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E MAIS: ESCALADA EM CARMOPÓLIS FINAL DO CBM EM FERROS CASCA GROSSA EM FERROS AGULHINHA DE CATAS ALTAS ESCALADAS NO PERU Boletim 21 abril-maio-junho 2012 IMPRESSO CURSO BÁSICO DE MONTANHISMO 2012 NA LAPINHA DA SERRA

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E MAIS:ESCALADA EM CARMOPÓLIS

FINAL DO CBM EM FERROS CASCA GROSSA EM FERROS

AGULHINHA DE CATAS ALTAS ESCALADAS NO PERU

Boletim 21abril-maio-junho2012

IMPRESSO

CURSO BÁSICO DE MONTANHISMO 2012

NA LAPINHA DA SERRA

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Boletim nº 20 Centro Excursionista Mineiro 2

Reuniões Sociaistoda quinta feira, as 19:30.Endereço da sede própriaAv: N. Senhora do Carmo

Nº 221, Loja 224.Condomínio Carmo Sion,

Savassi, Belo Horizonte, MG contatos: sitedocem.org.br

Editorialpor Giselle Saraiva de Melo

PresidenteGiselle Saraiva de MeloVice presidenteGustavo CarrozzinoSecretariaLarissa Lopez CorrêaEditor do boletimEustáquio Macedo Melo JRDiretor técnicoGuilherme CorrêaDiretor SocialEustáquio Macedo Melo JRTesoureiroFrederico Bruno Soares

Nesta edição o CEM se transforma em Caipiras Excursionistas Mineiros com muitos causos pra contar!

BALANCÊ. Juntaram-se à nossa quadrilha novos integrantes. COROAR DAMAS E CAVALHEIROS. Com muito orgulho realizamos mais um Cur-so Básico de Montanhismo (CBM) com encerramento oficial nas terras Toniquen-ses. PREPARAR PARA A GRANDE RODA. Foram dias espetaculares nas paredes de Ferros com muita escalada, troca de experiências, cervejas e gargalhadas. CAMINHO DA ROÇA. A quadrilha foi parar em Catas Altas para se aventurar na Agulhinha de Catas Altas. OLHA A COBRA! É MENTIRA! OLHA A CHUVA! É verdade, mas não atrapalhou o sucesso da 1ª Semana Brasileira de Montanhismo que aconteceu no Rio, além da Abertura de Temporada de Montanhismo na cidade maravilhosa. BALANCÊ. E nosso vice presidente nos brinda com mais escaladas no Sul de Mi-nas. DAMAS CUMPRIMENTAR CAVALHEIROS.

E pra DESPEDIDA desta quadrilha vamos comemorar mais uma edição do nosso boletim com muito forró na tradicional festa junina em Lavras Novas.

BALANCÊ

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AGULHINHA DE CATAS ALTASPor Gilberto Ferreira

Parte 1 – A escolha do pico

Há cerca de 2 meses estava eu na internet bus-cando a rota da travessia Lapinha-Tabuleiro e alguém, num site qualquer, me sugeriu ir a um tal de “CEM” e interagir com o pessoal, pegar infor-mações, rotas etc. Como não custava nada, era bem pertinho de onde moro, topei ir lá. Marquei na agenda o dia e hora da reunião e pra lá me dirigi chegado o momento. Confesso que eu tenho uma percepção muito aguçada sobre algo que pode ou não ser bom pra mim. Costumo sentir isso bem rápido, como num simples aperto de mão, numa rápida mas saudação de boa vindas, na energia do ambiente, e coisas do tipo. E não demorou mais que alguns minutos pra eu perceber que havia encontrado uma turma boa, um ambiente saudável, gente fraterna, cordial, com energia motivadora para encarar novas aventuras. Num ambiente super informal, descontraído, pessoas comiam pipoca, conversavam sobre experiências vividas, história de trilhas e montanhas superadas e admito que até um pouquinho de mentira ouvi, mas não vem ao caso. Notei que à direita da sala, dependuradas na parede, algumas pranchetas sugeriam opções de passeios, caminhadas, tra-vessias, escaladas, mas confesso que nenhuma me empolgou até ter visto, certo dia, alguém lançar o desafio de subir o Pico do Inficionado, no Cara-ça. Pensei: “nossa, I-N-F-I-C-I-O-N-A-D-O, deve ser difícil, legal, eu topo!” No fundo, sempre quis ir no caraça, e essa era a oportunidade. Lancei meu nome na prancheta e tava feito. Só que, no meio do caminho, tinha um padre! E o sacana não quis me deixar conhecer a Serra naquela oportunidade. Esclareço: haviam algumas limitações, como acessar a serra somente com guia, não podia acampar no parque, além de outras limitações, e então o pessoal do CEM decidiu mudar o desafio. Sorte a minha! Ato contínuo, a rota mudou, e o “Agulhinha de Catas Altas” foi eleito o desafio do fim de semana. Mas ao contrário do Inficionado (acho esse nome do C+, intimidador, desafiador), Agulhinha me parecia um tanto... menor, uma segunda opção, mas como eu já estava no clima, não ia recuar pra uma agulhinha qualquer. Mal sabia eu que estava prestes a encarar a trilha mais pesada da minha vida.

Parte 2 – A primeira impressão....

Sábado, 21 de abril, partimos em direção a Catas Altas em 2 carros. Eu tive a sorte de pegar carona com pessoas fantásticas (Eustáquio, Gislene e Raí), assim como o restante do grupo que nos acompanhava em outro carro (Tales, Leandro, Guilherme e Larissa). Uma pequena pausa para um lanchinho, na estrada, e em poucos minutos estávamos em Catas Altas. Interessante falar que foram poucos minutos, pois o papo no carro foi tão descontraído e diversificado (escalada, equipa-mentos, antigomobilismo e até física quântica discutimos com o astrofísico, engenheiro e policial em horas vagas, Dr. Raí) que o tempo passou sem que percebêssemos. Chegando na pequena cida-de, paramos logo na primeira praça. Enquanto o restante do grupo se dirigia às pousadas logo abaixo (havia a possibilidade de voltarmos do pico ao anoitecer e termos de repousar ali mesmo), pude contemplar por alguns instantes a imponên-cia daquele cume, que leve o nome de Agulhinha não por acaso. Fantástica montanha, com o topo em gigantesco granito, bem em destaque, forman-do uma espécie de pirâmide de base triangular sobre outra de base inversa, num formato bem curioso. Lá estava ela, imponente, bem à minha

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frente. Minha primeira indagação foi: por qual motivo eu nunca havia estava ali? Eu jamais tinha ouvido algo sobre aquele pico e essa ausência de conhecimento me deixou meio puto, pois viver em Minas e não explorar (por desconhecimento) aqui-lo que mais temos, as montanhas, é uma “here-sia”. Deixe aquela vista e desci alguns passos até a pousada “Laetitia”, onde o pessoal já havia acer-tado os quartos e decidido que ficaríamos. Antes de deixar a pousada em direção ao pico, ouvi uma indagação curiosa da proprietária: “vocês vão subir a montanha? Mas à essa hora??? Quem sobe o pico costuma sair às 6 da manhã ou antes, pois são 8 horas de caminhada só pra subir”, afirmou a senhora. Pensei: essa mulher deve saber o que está falando! Já eram cerca de 9:00 da manhã e ainda tínhamos que inspecionar o lugar onde fica-riam os solteiros (eu, Leandro, Raí e Tales). Ape-sar de acompanhar o pessoal até a casa onde ficaríamos mais tarde, pouco me importava onde ia dormir, queria logo por o pé na trilha e sentir aque-la sensação agradável que a montanha me pro-porciona. Resolvida a pendência da pousada, partimos para deixar os carros em local seguro, o mais próximo do acesso á trilha, onde checamos as mochilas, tomamos um gole d’água e partimos. Eustáquio era o guia, por já ter estado ali antes e pela experiência em inúmeras montanhas mundo afora. Contudo, nem havíamos pegado a trilha ainda e já pairavam dúvidas sobre qual caminho a seguir (mal sabíamos que além do horário tardio, cerca de 9:30 ((o primeiro erro)), e alguns erros na trilha, fariam a diferença em nosso desfavor mais tarde). Seguimos cruzando o pequeno ribeirão que séculos atrás fomentou a exploração de ouro na-quele lugarejo e escolhemos um acesso subindo uma larga estrada e depois margeando a linha férrea por alguns minutos, acessando uma peque-na propriedade rural onde o dono nos informou que o caminho estava errado (o segundo erro). Voltamos seguindo a via férrea, para retomar o caminho correto, passando por sob os trilhos que levam o minério da Vale, numa espécie de peque-no viaduto com pinturas “pornô-rupestres”, mas logo á frente erramos de novo (o terceiro erro). Daí, nos restou fazer o óbvio: descer e seguir a trilha da cachoeira, que era a última opção. Nes-ses erros, perdemos cerca de 1 hora de avanço, além do desgaste físico e psicológico (percebi que o Eustáquio ficou um pouco aborrecido por ter errado, nós também). Trilha certa, fincamos mato a dentro e pude notar que a senda era estreita, em vários trechos bem escorregadia, em meio a árvo-res, cipós, capim navalha, unha de gato e toda a sorte de planta espinhosa, testando o meu humor passo a passo. Decidi andar por último na fila, pois sete pessoas à minha frete eram 14 braços, 14 pernas e 14 mochilas para aquelas plantinhas chatas liberarem seus espinhos e tornar minha subida menos tormentosa. Sob a copa das árvores

avançamos na trilha, que por vezes parecia verda-deira picada recém aberta na mata. Como o grupo ia mais á frente, minha alternativa foi seguir o ca-pim deitado, me esquivando dos espinhos e ten-tando me arranhar o mínimo possível (estava de camiseta, manga curta, péssima decisão). Por vezes, notava que o grupo se distanciava e eu tinha que apertar o passo. Em raras ocasiões, corri pela trilha para alcançar o grupo, que já se preo-cupava com o horário apertado para aquela aven-tura (subir e descer o Agulhinha antes do sol se por, se possível). Por um instante olhei aquela fila de gente caminhando no meio do mato e me lem-brei de uma tropa (burros, não soldados), e pensei: só mesmo um “bando de jegues” sobem um monte pra depois descer, e ainda parecem felizes, vai entender! Caminhamos pouco pela trilha certa e já fizemos uma parada rápida numa cachoeira, por volta de 11 horas, tempo de comer uma banana, tomar uma garrafa inteira de água e subir. Eu, como sempre, no fim da fila, e por vezes até bem afastado, comecei a revezar o posto de lanterna com o colega Leandro, que já demonstrava cansa-ço. Mais uma cachoeira traspassada e a trilha ficou deveras pesada. Nesse ponto, começaram a surgir obstáculos altos, com vias sobre rochas, onde era preciso escolher bem o local para se apoiar, distribuindo o esforço entre pernas e bra-ços. Nestes momentos a natureza ajuda demais, pois me apoiava a todo o tempo em pequenas árvores e raízes expostas para transpor os obstá-culos. Apesar de notar que a cada passo a trilha ia ficando mais difícil, ia bem, vencendo os obstácu-los até com certa naturalidade, e nesse ponto sei que 3 meses de academia me fizeram a diferença, pois não suportaria aquela trilha estando ocioso. Um fato começava a me incomodar: o ritmo acele-rado que o pessoal da frente adotou (Raí, Tales e Guilherme), distanciando dos demais e separando o grupo. Em determinado momento, na ânsia de não ficar muito atrás, apertei o passo e ultrapassei Eustáquio e Gislene, e notei que ela, que vinha tão bem, começou de repente a perder ritmo. Mal tinha ultrapassado os dois e escutei um repetido Êh-Ôh, Êh-Ôh. Algo errado tinha ocorrido e este fato mu-daria toda a história da trilha.

Parte 3 – A decisão de voltar

Estávamos sobre um conjunto de rochas com pequenas grutas e algumas fendas bem profun-das, sobre as fiquei um tempo, tentando entender aquela formação e de onde vinha aquele vento gelado, embora a temperatura exterior estivesse muito quente. Enquanto aguardava notícias sobre o motivo da parada, percebi que Larissa e outros conversavam com Eustáquio e Gislene. Resolvi voltar alguns metros e me deparei com o Eustá-quio dizendo: “nós vamos voltar, não dá mais pra nós. A Gislene não está bem, está sentindo tontu-

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ra, vocês podem seguir, nós va-mos voltar”. A G i s l e n e , f u i saber depois, estava se resta-belecendo de uma semana em q u e p a s s o u mu i to ma l e , embora aparen-temente ap ta à q u e l a d u r a c a m i n h a d a ,

es tava f raca , talvez desidratada,

e não aguentou o ritmo forte e a dificuldade da subida. Quando ouvi aquela afirmação, minha primeira reação foi olhar para o pico e tentar calcu-lar a quantas horas estávamos do nosso desafio. Vi que ainda faltavam pouco mais de 1/3 do per-curso, talvez 2 ou 3 horas de trilha, mas diante aquela situação a minha decisão seria a de voltar com o grupo, se assim todos acordassem. Contu-do, embora a decisão em voltar com o casal pare-cesse unânime, este insistia que seguíssemos para o cume, pois eles conheciam a trilha e fariam uma descida lenta, sem pressa. Houve uma breve discussão, queríamos voltar, mas naquele momen-to, o grupo estava novamente dividido, pois Tales e Raí haviam partido minutos antes do ocorrido, e no ritmo alucinante que caminhavam, sequer o avistamos. Eles não sabiam do ocorrido, não tí-nhamos rádio para comunicá-los e alguém preci-sava alcançá-los. Dada a experiência em monta-nhas, do casal desistente, decidimos seguir à frente, tentando alcançar a dupla desgarrada. Despedimos do casal e partimos trilha acima. Nesta parte da montanha, os obstáculos sobre rochas são perigosos, com fendas e aberturas que podem chegar a 10 metros de profundidade. Em algumas situações cheguei a “escalaminhar” al-gumas rochas bem aderentes, testando pequenas saliências e evitando vias mais difíceis. Guilherme havia adotado um ritmo mais intenso, tentando alcançar Tales e Raí, e sumiu trilha acima. Larissa, que havia assumido a missão de babá, acompa-nhando os dois menos experientes (eu e Lean-dro), também apertou o passo, e fiquei impressio-nado com o seu ritmo. Voltei meu olhar para trás e vi o Leandro também bem cansado com aquela “puxada”. Comentei sobre aquela disposição da nossa colega, àquela altura de nossa aventura, e o mesmo concordou com um sorriso e um breve aceno de cabeça. Ele já não aguentava mais falar. Seguimos tentando alcançar nossa “líder” até alinharmos os três o mesmo ritmo quando, venci-dos vários obstáculos (a parte mais Punk e peri-gosa da trilha), alcançamos a dupla desgarrada mais à frente, repousando sobre um lajedo de

pedra, ao lado de um abençoado e cristalino filete d’água. Ficamos ali por alguns minutos, conver-samos sobre o ocorrido, comemos alguma coisa, me hidratei com várias garrafas d’água, calibrei o cantil e aproveitamos para registrar o cenário. As montanhas são fantásticas. Elas me atraem desde pequeno por sua imponência, suas vias secretas, suas cachoeiras límpidas, pela curiosa vegetação, bichos e formações rochosas, sem falar no silên-cio e na paz interior que somente experimenta quem alcance o cume.

Parte 4 – Base da montanha ou cume?

Diante o ocorrido, e com o horário já avançado, a decisão em atacar o cume não seria muito pruden-te com um grupo que caminhava em ritmos dife-rentes. Guilherme, que naquele momento passou a ser o montanhista mais experiente do grupo, numa decisão bem prudente decidiu atingir ape-nas a base do pico. Penso que a sua decisão tenha se dado mais por um grande senso de res-ponsabilidade que passou a ter sobre o grupo, já que haviam 3 pessoas caminhando em um ritmo mais lento. Atacar o cume naquele horário seria assumir o risco de descer a montanha à noite, às pressas, aumentando consideravelmente a possi-bilidade de quedas, torções, e de nos perdermos em meio à difícil trilha. Quando menos percebi, novamente parte do grupo tinha avançado. Já eram cerca de 13:00 da tarde. Desta vez, Gui-lherme havia partido com Tales e Raí para a base do cume. Mais à traz, seguimos eu, Larissa e Leandro nosso ritmo. Avançamos trilha acima, em terreno íngreme, com passagem sobre rochas em inclinação considerável, até nos encontrarmos novamente bem próximo da base do cume, onde há uma gruta com um abrigo construído com pla-cas de rochas sobrepostas, formando uma espé-cie de “suíte rústica”. Exploramos por um instante o curioso local e partimos. Ao redor da gruta, pude registrar algumas árvores cortadas e me causou revolta saber que alguém anda degradando aque-la área. Mais algumas fotos e subimos novamente por cerca de 200 metros até a base do cume. Quando ali cheguei, Guilherme contemplava a rocha, tentando visualizar rotas de escalada ante-riormente abertas. Larissa e Leandro também apreciavam a vista. Perguntei pelos outros dois que faltam (Tales e Raí), quando a Larissa res-pondeu: “eles acabaram de cruzar essa pedra, se você for agora consegue alcançá-los”. Olhei para a direção que ela havia apontado e pensei: eu não posso fazer isso com o grupo que desistiu do cume pela nossa segurança. Guilherme e Larissa poderiam ter facilmente seguido os dois, pois são montanhistas e escaladores com experiência e ritmo de montanha, mas resolveram se contentar com a base do cume, por senso de responsabili-

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dade e segurança da expedição (já eram 14:30 e tínhamos uma dura descida pela frente). Confesso que tinha energia para subir. Na verdade, todos tínhamos, mas no meu caso e, creio também do Leandro, não no ritmo que foi adotado pela dupla que seguia à frente. Refleti sobre a conduta dos dois aventureiros (Tales e Raí) e achei um tanto imprudente saírem àquela hora, com o risco de retornar à noite, mas em montanha, tal decisão é pessoal. Até aquele momento, tinha dúvidas se eles realmente iriam atacar o cume ou explorar a área acima, retornando logo a seguir. Passados 20 minu-tos, decidimos iniciar a descida sem os dois. Dessa vez, éramos o segundo grupo desistente: Gilberto, Leandro, Larissa e Guilherme. Lembro-me que a decida foi silenciosa, retomando o caminho que há pouco havíamos percorrido em sentido inverso. Vez ou outra olhávamos para traz a montanha que este-ve tão perto de nossa superação pessoal. Um misto de frustração e expectativa que o resto da expedi-ção ocorresse bem para todos, apesar do objetivo não alcançado: Eustáquio e Gislene, que desistiram inicialmente, e ainda não tínhamos recebido qual-quer notícia suas (celular fora de área); nosso gru-po, que precisava descer rápido e com segurança, aproveitando a luz diurna; Tales e Raí que não sa-bíamos onde estavam e se conseguiriam retornar naquele dia. Iniciamos silenciosos a descida, re-vendo as setas indicadoras por alguém riscadas sobre as rochas que momentos antes havíamos seguido rumo ao pico. Descemos, descemos, por vezes nos amparando um nos outros, indicando o melhor caminho para o colega logo à traz. Lembro que descemos bastante quando ouvimos um “Êh Ôh” bem longe. Ninguém mais gritaria “Êh Ôh” na-quele lugar senão Raí e Tales. Eram eles, descendo alucinadamente já um pouco abaixo da base do cume. Olhamos uns para os outros e foi inevitável um sorriso de todos, por estarem logo atrás e em aparente segurança. E caso apertassem o passo, chegariam conosco no final da trilha. Continuamos a descer, era agora a nossa missão. Por vezes, ouvíamos um longe “Êh Ôh”. Parávamos, sabíamos que estavam mais perto, e isso nos dava a segu-rança para continuar a descida. Descemos, desce-mos, descemos muito até atingir uma cachoeira onde não havíamos parado na subida. Ali, demos uma pausa para a água e um breve lanche, e quan-do menos esperávamos escutamos um novo Êh Ôh, agora bem pertinho. Guilherme deu alguns passos em direção à mata e viu Raí e Tales des-pencando de dentro da trilha, imundos, riscados de carvão de cima a baixo (provavelmente passaram pela floresta negra), mas com um sorrisão no rosto que mais tarde entenderíamos. Não acreditava que eles pudessem descer tão rápido. Minha impressão era a de que tinham desistido do cume e decido rápido para não perder a luz do dia, tentando nos alcançar. Na verdade, também fizeram isso, mas os

danados alcançaram o cume e a adrenalina da violenta descida era visível. Penso que a apreensão foi tanta que eles hora confirmavam que haviam estado lá, hora desmentiam dizendo que haviam desistido. De fato, eu não pude acreditar naquela versão. Em pouco mais de duas horas os caras atacaram o cume e desceram até nos alcançar, e aquilo me parecia uma grande farsa. Contudo, mais tarde, já na cidade, e na companhia do Eustáquio e Gislene, que nos aguardavam preocupados na praça da igreja Matriz, o danado (Raí) revelou as fotos do cume que, com certeza, ele terá o maior prazer em lhe mostrar.

Agradecimentos:A todos, pela oportunidade de conhecer este fabu-loso pico e compartilhar uma experiência que vai valer para outras aventuras. Àqueles que desistiram, a certeza de termos segui-do o correto e o mais seguro procedimento, diante as circunstâncias. Ao casal Guilherme e Larissa, valeu por terem sido tão parceiros nesta trilha, sempre se preocupando com a segurança do grupo.Ao também casal, Eustáquio e Gislene, foi muito bom tê-los reencontrado na praça, bem e de copo na mão.À “dupla dinâmica”, parabéns pelo cume.A todos que puderem se aventurar neste pico, re-comendo, com a máxima cautela, e saindo beeeeeeem cedinho.

Dados técnicos:

Pico da Agulhinha ou Agulhinha de Catas Altas. Altitude: 1810m. Caminhada pesada por trilhas e rochas. Localiza-ção: Catas Altas/MG, a 120km de BH, sentido Vitória - BR262.

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A subida muito íngreme e longa ao Pico do Cruzeiro, é sem dúvida um passeio imperdível. Embora a caminhada seja difícil é o melhor dos atrativos da Lapinha.Neste cenário aconteceu de 31/3 e 01/04 e não é mentira, uma das fases p r á t i c a s d o C u r s o B á s i c o d e Montanhismo do CEM.Jô e Cida Nery(eu) foram as alunas acompanhadas dos expertos Xaxá, Eustáquio e Raí. Na manhã do sábado 31/3 saímos do vilarejo da Lapinha aproximadamente as 10:30h, para começar a subida. De mapa e bussola nas mãos para guiá-los, ou melhor, no meu caso ser guiada. Sem contar que antes do meio dia eu perdi o mapa.A proposta era caminhar até a prainha e acampar para o pernoite. Até ai tudo bem, se não fosse o peso da cargueira.Tenho prá mim que ser caminhante nos leva a deixar na estrada da vida alguns pesos que não nos pertencem mais. Enquanto caminhava ia refletindo sobre que peso ainda precisava sair da bagagem. Mas, o que fazer se essa era a minha primeira empreitada num trekking com acampamento selvagem, com direito a subidas e descidas “punks”? Claro que eu não sabia disso. E hoje vejo que foi melhor não ter sabido antes, senão sei não!! Acompanhada de uns m a l u c o s , q u e e m a l g u m m o m e n t o acreditaram que eu daria conta, segui em frente e não me decepcionei. Só não posso dizer o mesmo prá eles.No meu tempo, na consciência de preservar a minha segurança ate o final, às vezes sentia que eles gostariam que eu fosse mais rápido. Mas..... como tudo na vida sempre tem um “mas” ou então “e se”.Valeu demais ver aquela maravi lha começando da simplicidade da vila, que não

deve ter mais que 500 habitantes!? Cortada por um estreito da represa da Lapinha(antes Represa da Usina Coronel Américo Teixeira, década de 50). Não sei por que mas, aquela maravilha não combina com Usina.É uma beleza em meio a um cerrado com o chão entrecortado por umas rochas formando ondas, que poderiam cortar como navalha. F lo res (amare las , la ran jas , l i l ases , brancas),como a sempre viva e outras que fotografei para descobrir quais são. Li antes que lá existem espécies únicas no mundo.A caminhada durou até as 18:30h hora de chegada ao ponto de acampamento com uma “SURPRESA”: porteira com placa e letreiro bem destacado “proibido acampar, nadar e pescar”. Mas ao final, depois de uma breve conversa do Xaxa e Rai com os cavaleiros da Fazenda Azevedo, nos deixaram ficar. Eu estava cansada e não conseguia pensar em arredar o pé dali (daqui não saio, daqui ninguém me tira). Armadas as barracas fomos cada um a seu tempo tomar banho num riacho próximo. Águas cristalinas, da cor de mel ( aqui outra pesquisa que vou fazer para entender).O jantar, ah o jantar....bacalhoada regada o

AVENTURA DE UMA PRINCIPIANTE A SUBIDA AO PICO DO CRUZEIRO - LAPINHA DA SERRA -MG

Por Aparecida Maria - Cida

CURSO BÁSICO DE MONTANHISMO

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v inho, preparada pe lo Eustáqu io e chocolat inhos de sobremesa. Fiquei boquiaberta( prá não dizer bege), com a habilidade. No céu uma lua linda iluminava o acampamento e conversávamos sobre várias coisas; o Raí deu uma aula sobre vinhos, sem contar que o humor dele para dramatizar algumas coisas era fantástico. Nos fazia rolar de rir. Ele implicava até com as pererecas cantando no rio, ainda mais quando soube que eram minúsculas e faziam tanta algazarra. Descobri depois que são as pererecas-de-pijama. Chic demais.À noite tivemos direito a uma chuvinha, à visita do que achei ser lobos guará ou cachorros do mato. Claro que não quis conferir, mas dormir tranqüila ouvindo as amiguinhas de pijama cantando.Domingo 01/04 ( não é mentira), após um café com ovos mexidos, cappuccino, frutas, levantamos acampamento e fomos prá trilha...punk, punk.....punk.Em tudo na vida eu jogo o humor. Ao passo que íamos caminhando eu cantava baixinho: caminhando e cantando e seguindo a lição, somo todos (iguais?) braços dados ou não, ou então.... vim correndo à frente do sol... quem sabe isso quer dizer amor, estrada de

fazer o sonho acontecer.....

A paisagem do alto do pico é maravilhosa, indescritível.Pena que o tempo não permitia curtí-la, até mesmo porque o meu caminhar não rendia.Ai de mim se não fosse o bastão de caminhada tateando tanto buraco escondido no meio da vegetação. Eu olhava o Xaxá, o Raí e a Jô lah na frente ou então lá no vale

e pensava: eles só podem ter passado por esse caminho f lu tuando. Como a segurança pessoal era responsabilidade minha, teria que ter cuidado para não enfiar o pé num daqueles buracos que só eu via.....rsrs, mas existiam e est’ao La.Vale destacar que a camaradagem e solidariedade do Raí em me ajudar com a cargueira várias vezes, me aliviara muito. E ainda numa descida íngreme ele meu deu valiosas dicas de como usar o bastão. E destaque também pro Eustáquio que ficava na retaguarda comigo (meu apoio moral....rsrsrs).A certa hora o Raí e a Jô, que era de uma velocidade e agilidade impar, já estavam longe.....de volta à Vila. O Xaxá esperava por nós num ponto da trilha. Já anoitecia, e o céu avermelhado se misturava à sombra das montanhas no caminho de volta, ainda ouvia o barulho daquelas águas cor de mel, que corriam entre aquelas pedras brancas que desenharam o tempo todo a nossa trilha.Chegamos à vila às 19:15h, brindamos

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com cerveja, uma pinga da roça, jantamos uma comidinha mineira, rimos mais um bocado.Voltei feliz pela experiência, que me direcionariá para outras mais....Uma certeza hoje tenha comigo: Eustáquio, X a x á e R a í q u e c h a m o d e “ Tr ê s Mosqueteiros” são loucos de pedra.....e apaixonados por pedra. Fato que iria comprovar depois.........

FINAL DO C.B.M. EM FERROSPor Geraldo

Nos final de semana dos dias 06 a 08 de Abril de 2012 foi realizado o fechamento do nosso Curso Básico de Montanha 2012, cari-nhosamente chamado de CBM, e acolhido pelos Cemistas Tonico e Nadia na área de escalada de Ferros.

No dia 05/04/12 quinta feira a noite chegaram os primeiros Cemistas a Ferros sendo eu a Sandra e Hebert os primeiros a chegarmos, onde ficamos na porta da sede da fazenda aguardando o caseiro curtindo um por do sol mágico, primeiro pre-sente do final de se-mana que prometia, logo que escureceu e o caseiro chegou e nos orientou nos locais p e r m i t i d o s p a r a o acampamento. Durante a escolha do acampa-mento chegou o grupo composto por Tales, Natassia, Guilherme e Larissa que entraram na discutição animada do local onde acampa-ríamos, ficando decidido

que ficaríamos na prainha nesta noite, o que se mostrou um local bem desconfortável.

Resultado da noite mal dormida na sexta-fei-ra, o restante da turma do CEM chegou no momento que nos transferíamos o acampa-mento para um gramado a cima da prainha, onde tínhamos transformado em estaciona-mento na noite anterior, agora lar doce lar e que durante o acampamento se mostrou um lugar perfeito para a galera confraternizar. Conforme os montanhistas iam chegando e

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montando as barracas o acampamento foi ganhando vida e algumas surpresa como a Mega Iglu que o Ostaco montou, com a ca-pacidade para muitas pessoas, e logo apeli-dada de sobrado pelo nosso Raí. Este primei-ro dia foi um dia livre para o CBM, então con-forme os montanhistas se encontravam no acampamento formavam as duplas e iam para o vale fazer algumas vias. Eu a Sandra e Herbert resolvemos curtir o rio e a cachoeira, que virou local de banho para a maioria dos cemistas presentes. Durante o dia o Xaxá chegou descarregou as tralhas e a galera, reuniu um grupo e foi a cidade de Ferros fa-zer as compras para a confraternização, final de tarde com o calor supremo que estava fazendo quase todos os montanhistas presen-tes se reuniram na cachoeira para uma con-fraternização bem refrescante e com Raí, Ostaco e Larissa presentes tivemos garantia de muita dor abdominal das risadas proferi-das pelo grupo que chamou a atenção dos passantes pela estrada., voltando ao acam-pamento encontramos o Xaxá com uma lata de cerveja sentado na traseira de sua Eco Esporte, agora equipada com uma geladeira gigante lotada de cevada (cerveja), animação total, fomos todos preparar os jantares e se arrumar para a noite que prometia. Durante o jantar presenciamos a primeira magica de muitas que a Sandra e Ostaco produziram em suas cozinhas improvisadas a frente das bar-racas respectivas.

Só falo o seguinte, passamos muito bem!!!!

Após as jantas respectivas, nos reunimos estrategicamente na traseira da Eco Exporte em frente a caixa de cevada, surgiram dois lampiões psicodélicos que foram posiciona-das no meio das rodas formadas pelos con-fraternizastes onde ficamos tomando muita cerveja, jogando conversas foras e escutando boa musica até a cevada acabar, lá pela tan-tas da madrugada e alguns sobreviventes do sono em volta da lanterna, Guilherme pede a palavra bem compenetrado e informa que desenvolveu uma tese e solta: “Descobri que a magia da roda de conversa em um

acampamento não é fo-gueira, como pensava, e sim basta ter uma luz no centro e pronto esta formado a roda de con-versa e apontou para nossa roda”.

Fomos dormir na hora exata que acabou a cer-veja!!!

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Por Celso Ferreira Gomes CASCA GROSSA EM FERROS

O final de semana de 16 e 17 de junho de 2012 foi um dos mais espetaculares já vividos em Ferros. E olha que isso é uma afirmação ousada, haja vista o quanto é difícil superar o ótimo. Mas foi isso mes-mo o que ocorreu.Tivemos a presença de 16 excelentes pessoas: Tonico, Nádia, Gustavo Piancastelli, Gislene, Eus-táquio, Maria Fernanda, Pedro Bugim, Raí, Xaxá, Julinho Cardoso, Milson, Rodrigo Magalhães (o filho mais novo do Tonico), Tamires (companheira do Rodrigo), Alaci Júnior (Juninho, amigo do casal citado), Glesse e Celso. Foram realizadas, pelo Gustavo Piancastelli, as filmagens para finalizar o material do programa Casca Grossa dedicado a Ferros. Temos, desde já, muito a lhe agradecer por essa investida para a divulgação do pólo de Ferros. E agora são 122 vias de escalada em Ferros, sendo 92 delas no Vale do Roncador, incluídas, nessa contagem, as três vias do Subsetor Cachoeira. Estamos a postos para a centésima via do vale!!! Que venha essa magnífica senhora.Como é próprio à índole do povo, registramos, o quanto pudemos, as atividades dos dois dias: altís-sima “produção”. E vejam só:Conquistas do Sábado, 16 de junho de 2012.“Pr. Rio de Mão Dupla” (3º VI E4 – 140m – Mis-ta). Parede Principal, Setor Clássicas Longas. Por Pedro Bugim e Maria Fernanda. “Pr. Up Ester” (5º Vsup E1 – 100m). Parede Prin-cipal, Setor Clássicas Longas. Por Pedro Bugim, Xaxá e Milson. “Arco de Ferros” (VIIa – 50m – Mis-ta). Parede Principal, Setor Clássicas Longas. Por Gustavo Piancastelli, Eustáquio Júnior e Celso Ferreira Gomes (esse último, na base...). Domingo, 17 de junho de 2012.“Pr. Tonico Magalhães” (3º IV E1 – 120m). Parede das Aderências, Setor Central. Por Pedro Bugim, Celso Ferreira Gomes e Maria Fernanda. Repetições no Sábado, 16 de ju-nho de 2012.“Jeca Tatu” (3º IVsup – 90m) – Eus-táquio e Gislene.

“Jardim do Éden” (6º VIIa – 220m – repetidos os primeiros 50m) – Eustáquio e Gislene.“A Decadência da Bufa” (4º IVsup – 125m) – Julinho e Raí.“Cordeiro de Deus” (3º V – 70m) – Julinho e Raí.“Eu Não Sou de Ferro” (5º V – 220m) – Xaxá e Milson.“Pele Vermelha” (IV – 45m – repetidos os primei-ros 30m – top-rope) – Rodrigo, Glesse, Tamires e Juninho.Domingo, 17 de junho de 2012.“Expo CERJ!” (3º IIIsup – 160m – E4) – duas cordadas: Julinho e Raí; Xaxá e Milson. Primeira repetição de uma via realmente exposta.“Maria Diz Graça” (V – 45m - repetidos os primei-ros 30m – top-rope) – Eustáquio, Tonico, Gislene, Glesse, Tamires, Juninho.“Ferro na Boneca” (VIIa – 20m - top-rope) – Eus-táquio, Tonico, Gislene, Glesse, Tamires, Juninho. E foi isso, caras comadres e caros confrades. Foi bom demais. E no feriadão de sete de setembro tem mais e tem de novo que, afinal de contas, a vida segue e há que vivê-la. Invasão conjunta CEM – CERJ – CEB. Quem for, com certeza estará pre-sente na conquista da centésima via do notável Vale do Roncador. Confesso que é ele a menina dos meus olhos. E gostaria de dividir isso. Agrade-ce-se desde já a quem comparecer. É bonito ver aquelas paredes salpicadas de cordadas!

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DESAFIO DOS QUATRO CUMES Por Robson José Peixoto

A idéia de propor a mim mesmo um desafio nas montanhas da Cordilheira Blanca, Peru, começou a tomar forma em 2010 quando comecei a pesquisar sobre a região. Saben-do-se que era uma das regiões de escalada em gelo mais técnicas do planeta, era um desafio e tanto. Depois de muita pesquisa, cheguei ao nome de Daniel Milla, guia extraordinariamente profissional que já havia salvado muita gente de roubadas nas montanhas da região.Depois de algumas conversas por internet, nos tornamos amigos e montamos uma pro-gramação para a Cordilheira Blanca no ano passado. Só que, infelizmente, acabei não conseguindo vôo para voltar ao Brasil na data necessária e acabei adiando o desafio para este ano.Com mais tempo para estudar e preparar, escolhi a segunda quinzena do mês de maio/2012 para tentar a façanha a que me propunha. Novamente conversando mais detalhadamente com meu amigo Daniel, decidimos encarar o desafio de escalar qua-tro nevados na região: Pisco, Urus, Ishinca e Tocllaraju. A Cordilheira Blanca fica na região do Callejón de Huaylas, com 180 Km de exten-são, um conjunto de imensas montanhas geladas, onde está o segundo maior nevado da América do Sul, o Huascarán, com 6.768 metros de altitude. Na verdade, a região abriga o denominado Parque Nacional Huascarán. Possui um conjunto de nevados que proporcionam diferentes graus de difi-culdade de ascensão, alguns deles, extre-mamente difíceis de serem escalados. A questão principal na região é que nem sem-pre é só a altitude que determina o grau de dificuldade da escalada, mas também, o grau técnico das paredes (pendientes).Os quatro cumes a serem conquistados, decididos em comum acordo entre eu e o Daniel, traziam, além das altitudes elevadas (Pisco – 5.752 m; Urus – 5.495 m; Ishinca – 5.530 m e Tocllaraju – 6.032 m) as paredes técnicas e gretas monstruosas e camufladas

em alguns deles. De longe, não eram os mais difíceis da Cordilheira, mas escalá-los um após outro poderia gerar um desgaste sem precedentes ao organismo, comprome-tendo o objetivo final.O prazo que tínhamos era de dez dias. E toda a logística preparada pelo Daniel con-templou este prazo da melhor maneira pos-sível. Foi necessária uma estrutura bem montada com barracas, mulas, arrieiros, cozinheiro/ porteador e equipamentos/su-primentos em grande volume e peso. Pela nossa programação, depois da escalada do Pisco, seria o único momento em que volta-ríamos à civilização para um breve descan-so de dois dias e, seguidamente, voltaría-mos às montanhas para mandar três monta-nhas em sete dias, dentre elas, a mais desa-fiadora, o Tocllaraju, um nevado categoria AD/PD (Algo difícil/ Pendiente Difícil). Mas, antes, foi necessário o período de aclimata-

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ção, realizado na Laguna Churup, a 4.450 metros, também dentro do Parque Nacional Huascarán.Feita a aclimatação, o primeiro desafio a ser batido era o Pisco Oeste com seus 5.752 metros de altitude. Como era a primeira mon-tanha e o ritmo do corpo ainda não estava o ideal, foi bastante penosa sua ascensão. Até porque, na véspera da escalada, o clima es-tava muito mal, hora chovendo, hora nevan-do o que piorou sensivelmente o piso de pro-gressão no gelo e as condições das pendien-tes. A expectativa era que as condições me-lhorassem antes do ataque ao cume, a partir do acampamento base estabelecido a 4600 metros.Por uma sorte momentânea, às 0:30 hs, pró-ximo do início do ataque, o céu estava total-mente limpo, estrelado e nos deu boas ex-pectativa para a subida. Depois de tudo or-ganizado começamos a ascender, atraves-sando um campo de morainas gigantes, que nos custou tempo e desgaste físico. Cerca de três horas ou pouco mais depois, estávamos no início do glaciar, mais ou menos 5.000 metros de altitude. A progressão ocorreu bem

a t é 5300 m, quando o piso do glaciar foi piorando e as pendientes foram aumentando em nú-mero e grau de inclinação. O desgaste foi aumentando cada vez mais e as condições climáticas, até então a favor, começaram a virar e tudo piorou sensivelmente a partir dos 5.500 m aproximadamente. O desgaste foi aumentando cada vez mais principalmente com a neve fofa que, em cer-tos pontos, afundava até os joelhos. Minha intenção naquele momento era desistir até porque passava o filme na minha cabeça da escalada do Cotopaxi, no Equador, ano pas-sado, onde fomos obrigados a retornar pró-ximo ao cume devido à virada repentina de tempo.Mas, com o incentivo do Daniel e buscando o restante de minhas energias, conseguimos chegar à última parte da escalada, num pa-redão de pouco mais de 10 metros, muito inclinado, para alcançar o cume. Buscando o restante das energias, consegui escalar o paredão e conquistar o tão sofrido cume.Passados dois dias de descanso devido ao desgaste no Pisco Oeste, confesso que mi-

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nhas energias revigoraram muito rápido graças ao sucesso da conquista do cume e o condicionamento físico proporcionado pela última escalada.Logo, montada toda a logística, saímos no-vamente de Huaraz, desta vez para outro vale na Cordilheira Blanca, para uma campa-nha de 7 dias na montanha e tentarmos os outros três cumes pretendidos: Urus, Ishinca e Tocllaraju.O acampamento base utilizado foi o mesmo para os três, levantado a 4.300 metros, sen-do que o Tocllaraju necessitou de um acam-pamento avançado a pouco mais de 5.100 metros.Tanto o Urus quanto o Ishinca têm um grau de dificuldade menor que os outros dois cu-mes, mas também não deixaram de ser des-gastantes e com pontos de pendientes muito fortes, de até 60 graus, exigindo um pouco mais de técnica. Mas, com a aclimatação e o condicionamento físico cada vez mais apri-morados, foram menos penosos de serem executados. O Ishinca, para mim, o menos difícil dos quatro cumes, teve uma aproxima-ção até o glaciar muito tranquila, pouco can-sativa. O que eu não esperava era que tudo que parecia fácil demais poderia enganar. Na progressão do seu glaciar, por volta dos 5.100 metros, fomos surpreendidos com ra-jadas fortíssimas de vento que rasgavam a superfície da neve e atiravam gelo direto no nosso rosto, fora a força do vento que tenta-va nos arrancar dos paredões. Parecia que escalávamos com um jato de areia na cara.De qualquer forma, tanto o Ishinca quanto o Urus, foram vencidos e seus obstáculos ul-trapassados.Restava então o mais imponente e desafia-dor de todos: o Tocllaraju, um gigante com seus mais de 6.000 metros de gretas e pare-des técnicas. Tive um dia de descanso no acampamento base enquanto o Daniel e o Esteban (nosso cozinheiro e porteador) por-teavam equipamentos e suprimentos para o acampamento avançado. No dia seguinte, partimos para este acampamento e de lá, por volta de 1:00 hs sairíamos para a tentativa de ataque do cume.As condições climáticas daquela semana estavam muito boas. Apenas o frio era inten-so. Mas o barulho ensurdecedor das avalan-ches entre o Tocallaraju e seu vizinho, Palca-raju, em plena noite, amedrontava...

No ataque de madrugada, partiram cinco equipes dentre as quais eu e o Daniel, os alemães Andréas e Olaf, um americano e o indiano Jay, e mais duas duplas que vieram mais atrás que não fiquei sabendo as nacio-nalidades. Aquela procissão de luzes de he-adlamp no escuro da montanha já no ataque direto do glaciar foi muito legal...A questão é que o glaciar foi ficando cada vez mais complicado e aos poucos, já não se conseguia ver mais nenhuma dupla atrás de nós, exceto o Andréas e o Olaf, dois alpinis-tas fantásticos tanto como escaladores tanto como pessoas. Depois de ultrapassar uma greta monstro complicada, com a ajuda do Andréas, tive que escalar um paredão em curva para ter acesso à segunda parte da montanha. Depois deste trecho, perdi contato com o Andreás, que foi atacado pelo mal de montanha e retornou ao acampamento base junto com o Olaf, também passando mal. A esta altura, só restaram eu e o Daniel na montanha. O resto do pessoal acabou desis-tindo a partir deste trecho. Seguindo mais acima, depois de passar por uma série de pendientes muito inclinadas, chegamos ao momento do maior crux do Tocllaraju: encarar 120 metros de parede com, pelo menos, 70 graus de inclinação. Nem é preciso dizer que, a mais de 5.900 metros, encarar esta empreitada foi um tanto quanto indigesta. Pelo menos três cordadas com os pés e mãos quase congelando para chegar ao tão sonhado cume. Passado todo este trecho complexo, ficamos há cinco minu-tos apenas caminhando na aresta bastante estreita rumo ao cume. Por volta das 9:45 hs da manhã, o cume do Tocllaraju estava de-baixo de nossos pés. Missão cumprida!Bom, relatar como foi a descida, não o farei aqui para não me alongar, mas podem ter certeza que foi tão complexa quanto a subi-da. O importante é que o verdadeiro cume, como disse meu amigo Daniel, é o retorno para a casa da gente. Aí termina o desafio dos quatro cumes, sãos e salvos!

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Demonstrativo FinanceiroABRIL MAIO JUNHO

SALDO ANTERIOR -1.076,26 -665,15 -515,56

RECEITA

mensalidade 341,00 190,00 0,00

RECEITAcamisa 165,00 200,00 0,00

RECEITA calendário 10,00 40,00 0,00 RECEITA CBM 175,00 0,00 0,00 RECEITA

livro 35,00 0,00 0,00

RECEITA

40,00 20,00 0,00

DESPESAS

Condominio 173,00 173,00 173,00

DESPESAS

Fundo Reserva 100,00 100,00 100,00

DESPESAS

luz 33,89 27,41 14,96

DESPESAS

taxa de incêndio 0,00 0,00 30,28

DESPESAS

contador 0,00 0,00 0,00

DESPESAS Cartório 0,00 0,00 0,00 DESPESAS Taxas banco 0,00 0,00 0,00 DESPESASFEMEMG 0,00 0,00 0,00

DESPESAS

IPTU 0,00 0,00 0,00

DESPESAS

mat escritorio 48,00 0,00 0,00

DESPESAS

Livros CBM 0,00 0,00 0,00

DESPESAS

Camisas 0,00 0,00 0,00 Total RECEITA 766,00 450,00 0,00 Total DESPESA 354,89 300,41 318,24 SALDO MÊS 411,11 149,59 -318,24 SALDO TOTAL -665,15 -515,56 -833,80

Saldo SEDE Saldo CEF 4.850,70 4.850,70 4.850,70Saldo Total 4.185,55 4.335,14 4.016,90

04 de Julho de 2012 a Associação Mineira de Escalada (AME)

completou 11 anos de Trabalho, Compromisso e Seriedade em Prol do Montanhismo Mineiro!

Parabéns e Vida Longa a AME

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Há anos atrás, quando fui para uma reunião em Carmópolis de Minas, avistei uma parede bem interessante desde a rodovia Fernão Dias. Desde então, sempre que vou ao sul de Minas, penso: “um dia eu ainda vou lá”. A mesma coisa posso dizer do Rafael Gribel, que ia muito a Varginha.No início de maio, o Rafael buscou informa-ções sobre esta parede, e lançando o convite na lista do CEM. Fiquei com aquilo na cabeça o mês inteiro, mas o trabalho não permitiu uma escapada, mesmo aos finais de semana, mas fui buscando informações, até que na última quinta de maio, nós dois marcamos a escalada.E foi no dia 2 de junho que essa empreitada saiu. Finalmente íamos escalar a parede da Serra da Laje. Fizemos a via “Por do Sol”, conquistada por integrantes da “Elite Vertical”, um grupo de amigos da região, praticantes de escalada e rapel.Saímos de BH às 6:30 e às 8:30 estávamos chegando em Carmópolis de Minas. Liguei pro Vitinho (escalador local) que me indicou a entrada, mas erramos a entrada e acabamos perdendo cerca de uma hora e meia, até vol-tar e achar a entrada certa. Paramos o carro na fazenda do “seu Zuis” e começamos a caminhada. Cortamos mato “nos peito” até chegarmos à cerca que divide o terreno do “seu Zuis” com outro (onde fica a parede), onde encontramos o seu Haroldo capinando. Mais um dedo (ou dois) de prosa e rumamos

p a r a a p e d r a , a g o r a por um terreno m a i s l i m p o , p o r t r i l h a s d e g a d o . Contor-n a m o s a densa

mata junto à parede p e l a e s-querda, e chegamos a pedra. O sol estava cast igan-do, então f o m o s mais de-v a g a r , d e s c a n-sando nas sombras.Localizar a via é bem fácil, pois ela segue à direita de um grande arco, por uma linha fantástica. Come-çamos a escalar às 11:30, quando São Pedro mandou uma nuvem providencial. Iniciei a guiada por uma parte liseba e escorreguei antes de chegar no 1º grampo. Contornei pela esquerda e pulei o grampo, costurando o 2º grampo. Daí pra cima, a escalada segue pela direita, por uma sequência de grampos arte-sanais, de diferentes tamanhos, formatos, estados de conservação, alguns deles com quase 3 dedos de tarugo pra fora, outros ba-tidos na diagonal, outros tortos, outros batidos ao lado de fendas.A linha da via é espetacular, com trechos bem verticais, cheios de agarras. Como estávamos treinando pra Salinas, pulamos alguns gram-pos durante as guiadas. Fizemos os 200m da via em 2h 15min e rapelamos em 1h 45min. Levamos uma corda extra na mochila que foi providencial, dada a situação de algumas paradas. A via é deliciosa e merece uma ma-nutenção.A parede cabe mais algumas vias e preten-demos marcar uma prancheta de fim de se-mana, com acampamento na base, para abertura de vias e manutenção desta grande via.Valeu demais, Rafael, pelo convite e pela parceria na via. E ao Vitinho, pelas informa-ções repassadas.

ESCALADA EM CARMÓPOLISPor Gustavo Carrozzino - Xaxá