economia e sociedade

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ECONOMIA E SOCIEDADE Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat GRADUAÇÃO Unicesumar

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ECONOMIA E SOCIEDADE

Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

GRADUAÇÃO

Unicesumar

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C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; BOECHAT, Andréia Moreira da Fonseca.

Economia e Sociedade. Andréia Moreira da Fonseca Boechat.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 216 p.

“Graduação - EaD”.

1. Economia. 2. Sociedade. 3. Marketing. 4. EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-0962-0CDD - 22 ed. 330

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:

ReitorWilson de Matos Silva

Vice-ReitorWilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EADWilliam Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EADJanes Fidélis Tomelin

Presidente da MantenedoraCláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Diretoria ExecutivaChrystiano Minco�James PrestesTiago Stachon

Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho

Diretoria de Permanência Leonardo Spaine

Diretoria de Design EducacionalDébora Leite

Head de Produção de ConteúdosCelso Luiz Braga de Souza Filho

Head de Curadoria e InovaçãoTania Cristiane Yoshie Fukushima

Gerência de Produção de ConteúdoDiogo Ribeiro Garcia

Gerência de Projetos EspeciaisDaniel Fuverki Hey

Gerência de Processos AcadêmicosTaessa Penha Shiraishi Vieira

Gerência de CuradoriaCarolina Abdalla Normann de Freitas

Supervisão de Produção de ConteúdoNádila Toledo

Coordenador de ConteúdoSilvio Cesar de Castro

Designer EducacionalAguinaldo José Lorca Ventura Junior

Projeto GráficoJaime de Marchi JuniorJosé Jhonny Coelho

Arte CapaArthur Cantareli Silva

EditoraçãoFernando Henrique Mendes

Qualidade TextualHelen Braga do PradoCintia Prezoto Ferreira

IlustraçãoBruno Cesar Pardinho

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Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somen-te para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pi-lares: intelectual, profissional, emocional e espiritual.

Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil.

A rapidez do mundo moderno exige dos educa-dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali-dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância.

Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária.

Vamos juntos!

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Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo.

O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”.

Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-tribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competên-cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-rios para a sua formação pessoal e profissional.

Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-lidade e segurança sua trajetória acadêmica.

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Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

Possui Doutorado (2016) e mestrado (2011) em Teoria Econômica pela Universidade Estadual de Maringá, graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007). Professora do Centro Universitário Cesumar (UniCesumar), atuando no ensino presencial e à distância. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em economia industrial, agronegócio, economia do setor público e políticas públicas, atuando principalmente nos seguintes temas: defesa da concorrência, organização industrial, setores agroindustriais e políticas sociais.

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:

<http://lattes.cnpq.br/2752270036354082>.

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SEJA BEM-VINDO(A)!

Olá, caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à disciplina Economia e Sociedade. Eu sou a professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat, bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mestre e doutora em Economia pela Uni-versidade Estadual de Maringá e irei discutir com você um pouco sobre essa área tão fasci-nante que é a economia.

A economia é uma ciência social que estuda as necessidades da população, que está pre-sente na vida de todas as pessoas, sejam físicas ou jurídicas. Mesmo que não tenhamos afi-nidade com a economia, muitas das nossas decisões são tomadas com base em alguma(s) variável(is) econômica(s), assim como todas as decisões do governo, por exemplo, afetam as nossas vidas.

Dessa forma, um aluno de graduação, que irá tomar decisões, precisa conhecer os funda-mentos da economia, já que as empresas, seja ela pequena, média ou grande, estão inseri-das no ambiente econômico. Então, meu objetivo na disciplina é apresentar os fundamen-tos da ciência econômica, de modo a levar você à compreensão do ambiente econômico e, assim, poder tomar as melhores decisões.

Para atingir o objetivo, nosso livro didático está dividido em cinco unidades. Na primeira, iremos discutir os conceitos fundamentais de economia, tais como o descrever o significado da economia e explicar os conceitos econômicos fundamentais. O conteúdo desta primeira Unidade é fundamental para a compreensão da disciplina como um todo, pois são termos e conceitos que dão suporte para a análise econômica.

A economia é dividida em duas grandes áreas de estudo: a microeconomia e a macroeco-nômica. A microeconomia estuda os agentes econômicos individuais, ou seja, as empresas e os consumidores, que chamamos de famílias, e, também, a formação de preço será objeto de estudo da Unidade dois.

Por outro lado, a macroeconomia estuda as variáveis agregadas, ou seja, a economia como um todo. Assim, praticamente todas as notícias que lemos e ouvimos são relacionadas à macroeconomia, por exemplo, as políticas monetárias, fiscais e cambiais que o governo ela-bora. Estes serão alguns dos temas que iremos discutir na Unidade III.

Na Unidade IV trabalharemos com a economia internacional, ou seja, vivemos em um mundo globalizado; o Brasil se relaciona com os demais países por meio, por exemplo, das exportações e importações de bens e serviços, por esse motivo, precisamos compreender alguns fundamentos dessa relação.

Finalizaremos a disciplina discutindo um tema muito atual que é a Economia Sustentável e do Meio ambiente, pois o modelo econômico de produção e consumo atual não é mais viável, pois os recursos produtivos são limitados. Assim, não podemos continuar produzin-do e consumindo tudo que desejamos e a natureza não consegue mais dar vazão a tanta demanda. Então, a compressão da relação economia e meio ambiente se faz necessário.

Preparado(a) para “entrar” nesse mundo tão fantástico que é a economia? Lembre-se, qualquer dúvida entre em contato com seu tutor. Bons estudos e um forte abraço.

APRESENTAÇÃO

ECONOMIA E SOCIEDADE

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SUMÁRIO09

UNIDADE I

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA

15 Introdução

16 Significado de Economia

25 Conceitos Econômicos Fundamentais

40 Considerações Finais

46 Referências

47 Gabarito

UNIDADE II

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

51 Introdução

52 Fundamentos da Teoria do Consumidor

58 Teoria da Demanda

68 Teoria da Oferta

75 Equilíbrio de Mercado

77 Teoria da Produção

79 Estruturas de Mercado

91 Considerações Finais

97 Referências

98 Gabarito

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SUMÁRIO10

UNIDADE III

INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA

101 Introdução

102 Fundamentos da Teoria Macroeconômica

107 Crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico

113 O Mercado de Trabalho

120 Políticas Econômicas: Monetária, Fiscal e Cambial

135 Considerações Finais

141 Referências

142 Gabarito

UNIDADE IV

INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL

145 Introdução

146 Fundamentos do Comércio Internacional

149 Regimes Cambiais e o Comércio Internacional

154 Estrutura do Balanço de Pagamento

164 O Processo de Globalização

174 Considerações Finais

180 Referências

181 Gabarito

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SUMÁRIO11

UNIDADE V

ECONOMIA SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE

185 Introdução

186 Economia e Meio Ambiente

196 Teoria do Desenvolvimento Sustentável

202 Contribuição dos Recursos Naturais Para o Crescimento Econômico

205 Eficiência Econômica e Mercados

208 Considerações Finais

214 Referências

215 Gabarito

216 CONCLUSÃO

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Professora Dra. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA

Objetivos de Aprendizagem

■ Descrever o significado de economia.

■ Explicar os conceitos econômicos fundamentais.

■ Compreender os fundamentos econômicos.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■ Significado de Economia

■ Conceitos Econômicos Fundamentais

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INTRODUÇÃO

Caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) a primeira Unidade do livro Economia e Sociedade. Esta é uma unidade muito importante para o entendimento da dis-ciplina, pois nela você conhecerá os fundamentos econômicos que darão suporte às tomadas de decisão que fazem parte do dia a dia de todos os profissionais.

Para isso, a unidade está dividida em três tópicos: no primeiro, iremos estu-dar o significado de economia, em outras palavras, o que, de fato, as ciências econômicas estudam. Você poderá ser surpreendido, pois muitas pessoas acredi-tam que economia ensina a economizar ou mesmo a investir na bolsa de valores, o que não é real.

A economia envolve muito mais do que simples variáveis, ela é a grande res-ponsável por alocar, ou seja, distribuir os recursos, que são limitados, entre as pessoas. Ainda no primeiro Tópico, veremos os princípios básicos que a regem. Você verá que são dez princípios que unificam as ideias centrais da economia e dão uma noção sobre o que, de fato, ela trata. Não se preocupe em decorar todos eles, procure entendê-los e, com o andamento da nossa disciplina, essas ideias serão aprofundadas e ficarão mais claras.

No segundo Tópico, desta primeira Unidade, estudaremos alguns conceitos econômicos básicos, conceitos estes que darão suporte para o entendimento da disciplina como um todo. Então, fique atento(a) e, caso não tenha ficado muito claro algum conceito, volte e releia com muita atenção. Uma dica: ao estudar, procure relacionar cada um desses conceitos com a vida prática.

No terceiro e último Tópico, desta unidade, faremos uma discussão inicial e básica sobre a economia política. Esta seção é importante para a compreensão dos fundamentos teóricos e ideológicos das ciências econômicas.

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender conceitos econô-micos fundamentais que influenciam a sociedade como um todo, seja governo, empresas, consumidores e os outros países.

Bons estudos!

Introdução

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SIGNIFICADO DE ECONOMIA

Começaremos nossa disciplina entendendo o significado de economia. Você, certamente, já se deparou com algumas situações econômicas em seu dia a dia e ficou curioso(a) para entender um pouco mais sobre os motivos pelos quais determinados fenômenos ocorrem e as possíveis soluções para cada um dos pro-blemas, tais como:

■ Variações na demanda;

■ Redução na oferta;

■ Desemprego;

■ Inflação;

■ Alterações na taxa de câmbio;

■ Carga tributária;

■ Aumento da taxa de juros.

Estes são alguns problemas que a economia estuda. Agora que você já relem-brou de algumas questões econômicas, deve estar se perguntando: mas o que, de fato, é economia?

Em termos etimológicos, a palavra economia vem do grego:

Oikós (casa) + Nomos (norma, lei) = “administração da casa”.

É isso mesmo, a economia funciona da mesma maneira que a nossa casa: tra-balhamos para receber um salário, dividimos nossa renda para pagar as contas, procuramos viver na maior harmonia possível; caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, pegamos empréstimos; se sobrar dinheiro, fazemos investimen-tos etc. Da mesma forma que ocorre em uma empresa e em um país.

O que difere é que na economia estudamos os diferentes tipos de sistemas econômicos que administram seus recursos, com a finalidade de produzir bens e serviços, com o objetivo de satisfazer as necessidades da população (PASSOS; NOGAMI, 2012). Então, podemos definir economia como sendo uma ciência

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social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das necessidades ilimitadas ou desejos huma-nos (MENDES, 2009).

A partir da definição de economia, não podemos deixar de fazer duas observa-ções: você percebeu que as palavras “recursos escassos” e “necessidades ilimitadas” estão em negrito? Isso porque são dois conceitos que precisam ficar muito claros para o entendimento da economia. “Recursos escassos” está em negrito, pois a escassez, que pode ser definida como a situação em que os recursos são limita-dos, é a escassez variável, culpada por todos os problemas econômicos.

Então, podemos afirmar que a economia tem como objeto de estudo a escas-sez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia, ou se as necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que todas as necessidades seriam satisfeitas. Assim, só existe a economia porque precisamos distribuir os recursos produtivos escassos ou limitados, de forma que satisfaça todas ou a maior parte possível das necessidades humanas.

É importante observar que a escassez está relacionada a diversas variáveis, como tempo, dinheiro, espaço físico, matéria-prima, mão de obra, seja especiali-zada ou não, entre outras; por esse motivo, está presente em todas as economias, seja em países ricos, como os Estados Unidos - que é a maior economia do mundo - seja em países em desenvolvimento, como os países do continente africano. Por exemplo, talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção de bens agrícolas, mas no Japão tem; por outro lado, falta tecnologia e no Japão não. Compreendeu o funcionamento da escassez? Espero que sim, pois esta é a base de todo o estudo da economia.

O termo “necessidades ilimitadas” está destacado, pois, diferentemente da escassez, os desejos humanos são ilimitados, ou seja, nunca terminam. Por exemplo, temos R$ 50,00 para ir ao shopping comprar uma blusa. Chegando lá, compramos uma blusa, mas logo desejamos uma calça ou uma bolsa e assim sucessivamente. Sem falar nas necessidades básicas, como alimenta-ção e moradia. Lembre-se que a economia estuda o todo/agregada; assim, mesmo que uma pessoa não tenha, individualmente, desejos ilimitados ou que todas suas necessidades sejam satisfeitas, na economia como um todo não é assim que funciona.

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Resumindo, temos um sério problema quando:

Recursos escassos X Necessidades humanas ilimitadas

Escassez de bens

Problema!

Mais uma vez: caso os recursos fossem escassos, mas as necessidades humanas fossem limitadas, não teríamos problema; e se os recursos fossem ilimitados e as necessidades humanas também, não haveria problema. O grande problema é recursos escassos e necessidades ilimitadas.

Com base no que discutimos até agora, é possível perceber que a Ciência Econômica procura responder, mesmo que de forma parcial, questões como:

■ Como os preços são determinados?

■ Como reduzir a inflação?

A economia é a ciência da escassez ou das escolhas.

(Judas Tadeu Grassi Mendes)

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■ Como melhorar a distribuição de renda de um país?

■ Como fazer com que aumente o número de empregos?

■ Quais são as funções do governo?

■ Por que uma crise internacional afeta a economia nacional?

PRINCÍPIOS DE ECONOMIA

Você já conhece o significado de economia e seu objeto de estudo, que é a escas-sez. Agora, discutiremos as dez ideias centrais que regem a economia. Mankiw (2012) dividiu os dez princípios da economia em três grupos: como as pessoas tomam decisões, como as pessoas interagem e como a economia funciona.

Grupo 1: como as pessoas tomam decisõesO comportamento da economia reflete o comportamento das pessoas que dela fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de decisão individual.

Princípio 1: as pessoas enfrentam trade-offsPara começarmos a discutir o primeiro princípio, é importante que você saiba o que a expressão trade-off significa para a economia. Esta expressão é uma situa-ção de escolha conflitante, ou seja, quando uma ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando outros, por exemplo: uma forma de fazer com que um país cresça é aquecendo a demanda; porém, ao aumentar a demanda, os preços sobem e geram inflação.

Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentasse, acabou por fazer com que a taxa de inflação também aumen-tasse. Nesse caso, existe um trade-off entre crescimento e inflação.

A situação apresentada anteriormente reflete a tomada de decisão, ou seja, “nada é de graça”, como diz o provérbio. Na economia, nada é de graça também, pois sempre que queremos alguma coisa precisamos abrir mão de outra que gos-tamos. Assim, precisamos tomar decisões, fazer escolhas e renunciar a algo em decorrência de outro objetivo.

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Neste momento, por exemplo, você dedi-cou, digamos, duas horas do seu dia para estudar a disciplina Economia e Sociedade, para isso, você teve que abrir mão de outra atividade, como ver televi-são. Porém, você tem outra escolha, você pode dividir as duas horas entre estudar e ver televisão; neste caso, você estará abrindo mão de uma hora de estudo para assistir uma hora do seu programa favorito. Essa foi sua escolha. Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos trade-offs e precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar decisões a toda hora.

Princípio 2: o custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-laComo enfrentamos diversos trade-offs, ao tomar decisão é necessário comparar os custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível. Porém, nem sempre o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser ava-liado. Por exemplo: você resolveu se matricular no curso da Unicesumar; como benefício você tem o enriquecimento do conhecimento, novas oportunidades de emprego, aumento salarial, entre outros. Por outro lado, você tem custo, como a mensalidade e a dedicação (terá de abrir mão de outras atividades por algumas horas, em função de estudar), entre outros.

A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que é defi-nido por Mankiw (2012) como aquilo de que você abre mão para obter outro item. Nesse exemplo, você abriu mão de parte do seu salário para pagar a men-salidade e de parte do seu dia para estudar, em função de cursar uma graduação, para ter, futuramente, aumento salarial, novas oportunidades de emprego e aumento de seu conhecimento.

Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as situações de escolha. Nós sempre precisamos levar em consideração, ao tomar

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uma decisão, do que estamos abrindo mão, ou seja, custos e benefícios daquela ação, bem como a empresa e o governo que também precisam analisar o custo de oportunidade sempre.

Princípio 3: as pessoas racionais pensam na margemPara a economia, as pessoas são racionais, ou seja, são capazes de fazer o máximo para alcançar seus objetivos, sempre de forma direta e sistemática, a partir das oportunidades que surgem. Porém, uma pessoa racional sabe que imprevistos sur-gem e, como são racionais, são capazes de fazer pequenos ajustes em seu plano de ação, o que é chamado de mudança marginal. Então, uma pessoa racional com-para, ao tomar decisão, o custo marginal com o benefício marginal daquela ação.

Nesse momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os princípios até aqui explicados, mas com um exemplo ficará mais fácil. Imagine uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo custa, à empresa, 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos por 200 lugares, o que dá 500 reais; ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de R$ 500,00. Porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com 10 lugares vagos e os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem. A empresa venderá a este valor, pois o custo marginal desses 10 passageiros é muito pequeno, quase insig-nificante, e estes irão consumir alimentos a bordo, o que mostra o custo marginal.

Princípio 4: as pessoas reagem a incentivos

Dado que pessoas racionais tomam decisões comparando o custo com o benefício daquela ação, o incentivo exerce papel fundamental para essa escolha, pois o é algo que faz com que uma pessoa racional aja. Por exemplo: quando o preço da alface aumentar, as pessoas irão reduzir o consumo dessa verdura e substituí-la por outra, como chicória. A mesma situação acontece quando o governo implementa uma política pública. A nova política pública, por exemplo o aumento da taxa de juros, irá alterar o comportamento das pessoas e isso deve ser levado em consideração.

Terminamos, aqui, nossa discussão sobre o primeiro grupo de princípios básicos da economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas deci-sões. Esses princípios são importantes em nossa disciplina, já que estamos falando em tomada de decisão.

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Grupo 2: como as pessoas interagemVimos de que forma as pessoas tomam decisões. Porém, sabemos que, muitas vezes, uma decisão nossa afeta a vida de outras pessoas, ou seja, nós interagi-mos com os demais. Neste grupo, discutiremos três princípios que dão suporte a como as pessoas interagem.

Princípio 5: o comércio pode ser bom para todosA visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são concorrentes é equivocada, pois, apesar de as empresas concorrerem por clientes, o comércio entre os países é bom para todos. Isso acontece em razão de o país A se especia-lizar em um determinado bem, exportar-lo e importar outro do qual necessite, mas que não é especialista. Então, os países dependem uns dos outros.

Princípio 6: os mercados são, geralmente, uma boa maneira de organizar a atividade econômicaHoje, sabemos que a forma mais eficiente de organizar a atividade econômica é por meio do próprio mercado, ou seja, da chamada economia de mercado. Esta é definida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca recursos por meio das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando estas interagem nos mercados de bens e serviços.

Nesse caso, a economia é controlada via preços. O comprador verifica o preço ao determinar a demanda por bens e serviços e os vendedores analisam o preço ao decidir a oferta. O preço formado pela relação entre demanda e oferta reflete o preço de mercado por bens, serviços e o custo da manufatura. No entanto, é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos, tomar medi-das (tais como impostos, subsídios, entre outras) de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho.

Qual foi um trade-off importante que você enfrentou recentemente na sua vida profissional? Sua escolha foi racional? Você levou em consideração os custos e benefícios da sua ação?

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Princípio 7: às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercadosComo discutido no princípio 6, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços. Porém, o governo tem papel importante, mesmo em economias de mercado. O papel do governo é fazer com que as regras sejam cumpridas, garan-tindo o chamado direito de propriedade, que se dá mediante as instituições. Direito de propriedade é definido por Mankiw (2012) como a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre recursos escassos.

O direito de propriedade é um incentivo para empresas e famílias produ-zirem. Além de garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia de mercado para assegurar a eficiência e promover a igualdade, já que o mercado sozinho nem sempre consegue fazer-los.

Em relação à eficiência, os mercados nem sempre conseguem alocar os recur-sos de forma eficiente, gerando as chamadas falhas de mercado, que acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado. Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta o bem-estar de outros.

Já poder de mercado é a capacidade de um ou um grupo de agentes eco-nômicos influenciar os preços de mercado de forma significativa. Em relação à igualdade, é dever do governo promover políticas públicas que procuram dar as mesmas condições a todos os agentes econômicos.

Grupo 3: como a economia funcionaOs dois grupos de princípios da economia, que discutimos juntos, formam o ter-ceiro grupo, “como a economia funciona”, pois o modo como os agentes tomam decisão e interagem formam a economia.

Princípio 8: o padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e serviços

Por que os mercados existem?

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Sabemos que existem grandes diferença no padrão de vida dos países e estas ao longo do tempo, também variam. Esse fato é explicado pela produtividade, ou melhor, pela diferença entre a produtividade dos países. Por produtividade entende-se a quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra (MANKIW, 2012). Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida também é maior. Países com produtividade baixa ten-dem a ter o padrão de vida menor. Nesse caso, cabe ao governo implementar políticas públicas que procuram aumentar a produtividade do país.

Princípio 9: os preços sobem quando o governo emite moeda demais

Inflação é definida como o aumento contínuo e generalizado de preços. Dessa forma, quando o governo emite moeda, teremos mais moeda em circulação, dando a impressão, para a população, de aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços, fazendo com que os preços subam.

Além disso, quando o governo emite moeda, o valor dela diminui, gerando aumento de preços. Lembre-se que a moeda é um bem como outro qualquer, mas aprofundaremos nossas discussões sobre esse tema na Unidade III.

Princípio 10: a sociedade enfrenta um trade-off de curto prazo entre infla-

ção e desempregoO aumento da quantidade de moeda em circulação estimula o nível geral de consumo e, assim, há aumento na demanda por bens e serviços. O aumento da demanda pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos seus bens e serviços, gerando inflação. Por outro lado, quando temos muita demanda, as empresas precisam contratar mais trabalhadores, gerando aumento no nível de empregos. Resumindo: em curto prazo o aumento da demanda gera infla-ção e reduz o desemprego.

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CONCEITOS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS

Neste item, iremos discutir alguns conceitos econômicos básicos e fundamentais para o entender da disciplina e da economia como um todo. Você irá perceber que são conceitos fáceis de compreensão e que fazem parte do nosso dia a dia. Porém, não esqueça que todos os conceitos que iremos discutir são relaciona-dos com os princípios básicos da economia, Vamos lá?

AS QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS

Após entender o conceito e o objeto de estudo da economia, podemos afirmar que qualquer economia, independentemente de ser rica ou pobre, capitalista ou socialista, industrializada ou em processo de industrialização, procura respon-der às seguintes perguntas:

■ O que produzir?

■ Quanto produzir?

■ Para quem produzir?

■ Como produzir?

Vamos entender cada uma dessas perguntas? “O que produzir?” significa definir quais bens e serviços a economia irá

fabricar. Esta não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não podemos produzir tudo que desejamos ou que precisamos; em outras palavras, aumentar a produção de um determinado bem significa redu-zir a quantidade produzida de outros bens.

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Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem de ser defi-nida a quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-alvo do produto. Um dos fatores de escolha do “Para quem produzir?” é a renda desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram, que quem irá influenciar a decisão da empresa/país são os consumidores.

Já na última, “Como produzir?”, a empresa/país define o melhor processo produtivo, ou seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida, da forma mais eficiente possível. Dado que os recursos produtivos são escassos, a empresa deverá escolher a combinação desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e serviços.

Podemos resumir as perguntas básicas da economia no Quadro 1.

Quadro 1 – Problemas básicos de um sistema capitalista.

O QUE PRODUZIR?

Sabe-se que diante do contexto de escassez dos recursos produti-vos, uma maior produção de um determinado bem/serviço impli-cará em uma menor produção de outros bens/serviços. Diante dis-so, cada sociedade deverá escolher o que produzir. Indiretamente, tal escolha é feita pelos consumidores quando gastam suas rendas adquirindo produtos cujos preços estão dispostos a pagar.

COMO PRODUZIR?

Como produzir refere-se à combinação/ajuste dos recursos produ-tivos e à empregabilidade de técnicas que possibilitem um deter-minado nível de produção ao menor custo possível. Os preços dos recursos produtivos nesse processo são fundamentais ao passo que apontam os fatores de produção mais escassos e que, portan-to, devem ser poupados.

PARA QUEM PRODUZIR?

Dependente do nível da renda pessoal e de sua distribuição, para quem produzir diz respeito à distribuição dos bens/serviços. Em outras palavras, quanto maior a renda de um indivíduo, maior será seu consumo.

Fonte: Mendes (2004, p. 19 e 20).

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CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO E CUSTO DE OPORTUNIDADE

Como discutimos, a economia está ligada ao problema da escolha, já que os recursos produtivos são limitados e as necessidades humanas são ilimitadas. Em outras palavras, é imposta aos agentes econômicos uma escolha para a produ-ção/consumo de diversos tipos de bens e serviços. Para entender melhor como a escolha é feita, vamos supor a seguinte situação para uma determinada economia:

a. Uma economia só produz dois bens: X e Y, que você pode, por exemplo, chamar de roupas e alimentos.

b. A quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são fixas, ou seja, independentemente de produzir o bem X ou o bem Y, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos serão as mesmas.

c. Existe pleno emprego, ou seja, essa economia produz o máximo que ela pode, dada a quantidade de recursos produtivos que ela tem disponível.

d. A tecnologia é constante, já que o seu uso é uma forma de aumentar a pro-dução, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção disponíveis.

Após apresentar os pressupostos da economia hipotética, podemos verificar a quantidade de cada bem que poderá ser produzido dado os recursos produti-vos que temos disponíveis. Isso pode ser visto no Quadro 2:Quadro 2 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de fatores de produção disponível

BEM QUANTIDADE

X (roupas) 180 160 150 130 100 60

Y (alimentos) 10 20 30 40 50 60

Ponto 1 2 3 4 5 6

Fonte: a autora.

Caso a economia queira produzir tanto o bem X quanto o bem Y, ela deverá “abrir mão” de determinada quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para produzir 20 unidades de Y, a empresa deverá deixar de produzir 20 unidades de X, ou para 30 unidades de Y, deverá deixar de produzir 20 unidades de X. Para ficar mais fácil, vamos visualizar essa situação por meio do Figura 1.

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Alimentos(toneladas)

Roupas(milhares)

Figura 1 - Curva das possibilidades de produção ou curva de transformação da situação hipotética apresentadaFonte: a autora.

A Figura 1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá produzir dados os fatores de produção limitados. Isto é conhecido como curva das possibilidades de produção ou curva de transformação. Então, qual-quer ponto sobre a curva mostra que a quantidade de bens X e Y que a economia poderá produzir nessa situação está em pleno emprego. Agora, qualquer ponto baixo da curva, como o ponto 7 – que pode ser visto na Figura 2 – a economia poderá produzir, porém, caso produza no ponto 7, a economia é ineficiente e não está em pleno emprego, pois haverá recursos produtivos para produzir mais, em outras palavras, haverá capacidade ociosa.

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7

Figura 2 - Pontos de produção que estão fora da curva das possibilidades de produçãoFonte: a autora.

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Ainda, analisando a Figura 2, podemos verificar que há o ponto 8. Dada a tec-nologia constante, produzir no ponto 8 é impossível, pois não temos recursos produtivos suficientes. Contudo, existe uma forma de a economia chegar ao ponto 8, que é por meio da tecnologia. Esta é um fator que desloca a curva das possibilidades de produção, pois, como já discutimos, podemos produzir mais, dados os mesmos fatores de produção disponíveis, ou seja, aumenta a capaci-dade produtiva da empresa. Essa situação pode ser vista na Figura 3.

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60 100 130 150 160 180

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Alimentos(toneladas)

Roupas(milhares)

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7

Figura 3 - Deslocamento da curva das possibilidades de produção, dada uma mudança tecnológicaFonte: a autora.

No mundo real, pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar mais em direção a um bem do que a outro, isso acontece em razão de os bens não possuírem exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de todos os fatores de produção. Então, o recurso produtivo que seja mais afetado pela tecnologia tende a deslocar mais a curva de transformação.

Tudo que discutimos sobre curva das possibilidades de produção também nos mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de oportunidade, no qual a empresa teve de “abrir mão” de certa quanti-dade produzida do bem Y em função da produção do bem X.

Portanto, custo de oportunidade pode ser definido como o sacrifício de se transferir os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um bem ou serviço que se deve renunciar para obter outro.

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É importante observar que só existe custo de oportunidade se a economia estiver funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos forem plenamente utilizados, como os pontos 1 a 6 da Figura 1.

CLASSIFICAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS

Bens e serviços podem ser definidos como tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana. Lembrando que as necessidades humanas são ilimitadas e cada pessoa tem a sua. Os bens podem ser classificados de duas formas princi-pais: em relação a sua raridade e em relação a quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser:

Livres – são aqueles bens nos quais a quantidade é ilimitada e podem ser obti-dos sem nenhum esforço humano, por esse motivo, não têm preço, e a economia não se preocupa com eles, por exemplo: mar, rio, lagoa, oxigênio, entre outros.

Econômicos – são bens e serviços limitados (escassos), têm valor de mer-cado e precisam de esforço humano para produzi-los, por exemplo: carro, computador, caneta, entre outros. Os bens e serviços econômicos são os bens estudados pela economia.

Os bens econômicos podem ser classificados, quanto a sua natureza, em:

a. Materiais – são bens tangíveis e que podem ser estocados. Por exemplo: computador, sapato, roupa etc. Podem ser:i) Consumo – bens duráveis e de consumo imediato. Exemplo: roupa.

O termo custo de oportunidade é muito utilizado na economia mas por não ser facilmente quantificável, é, muitas vezes, difícil para profissionais de ou-tras áreas compreender. Por este motivo, sugiro o texto “Custo de oportuni-dade: oculto na contabilidade, nebuloso na mente dos contadores”. O artigo está disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-d=S1519-70772002000300002&lang=pt.>.

Fonte: a autora.

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ii) Intermediário – necessários para fabricação de bens de consumo. Exemplo: matéria-prima.

iii) Capital – permitem produzir bens. Exemplo: máquinas.

b. Imateriais ou serviços – são intangíveis, não podem ser estocados e, assim que são consumidos, acabam, como uma consulta médica, uma aula ou uma consultoria.

A partir do que foi discutido sobre bens econômicos materiais e imateriais, farei uma pergunta para você: uma passagem de metrô é um bem material ou um ser-viço? O ticket do metrô é um bem material, pois conseguimos estocar, porém, a viagem feita é um serviço, pois assim que descemos do metrô, o bem acaba.

Os bens e serviços também podem ser classificados, em relação a quem os oferta. Neste caso, podem ser:

Públicos – são bens ou serviços ofertados pelo governo e têm como carac-terísticas serem não exclusivos e não disputáveis, ou seja, independentemente de quem paga por eles, no caso, por meio de impostos, todos poderão consu-mir, e o consumo de uma pessoa não exclui o consumo de outra. Por exemplo, a segurança pública e o corpo de bombeiros.

Privados – são bens ou serviços ofertados pelas empresas e têm como carac-terísticas serem disputáveis e exclusivos, ou seja, só quem pagar pelo bem poderá levá-lo para casa e o consumo de uma pessoa exclui o consumo da outra, como uma roupa ou um alimento.

Para melhor visualizar a classificação dos bens quanto a quem os oferta, veja o Quadro 3:

Quadro 3 - Comparação entre bem público e bem privado

CARACTERÍSTICA BEM PÚBLICO BEM PRIVADO

É rival Não Sim

É excludente Não Sim

Fonte: a autora.

Conforme podemos ver no Quadro 3, se um determinado bem é não rival e não excludente, ele é um bem público; caso contrário, é um bem privado. Para ilustrar essa situação, vamos pensar em dois bens: iluminação pública e carro. Primeiro, sabemos que o mesmo carro não pode ser consumido – no caso, comprado

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– por duas pessoas diferentes, sendo assim, o seu consumo é rival. Em segundo lugar, o consumo do carro é excludente, pois, se a pessoa não pagar pelo carro, a empresa não venderá. Já no caso da iluminação pública, não é possível uma pessoa ter e a outra, na mesma rua, não ter, e nem o consumo por parte de um indivíduo excluir o consumo do outro.

AGENTES ECONÔMICOS NO SISTEMA CAPITALISTA

Para fabricar bens e serviços, comprar produtos, pagar tributos, regular a econo-mia, entre outros, ou seja, para fazer com que a economia gire, são necessários os agentes econômicos, que podem ser definidos como sendo pessoa de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribui para o funcionamento do sistema econômico. Esses agentes podem ser classificados em:

a) Empresas – também são conhecidas como unidades produtivas, são responsáveis pela produção e comercialização dos bens e serviços. As empresas combinam os fatores de produção da forma mais eficiente pos-sível para fabricar bens e serviços, de modo a obter o máximo de lucro.

b. Família – conhecida como consumidores, incluem, segundo Passos e Nogami (2012), todos os indivíduos e unidades familiares da economia; têm como função adquirir bens e serviços e, além disso, são proprietá-rios do fator de produção trabalho. Em outras palavras, trabalhamos para receber salários para poder comprar bens e serviços.

c. Governo – são as organizações que estão, direta ou indiretamente, sob o domínio do Estado e que atuam no sistema econômico. Temos o governo Federal, Estadual e Municipal, além das leis e regulações. O governo pode intervir na economia de duas formas, segundo Passos e Nogami (2012): atuando como empresários e produzindo bens e serviços por meio das empresas estatais ou contratando serviços, comprando materiais, equi-pamentos etc. O governo pode intervir, também, por meio de regulações, tendo como objetivo controlar o mercado, para tornar-lo eficiente.

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d. Setor externo – são os demais países que, ao fazer comércio com o Brasil, acabam influenciando a economia, sendo, também, influenciados. Assim, o setor externo é composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país/economia que se está analisando e que tenham sua estrutura física fora das fronteiras geográficas deste.

Assim sendo, visando desenvolver e/ou fazer crescer as atividades econômicas, cabe a toda economia o estabelecimento de suas normas, as quais devem ser res-peitadas/cumpridas por todos os agentes. Por exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações específicas, entre elas, o alvará de funcionamento, para atuar, ou seja, para produzir e comercializar seus produtos.

Essa é apenas uma das normas que compõem as inúmeras existentes nas econo-mias. Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com os setores públicos e externos, formam o que chamamos de sistema econômico. Os mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo.

Aqui, trataremos apenas do capitalismo, visto que o sistema econômico em questão é o sistema no qual a maioria das economias estão inseridas. O refe-rido sistema econômico depende das forças de demanda (consumidores) e de oferta (produtores) para determinar preços, alocar recursos e distribuir a renda e a produção, ao passo que o governo pouco se envolve na tomada de decisões (MENDES, 2004). Determinados a obter lucros cada vez maiores, os proprietá-rios dos fatores de produção ou recursos produtivos (os fatores de produção ou recursos produtivos são de propriedade privada) tomam as decisões de produção.

Destaca-se que os lucros e prejuízos que, porventura, ocorram são resultados das referidas decisões. Tais decisões tendem a afetar, diretamente, consumidores e produtores, ao passo que os consumidores - dado seu nível de renda - buscam maximizar suas satisfações, e os produtores - dados os seus fatores de produção ou recursos produtivos - buscam maximizar seus lucros.

Nesse ínterim, os preços de mercado são os responsáveis por nortear as deci-sões das firmas e dos indivíduos no quesito produção, distribuição e consumo. Contudo, vale ressaltar que, neste tipo de sistema econômico, em todos os tipos de atividades e segmentos, a concorrência é extremamente acirrada. Em síntese, conforme nos mostra o Quadro 4, as principais características do sistema eco-nômico capitalista são:

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Quadro 4 - Principais características do sistema capitalista

PROPRIEDADE PRIVADA

Dos fatores de produção, dos bens de consumo (duráveis e não duráveis) e do dinheiro.

SISTEMA DE PREÇOS

Responsável pelo controle do funcionamento da economia: seleção de bens e quantidades a serem produzidos; combinação e distribuição dos fatores de produção; seleção de técnicas e métodos de produção/organização e distribuição dos bens entre membros da sociedade.

LUCROIncentivo à produção. Diferença entre Receita Total e Custo Total de produção.

COMPETIÇÃODe grande importância. Entre as empresas e entre os proprie-tários dos recursos, apesar da constante/crescente presença de oligopólios e monopólios nos mercados.

GOVERNOPapel limitado, apesar da elevada participação do governo nas atividades econômicas nos dias atuais.

Fonte: Mendes (2004, p. 17-18).

Ainda que sejam inúmeras as críticas apontadas ao modo de produção em ques-tão, esse tipo de sistema econômico, até então, tem-se revelado a opção mais eficaz a título de organização da atividade econômica. Segundo Mendes (2004, p. 18-19), estudiosos do assunto apontam o “a) antagonismo entre o capital e o trabalho; b) a presença de elementos monopolísticos e c) a não solução da jus-tiça social” como as mais relevantes falhas do sistema.

Em contrapartida, apontam a alocação dos fatores de produção de modo eficiente como a mais relevante qualidade do sistema em questão, ao passo que promove ganhos de produção e bem-estar social. A eficiência na alocação dos recursos produtivos é consequência da constante busca pelo aperfeiçoamento, em função da acirrada competição existente e da incitação ao lucro.

FATORES DE PRODUÇÃO OU RECURSOS PRODUTIVOS

Podemos definir fatores de produção ou recursos produtivos como elemen-tos limitados que são utilizados no processo de fabricação de bens e serviços, que irão satisfazer as necessidades humanas. Os fatores de produção têm como

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características serem escassos – como você já deve ter percebido – versáteis, ou seja, podem ser utilizados para diferentes fins. Dito de outro modo, os fatores de produção fabricam diversos bens e podem ser combinados em proporções para produzir bens e serviços. Após definir fatores de produção, é importante classi-ficá-los. Os recursos produtivos são:

a) Recursos naturais ou terra – é a origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais, matérias-primas etc.

b) Recursos humanos – é a contribuição do ser humano na produção, podem ser físico ou intelectual. Como trabalho físico, temos o trabalho de um agricultor no campo. Uma consulta médica é considerada um tra-balho intelectual.

c) Capital – são bens utilizados no processo produtivo, como máquinas, construções, infraestrutura, entre outros.

Atualmente, além dos três fatores de produção clássicos que citamos anterior-mente, ainda temos a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de produção, pois é fundamental a tomada de decisão dos empresários quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser considerada um fator de produção. Para melhor compreensão dos fatores de produção tradicionais, vamos analisar o Quadro 5.Quadro 5 - Fatores de produção

TERRA OU RECURSOS NATURAIS

Consistem em todos os bens econômicos utilizados na produ-ção e que são obtidos direamente da natureza, como os solos (urbanos e agrícolas), os minerais, as águas (dos rios, dos lagos, dos mares, dos oceanos e do subsolo), a fauna, a flora, o sol e o vento (como fontes de energia), entre outros. Esses recursos são um presente da natureza. Para se referir a todos os tipos de recursos naturais, alguns economistas utilizam o termo “terra”.

MÃO DE OBRA OU TRABALHO

Incluem toda a atividade humana (esforço físico e/ou mental) utilizada na produção de bens e serviços, como: os serviços técnicos do advogado, do médico, do economista, do enge-nheiro, ou da mão de obra do eletricista, do encanador. Há economistas que consideram o capital humano um quarto tipo de fator de produção. Por capital humano, considera-se o conhecimento e as habilidades que as pessoas obtêm por meio da educação e da experiência em atividades produtivas.

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CAPITAL

O fator de produção capital corresponde aos conjuntos dos edi-fícios, máquinas, equipamentos e instalações que a sociedade dispõe para efetuar a produção. Este conjunto é denominado de estoque de capital da economia. Quanto mais bens de capital dispuser a economia, mais produtiva ela será (ou seja, mais bens e serviços poderá produzir). Observe que o conceito de capital como fator de produção é um pouco diferente da palavra capital usada na linguagem comum, quando é utilizada para designar uma quantia em dinheiro (ou outro ativo financeiro) que deter-minada pessoa possui para iniciar um determinado negócio.

Fonte: Mendes (2004, p. 5).

Em suma, os fatores de produção ou recursos produtivos (inputs), isto é, os solos, os minerais, as águas, a fauna, a flora, o sol, o vento, os serviços técnicos espe-cializados, a mão de obra do operário, os conjuntos dos edifícios, as máquinas, os equipamentos, as instalações, entre outros, dadas suas principais caracterís-ticas (escassez, versatilidade e combinações em proporções variáveis), quando alocados, promovem, ao longo do processo produtivo, uma expressiva produção (outputs), ou seja, promovem uma ampla gama de bens e serviços.

SETORES ECONÔMICOS

Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004).

Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção, tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. Em outras palavras, temos atividades de produção ou setores da eco-nomia que são intensivos em terra ou recursos naturais, outros em mão de obra ou tra balho e, ainda, outros que são intensivos em capital.

O autor nos explica, ainda, que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores de produção ou recursos produtivos classifica as atividades de pro-dução ou setores da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos entender cada uma delas?

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a) Atividades primárias de produção ou setor primário - Agricultura (lavouras permanentes, temporárias, horticultura, floricultura); pecuária (criação e abate de gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção florestal: silvicultura e reflorestamento).

b) Atividades secundárias de produção ou setor secundário - Indústria extrativa mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de trans-formação (produtos alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, fiação e tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos); indústria da construção (obras públicas e construções privadas).

c) Atividades terciárias de produção ou setor terciário - Comércio (ata-cadista e varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários); comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiodifusão e TV); intermediação financeira (bancos, seguradoras, distri-buidoras e corretoras de valores e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação); hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto reli-gioso) e governo (federal, estaduais e municipais).

Funcionamento do sistema capitalista

As bases de um sistema econômico capitalista podem ser melhor discutidas por meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo. Observe que as instituições familiares e produtivas, nesse modelo, interagem em apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de fato-res de produção (MENDES, 2004).

Nessa direção, as unidades familiares oferecem, no mercado de fatores de produção, recursos produtivos. As unidades produtivas, por sua vez, oferecem, no mercado de bens e serviços, sua produção. Por outro lado, as unidades fami liares demandam, no mercado de bens e serviços, a produção das empresas, ao passo que as unidades produtivas demandam, no mercado de fatores de produ ção,

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os recursos produtivos. Essa interação entre agentes econômicos e mercados é chamada de fluxo real da economia (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).

Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um fluxo monetário. A união dos fluxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo Circular de renda. O Quadro 6 descreve sucintamente as interações que compõem esse fluxo (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).Quadro 6 - Interações entre famílias e empresas nos mercados de bens e serviços e de fatores de produção

ATIVIDADEMERCADO DE BENS E SERVIÇOS

MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO

Fluxo RealProdutos das empresas para satisfazer as necessidades dos consumidores.

Os principais fatores de produção são: Terra ou Recurso Natural, Mão de obra ou Trabalho e Capital

Fluxo Mo-netário

As famílias tranferem parte de suas rendas às empresas, ao adquirirem seus produtos.

As empresas remuneram as famílias pelo uso dos fatores, por meio de:Salários (trabalho). Dividendos (capital) Juros (capital). Lucros (capital). Alugel (T ou RN).

ATIVIDADE MERCADOMERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO

Oferta Exercida pelas instituições produtivas.

Exercida pelas instituições familia-res.

Demanda Exercida pelas instituições familiares.

Exercida pelas instituições produ-tivas.

Interação Por meio dos preços dos produtos. Por meio dos preços dos fatores.

Fonte: Mendes (2004, p. 22).

Destaca-se que, tanto no mercado de bens e serviços quanto no mercado dos fato-res de produção, visando determinar os preços, as forças da oferta e da demanda atuam em conjunto. Assim sendo, no mercado de bens e serviços essa interação forma os preços dos produtos, ao revés do mercado de fatores de produção, que forma os preços dos recursos produtivos (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).

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Por fim, vale ressaltar que as interações entre famílias e empresas, nesses mer-cados, são limitadas pela escassez; em outras palavras, as famílias, embora tenham desejos ilimitados, possuem rendas limitadas ao passo que empre sas, devido a recursos produtivos finitos, incorrem em restrições de produção (MENDES, 2004).

DIVISÃO DA CIÊNCIA ECONÔMICA

Devido a fins metodológicos para estudos econômicos, divide-se a ciência eco-nômica em duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia. A microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 9), “é o ramo da teoria eco-nômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre compradores e ven-dedores em determinados mercados, como no mercado de produtos alimentícios.

Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para: a) insti-tuições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos; b) com portamento dos consumidores; c) comportamento das empresas; d) estruturas e mecanismos de funcionamento dos mercados; e) funções e imperfeições dos mercados; f) remune-ração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g) preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI, 2008). Nas Unidades II e III serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da Teoria Econômica.

A macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia como um todo, procurando identificar e medir inúmeras variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança agregada, nível de emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p. 9). Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para: a) a economia em seu conjunto; b) o desempenho total da econo-mia, dado as causas e os mecanismos de correção das flutuações; c) os agregados macroeco nômicos, tais como PIB e RN; d) as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego; e) as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio; f) as trocas internacionais e g) o crescimento e desen volvimento das economias (ROSSETTI, 2008). As noções básicas que envol-vem essa área da teoria econômica serão tratadas nas Unidades de número IV e V.

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CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final da primeira Unidade da disciplina Economia e Sociedade. Agora, você já sabe exatamente o que é economia e o que essa ciência tão fabulosa estuda. Vimos que a economia vai muito além da ciência que estuda o dinheiro ou como as pessoas fazem investimento. As ciências econômicas têm como foco as escolhas dos agentes econômicos, sempre com o objetivo de gerar bem-estar social; essa escolha é feita porque os recursos produtivos são escassos e as neces-sidades humanas são ilimitadas.

Por este motivo, a economia é uma ciência social e não uma ciência exata, já que, apesar de utilizar alguns instrumentos matemáticos e estatísticos, ela estuda a melhor forma de satisfazer as necessidades da sociedade. Discutimos, também, alguns conceitos econômicos fundamentais que te ajudarão a compreender o funcionamento da economia no mundo real, além disso, falamos sobre os dez princípios econômicos e um pouco sobre os teóricos e seus modelos.

Acredito que você deve ter se surpreendido com a complexidade da econo-mia e tenho certeza que, com o passar das unidades, você ficará cada vez mais surpreso(a) e encantado(a) com o estudo das ciências econômicas, uma vez que a economia está no nosso dia a dia, já que vivemos economia desde o nosso nas-cimento até a nossa morte.

Qualquer decisão do governo afeta nossas vidas, qualquer decisão de um membro da nossa família afeta a família como um todo, principalmente, se essas decisões forem econômicas. Assim, termino a primeira Unidade, espero que eu tenha conseguido despertar em você a curiosidade pela ciência econômica.

Na próxima unidade, discutiremos uma das grandes áreas de estudo da economia, que é a microeconomia, e você poderá compreender melhor a famosa lei oferta e demanda. Qualquer dúvida que tiver, não exite em nos procurar. Um forte abraço!

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1. Economia é uma palavra originária da língua grega, sendo a junção de duas ou-tras palavras que são “oikós” que significa casa e “nomos” que pode ser traduzida como norma/lei. Então, literalmente, economia é a “administração da casa”. Em relação ao conceito de economia, assinale a alternativa correta.

a. É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou dese-jos humanos.

b. É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos escassos, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou desejos humanos.

c. É uma ciência social que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou dese-jos humanos.

d. É uma ciência exata que trata do estudo da alocação dos recursos ilimitados, na produção de bens e serviços, para a satisfação das necessidades ou dese-jos humanos.

e. É uma ciência social que trata do estudo da matemática para alocar os recur-sos ilimitados, na produção de bens e serviços, para a geração máxima de lucro.

2. Estudamos alguns conceitos básicos de economia, incluindo seu significado. Em relação ao que foi discutido, podemos afirmar que todos os problemas estudados em economia são originários de uma variável ou situação, que é: Assinale a alternativa correta.

a. Desigualdade da distribuição de renda.

b. Pouca produção nacional.

c. Da escassez de recursos produtivos.

d. Da corrupção dos agentes econômicos.

e. Da abundância dos recursos produtivos.

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3. Dado que os recursos são escassos, ou seja, limitados, e as necessidades huma-nas são ilimitadas, todas as economias, independente do seu grau de desenvol-vimento econômico, procuram responder a quatro perguntas básicas. Em rela-ção a essas perguntas, relacione a primeira coluna com a segunda coluna.

I. O que produzir?

II. Quanto produzir?

III. Como produzir?

IV. Para quem produzir?

a. Público alvo.

b. Variedade de bens e serviços.

c. Quantidade.

d. Processo produtivo.

Marque a alternativa que relaciona corretamente as colunas.

a. Ia; IIb; IIIc; IVd.

b. Ib; IIa; IIId; IVc.

c. Ic; IId; IIIb; IVa.

d. Ib; IIc; IIId; IVa.

e. Id; IIc; IIIa; IVb.

4. Bens e serviços são tudo aquilo capaz de atender uma necessidade humana e podem ser classificados em econômicos materiais ou serviços. Em relação aos bens econômicos materiais, marque a alternativa correta.

I. São bens tangíveis e estocáveis.

II. Podem ser de consumo final, consumo intermediário e de capital.

III. O lançamento de uma campanha política é um exemplo de bem de consumo.

IV. Os insumos, de uma forma geral, são exemplos de bens intermediários.

a. Somente as afirmativas I e II estão corretas.

b. Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

c. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

d. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

e. Todas as afirmativas estão corretas.

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5. A economia é dividida em duas grandes áreas: microeconomia e macroeconomia e cada um desses ramos é responsável pelo estudo de determinadas variáveis. Em relação à divisão da ciência econômica, marque a alternativa correta.

a. Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam o país como um todo.

b. A microeconomia é responsável por questões como a alta do dólar e a macro-economia pela relação entre oferta e demanda.

c. A microeconomia estuda os grupos isoladamente, e a macroeconomia estuda a economia como um todo.

d. Tanto a microeconomia quanto a macroeconomia estudam os grupos isola-dos.

e. A microeconomia estuda questões que não trazem grandes problemas para o país e a macroeconomia estuda os grandes problemas econômicos.

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POR QUE ESTUDAR ECONOMIA?

Imagine a seguinte situação: uma moça escreve um e-mail ao namorado e lê um livro de 150 páginas enquanto espera numa fila que durou mais de três horas. O motivo disso é que um determinado posto de gasolina está fazendo uma super promoção e vendendo o litro do combustível a R$2,99, para inaugurar novos postos da mesma rede.

A promoção durou das dez horas ao meio dia de um sábado e os consumidores só pode-riam adquirir 69 litros. “Estou na fila desde que ela se formou. Nunca vi o preço da gaso-lina tão baixo e acho que isso não vai acontecer de novo”, contou Vera, que dirigiu cerca de 14 quilômetros e chegou ao posto às oito horas, mas já encontrou sete carros a sua frente. “Como meu carro já estava na reserva, coloquei R$ 2 e continuei”, esclareceu Vera.

“Acho que já gastei mais do que vou colocar no tanque agora”, contou João, ao chegar à bomba, depois de uma hora e meia de espera. Uma mulher tentou furar a fila, o que deu início a uma discussão. João desistiu de esperar e, ao ir embora, bateu em um car-ro. “Eu queria sair daquela confusão. Essa gente é louca! Tudo isso pra economizar uns trocados”, disse João, ao registrar o boletim de ocorrência. As pessoas desse relato se sacrificaram para comprar 15 galões de gasolina por um preço promocional de R$2,99. Na época, o litro de gasolina custava R$3,70.

Para alguns, a decisão de aproveitar a promoção de gasolina pode parecer sem sentido, mas, para outros, trata-se de uma medida bastante razoável. O que acontece é que, para todos nós, a decisão de comprar ou não a gasolina é basicamente a mesma: compara-mos os custos com os benefícios. Precisamos fazer escolhas o tempo todo, porque não temos tudo que queremos.

Após estudar a primeira Unidade no nosso livro, você sabe que não é possível conseguir estudar ou trabalhar 40 horas por semana, jogar futebol, andar de bicicleta, praticar sur-fe, ir ao cinema, ler um romance e, ainda, sair pra se divertir com os amigos. Simplesmen-te não há tempo para fazer tudo isso; é preciso escolher algumas atividades e deixar de lado as demais. É disso que trata a economia: a compreensão dos motivos que levam as pessoas a fazerem o que fazem. A economia é um campo fascinante!

A economia analisa as decisões tomadas pelas pessoas e pelas empresas no que se re-fere ao trabalho, consumo, investimento, contratação de funcionários e precificação de serviços. Estudam o funcionamento de economias inteiras e a interação entre elas; o motivo para haver recessão em alguns momentos e crescimento em outros; a diferença dos padrões de vida de um país para outro e a disparidade de riqueza entre as pessoas.

Fonte: a autora.

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Material Complementar

MATERIAL COMPLEMENTAR

O livro da EconomiaVários autores

Editora: Globo livrosSinopse: escrito por um grupo de economistas, professores,

jornalistas e analistas financeiros, ‘O Livro da Economia’ apresenta as bases do pensamento que pautou a evolução

e as diversas teorias da economia em todo o mundo. Numa

escrita ágil, o livro aborda a história de como a humanidade

criou e entendeu o dinheiro, o comércio, a especulação,

as crises econômicas a partir dos principais nomes desta

ciência. Fartamente ilustrado, esse livro é dividido em seis

partes: “Iniciem o comércio (400 a.C.-1770)”, “A Era da Razão (1770-1820)”, “Revoluções industrial e

econômica (1820-1929)”, “Guerra e depressões (1929-1945)”, “Economia no pós-guerra (1945-1970)”

e “Economia contemporânea (1970-presente)”. Cada uma delas destaca teorias econômicas dos

mais renomados pensadores, de Aristóteles a John Maynard Keynes, passando por Max Weber, John

Stuart Mill, Vilfredo Pareto, Joseph Schumpeter e Paul Krugman. É possível entender, assim, a “mão

invisível do mercado” de Adam Smith ou o “valor-trabalho” de Karl Marx, por exemplo, e também

saber do surgimento do primeiro banco (Florença, 1397), das primeiras cédulas impressas (Banco da

Escócia, 1696), da criação do FMI (1944) e do nascimento dos Tigres Asiáticos (acordo Japão-Coreia

do Sul, 1965), além do impacto do vapor e dos computadores em importantes revoluções na história

econômica humana.

Comentário: escrito por professores e estudiosos de maneira simples e acessível, esse é um livro

completo e atualizado sobre economia. Nele, há breves biografias de economistas, citações dos

grandes pensadores, linha do tempo com os principais acontecimentos, entre outros.

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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS

MANKIW, N. G. Introdução à Economia: Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

MENDES, J. T. G. Economia: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. São Paulo: Cengage Lear-ning, 2012.

ROSSETTI, J. P. Introdução à Economia. 20. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

VASCONCELOS, A. S.; GARCIA, M. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva, 2008.

VICECONTI, P. E. V; NEVES, S. Introdução à Economia. 10. ed. São Paulo: Frase Edi-tora, 2010.

46

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REFERÊNCIAS47

GABARITO

1. A.

2. C.

3. D.

4. D.

5. C.

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UN

IDA

DE II

Professora Drª Andréia Moreira da Fonseca Boechat

INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Objetivos de Aprendizagem

■ Apresentar os fundamentos da teoria do consumidor.

■ Entender a teoria da demanda.

■ Compreender a teoria da oferta.

■ Explicar a teoria da produção.

■ Descrever as estruturas de mercado.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■ Fundamentos da teoria do consumidor

■ Teoria da demanda

■ Teoria da oferta

■ Equilíbrio de mercado

■ Teoria da produção

■ Estruturas de mercado

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) à segunda Unidade do nosso livro Economia e Sociedade. Agora que você já conhece alguns conceitos básicos e fundamentais para o entendimento da economia e já sabe que esta ciência tão fantástica é dividida em duas grandes áreas (microeconomia e macroeconomia), podemos iniciar nossas discussões sobre a primeira grande área, na qual fare-mos uma introdução à microeconomia.

Então, na Unidade II, irei apresentar como os agentes econômicos “família” e “empresa” tomam suas decisões de compra e venda de bens e serviços e como o preço e quantidade são formados. Para atingir o objetivo principal, a unidade está dividida em cinco seções.

Na primeira seção, discutiremos os fundamentos da teoria do consumi-dor, que mostram como os consumidores escolhem quais são os bens e serviços que irão demandar e em qual quantidade. Na segunda seção, apresentarei a tão famosa teoria da demanda, em que definiremos demanda e veremos quais são os fatores que, a afetam, que tanto podem aumentar quanto reduzi-la.

Na terceira seção, estudaremos o outro lado da relação, ou seja, a lei da oferta. Aqui será apresentado o lado da empresa e o que faz com que a firma aumente ou reduza a quantidade que ela deseja produzir e vender. Para finalizar a seção, veremos as curvas de demanda e de oferta atuando conjuntamente. É nesta rela-ção que o preço e quantidade que conhecemos são formados.

Na quarta seção, falaremos, sucintamente, sobre os principais custos econô-micos, alguns, certamente, você já ouviu falar e/ou estudou em outras disciplinas. Para finalizar a unidade e o estudo da microeconomia, descreveremos, na quinta seção, as quatro estruturas de mercados: monopólio, concorrência perfeita, con-corrência monopolística e oligopólio, e como o preço se comporta em cada uma delas. Preparado(a)?

Bons estudos!

Introdução

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IIU N I D A D E52

FUNDAMENTOS DA TEORIA DO CONSUMIDOR

Na Unidade I, foi apresentado que família e a empresa são agentes econômicos e fazem parte do sistema econômico capitalista. Nesta seção, estudaremos ape-nas as família, que são os consumidores, e o seu comportamento em relação às decisões de consumo.

Você saberia me dizer quais são os fatores que os consumidores levam em con-sideração ao escolher um determinado conjunto de bens e serviços? No geral, os consumidores possuem algumas características na relação entre a renda disponível e a escolha por bens e serviços. Você saberia me dizer quais são estas caracte-rísticas? Você, por exemplo, como escolhe um determinado bem ou serviço?

As características que a maioria dos consumidores têm são, segundo Mendes (2009):

■ Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e serviços;

■ Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço, ou seja, possuem cestas de bens, que veremos mais para frente;

■ Como vimos, as necessidades humanas são ilimitadas; por este motivo, os consumidores, raramente, estão satisfeitos com a quantidade de pro-dutos comprados;

■ Os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dado sua renda e os preços dos bens.

A partir dessas características, sabemos que as pessoas têm preferência por alguns bens e serviços em relação a outros, ou seja, os consumidores, também conheci-dos como famílias, são capazes de colocar as cestas de bens e serviços em ordem, de acordo com suas preferências. Quando menciono uma cesta de bens e servi-ços, quero dizer um conjunto de quantidades de determinados bens e serviços. Para ficar mais didático, essas cestas serão compostas por quantidades, somente, de dois bens e/ou serviços. Esta situação pode ser representada a seguir:

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C = (Q1, Q2)Onde: C – cesta de bens e serviçosQ1- quantidade do bem ou serviço 1Q2 – quantidade do bem ou serviço 2Como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A esco-

lha que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras é feita a partir de três pressupostos:

■ Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores quan-tidades do que menores;

■ A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais o agrada;

■ A preferência é transitiva – dados três cestas, A, B e C, e comparando duas cestas por vez: entre A e B, o consumidor prefere a cesta A; entre B e C, o consumidor prefere a cesta B; então, entre A e C, o consumidor irá pre-ferir a cesta A. Esta situação por ser vista no esquema a seguir.

A > B B > C Então, A > C

Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exem-plo: José, nosso consumidor, tem três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dado a sua renda e o preço dos bens, conforme situação que segue.

Cesta A = (2 canetas, 3 borrachas) Cesta B= (1 caneta, 2 lápis) Cesta C = (1 lápis e 2 borrachas)

Entre a cesta A e a cesta B, José prefere a cesta A; entre a cesta B e a cesta C, ele escolherá a cesta B; então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compa-rarmos as cestas A e C, José preferirá a A.

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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UTILIDADE

Os pressupostos da teoria do consumidor mostram as preferências de um deter-minado consumidor por meio de uma função, a chamada função utilidade, que é definida por Mendes (2009) como o benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço pode gerar a uma pessoa. A função utilidade pode ser representada como sendo:

U = f ( Q1, Q2)Onde: U – utilidade

f – uma representação matemática que significa “em função de que”Q 1- quantidade do bem 1Q 2 – quantidade do bem 2

Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total é a satisfa-ção completa (total) pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um determinado bem ou serviço. Ela é crescente até certo ponto, o chamado ponto de saturação, após esse ponto, ela vai decrescendo. Diferentemente da utilidade total, a utilidade marginal é a satisfação gerada pelo consumo de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço.

A utilidade marginal explica que o consumidor não gasta toda a sua renda em um único bem ou serviço, pois, se formos explicar de forma bem radical, ele enjoa. Diferente da utilidade total, a utilidade marginal é decrescente, ou seja, reduz à medida que a pessoa vai consumindo quantidades adicionais de um bem ou serviço, mantendo os demais constantes.

Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes (2009) apresenta um exemplo que será utilizado, porém fazendo algumas alterações. Imagina José, nosso consumidor, no deserto do Saara, morrendo de sede. Ele encontra um vendedor de água e, como está com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, José está disposto a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de satisfação de consumo desse copo é muito alto.

Já no segundo copo, José está disposto a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais, e assim sucessi-vamente, até chegar ao décimo copo, no qual José não está mais disposto a pagar

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nada pela água, pois o décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumi-dor. Se continuarmos analisando cada possível copo consumido, chegaremos a um valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo gera uma repulsa. Observe essa situação na Tabela 1.

Tabela 1 - Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por José

QUANTIDADE DE COPOS DE ÁGUA UTILIDADE TOTALUTILIDADE MARGINAL

0 0 -

1 70 70

2 120 50

3 165 45

4 190 25

5 210 20

6 225 15

7 235 10

8 240 5

9 242 2

10 243 1

Fonte: Mendes (2009).

A Tabela 1 representa as utilidades total e marginal de José ao consumir os copos de água. Como você vê, o valor que José está disposto a pagar por cada copo reduz à medida que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo copo apenas um real. Então, você percebeu que a utilidade marginal foi caindo, ou seja, o grau de satisfação de José por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor entendimento desta situação, vamos visualizar a Figura 1.

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UtilidadeTotal

UtilidadeMarginal

Q

U

Figura 1 - Representação das curvas de utilidades total e marginalFonte: a autora.

A Figura 1 confirmou o que eu vinha afirmando até agora sobre a função utili-dade: a utilidade total aumenta conforme aumenta a quantidade consumida de um determinado bem ou serviço, e a utilidade marginal decresce à medida que aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço.

Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes, por exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação enorme. Porém, con-

forme vamos comendo, nossa fome vai acabando e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto que não querermos mais pizza e pedir ao garçom para não oferecer mais (uti-lidade marginal negativa).

É importante observar que repre-sentei a utilidade, tanto total como marginal, por meio de dinheiro, mas apenas para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo de bem ou serviço, não é fácil quantificar, pois o grau de

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satisfação é diferente para cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números, mas sim de grau de satisfação.

CURVA DE INDIFERENÇA

Outra curva importante – que deve ser analisada antes de estudarmos a teoria da demanda de fato – é a curva de indiferença, que mostra as cestas que o con-sumidor considera indiferente, ou seja, as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir, de acordo os pressupostos que estudamos no início da uni-dade. Claro que irei apresentar a curva de indiferença de forma simplificada, pois este é um livro de introdução à economia. Vamos supor que José consome refrigerantes e pipoca e que, dado sua renda e o preço destes bens, existam qua-tro cestas disponíveis.

Tabela 2 - Cestas de José compostas por refrigerantes e pipocas

CESTA QUANTIDADE DE PIPOCAS QUANTIDADE DE REFRIGERANTES

C1 (1,4) 1 4

C2 (2,3) 2 3

C3 (3,2) 3 2

C4 (4,1) 4 1

Fonte: a autora.

A Tabela 2 mostra quatro cestas compostas por refrigerantes e pipocas que José pode adquirir dado a sua renda e o preço dos bens. Observe a representação da Tabela 2 em gráfico, na Figura 2, para melhor visualização:

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Curva deindiferença

Pipocas

Refrigerantes

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3

2

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C1

C4

C3

C2

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Figura 2 - Curva de indiferença de José para refrigerantes e pipocasFonte: a autora.

Conforme pode ser visto na Figura 2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o nome já diz, indiferente para José adquirir. Podemos ver também que, assim como na curva de utilidade marginal, a curva de indiferença é negativa-mente inclinada. O motivo é que, de acordo com os pressupostos da teoria do consumidor, “mais é melhor do que menos”.

TEORIA DA DEMANDA

Agora vamos começar o estudo da teoria de demanda, pois, até este momento, vimos os fundamentos da teoria do consumidor. A teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos consumidores, ou seja, procura explicar o comportamento do consumidor ao escolher bens e serviços.

Na Unidade I, você viu que qualquer economia procura responder a quatro perguntas básicas: O que produzir? Quanto produzir? Para quem produzir? Como produzir? Destas, as três primeiras são respondidas pela teoria do consumidor.

Porém, o que é demanda? Passos e Nogami (2012) definem demanda como a quantidade de um deter-

minado bem ou serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar,

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Teoria da Demanda

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por unidade de tempo. A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é uma intenção de compra e não a compra efetiva. Outros três elementos devem ser discutidos sobre a definição de demanda.

a) Só existe demanda se a pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder pagar, não há demanda. Então, o sonho de consumo, que muitas vezes temos, não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.

b) O conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isto mesmo, aquela utilidade que vimos no Tópico 1 desta unidade. Só existirá demanda se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor. Se não gerar satisfação, não há demanda, pois quem irá desejar um bem ou ser-viço sem utilidade?!

c) A demanda vem sempre acompanhada da unidade tempo, pois ela altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra dado a renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a demanda é alte-rada. Podemos concluir que a demanda é dinâmica!

Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la grafi-camente. A curva de demanda é representada conforme Figura 3.

D

Q

P

Figura 3 - Representação da curva de demandaFonte: a autora.

Conforme visto na Figura 3, a curva de demanda (D) é a relação entre preço (P) e quantidade (Q) e é negativamente inclinada. Você sabe me responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada?

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

IIU N I D A D E60

A curva de demanda é negativamente inclinada, porque conforme o preço aumenta, a quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz; pois se o preço aumentar, os consumidores irão substituir o consumo do bem pelo seu subs-

tituto. Este efeito é chamado de efeito substituição. Outro motivo que faz com que a curva de demanda seja

negativamente inclinada é o chamado efeito renda, que nos diz que, ao aumentar a renda, o consumidor irá demandar quantidades maiores de um determinado bem.

Então, a utilidade marginal, que estudamos no Tópico 1, explica que a curva de demanda é negativamente inclinada, pois conforme o preço altera, a quantidade demandada também altera (efeito substituição) e alterações na renda

alteram a quantidade de demanda (efeito renda).Para facilitar a explicação anterior, vou mostrar um exemplo. José, nosso con-

sumidor, deseja ir ao cinema ver os filmes que acabaram de ser lançados. Neste exemplo, cinema é nosso bem. Dependendo do preço do ingresso, José está dis-posto a ir mais de uma vez ao mês. Conforme Tabela 3.

Tabela 3 - Demanda por ingressos para cinema de José

PREÇO DO INGRESSO QUANTIDADES DE IDA AO CINEMA

15 1

12 2

10 3

7 4

5 5

Fonte: a autora.

Analisando a Tabela 3 e a representando graficamente, podemos ver que con-forme o preço do ingresso para o cinema reduz, a quantidade demandada, ou seja, a quantidade de vezes que José está disposto a ir ao cinema aumenta, o que faz com que a curva de demanda seja negativamente inclinada.

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Figura 4 - Representação da curva de demanda de José para ingressos de cinemaFonte: a autora.

Claro que representamos a curva de demanda de apenas um consumidor, mas tam-bém temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado preço. Independentemente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE DEMANDA

Após entender o conceito de demanda e o que, de fato, significa para a ciência econômica, vou apresentar alguns fatores que afetam a curva de demanda, tanto positiva quanto negativamente, ou seja, fatores que fazem a demanda aumentar ou diminuir - e um fator que determina a demanda.

O fator que determina a demanda é o preço do bem ou serviços em questão. Neste caso, como discutimos até agora, um aumento do preço faz com que a quan-tidade que os consumidores estão dispostos a consumir reduz e vice-versa. Assim, não há um deslocamento da curva de demanda, apenas os pontos sobre a curva que deslocam; isto é chamado de alteração na quantidade demandada e não alte-ração na demanda.

Já os fatores que afetam e, portanto, deslocam a curva de demanda para a direita ou para a esquerda são diversos; irei apresentar a você alguns deles:

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a) Renda A renda é um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então,

de acordo com ela, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis irá demandar. A partir da variação da renda e do impacto que esta variação causa na quantidade demandada, os bens podem ser classificados em:

Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demandada do bem ou serviço aumenta. A maioria dos bens são normais, pois quando a pes-soa tem um aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele bem. Neste caso, a curva de demanda se desloca para a direita, ou seja, para cima.

Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos daquele bem. Por exemplo, se José, nosso consumidor, tiver um aumento de salário, ele passará a consumir mais carne de primeira. Neste caso, a curva de demanda, para carne de segunda, se desloca para a esquerda, ou seja, para baixo.

Consumo saciado – independentemente da renda, a quantidade deman-dada será a mesma, ou seja, mesmo que José passe a receber um salário maior ou o preço do bem reduzir, não irá demandar mais ou menos quantidades, por exemplo, de sal. Neste caso, a curva de demanda não se desloca, pois não há aumento ou redução da demanda.

b) Preço dos bens complementares Bens complementares são os bens que são consumidos juntos, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café), a quantidade demandada de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando a curva de demanda para a esquerda.

c) Preço dos bens substitutosBens substitutos são aqueles bens que têm, praticamente, as mesmas caracte-rísticas e, por este motivo, pode ser substituído um pelo outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco; manteiga e margarina; pão francês e pão de forma, entre outros.

Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumen-tar, por exemplo, da manteiga, a quantidade demandada dela cairá e a quantidade demandada do seu substituto, no caso, da margarina, aumentará. Neste caso, a curva de demanda de manteiga se desloca da para a esquerda, ou seja, para baixo e a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.

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d) Propaganda/MarketingA propaganda/marketing cria uma necessidade de consumo. Então, é um instru-mento muito utilizado para aumentar a quantidade demandada de determinados bens e serviços, deslocando a curva de demanda para a direita.

e) Expectativa sobre o futuroOutro fator que afeta a curva de demanda é a expectativa que o consumidor tem em relação ao futuro. Se José acredita que receberá um aumento daqui a noventa dias, a demanda dele hoje aumentará; caso contrário, se ele está em aviso prévio, a demanda dele hoje reduzirá.

f) Fatores ClimáticosO clima é outro fator que afeta a curva de demanda. No inverno, a demanda por biquínis reduz, enquanto a demanda por calças aumenta. Outro exemplo, a demanda de aquecedor na região Norte do Brasil é quase nula, pois não tem clima para utilizar este tipo de aparelho, enquanto a demanda por ar condicionado na Noruega é baixa.

g) Hábitos/costumesA demanda de alguns bens variam conforme o hábito e costume da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina é quase nula, enquanto no Brasil, é alta.

h) Entre outrosCitei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros. É importante lembrar que qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de demanda para a direita, conforme a Figura 5. Em compensação, qual-quer fator que reduz a demanda, desloca a curva de demanda para a esquerda, de acordo com a Figura 6.

A propaganda e o marketing criam necessidade de consumo, mas o que acontece nos dias atuais com uma propaganda negativa? Qual é o papel das redes sociais nesse sentido?

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D

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Figura 5 – Deslocamento da curva de demanda para a direitaFonte: a autora.

A Figura 5 mostra o deslocamento da curva de demanda para direita, ou seja, quando algum dos fatores que estudados anteriormente aumenta a demanda, por exemplo, aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc.

D’D

Q

P

Figura 6 – Deslocamento da curva de demanda para a esquerdaFonte: a autora.

A Figura 6 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja, quando algum dos fatores que estudados anteriormente reduz a demanda, por exemplo, redução da renda, aumento do preço do bem complementar etc.

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Não podemos deixar de observar que quando falamos em uma alteração na quantidade demandada em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda não se desloca, alterando, apenas, os pontos sobre a curva.

ELASTICIDADES

Outro conceito muito importante para estudar na teoria do consumidor é a elas-ticidade, que pode ser definida, segundo Mendes (2009), como uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável devido a uma mudança percentual em outra variável.

Por exemplo, sabemos que a redução do preço de um bem aumenta sua demanda, mas não sabemos em exatamente quanto, é este impacto que a elasti-cidade mostra. Existem três tipos de elasticidades:

a) Elasticidade preçoA elasticidade preço mostra o impacto da variação do preço na quantidade da demanda de um determinado bem ou serviço. Neste caso, os bens ou serviços podem ser classificados em:

■ Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1.

Isso significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada reduz. Por exemplo, se o preço aumentou em 1%, a quantidade demandada redu-zirá em mais do que 1%. Em geral, bens não muito essenciais são elásticos, como lazer e vestuário.

■ Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1.

Isto significa que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada não reduz de forma significativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exemplo, se o preço aumentar em 1%, a quantidade demandada reduz em menos do que 1%. Em geral, os bens mais essenciais são inelásticos, como combustível e alimentos.

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■ Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a 1.

Isto significa que um aumento no preço reduz a quantidade demandada na mesma proporção, ou seja, um aumento de 1% no preço, acarreta uma redução de 1% na quantidade demandada. Um exemplo é o sal.

Alguns fatores fazem com que o bem ou serviços sejam mais elásticos do que outros. Podemos citar, de acordo com Mendes (2009):

■ Grau de essencialidade do produto: quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele vai ser, como é o caso da água. Mesmo que o preço aumente, não tem como substituir a água tão facilmente, então, a quantidade demandada não alterará.

■ Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado: quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em ques-tão, mais elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes. Caso o preço do refrigerante aumente, podemos substituí-lo por suco, água ou outra marca de refrigerante.

■ Número de utilizações que se pode dar ao produto: quanto maior for o uso do produto, maior será a elasticidade. Por exemplo a soja, se o preço do óleo de soja varia, a soja poderá ser utilizada para outros fins, como farelo.

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■ Proporção da renda gasta com produtos: quanto maior for a renda pro-porcional gasta com um produto, mais elástico ele será. Por exemplo, se o preço de uma televisão aumenta, a demanda reduzirá mais do que se o preço do açúcar aumentar, mantendo a renda constante.

b) Elasticidade preço cruzadaA elasticidade preço cruzada mede o impacto da variação do preço de um bem na quantidade demanda do outro bem. Neste caso, os bens podem ser substitu-tos ou complementares. Se após o cálculo da elasticidade preço cruzada, o valor for positivo, os bens ou serviços alisados são substitutos. Se for negativo, os bens ou serviços são complementares.

c) Elasticidade rendaA elasticidade renda mede o impacto da variação da renda na quantidade demandada de um determinado bem. Como já estudados, se a renda aumenta e a quantidade demandada também aumenta, o bem é normal e, neste caso, o coeficiente será posi-tivo; caso contrário, o bem é inferior e o resultado da elasticidade renda é negativo.

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TEORIA DA OFERTA

Estudamos o lado do consumidor na teoria da demanda. Agora, iremos analisar o outro lado, o do produtor, em outras palavras, a oferta. Então, a teoria da oferta analisa os principais aspectos relacionados à oferta de mercado, ou melhor, estuda o comportamento das empresas. Sintetizando, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos incentivos de mercado relacionados à quantidade demandada, custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção etc.

Então, o que é oferta? A oferta pode ser definida, segundo Passos e Nogami (2012), como a quantidade de um bem ou serviço que uma determinada empresa deseja vender, por unidade de tempo. Mais uma vez, a palavra “deseja” está negri-tada, isto porque, dependendo do preço do bem, as empresas têm um incentivo à aumentar a produção, mas não significa que, de fato, aumentem, pois aumen-tar a produção depende de outros fatores e não somente o preço que a empresa deseja vender seu produto.

Outra observação é em relação a “unidade de tempo”. Vimos na teoria da demanda, que a demanda altera com o tempo. A oferta tem o mesmo funciona-mento, com o tempo poderá ser alterada.

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Teoria da Oferta

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A curva de oferta é representada conforme Figura 7.

O

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Figura 7 - Representação da curva de ofertaFonte: a autora.

Você percebeu que o formato da curva de oferta é oposto da curva de demanda, já que a curva de oferta é positivamente inclinada! Vamos ver o motivo? Imagina uma empresa que venda sanduíches congelados e que tem a seguinte oferta:

Tabela 4 - Oferta de uma empresa hipotética

PREÇO POR SANDUÍCHE QUANTIDADE OFERTADA (MILHÕES DE SANDUÍCHES)

5 18

4 16

3 12

2 7

1 0Fonte: a autora.

Pela Tabela 4, você percebeu que conforme o preço do sanduíche congelado reduz, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu, fazendo com que a curva seja positivamente inclinada. Transformando a Tabela 4 em um gráfico:

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Figura 8 - Gráfico representativo da curva de oferta para empresa hipotética de sanduíches congeladosFonte: a autora.

A Figura 8 confirma o que a Tabela 4 mostrou, conforme o preço do sandu-íche congelado reduziu, a quantidade que a empresa deseja vender também diminuiu, chegando ao ponto que a R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender nenhum sanduíche.

Qual a explicação que ao preço de R$ 1,00 a empresa não está disposta a vender o produto? A preços muito baixos, as empresas não têm incentivo de aumentar sua produção e poderão ofertar outro tipo de produto, no caso, outro

tipo de lanche congelado, como cachorro-quente, que tenha um preço de mercado mais alto.

FATORES QUE AFETAM A CURVA DE OFERTA

Agora que você conhece o conceito de oferta, vou apresentar alguns fatores que

afetam positiva e negativamente a curva de oferta. Assim como na demanda, o preço do bem ou do serviço afeta a curva

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Teoria da Oferta

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de oferta, mas não a desloca. Quanto maior for o preço, maior será a quan-tidade ofertada. Caso contrário, se o preço diminuiu, a quantidade ofertada também diminuiu. Já os fatores que afetam e deslocam a curva de oferta, segundo Mendes (2009), são:

a) Preço dos insumosUm aumento no preço dos insumos aumenta os custos da empresa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço final, a empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a esquerda.

b) TecnologiaA tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a oferta, deslocando a curva de oferta para a direita.

c) Preço dos produtos competitivos Quando se fala em produtos competitivos refere-se a produtos alternativos do processo de produção, ou seja, são produtos que utilizam mais ou menos o mesmo processo produtivo. Neste caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto que tem um preço de mercado mais alto. Esta foi a situação no nosso exemplo da empresa hipotética de sanduíches congelados, no qual, ao preço de R$1,00, a empresa optaria em ofertar outro tipo de sanduíche.

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d) Políticas do governoDependendo da política pública do governo, a empresa tem incentivo para aumen-tar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio é um incentivo para as empresas aumentarem a produção. Eles acontecem, principalmente, no setor agropecuário.

e) Influências especiaisAs influências especiais, como uma condição meteorológica, afeta alguns seto-res e fazem as empresas aumentarem ou reduzirem a produção. Por exemplo, uma chuva causa redução na produção dos agricultores, diminuindo a oferta.

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Teoria da Oferta

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Como vimos, alguns fatores afetam e deslocam a curva de oferta para a direita ou para a esquerda. Qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa aumentar a produção deslocando a curva de oferta para a direita, essa situação pode ser vista na Figura 9.

O

O’

Q

P

Figura 9 - Deslocamento da curva de oferta para a direitaFonte: a autora.

Agora, qualquer fator que aumente o custo ou que reduza o lucro é um incen-tivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a curva de oferta para a esquerda, conforme Figura 10.

O’

O

Q

P

Figura 10 - Deslocamento da curva de oferta para a esquerdaFonte: a autora.

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Não posso deixar de observar que, quando falamos em uma alteração na quan-tidade ofertada, em função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta, assim como a curva de demanda, não se desloca.

ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA

Como vimos no subtópico anterior, o produto responderá a alterações no preço e esta resposta pode ser medida pela elasticidade preço da oferta. Então, Mendes (2009) define elasticidade-preço da oferta como mudança percentual na quan-tidade ofertada de um bem ou serviço em resposta a uma variação no preço, mantendo os demais fatores constantes. Assim como na demanda, a elasticidade preço da oferta pode ser de três tipos:

■ Elástica

Uma oferta é elástica quando o coeficiente é maior do que 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente mais do que 1%.

■ Inelástica

Uma oferta é inelástica quando o coeficiente é menor do que 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente menos do que 1%.

■ Elasticidade Unitária

Uma oferta tem elasticidade unitária quando o coeficiente é igual a 1. Então, um aumento nos preços em 1% faz com que a quantidade ofertada aumente exatamente 1%.

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Equilíbrio de Mercado

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EQUILÍBRIO DE MERCADO

Nos Tópicos 1, 2 e 3, desta segunda unidade, estudamos, separadamente, o com-portamento dos consumidores e das empresas, mas sabemos que, no mundo real, a oferta e a demanda atuam conjuntamente, e o preço e a quantidade que são ven-didas no mercado se dá quando as duas curvas (oferta e demanda) se interceptam.

Agora irei apresentar o equilíbrio em mercados competitivos, ou seja, mer-cados que são formados por um grande número de compradores e vendedores. Fiz a observação que o equilíbrio discutido é em mercados competitivos, pois temos outros mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se dá em outro ponto, ou seja, a relação entre demanda e oferta funciona de outra forma, sendo o preço formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos na próxima seção desta unidade. O equilíbrio em mercados competitivos pode ser visto na figura a seguir.

E

D

O

QQ’

P

P’

Figura 11 - Equilíbrio em um mercado competitivoFonte: a autora.

Analisando a Figura 11, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O) e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E) e este mostra o preço e quantidade negociadas no mercado, P’ e Q’ respectivamente. Qualquer preço acima de P’ significa que haverá mais oferta do que demanda, ou seja,

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

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teremos um excesso de oferta e, pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no mercado e o preço, automaticamente, reduzirá.

De outra forma, qualquer ponto abaixo de P’ significa que teremos um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço do que empresas dispostas de vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a che-gar o ponto E, que é o ponto de equilíbrio.

Todos os fatores estudados nos tópicos anteriores que afetam as curvas de demanda, como renda, preço dos produtos complementares e substitutos, expec-tativa sobre o futuro, entre outros, e todos os fatores que vimos que afetam a curva de oferta, como tecnologia, preço dos produtos relacionados, interferên-cia governamental etc. afetam o ponto de equilíbrio. O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio, por meio de:

a) Fixação de preços mínimosAcontece quando o governo fixa o preço mínimo que seria vendido no mercado. Este instrumento tem como objetivo beneficiar o produtor, de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo seria o mer-cado de trabalho, por meio de fixação do salário mínimo. Outro mercado que participa desta política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço fixado.

b) Fixação de preços máximosAcontece quando o preço vendido no mercado está muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um preço máximo que as empre-sas podem vender seus produtos. O preço máximo será sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.

c) Subsídios Neste caso, o governo, com o objetivo de desenvolver determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa; assim, a empresa terá incen-tivo para aumentar a quantidade ofertada e/ou reduzir preço. Com subsídio, o preço fica abaixo de P’.

d) Congelamento e tabelamento de preçosUtilizado na década de 80 e no início da década de 90, para combater a inflação. O governo congela preços e/ou salários, de forma a definir o P’.

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Teoria da Produção

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TEORIA DA PRODUÇÃO

Após compreendermos a teoria da demanda e a teoria da oferta, conheceremos os conceitos que fazem parte da chamada Teoria da Produção.

OS CUSTOS DE PRODUÇÃO

Sabemos que o principal objetivo das empresas é o lucro. O lucro é a diferença entre receita total e custo total. Então, para uma empresa ter lucro, é importante gerenciar os custos de produção de forma a tentar reduzi-los o máximo possível. A partir do exposto, é importante que você, futuro(a) tomador(a) de decisões, entenda os custos básicos da produção.

Temos os custos explícitos, que são os gastos monetários, como despesa com salário, aluguel, compra de matéria-prima etc., e os custos implícitos, que são os custos de oportunidade que discutimos na Unidade I do nosso livro. Os custos são:

1) Custos fixos (CF)

São as despesas que a empresa terá que pagar, independentemente da produção. Exemplos: certos impostos, aluguel, seguro, salários etc.

2) Custos variáveis (CV)

São as despesas que a empresa tem ao produzir. Quanto mais ela produzir, maio-res serão os custos variáveis. Exemplo: matéria-prima, energia elétrica etc.

3) Custo total (CT)

É a soma dos custos fixos com os custos variáveis.

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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4) Custo fixo médio (CFme)

É o custo fixo dividido pela quantidade produzida (Q).CFme = CF/Q É importante observar que o custo fixo médio reduz quando a produção

aumenta.

5) Custo variável médio (CVme)

É o custo variável dividido pela quantidade produzida.CVme = CV/QDiferentemente do custo fixo médio, o custo variável médio aumenta con-

forme a quantidade produzida aumenta.

6) Custo médio (Cme)

É o custo total dividido pela quantidade produzida.Cme = CT/Q

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Estruturas de Mercado

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ESTRUTURAS DE MERCADO

A interação entre oferta e demanda acontece no mercado e forma o preço. Esta interação muda para cada estrutura do mercado. Então, Mendes (2009) define estrutura de mercado como sendo: “Estrutura de mercado se refere às características organizacionais de um mercado, ou seja: grau de concentração, grau de diferenciação do produto, grau de dificuldade ou barreira à entrada” (MENDES, 2009, p. 103). Como você viu na definição de Mendes, a estrutura de mercado engloba três características. Vamos entender cada uma delas?

a) Grau de concentraçãoÉ o tamanho do mercado, em outras palavras, número de vendedores e compradores que fazem parte daquele mercado. Dependendo da quantidade de empresas e consumidores, dizemos que o mercado é concentração ou com-petitivo. Uma forma de medir é pelos índices de mercado. Quando as quatro maiores empresas que fazem parte deste mercado detêm, pelo menos, 75% da quantidade comercializada, dizemos que é um mercado altamente concentrado.

Um dos maiores problemas de mercado muito concentrado é que as empre-sas conseguem definir o preço que será vendido seu produto e esse preço, em geral, é mais alto do que em mercados competitivos. Outros problemas podem ser em relação à quantidade e à qualidade do produto.

b) Grau de diferenciação do produtoO grau de diferenciação do produto refere-se a quanto um bem ou serviço que está sendo negociados no mercado é diferente. Pela visão da economia, quanto mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente o bem for, menos produtos substitutos teremos para este produto e, portanto, mais inelástico ele será; em outras palavras, mesmo que o preço de um bem ou serviço heterogêneo aumentar a quantidade demandada não muda, pois não há substitutos próximos.

A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas. Mendes (2009) cita ingredientes de qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais - como entrega delivery e embalagens especiais - como formas da empresa diferenciar seu produto e, portanto, aumentar seu preço.

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INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Você saberia me dar um exemplo de um produto homogêneo e um dife-renciado? Em geral, produtos agropecuários, como soja e milho in natura são produtos homogêneos, pois a soja do produtor A é igual a soja do produtor B. Como produtos diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrializados, como comida congelada, roupas, sapatos etc.

c) Barreiras à entradaBarreiras à entrada pode ser definida como o grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado. E podem ser:

■ Economia de escala – acontecem quando a empresa aumenta a quan-tidade produzida e consegue reduzir seu custo médio no longo prazo. Existem diversas formas de conseguir gerar economia de escala, como especialização da mão de obra, utilização de tecnologia, compra de fato-res de produção em grandes quantidades, entre outros.

■ Desvantagens de custo - quando a empresa que deseja fazer parte do mer-cado tem alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio tecnológico ou, ainda, grande necessidade de propaganda.

Com base no que foi discutido, os mercados podem ser classificados, quanto à competitividade, em:

■ Competitivos – concorrência perfeita e concorrência monopolística;

■ Pouco competitivos - oligopólio;

■ Sem competição - monopólio.

O Quadro 1 mostra, de forma simplificada, como os mercados podem ser clas-sificados quanto ao número de empresas e ao tipo de produto, ou seja, nas características que discutimos anteriormente.

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Quadro 1 - Classificação dos mercados

NÚMERO DE EMPRESAS TIPO DE PRODUTO ESTRUTURA DE MERCADO

Muitas homogêneo Concorrência perfeita

Muitas diferenciados Concorrência monopolística

Poucas Homogêneo ou diferenciado Oligopólio

Uma diferenciado Monopólio

Fonte: adaptado de Mendes (2009).

Conforme podemos visualizar no Quadro 1, quando existe um grande número de empresas e o produto comercializado é homogêneo, ou seja, idêntico, esse mercado é de concorrência perfeita. Agora, se forem muitas empresas que ven-dem produtos diferenciados, o mercado é concorrência monopolística.

Por outro lado, se tivermos poucas empresas, mesmo que vendam produ-tos idênticos ou não, estamos nos referindo a um oligopólio; e se for uma única empresa que comercializa um produto altamente diferenciado, é um monopó-lio. Veremos agora cada uma dessas estruturas.

CONCORRÊNCIA PERFEITA OU PURA

Para iniciar nossos estudos sobre as estruturas de mercado, discutiremos, inicial-mente, a concorrência perfeita ou, também como é conhecida, a concorrência pura. Está é, com absoluta certeza, a estrutura de mercado menos real, pois, como você verá pelas características, é muito difícil achar um setor ou uma empresa que apre-sente todas as características para que possa ser incluída na concorrência perfeita.

Depois desta declaração, você deve estar se perguntando: então qual o motivo de apresentar, a você, a concorrência perfeita? É importante estudarmos esta estrutura de mercado, pois é considerada, apesar de não muito real, a estrutura ideal em termos de concorrência.

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Um mercado em concorrência perfeita ou pura tem como características:

■ Grande número de compradores e vendedores

O número de vendedores e compradores, nesse mercado, é tão grande que as decisões individuais não influenciam o preço. Então, dizemos que, na concor-rência perfeita, o preço é determinado, no mercado, pela oferta e demanda que é praticamente o mesmo para todos os vendedores.

■ Produtos homogêneos

Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é substituto perfeito do bem do vendedor B. Por esta razão que o preço é pra-ticamente constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu preço, os consumidores irão comprar no outro produtor.

■ Ausência de restrições artificiais (livre mercado)

Dizemos que, na concorrência perfeita ou pura, o governo não deve intervir no mercado, por exemplo por congelamentos e tabelamentos de preços; em outras palavras, o mercado deve funcionar livremente.

■ Ausência de barreiras à entrada

Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de dificuldade que uma nova empresa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura não há barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem maiores custos ou dificuldades.

■ Perfeito conhecimento

Como os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as informa-ções dos seus concorrentes, como preços, processos produtivos etc. As quatro primeiras características caracterizam a concorrência pura e ao incluir a quinta característica, falamos em concorrência perfeita. Como estamos em um curso de graduação, trabalharemos com a concorrência perfeita.

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Como já dito, na realidade, a situação concorrência perfeita ou pura seria uma situação ideal, mas que de fato não acontece. O mercado que mais se apro-xima desse tipo de estrutura de mercado é o agropecuário.

MONOPÓLIO

O monopólio é, assim como a concorrência perfeita, uma situação extrema, mas real. Situação esta indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não temos concorrência. As características do monopólio são:

■ Uma única empresa

Como o próprio nome já diz, no monopólio só temos uma única empresa.

■ Produtos altamente diferenciados

Os produtos são altamente diferenciados, ou seja, são únicos. Neste caso, o consumidor não consegue substituí-lo por outro.

■ Não há concorrência

Se só temos uma única empresa, não existe concorrência no mercado monopolista.

■ Considerável controle de preço por parte da empresa

A empresa monopolista é formadora de preços, ou seja, como ela é única, conse-gue controlar e definir qual será o preço praticado no mercado. Por essa razão, o governo se preocupa com as práticas dos monopolistas. De acordo com Mendes (2009), o governo pode controlar o monopólio de duas formas:

a) Controle de preço – o governo pode exigir que o monopolista produza até que custo marginal seja igual preço. Esta é uma prática difícil, pois o governo precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa.

b) Política de taxação - o governo pode taxar o monopolista de forma a redu-zir seu lucro. A taxação pode ser de três formas:

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■ Pagamento de uma licença anual;

■ Tributação sobre lucro;

■ Imposto sobre vendas.

As duas primeiras afetam o custo fixo, reduzem ou, até mesmo, eliminam o lucro da empresa e mantêm o preço para o consumidor. Já o imposto sobre vendas afeta os custos variáveis e reduz a quantidade produzida.

É importante observar que, mesmo sendo uma única empresa, se o mono-polista quiser aumentar sua venda, ele deverá reduzir o preço do seu produto. Uma estratégia utilizada pelo monopolista para vender mais é pela política de discriminação de preços. Está é uma prática que ocorre quando um monopo-lista vende o mesmo produto para consumidores diferentes e a preços diferentes. Para isso, é necessário:

1) Separar os mercados fisicamente de modo que um consumidor não con-siga comprar no outro mercado;

2) Verificar a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. O mercado/consumidor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais baixo, e para o mercado mais inelástico, o preço é mais alto. Deste modo, a empresa monopolística consegue aumentar sua receita.

Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços:

■ Tarifa de energia elétrica residencial, comercial, industrial e rural;

■ Ligação telefônica de dia e a noite;

■ Passagens aéreas em baixa e alta temporada;

■ “Meia entrada” em cinemas, teatros, shows para estudantes e idosos;

■ Entre outros.

Então, você percebeu, pelos exemplos, que não é somente uma empresa monopo-lística que pratica a discriminação de preços, esta também é uma prática comum em outras estruturas de mercado.

■ Altas barreiras à entrada

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A última característica do monopólio são as altas barreiras à entrada. O grau de difi-culdade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é muito grande e, muitas vezes, não é economicamente viável termos uma concorrente, como é o caso que acontece nos monopólios naturais. Então, os monopólios surgem por diver-sas razões, entre elas, regulamentações do governo e pelos processo de produção.

Para finalizar, existem alguns exemplos de setores que são monopólio, como setores de rodovias pedagiadas, setor elétrico, saneamento básico, extração de petróleo – em algumas cidades – transporte coletivo (ônibus), entre outros.

O maior problema do monopólio é que, como não há concorrentes, a empresa pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma quantidade baixa, além de não se preocupar com a qualidade. Por esses motivos, o governo sempre acompanha e regula as empresas pertencentes ao monopólio.

Claro que o monopólio é essencial em alguns setores, pois não é econo-micamente viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento básico. Neste caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto.

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CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA

Entre a concorrência perfeita e o monopólio, temos uma estrutura de mercado conhecida como concorrência monopolística, que é uma mistura das duas estru-turas estudadas anteriormente, tendo como características:

■ Grande número de empresas

Temos no mercado um grande número pequenas empresas, pequenas se com-pararmos com o tamanho do mercado.

■ Produtos diferenciados

Os produtos são sempre diferenciados. A diferenciação pode vir por um ingre-diente de qualidade superior, serviços, embalagens especiais etc. Porém um produto será diferente, mesmo pouca coisa, do seu concorrente.

■ Pequeno controle de preço por parte da empresa

Como são muitas empresas que fazem parte do mercado, a concorrência é enorme, então, a empresa consegue controlar (definir), um pouco, seu preço em razão dos produtos serem diferenciados, mas este controle é pequeno.

■ Concorrência acontece via marcas, serviços especiais e propaganda

A concorrência é, principalmente, extra preços, ou seja, via diferenciação do pro-duto. Quanto maior for a diferença do bem, maior será o preço. É importante observar a importância da propaganda/marketing na concorrência monopolís-tica, pois como os produtos são diferenciados e temos um grande números de empresas, é necessário “mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do que da concorrente.

■ Baixas barreiras à entrada

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte deste mer-cado é baixo, ou seja, existe uma barreira para entrada, mas ela é bem baixa. A maioria das empresas, no mundo real, pertencem a essa estrutura de mercado. Podemos citar restaurantes, padarias, lojas de roupas, lanchonetes, entre outros.

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OLIGOPÓLIO

Outra estrutura de mercado intermediária, ou seja, que é um mercado pouco competitivo, é o oligopólio, que tem como características:

■ Pequeno número de empresas

São poucas empresas que fazem parte do mercado, podemos contá-las. Não existe um número exato que define se um setor faz parte do oligopólio ou não, ape-nas sabemos que são poucas empresas que ofertam produto naquele mercado.

■ As empresas são interdependentes

Como são poucas empresas, elas são interdependentes, ou seja, a decisão de uma afeta diretamente a decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então, se uma empresa variar seu preço, as demais vão reagir de duas formas:

1) Aumento de preço faz com que as firmas concorrentes não aumentem o preço e a empresa perderá mercado.

2. Redução de preços faz com que as formas concorrentes também reduzam os preços e a parcela de mercado de todas as empresas ficam praticamente constantes. Neste caso, somente o consumidor é beneficiado.

Pelas possíveis reações citadas que os preços de todas as empresas oligopolis-tas são praticamente os mesmo e não são alterados, de forma significativa, ao longo do tempo. Podemos citar um exemplo bem real desta situação que são as empresas aéreas. Todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas concorrentes também fazem.

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Em outras palavras, como são poucas empresas neste mercado, quando o preço de uma delas variar, as demais irão reagir rapidamente. Por exemplo, vamos supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a empresa A resolveu como estratégia abaixar seu preço em 10%. Como são poucas empresas no mercado, imediatamente as empresas B e C irão abaixar também seu preço, e a parcela de mercado continuará a mesma para todas três.

Agora, se a empresa A resolver aumentar seu preço em 10%, as empresas B e C não aumentarão e a empresa A perderá mercado. Por estes motivos, que o preço no oligopólio é constante e parecido para todas as empresas.

■ Médias barreiras à entrada

O grau de dificuldade que uma nova empresa tem em fazer parte do mercado é médio, em outras palavras, existe um certo grau de dificuldade, mas não chega a ser tão alto como no caso do monopólio.

■ Os produtos podem ou não ser diferenciados

No oligopólio, os produtos podem ser homogêneos, como no caso o combustí-vel ou diferenciados, por exemplo, os automóveis.

■ A concorrência é via diferenciação do produto

Como temos poucas empresas e elas são interdependentes, a con-corrência não será via preços, pois, como discutimos, se uma empresa alterar seus preços, as demais vão reagir. Então, a concorrência é extra-preços, ou seja, via dife-renciação do produto. Podemos citar como exemplos de empresas oligopolistas os setores de teleco-municações, planos de saúde, aéreo e distribuição de combustível.

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O quadro a seguir mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado.

Quadro 2 - Características das quatro estruturas de mercado

CARACTERÍSTICASCONCORRÊNCIA PERFEITA

CO N CO R R Ê N C I A MONOPOLÍSTICA

OLIGOPÓLIO MONOPÓLIO

Nº de empresas Muitas Muitas Pouca Uma

Tipo de produto Homogêneo DiferenciadoHomogêneo ou diferen-ciado

Altamente diferenciado

Controle de preços

Nenhum Pequeno Considerável Muito

Condição de entrada

Sem barreiras Baixa barreirasMédias bar-reiras

Altas barreiras

ExemplosProdutos agrí-colas

Restaurantes, lojas de varejo

Automóveis, aviação

Água, energia elétrica

Fonte: adaptado de Mendes (2009).

Como você pode visualizar no Quadro 2, temos quatro estruturas de mercado (concorrência perfeita, concorrência monopolística, oligopólio e monopólio) e cada estrutura possui características que as diferenciam.

POLÍTICAS PÚBLICAS QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS

Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil ter acordos de preços e quantidades, acordos que são indesejáveis aos consumidores e devem ser evi-tados. São indesejáveis, pois levam a uma produção baixa e a preços altos, ou seja, nesta situação, as empresas se comportam como no monopólio. Por isso, o governo deve coibir acordos entre empresas; no Brasil, temos uma lei específica para isto, que é a lei antitruste.

Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro:

a) Cartel – empresas fazem acordos de preços e quantidades, aumentando o preço e/ou reduzindo a quantidade ofertada. De qualquer forma, pre-judica o consumidor final.

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b) Fixação de preço de revenda – acontece quando uma empresa produ-tora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a um preço fixado por ela. Vale lembrar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa só está sugerindo um preço e não obrigando aos estabele-cimento vender o bem como aquele preço pré-definido.

c) Preços predatórios – é uma situação que uma grande empresa define seus preços abaixo do custo de produção, para eliminar a concorrente, que, em geral, é uma empresa menor, do mercado e depois aumentar seus preços.

d) Vendas casadas – situação no qual dois produtos só são vendidos jun-tos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens separadamente. Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por assinatura + internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o consu-midor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que a um preço maior.

Cartel é um tema bem atual e polêmico na literatura econômica e legislativa. Para aprofundar seus conhecimentos sobre esta prática e como as autorida-des antitruste se comportam frente a uma formação de cartel, leia o artigo “Prática de cartel no Brasil: um estudo sobre as decisões do CADE e o perfil das condenações por cartel”. O artigo esta disponível em: <http://portaltu-tor.com/index.php/conpedireview/article/view/145/138.>.

Fonte: a autora.

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Considerações Finais

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estamos terminando a nossa segunda unidade do livro Economia e Sociedade. Nesta unidade, você aprendeu um pouco sobre os fundamentos da teoria do con-sumidor e a teoria da demanda, que procuram explicar os motivos que fazem com que os consumidores, ou melhor, as famílias, demandem/procurem por determinados bens e serviços ao invés de outros.

Na sequência, estudamos o outro lado da relação, que é a teoria da oferta, ou seja, o lado da empresa. Vimos os motivos que incentivam as empresas a aumen-tarem sua produção e, portanto, a oferta.

Após entender demanda e oferta, você viu que o objetivo do produtor e do consumidor são totalmente diferentes, diria, opostos. Enquanto o consumidor deseja adquirir bens e serviços em grande quantidade a preços baixos, e porque não dizer, com excelente qualidade, as empresas desejam maximizar seu lucro e, por isso, desejam vender seus produtos a um preço mais alto possível com custo bem baixo.

Contudo, sabemos que na “vida real” a vontade do consumidor, bem como a da empresa não é satisfeita, mas existe um acordo não formal entre consu-midores e empresas para formar o preço e a quantidade os bens e serviços que serão de fato negociadas. Esta situação chama-se equilíbrio de mercado, que é alterado a toda hora por diversos fatores que foram abordados nesta unidade.

Além da famosa lei oferta e demanda, discutimos alguns custos de produ-ção e finalizamos a unidade compreendendo as quatro estruturas de mercado. Assim, você entende melhor porque o preço da alface é bem inferior ao preço de uma blusa e da gasolina, por exemplo.

Então, a partir de agora, de fato, você é capaz de explicar a tão famosa lei da economia, que é a lei da oferta e da demanda e como esta lei nos afeta desde quando nascemos até o final de nossas vidas. Um forte abraço!

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1. As pessoas possuem preferências por alguns bens em relação a outro, sendo ca-pazes de ordenar quais bens ou serviços geram mais satisfação pessoal. Para isto, os consumidores possuem algumas características. Leia as assertivas a seguir e marque a alternativa correta quanto às características dos consumidores.

I. Gastam toda sua renda em bens e serviços.

II. Adquirem diversos bens ou serviços.

III. Raramente adquirem tudo que desejam.

IV. Procuram maximizar a satisfação total.

a. Somente as afirmativas I e II estão corretas.

b. Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

c. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

d. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

e. Todas as afirmativas estão corretas.

2. Demanda pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que um consumidor deseja adquirir. Em relação à demanda, marque a alternativa correta.

I. Está relacionada à utilidade total.

II. Não é uma compra efetiva.

III. Depende da renda.

IV. Varia com o tempo.

a. Somente as afirmativas I e II estão corretas.

b. Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

c. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

d. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

e. Todas as afirmativas estão corretas.

3. Durante nossa segunda Unidade, vimos que alguns fatores, como renda, preço dos bens substitutos e complementares, marketing, entre outros, afetam a curva de demanda. Leia as assertivas que seguem e marque a alternativa correta quanto ao impacto que o aumento de renda causa da curva de demanda.

a. O aumento de renda desloca a curva de demanda para a direita.

b. O aumento de renda desloca a curva de demanda para a esquerda.

c. O aumento da renda não afeta a demanda.

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d. O aumento da renda reduz a demanda.

e. O aumento da renda afeta a curva de demanda, mas não de forma significa-tiva.

4. Oferta é definida por Passos e Nogami (2012) como a quantidade de um bem ou serviço que uma determinada empresa deseja vender por unidade de tem-po. E sabemos que alguns fatores afetam a curva de oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda, e um destes fatores é a tecnologia. Em relação à tec-nologia, leia as assertivas que seguem e marque a alternativa que mostra o impacto da tecnologia na curva de oferta.

a. A tecnologia é uma ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mes-ma quantidade de fatores de produção, reduzindo os custos e aumentando a oferta.

b. A tecnologia é uma ótima forma de reduzir a produção, utilizando a mesma quantidade de fatores de produção, aumentando os custos e reduzindo a oferta.

c. A tecnologia só irá afetar a curva de oferta se o governo elaborar política cam-bial de redução da taxa de câmbio.

d. A tecnologia desloca a curva de oferta para a esquerda, aumentando a pro-dução e os custos.

e. A tecnologia não afeta a curva de oferta.

5. O governo, por meio da lei antitruste, tenta coibir algumas práticas que pos-sam prejudicar a concorrência, como cartel, vendas casadas, fixação de preço de revenda e preços predatórios. Em relação a estas práticas proibidas por lei, marque a alternativa correta.

I. Cartel é prejudicial ao consumidor, pois as empresas agirão como em um mo-nopólio.

II. “Combos” de internet, TV por assinatura e telefone são exemplos de venda casada.

III. Um exemplo de preços predatórios são as promoções de final de estoque.

IV. Preços sugeridos é uma prática de fixação de preços de revenda.

a. Somente a afirmativa I está correta.

b. Somente as afirmativas III e IV estão corretas.

c. Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.

d. Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.

e. Todas as afirmativas estão corretas.

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STANDARDS COMO EVENTUAL LIMITE À CONCORRÊNCIA: BREVE CONSIDERAÇÃO ACERCA DO CARTEL DO CIMENTO NO BRASIL

Utiliza-se como referência o caso conhecido como o cartel do cimento ou das cimentei-ras, Processo Administrativo nº 08012.011142/2006-79, julgado pelo Conselho Adminis-trativo de Defesa Econômica (CADE) em 2014. Conforme explicado pelo CADE à época do julgamento, o cimento é um produto essencial usado para a indústria de construção civil e infraestrutura de maneira geral. É um produto com uma natureza homogênea e que, geralmente, apresenta uma demanda inelástica (o produtor pode aumentar o preço que ainda haverá consumo, dado a essencialidade do produto em questão), o que significa que é um mercado em que os riscos de aumento de preços advindos de uma coordenação entre os concorrentes é alto. Historicamente, o mercado de cimento é caracterizado por significativas barreiras à entrada e inúmeros standards instaurados por diferentes órgãos governamentais e não governamentais.

No Brasil, o cartel entre as empresas de cimento perdurou, a princípio, de 2002 a 2006. Entre estas empresas encontravam-se: Holcim Ltda., Cimpor Cimentos de Portugal, Vo-torantim Cimentos S.A., Camargo Correa S.A., Itabira Agro Industrial S.A. e Cia. de Ci-mentos Itambé S.A. Em 2014, oito anos após o início da investigação, o CADE condenou por unanimidade estas seis empresas, além de indivíduos e associações (tais como a Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento – SNIC e a Associação Brasileira de Serviços de Concretagem – ABESC), e im-pôs uma das maiores penalidades já aplicada pela autoridade em um caso de cartel. Para além da multa pecuniária que somou mais de três bilhões de Reais, o Conselho determinou ainda a venda de fábricas e impedimentos de realizar operações no ramo de cimento e de concreto até 2019. Em análise detalhada dos fatos, a investigação co-meçou quando um ex-funcionário de uma destas empresas de cimento fez um acordo de leniência com a autoridade, descrevendo toda a dinâmica do cartel. Os documentos sugeriram que as empresas, em conjunto com as associações, acordavam em: fixação de preços e quantidade de cimento e concreto no mercado brasileiro; divisão de mercado, especificamente, de clientes entre as regiões do Brasil e celebração de acordos de não concorrência; aumento de barreiras à entrada de novos concorrentes nos mercados de cimento e concreto; entre outros. Especificamente, o CADE condenou as empresas por infração à ordem econômica, com fulcro no art. 20, incisos I, II, III e IV, c/c art. 21, incisos I, II, III e IV, ambos da antiga Lei de Concorrência, Lei nº 8.884/1994, atualmente art. 36, in-cisos I, II, III e IV, e §3º, incisos I, II e III, sob o fundamento de que atuaram, conscientes da ilicitude da prática e de forma concertada para: “(...) i.Fixar preços e quantidades e dividir regionalmente os mercados de cimento e de concreto no Brasil; ii.Alocar clientes de for-ma concertada e, consequentemente, respeitar a carteira de clientes de cada empresa; iii.Impedir a entrada de novos concorrentes nos mercados de cimento e de concreto; iv.Dividir o mercado de concreto por meio de participações equivalentes às participações de mercado no cimento; Estabelecer trocas (“swap”) de ativos de empresas concreteiras, de maneira a otimizar o cartel; v.Coordenar o controle das fontes de insumos do cimen-

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to, principalmente o insumo escória de alto-forno; vi.Utilizar associações como fórum de troca de informações concorrencialmente sensíveis, possibilitando a formação e o monitoramento de acordos, inclusive por meio da elaboração de tabelas de preços; vii.Promover ações com o objetivo de combater concorrentes que não participavam do cartel, prejudicando suas imagens; e viii.Alterar normas técnicas sobre cimento e con-creto, a fim de elevar artificialmente as barreiras à entrada nesses mercados”.

Como efeito de um mercado cartelizado, nos últimos 20 anos, o número de produto-res de cimento diminuiu drasticamente em mais da metade. E um fator que não pode ser menosprezado é que o excesso de normas técnicas impostas pelas associações de cimento e concreto criaram um cenário de grandes barreiras à entrada (regulação pri-vada) e prejudicaram diretamente a concorrência no mercado de cimento brasileiro. Uma das estratégias do cartel que ganha importância no presente artigo é a atuação das empresas junto a Associação Brasileira de Normas Técnicas (“ABNT”), a fim de criar novas normas que, de fato, caracterizavam-se por ser significativas barreiras à entrada de novos concorrentes ou ainda acabavam por excluir do mercado as empresas que não faziam parte do esquema imposto, sendo estas, em geral, empresas de pequeno e médio porte. Além das empresas envolvidas no cartel, a Associação Brasileira de Ci-mento Portland (ABCP), também agiu para pressionar e convencer ABNT para criação destas novas normas que, na verdade, conforme relatado pelo CADE, possuíam, em sua essência, características claramente anticompetitivas. Ainda como parte da prática, a ABCP preparou uma declaração pública de alerta aos consumidores de cimento, a fim de alertá-los sobre os riscos associados ao uso de cimento fora dos padrões, indicando inclusive as empresas que não estariam em conformidade com as suas normas. Apesar da ABNT não ser oficialmente uma agência reguladora do governo brasileiro, os servi-ços e os produtos disponíveis devem respeitar as normas técnicas (standards) definidos no mercado. Especificamente, normas técnicas para mercado de produção de cimento são reguladas pela ABNT, no entanto, qualquer outra entidade, uma vez certificada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (“CONMETRO”), pode vir a criar uma norma técnica.

Documentos apreendidos em buscas e apreensões conduzidas pelo CADE neste Proces-so Administrativo mostraram que, sob a justificativa aparente que as normas técnicas seriam necessárias para melhorar a qualidade do cimento vendido no mercado brasilei-ro, standards foram criados para alterar as condições de entrada e para excluir delibera-damente concorrentes do mercado.

Fonte: Madi e Bagnoli (2016, on-line)1.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Microeconomia: princípios básicosHall R. Varian

Editora: ElsevierSinopse: Microeconomia, de Hal Varian, apresenta aos estudantes

e pesquisadores o mais atual e abrangente estudo sobre a

microeconomia de forma didática, possibilitando um aprendizado

analítico e, ao mesmo tempo, profundo e com ampla variedade

de tópicos. Segundo o autor, seu principal objetivo é apresentar um tratamento diferenciado do

estudo da Microeconomia de forma a permitir que seu leitor possa aplicar as ferramentas teóricas

em suas atividades profissionais. Para isso, disponibiliza diversos ‘cases’, capítulos curtos e precisos e

explicações de como transformar em prática o que foi visto na teoria. Nessa nova edição, tem-se: um

novo capítulo sobre os problemas envolvidos na estimativa de relações econômicas; novos exemplos

extraídos das firmas do Silicon Valley, como Apple, eBay, Google, Yahoo e outras. São discutidos

tópicos como a complementaridade entre iPod and iTunes, o feedback positivo da associação de

companhias como Facebook, e modelos de anúncio usados pelo Google, Microsoft, e Yahoo.

Comentário: este livro discute, de forma quantitativa, os fundamentos microeconômicos. É uma

excelente maneira de aprofundar os conhecimentos sobre o assunto.

Roger & EuUm documentário muito interessante que mostra o impacto do desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma comunidade. Este é um documentário sobre o fechamento de 11 fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos EUA, da década de 80, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a vida econômica da cidade.

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REFERÊNCIAS

MENDES, J. T. G. Economia: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2009.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. São Paulo: Cengage Lear-ning, 2012.

REFERÊNCIA ON-LINE

1Em: <http://revista.cade.gov.br/index.php/revistadedefesadaconcorrencia/article/view/283>. Acesso em: 14 jun. 2017.

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GABARITO

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UN

IDA

DE III

Professora Drª Andréia Moreira da Fonseca Boechat

INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA

Objetivos de Aprendizagem

■ Apresentar os fundamentos da teoria macroeconômica.

■ Diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento econômico e suas respectivas fontes.

■ Estudar o mercado de trabalho e as variáveis pertencentes a ele.

■ Entender as principais políticas macroeconômicas: monetária, fiscal e cambial.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■ Fundamentos da Teoria Macroeconômica

■ Crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico

■ O Mercado de Trabalho

■ Políticas Econômicas: Monetária, Fiscal e Cambial

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a), seja muito bem-vindo(a) à Unidade III do livro Economia e Sociedade.

Agora iremos discutir a outra área de estudo da economia, que é a macroeco-nomia. Antes de iniciarmos, você precisa saber que os conceitos microeconômicos são fundamentais para a compreensão da macroeconomia, pois a moeda, por exem-plo, funciona com a mesma ideia de outro bem qualquer. Então, se algum conceito que discutimos anteriormente não tenha ficado claro, retorne às unidades anterio-res e tire dúvida com seu tutor.

A macroeconomia, portanto, é um ramo das ciências econômicas que estuda a evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o compor-tamento dos agregados, tais como renda e produto nacional. Isto é, diferente da microeconomia, a macroeconomia não analisa o comportamento individual das famílias e empresas, mas sim dos mercados de forma global. Por exemplo, no mer-cado de bens e serviços, a preocupação é com o produto nacional gerado e não separadamente com os mercados agrícola e industrial.

Para atingir o nosso objetivo, que é a compreensão da macroeconomia básica, a Unidade III está dividida em quatro seções. Na primeira apresentarei os fundamen-tos da teoria macroeconômica, que são aqueles conceitos básicos e fundamentais e que irão nortear todo o entendimento dos próximos temas.

Na segunda seção, diferenciaremos os conceitos de crescimento econômico e desenvolvimento econômico, ou seja, você sabe que, no mundo real, um país pode crescer economicamente e mesmo assim a população não tem suprida a maior parte das necessidades básicas, como é o caso do Brasil. Essa situação ocorre porque cres-cimento e desenvolvimento econômico são conceitos relacionados, mas diferentes.

Na seção três falaremos de um mercado macroeconômico bem específico e que você e eu fazemos parte, que é o mercado de trabalho. A esse respeito, discutiremos algumas variáveis pertencentes a ele e, também, como o nosso salário é formado. Para finalizar a unidade, entenderemos as três principais políticas macroeconô-micas, que são: a monetária que está relacionada com a taxa de juros e moeda; a fiscal, que são os gastos e arrecadação do governo; e a cambial, que está diretamente ligada ao mercado internacional. Preparado(a)? Bons estudos e um forte abraço!

Introdução

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FUNDAMENTOS DA TEORIA MACROECONÔMICA

Nesta seção, iniciaremos o estudo da segunda grande área de estudo da eco-nomia, a macroeconomia. Você, certamente, já ouviu/leu em jornais, revistas, telejornais, internet, entre outros, as seguintes manchetes:

■ A taxa de inflação ultrapassou a meta e governo aumenta a taxa SELIC;

■ Trabalhamos 150 dias para pagar impostos;

■ O dólar fechou em alta;

■ Balança comercial brasileira foi superavitária no mês de outubro.

Ao final desta unidade, você compreenderá cada uma das manchetes citadas, entre outros temas relacionados e os motivos pelos quais o governo aumenta, por exemplo, a taxa de juros, ou injeta dólar no mercado ou corta gastos.

Só pelas manchetes apresentadas e pelos seus conhecimentos referentes à uni-dade anterior, você conseguiu perceber que, diferentemente da microeconomia, quando tratamos da macroeconomia estamos falando da economia como um todo, por exemplo, quando discutimos se o Brasil está crescendo e quanto está crescendo, se está havendo inflação, se os juros estão muito elevados ou muito baixos, enfim, na macroeconomia tratamos da economia de uma maneira mais ampla e é importante termos ciência de que a macroeconomia influencia nos-sas vidas, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas.

Porém, o estudo da macroeconomia é algo relativamente novo, se pensarmos em economistas clássicos, como Adam Smith e David Ricardo, que fizeram seus estudos mais ou menos entre os anos 1700 e 1800; a macroeconomia é muito jovem. A macroeconomia tem como seu principal expoente o economista Jhon Maynard Keynes que, por muitos, é chamado de pai da macroeconomia moderna.

Keynes escreveu sua principal obra em 1936, num contexto em que a econo-mia norte americana estava devastada após a Grande Depressão, ou a chamada crise de 1929. Nesse período, a economia dos Estados Unidos estava sofrendo, pas-sando por uma grande crise, na qual o nível de desemprego era muito alto. Na visão de Keynes, se o governo participasse mais dessa economia, a crise não teria sido tão profunda. Entretanto, o que significa o governo participar mais da economia?

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Fundamentos da Teoria Macroeconômica

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Muito bem, o governo participar mais da economia significa que ele não cuida somente de suas funções básicas, mas também deve atuar como um agente eco-nômico. Para entendermos essa questão, precisamos verificar quais são as funções básicas do governo. De acordo com Giambiagi e Além (2011), o governo tem as fun-ções: Estabilizadora, Distributiva e Alocativa. Vamos compreender cada uma delas?

Função Estabilizadora: o governo ter a função estabilizadora significa que ele precisa manter a economia estabilizada. Você pode verificar, por exemplo, que o governo tem estado bastante preocupado com os níveis de preços na eco-nomia, ou seja, o governo tem se preocupado com o nível da inflação.

Função Distributiva: essa função do Estado é exatamente o que o nome dela diz, ou seja, distribuir melhor os recursos, tentar retirar de quem tem muito para oferecer a quem não tem nada ou pouco tem.

Função Alocativa: significa que o Estado deve atuar em áreas da economia na qual o setor privado não tem muito interesse em atuar, ou seja, o governo irá alocar recursos em áreas que, se ele não atuar, não ofertarão os serviços necessá-rios, já que o setor privado não fará essa oferta de serviços. Como o saneamento básico, que exige um investimento muito elevado e, nem sempre, haverá empresa privada disposta a fazê-lo.

Então, diante das funções do governo, é importante definirmos os bens públicos, que são bens de uso coletivo, cuja principal característica é a impossibi-lidade de excluir determinados indivíduos de seu consumo, uma vez delimitado o volume à disposição do público. Exemplo disto é: meteorologia, defesa nacio-nal e serviços de despoluição.

De acordo com Vasconcellos e Garcia (2008), o governo, ao utilizar a polí-tica macroeconômica, deve ter como objetivos:

■ Alto nível de emprego;

■ Estabilidade de preços;

■ Distribuição de renda socialmente justa;

■ Crescimento econômico.

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Isto é, o governo deve buscar esses quatro objetivos listados, é importante ressal-tarmos que, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), os objetivos de alto nível de emprego e de estabilidade de preços são de curto prazo ou conjunturais, são obje-tivos que o governo tenta atingir mais rapidamente, pensando na conjuntura atual.

Já os objetivos de distribuir renda e de crescimento econômico são objetivos de longo prazo, os chamados objetivos estruturais. Eles fazem parte da estru-tura econômica e para serem alcançados é necessário um tempo maior. Vamos discutir um pouquinho cada um desses objetivos da política macroeconômica.

Alto nível de emprego: de acordo com Vasconcellos e Garcia (2008) e conforme já discutido inicialmente, foi a partir da década de 30 que o governo passou a pensar mais profundamente na macroeconomia; até esse período, a questão do emprego não gerava preocupação por parte dos governos, mais especificamente, foi somente a partir da crise de 1929 que essa questão passou a ser pensada e/ou discutida.

Estabilidade de preços: a estabilidade de preços, em outras palavras, é a inflação. Essa questão já foi bem mais problemática para o Brasil do que é atu-almente. Embora haja uma grande preocupação com a estabilidade de preços, hoje em dia, se conversarmos com alguém que viveu na década de 80 e início da década de 90 (até 1994), com certeza essa pessoa nos dirá que, hoje, a infla-ção não chega a ser um problema se comparada com o período citado, quando os preços eram remarcados diariamente e, às vezes, mais que uma vez no dia.

Distribuição de renda socialmente justa: a literatura traz argumentos de que a distribuição de renda no Brasil piorou muito quando o governo adotou como regra a chamada “teoria do bolo”; conforme essa regra, primeiro deveríamos esperar aumentar a riqueza no país e depois redistribuí-la. Como argumentam Vasconcellos e Garcia (2008), isso aconteceu na época do chamado milagre eco-nômico, entre 1967 e 1973, porém, os mesmos autores argumentam que todos tiveram sua renda elevada, no entanto, a classe mais abastada teve sua renda melhorada numa proporção superior à da classe menos rica.

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Crescimento econômico: crescimento econômico, conforme Vasconcellos e Garcia (2008), é o mesmo que aumento da renda nacional per capita. Para que isso ocorra, o aumento da produção de bens e serviços deve, necessariamente, ser superior ao crescimento populacional, pois somente assim haverá aumento da renda per capita. É importante ressaltarmos que o crescimento econômico não é o mesmo que desenvolvimento econômico, mas, deste último, trataremos em outra unidade deste material. Voltaremos a esse conceito na próxima seção.

Os objetivos da macroeconomia não são independentes uns dos outros, podendo, inclusive, acontecer ao mesmo tempo, ou seja, uma meta pode ajudar a alcançar outras. Para você compreender melhor, o crescimento pode facilitar a solução dos problemas de pobreza, já que é possível amenizar os conflitos sociais quando a renda cresce e é repartida entre as classes.

Porém, é possível também que os objetivos da macroeconomia sejam confli-tantes, por exemplo, a meta pode ser fazer com que o país cresça, mas ao crescer, a demanda é aquecida e, de acordo com a lei de oferta e demanda, quando a procura é maior do que a oferta, os preços sobem. Se o aumento de preços for generalizado, a inflação surge. Com isso, a estabilidade da economia fica de lado.

Outro exemplo é apresentado por Vasconcellos (2011), uma política de esta-bilização da inflação pode levar ao aumento de desemprego, pois tais políticas retraem a demanda de bens e serviços, fazendo com que tenha queda da atividade econômica e, portanto, do emprego. Essa relação inversa entre duas variáveis, como emprego e crescimento econômico apresentados no exemplo, se chama trade-off e é um conceito muito presente da economia.

Agora, como a macroeconomia está estruturada? Vamos analisar a figura a seguir.

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MERCADOSVARIÁVEIS

DETERMINADAS

Parte Real da Economia

Mercado de Bens e Serviços

Produto Nacional Nível Geral de Preços

Mercado de Trabalho Nível de Emprego Salários Nominais

Parte Monetária da Economia

Mercado financeiro (monetário e títulos)

Taxa de Juros Estoque de Moeda

Mercado de DivisasTaxa de Câmbio Estoque de Reservas Cambiais

Figura 1 - Estrutura da análise macroeconômicaFonte: Vasconcellos (2011, p. 198).

A macroeconomia analisa a economia como se ela fosse constituída por duas partes, uma real e outra monetária, e quatro mercados: de bens e serviços, de trabalho, financeiro e cambial.

Então, ao analisar o comportamento do mercado de bens e serviços, soma-se todos os bens e serviços produzidos pela economia em um determinado perí-odo de tempo, o resultado será o produto nacional, e o preço praticado nesse mercado é o nível geral de preços.

Da mesma forma é o mercado de trabalho, só que ele é composto por traba-lho e é determinado o nível de emprego e taxa salarial. Já no mercado monetário, a análise será verificada pela troca por moeda e serão determinadas as taxas de juros e a quantidade de moeda necessária. Também temos o mercado de títulos que são negociados os títulos da economia. Esses dois últimos mercados, monetário e de títulos, fazem parte de um mercado mais amplo, o chamado mercado financeiro.

E por último temos o mercado cambial, já que um país como o Brasil realiza transações comerciais e financeiras com outros países. Porém, para que essas tran-sações sejam possíveis, é preciso transformar, ou melhor, converter o preço dos bens negociados em relação ao preço do outro país, para isso, é utilizada a taxa de câmbio.

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Crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico

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CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Conforme vimos na seção anterior, crescimento econômico é um dos objeti-vos do governo e de estudo da macroeconomia, podendo ser definido como o aumento da capacidade produtiva da economia durante um determinado perí-odo de tempo. O conceito de desenvolvimento econômico é mais amplo e está relacionado ao aumento da capacidade produtiva do país, mas com melhorias no padrão de vida da população e com alterações fundamentais na sua estrutura.

Porém, definir esses dois conceitos não é algo tão simples. Já existem duas linhas teóricas que relacionam crescimento com desenvolvimento econômico. Uma das linhas considera crescimento como sinônimo de desenvolvimento, por-tanto, um país ao crescer está, automaticamente, se desenvolvendo. Por outro lado, a outra vertente considera que crescimento econômico é condição indis-pensável para o desenvolvimento, mas não é condição suficiente.

Sendo assim, para os teóricos que associam crescimento com desenvolvi-mento, um país é considerado como subdesenvolvido quando o PIB cresce menos do que o dos desenvolvidos, mesmo com disponibilidade de capital, terra e mão de obra. Nessa linha, o crescimento econômico distribui diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, levando, automaticamente, a melho-rias dos padrões de vida e, por consequência, ao desenvolvimento econômico.

Contudo, a prática não tem apontado que isso sempre ocorre e mostra que o crescimento e o desenvolvimento econômico não podem ser considerados como sendo o mesmo termo. Assim, o crescimento econômico não, necessariamente, vai beneficiar todo o conjunto da população, por exemplo: mesmo que um país cresça, o desemprego pode não estar diminuindo em um ritmo necessário, em razão, por exemplo, do processo de robotização e informatização da cadeia de produção. Além disso, podemos citar outros fatores que explicam que um país pode crescer sem se desenvolver:

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■ A saída de capitais internos para outros países, que reduz a capacidade de importar e realizar investimentos;

■ A apropriação desigual da renda, levando à concentração de renda e da riqueza;

■ Baixos salários, que limitam o crescimento de diversos setores, princi-palmente no mercado doméstico.

A segunda corrente entende o crescimento econômico como uma simples varia-ção quantitativa do produto (PIB), ou seja, ao aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto, da produção de bens e serviços. Já para essa corrente, o desenvolvimento econômico envolve mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições, das estruturas produtivas e do meio ambiente.

Nesse sentido, Souza (2011) define desenvolvimento econômico como a exis-tência de crescimento econômico contínuo em ritmo superior ao crescimento demográfico, envolvendo mudanças de estruturas e melhoria de indicadores econômicos, sociais e ambientais. Trata-se de um fenômeno de longo prazo, pro-vocando o fortalecimento da economia nacional, a ampliação da economia de mercado e a elevação geral da produtividade e do nível do bem-estar da popu-lação, com a preservação do meio ambiente.

Souza (2011) afirma, ainda, que o crescimento econômico precisa ser supe-rior ao crescimento demográfico, o que leva à expansão do nível de emprego e, também, da arrecadação pública, de modo que permite ao governo realizar gas-tos sociais e atender às pessoas mais carentes.

O desenvolvimento econômico constitui um dos objetivos do governo, que é a contínua melhoria de sua qualidade de vida. Porém, isso só é possível no momento em que as necessidades e os desejos passam a ser atendidos adequadamente.

Com base no exposto, podemos resumir que um país pode ser rico, como os produtores de petróleo que ganham muito dinheiro exportando o produto, mas pode não conseguir, por diversas razões, distribuir essa riqueza entre seus habitantes que seguem, em sua maioria, vivendo em condições precárias. Isto é, qualitativamente é pobre ou não desenvolvido.

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Como o desenvolvimento econômico engloba melhorias na qualidade de vida da população, uma das variáveis que melhoram a vida das pessoas é a preserva-ção ambiental. E você saberia me dizer o motivo? Com o tempo, o crescimento da economia tende a esgotar os recursos produtivos que, como você sabe, são escassos, ou seja, limitados. A situação irá ocorrer se o uso dos recursos for indis-criminado, e não pelo país crescer.

Nesse sentido, Souza (2011) afirma que o crescimento acelerado pode provo-car o desmantelamento de florestas, a exaustão de reservas minerais e a extinção de certas espécies de peixes. Por exemplo, a atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de terras onde se encontravam florestas. Pode, também, poluir os mananciais de água, infestar o ar atmosférico, interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que afeta a saúde da população. Dito de outra forma, o desenvolvimento sustentável é o que preserva o meio ambiente, sobretudo os recursos naturais não renováveis.

Vivemos falando em desenvolvimento econômico, mas como definir que uma economia é subdesenvolvida? Quais fatores nós levamos em consideração? Alguns autores, como Celso Furtado, afirmam que o subdesenvolvimento é um desequilíbrio na absorção dos avanços tecnológicos produzidos pelo capitalismo industrial a favor das inovações que incidem diretamente sobre o estilo de vida.

Esse atraso na absorção de inovações nos padrões de consumo tem como contrapartida decadência na adoção de métodos produtivos mais eficazes. É que os dois processos de penetração de novas técnicas se apoiam no mesmo vetor que é a acumulação. Assim, o crescimento de uma requer o avanço da outra. A raiz do subdesenvolvimento reside na desarticulação, causado pela moderniza-ção, entre esses dois processos.

O desenvolvimento econômico de uma nação ocorre, em processo evolu-tivo, em cinco etapas, que são:

■ Sociedade tradicional;

■ Pré-requisito para o arranco;

■ Arranco ou decolagem;

■ Crescimento autossustentável;

■ Idade do consumo de massa.

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Por outro lado, existem inúmeros fatores que são apontados como responsáveis pelo subdesenvolvimento dos países. Os fatores de maior relevância são:

■ Falta de política de redistribuição do excedente econômico;

■ Falta de especialização em setores e produtos que gerem diferenciais competitivos;

■ Falta de diversificação da base produtiva;

■ Escassez de recursos naturais;

■ Falta de capital humano qualificado;

■ Ausência de progresso tecnológico;

■ Falta de instituições;

■ Países dominados por elites sem interesse pelos mais pobres;

■ Ausência de ações de transformações das estruturas pelas massas com base numa ideologia desenvolvimentista.

Para finalizarmos o tema desenvolvimento econômico, faremos uma compara-ção das características de países desenvolvidos e subdesenvolvidos, vamos lá?

Características dos Países Desenvolvidos:

■ Domínio econômico;

■ Estrutura industrial e agropecuária moderna;

■ Elevado desenvolvimento científico e tecnológico;

■ Eficiência nos meios de comunicação e transporte;

■ Baixo percentual de analfabetos;

■ Alta qualidade em alimentação, habitação e saneamento básico;

■ Baixa taxa de natalidade e mortalidade infantil;

■ Maiores indicadores de expectativa de vida;

■ Baixos índices de pobreza.

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Crescimento Econômico e Desenvolvimento Econômico

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Características dos Países Subdesenvolvidos:

■ Heranças do colonialismo: exploração dos recursos;

■ Dependência econômica em relação aos países desenvolvidos;

■ Defasagem científica e tecnológica;

■ Deficiência nos meios de comunicação e transporte;

■ Baixa industrialização e agricultura;

■ Elevado percentual de analfabetos;

■ Baixa qualidade em alimentação, habitação e saneamento básico;

■ Alta taxa de natalidade e mortalidade infantil;

■ Menores indicadores de expectativa de vida.

INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO E DE CRESCIMENTO ECONÔMICO

Para medir o crescimento econômico utilizamos os indicadores PIB e PIB per capita. Por exemplo, se um país estiver aumentando sua renda per capita, pode-mos dizer que está ocorrendo crescimento, desde que esse aumento seja menor do que o crescimento populacional. Para que ocorra o desenvolvimento, preci-samos que outras questões sejam atendidas.

Nesse sentido, há, na teoria econômica, diversos modelos que estudam e medem o tamanho do desenvolvimento econômico de determinado país, dentre esses modelos, Souza (2011) cita os neoclássicos de Meade, de Solow e a teoria do crescimento endógeno. Todos eles são teóricos que se baseiam em dados de população, progresso técnico, capital humano entre outras variáveis, mas, para o nosso propósito neste livro, não iremos abordar esses modelos em detalhes, trataremos apenas de alguns indicadores de crescimento econômico sem entrar-mos nas discussões teóricas da formação desses modelos.

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Resumindo, falar em desenvolvimento econômico é falar em melhora na qualidade de vida, em aumento do bem-estar, em acesso à cultura, lazer, entre outros. Temos algumas variáveis que tratam a esse respeito e vamos estudar um pouco cada uma delas.

PIB per Capita: esse é um indicador bastante utilizado que busca mostrar/medir o crescimento de um país. No seu cálculo, divide-se o PIB pela popula-ção. Assim, podemos facilmente perceber que ele é um dado numérico e que não nos dá uma dimensão de qualidade de vida, de como a renda está distribu-ída; enfim, ele mostra apenas uma média. Podemos dizer que esse indicador é bastante popular e é relativamente fácil calculá-lo, mas que é um indicador ini-cial quando vamos discutir o desenvolvimento, ele ajuda a medir o crescimento; mas, para falarmos de desenvolvimento, precisamos de outras variáveis.

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano: uma variável utilizada para se tentar captar o desenvolvimento econômico é o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano. Esse índice é relativamente novo e tenta captar quão desenvolvida é uma nação, um povo.

O IDH é composto por três sub índices:

a) Um índice que mede a renda. Aqui se utiliza o PIB per capita;

b) Um índice que mede a saúde das pessoas. Utiliza-se a expectativa de vida ao nascer;

c) Um índice que mostre a educação. Nesse caso se utiliza a taxa de alfabe-tização de adultos e a taxa de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior.

O IDH varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor; ou seja, quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido é o país. Esse índice vem sendo divulgado a partir da década de 1990, a ONU o divulga para cerca de 170 países que são ranqueados a partir desse índice conforme critérios a seguir:

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Quadro 1 - Grau de desenvolvimento conforme critério do IDH

IDH GRAU DE DESENVOLVIMENTO

Acima de 0,8 Alto

Entre 0,5 e 0,8 Médio

Abaixo de 0,5 Baixo

Fonte: adaptado de Gremaud et al. (2008).

De acordo com dados da PNUD, para o ano de 2012, o Brasil ficou na 85ª colo-cação no ranking do IDH, nesse ranking consta 186 países. O Valor do IDH brasileiro é 0,730, ou seja, nosso IDH é considerado médio. O país melhor colo-cado é a Noruega com um IDH de 0,955, acompanhada pela Austrália com 0,938. O último colocado é Níger com um índice de 0,304.

Índice de GINIO índice de Gini é um índice que mede a desigualdade ou concentração da

renda, ele varia entre 0 e 1, sendo que 0 representa a completa igualdade (todos teriam a mesma renda) e 1 a completa desigualdade, assim, ao pensarmos no índice de Gini desejamos que ele seja o menor possível

O MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho é um dos cinco mercados em que a macroeconomia, normalmente, divide o estudo da economia. Nesse mercado é determinada a quantidade utilizada de trabalho, que representamos com a letra “N”, e o salário nominal do trabalhador, representado por “W”.

Dentro do mercado de trabalho temos o tão temido desemprego, que refere-se à ociosidade do fator de produção “trabalho”. Porém, essa é uma definição sim-plista, não apresentando os aspectos envolvidos na questão do desemprego. E sabe por quê? Porque uma pessoa que está em idade de trabalhar pode não estar traba-lhando por diversas razões, e são estes motivos que a economia procura estudar.

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Então, como afirma Souza (2011), uma definição mais completa do desem-prego exige o conhecimento sobre os critérios pelos quais, uma pessoa, que é considerada economicamente ativa, não está trabalhando.

Assim, inicialmente, vamos discutir algumas características nas quais as pessoas podem se enquadrar e que são levadas em consideração pelas pesquisas que procuraram examinar o mercado de trabalho. Nesse sentido, Bacha e Lima (2006) definem alguns conceitos fundamentais para entender o funcionamento do mercado de trabalho, que são:

■ População residente - é o total de pessoas vivendo em certo país em deter-minado momento do tempo, independentemente de sua idade e se está ou não trabalhando, procurando trabalho ou apenas é ocioso. A popu-lação residente se divide em População Economicamente Ativa (PEA), População Não Economicamente Ativa e Pessoas Incapacitadas ao trabalho.

■ População Economicamente Ativa (PEA) - são as pessoas acima de certa idade (por exemplo, com 10 ou mais anos de idade) que são aptas e desejam trabalhar, independentemente de estarem ou não trabalhando. Segundo Souza (2011), esta categoria se divide em:

a) População ocupada – são aquelas pessoas que trabalham para um empre-gador, normalmente são obrigados a cumprirem a jornada de trabalho e recebem em troca uma remuneração. Nesse caso, as pessoas com ou sem carteira de trabalho assinada estão inclusas. Exemplo: militares, funcio-nários públicos, estagiários, empregados domésticos, jovens aprendizes, vendedores, professores, entre outros.

b) Trabalhadores por conta própria – são as pessoas que exploram seu pró-prio empreendimento, sozinhos ou com sócios, mas não têm empregados. Exemplo: um pintor que trabalha por conta própria.

c) Empregadores – são as pessoas que exploram seu próprio empreen-dimento, sozinhos ou com sócios, mas que possuem pelo menos um empregado. Exemplo: empresários.

d) Trabalhadores não remunerados – são as pessoas que trabalham sem remuneração no empreendimento da família. Exemplo: um menino que ajuda seus pais na padaria, mas não recebe por isso.

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■ População Não Economicamente Ativa - são as pessoas aptas a traba-lhar, mas que não estão trabalhando e nem procurando emprego. Nessa categoria se incluem os trabalhadores desalentados (dispostos a traba-lhar, mas desestimulados a procurar trabalho), as pessoas dedicadas às atividades do lar, os estudantes, os aposentados, os pensionistas, os ren-tistas, por exemplo.

■ Pessoas Incapacitadas ao Trabalho - são aquelas abaixo de certa idade (por exemplo, 10 anos), as inválidas física e/ou mentalmente para traba-lhar, idosos, réus e outros não classificados na PEA ou na População Não Economicamente Ativa.

■ Pessoas desempregadas ou população desocupada – são as pessoas procurando emprego há 30 dias e que não estão trabalhando na semana. Nesse sentido, temos a chamada taxa de desemprego, que é definida como a percentagem da força de trabalho que está desocupada e procu-rando emprego.

Afinal, o que é esse desemprego? Como é medido? Muitas pessoas vão responder que o desemprego é a falta de emprego. Está correto, mas temos outras definições mais completas. Como já vimos, Souza (2011) nos diz que para definir desem-prego é necessário conhecer os critérios pelos quais uma pessoa é considerada economicamente ativa e os motivos que a tornaram ocupada (empregada) e desocupada (desempregada).

Nesse sentido, Sandroni (2003) acrescenta que desemprego é uma situação de ociosidade involuntária em que uma pessoa se encontra. Passos e Nogami (2012) observam que desempregada é aquela pessoa que está procurando emprego.

Para conhecer um pouco mais sobre a evolução do mercado de trabalho e o impacto do aumento do desemprego no desenvolvimento econômico, leia o artigo “Estagnação da economia, abertura e crise do emprego urbano” disponível no link: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643188/10732.>.

Fonte: a autora.

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CAUSAS DO DESEMPREGO

Apesar de parecer lógico que em crises econômicas o desemprego aumenta, já que as empresas irão vender menos e, por esse motivo, irão cortar custos – uma das for-mas é demitindo funcionários – a crise não é o único motivo para o desemprego.

Dessa forma, Souza (2011) afirma que os economistas basicamente separam o desemprego em três tipos de acordo com as causas, que são: friccional, estru-tural e conjuntural, que também é chamado de cíclico. Os dois primeiros estão relacionados à chamada taxa natural de desemprego.

Os economistas da corrente clássica afirmam que a lei natural da oferta e demanda equilibram o mercado, ou seja, a oferta cria sua própria demanda; em outras palavras, tudo que é produzido será consumido ao preço do mercado. Assim, existe uma mão invisível que corrige todas as distorções que podem ser geradas, sem que o Estado intervenha. Logo, para os economistas clássicos, o pleno emprego sempre ocorre, inclusive, no mercado de trabalho. Por esse motivo não existe desemprego involuntário, apenas o voluntário, que é aquele que a pes-soa, por algum motivo, não deseja trabalhar.

Apesar disso, o desemprego existirá, mesmo que pouco, o que se chamou de taxa natural de desemprego. Atualmente, segundo Souza (2011), entende--se que essa taxa natural de desemprego é formada por três componentes, que são o desemprego voluntário, o estrutural e o friccional, conforme podemos ver na Figura 2.

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Desempregovoluntário

Desempregoestrutural

Desempregofriccional

Taxanatural de

desemprego

Figura 2 - Os componentes da taxa natural de desemprego Fonte: Souza (2011, p. 75).

Vamos conhecer as causas do desemprego?Desemprego estrutural – o desemprego estrutural pode ser decorrente

de mudanças estruturais na economia, como mudança tecnológica, padrão de demanda dos consumidores, que no longo prazo alteram o mercado de traba-lho, eliminando alguns postos de trabalho e criando outros.

Desemprego Friccional – é caracterizado por pessoas que estão desempre-gadas momentaneamente, decorrentes, por exemplo, de mudança voluntária de emprego, demissão, primeiro emprego ou, ainda, como afirma Souza (2011), algumas pessoas não aceitam a primeira oportunidade de trabalho que surge, procurando algo que consideram melhor, assim, o período que elas estão exa-minando outras ofertas de trabalho ocorre o desemprego friccional.

O mesmo autor afirma que esse tipo de desemprego é causado por certos des-compassos que podem ocorrer entre os trabalhadores e as vagas ofertadas, por exemplo: problemas de informação sobre a vaga disponível, divergências de qua-lificações entre o que o empregador deseja o que e trabalhador oferece distância geográfica entre aquela vaga oferecida e o trabalhador apto e desequilíbrio entre os setores que precisam de mão de obra e os que tem oferta maior de trabalhadores.

Resumindo, o desemprego friccional é um “desemprego de adaptação, típico de economia em transformação” (SOUZA, 2011, p. 77), mas esse tipo de desem-prego pode se tornar em desemprego estrutural no médio prazo.

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Desemprego conjuntural ou cíclico – também chamado de desemprego involuntário, acontece em fases de recessão da economia. Nestas fases, o governo reduz o gasto, o que afeta diretamente a demanda, diminuindo a produção e gerando desemprego.

Estrutural:rigidez salarial

Conjuntural:economiacontraída

Friccional:mobilidade do

mercado detrabalho

Tipos dedesemprego,segundo suas

causas

Figura 3 - Tipos de desempregoFonte: Souza (2011, p. 78).

Além desses tipos, alguns autores ainda incluem mais uma categoria do desem-prego, que é o desemprego sazonal, que acontece em determinadas épocas, por exemplo, baixa temporada ou entre safras. Este tipo é muito comum na agricul-tura e no turismo.

Certamente você ficou confuso com tantos tipos de desemprego, e as causas são bem parecidas, correto? Para tentar solucionar essa dúvida, vamos pen-sar no tempo que a pessoa procura por um novo emprego. Quanto maior for o tempo de procura, maior a probabilidade da pessoa estar passando pelo cha-mado desemprego estrutural.

TAXA DE DESEMPREGO

Como é calculada a taxa de desemprego? A taxa de desemprego é, segundo Passos e Nogami (2012), o percentual de pessoas desocupadas/desempregadas na semana de referência da pesquisa com procura no período de referência de

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30 dias em relação à população economicamente ativa (PEA) na semana de refe-rência. Ficou complicado, certo? Vamos visualizar pela fórmula:

Taxa de desemprego= (população desocupada)/(População economica-mente ativa) x 100

O valor encontrado mostra a relação, percentual, de pessoas que estão pro-curando trabalho nos últimos 30 dias e que não exerceram atividade remunerada nos últimos 7 dias. Por exemplo, se a taxa de desemprego for de 7%, isso signi-fica que 7% da população economicamente ativa não está trabalhando, mas está procurando emprego.

Como sabemos esse percentual? No Brasil, temos três principais pesqui-sas que verificam o mercado de trabalho, como a Pesquisa Mensal de Empregos (PME), Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), sendo a última mais utilizada no meio aca-dêmico dos pesquisadores sobre mercado de trabalho. Cada pesquisa tem uma metodologia própria.

MOVIMENTOS NO MERCADO DE TRABALHO

Os movimentos do mercado de trabalho relacionados à oferta e demanda por trabalhadores depende de três fatores, que são:

Salário mínimo – na maioria dos países, incluindo o Brasil, existe legislações que proíbem que os empregadores paguem menos do que um salário mínimo a qualquer categoria profissional ou gênero ou, ainda, a idades diferentes. O salá-rio mínimo é definido pelo governo de tempo em tempo.

Sindicatos – segundo Souza (2011), os sindicatos são entidades que defendem os direitos dos trabalhadores, entre esses direitos estão a irredu-tibilidade dos salários e a manutenção dos salários reais, ou seja, do poder aquisitivo da população.

Salário-eficiência – um empresário pode estar certo que existe mais oferta do que demanda por trabalhadores em um determinado setor, mas ele pode não desejar, por questão estratégica, por exemplo, reduzir o salário. Nesse caso, o empresário estaria evitando rotatividade e assegurando a qualidade do trabalho.

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Blanchard (2011) afirma que a fixação de salários é feita de várias formas, tais como determinados pelos empregadores ou por acordos bilaterais entre o empregador e o empregado, as chamadas negociações. Assim, muitos trabalha-dores empregados têm algum poder de barganha, e esse nível do poder depende claramente da natureza do seu trabalho, além disso, as condições de trabalho também afetam o poder de bar ganha dos trabalhadores.

CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO SOBRE O MERCADO DE TRABALHO

Com a abertura da economia brasileira, iniciada no Governo Fernando Collor de Mello, houve um aumento da competitividade no setor industrial brasileiro e as empresas precisaram criar estratégias para continuar no mercado. Dentre essas estratégias, podemos destacar a diversificação de produtos, a terceiriza ção da produção e a criação de programas de qualidade.

Especificamente sobre o mercado de trabalho, o aumento do desemprego estrutural pode ser apontado como um dos aspectos perversos da globalização. Ademais, implantado pela globalização, o novo paradigma tecnológico requer mão de obra qualificada, marginalizando, assim, parcela significativa de trabalhadores.

POLÍTICAS ECONÔMICAS: MONETÁRIA, FISCAL E CAMBIAL

Podemos definir, de forma bem genérica, que uma política econômica é a atuação do governo para atingir um determinado objetivo. Temos três prin-cipais políticas econômicas, que são a monetária, fiscal e cambial. Vamos entender cada uma delas?

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POLÍTICA MONETÁRIA

A política monetária se refere à quantidade de moeda disponível na economia, ao crédito disponível na economia e às taxas de juros. Conforme Gremaud et al. (2008, p. 201), por política monetária entende-se a atuação do Banco Central para definir as condições de liquidez da economia: quantidade ofertada de moeda, nível de taxa de juros, entre outros. Por meio da definição apresentada, perce-bemos que essa política influencia nossa vida diariamente e, muitas vezes, não damos conta disto. Você já havia pensado nisto?

Vamos verificar agora quais são as funções da moeda. De acordo com Souza (2011), as funções da moeda podem ser divididas em: meio de troca, reserva de valor, medida de valor e padrão para pagamento diferido no tempo. Vejamos cada uma dessas funções. A função chamada meio de troca está relacionada à possibilidade que temos de trocar moeda por produtos e serviços que deman-damos, ou seja, a moeda nos ajuda muito por nos facilitar as trocas e, embora não pensemos muito nisso, nem sempre foi assim, já tivemos muitas mercado-rias que foram utilizadas como moeda.

A moeda serve como reserva de valor por ter a máxima liquidez e por ter um poder de compra; assim, essa função está, intimamente, relacionada à função de meio de troca. A medida de valor é porque, por meio da moeda, classificamos quanto vale determinada mercadoria, e a função de padrão para pagamento dife-rido no tempo nos permite negociar algo (produto, serviço) em uma data e que o seu pagamento seja feito no futuro, ou seja, por conta da existência da moeda é que podemos combinar um preço hoje, para alguma negociação, e esse paga-mento ser feito daqui há 30 ou 60 dias e assim por diante.

E porque nós demandamos moeda? Sei que você de estar assustado(a) com essa pergunta e deve ter respondido: é óbvio que sabemos. Porém, sabemos na prática, vejamos na teoria quais são os motivos que nos levam a demandar moeda:

Motivo especulação: você quer manter seus recursos em moeda para poder utilizá-lo em algo que seja vantajoso para você, mas aqui estamos falando de aplicações financeiras rápidas.

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Motivo transação: o motivo transação é que mantemos moeda para as tran-sações necessárias em determinado período. Por exemplo, ao receber o salário, você guarda certa quantia em dinheiro para poder pagar suas contas mensais, como água, telefone etc.

Motivo precaução: nesse caso, as pessoas (nós) guardam dinheiro para um imprevisto. Quem aí não tem um avô ou uma avó que diz: “nunca se sabe o que vai ser amanhã, é melhor prevenir” e, por esse motivo, essas pessoas acabam guardando dinheiro em espécie.

Aqui, após verificarmos quais são as funções da moeda, já podemos fazer uma importante reflexão; conforme Souza (2011), a demanda por moeda vai depender diretamente de qual é a renda do agente econômico e inversamente da taxa de juros. Explico, quanto maior a renda, maior a demanda por moeda, e quanto maior a taxa de juros, menor a demanda, pois se a taxa de juros estiver muito alta será mais interessante deixar o dinheiro aplicado.

Sabendo quais são as funções da moeda e porque os agentes econômicos a demandam, vamos ver quais são os instrumentos que o governo tem e utiliza para provocar o aumento ou redução de demanda por moeda.

Instrumentos da política monetária

Open market: as operações de open market ou mercado aberto são aque-las em que o governo compra ou vende títulos públicos, ou seja, digamos que o governo pretende irrigar a economia com mais dinheiro, utilizando essa ferra-menta de mercado aberto, ele vai entrar no mercado comprando títulos públicos, e o contrário é verdadeiro.

Depósitos Compulsórios: os depósitos compulsórios representam parte dos recursos que os bancos “arrecadam” no mercado sob a forma de depósi-tos. Essa parte é a que fica retida junto ao Banco Central. Na prática, os bancos ficam impedidos de usarem esses recursos para novos empréstimos. Então, por-que os depósitos compulsórios são um dos instrumentos da política monetária? Respondo, porque se a intenção do governo é fazer uma política restritiva, ele irá elevar o depósito compulsório, dessa forma, sobrará menos recursos para os bancos emprestarem (ou reemprestarem).

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Taxa de Redesconto: também chamado de empréstimos de liquidez por alguns autores, a Taxa de Redesconto é a taxa que os bancos comerciais pagam ao Banco Central quando precisam de dinheiro emprestado. Por exemplo, digamos que um banco comercial precisa de recursos, ele pode conseguir esses recursos em outros bancos, mas, em última instância, se ele não conseguir empréstimos com seus pares, ele recorrerá ao Banco Central. A taxa de juros cobrada pelo Banco Central dos bancos comerciais é a chamada taxa de redesconto. Se o governo deseja que haja uma elevação da quantidade de dinheiro em circulação, ele irá diminuir o valor dessa taxa; em contrapartida, se quiser que tenha uma redução na quantidade de dinheiro na economia, ele eleva essa taxa.

Até aqui falamos da política monetária focando na moeda, suas funções e os instrumentos da política monetária. Porém, há outra variável que está inti-mamente ligada à política monetária e essa está sempre presente nos noticiários, como evidenciado na introdução desta unidade: a famosa taxa de juros.

Podemos entender por juros o preço do uso do dinheiro. Porque pagamos juros de um empréstimo? Porque não temos os recursos no momento e mesmo assim o utilizamos! Então a taxa de juros é o pagamento por essa utilização do dinheiro. A definição da taxa de juros está atrelada à política monetária. De acordo com Gremaud et al. (2008, p. 285) taxa de juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante determinado período de tempo ou, alternativa-mente, aquilo que se pega pela obtenção de recursos de terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de tempo.

Verificando a definição de taxa de juros, já é possível inferir que esta é uma variável das mais importantes em qualquer economia, visto que a partir dela muitas decisões são tomadas. Por exemplo, se um empresário deseja fazer um investimento, uma das variáveis que ele levará em consideração é a taxa de juros. Se uma pessoa física pretende comprar um produto e vai pagá-lo à prestação, quanto ele pagará de juros vai afetar diretamente sua decisão de compra.

Então, sabendo o que é e como é importante a taxa de juros, verifiquemos como ela é formada. No Brasil, a chamada taxa básica de juros é a SELIC – Serviço Especial de Liquidação e Custódia – ela é básica porque a partir dela é que as demais taxas são estabelecidas, muitas vezes você vê o valor da SELIC e diz: “mas no che-que especial estou pagando muito mais do que isso!” Ou no cartão de crédito ou

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no financiamento, entre outros. Volto a dizer, a SELIC serve de base para as demais taxas de juros, é como se fosse um indicador de tendência ou um sinalizador que o governo usa para mostrar aos demais agentes econômicos o que ele quer no futuro próximo ou no curto prazo.

A definição da SELIC é feita pelo COPOM – Comitê de Política Monetária do BACEN – Banco Central, por meio de suas reuniões mensais que, provavel-mente, você já deve ter ouvido ou lido alguma notícia a respeito. Sempre que a definição da SELIC acontece (uma vez por mês, em uma quarta-feira) essa infor-mação é bastante divulgada, justamente como vimos anteriormente, a intenção do governo é informar o que ele deseja dos agentes econômicos pela sua deci-são de elevar, manter ou reduzir a SELIC.

Como a política monetária afeta a economia?

Agora que já estudamos um pouco sobre moeda e as variáveis que envolvem a política monetária, vamos discutir como o governo faz política monetária e quais os resultados que pretende com ela.

Em geral, dizemos, tecnicamente, que a política monetária pode ser con-tracionista ou expansionista, e o que isto quer dizer? Uma política monetária contracionista é feita se o governo deseja frear a economia, melhor dizendo, se, na visão do governo, a economia está muito aquecida, as pessoas/empresas estão utilizando muito a moeda para as mais diversas funções e ele deseja que isso seja reduzido, ele praticará política monetária contracionista. Aí você pode me dizer: “mas quando o governo vai querer desaquecer a economia???” Quando, por exemplo, a inflação estiver muito elevada. E como se faz essa política? A fer-ramenta mais utilizada, no Brasil, é a taxa de juros, mas todos os instrumentos de política monetária, citados anteriormente, são e podem ser utilizados.

Já política monetária expansionista funciona no sentido inverso, se o governo acha que a economia está desaquecida e ele pretende estimular essa economia, ele poderá reduzir a taxa de juros, o que levará os agentes econômicos a reaque-cerem a economia.

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Taxa dejuros

In�ação

Taxas demercado

Preço dosativos

Expectativas

Taxa decâmbio

Demanda

Preço dasimportações

Figura 4 - O Mecanismo de Transmissão da Política MonetáriaFonte: Harrison et al. (2005 apud PIRES, 2008).

Veja, com base na Figura 4, o que se espera a partir de uma mudança na taxa de juros é que ela afete as taxas de mercado que estão ligadas às expectativas dos agentes e que, juntamente com os preços dos ativos, irão influenciar a demanda- que é o que determinará a inflação. Por outro lado, a taxa de juros também está ligada à taxa de câmbio, que determina o preço das importações que influencia a inflação, este é o modelo utilizado pela Inglaterra.

Na Figura 5, podemos verificar um esquema parecido com o da Figura 1, mas este foi construído para ilustrar o que ocorre no Brasil.

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Decisões de PolíticaMonetária

RequerimentosCompulsórios

Taxa de juros

Taxa de Câmbio

Crédito

Taxa deRedesconto

Moeda

Produto Real Nível de Preços

Figura 5 - O Mecanismo de Transmissão da Política Monetária - Brasil Fonte: Gontijo (2007).

A Figura 5 ilustra o desencadear da política monetária partindo de um dos mecanismos tradicionais que já estudamos; nesse caso, é especificamente para o Brasil. Podemos verificar que todos eles não só afetam, em última instância, o nível geral de preços, mas também influenciam o produto da economia (o PIB) e, em especial, a taxa de juros influencia a taxa de câmbio.

POLÍTICA FISCAL

A política fiscal trata, basicamente, do orçamento, gastos e arrecadação do governo. Então, quando o governo gasta ou investe algum recurso, ele está fazendo polí-tica fiscal. Quando o governo eleva ou reduz algum imposto, ele também está fazendo política fiscal. Normalmente ouvimos ou lemos a manchete: “Brasil fecha período com superávit primário” ou “Brasil fecha período com déficit primá-rio”, e o que isso quer dizer?

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Déficit ou Superávit primário, de acordo com Gremaud et al. (2008, p. 194) “é a diferença entre as receitas não financeiras e os gastos não financeiros. Se o governo gastou mais do que arrecadou ele tem déficit e se ele gastou menos do que arrecadou ele tem superávit”. Esse conceito, segundo os mesmos autores, mostra exatamente como o governo está conduzindo sua política fiscal, já que não se inclui dívida e nem os juros da dívida.

Quando o governo tem superávit em suas contas, significa que ele arrecadou mais do que gastou e isso pode ser traduzido como uma política contracionista, ou seja, ele está recebendo mais impostos e taxas da população, então por que se chama política contracionista? Porque, com essa atitude, o governo está arreca-dando mais dinheiro do que gastando e com isso o dinheiro tem girado menos na economia e, por consequência, gerado menos empregos e crescimento.

Já quando o governo tem déficit em suas contas, ele gastou mais do que arre-cadou, podemos dizer que ele está fazendo uma política fiscal expansionista, isso porque se o governo gasta mais do que arrecada, ele está estimulando a econo-mia pela injeção de recursos. Aqui, cabe uma observação bastante importante: e a qualidade desses gastos? Muitas vezes, apenas gastar para injetar dinheiro na economia não é uma boa estratégia, é preciso saber em que se está gastando.

A função da política fiscal é a de ajudar o governo a atingir seus objetivos para uma nação e, para isto, o governo utiliza as variáveis: gastos e arrecadação. A maior parte das arrecadações do governo brasileiro se dá pelos impostos. De acordo com Gremaud et al. (2008), o Brasil sempre utilizou a estrutura tributá-ria para estimular setores da economia.

Como a política é bastante utilizada pelo governo brasileiro e sua arre-cadação vem principalmente dos impostos, vamos discutir um pouco sobre esses impostos. De acordo com Gremaud et al. (2008), a forma como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos impostos tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica, a distribuição de renda, a competitividade da economia, entre outros fatores. Nesse sen-tido, podemos analisar vários aspectos.

Primeiro, podemos distinguir os impostos em diretos e indiretos. Os impos-tos diretos são aqueles que incidem sobre a renda e o patrimônio; enquanto que os impostos indiretos incidem sobre o consumo.

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Impostos diretos: os principais impostos diretos no Brasil são o Imposto de renda – IR pessoa física e jurídica, o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores, o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, o ITR – Imposto Territorial Rural, entre outros. Esses impostos são todos diretos, o que significa dizer que eles incidem sobre a renda do cidadão ou da empresa, ou sobre a propriedade de algo.

Impostos Indiretos: os principais impostos indiretos no Brasil são o ICMS – Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, o II – Imposto de Importação, entre outros. A característica que esses impostos têm em comum é que todos incidem sobre o consumo e, por isso, são classifi-cados como indiretos.

Depois, ainda é possível classificarmos os impostos, de modo geral, quanto a sua base de incidência, quer dizer, quem deve pagar impostos? Alguns devem pagar mais que outros? vejamos:

Impostos Neutros: dizemos que o sistema de cobranças de impostos é neutro quando a sua participação na renda das pessoas é a mesma, independentemente do nível de renda.

Impostos Regressivos: chamamos de sistema regressivo quando a participa-ção dos impostos na renda das pessoas diminui conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha menos, paga mais.

Impostos Progressivos: damos o nome de sistema progressivo quando a par-ticipação dos impostos na renda das pessoas aumenta conforme a renda aumenta, ou seja, quem ganha mais, paga mais.

E, por último, podemos analisar os impostos em relação à eficiência econô-mica e ao fomento da economia. Nesse sentido, devemos analisar se o governo está interferindo no mercado no sentido de sobretaxar determinados bens e serviços, desincentivando sua produção ou o contrário. Em suma, os impostos fazem com que um produto ou serviço se torne mais caro ou mais barato inde-pendentemente da eficiência de quem o oferta, e o governo deve estar atento a esse efeito dos impostos.

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Instrumentos da política fiscal

Conforme vimos na definição do que é política fiscal, ela trata dos gastos e arrecadação do governo. Assim, para “fazer” política fiscal, o governo utiliza seus gastos e/ou sua arrecadação objetivando, sempre, alcançar algo com sua ação. Vimos, lá no início deste capítulo, que as políticas macroeconômicas têm quatro objetivos e estes podem ser buscados utilizando a política fiscal. E como executar essa política?

O governo pode decidir, e decide, como, quando e para que utilizará seus recursos, essa é uma maneira de fazer política fiscal. O governo decide, tam-bém, sobre as alíquotas de impostos e isto é política fiscal. Vamos ver um exemplo prático:

No ano de 2008 houve uma crise internacional mais localizada, a princípio, nos Estados Unidos, batizada de crise das hipotecas, com ela houve, de modo geral, uma redução no consumo mundial e o Brasil acabou passando a vender menos para o resto do mundo, já que este estava em crise. Um dos mecanismos utilizados pelo então Presidente Lula foi o de reduzir o IPI dos automóveis, obje-tivando reduzir seu preço e elevar sua demanda. Consequência: com a redução no preço dos carros, ocorreu uma elevação da demanda e um aquecimento da economia brasileira, mais especificamente do setor automobilístico. A indús-tria automobilística não reduziu sua produção e nem precisou demitir pessoal.

Esse mesmo mecanismo foi utilizado com os produtos de linha branca, como, por exemplo, geladeiras e fogões. A esse tipo de política fiscal damos o nome de expansionista, na qual o objetivo do governo é expandir, fazer crescer a econo-mia. Se o objetivo fosse contrair a economia, o governo poderia, por exemplo, ter elevado o IPI desses produtos, assim, as pessoas demandariam menos e a economia se retrairia.

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Como a política fiscal afeta a economia?

É dentro da política fiscal que o governo decide onde fará seus investimentos; dessa forma, ela influencia diretamente os cidadãos. Além disso, é por meio dessa política que verificamos se o governo está endividado ou não, de onde têm vindo e pra onde estão indo seus recursos.

Como já falamos anteriormente, a política fiscal pode ser utilizada para incentivar ou desincentivar a indústria (produção) de algum produto. Vejamos a respeito de quanto de impostos está embutido em determinados produtos: Tabela 1 - Percentual de tributos embutidos no preço final de produtos

PRODUTO %

Batatinha (in natura) 11,22

Frango congelado 16,80

Ovos de galinha 20,59

Fubá 25,28

Água Mineral 44,55

Cerveja (garrafa ou lata) 55,60

Sapato 36,17

Gasolina 53,03

Fralda descartável 34,21

Livros 15,52

Fonte: adaptado de Impostômetro ([2017], on-line)1.

Qual é o maior problema do Brasil: o número de tributos que pagamos ou a forma como o governo gasta o que arrecada?

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POLÍTICA CAMBIAL

A política cambial é aquela que busca manter, atingir uma taxa de câmbio que seja considerada boa para a economia. Junto à política cambial, alguns autores trabalham a chamada política comercial, que se refere a mecanismos de incen-tivo ou desincentivo às exportações e às importações.

Ao estudarmos teoria econômica, devemos ter em mente que esta tem uma gama imensa de variáveis, mas quando falamos em economia é muito difícil que ninguém se manifeste e comente sobre o DÓLAR.

Acredito que para falarmos de política cambial, instigar você, aluno(a), na questão da moeda Norte Americana seja uma boa estratégia, afinal de contas quem nunca sonhou com uma viagem internacional, com um produto importado e de repente se lembrou: mas tenho que pagar em dólares? Este, simplificada-mente, é o “mundo” da política cambial.

Como vimos anteriormente, o governo tem alguns objetivos nas suas políti-cas macroeconômicas, e dentro da política cambial, o que é que o governo pode ou poderia fazer? Vamos começar por entender um pouquinho sobre o câmbio. Câmbio é uma palavra de origem espanhola que significa troca, então quando pensamos no dólar, na verdade estamos pensando quanto vai custar esse dólar, ou seja, de quantos Reais eu preciso para comprar ou trocar por um dólar.

Nas palavras de Gremaud et al. (2008, p. 369), a taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra moeda nacional. Desta forma, podemos comparar o Real ao Dólar, ao Euro e assim por diante, bem como pode-mos comparar Euro ao Dólar, Euro ao Franco.

Um país pode adotar regimes cambiais diferentes, no caso do Brasil, você sabe qual é o regime cambial adotado atualmente? Vejamos quais são os regimes que a literatura traz e depois você responde em qual destes o Brasil se encaixa:

Regime de câmbio fixo: nesse regime cambial, mantém-se a taxa de câmbio em um mesmo valor, ou seja, não há oscilação no preço da moeda em relação a outras moedas. Como vimos na Unidade II, as leis da oferta de demanda irão determinar preços; mas, no caso do câmbio fixo, isso não ocorrerá, quer dizer, não será o mercado que determinará o preço da moeda e sim o Governo.

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INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Para manter o câmbio fixo é preciso que o país tenha uma boa quantidade de Reservas Internacionais, ou seja, moeda internacional, pois o Banco Central do país é quem administrará o câmbio e, para isso, precisará trabalhar com essas Reservas. Você deve estar se perguntando: como? Entenda o esquema montado na Figura 6.

Preço do dólar= 1 real

O Dólar está muito barato e as pessoas demandam mais Dólar.

Se o regime é Câmbio �xo Se o regime é Câmbio �utuante

Apesar de haver pressão do mercado, o preço do Dólar não muda. O Banco Central passa a ofertar Dólar para atender esse aumento na demanda e manter o seu preço.

O preço do Dólar aumenta. A causa é a mesma que você aprendeu na Unidade II. A demanda aumentou e a oferta foi mantida, então houve um aumento no preço.

Figura 6 - Modificação do preço da moeda nos regimes de câmbio fixo e flutuanteFonte: a autora.

Quando temos taxa de câmbio fixo e o mercado demanda muita moeda estran-geira, o Banco Central entra no mercado cambial ofertando moeda internacional para que o preço dela não suba (não haja alteração na taxa cambial). Se o mercado está demandando pouca moeda internacional, a ponto de haver uma queda no seu preço, o Banco Central entra nesse mercado comprando a moeda para evi-tar que o preço dela caia. Com esses mecanismos, por parte do Banco Central, é que se mantém uma taxa de câmbio fixa.

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Políticas Econômicas: Monetária, Fiscal e Cambial

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Regime de câmbio flutuante: nesse regime cambial é permitido que o preço da moeda oscilasse de acordo com as condições de oferta e demanda do mer-cado. Nesse caso, o Banco Central também compra e vende moeda estrangeira, no entanto, faz isso apenas pela necessidade que tem de utilizar essa moeda, ele não entra no mercado para influenciar ou determinar o seu preço.

No caso de câmbio flutuante, o preço da moeda será determinado pelas leis da oferta e demanda. Se houver maior demanda pela moeda, seu preço se ele-vará, e se a demanda cair, seu preço também cairá.

E porque o câmbio é uma variável importante?

Qualquer transação que seja realizada com o exterior é influenciada pela taxa de câmbio. Pensando dessa maneira, podemos entender que governos possam se utilizar desse artifício ou dessa política, buscando atingir algum objetivo para sua economia.

Vamos tratar do nosso caso específico, do mercado brasileiro. Quem demanda dólar? Quem oferta dólar? Em outras palavras, quem compra e quem vende dólares?

Os demandantes de dólares:

■ Turistas que viajam para o exterior;

■ Pessoas ou empresas que importam produtos (compram produtos do exterior);

■ Pessoas ou empresas que contraíram dívidas no exterior e precisam saldá-las;

■ Filiais de empresas cujas sedes são no exterior (ao remeterem lucros e dividendos).

Os ofertantes de dólares:

■ Pessoas ou empresas que exportam seus produtos;

■ Turistas estrangeiros que vêm ao Brasil;

■ Investidores estrangeiros que investem no Brasil;

■ Quem faz empréstimos no exterior.

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INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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Levando em conta quem são os ofertantes e demandantes de dólares, podemos afirmar que o preço dessa mercadoria, ou seja, a taxa de câmbio, é uma variável muito importante para a economia. Com certeza a taxa de câmbio influenciará as relações comerciais de residentes com os não residentes.

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens dos regimes cambiais

CÂMBIO FIXO CÂMBIO FLUTUANTE

Características

• Banco Central fixa a taxa de câmbio.

• O Banco Central é obri-gado a disponibilizar as reservas cambiais.

• O mercado (oferta e de-manda de divisas) deter-mina a taxa de câmbio.

• O Banco Central não é obrigado a disponibilizar as reservas cambiais.

Vantagens• Maior controle da inflação

(custos das importações estáveis).

• Política monetária mais independente do câmbio.

• Reservas cambiais mais protegidas de ataques especulativos.

Desvantagens

• Reservas cambiais vulne-ráveis à ataques especu-lativos.

• A política monetária (taxa de juros) fica dependente do volume de reservas cambiais.

• A taxa de câmbio fica muito dependente da volatilidade do mercado financeiro nacional e internacional.

• Maior dificuldade de controle das pressões inflacionárias, devido às desvalorizações cambiais.

Fonte: adaptado de Vasconcellos e Garcia (2008).

No quadro, Vasconcellos e Garcia (2008) resumam bem as vantagens e desvanta-gens de cada regime cambial, cabe a autoridade econômica (e política) escolher o que melhor se adequa à realidade do seu país. No caso do Brasil, você já con-segue responder a pergunta que fizemos no início deste tópico, ou seja, qual é o regime cambial adotado aqui? Adotamos o regime de câmbio flutuante!

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Considerações Finais

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olá, estamos finalizando a Unidade III do livro Economia e sociedade. Nesta unidade, discutimos uma das grandes áreas de estudo que é a macroeconomia. Vimos que ela analisa os agregados macroeconômicos, ou seja, a economia como um todo, e não unidades produtoras individuais.

Para conhecer um pouco sobre a teoria da macroeconomia, esta unidade foi dividida em quatro seções. Na primeira, falamos sobre os fundamentos da macro-economia. Iniciamos nossas discussões apresentando alguns conceitos essenciais e básicos para entendermos a macroeconomia. Na seção dois, diferenciei os con-ceitos de crescimento e desenvolvimento econômico que, apesar de existir uma linha de pensamento que afirma que um país, quando cresce, está se desenvol-vendo, a prática mostra que não, as nações podem aumentar sua riqueza, sem melhorar a vida da população.

Na seção três, entendemos um dos quatro mercados da macroeconomia, que é o mercado de trabalho. Esse mercado é o local em que a quantidade de emprego e o salário, que é o preço do fator de produção trabalho, são determina-dos. Vimos, também, que os salários são determinados de três formas: negociação, salário de eficiência e taxa natural de desemprego.

Para finalizar a unidade, discutimos as três principais políticas macroeconô-micas, que são a monetária - que está relacionada à taxa de juros e a quantidade de moeda em circulação e, consequentemente, o crédito -; a política fiscal - que são os gastos e arrecadação do governo -; e, por fim, a cambial - que trabalha com a variável taxa de câmbio - e a forma de impacto dessa variável da economia.

Agora, você conseguirá compreender um pouco melhor as manchetes eco-nômicas e as ações do governo em termos econômicos. Espero que eu tenha conseguido despertar, em você, a paixão pela macroeconomia e pela economia como um todo. Um forte abraço e até a próxima unidade!

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1. Diante do exposto e conforme colocado por Vasconcellos e Garcia (2008), o go-verno deve ter alguns objetivos ao adotar políticas macroeconômicas. A respei-to desses objetivos, é correto afirmar que:

I. Todos os objetivos a serem alcançados são de longo prazo.

II. Alto nível de emprego, historicamente, é um objetivo dos governos.

III. Todos os objetivos a serem alcançados são de curto prazo.

a. Somente as afirmativas I e II estão corretas.

b. Somente as afirmativas II e III estão corretas.

c. Somente a afirmativa I está correta.

d. Todas as afirmativas estão corretas.

e. Nenhuma afirmativa está correta.

2. O governo tem algumas funções chamadas, por alguns autores, de funções bá-sicas, a saber: estabilizadora, distributiva e alocativa. Sobre a função estabiliza-dora, é correto afirmar que:

a. Preocupa-se com a melhor distribuição dos recursos.

b. Está focada em áreas que não são atraentes ao capital privado.

c. Preocupa-se com os preços da economia.

d. Podemos adotar como exemplo dessa função o investimento em saneamen-to básico.

e. Preocupa-se com a distribuição de renda justa.

3. Os conceitos de desenvolvimento e crescimento econômicos são próximos. Po-rém, é importante conhecermos bem suas diferenças. A respeito dessas dife-renças, é correto afirmarmos que:

a. No crescimento devemos prestar mais atenção ao nível de escolaridade.

b. A distribuição de rendas é mais considerada quando discutimos crescimento do que quando discutimos desenvolvimento.

c. Estudar desenvolvimento econômico implica pensar em qualidade de vida.

d. O PIB (Produto interno bruto) per capita é uma excelente medida para o de-senvolvimento econômico.

e. Nenhuma das alternativas anteriores.

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4. Crescimento econômico é um dos objetivos que o governo procura alcançar, sen-do, portanto, tema de estudo da macroeconomia. Assim, crescimento econômico pode ser definido como o aumento da capacidade produtiva da economia, ou seja, é a riqueza de um país. Para que uma nação gere riqueza, são utilizados re-cursos disponíveis, que são limitados. Com base no exposto, assinale V para verda-deiro e F para falso quanto às fontes/aos instrumentos de crescimento econômico.

( ) Aumento da capacidade produtiva.

( ) Mão de obra qualificada.

( ) Geração de emprego.

( ) Melhorias na qualidade de vida da população.

Assinale a alternativa correta:

a. V, V, V, F.

b. F, F, V, V.

c. F, V, V, F.

d. F, V, F, V.

e. V, F, F, V.

5. Uma desvalorização cambial significa dizer que são necessárias mais moedas na-cional, no caso Real, para comprar moeda estrangeira. Vamos supor que, inicial-mente, a taxa de câmbio era de R$ 3,00, comparando esta taxa com os valores a seguir, marque a alternativa que significa que houve uma desvalorização cambial:

I. R$ 3,01

II. R$ 3,00

III. R$ 2,99

IV. R$ 3,02

a. I, II e III estão corretas.

b. II e III estão corretas.

c. I, II e IV estão corretas.

d. I e IV estão corretas.

e. Todas estão corretas.

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6. Podemos dizer que tudo que o governo gasta e arrecada pode ser utilizado como política fiscal. Assim, quando o governo reduz algum imposto, é cor-reto dizermos que:

a. Está fazendo política fiscal contracionista.

b. Está desincentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide.

c. Está incentivando a produção do bem no qual aquele imposto incide.

d. Está aumentando, diretamente, sua arrecadação.

e. Está reduzindo a taxa de juros no longo prazo.

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A POLÍTICA MONETÁRIA BRASILEIRA E SEU IMPACTO NA ECONOMIA COMO UM TODO

A política monetária, assim como a política fiscal, que são tão discutidas, são âncoras para a estabilidade macroeconômica e, consequentemente, impactam positiva e negativa-mente em diversas variáveis da economia, incluindo no dia a dia da população. Por meio destas políticas, o governo consegue estimular, quando opta por política macroeconômi-ca expansionista, ou desestimular, quando o foco são as políticas contracionistas, a econo-mia, afetando o nível de preços, taxa de desemprego, renda nacional, oferta e demanda setorial, o crescimento econômico, desenvolvimento econômico, entre outras variáveis.

A política monetária é um instrumento de atuação do governo no que diz respeito à quantidade de moeda em circulação e a taxa de juros, que afeta a liquidez da economia e, assim, o crédito. No Brasil, o Banco Central (BACEN) é a autoridade monetária, ou seja, é a entidade responsável pela elaboração e execução da política monetária brasileira, controlando a oferta de moeda em circulação e a taxa de juros, de forma direta ou in-direta. Este controle feito pelo Banco Central tem como função estabilizar os preços e intervir no nível de atividade econômica. Porém, uma função não exclui a outra e, ao intervir na atividade econômica, os preços acabam sendo afetados.

Os preços podem ser afetados via emissão de moeda que implica em maior disponi-bilidade de dinheiro em circulação, assim, os agentes terão uma quantidade maior de moeda nas mãos para comprar mais bens e serviços. Com demanda maior, as empre-sas procuram responder a nova solicitação e ofertam mais. Para produzir mais, as em-presas utilizarão a capacidade ociosa, se houver, e farão novos investimentos, como a compra de novas máquinas e equipamentos, aumento da planta industrial, e gerarão novos postos de trabalho.

Por outro lado, com quantidade maior de moeda em circulação, a taxa de juros reduz, já que esta é o preço do dinheiro. Taxa de juros mais baixa acarreta redução nos investi-mentos no mercado financeiro, já que o investimento especulativo depende da taxa de juros, quanto maior, maior a rentabilidade. Porém, taxa de juros mais baixa incentiva ao investimento, já que o custo por empréstimos se torna mais baixo.

A política monetária atual no Brasil tem como objetivo principal, talvez único, controlar a inflação, ou seja, estabilizar a economia, e o instrumento mais utilizado para atingir o objetivo é a taxa básica de juros (SELIC). O funcionamento da política monetária brasilei-ra é, basicamente, da seguinte forma: é definido qual será a meta da inflação, que nos úl-timos anos foi de 4,5% ao ano com dois pontos percentuais para mais ou para menos e, ao longo do ano, para atingir a meta, o governo aumenta ou reduz a taxa de juros básica.

Fonte: a autora.

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MATERIAL COMPLEMENTAR

Princípios de MacroeconomiaN Gregory Mankiw

Editora: CegangeSinopse: o estudo de economia é um dos mais fascinantes

e complexos de todas as ciências. Constitui-se, portanto, em

estimulante desafio, o domínio dos seus princípios fundamentais,

conjugados com a necessidade do entendimento saiba mais

das inúmeras dificuldades com que a economia global vem

se defrontando. Para melhor compreender o mundo e poder

participar ativamente dele é preciso ter à mão um manual completo e atualizado. Esta obra, além

dos ferramentais consagrados, dispõe também das mais recentes descobertas da economia e dos

instrumentos de política econômica para utilizá-la.

Pensando nisso, N. G. Mankiw escreveu, em linguagem clara e amigável, Introdução à economia,

levando em conta três razões principais que, segundo ele, o estudante tem para aprender economia:

entender o mundo em que vive; ser um participante mais perspicaz da economia; e compreender

melhor os potenciais e os limites da política econômica.

Para atingir esses objetivos, o autor, além de uma metodologia eficaz de ensino, empregou diversas

ferramentas de aprendizagem efetiva que se repetem ao longo do livro, como Saiba mais sobre,

Estudos de caso, Notícias, Conceitos-chave, Testes rápidos, Resumos, Questões para revisão, Problemas

e aplicações e Glossário. Para tanto, na 6ª edição do livro, muitos conceitos novos foram introduzidos

e outros tantos revistos e atualizados; proporcionando, assim, uma forma eficiente e integrada para a

autoavaliação do domínio da matéria, além de tornar a aprendizagem mais atraente, rápida e eficaz.

Além disso, o autor, que é professor de economia da Harvard University, procedeu na obra a

ampla exposição das causas e consequências da recessão de 2008-2009 e da crise financeira que a

antecedeu. Descreve, também, nesse contexto, os novos instrumentos que vêm sendo utilizados para

a eliminação do desemprego e a retomada do crescimento econômico sustentável – instrumentos

cuja utilização perdura até hoje. Por tudo isso, a obra consagrada em todo o mundo como o mais

completo e efetivo manual de introdução à economia deve continuar sendo o livro mais procurado e

adquirido por estudantes, professores e outros interessados em economia.

Page 141: ECONOMIA E SOCIEDADE

REFERÊNCIAS

BACHA, C. J. C.; LIMA, R. A. S. Macroeconomia: teorias e aplicações à economia bra-sileira. Campinas: Editora Átomo, 2006.

BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2011.

GIAMBIAGI, F.; ALÉM, A. C. Finanças Públicas: Teoria e Prática no Brasil. Rio de Janei-ro: Campus, 2011.

GONTIJO, C. Os mecanismos de transmissão da política monetária: uma abordagem teórica. Texto para Discussão nº321. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2007.

GREMAUD, A. P. et al. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Atlas, 2008.

PASSOS, C. R. M.; NOGAMI, O. Princípios de Economia. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

PIRES, M. C. C. A Dívida Pública e a Eficácia da Política Monetária no Brasil. 2008. Monografia agraciada com menção honrosa no XIII Prêmio Tesouro Nacional – 2008. Política Fiscal e Dívida Pública. Brasília: ESAF, 2008.

SANDRONI, P. Novíssimo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller, 2003.

SOUZA, J. M. Economia brasileira. São Paulo: Pearson, 2011.

VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. São Paulo: Sa-raiva, 2008.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: Micro e Macro. São Paulo: Atlas, 2011.

REFERÊNCIA ON-LINE

1 Em: <https://impostometro.com.br/>. Acesso em: 16 jun. 2017.

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Professora Drª Andréia Moreira da Fonseca Boechat

INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL

Objetivos de Aprendizagem

■ Apresentar a teoria das vantagens comparativas.

■ Entender a relação entre regimes cambiais e comércio internacional.

■ Descrever a estrutura do balanço de pagamentos.

■ Compreender o processo de globalização.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■ Fundamentos do comércio internacional

■ Regimes cambiais e o comércio internacional

■ Estrutura do balanço de pagamento

■ O processo de globalização

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a), tudo bem com você? Seja muito bem-vindo(a) à Unidade IV do livro Economia e Sociedade. Nesta unidade, iremos discutir o setor externo que é tão importante para a economia brasileira, já que, do ponto de vista econômico, vivemos em um mundo que está cada dia mais interligado, seja por meio de fluxos comerciais ou fluxos financeiros. Por esse motivo, a chamada economia internacional - que é um ramo de estudo dentro da teoria econômica - se destacou.

Certamente você está pensando: mas afinal, economia internacional faz parte da microeconomia ou da macroeconomia? Na realidade, a economia interna-cional é dividida em dois blocos, um que estuda os aspectos microeconômicos, como a teoria do comércio internacional - que procura analisar e justificar os benefícios que o comércio internacional gera para os países - e o outro grupo dos aspectos macroeconômicos - que são relativos à taxa de câmbio - que fala-mos um pouco na unidade anterior, e ao Balanço de Pagamento.

Assim, a Unidade IV está dividida em quatro tópicos: iniciaremos nossas discussões falando da teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, no qual procura explicar os benefícios do comércio internacional para os países e, portanto, quais produtos as nações devem se especializar e exportar.

No Tópico dois, retornaremos aos regimes cambiais que discutimos na Unidade III, mas com foco ao comércio internacional, ou seja, como a taxa de câmbio influencia as exportações e importações. No próximo tópico o tema será Balanço de Pagamentos, no qual todas as transações entre países são registra-das. Para finalizar, o quarto Tópico discutirá um tema de suma importância para todos os agentes econômicos, que é a globalização.

Antes de iniciar nossas discussões, lembre-se: procure seu tutor para qual-quer dúvida que tenha, pois ele está apto a responder qualquer questão. Vamos lá? Bons estudos e um forte abraço!

Introdução

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FUNDAMENTOS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Vamos iniciar nossas discussões com uma pergunta: o que leva um país a comer-cializar com outras nações? Para responder a esse questionamento, diversas explicações podem ser levantadas, como a disparidade nas condições de produção ou, ainda, na obtenção que certos países têm em obter as chamadas economias de escala ao produzir e vender ao mercado internacional.

Vocabulário

Economia de escala acontece quando é possível aumentar a quantidade pro-duzida sem aumentar na mesma proporção o custo.

Os economistas da escola clássica explicam os motivos pelos quais os países comercializam entre si por meio da teoria básica do comércio internacional, o chamado Princípio ou teoria das Vantagens Comparativas, que foi formulada por David Ricardo, em 1817.

Para a teoria das vantagens comparativas, como afirma Vasconcellos (2011), cada país deve se especializar na produção do bem em que é relativamente mais eficiente ou que o custo seja menor e exportar-lo. Por outro lado, esse mesmo país deve importar as mercadorias cuja produção implica um custo maior ou que seja menos eficiente. Assim, a especialização dos países na produção de bens distintos é a base do processo de troca entre as nações.

Para ficar mais fácil a compreensão, vamos imaginar que existam somente dois países, a Inglaterra e Portugal; dois produtos, vinho e tecido; e um fator de produção, que é a mão de obra. Com base no trabalho, a produção de cada país pode ser vista na Tabela 1.

Tabela 1 - Teoria das Vantagens Comparativas

País/Produto Tecido Vinho

Inglaterra 100 120

Portugal 90 80

Fonte: Vasconcellos (2011, p. 367).

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Fundamentos do Comércio Internacional

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Analisando a Tabela 1, podemos ver que Portugal é mais eficiente na produção tanto de tecido quanto de vinho, comparando com a Inglaterra. Isso acontece, pois o custo que os portugueses têm em produzir os bens é mais baixo do que os ingleses.

Porém, em termos relativos, o custo de produção de vinhos em Portugal é 80, enquanto que na Inglaterra é 120. Já o tecido, o custo é de 90 em Portugal e 100 na Inglaterra. Com base na teoria, Portugal tem vantagem relativa na produ-ção de vinho e a Inglaterra na produção de tecidos. Assim, os dois países irão se beneficiar ao se especializarem na produção do bem que tenha vantagem com-parativa, exportando esse bem e importando o outro bem.

Agora vamos entender os benefícios da especialização e do comércio compa-rando duas situações distintas: uma sem o comércio internacional e outra com o comércio internacional. Vamos lá?

Voltando à situação apresentada anteriormente, na Inglaterra são necessá-rias 100 horas de trabalho para a produção de uma unidade de tecido e 120 horas para a produção de vinho. Assim, uma unidade de vinho custa 1,2 unidades de tecido, pois 120/100 é igual a 1,2. E em Portugal? A unidade de vinho custará 0,89 (80/90). Com o comércio internacional, a Inglaterra importa uma unidade de vinho a um preço inferior a 1,2 unidade de tecido e Portugal importa mais do que 0,89 de tecido vendendo uma unidade de vinho.

Assim, se a relação de troca entre vinho e tecido for de um para um, ambos os países se beneficiarão. Por exemplo, a Inglaterra gastará 120 horas de trabalho para obter uma unidade de vinho, negociando com Portugal, poderá impor-tar o vinho com apenas 100 horas de trabalho. Em outras palavras, a Inglaterra produzirá uma unidade de tecido com 100 horas de trabalho e trocará por uma unidade de vinho que, caso ela produzisse, seriam gastos 120 horas.

Com base na teoria das vantagens comparativas, quais bens o Brasil deverá se especializar e exportar?

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INTRODUÇÃO À ECONOMIA INTERNACIONAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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E a mesma situação é com Portugal, que irá trocar uma unidade de vinho que gasta 80 horas para produzir por uma unidade de tecido inglês que, caso Portugal fosse produzir, seriam gastos 90 horas.

Com base no exposto, podemos concluir que a Inglaterra deve se especializar na produção de tecidos e exportar o produto e importar vinho. Já para Portugal, o benefício será exportando vinho e importando tecido, assim todos os dois paí-ses obterão ganhos via comércio internacional ao se especializarem na produção dos bens que tiverem mais vantagens relativas.

De acordo com Vasconcellos (2011), a teoria das vantagens comparativas expli-cam os movimentos de mercadorias no comércio internacional, baseada no lado da oferta ou dos custos de produção existentes nos países. Assim, os países expor-tarão e se especializarão na produção dos bens que os custos forem menores em relação a aqueles existentes nos países exportadores.

Porém, de acordo com o mesmo autor, a Teoria das Vantagens Comparativas tem algumas limitações, principalmente que ela é estática, ou seja, não leva em consideração a evolução da oferta e da demanda e nem as relações de preços entre os produtos negociados.

Por exemplo, se a renda crescer, a demanda por tecidos aumentará mais do que, proporcionalmente, a demanda de vinhos, já que tecido é um bem mais elás-tico e, com isso, existirá uma deterioração da relação de trocas entre Portugal e Inglaterra, e os ingleses terão mais benefícios.

Para conhecer a aplicabilidade da teoria das vantagens comparativas, leia o artigo “Evolução das vantagens comparativas do Brasil no comércio mundial de soja”, que tem como objetivo analisar a evolução das vantagens compa-rativas do Brasil nos segmentos de soja em grão, farelo e óleo, no período de 1990 a 2002, o artigo está disponível em:

<https://seer.sede.embrapa.br/index.php/RPA/article/view/526/pdf>.

Fonte: a autora.

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Regimes Cambiais e o Comércio Internacional

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Certamente você deve estar se perguntando sobre a elasticidade, correto? Geralmente, os bens manufaturados apresentam elasticidade renda da demanda maior do que um e, como vimos na Unidade II, isso significa que o aumento da renda mundial aumenta a demanda por esse tipo de produto. Diferentemente do que ocorre com produtos primários, no qual possui a elasticidade renda da demanda menor do que um. Então, mesmo com o aumento da renda mun-dial, a demanda não aumentará proporcionalmente. Caso tenha ficado com alguma dúvida quanto ao conceito de elasticidade, por favor, releia a Unidade II do nosso livro didático.

Falamos sobre a teoria clássica do comércio internacional, mas temos uma teoria mais moderna que tem como base o modelo de Heckscher-Ohlin, o qual, como afirma Vasconcellos (2011), postula que as vantagens comparati-vas e a direção do comércio estarão dadas pela escassez ou abundância relativa de fatores de produção.

Por exemplo, um país como o nosso pode ter mão de obra abundante, o que faz com que o preço do trabalho, no caso o salário, seja menor, assegurando que o Brasil tenha vantagens comparativas e, por isso, deve se especializar na produção de bens que necessitam muito de trabalho. Por outro lado, os bens que precisam muito de capital, o país deverá importar, pois terá um custo relativamente menor.

REGIMES CAMBIAIS E O COMÉRCIO INTERNACIONAL

Ao falarmos sobre a política cambial na Unidade III, trabalhamos com o con-ceito de taxa de câmbio e dos regimes cambial. Porém, nessa seção retornaremos as nossas discussões sobre esses conceitos, mas agora pensando no impacto no comércio internacional.

Para isso, vamos lembrar o que é taxa de câmbio, que pode ser definida como o preço da moeda estrangeira, que também podemos chamar de divisas,

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em relação à moeda nacional. Por exemplo, se a taxa de câmbio dólar/real for de R$3,00 significa que precisamos de três reais para comprar um dólar.

A taxa de câmbio é um preço como de outro bem qualquer, assim, o que determina seu valor, caso o regime cambial seja flutuante, é a oferta e demanda de divisas. A oferta de divisas depende, por exemplo, do volume de exportações, da entrada de turistas que querem trocar dólar por Real e de capitais externos. Já a demanda de divisas depende do volume de importações da saída de turis-tas e de capital externo.

Com base no que já foi exposto, podemos concluir que quanto maior for a oferta de divisas em relação à demanda, menor é a taxa de câmbio, já que tere-mos mais dólar no mercado interno, o que faz com que o preço do dólar reduza. Com isso, o Real sofre uma valorização cambial. Por outro lado, se aumentar a demanda por dólares dada a oferta, a taxa de câmbio será maior, já que o dólar estará mais caro; assim, o Real sofre uma desvalorização cambial.

Você percebeu como a lei oferta e demanda, na qual nós estudamos na Unidade II, explica muitas das situações econômicas? A moeda é como qualquer outro bem, se a oferta for maior do que a demanda, o preço cai, e se a demanda for maior do que a oferta, o preço sobe.

No entanto, voltemos aos conceitos. Uma valorização cambial, também chamada de apreciação cambial, pode ser definida como o aumento do poder de compra da moeda nacional frente a uma moeda estrangeira. Como o preço é definido com base na moeda estrangeira, uma valorização cambial significa queda na taxa de câmbio. Por exemplo, se em 02/04 o dólar valia três reais e no dia 03/04 passou a valer dois reais e noventa centavos, podemos afirmar que houve uma valorização cambial, já que precisaremos de dez centavos a menos para comprar um dólar.

Por outro lado, quando temos uma depreciação cambial, teremos uma redu-ção do poder de compra da moeda nacional, isso aumentará a taxa de câmbio. Por exemplo, se no dia 02/04 o dólar varia dois reais e noventa centavos e no dia 03/04 passou para três reais, afirmamos que houve uma desvalorização cambial.

As situações apresentadas anteriormente acontecem quando o país adota o regime de câmbio flexível que, como vimos na Unidade III, a taxa de câm-bio varia conforme a oferta e demanda de divisas, sendo diferente do regime de

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câmbio fixo, no qual o Banco Central definirá a taxa de câmbio que será prati-cada e comprará ou venderá divisas até que o valor chegue ao estipulado.

Além desses dois regimes cambiais, que são os mais utilizados, ainda temos os casos intermediários entre o flexível e o fixo. Dentre esses regimes interme-diários, podemos citar a flutuação suja, na qual o país adota o regime flutuante, mas com o Banco Central intervindo o todo inteiro para manter a taxa de câm-bio em níveis adequados, sem muitas oscilações.

Agora que ficou bem claro taxa de câmbio, vamos compreender o efeito das variações na taxa de câmbio sobre algumas situações:

Taxa de câmbio sobre exportações e importaçõesCom a desvalorização cambial, os compradores estrangeiros conseguem

comprar mais produtos importados do Brasil e, com isso, há um aumento na exportação do nosso país. Por outro lado, fica mais caro para os brasileiros importarem, pois o dólar estará mais caro e, portanto, os produtos importados também. Assim, a desvalorização cambial estimula as exportações e desesti-mula as importações.

Situação oposta ocorre quando temos uma valorização cambial, os nossos produtos ficarão muito caros no mercado internacional e os produtos estran-geiros baratos. Assim, uma valorização cambial estimulará as importações e desestimulará as exportações.

Taxa de câmbio sobre a taxa de inflaçãoUm dos instrumentos de controle da inflação é a taxa de câmbio, o que pode

ser feito por meio da valorização cambial que, nesse caso, é chamada de âncora cambial. Ocorre a seguinte situação: a taxa de câmbio é valorizada, o que torna a moeda nacional mais forte, isso irá estimular a importação, fazendo com que a concorrência aumente no mercado nacional e, como você sabe, concorrência maior, preços menores e, portanto, a inflação reduz.

Certamente, você deve estar pensando que achamos a solução para os aumen-tos de preços, mas não, pois com a moeda valorizada teremos outros problemas, como a redução das exportações, aumento na dependência externa e tantos outros problemas.

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Então, o nível da taxa de câmbio deve ser relativamente alto para estimular as exportações e relativamente baixo para não encarecer demasiadas as impor-tações e pressionar a inflação, como afirma Vasconcellos (2011).

Variação nominal e variação real do câmbioExiste uma grande diferença entre variáveis nominais e reais, por exemplo,

o salário que vem no seu holerite ou contracheque é o salário nominal; o poder de compra é o salário real. Agora que você já compreendeu a diferença, vamos analisar a taxa de câmbio nominal e real. Para isso, vamos a um exemplo: uma desvalorização cambial de 10% é nominal, se a inflação for 10% não houve des-valorização nominal.

Então, por que essa diferença é tão importante? Porque o conceito de desvalo-rização ou valorização cambial real é utilizado para averiguar a competitividade dos produtos nacionais frente aos importados. Por exemplo, se a desvalorização nominal for maior do que a inflação, a competitividade dos produtos nacionais aumentou.

Pode acontecer uma situação que a variação cambial e a variação dos preços sejam nulas, mas a inflação dos outros países foi positiva. Essa situação acarreta uma desvalorização real da moeda nacional, aumentando a competitividade dos nossos produtos. Segundo Vasconcellos (2011), existem duas formas de definir a taxa de câmbio real:

a) Abordagem de demanda – a taxa de câmbio real é a razão entre o nível geral de preços externos e o nível geral de preços internos:

R = eP*/PNo qual: R – taxa de câmbio real

e- taxa de câmbio nominalP* - preço externoP – preço interno

b) Abordagem de oferta – a taxa de câmbio real é a razão entre o preço dos bens comercializáveis e o preço dos bens não comercializáveis.

R = PT/PNTNo qual: R – taxa de câmbio real

PT – preço dos bens comercializáveisPNT – preço dos bens não comercializáveis

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Taxa de câmbio sobre a dívida externo do paísAo desvalorizar a moeda, o estoque da dívida externa em reais aumenta,

mas não afeta o saldo em dólares. No médio prazo, ao estimular as exportações e desestimular as importações, pode aumentar a oferta de dólares, o que faz com que a moeda nacional valorize e a dívida externa em dólares reduza.

Por outro lado, uma valorização cambial reduz o valor da dívida externa em reais no curto prazo, mas aumenta futuramente, já que temos uma esti-mulação das importações, o que levará a desvalorização cambial e ao aumento da dívida em reais.

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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTO

Balanço de pagamento é definido por Vasconcellos (2011) como o registro con-tábil de todas as transações de um país com o resto do mundo, essas transações são de bens e serviços, de capitais e financeiras.

Então, podemos afirmar que o balanço de pagamento registra o comércio internacional, que são as exportações e importações, os serviços internacio-nais, como pagamento de juros, royalties, remessa de lucro, turismo, fretes etc.; o movimento de capitais internacionais, como investimento direto estrangeiro, empréstimos e financiamento, entre outros.

Com a afirmação anterior, você pode perceber que sempre que estamos nos referindo a balanço de pagamentos, estamos falando em transações entre paí-ses, portanto, as transações feitas no mercado interno não são contabilizadas no balanço de pagamento, somente aquela do Brasil com qualquer outro país, seja por pessoas físicas ou jurídicas.

E a ideia do balanço de pagamento é muito parecida com a do balanço patrimonial das empresas, pois as normas gerais das transações no balanço de pagamentos são oriundas da contabilidade, mais exatamente o método das par-tidas dobradas. Nesse sentido, Vasconcellos (2011) observa que, no caso das transações externas, não existe uma conta caixa, mas utiliza-se uma conta com-pensatória chamada variação de reservas.

Em outras palavras, quando há ingresso de dinheiro em uma empresa, o registro é efetuado na conta caixa, já quando entra capital no país, essa entrada é registrada na conta variação de reservas. Na mesma lógica, é quando há saída de dinheiro do país, que também será debitada na conta variação de reservas.

Se o sinal da conta variação de reservas for positivo, significa que o saldo é credor, o que acarreta em uma redução nos haveres monetários, que são as reser-vas internacionais ou, ainda, pode aumentar as obrigações do país com o resto do mundo. Caso contrário, se o sinal for negativo, há um aumento das reser-vas internacionais.

Agora que você conheceu o conceito de Balanço de Pagamento, vamos com-preender como ele é estruturado. Para isso, vamos analisar a Figura 1.

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Estrutura do Balanço de Pagamento

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A. BALANÇA COMERCIA

Importações FOB (free on board) (débito)Exportações FOB (crédito)

B. SERVIÇO E RENDAS (saldos de contas: podem apresentar tanto débitos como crédito)

• Viagens Internacionais (turismo, negócios)• Tranportes (fretes)• Seguros• Juros• Lucros e Dividendos (inclusive lucros reinvestido pelas multinacionais instaladas do país)• Royalties e licenças• Serviços governamentais (embaixadas, consulados, representações no exterior)• Outros serviços

C. TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS CORRENTES

D. TRANSAÇÕES CORRENTES (ou SALDO EM CONTA CORRENTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS)(resultado líquido de A + B + C)

E. CONTA CAPITAL E FINANCEIRA

• Investimento direto líquido (intalações e participação no capital de �rmas estrangeirasno país)• Reivestimentos (reinvestimentos de uma �rma estrangeira já instalada no país)• Financiamentos (�nanciamentos de bancos o�ciais, como o Banco Mundial, para promovero crescimento)• Empréstimos (para promover o comércio exterior)• Amortizações de empréstimos e �nanciamentos• Empréstimos de Regularização do FMI (para resolver problemas de liquidez)• Capitais de curto prazo (aplicações no mercado �nanceiro)

F. ERROS E OMISSÕES

G. SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (resultado líquido de D + E + F)H. VARIAÇÃO DE RESERVAS ( = G)

Figura 1 - Estrutura do Balanço de PagamentosFonte: adaptado de Vasconcellos (2011, p. 382).

Como podemos ver na Figura 1, o Balanço de Pagamentos é dividido em quatro grupos de contas, cada grupo é composto por certas transações internacionais. Vamos compreender cada um dos grupos? Eu irei, ao apresentar cada conta, mostrar para você o valor e composição da referida conta na economia brasi-leira para o ano 2000 e um gráfico que mostra a evolução da conta. Vamos lá?

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a) Balança comercialA conta balança comercial é composta pelo comércio internacional de bens, tanto as exportações quanto as importações de produtos. Por exemplo, se o Brasil exporta grãos para a China, o valor será contabilizado nessa conta em exporta-ções. Caso o Brasil importe tecnologia do Japão, o valor também é contabilizado na balança comercial, mas em importações. É importante observar que as tran-sações feitas são do tipo FOB, que significa free on bord, ou seja, isentas de fretes e seguros, tanto as importações quanto as exportações.

Vamos supor que, em um ano, as exportações de produtos tenham superado as importações, dizemos que a balança comercial é superavitária. Caso contrá-rio, se as importações forem maior do que as exportações em valor, houve um déficit comercial. Esses termos certamente você já ouviu na televisão e leu em jornais e revistas. O ideal, claro, é que sempre tenha superávit comercial, nin-guém quer comprar mais do que vender, certo?

Para melhor compreensão da evolução das contas no balanço de pagamentos brasileiros, saiba que no ano de 2000, o saldo da balança comercial foi negativo, portanto, importamos mais do que exportamos. E a evolução de 2006 a 2014? Vamos verificar na Figura 2.

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Figura 2 - Gráfico referente à evolução do saldo comercialFonte: adaptado dos dados do MDIC (2017, on-line)1.

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b) Serviços e RendasA segunda conta do balanço de pagamento é a de serviços e renda, assim, nessa conta são registrados todos os serviços pagos e recebidos do país em rela-ção a outros países. Você percebeu que diferente da conta balança comercial, aqui, somente os serviços que são contabilizados. E quais são esses serviços? Fretes, seguros, lucros, juros, royalties, assistência técnica, viagens interna-cionais, entre outros.

Porém, é importante observar que os serviços que representam remunera-ção a fatores de produção, como juros, lucros, royalties e assistência técnica são chamados de serviços ou renda de fatores e é a renda líquida de fatores exter-nos ( diferença entre o Produto Interno Bruto e o Produto Nacional Bruto). Já os serviços não fatores se referem a pagamentos às empresas estrangeiras pela prestação de serviços de fretes, seguros, transporte, viagens, entre outros.

Vamos verificar o balanço de serviços do Brasil em 2000 na Figura 3.

Valor

Balanço de serviçosTransportesViagens internacionaisSegurosServiços �nanceirosComputação e informaçãoRoyalties de equipamentosAluguel de equipamentosServiços governamentaisComunicaçõesConstruçãoServiços relativos ao comércioServiços empresariais, pro�ssionais e técnicosServiços pessoais, culturais e recreaçãoServiços diversos

-7.162-2.896-2.084

-4-294

-1.111-1.289-1.311-549

4227194

2.251-300

0

Figura 3 - Balanço de serviços no Brasil em 2000 (milhões de dólares)Fonte: Feijó et al. (2013, p. 170).

Podemos ver que o saldo foi negativo. E a evolução do balanço de serviços?

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Figura 4 - Evolução do saldo do Balanço de Serviços e RendasFonte: adaptado de Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços - MDIC (2017, on-line)1.

c) Transferências Unilaterais CorrentesA conta transferências unilaterais correntes, também chamada de conta de dona-tivos, como o próprio nome já diz, são registradas as doações que são feitas ou recebidas de outros países. Essas doações podem ser feitas em dinheiro ou em mercadorias.

Valor

Total Transferências recebidasTransferências enviadas

1.5211.828-307

Figura 5 - Conta transferências unilaterais líquidas de renda para o Brasil, em 2000 (por milhões de dólares)Fonte: Feijó et al. (2013, p. 172).

Conforme podemos ver na Figura 6, o saldo em conta transferências unilate-rais foi positivo, ou seja, recebemos mais doações do que enviamos, em 2000.

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Figura 6 - Gráfico da evolução do saldo em conta transferências unilateraisFonte: adaptado do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços MDIC (2017, on-line)1.

d) Transações correntesA soma das contas balança comercial, balança de serviços e rendas e transferên-cias unilaterais resultam o saldo em conta corrente, também chamado de saldo em transações correntes. Se o saldo for positivo significa que temos um superá-vit em transações correntes, o que mostra que o Brasil envia mais bens e serviços a outros países do que recebe.

Por outro lado, se o saldo for negativo, teremos um déficit em conta cor-rente, o que significa que o Brasil recebeu mais do que enviou bens e serviços, e isso mostra que o país aumentou sua dívida externa em termos financeiros. E como você já sabe, o ideal é sempre que tenhamos um saldo positivo, assim como é em nossa casa.

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Figura 7 - Gráfico da evolução do saldo em transações correntesFonte: adaptado dos dados do MDIC (2017, on-line)1.

e) Conta Capital e FinanceiraA conta capital e financeira era chamada de conta movimento de capitais ou balanço de capitais, mas mudou de nome recentemente. Assim, essa conta é com-posta pelas transações que irão produzir variações no ativo e no passivo externo do país e que irão, portanto, alterar a posição do Brasil em termos de credor ou devedor, frente aos demais países.

Dessa forma, são registrados os investimentos diretos de empresas multina-cionais, de empréstimos e investimentos para projetos de desenvolvimento do país e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional. Por exemplo, as transações financeiras puras, como as ações emprés-timos em moeda, quota – partes, entre outras são contabilizados nessa conta.

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Figura 8 - Gráfico da evolução saldo em conta capital e financeiraFonte: adaptado de Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços - MDIC (2017, on-line)1.

f) Erros e OmissõesErros e omissões são utilizados para contabilizar a diferença entre o saldo do Balanço de Pagamentos e a Variação de Reservas, ou seja, pode ter acontecido durante o processo de contabilização em que alguma transação não tenha sido contabilizada e, portanto, haverá uma diferença entre o saldo do Balanço de Pagamentos e a quanto as reservas variaram. Para solucionar essa diferença, o valor é colocado na conta erros e omissões.

Essa não é uma prática errada ou corrupta, tanto que é aceito no mer-cado internacional um erro de até 5% da soma das exportações e importações (VASCONCELLOS, 2011).

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Figura 9 - Gráfico da evolução da conta erros e omissõesFonte: adaptado de Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços - MDIC (2017, on-line)1.

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IVU N I D A D E162

g) Saldo do Balanço de PagamentosA soma dos saldos das contas anteriores – saldo em conta corrente, saldo na conta capital e financeira e erros e omissões – obtém-se o saldo do Balanço de Pagamentos, que pode ser superavitário quando o sinal é positivo ou deficitário quando o sinal é negativo.

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Figura 10 - Gráfico da evolução do saldo do balanço de pagamentosFonte: adaptado de Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços - MDIC (2017, on-line)1.

h) Variação de ReservasO superávit ou déficit no balanço de Pagamentos corresponde a um valor igual, mas com sinal contrário na conta variação de reservas, já que estamos traba-lhando com o método de partidas dobradas. Por exemplo, se o saldo do Balanço de Pagamentos for igual a US$ - 10,00, a conta variação de reservas será US$ + 10,00. Por outro lado, se o saldo do Balanço de Pagamentos for de US$ + 15,00, a conta variação de reservas será US$ - 15,00.

É importante observar que as reservas também podem ser chamadas de have-res monetários, que são definidos por Feijó et al. (2013) como os ativos de reserva internacional que estão disponíveis diretamente sob o controle do governo para financiamento e regulação de desequilíbrios.

Os haveres monetários são compostos: Ouro monetário, Direitos especiais de saque; Posições de reservas no FMI; Reservas em moeda estrangeira; Outros ativos.

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Figura 11 - Gráfico da evolução dos haveres monetáriosFonte: adaptado de Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços - MDIC (2017, on-line)1.

Agora que você compreendeu cada uma das contas que fazem parte do balanço de pagamentos, vou citar alguns exemplos de transações internacionais e como elas são contabilizadas; Vamos lá?

Exemplo 1: exportação de bens no valor de $100, com recebimento inte-gral em moeda estrangeira: crédito de $100 em exportações e débito de $100 em haveres monetários.

Exemplo 2: importação de $230, sendo $130 pagos em dinheiro e $100 financiados pelo produtor da mercadoria: crédito de $130 em haveres monetá-rios, crédito de $100 em outros investimentos e débito de $230 em importação.

Exemplo 3: doação de medicamentos para o exterior no valor de $50: crédito de $50 em exportação e débito de $50 em transferências unilaterais correntes.

Exemplo 4: empréstimo de uma empresa brasileira para sua filial no exterior no valor de $110: crédito de $110 em haveres e débito de $110 em investimen-tos diretos.

Exemplo 5: perda de $50, por parte de investidores brasileiros, em opera-ções de derivativos no exterior: crédito de $50 em haveres e débito de $50 em conta de derivativos.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

Com o mundo globalizado, o comércio internacional está ganhando cada vez mais importância, pois é uma forma de transformar economias pequenas e desen-volvimento em potências econômicas. No caso do Brasil, o comércio exterior contribui, e muito, para que nossa economia cresça por meio da maior compe-titividade, ou seja, o comércio permitiu que as indústrias produzam mais do que a capacidade do mercado interno, por exemplo, o setor primário da economia brasileira (como você sabe, somos um dos maiores exportadores de produtos primários - grãos).

Apesar de toda a importância, as exportações brasileiras, em termos de valo-res monetários, ainda são pequenas, se compararmos a países do mesmo porte do nosso. Esse fato demonstra a necessidade de estudarmos os problemas rela-cionados com a economia internacional e com o comércio exterior, ou seja, é preciso compreender as relações entre os países.

Porém, o que é globalização? a globalização designa o fim das economias nacionais e a integração cada vez maior dos mercados, dos meios de comuni-cação e dos transportes. Um dos exemplos mais interessantes do processo de globalização é o abastecimento de uma empresa por meio de fornecedores que se encontram em várias partes do mundo, cada um produzindo e oferecendo as melhores condições de preço e qualidade naqueles produtos que têm maio-res vantagens comparativas.

Vasconcellos (2011) entende por globalização produtiva a produção e dis-tribuição de valores dentro de redes em escala mundial, com o acirramento da concorrência entre grandes grupos de multinacionais. Por seu turno, enten-de-se por globalização financeira a negociação entre os diversos mercados de capitais do mundo.

A crescente integração financeira e o significativo aumento no número de crises cambiais levanta outra questão que é como a crise de um país afeta outros paí ses, o chamado efeito contágio, em que os efeitos das crises cambiais em um país se espalham para outros países. Essa possibilidade decorre da chamada “glo-balização financeira”.

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O Processo de Globalização

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Agora que você compreendeu o conceito de globalização e sabe o quanto o mundo hoje é “um só”, precisamos conhecer alguns organismos internacio-nais que regem as relações entre países, essas organizações são conhecidas como organismos internacionais.

Assim, para iniciarmos nossas discussões acerca dos organismos que regem a economia e o comércio internacional, é fundamental compreender o papel de uma das principais instituições internacionais do mundo, que é a Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como objetivos principais assegurar a paz mundial e o desenvolvimento dos países membros.

Além da ONU, outros organismos regem as relações internacionais e que estão diretamente ligadas à ONU, tais como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) que, como o próprio nome diz, é uma Instituição voltada para as leis mundiais do trabalho; o famoso e polêmico Fundo Monetário Internacional (FMI), que exerce, dentre outras funções, estabelecer a cooperação econômica; e, seguindo a mesma linha do FMI, temos o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), também chamado de Banco Mundial. Iremos com-preender a Organização Mundial do Comércio (OMC), que procura supervisionar e liberar o comércio internacional. Vamos discutir cada um deles?

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)

A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma organização internacional, formada por nações/países voluntários que trabalham em prol da paz e do desenvolvimento mundial, sendo criada na Conferência de San Francisco após o término da segunda guerra mundial, mais exatamente em 24 de Outubro de 1945, para que a paz mundial fosse mantida.

Porém, a ONU não surgiu de um dia para o outro, foram anos de planejamento. Para você ter uma ideia, o nome “Nações Unidas” foi criado pelo presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, sendo utilizado pela primeira vez três anos antes da criação da ONU, em 1942, durante a Declaração das Nações Unidas, na qual foram reunidos 26 países que assumiram o compromisso que a luta contra os paí-ses que formavam o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) na segunda guerra continuaria.

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Em junho de 1945, foi criada a chamada Carta das Nações Unidas, que foi ela-borada por 50 países durante a Conferência sobre Organização Internacional, que ocorreu entre 25 de abril de 1945 a 26 de junho do mesmo ano; apesar disso, somente em outubro de 1945 que, oficialmente, a ONU, após a ratificação da Carta pelos Estados Unidos, China, França, Reino Unido e a antiga União Soviética, foi criada.

Nesta época, a ONU era composta, inicialmente, por 51 Estados membros (países) e tinha como objetivo principal garantir a paz mundial. Atualmente, são 193 nações que fazem parte da organização e os objetivos são diversos, tais como criar e implementar mecanismos que possibilitem o desenvolvimento econômico, a segurança nacional, definição de leis internacionais, assegurar os direitos humanos e o progresso social dos países.

Segundo o site da ONU (2017, on-line)2, para atingir os objetivos, as Nações Unidas são regidas por propósitos e princípios básicos aceitos por todos os Países-Membros da Organização que são:

■ Manter a paz e a segurança internacionais;

■ Desenvolver relações amistosas entre as nações;

■ Realizar cooperação internacional para resolver os problemas mundiais;

■ Ser um centro destinado a harmonizar a ação dos povos para consecu-ção dos objetivos comuns.

Em relação aos princípios que regem as Nações Unidas; podemos citar a igualdade soberana, Cumprimento dos compromissos, Resolução pacífica das controvérsias internacionais, Não pode recorrer à ameaça contra outros Estados, Assistência a ONU, entre outros.

É importante observar que para desempenhar os propósitos e princípios da forma mais imparcial possível, todos os membros da ONU se reúnem em Assembleia Geral, uma espécie de parlamento/senado mundial, e cada país, inde-pendentemente do tamanho ou da riqueza que possui, tem direito a um voto apenas. As decisões tomadas em Assembleia, apesar de não serem obrigatórias, exercem pressão da comunidade internacional.

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A sede atual da ONU fica na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, porém, o terreno e prédio que está instalada não são considerados norte-ame-ricanos, mas sim um território internacional. A sede da ONU na Europa fica na Suíça, em Genebra, além de existir escritório em Viena e Comissões Regionais no Líbano, Tailândia, Chile e Etiópia.

A independência da Organização é tanta que eles possuem uma própria ban-deira, correios e selos postais. Além disto, desde sua criação em 1945, são seis as línguas oficiais (Árabe, Chinês, Espanhol, Russo, Francês e Inglês), sendo que as mais utilizadas são o francês e o inglês.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT)

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especializada que está diretamente ligada ao Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas. O principal objetivo da OIT é promover o acesso às pessoas, tanto homens quanto mulheres, ao trabalho produtivo e decente em condições de liber-dade, equidade, segurança e dignidade, independentemente da sua nacionalidade.

O que chama muito a atenção quando falamos na Organização Internacional do Trabalho é o conceito trabalho decente, que merece ser discutido. O con-ceito foi formalizado em 1999 e resume a missão histórica da OIT em promover oportunidades para homens e mulheres, em ter um trabalho de qualidade, em condições dignas, sendo este trabalho, o decente, uma condição essencial para superar a pobreza, reduzir as desigualdades sociais, garantir a governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável.

O Trabalho decente é interligado com os objetivos da OIT, que são a (1) liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva; (2) eliminação de todas as formas de trabalho forçado; (3) abolição efetiva do traba-lho infantil; (4) eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a exten-são da proteção social e o fortalecimento do diálogo social (OIT, 2017, on-line)3.

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FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma organização internacional criada em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods nos Estados Unidos, que tinha como objetivo controlar as finanças internacionais via cooperação, para evitar problemas econômicos, como a Grande Depressão de 1929.

Atualmente, o FMI possui 188 países-membro, incluindo o Brasil, que depo-sitam parte das reservas internacionais criando um fundo. Estes recursos são utilizados para empréstimos a países que estão com algum desequilíbrio no balanço de pagamentos. O empréstimo pode ser feito mediante cumprimentos de alguns requisitos/normas que são estabelecidas durante a negociação que o país faz com o FMI.

O FMI, além de emprestar dinheiro aos países que precisam, acompanha a política econômica de todos os membros e faz algumas recomendações, sem-pre de acordo com as pesquisas, levantamentos estatísticos e previsões mundiais, regionais e nacionais, que são elaboradas pelo secretário e sua equipe.

Assim, os objetivos declarados do FMI podem ser resumidos da seguinte forma: promover a cooperação econômica internacional, o comércio internacio-nal, o emprego e a estabilidade cambial, inclusive mediante a disponibilização de recursos financeiros para os países membros a fim de ajudar no equilíbrio de suas balanças de pagamentos (ITAMARAY, 2017, on-line)4.

É importante observar, também, que os países que mais contribuem financei-ramente podem contrair maiores empréstimos e seus votos têm maior peso nas

A existência e, principalmente, as ações do Fundo Monetário Internacional são polêmicas, já que a instituição exige que os países que precisam de aju-da financeira tomem medidas de cunho extremamente liberal. Diante desse contexto, para você, qual é a importância ou não do FMI para os países, prin-cipalmente o Brasil?

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decisões internas na instituição. Esta é uma diferença do FMI com as demais instituições internacionais, ou seja, o FMI segue o chamado modelo corpora-tivo de tomada de decisão, no qual o voto de cada país é de acordo com a quota. Para você ter uma ideia, em 2017, os Estados Unidos possuía 25% dos votos, já que tinha a maior cota. A distribuição de quotas é feita de tempos em tempos, o que constitui uma oportunidade para que cada país aumente sua participação nas decisões da organização.

Você certamente está pensando como é a estrutura organizacional do FMI, correto? O FMI é composto pela Assembleia de Governadores que é a responsá-vel pela tomada de decisão e por eleger o Conselho de Diretores, qual é composto por 24 diretores que representam um país ou um grupo de países, neste último caso, são os chamados constituency.

As políticas da instituição são definidas em reuniões do Conselho de Assuntos Financeiros e Monetários que acontecem duas vezes ao ano, em geral, nos meses de abril e outubro.

Banco Mundial

O Banco Mundial surgiu em 1944 durante a Conferência de Bretton Woods, com o nome Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). Na época da sua criação, o objetivo era atender as necessidades de financiamento de reconstrução dos países que foram devastados durante a segunda guerra mun-dial, de forma a desenvolver tais países.

Em 1956, a estrutura organizacional se tornou complexa e outras instituições surgiram para suprir as demandas que não eram atendidas pelo BIRD, formando o que chamamos, atualmente, de grupo Banco Mundial. O grupo é formado, dentre outras instituições, pela Corporação Financeira Internacional (CEI) para expandir o investimento privado nos países em desenvolvimento; a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID) que concede empréstimos aos países menos desenvolvidos que não conseguem atender as condições do BIRD.

Para aumentar o investimento estrangeiros foram criados o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas sobre Investimentos (CIADI) e a Agência Multilateral de Garantia de Investimentos (AMGI). Assim, o Banco

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Mundial se tornou uma importante referência internacional para o processo de desenvolvimento e pode ser definido como uma agência especializada do sis-tema das Nações Unidas, sendo a maior fonte mundial de assistência voltada para o desenvolvimento, é composto por 188 países-membros.

Em termos de estrutura organizacional, o Banco Mundial é parecido com a do FMI, no qual existe uma Assembleia de Governadores com poder de voto, sendo este de acordo com o capital do Banco; e um Conselho composto por 25 diretores eleitos pelos 188 países. As reuniões acontecem duas vezes ao ano (abril e outubro) e fazem parte da reunião o Conselho de Diretores, composto por 25 membros.

Organização Mundial do Comércio (OMC)

Das organizações que discutimos nesta seção, a Organização Mundial do Comércio (OMC) é a mais nova, sendo criada em 1995 e, desde seu surgimento, atua como a principal instância do sistema de comércio internacional.

A OMC tem como objetivo estabelecer um marco institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos Membros que a compõem, esta-belecer um mecanismo de solução pacífica das controvérsias comerciais, tendo como base os acordos comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os Membros (ITAMARATY, 2017, on-line)4.

Em 2017, a OMC era composta por 160 membros, e o nosso país é um dos fundadores. A sede é em Genebra, na Suíça, e são três as línguas oficiais na orga-nização, que são o espanhol, francês e o inglês.

Apesar de ser uma organização nova, a origem da OMC é de 1947, com o Acordo Geral sobre as Tarifas e Comércio (GATT), no qual herdou o conjunto de princípios que são os fundamentos da regulação do comércio, entre eles, pode-mos citar de acordo com o Itamaraty (2017, on-line)4:

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■ Nação mais favorecida - Os membros devem estender aos parceiros comer-ciais todos os benefícios concedidos a outro membro.

■ Tratamento nacional - Um produto importado deve receber o mesmo tratamento que o produto similar no território do membro importador.

■ Consolidação dos compromissos - Um membro deve conferir aos demais o mesmo tratamento aos estabelecidos na lista de compromisso.

■ Transparência - Os membros devem dar publicidade às leis, regulamen-tos e decisões de aplicação do comércio internacional.

Os órgãos que compõem a OMC são: a Conferência Ministerial, instância máxima da organização composta pelos Ministros das Relações Exteriores ou de Comércio Exterior dos Membros; o Conselho Geral, órgão composto pelos representantes permanentes dos Membros em Genebra, que ora se reúne como Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), ora como Órgão de Revisão de Política Comercial; o Conselho para o Comércio de Bens; o Conselho para o Comércio de Serviços; o Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacio-nados ao Comércio; os diversos Comitês e, entre eles, os Comitês de Acesso a Mercados Agrícola e de Subsídios, entre outros; e o Secretariado, que tem por função apoiar as atividades da organização e é composto por cerca de 700 fun-cionários, dirigidos pelo Diretor-Geral da OMC (ITAMARATY, 2017, on-line)4.

GRUPO DOS SETE (G7) E GRUPO DOS VINTE (G20)

Existem dois grupos econômicos internacionais, informais, que englobam países com certas características em comum, que são o grupo dos sete (G7) e o grupo dos vinte (G20). O primeiro reúne as sete nações mais industrializadas e desen-volvidas do planeta, que são os Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Já o Grupo dos Vinte (G 20) é composto por países industrializados, como os que fazem parte do G7, a União Europeia e os países emergentes, como o Brasil. Este grupo é informal, mas juntos procuram discutir a estabilidade econômica glo-bal, as políticas nacionais e internacionais relacionadas às instituições econômicas.

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Certamente, você deve estar se perguntando qual é a origem dos G7 e G20, correto? Para compreendermos a origem, precisamos nos reportar a França de 1975, quando as seis maiores economias da época se reuniram com o objetivo de estabelecer a cooperação entre eles, este grupo ficou conhecido como G6 e, em 1976, com a “entrada” do Canadá, se tornou o chamado G7 ou Grupo dos Sete.

Diversas mudanças ocorreram no final do século XX, tais como a unificação da Alemanha e o fim da União Soviética, essas mudanças alteraram a realidade inter-nacional, com isto, a Rússia se torna uma economia capitalista, fazendo com que o país fosse reconhecido e, no final da década de 90, o G7 se transforma em G8.

Porém, com a nova realidade e com o crescimento de termos econômicos e de importância das economias emergentes, surgiu a necessidade de uma maior cooperação dos países industrializados com as economias emergentes a partir de década de 90; essa importância foi maior ainda durante a crise de 2008. Assim, em novembro de 2008, George W. Bush, então presidente dos Estados Unidos, convidou os líderes das vinte economias mais importantes em termos mundiais para uma reunião em Washington. Essa reunião tinha como objetivo inicial dar uma resposta consistente para a crise financeira de 2008 que teve início nos Estados Unidos. Neste contexto, surge o chamado Grupo dos Vinte (G20), e os países que nele se enquadram passaram a se reunir duas vezes ao ano, sendo um encontro entre os Ministros da Fazenda e os presidentes do Banco Central de cada país e o outro entre os chefes de Estados.

Em 2017 o G20 conta com a participação de Chefes de Estado, Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais de 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. A União Europeia também faz parte do Grupo, representada pela presidência rotativa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Central Europeu (BANCO CENTRAL, 2015, on-line)5.

Diferente das organizações internacionais formais, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, o G20 não tem capital humano permanente, a presidência do grupo é alterada todos os anos, assim como os secretários.

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Durante o ano de exercício, o país que está na presidência do grupo estabelece um cronograma de trabalho com os assuntos que já foram discutidos, podendo adicionar novas pautas. E você sabe qual ano o Brasil presidiu o G20? Em 2008 e desenvolveu os trabalhos voltados a temas, como competição no setor finan-ceiro, biocombustíveis e espaço fiscal.

BRICS

Você certamente já ouviu falar nos BRICS, mas você sabe dizer o motivo deles serem tão importantes, principalmente para nosso país? BRICS é um termo criado em 2001 que se refere a quatro países emergentes, que são o Brasil, Rússia, Índia e China e, a partir de abril de 2011, África do Sul. Assim, você pode perceber que o termo BRICS é a junção da primeira letra do nome em inglês de cada um dos países que fazem parte.

Os países que fazem parte dos BRICS possuem características em comum, entre elas, podemos citar: Estabilidade econômica recente; Mão de obra abun-dante e se qualificando; Produção e exportação em crescimento; Reservas de recursos minerais; Investimento em infraestrutura; Melhoria nos indicadores sociais; Redução lenta das desigualdades sociais; Investimento estrangeiros; População com acesso ao sistema de comunicação.

Apesar das características, os BRICS não formam um bloco econômico, mas sim uma aliança que tem como objetivo geral ganhar força no cenário político e econômico mundial e, assim, defender os interesses em comum.

Dessa forma, de acordo com o Itamaraty (2017, on-line)6, os BRICS vêm expandindo as suas atividades em duas linhas principais, que são: (1) a coor-denação em reuniões e organismos internacionais; e (2) a construção de uma agenda de cooperação multissetorial entre seus membros.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olá, estamos finalizando a Unidade IV do livro Economia e Sociedade. Nesta unidade, fizemos uma introdução à economia internacional, que é uma área de estudo da economia.

Nós discutimos, nesta Unidade IV, temas principais: começamos a unidade compreendendo as teorias do comércio internacional, com ênfase na Teoria das Vantagens Comparativas, porém, discutimos também uma teoria mais moderna que procura explicar os motivos que fazem o comércio internacional ser bené-fico, que é o modelo de Heckscher-Ohlin.

Na sequência, nossa discussão girou em torno dos regimes cambiais, no qual introduzimos o tema da Unidade III ao falarmos sobre a política cambial, mas que, nesta Unidade IV, o foco foi o impacto da taxa de câmbio no comér-cio internacional e tantas outras variáveis. Você conseguiu perceber como o valor da moeda nacional, frente a uma moeda estrangeira, afeta diretamente a economia interna.

Como estamos discutindo a economia internacional, não podíamos deixar de entender o famoso Balanço de Pagamento, que segue uma lógica muito pró-xima do balanço patrimonial das empresas, mas, nesse caso, as transações que são contabilizadas são as do Brasil com os demais países.

Finalizamos a unidade com o tema globalização, que é o processo mundial que interliga os países do mundo inteiro, seja pelo comércio, por meio de expor-tação e importação de bens, seja pelas transações de capitais ou financeiras.

Também entendemos alguns organismos internacionais que procuram esta-belecer normas de conduta dos países, que são, por exemplo, as Organizações das Nações Unidas, Fundo Monetário Mundial, Organização Internacional do Trabalho e o Banco Mundial.

E claro, como o mundo está globalizado, os países tendem a se juntar para poderem fazer frente a tantas mudanças, daí que surgem os grupos e blocos eco-nômicos. Um forte abraço e até a próxima unidade!

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1. Vamos supor que o governo elabore uma política cambial de valorização da mo-eda nacional em relação à moeda internacional. Neste caso, o que governo visa? Marque a assertiva correta:

a. Aumentar as exportações e reduzir as importações.

b. Reduzir as exportações e aumentar as importações.

c. Manter exportações e importações inalteradas.

d. Facilitar a entrada de capitais oficiais compensatórios no país.

e. Facilidade a entrada de capital estrangeiro de risco no país.

2. Analise o quadro que mostra os saldos fictícios das contas que compõem o Ba-lanço de Pagamentos de uma certa economia no ano de 2015 e responda:

Valor sinal

Transferências unilaterais 3.000 +

Exportação 73.000

Importação 48.000

Despesa com rendas 22.000 -

Receitas com serviços 10.500

Conta capital 500 +

Investimento direto 10.000 +

Despesas com serviços 15.000 -

Receita com rendas 3.500

Derivativos 10.000 -

Erros e omissões 1.000 -

Investimento em carteira 5.500 +

a. Saldo da Balança Comercial.

b. Saldo da Balança de Serviços e Rendas.

c. Saldo em Transações Correntes.

d. Saldo da Conta Capital e Financeira.

e. Resultado do Balanço de Pagamentos.

OBS: A coluna Sinal indica se houve entrada (+) ou saída (-) líquida de divisas.

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3. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, o antigo Banco Inte-ramericano de Desenvolvimento para a reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), foram criados no mesmo ano e durante uma conferência. Em relação a criação das duas instituições citadas, marque a alternativa correta:

a. Conferência de Yalta (Crimeia), em 1945.

b. Conferência de Nova Iorque (EUA), em 1944.

c. Conferência de Bretton Woods (EUA), em 1944.

d. Conferência de Potsdam (Berlim), em 1945.

e. Conferência de Estocolmo (Suécia), em 1972.

4. Quando estudamos a Organização Internacional do Trabalho (OIT), um termo está muito presente, que é o “trabalho decente”, ou seja, é este tipo de trabalho que a OIT procura promover. Marque a alternativa que apresenta uma expli-cação para o termo trabalho decente utilizado pela organização.

a. É uma condição essencial para superar a pobreza.

b. É uma condição básica para aumentar o comércio internacional.

c. É uma condição para aumentar a produtividade do trabalho.

d. É uma condição para gerar crescimento econômico.

e. É uma condição fundamental para aumentar a competitividade.

5. Os BRICS é um grupo internacional relativamente novo e são formados pelas cinco economias emergentes. Em relação aos BRICS, marque a alternativa correta:

a. Formam o maior bloco econômico da atualidade.

b. O BRICS é um acordo internacional dos países emergentes.

c. O “S” os BRICS significa que são vários países.

d. Os BRICS fazem parte da União Europeia.

e. O Brasil foi o último a entrar para os BRICS.

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MERCOSUL: CONTEXTUALIZAÇÃO E ATUAL FASE

A trajetória do MERCOSUL remonta ainda à década de 1980, anos antes da assinatura do Tratado de Assunção, que constitui a formação do grupo. Mesmo com um quadro de insta-bilidade das condições macroeconômicas sul americanas ao longo da década de 1980, Al-meida (2011a) relata quanto à necessidade e disposição em ser aprofundado o processo de integração econômica na América do Sul, norteado, principalmente, por Brasil e Argentina.

Em 1985, os presidentes argentino (Raúl Alfonsín) e brasileiro (José Sarney) formalmen-te iniciaram um novo processo de integração no continente, através da Declaração de Iguaçu. Segundo Barbosa (1993), essa declaração buscava ampliar as complementarida-des econômicas entre os dois países, que já tratavam-se, à época, os principais centros produtivos da América do Sul.

Sucedendo a Declaração de Iguaçu, mediante a aproximação comercial argentina e bra-sileira e a criação de acordos complementares à integração regional, em março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai firmaram o Tratado de Assunção. O Tratado de As-sunção, que origina o MERCOSUL, é claro ao indicar que o novo projeto busca ampliar as dimensões de seus mercados nacionais através da união entre seus membros, a qual se materializa como peça fundamental para serem acelerados os processos de desenvolvi-mento econômico regional (MERCOSUL, 1991).

Quanto aos objetivos do grupo, atualmente classificado como uma união aduaneira, mesmo que imperfeita (BAUMANN, 2011), Barbosa (1995) e Niebuhr (apud FRANCES-CHINI; BARRAL, 2001) detalham o que é visado: livre circulação de bens, serviços e fa-tores produtivos entre as economias agrupadas, criação de uma tarifa externa comum (TEC) em relação a nações externas e harmonização das políticas setoriais e macroeco-nômicas, bem como legislações federais dos países membros.

Para o cumprimento das metas iniciais, um prazo de quatro anos após a assinatura do Tratado de Assunção foi acordado entre seus signatários. Entretanto, como comentado por Barbosa (2008), esse limite se mostrou insensato e insuficiente perante a organiza-ção interna do bloco, visto que, dos objetivos inicialmente pactuados, em tal período, somente foi alcançada a instituição da TEC ao comércio extragrupo – apesar da cons-tante adoção, pelas partes, de exceções à tarifa comum (VAILLANT, 2011; CAPARROZ, 2012). Ainda que as negociações intrarregionais tenham apresentado desempenho sa-tisfatório ao longo de sua existência, principalmente quando do início da proposta, o MERCOSUL depara-se distante de lograr seus fundamentos iniciais.

“Apesar de significativos, os avanços comerciais sofrem com a falta de consenso sobre o projeto de desenvolvimento regional [...].”

Neste sentido, acrescenta, Barbosa (2008), a falta de consenso no MERCOSUL e os resul-tados comerciais insatisfatórios para Paraguai e Uruguai desencadearam uma crescente frustação deste países, que já demonstram intenção de flexibilizar as normas para pode-rem negociar acordos comerciais paralelamente ao bloco.

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Relativamente à sua estrutura, como identificam Diz (2012) e Ruffinelli (2013), em 2012 a formação original do grupo foi desmantelada, dada a admissão da Venezuela como integrante pleno da integração, junto da suspensão temporária aplicada ao Paraguai, observado o impeachment do presidente deste país.

Apesar do ingresso da Venezuela no MERCOSUL, segundo Ruffinelli (2013), ter ocorrido em descumprimento às normas expressas do grupo, Cano (2002) e Cervo (2008) avaliam como positiva a inclusão do país no bloco.

Segundo Cervo (2008), a entrada da Venezuela aprimora o bloco como força política, na sua essência econômica e nas oportunidades comerciais, gerando assim uma evolução na integração. Cano (2002), por sua vez, complementa afirmando que com a entrada da Venezuela no MERCOSUL a relação comercial Brasil-Venezuela pode se expandir, devido ao novo membro ser forte importador de manufaturados, o que pode afetar de maneira favorável a indústria brasileira. Com o ingresso de seu mais novo membro, o MERCOSUL passa a representar em torno de 83% do PIB (produto interno bruto) da América do Sul, compreendendo, assim, cerca de 70% da população da região (BRASIL, 2013).

Além de possuir certos acordos que projetam a adesão de outras nações ao bloco, como Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru (MENEZES; PENNA FILHO, 2006), o grupo conta, ainda, com propostas comerciais extra-regionais. Barral (2013), ao expor o tema, relata a existência de tratados para livre-comércio com Israel (válido desde 2010), Egito e Palestina (ambos pendentes de ratificação), além de acordos de preferências tarifárias com Índia (em vigor desde 2009) e Sproposta também pendente de ratificação. Além dos atuais es-forços de integração, o MERCOSUL busca consolidar uma parceria com a União Europeia (UE), mas que, segundo Kegel e Amal (2013), encontra-se em morosa negociação.

Quanto ao ingresso de membros do MERCOSUL em outras integrações econômicas, como através da celebração de tratados bilaterais de livre-comércio ressalta-se a exis-tência de limitadores a tais fins: para que um integrante do grupo possa concretizar uma aliança comercial com outra nação, são necessárias a aceitação e a participação conjunta do bloco, o que, para Maldaner (2010) e Baumann (2011), configura-se como uma restrição ao desenvolvimento econômico dos países, pois condiciona-os a decisões e vontades de terceiros. Congregando em sua estrutura cinco diferentes países, mesmo que limítrofes uns aos outros, o MERCOSUL enfrenta certas assimetrias econômicas en-tre seus afiliados.

Consoante Manzetti (1993-1994) e Maldaner (2010) são consideráveis as divergências entre os membros, como os diferentes tamanhos de mercados consumidores e os ní-veis de PIB de cada nação, assim como os destoantes estágios de industrialização das nações. [...]

Fonte: Amann et al. (2014).

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Material Complementar

MATERIAL COMPLEMENTAR

Economia Internacional e Comércio ExteriorJayme de Mariz Maia

Editora: AtlasSinopse: este livro constitui um manual de orientação e consulta

para os que pretendem um envolvimento maior com o comércio

exterior. Mostra os alicerces básicos da economia internacional

(importação, exportação, receitas e despesas de serviços e

operações financeiras) e aborda diversos aspectos da Economia

Nacional.

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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS

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FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade Social: a nova referência das contas nacionas. Rio de Janeiro: Elsevir, 2013.

VASCONCELLOS, M. A. S. Economia: micro e macro. São Paulo: Atlas, 2011.

REFERÊNCIAS ON-LINE

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REFERÊNCIAS181

GABARITO

1. B.

2.

a) Saldo da Balança Comercial. 73.000 – 48.000 = 25.000.

b) Saldo da Balança de Serviços e Rendas. 22.000 + 10.500 – 15.000 + 3.500 = 21.000.

c) Saldo em Transações Correntes. 25.000 – 23.000 + 3.000 = 5.000.

d) Saldo da Conta Capital e Financeira. 10.000 + 5.500 – 10.000 + 500 = 6.000.

e) Resultado do Balanço de Pagamentos. 5.000 + 6.000 – 1.000 = 10.000.

OBS: A coluna Sinal indica se houve entrada (+) ou saída (-) líquida de divisas.

3. C.

4. A.

5. B.

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UN

IDA

DE V

Professora Drª Andréia Moreira da Fonseca Boechat

ECONOMIA SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE

Objetivos de Aprendizagem

■ Compreender a relação entre economia e o meio ambiente.

■ Discutir a teoria do desenvolvimento sustentável.

■ Entender a contribuição dos recursos naturais para o crescimento econômico.

■ Estudar a eficiência econômica e os mercados.

Plano de Estudo

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

■ Economia e meio ambiente

■ Teoria do desenvolvimento sustentável

■ Contribuição dos recursos naturais para o crescimento econômico

■ Eficiência econômica e mercados

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INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a), tudo bem com você? Seja muito bem-vindo(a) à quinta e última unidade do livro Economia e Sociedade. Neste capítulo, iremos discutir um tema bem atual, que é meio ambiente, mas claro, iremos tratar da relação entre a economia e os recursos naturais.

Em outras palavras, o enfoque nesta unidade será nas questões ambientais decorrentes do uso indiscriminado dos recursos; pois, conforme discutimos na Unidade I, os recursos produtivos ou fatores de produção são escassos, ou seja, limitados, só que as necessidades humanas não têm limites, as pessoas desejam muitas coisas. O problema é que se não cuidarmos do meio ambiente hoje, no futuro não teremos mais como produzir, os recursos que hoje são escassos vão acabar de vez. Assim, é fundamental pensarmos em desenvolvimento sustentável.

Para que nosso objetivo seja atingido de maneira eficiente, utilizaremos os fundamentos da teoria microeconômica estudados na Unidade II, portanto, caso tenha alguma dúvida, principalmente sobre o funcionamento da Lei Oferta e Demanda, retome à Unidade II e tire dúvidas com seu tutor antes de iniciar o estudo deste quinto capítulo, ok?

A Unidade V está dividida em quatro seções. Na primeira, iremos compreender a relação entre a economia e o meio ambiente e como as relações entre empresas e consumidores afetam a natureza. Em outras palavras, sabemos que para produzir são necessários recursos, muitos desses recursos são oriundos do meio ambiente que, após a produção e consumo, retornam à natureza na forma de resíduos, que podem poluir.

Na segunda seção, discutiremos a teoria do desenvolvimento sustentável. Você verá que é fundamental preservarmos a natureza e, também, que existem duas correntes principais que procuram explicar a relação da produção com os recursos naturais, que são a economia ambiental e a economia ecológica.

Na seção três, o foco será entender a contribuição dos recursos naturais para o crescimento econômico, para isso, definiremos e classificaremos os recursos naturais em renováveis e não renováveis. Por último, estudaremos a eficiência econômica e os mercados. Porém, verificar a eficiência na prática não é tarefa fácil, pois é muito subjetivo, mas procuraremos quantificá-la. Veremos tam-bém como as relações do mercado afetam a eficiência e, claro, o meio ambiente. Preparado(a)? Bons estudos e um forte abraço!

Introdução

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ECONOMIA E MEIO AMBIENTE

Estamos vivendo um momento no qual é preciso que a sociedade entenda e aceite que a natureza deve ser protegida e os recursos oriundos da terra preservados, para, assim, poder continuar se desenvolvendo economicamente. Porém, a adequação das pessoas na nova forma de se relacionar com a natureza não é uma tarefa rápida e fácil. Infelizmente, ainda, estamos aprendendo sobre o meio ambiente e o com-portamento do mercado e, principalmente, na relação entre os dois elementos.

A contribuição das ciências econômicas para o processo aprendizagem é pro-ver ferramentas analíticas que ajudam a explicar as interações entre economia/mercado e meio ambiente. Além disso, cabe à economia explicar as implicações dessa relação e as oportunidades de soluções reais.

Um dos maiores encantamentos da teoria econômica é que ela consegue expli-car, de forma lógica, o que vemos no mundo real. Por exemplo, a microeconomia explica o comportamento dos consumidores e empresas, e as decisões que defi-nem o mercado e essa mesma lógica de análise são utilizadas para compreender os problemas ambientais, os motivos que tais problemas acontecem e o que pode ser feito para amenizar ou solucionar os impactos.

Um grande problema ambiental é a poluição que surge das decisões dos consumidores e das empresas sobre consumo e produção. Em outras palavras, ao produzir e ao consumir, os agentes econômicos utilizam os recursos naturais oferecidos pelo planeta, e essas atividades geram os chamados subprodutos que, muitas vezes, contaminam o meio ambiente.

A realidade suprema do nosso tempo é... a vulnerabilidade do nosso planeta.

(Scott J. Callan; Janet M. Thomas)

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Com minha explicação, você pode inferir que as decisões fundamentais que orientam a atividade econômica estão diretamente conectadas aos proble-mas ambientais (CALLAN; THOMAS, 2016). Para ilustrar melhor a relação, os mesmos autores apresentam um modelo elementar de atividade econômica, o modelo do fluxo circular, que podemos visualizar na Figura 1.

Mercadode produtos

Mercadode fatores

Famílias Empresas

Oferta de bens e serviçosDemanda por bens e serviços

Despesas

Custos

Receitas

Receitas

Figura 1 - Modelo de fluxo circularFonte: Callan e Thomas (2016, p. 5).

Analisando a figura, percebemos que é um fluxo circular simples, composto por dois agentes econômicos - que são as famílias e as empresas - e dois mercados - o mercado de produtos e o mercado de fatores. As famílias ofertam recursos (mão de obra) no mercado de fatores e recebem receita, que são os salários. Com os salários compram bens e serviços no mercado de produtos e, em troca, rece-bem as mercadorias compradas.

Do lado direito, temos as empresas que demandam recursos, que podemos falar que são mão de obra – no mercado de fatores e, em troca, tem um custo, que é o pagamento dos salários. Além disso, ofertam bens e serviços no mercado de produtos e recebem receitas pela venda destes, fazendo girar a economia.

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Porém, o modelo de fluxo circular tem um problema quando falamos do meio ambiente. O modelo não mostra, explicitamente, a relação entre a ativi-dade econômica que vimos e o meio ambiente. Para compreender essa relação, precisamos analisar o chamado fluxo do balanço de materiais na Figura 2, que insere o modelo do fluxo circular em um esquema amplo e interliga a tomada de decisão econômica com o meio ambiente.

Mercadode produtos

Natureza

Mercadode fatores

de produção

Famílias Empresas

Figura 2 - Modelo do Balanço de MateriaisFonte: Callan e Thomas (2016, p. 7).

Analisando a Figura 2, podemos perceber que existe um único elemento a mais do que no fluxo circular, que é a natureza na parte de cima da figura, com esse elemento a mais, novas conexões são feitas por meio do fluxo de mate-riais ou de recursos naturais que irão se deslocar da natureza para a economia (parte de baixo da figura). Esse fluxo demonstra como a atividade econômica explora o estoque de recursos naturais, tais como solo, água, minerais, entre outros. Essa é a ideia da chamada economia dos recursos naturais, que dis-cutiremos mais para frente.

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A segunda conexão é oposta, a relação é da economia para o meio ambiente, ou seja, o que a natureza recebe da atividade produtiva. Esse retorno é feito via subprodutos ou resíduos, por exemplo, gases liberados na atmosfera. O que ini-cialmente não há problema, pois a natureza absorve esses gases pela capacidade de assimilação ambiental, porém, no longo prazo, a natureza perde essa capaci-dade. Essa é uma preocupação da economia ambiental, que discutiremos depois.

Agora, é possível atrasar o lançamento dos resíduos ao meio ambiente? Sim, é possível por meio de três instrumentos: recuperação, reciclagem e reutiliza-ção. Certamente você já ouviu cada um deles, mas vamos relembrá-los.

A recuperação, como o próprio nome diz, é a ação de recuperar um pro-duto para que possa ser novamente utilizado com a mesma função de antes. Já a reciclagem está relacionada a transformar um resíduo em produto novo, como exemplo, papel, vidros e plásticos que passam por novos processos e se transfor-mam em outros produtos. E, por último, a reutilização é quando o produto passa a ter outro uso, mas sem se transformar em outro produto, como papel usado para impressão pode se transformar em rascunho do lado que não foi utilizado.

Quando falamos no modelo do balanço de materiais, não podemos deixar de discutir duas leis essenciais: a Primeira Lei da Termodinâmica e a Segunda Lei da Termodinâmica. A primeira lei afirma que matéria e energia não podem ser criadas e nem destruídas, ou seja, no longo prazo, o fluxo de materiais e de ener-gia extraído da natureza na forma de consumo e de produção deve ser igual ao fluxo de resíduos gerados que retornam ao ecossistema.

Em outras palavras, uma matéria-prima utilizada na atividade econômica será convertida em outro tipo de matéria e energia como emissão de monóxido de carbono e, assim, nada é perdido, apenas transformado.

Você e sua família tem o hábito de separar o lixo? Por quê?

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Já a segunda lei da termodinâmica define que a capacidade da natureza em converter matéria e energia não é ilimitada, portanto, chega a um ponto que o ecossistema não consegue mais transformar a matéria e a energia, além disto, parte da energia se torna inutilizável durante a conversão da matéria.

E qual é a prática dessas leis?! Segundo Callan e Thomas (2016), é preciso reconhecer que todo e qualquer recurso transformado pela atividade econô-mica termina em resíduo e tem potencial para degradar o meio ambiente. Esse processo pode até ser retardado via recuperação dos materiais, mas não será interrompido. Além disso, a natureza nem sempre conseguirá converter recur-sos em outras formas de matéria e energia. Com essas conclusões, chegamos as causas dos problemas ambientais.

OS DANOS AMBIENTAIS

Quando discutimos a inter-relação entre economia e o meio ambiente, não pode-mos deixar de falar nos danos causados por essa combinação, que são danos ambientais. Assim, a economia ambiental procura identificar e resolver os pro-blemas dos danos ambientais ou, como podemos resumir, da poluição, que é o principal dano ambiental associado ao fluxo de resíduos.

O que é poluição?! Poluição pode ser definida de diversas formas, mas Callan e Thomas (2016) afirmam que, genericamente, é a presença de matéria ou energia cujas natureza, localização ou quantidade causam efeitos considera-dos indesejados ao meio ambiente.

Assim, os danos ambientais podem ser causados por poluentes naturais que são originários na própria natureza, como é o caso de partículas de erupções vulcânicas, névoa salina e pólen; e por poluentes antropogênicos que são resul-tantes da ação do homem, além de todos os resíduos associados ao consumo e à produção (resíduos químicos gerados a partir de certos processos industriais).

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Após a identificação do dano ambiental, é preciso determinar as fontes respon-sáveis pelo dano, já que podem ser lançadas de diversas formas, por exemplo, dos automóveis, aterros sanitários, área agrícola, entre outros. Como as fontes são inúmeras, precisamos classificá-las por categorias amplas. Essa classificação dependerá do ambiente, ou seja, água, ar ou solo e, assim, podemos agrupar as fontes de poluição em dois tipos: de acordo com sua mobilidade, que é subdi-vidida em estacionária e móvel, ou pela sua identificabilidade, que será pontual ou não pontual. Vamos analisar o Quadro 1 para entender melhor as caracterís-ticas de cada tipo de fonte de poluição. Quadro 1 - Fontes de poluição

FONTES AGRUPADAS POR MOBILIDADE

Tipo Descrição Exemplos

Estacionária Uma fonte geradora de polui-ção em um local fixo.

Usinas termelétricas que queimam carvão, estações de tratamento de água e esgoto, unidades de produção indus-trial.

Móvel Qualquer fonte não-estacioná-ria de poluição.

Automóveis, caminhões, aeronaves.

FONTES AGRUPADAS CONFORME IDENTIFICABILIDADE

Pontual Qualquer fonte individual de onde são liberados poluentes.

Chaminé de fábrica, cano de esgoto, um navio.

Não-pontual

Uma fonte que não pode ser precisamente identificada e degrada o meio ambiente de forma difusa e indireta sobre extensa superfície.

Deflúvios superficiais agrícola e urbano.

Fonte: Callan e Thomas (2016, p. 10).

Qual dos dois tipos de poluentes, naturais ou antropogênicos, são os mais preocupantes para a economia ambiental?

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Analisando o quadro, verificamos que as fontes podem ser agrupadas por mobi-lidade, nesse caso, serão fontes estacionárias, como as usinas termelétricas que queimam carvão, classificadas dessa forma por estarem localizadas em um local fixo. Podem ser classificadas, também, como móveis, que são as fontes que se locomovem, como os automóveis.

Já as fontes agrupadas pela identificabilidade podem ser pontuais, quando apenas uma única fonte libera os poluentes, como o cano de esgoto, ou não pontuais, nesse caso são fontes que são difíceis de serem identificadas, como os deflúvios agrícolas.

Agora que você conhece as fontes de poluição, podemos discutir sobre a exten-são dos danos ambientais, pois, apesar da degradação ambiental estar presente no mundo inteiro, existem alguns tipos de poluição que têm efeitos limitados a um único local, enquanto outros afetam uma área maior. Assim, Callan e Thomas (2016) classificam a extensão dos danos ambientais em:

■ Local – refere-se à degradação ambiental que não se expande a grandes distâncias da fonte poluidora, impactando apenas uma pequena área. Porém, apesar da extensão ser pequena, o dano pode ser enorme, por exemplo, o chamado smog urbano, que é a mistura da umidade do ar com poluição atmosférica que visivelmente é uma nuvem amarela espessa e está presente em cidades, como Pequim, Los Angeles, Cidade do México e cidade de São Paulo. Para você ter uma ideia do tamanho do problema, vamos analisar a Figura 3.

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Nova York-Newark

Los Angeles

Londres

Madri

Cidade do México

Tóquio

Berlim

Paris

Pequim

Toronto

São Paulo

Dióxido de nitrogênio

Dióxido de enxofre

Material perticulado

Figuras 3 - Poluentes que contribuem com a poluição urbana do ar nas grandes metrópolesFonte: Callan e Thomas (2016, p. 11).

Outro exemplo de poluição local é a poluição com resíduos sólidos, que é a polui-ção oriunda de práticas inadequadas de manejo dos resíduos como chumbo e mercúrio que podem poluir o solo e os mananciais de água.

■ Regional – são as poluições que estão distantes da fonte geradora, como a deposição ácida ou chuva ácida, que surgem dos componentes ácidos que se misturam com outras partículas e caem no solo, como neblinas, neve ou chuva.

■ Global – são as poluições que afetam uma enorme extensão e é bem difícil de controlar, pois os riscos estão distribuídos e é necessária uma coope-ração internacional que encontre soluções. Dois exemplos desse tipo de dano ambiental são o aquecimento global ou efeito estufa e a redução da camada de ozônio. O primeiro ocorre quando a irradiação solar ao retor-nar de volta ao ar carrega os gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono. Para melhor compreensão dessa afirmativa, analise a Figura 4.

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Terra

Radiação IV

Luz visíveldo Sol

Moléculas de gásEstufa

Redirecionamentodo IV para a Terra

Redirecionamentodo IV para o espaço

Figura 4 - Esquema do funcionamento do efeito estufaFonte: Mozeto (2001, on-line)1.

Os principais impactos do efeito estufa são as mudanças climáticas drásticas, no qual áreas frias se tornam quentes, áreas úmidas se tornam secas etc.; aumento significativo na incidência de grandes tempestades, furacões e tornados; redu-ção de espécies de fauna e flora; elevação global de temperatura e do nível dos oceanos em decorrência do derretimento das calotas de gelo.

A camada de ozônio protege o planeta Terra dos raios ultravioletas, quando ela é reduzida, há enfraquecimento do sistema imunológico humano, aumenta o risco de câncer de pele e atinge todo o ecossistema, sendo causada pelos produtos químicos que contém clorofluorcarbonetos que são utilizados em ar condicio-nados, embalagens, isolantes etc.

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Com base em todas as nossas discussões até agora, podemos afirmar que esses problemas ambientais estão presentes em todos os países do mundo e, por isso, alguns objetivos ambientais precisam ser muito bem definidos e debatidos. Assim, segundo Callan e Thomas (2016), atualmente existem três objetivos ambientais globais: qualidade ambiental, que está relacionado à redução da contaminação antropogênica a um nível aceitável; desenvolvimento sustentável, que é a gestão dos recursos planetários de forma que qualidade e abundância sejam asseguradas para as futuras gerações; e biodiversidade, que refere-se à variedade de espécies distintas, sua variabilidade genética e a diversidade dos ecossistemas que habitam.

O meio ambiente impacta em todos os mercados econômicos, incluindo do mercado de trabalho. Assim, leia o artigo “Desenvolvimento sustentá-vel e meio ambiente: análise dos impactos sobre o mercado de trabalho no Brasil (1995-2001)”, este tem dois objetivos. O primeiro é apresentar os limites e impactos da promoção do desenvolvimento sustentável sobre o meio ambiente e o sobre o mercado de trabalho, e o segundo será discutir a dinâmica do emprego vinculada às questões ambientais no Brasil. O artigo está disponível no link: <http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/vi_en/artigos/mesa5/Desenvolvimento_Sustentavel_Meio_Am-biente.pdf>.

Fonte: a autora.

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TEORIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Como discutimos na Unidade III do nosso livro didático, existem duas linhas principais que procuram definir e estudar o desenvolvimento econômico. A pri-meira linha dos economistas clássicos afirma que crescimento e desenvolvimento econômico são conceitos similares e uma nação ao crescer economicamente irá, automaticamente, se desenvolver. A segunda linha de pensamento não concorda e defende que um país pode crescer economicamente, mas sem se desenvolver, como o “mundo real” mostra. Porém, para esses pensadores, crescimento é uma condição essencial, mas não suficiente para haver desenvolvimento econômico.

Quando falamos em desenvolvimento sustentável, estamos nos referindo mais à segunda linha, já que, conforme discutido, a preservação ambiental é uma condição para o desenvolvimento econômico e, para preservar a natureza, nada melhor do que pensarmos no desenvolvimento sustentável.

Mas por que? Como afirmam Callan e Thomas (2016), embora crescimento eco-nômico seja um resultado favorável, no longo prazo há implicações, como sugere o modelo do balanço de materiais que discutimos no Tópico 1 desta unidade. Assim, encontrar o equilíbrio entre crescimento econômico e preservação dos recursos naturais não é uma tarefa fácil, mas é o objetivo do desenvolvimento sustentável.

Segundo Romeiro (2010), desenvolvimento sustentável é um conceito relativamente novo que surgiu no início da década de 70 com o nome de ecode-senvolvimento. No trade-off, entre crescimento econômico e meio ambiente, ele pode surgir de discussões sobre o reconhecimento do progresso técnico como uma condição para eliminar a pobreza e as diferenças sociais.

O que é desenvolvimento sustentável? é aquele que atinge as necessidades atu-ais sem comprometer as necessidades das futuras gerações. Pela definição usual, você conseguiu perceber que a ideia do desenvolvimento sustentável considera o dever com relação às gerações futuras, sempre respeitando os limites da natureza. Podemos defini-lo de outra maneira, que é a satisfação das presentes necessidades e aspirações do homem sem que se reduza a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas necessidades. Outra definição de desenvolvimento susten-tável pode ser aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas necessidades.

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Como você viu, as definições de desenvolvimento sustentável são muito parecidas, sempre levam em consideração as necessidades das futuras gerações. Porém, surgem algumas dúvidas que não têm respostas corretas, tais como: quais seriam as carências da geração atual? Com certeza diferencia-se por nação, reli-giosidade, classe social, região de moradia etc. E das futuras gerações? elas ainda não existem, são somente suposições do que poderiam ser feitas e quais seriam as suas eventuais necessidades. Contudo, o desenvolvimento sustentável aponta para duas situações, torna-se fundamental para a sua sustentabilidade atender às necessidades das pessoas, ao mesmo tempo em que não se comprometa a qua-lidade da geração vindoura.

Com base em nossas discussões até aqui, podemos afirmar que existem dois eixos fundamentais para o Desenvolvimento Sustentável: a conquista de um modelo de bem-estar econômico-social coerente e adequado, equitativamente distribuído; e Usufruir do capital natural de forma a garantir a integridade eco-lógica, o que constitui seu uso racional intertemporal. A partir desses dois eixos, surgem três objetivos do desenvolvimento sustentável:

■ Progresso da qualidade de vida – garantir a satisfação de suas neces-sidades essenciais, como alimento, energia, água e saneamento básico.

■ Equidade social – garantir iguais oportunidades aos sujeitos de uma socie-dade a serviços, como educação, saúde, justiça, entre outros.

■ Harmonia na exploração do meio natural entre os povos presentes e futuros – garantir a manutenção de padrão tecnológico que respeite os limites da sustentabilidade ecológica em relação ao uso racional do capi-tal natural pelo processo produtivo e aos efeitos ambientais gerados por esse processo.

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ECONOMIA SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE

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Social

Econômico Ambiental

DesenvolvimentoSustentável

Figura 5 - Dimensões do desenvolvimento sustentávelFonte: a autora.

Conforme podemos ver na Figura 5, o desenvolvimento sustentável engloba três dimensões: a econômica, a social e a ambiental; a inter-relação dessas dimensões é a condição para haver desenvolvimento sustentável. No âmbito econômico, os processos de produção e consumo envolvem a questão do desenvolvimento econômico. Na questão social, a preocupação é com o bem-estar humano e a qualidade de vida; por último, temos a área ambiental, em que a preocupação central é deteriorar o mínimo possível a natureza e seus recursos.

O debate econômico do meio ambiente surge em duas correntes, que são a economia ambiental e a economia ecológica ou do meio ambiente. A pri-meira refere-se ao chamado “mainstream” neoclássico, que acredita que os recursos naturais não representam, a longo prazo, um limite para a economia, ou seja, inicialmente os recursos naturais não são considerados nas represen-tações analíticas da realidade econômica e a função de produção é composta apenas por capital e trabalho.

O foco da economia ambiental é a externalidade negativa da produção sobre o capital natural. Para analisar a externalidade é preciso considerar o Valor mone-tário da externalidade, que está relacionado à produção sacrificada, disposição a pagar e a Política macroeconômica para atingir o ótimo de poluição e social.

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Já a visão ecológica leva em consideração os recursos naturais e afirma que, assim como o capital, são elementos essenciais e complementares para a produ-ção. Além disso, o progresso técnico é fundamental para melhorar a eficiência na utilização dos recursos naturais, renováveis e não renováveis. Em outras palavras, a questão fundamental da corrente ecológica é analisar a economia, considerando que existem limites para os recursos.

A economia ecológica procura analisar os fundamentos biofísicos-ecoló-gicos, que regulam o sistema natural, sustentando o sistema econômico, tendo como fundamento as leis de termodinâmica e seus implicações.

O que é termodinâmica? A termodinâmica estuda as relações entre energia, calor, trabalho e segue duas leis: a Lei da conservação da matéria, que estabe-lece que as quantidades de matéria e energia do universo são constantes, não podendo ser criadas ou destruídas; e a Lei da entropia, que está relacionada à segunda lei da termodinâmica e afirma que nem toda energia pode ser transfor-mada em trabalho, pois uma fração sempre se dissipa em calor.

Assim, a lei da conservação da matéria somada a Lei da entropia afirmam que a quantidade de matéria e de energia são constantes, mas são passíveis de mudanças (não criadas ou destruídas) em função do grau de entropia presente dos possessos. Com isso, o sistema econômico vigente sofre um processo de aumento de entropia. Porém, a vida econômica se alimenta de energia e maté-ria de baixas entropias, gerando (o sistema econômico é perpétuo) subprodutos de resíduos de alta entropia.

Com base no exposto, o objetivo da economia ecológica é compreender as questões detalhadas que envolvem os subsistemas econômicos e se preocupa com o ciclo produtivo na sua extensão, já que a oferta de bens e serviços é finita e, portanto, existe uma limitação para o crescimento econômico. Se a limitação da oferta de bens e serviços é uma limitação ao crescimento econômico, qual é a solução, de acordo com a economia ecológica?

A utilização dos recursos naturais renováveis não deve ser superior à taxa de reposição desses recursos no meio ambiente. Assim, os recursos não reno-váveis deverão ser utilizados a uma taxa inferior à sua reposição por recursos renováveis no meio ambiente, de forma que a geração e o despejo de resíduos não exceda capacidade de suporte do capital natural.

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Para melhor compreensão da relação das correntes ambientais e ecológicas com a economia e os recursos naturais, vamos analisar a Figura 6.

Economia Economia Economia

RN RN

Figura 6 - Economia com e sem recursos naturaisFonte: Romero (2010, p. 8).

Analisando a Figura 6, podemos visualizar três “relações” entre a economia e os recursos naturais (RN). No primeiro momento, à esquerda, existe apenas a econo-mia, que funciona sem os recursos naturais, já que os bens são livres e poderiam ser interpretados como um presente da natureza. No momento dois, os recursos naturais começam a aparecer nas representações gráficas da função produção, com preocupação com bens públicos e questões sociais. Porém, o sistema eco-nômico é visto como algo grandioso e, mesmo que faltem recursos naturais, não haveria impacto no sistema, já que ele é maior do que a natureza, portanto, é o que defende a economia ambiental.

No terceiro momento, temos a visão ecológica, no qual a economia depende dos recursos naturais, tanto que as setas estão em direção dos recursos naturais para a economia e não ao contrário, como no momento anterior. Assim, há limite para o crescimento econômico, que são os recursos naturais e, por esse motivo, é preciso que a sociedade mude a postura frente aos recursos naturais de forma a evitar os impactos ambientais.

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Teoria do Desenvolvimento Sustentável

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SUSTENTABILIDADE

Ao discutirmos desenvolvimento sustentável, é fundamental discutir o tema sustentabilidade. Nesse sentido, Cavalcanti (2001) afirma que existem dois para-digmas principais de sustentabilidade: o desenvolvimento na visão econômica, que classifica a natureza como um bem de capital e, portanto, a sustentabilidade é algo ambiental; e o outro paradigma que procura romper com a dominação do discurso econômico e defende a sustentabilidade como algo ético.

Apesar das correntes econômicas auxiliarem os modelos matemáticos que gerem os recursos naturais, a prática da sustentabilidade não é fácil e, ainda, é um grande desafio para a sociedade mundial, mas o que é sustentabilidade? Sustentável é algo que pode ser mantido, ou seja, é a capacidade que o ecossistema tem para enfrentar os desequilíbrios externos sem comprometer suas funções. De outra forma, sustentável é aquilo que tende a ser preservado. No estudo da ecologia, o ecossistema possui algum grau de sustentabilidade, que é a disposição do ecossis-tema de confrontar distúrbios externos sem danificar seu funcionamento.

Em termos econômicos, a sustentabilidade surge do debate sobre susten-tar o crescimento no longo prazo, considerando a função de produção capital e recursos naturais. Assim, existem os chamados Princípios da Sustentabilidade, tais com a energia solar, a biodiversidade e a ciclagem química. Interligados esses três princípios da sustentabilidade auxiliam no conhecimento da natureza e sustentam uma grande heterogeneidade de vida na terra por bilhões de anos.

E você se identifica com qual das duas correntes: economia ambiental ou economia ecológica?

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Assim, a questão da sustentabilidade aparece no debate econômico, em como promover o crescimento econômico quando a produção depende do capital e o capi-tal natural. Nesse sentido, os economistas neoclássicos defendem que para existir integridade e equidade entre as futuras gerações, o consumo por pessoa necessitaria ser constante ou crescente a longo prazo e o acúmulo de capital deveria ser cons-tante, diferentemente da corrente da economia ecológica que afirma que existe uma “controvérsia do capital”, que são a sustentabilidade fraca e a sustentabilidade forte.

A primeira, sustentabilidade fraca, significa que o capital total deve ser constante, não importando como é realizada a classificação entre capital natural exaurível e o reprodutível. Por exemplo, a troca de uma reserva florestal por um parque fabril não é um problema, desde que ambos tenham a mesma valoração, pois ocasionaria, somente, em uma troca de um capital por outro.

Já a sustentabilidade forte indica que o capital natural tem como característica a complementaridade e não a substituibilidade pelo capital produtível, ou seja, o capital natural para ser sustentável deverá ser constante ao menos em determinada fração.

Assim, o capital possui três finalidades que é: prover recursos ao sistema produtivo, absorver os detritos causados pelo consumo e produção, fornecer as condições necessárias que possibilitam a vida no planeta, tais como o clima e o oxigênio. Então, conservar os recursos naturais é muito importante, pois eles são fundamentais para a manutenção da vida.

CONTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO

Até agora nossas discussões giraram em torno da compreensão da relação entre a economia e o meio ambiente e, também, da teoria do desenvolvimento sus-tentável, ou seja, falamos muito nos recursos naturais, como entrave ou não, dependendo da corrente de desenvolvimento sustentável a ser seguida para o crescimento econômico.

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Contribuição dos Recursos Naturais Para o Crescimento Econômico

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Agora iremos entender a contribuição dos recursos naturais para esse cresci-mento econômico que é um dos principais objetivos da economia de uma nação e também porque estudar a relação entre os recursos naturais e a economia é de suma importância, pois estamos discutindo a sustentabilidade. Para isso, é pre-ciso compreender os recursos naturais, o que são e como podem ser classificados.

Em um passado bem distante, a natureza exercia papel principal e essen-cial para o homem, pois era ela que fornecia os alimentos, assim, as pessoas somente extraiam os alimentos fornecidos, não haviam modificação do ecossis-tema. Quando o fogo passou a ser controlado pelo homem, o ecossistema passou a ser manejado, mas não alterado.

Até que a agricultura foi inventada e o ecossistema original foi sendo modi-ficado, mas não ao ponto de prejudicar a natureza ou acabar com os recursos naturais. Só que no século XVIII, mais exatamente a partir de 1760, novos pro-cessos de manufaturas surgiram, dando início à chamada Revolução Industrial e o processo dos grandes danos ambientais. Assim, os recursos naturais, que antes eram abundantes, passaram a se tornar limitados, a natureza começou a sofrer as consequências da produção e do consumo desenfreados e os recursos natu-rais foram extraídos e exauridos.

RECURSOS NATURAIS

Os recursos naturais são, na maior parte, bens livres e podem ser definidos como tudo aquilo que é necessário para as pessoas e estão disponíveis na natureza. Os recursos naturais podem ser classificados em dois tipos, segundo a capacidade de recomposição de um recurso ao longo do tempo:

a) Recursos naturais renováveis - são os recursos compatíveis com o hori-zonte de vida do homem, ou seja, os recursos renováveis se atualizam com o tempo e teoricamente, não acabam. Teoricamente porque se forem utilizados de forma indiscriminada podem se tornar não renováveis e, por isso, precisam ser preservados e utilizados com muito cuidado. Solo, ar, água, fauna e flora são exemplos de recursos renováveis.

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Dentro dos recursos renováveis é possível subdividi-lo em grupos, que são os renováveis de dispersos e de difícil captura, como a energia solar; os sujei-tos a extinção, como as plantas e animais; e os sujeitos a degradação por manejo inadequado, como o solo e a água. A degradação ambiental dos recursos reno-váveis pode ser vista na Figura 7.

Degradação do capital natural

Degradação de recursos naturais normalmente renováveis

Mudançasclimáticas

Poluição doar

Erosão dosolo

Redução das�orestas

Diminuiçãodos hábitats

silvestres

Declínio dospesqueiros oceânicos

Poluição daágua

Extinção deespécies

Esgotamentodos aquíferos

Figura 7 - Degradação do capital naturalFonte: Miller e Spoolman (2012, p. 13).

A Figura 7 mostra alguns exemplos de degradação do capital natural, como a poluição do ar e da água, erosão do solo, mudanças climáticas, redução das flo-restas e dos animais silvestres, entre tantos outros exemplos.

b) Recursos naturais não renováveis - são os recursos que necessitam de muito tempo (eras geológicas) para se formarem, ou seja, somente nossos tata-ranetos irão ter acesso novamente a esse tipo de recurso. Em outras palavras, os recursos não renováveis, que também são chamados de exauríveis, podem ser esgotados ou limitados muito facilmente, pois o processo de renovação é muito lento. Petróleo, gás natural e carvão mineral são exemplos de recursos não renováveis.

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Eficiência Econômica e Mercados

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Além disso, eles podem ser agrupados em dois grupos: recursos exauríveis, como os minerais, e os recursos esgotáveis e não renováveis, como o petróleo.

Nesse sentido, é importante diferenciar os recursos economicamente apro-veitáveis dos que estão dispersos, para isso, é preciso compreender os conceitos de reserva, recursos e recursos hipotéticos. A reserva mineral requer alguma medição física sobre a quantidade da concentração mineral e a verificação de viabilidade da extração do ponto de vista tecnológico. Já o recurso não possui o mesmo grau de detalhamento, apesar de que sua existência seja conhecida.

Em relação aos recursos hipotéticos, eles são uma mistura de recursos conhe-cidos e não conhecidos, mas que são possíveis de encontrar na crosta terrestre.

EFICIÊNCIA ECONÔMICA E MERCADOS

De acordo com o modelo do balanço de materiais, os problemas ambientais estão ligados à forma como o mercado funciona, ou seja, as decisões dos consumido-res e empresas afetam a quantidade e qualidade dos recursos naturais. Assim, é

Para compreender na prática como os recursos naturais podem impulsionar o crescimento econômico de uma nação, leia o artigo “Crescimento econô-mico impulsionado por recursos naturais: uma nota sobre a experiência de Botsuana”. O artigo apresenta como Botsuana conseguiu disparar o cresci-mento econômico graças aos recursos naturais disponíveis. Para ler o arti-go acesse ao link: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pi-d=S0101-31572010000200009.>.

Fonte: a autora.

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preciso compreender como as atividades de mercado geram resíduos poluentes que afetam o mercado e como podemos solucionar tais problemas ambientais.

A poluição é considerada uma falha de mercado e, por esse motivo, é preciso buscar modelos de falha de mercado para analisar o problema e identificar pos-síveis soluções. Para isso, utilizaremos os conceitos da teoria microeconômica estudados na Unidade II do nosso livro didático, principalmente a famosa Lei Oferta e Demanda, para compreender o funcionamento do mercado. Lembre-se, mercado é o local em que há interação entre consumidores e produtores objeti-vando a troca de um produto bem definido (CALLAN; THOMAS, 2016). Caro(a) acadêmico(a), caso tenha alguma dúvida sobre os conceitos microeconômicos, retorne à Unidade II e tire dúvidas com seu tutor antes de continuar.

Como nosso foco nesta seção é a eficiência econômica, precisamos compre-ender eficiência. Um dos critérios da análise econômica que trata da alocação apropriada de recursos entre usos alternativos chama-se eficiência alocativa, e outro critério que está preocupado com a economia dos recursos usados na pro-dução chama-se eficiência técnica. Vamos conhecer cada um deles?

a) Eficiência alocativa- o modelo de balanço de materiais ilustra que a forma como o mercado utiliza os recursos é crítico tanto da produção e do consumo quanto para o meio ambiente. Porém, para avaliar a alocação de recursos é pre-ciso utilizar, segundo Callan e Thomas (2016), um procedimento que envolve dois elementos: a avaliação de custos e benefícios e o uso de análise marginal. Para compreender esses dois vamos analisá-los juntos. Vamos lá?

Mercados competitivos são considerados os ideais do ponto de vista econô-mico e é a estrutura de mercado padrão, ou seja, todas as demais (monopólio, concorrência monopolística e oligopólio) são analisadas a partir dos mercados concorrenciais. Nesse tipo de mercado, quando a demanda for igual a oferta há equilíbrio; mas o que significa isso em termos de alocação de recursos?

Os preços ao longo da curva de demanda são medidas de benefício marginal, ou seja, cada preço de demanda mostra o valor que os consumidores dão a uma unidade a mais de um produto qualquer, que é termo “marginal” (isso mesmo, é a mesma ideia da utilidade marginal que vimos na Unidade II). E do lado da oferta? Nesse caso, os preços são medidas de custo econômico. Segundo Callan e Thomas (2016), a razão da oferta de mercado, em um mercado competitivo, ser

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a soma horizontal das curvas de custo marginal das empresas representa, para cada preço de oferta, um custo adicional dos recursos necessários à produção de outra unidade a mais daquele bem.

Segundo os mesmos autores, no equilíbrio competitivo, o valor que a socie-dade atribui ao bem é igual ao valor dos recursos sacrificados na produção desse mesmo bem. Isto é, benefício marginal é igual ao custo marginal e essa igual-dade assegura que a eficiência alocativa seja atingida.

Agora, vamos compreender a alocação de cursos em nível das empresas. Para isso, vamos assumir que a tomada de decisão das empresas é movida pelo lucro e que a variável de escolha é o nível de produção (quantidade). Assim, qualquer empresa, independentemente das condições competitivas, define o seu nível de produção que maximize o lucro.

Sabendo que lucro é a receita total menos custo total, que a receita total é a multiplicação do preço com a quantidade, e o custo total é todo o custo fixo e variável da produção, as empresas procuram encontrar a quantidade que gere o maior lucro possível e, para isso, elas tomam suas decisões considerando os benefícios e os custos da produção de cada unidade a mais de produto.

Então, se a empresa observar que se produzir uma unidade a receita total é maior do que o custo total, ela irá produzir. Por outro lado, se o custo total for maior do que a receita total dessa unidade adicional, a empresa não irá aumen-tar sua produção. Essa situação ocorre até o ponto que a variação da receita total seja igual a variação do custo total e o lucro dessa unidade é zero.

b) Eficiência técnica- refere-se às decisões de produção que geram a produção máxima, mediante algum estoque de recursos ou decisões de produzir uma certa quantidade usando o mínimo de recursos (CALLAN, THOMAS, 2016). Assim, de acordo com o modelo de balanço de materiais, os recursos naturais são preserva-dos ao atingir a eficiência técnica e, com isso, a geração dos resíduos é minimizada.

Além disso, os mesmos autores afirmam que, dada a relação entre produção e custos, a eficiência técnica sugere custos econômicos minimizados na produ-ção de determinadas quantidades de produto.

Assim, chegamos ao final da Unidade V e desse universo tão fascinante que é a economia do meio ambiente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Olá, caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final da quinta e última Unidade do livro Economia e Sociedade. Nesta unidade, discutimos um tema bem atual e de grande preocupação das sociedades e dos governos de todos, ou pelo menos da maioria dos países, que é a preservação do meio ambiente.

Dada essa importância, nossa unidade foi dividida em quatro seções. Na pri-meira, compreendemos a relação entre economia e o meio ambiente por meio do chamado Modelo de Balanço de Materiais, que mostra a relação entre os consu-midores (consumo) e as empresas (produção) com a natureza.

Na segunda seção, discutimos a teoria do desenvolvimento sustentável, no qual vimos a necessidade de se desenvolver hoje, mas preservando a natureza para que as futuras gerações também consigam sobreviver. Para que isso seja possível, preci-samos trabalhar com três dimensões: a econômica, social e ambiental. Nessa seção, vimos também que existem duas correntes econômicas que estudam o desenvol-vimento sustentável que é a economia do meio ambiente e a economia ecológica

No Tópico três, entendemos como os recursos naturais contribuem para o crescimento econômico, ou seja, é impossível crescer economicamente se não preservarmos os recursos naturais. Esses recursos podem ser classificados como recursos renováveis e recursos não renováveis. Porém, independentemente se os recursos são ou não renováveis, é preciso preservá-los.

E para finalizar a unidade, estudamos a eficiência econômica e os mercados, ou seja, como os mercados competitivos podem ser eficientes, de forma aloca-tiva ou técnica.

Assim, finalizamos nossa disciplina, espero que eu tenha conseguido desper-tar em você o interesse pelas ciências econômicas e como essa ciência faz parte de todas as decisões pessoais e profissionais das nossas vidas. Lembre-se: qual-quer dúvida procure seu tutor! Um forte abraço.

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1. Vieira (1986 apud Bitar, Fornasari Filho, Vasconcelos, 1990) afirma que o termo meio ambiente inclui dimensões econômicas, culturais e de segurança, além do ambiente físico e ecológico. Porém, a medida que a sociedade se transformou e novos padrões de consumo surgiram, um novo desafio surgiu, que foi? Marque a alternativa correta.

a) Como se desenvolver economicamente e preservar o meio ambiente.

b) Como crescer e gerar renda sem prejudicar a geração atual.

c) Como crescer e se desenvolver economicamente e ser competitivo.

d) Como ser competitivo no mercado internacional, dado os insumos nacionais.

e) Como produzir menos utilizando a mesma tecnologia e aumentar a renda.

2. Podemos definir meio ambiente como um conjunto de unidades ecológica, que estão incluídos os animais, vegetais, microrganismos, solo, rocha, ar, entre outros que interagem no sistema natural. Assim, meio ambiente e sistema econômico, principalmente o capitalista, entram em constante conflito, já que os recursos na-turais são escassos e não se pode produzir tudo que a população deseja. Com base no exposto, podemos afirmar que duas variáveis são alteradas constantemente na economia e, com isso, influenciam a relação com o meio ambiente. Quais são as variáveis nas quais o texto se refere? Marque a alternativa correta.

a) Produção e consumo.

b) Oferta e demanda.

c) Recursos produtivos e insumos.

d) Trabalho e processo produtivo.

e) Concorrência e direito de propriedade.

3. De acordo com Romeiro (2010), o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu na década de 70 com o nome de ecossistema, e pode ser definido como aquele que atinge as necessidades do presente, não comprome-tendo as necessidades das gerações futuras. Para que se tenha desenvolvimento sustentável, é preciso considerar três dimensões, as quais são?

Marque a alternativa correta:

a) Social, cultural e ambiental.

b) Econômico, político e religioso.

c) Nacional, monetário e educacional.

d) Educação, saúde e segurança.

e) Social, ambiental e econômico.

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4. Quando estudamos a relação da economia com o meio ambiente, um conceito inicial é a classificação dos recursos naturais, pois se a origem de todos os pro-blemas econômicos é a escassez, precisamos compreender o que e quem são es-tes recursos limitados. Com base nessa classificação, leia as afirmativas a seguir:

I. Energia solar.

II. Solo.

III. Petróleo.

IV. Minerais.

Das assertivas, quais apresentam exemplos de recursos não renováveis? Marque a alternativa correta.

a) I e II estão corretas.

b) III e IV estão corretas.

c) II e III estão corretas.

d) I e IV estão corretas.

e) Todas estão corretas.

5. A economia ecológica procura compreender as questões detalhadas que en-volvam os subsistemas econômicos, se preocupando com o ciclo produtivo em toda sua extensão e afirma que a oferta de bens e serviços é finita. Com base no exposto, marque a alternativa correta que mostra o impacto da limitação da oferta de bens e serviços.

a) Limitação para o crescimento econômico.

b) Fonte de desenvolvimento econômico.

c) Uma forma de preservar o meio ambiente.

d) Um entrave à aplicação de leis ambientais.

e) Torna os produtos orgânicos mais caros.

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Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos projetos de Mecanismo de De-senvolvimento Limpo na América Latina

O esforço para resolver a questão da mudança climática no âmbito das Nações Unidas começou com a Conferência sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972. Após 20 anos, na Cúpula da Terra em 1992, realizada no Rio de Janeiro, definiu-se uma agenda política internacional para a mudança do clima e o desenvolvimento sustentável, face às nego-ciações entre outros da Agenda 21 e da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou Convenção do Clima).

A CQNUMC é a base jurídica para a ação internacional em mudança climática. Sua gran-de importância reside no fato de ter fornecido um objetivo, princípios básicos e com-promissos. Além disso, estabeleceu procedimentos e instituições que proporcionam uma estrutura para as atividades políticas e diplomáticas (OBERTHÜR; HERMANN, 1999; VOIGT, 2009).

Durante a Terceira Conferência das Partes (COP 3) da Convenção do Clima, surgiu o Pro-tocolo de Kyoto (PK), em 1997. Sua entrada em vigor foi em fevereiro de 2005 e o perí-odo de seu primeiro compromisso foi entre 2008–2012. O Protocolo, sendo o primeiro e o mais ambicioso acordo, é também um dos instrumentos jurídicos mais ambíguos. Muito do seu conteúdo foi considerado como um “negócio inacabado” (OBERTHÜR; HERMANN, 1999), tanto que se fez necessário fortalecer e ampliar as negociações no âmbito da Convenção do Clima para melhorar as perspectivas de sua implementação.

Um desses “negócios inacabados” foi em relação ao período de compromisso, estabe-lecido em um horizonte de curto prazo de apenas cinco anos (2008–2012), que deixou para futuras negociações a adoção de um novo período, que inicialmente devia ser acor-dado em 2009 durante a COP 15, realizada em Copenhague, na Dinamarca. No entanto, essa conferência foi considerada um “fracasso”, pois terminou com uma simples decla-ração de intenções e um vazio político (BODANSKY, 2010), além de muita incerteza no mercado, principalmente para os desenvolvedores de projetos de redução de Gases de Efeito Estufa (GEE) para empreender investimentos pós-2012 (BENITES, 2015a).

No final de 2012, durante a Décima Oitava Conferência das Partes (COP18), realizada em Doha, Qatar, os países adotaram a “Emenda de Doha para o Protocolo de Kyoto”, concor-dando em um segundo período de compromisso, que compreende de janeiro de 2013 a dezembro de 2020 (UNFCCC, 2015a; MICHAELOWA, 2015), bem como se estabeleceu um plano para negociar um novo acordo pós-2020, finalmente alcançado no último de-zembro de 2015, durante a COP 21 em Paris, França, o chamado “Acordo de Paris”.

O Acordo de Paris inclui objetivos de longo prazo para limitar as emissões de GEE, e é o primeiro aplicável a todos os países Partes da Convenção do Clima, diferente do PK, que apenas estabeleceu metas obrigatórias de redução para os países desenvolvidos. Con-tudo, esse novo Acordo continua sendo um “negócio inacabado”, por apenas oferecer aspirações para manter o aumento da temperatura média global em 1,5–2ºC (graus), o que ainda precisará ser fortalecido em negociações futuras para se ter metas claras e mecanismos para seu cumprimento.

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No entanto, em relação ao mercado, se reduzem as incertezas e surgem sinais pro-missores, ao estabelecer a importância dos mecanismos de mercado para as ações de mitigação, tanto para o segundo período do PK até 2020 quanto depois dele, no âmbito do Acordo de Paris.

Os mecanismos de mercado, como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), fo-ram criados com o PK para ajudar os países a cumprirem com suas obrigações e incenti-var o setor privado, e para os países em desenvolvimento contribuírem com os esforços na redução de GEE. Conforme o artigo 12 do PK, o MDL é um instrumento de duas vias, projetado para atingir reduções de emissões de GEE e promover o desenvolvimento sus-tentável nos países em desenvolvimento (TORVANGER et al., 2013; ENI-IBUKUN, 2014). O artigo 12 coloca ênfase na igualdade entre os dois objetivos do MDL, não apenas por-que ambos se aplicam a países em desenvolvimento, mas, também, porque poderiam ser perseguidos simultaneamente (TORVANGER et al., 2013).

No entanto, o MDL tem recebido diversas críticas, uma delas refere-se à sua pouca contribuição para o desenvolvimento sustentável (OLSEN, 2007; RUTHNER et al., 2011; SUBBARAO; LLOYD, 2011; BENITES, 2013; KARAKOSTA et al., 2013; FEARNSIDE, 2015). En-tre as razões apontadas pelos autores, está principalmente a falta de incentivos finan-ceiros, isso porque o desenvolvimento sustentável não tem valor monetário no mercado de carbono, e a tendência é priorizar as reduções certificadas de emissões. [...]

Fonte: Lazaro e Gremaud (2017, p. 53-72).

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Material Complementar

MATERIAL COMPLEMENTAR

Economia Ambiental: aplicações, política e teoriaScott J Callan e Janet M Thomas

Editora: CengageSinopse: o livro Economia ambiental: aplicações, política e teoria

possui grande enfoque em políticas e questões ambientais do mundo

contemporâneo. Com ele, o leitor terá acesso às diversas teorias

econômico-ambientais em uma abordagem prática e estimulante.

O livro tem estrutura modular, o que não somente torna sua apresentação mais organizada, como

também permite que professor e aluno tenham flexibilidade de estudo. Usando modelagem

econômica e ferramentas analíticas, cada módulo, além de apresentar conceitos e teorias, avalia

os riscos ambientais associados à resposta política e apresenta uma análise custo-benefício das

principais legislações e acordos internacionais.

O texto foi revisado de maneira substancial, refletindo mudanças políticas nacionais e internacionais,

a evolução do ambientalismo empresarial e estudos empíricos recentes. Além disso, a obra integra a

perspectiva de negócios e o desenvolvimento de tomadas de decisões ambientais, uma vantagem

que é negligenciada no tratamento convencional do assunto.

A última horaNo Documentário online A Última Hora, narrado e produzido por Leonardo DiCaprio, aborda os desastres naturais causados pela própria humanidade. Mostra como o ecossistema tem sido destruído e o que é possível fazer para reverter esse quadro. Entrevistas com mais de 50 renomados cientistas e líderes, como Stephen Hawking e o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, ajudam a esclarecer essas importantes questões, assim como indicar alternativas possíveis à sustentabilidade.

Ver um Planeta Dominado por NúmerosPara você ter uma noção da necessidade da sustentabilidade, assista ao vídeo “Ver um planeta dominado por números”. O vídeo apresenta, por meio de números e estatísticas, a situação ambiental mundial que vivemos. Acesse ao link: <https://www.youtube.com/watch?v=qkRemXhRsZY.>.

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REFERÊNCIAS

CALLAN, S. J.; THOMAS, J. M. Economia ambiental: aplicações, políticas e teoria. São Paulo: Cengage Learning, 2016.

CAVALCANTI, C. Sustentabilidade da economia: paradigmas alternativos de realiza-ção econômica. In: Desenvolvimento e a natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 2001.

LAZARO, L. L. B.; GREMAUD, A. P. Contribuição para o desenvolvimento sustentável dos projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo na América Latina. O&S, Salvador, v. 24, n. 80, p. 53-72, Jan/Mar. 2017.

MILLER, G. T.; SPOOLMAN, E. S. Ecologia e sustentabilidade. 6. ed. São Paulo: Cen-gage Learning, 2012.

ROMEIRO, A. R. Economia ou economia política da sustentabilidade. In: MAY, P. Eco-nomia do meio ambiente: teoria e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1 Em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/atmosfera.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2017.

REFERÊNCIAS

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GABARITO215215

GABARITO

1. A.

2. A.

3. E.

4. B.

5. A.

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CONCLUSÃO

Olá, caro(a) acadêmico(a), chegamos ao final do nosso livro didático da disciplina Economia e Sociedade. Você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre esta ciência encantadora, que faz parte do nosso dia a dia, que é a economia, estando apto, agora, a tomar as melhores decisões.

Vimos que a economia é dividida em duas grandes áreas de estudo: a microecono-mia, que estuda os agentes econômicos individualmente, ou seja, famílias e empre-sas, e, claro, a relação entre eles, é dessa relação que o preço que conhecemos dos bens e serviços é formado; e a macroeconomia, que estuda as variáveis econômicas no agregado, ou seja, não há uma preocupação com setores específicos, mas sim como a economia como um todo.

Depois da compreensão das áreas de estudo, discutimos dois outros temas, que foram a economia internacional e a economia ambiental. O primeiro se refere ao estudo da relação entre os países, ou seja, como você sabe, com o mundo globa-lizado, os países não conseguem mais “viver sozinhos”, então acabam se relacio-nando por meio do comércio internacional ou pelas transações não comerciais, como as demais nações.

O segundo tema, economia ambiental, refere-se ao estudo da relação entre a eco-nomia e o meio ambiente, já que o modelo econômico de produção e consumo em massa não é mais viável, pois os recursos produtivos são escassos. Assim, é impor-tante produzirmos hoje pensando na produção e consumo das futuras gerações.

Claro que nesta disciplina apresentei alguns fundamentos das ciências econômicas, mas isto não significa que os temas econômicos se esgotam, muito pelo contrário, você poderá aprofundar seus conhecimentos econômicos sempre, pois temos mui-tas fontes de pesquisa e áreas de estudo da economia.

Assim, espero que eu tenha conseguido atingir meu maior objetivo que é desper-tar, em você, a curiosidade pela economia e, principalmente, pelo seu impacto na nossa vida. E lembre-se: qualquer dúvida estamos sempre à disposição. Um forte abraço e até a próxima.

CONCLUSÃO