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RECIFE, 2012

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RECIFE, 2012

COPYRIGHT 2012 © REGINA L.PÉRET DELL’ISOLA (organizadora)Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial

desta obra sem autorização expressa.

IMAGEM DA CAPAAquarela de Maria Thereza Péret Dell´Isola

CAPAKarla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação - www.pipacomunicacao.net)

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOKarla Vidal e Augusto Noronha (Pipa Comunicação - www.pipacomunicacao.net)

REVISÃOOs autores

Catalogação na fonte:Bibliotecária Joselly de Barros Gonçalves, CRB4-1748

P853 Português língua adicional : ensino e pesquisa / organizadora: Regina L. Péret Dell’Isola. – Recife : Ed. Universitária da UFPE, 2012. 210 p.: il., figs.

Vários Autores. Inclui referências. ISBN 978-85-415-0098-2 (broch.)

1. Linguagem e línguas – Estudo e ensino. 2. Língua portuguesa – Estudo e ensino. 3. Aquisição da segunda língua. 4. Linguística aplicada. I. Dell’Isola, Regina Lucia Peret (Org.).

418.0071 CDD (23.ed.) UFPE (BC2012-097)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor: Prof. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado; Vice-Reitor: Prof. Sílvio Romero Marques;

Diretora da Editora: Profª Maria José de Matos Luna

COMISSÃO EDITORIAL

Presidente: Profª Maria José de Matos Luna

Titulares: Ana Maria de Barros, Alberto Galvão de Moura Filho, Alice Mirian Happ Botler,

Antonio Motta, Helena Lúcia Augusto Chaves, Liana Cristina da Costa Cirne Lins, Ricardo

Bastos Cavalcante Prudêncio, Rogélia Herculano Pinto, Rogério Luiz Covaleski, Sônia Souza

Melo Cavalcanti de Albuquerque, Vera Lúcia Menezes Lima.

Suplentes: Alexsandro da Silva, Arnaldo Manoel Pereira Carneiro, Edigleide Maria Figueiroa

Barreto, Eduardo Antônio Guimarães Tavares, Ester Calland de Souza Rosa, Geraldo Antônio

Simões Galindo, Maria do Carmo de Barros Pimentel, Marlos de Barros Pessoa, Raul da Mota

Silveira Neto, Silvia Helena Lima Schwamborn, Suzana Cavani Rosas.

Editores Executivos: Afonso Henrique Sobreira de Oliveira e Suzana Cavani Rosas

Editora associada à

Sumário07 PREFÁCIO

09 APRESENTAÇÃO

17 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA BREVE INTRODUÇÃO Carla Coscarelli

35 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA DATA MINING EM CONTEXTO DE AVALIAÇÃO EM PORTUGUÊS LÍNGUA ADICIONAL Jerônimo Coura-Sobrinho Henrique R. Leroy Daniel A. Vilela Alfredo L. J. Guerra

61 TEXTOS LITERÁRIOS EM LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL Regina L. Péret Dell´Isola Luiz Prazeres

71 GRAMÁTICA, GÊNERO TEXTUAL E CULTURA NO LIVRO DIDÁTICO TERRA BRASIL Jerônimo Coura-Sobrinho Henrique Rodrigues Leroy Mônica Oliveira Pereira Natália Tosatti

91 ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL: PRODUÇÃO ORAL E ESCRITA Mônica Oliveira Pereira Natália Tosatti

Sumário107 A ORTOGRAFIA NAS AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL Idalena Oliveira Chaves

115 MESTIÇAGEM CULTURAL EM SALA DE AULA DE PORTUGUÊS Andrea Ferraz

123 INTERAÇÕES EM CONTEXTO MULTICULTURAL Monique Longordo

127 ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ADICIONAL: PERCEPÇÕES INTERCULTURAIS Henrique R. Leroy

147 INTERCULTURALIDADE E CONHECIMENTOS LINGUÍSTICOS EM AULA DE PORTUGUÊS LÍNGUA ADICIONAL Marceli Aquino

157 ENSINO DE PLA: O ESPAÇO DO FOCO-NA-FORMA EM UMA ABORDAGEM COMUNICATIVA Augusto da Silva Costa

173 ANÁLISE CONTRASTIVA DA REGÊNCIA PREPOSICIONAL VERBAL EM PORTUGUÊS POR FALANTES DO ITALIANO Leila Ponciano

177 APLICANDO PRINCÍPIOS DA SOCIOLINGUÍSTICA AO ENSINO- APRENDIZAGEM DE PLA Francisca Paula Maia

187 PORTUGUÊS/ESPANHOL – SEMEJANTES, PERO NO MUCHO: UM BREVE ESTUDO CONTRASTIVO Rodrigo Durval de Lacerda

197 O CONHECIMENTO LEXICAL E O APRENDIZADO DE LÍNGUA ADICIONAL Regina L. Péret Dell´Isola

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O Português desembarcou no Brasil na carta de Pero Vaz de Caminha para compor a poesia de Anchieta e musicar a ironia de Gregório de Matos Guerra. Ao mesmo tempo, navegadores pioneiros na costa africana, comerciantes de especiarias em Calicute e Bombaim, mercadores de seda na China e missionários jesuítas no Japão haviam tornado o Português a primeira língua europeia adicional no Oriente.

No Ciclo do Ouro, o Português se tornou língua brasileira, continuando a ser a língua de Camões. Absorveu, integrou, trans-formou e ampliou contribuições de toda ordem. Nos quatro cantos do Brasil, consolidou-se como um idioma uno e múltiplo. Em Minas gerou a poesia de Carlos Drummond de Andrade, tal como os Gerais engendraram a prosa de Guimarães Rosa.

Darci Ribeiro lembra que o ouro fez os paulistas falarem de novo Português, já que a gente de Piratininga se afeiçoara ao nhangatu, ao cabo de longa vivência no meio indígena. Na corrida às minas gerais, eles resgataram o idioma do Reino nos embates da comunicação com os africanos e “emboabas”, palavra indígena pela qual a gente de São Paulo designava os “forasteiros”, ou seja, os não paulistas chegados ao eldorado.

Em Ouro Preto, um dicionário estabelecido por volta de 1740, e estudado pela etnolinguista Yeda Pessoa de Castro, visava permitir aos senhores brancos a compreensão do Mina-Jeje, a língua africana mais usada na região mineradora, visando assegurar maior controle

Ressonâncias

Prefácio

da Língua Portuguesa

Português Língua Adicional: ensino e pesquisa

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sobre milhares de escravos trazidos para as lavras e catas da região de Vila Rica.

Foi de fato em Minas que terá surgido a primeira manifestação literária coletiva do Brasil, com os poetas árcades do século XVIII, muitos deles envolvidos na conjuração do Tiradentes. O Português é a língua libertária do sonho da independência, a língua cidadã da eman-cipação intelectual, a doce língua da primeira poesia, a língua amorosa das modinhas e lundus que deram origem à música popular brasileira.

Ouro Preto tinha que estar presente neste importante livro, “Por-tuguês Língua Adicional: ensino e pesquisa” cuja capa, da aquarelista M.Thereza Péret, traz imagem do Beco do Teatro ou Travessa do Arieira, ao pé da Casa da Ópera de 1770. Celebramos a língua portu-guesa, que nos faz girar pelo universo, como diz o verso emblemático de Cláudio Manuel da Costa no fecho do poema “Vila Rica”, saudando aqueles que dela fazem uma língua adicional para a babel carente do belo falar das musas do Tejo.

Ângelo Oswaldo de Araújo SantosJornalista

Prefeito de Ouro Preto

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Esta coletânea é o resultado do trabalho de ensino e pesquisa realizado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa em Português como Língua Adicional (NEPPLA) da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Grupo de Pesquisa de Linguagens e Tecnologia do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Os artigos que a compõem foram escritos por professores dos Programas de Pós-Graduação dessas instituições fe-derais de ensino, doutorandos, mestrandos e graduandos. Todos os autores têm larga experiência com o ensino de Português para falantes de outras línguas e participam de pesquisas relacionadas à área de Português como Língua Adicional.

O artigo de abertura desta coletânea, Estratégias de aprendi-zagem de Língua Estrangeira: uma breve introdução de Carla Viana Coscarelli, compõe esta coletânea dada a sua atualidade e sua repre-sentatividade. Nele, a autora faz uma sucinta introdução ao estudo das estratégias de aprendizagem de língua estrangeira, com vistas a conscientizar professores e alunos da importância da utilização de estratégias como suporte para as situações de aprendizagem. Para isso, são apresentadas reflexões a respeito do conceito de estratégia, sobre as características do bom aprendiz e também sobre o papel do professor. Carla Coscarelli dá boas sugestões de como desenvolver a leitura e a produção de texto.

Apresentação

Português Língua Adicional:

ensino e pesquisa

Português Língua Adicional: ensino e pesquisa

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O segundo artigo, Aplicação da ferramenta data mining em con-texto de avaliação em Português Língua Adicional, é fruto de um traba-lho de pesquisa coordenada pelo Prof. Dr. Jerônimo Coura-Sobrinho, em que participaram Alfredo Levi José Guerra, aluno do curso de Ad-ministração, Daniel Alves Vilela, aluno do curso de Engenharia Elétrica e Henrique Rodrigues Leroy, Mestre em Estudos da Linguagem pelo Programa de Pós-Graduação do CEFET-MG. Com o objetivo descrever os resultados parciais advindos da pesquisa “Aprendizagem informal de Português como Língua Adicional: possíveis efeitos no desempenho de candidatos ao Exame Celpe-Bras”, vinculada ao Programa Institu-cional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Nesse artigo, a pluralidade de olhares sobre um mesmo tema identifica possíveis relações entre as experiências de aprendizagem informal do candidato e o seu respectivo desempenho no exame Celpe-Bras.

O artigo Textos literários em livros didáticos de Português como Língua Adicional, escrito pelos pesquisadores Regina L. P. Dell´Isola e Luiz Prazeres, foi apresentado no Colóquio internacional em homena-gem a Jean Peytard, em março de 2012, e tem como objeto de estudo como os textos literários são explorados para fins didáticos em cinco livros de PLA. Ao retomar os estudos feitos por Jean Peytard que fo-caliza aspectos relacionados ao aprendizado da língua através da lite-ratura, os autores investigam a presença de textos literários nos livros didáticos selecionados e evidenciam como se dá a exploração textual desses textos nessas obras. Trata-se de um estudo preliminar que, sem dúvida, será aprofundado, dada a sua potencialidade investigativa.

O quarto artigo desta coletânea, Gramática, Gênero Textual e Cultura em Terra Brasil, é o resultado de pesquisa realizada por Jerôni-mo Coura-Sobrinho, Henrique Leroy, Monica Oliveira Pereira e Natália Tosatti, com foco o estudo da exploração gramatical, da diversidade de gêneros textuais e da abordagem cultural no livro didático Terra Brasil. Os autores fazem uma análise detalhada dos aspectos gramaticais, evi-

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denciando teorias acerca da gramática e ensino de PLA, apresentando a organização formal das estruturas linguísticas priorizadas no livro Terra Brasil e abordando aspectos relativos à explicitação de regras gramaticais. Também apontam a funcionalidade dos gêneros textuais, enfatizando o livro analisado e abordando noções de interculturalidade dessa obra. Esse estudo põe luz sobre a articulação de aspectos linguís-tico-discursivos e culturais na proposta didática do livro Terra Brasil.

No artigo Ensino de Português como Língua Adicional: produção oral e escrita, de Mônica Oliveira e Natália Tosatti, abordam-se as estra-tégias e recursos empregados em curso de PLA oferecido pelas autoras no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Com o propósito de integrar aspectos culturais, gramaticais e comunicativos para favorecer o aprendizado de PLA, elas descrevem os módulos do curso e relatam sua experiência desde o planejamento das atividades até as impressões decorrentes do oferecimento desse curso.

O sexto artigo, A ortografia nas aulas de Português Língua Adicio-nal, de Idalena Oliveira Chaves, aborda o ensino da grafia das palavras em português do Brasil. Destaca-se nesse artigo a importância de um aspecto que não pode ser negligenciado no ensino: o da grafia das pala-vras de acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa. A autora faz uma reflexão sobre esse assunto e abre relevante discussão sobre o tema.

Mestiçagem cultural na sala de aula de PLA é o título do artigo de Andrea Ferraz. A autora trata de um aspecto bastante comum nas aulas de português em contexto de imersão: o da heterogeneidade cultural presente na sala de aula de PLA. Constatada a grande mistura de aprendizes de diferentes nacionalidades, culturas e línguas em uma turma de PLA, a autora promove uma discussão, à luz dos pensamen-tos de Michel Serres, sobre a mestiçagem e alteridade no processo de ensino e de aprendizagem de línguas. Na mesma direção, Monique Longordo, autora do artigo Interações em contexto multicultural, relata uma interessante experiência relativa às variantes geográficas do idioma brasileiro.

Português Língua Adicional: ensino e pesquisa

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Em seu artigo, Ensino de Português como Língua Adicional: per-cepções interculturais, Henrique Leroy aponta e discute as percepções construídas por intermédio da competência cultural de aprendizes e do professor no ensino de Português como Língua Adicional em contexto de imersão, no Brasil, e em contexto de não imersão, no Peru. Esses aspectos são advindos das percepções dos sujeitos da pesquisa sobre as suas próprias culturas, como também sobre as culturas dos outros. Os dados dessa pesquisa apontam a relevância dos contextos de não imersão e de imersão na construção da competência intercultural dos alunos e do professor no ensino de Português para falantes de outras línguas, tomando-a abordagem der Kramsch (1993). As constatações de sua investigação permitiram verificar que diferentes graus de influência do contexto nas percepções interculturais dos aprendizes e do professor de LA. Esse artigo nos conduz a levar em consideração o olhar crítico e cultura de docentes e discentes com vistas à aceitação e ao respeito do outro no espaço da interculturalidade.

No décimo artigo, Interculturalidade e conhecimentos linguísticos em aula de Português Língua Adicional, Marceli Aquino relata interes-sante experiência, fruto de trabalho realizado em disciplina de graduação para alunos intercambistas, estudantes na UFMG. No curso de Produção Oral e Escrita, foram explorados temas polêmicos com a finalidade de os alunos reagirem ao estímulo de apresentarem suas opiniões acerca dos assuntos propostos. A autora relata aspectos positivos da dinâmica realizada e descreve como a proposta é eficiente para a interação socio-comunicativa entre os aprendizes.

O artigo Ensino de PLA: o espaço do foco-na-forma em uma abordagem comunicativa, de Augusto da Silva Costa, tem como foco retomar as sistematizações gramaticais, o foco-na-forma no ensino de PLA. Para o autor, a reflexão e o reconhecimento de aspectos formais da língua-alvo, levam o aprendiz a compreender a estrutura linguística e a alcançar a competência comunicativa e gramatical também através de uma prática que envolve conhecimento das normas linguísticas que

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regem o idioma. Para isso, é apresentada uma proposta de curso em que se buscou trabalhar aspectos gramaticais como ponte entre o conheci-mento básico dos aprendizes e o desenvolvimento das habilidades que os tornarão leitores e produtores textuais no português brasileiro.

Leila Ponciano, autora de Análise contrastiva da regência preposi-cional verbal em português por falante do italiano, apresenta um breve estudo fundamentado na abordagem de Fulgêncio e Bastianetto (1993) sobre o uso da regência preposicional verbal no contexto de PLA, tendo como foco o aprendiz italiano. A autora analisa se as inadequações no uso das preposições na língua portuguesa são decorrentes de transferência ou interferência da língua italiana.

Em Aplicando princípios da sociolinguística ao ensino-aprendiza-gem de PLA, Francisca Paula Maia defende a aplicação dos princípios e dos conhecimentos de Sociolinguística nas aulas de Português Língua Adicional, por entender que eles contribuem para a aquisição de valores na construção da identidade dos sujeitos na ação pedagógica para o enri-quecimento cultural. Para ela, um trabalho de ensino e de aprendizagem de uma língua adicional, pautado em uma visão variacionista, favorece aos aprendizes a apropriação de conhecimentos linguísticos e identitários.

O penúltimo artigo é uma homenagem póstuma ao mestrando Rodrigo Durval de Lacerda que precocemente se despediu do grupo e deixou este texto para ser publicado quando houvesse oportunidade. A oportunidade surgiu e dedicamos à Patrícia, este legado acadêmico: um texto inédito, produzido pelo Rodrigo para uma das disciplinas oferecidas por sua orientadora.

O último artigo, O conhecimento lexical e o aprendizado de Lín-gua Adicional, trata de reflexões sobre a construção do conhecimento vocabular em uma LA, levando-se em consideração a leitura como alvo de grande interesse. Através da leitura, o aprendiz tem acesso a palavras que conhece e que ainda não conhece. Nesse artigo, coloca-se em foco o componente lexical na aprendizagem de uma língua adicional.

Português Língua Adicional: ensino e pesquisa

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Esta coletânea é uma oportunidade de abrir novos debates entre os que atuam na área de Português como Língua Adicional e tem como meta desafiar a realização de novas pesquisas como vistas a aprimorar o ensino de PLA no Brasil e no exterior.

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