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Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 ECOEFICIÊNCIA DO RESÍDUO COMO ATIVIDADE NOVA NOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO: UM ESTUDO PARA LONDRINA - PR [email protected] APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável IRENE DOMENES ZAPPAROLI 1 ; FERDINANDO VINICIUS DOMENES ZAPPAROLI 2 ; SIDINEI SILVÉRIO DA SILVA 3 ; CELMA REGINA MACEIRA BRAMBILLA 4 . 1,2,3.UEL, LONDRINA - PR - BRASIL; 4.UNOPAR, LONDRINA - PR - BRASIL. Ecoeficiência do resíduo como atividade nova nos setores público e privado: um estudo para Londrina - PR. Ecoefficiency of residue as new activity in the public and private sectors: a study for Londrina-PR. Resumo O objetivo deste artigo é levantar a discussão sobre coleta, reciclagem e tratamento de resíduos como atividade nova na gestão dos serviços públicos e privados. A metodologia consiste no uso de ferramentas que vem sendo adotadas para elaboração do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. Na coleta de dados empíricos realizou-se entrevistas semi- estruturadas com representantes de assessorias ambientais públicas e privadas. A pesquisa permite concluir que não existe uma política que mostre a ecoeficiência do manejo ambiental de resíduos nos setores públicos e privados, mas é possível identificar que existe uma pressão na busca urgente de solução alternativa para os lixões. A solução apresenta-se como uma medida extremamente onerosa que necessita de investimentos. Há também que se considerar que a iniciativa privada não disponibiliza a informação de geração de resíduos fazendo, assim, com que os seus produtos sejam aceitos como ambientalmente corretos. Não há sonegação de informações sobre a situação financeira ou do segredo industrial, como era de se esperar, entretanto, existe sonegação da informação sobre qual é o resíduo gerado nos segmentos econômicos. Palavras-chaves: ecoeficiência, resíduos, setores público e privado, Londrina-PR Abstract The aim of this research is to identify the real discussion on collection, recycling and treatment of residues as new activity in the administration public and private services. The methodology consists on the use of tools that has been adopted for elaboration of the State Inventory of Solid Residues. For the research they were made interviews semi-structured with representatives of the environmental organs of the Metropolitan Area of Londrina. The research allows ending that a politics that shows to ecoefficiency of the environmental handling of residues in the public and private sections doesn't exist, but it is possible to identify that a pressure exists in the urgent search of alternative solution for the residues.

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Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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ECOEFICIÊNCIA DO RESÍDUO COMO ATIVIDADE NOVA NOS SE TORES PÚBLICO E PRIVADO: UM ESTUDO PARA LONDRINA - PR

[email protected]

APRESENTACAO ORAL-Agropecuária, Meio-Ambiente, e Desenvolvimento Sustentável IRENE DOMENES ZAPPAROLI1; FERDINANDO VINICIUS DOMENES

ZAPPAROLI2; SIDINEI SILVÉRIO DA SILVA3; CELMA REGINA MACEIRA BRAMBILLA 4.

1,2,3.UEL, LONDRINA - PR - BRASIL; 4.UNOPAR, LONDRINA - PR - BRASIL. Ecoeficiência do resíduo como atividade nova nos setores público e

privado: um estudo para Londrina - PR.

Ecoefficiency of residue as new activity in the public and private sectors: a study for Londrina-PR.

Resumo O objetivo deste artigo é levantar a discussão sobre coleta, reciclagem e tratamento de resíduos como atividade nova na gestão dos serviços públicos e privados. A metodologia consiste no uso de ferramentas que vem sendo adotadas para elaboração do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. Na coleta de dados empíricos realizou-se entrevistas semi-estruturadas com representantes de assessorias ambientais públicas e privadas. A pesquisa permite concluir que não existe uma política que mostre a ecoeficiência do manejo ambiental de resíduos nos setores públicos e privados, mas é possível identificar que existe uma pressão na busca urgente de solução alternativa para os lixões. A solução apresenta-se como uma medida extremamente onerosa que necessita de investimentos. Há também que se considerar que a iniciativa privada não disponibiliza a informação de geração de resíduos fazendo, assim, com que os seus produtos sejam aceitos como ambientalmente corretos. Não há sonegação de informações sobre a situação financeira ou do segredo industrial, como era de se esperar, entretanto, existe sonegação da informação sobre qual é o resíduo gerado nos segmentos econômicos. Palavras-chaves: ecoeficiência, resíduos, setores público e privado, Londrina-PR

Abstract

The aim of this research is to identify the real discussion on collection, recycling and treatment of residues as new activity in the administration public and private services. The methodology consists on the use of tools that has been adopted for elaboration of the State Inventory of Solid Residues. For the research they were made interviews semi-structured with representatives of the environmental organs of the Metropolitan Area of Londrina. The research allows ending that a politics that shows to ecoefficiency of the environmental handling of residues in the public and private sections doesn't exist, but it is possible to identify that a pressure exists in the urgent search of alternative solution for the residues.

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The solution comes as an extremely onerous measure that needs investments. There is also to consider that doesn't make available the information of generation of residues, so that the products are accepted as correct environmental. There is holding of information about the financial situation or of the industrial secret, as it was of waiting; however, withholding of the information exists on which the residue is generated by the economical activity.

Key Words: ecoefficiency, residues, public and private sectors, Londrina – PR.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo desta pesquisa consiste em levantar e discutir a questão da administração

dos resíduos como atividade nova para os setores públicos e privados. Considerando que a partir do século XX, com os novos padrões de consumo, a produção de resíduos aumenta continuamente em ritmo superior à capacidade de absorção da natureza. O desafio a ser enfrentado pelas administrações pública e privada, sobretudo nos grandes centros urbanos é a questão de uma solução viável para os resíduos gerados pela sociedade.

A metodologia é composta pela revisão bibliográfica e pela coleta de dados empíricos. Os dados são coletados nos grandes gerados de resíduos, entre eles, geradores de resíduos hospitalares. Por um lado, estuda-se o setor público que vem se apresentando como gestor dos resíduos e também gerador. Por outro lado, tem-se a iniciativa privada que gera o resíduo e deve pagar pela sua coleta e destino final. Há que se considerar que os grandes geradores não tinham até a uma década atrás que se responsabilizar pela sua produção de resíduos orgânicos, sólidos e rejeitos.

No sistema de produção e consumo, aumenta a cada dia a diversidade de produtos com componentes e materiais de difícil degradação e maior toxicidade. Então, o descarte inadequado de resíduos produzirá passivos ambientais capazes de colocar em risco e comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.

A pesquisa se justifica devido a preocupação da sociedade com a gestão social e ambiental correta dos materiais descartados. A implantação de programas de coleta seletiva no âmbito dos planos municipais de gerenciamento integrado de resíduos sólidos vem confirmar a necessidade de se agir para minimizar a geração de resíduos, aumentar a vida útil dos aterros sanitários, para mudar hábitos de consumo e atitudes para com o ambiente e, principalmente, para o atendimento social à parte da população catadora que sobrevive da catação dos resíduos nos lixões e nas ruas.

A pesquisa é composta pelo estudo sobre a adequação ambiental e os tipos de resíduos. O ordenamento jurídico e a gestão de resíduos. Os resíduos gerados em Londrina e faz um levantamento da gestão em uma unidade básica de saúde. 2 ADEQUAÇÃO AMBIENTAL E OS TIPOS DE RESÍDUOS

Estudos sobre a geração de resíduos produzidos pela sociedade indicam que, em

média, os descartes são cinco quilos por semana e o Brasil produz cerca de 240 mil toneladas, dos quais 88% desse volume vão para os lixões, que são locus públicos para a destinação final da produção humana. O custo anual entre a coleta, movimentação e

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estocagem destes rejeitos é de R$ 4,1 bilhões, onerando significativamente o Estado e por consequência a sociedade. (SALATI, 2008).

2.1. Origem dos Resíduos Sólidos.

Os resíduos sólidos são oriundos de diversas atividades humanas e da em alguns casos do próprio ciclo da natureza como folha e galhos. O Quadro 1 exemplifica as origens dos resíduos sólidos.

Origem Tipo

Domiciliar

Originado da vida diária das residências, constituído por restos de alimentos (tais como cascas de frutas, verduras, etc.), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Pode conter alguns resíduos tóxicos

Comercial Originado dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc.

Serviços Públicos

Originados dos serviços de limpeza urbana, incluindo todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, galerias, córregos, restos de podas de plantas, limpeza de feiras livres, etc. Constituído por restos de vegetais diversos, embalagens, etc.

Serviço de Saúde

Descartados por hospitais, farmácias, clínicas veterinárias (algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X). Em função de suas características, merece um cuidado especial em seu acondicionamento, manipulação e disposição final. Deve ser incinerado e os resíduos levados para aterro sanitário.

Portos, Aeroportos, Terminais

Rodoviários e Ferroviários

Resíduos sépticos, ou seja, que contém ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Basicamente originam-se de material de higiene pessoal e restos de alimentos, que podem hospedar doenças provenientes de outras cidades, estados e países.

Industrial

Originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como: o metalúrgico, o químico, o petroquímico, o de papelaria, da indústria alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas. Nesta categoria, inclui-se grande quantidade de lixo tóxico. Esse tipo de lixo necessita de tratamento especial pelo seu potencial de envenenamento.

Radioativo Resíduos provenientes da atividade nuclear (resíduos de atividades com urânio, césio, tório, radônio, cobalto), que devem ser manuseados apenas com equipamentos e técnicos adequados.

Agrícola Resíduos sólidos das atividades agrícola e pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc. O lixo proveniente de pesticidas é considerado tóxico e necessita de tratamento especial.

Entulho Resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações. O entulho é geralmente um material inerte, passível de reaproveitamento.

Fonte: MANUAL, (2008)

Quadro 01 - Origem e tipo dos resíduos sólido Com o crescimento acelerado e em alguns casos desordenado das cidades e regiões

metropolitanas, do consumo de produtos industrializados e do aumento descontrolado de

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produtos descartáveis. Com o despejo destes no ambiente levou-se a aumento da poluição do solo, dos rios e lençóis freáticos e do próprio ar, levando a um agravamento das condições de saúde da população, dado ao crescimento exponencial do volume destes resíduos. E as soluções mais plausíveis para o momento que vivemos, seria a imediata redução ao máximo do volume e do consumo de produtos descartáveis e a reutilização e reciclagem dos mesmos. (CÓDIGO, 2008).

A origem dos resíduos sólidos, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA,1988) normatizado pela NBR 10.004, têm origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição, e são classificados em:

1. Resíduos domiciliares: é aquele produzido nos domicílios residenciais. Compreende restos de comida, produtos deteriorados, papéis, papelões, plásticos, metais, vidros, latas, fraldas descartáveis, papel higiênico, etc. Pela sua composição, rica em matéria orgânica, esse tipo de resíduo, ao se decompor produz chorume, que é um líquido escuro, ácido e de odor desagradável, de elevado potencial poluidor.

2. Resíduo comercial e industrial: é aquele produzido em estabelecimentos comerciais e industriais, o qual varia de acordo com a natureza do mesmo. Hotéis e restaurantes produzem, principalmente, restos de comida, enquanto supermercados e lojas produzem embalagens. Os escritórios produzem, sobretudo, grandes quantidades de papel. O lixo das indústrias possui uma fração que é praticamente comum aos demais: o lixo dos escritórios e os resíduos de limpeza de pátios e jardins; a parte principal, no entanto, compreende aparas de fabricação, rejeitos, resíduos de processamentos e outros que variam para cada tipo de indústria. Há os resíduos industriais especiais, como explosivos, inflamáveis e outros tóxicos e perigosos à saúde, mas estes constituem uma categoria à parte.

3. Resíduo público: são os resíduos de varrição, capina, raspagem etc., provenientes dos logradouros públicos (ruas e praças), bem como móveis velhos, galhos grandes, aparelhos de cerâmica, entulhos de obras e outros materiais inservíveis, deixados pela população, indevidamente, nas ruas ou retirados das residências através de serviço de remoção especial.

4. Resíduos de fontes especiais: é aquele que, em função de determinadas características peculiares que apresenta, passa a merecer cuidados especiais em seu acondicionamento, manipulação e disposição final, como é o caso de alguns resíduos industriais antes mencionados (cinzas, lodos, resíduos alcalinos ou ácidos, cerâmica, borracha) do lixo hospitalar e o radioativo.

5. Resíduos agrícolas: são resultantes das atividades pecuárias e agrícolas. Antigamente os resíduos agrícolas eram basicamente restos de comida, pois a vida no campo era bastante simples. A gordura do porco era utilizada para fazer sabão, as penas de aves e a palha do milho serviam para encher colchões e travesseiros.

Conforme a NBR 10.004/2004 (BRASIL, 2009a), os resíduos sólidos podem ser de

origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição e são classificados quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, em duas classes distintas: classe I (perigosos), classe II (não perigosos), sendo que está última é subdividida em classe II A (não inertes) e classe II B (inertes).

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• classe I - resíduos perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade;

• classe II A - resíduos não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes. Podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características dos resíduos domésticos;

• classe II B - resíduos inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo, pois se degradam muito lentamente. Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações.

2.1 Processos para o Tratamento de Resíduos

Hoje existem vários processos para o tratamento do lixo, como aterros sanitários, aterros controlados, Incineração, Co-processamento, Blendagem e a Reciclagem. (CAMPOS JUNIRO, 2008). Algumas técnicas ainda são bem antigas e outras mais modernas. Algumas já foram esquecidas como a trituração, que poderiam simplificar o sistema de coleta.

O aterro sanitário é uma obra de engenharia que deve ser orientada por quatro objetivos: Primeiro, diminuir dos riscos de poluição provocados por cheiros, fogos, insetos. Segundo utilização futura do terreno disponível, através de uma boa compactação e cobertura. Terceiro, minimizar os problemas de poluição da água, provocados por lixiviação. O quarto controle é o da emissão de gases liberados durante os processos de degradação. (RESÍDUOS SÓLIDOS, 2008). Esse processo tem as vantagens e desvantagens citadas no Quadro 2.

Vantagens Desvantagens Processo de baixo custo Longa imobilização do terreno

Recuperação de áreas degradadas Necessidade de grandes áreas Flexibilidade de operação Necessidade de material de cobertura

Não requer pessoal altamente especializado Dependência das condições climáticas Fonte: Resíduos Sólidos, (2008)

Quadro 2 - Vantagens e Desvantagens do Aterro Sanitário

Os aterros sanitários são considerados uma maneira prática, barata de destinar os resíduos urbanos e industriais, além de esgoto não tratado. O aterro sanitário, por permitir a reciclagem da matéria orgânica, minimiza os impactos ambientais. Utilizam-se grandes áreas de terra, onde o lixo é depositado. Normalmente são áreas de propriedade do

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Governo e devem estar próximas aos locais de coleta (BRASIL, 2009a; BRASIL, 2009b). Deve ser construído em terrenos onde não há riscos de enchentes e distantes de cursos d’agua, de forma a não contaminar o lençol freático.

Antes de se projetar o aterro são feitos estudos geológico e topográfico para selecionar a área a ser destinada para que sua instalação não comprometa o meio ambiente. É feita, inicialmente, impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona plástica ou por meio da instalação de mantas impermeabilizantes para evitar infiltração dos líquidos percolados, no solo. Os líquidos percolados, como o chorume, são captados (drenados) através de tubulações e escoados para um sistema de tratamento de efluentes para posterior descarte em condições que não agridam o meio ambiente. Para evitar o excesso de águas de chuva, são colocados tubos ao redor do aterro, que permitem desvio dessas águas, do aterro. (CAMPUS JUNIRO, 2008).

Incineradores literalmente incineram o lixo, reduzindo-o a cinzas. São altamente poluidores, gerando enormes quantidades de poluentes, como gases que contribuem ao agravamento do efeito estufa. É o método utilizado para a destruição de lixo hospitalar, que pode conter agentes causadores de doenças potencialmente fatais. No século passado até meados dos anos cinquenta era prática comum, o resíduo industrial e até a matéria orgânica serem eliminados com uso de grandes fornos por dissipação atmosférica das chaminés. (FERREIRA, 2000).

Para o IAP (2009) a reutilização é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo; Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação; Beneficiamento: é o ato de submeter um resíduo à operações e/ou processos que tenham por objetivo dotá-los de condições que permitam que sejam utilizados como matéria-prima ou produto; Aterro de resíduos da construção civil: é a área onde serão empregadas técnicas de disposição de resíduos da construção civil Classe "A" no solo, visando a preservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro e/ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente; Áreas de destinação de resíduos: são áreas destinadas ao beneficiamento ou à disposição final de resíduos.

Para a incineração há a queima do resíduo em uma câmara de incineração, sofrendo uma redução da ordem de 85% em peso e 95% em volume. Várias condições são necessárias para que desse processo de queima, saia o mínimo de poluição atmosférica. Dos processos de tratamento do lixo este é o mais caro, há a possibilidade de obtenção de energia elétrica com a queima dos resíduos, porém esse processo só passa a ser economicamente viável se a capacidade do incinerador for superior a 1000 toneladas por dia e o poder calórico do lixo superior a 1800 kcal/kg.

Há muitos anos, entretanto, vem se desenvolvendo técnicas de tratamento ou disposição adequada do lixo visando eliminação desses problemas. Nem sempre, porém, esses estudos visam a recuperação ou reciclagem de elementos componentes dos resíduos sólidos de modo a obter, de seu processamento, um beneficio econômico ou, pelo menos ecológico. (ALMEIDA, MURGEL, SAMUEL, 1984).

3. INVENTÁRIO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS NO PA RANÁ

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A consulta feita aos órgãos públicos da Região Metropolitana de Londrina (RML) continha apenas quatro perguntas: Quais são as atividades industriais desenvolvidas na região? Qual resíduo a atividade gera; Qual é o destino do resíduo; Se existe dados oficiais sobre a geração de resíduo. Em linhas gerais a informação acena para o aguardo do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais

Está em fase de estruturação a geração de um banco de dados para elaboração do diagnóstico da quantidade de resíduos gerados pelas atividades industriais. Com a finalidade de atender a resolução do CONAMA nº 313/2002 e a Lei Estadual de Resíduos nº 12.493/99, o Estado do Paraná apresentou um projeto para obtenção de recursos junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), para realizar o Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais, que foi executado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), por meio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O investimento total foi de 275 mil reais. (IAP, 2009).

O Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais tem como objetivos: conhecer e caracterizar os resíduos industriais do Estado, objetivando subsidiar uma política de gestão voltada para minimização da geração, para a reutilização, reciclagem, tratamento e destinação adequada e segura de resíduos industriais; incentivar o desenvolvimento de tecnologias industriais mais limpas, visando a não geração de resíduos;Implantar e consolidar o Banco de Dados Estadual de Resíduos Sólidos Industriais; elaborar um diagnóstico estadual da situação de geração e destinação de resíduos industriais, por setor, de empreendimentos de médio para grande porte; Identificar estoques existentes nas instalações industriais, bem como inventariar todos os resíduos do processo de produção e embalagem, dos sistemas de controle da poluição, embalagens descartadas, resíduos de refeitórios e também de escritórios; Disponibilizar o relatório final, que contemple as quantidades, tipos de resíduos, sua classificação, e formas de armazenamento, tratamento e disposição final adotadas por tipologia industrial.

As atividades alvo do inventário de resíduos são as empresas de qualquer porte do Estado do Paraná das seguintes tipologias: preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (Divisão 19); fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool (Divisão 23); fabricação de produtos químicos (Divisão 24); metalurgia básica (Divisão 27); fabricação de produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (Divisão 28); fabricação de máquinas e equipamentos (Divisão 29); fabricação de máquinas para escritório e equipamentos de informática (Divisão 30); fabricação e montagem de veículos automotores, reboques e carrocerias (Divisão 34); fabricação de outros equipamentos de transporte (Divisão 35); outras a critério do IAP. (IAP, 2009).

Os benefícios do inventário de resíduos são: identificação das fontes geradoras de resíduos industriais que apresentam risco para a população e para o meio ambiente; a implementação da Política Estadual de Gestão de Resíduos Sólidos Industriais; Minimização da geração, aumento da reciclagem e reaproveitamento, e diminuição da disposição final inadequada, o que trará melhoria da qualidade ambiental do Estado; difusão e adoção de tecnologias industriais mais limpas que priorizem a não geração de resíduos.Viabilização de novos empreendimentos de gerenciamento e reutilização de resíduos; geração de novos empregos e renda. (IAP, 2009).

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3.1 Geração de Resíduos em Londrina

Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) mostra que no Brasil foram geradas, em 2007, 170 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos, sendo que 140 mil toneladas são coletadas e, deste total, 60% não recebem o destino final adequado. Quando se incluem os resíduos da construção civil os números alcançam 70 mil toneladas por dia. (RAZÃO, 2008).

Alguns aterros estão operando no limite de sua capacidade 10% do volume de lixo que o aterro recebe é de grandes geradores como supermercados, indústrias e shoppings centers, dentre outros, que geram mais de 600 litros de resíduos por semana. Uma decisão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, por recomendação do Ministério Público, estabelece que alguns resíduos não sejam mais enviados aos aterros, em Londrina, o caso dos resíduos da construção civil.

O posicionamento de diversos órgãos e instituições públicas e privadas sobre os resíduos estão no sentido de que seja feita preservação dos sistemas existentes e implantação para o tratamento de resíduos perigosos e não perigosos nas regiões metropolitanas. O objetivo é sensibilizar quanto à minimização da geração de resíduos e a produção limpa e eficiente de produtos com vida útil mais longa. (RAZÃO, 2008).

Várias as entidades estão envolvidas Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Associação Paranaense de Supermercados (APRAS), Instituto Lixo e Cidadania, Prefeituras Municipais, Ministério Público, Ministério da Agricultura, empresas que atuam na área da reciclagem e outras.

O lixo é qualquer tipo de resíduo que advêm das atividades humanas ou geradas pela natureza em aglomerações urbanas. É mais comumente definido como aquilo que ninguém quer, porém essa idéia vem sendo mudada conforme as para a fabricação de novos produtos que estão cada vez mais caras, e também devido à grande importância ambiental da reciclagem, que diminui a pressão extrativista sobre a natureza e aumenta a qualidade de vida da população. (LEITE, CORREIA e VEZOZZO, 2008).

Conforme levantamento de Suzuki (2007; p.11), “o aterro controlado de Londrina está instalado em uma área de 19 há, distante 9 km do centro da cidade, área que recebeu o nome de lixão, em 1975, e por um longo tempo funcionou como um vazadouro a céu aberto, com a presença dos catadores de lixo, que foram retirados do aterro e inseridos no programa de coleta seletiva”. A composição quantitativa do lixo em Londrina tem como base o peso de seus diversos componentes, a Tabela 1 mostra o material e sua respectiva porcentagem na composição do lixo domiciliar.

TABELA 1 - Composição do lixo, Município de Londrina, 2007

Material % do peso Matéria orgânica putrescível 51,12 Papel papelão 29,01 Material ferroso 6,77 Trapo, couro, borracha 3,45 Plástico 2,83 Vidro, terra, pedra 4,67 Madeira 2,1 Outros 0,05

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Total 100 Fonte: SUZUKI, 2008, p.12.

Apesar de o material orgânico ser o principal componente do resíduo domiciliar, pode-se ver que o papelão também possui uma representatividade muito elevada no resíduo produzido, assim como os materiais ferrosos. Esses dois juntos são responsáveis por quase 25% dos resíduos domésticos. Outro importante fato, é que o papel, papelão e os materiais ferrosos, são aqueles que possuem um valor agregado muito superior a de outros materiais, fazendo com que os catadores de materiais reciclados foquem mais esses dois tipos de lixo urbano.

TABELA 2 - Coleta de lixo doméstico no município de Londrina - PR, 2006

Discriminação Valores Volume Diário Produzido (t) 370 Volume Coletado Anual (t) 115.440 Porcentagem da População Atendida (urbana e rural) 99% Número de Viagens Diárias 42 Número de Veículos na Coleta 12 Número de Funcionários na Coleta 94 Frequência da Coleta Domiciliar Centro: diária / noturno

Bairros: 3 ou 2 vezes por semana Destino Final do Lixo Aterro Controlado Municipal

Área do Aterro Sanitário (m2) (Lixão) 192 000 Fonte: PREFEITURA, 2009

Há diversas alternativas para o lixo orgânico, como o suplemento alimentar a partir

de cascas de frutas ou partes de alimentos que por causa de uma cultura equivocada são jogados fora (alimentos que poderiam ser usados como um reforço alimentar). Alternativa para os resíduos orgânicos tem sido a compostagem. Este método de reciclar as matérias orgânicas tem sido rejeitado pelas pessoas, pois criava odores indesejados e ainda requeria um jardim, ou algum espaço para a implantação da compostagem, sendo assim inviável para pessoas que moram em prédios ou que não queriam um local em sua casa com mau cheiro.

TABELA 3 - Varrição no município de Londrina, 2006

Discriminação Valores Extensão de Vias Atendidas (Km lineares/mês) 5 000 Número de Bairros Atendidos 100 Frequência por Setor Segunda à Sábado Número de Funcionários Utilizados 140 Fonte: PREFEITURA, 2009

Assim pode-se observar que qualquer tipo de resíduos que produzido pode ser

reciclado, não importando o tempo que leva para se decompor e tampouco o material de que é feito. Na Tabela 4 tem-se tanto o número de funcionários quanto o de veículos que pertencem à empresa contratada para a execução de coleta de lixo reciclável em Londrina.

TABELA 4 - Coleta de lixo reciclável no município de Londrina, 2006

Discriminação Valores Volume Coletado Anual (t) 29.040

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Volume Diário Produzido (t) 110 Número de Funcionários na Coleta 18 Número de Veículos na Coleta 6 caminhões Número de ONGs na Coleta 30 Destino Final do Lixo ONGs de Reciclagem Fonte: PREFEITURA, 2009

3. RESIDUOS SÓLIDOS HOSPITALARES

Os resíduos sólidos hospitalares ou como é mais comumente denominado "lixo hospitalar", sempre constituiu um problema muito sério para os Hospitais. A atividade hospitalar é por si só uma grande geradora de resíduos, pelas várias atividades desenvolvidas dentro destas empresas. O desconhecimento e a falta de informações sobre o assunto faz com que, em muitos casos, os resíduos, sejam ignorados, ou recebam um tratamento com excesso de cuidado, onerando ainda mais os já restritos recursos das instituições hospitalares. (BORGES & SIQUEIROLI, 2002).

Tipo Nome Características

Grupo A - Resíduos Infectantes

A.1 Biológicos

Cultura, inóculo, mistura de microorganismos e meio de cultura inoculado provenientes de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agentes infectantes e qualquer resíduo contaminado por estes materiais.

A.2 Sangue e

hemoderivados

Sangue e hemoderivados com prazo de validade vencido ou sorologia positiva, bolsa de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos.

A.3 Cirúrgicos,

anatomopatológicose, exsudato

Tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais.

A.4 Animais

contaminados

Carcaça ou parte de animal inoculado, exposto a microorganismos patogênicos, ou portador de doença infecto-contagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contato com estes.

A.5 Assistência a

pacientes

Secreções e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições.

Grupo B – Resíduos Químicos

B.1 Resíduos

farmacêuticos Medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado.

B.2 Resíduos químicos

perigosos Resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo, genotóxico ou mutagênico.

Grupo C – Resíduos Radioativos

C Rejeitos radioativos Material radioativo ou contaminado com radionuclídeos, proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

Grupo D - Resíduos Comuns

D Resíduos Comuns São aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que, por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública.

Grupo E – Resíduos Perfurocortante E Perfurantes e Agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro.

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cortantes Fonte: Elaborado a partir de MANUAL, (2009).

Quadro 4 - Classificação dos tipos de resíduos do serviço de saúde, nome e características.

Em relação ao aspecto sanitário, deve-se ressaltar a importância do devido tratamento conforme legislação vigente, para os resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde - hospitais, clínicas, pronto-socorros, farmácias, ambulatórios e similares que, devido às suas características patológicas devem ser acondicionados, coletados, centrifugados, triturados ou incinerados. No aspecto ambiental a destinação inadequada de resíduos em lixões trás a degradação do meio ambiente contaminando o ar, solo, águas superficiais e subterrâneas. (PROGRAMA, 2009).

Os resíduos dos serviços de saúde merecem uma atenção especial desde a sua geração até a sua disposição final. Afinal, este é um resíduo perigoso e para tanto, exige o cuidado tecnicamente adequado para não causar riscos à saúde pública.

Todos os profissionais que trabalham nos estabelecimentos de saúde devem conhecer o plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (PGRSS), mesmo os que temporariamente ou não estejam envolvidos nas atividades de gerenciamento de resíduos, devem conhecer o sistema adotado para o gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (RSS) e a prática de segregação de resíduos; reconhecer os símbolos, padrões de cores adotados, expressões; conhecer a localização dos abrigos de resíduos, entre outros fatores indispensáveis à completa integração ao programa de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde (PGRSS). (SEMA, 2005, p.6).

Os resíduos sólidos de saúde de são classificados em cinco grupos: grupo – A, que representa um grande risco de contaminação, além de poluir o meio ambiente. Nos resíduos deste grupo, há possível presença de agentes biológicos que, por suas características podem apresentar grande risco de infecção e se não observado os critérios de manuseio deste resíduo durante a sua geração e separação o mesmo pode ir parar no lixo comum ou fossa séptica.

O grupo – B é composto por substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxidade. Com relação aos resíduos do grupo – C, compreende-se todos os materiais resultantes da atividade humana que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites especificados nas normas do conselho nacional de energia nuclear –CNEN e para os resíduos que a reutilização não é prevista ou é imprópria. (ANVISA, 2004).

Já os resíduos do grupo – D são resíduos que não apresenta risco biológico, químico ou radiológico a saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ficando assim sujeito ao mesmo sistema de recolhimento do restante da cidade, indo parte para reciclagem e parte para a coleta normal, mas devendo seguir as orientações especificas de acordo com a legislação vigente ou conforme a orientação do serviço de limpeza urbana e órgão do meio ambiente. (BORGES & SIQUEIROLI, 2002).

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A atividade hospitalar gera uma grande variedade de tipos de resíduos distribuídos em dezenas de setores com atividades diversas; estimular a decisão por métodos de coleta, embalagem, transporte e destino adequados; reduzir ou se possível eliminar os riscos a saúde dos funcionários, clientes e comunidade; eliminar o manuseio para fins de seleção dos resíduos, fora da fonte geradora; permitir o reprocessamento de resíduos cujas matérias primas possam ser reutilizadas sem riscos à saúde de pacientes e funcionários; reduzir o volume de resíduos para incineração e coleta especial; colaborar para reduzir a poluição ambiental, gerando , incinerando e encaminhando ao órgão público a menor quantidade possível de resíduos. (BORGES & SIQUEIROLI, 2002).

TABELA 5 - Coleta de lixo hospitalar nas unidades básicas de saúde do Município de Londrina, 2006

Discriminação Valores Volume Diário Produzido (t) 0,6 Volume Coletado Anual (t) / ano 187,2 Número de Veículos na Coleta 5 Número de Viagens Diárias Não tem limite Número de Funcionários na Coleta 10 Estabelecimentos Atendidos, segundo a Frequência

Unidades Básicas de Saúde 16/24 horas 6 vezes por semana Unidades Básicas de Saúde 12 horas, Policlínica, CAPS, CEO,CIDI,SIATE e SAMU, 3 vezes por semana Unidades Básicas da Zona Rural e ACESF 2 vezes por semana CENTROFARMA coleta semestral

Destino Final do Lixo Hospitalar Responsabilidade da empresa Contratada Fonte: PREFEITURA, 2009

3.1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução Nº 306, de 7 de dezembro

de 2004 (ANVISA, 2004), considera a necessidade de aprimoramento, atualização e complementar os procedimentos contidos na resolução 33, (ANVISA, 2003), relativos ao gerenciamento dos resíduos gerados nos serviços de saúde (RSS), com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente considerando os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas, administrativas e normativas para prevenir acidentes, preservar a saúde pública e o meio ambiente. Os serviços de saúde são os responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os resíduos sólidos de saúde (RSS), por eles gerados, atendendo às normas e exigências legais, desde o momento de sua geração até a sua destinação final. (ANVISA, 2004)

Todos os serviços em funcionamento, abrangidos pelo regulamento técnico, têm prazo máximo de 180 dias para se adequarem aos requisitos nele contidos. A partir da publicação do regulamento técnico, os novos serviços e aqueles que pretendam reiniciar suas atividades, devem atender na íntegra as exigências para seu funcionamento. (ANVISA, 2004).

O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), Resolução Nº 358, de 29 de abril de 2005, considera os princípios da prevenção, da precaução, do poluidor pagador, da correção na fonte e de integração entre os vários órgãos envolvidos para fins do

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licenciamento e da fiscalização. A necessidade de aprimoramento, atualização e complementação dos procedimentos relativos ao tratamento e disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, com vistas a preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Considerando a necessidade de minimizar riscos ocupacionais nos ambientes de trabalho e proteger a saúde do trabalhador e da população em geral. (CONAMA, 2005).

A disposição final de resíduos de serviços de saúde é a prática de dispor os resíduos sólidos no solo previamente preparado para recebê-los, de acordo com critérios técnico-construtivos e operacionais adequados, em consonância com as exigências dos órgãos ambientais competentes. Já a redução na fonte da atividade que reduza ou evite a geração de resíduos na origem, no processo, ou que altere propriedades que lhe atribuam riscos, incluindo modificações no processo ou equipamentos, alteração de insumos, mudança de tecnologia ou procedimento, substituição de materiais, mudanças na prática de gerenciamento, administração interna do suprimento e aumento na eficiência dos equipamentos e dos processos. (CONAMA, 2004).

O órgão ambiental que faz o licenciamento poderá, sempre que necessário, solicitar informações adicionais, fixará prazos para regularização dos serviços em funcionamento, devendo ser apresentado o plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (PGRSS), devidamente implantado. Os resíduos de serviços de saúde devem ser acondicionados atendendo às exigências legais referentes ao meio ambiente, à saúde e à limpeza urbana, e às normas da associação brasileira de normas técnicas (ABNT) ou, na sua ausência, às normas e critérios internacionais. (CONAMA, 2004).

Os veículos utilizados para coleta e transporte externo dos resíduos de serviços de saúde devem atender às exigências legais e às normas da associação brasileira de normas técnicas (ABNT). Já as estações para transferência de resíduos de serviços de saúde devem estar licenciadas pelo órgão ambiental competente. As características originais de acondicionamento devem ser mantidas e não se permitindo abertura, rompimento ou transferência do conteúdo de uma embalagem para outra.

Os sistemas de tratamento e disposição final de resíduos de serviços de saúde devem estar licenciados pelo órgão ambiental competente para fins de funcionamento e submetidos a monitoramento de acordo com parâmetros e periodicidade definidos no licenciamento ambiental. (CONAMA, 2004).

É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo assim a proteção da saúde e do meio ambiente.

Os resíduos do grupo A1 devem ser submetidos a processos de tratamento em equipamento que promova redução de carga microbiana e após esta redução o material deve ser encaminhados para aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de resíduos dos serviços de saúde. (CONAMA, 2004).

Já os resíduos do grupo A2, devem ser submetidos a processo de tratamento com redução de carga microbiana de inativação e devem ser encaminhados para: aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de resíduos dos serviços de saúde.

Os resíduos do grupo A3, quando não houver requisição pelo paciente ou familiares e/ou não tenham mais valor científico ou legal, devem ser encaminhados para sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do município,

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estado ou do distrito federal ou tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente licenciado para esse fim. Na impossibilidade de atendimento correto, o órgão ambiental competente nos Estados, Municípios e Distrito Federal pode aprovar outros processos alternativos de destinação. (CONAMA, 2004).

Os resíduos do grupo A4 podem ser encaminhados sem tratamento prévio para local devidamente licenciado, para a disposição final. Ficando a critério dos órgãos ambientais estaduais e municipais a exigência do tratamento prévio e conforme condições ambientais locais.

Os resíduos do grupo A5 são submetidos a tratamento específico orientado pela agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA). Os resíduos deste grupo não podem ser reciclados, reutilizados ou reaproveitados, inclusive para alimentação animal. (CONAMA, 2004).

3.2 Hospital Escola: Ecoeficiência dos Resíduos Sólidos

A questão dos resíduos sólidos tem como base os dados fornecidos por um hospital escola público. O raio de abrangência de atendimento é de todo o norte do estado do Paraná, sul de São Paulo e Sul do Mato Grosso do Sul. Para esse atendimento o hospital possui 317 leitos e foram atendidos em 2008 no seu Pronto Socorro (PS) 35.676 pacientes e das quais 9.755 foram internações. Estes números referem-se aos atendimentos totais, sendo de crianças, homens e mulheres.

O hospital escola tem um custo de R$1,04 por quilo para o tratamento dos resíduos do grupo A e E, para os resíduos do grupo B este custo é de R$1,43 o quilo. Os resíduos do grupo são recolhidos pelo sistema público de coleta salvo os recicláveis, não foi informado pelo hospital à quantidade de resíduos do grupo C. A informação obtida se refere ao tratamento dos resíduos, esses são recolhidos por uma empresa de reciclagem. Já outros resíduos gerados no hospital escola, principalmente os em estado líquido ficam assim fora do foco deste trabalho.

Referente às quantidades geradas de resíduos dos grupos A e E, somam uma média mensal de 7.350 quilos, os resíduos pertencentes ao grupo B, uma média de 88 quilos mês. Quanto aos resíduos do grupo D esta média mensal é de 8.830 quilos. Referente aos resíduos do grupo D, o hospital não informou a quantidade de resíduos que vão para a reciclagem, mas que este processo é executado no hospital. A média mensal de resíduos tratados pela empresa responsável é de 7.438 quilos, referentes aos resíduos do grupo A, B e E, conforme Tabela 6.

Tabela 6 - Grupo, Quilos, Valores, Média de Geração por Atendimentos Realizados, em

2008 Grupo Média Quilos Mês Valor médio pago para o tratamento Média de geração por

atendimento A e E 7.350 1,04 1,94 quilos

B 88 1,43 0,023 gramas C Não informado Não informado Não informado D Coleta pública Coleta pública Coleta pública

Fonte: Informações colhidas no Hospital Escola, (Out. 2009)

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Quando questionado, sobre o impacto financeiro para o hospital após resolução ANVISA/CONAMA o responsável pelo gerenciamento dos resíduos informou: “O impacto foi mínimo ou quase imperceptível a nível financeiro, pois os valores agregado dos resíduos são pequenos perante os gastos financeiros do hospital”, vide Tabela 2. Quando foi questionado novamente se a resolução ANVISA/CONAMA foi benéfica para o hospital a resposta foi: “Para o meio ambiente ótimo, para o hospital sanou um problema de gerenciamento, armazenamento e disposição final destes resíduos.”

Assim fica claro que a resolução ANVISA/CONAMA, mesmo trazendo a obrigatoriedade do tratamento dos resíduos gerados pelo hospital, tendo aumento de custos para a instituição mesmo que mínimo, não é encarada como mais um fator de custo ou burocrático.

a) A empresa de tratamento de resíduos sólidos, ou seja, prestadora do serviço de tratamento dos resíduos sólidos hospitalares que faz o tratamento dos resíduos do Hospital Escola foi fundada para atender as especificações das novas resoluções da ANVISA/CONAMA, a empresa detém 60% do mercado da cidade e atende outros 30 municípios, tanto de entidades pública quanto de privada. Os serviços efetuados por esta empresa são: coleta, transporte, tratamento, disposição final e venda de material para armazenamento destes resíduos.

b) Os custos e licenciamentos para a empresa se referem ao custo de implantação de um serviço de tratamento de resíduos de serviço de saúde (RSS), informados pela empresa. Os custos se referem a equipamentos, manutenção, instalações, veículos, serviços de terceiros, licenciamentos e capital humano.

1. O preço médio cobrado pela empresa, para o tratamento dos resíduos sólidos

hospitalares de pequenos, médios e grandes geradores, estes sendo privados, municipais ou estaduais, divido por grupo de cada resíduo é: o Grupo A/E: R$ 3,50 (o quilo); Grupo B: R$ 4,50 (o quilo); O valor cobrado

do hospital escola atualmente é: Resíduo A/E – R$ 1,45 e Resíduo B – R$ 1,80 (este preço é cobrado devido ao volume de resíduo produzido, ao contrato ser de um processo licitatório antigo e ao preço estar defasado)

2. O custo para a implantação:

o Autoclave de 1.000 litros - R$ 200.000,00; Triturador capacidade 8t/dia - R$ 45.000,00; Caldeira capacidade de 12 Kgf - R$ 30.000,00; Automatização - R$ 30.000,00; Área Construída 200m² com câmara fria de 20m² - R$ 150.000,00; Incinerador capacidade 150 kg/h, com sistema de lavagem de gás e circuito fechado efluentes, com área construída de 200m², contendo uma câmara fria 20 m² - R$ 1.000.000,00; Área de 24.000 m² para construção de aterro para resíduos de saúde classe I - Valor médio R$55.000,00; Veículo tipo furgão, devidamente equipado conforme normas da ABNT, para transporte de resíduos perigosos, capacidade de 1.000 Kg - R$ 95.000,00; Veículo tipo furgão (emergencial), devidamente equipado conforme normas da ABNT, para transporte de resíduos perigosos, capacidade de 300 Kg - R$ 35.000,00

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3. Manutenção de Equipamentos: o Autoclave (semanal) - R$ 150,00 (a hora técnica); Caldeira (mensal) - R$

150,00 (a hora técnica); Análise da água - R$ 1.500,00; Incinerador (semanal) - R$ 230,00 (a hora técnica); Trocas de filtros trimestral + laudos emissão gases - R$ 30.000,00 (anual)

4. Licenças necessárias para o licenciamento do tratamento e custo

o Licença Prévia;Licença de Instalação; Licença de Operação; Licença Sanitária; Alvará de Funcionamento; Tempo estimado é variável dependendo da análise de cada Regional do IAP, podendo levar até dois anos se estiver tudo correto com as exigências do mesmo; Custo aproximado, para o Licenciamento, Documentações, Análise de Solo, Teste de Percolação, Análise do Lençol Freático - R$ 30.000,00 (Engenheiro Civil, Engenheiro Químico e Engenheiro Mecânico)

5. Custo de instalação do aterro

o Valas de 540m² e 4 m de fundo; Geomembrana - R$ 16,00 m²; Caixas de concreto armado 10 cm de espessura – R$ 25.000,00; Trator tipo esteira Alugado: R$ 120,00 (hora); 100h trabalhadas; Retro-escavadeira Alugado: R$ 85,00 (hora); 100h trabalhadas; Caminhão caçamba Alugado: R$ 2,00 (Km rodado); Depende da distância a ser percorrida; Lagoa de Contenção 5x12x2; Lagoa de Recirculação 4x8x2; Lagoa de Decantação 4x8x2

6. Custo Operacional

o 2 – caldeireiros; 5 – Serviços gerais; 2 – Motoristas; 1 – Administrativo; 1 - Resp. Técnico; Custos com Certidão de Acervo Técnico, Anuidade, junto ao órgão de classe

O hospital escola terceiriza o tratamento dos resíduos de saúde gerado

pelos atendimentos aos pacientes. O custo médio mensal para o tratamento dos resíduos sólidos de saúde, conforme determina a legislação, gera um custo para o hospital e este custo leva a análise de viabilidade econômica para o hospital implantar este serviço de tratamento ou terceirizar.

Tabela 7 - Média mensal do custo do tratamento para o Hospital Escola

Média Mensal do Custo do tratamento para o Hospital Escola

Grupo Média mês quilos Valor pago para

tratamento por quilo Percentual

representativo Valor final A/E 7.350,00 1,04 98,38 7.644,00 B 88,00 1,43 1,62 125,84

Valor total Médio 100 7.769,84 Fonte: Elaborada a partir de dados fornecidos pelo Hospital, (out. 2009)

A Tabela 7 mostra os custos que o hospital escola tem, em média, por mês, com o tratamento dos resíduos de saúde. Gerando, em média, 7.438 quilos de

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resíduos, quando convertidos a valores monetários chega-se a uma média mensal de R$ 7.769,84, para o tratamento dos resíduos do grupo A, E e B.

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Tabela 8 - Custo de implantação, equipamentos, terreno, construções, 2009

Discriminação Valor (R$) Autoclave 200.000,00 Triturador 45.000,00 Caldeira 30.000,00 Automação 30.000,00 Câmara Fria 150.000,00 Incinerador 1.000.000,00 Terreno 55.000,00 Furgão 95.000,00 Furgão Pequeno 35.000,00 Total 1.640.000,00

Custos para a instalação do Aterro Sanitário Valor (R$) Gel Membrana 8.640,00 Caixa de Concreto 25.000,00 Trato Esteira (aluguel) 12.000,00 Retro Escavadeira (aluguel) 8.500,00 Caminhão Caçamba (aluguel) 4.500,00 Licença de Tratamento 30.000,00 Total 88.640,00

Custos de Manutenção, Média Mensal Valor (R$) Autoclave 600,00 Caldeira 150,00 Análise da Água 1.500,00 Incinerador 920,00 Troca de Filtros e Laudos de Emissão de Gases 2.500,00 Total 5.670,00

Fonte: Elaborada a partir de dados fornecidos pelo Hospital, (out. 2009) Para a análise econômico-financeira do tratamento dos resíduos sólidos

efetuou-se levantamento junto à empresa que realiza os serviços. Os dados levantados referem-se basicamente aos equipamentos, construções, terreno, funcionários e custo para se implantar o serviço de tratamento junto ao hospital escola.

Tabela 9 - Custo Operacional, Funcionários Média Mensal, 2009

Cargo Quantidade Salário Total Salário Caldereiro 2 1.000,00 2.000,00 Serviços Gerais 5 880,00 4.400,00 Motorista 2 850,00 2.200,00 Auxiliar Administrativo 1 950,00 950,00 Responsável Técnico 1 1.900,00 1.900,00 Total 9.450,00 Fonte: Elaborada a partir de dados fornecidos pelo Hospital, (out. 2009)

Cada vez mais a gestão da cidade é vista de forma integrada e a limpeza urbana é um segmento dos resíduos sólidos, que requer uma visão mais abrangente, desde a produção até o destino final. O problema não é apenas o afastamento do lixo, para um local mais distante, mas o gerenciamento de um sistema que tem implicações com vários outros

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sistemas urbanos e que precisa ser planejado e gerenciado adequadamente, considerando os serviços a serem prestados, os usuários, os custos e benefícios gerados. Tabela 10 - Custos de Implantação, Comparativos, tempo Médio de Retorno do Capital

Custos de Implantação, Comparativos Descrição Valores

Custo Total de Implantação do Serviço de Tratamento do Resíduo de Saúde 1.728.640,00 Custo Mensal do Serviço Após Implantação 16.820,00 Total da Implantação 1.745.460,00 Custo Mensal do Hospital Escola 7.769,84 Tempo Médio para Retorno do Capital com Aplicação de 0,50% ao Mês 12 anos e 8 meses Tempo Médio para Retorno do Capital sem Aplicação Financeira 18 anos e 7 meses

Fonte: Elaborada a partir de dados fornecidos pelo hospital escola, (out. 2009)

Em substituição aos modelos de gestão padronizados surgem as diretrizes comuns a serem perseguidas de forma integrada e articulada pelo Estado e municípios com o objetivo comum de construir um modelo de gestão para atender a uma situação especifica e peculiar. Privilegiar a atuação de Londrina, tendo como uma primeira etapa à capacitação do município, seguida do entendimento da definição e de atribuições das esferas de poder e sua articulação. Tabela 11- Possíveis Aplicações do Valor de Implantação

Possíveis Aplicações

Aplicações Valor Implantação Taxas mês Rendimento Mensal

Médio Poupança 1.743.460,00 0,50% 8.717,30 Fundo de Renda Fixa 1.743.460,00 0,60% descontado IR 10.460,76

Fonte: Elaborada a partir de dados fornecidos pelo hospital escola, (out. 2009)

A Prefeitura Municipal informa que a coleta do lixo hospitalar obedece às exigências do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). O órgão determina que cada hospital e clínica é responsável pelo gerenciamento de resíduos do serviço de saúde. Em razão disso, a tabela reproduz os dados da coleta somente das unidades de saúde municipal. Trata-se de serviço terceirizado com processo de destino a auto-clave e a incineração. (PREFEITURA, 2009).

4. CONCLUSÃO

A avaliação das ações desenvolvidas e os resultados alcançados permitem

compreender as amplas potencialidades deste trabalho e o caráter de intervenção na realidade, em suas múltiplas dimensões, sejam sociais, ambientais, culturais, econômicas e educacionais. Todavia, a caminhada está apenas em seu início e há muitos caminhos a serem trilhados.

A elaboração das políticas públicas pressupõe discussões públicas e transparentes com os atores sociais envolvidos. A cidade de Londrina através da adoção de medidas

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ambientais, procuram implementar políticas que assegurem a manutenção de sua biodiversidade e seu uso sustentável, ou genericamente, preservar seus recursos naturais.

A dificuldade de obter consensos, quando se trata de resíduos sólidos surge a partir do conflito de interesses com relação aos resíduos sólidos e nas dificuldades encontradas tanto na discussão quanto na aplicação das políticas estaduais e locais. Modelos de gestão padronizados e pré-definidos pelo Estado levam invariavelmente a definição arbitrária de competências e a falta de compromisso, tanto dos gestores como dos partícipes com os objetivos da ação implantada.

Portanto, ainda que se detenha o conhecimento tecnológico, que se disponha dos recursos e equipamentos necessários e que as alternativas de gestão adotadas garantam a sustentabilidade econômico - financeira dos serviços municipais de resíduos sólidos, sabe-se que a ação social – exercida através do controle social é que sustenta as ações políticas que irão se traduzir na vontade política, norteando ações vitoriosas.

As unidades básicas de saúde, neste caso, os dados e informações coletados no hospital escola, referente à quantidade gerada e custos dos serviços, hoje terceirizados, referente ao custo de implantação e infra-estrutura necessária para sua operacionalização, mostram um sistema de gerenciamento oneroso. Assim chega-se a conclusão de que é financeiramente viável a terceirização do serviço pelo hospital escola. Isso se deve ao fato do alto valor monetária para a implantação (infra-estrutura, maquinário, mão-de-obra, manutenção), considerando também o retorno do capital se realizar com 12 anos e 8 meses e se tratar de um hospital escola público.

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