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ECOLOGIA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE Solange Cristina Mazzoni-Viveiros INTRODUÇÃO O ano de 2050 tem sido considerado por especialistas ambientais como o “marco crítico”, ou seja, o ano em que, mantido o mesmo crescimento médio da economia mundial que já se ocupou de 83% do planeta superando sua capacidade de suporte e regeneração em 20%, haverá total colapso e esgotamento dos recursos naturais, gerando uma crise considerada “Crise Sistêmica do Capitalismo”, pois ela é “econômico-financeira, social e ecológica” (Dupas, 2008; Trigueiro, 2008). O modelo civilizatório depredador e consumista adotado, resultado de uma Ética Antropocêntrica, causou essa crise ambiental planetária, global e mundial, requerendo uma postura revolucionária de todo cidadão, na busca pela manutenção e equilíbrio dos componentes dos diferentes ecossistemas, garantindo a preservação da biodiversidade e de suas relações ecossocioambientais. Com essa revolução na forma de se relacionar com o Meio Ambiente e com a Humanidade, confrontam-se hábitos, costumes e sistemas, criando-se uma Sociedade Sustentável, cujo Sistema Político-Econômico adotado promove Justiça Ambiental e Social, com Ecodesenvolvimento e democratização das informações e decisões (Governança Ambiental) que propiciem um relacionamento consciente e solidário do Homem com a Natureza e com os outros. Essa nova ética, a Ética da Sustentabilidade, resulta em redução dos níveis de pobreza, redução das desigualdades e da violência (MMA, 1992; Leff, 2001; Siqueira- Batista et al., 2009). Nesse cenário totalmente negro, essa revolução, muitas vezes, parece ser utópica e sonhadora, com pouca esperança que seja possível levá-la a cabo diante do sistema vigente e do atual quadro da Terra, que corroboram com o Consumismo, o Aquecimento Global, as Mudanças Climáticas, a Crise Hídrica/Desertificação, as Desigualdades e Injustiças Sociais, a Extinção tanto de espécies como de ecossistemas e de povos/comunidades. Quero, como Boff (2008), “trazer à memória o que pode nos trazer esperança” (Lm. 3.21), o que pode trazer uma nova forma de ser, capaz de eliminar a inativação diante do caos que se instalou, a “Espiritualidade”. Segundo o Teólogo Leonardo Boff, antropólogos como Claude Lévi-Straus e Clifford Geertz afirmam que em momentos em que um paradigma civilizatório entra em crise, a espiritualidade emerge para que nasçam paradigmas capazes de fazer outra história, de dar esperança às comunidades e às pessoas (Geertz, 1973). Da mesma forma, o Teólogo John Stott (2001) afirma que o envolvimento ecológico deve estar incluído na Missão Cristã, pois não se pode amar verdadeiramente ao próximo destruindo o ambiente no qual ele vive e do qual depende, pois Jesus Cristo encarnou para entrar em nosso mundo e nos ensinar que a Missão do Deus Triuno e, consequentemente, da Igreja Cristã é, também, entrar no mundo das outras pessoas, incluindo sua realidade social e ambiental. Se queremos ser cristãos comprometidos com a Missão da Igreja, devemos entender bem as palavras do Apóstolo Paulo aos Colossenses ao se referir a Jesus e sua Missão: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a Criação, pois nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer

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ECOLOGIA, MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE

Solange Cristina Mazzoni-Viveiros

INTRODUÇÃO

O ano de 2050 tem sido considerado por especialistas ambientais como o “marco

crítico”, ou seja, o ano em que, mantido o mesmo crescimento médio da economia mundial

que já se ocupou de 83% do planeta superando sua capacidade de suporte e regeneração em

20%, haverá total colapso e esgotamento dos recursos naturais, gerando uma crise

considerada “Crise Sistêmica do Capitalismo”, pois ela é “econômico-financeira, social e

ecológica” (Dupas, 2008; Trigueiro, 2008).

O modelo civilizatório depredador e consumista adotado, resultado de uma Ética

Antropocêntrica, causou essa crise ambiental planetária, global e mundial, requerendo uma

postura revolucionária de todo cidadão, na busca pela manutenção e equilíbrio dos

componentes dos diferentes ecossistemas, garantindo a preservação da biodiversidade e de

suas relações ecossocioambientais.

Com essa revolução na forma de se relacionar com o Meio Ambiente e com a

Humanidade, confrontam-se hábitos, costumes e sistemas, criando-se uma Sociedade

Sustentável, cujo Sistema Político-Econômico adotado promove Justiça Ambiental e Social,

com Ecodesenvolvimento e democratização das informações e decisões (Governança

Ambiental) que propiciem um relacionamento consciente e solidário do Homem com a

Natureza e com os outros. Essa nova ética, a Ética da Sustentabilidade, resulta em redução dos

níveis de pobreza, redução das desigualdades e da violência (MMA, 1992; Leff, 2001; Siqueira-

Batista et al., 2009).

Nesse cenário totalmente negro, essa revolução, muitas vezes, parece ser utópica e

sonhadora, com pouca esperança que seja possível levá-la a cabo diante do sistema vigente e

do atual quadro da Terra, que corroboram com o Consumismo, o Aquecimento Global, as

Mudanças Climáticas, a Crise Hídrica/Desertificação, as Desigualdades e Injustiças Sociais, a

Extinção tanto de espécies como de ecossistemas e de povos/comunidades.

Quero, como Boff (2008), “trazer à memória o que pode nos trazer esperança” (Lm.

3.21), o que pode trazer uma nova forma de ser, capaz de eliminar a inativação diante do caos

que se instalou, a “Espiritualidade”. Segundo o Teólogo Leonardo Boff, antropólogos como

Claude Lévi-Straus e Clifford Geertz afirmam que em momentos em que um paradigma

civilizatório entra em crise, a espiritualidade emerge para que nasçam paradigmas capazes de

fazer outra história, de dar esperança às comunidades e às pessoas (Geertz, 1973).

Da mesma forma, o Teólogo John Stott (2001) afirma que o envolvimento ecológico

deve estar incluído na Missão Cristã, pois não se pode amar verdadeiramente ao próximo

destruindo o ambiente no qual ele vive e do qual depende, pois Jesus Cristo encarnou para

entrar em nosso mundo e nos ensinar que a Missão do Deus Triuno e, consequentemente, da

Igreja Cristã é, também, entrar no mundo das outras pessoas, incluindo sua realidade social e

ambiental.

Se queremos ser cristãos comprometidos com a Missão da Igreja, devemos entender

bem as palavras do Apóstolo Paulo aos Colossenses ao se referir a Jesus e sua Missão: “Este é a

imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a Criação, pois nele foram criadas todas as

coisas, nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer

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principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as

coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de

entre os mortos, para em todas as coisas ter primazia, porque aprouve a Deus que, nele

residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da cruz, por meio dele,

reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1. 15-20).

Sendo assim, o objetivo do presente texto é trazer informações relativas à Crise

Sistêmica atual do nosso planeta, a fim de que esse conhecimento resulte em sensibilização e,

posterior, envolvimento pró-ativo na Missão de Deus, a Missão Integral da Igreja Cristã,

cooperando com Deus na restauração, não só do homem, mas de tudo que a decisão do

homem degradou (espiritual, emocional, psicológica, material e ecossocialmente), para o

retorno do equilíbrio que havia no Jardim do Éden, a Sustentabilidade (Ramos, 2008;

Cavalcanti, 2010; Carriker, 2014).

CRISE SISTÊMICA AMBIENTAL, SOCIOECONÔMICA E ÉTICO-MORAL

Segundo o Economista mexicano Enrique Leff (2001), a crise ambiental não é

catástrofe ecológica e sim resultado do pensamento, da Ética com a qual o homem constrói e

destrói o mundo. O Capitalismo, associado à Ética Antropocêntrica, criou tanto a degradação

da ordem social como da ordem ambiental, fazendo com que as forças produtivas se

tornassem forças destrutivas (Silva, 2015b).

A situação, segundo a Antropóloga Iara Pietricovsky de Oliveira, é dramática, “o

Planeta está na UTI” diz ela, exigindo atuação nos planos individual e coletivo, nacional e

internacional, pois pequenos esforços não serão suficientes (Oliveira, 2014). A Secretária Geral

da WWF do Brasil, Maria Célia Wey de Brito, ressalta que essa realidade faz com que o foco da

Conservação do Meio Ambiente deixe de estar dirigido para o bem-estar das gerações futuras

para ser uma grande questão da atual geração.

Diegues (2008a, b) afirma que a atual crise é: - global, porque afeta a Biosfera como

um todo; - acelerada e crescente; - irreversível, devido à resiliência reduzida de vários

ecossistemas às condições ambientais; - ameaçadora, pela crescente capacidade de

destruição; - reforçadora das desigualdades sociais e entre nações; - causadora de impactos

socioculturais, com as camadas mais pobres sendo as mais afetadas.

Um estudo recente realizado pela NASA, associando as ciências ambientais e sociais,

prevê que o planeta está à beira de um colapso, como o ocorrido com o Império Romano e

outros mesopotâmios, uma vez que a civilização do século XXI segue o mesmo modelo de uma

sociedade organizada em torno de uma cultura sofisticada, que requer grande quantidade de

recursos naturais. Acredita-se, inclusive, que o calor extremo que atingiu a Austrália e América

do Sul e o frio rigoroso da América do no Norte, ocorridos em 2014, são sinais precursores do

colapso. A agricultura, a indústria e a tecnologia aumentaram muito a demanda por recursos

naturais, principalmente nos últimos duzentos anos, porém os cientistas afirmam que o

colapso pode ser evitado com grandes modificações que devem envolver o controle do

crescimento populacional, a redução da demanda por recursos naturais e a distribuição

igualitária dos bens (O Globo, 2014).

O “Dia da Sobrecarga da Terra” (Earth Overshoot Day), que tem sido medido por

quatorze anos pela Organização Internacional Global Footprint Network (GFN, 2014), é um

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alerta quando a pegada ecológica da humanidade excede a capacidade de o planeta repor seus

recursos naturais e manter seu equilíbrio natural. Em 2000 essa sobrecarga ocorreu em 01 de

outubro, enquanto em 2013 foi em 20 de agosto e 2014 em 19 de agosto, mostrando que a

cada ano a data é alcançada mais cedo e por mais dias do ano a humanidade está em “dívida

ecológica” com o planeta. Para atingir o saldo positivo atual seriam necessários um planeta e

meio, enquanto projeções para 2030 apontam para a necessidade de dois planetas.

Pode-se dizer, inclusive, que a persistência do modelo de produção e consumo em

vigor que caracteriza essa crise atual, faz dela uma crise ético-moral, pois ela não só degrada o

ambiente como compromete a dignidade e a existência humana (Nascimento, 2012; Silva,

2015a).

VULNERABILIDADE E ADAPTAÇÃO

Desastres naturais podem ser definidos como o resultado do impacto de fenômenos

naturais extremos ou intensos sobre um sistema social, causando sérios danos e prejuízos que

excedem a capacidade da comunidade ou da sociedade atingida em conviver com o impacto.

(Tobin & Montz, 1997 apud Marcelino, 2008).

Os desastres podem ser divididos em: - naturais, causados pela dinâmica interna e

externa da Terra e por fenômenos e desequilíbrios da natureza, que podem ou não serem

agravados pela ação humana, como terremotos, maremotos, vulcanismo, tsunamis, tornados,

chuvas intensas provocando inundação, erosão e escorregamentos; ventos fortes formando

vendaval, tornado e furacão; etc; - humanos ou antropogênicos, resultantes de ações ou

omissões humanas, como incêndios, contaminações de rios, vazamento de petróleo no

oceano, etc (Marcelino, 2008; Tominaga et al., 2009).

Os desastres naturais, segundo dados do Banco Global EM-DAT do “Centre for

Research on the Epidemiology of Disasters”, podem ser classificados em Biológicos

(epidemias, pragas, etc), Geofísicos (terremotos, vulcões, movimento de massa sem água),

Climáticos (secas, temperaturas extremas, incêndios), Hidrológicos (inundações, movimento

de massa com água, desertificação), Metereológicos, que podem ocorrer de forma súbita

(terremotos, furações e inundações), gradual (chuva, neve, vento), ou por soma de eventos

(EM-DAT, 2005; Freitas, 2011; Saito, s/d).

Desastres têm acontecido no decorrer da história, como a inundação que matou cerca

de sete milhões de pessoas afogadas na China em 1332, o terremoto de 8.6 graus na escala

Richter que atingiu Portugal em 1755 matando cerca de cinquenta mil pessoas, devido aos

tremores, tsunamis e incêndios ocorridos (Bryant, 1997; Marcelino et al., 2006). O prejuízo

mundial em 2007 chegou a US$ 74,9 bilhões, com 414 desastres naturais no mundo, 16.847

mortos, 211 milhões de pessoas afetadas. No Brasil, neste ano de 2015, o tornado ocorrido em

Xanxerê e Ponte Serrada (SC), além dos mortos, feridos e desalojados, causou um prejuízo que

ultrapassou R$ 113 milhões (Veja, 2015b).

Muitos desastres têm impactado duramente várias regiões do planeta, mas foi a partir

da década de 50 do século vinte que houve um significativo aumento de desastres em todo

globo (EM-DAT 2005). Houghton (2003), dentre outros estudiosos, acredita que o principal

propulsor dos desastres naturais têm sido as mudanças climáticas globais, principalmente

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pelos impactos cada vez mais intensos, com expressivos danos e perdas de caráter social,

econômico e ambiental (Tominaga et al., 2009; Freitas, 2011).

Populações com baixo índice de desenvolvimento, com situação socioeconômica

desfavorável, são as mais vulneráveis aos eventos ambientais com alto risco de que ocorram

consequências danosas ou perdas (mortes, feridos, edificações comprometidas, etc) (UNDP,

2004; Maluf & Rosa, 2011). A Oxfam Internacional no Brasil chegou a prever que em 2015

cerca de 375 milhões de pessoas seriam afetadas pelos desastres naturais oriundos das

mudanças climáticas (Maia, 2009; Oxfam, 2009).

Os dez locais classificados como os mais vulneráveis e que possuem menor capacidade

adaptativa são: 1º Arquipélago Vanuatu (Oceania); 2º Tonga (Oceania); 3º Filipinas (Ásia); 4º

Ilhas Salomão (Oceania); 5º Guatemala (América Central); 6º Bangladesh (Ásia); 7º Timor-Leste

(Ásia); 8º Costa Rica (América Central); 9º Camboja (Ásia); 10º El Salvador (América Central)

(IMASH/UONU, 2011).

Um país ou um ecossistema estará mais vulnerável ao impacto das mudanças

climáticas de acordo com o grau de exposição às alterações climáticas e sua capacidade de

adaptação. Exemplo é a erosão marinha, causada pela elevação do nível do mar, pois a cada

milímetro de elevação a faixa litorânea regride em média 1,5 metro, colocando em risco

especialmente as Ilhas-nações e países costeiros (Eco4u, 2013).

Tal erosão tem destruído ilhas paradisíacas do Pacifico Sul, como os países de Kiribati e

Tuvalu, cujas populações estão sendo obrigadas a deixar o país e, além de perderem seus

bens, perdem também sua própria nacionalidade. A elevação do nível do mar coloca em risco a

produção de alimento na Índia, Tailândia, Vietnã, Indonésia e China, cujas plantações de arroz

estão sendo afetadas. No Brasil os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte,

Alagoas e Sergipe têm vários municípios sofrendo com o avanço do mar, com perda de praias,

imóveis, calçadas, muros, restaurantes, empregos, com prejuízos econômicos e sociais (Vitola,

2007).

O IPCC- Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, órgão das Nações

Unidas, considera que a África, América Latina e Ásia são as que têm menor oportunidade de

adaptação e, portanto, são as mais vulneráveis a alterações e mais suscetíveis a enchentes,

secas, diminuição na produção de alimentos, perda de biodiversidade, problemas de saúde

pública, dentre outros (IPCC, 2014).

A América Latina e o Caribe estão entre as regiões com elevada vulnerabilidade aos

efeitos das alterações climáticas devido às suas características geográficas (a deficiência

política para enfrentar o fenômeno, a dependência da atividade agrícola, derretimento das

geleiras e fornecimento de água, elevação do nível do mar) e seus aspectos socioeconômicos,

já que uma boa parcela da população se encontra em condições de extrema pobreza com uma

frágil gestão ambiental (Mudanças Climáticas, 2015a).

No Brasil a região do Nordeste é a considerada mais vulnerável, devido aos problemas

socioeconômicos e a desertificação do Semi-Árido, enquanto as regiões do país de alta

produção agrícola terão que se adaptar a novas culturas, e estados de zonas costeiras deverão

se preocupar com a elevação do nível do mar (CEDEPLAR/LABES/FIOCRUZ, 2008).

Sabe-se que nações com infraestrutura socioeconômica já estão se adaptando às

alterações do clima. Um exemplo é o de Hong Kong, que após uma crise hídrica, ocorrida há

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cerca de cinquenta anos, implementou um sistema que fornece gratuitamente água do mar

para descarga, atendendo hoje 80% da população e preservando a água potável para usos

mais nobres (Pensamento Verde, 2015). A Suécia, também está entre os países que se

destacam pela forma que reutilizam o lixo como fonte de energia, pois somente 1% do lixo

produzido não é utilizado para fins energéticos, mas tudo o que pode ser reciclado é

aproveitado. Com o sucesso dessa tecnologia o país, além de importar lixo de outras nações

para suprir a demanda local, resolveu seu problema de falta de espaço para o descarte do lixo

e a demanda energética (CicloVivo, 2015).

Nações mais vulneráveis precisam, por sua vez, de apoio financeiro externo. A ONU

considera que serão necessários investir de US$ 50 bilhões a US$ 70 bilhões anuais, enquanto

o Instituto Internacional para Ambiente e Desenvolvimento (IIED/Instituto de Mudanças

Climáticas do Imperial College-Inglaterra) acredita que serão necessários valores duas a três

vezes maiores do que o estimado pela ONU e o Banco Mundial calcula que os gastos ficarão

entre US$ 100 bilhões anuais até 2050.

Segundo o Chefe da Divisão de Redução de Riscos de Desastres da Organização

Metereológica Mundial –OMM, Maryam Golnaraghi, temos que aprender com os desastres,

pois agora todos os países são vulneráveis em maior ou menor escala.

Fica claro, diante desse quadro, que se fazem necessárias estratégias globais urgentes

para reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência dessas regiões mais desfavorecidas

(IPCC, 2014).

RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA

Segundo Bauman (1999), a relação homem-natureza nos primórdios da história da

humanidade era de “Homem-coletor”, usufruindo dos recursos naturais apenas para sua

subsistência, sem comprometer o ritmo da natureza para a sua recuperação. Com o abandono

da condição nômade e a falta de recursos passou a ser “Homem-Produtor”, extraindo recursos

naturais e os transformando em bens e serviços, culminando mais tarde no “Homem-

Consumidor”, cujo valor reside em consumir (Santos, 2011; Gavazzoni, 2015a).

No século VI a V AC, essa relação homem-natureza trazia consigo a contemplação,

influenciada pela postura assumida pelos físicos naturais que consideravam que o homem e os

deuses integravam a natureza. Já na Idade Média, devido à tradição judaico-cristã,

estabeleceu-se uma dicotomia homem-natureza, já que considerava o homem como um ser

privilegiado que estava fora da natureza, pois havia sido criado à imagem e semelhança de

Deus (Soffiati, 2002).

Nos séculos XVII e XVIII o homem passa a ser visto como a razão (“o cogito”) e os

elementos da natureza, que antes eram temidos, passam a ser dominados e a ele servir. A

supervalorização das ciências naturais, ocorrida no século XIX, influencia as ciências humanas,

ocorrendo a dominação do homem para a preservação de uma determinada ordem

econômica, política e social, cuja finalidade se concentrava no bom e adequado

funcionamento de produção e reprodução capitalista, ou seja: produção, circulação, consumo

e lucro.

Com o triunfo do antropocentrismo no pensamento ocidental, surgem os sujeitos-

dominadores, proprietários dos meios de produção e os detentores do conhecimento técnico-

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científico, e os objetos-dominados, aqueles que não detinham o referido conhecimento

(Ribeiro et al., 2012). O conceito de natureza foi sendo reduzido à dimensão físico-natural

tratada, no sistema capitalista adotado, como algo exterior sem vinculação com o ser humano.

Marcuse (1982) chega a dizer que a sociedade capitalista se reproduz num crescente conjunto

técnico de coisas e relações que incluem a utilização técnica também do homem.

No final do século XIX e início do XX, com as Teorias da Evolução, da Termodinâmica e

da Relatividade, o homem passa a uma posição de superioridade em relação a natureza, que é

vista como fonte inesgotável de riqueza e servindo para o progresso e desenvolvimento

ilimitados. Nessa visão, tudo e todos passam a ser mercadorias e o homem, como peça do

sistema, tem sua força de trabalho transformada em mercadoria (Homem-Produtor). Nesse

contexto surge a total liberdade do homem em interferir na dinâmica da natureza visando ao

consumo, estimulados pelo conceito de que o bem-sucedido está atrelado à lógica de

desempenho e ao progresso tecnológico (Ribeiro et al., 2012).

Esse modelo de sociedade urbano-industrial e democrático-contratual, mediada pela

ambição humana de riqueza e poder, gerou efeitos maléficos ao ambiente, como: banalização

da vida humana; - aceleração do ritmo de vida; - demanda cada vez maior por recursos e

energia não renovável; - perda de biodiversidade a partir da destruição de ecossistemas; -

mudanças climáticas; - aumento cada vez maior da utilização de aditivos químicos nos

alimentos; - aumento considerável de resíduos sólidos urbanos, incluindo lixo radioativo

(Ribeiro et al., 2012).

Foi somente na primeira metade do século XX que a degradação do ambiente

começou a ser percebida em escala geográfica global e nacional e, não mais, regional/local.

Reconheceu-se que, a crise ambiental não só era global, como o resultado das atividades

exercidas por uma só espécie, no caso, a do homem (Soffiati, 2002). As primeiras políticas

ambientais só surgiram no final da década de 60 na Europa e só na de 80 no Brasil.

Essa relação do homem moderno com o mundo natural tem causado danosa agressão

aos ecossistemas, que não conseguem revertê-la devido ao ritmo acelerado dessa agressão

que, somado ao sistema econômico, necessita de uma produção desenfreada de mercadorias

para atender ao consumismo exacerbado, resultando na degradação do meio ambiente e,

consequentemente, do esgotamento dos recursos naturais (Homem-Consumidor) (GFN, 2014).

A nossa sociedade está organizada para nos induzir a consumir cada vez mais e cada vez com

menos critérios. Importante é questionar e definir as reais prioridades no ato de consumo, pois

na forma que consumimos surgem impactos sociais e ambientais.

O Departamento de Defesa do Consumidor de Portugal declara que “A sociedade de

consumo realizou o prodígio de transformar a compra numa festa, a venda numa arte e o

consumo em um espetáculo” (Pico et al., 2007).

A medida que o consumo aumenta há, também, o aumento da produção de resíduos

sólidos (lixo), sendo que 60% do lixo produzido nas cidades são encaminhados para locais

inadequados. O Brasil teve um aumento na produção de lixo nos últimos anos e não conseguiu

eliminar os lixões, que provocam doenças, causam danos ao meio ambiente, comprometem o

lençol freático. A melhor opção para o destino do lixo é o Aterro Sanitário, com reciclagem dos

resíduos e produção de energia (Arreguy, 2015). Há, ainda, um desperdício de matéria

orgânica, com 1 bilhão de tonelada de comida lançada no lixo por ano, causando um prejuízo

de US$ 750 bilhões anuais, resíduos esses que poderiam ser utilizados para compostagem,

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produzindo ótimo solo para a agricultura e evitando o dano ao ambiente (Mudanças

Climáticas, 2015b).

Resumindo, o crescimento populacional somado às Revoluções Industrial e

Tecnológica e ao sistema capitalista transformaram o homem em um consumidor alienado e

despreocupado com os impactos que podia causar à natureza, gerando uma crise de

proporções jamais vista na história (Krüger, 2001; Carriker, 2014; Oliveira, 2015). Essa crise

estrutural e sistêmica do capitalismo ocorre tanto no nível econômico-financeiro, como social

e ecológico, gerando outras crises, como a alimentar, a energética, do trabalho, a cultural, a

ética, etc. Fica claro, segundo a ONU, a urgente necessidade de mudança drástica no uso,

gerenciamento e compartilhamento de recursos, pois mantido o mesmo crescimento médio

da economia mundial haverá um déficit de 40% no abastecimento de agua até 2030 e total

esgotamento de recursos em 2050 (ONU, 2015).

Segundo Besserman (2014), “vivemos um período especial da história, pois nos

próximos 20 a 30 anos a humanidade terá de fazer escolhas inéditas sobre o futuro que

desejará ter, quais os valores que serão passados para as próximas gerações, como produzir e

consumir, e como deixará o planeta para a sobrevivência de seus semelhantes e

descendentes”.

A Humanidade deve buscar, segundo Leff (2006 apud Gavazzoni, 2015a), um novo

valor para as relações econômicas, éticas e estéticas entre homem-natureza modificando,

também, as concepções de democracia, justiça e convivência, pois não se trata apenas de

defender a natureza e, sim, de uma cosmovisão que leve em consideração o planeta como um

sistema de interrelações da humanidade entre si e com o meio. A nova visão deve ser holística,

ética e moral radical, reconhecendo o mundo como um todo integrado, com ampliação da

percepção, do pensamento e dos valores, rompendo com a antiga visão antropocêntrica

(Capra, 2008; Siqueira-Batista et al., 2009).

ATMOSFERA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O equilíbrio da natureza é a atual preocupação da humanidade, pois as atividades

humanas causaram sérios impactos ambientais devido ao crescimento populacional e

urbanização, o aumento da poluição (ar, solo, água, oceanos), o desmatamento, as queimadas,

a grande demanda por recursos naturais para diferente finalidades, dentre outros.

Durante a Revolução Industrial, com o aumento de produção foi havendo cada vez

mais demanda por energia, utilizando-se como fontes energéticas o carvão e os combustíveis

fosseis. A atmosfera foi, assim, recebendo uma grande carga de poluentes, principalmente de

dióxido de carbono, metano, óxidos nítricos, ozônio, que são, também, gases de efeito estufa

(GEE). Há GEE, como os aerossóis, que são de origem natural e têm um importante papel no

balanço energético entre o sistema Terra-atmosfera, como os emitidos pela atividade

vulcânica e o de sal marinho, resultado do atrito do vento com a superfície oceânica.

O Efeito Estufa corresponde à retenção do calor da radiação solar (infravermelha)

pelos GEE e, embora seja um processo natural que resulta na temperatura média da Terra de

cerca de 15 oC que é a favorável à existência da vida na forma que conhecemos, o aumento de

concentração desses gases pela atividade humana vem causando uma intensificação do Efeito

Estufa (Sampaio et al., 2008). O vapor de água é o GEE mais abundante na atmosfera, seguido

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pelo gás carbônico, ambos ocorrendo naturalmente na atmosfera, com o segundo, também,

sendo o GEE antropogênico mais importante.

A poluição atmosférica matou, em 2012, 7 milhões de pessoas. Calcula-se que, nos

próximos quinze anos, até 256.000 pessoas morrerão em São Paulo por causa da poluição

atmosférica, sendo que 25% desse número ocorrerão na capital (Ferraz, 2014).

A alta concentração do ozônio troposférico que ocorre nas áreas urbanas vegetadas,

como o Parque do Ibirapuera e Parque do Estado em São Paulo, segundo a Agência de

Proteção Ambiental dos Estados Unidos pode levar à morte prematura por doenças cardíacas

ou pulmonares, ao aumento da suscetibilidade a infecções respiratórias, ao aumento de

internações hospitalares por problemas respiratórios ao aumento no número de ocorrências

em emergências e consultas, ao aumento no uso de medicamentos, a faltas escolares mais

frequentes e relacionadas a problemas respiratórios.

Tanto a Europa, América do Norte e a Ásia/Pacífico aumentaram o consumo de

energia a níveis insustentáveis podendo dobrar a quantidade de GEE nos próximos 50 anos

com elevação de 3oC e causando perdas na agricultura, danos de eventos climáticos extremos

e maiores custos de saúde que irão reduzir o PIB global.

Tem havido esforços do Peru, Chile, Colômbia e México, em relação aos impactos nas

Florestas e Oceanos; da China, Estados Unidos e Canadá, em relação ao uso do carvão; Brasil e

Colômbia, na diminuição do desmatamento. No Brasil, 75% das emissões de GEE são

provenientes do desmatamento, 21 % do setor energético, 17% do setor agropecuário, 4-7%

da indústria. Embora, entre 2005-2012, tenha havia ligeira queda do desmatamento na

Amazônia e Cerrado no Brasil, a taxa anterior não foi compensada.

Pode-se dizer que estamos vivenciando as temperaturas mais elevadas do que em

qualquer momento nos últimos 4.000 anos. Segundo Ávila (2013), o clima está sempre em

transformação, mas o que chama a atenção é a velocidade em que isso está ocorrendo,

concluindo que a direção na qual se está seguindo não faz sentido sem que seja considerada a

ação humana. Marcott et al. (2013) afirma que nem no fim da Era do gelo as temperaturas

alteravam tão rapidamente, esclarecendo que se forem levadas em consideração apenas as

condições naturais, a tendência de esfriamento deveria ter sido mantida e agora estaríamos a

caminho de uma nova Era do Gelo. Reforça, ainda, que em apenas 100 anos, depois da década

mais fria em 11.300 anos, tivemos a mais quente (2000-2010), demonstrando que em um

século passamos do fim do espectro mais frio para o fim do mais quente.

Fisher & Knutti (2015), trabalharam com 25 modelos climáticos, com simulações

históricas entre 1901-2005 e projeções para 2006-2100 (altas emissões) e concluíram que: -

75% das temperaturas extremas e 18% das tempestades brutais se devem ao aquecimento

global ; - a influência humana no aumento de temperatura equivale a 89% na África, 88% na

América do Sul, 63% na Europa, 67% na América do Norte; - no ritmo atual das emissões GEE,

os eventos extremos até o fim do século terão 93% de culpa do homem.

Dentre as atividades que mais contribuem para o aumento de concentração dos GEE

na atmosfera, estão aquelas relacionadas com a queima de combustíveis fósseis (indústria e

meios de transportes), o desmatamento, a criação de gado, os campos de arroz, as

hidroelétricas, os lixões. O aquecimento causado pelas atividades antropogênicas tem sido

denominado de Aquecimento Global e as mudanças causadas por ele de Mudanças Climáticas

(Sampaio et al., 2008; Pinto et al., 2009). Sabe-se que no Brasil o setor agrícola é responsável

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por emissões significativas de CO2, óxido nitroso (N2O), além de emissões importantes de

metano, principalmente provenientes da digestão de ruminantes e das áreas de plantio de

arroz irrigado.

A China está em primeiro lugar na emissão de GEE mundiais, dentre os usuários de

carvão, como Austrália, Estados Unidos e Indonésia. O Brasil poderia hoje estar entre as

economias mais limpas do planeta, com um potencial abundante de geração renovável como

biomassa (álcool, biodiesel, bagaço de cana), eólica e solar, porém caiu para o nono lugar

porque decidiu pela volta dos combustíveis fósseis com a exploração pré-sal que, além de

exigir altos custos, é altamente arriscada e danosa (Baitelo, 2008, 2015; Pinheiro et al., 2010).

A vegetação tem um importante papel na redução da concentração de carbono na

atmosfera, pois sua principal fonte de carbono é o gás carbônico atmosférico que ela usa nos

processos fotossintéticos, transformando-o em compostos poliméricos e liberando o oxigênio

(Buckeridge et al., 2008). Se esses compostos - como amido, lignina e celulose - mantiverem o

carbono retido na planta por um longo tempo, fala-se em “sequestro de carbono”. As árvores

são as plantas consideradas as melhores sequestradoras de carbono, visto que elas mantêm

muita lignina e celulose em seus troncos retendo, assim, boa quantidade de carbono durante

toda sua vida.

Pela importância das árvores e, consequentemente, das florestas para o sequestro de

carbono atmosférico e redução na concentração de GEE, o desmatamento e as queimadas são

grandes vilões, pois além de devolverem o carbono armazenado nas árvores para a atmosfera

essas deixam de sequestrar o carbono.

A Floresta Amazônica é o maior reservatório biológico da Terra, ocupa nove países e

tem, também, grande importância para o resto do mundo pelo seu papel no ciclo do carbono,

pois dos bilhões de toneladas de carbono absorvidos por vegetação tropical em todo o mundo

35% são pelas árvores amazônicas, sendo a floresta de maior relevância quando se fala em

efeito estufa e aquecimento global (Painter, 2008).

O desmatamento da Amazônia, com subsequentes queimadas, atingiu 55,3 milhões de

hectares de áreas verdes em 11 anos, entre 1999 a 2010, dando ao Brasil o título de campeão

em desmatamento (Marengo, 2011; FAO, 2013). Entre agosto de 2012 a fevereiro de 2013

uma área maior que a cidade de São Paulo desapareceu na Amazônia, correspondendo a cerca

de 237 mil campos de futebol (1.695 Km2), principalmente nos Estados do Mato Grosso,

Maranhão e Tocantins (Greenpeace 2013). No período de agosto de 2013 a julho de 2014

houve uma redução do desmatamento em 18% em relação ao de agosto de 2012 a julho 2003,

que atingiu 4.848 km2, dos quais 1.829 km2 no Estado do Pará, não havendo nenhum motivo

de comemoração (MMA, 2014).

A Amazônia, ao mesmo tempo, é a segunda área do planeta mais vulnerável à

mudança climática e sujeita a outras ameaças, como a extração inadequada de madeira nas

áreas de várzea, plantações de soja e pecuária, o manejo inadequado de recursos pesqueiros,

uso inadequado de pesticidas (Painter, 2008).

A Floresta Amazônica fornece a maior parte das partículas que atuam como núcleos de

condensação de nuvens (NCN), efetivamente controlando os mecanismos de formação de

nuvens e precipitação (Artaxo et al., 2005). As raízes de suas árvores (entre 20-30 m)

bombeiam para a atmosfera 20 bilhões de toneladas de água por dia. Essa umidade é contida

pela Cordilheira dos Andes, não se dissipando para o Oceano Pacífico e se deslocando para o

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Sul do continente. Há períodos do ano que a Amazônia é responsável pela metade de toda

chuva que cai no Sul e Sudeste do Brasil. O desmatamento da Amazônia causa, portanto,

redução na umidade que acaba por alterar a geração de chuvas para as regiões Centro-Oeste,

Sudeste e Sul do Brasil, bem como para outros países, como Bolívia, Paraguai, Argentina,

Uruguai e sul do Chile (Greenpeace, 2014; Opinião & Notícia, 2014). Nobre (2015) reforça que

retirar floresta é retirar umidade, que o clima é um juiz que sabe contar árvores e nunca se

esquece e não perdoa.

Brienen et al. (2015) publicaram recentemente os resultados de uma pesquisa

realizada durante 30 anos na Amazônia, com 200.000 árvores em 321 plots sem ocorrência de

desmatamento, envolvendo vários países, inclusive o Brasil. Observou-se que, desde meados

da década de 1980, a absorção do carbono pelas árvores caiu pela metade e a mortalidade

cresceu mais de 1/3. A absorção de carbono que era de 2 bilhões de toneladas de carbono por

ano passou para 1 bilhão de tonelada. Os autores concluíram que o aumento de concentração

de carbono na atmosfera causou, inicialmente, um aumento de crescimento nas árvores na

Amazônia com aumento no sequestro de carbono, mas com esse estímulo de crescimento

excessivo as árvores passaram a morrer mais cedo e, com isso, o carbono nelas contido está

voltando para a atmosfera. Segundo esses autores, a saturação da Floresta Amazônica,

diagnosticada nesse estudo, pode ser um alerta sobre o futuro das demais florestas.

O desmatamento, provocado principalmente para conversão da floresta em áreas de

uso comercial (agropecuária), causa um prejuízo anual global de cerca de R$ 3,5 trilhões,

correspondendo a 44% do prejuízo ambiental total. Entre 2001 -2010 foram desmatados 130

mil km2 ao redor do mundo, sendo a América do Sul e África que apresentaram a maior perda

líquida de florestas nos últimos dez anos. O desmatamento da Amazônia ao longo da história

equivale a um prejuízo ambiental de R$ 231 trilhões (Proença, 2015).

O desmatamento traz consigo: -perda irreparável de variadas espécies e de recursos

genéticos; - erosão, aterramento, assoreamento; - riscos aos mananciais; - estiagem; - redução

umidade do ar; -aumento temperatura; - efeito estufa; - alteração na qualidade da água

(erosão e lixiviação); - desertificação; - perda econômica; - redução do turismo (ColegioWeb,

2014).

As espécies exóticas e invasoras, por sua vez, estão ameaçando progressivamente os

ecossistemas, como consequência do desmatamento e fragmentação florestal e,

consequentemente, causando danos ao equilíbrio do ambiente em questão, uma vez que

diminuem a biodiversidade nativa e competem com as nativas pelo solo e nutrientes, podendo

causar extinção da espécie nativa (Gurevitch et al., 2009). O prejuízo causado pelas plantas

invasoras no mundo é de R$ 2,5 trilhões, enquanto o desgaste do solo, pesca excessiva e

extinção de espécies causam um prejuízo anual de R$ 2 trilhões. Exemplo no Brasil de prejuízo

ocorrido por espécie invasora foi o que houve entre 1995 e 2005, quando a gramínea “capim-

chorão” (Eragrostis plana - Poaceae), causou R$ 51 milhões em prejuízos à agricultura gaúcha.

A sobrepesca é um problema tão grave que já atinge 80% dos estoques pesqueiros mundiais. É

preciso gastar 5 vezes mais tempo e dinheiro para pescar a mesma quantidade de 40 anos

atrás (Proença, 2015)

Dados dos relatórios do IPCC têm demonstrado que, de fato, a temperatura média da

Terra tem aumentado e que as alterações nos últimos mil anos se devem a causas antrópicas.

No relatório de 2007 considerou-se que 90% das alterações ambientais se deviam à ação

humana, suspeita essa confirmada no relatório de 2013, que apontou para 95% de

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probabilidade de que mais da metade da elevação média da temperatura da Terra (1951-2010)

tenha sido causada pelas atividades humanas, relacionadas ao aumento da poluição, queima

de combustíveis fósseis, queimadas, desmatamento, urbanização (IPCC, 2007; IPCC, 2013). O

aquecimento das cidades, em função do concreto e asfalto, somado ao aquecimento global,

causa o que se denomina de ilha-de-calor, que tem como efeito o aumento das chuvas na área

urbana, causando inundações, raios, queda de árvores (Lettenmaier apud Veja, 2015a).

O ciclo global do carbono, o principal GEE, está intimamente relacionado com a

ecologia das plantas, como visto acima. Conforme houver mudança de condições para o

crescimento das plantas, outras mudanças drásticas poderão ocorrer nos sistemas agrícolas e

ecossistemas naturais, como mudança na distribuição dos seres vivos afetando e modificando

a composição dos ecossistemas, a extinção de espécies, o desaparecimento de comunidades

naturais, o surgimento de novas comunidades (Gurevitch et al., 2009).

As principais consequências do Aquecimento Global detectadas, que correspondem às

Mudanças Climáticas, são: o derretimento das calotas polares, causando aumento no nível do

mar e inundações de regiões baixas, alteração nos padrões de chuva e ventos, desertificação,

perda da biodiversidade, inundações, desastres, problemas de saúde pública, moradia,

alimentação. Porém, essa mudança global abrange muito mais do que alterações

metereológicas e as consequências da mudança do clima, envolve também as mudanças nos

padrões de uso da terra e contínua perda da biodiversidade (Gurevitch et al., 2009).

A Antártida, continente cercado de oceano e chamado de “cidadela de gelo” (90% do

gelo do mundo), tem sofrido aquecimento de suas bordas causando elevação no nível global

do mar em alguns metros e alteração na circulação oceânica global. O Ártico, oceano cercado

por continentes que moderam o clima polar, tem seu gelo diminuindo rapidamente, incluindo

o Permafrost do Alasca, a Escandinávia e a Sibéria, liberando Carbono 40 vezes mais rápido e

podendo elevar até 3oC a temperatura global (Leahy, 2013).

Atualmente a população consegue associar as mudanças climáticas com os impactos

do cotidiano e estão cada vez mais reivindicando o uso de energias renováveis (Baitelo, 2015).

Dissocia-se, ainda, o aumento de GEE com o crescimento econômico, uma vez que na China

houve um crescimento econômico de 7% com redução das emissões em 4%. Com a ocorrência

do furacão Sandy em Nova York, o tufão Haiyan nas Filipinas, ondas de calor na Austrália e

Índia, enchentes no Paquistão e Brasil, seca na América Central, tornados no México e Brasil,

colapso das geleiras no oeste da Antártida, dentre outros desastres, não se pergunta mais

sobre custos das medidas, mas quais medidas devem ser tomadas.

Analistas financeiros europeus têm identificado tendência de crescimento e uma

capacidade de recuperação maior nos negócios que envolvam a “Economia Verde”. Cada

tonelada de CO2 que emitimos provoca danos no valor de pelo menos US$ 85, mas as emissões

podem ser reduzidas com um custo de menos de US$ 25/ton. Mudar o mundo para um baixo

teor de carbono poderia, eventualmente, beneficiar a economia em U$ 2,5 trilhões por ano.

Até 2050, os mercados de tecnologias de baixo carbono poderão valer pelo menos US$ 500

bilhões. No século 21 o “ouro é verde”, pois vencerá a corrida quem gerar energia segura,

barata, de baixa emissão de carbono para atender a uma população global crescente

(Mudanças Climáticas, 2015b).

O ano de 2015 será decisivo na busca de soluções na 21ª Conferência das Partes da

Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas que ocorrerá em Paris em

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dezembro. Nessa ocasião serão estabelecidos compromissos para 2020, 2030 e 2050,

considerando-se aspectos específicos dos países ricos, dos emergentes e dos pobres.

Estima-se que até 2100 o Brasil apresentará um aumento gradativo da temperatura

entre 1 e 6 oC, causando: - secas e estiagens prolongadas na Amazônia, Cerrado e Caatinga; -

savanização da Amazônia, com uma mudança drástica do ciclo hidrológico e prolongamento

do período de seca; - desertificação da caatinga, com aumento de meio a um grau na

temperatura e diminuição das chuvas de 10-20% até 2040 nos biomas Cerrado, Pantanal, Mata

Atlântica; - um aumento de um grau de temperatura nos Pampas com aumento da ocorrência

de chuvas (Alisson, 2013).

Os desmatamentos, a poluição, a ocupação irregular das margens de rios e represas,

os dejetos industriais, a agricultura intensiva, o esgoto doméstico e o desperdício têm

contribuído consideravelmente para a redução na disponibilidade ou na qualidade da água.

Segundo Rebouças (2001), enquanto a população do mundo duplicou na última

década do século vinte, a demanda total de água para uso doméstico, industrial e agrícola

cresceu 6 vezes, ressaltando que como alternativa mais barata e viável para abastecer a

crescente população mundial deve-se aprender a usar a água disponível no mundo de forma

cada vez mais eficiente.

Além do desperdício da água, tanto na agricultura como de forma geral pela

sociedade, muita água é consumida de forma indireta, ou seja, a água que é utilizada na

produção de alimentos e bens de consumo, denominada “água que não se vê”. A carne bovina

é uma das que mais consome água, sendo necessários 17.100 litros de água para um quilo de

carne, em seguida vem a de porco com 4.800 litros para um quilo e a de frango com 3.700 por

quilo. O Brasil, desde 2001, é o maior exportador de carne e, consequentemente, o maior

exportador de água.

Dados da ONU salientam que os seres humanos não precisam mais do que cem litros

de água por dia, mas o que temos constatado é que o uso direto da água tem ultrapassado em

muito esse valor, com uma média de 150 litros no Brasil, 221 litros em São Paulo, 236 litros no

Rio de Janeiro e 400 litros em bairros nobres da capital de São Paulo.

A ONU alerta que a seca causa mais mortes e deslocamentos que furacões, enchentes

e terremotos juntos. Hoje mais de 1 bilhão de pessoas no mundo continuam utilizado água

imprópria para consumo, uma criança de país pobre consome trinta a quarenta vezes menos

água do que aquelas de um país rico. Calcula-se que em 2030 cerca de 47% da população

viverá em condições de estresse hídrico. Se nada mudar, mais de 600 milhões de pessoas

ficarão sem água potável em 2015, causando problemas de saúde e desigualdade social. Essa

Exclusão Hídrica se transformou no mais perigoso e destrutivo fenômeno natural. O IPCC

afirma que no século XXI a água será o que o petróleo foi no século XX, ou seja, razão para

conflitos e guerras (IPCC, 2014).

O Brasil é considerado o “país da água”, pois possui a maior concentração de água

doce do planeta (12%). Embora a oferta de água seja maior do que a demanda, problemas

ocorrem por mal distribuição dessa água, com 70% concentrados na região Norte, onde há

menor taxa populacional, e somente 6% na região Sudeste com a maior população do país

(Ferreira, 2012; Domingos, 2013). Segundo Rocha (2014), a falta de água nas regiões Nordeste

e Norte e em Minas Gerais ocorre pela falta de chuva, enquanto que em São Paulo, Belo

Horizonte, Porto Alegre e Goiânia pelo adensamento populacional.

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A agricultura no Brasil utiliza 4,5 quatrilhões de água por ano, com 60% sendo

desperdício. O IPCC alerta para o fato de que a produção de alimentos em todo mundo poderá

sofrer um impacto dramático, devido à falta de água causada pelas Mudanças Climáticas. Isso

já é possível constatar no Brasil, em que secas e geadas têm arruinado safras.

Calcula-se que com o aumento da temperatura o Brasil terá: - uma redução na

produção de grãos, com perda de R$ 7,4 bilhões em 2020 / 14 bilhões em 2070; - as culturas

de café se deslocarão para o Sul, pois terão pouca chance de sobreviver na região Sudeste; a

cultura de mandioca poderá desaparecer no semi-árido e a soja na região Sul (Deconto, 2008).

Os autores ressaltam, ainda, que na América Latina haverá perda da produtividade e

problemas de segurança alimentar devido à aridificação do semi-árido e savanização do Leste

da Amazônia.

Como soluções para a Agropecuária no Brasil, com redução de impactos ambientais,

tem-se sugerido: - a utilização dos cem milhões de hectares de pastos degradados para

abrigar a expansão agrícola sem desmatamento; - o uso adequado do solo com redução de

fertilizantes, uso do cultivo direto, incremento dos sistemas agroflorestais, agropastoris e

agrossilvopastoris, para que a agricultura passe a ser sumidouro de carbono; - novas técnicas

de cultivo do arroz e no cultivo de gado para redução de emissão de metano; - transformação

dos dejetos animais em biogás; - arborização de cafezais para redução da temperatura e

vento; - substituição da queimada na Amazônia pela trituração da vegetação que pode reduzir

em cinco vezes a emissão de carbono, aumento da produção de cana-de-açúcar para produção

de etanol (Deconto, 2008).

Os Aquíferos, fontes renováveis de água, fornecem água para um quarto dos

habitantes do mundo, sendo que no Brasil existem vinte e sete deles. O uso dos Aquíferos para

o abastecimento de água é uma importante estratégia futura, apesar de suas águas já se

encontrarem contaminadas, especialmente por postos de combustíveis, lixões, efluentes

industriais e poços clandestinos.

O Aquífero Guarani, com 1,2 milhão de km, ocupa quatro países, Brasil (840 mil km),

Paraguai (58,5 mil km), Uruguai (58,5 mil km) e Argentina (255 mil km). Em 2010 os quatro

países estabeleceram um Acordo para seu manejo, pois 15 milhões de pessoas dependem

desse Aquífero (Ribeiro, 2008). No Brasil beneficia oito estados das regiões Sul, Sudeste e

Centro-Oeste.

Os Oceanos Pacífico, Índico, Atlântico e Ártico somam 70% da superfície do planeta e

concentram 97% da água existente, com 41% altamente impactados pela ação humana. A

proteção dos oceanos é questão de sobrevivência da espécie humana, pois sua saúde afeta o

planeta inteiro. Os Oceanos são objeto de interesse da ecologia, economia, política e âmbito

sociocultural, devido à sua biodiversidade, ao seu estoque de alimento e às suas reservas

minerais. Porém, menos de 1% dos Oceanos é protegido no mundo (Greenpeace, 2008).

Todo potencial contido nos Oceanos é denominado de “Economia Azul”, pois gera

muitos empregos e negócios. As atividades humanas têm provocado, no entanto, vários

problemas aos Oceanos, como a acidificação da água causada por poluentes, morte e

desaparecimento dos recifes de coral, diminuição da biodiversidade (estoques de peixes e

demais espécies marinhas), aumento do nível do mar com erosão costeira e ações prejudiciais

às comunidades litorâneas e aos países-ilhas, pesca excessiva e redução do recurso, poluição

por vazamento de petróleo (Mendonça, 2014; Pensamento Verde, 2014b, c).

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O Brasil contém uma das mais extensas costas do mundo, com 9.200 km se forem

consideradas as saliências e reentrâncias, porém somente 1,5% desse litoral é protegido por

APMs e 9% das áreas consideradas prioritárias para conservação já foram concedidas a

companhias petroleiras para exploração. As costas altamente povoadas dos Estados de São

Paulo e Rio de Janeiro concentram a maioria das reservas de petróleo, sendo alvos de

exploração e, consequentemente, de impactos ambientais.

A humanidade tem acelerado em mil vezes a extinção da biodiversidade, com o

desaparecimento de espécies, atualmente, mil vezes mais rápido que se a extinção fosse

provocada por fatores naturais (Araújo, 2014).

A América Latina e o Caribe são considerados cruciais para a saúde do planeta, devido

à biodiversidade encontrada em seus países, em especial no Brasil. A maior parte dos governos

latino-americanos está buscando criar infraestrutura regulatória e financeira para desenvolver

a indústria dos biocombustíveis na região, reduzindo os impactos ambientais. Na liderança, o

Governo Brasileiro tem firmado parcerias de transferência de tecnologia e cooperação na

produção e comercialização de biocombustíveis (Lessa et al., 2009).

A ONU propõe aos países dessas regiões que intensifiquem políticas de preservação e

alcancem modelos de desenvolvimento sustentável para ser possível combater desafios como

a pobreza, a desigualdade social e o desaparecimento de comunidades e povoados.

O espaço degradado influencia na degradação do cotidiano e dos estilos de vida, o que

comprova a relação de reciprocidade entre vida social e o ambiente. A violência é uma questão

que se manifesta como ameaça desterritorializada e generalizada que está presente no

cotidiano social e tem como base relações no plano doméstico ou mesmo no espaço público

(Adorno, 1998). Malecki (2015), através de entrevistas com 2,5 mil habitantes americanos,

distribuídos entre 229 bairros, demonstrou que o aumento da vegetação nas cidades reduz em

10% a ocorrência de depressão, estresse e ansiedade, que pessoas que vivem em espaços

verdes são mais felizes.

SUSTENTABILIDADE

O estilo de desenvolvimento adotado pela humanidade tem sido insustentável, pois

tem se mostrado ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente

perverso com geração de pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto com

concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores,

eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies.

A proposta da Sustentabilidade, por sua vez, é: - Ecológica, transformando a visão

antropocêntrica da relação homem-natureza em visão biocêntrica, fundamental para a

manutenção de uma vida sustentável, que respeite as pessoas e o meio ambiente; - Social,

baseada na construção de um processo de desenvolvimento orientado por uma outra visão do

que seja uma sociedade justa; - Econômica, com alocação e gestão eficiente de recursos e por

um fluxo regular de investimentos públicos e privados; - Espacial, com configuração rural-

urbana mais equilibrada e uma melhor distribuição geográfica da população e das atividades

econômicas; - Política, com a evolução da democracia, construção de espaços públicos

comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos; -

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Cultural, com pluralidade de soluções particulares, que respeitem as peculiaridades dos

ecossistemas, das localidades e das culturas (Sachs & Sthoh, 2002; Nascimento, 2012).

Bodnar (2011) considera que a sustentabilidade, nesse contexto, deixa de ser um valor

para ser uma idealidade, para ser um princípio jurídico. Segundo a ONU (MMA, 1992), a

Sustentabilidade não significa apenas usar de forma consciente e eficiente os recursos

naturais, é também a redução dos níveis de pobreza, a criação de emprego e renda, a redução

das desigualdades e da violência e a democratização das informações e decisões.

Para que haja, de fato, um comportamento sustentável e um ecodesenvolvimento, faz-

se necessário combater o anafalbetismo ambiental, com a educação ambiental reorientando

as premissas do agir humano em relação ao meio ambiente, criando um novo paradigma

sócio-político-espiritual-filosófico e econômico de desenvolvimento sine qua non à convivência

fraterna e solidária entre homens e extremamente necessária para a garantia do futuro do

planeta. Campanhas educativas de sensibilização e redução de consumo, promovendo

mudanças de hábitos pessoais, ecólogos envolvidos na estruturação econômica

(Ecoeconomia), atuando de forma a promover o manejo sustentável dos recursos naturais,

beneficiando sua preservação ao mesmo tempo que promove o Ecodesenvolvimento social e

econômico (Soffiati, 2002; Capra, 2008; SMA/CEA, 2008; SMA, 2010; Pensamento Verde,

2014a).

A Governança, entendida como parceria entre governo e sociedade, deve ser

implementada, havendo o empoderamento das pessoas e comunidades, dando poder local e

incrementando processos de descentralização, com a valoração dos movimentos comunitários

e religiosos, associações, ONGs, etc (Siqueira, s/d).

A Justiça Ambiental, em que nenhum grupo, seja ele definido por raça, etnia ou classe

social, deve arcar de maneira desproporcional com as consequências ambientais negativas de

determinada obra, política ou projeto. Segundo PNUD (2015), no Brasil o acesso à justiça é

muito mais desigual que a distribuição de renda, sendo necessário o acesso à justiça para

todos na agenda pós-2015. É urgente a intensificação de políticas públicas de preservação e

modelos de Ecodesenvolvimento para a América Latina e Caribe para combate à pobreza e

desigualdade social.

O incremento no uso de energia renovável/limpa e a busca por tecnologias de

aproveitamento dos recursos hídricos (dessalinização, reúso, etc) devem ser incentivadas,

assim como a aplicação das leis ambientais existentes nas nações que abrigam a floresta

amazônica para mitigação das mudanças climáticas. O planejamento urbano deve responder

aos desafios da moradia e proteger os moradores das mudanças climáticas.

Deve-se buscar a mitigação do efeito estufa na Floresta Amazônica, evitando sua

mortalidade catastrófica prevista para 2080, e a regularização fundiária da Amazônia, para que

não haja comprometimento de futuros projetos de redução das emissões oriundas de

desmatamento e degradação.

Boff (2008) afirma que “estamos diante de um momento crítico da história da terra,

numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro... ou formar uma aliança global

para cuidar da terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da

vida”. Lembra, ainda, que nesse contexto dramático é que surge a espiritualidade, pois só ela

pode trazer um novo modo de ser que poderá nos salvar. É da espiritualidade que nascem

paradigmas civilizacionais capazes de fazer outra história e suscitar a esperança.

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CRIAÇÃO E MISSÃO

Diante da atual crise e ciente que o homem é o grande responsável por ela, cabendo a

ele a reversão da mesma, ressalta-se o papel dos cristãos, das igrejas e das instituições cristãs

na conscientização e mudança de conduta da sociedade que promova a qualidade de vida de

todos os seres viventes, desta geração e das futuras.

A teologia cristã testifica que a Terra pertence ao Senhor (Sl 24.1, Jó 41.11), que ela

está repleta de Sua glória (Sl 19.1, Is 6.3), reflete sua bondade e justiça (Sl 50.6, Rm 1.20), bem

como que Ele ordenou ao homem que lavrasse e guardasse o Jardim do Éden (manejo e

proteção), mesmo antes da queda (Gn 2.15). O maior mandamento é amar a Deus, e amá-lO

significa valorizar o que Ele também valoriza (Jo 14.15).

Deus, após ter criado todas as coisas, declarou que tudo era bom e descansou no

sétimo dia, pois havia perfeito equilíbrio na Criação, havia sustentabilidade (Gn.1.31, Gn 2.2).

No entanto, em Gênesis capítulo 3, a Bíblia descreve a Queda do Homem e sua

consequência, mostrando que a partir daquele momento o relacionamento do homem com a

natureza seria à base de fadigas, quebrando-se o equilíbrio que havia e demonstrando que a

Queda não atingia apenas o homem, mas toda a Criação (Gn 3.17). A Criação ficou sujeita à

vaidade humana, à cobiça, não havendo limites nesse relacionamento homem-natureza, que

deixou de ser jardineiro para ser um predador voraz (Rm 8.20-23, Tg 1.14-15, Pv 30.15).

Deus, a partir da Queda, entrou em Missão para derrotar quem promoveu a derrota

do ser humano, para acabar com a degradação causada pela decisão humana, ou seja, para

que Seu plano inicial pudesse ser retomado e todos elementos da Criação pudessem ser

restaurados através de Seu Filho Jesus (Gn 3.15; Cl 1.15-20).

Deus declara que Sua Missão, em Jesus, não é apenas salvar ao homem, mas de

resgate de toda a Criação. Uma Missão Integral, onde nenhum elemento da Criação é deixado

de lado e sem que haja nenhum elemento prioritário, pois todos fazem parte da Missão de

Deus de salvar tudo o que Ele criou.

Romanos 8.20-22 diz “Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade,

mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será

libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque

sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora”. Se as

dores são de parto, fica claro que o seu destino, assim como da humanidade reconciliada, é de

vida e não de morte, não de destruição no sentido de aniquilação.

Cooperar com Deus em Sua Missão é estar em missão com Ele, é se envolver com tudo

que foi criado e gerado a partir da Criação. Se Deus está trabalhando para que haja um novo

céu e uma nova terra, essa também é nossa missão... Reconciliação não é aniquilação,

portanto, cabe a quem está em Missão com Deus continuar obedecendo Sua ordem de “cuidar

e guardar” do jardim (Harris, 2001; Mazzoni-Viveiros, 2006; Jones, 2008; Bontempo, 2011;

Carriker, 2014).

A Queda cósmica de Gênesis fez com que a humanidade passasse a ter uma relação

com a natureza de predador, de consumista desenfreado, causando desequilíbrios que têm

trazido problemas ambientais que aumentam as tragédias, os desastres, as extinções, a

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pobreza, a fome, a morte... Se amamos a Deus, se somos discípulos de Jesus, devemos “andar

no Espírito e não satisfazer as concupiscências da carne” (Gl 5.16), cooperando com a Missão

de Deus no cuidado com o ser humano e com toda Sua Criação (Reis, s/d; Rogers & Kostigen,

2009; Carriker, 2014) .

Cuidar da Criação, de todas as coisas que existem na terra e nos céus, é antes de tudo

uma atitude de adoração e honra ao Criador, é obedecer Sua ordenança (Is 11.1-9, 1 Sm

15.22b). O destino e o bem-estar da Criação estão entrelaçados com o destino do homem e,

por isso, Deus nos desafia a uma vida simples e comunitária, pois conforme afirma o Teólogo

Dietrich Bonhoeffer, “a igreja só é igreja quando existe para os outros”.

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