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Curso Online: Economia para o BDMG Teoria e Exercícios
Profa. Amanda Aires
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Bom dia!
Muitos de vocês, pelo Brasil afora, que iniciaram as preparações para os
concursos públicos, certamente não me conhecem. Por isso, aproveito
esse nosso encontro para fazer uma rápida apresentação: Meu nome é
Amanda Aires. Sou economista pela Universität Zürich, na Suíça, em
parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestra em
Economia pela UFPE e, agora, estou no segundo ano do doutorado na
mesma área.
Além de estudar economia, também sou professora em alguns cursos
preparatórios para concursos públicos e, assim, já trabalhei na
preparação de alunos para as provas do Banco Central do Brasil, Polícia
Federal e Secretarias da Fazenda estaduais.
Atualmente, sou professora concursada pela Universidade Federal de
Pernambuco e também ministro disciplinas de economia, matemática
financeira, estatística e econometria em outras universidades e
faculdades. O ponto comum dessas disciplinas é que elas são voltadas
para alunos que não são estudantes de economia, ou seja, contadores,
administradores, engenheiros, pedagogos, médicos. Acredito que esse
seja um bom diferencial das aulas, pois agora estou acostumada a olhar
o mundo como não-economista, o que facilita a comunicação entre
mim e você, aluno.
Por fim, ainda na área de concursos voltados para a área fiscal, escrevo
livros de economia para não economistas, em parceria com colegas do
doutorado, voltados para concursos públicos.
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Bem, terminada essa minha breve apresentação (acredito que agora
você me conheça um pouco mais), vamos falar sobre o que faremos,
juntos, no Ponto dos Concursos: Com a proximidade do Concurso para o
Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, esse curso busca orientar
você, concursando, a compreender melhor as questões de economia
que têm maior probabilidade de cair na prova, em se tratando de
FUMARC como banca avaliadora.
Mas vamos ao que interessa, não é? Como faremos esse estudo para
dissecar as provas da FUMARC? Fazendo diversos exercícios semelhantes
da banca! Ao estudar grupos de questões análogas, observaremos que
a Banca tem um perfil bastante similar entre as questões e, assim,
poderemos verificar o que há de comum entre elas. Observando, por fim,
o padrão de repetição e respostas.
Você observará ainda que as nossas aulas serão diferenciadas, pois,
cada vez que for necessário enfatizar um ponto, eu vou colocar um
balãozinho vermelho do lado dessa definição, como um comentário.
Para que isso? Para que você interiorize melhor todo o conhecimento e,
caso tenha alguma dúvida, possa procurar os conceitos pelos balões.
Isso facilita a sua compreensão e acaba funcionando como uma
espécie glossário!
Espero que, com os nossos encontros, você possa observar que a
macroeconomia é sim uma matéria interessante e que pode ser vista de
uma forma muito mais descomplicada. Além disso, pode ser um
determinante na sua aprovação.
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O curso de Economia para o BDMG será divido em 10 aulas, excluindo
essa aula demonstrativa. Cada uma das aulas será composta por quatro
momentos distintos: em um primeiro momento será visto o conteúdo
teórico da disciplina, sendo seguido por um segundo momento, de
exercícios da primeira parte. A seguir, teremos mais uma parte de teoria
sendo seguida pelo último momento, a segunda parte dos exercícios. A
lista de exercícios e um quadro resumo serão apresentados no fim da
aula, como norteamento do que foi visto a partir da próxima aula. Além
disso, uma pequena revisão na parte inicial da aula será feita só para
reavivarmos em nossas mentes o que foi visto na aula anterior. Mas é
preciso que você fique em dias com a matéria para não se atrapalhar,
ok? As revisões de início de aula serão realmente bem rápidas.
Hoje, nessa aula demonstrativa, começaremos fazendo uma análise
REDUZIDA do que será o curso. Será uma aula para que você possa
compreender que a disciplina não é complicada e pode até ser
bastante interessante. O curso integral terá cerca de 450 páginas entre
teoria e exercícios. As questões serão TODAS de provas anteriores. Não
procurarei fazer você pensar como economista, mas me dedicarei a
levar a economia para a sua realidade, para que ela fique palatável e
para que, assim, você tenha um grande êxito na sua prova.
As aulas serão ministradas SEMANALMENTE, sem interrupções.
Abaixo, você verá o cronograma da nossa disciplina:
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Aula Demo:
Conceitos e questões macroeconômicas, conceito e esboço histórico da
macroeconomia. Diferenciações entre micro e macroeconomia;
Aula 01 (28.03):
Conceitos e questões microeconômicas; Demanda e oferta: principais
conceitos e mecanismo de mercado, o funcionamento do sistema
econômico: a formação de preços;
Aula 02 (04.04):
A teoria do consumidor;
Aula 03 (11.04):
A teoria da firma e a função de produção, a função produção a curto e
longo prazo; A produção e o custo, o equilíbrio da firma, participação
dos custos no equilíbrio da firma, tipos de rendimento da firma, relação
entre custos e rendimentos;
Aula 04 (18.04):
O mercado: concorrência perfeita, monopólio e outros tipos de
mercado;
Aula 05 (25.04):
Renda e consumo, capital e investimento;
Aula 06 (02.05):
Procura e oferta agregadas, o equilíbrio da economia como um todo; A
política fiscal, a instabilidade da economia, o nível de emprego;
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Aula 07 (09.05):
O nível de emprego: relação entre produção e emprego, inflação e
desemprego, renda, produto, emprego e preços;
Aula 08 (16.05):
Indicadores de crescimento econômico; indicadores de
desenvolvimento econômico; índice de desenvolvimento humano – IDH;
Aula 09 (23.05):
A economia brasileira. A agricultura e o desenvolvimento brasileiro. A
industrialização e o progresso econômico. O fim do processo de
substituições de importações e estratégias de crescimento acelerado.
Aula 10 (30.05):
O setor público e a economia brasileira. O comercio externo brasileiro.
Desequilíbrios regionais. O planejamento e o desenvolvimento
econômico do Brasil.
Bem, espero que esse curso seja muito útil a você na hora mais
importante de toda essa preparação: a hora de resolver a prova do
Bando de Desenvolvimento de Minas Gerais. Estou montando esse curso
para que ele possa te dar um apoio definitivo na sua compreensão sobre
macroeconomia. Todas as dúvidas serão esclarecidas no fórum do curso,
a que os matriculados terão acesso. Caso você tenha dúvidas sobre
outras questões não abordadas, pode enviar. Farei todo o esforço para
esclarecer e inserir no nosso material, ok?
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Por fim, críticas e sugestões podem ser enviadas para o e-mail:
Pronto para inicia os estudos?? Então começaremos “contando uma
historinha”, entendendo o que acontece nesse universo econômico que
nos cerca e como isso é apresentado nas provas. O ponto inicial para
isso é a compreensão do que é a macroeconomia.
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AULA DEMO:
CONCEITOS E QUESTÕES MACROECONÔMICAS, CONCEITO E ESBOÇO
HISTÓRICO DA MACROECONOMIA.
I. INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA
A teoria econômica é dividida em três grandes ramos: A
microeconomia, a macroeconomia e o desenvolvimento
econômico. A etimologia das duas primeiras palavras já nos ajuda a
perceber a diferença básica entre as suas áreas de atuação: enquanto
a microeconomia estuda as partes, a macroeconomia estuda o todo,
ou, em economês, o agregado.
Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a
macroeconomia não analisa, em profundidade, o comportamento das
unidades econômicas individuais, tais como famílias, firmas e governos, a
fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em
mercados individuais, etc. Essas são preocupações da microeconomia.i
A macroeconomiaii é aplicada no estudo das relações entre os grandes
agregados econômicos. Ela se ocupa com a economia como um todo,
buscando respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis
globais. Nesse sentido, a macroeconomia não estuda o que leva as
pessoas a consumir, mas o que acontecerá na economia caso todas as
famílias passem a consumir uma parcela maior da sua renda.
Assim, a figura abaixo mostra um exemplo do que estuda a
macroeconomia. Observe que o empregador considera, dentro da sua
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possibilidade de ofertar ou não o emprego, o nível de consumo
agregado da economia.
Figura 1: Exemplo hipotético de negociação entre trabalhador e funcionário.
Você consegue compreender lógica na proposição do empregador?
Pois é, embora possa não parecer muito claro, observe que o que gera o
emprego é o movimento de todos os consumidores comprando na
economia! Assim, segundo essa visão, os empregos só seriam novamente
gerados caso o trabalhador, atuando enquanto consumidor, adquirisse
mais bens para que a economia fosse, mais uma vez, reaquecida. Claro
que você pode questionar “Como o trabalhador consumirá se ele não
tem emprego?” e você terá razão em fazer isso, porque consumir sem
salário não faz nenhum sentido. É aí que está a beleza da
macroeconomia! Os ciclos se retroalimentam! As pessoas consomem, as
empresas vendem mais, ofertam mais empregos, o que gerará mais
renda para a sociedade. A sociedade com mais rendimentos, consumirá
mais, o que gerará ainda mais empregos em um fluxo indefinido de
crescimento.
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Logicamente, ainda nesse quadrinho analisado acima, o trabalhador
poderia argumentar que não há como comprar quando não se tem
emprego e, assim, não se pode consumir e fazer a economia girar. Nesse
caso, ele não estaria errado em questionar isso. Bem, como veremos mais
na frente, os efeitos se retroalimentam, mas afirmar qual deve ser a causa
é muito complicado. Porque aí não depende do que seria exatamente
“certo”, mas a prioridade que deve ser dada a política: se incentivar o
consumo para gerar empregos ou se gerar empregos primeiro para
depois gerar consumo. Veremos esse fator de geração de crescimento
na aula 03.
Outro exemplo sobre o que estuda a macroeconomia tange ao
conceito do que seja Produto Nacionaliii. Esse é um aglomerado de
mercados agrícolas, industriais e de serviços. Já no mercado de trabalho,
a macroeconomia se preocupa com oferta e demanda de mão-de-
obra e com a determinação dos salários e do nível de emprego, mas
não considera diferenças de qualificação, gênero, idade, origem da
força de trabalho, etc. Quando considera apenas o nível da taxa de
juros, não são destacadas devidamente as diferenças entre os vários
tipos de aplicações financeiras.
Logicamente, existe um custo por fazer tamanha abstração. O custo é
que os pormenores omitidos são muitas vezes importantes. A abstração,
porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes
agregados e proporcionar melhor compreensão de algumas das
interações mais relevantes da economia, que se estabelecem entre os
mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não
financeiros.
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Assim, a teoria macroeconômica preocupa-se tanto com questões
conjunturais – ou de curto prazo – quanto com questões estruturais – ou
de longo prazo. Entre as questões conjunturais, destacam-se a análise do
desemprego e da inflação.1 As questões estruturais estão associadas a
problemas como o desenvolvimento econômico, distribuição de renda,
crescimento econômico, globalização ou progresso tecnológico.2
Compreender a diferença entre microeconomia e macroeconomia se
torna muito importante, pois, como veremos, juntos, a prova do BDMG,
pede, em seu edital noções básicas da macroeconomia. Então, para
responder a prova é preciso não apenas identificar o que é uma questão
macroeconômica, mas também entender o que é a macroeconomia,
item que veremos agora.
ENTENDENDO A MACROECONOMIA
Em muitos concursos públicos, embora não seja pedida diretamente a
compreensão gráfica do que ocorre na macroeconomia, uma vez
entendida a direção e o que ocorre em cada mercado, você não terá
problemas para verificar o que acontece em toda a economia e poderá
analisar, com tranqüilidade, qual a assertiva da questão está correta. Por
isso, essa parte da nossa aula será destinada a sua compreensão do que
estudaremos ao longo das nossas nove aulas. Uma vez compreendido
esse mapa da mina, farei menção diversas vezes ao longo de todas as
1 Essa parte da disciplina será vista entre as aulas 5 a 7 ainda na primeira parte do nosso curso! 2 Essa parte da disciplina de macroeconomia será vista na aula 8 do nosso curso e também está prevista no Edital do Concurso do BDMG.
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nossas aulas para que fique bem reforçado e para que você possa ter
uma visão ampliada, ok?
Para compreender a macroeconomia, precisamos, inicialmente, saber o
que é um modeloiv: um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação
entre as coisas. Assim como um mapa não mostra todos os detalhes da
paisagem, omitindo árvores, e pontos menos relevantes, o modelo
simples não poderá mostrar tudo que acontece na complexidade de um
sistema econômico.v Contudo, assim como o mapa nos leva ao local
onde desejamos chegar, o modelo simples desenvolvido nessa parte
permitirá ter uma compreensão melhor das relações macroeconômicas.
Ele também ajudará a analisar o impacto de mudanças de política
econômica sobre importantes variáveis na economia, tais como produto,
taxa de juros, emprego e nível geral de preços, como será visto nas aulas
seguintes.
Para saber o que acontece em um sistema econômico, é preciso, antes
de qualquer coisa, compreender quais são os agentes econômicos que
atuam nesse sistema. Um agente econômicovi, por sua vez, é uma
pessoa ou entidade que toma decisões econômicas. Em uma economia
simplificada, dizemos que existem quatro agentes econômicos: as
famílias (que buscam maximizar o nível de satisfação), as firmas ou
empresas (que buscam maximizar os lucros), o governo (que busca
maximizar o bem-estar social) e o resto do mundo (uma representação
dos três agentes citados que não estão dentro do território em análise).
Esses quatro agentes interagem em espaços chamados mercadosvii.
Assim, um mercado é um local, físico ou não, no qual agentes
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econômicos procedem à troca de bens por uma unidade monetária ou
por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados-chave: bens
e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo
final), Fatores Produtivos (onde são comercializados fatores necessários à
produção, como trabalho, terra e capital), e ativos financeiros.
Antes de estudar a economia acima descrita, iniciaremos analisando
uma economia mais simplificada: uma situação em que só existem dois
agentes: famílias e empresas (economia fechada – não há
comunicação com o resto do mundo – e sem governo); e apenas dois
mercados: bens e serviços e fatores produtivos, conforme mostrado na
figura abaixo, denominada de fluxo circular da riqueza.
Figura 2: Fluxo econômico para o caso de uma economia fechada e sem governo.
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De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza, as famílias são
proprietárias de fatores de produçãoviii (terra, capital e trabalho) e os
fornecem às firmas, através do mercado dos fatores de produção. As
firmas combinam os fatores de produção e produzem bens e serviços,
que são fornecidos às famílias por meio do mercado de bens e serviços.
Essas são as transações formam os fluxos reais, descrito na figura em
vermelho.
Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de
bens e serviços. Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para
poder pagar por esses bens, precisam ofertar seus fatores às empresas.
Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das
famílias, serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que
serão consumidos pelas famílias.... Seguindo um fluxo indefinido que se
retroalimenta.
Para cada elo do fluxo real, descrito acima, existe um fluxo monetário. Os
fluxos reais possuem uma contrapartida monetária, ou seja, são
efetuados pagamentos na moeda corrente: as firmas remuneram as
famílias quando adquirem os fatores de produção, e as famílias pagam
as firmas pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações
compõem o fluxo monetário. Percebe-se que toda renda dos agentes se
deve a alguma contribuição sua no processo produtivo. Por isso, o fluxo
econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo
monetário é representado em azul na figura 2.
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Logicamente, você percebe que esse modelo não condiz com a nossa
complexa realidade. Não é comum encontrarmos economias fechadas,
sem o contato com o resto do mundo, e é ainda mais improvável
encontrar uma economia sem governo. Por isso, embora bastante
simplificado, o fluxo acima descrito não se reporta a uma realidade
factível.
Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelinho mais
completo. Começando, adicionaremos o agente governo na análise.
Nessa economia, conforme você observa na figura 3, o governo não se
comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente
governo estabelece é com o outro agente, família. Esse fato deve ser
levado em consideração, pois, o governo deseja maximizar, entre outras
coisas, o bem estar social. Para atingir a esse objetivo, o governo deve
tirar recursos das famílias ricas (através dos impostos) e destinar às pobres
(através das transferências governamentais), sendo desnecessário o
contato direto com as empresas. Além de tributar e transferir recursos, o
governo atua ainda na economia através das compras governamentais
de bens e serviços realizadas no mercado de bens e serviços. Note que,
nessa economia, o governo não atua no mercado de fatores.
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Figura 3: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo
Embora não possua contato direto com as empresas, o governo o faz,
indiretamente, através do mercado de bens e serviços, pois o governo
também compra! Ele adquire os bens e serviços providos pelas empresas
quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo.
Agora, a nossa economia começa a ficar um pouco mais alinhada com
o que acontece nos sistemas econômicos mais complexos.
Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto
do mundo na nossa economia, até porque a maioria esmagadora dos
países se comunica com outros países. E como o resto do mundo se
comunica com a nossa economia? Através do mercado de bens e
serviços, comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras
nacionalidades. Assim, quando o resto do mundo adquire nossas
mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportando e
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quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e
serviços, estamos importando. A figura 4 mostra o surgimento do resto do
mundo na economia.
Figura 4: Fluxo circular da riqueza de uma economia aberta
Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram,
simultaneamente, apenas no mercado de bens e serviços. Cabendo ao
mercado de fatores a interação entre empresas e famílias, apenas.
O modelo até aqui formulado é bastante complexo, mas não mostra a
totalidade das relações existentes. Isso porque até agora
desconsideramos a existência de um mercado vital no sistema
econômico: o mercado financeiro ou de ativos financeirosix. Assim
como no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também
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conta com a presença simultânea dos quatro agentes econômicos: as
famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não
consumida (a poupança privada), as empresas operam no mercado
através da tomada de empréstimos para investimentos e a posterior
emissão de títulos da dívida e emissão de ações, enquanto o governo e
o resto do mundo podem tanto tomar quando conceder empréstimos ao
sistema financeiro nacional. O fluxo circular da riqueza expandido é
mostrado na figura 5.
Figura 5: Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo
O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia:
famílias, firmas, governos e resto do mundo, através dos três tipos de
mercados: os fundos fluem das firmas para as famílias na forma de
salários (remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração
do fator produtivo capital), e aluguéis (remuneração do fator produtivo
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terra), através do mercado de fatores. Depois de pagar os impostos ao
governo e receber do governo as transferências, a família aloca a renda
restante, ou seja, a renda disponível, entre poupança privada e gastos
com o consumo. Através dos mercados financeiros, a poupança privada
e os fundos do resto do mundo são canalizados para gastos de
investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada
e concessão de crédito de estrangeiros e transações de estrangeiros
com ações. Além disso, os fundos fluem do governo e das famílias para
as firmas, para pagar pela compra de bens e serviços. Finalmente,
exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra
na economia e as importações levam a um fluxo de fundos que sai da
economia.
Assim, quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os
gastos de investimentos pelas firmas, as compras governamentais de
bens e serviços e as exportações e, em seguida subtrai-se o valor das
importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o
gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável
muito importante para uma economia, conforme veremos adiante. De
modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e serviços produzidos
no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia.
O Produto Interno Bruto é estabelecido, assim, como tudo que é
produzido em um país e tenderá a manter o mesmo valor caso nenhuma
variável da economia se altere.
Bem, entendido isso, você deverá está se perguntando: “para que saber
de toda essa complexidade do fluxo circular da riqueza expandido?”
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Muito simples: o Produto Interno Bruto é uma dos agregados
macroeconômicos mais importantes de uma economia e não é estável
como está descrito aí. Mais ainda, as bancas de concurso sabem disso e
procuram tirar de você compreensões sobre esse fluxo. Assim, as bancas
perguntam sempre o que acontece na economia caso, por exemplo, o
sistema financeiro do resto do mundo entre em crise? Será que em uma
economia emergente, como a brasileira sofre efeito idêntico ao sentido
por uma economia já consolidada?
Para compreender como as bancas questionam isso, basta olhar o
exemplo de uma questão de concurso da FCC mostrada abaixo:
Exercício 01:
01. (FCC, Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Analista Judiciário, Área Economia, Caderno de Prova “F”, tipo 001, 2009) Analistas econômicos têm comentado que o Brasil não sofreu impactos mais fortes por conta da crise financeira internacional devido, dentre outros, ao fato de que:
(A) nos últimos anos o Estado tem aumentado sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera expectativas negativas para os depositantes relativamente à possibilidade de quebra das instituições financeiras.
(B) o Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer movimento da economia mundial.
(C) os mecanismos de contágio não estão presentes na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico.
(D) o Brasil tem uma política econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente do nível das reservas internacionais.
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(E) recentemente o Estado aumentou a regulação do setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio de programas que sanearam instituições com problemas de solvência, vendendo a parte boa a outras instituições sólidas.
Vamos resolver juntos?
Observe primeiramente que essa é uma questão que trata de aspectos
de curto prazo (não se considera aqui a análise de crescimento
econômico) e da presença do governo brasileiro durante a crise de 2009.
Para resolver essa questão, vamos analisar item por item pausadamente:
Na letra (A), a assertiva diz que nos últimos anos o Estado tem aumentado
sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera
expectativas negativas para os depositantes relativamente à
possibilidade de quebra das instituições financeiras. Como você pode
observar, essa afirmação não está correta, pois, primeiro, o Estado
brasileiro não aumentou a sua participação no setor financeiro nacional
nos últimos anos e, depois, essa maior presença não necessariamente
geraria uma menor expectativa de insolvência dos bancos. Para analisar
isso basta lembrar da forte leva de quebras ocorridas nos bancos
públicos estaduais brasileiros no início do Plano Real. Naquele período, as
quebras estiveram associadas justamente à forte presença do Poder
Público nos bancos.
A alternativa (B), por sua vez, afirma que o Brasil tem diminuído a
participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e
simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro
e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer
movimento da economia mundial. Essa alternativa possui, assim como a
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primeira, dois erros. O primeiro erro está na primeira parte da afirmativa: o
Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia. Na verdade,
o que vem se observando, desde o governo Lula é a maior presença do
estado na economia. Embora o governo tenha diminuído o seu tamanho
na economia brasileira nos governos Collor e FHC, tal fato não foi visto no
governo posterior. Uma outra informação errada dada na afirmativa diz
que a economia está simultaneamente fechado a economia aos fluxos
de capital estrangeiro e ao comércio internacional. Na verdade, o
processo de abertura foi iniciado no governo Collor através do Plano de
Industrialização e Comércio Exterior (conhecido como Plano PICE). A
partir do governo Collor, o programa de abertura da economia brasileira
só aumentou.
O item (C) afirma que os mecanismos de contágio não estão presentes
na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a
mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico. Assim
como as letras (A) e (B), o item em análise também está incorreto. Como
o Brasil possui contato com o resto do mundo (fato observado no Fluxo
Circular da Riqueza Expandido, figura 5) e possui um mercado financeiro
integrado com as demais economias, os mecanismos de contágio estão,
sim, presentes na economia nacional. Além disso, contrariamente ao que
afirma a assertiva, o Estado não intervêm a fim de evitar a mobilidade de
capitais nem retrai a oferta de crédito doméstico.
Em seguida, a opção (D) declara que o Brasil tem uma política
econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as
variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente
do nível das reservas internacionais. A incoerência dessa alternativa com
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a realidade do fluxo circular brasileiro versa sobre a capacidade do
governo controlar TODAS as variáveis e impedir o contágio de choques
externos! Veja só, a opção diz que o governo controla TODAS. É muito
improvável que o governo consiga ter esse nível de controle, mesmo que
possua uma política econômica eficiente, como é o caso,
verdadeiramente, do Brasil.
Por fim, a respostas correta é a letra (E). Vamos entender o porquê?
Segundo a afirmativa, recentemente o Estado aumentou a regulação do
setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio
de programas que sanearam instituições com problemas de solvência,
vendendo a parte boa a outras instituições sólidas. Essa alternativa está
correta pois houve um programa de recuperação das instituições
financeiras brasileiras promovidas ainda no governo Fernando Henrique
chamado de Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema
Financeiro Nacional, ou PROER. Assim como afirmado acima, o programa
visou a sanear os problemas das instituições com problemas de solvência
financeira, além de fortalecer a regulamentação do sistema financeiro
nacional.
Assim, o gabarito é a letra (E).
Ficou claro?
Agora que compreendemos a importância do Fluxo Circular da Riqueza,
vamos analisar o mais importante agregado de uma economia: O
Produto Interno Bruto, que compreenderemos no item a seguir:
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II. CONCEITOS MACROECONÔMICOS BÁSICOS. FORMAS DE MENSURAÇÃO
DO PRODUTO E DA RENDA NACIONAIS
Para poder contabilizar toda a riqueza produzida ou toda despesa
efetuada ou ainda todo rendimento gerado em um país, é preciso utilizar
a definição das contas nacionais. Essas contas utilizam uma nova
metodologia desde 1996 e têm sido um dos assuntos mais freqüentes nos
concursos da Receita Federal do Brasil, com presença garantida nos
concursos de fiscos estaduais, qualquer que seja a banca examinadora.
Considerando tal importância, veremos, em um primeiro instante, o
principal agregado macroeconômico responsável pela contabilização
da riqueza de toda coletividade, ou, melhor dizendo, a variável que
mede a produção de bens e serviços da economia: o Produto Interno
Bruto (PIB)
O PIB pode ser definido como:
“O valor de mercado de todos os bens e serviços
finais produzidos em um país em um dado período
de tempo.”
Antes de qualquer coisa, você vai começar a observar que é
exatamente dessa forma que os bancas dos concursos perguntam o que
é o PIB de uma economia. Deve-se notar ainda que, dentro dessa
definição, é possível ressaltar que todos os bens contabilizados no PIB
devem ser àqueles destinados ao consumo final: bens intermediários
(utilizados na fabricação de bens finais) não serão contabilizados no PIB,
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uma vez que o valor do bem final já considera o valor de todos os bens
intermediários utilizados.
Perceba ainda que toda a produção contabilizada no PIB diz respeito ao
que foi fabricado em um determinado espaço geográfico, em uma
unidade de tempo fixada. Assim, a compra de, por exemplo,
apartamento ou automóveis usados não são contabilizados no PIB no
ano da trocas, mas, apenas, no ano de fabricação.
Para se ter uma noção do quanto essa definição é importante, veja a
questão abaixo:
02. (Cesgranrio, SECAD/TO, Economista, 2005) Associe os conceitos abaixo às suas respectivas definições, apresentadas a seguir. I - PIB - Produto Interno Bruto. II - PNB - Produto Nacional Bruto. III - PIB Nominal. IV - PIB Real.
(N) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços correntes. (O) O valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em dado período de tempo. (P) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços constantes - sem influência das variações dos preços.
A associação correta é: (A) I - N; II - O; III - P (B) I - N; II - O; IV - P (C) I - O; III - N; IV - P (D) I - P; III - N; IV - O (E) II - N; III - O; IV – P
GABARITO: (C)
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Por enquanto, não quero que você resolva essa questão, mas note o que
está em vermelho. Viu aí? É exatamente a definição que nós vimos
agora, logo acima.
Vamos ver outro exemplo?
03. (Cesgranrio, Prefeitura Municipal de Manaus, Economista, 2005) A respeito de conceitos relativos à Renda Nacional, identifique a única afirmativa INCORRETA.
(A) O Produto Nacional Bruto (PNB) é o valor da produção de todos os residentes permanentes de uma nação.
(B) O Produto Interno Bruto (PIB) mede simultaneamente: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia.
(C) O Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais, produzidos em um país, em dado período de tempo.
(D) O Produto Interno Bruto real (PIB real) é a medida que expressa a quantidade de bens e serviços produzidos pela economia sem a influência das variações nos preços desses bens e serviços – produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.
(E) Como elemento do Produto Interno Bruto (PIB), pode-se destacar o consumo (C), que corresponde às despesas com bens e serviços feitos pelos governos federal, estadual e local.
GABARITO: (E)
Por enquanto, não quero que você resolva essa questão, mas note o que
está em vermelho. Viu aí? É exatamente a definição que nós vimos
agora, logo acima.
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Observe que as bancas tendem a valorizar muito essa definição. Os dois
exemplos acima, que resolveremos juntos depois, mostram claramente
essa tendência. Por isso, é bom ficar esperto!
Muitos exemplos são considerados dentro dessa definição do que seria
PIB, um modelo desse tipo de pergunta considera a formação de
estoques em um dado ano. Nesse caso, imagine que o estoque formado
seja de aço destinado à produção de automóveis. Esse bem será
contabilizado no PIB? Nesse caso, a resposta é sim. Com o final do ano,
todos os bens finais produzidos serão contabilizados no PIB e, a esses,
serão somados todos os estoques formados, mesmo dos bens
intermediários, incluindo-se aí, o aço produzido.
É sempre bom lembrar que o PIB diz respeito a tudo que é produzido
dentro de um país. Mas será que é correto considerar a produção de
todas as multinacionais como se fossem produtos genuinamente
brasileiros? Observando essa problemática entre a contabilidade do que
é produzido em um país e do que é nacional, surge outra medida dos
agregados macroeconômicos, o Produto Nacional Bruto. A diferença
entre eles é o que compreenderemos, juntos, no item a seguir.
Produto Interno Bruto (PIB) versus Produto Nacional Bruto (PNB)
O Produto Nacional Bruto (PNB)x é definido com a renda gerada
pelos cidadãos de um país. Inclui a renda que estes ganham no
estrangeiro, mas não inclui a renda auferida pelos fatores de produção
(trabalho, terra e capital) existentes no país, que são de propriedade
estrangeira. A diferença entre essa medida e o PIB é que esse último
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considera a renda auferida internamente por estrangeiros, mas não inclui
a renda ganha pelos cidadãos do país no exterior.
A diferença entre esses dois indicadores reside no montante de rendas
recebido e enviado ao exterior. Ou seja, os fluxos de renda, royalties,
lucros e juros recebidos e enviados determinam o distanciamento entre
os agregados PIB e PNB.
Escrevendo a informação de forma simplificada, temos o seguinte:
PNB = PIB + RLRE
ou
PNB = PIB – RLEE
Onde RLRE significa a renda líquida recebida do exterior e RLEE significa a
renda líquida enviada ao exteriorxi. Na contabilidade desses dois
indicadores, o primeiro é calculado através da subtração entre tudo que
é recebido pelo país do resto do mundo e tudo que é enviado do país
para o resto do mundo. O segundo indicador considera a ordem
contrária na subtração.
Para tornar ainda mais clara a diferença entre PIB e PNB, vamos exercitar
um pouco o nosso mais recente conhecimento. Lembrando que iremos
não apenas marcar o gabarito, mas vamos verificar o que há de errado
na resposta, ok? O Exercício 05 mostra um exemplo.
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Exercícios
04. (FCC, 2005) Sobre o produto e renda agregada, marque a opção incorreta. (A) A remessa de dinheiro de brasileiros que residem no exterior a familiares no Brasil aumenta da Renda Nacional Bruta;
(B) Em geral, países com alto grau de endividamento externo possuem, ceteris paribus, o PIB maior que o PNB;
(C) Quando, em um país, opera-se um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo que poucas empresas e residentes desse país operam em outras economias, o PIB será maior que o PNB;
(D) Em uma economia fechada, o Produto Interno Bruto coincide com o Produto Nacional Bruto;
(E) Em uma economia aberta, o PNB é determinado pelos gastos em produtos domésticos efetuados por residentes e não-residentes do país.
Analisemos, cada alternativa separadamente:
A letra (A) diz que cada vez que um brasileiro envia renda para seus
familiares no Brasil, isso aumenta a Renda Nacional Bruta. Para responder
esse item, precisamos saber, inicialmente, o que significa Renda Nacional
Bruta. Em economia, existe uma identidade que diz que tudo que é
produzido no país é igual à renda de todos os fatores produtivos (terra,
capital e trabalho). Assim, tanto faz se pensamos em Produto Nacional
Bruto ou Renda Nacional Bruta. Esses agregados são, por definição, a
mesma coisa.
Nesse caso, pela identidade mostrada acima, é a remuneração de um
brasileiro que mora fora do país aumenta o PNB nacional, não a
transferência para a família. O item, portanto, está incorreto.
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A assertiva (B) também correta, pois se os países possuem forte
endividamento, eles precisam remeter renda para o resto do mundo, o
que leva a uma redução do PNB. Assim, nesses casos, o PIB é maior que o
PNB.
A resposta da letra (C) é semelhante ao que ocorre na assertiva (B), por
isso, também está correta.
A opção (D) diz que na economia fechada PIB = PNB, o que está correto
pois, nessa economia não existe emissão ou recebimento de renda ao
exterior, sendo RLRE = RLEE = 0.
Por fim, a alternativa (E), também está correta pois o PNB contabiliza todo
o produto doméstico (ou nacional) consumido tanto por nacionais quanto
por não nacionais. Lembre que a definição da produção será diferente da
definição da despesa. Do lado da produção, analisamos que o PNB diz
respeito a tudo que é produzido por nacionais! Pela ótica da despesa é
tudo que é gasto com produtos nacionais! Seja a origem dos recursos
vinda do país ou não, ok?
GABARITO: (A)
Observando a questão acima, podemos verificar a existência três
identidades muito importantes que aproveito o espaço para já enunciar:
Produto = Renda = Despesa.
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Ou seja, tudo que é produzido em uma economia é exatamente igual à
ao somatório das remunerações dos fatores, que é idêntico ao total
agregado da despesa da economia.
Voltando a definição de PIB e PNB, precisamos ainda entender porque
tanto o PIB quanto o PNB consideram apenas o valor dos bens finais.
(lembra da definição de PIB dada acima?). Esse item será tratado no
item a seguir.
PNB / PIB: Valor adicionado e dupla contagem:
O PIB e o PNB são concebidos pelo valor de todos os bens e serviços
finais gerados em um certo período de tempo, por convernção, um ano.
Assim, segunda essa definição, somar o valor da produção de todas as
entidades produtivas significa duplicar o valor das matérias-primas e dos
produtos intermediários produzidos e que são utilizados na produção de
outros bens e serviços. Essas duplicações acabam gerando um indicador
superestimado da produção global de um país e deturpam qualquer
análise de políticas públicas.
Dessa forma, a contabilização dupla é evitada pela introdução de um
conceito de valor adicionado, que desconsidera da produção final a
parcela de consumo intemediário. Calcula-se o valor adicionado em
cada etapa de produção, subtraindo-se do valor do produto da fase em
questão os bens intermediários e materiais que não foram gerados nesta
fase, mas adquiridos de outras empresas.
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Resumindo, o valor adicionado reside na contribuição de que cada
unidade produtiva acrescenta sobre o insumo para repassar o bem ou
serviço para a frente. O valor adicionado é expresso pela seguinte
fórmula:
Valor adicionado = consumo final – somatório dos consumos
intermediários
Essa definição de valor adicionado sempre cai nas provas. Um exemplo
disso foi retirado da prova da AFPS preparada pela ESAF. Você irá notar
que, nesse caso, assim como já conversamos acima, será formado um
estoque que fará um grande diferencial na resposta. Vamos ver juntos na
última questão da aula de hoje?
05. (Esaf – AFPS, 2009) Considere uma economia hipotética que só produza um bem final: pão. Suponha as seguintes atividades e transações em um determinado período de tempo: o setor S produziu sementes no valor de $ 200 e vendeu para o setor T; o setor T produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu uma parcela equivalente a $ 1.000 para o setor F e estocou o restante; o setor F produziu farinha no valor de $ 1.300; o setor P produziu pães no valor de $ 1.600 e vendeu aos consumidores finais. Com base nessas informações, o produto agregado dessa economia foi, no período, de:
(A) $ 1.600 (B) $ 2.100 (C) $ 3.000 (D) $ 4.600 (E) $ 3.600
Para responder a essa questão, vamos utilizar um esqueminha para
facilitar.
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Bem final produzido: Pão
Setor S: Produção: $ 200 (transferiu integralmente) para Setor T.
200 Setor T: Produção: $ 1.500 $ 1.000 para setor F e
ESTOCOU $ 500.
(veja que aqui no setor T, diferentemente do que ocorreu no setor S,
houve a formação de um estoque de $ 500 (que será utilizado como
bem final. Lembre do exemplo do aço do carro dado acima) e a
parcela que vai para o setor F é de $ 1.000.
1.000 Setor F: Produção: $ 1.300 (totalmente transferida para o setor P
1.300 Setor P: Produção: $ 1.600 para consumo final.
Para facilitar ainda mais o seu entendimento, vamos montar uma
tabela para simplificar:
Setor Valor Produzido
total
Valor
intermediário
Valor
adicionado
Formação
de estoques
S 200,00 0 200 0
T 1500 200 1300 500
F 1300 1000 300 0
P 1600 1300 300 0
Olhando a tabela acima, você observa que se você somar os valores
adicionados por cada um dos setores (200+1300+300+300), você
chegará ao valor do produto agregado da economia, nesse caso, $
2.100.
Caso você deseje olhar pela ótica do bem final, é ainda mais simples, é
só contabilizar o valor produzido pelo Setor P (já que esse é o setor que
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está em contato com o consumidor final) e a formação de estoque
ocorrida no setor T. Nesse caso, você chegará ao mesmo valor, $ 2.100.
Assim sendo, o gabarito é a letra B
EXERCÍCIOS
Exercício 01:
01. (FCC, Tribunal de Justiça do Estado do Pará, Analista Judiciário, Área Economia, Caderno de Prova “F”, tipo 001, 2009) Analistas econômicos têm comentado que o Brasil não sofreu impactos mais fortes por conta da crise financeira internacional devido, dentre outros, ao fato de que:
(A) nos últimos anos o Estado tem aumentado sua participação no setor financeiro brasileiro, o que não gera expectativas negativas para os depositantes relativamente à possibilidade de quebra das instituições financeiras.
(B) o Brasil tem diminuído a participação do Estado na economia, desde o governo Collor, e simultaneamente fechado a economia aos fluxos de capital estrangeiro e ao comércio internacional, o que torna o país imune a qualquer movimento da economia mundial.
(C) os mecanismos de contágio não estão presentes na economia brasileira, já que o Estado sempre interveio para evitar a mobilidade de capitais e restringir a oferta de crédito doméstico.
(D) o Brasil tem uma política econômica eficiente, sendo o Estado capaz de controlar todas as variáveis e impedir o contágio de choques externos, independentemente do nível das reservas internacionais.
(E) recentemente o Estado aumentou a regulação do setor financeiro brasileiro, além de auxiliar sua consolidação, por meio de programas que sanearam instituições com problemas de solvência, vendendo a parte boa a outras instituições sólidas.
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02. (FCC, 2005) Sobre o produto e renda agregada, marque a opção incorreta. (A) A remessa de dinheiro de brasileiros que residem no exterior a familiares no Brasil aumenta da Renda Nacional Bruta;
(B) Em geral, países com alto grau de endividamento externo possuem, ceteris paribus, o PIB maior que o PNB;
(C) Quando, em um país, opera-se um grande número de empresas estrangeiras, ao mesmo tempo que poucas empresas e residentes desse país operam em outras economias, o PIB será maior que o PNB;
(D) Em uma economia fechada, o Produto Interno Bruto coincide com o Produto Nacional Bruto;
(E) Em uma economia aberta, o PNB é determinado pelos gastos em produtos domésticos efetuados por residentes e não-residentes do país.
03. (Cesgranrio, SECAD/TO, Economista, 2005) Associe os conceitos abaixo às suas respectivas definições, apresentadas a seguir. I - PIB - Produto Interno Bruto. II - PNB - Produto Nacional Bruto. III - PIB Nominal. IV - PIB Real.
(N) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços correntes. (O) O valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos em um país em dado período de tempo. (P) É o total da produção de bens e serviços da economia avaliado a preços constantes - sem influência das variações dos preços.
A associação correta é: (A) I - N; II - O; III - P (B) I - N; II - O; IV - P (C) I - O; III - N; IV - P
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(D) I - P; III - N; IV - O (E) II - N; III - O; IV – P
04. (Cesgranrio, Prefeitura Municipal de Manaus, Economista, 2005) A respeito de conceitos relativos à Renda Nacional, identifique a única afirmativa INCORRETA.
(A) O Produto Nacional Bruto (PNB) é o valor da produção de todos os residentes permanentes de uma nação.
(B) O Produto Interno Bruto (PIB) mede simultaneamente: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços produzidos na economia.
(C) O Produto Interno Bruto (PIB) é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais, produzidos em um país, em dado período de tempo.
(D) O Produto Interno Bruto real (PIB real) é a medida que expressa a quantidade de bens e serviços produzidos pela economia sem a influência das variações nos preços desses bens e serviços – produção de bens e serviços avaliada a preços constantes.
(E) Como elemento do Produto Interno Bruto (PIB), pode-se destacar o consumo (C), que corresponde às despesas com bens e serviços feitos pelos governos federal, estadual e local.
05. (Esaf – AFPS, 2009) Considere uma economia hipotética que só produza um bem final: pão. Suponha as seguintes atividades e transações em um determinado período de tempo: o setor S produziu sementes no valor de $ 200 e vendeu para o setor T; o setor T produziu trigo no valor de $1.500 e vendeu uma parcela equivalente a $ 1.000 para o setor F e estocou o restante; o setor F produziu farinha no valor de $ 1.300; o setor P produziu pães no valor de $ 1.600 e vendeu aos consumidores finais. Com base nessas informações, o produto agregado dessa economia foi, no período, de:
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(A) $ 1.600 (B) $ 2.100 (C) $ 3.000 (D) $ 4.600 (E) $ 3.600
GABARITO:
01 – E
02 – C
03 – E
04 – A
05 – B
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Pessoal,
Terminamos aqui a nossa aula demonstrativa. Apenas lembrando, ela
será um pouco menor que as demais, que deverão ter entre 40 e 50
páginas, cada.
Inicialmente, o que eu trouxe para você hoje foi uma noção de como
um sistema econômico funciona. Essa compreensão é muito importante
porque uma vez entendido esse funcionamento, você terá muito mais
facilidade de entender e marcar certo na sua prova, o objetivo final
desse curso.
Tentei, de uma forma bastante geral, mostrar quais serão as diretrizes do
curso de uma forma que você, não economista, possa compreender
facilmente.
Na próxima aula já passaremos a analisar as definições iniciais da
microeconomia, assunto sempre presente nas provas de concursos e
item do nosso edital.
Até a próxima.
Abraços
Amanda
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GLOSSÁRIO i A Microeconomia estuda como as famílias e empresas tomam decisões e de como interagem nos mercados.
ii A Macroeconomia estuda os fenômenos que afetam a economia como um todo, incluindo inflação, desemprego e crescimento econômico.
iii A noção exata de Produto Nacional será vista mais adiante, ainda na aula de hoje. Somente para adiantar, o Produto Nacional é o mais importante agregado analisado na macroeconomia, e contabiliza toda a produção nacional.
iv Um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre as coisas.
v Sistemas Econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos queais os agentes econômicos são levados a empregar recursos e a interagir via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos institucionais de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos até as formas de atuação, as funções e os limites de cada um dos agentes.
vi Um agente econômico é uma pessoa ou entidade que toma decisões econômicas.
São agentes econômicos: 1. Famílias 2. Empresas ou firmas 3. Governo 4. Resto do Mundo
vii Mercado é um espaço físico ou não onde ocorre a interação entre os quatro agentes econômicos.
Existem 3 mercados-chave dentro de uma economia: 1. Mercado de Bens e Serviços 2. Mercado de Fatores produtivos 3. Mercado Financeiro.
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viii Os fatores de produção são necessários no processo de fabricar bens e serviços. Em economia, esses fatores são agrupados em três grupos:
Terra – recursos naturais Capital – máquitas e equipamentos Trabalho – Mão de obra qualificada e não qualificada
ix O Mercado Financeiro é formado por quatro segmentos de mercado:
1. Mercado de Crédito: destinado, prioritariamente a fornecer recursos financeiros para as famílias;
2. Mercado de Capitais: destinado, fundamentalmente, a emissão de crédito para capital de giro das empresas;
3. Mercado Monetário: utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária;
4. Mercado Cambial: utilizado para a conversão entre a moeda nacional e as demais moedas estrangeiras.
x O Produto Nacional Bruto também pode ser expresso como o valoragregado bruto, que corresponde ao total da produção de bens e serviços nacionais finais a preços de mercado.
O Produto Nacional Bruto pode ser ainda definido como a medida do produto agregado nas contas da renda nacional. O valor de mercado dos bens e serviços produzidos por trabalho e instalações ofertados pelos residentes de um país. xi Há um esquema bastante simplificado que vai ajudar você na hora de compreender as diferenças entre PIB e PNB:
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
menos (mais)
Rendas líquidas enviadas ao exterior (Rendas líquidas recebidas do exterior)
é igual a
PRODUTO NACIONAL BRUTO, PNB