economia +aula+00

39
Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios Profa. Amanda Aires www.pontodosconcursos.com.br 1 Bom dia! Muitos de vocês, pelo Brasil afora, que iniciaram as preparações para os concursos públicos, certamente não me conhecem. Por isso, aproveito esse nosso encontro para fazer uma rápida apresentação: Meu nome é Amanda Aires. Sou economista pela Universität Zürich, na Suíça, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestra em Economia pela UFPE e, agora, estou no segundo ano do doutorado na mesma área. Além de estudar economia, também sou professora em alguns cursos preparatórios para concursos públicos e, assim, já trabalhei na preparação de alunos para as provas do Banco Central do Brasil, Polícia Federal e Secretarias da Fazenda estaduais. Atualmente, sou professora concursada pela Universidade Federal de Pernambuco e também ministro disciplinas de economia, matemática financeira, estatística e econometria em outras universidades e faculdades. O ponto comum dessas disciplinas é que elas são voltadas para alunos que não são estudantes de economia, ou seja, contadores, administradores, engenheiros, pedagogos, médicos. Acredito que esse seja um bom diferencial das aulas, pois agora estou acostumada a olhar o mundo como não-economista, o que facilita a comunicação entre mim e você, aluno. Por fim, ainda na área de concursos voltados para a área fiscal, escrevo livros de economia para não economistas, em parceria com colegas do doutorado, voltados para concursos públicos.

Upload: celestino-ngomane

Post on 29-Dec-2015

67 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

1

Bom dia!

Muitos de vocês, pelo Brasil afora, que iniciaram as preparações para os

concursos públicos, certamente não me conhecem. Por isso, aproveito

esse nosso encontro para fazer uma rápida apresentação: Meu nome é

Amanda Aires. Sou economista pela Universität Zürich, na Suíça, em

parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestra em

Economia pela UFPE e, agora, estou no segundo ano do doutorado na

mesma área.

Além de estudar economia, também sou professora em alguns cursos

preparatórios para concursos públicos e, assim, já trabalhei na

preparação de alunos para as provas do Banco Central do Brasil, Polícia

Federal e Secretarias da Fazenda estaduais.

Atualmente, sou professora concursada pela Universidade Federal de

Pernambuco e também ministro disciplinas de economia, matemática

financeira, estatística e econometria em outras universidades e

faculdades. O ponto comum dessas disciplinas é que elas são voltadas

para alunos que não são estudantes de economia, ou seja, contadores,

administradores, engenheiros, pedagogos, médicos. Acredito que esse

seja um bom diferencial das aulas, pois agora estou acostumada a olhar

o mundo como não-economista, o que facilita a comunicação entre

mim e você, aluno.

Por fim, ainda na área de concursos voltados para a área fiscal, escrevo

livros de economia para não economistas, em parceria com colegas do

doutorado, voltados para concursos públicos.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

2

Bem, terminada essa minha breve apresentação (acredito que agora

você me conheça um pouco mais), vamos falar sobre o que faremos,

juntos, no Ponto dos Concursos: Com a proximidade do Concurso para o

Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, esse curso busca orientar

você, concursando, a compreender melhor as questões de economia

que têm maior probabilidade de cair na prova, em se tratando de

FUMARC como banca avaliadora.

Mas vamos ao que interessa, não é? Como faremos esse estudo para

dissecar as provas da FUMARC? Fazendo diversos exercícios semelhantes

da banca! Ao estudar grupos de questões análogas, observaremos que

a Banca tem um perfil bastante similar entre as questões e, assim,

poderemos verificar o que há de comum entre elas. Observando, por fim,

o padrão de repetição e respostas.

Você observará ainda que as nossas aulas serão diferenciadas, pois,

cada vez que for necessário enfatizar um ponto, eu vou colocar um

balãozinho vermelho do lado dessa definição, como um comentário.

Para que isso? Para que você interiorize melhor todo o conhecimento e,

caso tenha alguma dúvida, possa procurar os conceitos pelos balões.

Isso facilita a sua compreensão e acaba funcionando como uma

espécie glossário!

Espero que, com os nossos encontros, você possa observar que a

macroeconomia é sim uma matéria interessante e que pode ser vista de

uma forma muito mais descomplicada. Além disso, pode ser um

determinante na sua aprovação.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

3

O curso de Economia para o BDMG será divido em 10 aulas, excluindo

essa aula demonstrativa. Cada uma das aulas será composta por quatro

momentos distintos: em um primeiro momento será visto o conteúdo

teórico da disciplina, sendo seguido por um segundo momento, de

exercícios da primeira parte. A seguir, teremos mais uma parte de teoria

sendo seguida pelo último momento, a segunda parte dos exercícios. A

lista de exercícios e um quadro resumo serão apresentados no fim da

aula, como norteamento do que foi visto a partir da próxima aula. Além

disso, uma pequena revisão na parte inicial da aula será feita só para

reavivarmos em nossas mentes o que foi visto na aula anterior. Mas é

preciso que você fique em dias com a matéria para não se atrapalhar,

ok? As revisões de início de aula serão realmente bem rápidas.

Hoje, nessa aula demonstrativa, começaremos fazendo uma análise

REDUZIDA do que será o curso. Será uma aula para que você possa

compreender que a disciplina não é complicada e pode até ser

bastante interessante. O curso integral terá cerca de 450 páginas entre

teoria e exercícios. As questões serão TODAS de provas anteriores. Não

procurarei fazer você pensar como economista, mas me dedicarei a

levar a economia para a sua realidade, para que ela fique palatável e

para que, assim, você tenha um grande êxito na sua prova.

As aulas serão ministradas SEMANALMENTE, sem interrupções.

Abaixo, você verá o cronograma da nossa disciplina:

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

4

Aula Demo:

Conceitos e questões macroeconômicas, conceito e esboço histórico da

macroeconomia. Diferenciações entre micro e macroeconomia;

Aula 01 (28.03):

Conceitos e questões microeconômicas; Demanda e oferta: principais

conceitos e mecanismo de mercado, o funcionamento do sistema

econômico: a formação de preços;

Aula 02 (04.04):

A teoria do consumidor;

Aula 03 (11.04):

A teoria da firma e a função de produção, a função produção a curto e

longo prazo; A produção e o custo, o equilíbrio da firma, participação

dos custos no equilíbrio da firma, tipos de rendimento da firma, relação

entre custos e rendimentos;

Aula 04 (18.04):

O mercado: concorrência perfeita, monopólio e outros tipos de

mercado;

Aula 05 (25.04):

Renda e consumo, capital e investimento;

Aula 06 (02.05):

Procura e oferta agregadas, o equilíbrio da economia como um todo; A

política fiscal, a instabilidade da economia, o nível de emprego;

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

5

Aula 07 (09.05):

O nível de emprego: relação entre produção e emprego, inflação e

desemprego, renda, produto, emprego e preços;

Aula 08 (16.05):

Indicadores de crescimento econômico; indicadores de

desenvolvimento econômico; índice de desenvolvimento humano – IDH;

Aula 09 (23.05):

A economia brasileira. A agricultura e o desenvolvimento brasileiro. A

industrialização e o progresso econômico. O fim do processo de

substituições de importações e estratégias de crescimento acelerado.

Aula 10 (30.05):

O setor público e a economia brasileira. O comercio externo brasileiro.

Desequilíbrios regionais. O planejamento e o desenvolvimento

econômico do Brasil.

Bem, espero que esse curso seja muito útil a você na hora mais

importante de toda essa preparação: a hora de resolver a prova do

Bando de Desenvolvimento de Minas Gerais. Estou montando esse curso

para que ele possa te dar um apoio definitivo na sua compreensão sobre

macroeconomia. Todas as dúvidas serão esclarecidas no fórum do curso,

a que os matriculados terão acesso. Caso você tenha dúvidas sobre

outras questões não abordadas, pode enviar. Farei todo o esforço para

esclarecer e inserir no nosso material, ok?

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

6

Por fim, críticas e sugestões podem ser enviadas para o e-mail:

[email protected]

Pronto para inicia os estudos?? Então começaremos “contando uma

historinha”, entendendo o que acontece nesse universo econômico que

nos cerca e como isso é apresentado nas provas. O ponto inicial para

isso é a compreensão do que é a macroeconomia.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

7

AULA DEMO:

CONCEITOS E QUESTÕES MACROECONÔMICAS, CONCEITO E ESBOÇO

HISTÓRICO DA MACROECONOMIA.

I. INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA

A teoria econômica é dividida em três grandes ramos: A

microeconomia, a macroeconomia e o desenvolvimento

econômico. A etimologia das duas primeiras palavras já nos ajuda a

perceber a diferença básica entre as suas áreas de atuação: enquanto

a microeconomia estuda as partes, a macroeconomia estuda o todo,

ou, em economês, o agregado.

Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a

macroeconomia não analisa, em profundidade, o comportamento das

unidades econômicas individuais, tais como famílias, firmas e governos, a

fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em

mercados individuais, etc. Essas são preocupações da microeconomia.i

A macroeconomiaii é aplicada no estudo das relações entre os grandes

agregados econômicos. Ela se ocupa com a economia como um todo,

buscando respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis

globais. Nesse sentido, a macroeconomia não estuda o que leva as

pessoas a consumir, mas o que acontecerá na economia caso todas as

famílias passem a consumir uma parcela maior da sua renda.

Assim, a figura abaixo mostra um exemplo do que estuda a

macroeconomia. Observe que o empregador considera, dentro da sua

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

8

possibilidade de ofertar ou não o emprego, o nível de consumo

agregado da economia.

Figura 1: Exemplo hipotético de negociação entre trabalhador e funcionário.

Você consegue compreender lógica na proposição do empregador?

Pois é, embora possa não parecer muito claro, observe que o que gera o

emprego é o movimento de todos os consumidores comprando na

economia! Assim, segundo essa visão, os empregos só seriam novamente

gerados caso o trabalhador, atuando enquanto consumidor, adquirisse

mais bens para que a economia fosse, mais uma vez, reaquecida. Claro

que você pode questionar “Como o trabalhador consumirá se ele não

tem emprego?” e você terá razão em fazer isso, porque consumir sem

salário não faz nenhum sentido. É aí que está a beleza da

macroeconomia! Os ciclos se retroalimentam! As pessoas consomem, as

empresas vendem mais, ofertam mais empregos, o que gerará mais

renda para a sociedade. A sociedade com mais rendimentos, consumirá

mais, o que gerará ainda mais empregos em um fluxo indefinido de

crescimento.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

9

Logicamente, ainda nesse quadrinho analisado acima, o trabalhador

poderia argumentar que não há como comprar quando não se tem

emprego e, assim, não se pode consumir e fazer a economia girar. Nesse

caso, ele não estaria errado em questionar isso. Bem, como veremos mais

na frente, os efeitos se retroalimentam, mas afirmar qual deve ser a causa

é muito complicado. Porque aí não depende do que seria exatamente

“certo”, mas a prioridade que deve ser dada a política: se incentivar o

consumo para gerar empregos ou se gerar empregos primeiro para

depois gerar consumo. Veremos esse fator de geração de crescimento

na aula 03.

Outro exemplo sobre o que estuda a macroeconomia tange ao

conceito do que seja Produto Nacionaliii. Esse é um aglomerado de

mercados agrícolas, industriais e de serviços. Já no mercado de trabalho,

a macroeconomia se preocupa com oferta e demanda de mão-de-

obra e com a determinação dos salários e do nível de emprego, mas

não considera diferenças de qualificação, gênero, idade, origem da

força de trabalho, etc. Quando considera apenas o nível da taxa de

juros, não são destacadas devidamente as diferenças entre os vários

tipos de aplicações financeiras.

Logicamente, existe um custo por fazer tamanha abstração. O custo é

que os pormenores omitidos são muitas vezes importantes. A abstração,

porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes

agregados e proporcionar melhor compreensão de algumas das

interações mais relevantes da economia, que se estabelecem entre os

mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não

financeiros.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

10

Assim, a teoria macroeconômica preocupa-se tanto com questões

conjunturais – ou de curto prazo – quanto com questões estruturais – ou

de longo prazo. Entre as questões conjunturais, destacam-se a análise do

desemprego e da inflação.1 As questões estruturais estão associadas a

problemas como o desenvolvimento econômico, distribuição de renda,

crescimento econômico, globalização ou progresso tecnológico.2

Compreender a diferença entre microeconomia e macroeconomia se

torna muito importante, pois, como veremos, juntos, a prova do BDMG,

pede, em seu edital noções básicas da macroeconomia. Então, para

responder a prova é preciso não apenas identificar o que é uma questão

macroeconômica, mas também entender o que é a macroeconomia,

item que veremos agora.

ENTENDENDO A MACROECONOMIA

Em muitos concursos públicos, embora não seja pedida diretamente a

compreensão gráfica do que ocorre na macroeconomia, uma vez

entendida a direção e o que ocorre em cada mercado, você não terá

problemas para verificar o que acontece em toda a economia e poderá

analisar, com tranqüilidade, qual a assertiva da questão está correta. Por

isso, essa parte da nossa aula será destinada a sua compreensão do que

estudaremos ao longo das nossas nove aulas. Uma vez compreendido

esse mapa da mina, farei menção diversas vezes ao longo de todas as

1 Essa parte da disciplina será vista entre as aulas 5 a 7 ainda na primeira parte do nosso curso! 2 Essa parte da disciplina de macroeconomia será vista na aula 8 do nosso curso e também está prevista no Edital do Concurso do BDMG.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

11

nossas aulas para que fique bem reforçado e para que você possa ter

uma visão ampliada, ok?

Para compreender a macroeconomia, precisamos, inicialmente, saber o

que é um modeloiv: um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação

entre as coisas. Assim como um mapa não mostra todos os detalhes da

paisagem, omitindo árvores, e pontos menos relevantes, o modelo

simples não poderá mostrar tudo que acontece na complexidade de um

sistema econômico.v Contudo, assim como o mapa nos leva ao local

onde desejamos chegar, o modelo simples desenvolvido nessa parte

permitirá ter uma compreensão melhor das relações macroeconômicas.

Ele também ajudará a analisar o impacto de mudanças de política

econômica sobre importantes variáveis na economia, tais como produto,

taxa de juros, emprego e nível geral de preços, como será visto nas aulas

seguintes.

Para saber o que acontece em um sistema econômico, é preciso, antes

de qualquer coisa, compreender quais são os agentes econômicos que

atuam nesse sistema. Um agente econômicovi, por sua vez, é uma

pessoa ou entidade que toma decisões econômicas. Em uma economia

simplificada, dizemos que existem quatro agentes econômicos: as

famílias (que buscam maximizar o nível de satisfação), as firmas ou

empresas (que buscam maximizar os lucros), o governo (que busca

maximizar o bem-estar social) e o resto do mundo (uma representação

dos três agentes citados que não estão dentro do território em análise).

Esses quatro agentes interagem em espaços chamados mercadosvii.

Assim, um mercado é um local, físico ou não, no qual agentes

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

12

econômicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou

por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados-chave: bens

e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo

final), Fatores Produtivos (onde são comercializados fatores necessários à

produção, como trabalho, terra e capital), e ativos financeiros.

Antes de estudar a economia acima descrita, iniciaremos analisando

uma economia mais simplificada: uma situação em que só existem dois

agentes: famílias e empresas (economia fechada – não há

comunicação com o resto do mundo – e sem governo); e apenas dois

mercados: bens e serviços e fatores produtivos, conforme mostrado na

figura abaixo, denominada de fluxo circular da riqueza.

Figura 2: Fluxo econômico para o caso de uma economia fechada e sem governo.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

13

De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza, as famílias são

proprietárias de fatores de produçãoviii (terra, capital e trabalho) e os

fornecem às firmas, através do mercado dos fatores de produção. As

firmas combinam os fatores de produção e produzem bens e serviços,

que são fornecidos às famílias por meio do mercado de bens e serviços.

Essas são as transações formam os fluxos reais, descrito na figura em

vermelho.

Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de

bens e serviços. Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para

poder pagar por esses bens, precisam ofertar seus fatores às empresas.

Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das

famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que

serão consumidos pelas famílias.... Seguindo um fluxo indefinido que se

retroalimenta.

Para cada elo do fluxo real, descrito acima, existe um fluxo monetário. Os

fluxos reais possuem uma contrapartida monetária, ou seja, são

efetuados pagamentos na moeda corrente: as firmas remuneram as

famílias quando adquirem os fatores de produção, e as famílias pagam

as firmas pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações

compõem o fluxo monetário. Percebe-se que toda renda dos agentes se

deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso, o fluxo

econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo

monetário é representado em azul na figura 2.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

14

Logicamente, você percebe que esse modelo não condiz com a nossa

complexa realidade. Não é comum encontrarmos economias fechadas,

sem o contato com o resto do mundo, e é ainda mais improvável

encontrar uma economia sem governo. Por isso, embora bastante

simplificado, o fluxo acima descrito não se reporta a uma realidade

factível.

Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelinho mais

completo. Começando, adicionaremos o agente governo na análise.

Nessa economia, conforme você observa na figura 3, o governo não se

comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente

governo estabelece é com o outro agente, família. Esse fato deve ser

levado em consideração, pois, o governo deseja maximizar, entre outras

coisas, o bem estar social. Para atingir a esse objetivo, o governo deve

tirar recursos das famílias ricas (através dos impostos) e destinar às pobres

(através das transferências governamentais), sendo desnecessário o

contato direto com as empresas. Além de tributar e transferir recursos, o

governo atua ainda na economia através das compras governamentais

de bens e serviços realizadas no mercado de bens e serviços. Note que,

nessa economia, o governo não atua no mercado de fatores.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

15

Figura 3: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo

Embora não possua contato direto com as empresas, o governo o faz,

indiretamente, através do mercado de bens e serviços, pois o governo

também compra! Ele adquire os bens e serviços providos pelas empresas

quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo.

Agora, a nossa economia começa a ficar um pouco mais alinhada com

o que acontece nos sistemas econômicos mais complexos.

Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto

do mundo na nossa economia, até porque a maioria esmagadora dos

países se comunica com outros países. E como o resto do mundo se

comunica com a nossa economia? Através do mercado de bens e

serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras

nacionalidades. Assim, quando o resto do mundo adquire nossas

mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportando e

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

16

quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e

serviços, estamos importando. A figura 4 mostra o surgimento do resto do

mundo na economia.

Figura 4: Fluxo circular da riqueza de uma economia aberta

Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram,

simultaneamente, apenas no mercado de bens e serviços. Cabendo ao

mercado de fatores a interação entre empresas e famílias, apenas.

O modelo até aqui formulado é bastante complexo, mas não mostra a

totalidade das relações existentes. Isso porque até agora

desconsideramos a existência de um mercado vital no sistema

econômico: o mercado financeiro ou de ativos financeirosix. Assim

como no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

17

conta com a presença simultânea dos quatro agentes econômicos: as

famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não

consumida (a poupança privada), as empresas operam no mercado

através da tomada de empréstimos para investimentos e a posterior

emissão de títulos da dívida e emissão de ações, enquanto o governo e

o resto do mundo podem tanto tomar quando conceder empréstimos ao

sistema financeiro nacional. O fluxo circular da riqueza expandido é

mostrado na figura 5.

Figura 5: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo

O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia:

famílias, firmas, governos e resto do mundo, através dos três tipos de

mercados: os fundos fluem das firmas para as famílias na forma de

salários (remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração

do fator produtivo capital), e aluguéis (remuneração do fator produtivo

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

18

terra), através do mercado de fatores. Depois de pagar os impostos ao

governo e receber do governo as transferências, a família aloca a renda

restante, ou seja, a renda disponível, entre poupança privada e gastos

com o consumo. Através dos mercados financeiros, a poupança privada

e os fundos do resto do mundo são canalizados para gastos de

investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada

e concessão de crédito de estrangeiros e transações de estrangeiros

com ações. Além disso, os fundos fluem do governo e das famílias para

as firmas, para pagar pela compra de bens e serviços. Finalmente,

exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra

na economia e as importações levam a um fluxo de fundos que sai da

economia.

Assim, quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os

gastos de investimentos pelas firmas, as compras governamentais de

bens e serviços e as exportações e, em seguida subtrai-se o valor das

importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o

gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável

muito importante para uma economia, conforme veremos adiante. De

modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos

no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia.

O Produto Interno Bruto é estabelecido, assim, como tudo que é

produzido em um país e tenderá a manter o mesmo valor caso nenhuma

variável da economia se altere.

Bem, entendido isso, você deverá está se perguntando: “para que saber

de toda essa complexidade do fluxo circular da riqueza expandido?”

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

19

Muito simples: o Produto Interno Bruto é uma dos agregados

macroeconômicos mais importantes de uma economia e não é estável

como está descrito aí. Mais ainda, as bancas de concurso sabem disso e

procuram tirar de você compreensões sobre esse fluxo. Assim, as bancas

perguntam sempre o que acontece na economia caso, por exemplo, o

sistema financeiro do resto do mundo entre em crise? Será que em uma

economia emergente, como a brasileira sofre efeito idêntico ao sentido

por uma economia já consolidada?

Para compreender como as bancas questionam isso, basta olhar o

exemplo de uma questão de concurso da FCC mostrada abaixo:

Exercício 01:

01. (FCC, Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Analista Judiciário, Área Economia, Caderno de Prova “F”, tipo 001, 2009) Analistas econômicos têm comentado que o Brasil não sofreu impactos mais fortes por conta da crise financeira internacional devido, dentre outros, ao fato de que:

(A) nos últimos anos o Estado tem aumentado sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera expectativas negativas para os depositantes relativamente à possibilidade de quebra das instituições financeiras.

(B) o Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer movimento da economia mundial.

(C) os mecanismos de contágio não estão presentes na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico.

(D) o Brasil tem uma política econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente do nível das reservas internacionais.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

20

(E) recentemente o Estado aumentou a regulação do setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio de programas que sanearam instituições com problemas de solvência, vendendo a parte boa a outras instituições sólidas.

Vamos resolver juntos?

Observe primeiramente que essa é uma questão que trata de aspectos

de curto prazo (não se considera aqui a análise de crescimento

econômico) e da presença do governo brasileiro durante a crise de 2009.

Para resolver essa questão, vamos analisar item por item pausadamente:

Na letra (A), a assertiva diz que nos últimos anos o Estado tem aumentado

sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera

expectativas negativas para os depositantes relativamente à

possibilidade de quebra das instituições financeiras. Como você pode

observar, essa afirmação não está correta, pois, primeiro, o Estado

brasileiro não aumentou a sua participação no setor financeiro nacional

nos últimos anos e, depois, essa maior presença não necessariamente

geraria uma menor expectativa de insolvência dos bancos. Para analisar

isso basta lembrar da forte leva de quebras ocorridas nos bancos

públicos estaduais brasileiros no início do Plano Real. Naquele período, as

quebras estiveram associadas justamente à forte presença do Poder

Público nos bancos.

A alternativa (B), por sua vez, afirma que o Brasil tem diminuído a

participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e

simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro

e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer

movimento da economia mundial. Essa alternativa possui, assim como a

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

21

primeira, dois erros. O primeiro erro está na primeira parte da afirmativa: o

Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia. Na verdade,

o que vem se observando, desde o governo Lula é a maior presença do

estado na economia. Embora o governo tenha diminuído o seu tamanho

na economia brasileira nos governos Collor e FHC, tal fato não foi visto no

governo posterior. Uma outra informação errada dada na afirmativa diz

que a economia está simultaneamente fechado a economia aos fluxos

de capital estrangeiro e ao comércio internacional. Na verdade, o

processo de abertura foi iniciado no governo Collor através do Plano de

Industrialização e Comércio Exterior (conhecido como Plano PICE). A

partir do governo Collor, o programa de abertura da economia brasileira

só aumentou.

O item (C) afirma que os mecanismos de contágio não estão presentes

na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a

mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico. Assim

como as letras (A) e (B), o item em análise também está incorreto. Como

o Brasil possui contato com o resto do mundo (fato observado no Fluxo

Circular da Riqueza Expandido, figura 5) e possui um mercado financeiro

integrado com as demais economias, os mecanismos de contágio estão,

sim, presentes na economia nacional. Além disso, contrariamente ao que

afirma a assertiva, o Estado não intervêm a fim de evitar a mobilidade de

capitais nem retrai a oferta de crédito doméstico.

Em seguida, a opção (D) declara que o Brasil tem uma política

econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as

variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente

do nível das reservas internacionais. A incoerência dessa alternativa com

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

22

a realidade do fluxo circular brasileiro versa sobre a capacidade do

governo controlar TODAS as variáveis e impedir o contágio de choques

externos! Veja só, a opção diz que o governo controla TODAS. É muito

improvável que o governo consiga ter esse nível de controle, mesmo que

possua uma política econômica eficiente, como é o caso,

verdadeiramente, do Brasil.

Por fim, a respostas correta é a letra (E). Vamos entender o porquê?

Segundo a afirmativa, recentemente o Estado aumentou a regulação do

setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio

de programas que sanearam instituições com problemas de solvência,

vendendo a parte boa a outras instituições sólidas. Essa alternativa está

correta pois houve um programa de recuperação das instituições

financeiras brasileiras promovidas ainda no governo Fernando Henrique

chamado de Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema

Financeiro Nacional, ou PROER. Assim como afirmado acima, o programa

visou a sanear os problemas das instituições com problemas de solvência

financeira, além de fortalecer a regulamentação do sistema financeiro

nacional.

Assim, o gabarito é a letra (E).

Ficou claro?

Agora que compreendemos a importância do Fluxo Circular da Riqueza,

vamos analisar o mais importante agregado de uma economia: O

Produto Interno Bruto, que compreenderemos no item a seguir:

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

23

II. CONCEITOS MACROECONÔMICOS BÁSICOS. FORMAS DE MENSURAÇÃO

DO PRODUTO E DA RENDA NACIONAIS

Para poder contabilizar toda a riqueza produzida ou toda despesa

efetuada ou ainda todo rendimento gerado em um país, é preciso utilizar

a definição das contas nacionais. Essas contas utilizam uma nova

metodologia desde 1996 e têm sido um dos assuntos mais freqüentes nos

concursos da Receita Federal do Brasil, com presença garantida nos

concursos de fiscos estaduais, qualquer que seja a banca examinadora.

Considerando tal importância, veremos, em um primeiro instante, o

principal agregado macroeconômico responsável pela contabilização

da riqueza de toda coletividade, ou, melhor dizendo, a variável que

mede a produção de bens e serviços da economia: o Produto Interno

Bruto (PIB)

O PIB pode ser definido como:

“O valor de mercado de todos os bens e serviços

finais produzidos em um país em um dado período

de tempo.”

Antes de qualquer coisa, você vai começar a observar que é

exatamente dessa forma que os bancas dos concursos perguntam o que

é o PIB de uma economia. Deve-se notar ainda que, dentro dessa

definição, é possível ressaltar que todos os bens contabilizados no PIB

devem ser àqueles destinados ao consumo final: bens intermediários

(utilizados na fabricação de bens finais) não serão contabilizados no PIB,

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

24

uma vez que o valor do bem final já considera o valor de todos os bens

intermediários utilizados.

Perceba ainda que toda a produção contabilizada no PIB diz respeito ao

que foi fabricado em um determinado espaço geográfico, em uma

unidade de tempo fixada. Assim, a compra de, por exemplo,

apartamento ou automóveis usados não são contabilizados no PIB no

ano da trocas, mas, apenas, no ano de fabricação.

Para se ter uma noção do quanto essa definição é importante, veja a

questão abaixo:

02. (Cesgranrio, SECAD/TO, Economista, 2005) Associe os conceitos abaixo às suas respectivas definições, apresentadas a seguir. I - PIB - Produto Interno Bruto. II - PNB - Produto Nacional Bruto. III - PIB Nominal. IV - PIB Real.

(N) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços correntes. (O) O valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em dado período de tempo. (P) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços constantes - sem influência das variações dos preços.

A associação correta é: (A) I - N; II - O; III - P (B) I - N; II - O; IV - P (C) I - O; III - N; IV - P (D) I - P; III - N; IV - O (E) II - N; III - O; IV – P

GABARITO: (C)

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

25

Por enquanto, não quero que você resolva essa questão, mas note o que

está em vermelho. Viu aí? É exatamente a definição que nós vimos

agora, logo acima.

Vamos ver outro exemplo?

03. (Cesgranrio, Prefeitura Municipal de Manaus, Economista, 2005) A respeito de conceitos relativos à Renda Nacional, identifique a única afirmativa INCORRETA.

(A) O Produto Nacional Bruto (PNB) é o valor da produção de todos os residentes permanentes de uma nação.

(B) O Produto Interno Bruto (PIB) mede simultaneamente: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia.

(C) O Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais, produzidos em um país, em dado período de tempo.

(D) O Produto Interno Bruto real (PIB real) é a medida que expressa a quantidade de bens e serviços produzidos pela economia sem a influência das variações nos preços desses bens e serviços – produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.

(E) Como elemento do Produto Interno Bruto (PIB), pode-se destacar o consumo (C), que corresponde às despesas com bens e serviços feitos pelos governos federal, estadual e local.

GABARITO: (E)

Por enquanto, não quero que você resolva essa questão, mas note o que

está em vermelho. Viu aí? É exatamente a definição que nós vimos

agora, logo acima.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

26

Observe que as bancas tendem a valorizar muito essa definição. Os dois

exemplos acima, que resolveremos juntos depois, mostram claramente

essa tendência. Por isso, é bom ficar esperto!

Muitos exemplos são considerados dentro dessa definição do que seria

PIB, um modelo desse tipo de pergunta considera a formação de

estoques em um dado ano. Nesse caso, imagine que o estoque formado

seja de aço destinado à produção de automóveis. Esse bem será

contabilizado no PIB? Nesse caso, a resposta é sim. Com o final do ano,

todos os bens finais produzidos serão contabilizados no PIB e, a esses,

serão somados todos os estoques formados, mesmo dos bens

intermediários, incluindo-se aí, o aço produzido.

É sempre bom lembrar que o PIB diz respeito a tudo que é produzido

dentro de um país. Mas será que é correto considerar a produção de

todas as multinacionais como se fossem produtos genuinamente

brasileiros? Observando essa problemática entre a contabilidade do que

é produzido em um país e do que é nacional, surge outra medida dos

agregados macroeconômicos, o Produto Nacional Bruto. A diferença

entre eles é o que compreenderemos, juntos, no item a seguir.

Produto Interno Bruto (PIB) versus Produto Nacional Bruto (PNB)

O Produto Nacional Bruto (PNB)x é definido com a renda gerada

pelos cidadãos de um país. Inclui a renda que estes ganham no

estrangeiro, mas não inclui a renda auferida pelos fatores de produção

(trabalho, terra e capital) existentes no país, que são de propriedade

estrangeira. A diferença entre essa medida e o PIB é que esse último

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

27

considera a renda auferida internamente por estrangeiros, mas não inclui

a renda ganha pelos cidadãos do país no exterior.

A diferença entre esses dois indicadores reside no montante de rendas

recebido e enviado ao exterior. Ou seja, os fluxos de renda, royalties,

lucros e juros recebidos e enviados determinam o distanciamento entre

os agregados PIB e PNB.

Escrevendo a informação de forma simplificada, temos o seguinte:

PNB = PIB + RLRE

ou

PNB = PIB – RLEE

Onde RLRE significa a renda líquida recebida do exterior e RLEE significa a

renda líquida enviada ao exteriorxi. Na contabilidade desses dois

indicadores, o primeiro é calculado através da subtração entre tudo que

é recebido pelo país do resto do mundo e tudo que é enviado do país

para o resto do mundo. O segundo indicador considera a ordem

contrária na subtração.

Para tornar ainda mais clara a diferença entre PIB e PNB, vamos exercitar

um pouco o nosso mais recente conhecimento. Lembrando que iremos

não apenas marcar o gabarito, mas vamos verificar o que há de errado

na resposta, ok? O Exercício 05 mostra um exemplo.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

28

Exercícios

04. (FCC, 2005) Sobre o produto e renda agregada, marque a opção incorreta. (A) A remessa de dinheiro de brasileiros que residem no exterior a familiares no Brasil aumenta da Renda Nacional Bruta;

(B) Em geral, países com alto grau de endividamento externo possuem, ceteris paribus, o PIB maior que o PNB;

(C) Quando, em um país, opera-se um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo que poucas empresas e residentes desse país operam em outras economias, o PIB será maior que o PNB;

(D) Em uma economia fechada, o Produto Interno Bruto coincide com o Produto Nacional Bruto;

(E) Em uma economia aberta, o PNB é determinado pelos gastos em produtos domésticos efetuados por residentes e não-residentes do país.

Analisemos, cada alternativa separadamente:

A letra (A) diz que cada vez que um brasileiro envia renda para seus

familiares no Brasil, isso aumenta a Renda Nacional Bruta. Para responder

esse item, precisamos saber, inicialmente, o que significa Renda Nacional

Bruta. Em economia, existe uma identidade que diz que tudo que é

produzido no país é igual à renda de todos os fatores produtivos (terra,

capital e trabalho). Assim, tanto faz se pensamos em Produto Nacional

Bruto ou Renda Nacional Bruta. Esses agregados são, por definição, a

mesma coisa.

Nesse caso, pela identidade mostrada acima, é a remuneração de um

brasileiro que mora fora do país aumenta o PNB nacional, não a

transferência para a família. O item, portanto, está incorreto.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

29

A assertiva (B) também correta, pois se os países possuem forte

endividamento, eles precisam remeter renda para o resto do mundo, o

que leva a uma redução do PNB. Assim, nesses casos, o PIB é maior que o

PNB.

A resposta da letra (C) é semelhante ao que ocorre na assertiva (B), por

isso, também está correta.

A opção (D) diz que na economia fechada PIB = PNB, o que está correto

pois, nessa economia não existe emissão ou recebimento de renda ao

exterior, sendo RLRE = RLEE = 0.

Por fim, a alternativa (E), também está correta pois o PNB contabiliza todo

o produto doméstico (ou nacional) consumido tanto por nacionais quanto

por não nacionais. Lembre que a definição da produção será diferente da

definição da despesa. Do lado da produção, analisamos que o PNB diz

respeito a tudo que é produzido por nacionais! Pela ótica da despesa é

tudo que é gasto com produtos nacionais! Seja a origem dos recursos

vinda do país ou não, ok?

GABARITO: (A)

Observando a questão acima, podemos verificar a existência três

identidades muito importantes que aproveito o espaço para já enunciar:

Produto = Renda = Despesa.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

30

Ou seja, tudo que é produzido em uma economia é exatamente igual à

ao somatório das remunerações dos fatores, que é idêntico ao total

agregado da despesa da economia.

Voltando a definição de PIB e PNB, precisamos ainda entender porque

tanto o PIB quanto o PNB consideram apenas o valor dos bens finais.

(lembra da definição de PIB dada acima?). Esse item será tratado no

item a seguir.

PNB / PIB: Valor adicionado e dupla contagem:

O PIB e o PNB são concebidos pelo valor de todos os bens e serviços

finais gerados em um certo período de tempo, por convernção, um ano.

Assim, segunda essa definição, somar o valor da produção de todas as

entidades produtivas significa duplicar o valor das matérias-primas e dos

produtos intermediários produzidos e que são utilizados na produção de

outros bens e serviços. Essas duplicações acabam gerando um indicador

superestimado da produção global de um país e deturpam qualquer

análise de políticas públicas.

Dessa forma, a contabilização dupla é evitada pela introdução de um

conceito de valor adicionado, que desconsidera da produção final a

parcela de consumo intemediário. Calcula-se o valor adicionado em

cada etapa de produção, subtraindo-se do valor do produto da fase em

questão os bens intermediários e materiais que não foram gerados nesta

fase, mas adquiridos de outras empresas.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

31

Resumindo, o valor adicionado reside na contribuição de que cada

unidade produtiva acrescenta sobre o insumo para repassar o bem ou

serviço para a frente. O valor adicionado é expresso pela seguinte

fórmula:

Valor adicionado = consumo final – somatório dos consumos

intermediários

Essa definição de valor adicionado sempre cai nas provas. Um exemplo

disso foi retirado da prova da AFPS preparada pela ESAF. Você irá notar

que, nesse caso, assim como já conversamos acima, será formado um

estoque que fará um grande diferencial na resposta. Vamos ver juntos na

última questão da aula de hoje?

05. (Esaf – AFPS, 2009) Considere uma economia hipotética que só produza um bem final: pão. Suponha as seguintes atividades e transações em um determinado período de tempo: o setor S produziu sementes no valor de $ 200 e vendeu para o setor T; o setor T produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu uma parcela equivalente a $ 1.000 para o setor F e estocou o restante; o setor F produziu farinha no valor de $ 1.300; o setor P produziu pães no valor de $ 1.600 e vendeu aos consumidores finais. Com base nessas informações, o produto agregado dessa economia foi, no período, de:

(A) $ 1.600 (B) $ 2.100 (C) $ 3.000 (D) $ 4.600 (E) $ 3.600

Para responder a essa questão, vamos utilizar um esqueminha para

facilitar.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

32

Bem final produzido: Pão

Setor S: Produção: $ 200 (transferiu integralmente) para Setor T.

200 Setor T: Produção: $ 1.500 $ 1.000 para setor F e

ESTOCOU $ 500.

(veja que aqui no setor T, diferentemente do que ocorreu no setor S,

houve a formação de um estoque de $ 500 (que será utilizado como

bem final. Lembre do exemplo do aço do carro dado acima) e a

parcela que vai para o setor F é de $ 1.000.

1.000 Setor F: Produção: $ 1.300 (totalmente transferida para o setor P

1.300 Setor P: Produção: $ 1.600 para consumo final.

Para facilitar ainda mais o seu entendimento, vamos montar uma

tabela para simplificar:

Setor Valor Produzido

total

Valor

intermediário

Valor

adicionado

Formação

de estoques

S 200,00 0 200 0

T 1500 200 1300 500

F 1300 1000 300 0

P 1600 1300 300 0

Olhando a tabela acima, você observa que se você somar os valores

adicionados por cada um dos setores (200+1300+300+300), você

chegará ao valor do produto agregado da economia, nesse caso, $

2.100.

Caso você deseje olhar pela ótica do bem final, é ainda mais simples, é

só contabilizar o valor produzido pelo Setor P (já que esse é o setor que

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

33

está em contato com o consumidor final) e a formação de estoque

ocorrida no setor T. Nesse caso, você chegará ao mesmo valor, $ 2.100.

Assim sendo, o gabarito é a letra B

EXERCÍCIOS

Exercício 01:

01. (FCC, Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Analista Judiciário, Área Economia, Caderno de Prova “F”, tipo 001, 2009) Analistas econômicos têm comentado que o Brasil não sofreu impactos mais fortes por conta da crise financeira internacional devido, dentre outros, ao fato de que:

(A) nos últimos anos o Estado tem aumentado sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera expectativas negativas para os depositantes relativamente à possibilidade de quebra das instituições financeiras.

(B) o Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer movimento da economia mundial.

(C) os mecanismos de contágio não estão presentes na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico.

(D) o Brasil tem uma política econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente do nível das reservas internacionais.

(E) recentemente o Estado aumentou a regulação do setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio de programas que sanearam instituições com problemas de solvência, vendendo a parte boa a outras instituições sólidas.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

34

02. (FCC, 2005) Sobre o produto e renda agregada, marque a opção incorreta. (A) A remessa de dinheiro de brasileiros que residem no exterior a familiares no Brasil aumenta da Renda Nacional Bruta;

(B) Em geral, países com alto grau de endividamento externo possuem, ceteris paribus, o PIB maior que o PNB;

(C) Quando, em um país, opera-se um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo que poucas empresas e residentes desse país operam em outras economias, o PIB será maior que o PNB;

(D) Em uma economia fechada, o Produto Interno Bruto coincide com o Produto Nacional Bruto;

(E) Em uma economia aberta, o PNB é determinado pelos gastos em produtos domésticos efetuados por residentes e não-residentes do país.

03. (Cesgranrio, SECAD/TO, Economista, 2005) Associe os conceitos abaixo às suas respectivas definições, apresentadas a seguir. I - PIB - Produto Interno Bruto. II - PNB - Produto Nacional Bruto. III - PIB Nominal. IV - PIB Real.

(N) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços correntes. (O) O valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em dado período de tempo. (P) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços constantes - sem influência das variações dos preços.

A associação correta é: (A) I - N; II - O; III - P (B) I - N; II - O; IV - P (C) I - O; III - N; IV - P

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

35

(D) I - P; III - N; IV - O (E) II - N; III - O; IV – P

04. (Cesgranrio, Prefeitura Municipal de Manaus, Economista, 2005) A respeito de conceitos relativos à Renda Nacional, identifique a única afirmativa INCORRETA.

(A) O Produto Nacional Bruto (PNB) é o valor da produção de todos os residentes permanentes de uma nação.

(B) O Produto Interno Bruto (PIB) mede simultaneamente: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia.

(C) O Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais, produzidos em um país, em dado período de tempo.

(D) O Produto Interno Bruto real (PIB real) é a medida que expressa a quantidade de bens e serviços produzidos pela economia sem a influência das variações nos preços desses bens e serviços – produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.

(E) Como elemento do Produto Interno Bruto (PIB), pode-se destacar o consumo (C), que corresponde às despesas com bens e serviços feitos pelos governos federal, estadual e local.

05. (Esaf – AFPS, 2009) Considere uma economia hipotética que só produza um bem final: pão. Suponha as seguintes atividades e transações em um determinado período de tempo: o setor S produziu sementes no valor de $ 200 e vendeu para o setor T; o setor T produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu uma parcela equivalente a $ 1.000 para o setor F e estocou o restante; o setor F produziu farinha no valor de $ 1.300; o setor P produziu pães no valor de $ 1.600 e vendeu aos consumidores finais. Com base nessas informações, o produto agregado dessa economia foi, no período, de:

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

36

(A) $ 1.600 (B) $ 2.100 (C) $ 3.000 (D) $ 4.600 (E) $ 3.600

GABARITO:

01 – E

02 – C

03 – E

04 – A

05 – B

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

37

Pessoal,

Terminamos aqui a nossa aula demonstrativa. Apenas lembrando, ela

será um pouco menor que as demais, que deverão ter entre 40 e 50

páginas, cada.

Inicialmente, o que eu trouxe para você hoje foi uma noção de como

um sistema econômico funciona. Essa compreensão é muito importante

porque uma vez entendido esse funcionamento, você terá muito mais

facilidade de entender e marcar certo na sua prova, o objetivo final

desse curso.

Tentei, de uma forma bastante geral, mostrar quais serão as diretrizes do

curso de uma forma que você, não economista, possa compreender

facilmente.

Na próxima aula já passaremos a analisar as definições iniciais da

microeconomia, assunto sempre presente nas provas de concursos e

item do nosso edital.

Até a próxima.

Abraços

Amanda

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

38

GLOSSÁRIO i A Microeconomia estuda como as famílias e empresas tomam decisões e de como interagem nos mercados.

ii A Macroeconomia estuda os fenômenos que afetam a economia como um todo, incluindo inflação, desemprego e crescimento econômico.

iii A noção exata de Produto Nacional será vista mais adiante, ainda na aula de hoje. Somente para adiantar, o Produto Nacional é o mais importante agregado analisado na macroeconomia, e contabiliza toda a produção nacional.

iv Um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre as coisas.

v Sistemas Econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos queais os agentes econômicos são levados a empregar recursos e a interagir via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos institucionais de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos até as formas de atuação, as funções e os limites de cada um dos agentes.

vi Um agente econômico é uma pessoa ou entidade que toma decisões econômicas.

São agentes econômicos: 1. Famílias 2. Empresas ou firmas 3. Governo 4. Resto do Mundo

vii Mercado é um espaço físico ou não onde ocorre a interação entre os quatro agentes econômicos.

Existem 3 mercados-chave dentro de uma economia: 1. Mercado de Bens e Serviços 2. Mercado de Fatores produtivos 3. Mercado Financeiro.

Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios

Profa. Amanda Aires

www.pontodosconcursos.com.br

39

viii Os fatores de produção são necessários no processo de fabricar bens e serviços. Em economia, esses fatores são agrupados em três grupos:

Terra – recursos naturais Capital – máquitas e equipamentos Trabalho – Mão de obra qualificada e não qualificada

ix O Mercado Financeiro é formado por quatro segmentos de mercado:

1. Mercado de Crédito: destinado, prioritariamente a fornecer recursos financeiros para as famílias;

2. Mercado de Capitais: destinado, fundamentalmente, a emissão de crédito para capital de giro das empresas;

3. Mercado Monetário: utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária;

4. Mercado Cambial: utilizado para a conversão entre a moeda nacional e as demais moedas estrangeiras.

x O Produto Nacional Bruto também pode ser expresso como o valoragregado bruto, que corresponde ao total da produção de bens e serviços nacionais finais a preços de mercado.

O Produto Nacional Bruto pode ser ainda definido como a medida do produto agregado nas contas da renda nacional. O valor de mercado dos bens e serviços produzidos por trabalho e instalações ofertados pelos residentes de um país. xi Há um esquema bastante simplificado que vai ajudar você na hora de compreender as diferenças entre PIB e PNB:

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)

menos (mais)

Rendas líquidas enviadas ao exterior (Rendas líquidas recebidas do exterior)

é igual a

PRODUTO NACIONAL BRUTO, PNB