economia e a sociedade - max weber

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FUNDAO UNIVERSIDADE DE BRASLIA Reitor: Antnio Ibanez Ruiz Vlce-Reitor: Eduardo Flvio Oliveira Queiroz EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASLIA Conselho Editorial Antnio Agenor Briquet de Lemos (Presidente) Cristovam Buarque EUiot Watanabe Kitajima Emanuel Arajo Everardo de Almeida Maciel Jos de Lima Acioli Luiz Humberto Miranda Martins Pereira Odilon Pereira da Silva Roberto Boccacio Piscitelli Ronaldes de Melo e Souza Vanize de Oliveira Macedo

MAX WEBER

ECONOMIA E SOCIEDADEFundamentos da Sociologia CompreensivaVolume l

Traduo da quinta edio revista, anotada e organizada por Johannes Winckelmann Traduo de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa Reviso tcnica de Gabriel Cohn

A Editora Universidade de Braslia, instituda pela Lei n? 3-998, de 15 de dezembro de 1961, tem como objetivo "editar obras cientficas, tcnicas e culturais, de nvel universitrio". Suas edies so financiadas com recursos prprios, resultantes da venda das obras publicadas, os quais formam um fundo rotativo, nos termos da referida lei.

Ttulo original: Wirtschaft und Gesellschaft: Grundriss der verstehenden Soziologie J. C B. Mohr (Paul Siebedc) Tubingen 1972 Direitos exclusivos para edio em lngua portuguesa adquiridos pela Editora Universidade de Braslia Caixa Postal 04551 70919 Braslia, DF Preparao e editorao de originais: Maria Carolina Arajo e Mifcue Morissawa Reviso de provas: Mauro Caixeta de Deus e Teresa Cristina Brando Superviso grfica: Antnio Badsta Filho e Elmano Rodrigues Pinheiro Capa: Luiz Eduardo Resende de Brito

Em memria de minha me Helena Weber (nascida Fallenstein) 1844 1919

ISBN 85-230-0314-2 Dados internacionais de catalogao na publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Weber, Max, 1864-1920. Economia e sociedade : fundamentos da sociologia compreensiva / Max Weber ; traduo de Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa ; reviso tcnica de Gabriel Cohn. Braslia, DF : Editora Universidade de Braslia, 1991. Traduo da quinta edio revista, anotada e organizada por Johannes Winckelmana ISBN: 85-230-0314-2 1. Economia 2. Sociedade I. Winckemann, Johannes, II. Ttulo. 91-1205 CDD-330 -301 ndices para catlogo sistemtico: 1. Economia 330 2. Sociedade: Sociologia 301

Captulo I

CONCEITOS SOCIOLGICOS FUNDAMENTAIS

Neta preliminar. O mtodo destas definies conceituais introdutrias, dificilmente dispensveis mas que inevitavelmente parecem abstratas e estranhas realidade, no pretende de modo algum ser algo novo. Ao contrrio, apenas deseja formular de maneira mais adequada e um pouco mais correia (o que Justamente por isso talvez parea pedante) aquilo que toda. Sociologia emprica de fato quer dizer quando fala das mesmas coisas. Isto se aplica tambm ao emprego de expresses aparentemente no habituais ou novas. Em comparao com o artigo "Ober einige Kategorien der vrstehenden Soziologie" ["Sobre algumas categorias da Sociologia Compreensiva"! em Logos IV (1913, p. 253 e seg. [Gesammdte AufsS&e zur Wissenschafislehre, terceira ed, p. 427 e seg. ]), a terminologia foi oportunamente simplificada e, portanto, modificada efn vrios pontos para ser mais compreensvel. Claro que a exigncia de popularizao incondicional nem sempre seria compatvel com a mxima preciso conceituai, havendo a primeira de ceder a ltima. Sobre o conceito de "compreenso", compare AUgenteine Psychopatologie, de K. Jaspers (algumas observaes de Rickert, na segunda edio de Grettzen der taninrissenschaftiichen Begrtfssbidung (1913, p 514-523], e particularmente de Simrad em Problcfoco der Gesetoichts- philosophie, tambm se referem a este conceito) Quanto metodologia, remeto aqui, como | o fiz diversas vezes, as exposies de F. Gottl, no escrito Dte Hensdiaft ds VPorts, ainda que esta obra esteja escrita em estilo difcil e nem sempre alcance estruturar completamente o pensamento. Quanto matria, refiro-me sobretudo bela obra de F. Tonnies, Gcmtnschfi und Gesdlsdofc; alm disso, ao livro fortemente desorientador de R. Stammkr, Wktschaft und Redit MC* der matcralistchen Gesdikfusauffssung, e a minha critica a este, em Archir fr Sozialwssenschaft XXIV (1907, (GesammeJte AufsStze zur Wssenscnafts/e/re, terceira edio, p 291 e seg. ]), a qual | contm, em grande parte, c fundamentos do que segue. Da metodolegia de Simmd (na 5ozfoJcgfe e na Philosophie ds Gddes) distando-me ao diferenciar logo o "sentido" visado do "sentido" objetivamente vlido, que de no apenas deixa de distinguir como propositadamente permite que se confundam amide. 1. Sociologia (no sentido aqui entendido desta palavra empregada com tantos significados diversos) significa: uma cincia que pretende compreender interprtativamente a ao social e assim explic-la causalmente em seu curso,e em seus efeitos. Por "aco" entende-se, neste caso, um comportamento humano (tanto faz tratar-se de um fazer externo ou interno, de omitir ou permitir) sempre que e na medida em que o agente ou os agentes o relacionem com um sentido subjetivo. Ao "sodal", por sua vez, significa uma ao que, quanto a seu sentido visado pelo agente ou os agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso- //

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possibilidade de que a investigao futura descubra regular idades no suscetveis de compresso em comportamentos especficos dotados de sentido, por menos que isto tenha acontecido at agora Diferenas na herana biolgica (das "raas"), por exemplo, teriam de ser aceitas pela Sodologia como dados desde que e na medida em que se pudessem apresentar provas estatsticas concludentes de sua influncia sobre o modo de comportamento sodologicamente relevante espedalmenie, portanto, sobre o modo como se d na o social a referncia ao seu sao/do , do mesmo modo que a Sociologia aceita fatos fisiolgicos do tipo da necessidade e alimentao ou dos efeitos da velhice sobre as aes. E o reconhecimento de seu significado causal nada alteraria, naturalmente, nas tarefas da Sociologia (e das cincias que se ocupam cortina ao, em geral) compreender interpretauvamente as aes orientadas por um sentido. Ela se^Hrnitara a inserir, em determinados pontos de suas conexes de motivos, interpretveis de maneirXcompreensvel, fatos no suscetveis de compreenso (por exemplo, relaes tpicas de frequncia entre determinadas finalidades das aes ou do grau de sua radonalidade tpica e o ndice craniano ou a cor da pele ou quaisquer outras qualidades fisiolgicas hereditrias), o que j hoje enrdia ocorre nesta rea (ver acima) 5. Compreenso pode significar 1) compreenso atual do sentido visado de uma ao (indusive de uma manifestao) "Compreendemos", por exemplo, de maneira atual, o sentido da proposio 2 x 2 = 4 que ouvimos ou lemos (compreenso racional atual de pensamentos), ou um ataque de clera que se maniresta na expresso do rosto, interjeies e movimentos irracionais (compreenso irracional atuabde afetos) ou o comportamento de um lenhador ou de algum que pe a mo na maaneta para fechar a porta ou que aponta com o fuzil para um animal (compreenso racional atual de aes) Mas, compreenso pode significar tambm: 2)compreensioexp//C3CfVii: ''cornpreendemos'vpefcs moiras, que sentido tem em mente aquele que pronuncia ou escreve a proposio 2 x 2 =M, para faz-lo precisamente nesse momento e nessa situao, quando o vemos ocupado com um Mlculo comercial, uma demonstrao cientfica, um clculo tcnico ou outra ao a cuja conexo ^jertence" aquela proposio pelo sentido que nos atribumos a ela, quer dizer, a proposio adquirsuma conexo de sentido compreensvel para ns (compreenso racional de motivao) Compreendemos as aes de tirar lenha ou de apontar com o fuzil no apenas de maneira atual, mas tambm pelos motivos, quando sabemos. que o lenhador executa essa ao para ganhar um salrio ou para consumo prprio ou para recrear-se (racional), ou ento "porque descarregou uma excitao" (irracional), ou quando um inimigo (racional), ou por vingana (de maneira afetiva, e nesttrsentido, irracional) Finalmente, compreendemos, pelos motivos, a clera, quando sabemos que iorigem dela o dome, a vaidade oferkBda ou a honra ferida (ao afetivamente condicionada; portanto, irracional pelos motivos) Todas estas so conexes de sentfdacompreensfveis, cuja compreenso consideramos uma eapllca&o do curso efetivo da ao. "Explicao" significa, portanto, pira uma cincia ocupada com o sentido da aco, algo como: apreenso da conexo de sentido aNque pertence uma *io compreensvel de maneira atual, segundo seu sentido subjetivamente vado (sobre o significado causal desta "explicao" ver item 6) Em todos estes casos, indukJos os processos afetiyos designaremos o sentido subjedvo do evento e tambm o da conexo-de sentido corno , "visado" (ultrapassando assim ouso habitual que fala de "visar", neste sentido, somente do_sejrata de aes radonajs ejnteitonalmente orientadas por um flmj.__^ - 6. "Compreenso^ significa em todos estes casos; apreenso interpretativa do sentido ou da conexo de sentido: a) efetivamente visado no caso individual (na considerao histrica), ou 6) visado em mdia e aproximadamente (na considerao sociolgica em massa), ou c) o sentido ou conexo de sentido a ser construdo cientificamente (como "ideal-tpico") para o tipo puro (tipo ideal) de um fenmeno frequente. Construes ideal-tpicas desta classe so, por exemplo, os conceitos e as "leis" estabelecidos pela teoria pura da economia. Expem como se desenrolaria uma ao humana de determinado carter se estivesse orientada pelo fim de maneira estritamente racional, sem perturbao por erros e afetos, e se, alm disso, estivesse orientada exclusiva e inequivocamente por um nico fim (o econmico) A ao real decorre apenas em raros casos (Bolsa) mesmo ento s aproximadamente, tal como foi construda no tipo ideal. (Sobre a finalidade de tais construes ver [meu artigo em] Archiv fr Sozialwissenschaft, XIX, p. 64eseg- [Gesammelte Aufsatze zur Wissensdiaffsiehre, p. 190 e seg. J e abaixo tpico 11.

Toda interpretao pretende alcanar evidncia (tpico 3) Mas nenhuma interpretao, por mais evidente que seja quanto ao sentido: pode pretender, como tal e em virtude desse carter de evidncia, ser tambm a interpretao causal vlida. Em si, nada mais do que uma hiptese causal de evidncia particular, a) Em muitos casos, supostos "motivos" e "represses" (isto , desde logo, motivos no reconhecidos) ocultam ao prprio agente o nexo real da orientao de sua ao, de modo que tambm seus prprios testemunhos subjetivamente sinceros tm valor apenas relativo. Neste caso, cabe Sociologia a tarefa de averiguar essa conexo e fix-la pela interpretao, ainda que no tenha sido elevada conscincia, ou, o que se aplica maioria dos casos, no o tenha sido plenamente, como conexo "visada" concretamente: um caso-limite da interpretao do sentido, b} manifestaes externas da ao que consideramos " iguais" ou "parecidas" podem basear-se em conexes de sentido bem diversas para o respectivo agente ou agentes; e "compreendemos" tambm aes extremamente divergentes, ou at opostas quanto ao sentido, em face de situaes que consideramos "idnticas" entre si (exemplos na obra de Simmel, Die Probieme der Geschiditsphilosoptiie). c) Diante das situaes dadas, os agentes humanos ativs esto frequentemente expostos a impulsos contrrios quese antagonizam, todos eles "compreensveis" para ns. Mas, seja qual for a intensidade relativa com que costumam se manifestar as diversas referncias ao sentido envolvidas na "luta dos motivos" igualmente compreensveis para ns, algo que, em regra e segundo toda a experincia, no se pode avaliar seguramente e, em grande nmero de casos, nem aproximadamente. Somente o resultado efetivo da luta dos motivos nos esclarece a esse respeito. Como em toda hiptese, imprescindvel, portanto, o controle da interpretao compreensiva do sentido, pelo resultado no curso efetivo da ao. Esse controle s pode ser alcanado, com preciso relativa, nos casos especialmente adequados a este fim e infelizmente raros de experincias psicolgicas. Tambm por meio da estatstica, mas apenas em grau muito variado de aproximao, nos casos (igualmente limitados) de fenmenos em massa de natureza enumervel e inequvoca quanto a sua imputabilidade. De resto, h apenas a possibilidade de comparar o maior nmero passvel de processos da vida histrica ou cotidiana que sejam quase idnticos mas que difiram num nico ponto decisivo: o ''motivo" ou "impulso" a ser examinado cada vez com respeito a sua significao prtica. Isto constitui uma tarefa importante da Sociologia comparada. Em muitos casos, entretanto, s resta o meio inseguro da "experincia ideal", quer dizer, a eliminao imaginada de certos / componentes da cadeia de motivos e a construo do desenvolvimento ento provvel da ao, // para alcanar umajmputao causal ___ r1* " // X cnaniTTei de Gresham", por exemplo, uma interpretao racionalmente evidente/ humana em condies dadas e sob o-pressuposto ideal-tpico de uma aco-tfntada objetivo, de maneira puramente radonal. At que ponto a ao rjea^torresponde a essa leiSSima coisa que somente pode ensinar-nos a experincia (expressvel, a princpio, em alguma formX^statstica") sobre o desaparecimento efetivo da drcuUao das dasses de moedas que a regulamentao monetria fixa abaixo de seu valor; essa experincia comprova, de fato, a validade muito amplaida lei. Na verdade, o curso do conhecimento foi este: primeiro existiram as observaes empricssC em seguida foi formulada 'interpretao. Sem esta interpretao bem-sucedida, nossa pretenso causalidade permaneceria evidentemente insatisfeita. Mas, por outro lado, sem a prova de qeodesenrolar idealmente construdo do comportamento se realiza em alguma medida na prtica, essenpp^de lei, por mais evidente que seja, seria uma construo Io real. Neste exemplo, concludente a concordncia entre adequao de sentido e prova emprica^? h nmero suficiente de casos para considerar a prova suficientemente segura. A brilhante hipese de Eduard Meyer sobre a importncia causal das batalhas de Maratona, Salamina e Plateia para o desenvolvimento peculiar da cultura helnica (e, com isso, da ocidental) hiptese exptorvel quanto ao sentido e apoiada em processos sintomticos (atitudes dos orculos e profetas helnicos pra com os persas) apenas pode ser fortalecida pela prova obtida dos exemplos do comportamento dos persas nos casos de vitria (Jerusalm, Egito, sia Menor) e, portanto, tem de permanecer necessariamente incompleta em muitos aspectos. A considervel evidnda radonal da hiptese forosamente serve de apoio nesse ponto. Mas, em muitos casos de imputao histrica muito evidente na aparncia, no h possibilidade alguma de uma prova desse tipo Em consequncia, a imputao permanece definiiivamente "hiptese"

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coes, e que so compreensveis a partir de motivos tpicos e do sentido tpico visado pelos agentes. So compreensveis e inequvocas, em grau mximo, quando o curso tpico observado baseia-se em motivos racionais orientados por fins (ou quando, por razes de convenincia, estes so tomados como base do tipo metodicamente construdo) e quando a relao entre meto e fim, segundo a experincia, inequvoca (no caso do meio "inevitvel") Nesse caso admissvel a afirmao de que, se se agisse de maneira rigorosamente racional, ter-se-ia de agir necessariamente dessa maneira e de nenhuma outra (pois os agentes, no servio de seus fins inequivocamente definidos, dispem, por razes "tcnicas", apenas desses meios e de nenhum* outro) Mas precisamente esse caso mostra, por outro lado, como errneo considerar como fundamento "ltimo" da Sociologia Compreensiva alguma "psicologia". Por "psicologia" cada qual entende, hoje em dia, coisa diferente. Determinados fins metodolgicos, no caso de umXratamento de certos processos na base das cincias naturais, justificam a separao entre o "fsico" e o "psquico", coisa que, neste sentido, estranha a disciplinas que se ocupam com a aao. Os resultados de uma cincia psicolgica que unicamente investiga o "psquico", no senjfdo da metodologia das cincias naturais e com os meios prprios a estas dncias, e, portanto, no/se ocupa o que uma coisa completamente diferente da Interpretao do comportamento humano quanto a seu sentido, quaisquer que sejam seus mtodos, podem, Haturalmente, bem como os de qualquer outra cincia, ser importantes, no caso concreto, para a investigao sociolgica e, em muitos casos, o so em alto grau. Mas, em termos gerais, as relaes que a Sociologia tem com a Psicologia no so mais ntimas do que as que tenvcm todas as outras dncias. O erro est no conceito do "psquico": tudo o que no "fsico" seria "psquico". Mas, certarmente, no coisa "psquica" o sentido de um exemplo aritmtico que algum tenha em mente. .A considerao racional de uma pessoa sobre se determinada ao proveitosa ou no para -determinados interesses ciados, em vista das consequncias'a serem esperadas, e a deciso resultante so coisas cuja compreenso nem por um fio facilitada/por consideraes psicolgicas. - Mas precisamente em tais pressupostos racionais que Sociologia (indufcla a Economia) fundamenta a maioria de suas "eis". Na explicao sociologica/dos aspectos irracionais das aes, -ao contrrio, a Psicologia Compreensiva pode prestar, sera dvida, servios de importncia decisiva. Mas isto em nada altera a situao metodolgica fundamental. li! A Sociologia constri o que j foi pressuposto vrias vezes como bvio conceitos de tipos e procura regras gerais dos acontecimentos. Nisso contrape-se Histria, que busca a anlise e imputao causa! d aes, formaes e personalidades individuais culturalmente importantes- A concttuao da Sociologia encontra seu material, como casos exemplares e essencialmente, ainda que no de modo exclusivo, rias realidades da ao consideradas tambm relevantes do ponto de vista da Histria. Fornia seus conceitos e procura suas regras sobretudo tambm levando em tonta se, com Jsio, pode prestar um servio imputao causal histrica dos fenmenos culturalmente importantes Coma em toda cincia generalizadora, seus conceitos, devido a peculiaridade de suas abstraes, tm de ser relativamente vazios quanto ao contedo, diante da histrica realidade concreta, O que pode oferecer, em compensao, a maior univocidade dos conceitos. Alcana-se esta' maior urUvoddade pelo timo possvel de adequao de sentido, tal como o pretende toda a conceituao sociolgica. Esta adequao pode ser alcanada em sua forma mais plena no caio de conceitos e regras racionais (orientados por valores ou por fins) Mas a Sociologia procura .tambm exprimir fenmenos irracionais (msticos, profticos, nspiradonais, afetfvos) em conceitos tericos e adequados por seu sentido. Em todos os casos, racionais'como irracionais, ela se distancia da realidade, servindo para o conhecimento desta da forma seguinte mediante a indicao do grau de aproximao de um fenmeno histrico a um ou vrios desses conceitos torn-se possvel classific-lo [quanto ao tipo]. O mesmo fenmeno histrico, por exemplo, pode ter, numa parte de seus componentes, carter "feudal", noutra pane, carter "patrimonial", numa terceira, "burocrtico" e, numa quarta, "carismtico". Para que com estas palavras ,se exprima algo unvoco, a Sodologia, por sua vez, deve delinear tipos "puros" ('ideais") dessas configuraes, os quais mostram em si a unidade consequente de uma adeduao de sentido mais plena possvel, mas que, precisamente por isso, talvez sejam to pouco -frequentes na realidade quanto uma reao fsica calculada sob o pressuposto de um espao absolutamente vazio. Somente desta maneira, partindo do tipo puro ("ideal") pode realizar-e unia casustica sociolgica. bvio que, alm disso, a Sodologia tambm utiliza even-

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tualmente o tipo mdio, do gnero dos tipos emprico-estatsticos: construo que no jequer especial esclarecimento metodolgico. Mas quando ela fala de casos "tpicos", refere-se sempre ao tipo ideal. Este, por sua vez, pode ser racional ou irracional, ainda que na maioria jdos casos seja radonal (sempre, por exemplo, na teoria econmica)e em todo caso se construa cdfn adequao de sentido. / Deve-se compreender claramente que, no domnio da Sodologia, somenr&se podem construir "mdias" e, portanto, "tipos mdios" com alguma univocidade quando se tata de diferenas de grau entre aes qualitativamente iguais, determinadas por um sentido/Existem tais casos. Na maioria das vezes, porm, as aes histrica ou sodologicamente relevantes esto infhiendadas por motivos qualitativamente heterogneos, entre os quais noseeode obter uma "mdia" propriamente dita. As construes tpico-ideais da ao social feitas pla teoria econmica, por exemplo, so, portanto, "estranhas realidade" no sentido de que' neste caso costumam perguntar: como se agiria no caso ideal de uma radonalidade/purameme orientada por um fim, o econmico, para poder compreender a ao real detereninada tambm, pelo menos em parte, por inibies ligadas tradio, por elementos afetjyos, por erros, por consideraes e propsitos no-econmicos, \)na medida em que realmente esteve co-determinada por motivos racionais econmicos, no caso concreto, ou costuma s-lo no caso mdio, 2) mas tambm para fadlitar o conhecimento de seus motivos reajs precisamente mediante a distncia entre seu curso real e o tpico-ideal? O mesmo aplica-se a uma constno tpico-ideal de uma atitude de rejeio do mundo consequente, mistcamente condicionada', perante a vida {por exemplo, em face da poltica e da economia) Quanto mais ntida e inequivocamente se construam esses tipos ideais, quanto mais alheios do mundo estejam, neste ssntido, tanto melhor prestaro seu servio, terminolgica, classificatria, bem como heuristicamente. Na prtica, no procede de outra forma a imputao causal concreta que a Histria fas de acontecimentos isolados, quando, por exemplo, para expcar o desenvolvimento da campanha militar de 1866, pe-se (nico procedimento possvel) a averiguar primeiro (teoricamente) tanto para Moltke quanto para Benedek, como cada um dos dois, reconhecendo plenamente a prpria situao e a do inimigo, teria agido no caso de absoluta raciona!idade orientada/pelos fins, para comparar o resultado com as aes reais e ento explicar causalmente a diferena observada (condicionada talvez por falsas informaes, erros, conduses errneas, temperamento pessoal ou consideraes no-estratgkas) Tambm neste caso se emprega (de modo latente) uma construo racional tipico-ideal. Mas os conceitos construtivos da Sodologia so dpico-ideais no apenas externa como lambem internamente. A jto real sucede, na maioria dos casos, em surda semiconsdncia ou inconscincia de seu/'sentido visado". O agente mais o "sente", de forma indeterminada, do que o sabe ou tem Aclara ideia" dele; na maioria dos casos, age instintiva ou habitualmente. Apenas ocastonalmene e, no caso de aes anlogas em massa, muitas vezes s em poucos indivduos, deva-se*? conscincia um sentido (seja racional, seja irracional) da ao. Uma ao determinada pelosentido efetivamente, isto , claramente e com plena conscincia, na realidade apenas um casoyUmite. Toda considerao histrica e sociolgica tem de ter em conta esse fato ao analisar a realidade. Mas isto no deve impedir que a Sodologia construa seus conceitos mediante a joassificao do possvel "sentido subjetivo", isto , como se a ao, seu decorrer real, se orientasse conscientemente por um sentido. Sempre que se trata da considerao da realidaw concreta, tem de ter em conta a distncia entre esta e a construo hipottica, averinatureza e a medida desta distancia. que metodologicamente se est muitas vezes perante a escolha entre termos imprecisos ou precisos Mas, quando precisos, sero irreais e "tpico-ideais". Neste caso, porm, os ltimos / so cientificamente preferveis. (Veja sobre tudo isto [o ensaio sobre a objetvidade nas cincias Mco 6]). sodais (N.T.)] ArchJv fur Sozialwissenschaft,^XSr

II. Conceito de ao soda1. A ao social (Incluindo omisso ou tolerncia) orienta-se pelo comportamento de outros, se|a este passado, presente ou esperado como futuro (vingana por ataques anteriores, defesa coqtn ataques presentes ou'medidas de defesa para enfrentar ataques futuros) Os "outros"

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podem ser indivduos e conhecidos ou uma multiplicidade indeterminada de rjessoasj2XBpieGr"~ mente desconhecidas ("dinheiro", por exemplo, significalumbejjulestlfiBtkrTrcrque o agente aceita no ato de troca, pontue sua a^o^t^jOEiefttao^rpTa^ectauva de que muitos outros, porm desconhecidos e emjiinercrffi35rrninack), estaro dispostos a aceit-lo tambm, por sua pane, nurnjuadetrca futuro) Smtodo tipo de aio tambm de ao externa "ao social" no sentido aqui adoado. A ao externa, por exemplo, no o, quando se orienta exclusivamente pela expectativa de determinado comportamento de objetos materiais. O comportamento interno 50 ao social quando se orienta pelas aes de outros. No o , por exemplo, o comportamento religioso, quando nada mais do que contemplao, orao solitria etc. A atividade econmica (de.um indivduo) unicamente o na medida em que tambm leva em considerao o comportamento de terceiros. De maneira muito geral e formal isso j acontece, portanto, quando ela tem em vista a aceitao por terceiros do prprio poder efetivo de disposio sobre bens econmicos. De um ponto de vista material; quando, por exemplo, durante o consumo, tambm leva em considerao os futuros desejos de terceiros, orientando por estes, entre outros fatores, as prprias medida para "poupar". Ou quando, na produo, faz dos futuros desejos de terceiros a base de sua prpria orientao etc. 3. Nem todo tipo de contato entre pessoas tem carter social, seno apenas um comportamento que, quanto ao sentido, se orienta pelo comportamento de outra pessoa. Um choque entre dois ciclistas, por exemplo, um simples acontecimento do mesmo carter de um fenmeno natural Ao contrrio, j constituiriam "aes sociais" as tentativas de desvio de ambos e o xingamento ou a pancadaria ou a discusso pacfica aps o choque. 4. A ao social no idntica a) nem a uma ao homognea de vrias pessoas, b) nem a qualquer ao influenciada pelo comportamento de outras, a) Quando na rua, ao comear uma chuva, muitas pessoas abrem ao mesmo tempo os guarda-chuvas, a ao de cada um (normalmente) no est orientada pela ao dos outros, mas a ao de iodos orienta-se, .de maneira homognea, pela necessidade de proteo contra a gua. b) sabido que a ao do indivduo est fonemente influenciada pelo simples fato de ele se encontrar dentro de uma "massa" aglomerada em determinado local (objeto das investigaes da "psicologia das massas", maneira, por exemplo, dos estudos de L Bon) ao condicionada pela massa. E massas dispersas, tambm, ao influrem sobre o indivduo (por exemplo, por intermdio da imprensa), por meio de aes simultneas ou sucessivas de muitos, percebidas como tais, podem tomar a ao do indivduo condicionada pela massa. Determinados tipos de reaes so facilitados ou dificultados pelo simples fato de o indivduo se sentir parte de uma "massa"'. Por conseguinte, determinado acomecimento ou comportamento humano pode provocar os mais diversos tipos de sentimentos: alegria, clera, entusiasmo, desespero ou paixes de (odas as espcies, os quais no sucederiam (ou no to facilmente) no indivduo isolado, como consequncia sem que exista, entretanto (pelo menos na maioria dos casos X uma relao de sentido entre o comportamento do indivduo e o fato de ele fazer pane de uma massa. Uma ao que, em seu curso, se determina ou se co-determina. de maneira apenas reativa, pelo simples fato de haver uma situao de "massa", sem que haja uma relao de sentido com essa situao, no seria "ao social" no sentido aqui adotado do termo. A distino, entretanto, naturalmente muito fluida. Pois no apenas na pessoa do demagogo, por exemplo, mas tambm na massa do pblico pode existir, em grau diferente e suscetvel a diversas interpretaes, uma relao de sentido com a situao de "massa", Alm disso, a simples "imitao" da ao de outra pessoa (cuja importncia, com toda a razo, foi ressaltada por G. Tarde) no pode ser considerada uma ao especificamente "social" quando puramente reativa, sem orientao da ao prpria pela alheia quanto ao sentido. Neste caso o limite to fluido que muitas vezes a distino parece impossvel Mas o simples fato de algum adorar para si determinado comportamento observado em outras pessoas e que lhe parece conveniente para seu fins no ao social em nosso sentido. Pois nesse caso o agente no orienta sua ao pelo comportamento de outros, mas, a observao desse comportamento permitiu-lhe conhecer determinadas probabilidades objetivas, e por estas que orienta sua ao Sua ao est determinada causalmenie pela de outra pessoa e no pelo sentido inerente quela. Quando, aocontrrio, se imita, por exemplo, um componamento alheio porque est "na moda", porque considerado tradicional, exemplar ou "distinto" com respeito a determinada classe

social, ou por outros motivos semelhantes, ento existe uma relao de sentido seja referente ao comportamento da pessoa imitada, de terceiros ou de ambos. Entre esses casos h, naturalmente, transies. Ambos o condicionamento pela massa e a imitao so fluidos e representam casos-limite da ao social que frequentemente encontraremos, por exemplo, ao examinar a ao tradicional ( 2) A causa da fluidez, nesses, bem como em vrios outros casos, est em que a orientao pelo comportamento alheio e o sentido da ao prpria nem sempre podem ser verificados claramente, nem sempre so conscientes e ainda mais raramente so completamente conscientes- Por isso nem sempre possvel distinguir, com toda ceneza, a mera "influncia" da "orientao" pelo sentido. Mas podem ser separadas conceirualmente, ainda que, naturalmente, a imitao puramente "reativa" tenha sotiologicamente pelo menos o mesmo alcance daquela imitao que representa uma "ao social" propriamente dita. que de modo algum a Sociologia tem que ver somente com a "ao scia!", mas esta constitui (para o gnero de Sociologia de que aqui se trata) o fato central, o fato que, para ela, como cincia, , por assim dizer, o elemento constitutivo. Mas com isto nada se afirma a respeito da importncia deste em relao a outros fatos.

2. A ao social, como toda ao, pode ser determinada: 1) de modo racional referente a fins-, por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas, utilizando essas expectativas como "condies" ou "meios" para alcanar fins prprios, ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso; 2) de modo radonal referente a valores-, pela crena consciente no valor tico, esttico, religioso ou qualcjuer que seja sua interpretao absoluto e inerente a determiriado comportamento como tal, independentemente do resultado; tydemodo afetivo, especialmente emocional: por afetos ou estados emocionais atuais; 4)demodotradJdo- // nal: por oostume arraigado. //\1.0 comportamento estritamente tradicionaldo mesmo modo que a imitao puramente reativa^eja o anterior) ericontra-se por completo no limite e muitas vezes alm daquilo que se pode chamar, em geral, ao orientada "pelo sentido". Pois frequentemente no passa de uma reaJa^urda a estmulos habituais que decorre na direo da atitude arraigada. A grande maioria das aooscotidianas habituais aprotima-se desse tipo, que se indui na sistemtica no apenas como casoHmute mas tambm porque a vinculao ao habitual (voltaremos mais tarde a este assunto) podesr mantida consdentemente, em diversos graus e sentidos: nesse caso, esse tipo se aproxima a\do tpico 2. 2. O con^xjrtainentb^triiamenie afetivo est, do mesmo modo, no limite ou alm daquilo que ao consdentemente orientada "pelo sentido"; pode ser uma reaco desenfreada a um estimulo no-cot idiano. Trata - seie sublima co, quando a aio af etvamente condicionada aparece como descarga ronscemectoeaado emocional: nesse caso encontra-se geralmente (mas nem sempre) no .caminho para a "ractonaizaao" em termos valorativos ou para a ao referente a fins, ou para ambas. . 3. A ao afetiva e a ao racional referente a valores distinguem-se entre si pela elaborao consciente dos alvos ltimos da ao e pela orientao consequente e planejada com referncia a estes, no caso da ltima. Tm em comum que, panslas, o sentido da ao no est no resultado que a transcende, mas sim na prpria ao em sua peculiaridade. Age de maneira afetiva quem satisfaz sua necessidade atual de vingana, de gozo, de entrega, de felicidade contemplativa ou de descarga de afetos (seja de maneira bruta ou sublimadaV Age de maneira puramente racional referente a valores quem, sem considerar as consequncias previsveis, age a servio de sua convico sobre o que parecem ordenar-lhe o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas, a piedade ou a importncia de uma "causa" de qualquer natureza. Em todos os casos, a ao racional referente a valores (ho sentido de nossa terminologia) uma ao segundo "mandamentos" ou de acordo com "exigncias'' que oagente cr dirigidos a ele. Somente na medida em que a ao humana se orienta por'tais exigncias o que acontece em grau multo diverso, na maioria dos casos bastante modesto falaremos de radonalidade referente a valoresyCpAfeHne-weaiQ6,^ossui significao bastante para ser//

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MAXWEBER ao sentido, atitude do parceiro, que exista, portanto, "reciprocidade" nese sentido da palavra. "Amizade", "amor", "piedade", "fidelidade contratual", "sentimento de solidariedade nacional", de um lado, podem encontrar-se, do outro lado, com atividades completamente diferentes. Nesse caso, os participantes ligam a suas aes um sentido diverso: a relao , assim, por ambos os lados, objetivamente "unilateral". Mas mesmo nessas condies h reciprocidade, na medida em que o agente pressupe determinada atitude do parceiro perante a prpria pessoa (pressuposto talvez completa ou parcialmente errneo) e orienta por essa expectativa sua ao, o que pode ter, e na maioria das vezes ter, consequncias para o curso da ao e a forma da relao. Naturalmente, esta apenas objetivamente "bilateral" quando h "correspondncias" quanto ao contedo do sentido, segundo as expectativas mdias de cada um dos participantes. Por exemplo, quando, diante da atitude do pai, o filho mostra, pelo menos aproximadamente, a atitude que o pai (no caso concreto, em mdia ou tipicamente) espera. Uma relao social baseada plena e inteiramente, quanto ao sentido, em atitudes correspondentes por ambos os lados na realidade um caso-limite. Por outro lado, a ausncia da bilaieralidade somente exclui, segundo nossa terminologia, a existncia de uma "relao social" quando tenha essa consequncia: que falte de fato uma referncia reciproca das aes de ambas as partes. Transies de todas as espcies constituem aqui, como sempre na realidade, a regra e no a exceco. 4. Uma relao social pode ter um carter inteiramente transitrio, bem como implicar permanncia, isto , que exista a probabilidade da repetio contnua de um comportamento correspondente ao sentido (considerado como tal e, por isso, esperado) A "existncia" de uma relao social nada mais significa do que a presena dessa probabilidade, maior ou menor, de que ocorra uma ao correspondente ao sentido, o que sempre se deve ter em conta para evitar ideias falsas. A afirmao de que uma "amizade" ou um "Estado" existe ou existiu significa, portanto, pura e exclusivamente: nt(coiTTadc^es)iulgamoscpetouhouveaprotiafc/dacfc de que, por causa de determinada atitude de determinadas pessoas, se agir de determinada maneira indicvel, de acordo com um sentido visado em mdia, e mais nada (compare tpico 2) A.alternativa, inevitvel na considerao jurdica, de que uma disposio de direito com determinado sentido tenha ou no validade (em termos jurdicos) de que uma relao de direito ou bem existe ou deixa de existir, no se aplica, portanto, considerao sociolgica 5- O contedo do sentido de uma relao social pode mudar: numa relao poltica, por exemplo, a solidariedade pode transformar-se numa coliso de interesses. Neste caso, apenas uma questo de convenincia terminologia e do grau de continuidade na transformao dizer que se criou uma "nova" relao ou que a anterior continua com novo "contedo do sentido". Tambm possvel que esse contedo seja em parte perene, em parte varivel. - , . - 6. O contedo do sentido que constitui de maneira perene uma relao social pode ser expresso na forma de "mximas", cuja observao mdia ou aproximada os partidpanteseapenun do ou dos parceiros e pelas quais orientam (em mdia ou aproximadamente) suas prprias aes. Isto ocorre tanto mais quanto mais a ao, segundo seu carter geral, se oriente de maneira racional ; seja referente a fins, ou a valores. No caso de uma relao ertica ou afeiiva em geral (de piedade, por exemplo) a possibilidade de uma formulao racional do contedo do sentido visado naturalmente muito menor do que, por exemplo, no caso de uma relao contratual de negcios. . 7.0 contedo do sentido de uma relao social pode ser combinado por anuncia recproca. Isto significa que os participantes fazem promessas referentes a seu comportamento futuro (comportamento mtuo ou outro qualquer) Cada um dos partidpantes desde que pondere radonalmente = considera ento, em condies normais (e com diverso grau de certeza) que p outro orientar sua ao pelo sentido da promessa tal como de (o agente) a entende. Este orienta sua prpria ao de maneira racional, em pane referida a fins (com maior CAI menor "lealdade" ao sentido da promessa) em parte a valores, isto , no caso, ao dever de "observar", por sua vez, o acordo contrado segundo o seu sentido para ele. Isto em antecipao do assunto ao qual voltaremos nos 9 e 13

destacada como tipo especial, embora, de resto, no se pretenda dar aqui uma classificao completa dos tipos de ao. 4. Age de maneira racionai referente a fins quem orienta sua ao pelos fins, meios e consequncias secundrias, ponderando racionalmente tanto os metos em relao as conseqQncias secundrias, assim como os diferentes fins possveis entre si: isto , quem no age nem de modo afetivo (e particularmente no-emocional) nem de modo tradicional. A deciso entre fins e consequncias concorrentes e incompatveis, por sua vez, pode ser orientada racionalmente com referncia a valores: nesse caso, a ao s racional com referncia a fins no que se refere aos meios. Ou tambm o agente, sem orientao racional com referencia a valores, na forma de "mandamentos" ou "exigncias", pode simplesmente aceitar os fins concorrentes e incompatveis como necessidades subjetivamente dadas e coloc-los numa escala segundo sua urgncia conscientemente ponderada, orientando sua ao por essa escala, de modo que as necessidades possam ser satisfeitas nessa ordem estabelecida (princpio da "utilidade marginal") A orientao racional referente a valores pode, portanto, estar em relaes multo diversas com a orientao racional referente a fins. Do ponto de vista da radonalidade referente a fins, entretanto, a radonalidade referente a valores ter sempre carter irracional, e tanto mais quanto mais eleve o valor pelo qual se orienta a um valor absoluto; pois quanto mais considere o valor prprio da ao (atitude moral pura, beleza, bondade absoluta, cumprimento absoluto dos deveres) tanto menos refletir as consequncias dessa ao. Mas tambm a radonalidade absoluta referente a fins essencialmente um caso-limite constnido. 5. S muito raramente a ao, e particularmente a ao social, orienta-se exclusivamente de uma ou de outra destas maneiras. E, naturalmente, esses modos de orientao de modo i algum representam uma classificao completa de todos os tipos de orientao possveis, seno ^ tipos conceitualmente puros, criados para fins sociolgicos, dos quais a ao real se aproxima s mais ou menos ou dos quais ainda mais frequentemente ela se compe. Somente os resultados podem provar sua utilidade para nossos fins.

3. Por "relao" social entendemos o comportamento reciprocamente referido -~ quanto a seu contedo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta - por essa referncia. A relao social consiste, portanto, completa e exclusivamente na probabilidade de que se aja socialmente numa forma indicvel (pelo sentido), no importando, por enquanto, em que se baseia essa probabilidade. .1. Um mnimo de relacionamento recproco entre as aes de ambas as partes 6, portanto, a caracterstica conceituai O contedo pode ser o mais diverso: luta, inimizade, amor sexual, amizade, piedade, troca no mercado, "cumprimento" ou "contorno" ou "violao" de um acordo, "concorrncia" econmica, ertica ou de outro tipo, comunidade estamental, nacional ou de dasse (no caso de estas ltimas, alm de meras caractersticas comuns, produzirem "aes sociais" voltaremos a isso mais tarde) O conceito, portanto, nada diz a respeito de que exista "solidariedade" entre os agentes ou precisamente o contrrio. 2. Sempre se trata do sentido emprico visado pelos participantes no caso concreto, em mdia ou no tipo "puro" construdo, e nunca do sentido normativamente "correto" ou metafisicamente "verdadeiro". A relao social consiste exclusivamente, mesmo no caso das chamadas "formaes sodats" como "Estado", "Igreja", "cooperativa", "matrimnio" etc, na probabilidade de haver, no passado, no presente ou no futuro e de forma indicvel, aes reciprocamente referidas, quanto ao sentido. Deve-se sempre ter em conta isso, para evitar a "substancializao" desses conceitos. Um "Esub", por exemplo, deixa de "existir" sodologicamente to logo desaparea a probabilidade de haver determinados tipos de ao sodal orientados pelo sentido. Essa probabilidade pode ser muito grande ou extremamente pequena. No mesmo sentido e na mesma medida em que ela realmente (pelo que se estima) existiu ou existe, existiu ou existe tambm a respectiva relao social. No h outro sentido claro que se possa vincular afirmao de que, por exemplo, determinado "Estado" ainda "existe" ou deixou de "existir". 3. No se afirma de modo algum que, no caso concreto, os participantes da ao reciprocamente referida ponham o mesmo sentido na relao sodal ou se adaptem internamente, quanto

4. Podem ser observadas, na ao social, regularidades de fato, isto , o curso de uma ao repete-se sempre com o mesmo agente ou (s vezes simultaneamente)

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logia da dominao e do Direito^ durante longo tempo no foi aceita e permaneceu problemtica'' (ainda nos estamentos da Idade Mdia e at na poca atual, na obschtschina russa) / 2. Tambm os acordos formalmente "livres", como geralmente sabido, so muitas vetes, na realidade, impostos (assim, por exemplo, na obschtschinay Neste caso, para a Sociologia s importa a skuao efetiva. / 3- O conceito de "constituio" que aqui usamos tambm o empregado por/lassalle. No idntico ao da constituio "escrita" ou, em gerai, ao da constituio no sentido jurdico. O problema sociolgico unicamente este: quando, para quais assuntos e dentro de quais limites e eventualmente sob quais condies especiais (por exemplo, aprovao de deuses ou sacerdotes ou assentimento de corpos eleitorais etc.) os membros da associao se submetem ao dirigente e esto disposio dele o quadro administrativo e a ao associativa, no caso de ele "ordenar" alguma coisa, especialmente no caso de se tratar da imposio de ordens novas. 4. O tipo principal da "vigncia territorial" imposta est representado pelas normas penais e algumas outras "disposies jurdicas" em associaes polticas, que pressupem, para a aplicao da ordem, a presena, o nascimento, o local da ao, o lugar de pagamento etc. dentro do territrio da associao. (Compare o conceito de "corporao territorial" de Gierke e Preuss.) 14, Denominamos ordem administrativa uma orden/que regula a ao associativa. quela que regula outras aes sociais, garantindo aos agentes as possibilidades que provm dessa regulao, denominamos "ordem /eguladora". Uma associao orientada unicamente por ordens do primeiro tipo denomina-se "associao administrativa"; quando se orienta somente pelas ordens do ltimo tipo uma associao reguladora. / 1. evidente que a maioria das associaes ^jem tanto a primeira qualidade quanto a segunda; uma associao unicamente reguladora seria, por exemplo, um "Estado de direito" puro de um absoluto laissez faire, teoricamente imaginvel (o que faria supor, todavia, que a regulao do setor monetrio passasse'para as inos da economia privada) 2. Sobre o conceito de "ao associativa" veja 12, tpico 3. Oconceito de "ordem administrativa" indui rodas as normas que pretendenVvigncia para o comportamento tanto do quadro administrativo quanto dos membros "em relao associao", como se costuma dizer. Isto , pretendem vigncia para todos aqueles fins cOja realizao as ordens da associao procuram assegurar mediante determinadas zes planejavas e positivamente prescritas, a serem executadas pelo quadro administrativo e os demais memb/os. Numa organizao econmica absolutamente comunista isto-abrangeria quase todas as as sociais; num Estado de direito absoluto, por outro lado, apenas as aes dos juizes, da policia-los jurados e dos soldados, alm das atividades legislativas e eleitorais. Em geral mas nem sempre em particular a separao entre as ordens administrativa e reguladora coincide com/a separao entre o "direito pblico" e o "direito privado" numa associao poltica. (Pormenores na Sociologia do Direito [ l J.) 15. Denominamos anpresa uma ao contnua que persegue determinados fins, eassodaodeempresa uma relao associativa cujo quadroadministrtivo age continuamente com vista a deenninados fins. Denominamos unio uma associao baseada num acordo e cuja ordem estatuda s pretende vignda/para os membros que pessoalmente se associaram. Dnominamosins/ru/ao uma associao cuja ordem estatuda se impe, com (relativa) eficcia, a toda ao com determinadas caractersticas que tenha lugar dentro de determinado mbito de vigncia. 1. Sob oconceito de "empresa" inclui-se naturalmente tambm a realizao de atividades polticas e hierrgicas [de carter religioso (N. T.)], assuntos de uma unio etc., desde que apresentem a caracterstica da continuidade na persecuo de seus fins.

(segundo um plano) Ou, mais corretamente: uma associao, na medida em^que tenha ordens racionalmente estatudas, chama-se, em nossa terminologia,'' unio'' ou' 'instituio''. Uma'' instituio" sobretudo o prprio Estado junto com todas suas assodapslieterocfalas e desde que suas ordens estejam racionalmente estatudas a igreja. As^ordens de uma "instituio" pretendem vigncia para toda pessoa qual se apiicam determinadas caractersticas (nascimento, domiclio, utilizao de determinados servios^ sendo indiferente se pessoalmente se associou como no caso da unio ou no e, menos ainda-^e participou ou no na elaborao dos estatutos. So, portanto, ordens impostas, no sentiddespcfico da palavra. A instituio pode ser especialmente uma associao territorial ,' 3. A oposio entre unio e instituio^ relativa. As ordens de uma unio podem afetar os interesses de terceiros, e pode-se impo^a estes o reconhecimento da vigncia destas ordens, tanto por usurpao e arbitrariedade pofparte da unio quanto por ordens legalmente estatudas (por exemplo, o direito das sociedades por aes) 4. evidente que aos conceitos de "unio" e "instituio" no se pode subordinar, de maneira abrangente, a totalidade de todas as associaes imaginveis. Constituem apenas "plos'' opostos (como, por exemplo,'no domnio religioso, a "seita" e a "Igreja")

\. "Unio" e "instituii 1. O conceito de "poder" sociologicamente amorfo. Todas as qualidades imaginveis de uma pessoa e todas as espcies de constelaes possveis podem pr algum em condies de impor sua vontade, numa situao dada. Por isso, o conceito sociolgico de "dominao" deve ser mais preciso e s pode significar a probabilidade de encontrar obedincia aumajjftjgm. 2. O conceito de "disciplina" inclui o "treino" na obedincia em massa, sem crtica nem resistncia. A situao de dominao est ligada presena efetiva de algum mandando eficazmente em outros, mas no necessariamente existncia de um quadro administrativo nem de uma associao; porm certamente peio menos em todos os casos normais existncia de um dos dois. Temos uma associao de dominao na medida . em que seus membros, como tais, estejam submetidos a relaes de dominao, em virtude da ordem vigente. 1. O pai de famflia domina sem quadro administrativo. O chefe beduno, que levanta contribuies junto is caravanas, pessoas e bens que passam por sua fortaleza nas rochas, domina todas aquelas pessoas diversas e indeterminadas que no formam associao alguma, apoiando-se em seu squito, que, dado o caso, lhe serve como quadro administrativo para impor-se coativamente. (Teoricamente imaginvel seria tambm semelhante dominao por parte de um indivduo desprovido de quadro administrativo.) 2. Uma associao sempre, em algum grau, associao de dominao, em virtude da existncia de um quadro administrativo. S que o conceito relativo. A associao de dominao, como tal, normalmente tambm associao administrativa. A peculiaridade da associao determinada pela forma em que administrada, pelo carter do circulo de pessoas que exercem a administrao, pelos objetos administrados e pelo alcance que tem a dominao. As duas primeiras caractersticas, por sua vez, dependem principalmente do carater dos fundamentos de legitimidade da dominao (sobre estes, veja captulo III)

16. fix/ersgnificajgdap^robabilidadjdejmporaprpriaypntadenumajeJao social, mesmo contra resjsjjiiCsjuaQor o fundamento deaaj?robabiljdade. ~~fiominao a probabilidadeLdj^gncontrarjJBEecTa a uma ordem^tT determinado GntSo^tK dejejrminadasjaessoas indiciyejs; djsdpiina a probabilidade 3~encontrar obedincia pronta, automtica e esquemtica a uma ordem, entre uma pluralidade indicvgl de pessoas, em virtude de atividades treinadas.

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17 A uma associao de dominao denominamos.associao poltica , quando g^Sica^ a vignga dg suas TdenyBgiiro de determinado am garantidasLdejngttojominu me^nTe~aTna^^gjgcafsica porpagjjo g^adr^dnnniarauvp. uma empresa com carSter ca denominamos Estado, quando ~7iaine3TTem3ue seu quadro ^cofn^S^m^^^fflo^ano^a coao fsica paraTefizar ao social, VspciaTmmTcIe umV associao, e~"pitic3: mente orientada", quando e na medida em que tenha por fim a influncia da direco de uma associao poltica, particularmente a apropriao ou expropriao, a nova distribuio ou atribuio de poderes governamentais [de forma no violenta (veja tpico 2, no fim do pargrafo)]. Uma associao de dominao denomina-se associao hierocrtica quando e na medida era que se aplique coao psquica, concedendo-se ou recusando-se bens de salvao (coao hierocrtica) Uma empresa hierocrtica com carter de instituio denominada igreja quando e na medida em que seu quadro administrativo pretenda para si o monoplio da legtima coao hierocrtica.1. evidente que, para associaes polticas, a coao fsica no constitui o nico meio administrativo, tampouco o normal Na verdade, seus dirigentes servem-se de todos os meios possveis para alcanar seus fins. Entretanto, a ameaa e, eventualmente, a aplicao desta coao so seu meio especifico e constituem a ultima ratio sempre que falhem os demais meios. No so somente as associaes polticas que empregaram e empregam a coao fsica como meio legtimo. Fazem-no tambm o da, a comunidade domstica e outros grupos de pessoas; na Idade Mdia, em determinadas circunstncias, todos os autorizados a portar armas. Alm da circunstncia de que a coao fsica se aplica (pelo menos como u/n meio entre outros) para garantir a realizao de "ordens", a .associao gglitjcaestjambm caracterizada pejo fato .xJejiue pretende, rjargjiejennjnjdoje^^>;o, a dominao dFseu qudr_ajjmirustraiivesuas ordens, e^fiarantepOT meios oraUyos. Onde quer que essa caracterstica sepli que : a associaes "que empregam meios coativos por exemplo, comunidades de aldeia, comunidades domsticas, associaes corporativas ou de trabalhadores ("conselhos") , estas devem ser consideratlas, no que se refere a esre aspecto, associaes polticas, 2. N3qf pnftsvfLdqf"^ "ma flssodao poltica mesmo o "Estado" conuefernda aojra.de sua "ao da associao". Desde os cuidados do abastecimento de alimentos at' a proteo das artes no existe nenhum fim que as associaes polticas no tenham perseguido, em algum tempo, pelo menos ocasionalmente, e desde a garantia da segurana pessoal at a jurisdio, nenhum que tenham perseguido iodas as associaes. Por isso, o carter "poltico" de uma associaojdjxxte ser definido por aquele, meio is vezes elevado ao fim em si que n3o sua propriedade exclusiva, porm constituTum elemento especifico e indispensvel de seu carter: 3 coao fsica. Isso no corresponde exatamente ao uso corrente da linguagem; este intil para nossos fins na ausncia de maior preciso. Fala-se da "poltica de divisas" do banco estatal, da "poltica financeira" da direco de uma unio, da "poltica escolar" de um munidpio, referindo-se ao tratamento e conduo planejada de determinado assunto objelivo. De forma muito, mais caracterstica, separa-se o aspecto ou o alcance "poltico" de um assunto, o funcionrio "poltico", o jornal "poltico", a revoluo "poltica", a unio "poltica", o partido "poltico" e a consequncia "poltica" de outros aspectos ou caractersticas econmicos, culturais, religiosos etc das respectivas pessoas, coisas ou processos. Ao faz-Io, considera-se tudo aquilo que est ligado s relaes de dominao dentro da associao "poltica" (conforme costumamos dizer), isto , dentrodo Estado, e que pode produzir, impedir ou fomentar a manuteno ou a transformao ou a subverso dessas relaes, em oposio a pessoas, coisas e processos que nada tm a ver com isso. Tambm neste uso corrente da linguagem, procura-se, portanto, a caraaeristka comum no meio, na "dominao", isto , no modo como esta se exerce pelos poderes estatais, xdulndo-se o fim a que serve a dominao. PTsso, pode-se afirmar que a definio que nos serve de fundamento constitui apenas uma preciso do uso corrente

da linguagem, acentuando esta claramente o que de fato o elemento especfico: a coao fsica (efetiva ou eventual) Sem dvida, a linguagem corrente chama "associaes polticas" no apenas os prprios executores da coao fsica considerada legtima como tambm, por exemplo, partidos e clubes que buscam a influencia (tambm a expressamente no violenta) sobre as aes polticas das respectivas associaes Por nossa pane, separamos essa espcie de ao social, como ao "politicamente orientada", da ao "poltica" propriamente dita (da ao associativa, realizada pelas prprias associaes polticas, no sentido do } 12, tpico 3) 3. recomendvel definir o conceito de Estado em correspondncia com seu tipo moderno, uma vez que este, em seu pleno desenvolvimento, inteiramente moderno. Cabe, porm, abstrair de seus fins concretos e variveis, variabilidade que vivemos precisamente em nossa poca. A caracterstica formal do Estado atual a existncia de uma ordem administrativa e jurdica que pode ser modificada por meio de estatutos, pela qual se orienta o funcionamento da ao associativa realizada pelo quadro administrativo (tambm regulado atravs de estatuto) e que pretende vigncia no apenas para os membros da associao os quais pertencem a esta essencialmente por nascimento seno, tambm, de maneira abrangente, para toda ao que se realize no territrio dominado (portanto, maneira da instituio territoriai) caracterstica tambm a circunstncia de que hoje s existe coao fska "legtima", na medida em que a ordem estatal a permita ou prescreva (por exemplo, deixando ao chefe da famlia o "direito de castigo fsico", um resto do antigo poder legtimo, por direito prprio, do senhor da casa que se estendia at a disposio sobre a vida e a morte dos filhos e dos escravos) Esse carter monoplico do poder coativo do Estado uma caracterstica to essencial de sua situao atual quanto seu carter racional, de "instituio", e o contnuo, de "empresa". 4. Para o conceito de associao hierocrtica, a natureza dos bens de salvao prometidos deste mundo ou do outro, externos ou interno? , no pode ser caracterstica decisiva, mas apenas a circunstncia de que sua administrao pode constituir o fundamento da dominao espiritual de homens Para o conceito de "Igreja", ao contrrio, caracterstico, de acordo com o uso corrente (e adequado) da linguagem, o carter (relativamente) racional de instituio e de empresa que se manifesta na natureza de suas ordens e de seu quadro administrativo, e sua pretenso de dominao monoplica. De acordo com a tendncia normal da instituio eclesistica, esta se caracteriza por dominao territorial hierocrtica e articulao territorial (em parquias) sendo uma questo de cada caso particular a de quais sejam os meios adequados para dar fora a essa pretenso de monoplio. Mas historicamente o monoplio de dominao territorial no foi to essencial para a Igreja quanto para a associao poltica,'e hoje o muito menos ainda. O carter de "instituio" e especialmente a circunstncia de que j se "nascey dentro de uma Igreja a distingue da "seita", cuja caracterstica consiste em ser uma "unio" e em s aceitar como membros os religiosamente qualificados que pessoalmente se associam. (Os pormenores pertencem Sociologia da Religio.)