, tecidos, bebidas e transportes. Crescendo sem tecnologia A severa restrição à importação criou dificuldades para o aumento da capacidade produtiva da indústria, impedida de importar novas máquinas e equipamentos. Em conseqüência, a indústria teve um crescimento horizontal, sem avanço tecnológico. A indústria cresceu incorporando novas fábricas, sem melhoramento de técnicas. O aumento da capacidade de importar Durante a Segunda Guerra Mundial, as importações brasileiras diminuíram ainda mais, enquanto as exportações aumentaram.O crescimento industrial diminuiu um pouco, até 1942. Mas, entre 1942 e 1945, a indústria voltou a crescer, agora impulsionada pela metalurgia. Nessa época, o Brasil acumulou um grande volume de divisas.Houve poucas importações e as exportações tiveram um bom desempenho. Os países beligerantes

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voltaram toda a sua produção para artigos de guerra e aumentaram a sua demanda pelos produtos brasileiros. Em 1945, o Brasil contava com uma grande capacidade para importar, por causa do acúmulo de divisas durante a guerra. A Indústria de Bens Duráveis A indústria no pós-guerra O desenvolvimento industrial entrou, a partir do pós-guerra, em uma nova fase. No período de substituição de importações, o crescimento industrial foi liderado pela produção de bens de consumo não duráveis. A partir de 1945, desenvolveram-se as bases para a industrialização pesada: a produção de bens intermediários e de capital. Entre 1945 e 1947, as importações cresceram muito em todos os setores. As indústrias metalúrgica e mecânica foram as que mais importaram. Em conseqüência, em 1947, a balança comercial apresentou saldo negativo. A política cambial do governo tinha duas alternativas: desvalorizar a taxa de câmbio ou mantê-la sobrevalorizada, restringindo as importações. Restringindo as importações Desvalorizar a taxa de câmbio encareceria todas a importações indistintamente, inclusive as dos bens de capital necessários para a montagem de novas fábricas. Além disso, a diminuição dos preços dos produtos brasileiros poderia resultar em aumento das exportações, uma vez que os Estados Unidos, o maior parceiro comercial do Brasil, estavam dirigindo os seus capitais para a reconstrução da Europa, destruída pela guerra. O governo avaliou que a desvalorização cambial, além de piorar a situação das importações, não iria necessariamente contribuir para o aumento das exportações. A alternativa escolhida foi manter a taxa de câmbio sobrevalorizada e restringir as importações. Protecionismo cambial A taxa de câmbio permaneceu fixa e valorizada de 1947 a 1953. Para não prejudicar as exportações, o governo permitiu que elas fossem negociadas no câmbio paralelo. As importações foram selecionadas para facilitar a compra de bens de capital e insumos básicos utilizados pela indústria em expansão. As importações de produtos similares aos nacionais foram dificultadas e até mesmo impedidas. Dessa forma a indústria brasileira cresceu sob o protecionismo cambial, livre de concorrência externa e sem competitividade. Os efeitos do câmbio valorizado O grande crescimento industrial intensificou a demanda pelas importações de bens de capital. Entre 1951 e 1952, a indústria cresceu a todo vapor, inclusive com expansão da sua capacidade produtiva. Nesses dois anos, o déficit do balanço de pagamentos aumentou. Os preços das exportações diminuíram, principalmente os do cacau e o do algodão. Com a taxa de câmbio muito valorizada, vários produtos saíram da pauta das exportações e houve grande saída de rendimentos dos fatores. Isso provocou o déficit em conta corrente, não compensado com entrada de capitais no país. O Banco do Brasil como Banco Central Os importadores eram obrigados a depositar a moeda nacional no Banco do Brasil, que desempenhava o papel de Banco Central. Como as exportações reduzidas faziam entrar poucos dólares, o Banco do Brasil não tinha como pagar as compras dos importadores, acumulando muita moeda nacional e atrasos comerciais no exterior. Expandindo o crédito Como havia uma grande demanda por crédito na economia, o Banco do Brasil emprestou a moeda nacional a juros baixos.

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Essa expansão do crédito provocou euforia no comércio e na indústria, entre 1951 e 1952. Liberando a taxa de câmbio Em 1953, as dificuldades da balança comercial foram aliviadas, apesar de o governo continuar mantendo fixa a taxa de câmbio. A recuperação das exportações foi obtida coma política de liberar a taxa de câmbio para a metade dos produtos exportados. Os leilões de importação De outro lado, a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), órgão que passou a desempenhar as funções de Banco Central, criou os leilões de importação: a taxa de câmbio para determinado produto importado seria tanto mais baixa conforme o produto fosse considerado mais essencial para a indústria, e tanto mais alta quanto mais próximo fosse o produto importado dos similares nacionais. Gastos em infra-estrutura Nos anos de 1953 e 1954, o governo Vargas aumentou os gastos em infra-estrutura e os financiou com a expansão da base monetária. Em 1954 e 1955, o governo procurou facilitar a entrada do capital estrangeiro, fornecendo financiamento interno para os investimentos em infra-estrutura, que se tornaram urgentes após o crescimento da indústria entre 1951 e 1955. CRISES RECENTES X PLANOS DE ESTABILIZAÇÃO ECONOMIA COLONIAL – ciclos: exploração

Açúcar Ouro Agricultura sec. 18 – (financiamento)

Café até começo sec.20 Borracha

Problemas de M.O. INDÚSTRIA: primeiros focos 1885

MO assalariada Investimento estrangeiro (EUA e RU)

1930 – Grande Depressão e avanço da industrialização brasileira. 1950 – Vargas e indústria pesada. Kubitschek – planejamento estatal (PAEG), substituição de importações

“50 anos em 5”. CRISE 1962/67 MILAGRE BRASILEIRO – pós guerra até anos 70.

Crescimento induzido por financiamento externo. Crescimento alto – baixo desenvolvimento.

ANOS 80 – crise e inflação choques externos recessão crise da dívida externa estatização da dívida externa ANOS 90 – inflação inercial

Medidas ortodoxas de estabilização – fracasso 1990 – COLLOR – abertura comercial

redução proteção tarifária reestruturação competitiva da indústria exposição da indústria ‘a competição estrangeira modernização da estrutura existente

PRIVATIZAÇÃO 1994 – Plano Real : Equilíbrio das contas do governo – privatização

Criação de um padrão estável de valor – URV Emissão de uma nova moeda nacional estável

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Combate ‘a sonegação 1998 – retorno ao FMI. BRASIL HOJE (2000) Pib – 1.000,3 BI R$. Participação da indústria – 62% IDH – 0,750 em 1,0. Sul – 0,844

Sudeste – 0,838 Centro Oeste – 0,826 Norte – 0,706 Nordeste – 0,548.

Aumento de desemprego e precarização do emprego Diminuição dos índices de crescimento Estabilização da moeda Taxas de juros altíssimas

PLANOS RECENTES DE ESTABILIZAÇÃO ECONÔMICA

Plano Cruzado

28 de fevereiro de 1986 - presidente da República José Sarney -

Programa de Estabilização da Economia Brasileira - Plano Cruzado Objetivos econômicos: controlar a inflação e reorientar a economia. choque heteredoxo: a inflação brasileira era predominantemente inercial Principais medidas :

A substituição do cruzeiro pelo cruzado - na proporção de mil por um; Extinção da correção monetária Congelamento de contratos e luguéis (1 ano) e preços (prazo indeterminado) Reajustes dos salários (valor médio dos últimos seis meses anteriores) Reajustes posteriores seriam automáticos (“gatilho”) - inflação > 20%.

Três meses após pressão sobre os preços ágios e desabastecimento. Em julho: “Cruzadinho” - frear o consumo e elevar a poupança interna em cerca

de 4% do PIB para financiar investimentos públicos. Pressão de demanda agravada pelo esgotamento da capacidade instalada da

indústria problemas generalizados de abastecimento. Superaquecimento da demanda + percepção que índices de preços não

refletiam inflação verdadeira + expectativas de desvalorização cambial + o elevado ágio no mercado paralelo de dólares + proibição da exportação de produtos destinados a suprir o mercado interno + queda da safra agrícola = ⇓ receita das exportações ( -13% em relação à de 1985) Agosto e novembro de 1986: questão político-eleitoral Após as eleições: Cruzado II - conjunto tardio de medidas que acabou representando o fim do Plano Cruzado (Elevação da alíquota do IPI, reajuste de tarifas públicas, visando incrementar a arrecadação tributária)

Desastroso efeito sobre o consumo: indivíduos começaram a antecipar o consumo para produtos com preços ainda não majorados.

Alteração do índice oficial de inflação de IPCA para IPC (1 a 5 SM). Setor externo: minidesvalorizações diárias do cruzado

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Fracasso do Plano Cruzado governo ficou desacreditado estagnação econômica, descontrole inflacionário, desequilíbrio nas contas externas e internas, incapacidade governamental.

Os planos sucessores do Cruzado: Plano Bresser e Plano Verão medidas de caráter emergencial, de curta duração, ineficientes .

Plano Collor Plano de Estabilização Econômica Brasil Novo (Plano Collor) 16 de março de

1990 visava destruir o processo hiperinflacionário ciranda financeira do mecanismo de financiamento da dívida pública.

Cruzado novo substituído pelo Cruzeiro. Reforma fiscal (eliminar o déficit de 8% do PIB) Suspensão de subsídios, incentivos e isenções; aumento do IPI; ampliação da

base de tributação; Tributação das grandes fortunas; Criação de taxas extraordinárias de IOF sobre os ativos financeiros; Fim do anonimato fiscal. Venda de empresas estatais (Programa Nacional de Desestatização) redefinir

o papel do Estado na economia. Proposta de reforma administrativa. Recessão moderada encarada como uma conseqüência necessária. Instrumento utilizado: redução radical da oferta de moeda desorganizou a

produção recessão profunda da economia descontrole da inflação. Preços congelados por 30 dias + salários reajustados IPC fevereiro maio o

governo liberou preços e salários (preços reescalados - salários continuavam aos níveis vigentes).

Taxa de câmbio – livre- evoluiu conforme esperado: súbita escassez de moeda doméstica excesso de venda de moeda estrangeira valorização do cruzeiro em relação ou dólar queda das exportações.

Medidas de liberalização do comércio exterior Reformulação do sistema financeiro: extinguiu as aplicações de overnight

;desindexação da economia (eliminação do BTN e BTNf). Maior crítica: apertou o setor industrial, reduziu a oferta, incentivou o consumo provocou inflação.

Tinha como objetivo racionalizar os gastos da administração pública e o corte de

despesas criado o Comitê de Controle das Estatais finalidade era compatibilizar decisões setoriais relativas às empresas estatais com a política macroeconômica.

Plano Collor II: não apresentou grandes novidades quanto à conformação e

manteve-se semelhante ao primeiro. Persistiram o arbítrio e a prepotência (medidas foram tomadas sem haver um debate entre governo, congresso e sociedade).

Plano Real

Após o descrédito com o Plano Collor e denúncias envolvendo o presidente e

sua posterior renúncia/impeachment assume o vice-presidente Itamar Franco (final de 1992).

Compromissos principais do governo: resgatar a ética na administração pública e preparar o país para a implantação de um plano de estabilização econômica, com possibilidade de sucesso:

contenção dos gastos e aumento da arrecadação. implantada a Unidade Real de Valor (URV) - indexador único da economia para

promover o alinhamento de preços e contratos. Todos os preços passaram a ser fixados em URV, com valor atualizado diariamente.

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1 de julho de 1994 implantado o Plano Real, criando uma nova moeda e âncora cambial.

O cruzeiro real foi substituído pelo real e o câmbio congelado garantiu a moeda estável.

O enxugamento do dinheiro em circulação dá início a uma onda de quebradeira dos pequenos bancos.

O Plano Real foi anunciado com antecedência e ampla divulgação, o que possibilitou maior credibilidade e chances de sucesso. DESAFIOS: • Sustentar e consolidar definitivamente a estabilidade econômica, como moeda forte, substituindo progressivamente a âncora cambial e monetária (dinheiro curto, juros altos) pelo ajuste fiscal (equilíbrio das contas públicas). • Reduzir o déficit das contas públicas externas e conter a dívida pública interna. • Retomar o crescimento econômico, de forma sustentada e contínua, com aumento de produtividade, justiça social, geração de empregos, distribuição de renda e preservação do meio ambiente. • Ampliar e diversificar a participação do Brasil no mercado mundial. Sem competitividade externa e forte participação no mercado mundial, dificilmente o Brasil alcançará uma taxa de crescimento econômica elevada.

Paraná http://pt.wikipedia.org/wiki/Paranaense#Hist.C3.B3ria Capital Curitiba Área (km²) 199.314,850 Número de Municípios 399 População Estimada 2005 10.261.856 Estatísticas A população do Paraná é de 9.563.458 habitantes, segundo o censo demográfico de 2000, com dados recentemente coletados pelo IBGE. O Paraná é o sexto Estado mais populoso do Brasil e concentra 5,63% da população brasileira. Do total da população do Estado, 4.826.038 habitantes são pessoas do sexo feminino e 4.737.420 habitantes são pessoas do sexo masculino. Grupos étnicos A população do Paraná é composta basicamente de brancos, negros e indígenas. No Brasil colonial, os colonizadores espanhóis foram os primeiros a iniciar o povoamento no território paranaense. Os portugueses e seus descendentes são a maioria da população do Estado. Existe também uma grande e diversificada população de imigrantes, tais como italianos, alemães, poloneses, ucranianos, japoneses e árabes. Há também minorias de imigrantes holandeses, coreanos, chineses e búlgaros.

História Criado em 29 de agosto de 1853 pelo desmembramento da porção mais meridional da então província de São Paulo, até a década de 1930 o Paraná era um estado quase desabitado, embora alguns grupos de imigrantes ucranianos e poloneses tivessem se estabelecido principalmente na região centro-sul. Com o crescimento das migrações internas em função do cultivo do café e da abertura das novas fronteiras agrícolas especialmente no noroeste, leste e sudoeste, milhares de agricultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Estados da Região Nordeste se deslocaram para o Paraná. Assim surgiram novas cidades e centenas de comunidades rurais, que aos poucos foram crescendo para, mais tarde, se transformarem em municípios. Esse

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movimento migratório tornou o Paraná uma terra de todas as gentes, grande produtor de produtos primários, que seria a base da futura agroindústria.

O Paraná tinha, no começo do século XX, pouco mais de 330.000 habitantes, que passou de 2.000.000 na década de 1950, indicando o crescimento significativo com o início das migrações. No entanto, nos anos seguintes as migrações se aceleram, tornando o Paraná um Estado populoso. Rede urbana A população das pequenas cidades vivia sob a influência de grandes centros regionais, além da capital Curitiba: Ponta Grossa, Toledo, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava, Paranaguá, Umuarama, Apucarana e Campo Mourão.

A facilidade dos transportes, a localização de estabelecimentos de ensino modernos, hospitais e a industrialização são fatores de atração. Nas últimas décadas do século XX foi grande o número de estudantes catarinenses e gaúchos que estudaram em Curitiba e, depois, buscaram no Estado sua colocação profissional. Essa influência é menor atualmente em função da industrialização das maiores aglomerações urbanas, mas algumas cidades continuam sendo referência a outros Estados brasileiros quanto à qualidade de vida de sua população.

Economia A economia do Estado se baseia na agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, café, mandioca), na indústria (agroindústria, indústria automobilística, papel e celulose) e no extrativismo vegetal (madeira e erva-mate).

PIB O Paraná possui o 5º maior PIB do Brasil.

Agricultura Os principais produtos agrícolas de valor econômico do Paraná são o trigo, o milho e a soja, onde o Estado é um dos maiores produtores brasileiros. A soja é a mais recente das três culturas e se expandiu por quase todo o Estado, sendo exportada para outros países in natura e na forma de farelo de soja e óleo degomado. O trigo é, por sua vez, a principal cultura de inverno, sendo a produção industrializada pelos moinhos das cooperativas localizados nas zonas de produção e pelos grandes grupos situados nos centros urbanos do Paraná, São Paulo e Região Nordeste. O Paraná produz mais de 50% de todo o trigo produzido no Brasil. O algodão também foi um produto de grande importância econômica, mas perdeu espaço para outras culturas, sendo ainda cultivado por pequenos produtores. O café, que foi a principal riqueza do Paraná, perdeu espaço para a soja e para as fazendas devido às geadas que dizimaram muitas lavouras. Mesmo assim, é produzido em pequena quantidade por produtores que adotaram a tecnologia do adensamento, o que facilita os tratos culturais e aumenta a produtividade por hectare de terra. Ainda se encontra café abundante nas regiões noroeste e norte, sendo incentivado pelas cooperativas que recebem a produção dos agricultores para comercialização ou industrialização. O café é produzido com maior densidade na região oeste de Apucarana e também nos municípios de Bandeirantes, Santa Amélia e Jacarezinho.

Pecuária A criação de bovinos é uma das riquezas do Paraná, que tem um expressivo rebanho. Tradicionalmente o Paraná é um grande produtor de suínos, especialmente nas regiões oeste e sudoeste do Estado, onde estão localizados os grandes frigoríficos voltados para a comercialização interna e para as exportações. A expansão acompanhou a implantação de novas indústrias voltadas para a exportação e consumo interno. A suinocultura e a pecuária de leite acompanharam os agricultores paranaenses, especialmente nas regiões oeste, sudoeste e centro-sul. É no centro-sul que estão os melhores rebanhos brasileiros de gado leiteiro, onde se encontram animais que

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produzem mais de 50 litros de leite por dia. São ainda significativos, no Paraná a produção de ovos, de casulos do bicho-da-seda, mel e cera de abelha. Mas é na avicultura que o Estado vem se destacando nos últimos dez anos, graças à implantação de frigoríficos pela iniciativa privada e pelas cooperativas. A avicultura é produzida em praticamente todas as regiões acompanhando as áreas onde se produz milho, que é a matéria-prima para a ração das aves. As aves são exportadas para mais de uma dezena de países, embora sujeitas à gripe aviária.

Mineração É abundante a riqueza de minérios no subsolo paranaense. Embora tradicionalmente se valorize os minérios nobres, como ouro, cobre e outros metais, o Paraná tem grandes reservas de minerais essenciais ao desenvolvimento da economia, como a areia, argila, calcário, caulim, dolomita, talco, granitos e mármores. A bacia carbonífera do Paraná, sediada na região central, é a terceira do país. A do xisto, de onde se extrai o óleo, é a segunda do Brasil em importância. As indústrias de cimento do Paraná dinamizaram a economia de municípios localizados na microrregião de Curitiba, como Balsa Nova, Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul. Quanto aos minerais metálicos, foram exploradas jazidas de chumbo em Adrianópolis, e constatadas minas de cobre e ferro. Extrativismo vegetal O pinheiro paranaense, cujo nome científico é Araucaria angustifolia, foi por milhares de anos, a principal atividade do extrativismo vegetal, embora outras espécies tenham sido exploradas. É uma riqueza muito presente no Paraná e em outros Estados. Mas em função do seu valor econômico e da expansão agrícola, foi considerada uma espécie ameaçada de extinção e agora está protegido sob legislação ambiental, sendo proibido o seu desmatamento. De acordo com os dados do Instituto de Terras e Cartografia do Paraná, em 1984, se calculou que as reservas dessa madeira nobre estavam reduzidas em cerca de 11,9% em relação ao que havia 50 anos antes. Com a rigidez das leis ambientais, imagina-se que os pinheirais remanescentes deverão sobreviver. E se as autoridades forem capazes de editar uma lei autorizando o abate de espécies adultas em troca do plantio orientado e em maior quantidade que as que forem trocadas, haverá uma oportunidade dos pinheirais voltarem a ocupar áreas significativas. As leis mais recentes permitem o corte de 15 m³ de madeira por proprietário, a cada 5 anos, para uso em construções rurais ou para a habitação. Indústria O crescimento mais significativo da indústria paranaense aconteceu depois da segunda metade do século XX, graças ao significado montante de recursos destinados ao setor secundário. Enquanto se implantava, em Curitiba, a Cidade Industrial, com indústrias de montagem de máquinas, tecidos e frigorífico, as cidades do interior foram beneficiadas com indústrias de transformação dos produtos primários, soja, trigo e milho, suínos e madeira, principalmente. Foram beneficiadas notadamente as cidades de Ponta Grossa, Cascavel, Maringá e Londrina, embora dezenas de outras pequenas agroindústrias tenham sido instaladas nas zonas produtoras. Com isso, essas regiões criaram muitos empregos, favorecendo a evasão das populações das cidades do interior, promovendo a urbanização das cidades, muitas vezes com a criação de favelas.

Curitiba e a Região Metropolitana foram amplamente beneficiadas com a industrialização muito diversificada e voltada para a exportação de máquinas, equipamentos e caminhões. As indústrias madeireiras tiveram um bom desenvolvimento nesse período, quando começaram a trazer madeiras da Amazônia para industrializar na região. Londrina, Maringá, Cascavel e Ponta Grossa são as cidades que concentram as indústrias alimentícias, pois estão localizadas nas principais regiões produtoras do Estado. Mas o Paraná ganhou importantíssimas

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indústrias de papel, como as Indústrias Klabin, do grupo Klabin, instalada na fazenda Monte Alegre, no município de Telêmaco Borba.

Energia

Vista aérea da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior usina hidrelétrica do mundo. O Paraná tem um grande potencial hidrelétrico muito bem aproveitado, especialmente no rio Iguaçu, onde foram construídas várias hidrelétricas, entre elas as de foz do rio Areia, salto Osório e salto Santiago. Próximo a Curitiba está a Usina Hidrelétrica de Capivari Cachoeira, uma das primeiras construídas pela Copel, a companhia estadual de energia elétrica. Mais recentemente foram construídas pequenas centrais hidrelétricas em vários rios de menor porte, como a de Chavantes e Vossoroca. No rio Chopim, no sudoeste do Estado, foi construída a Usina Hidrelétrica Júlio Mesquita Filho. Mas está localizada entre o Brasil e o Paraguai, no rio Paraná, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo, construída em conjunto com o Paraguai, e que fornece energia para vários Estados brasileiros. Tem capacidade para produzir 12.600 mw e só recentemente instalou as últimas turbinas. Teve suas comportas fechadas em 12 de outubro de 1982 e a usina hidrelétrica foi inaugurada em 5 de novembro do mesmo ano, durante a presença dos presidentes João Baptista Figueiredo, do Brasil e Alfredo Stroessner, do Paraguai.

Mas o Paraná também é rico em energia gerada pelas usinas de açúcar e álcool, que produzem eletricidade a partir da queima do bagaço da cana-de-açúcar. Não se pode desprezar também a energia automotiva que vem do álcool, pois o Paraná é um grande produtor desse combustível. Transportes O Paraná dispõe de uma boa rede rodoviária e ferroviária. Mas, do total de 264.496 km de rodovias, apenas 15.108 km são pavimentados, segundo os dados de 1993.

Duas estradas atravessam o Estado de leste para oeste: a que vai de Ourinhos (SP) até Maringá (PR) e a de Paranaguá até Foz do Iguaçu. A Ponte Internacional da Amizade, ligando Foz do Iguaçu, no Brasil à Ciudad del Este, no Paraguai, uniu as redes rodoviárias dos dois países. No sentido norte-sul, as rodovias ligam Apucarana (PR) à Sorocaba (SP), Curitiba à cidade de São Paulo e Curitiba à Rio Negro, em direção ao Rio Grande do Sul.

Os 2.243 km da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) ligam as principais regiões produtoras do norte, do oeste e do centro-sul à capital, ao sul e ao porto de Paranaguá. Há também a Estrada de Ferro Central do Paraná (atualmente América Latina Logística), que reduziu em 300 km a distância entre o norte do Estado e o porto de Paranaguá.

Os portos marítimos de Paranaguá (o primeiro de divisas e um dos mais bem aparelhados do Brasil) e de Antonina servem não só ao Paraná como a Santa Catarina, ao Rio Grande do Sul, a Mato Grosso do Sul e ao Paraguai. Foz do Iguaçu é um porto fluvial por onde escoam os produtos brasileiros a serem exportados para a bacia do rio Paraná.

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Turismo O Paraná é um dos Estados que tem um grande número de parques nacionais, destacando-se o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional do Superagui. Foz do Iguaçu com cerca de 250 quedas-d’águas e 75 metros de altura, é conhecida internacionalmente. A Garganta do Diabo é uma das atrações do maior conjunto de

rochas esculpidas pelos ventos e pelas águas parecem ruínas de uma grande

o inverno, quando parte da população vai para o litoral fugindo do frio do

as feiras de arte e artesanato aos sábados e domingos,

Paranaguá, pode-

igem africana, onde descendentes de escravos falam,

e sapateado; e o nhô-chico, dança ao som de violas,

Folclore, a Feira do Comércio e Indústria e a Feira de Móveis do Paraná (Movelpar).

do Estado do Paraná), especializada em assuntos relacionados com o cooperativismo.

ga e

cataratas do mundo.

Outro ponto de interesse turístico é o Parque Estadual de Vila Velha, em Ponta Grossa, onde as cidade.

As praias de Caiobá, Matinhos, Guaratuba, Pontal do Paraná e Praia de Leste são as mais freqüentadas do Paraná. São procuradas por turistas não só no verão, mas também nplanalto.

Curitiba tem pontos turísticos interessantes que merecem ser visitados: o Relógio das Flores, montado em um grande canteiro; o bairro de Santa Felicidade, onde se encontram vários restaurantes com comidas típicas de diferentes países; a “Boca Maldita”, na avenida Luís Xavier, a “menor do mundo”, pois tem apenas um quarteirão, onde políticos se reúnem no final da tarde para conversar sobre os principais assuntos do dia e trocar informações; além de parques e bosques.

Paranaguá, a primeira cidade fundada no Estado, em 1648, guarda em suas igrejas de estilo barroco alguma coisa da história da época. Pode-se ir de litorina da capital até Paranaguá numa viagem bastante interessante. A Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá corta a serra do Mar através de túneis e viadutos, atravessando precipícios a todo instante. A beleza da paisagem, formada pela mata quase virgem e por diversas quedas-d’água, e valorizada pelos abismos. De lancha, pela baía dese alcançar a ilha do Mel, onde a história e a natureza se misturam.

Na cidade da Lapa, são Benedito é festejado (13 de maio) com a ‘’congada’’ (dança dos negros congos, de orrecitam, cantam e dançam).

Outras danças populares são o curitibano, com os pares fazendo roda; o quebra-mana, uma mistura de valsacaracterística do litoral.

Durante o ano inteiro, se realizam feiras e festivais, destacando-se a München Fest de Ponta Grossa, o Festival de Música de Londrina, Festival do

Cultura Bibliotecas As mais completas bibliotecas estão em Curitiba: a Biblioteca Pública do Paraná, a Biblioteca do Museu Paranaense, as bibliotecas da faculdade de Direito, da faculdade de Medicina e da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná e a da faculdade de Filosofia da Universidade Católica do Paraná. Há também bibliotecas especializadas, como a da Emater, que possui um grande acervo relacionado com tecnologias agrícolas, e a da Ocepar (Sindicato e Organização das Cooperativas

Museus O Paraná tem 51 museus. Na capital, o Museu Paranaense, o mais importante de todos os museus do Estado, guarda objetos de arte antipeças indígenas; o Museu David Carneiro tem documentos históricos,

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artísticos e arqueológicos; o Museu Guido Viaro, o Museu Oscar Niemeyer,o Museu Alfredo Andersen contém telas de pintores famosos e objetosarte; o

e de

es

se encontram o Museu Histórico de Londrina e o Museu de Arte de Londrina.

s

tro e do sul do Paraná foram definitivamente ocupadas pelos fazendeiros.

a nova

aos portos já no final do século 19, ocorreu novo período de

crescimento.

ansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.

-se a Província do Paraná, desmembrada da

ite do Governo Brasileiro

rsão do CEFET-PR em UTFPR, a primeira universidade tecnológica do país.

, atendendo a aproximadamente 80% dos estudantes estaduais do Estado.

Municípios

Museu da Imagem e do Som guarda depoimentos de diversas pessoas à vida artística. Em Paranaguá está o Museu de Arqueologia e ArtPopulares, da Universidade Federal do Paraná, e no município da Lapa, o Museu das Armas. Na cidade de Londrina

História do Paraná

No século 17, descobriu-se na região do Paraná uma área aurífera, anteriorao descobrimento das Minas Gerais, que provocou o povoamento tanto no litoral quanto no interior. Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro deParanaguá perdeu a importância. As famílias ricas, que possuíam grandeextensões de terra, passaram a se dedicar à criação de gado, que logo abasteceria a população das Minas Gerais. Mas apenas no século 19 as terras do cen

No final do século 19, a erva-mate dominou a economia e criou umfonte de riqueza para os líderes que partilhavam o poder. Com o aparecimento das estradas de ferro, ligando a região da araucáriae a São Paulo,

A partir de 1850, o governo provincial empreendeu um amplo programa decolonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que contribuíram decisivamente para a exp

Somente em 1853, criouProvíncia de São Paulo.

• Fonte: SEducação

Em 1912 é fundada a Universidade Federal do Paraná, a primeira universidade brasileira. Além da UFPR, o Paraná tem universidades estaduais espalhadas pelo estado nas principais cidades de cada região. Em Ponta Grossa a universidade estadual é a UEPG, em Londrina é a UEL, Maringá conta com a UEM, Guarapuava conta com a UNICENTRO, Cascavel é a cidade-base da UNIOESTE que ainda conta com campus espalhados por vários outros municípios. Recentemente o Paraná ganhou uma nova universidade federal após a conve

Em 2003, com a posse do Governador Roberto Requião, o Estado do Paraná iniciou o programa "Paraná Digital", que irá instalar cerca de 2.100 pontos de acesso à Internet usando Linux

. A distribuição dos grandes municípios do Paraná é de certa forma bem homogênea. No leste a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) engloba diversos municípios, contando com cerca de 3 milhões de habitantes. No

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norte Londrina e Maringá polarizam outra região fortemente povoada. No oeste a cidade de Cascavel com quase 280 mil habitantes e Toledo com pouco mais de 100 mil criam outra zona fortemente povoada, além de Foz do Iguaçu, que juntamente com Ciudad del Este no Paraguay e Puerto Iguazu na Argentina formam uma aglomeração de quase 700 mil habitantes. A região central do Paraná a despeito da baixa densidade populacional ainda sim conta com Guarapuava com cerca de 160 mil habitantes e Ponta Grossa,

cipais municípios do Paraná baseado nas estimativas do

10º Paranaguá - 144.797 hab.

os

Saltos e Cachoeiras de Prudentópolis

Os primeiros habitantes

nte do Brasil, pelos carijós, do grupo tupi e pelos

caingangues do grupo jê.

um pouco mais ao leste, com cerca de 300 mil.

Em ordem os 10 prinIBGE de 2005, são:

• 1º Curitiba - 1.757.904 hab.

• 2º Londrina - 488.287 hab.

• 3º Maringá - 318.952 hab.

• 4º Foz do Iguaçu - 301.409 hab.

• 5º Ponta Grossa - 300.196 hab.

• 6º Cascavel - 278.185 hab.

• 7º São José dos Pinhais - 252.470 hab.

• 8º Colombo - 224.404 hab

• 9º Guarapuava - 166.897 hab.

Principais pontos turístic• Cataratas do Iguaçu

• Canyon Guartelá

• Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá

• Ilha do Mel (Paraná)

• Itaipu

• Parque Ecológico Ouro Fino

• Parque Estadual de Vila Velha

• Parque Nacional do Superagui

• Porto de Paranaguá

. As terras que hoje pertencem ao Estado do Paraná eram habitadas, duraa época do descobrimento

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As primeiras expedições exploradoras

Durante o século XVI, a região do atual Estado do Paraná ficou abandonada por Portugal. Aproveitando-se disto, inúmeras expedições de outros países visitaram-na. Muitas delas vinham em busca de madeiras de lei. As mais importantes foram as espanholas, que chegaram a criar núcleos de povoamento no oeste paranaense.

A colonização espanhola

O povoamento da região paranaense desenvolveu-se muito lentamente e só se efetivou no século XX. Os espanhóis foram os pioneiros na exploração e ocupação do Paraná. Em 1553, o governador do Paraguai, Domingos Martinez de Irala, explorou o rio Paraná. No ano seguinte, Garcia Rodriguez de Vergara fundou a povoação de Ontiveros, próximo de Sete Quedas. Em 1557, Ruy Diaz Melgarejo fundou a povoação de Ciudad Real del Guairá, junto à foz do rio Piquiri. Em 1576, Melgarejo criou a Villa Rica del Espiritu Santo, na confluência dos rios Ivaí e Corumbataí. Estes foram o primeiros núcleos estáveis de povoamento do Paraná e a região onde se localizaram recebeu o nome de Guairá. Neles, a partir de 1610, os padres espanhóis organizaram missões ou reduções (aldeamentos de indígenas cristianizados) jesuíticas. Para maiores informações, veja Companhia de Jesus.

Entradas e bandeiras

Somente no início do século XVII, com a descoberta de ouro de aluvião no território paranaense e a necessidade de índios para escravizar e que os luso-brasileiros começaram a ocupar a região, através de bandeiras que partiam de São Vicente.

Em 1602, a bandeira de Nicolau Barreto, que tinha a autorização do governador para procurar ouro e prata, desceu os rios Tietê e Paraná e atingiu o Guairá, onde aprisionou numerosos indígenas. Inutilmente, os espanhóis do Paraguai protestaram junto a dom Francisco de Sousa, então governador do Brasil naquela época.

Em 1611, quando os índios já estavam aldeados nas missões jesuíticas, nova bandeira dirigiu-se ao Guairá. Seu chefe era Pedro Vaz de Barros, que voltou outras vezes à região.

Entre os ávidos predadores (caçadores de índios) que, durante a segunda e terceira décadas do século XVII, freqüentaram o Guairá, estão Sebastião Preto e seu irmão Manuel Preto. Mas foi a bandeira de Antônio Raposo Tavares, organizada em 1628, que de fato inaugurou o ciclo de caça ao índio.

O bandeirante paulista Raposo Tavares atacou as missões jesuíticas e aprisionou milhares de índios aldeados, levando-os para São Vicente.

Em 1631, os vicentinos destruíram Ciudad Real del Guairá e Villa Rica del Espiritu Santo, que foram abandonadas pelos habitantes. Sem condições de resistir aos ataques dos bandeirantes vicentinos, os jesuítas espanhóis resolveram abandonar o Guairá, e migraram para regiões mais distantes com os indígenas que restaram. A destruição das missões, contudo, não foi

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seguida de imediato povoamento da região pelos luso-brasileiros. Em meados do século XVII, com o desenvolvimento da mineração, o alemão Heliodoro Eobanos, guia de vários bandeirantes, fundou a povoação de Paranaguá. Com a chegada de muitos moradores, Paranaguá, em 1648 foi elevada à categoria de vila. No mesmo período e também devido à mineração surgiu outra povoação: Nossa Senhora da Luz e Bom Jesus dos Pinhais, atual Curitiba, elevada a vila em 1693.

Exploração do ouro

Por alguns anos, os exploradores conseguiram retirar alguma quantidade de ouro, com muito trabalho e pouco rendimento. A partir do descobrimento do ouro das Minas Gerais pelos paulistas, no final do século XVII, a reduzida mineração do Paraná perdeu a importância. A população de Paranaguá passou a viver somente da agricultura, e nos campos de Curitiba, permaneceu a criação de gado.