5 - o feudalismo economia e sociedade

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Pardia, parfrase & Cia. Affonso Romano de Sant'Anna Teoria do conto Ndia Battella Gotlib A personagem Beth Brait O foco narrativo Ligia Chiappini Moraes Leite A crnica Jorge de S Versos, sons, ritmos Norma Goldstein Erotismo e literatura Jesus Antonio Durigan Semntica Rodq.lf.o lIari & Joo Wandertev Geraldi A pesquisa sociolingstica Fernando Tarallo Pronncia do ingls norte-americano Martha Steinberg Rumos da literatura inglesa Maria Elisa Cevasco & Valter Lellis Siqueira Tcnicas , de comunicao escrita Izidoro Blikstein O carter social da fico do Brasil Fbio Lucas Best-seller: a literatura de mercado Muniz Sodr O signo Isaac Epstein A dana Miriam Garcia Mendes Linguagem e persuaso Adilson Citelli Para uma nova gramtica do portugus Mrio A. Perini A telenovela Samira Youssef Campedelli A poesia lrica Salete de Almeida Cara Perodos literrios Lgia Cademartori Informtica e sociedade Antnio Nicolau Youssef & Vicente Paz Fernandez

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HaIJ ......MonteiroDoutor em Histria pela USP Professor da Universidade de Braslia ~

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OFE ISMO: ECONOMIA E _.,g('tI"\'JIEDADEMartl". Fo"te.EdItora LIda.'

PAULO: Rua Dr. Vila Nova, 309 CEP 012222 - Tel.: (011) 2598836 Rua Conselheiro Ramalho, 330/340 CEP 01325 - Tel.: (011) 32-5136 SANTOS: Praa da Indapendncia, 12 CEP 11100 - Tel.: (0132) 34-3525 RIO DE JANBRO: Rua da AlfAndaga, 91-C CEP 20070 - Tel.: (021) 221-2823

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5A primeira idade feudal

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Georges Duby apresenta a situao demogrfica europia entre os sculos VI e IX e distingue trs etapas. A primeira vai dos sculos II e III at o VII e sua caracterstica o declnio da curva demogrfica. Aponta cmo razes: as invases, as guerras, a subnutrio e as epidemias, das quais a mais devastadora e longa foi a peste bubnica que se abateu sobre a Europa Ocidental no sculo VI. Por estimativas, chega a apresentar alguns ndices de densidade populacional: Glia, 5,5 hab.Zkm; Germnia, 2,2 e Inglaterra, 2.Neste vazio humano,

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o espao superabundante. Nestas ,I I

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condies, a base de uma fortuna no a posse do solo, mas o poder sobre os homens, sem dvida bastante miserveis, e sobre seus muito pobres utenslios de trabalho.

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As foras produtivas

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(DUBY,

1980"p. 17)

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Neste aspecto, o que caracteriza a primeira idade feudal o vazio demogrfico. Podemos notar momentos de subida da curva demogrfica, paralelamente ~ diminuio da taxa de mortalidade ou elevao da taxa de natalidade; entretanto, o que sobressai o espao despovoado ou pouco povoado. As matas so numerosas, tambm o so as charnecas e os baldios. Mesmo nas reas cultivadas, cerca de 50% da terra, fica em repouso, s vezes, por tempo demasiado longo, demonstrando no haver necessidade de explor-Ia com maior freqncia (BLOCH, 1979, p. 81).A seguir s grandes invases, as florestas conquistaram um campo notvel em detrimento das terras cultivadas, e no dispomos de garantias de que posteriormente tenham

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sofrido

um novo recuo(FOURQUIN,

srio

antes do fim do sculo X.

1981, p. 33)

A segunda etapa vai do sculo VII at o incio do sculo IX. a fase de elevao da curva demogrfica. 'Duby aponta como razes desse crescimento: a maior segurana (em decorrncia do estabelecimento dos carolngios frente dos francos ,e o subseqente domnio de grande parte da Europa Ocidental), a conteno das invases e o espaamento das epidemias. Para a regio' parisiense, ele apresenta ndices entre 26 e 35 hab.Zkm, bem elevados se compararmos o de 5,5 que apresenta para o sculo VI. Entretanto, no devemos esquecer que esses levantamentos populacionais referem-se s reas povoadas e que grande parte da Europa ainda no estava habitada. De qualquer modo, verifica-se que muitos mansi passam a ser explorados por duas ou trs famlias. Esta presso demogrfica provocou, por um lado, o incio de um processo migratrio e, por outro, uma tendncia subnutrio que contribuir para novamente aumentar a mortalidade no incio do sculo IX.

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Na terceira etapa, depois de um relativo declnio em meados do sculo IX, a curva demogrfica volta a subir, a partir de fins deste sculo, como resultado da ampliao das reas de cultivo e de progressos na tcnica agrcola. Em conseqncia, as taxas de natalidade se elevam, enquanto as de mortalidade caem, da os sculos X e XI serem caracterizados por grande aumento populacional.

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o nvelo

tcnico

adapta-se um jogo de rodas dianteiro que permite sulcos mais profundos. Expandem-se os moinhos a gua. A rotao torna-se trienal. O uso do ferro para instrumentos agrcolas se difunde. Descobre-se a importncia do adubo animal e o gado levado a pastar nas terras em pousio. A produtividade eleva-se, se bem que ainda possa ser considerada baixa, em relao aos nveis que se verificaro no sculo XI' (FOURQUIN, 1981, p. 39-43 e ANDERSON, 1983, p. 186).No sculo IX, inclusive antes, introduziu-se certo nmero de inovaes tcnicas nos mtodos produtivos que foram um grande avano sobre os mtodos da Antigidade Clssica.(RODNEY HILTON

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Imprio Romano, ao ser invadido, encontrava-se em franca decadncia, e os germanos invasores no trouxeram Europa romana nenhuma inovao tcnica significativa. Acrescente-se, por razo da prpria conquista, a "destruio de grande quantidade de foras produtivas" (MARX, 1977, p. 23). Alm do dec1nio demogrfico j citado, decai a indstria e o comrcio se restringe. As estradas deixam de ser cuidadas e o transporte torna-se difcil. Grandes extenses de terra que antes eram cultivadas so ocupadas por matas. Nesse quadro, QS homens tendem a dispersar-se pelos campos e preocupar-se em produzir para sua satisfao imediata. Produo de valor, de uso. Homens escassos e terra abundante. Os instrumentos de trabalho, nesse princpio da Alta Idade Mdia, so rudimentares. Duby (1980, p. 17-21) mostra que os trabalhos arqueolgicos no denunciaram a existncia de instrumentos de ferro. O arado, provavelmente, era de madeira e, no mximo, tinha a ponta revestida de metal. Sua fragilidade no permitia fazer sulcos profundos; conseqentemente, a produtividade era baixa, e o pousio, para regenerao da terra, uma necessidade. Normalmente, metade da terra de cultura ficava em descanso. Entretanto, entre o sculo VIII e o fim do sculo IX, h sensvel melhoria tcnica. O arado aperfeioado:

apud

AN'DERSON.

1983, p.

185)

A organizao

da produo

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Em decorrncia das invases, a economia tender pequena produo camponesa. A nfase deve ser dada a este ponto: no h desaparecimento do 'comrcio e da indstria (uso o termo em seu sentido lato, que indica: atividade de transformao setor secundrio); o que houve, de fato, que toda a economia tendeu produo de valor de uso. Comerciava-se o excedente, mas, mesmo assim, a curta distncia. Havia o comrcio do sal e o comrcio de artigos orientais, que podem ser caracterizados como de longa distncia, porm ambos no alteravam a direo da economia europia, ainda mais que o segundo era restrito, no sentido de que era dirigido para certos stios, como a corte papal, para a sede de algum importante prelado ou de algum nobre muito rico. Comrcio de artigos de luxo para poucos compradores.

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A economia voltou-se no s para a pequena produo camponesa, como teve seu centro de gravidade deslocado para a rea rural. "A Idade Mdia (perodo germnico) comea com o campo como cenrio da histria" (MARX, 1977, p. 74-5).

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A vil/a e o vicusNo campo, o microcosmo da economia, no perodo em questo, residia na villa e no vicus. A villa era a grande propriedade *, em mos da classe dominante leiga ou eclesistica (Documento n. 2, p. 27). O vicus era a aldeia de origem gaulesa e seus habitantes (a comunidade camponesa) cultivavam a terra de seus arredores, de forma coletiva ou na base da pequena propriedade independente (o aldio). No fica difcil imaginara importncia da relao entre a villa e. o vicus, principalmente como reduto (este ltimo) de mo-de-obra em potencial, numa poca em que a densidade demogrfica era muito baixa. O vicus atraa o interesse do dominus (o detentor da villa j tambm devido ao fato de que era mais fcil apoderar-se de suas terras j aradas do que desbravar os bosques, charnecas etc. Na regio entre o Loire e o Reno, as villae conviviam com numerosos vicio O que se observa entre os sculos VII e IX a tendncia ampliao da villa, desbravando novas reas, mas tambm incorporando o vicus, suas terras e seus habitantes. Essa incorporao/expropriao ocorreu de vrias maneiras: por meio da violncia da classe dominante e por meio da tendncia oposta de o campons independente _ amedrontado e ameaado pela "anarquia" que caracteri-

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zou, principalmente, o perodo merovngio - entregar sua terra ao dominus vizinho e receb-Ia de volta, em troca de proteo. A villa encontra-se, pois, em pleno processo de ascenso e tender a ocupar cada vez mais um relevante papel econmico e, posteriormente, poltico, quando evoluir em direo ao senhorio. A villa dividia-se em trs partes: o mansus indominicatus ( domnio ou reserva senhoriais); os mansi (as faixas dos camponeses) e a terra de uso comum (bosques, charnecas, baldios e pastagens).

o mansus indominicatusA parte da villa que ficava sob o controle direto do senhor ou, em alguns casos, de um administrador designado por ele, conhecida como mansus indominicatus ou, simplesmente, 'como domnio. Possua um conjunto de construes, geralmente fortificado, onde se situavam a residncia senhorial, as oficinas dos artesos, estbulo, cavalaria, um horto, um pomar etc. e, dependendo da poca, as acomodaes para os escravos. Nas oficinas, as atividades se distribuam entre fiao, tecelagem, marcenaria, metalurgia etc. A preocupao era depender o mnimo possvel de aquisies externas, para evitar gastar as poucas moedas e peas de ouro e prata acumuladas. Alm disso, h uma poro de terra, cultivada em parcelas ou no, cujo produto exclusivamente do senhor. Esta terra trabalhada por escravos (tendendo a diminuir no decorrer do tempo), por camponeses que devem a corvia (trabalho gratuito na terra senhorial) ou, em alguns casos, por trabalhadores eventuais contratados no vicus. A proporo desta parcela senhorial no conjunto da villa variava de um tero metade, porm com tendncia

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* Em verdade, o detentor de uma vil/a no tinha sua propriedade, mas sim a posse. (N.A.)

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