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e mídiaconselhos um guia para encurtar a distância entre Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e a sociedade _ como se relacionar com profissionais e veículos de comunicação _ ações alternativas de comunicação para falar e ser ouvido _ construindo estratégias de comunicação para um Conselho

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emídiaconselhosum guia para encurtar a distância entre Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e a sociedade

_como se relacionar com profissionaise veículos de comunicação

_ações alternativas de comunicaçãopara falar e ser ouvido

_construindo estratégias de comunicaçãopara um Conselho

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4 percorrendo o guia_

ELABORADO PARA ORIENTAR CONSELHEIROS NA CONSTRUÇÃO DE UMBOM RELACIONAMENTO COM OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, O GUIA MÍDIAE CONSELHOS FOI PRODUZIDO EM 8 CAPÍTULOS, ORGANIZADOS PARAFACILITAR A BUSCA DE DICAS E SUGESTÕES DE AÇÕES. VEJA COMOPERCORRER O GUIA E ENCONTRAR AS INFORMAÇÕES QUE VOCÊ DESEJA.

Este ícone acompanha os quadrosexplicativos que trazem receitas e dicaspara ações voltadas para a comunicação.

Este ícone indica falas de conselheiros e jornalistas queparticiparam das oficinas Mídia e Conselhos.

sem medo deser notícia_25

Sugestões para os Conselhos se prepararem para umbom relacionamento com a imprensa. Um glossáriointroduz conceitos que fazem parte do cotidianoprofissional dos jornalistas.

matéria-prima paraa comunicação_35

Dicas de como fazer um bom planejamento das açõesde comunicação, visando estreitar os laços com amídia. E ainda experiências positivas construídasdurante os encontros regionais do Projeto Mídia eConselhos.

boas, criativas e baratas_48

Não só os jornais, as tevês e rádios são poderososintrumentos para promover ações de aproximaçãocom a comunidade. A chamada “mídia alternativa” temse espalhado por todo o Brasil, com iniciativascriativas, aproveitando os encontros, festas e locaispúblicos para estabelecer um verdadeiro diálogo coma comunidade sobre o Estatuto da Criança e doAdolescente.

ganhando espaços_56

Um Banco de Pautas com exemplos de matérias queos conselheiros podem sugerir para os jornalistas paratornar mais presente a temática da infância e daadolescência nos meios de comunicação.

os Conselhos pelo Brasil_63

Quadro demonstrativo com o número de ConselhosTutelares e de Direitos no País. Também é apresentadoo número de Conselhos Tutelares que já trabalhamcom o Sipia.

o Projeto Mídiae Conselhos_64

Apresentação das ações realizadas no Projeto Mídia eConselhos - Aliança Estratégica na Prioridade Absolutaaos Direitos da Criança e do Adolescente.

apresentação_6

Na abertura do Guia, a ANDI e o Conanda destacam aimportância da comunicação no processo devisibilidade e de fortalecimento dos Conselhos.

prefácio_7

O Ministro-chefe da Secretaria Especial DireitosHumanos e presidente do Conselho Nacional dosDireitos da Criança e do Adolescente, NilmárioMiranda, destaca o papel dos Conselhos naconstrução de um pacto social em favor da infância eda adolescência no Brasil e o papel estratégico dacomunicação para atingir as metas deste pacto.

democratizaçãoda comunicação_8

As análises realizadas pela ANDI sobre a cobertura damídia nacional mostram avanços no comportamentode jornais, revistas e programas de tevê diante dotema da infância e juventude. Apesar da maiorpresença dos assuntos ligados a esta temática naagenda de pautas, os Conselhos de Direitos eTutelares têm um longo caminho a percorrer paratornarem-se referência como fontes para a imprensa.

comunicação: essênciada natureza humana_14

Neste capítulo, mostramos como a Comunicaçãointegra a vida humana desde os primórdios, sendo umdos principais motores que induzem o relacionamentosocial. Seguindo a Linha do Tempo, é possívelcompreender como os meios de comunicação e osdireitos das crianças e dos adolescentes evoluíramatravés dos séculos.

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O Brasil tem testemunhado nas últimas décadas,principalmente após a Constituição de 1988,importantes avanços no campo jurídico-legal no quese refere aos direitos das crianças e adolescentes. Umdos pontos altos dessa transformação foi, sem dúvida,o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ao tratar acriança e o adolescente como sujeitos de direitos edeveres, o Estatuto inaugurou a doutrina de proteçãointegral, baseada na descentralização político-administrativa e na paridade governo/sociedade civilno processo de tomada de decisões.

Entretanto, apesar de todos estes avanços legais, osdireitos da infância e da adolescência continuam a serdenegados na prática social. O fato é que é possívelidentificar uma enorme distância entre as condiçõesreais de vida dessas populações e aquilo que lhescabe por direito. Além disso, ainda que se tenhaampliado o acesso aos bens e serviços que lhes sãodestinados, é urgente atingir a universalização e aeqüidade no atendimento de suas necessidades edemandas.

Para que alcancemos o êxito no enfrentamento destesdesafios, é preciso implementar políticas públicaseficientes e eficazes com a construção de um pactosocial em favor das crianças e adolescentes do Brasil.Conselhos de Direitos e Conselhos Tutelares sãoprotagonistas deste pacto social, pois desempenhampapéis fundamentais, estratégicos. De um lado, oConselho de Direitos tem a função de acompanhar emonitorar a formulação das políticas, exercendo ocontrole social sobre as ações do Estado. De outrolado, o Conselho Tutelar, responsável por zelar peloexercício pleno dos direitos, atua no difícil terreno dasviolações, sendo responsável pelas medidas maisimediatas.

Nesse sentido, para que os Conselhos desenvolvam oseu protagonismo – que visa a garantia efetiva dosdireitos da população infanto-juvenil –, é estratégico opapel da comunicação. A idéia que norteou arealização deste Guia é a necessidade de inserção naagenda social de um amplo debate sobre aimportância da efetivação dos direitos da criança e doadolescente; sobre o País que se deseja ter; aconsciência dos desafios do presente e daspossibilidades do futuro. Pois, afinal, investir nopresente de nossa infância e adolescência significaconstruir um futuro melhor para todos.

Neste contexto, estou certo que este Guia é defundamental importância, pois traz orientações sobrecomo produzir e fazer circular informações que dãotransparência às ações, ampliam a noção de controlesocial e contribuem com o processo de conquista dalegitimidade política da atuação dos Conselhos deDireitos e Tutelares. Ao colaborar para que essasinstituições construam uma relação saudável com aimprensa – baseada em princípios éticos e nademocratização do acesso à informação e ao debatepúblico –, bem como para que estejam cientes daspossibilidades de uso das diversas ferramentas decomunicação para a mobilização, o Guia reconhece aimportância de tais recursos para a consolidação dosdireitos infanto-juvenis. Além disso, busca encurtar oscaminhos em direção a uma nova história, ancoradaem mudanças de atitudes e valores. Uma história quedeve, necessariamente, garantir o exercício pleno dacidadania e superar desigualdades e injustiças aindaexistentes nas condições de vida das crianças,adolescentes e suas famílias.

Nilmário MirandaMinistro-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e presidente

do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)

prefácio_Esta publicação integra o leque de ações do projetoMídia e Conselhos - Aliança Estratégica na PrioridadeAbsoluta aos Direitos da Criança e do Adolescente,idealizado e coordenado pela ANDI - Agência deNotícias dos Direitos da Infância e pelo CONANDA -Conselho Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente, com recursos do Fundo Nacional dosDireitos da Criança e do Adolescente, destinados pelaPetrobras.

Unidas pela convicção de que é possível e necessáriofortalecer e profissionalizar as estratégias decomunicação social desenvolvidas por Conselhos deDireitos e Conselhos Tutelares, as entidades parceirasestão investindo no processo de qualificação deconselheiros e na produção e veiculação de umacampanha publicitária. O objetivo é dar maiorvisibilidade a estes órgãos, que são os principais focosde promoção de cidadania de crianças eadolescentes.

Análise realizada pela ANDI e Instituto Ayrton Sennasobre a cobertura jornalística de temas relacionados àinfância e adolescência mostra que, em 2002, osConselhos Tutelares foram ouvidos em apenas 0,71%das mais de 92 mil reportagens veiculadas por 50 dosmais importantes jornais de todo o País. Já osConselhos de Direitos serviram de fonte a 0,46%desses textos.

A idéia de potencializar o uso de ferramentas decomunicação em prol dos direitos das novas geraçõesjá está na Lei 8069/90, o Estatuto da Criança e doAdolescente, que recomenda como uma de suas

diretrizes de política de atendimento "a mobilização daopinião pública, no sentido da indispensávelparticipação dos diversos segmentos da sociedade"(Artigo 88, inciso VI).

O Projeto Mídia e Conselhos quer ajudar naconstrução de caminhos originais para a efetivaçãodesse preceito legal e deseja fazê-lo em conjunto comaqueles atores que têm percebido a importância deaproximar os instrumentos da era dos direitosdaqueles da era da informação. Tal processocertamente depende do protagonismo de cada umdos envolvidos. Portanto, é para essa viagem criativaque a ANDI e o Conanda convidam você,conselheiro(a).

O manual que você tem em mãos oferece orientaçõespara acessar com agilidade e eficiência o mundo dacomunicação social. Elaborado inicialmente com acontribuição de especialistas da área de mídia e domovimento pelos direitos da criança e do adolescente,seu conteúdo foi debatido, ampliado e aprimorado aolongo de seis encontros regionais com conselheiros ejornalistas de todo o País, realizados durante oprimeiro semestre de 2003.

Assim, o produto final lançado em dezembro de 2003durante a V Conferência Nacional dos Direitos daCriança e do Adolescente, em Brasília, expressa ospassos de centenas de pessoas na direção de formaruma consciência pública não só favorável aos direitosinfanto-juvenis, mas incansável na busca de sua plenaimplementação.

apresentação_

CONANDAConselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

ANDIAgência de Notícias dos Direitos da Infância

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democratizaçãoda informação_ A análise cuidadosa das notícias publicadas nos

jornais brasileiros sobre o universo da infância e daadolescência permite observar que a quantidade e aqualidade depende de como os jornalistas enfrentam odesafio diário de tratar, com equilíbrio, assuntos queimpactam profundamente a sociedade – como aviolência e a pedofilia –, sem ferir os direitos das novasgerações. Este equilíbrio só é possível quando essesprofissionais se preocupam não apenas em denunciarproblemas, mas, principalmente, em debateralternativas e soluções viáveis.

A qualidade das matérias depende também de umoutro fator: a capacidade dos setores sociaisenvolvidos com a promoção e defesa dos direitos dacriança e do adolescente de mobilizar a sociedade eprovocar o envolvimento dos veículos e profissionaisda comunicação.

Muitos atores, entidades ou segmentos sociaiscomprometidos com a promoção dos direitos infanto-juvenis limitam sua relação com a mídia à crítica aoserros cometidos na cobertura dessa área. Outrossuperaram as dificuldades iniciais de relacionamento ecompreendem que toda organização precisa devisibilidade para se legitimar diante da sociedade,agregando credibilidade política e atraindo novosparceiros para sua causa.

Entretanto, mais do que priorizar e investir nacomunicação institucional e na consolidação de suaimagem, é necessário que as organizações sociaisatuantes na área da infância e da adolescência, comoConselhos de Direitos e Tutelares, compreendam quetêm a obrigação de tornar públicos os conhecimentosque acumularam pela experiência e pelo trabalhodesenvolvido.

/co-responsabilidadeDenúncias, soluções encontradas, diagnósticos,entraves políticos ou culturais para o enfrentamentodas questões que afetam esse universo – tudo issopode virar notícia e merece divulgação. Assim, épossível promover a democratização da informação.

Essa é, portanto, uma questão fundamental: a co-responsabilidade entre as “fontes” que produzem ainformação e os jornalistas, que as coletam, editam edistribuem. E se as organizações ainda demonstramdificuldades em estabelecer estratégias de açãobaseadas na comunicação, por sua vez os jornalistasprecisam se esforçar para superar a formaçãouniversitária deficiente no que se refere ao campo dosdireitos humanos. Na maioria dos casos, necessitamtambém aprender a enfrentar rotinas de trabalho emque o tempo para apurar, redigir e editar éextremamente curto – grave obstáculo a ser vencidopor quem prioriza a informação de qualidade.

Vale lembrar, porém, que a atuação destes atoressociais deve ir além de um relacionamento saudávelcom veículos da imprensa, como veremos logo aseguir. No decorrer de nossa viagem pelos diversosaspectos da comunicação, serão apresentadas outrasformas de utilização de seus diversos recursos, quefuncionam muito bem quando utilizados de forma éticae estrategicamente planejada. Após a leitura desteguia, será possível programar um detalhado percursode comunicação a ser desenvolvida pelos Conselhos.E dele poderá fazer parte tanto uma complexaentrevista coletiva para a divulgação de denúnciasquanto a simples elaboração de um folheto explicativo.Sejam as ações básicas ou sofisticadas, todas sãofundamentais para a mobilização da sociedade rumo àdefesa integral de nossas crianças e adolescentes.

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10 /muita coisa ainda por fazer

Apesar de muitos avanços em direção à consolidaçãode um jornalismo socialmente responsável, o retratoda infância e da adolescência diariamente pintado pelaimprensa brasileira ainda não reflete a verdadeiradimensão dos problemas e desafios que minam umaefetivação mais abrangente dos direitos infanto-juvenis. Crianças e adolescentes chamados de“menores” ainda ocupam as manchetes das páginaspoliciais e têm menos voz nas reportagens do queseria recomendável. As organizações da sociedadecivil ainda são muito pouco ouvidas em relação aalguns temas importantes.

/os Conselhosnos meios de comunicação

As pesquisas realizadas pela ANDI e seus parceirostambém identificam que os Conselhos de Direitos eTutelares, fundamentais na promoção e garantia dosdireitos da criança e do adolescente, estãopraticamente ausentes na cobertura.

Dados veiculados no relatório Infância na Mídia demarço/2001 revelam que entre as 792 matérias quetinham como foco o 10.º aniversário do Estatuto daCriança e do Adolescente, coletadas entre os 50principais jornais diários e 8 revistas semanaisbrasileiros, os Conselhos de Direitos e Tutelares foramouvidos pelos jornalistas em apenas 9,16%. Na ediçãodo relatório publicada em março de 2003, a radiografiada cobertura jornalística de todos os temasrelacionados à infância e adolescência por estesmesmos veículos mostra que, ao longo de 2002, osConselhos Tutelares foram ouvidos em apenas 0,71%das mais de 92 mil reportagens analisadas; osConselhos de Direitos em 0,46%.

Também em relação a temáticas específicas, asituação é crítica. Na pesquisa Infância na Mídia desetembro/2001, fica evidenciado que entre 769matérias analisadas sobre o tema Educação Infantil, osConselhos Tutelares foram fonte em apenas umamatéria. Já os conselhos deliberadores de políticaspúblicas (dos Direitos, da Educação, da Saúde e daAssistência Social) foram ouvidos, no total, em apenas14 ocasiões.

Em reportagens sobre a violência, analisadas noestudo Balas Perdidas - Um olhar sobre ocomportamento da imprensa brasileira quando acriança e o adolescente estão na pauta da violência,que analisou em profundidade 1.140 reportagens, osConselhos dos Direitos (Municipais, Estaduais eNacional) foram ouvidos em 0,6% delas, o mesmopercentual dos Conselhos Tutelares.

Na imprensa regional, a situação é semelhante, comodemonstram as pesquisas A Criança e o Adolescentena Mídia, realizadas nos estados onde estãoimplantadas as Agências da Rede ANDI. Os conselhossão pouco ouvidos nas matérias sobre crianças eadolescentes publicadas tanto por jornais das capitaisquanto do interior dos diferentes estados.

/conselheiros e a mídia

É justamente para lidar com a questão fundamental dorelacionamento dos Conselhos de Direitos e Tutelarescom os profissionais da mídia que produzimos esteguia, pois vivemos um momento muito oportuno paraque se estabeleçam novos patamares nessa relação.A cada ano, se consolida de forma mais significativa,nas redações de todo o País, uma imprensasocialmente responsável e mais atuante no que serefere às principais questões de interesse das criançase dos adolescentes. Os conselheiros, certamente,devem ter um papel fundamental na construção de umdebate público mais qualificado e mobilizador.

/a criança e o adolescentena mídia brasileira

A produção de informações sobre crianças eadolescentes na imprensa brasileira tem sido objetocentral do trabalho da ANDI – Agência de Notícias dosDireitos da Infância desde 1992. De lá para cá,pesquisas de monitoramento de mídia demonstramque o trabalho da imprensa evoluiu, libertando-se demuitos mitos e preconceitos, ao mesmo tempo emque passa a incorporar uma visão mais madura sobreos direitos de meninos e meninas. Um bom exemplo éo fato do tema Educação haver saltado da oitavaposição, em 1996, para o primeiro lugar, em 1998,entre os assuntos mais abordados pelos jornalistas.Essa liderança é mantida até hoje, consolidando aidéia de que necessariamente passa pelas salas deaula a solução de problemas estruturais de nossoPaís.

No aspecto quantitativo geral, entre 1996 e 2002, onúmero de reportagens que os 50 principais jornaisbrasileiros dedicaram aos temas relacionados aosdireitos da infância e da adolescência cresceu cercade 800%, conforme aponta o relatório Infância naMídia, editado pela ANDI e pelo Instituto Ayrton Senna,com apoio do Unicef. Isso significa que há uminteresse crescente da sociedade e dos veículos decomunicação pela situação da infância e daadolescência e pelas políticas voltadas a essesegmento, prioritário quanto se discute justiça social,eqüidade e desenvolvimento humano no Brasil.

/boas notícias

O Estatuto da Criança e do Adolescente, antescombatido de forma claramente passional econservadora, já há alguns anos vem sendorespaldado pela na mídia brasileira. Análisecoordenada pela ANDI sobre a cobertura dascomemorações dos dez anos do ECA – completadosem julho de 2000 –, registrou que 85,72% dos quase800 textos focalizados tinham um posicionamentoclaramente favorável à lei.

O estudo A Mídia dos Jovens, que analisa o trabalhodos suplementos de jornais e revistas dedicadas aosadolescentes, também traz boas notícias. Nessaspublicações, temas de Relevância Social – aquelesque contribuem para a formação cidadã de seusleitores – ocuparam em 2002 cerca de 54% de todo oespaço editorial. Este índice não ultrapassava 24% em1997.

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12 /a via do diálogo

Mas, se os jornalistas não procuram os Conselhos, osconselheiros ainda são pouco pró-ativos e também não semobilizam em direção aos meios de comunicação.

A maioria dos jornalistas participantes das oficinas do ProjetoMídia e Conselhos considera esses órgãos como fontes deinformação imprescindíveis quando o assunto envolve crianças eadolescentes. Ao mesmo tempo, a maior parte dos conselheirostambém afirma que “raramente” – e até mesmo que “nunca” –envia sugestões de matérias para os veículos de comunicação.Alguns deles chegaram a apontar que “não conversam com amídia em hipótese alguma”.

O farto crescimento no número de reportagens publicadas sobrecrianças e adolescentes mostra, no entanto, que há um espaçoimportante onde os Conselhos podem atuar para a maiorqualificação dessa cobertura. E é precisamente a construção deuma relação profissional, ética e sistemática com os meios decomunicação, que poderá provocar o aprimoramento notratamento desse vasto leque de questões.

O que se espera como resultado dessa aproximação é que osmeios de comunicação compreendam a lógica de atenção aosdireitos proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.Assimilar a mecânica do Sistema de Garantia de Direitos,entender as atribuições dos Conselhos Tutelar e de Direitos,capacitar-se a cobrar políticas públicas eficazes e, principalmente,saber contextualizar os fatos que costumam virar notícia no dia-a-dia. Essas são mudanças que indicarão um salto qualitativo degrande relevância. Mas, para tal salto se materializar, se fazemnecessários, em igual nível de responsabilidade, os esforços damídia e de todo o movimento social que atua em defesa dosdireitos de crianças e adolescentes.

Nesse contexto, os Conselhos podem se estabelecer comofontes de informação fundamentais e como referências para osjornalistas sobre questões que envolvem crianças e adolescentes,criando vias de diálogo mais efetivas e permanentes.

/rumo à mobilizaçãoda sociedade

O desconhecimento das atribuições dos Conselhos pelasociedade é uma dificuldade enfrentada por seusrepresentantes no desenvolvimento de suas atividades. Adesinformação também gera preconceitos: conselheirosouvem com freqüência que “o Estatuto da Criança e doAdolescente protege os jovens que cometem delitos” ouque “esse Estatuto é muito avançado para o Brasil”.

Mesmo considerando a grande diversidade encontradaentre os municípios brasileiros e entre os Conselhos, ficaevidente que a comunicação será uma ferramenta degrande importância para que os conselheiros se aproximemda comunidade – tanto para divulgar informações quefacilitem a compreensão sobre os princípios que orientam oEstatuto da Criança e do Adolescente, quanto para divulgara importância e o papel dos Conselhos.

Para que o Estatuto seja definitivamente implementado, éfundamental a participação de todos. E o Estatuto prevê a“mobilização da opinião pública no sentido da indispensávelparticipação dos diversos segmentos da sociedade”, comodiretriz da política de atendimento. O que sugere arealização de campanhas e a difusão de informações paratodos os espaços da sociedade. Isso significa possibilidadede envolver os grandes meios de comunicação de massaaté ações específicas em praças, clubes, escolas, igrejas,empresas, universidades, hospitais, feiras, festas folclóricase religiosas – ou seja, qualquer espaço público pode serpotencializado pelos conselheiros que desenvolvemestratégias criativas para mobilizar a comunidade.

Em síntese, os recursos da comunicação são fundamentaispara que os conselheiros possam convidar os segmentossociais a fazer do Estatuto um instrumento de democraciaparticipativa, na busca de soluções para a infância eadolescência brasileiras.

A ANDI - Agência de Notícias dos Direitos daInfância é uma organização não-governamental, fundada em 1992, emBrasília. Sua missão é contribuir para oaprimoramento da qualidade da informaçãopública em torno de temas consideradosdecisivos para a promoção dos direitos dainfância e da adolescência. Para isto, buscaestimular o diálogo pró-ativo, profissional eético entre os atores da sociedade civilorganizada e a mídia.

Três eixos estratégicos – Mobilização, Análisee Qualificação – orientam as diversasiniciativas desenvolvidas pela ANDI. Emfunção disso, as tecnologias de informaçãovêm sendo adotadas pela instituição, comvistas à organização da infra-estrutura, àformação de redes e à gestão da informaçãoem monitoramento e avaliação da mídia.

Baseada nessa experiência bem sucedida, emmarço de 2000 foi criada a Rede ANDI Brasil.Ela se propõe a construir uma açãoorganizada e sistêmica entre agentes decomunicação e mobilização social tambéminspirada na promoção e defesa dos direitosda infância e adolescência. Seu principalobjetivo é investir na formação de uma culturajornalística que investigue e priorize asquestões relativas ao universo infanto-juvenil,sempre sob a ótica dos seus direitos.Atualmente, a Rede ANDI conta com oitoAgências regionais. São elas: Auçuba (PE),Cipó (BA), Ciranda (PR), Girassolidário (MS),Mídia Criança (SC), Oficina de Imagens (MG),TerrAmar (RN) e Uga-Uga (AM).

Saiba mais sobre a ANDI e a Rede ANDIno site www.andi.org.br

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comunicação:essência da natureza humana_

"SOMOS O QUE FAZEMOS,MAS SOMOS, PRINCIPALMENTE,

O QUE FAZEMOS PARAMUDAR O QUE SOMOS".

Eduardo Galeano

NESTE CAPÍTULO DAREMOS INÍCIO À VIAGEM AO MUNDO DA COMUNICAÇÃO, BUSCANDOENTENDER PORQUE ELA É TÃO IMPORTANTE EM NOSSAS VIDAS. APRESENTAMOS AINDAA TRAJETÓRIA CRONOLÓGICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO E,PARALELAMENTE, RETRATAMOS COMO NOSSA SOCIEDADE PASSOU A PROMOVER UMANOVA POLÍTICA DE ATENÇÃO ÀS CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

/faz parte do nosso ser

A comunicação integra a vida humana desde sempre. O serhumano é sociável, se organiza em grupos, tradicionalmente liga-se ao outro para viver. Este ser é dotado de um cérebro queaprende, desenvolve conhecimento, modos de sobrevivência e deadaptação. Os processos retratados por estas afirmativas estãopresentes em nossas vidas o tempo todo. De tanto ouvi-las, jánem pensamos mais como se processam. E, além disso, comoagimos mecanicamente, nem percebemos como as exercitamos.Um dos motores principais desta máquina social que produzrelacionamentos é a comunicação. Desde o início dos tempos, acomunicação está enraizada na vida humana. É ela que garanteos instrumentos e vínculos necessários para que nossa raçacompartilhe suas experiências, produza novos sentidos e valores,enfim, propicie o acúmulo de saberes e a evolução.

/pintura rupestre

No início, o ser humano foi desenvolvendo uma série de símbolospara preservar aspectos da vida cotidiana. Naquela época,registrar a história já era considerada uma atividade de grandeimportância. Muitos pesquisadores não temem em afirmar que osresponsáveis pelas pinturas rupestres, encontradasprincipalmente em cavernas e grutas, eram dispensados dealgumas tarefas na tribo. Quando a humanidade deixou de sernômade, de vagar pelo mundo para garantir seu alimento e fixou-se em um lugar, a elaboração dos processos comunicacionaisganhou velocidade e sofisticação.

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16 /quanto valeuma notícia?

O estabelecimento do valorda notícia é um assuntopolêmico em qualquercircunstância. Seja das

animadas conversas demesa de bar, passando pelos

corredores das barracas dasfeiras, até as portas das igrejas; seja

das mesas dos escritórios dosempresários da comunicação aos espaços depesquisa da academia, um entendimento écomum: mesmo que não se saiba quanto,sabe-se que a notícia é sempre valiosa.Este valor é atribuído a partir de váriasperspectivas. Ora o valor é econômico, ora écultural. Ele pode ainda ser de formaçãoespecífica ou de informação geral. Tudo istosignifica uma grande possibilidade deprodução e circulação da notícia. É nadiversidade do dia-a-dia, no cotidiano, que anotícia encontra terreno fértil.A notícia e a informação são como linhas finasno tecido social que guardam um coro demuitas vozes (governo, sociedade civil,empresas, etc), feito por muitas mãos.Muitas vezes nos surpreendemos com asescolhas das notícias que lemos, ouvimos ouassistimos pela televisão. O que é notícia ali,onde estamos nos informando, pode significarpouco para quem a está lendo, ouvindo ouassistindo. Então, a diversidade, da qualfalamos antes, começa a nos levar para umponto em que enxergamos vários caminhos.A sociedade é formada por sujeitos diferentes,com interesses diferentes. Um leitor podeconsiderar tal fato notícia e para outro leitoraquilo nada significa.

/o surgimento dasdiversas linguagens

A fala e a determinação de sentidos comunspara as coisas (chamar água de água, terrade terra, árvore de árvore) permitiram osurgimento das línguas e de novos modosde linguagens. A transmissão oral garantiaque as tradições e costumes daquelastribos fossem perpetuados. Porém, todo oconhecimento ficava guardado na cabeça dealguém. Este saber desaparecia com a morte doindivíduo. Ou seja, nas sociedades de tradiçãooral o conhecimento estava sujeito ao tempo deduração dos corpos de quem o guardava. A criação do alfabeto e da escrita foi responsávelpelo aumento da duração do conhecimento. Avivência de um indivíduo fixada na escrita era maisdurável do que a lembrança guardada na mente eno corpo. Então, aqui já percebemos algunsmodos variados de comunicação convivendojuntamente: a fala, a escrita, a língua, aslinguagens e os gestos corporais.

/comunicação e poder

O processo de desenvolvimento comunicacionalfoi ganhando outros níveis de importância. Maisdo que garantir a sobrevivência, ele tornou-seresponsável por organizar socialmente os grupos.A comunicação revelou-se eficiente arma dedefinição e coordenação dos rumos do grupo.Quem melhor a dominava convencia o outro. Acomunicação e o poder davam as mãos jánaquela época e este casamento dura até os diasatuais. O ser humano descobriu a comunicaçãocomo instrumento de poder, de persuasão e depropagação de ideologias.

/a primeira revolução

Saltando séculos de história, em 1438 foicriada a prensa por Gutenberg, queimprimiu o primeiro livro nos moldes que oconhecemos. Este evento revolucionou avida humana e modificou completamenteo modo de circulação e produção de

saberes, informações e comunicação.Livros poderiam ser impressos em uma

escala de produção nunca antes imaginada. Umséculo depois, a prensa rodava os primeiros jornais.Até o início do século XX, o jornal foi o meio decomunicação por excelência. Nele publicavam-sereportagens, obras literárias, informes públicos,anúncios de compra e venda.Nas primeiras décadas daquela era, o rádioapareceu com maior força e em meados do mesmoséculo nasceu a televisão. A partir dos anos 90, arede mundial de computadores, a chamadaInternet, revolucionou a comunicação de massa.

/a comunicaçãonas instituições

Com o passar dos tempos, cada vez mais asorganizações foram valorizando a comunicação,destacando mesmo a sua importância. Em algunsmomentos, pensou-se que a comunicação nasinstituições era uma mera transmissão deinformações.

Mas comunicação e informação não são amesma coisa? Qual é a diferença?

A comunicação não é algo transmissívelapenas, ela pede uma relação para queaconteça. A informação pode processar-se doseguinte modo: “A” diz algo para “B” de formacontrolada, sem nenhum tipo de retorno,ordenando algum processo ou medida a sercumprida, algo definido. A informação tem umnúmero de possibilidades fechado, determinado.Já a comunicação tem amplitude nas possibilidades derespostas. Aliás, a comunicação pressupõe sempre umarelação dialógica. Uma relação em que eu falo, vocêresponde, comenta, gosta ou desgosta, opina. Acomunicação não é uma ação mecânica. Mas não podemosnos esquecer que a informação está também nacomunicação.

/criando espaços

A comunicação nas instituições – e aí se incluem osConselhos – deve sempre ser um trabalho atento aosaspectos mais diversos da sociedade. Quem fazcomunicação nas organizações deve conhecer bem seupúblico e saber, especialmente, como dizer o que ele irá ouvir.Nem sempre os meios de comunicação de massa serão osmelhores formadores de opinião para o que se pretendeinformar. Em alguns lugares, a liderança comunitária, o líderreligioso, professores, dentre outros, podem ancorar aopinião pública e serem parceiros importantes de nossasações de comunicação.Se na sua cidade não tem um jornal ou uma rádio, mas temuma feira, um culto, uma missa, uma reunião na escola quepromova o encontro da comunidade, há aí um bom espaçopara ações de comunicação. É errado imaginar que umanotícia se faz e circula apenas nos grandes meios decomunicação.

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MÍDIA1438_ Gutenberg inventa, naFrança, a tipografia, processode impressão a partir de tiposem relevo.

1455_ Uma Bíblia, impressapor Gutenberg, é o primeirolivro produzido em tipografia.

DIREITOSA população indígena enxergaa criança comoresponsabilidade não apenasdos pais biológicos, mas detoda a tribo. Já na Europa, ainfância não existe como umacategoria específica, mascomo um “adulto emminiatura”.

DIREITOSCrianças e adolescentes abandonadose marginalizados em Portugal sãotrazidos pelos colonizadores ao Brasilpara colaborar nas atividades deaproximação com os índios e nacatequese. Começa a ser formada acategoria criança, porém, consideradacomo um pequeno adulto ou umaminiatura do adulto.

MÍDIA1605_ Em Antuérpia, na Bélgica,circula o primeiro jornal daEuropa - Notícias da Antuérpia

DIREITOSAo longo do século XVII, acategoria da infância vai seconsolidando, porém sempre emcondição de inferioridade esubmissão em relação aos adultos.

até 1500 1500 / 1600 1600 / 1700

na linha do tempo/para que serve a notícia?

Chegamos a uma questão fundamental: por um lado,as notícias têm múltiplas interpretações. Por outro,elas têm múltiplas formas de produção. A notícia nãoé uma cópia fiel de um fato. Na produção da notícia, oprocesso de seleção é determinante. Este processoenvolve a linha editorial do meio de comunicação, osvalores e costumes do grupo social para o qual ojornal, o rádio ou a televisão estão destinados, semelhora ou não a venda.

Alguns princípios que orientama seleção da notícia.1/ a proximidade com o acontecimento;.2/ nível de importância dos envolvidos;.3/ a repercussão da notícia na vida das pessoas;.4/ a atualidade da notícia, a capacidade de informar melhor

e primeiro.Quanto mais atual, melhor a notícia;.5/ a polêmica jornalística – as vezes, ela é a opção.

Exemplos claros são programas que apelam para oabsurdo e enxergam tudo através da tragédia.

/direito à comunicação ébásico para a cidadania

Informar é transmitir mensagens sem quenecessariamente se tenha um retorno de como ela foientendida. Comunicar é diferente: pressupõe retorno,diálogo, compreensão, paciência. E se comunicação éuma via de mão dupla, temos um grande problema aser enfrentado no Brasil: o monopólio dos meios decomunicação, que em geral veiculam o que interessaa uma minoria dominante e não à maior parte dapopulação.

Falar em democratizar a comunicação é lembrar quetodo cidadão brasileiro tem direito ao acesso àinformação – condição básica para o exercício dacidadania. Cabe a você, conselheiro de Direitos ouTutelar, ter em mãos os melhores dados estatísticos eanalíticos sobre a infância e a juventude e garantir oacesso da sociedade a estas informações. Seu papelé desmistificar o Estatuto da Criança e do Adolescentejunto à população, com a contribuição da mídia.Este Guia foi feito para encurtar distâncias e proporcaminhos entre o movimento social envolvido napromoção e defesa dos direitos de crianças eadolescentes e os meios de comunicação social. Porisso, é indispensável percebermos em que contexto seinsere a promoção dos direitos no Brasil de hoje, paraque tenhamos a dimensão do nosso desafio.Mudar uma cultura significa alterar mentalidades eatitudes pessoais e institucionais. E a sociedade tendea resistir a mudanças. Elas trazem desconfortos,desinstalam certezas, desacomodam comporta-mentos estereotipados e abalam as estruturas depoder estabelecidas.A comunicação deve ser vista como uma aliada nesteesforço de construir uma nova história, exigindo ocumprimento dos direitos sociais e combatendo aexclusão. As análises desenvolvidas pela ANDI e seusparceiros sobre a cobertura que a mídia brasileiraoferece aos temas da infância e adolescênciaapontam para uma clara evolução. Mas é precisoavançar muito mais. Trabalhando em conjunto, mídia e Conselhos têmcondições de criar uma comunicação que dê suporteeficaz à implementação do Estatuto da Criança e doAdolescente, evitando que caia no descrédito dasociedade não somente a legislação em si, mastambém as enormes possibilidades dedesenvolvimento social, político, econômico e culturalque ela inaugurou para o País. 19

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MÍDIA_1935_ Acontece naAlemanha a primeiratransmissão oficial de TV.

DIREITOS_Acontece uma crise do setoragrário com a derrubada dasoligarquias rurais, principalmotivadora de umarevolução, com o início deum Estado autoritário(Ditadura Vargas).Começaram a ser criadasestruturas de retaguarda parao Código de Menores.

década de 30MÍDIA_1940_ Tem início a "Época de ourodo Rádio", que contrata uma leva detécnicos e produtores, passa a teruma programação mais popular eganha audiência.

No mesmo ano, vai ao ar o primeirojornal falado do rádio brasileiro: oGrande Jornal Falado Tupi, de SãoPaulo, seguido pelo noticiário maisimportante do rádio brasileiro: oRepórter Esso.

DIREITOS_É criado, no âmbito do governofederal, o SAM - Serviço deAssistência ao Menor. A lógica desseserviço era a correcional-repressiva,ou seja, crianças e adolescentesabandonados ou infratores eram casode polícia e reclusão.

Surgem os patronatos, internatos eprogramas de profissionalização para"menores carentes". Neste mesmoperíodo, surge a LBA - LegiãoBrasileira de Assistência, as Casas doPequeno Jornaleiro e do PequenoTrabalhador, obras ligadas à primeiradama, D. Darcy Vargas.

Algumas conquistas deste período: aCLT - Consolidação das LeisTrabalhistas e a obrigatoriedade doensino fundamental.

década de 40MÍDIA_1919_ Começa a chamada "Era do rádio".

1920_ O Rádio passa a ser usado comoveículo de comunicação de massa com atransmissão dos resultados da eleiçãopresidencial americana. Era o início daradiodifusão.

1922_ Um discurso do então presidente darepública, Epitácio Pessoa, marca a primeiratransmissão oficial de rádio no Brasil.

1923_ Edgard Roquete Pinto e Henry Morizefundam a primeira estação radiofônica brasileira:a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.

1928_ Os Diários Associados, de AssisChateaubriand, lançam O Cruzeiro, a primeirarevista semanal brasileira de circulação nacional.

DIREITOS_Até 1922 não existia nenhuma iniciativaestatal de atendimento a crianças eadolescentes. O atendimento aos"desamparados" era executadoexclusivamente pela Igreja Católica,baseado na lógica higienistapredominante na época, que tinha comoprincípio segregar e confinar tudo o quefosse “doente” na sociedade.

Sob essa lógica, é inaugurado em 1922o primeiro estabelecimento público para"menores" no Rio de Janeiro.

Em 1927, é criada a primeira legislaçãopara a infância e adolescência: o Códigode Menores, que tinha como principalpropósito determinar medidas a seremadotadas em relação a crianças eadolescentes abandonados e infratores.

década de 20MÍDIA_1808_ Criada a Imprensa Régia, resultado da vinda da Família Real Portuguesa para oBrasil. No mesmo ano, é publicado o Correio Braziliense, dirigido e redigido pelo maçomHipólito José da Costa, primeiro jornal independente do Brasil, impresso em Londres(somente em 1820 foi permitida sua circulação no Brasil).

1826_ O francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) realiza a primeira fotografiapermanente do mundo.

1863_ O inglês James Clerck Maxwell demonstra a existência das ondaseletromagnéticas. Isso marca o início das pesquisas que resultariam na invenção dorádio como o conhecemos.

1865_ Surge em São Paulo o Diário de S.Paulo.

1870_ Surgem no País vários jornais de tendência republicana, entre eles A República.

1875_ Nasce em São Paulo a Província de São Paulo, mais tarde batizado como OEstado de S. Paulo.

1876_ Alexander Graham Bell registra a patente de seu novo invento, o telefone.

1891_ Nasce no Rio de Janeiro o Jornal do Brasil.

1896_ Invenção do rádio, popularizado após a Primeira Guerra Mundial.

DIREITOS_As crianças e adolescentes negros são inseridos no trabalho escravo. Os adolescenteseram preferidos por seu porte físico e apresentarem perspectiva de retorno maisprolongado aos seus senhores. As adolescentes negras eram também usadassexualmente para a satisfação de seus senhores e para gerarem filhos mais claros, quepodiam ser vendidos no mercado escravo por preços mais altos.

Em meados dos anos 1800, é criada em Salvador (BA), a primeira iniciativa deatendimento a meninos e meninas abandonados, através da Ação Social Arquidiocesana,cujo padre responsável foi autorizado pelos governantes a pedir esmolas em praçapública para manter o atendimento.

Em 1886, com a Lei do Ventre Livre, aumenta o número de crianças e adolescentesabandonados, vivendo nas ruas.

Em 1899 é criado o Tribunal de Menores do Estado de Illinois/EUA, primeira estruturajurídica no mundo na perspectiva denominada “doutrina da situação irregular”. Essemodelo influenciou as legislações na área da infância em todos os continentes. E noBrasil, o Tribunal de Menores foi criado em 1924 e serviu de base para o primeiro Códigode Menores em 1927 e todo o marco legal até o Estatuto da Criança e do Adolescente.

1801 / 1900MÍDIA_1702_ Surge o primeiro jornaldiário do mundo, o DailyCourant. Dele, nasceria aescola Anglo-Saxônica,segundo a qual a“objetividade” é a virtudeessencial do jornalismo.

DIREITOS_No Brasil, é criada a escolacomo lugar de ordem ehomogeneização das criançasoriundas das elites. Aquelasque ficavam fora destainstituição eram consideradasas sem possibilidades, semfamília, sem poder, semdinheiro: os "menores".

São implantadas as Rodas dosExpostos, um mecanismo demadeira, inserido nos murosdas Santas Casas deMisericórdia, em que os bebêsrejeitados pelas mães (porserem filhos ilegítimos,deficientes, ou mesmo porpobreza) eram depositadosnuma roda, que, uma vezacionada por uma manivela,levava para dentro do prédio acriança abandonada, quepassava a ser criada pelospadres e freiras.

1701 / 1800

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22 1950_ No dia 3 de abril,acontece a pré-estréiada televisão no Brasilcom a apresentação deFrei José Mojica, padree cantor mexicano. Asimagens não passam dosaguão dos DiáriosAssociados, em SãoPaulo, onde haviaalguns aparelhos de TVinstalados.

1951_ Começam a serfabricados no Brasil osprimeiros aparelhos detelevisão.

1954_ Entra emfuncionamento a TV emcores, inventada em1940 por PeterGoldmark.

1956_ O sucesso da TVé tanto que o mercadopublicitário passa a fazergrandes investimentos.

Naquele ano, as trêsemissoras de TV de SãoPaulo arrecadavam maisque as treze emissorasde rádio. A essa altura,a TV atingia cerca deum milhão e meio detelespectadores emtodo o Brasil.

1960_ No início da década de 60, de um projeto militar americano surgiu a Arpanet, umarede de comunicação através do computador, com o objetivo de facilitar a transmissão dedados do Governo dos EUA.

1962_ É publicado o decreto 1.777, que define o profissional de jornalismo e suas funçõese condiciona o exercício do jornalismo ao diploma de curso superior e ao registro doMinistério do Trabalho. Promulgada a lei Lei 4.117, o Código Brasileiro de Telecomunicações, em 27 de agosto,cria o Sistema Nacional de Telecomunicações, atribuindo à União a competência paraexplorar diretamente os serviços, e autoriza o Poder Executivo a criar uma empresa públicapara explorar os serviços, a Embratel.

1965_ É inaugurada a TV Globo no Rio de Janeiro e em São Paulo.

1967_ É criado o Ministério das Comunicações. Também é inaugurada a TV Bandeirantesde São Paulo.

1968_ O governo militar cria o Conselho Superior de Censura.

1969_ A primeira rede de computadores é criada para garantir a troca de informaçõesentre militares dos EUA durante a Guerra Fria.

1969/1976_ A imprensa brasileira resistia a pressões do regime militar e procuravammostrar sempre ao leitor que estavam sob censura prévia.

DIREITOS_Ampliação do número de organizações da sociedade civil, especialmente no âmbitosindical. Começa a haver reivindicação de políticas sociais redistributivas. Não há registrohistórico de movimento organizado pela infância e adolescência neste contexto.

Inicia-se a ditadura militar. O gasto social público priorizava o desenvolvimento econômico.Neste período, os programas sociais eram marcados por centralismo burocrático dogoverno federal, controle social dos pobres (objetos passivos da assistência do Estado),desmobilização social, falta de uniformidade nos critérios de distribuição de verbaspúblicas, incoerência entre as prioridades do Estado e as demandas sociais,concentração do investimento na mediação e controle.

Neste contexto político e social é promulgada a Lei 4513/64 - Política Nacional do BemEstar do Menor – Funabem e Febens – transição da concepção correcional-repressivapara a assistencialista (de “perigoso” a “carente”), elaborada dentro da Escola Superior deGuerra e que fortalece a política repressiva.

Também nesse período é instalada a censura no País: o governo proíbe a veiculação dequalquer imagem ou mensagem por qualquer meio de comunicação, que fosse contráriaou questionasse o regime político em vigor.

MÍDIA_1970_ O Censo aponta que o número deaparelhos de televisão chegou a 4 milhõesde lares, atingindo, aproximadamente, 25milhões de telespectadores.

1972_ Acontece a primeira transmissão acores da TV brasileira: a Festa da Uva deCaxias do Sul / RS. Nesse ano, o jornalista Wladimir Herzog,do Departamento de Telejornalismo da TVCultura de São Paulo, é assassinado nasdependências do DOI-CODI, em SãoPaulo. A morte de Herzog produz umagrave crise na ditadura militar, provocareações da sociedade civil e expõe o quede pior ocorria durante o regime instaladoem 1964: prisão, tortura e morte demilitantes.

1975_ Surge a Internet, a partir de umarede acadêmica nas universidadesamericanas.

DIREITOS_É feita uma reformulação do Código deMenores (Lei 6697/79), incorporando anova concepção (assistencialista) doatendimento a crianças e adolescentesexcluídos, regido pela doutrina da situaçãoirregular. Em meados dessa década teveinício o processo de abertura democráticae de reorganização dos setores populares.

As instituições de atendimento passam aconviver com três tendências: a repressiva,a assistencialista e a educativa. Algunssegmentos sociais começam a denunciarmaus-tratos no sistema Febem/Funabem.Surge o Plano de Integração Menor-Comunidade, uma tentativa dedesinstitucionalizar crianças eadolescentes das Febens, incentivando asiniciativas comunitárias de atendimento.

MÍDIA_1981_ Início das operações do SBT – Sistema Brasileiro de Televisão, deSílvio Santos.

1984_ Depois de uma pesquisa cujo resultado demonstrou que apopulação desejava eleger o sucessor do presidente João BatistaFigueiredo, o jornal Folha de S. Paulo encampa a campanha Diretas Já,pela eleição do novo presidente da República. No mesmo ano, é inaugurada a Rede Manchete.

1988_ A Constituição Federal, em seu Art. 224, faz referência ao controlesocial da mídia, através do Conselho Nacional de Comunicação Social,garantindo a participação da sociedade civil.

DIREITOS_Surge um movimento social composto por organizaçõesda sociedade civil (associações de moradores; novosgrupos sindicais; movimentos culturais nas periferias, comênfase na cultura afro-brasileira; imprensa de bairro;Comunidades Eclesiais de Base).

Um projeto inovador, Alternativas de Atendimento a Meninos de Rua,coordenado pelo Unicef e Funabem, culminou na realização do I SeminárioLatino-Americano de Alternativas Comunitárias de Atendimento a Meninos deRua, no qual surgiram novas idéias, práticas e lideranças como alternativas aoatendimento fechado em instituições da Funabem / Febem e com valorizaçãoda ação nas comunidades.

Em 1985, é criado o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua. Pelaprimeira vez fala-se em protagonismo infanto-juvenil, reconhecendo-se acriança e o adolescente como sujeitos participativos.

Em 1986, várias entidades de expressão se articulam e formam a FrenteNacional de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, que mais tardepassou a se chamar Fórum DCA Nacional. Neste mesmo ano, é criada aComissão Nacional Criança e Constituinte, integrada por representantes dosMinistérios da Educação, Saúde, Previdência e Assistência Social, Justiça,Trabalho e Planejamento. Começa o maior processo de sensibilização,conscientização e mobilização da opinião pública e dos constituintes jáimplementado neste País em defesa de um determinado segmento social.

Em 1988, são apresentadas duas emendas de iniciativa popular: Criança eConstituinte e Criança – Prioridade Nacional, com mais de 6 milhões deassinaturas de eleitores de todo o País. Seus textos foram fundidos e setransformaram nos Artigos 204 e 227 da Constituição Federal, com 435 votosa favor e 08 contra.

década de 60década de 50 década de 70 década de 80

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24 MÍDIA_1991_ Jornalistas africanosredigem uma declaração deprincípios para uma mídia livre,independente e pluralista, aDeclaração de Windhoek. Também nesta data, começa aInternet no Brasil, com a RedeNacional de Pesquisa, umaoperação acadêmica subordinadaao Ministério de Ciência eTecnologia.

1995_ No dia 12 de maio, a Folhade S. Paulo alcança a maiorcirculação da história da imprensabrasileira, 1.613.872 exemplares,empurrada pelo lançamento deum atlas histórico que acompanhaa publicação. Em maio, o Jornaldo Brasil publica na internet suaversão eletrônica, a primeira doPaís, o JB Online.

DIREITOS_Em 13 de julho de 1990, ésancionado o Estatuto da Criançae do Adolescente.

Em 1993 é sancionada a LOAS -Lei Orgânica de Assistência Social.

Em 1996, é sancionada a novaLDB - Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional.

MÍDIA_2001_ No dia 11 de setembro, o atentado terrorista contrao Word Trade Center, em Nova Iorque, é transmitido ao vivomundialmente pela TV.

2002_ É aprovada emenda constitucional que permite queempresas de comunicação sejam de propriedade depessoas jurídicas e permite a entrada de capital estrangeirono setor. Neste ano, é constituído o Conselho Nacional deComunicação, previsto na Constituição Federal de 1988.

2003_ Atualmente, a rede mundial de computadores éconsiderada um dos maiores meios de comunicação,perdendo apenas para rede de telefones. E uma de suasvantagens é a democratização da informação. Os usuáriospassam não só a ter acesso a informações localizadas nosmais distantes pontos do globo como também a criar,gerenciar e distribuir informações em larga escala, noâmbito mundial, algo que somente uma grandeorganização poderia fazer usando os meios decomunicação convencionais. Isso com certeza afetarásubstancialmente toda a estrutura de disseminação deinformações existente no mundo, a qual hoje é controladaprimariamente por grandes empresas.

DIREITOS_Em 2002, o País possui aproximadamente 4 mil Conselhosde Direitos e 3,5 mil Conselhos Tutelares. O reordenamentoinstitucional proposto pelo Estatuto da Criança e doAdolescente efetiva-se na mudança gradativa deconcepção, metodologia e gestão relacionadas às políticasde atenção aos direitos da infância e da juventude.

Em 2003, ANDI e Conanda decidem fortalecer a 8ªcláusula do Pacto pela Paz – elaborado durante a IVConferência Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente, em 2001 –, com a realização do Projeto Mídiae Conselhos: Aliança Estratégica na Prioridade Absolutaaos Direitos das Crianças e Adolescentes.

década de 90 2001 / 2003 sem medode ser notícia_

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/preparados para odiálogo com a imprensa

O relacionamento com a mídia e a mobilização dasociedade são fundamentais para que o trabalho dosConselhos consiga alcançar visibilidade. Porém, lidarcom a comunicação envolve uma série de diferentessituações para as quais os conselheiros precisam estarpreparados. Neste capítulo, trataremos, especifica-mente, da relação entre as instituições que represen-tam e os veículos de comunicação de massa (jornais,rádios, tevês, revistas e internet). É evidente que existe uma grande diversidade nosperfis dos Conselhos – estrutura física, equipamentos,equipes de trabalho, recursos financeiros. Da mesmaforma, os veículos de comunicação tambémapresentam diferenças regionais, de formato, deestrutura. Entretanto, o modo de funcionamento ébasicamente o mesmo em qualquer Conselho e emqualquer veículo. A seguir, apresentamos algumas ações e conceitos domundo jornalístico que ajudarão os Conselhosna preparação para lidar com a comunicação. Éimportante que cada Conselho avalie, de acordo coma sua realidade, quais ações ele poderá realizar, emque medida vai aprofundar cada uma delas e em queprazo.Estas dicas foram elaboradas para servir comoreferência aos conselheiros, não significando quedeve-se desconsiderar sua potencialidade em realizarações de comunicação se alguma das sugestões nãoestiver ao seu alcance.

/abrindo as gavetasde pautas

Para estreitar os laços com a imprensa, é precisotomar iniciativas importantes. Para isso, o primeiropasso é construir um plano de comunicação,dimensionando os recursos disponíveis para monta-gem da estrutura e quais serviços o Conselho querdisponibilizar para a sociedade através da comu-nicação.O plano de comunicação deve ser entendido como adefinição dos objetivos, metas e estratégias que aorganização, no caso os Conselhos, vão utilizar paraobter a visibilidade de suas ações junto à mídia esociedade. Dentro deste planejamento, uma boa estratégia éeleger uma “Comissão de Comunicação” ou até contarcom a assessoria de um profissional para organizar oatendimento aos jornalistas.O atendimento à imprensa exige agilidade e orga-nização para oferecer respostas em curto tempo, jáque rapidez na apuração e redação das notícias sãocaracterísticas essenciais do profissional de jornalismo.

/as universidadescomo parceiras

Mesmo definindo uma comissão responsável pelacomunicação, é muito importante que os Conselhosbusquem algum tipo de suporte para a realização desuas atividades ligadas à essa área.De acordo com a necessidade e estrutura de cadaentidade, caso seja inviável a contratação de umprofissional, isso pode se dar de outras formas. Umadelas é o recrutamento de estagiários de Comunicação,contando com o apoio das universidades na criação deuma rede de novos jornalistas que conhecem os direitosdas Crianças e dos Adolescentes no Brasil.Muitos profissionais que lecionam nas universidadesapostam no conhecimento que os alunos adquirem aose envolverem em projetos práticos, por entenderemcomo parte importante na sua formação profissional.Essa relação com os conselheiros contribui assim paraque o Estatuto da Criança e do Adolescente sejaincluído no currículo dos futuros profissionais dacomunicação.

“Não conseguimos ainda planejar uma política de comunicação. Cabe aoConselho pensar esta estratégia e viabilizar um profissional junto ao

poder público, ou chamar um profissional e dar a ele essaresponsabilidade? Como se constrói uma política de comunicação com a

mídia e com a sociedade? Hoje temos mais perguntas do querespostas...”

Ana Maria Caetano Pereira– Secretaria Executiva do CMDCA de Belo Horizonte/MG

“Os Conselhos precisam ter o entendimento de que a função deles não éapenas a política de atendimento ou a violação de direitos. Nós

precisamos criar um relacionamento diferente com a mídia e com acomunidade. Não só esperando que a imprensa nos procure, mas para

que possamos servir de fonte para as notícias.”Maria das Graças Marilene Cruz

– Assessora Pedagógica da Pastoraldo Menor / Conselheira do Conanda

“O relacionamento com os meios de comunicação precisa ser ampliado equalificado para mostrar que o Conselho é uma fonte de informação clara

de interesse público. Na verdade, a gente tem chamado pouco a mídia”.Andréa Pereira Goeb

– CMDCA do Rio de Janeiro/RJ

“Há dificuldades de relacionamento e de comunicação: a mídia procura oConselho com a pauta pronta e quer chegar em determinado lugar com amatéria. Às vezes, o Conselho é procurado para se expressar em situação

que envolve a questão político–partidária e é pego de surpresa. A gentepercebe que é difícil sair dessas situações constrangedoras.”

Alexandre Tomé de Souza– Presidente do CMDCA de São José do Rio Preto/SP

SUGESTÕES DE COMO ELABORAR AÇÕES DECOMUNICAÇÃO, GARANTINDO VISIBILIDADE AO TRABALHODOS CONSELHOS E ESTABELECENDO UM BOMRELACIONAMENTO COM A MÍDIA

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28 /sindicatos como parceiros

Outras alternativas também podem ser construídas. Uma delas é procuraros sindicatos de jornalistas, que podem colaborar na realização deentrevistas, eventos e mesmo na aproximação com os profissionais decomunicação.

/organizações nãogovernamentais como parceiras

O Brasil conta hoje com um conjunto de organizações que trabalham acomunicação com um olhar dedicado à democratização da informação.Em suas ações e projetos, elas podem ajudar os Conselhos com aimprensa e na realização de campanhas de mobilização social. A RedeANDI é um bom exemplo dessa realidade, por meio de suas AgênciasRegionais espalhadas pelo País. Faça contato.

/o poder público como parceiro

Utilizar a estrutura do poder público, por meio das assessorias decomunicação das prefeituras e governos de estado e federal, pode seroutra alternativa. Os Conselhos podem solicitar este suporte. Para isso, éimportante que os conselheiros estejam bem alinhados em relação àsposições que suas instituições vão tomar diante de fatos polêmicos egarantam que as notícias que envolvam denúncias e críticas ao próprioPoder Executivo também sejam divulgadas. Utilizar esta estrutura pode seruma boa saída para os Conselhos, que não têm condições de montar umaassessoria, mas, sem dúvida, é importante estar atento, em virtude dosinteresses envolvidos.

“Existia rivalidade entre os Conselhos ea imprensa aqui na cidade. Algunsconselheiros passavam informaçõesequivocadas para os jornalistas e depoisos acusavam de ter deturpado o que foidito. Começamos a estreitar os laçoscom os jornalistas e enviar por escrito asinformações, o que facilitou o trabalhodeles e divulgou o Estatuto da Criança edo Adolescente. Hoje, em nosso maiorveículo de comunicação local, osprofissionais passaram a manter contatoconosco e temos boas matérias sobre oEstatuto”.Abigail Gonçalves Silva Corrêa– CMDCA Governador Valadares/MG

“Mais do que medo, falta conhecimentoe habilidade para lidar com a linguagemda comunicação. Os Conselhos não têmprofissionais de comunicação, emboranos incomode a forma como a mídia serelaciona com o Conselho e tambémnossa dificuldade de comunicar com asociedade e dizer o que o Conselho faz”.Ana Maria Caetano Pereira– Secretaria Executiva do CMDCA deBelo Horizonte/MG

“Quando nós procuramos o jornal, elequer notícia de impacto. Matérias sobrea implementação das políticas públicasnão são divulgadas. O que é divulgado ésensacionalismo. Nós procuramos areportagem, mas às vezes não somosouvidos”.Doracy Anacleto Eich– CEDCA do Rio de Janeiro/RJ

≈CIPÓ comunicaçãointerativa (BA)[email protected].: (71) 240-4477

≈AUÇUBA comunicaçãoe educação (PE)[email protected].: (81) 3441-2722

≈Agência UGA-UGAde comunicação (AM)[email protected].: (92) 642.8013

≈CIRANDA (PR)[email protected].: (41) 224-3925

≈OFICINA DE IMAGENS (MG)[email protected].: (31) 3482-0217

≈MÍDIA CRIANÇA (SC)[email protected].: (48) 334-0801

≈GIRASSOLIDÁRIO (MS)www.girassolidario.org.brtel.: (67) 342-5377

≈COMPANHIATERRAMAR (RN)(Rio Grande do Norte)[email protected].: (84) 212-1258

As agências regionais daRede ANDI pelo Brasil:

/organizando informações

Para atender à demanda da imprensa, ter sempre informações e dadosestatísticos e analíticos sobre a agenda da criança e do adolescente étarefa essencial no planejamento de comunicação. São dados que devemser usados para definir prioridades na elaboração de projetos, programasou políticas públicas e que vão contribuir para que os jornalistascompreendam a dimensão e a natureza dos problemas que afetam ainfância e a adolescência.

Para estruturar um banco de informações, cada Conselho pode executaras atividades listadas abaixo:

.1/ Levantar os projetos e programas desenvolvidos pelo governo oupor iniciativas não governamentais no município/estado na áreada promoção e defesa dos direitos da infância e da adolescência;

.2/ Realizar diagnósticos e relatórios e reunir informações oficiaissobre a situação da infância e da adolescência;

.3/ Identificar outras fontes de dados estatísticos mais gerais comoUnicef, ANDI, Unesco, Conanda, Secretarias Estaduais eMunicipais;

.4/ Identificar as possibilidades para providenciar um computadorcom acesso à Internet para cada Conselho;

.5/ Assegurar a participação dos Conselhos no Sipia (Sistema deInformações para a Infância e Adolescência), garantindoatualização sistemática dos dados referentes aos atendimentos;

.6/ Procurar ter acesso às reportagens, programas de rádio outelevisão sobre crianças e adolescentes em sua região e no País.Isso permitirá aos conselheiros mais informações sobre o queacontece na sua área de atuação;

.7/ Manter arquivados a Constituição Federal, o Estatuto da Criança edo Adolescente, resoluções e demais legislações sobre a infânciae a adolescência;

.8/ Os Conselhos Tutelares podem divulgar estatísticas de denúncias,de violações de direitos e de encaminhamentos realizados.

como fazer_

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.1/ Estabelecer reuniões periódicas para discutir como as informações sobredenúncias, encaminhamentos, diagnósticos e outros dados serão repassadas paraos jornalistas e para a sociedade. Nessas reuniões, pode ser definido, por exemplo,se o Conselho divulgará para a imprensa relatórios semanais, quinzenais, mensaissobre as ações realizados.

.2/ Realização de encontros de capacitação dos conselheiros sobre o Estatuto daCriança e do Adolescente e legislações relacionadas, como a Lei de Diretrizes eBases da Educação (LDB), a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), asconvenções internacionais de direitos e outros instrumentos legais importantes.

.3/ Estabelecer formas de manter a periodicidade da comunicação entre os ConselhosTutelares e Conselhos de Direitos.

como fazer_

“A causa da criança e do adolescente étransversal e deve estar presente no

comportamento dos editores, dos repórteres, daequipe de polícia, da equipe de economia, da

equipe de política, da equipe de esportes. Acausa é a causa do cidadão, que tem que ter

este compromisso estendendo a práticajornalística sobre qualquer tema”.

Suzana Varjão– jornalista Jornal A Tarde – Salvador/BA

“Ainda não aprendemos a lidar com a imprensae isso tem prejudicado bastante. Devemos

passar informações para o jornalista, atendendoàs necessidades peculiares à mídia no que diz

respeito a tempo e espaço”.Geraldo Gonçalves de Oliveira Filho

– Presidente do CEDCA de Minas Gerais

“Os dados dos questionários que vocêsaplicaram durante o Projeto Mídia e Conselhos

são reveladores: a maioria dos conselheiros achaque os jornalistas não estão preparados para

falar sobre crianças e adolescente. É umabsurdo, porque, de outro lado os jornalistas

acham que os Conselhos são fontes importantes,embora acrescentem que a maioria ‘pode se

preparar melhor’ para dar a informação”.Apolinário Santos Lessa

– CT de Sobral/CE

“Precisamos nos capacitar para a relação com aimprensa, e, ao mesmo tempo, fazer um trabalho

de capacitação dos jornalistas, quedesconhecem os termos que nós utilizamos,

como ECA e FIA. São espaços que nósconquistamos quando nos fazemos presentes,pois somos formuladores de políticas públicas

para crianças e adolescentes”.Raul Gomes de Oliveira Filho

– CEDCA do Rio Grande do Sul

Durante as oficinas do Projeto Mídia e Conselhos, muitos conselheiros afirmaram que écomum não haver consenso sobre o que dizer em relação a determinados assuntos eque, muitas vezes, são defendidas opiniões contrárias ao que está determinado noEstatuto. Alguns jornalistas também afirmaram ter encontrado essa realidade quandoentrevistaram diferentes representantes de um mesmo Conselho.

/unificando conceitos e linguagem

Antes de procurar a imprensa para divulgar informações ou sensibilizar acomunidade, os conselheiros precisam discutir entre si os dados disponíveissobre a infância e adolescência no seu âmbito de atuação e os fatos queacontecem no cotidiano. Isso é fundamental para a construção de um discurso comum sobre osdiversos temas, tendo como referência o que está estabelecido no Estatuto daCriança e do Adolescente.É muito importante que as opiniões pessoais dos conselheiros não sesobreponham à posição do Conselho. Se a instituição atua de acordo com oEstatuto, não são as opiniões pessoais que irão prevalecer nas informaçõesdivulgadas para a comunidade. Se um conselheiro é contra e outro a favor, porexemplo, de certo projeto em execução em um município, a posição a serdivulgada para a sociedade deverá levar em conta uma avaliação do projeto,tendo como referência a adequação de seus objetivos à lei e às prioridadesdefinidas para aquele município em conjunto com a prefeitura e governo deestado, a partir dos diagnósticos realizados. Em resumo, deve ser divulgadaapenas uma posição, consensual, que será a opinião institucional sobre o fato.Uma visão sem foco por parte do Conselho levará a sociedade a formar umaimagem de um sistema confuso, onde os próprios operadores desconhecemas diretrizes que orientam a realização do seu trabalho.

/os Conselhoscomo articuladores

Como órgãos de referência na defesa dos direitos das crianças e dosadolescentes, cabe aos Conselhos indicar aos jornalistas outras fontesde informação que atuam no sistema de garantia. Novos aliados podemser encontrados no poder Executivo, nas entidades e organizaçõesnão-governamentais, no poder Judiciário, nas câmaras de vereadorese assembléias legislativas. É importante esclarecer aos jornalistas que os Conselhos atuam deforma articulada e complementar às organizações que disponibilizamserviços e programas de atendimento. Mais do que isso, lembrar quetodos os municípios devem manter uma rede de atendimento queassegure atenção global às necessidades da criança e do adolescente. Podemos citar como outros exemplos de fontes para a área da infânciae da adolescência o IBGE, as Secretarias de Governos, as escolas eprofissionais/especialistas que podem fornecer ou analisar dados einformações para a construção de reportagens sobre crianças eadolescentes.Na construção desta rede de informantes, os Conselhos de Direitos eTutelares devem se relacionar com as outras fontes, obtendoinformações que ajudem a definir suas estratégias de ação,contribuindo para que os jornalistas produzam reportagens maiscompletas e que tragam diferentes opiniões.

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“Uma coisa que a gente conseguiu articularfoi trabalhar com a assessoria decomunicação do município, já que nãotínhamos recursos para montar a nossaprópria”.Luiza de Lourdes Bezerra Mota– CMDCA de Caucaia/CE

“Nós tínhamos uma assessoria de imprensae hoje usamos a assessoria de imprensa daprefeitura. Em algumas situações nãopodemos usar essa assessoria do governo,porque todo mundo já conhece sua posição epode confundir as coisas. Nesses casos, nósvamos a campo e ligamos para os repórterespara que não apareça apenas o ponto devista do governo. Muitos empresários nãodoavam para o FIA porque achavam queestávamos atrelados à prefeitura”.Lúcia Castênho– CMDCA de Porto Alegre/RS

“Em nosso município há jornal semanal daprefeitura. O Conselho utiliza o jornal paradivulgar notícias, como a da nossa pré-conferência e a comunidade participou emmassa. O jornal divulga ações que aprefeitura realiza durante a semana e oConselho relata as reuniões, sugere pautas.”Ilza Aparecida Cardoso Freitas– Conselheira de Santa Terezinhado Itaipú/PR

.1/ Comece elaborando uma listagem de pessoas capazes de fornecerinformações credenciadas para a imprensa. Lembre-se que esta lista podecomeçar com um número pequeno de especialistas. O universo de fontes éproporcional à realidade de cada Conselho. Vale contatos com assecretarias governamentais, com os programas de atendimentodesenvolvidos por elas, das entidades registradas na prefeitura ou governoestadual;

.2/ A partir destes primeiros contatos, a rede de fontes vai crescendonaturalmente. É Importante lembrar das organizações não-governamentais,das escolas, dos clubes e associações de serviços, dos projetos religiosos.Depois é preciso relacionar cada órgão, incluindo o telefone e o nome dosprofissionais responsáveis;

.3/ O trabalho exige dedicação e persistência. É recomendável procurartambém outros especialistas que podem divulgar informações e fazeranálises sobre diversos temas como médicos, professores universitários,promotores de Justiça, juízes. Pode-se listar os especialistas por temascomo: Educação, Saúde, Trabalho Infantil, Exploração e Abuso Sexual;

.4/ Lembre-se de fazer contato com estas pessoas para saber se elas estãodispostas a integrar um banco de fontes de especialistas para atender aimprensa em suas demandas relativas a temática infância e adolescência;

.5/ A construção da lista de fontes pode ser feita por telefone, mas o ideal éque os conselheiros façam visitas e verifiquem pessoalmente quem são osprofissionais integrantes de sua rede de relacionamentos.

/construindo um banco de fontes

Banco de Fontes é uma listagem com os nomes e telefones deinstituições e de profissionais/especialistas e seus locais de trabalho.No caso dos direitos da infância e a da adolescência, cada Conselhodeve organizar o seu Banco de Fontes de acordo com sua estruturae área de abrangência. Por isso, pode-se trabalhar desde uma lista decontatos em uma agenda até uma banco de dados mais complexoem computador.

como organizar_

“Em nenhuma área se discute o estatuto. Algumaspoucas universidades de direito estão incluindo odebate, mas não existe como conteúdo obrigatório.Isso também não foge da área do jornalismo”.Maria Margareth Alves- CMDCA de Foz do Iguaçú/PR

“Por meio de parcerias com universidades estamosbuscando nos capacitar para a relação com aimprensa. Precisamos estar preparados para sentardiante de uma câmera de televisão, para falar emuma rádio, dar uma entrevista. Uma das coisas quenós avançamos bastante na comunicação com osveículos de imprensa é que agora falamos a mesmalinguagem”.Raul Gomes de Oliveira Filho– CEDCA do Rio Grande do Sul

“Temos no Conselho uma comissão permanente decomunicação. Fizemos um plano de ações onde otrabalho dessa comissão está incorporado”.Armando Luiz Bandeira de Paula– CEDCA do Ceará

“É importante estabelecer uma política decomunicação interna. Depois a comunicaçãoexterna, relação com a mídia e com a sociedade.Uma dica é instalar uma assessoria decomunicação com um profissional habilitado. Nemtodos os Conselhos têm recursos financeiros paraisso. Então a sugestão alternativa é passar por umtreinamento, convidando jornalistas para capacitarum grupo de conselheiros sobre como serelacionar com a mídia. Acredito que amanhã oudepois o Conselho não vai precisar ligar para aimprensa. Ao contrário, ele vai ser incomodado pornós, jornalistas, em busca de informações”.Susane Vidal– jornalista TV Sergipe

/glossário da imprensa

O universo jornalístico traz expressões que traduzem as váriasetapas da produção das notícias. A listagem abaixo reúne umvocabulário básico, que facilitará a construção de um bomrelacionamento com a mídia. Devem ser levadas em consideraçãoas diferenças regionais, que podem ocasionar alterações nalinguagem utilizada pela imprensa no seu cotidiano.

_Abertura: texto introdutório de uma reportagem._Artigo: texto jornalístico que traz interpretação ou opinião do autor sobre determinadoassunto._Boneco: esboço ou projeto gráfico de uma página de jornal, revista ou site. Tambémchamado de leiaute ou espelho._Box: texto complementar de uma reportagem. Pode trazer informações como, porexemplo, um perfil do personagem enfocado. Também pode servir como uma memória dofato ou ainda para esclarecer termos difíceis abordados no texto principal._Caderno: Conjunto de páginas que trata de assuntos (editorias) específicos ou ainda dasreportagens mais importantes de uma edição._Chamada: Informação resumida de um assunto, localizada na primeira página de umjornal, revista ou caderno, para atrair a leitura._Clipping: Publicação que contém notícias veiculadas nos meios de comunicação sobredeterminado assunto, empresa ou pessoa._Cobertura: Captação de material (informações, entrevistas, fotos) sobre um fato, realizadopela equipe de reportagem._Conselho Editorial: Órgão consultivo que define a linha editorial do veículo decomunicação. Podem integram jornalistas do próprio veículo e personalidades de expressãopública, especialistas em áreas de interesse da população._Deadline: Prazo final para o fechamento de uma edição ou a conclusão de umareportagem._Diagramação: Previsão do desenho gráfico de uma página em que são mostrados ostamanhos dos textos e a localização das fotos e ilustrações. Com o processo dediagramação eletrônica, o diagrama tem sido feito pelo próprio editor._Edição: Processo de acabamento do material informativo. Também se refere ao noticiáriopronto que será impresso nos jornais ou veiculado na tevê e na emissora de rádio._Editoria: As redações jornalísticas se dividem em editorias, setores que reúnem osjornalistas que apuram, redigem e editam as notícias e informações que serão veiculadasem órgão da imprensa (jornal, rádio, tevê, internet). As editorias são distribuídas pela áreade cobertura, assim existem editorias de economia, esportes, política, cultura entre outras._Editorial: Artigos publicados, geralmente, no primeiro caderno de jornais ou revistas, querefletem a opinião dos editores e a linha editorial do veículo.

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34 _Em off: Abreviatura de “off the record” – informação confidencial,dada por um entrevistado ao jornalista com a condição de não serpublicada._Expediente: Espaço onde são publicados os nomes dos editores,endereços e telefones para contato com o veículo de comunicação._Externa: Gravação realizada fora do estúdio de tevê._Gancho: Algum assunto que, geralmente, faz parte do interessepúblico, no qual o jornalista se ampara para produzir e veiculardeterminada matéria. Também pode significar uma informaçãocoletada em alguma notícia e que pode gerar novas reportagens._Fechamento: Etapa de encerramento da produção dos noticiários,quando a edição é enviada para a gráfica ou está pronta para serveiculada nos jornais de rádios e tevê._Intertítulo: Pequeno título colocado no meio do texto para separaruma parte importante da matéria e dar leveza à diagramação._Fonte: Pessoa ou instituição que fornece informações ao jornalistasobre determinado assunto, colaborando com a produção dematérias jornalísticas._Ilha de edição: Conjunto de equipamentos necessários para aedição de um programa de tevê e rádio._Lauda: Folha padronizada para os textos das reportagens. Com aedição eletrônica, as laudas quase não mais são usadas._Legenda: Texto curto que explica uma foto ou ilustração._Lide: Introdução do texto jornalístico, que vem no primeiroparágrafo. Reúne o que há de mais importante na notícia. Deveresponder às perguntas básicas: quem? o que? quando? onde?como? por quê? _Mailing: Relação das informações sobre os veículos decomunicação que interessam a uma assessoria de imprensa. Trazos nomes, telefones, fax, e-mails dos jornais, revistas, emissorasde rádio e tevê, sites, identificando os editores, repórteres,fotógrafos, separados de acordo com as editorias onde estãolotados: econômica, cultura, política, outros._Manchete: Título da principal reportagem do jornal ou revista,publicado na primeira página. É também a principal reportagem decada página._Matéria: Conteúdo de uma notícia ou reportagem._Olho: Texto curto e em destaque, localizado, geralmente, entre ascolunas do corpo da notícia, que ressalta algum aspectoimportante da matéria.

_Ombusdman: Jornalista escolhido para fazer a leitura eacompanhamento das notícias veiculadas naquele determinadojornal, revista, site ou emissora de rádio ou televisão, responsávelpor verificar a eficácia, legitimidade e ética da cobertura. Ele é umfuncionário do veículo e trabalha para melhorar a coberturanoticiosa feita pelos jornalistas._Pauta: Agenda de assuntos previstos na cobertura jornalística. Apauta é um roteiro que contém, inclusive, a indicação ou sugestãosobre como deve ser tratado o tema. É captada pelo pauteiro ediscutida por toda a equipe, em reuniões de pauta._Pingue-pongue: Forma de texto em que as perguntas e respostasde uma entrevista são publicadas._Pirâmide Invertida: Técnica de se estruturar um texto de modoque as informações mais importantes sejam colocadas nasprimeiras linhas (lide)._Ponto Eletrônico: Pequeno fone de ouvido usado entre osprofissionais de TV, que traz comunicação direta entre seu portadore o controle mestre._Reportagem: Ato de adquirir informações sobre um assunto etransmiti-las ao público pelos noticiários._Retranca: Texto complementar da matéria principal._Release: Material distribuído para a imprensa sobre assunto aoqual se pretende dar divulgação. Respeita a linguagem específicados diferentes veículos e a estrutura básica do texto jornalístico._Standard: Formato padrão dos jornais brasileiros. Mede 54 x 33,5cm. O tamanho tablóide é a metade do standard._Stand by: Reportagens que podem ser veiculadas em qualquerépoca, sem preocupação com a data. Também são chamados detextos de "gaveta", de "geladeira" ou matérias frias._Suíte: Texto jornalístico que desdobra uma notícia já publicada nodia anterior em qualquer órgão de imprensa._Tablóide: publicação em formato de meio jornal._Teleprompter ou TP: Guia para os apresentadores de telejornais;trata-se de um aparelho onde passa o texto a ser lido durante onoticiário._Texto final: Matéria apurada, redigida e pronta para a publicação._VT: Matéria com a presença do repórter. Um VT com reportagemeditada tem as imagens, a narração (off), o discurso indireto("fulano disse que") e o discurso direto (fala dos entrevistados).

matéria-prima para a comunicação_

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36 Boa comunicação garante...

_visibilidade e transparência às atividades doConselho. Divulgar a situação das crianças edos adolescentes no município, as açõesrealizadas pelos Conselhos e os resultadosalcançados para a comunidade torna explícitoo compromisso com o direito da sociedade àinformação de qualidade.

_que o Conselho seja mais conhecido evalorizado socialmente. Sabendo da seriedadedo trabalho realizado, a comunidade e ogoverno se tornam dispostos a colaborar com osucesso de seu trabalho.

_o cumprimento do papel educativo de orientara população acerca dos direitos das novasgerações. Os Conselhos estão trabalhandotambém para a consolidação de umasociedade onde os direitos do cidadão saiamdo papel. Por isso, a dimensão pedagógica dotrabalho não pode ser deixada em segundoplano: os conselheiros lidam com violações dedireitos cotidianamente e são os atores maispreparados para tratar essas questões junto àmídia e à sociedade.

_ampliação da capacidade de captação derecursos através dos Fundos da Infância eAdolescência (FIAs). Sendo conhecidas asações e resultados dos Conselhos, fica maisfácil para o conselheiro trabalhar pela captaçãode recursos junto a empresas de sua cidade eEstado. Os FIAs têm um grande potencial decaptação para o financiamento de políticaspúblicas. Esse potencial não é atingido porpura desinformação dos empresários e dasociedade em geral.

/ações criativas para fazerda mídia uma parceira

Não é difícil desenvolver boas estratégias para divulgar o Estatuto da Criança e doAdolescente e dar visibilidade ao papel dos Conselhos de Direitos e Tutelaresmesmo enfrentando problemas como a falta de recursos, de infra-estrutura, deinformações e dados sistematizados. As atividades realizadas durante os seisencontros do Projeto Mídia e Conselhos, que reuniram conselheiros e jornalistas detodas as regiões brasileiras, resultaram, também, no relato de diversas experiênciasde comunicação. Neste capítulo, estão listadas algumas sugestões que podem servir de referênciapara a elaboração de ações e planos de comunicação para os Conselhos. Épreciso definir metas prioritárias, objetivos a serem alcançados e construir soluçõesque envolvam a mídia na estruturação de uma verdadeira teia pela defesa dosdireitos das crianças e dos adolescentes.

/dando os primeiros passos

Comece definindo os objetivos das ações de comunicação. São ações que visamdivulgar uma atividade, tema ou data específica? Por exemplo, o Conselhopretende fazer uma campanha contra o trabalho infantil? Datas como o 18 de maio– Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infanto-Juvenil ou 13de julho, aniversário da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente? Ousão ações de comunicação que visam promover debates mais amplos,fortalecendo a divulgação do próprio Estatuto ou das funções dos Conselhos?

O ideal é que os Conselheiros tenham como meta promover as duas estratégias,para colher os benefícios de uma divulgação bem planejada.

NESTE CAPÍTULO SÃO APRESENTADAS DICAS DE COMO ELABORAR UM BOM PLANEJAMENTODAS AÇÕES DE COMUNICAÇÃO. TAMBÉM SELECIONAMOS EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DERELACIONAMENTO COM A MÍDIA CONSTRUÍDAS POR CONSELHOS DE VÁRIAS REGIÕES DO PAÍS.

/profissionalizando orelacionamento com a mídia

Nas oficinas do Projeto Mídia e Conselhos, jornalistas econselheiros constataram a insegurança que muitas vezesafeta os dois interlocutores, o que acaba comprometendouma boa relação. Mitos como “todo jornalista é contra oEstatuto” ou “a mídia quer prejudicar os Conselhos,deturpando as falas e os fatos”, são comuns noimaginário dos conselheiros. Por outro lado, os jornalistas, via de regra, desconfiam dacapacidade de organização de informações dosConselhos ou ignoram suas competências e atribuições.Devemos apostar numa “parceria pedagógica”, ou seja:há uma desinformação geral na sociedade a respeito dosdireitos da criança e do adolescente e o jornalista tambémé atingido por essa visão de senso comum. Se isso é umproblema, é também uma oportunidade para que oconselheiro possa dialogar com o jornalista – como seestivesse fazendo isso com os leitores, ouvintes outelespectadores. Porém, reconhecer a importância da mídia é diferente dese submeter a ela. Deve-se evitar uma relação domésticade favores pessoais, caracterizada, por exemplo, pelo usode expressões do tipo “me quebra o galho e divulga isso,tá?”, ou “me dá uma forcinha...”. O relacionamentoprecisa ser pautado pelo profissionalismo, visando adivulgação de informações de interesse público.Não discrimine veículos ou jornalistas. O atendimento àimprensa não deve levar em conta apenas a capacidadede alcance ou a importância institucional de um ou deoutro. Trate todas as solicitações com o mesmo respeitoe atenção. Evite preconceito contra veículos ouprofissionais desconhecidos. Considere o fato de quepequenos veículos, muitas vezes, atingem maisdiretamente o público prioritário para os Conselhos.

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essa lei é muitobonita no papel,

mas...

alguns“menores” são

realmenteirrecuperáveis.

esse estatutonão é muito

utópico?

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Cuidados com as notíciasenvolvendo jovens emconflito com a lei

O papel de porta-voz do Estatuto faz dos Conselhosum dos principais protetores da imagem dosmeninos e meninas na mídia, quando ligada a fatosque possam estigmatizar, causar danos de naturezapsicológica ou afetar moralmente. Deve-se buscartambém esclarecer as punições estabelecidas peloEstatuto quando os jornalistas descumprem as leisde proteção à imagem de crianças e adolescentes.Muitos jornalistas têm um entendimento equivocadoda lei. A tendência é achar que o Estatuto, ao proibira exposição do nome, apelido, filiação, fotografiasou ilustrações que identifiquem a criança e oadolescente, inviabiliza o trabalho e protege osmeninos e meninas acusados de cometer atoinfracional. Mas, na verdade, ao cobrir casos deadolescentes em conflito com a lei, profissionais decomunicação cometem sérios equívocos, nãogarantindo a proteção a que têm direito.Os Conselhos devem esclarecer a mídia nessesentido: o Estatuto não tem a intenção de proibir asentrevistas com esses jovens, mas sim preservarseus direitos à privacidade e à dignidade.

Algumas dificuldades comuns aos Conselhos narelação com a imprensa, apontadas nosquestionários do Projeto Mídia e Conselhos:

.1/ Não contam com uma assessoria profissional decomunicação;

.2/ Poucas informações organizadas, bem fundamentadas,diretas e precisas;

.3/ Dificuldade dos conselheiros em compreender as técnicas elinguagens da comunicação (jornais, revistas, programas derádio, Internet etc);

.4/ Desconhecimento dos termos técnicos da área dos direitos,por parte do jornalista, que é quem vai traduzir a informaçãopara o público;

.5/ Visão da comunicação como mera publicidade: só chamama imprensa quando vão realizar algum evento;

.6/ Falta de informação sobre a estrutura e o funcionamentodos veículos de comunicação: o ritmo rápido das redaçõese o papel de cada profissional na construção da informação;

.7/ Insegurança, nervosismo ou agressividade nas entrevistas,talvez por desconfiança e medo em relação aos jornalistase editores.

.8/ Dificuldade do conselheiro em filtrar adequadamente asinformações que transmitem aos jornalistas, dando espaçoa que algumas vezes sejam fomentadas abordagenssensacionalistas envolvendo crianças e adolescentes.

Algumas dificuldades comuns aos jornalistasna relação com os Conselhos, apontadas nosquestionários do Projeto Mídia e Conselhos:

.1/ Tempo escasso para apuração das informações;

.2/ Concorrência de várias matérias para espaços curtos dedivulgação;

.3/ Desinformação dos profissionais de imprensa sobre osdireitos da criança e do adolescente;

.4/ Pressão por matérias vendáveis, que agradem o público;

.5/ Desconhecimento sobre a estrutura, competências efuncionamento dos Conselhos de Direitos e Tutelares.

_É fundamental estar bem preparadopara conceder uma entrevista. Ao serprocurado, pergunte ao jornalista qualserá o assunto e, se possível, quaisserão as perguntas. Essa noção sobreo teor da conversa e sobre o veículopara o qual ele trabalha é o ponto departida para uma boa preparação.

_Lembre-se que o fator tempo deve serlevado em conta sempre. Quando ojornalista necessita de uma informação,normalmente não dispõe de muitotempo para esperar. Por isso, procureresponder logo. Caso não se sintaseguro, informe ao profissional decomunicação que não domina aqueleassunto específico. Nesse caso, éimportante indicar outras fontes para atemática em questão.

_Esteja preparado para perguntas ruinsou mal-formuladas e encontre respos-tas para elas. Pratique suas boasrespostas com antecedência. Prepare-se também para perguntas agressivase irônicas (por exemplo, “o senhor nãoacha que esse Estatuto protege demaisesses delinqüentes juvenis?”).

_Reúna material de consulta.Exemplos, números, pesquisas, datase nomes facilitam o trabalho dojornalista. Tentar ser claro e objetivo

garantirá que suas citações serãoutilizadas. Use vocabulário que podeser compreendido pelo público emgeral. Cuidado com o uso de jargões,termos técnicos, siglas ou abreviaçõesque só quem é da área conhece (Ex:ECA, Conanda, Sipia).

_Ao dar entrevistas sobre políticaspúblicas, enfatize as diversas questões:quem são os responsáveis pelasações, quem pode fiscalizar e quais sãoos prazos de execução dos projetos,além de deixar claro de onde vem averba.

_Sempre que possível, opte porconversar pessoalmente com orepórter. Além de estreitar os laçosentre a fonte e o jornalista, o contatopessoal enriquece a entrevista e podediminuir os problemas de ruído nacomunicação.

_Em vez de ficar com medo de darentrevista, ou achar que nem adiantaenviar para os veículos a divulgação deum evento, o conselheiro deve enten-der eventuais posturas desfavoráveisdos jornalistas como um desafio,preparando-se com bons argumentos.

/na hora da entrevista

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“Durante a comemoração dos 10 anosdo Estatuto uma emissora AM de grandetradição na cidade nos convidou parafazer um programa de rádio ao vivo.Minha surpresa foi perceber que a rádioé um meio de comunicação que tem umapenetração enorme: ao vivo, nós tivemosa participação de vários municípios dointerior do estado. O jornalista enfocou aquestão da redução da idade penal efizemos um programa muito interessanteque mudou a impressão que eu tinhasobre rádio. Tem a Internet, a TV, atérádio FM, mas a rádio AM eu achei queninguém ouvia mais. No entanto, ouve eouve muito. Foi interessante constataressa realidade”.Edmundo Ribeiro– CEDCA/BA

“Os jornalistas de um programa queenfoca aspectos da vida em comunidade,numa rádio local, convidaram osconselheiros para uma entrevista.Avaliamos o teor das perguntas, queenvolviam políticas públicas e pedimosao assessor jurídico para participarconosco. Esta rádio é voltada para acomunidade e todo sábado elestransmitem ao vivo de diferentes regiõesda cidade, e lá está o Conselho”.Lúcia Castênho– CMDCA de Porto Alegre/RS

_Entrevista por telefoneCaso seja seu primeiro contato com um jornalistadesconhecido ou uma publicação da qual você nunca ouviufalar, pergunte-lhe se você pode retornar a ligação em 15minutos. Isto lhe dará a oportunidade de fazer uma checagemda identidade de quem lhe telefonou. Aproveite este tempopara se preparar para a entrevista.Durante o primeiro contato, pergunte ao repórter o que elequer exatamente, quem mais será entrevistado, qual ocontexto, etc. Durante a entrevista, concentre-se e tomemedidas para não ser interrompido. Seja amistoso e educado,mas firme, quando necessário.

_Entrevista na TV Nas entrevistas gravadas, procure dizer objetivamente a fraseque gostaria de ver veiculada. Não dê respostas longas, poiselas podem ser editadas e ganhar um outro sentido. Olhe paraa câmera e para o entrevistador, com naturalidade, pois odiálogo é duplo: você fala para o repórter e para otelespectador ao mesmo tempo. Evite roupas com listras finas, xadrezes pequenos e comgrandes áreas brancas ou vermelhas. Elas provocam efeitosdesagradáveis no vídeo e desviam a atenção do telespectador.Em programas ao vivo, com interação com o público ou dedebate, seja sempre cordial na entonação, mesmo diante deum questionamento agressivo ou desafiante.

_Entrevista coletivaAo contrário dos outros tipos de entrevista, em que oConselho atende a solicitações de jornalistas, neste caso aentrevista coletiva é uma estratégia que parte do próprioConselho. A coletiva se justifica apenas se há necessidade dedivulgação de algum assunto de grande interesse público. Neste caso, o Conselho envia uma pauta (ver glossário) paraos meios de comunicação convocando uma entrevistacoletiva. Durante a entrevista, os conselheiros começamexpondo as informações principais, antes de abrir espaço paraas perguntas dos repórteres. É aconselhável distribuir aosjornalistas um resumo sobre o tema que está sendo divulgado,o que irá ajudá-los a redigir ou editar a matéria mais tarde.

Quem coordena a coletiva são os entrevistados e não osentrevistadores. Os conselheiros devem avaliar até que pontoas dúvidas dos jornalistas já foram suficientemente esclarecidase a entrevista pode ser encerrada. Alguns repórteres podem tertempo para esperar e aprofundar o assunto com algumconselheiro ou telefonar depois para esclarecer possíveisdúvidas que surgirem durante a elaboração do material final.

_O dia seguinteNão espere perfeição da imprensa, nem tampouco que a suaentrevista seja publicada na íntegra. Evite a chamada “síndromeda reação compulsiva”. As críticas publicadas pela imprensadevem ser analisadas, caso necessitem ser respondidas. Oimediatismo e a pressa dos veículos de comunicação em obterrespostas resultam, às vezes, na edição de informaçõesparciais, incompletas e até descontextualizadas.É bom ficar em permanente contato com as redações.Ocorrendo problema, procure discutí-lo em primeiro lugar como jornalista que fez a matéria (evite ir logo a seu chefe),explicando o que não foi bem divulgado. É possível enviarmaterial com os dados e conceitos corretos, procurandomanter as portas abertas sempre.No caso de equívocos grosseiros, que vão gerar problemaspara a imagem do Conselho ou da criança e do jovem citadosna reportagem é preciso estar atento à Lei de Imprensa eestudar a possibilidade de retratação no veículo decomunicação. Caso o Conselho não disponha dedepartamento jurídico, pode pedir apoio nas organizações queofereçam serviços advocatícios.Por outro lado, se uma matéria ficou boa, se foi além de suasexpectativas, é simpático enviar uma correspondênciaparabenizando.

“Com certeza a primeira preocupação do conselheiro aotratar a imprensa seria a de estar traindo um segredoprofissional. Mas os conselheiros podem passarinformações para a imprensa preservando o nome e aidentidade de crianças e adolescentes, mostrandoestatísticas de violações. A imprensa às vezes procuraalgo sensacionalista e expositivo, precisa da imagem. Aíos conselheiros se retraem, pois eles temem estarexpondo a criança, o adolescente e a família. É precisoque a imprensa e os conselheiros definam uma diretrizde trabalho colaborativo. É um dever do conselheirodivulgar seu trabalho: ele é um servidor público e comotal ele tem que deixar claro o trabalho que é feito”.Celina Chagas– Conselheira Tutelar de Belo Horizonte/MG

“Temos que preservar a imagem da criança envolvidanuma situação noticiada pela imprensa, porque existemlimites que às vezes não são respeitados e os direitossão violados. Estamos preocupados porque somosfontes insignificantes nas matérias pertinentes à área dainfância e da adolescência, segundo as pesquisas daANDI. Começamos a trabalhar com escolas eeducadores, porque as universidades não trabalham oestatuto”.Maria Margareth Alves– CMDCA de Foz do Iguaçú/PR

“Temos produzido matérias semanais com o jornal etem sido muito bom. O jornal nos procurou para umaentrevista e não sabiam o que é o CMDCA. Então,ficamos muito tempo explicando o que era o CMDCA, oConselho Tutelar e seu papel. Depois disso começaramas matérias semanais. Vamos participar também de umdebate na TV com os conselheiros tutelares que estãoparticipando do processo eleitoral.”Adria Cristina de Almeida– CMDCA de Ponta Porã/ MS

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42/quem é quem numa redação

De uma maneira geral, as redações organizam-se da seguinte forma:

_A direção define a orientação da linha editorialdo veículo de comunicação. Respondelegalmente quando há problemas decorrentesdas matérias não assinadas, no caso dos jornais,e é co-responsabilizada pelos textos e matériasveiculadas na tevê e no rádio, cujo autor estáidentificado. Como responsável legal peloveículo, a direção deve aprovar as peças maisdelicadas da edição. Como gestora, ela devepromover a ligação entre a administração daempresa e a redação. Para manter talintegridade, a direção pode supervisionar arealização de reportagens e trabalhos de maiorfôlego e importância para o veículo,determinando o tipo da abordagem e os meiosque serão utilizados para a execução da matéria.

_A chefia de redação tem a função de coordenar,acompanhar e supervisionar todo o trabalhoeditorial e responsabilizar-se – sozinha oujuntamente com a direção – pela montagem dosdestaques do noticiário.

_Os editores de área ou seção coordenam osredatores de sua área. Por exemplo: esporte,política e economia. Eles editam todo o materialjornalístico produzido pela equipe.

_Os repórteres são os jornalistas que buscam asinformações, entrevistam as fontes e formulam aprimeira versão das matérias que, muitas vezes,são retrabalhadas por redatores antes de seremveiculadas.

_Os redatores são jornalistas que escrevem ostextos do jornal, dos telejornais e informativos derádio. Nem todos os veículos dispõem deste tipode profissional, deixando a responsabilidade deredação para os repórteres. A atual política degestão nas redações tem promovido a freqüentetroca de redatores nas editorias, por isso elesprecisam dominar a maioria dos assuntos.

_Os colaboradores realizam um trabalhojornalístico diferente dos redatores. Na maioriadas vezes, estes trabalhos referem-se aassuntos especializados, que pedem um tipodiferenciado de produção, de pesquisa e de co-bertura. Por isto, a relação entre colaboradores eveículos pode variar de caso para caso. Exem-plos práticos são os textos assinados porsexólogos, psicólogos, pedago-gos nos jornaispara o público jovem. Médicos, juristas ejornalistas que não integram o corpo dasredações também são convidados a colaborar.

_Os colunistas nem sempre são jornalistas, masinvariavelmente são autoridades reconhecidasno assunto que tratam e possuem espaço fixo,seja ele diário ou semanal. Apesar de nãodefinirem a linha editorial, é também por meiodas opiniões dos colunistas que conhecemosum pouco da ideologia do veículo.

_O conselho editorial é um órgão consultivo,com responsabilidades na definição da linhaeditorial do meio de comunicação. Seus mem-bros podem colaborar diretamente ou não como trabalho jornalístico cotidiano.

Formando os jornalistasOs encontros do Projeto Mídia e Conselhospossibilitaram a jornalistas e conselheirosoportunidade de avaliar a viabilidade decooperação profissional para a produção demateriais jornalísticos que contextualizempara a sociedade os fatos relacionados àpromoção e defesa dos direitos de criançase adolescentes.

Isso aconteceu porque os conselheirospuderam conhecer um pouco do trabalho dosjornalistas nos veículos de comunicação – asrotinas e o tempo, os papéis dos diferentesprofissionais na produção da notícia, aelaboração das pautas – e a necessidade deformação para uma cobertura eficiente dosconceitos relacionados à promoção de direitos.Por sua vez, os comunicadores conheceram opapel e funções dos Conselhos e o trabalho deatendimento e averiguação de denúncias, ou deplanejamento de políticas adequadas àrealidade de cada município. Entenderam osproblemas do cotidiano dos conselheiros, comoa falta de estrutura física, de equipamentos e,muitas vezes, de apoio político das prefeituras.

Muitos Conselhos já tomam a iniciativa deconvidar os jornalistas a participar de encontrosde formação, realizam oficinas e procuramsensibilizar os futuros profissionais ainda nasuniversidades.

Dicas para um bom relacionamento com a imprensa_

_ Lembre-se que os jornalistas trabalham com tempo bem delimitadoe atrasar uma entrevista ou deixar de retornar um contato podesignificar a perda da divulgação de um assunto importante.

_ Não é delicado pedir ao jornalista que mostre o texto antes depublicá-lo. Soa como uma desconfiança de que ele não será capazde fazer o seu trabalho. Se o tema for muito complexo, forneçainformações complementares por escrito e se ofereça paraesclarecer eventuais dúvidas. A fonte não deve interferir na ediçãoda matéria, tentando ensinar o repórter a fazer o seu trabalho, queconsiste em apurar as informações e redigir o texto, mas podesugerir o enfoque que considera correto para a reportagem.

_ Aproveite sempre o contato com o jornalista para proporcionarnovas indicações de assuntos pertinentes ao Conselho do qual vocêfaz parte.

_ Ao descobrir que passou uma informação incorreta, aviseimediatamente ao jornalista.

_ Não fuja de notícias desagradáveis. Essa postura acaba sendo anotícia do dia seguinte. Seja transparente. Dê a melhor informaçãopossível.

_ Evite falar “em off” (ver glossário). Se não quiser abordar umassunto, diga claramente ao jornalista. Mesmo no caso de extremaconfiança no repórter, é preciso lembrar que ele pode serfortemente pressionado pelo seu diretor a revelar a fonte.

_ Estimule especialistas e profissionais da área a escreverem artigosde opinião e a darem entrevistas.

_ Nunca assuma uma postura de superioridade na relação com osjornalistas. Esse tipo de atitude pode atrapalhar o bomrelacionamento entre fonte e repórter e comprometer a qualidadeda informação.

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/entrevista no rádio

Dicas para você se sair bem_.1/ O som deve suprir a ausência da imagem. Portanto,

deve-se pronunciar as palavras clara e corretamente, demaneira objetiva, ser natural e falar diretamente com oouvinte.

.2/ Muitas vezes, o ouvinte acompanha entrevistas pelametade. As informações importantes devem ser repetidasde maneira variada. Evite o excesso de palavras eexpressões de apoio (né, aí, então), de jargões vazios (anível de, com certeza), de siglas e palavras difíceis (ECA,Sipia, Cedca). Evite também o uso de clichês, expressõese frases prontas: “devido à má distribuição de renda”, “épreciso vontade política”, “enquanto não houverseriedade”, que indicam pouca profundidade edesconhecimento do assuntoabordado.

.3/ Para fechar a entrevista, procureresumir a idéia central. Ofereça otelefone do Conselho, orientando oouvinte para a forma de contato. Emprogramas de interação com o ouvintepor telefone ou de debates, nuncaataque o seu interlocutor. Mesmo queele tenha sido agressivo, não revide eprocure esclarecer suas opiniões comargumentos claros e de maneiratranqüila.

/as rádios comunitárias

Inseridas nas comunidades, as chamadas rádioscomunitárias têm concessão para operar com alcancereduzido. Por isso, a programação, que geralmentetem muito espaço reservado para programaseducativos, é voltada para assuntos locais ou deinteresse das pessoas que moram ou trabalham emdeterminadas regiões.

Nessas rádios os Conselhos vão encontrar espaçopara discutir a situação específica de sua área deatuação, ouvir da comunidade as denúncias eesclarecer as dúvidas sobre o papel dos Conselhos.

As rádios comunitárias trabalham com estruturasimples e equipe reduzida, formada por pessoas daprópria comunidade. Isso faz com que o formato dosprogramas, as entrevistas e até as conversas com osouvintes costumem ser marcadas por certa

informalidade. Não significa falta deseriedade, mas que é possível estarmais à vontade para conversar einteragir com as pessoas de suaprópria região.

/o rádio em destaque

Muitos conselheiros consideram o rádio como umveículo especial, sobretudo por seu enormealcance junto a todas as classes sociais. O rádiodesperta a sensibilidade de cada ouvinte, que criasuas próprias imagens do que está sendonarrado. Um bom locutor ou um bom entrevistadoconsegue emocionar e convencer a audiência.

O rádio é também um meio ágil, capaz de informarde maneira quase simultânea à ocorrência dequalquer evento. A rapidez na informação aindaconquista o ouvinte, mesmo que a velocidade nãoseja mais característica apenas das emissoras,que hoje concorrem com a tevê e a Internet paragarantir a notícia em tempo real.

Roquete Pinto, que fundou a primeira emissoraradiofônica do Brasil, em 1923, dizia que aprincipal função do rádio era educar. Eleacreditava que, se o rádio fosse utilizado “comvontade, alma e coração poderia transformar ohomem em poucos minutos”.

As rádios geralmente têm tempo disponível paradivulgar notícias sobre a criança e o adolescenteao longo de suas várias horas de programaçãodiária. Por isso, é importante conhecer aprogramação daquela determinada emissora eenviar as notícias ou sugestões de pauta para osradialistas cujo perfil permite a abordagem dessesassuntos.

Os programas de notícias são os mais indicados ecostumam ir ao ar nos horários de maioraudiência. Também é importante que osConselhos produzam e ofereçam gratuitamenteàs rádios pequenos comerciais (ou spots) quedivulguem suas ações e atribuições. A produçãode spots para rádio tem custo reduzido, mas nempor isso dispensam o apoio e a colaboração deradialistas, ou seja, profissionais habilitados.

Existem algumas campanhas para rádio prontasque podem ser solicitadas pelos conselheiros eoferecidas às rádios. A campanha ConselhoTutelar: todo mundo precisa conhecer, realizadapela ANDI e Conanda, com apoio da SecretariaEspecial dos Direitos Humanos, Rede ANDI ePetrobras, produziu cinco spots para rádio queestão disponibilizados gratuitamente no site daANDI (www.andi.org.br). É possível copiar osarquivos pelos computadores das próprias rádios.

Outra iniciativa interessante é a produção de spotsde rádio, de 45 minutos de duração cada, quecomplementam os variados temas abordados noboletim mensal Rádio pela Infância, elaboradopela ANDI e Unicef. Os spots estão disponíveisnos sites da ANDI (www.andi.org.br/spotsrpi) eUnicef (www.unicef.org.br).

Ondas poderosasGrande parte da população brasileira ouve rádio todos os dias. Mesmo as famílias mais pobres, em todas asregiões do Brasil, possuem pelo menos um aparelho de rádio em casa. Isso mostra o potencial do rádio paracontribuir na melhoria da qualidade de vida das pessoas, por meio da informação. Matrícula escolar,vacinação, preservação do meio ambiente, enfrentamento da violência doméstica são apenas algunsexemplos de campanhas de utilidade pública que podem ser sugeridas pelos Conselhos aos radialistas.

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/capacitação da imprensa

Para vencer o despreparo dos profissionais decomunicação diante da temática da infância e daadolescência, o Conselho de Direitos de MatoGrosso do Sul oferece cursos de capacitaçãopara jornalistas. A idéia surgiu do entendimentode que, apesar de não contarem com uma boaformação sobre o tema, há muitos profissionaiscom vontade de celebrar o compromisso socialcom crianças e jovens. Os conselheiros sentemque estão produzindo uma relação de confiançacom os jornalistas.

A MÍDIA COMO ALIADAPor todo o Brasil, conselheiros de Direitos e Tutelares encontraram formas de aproximação coma imprensa que estão produzindo bons resultados para a divulgação de suas ações em defesados direitos das crianças e dos adolescentes. Estes exemplos foram colhidos nas “Redes deTrocas” e nas “Vídeo-Cabines”, durante as oficinas do Projeto Mídia e Conselhos, realizadas emBelo Horizonte, Brasília, Manaus, Salvador, Natal e Curitiba.

/de olho no calendário

As datas comemorativas também são boasoportunidades para se conseguir uma ampla cobertura

da imprensa. Em Caxias (MA), a Semana do dia 18 de maio é sempremovimentada, com a realização de entrevistas coletivas organizadas pelosconselheiros e a participação em programas televisivos. São ações que garantema divulgação e a discussão sobre a data. Os Conselhos Tutelares utilizam umaassessoria pública como suporte para suas ações. Existe ainda um programa derádio quinzenal, que conta com participação popular por telefone. O efeito ésempre positivo e cria na população o hábito de procurar o Conselho Tutelar nocaso de denúncias de violação do Estatuto da Criança e do Adolescente

/como construir umplano de comunicação

O Conselho de Direitos do estado da Bahia partiu para a ação eelaborou o seu projeto de comunicação. Estruturado em trêspartes, o plano contém um banco de dados, um site com umboletim eletrônico e o jornal Expressando Direitos. Para 2004,será lançado um novo programa de comunicação voltado paraempresários, visando captar recursos para o FIA, além deseminários destinados à capacitação de jornalistas. /kit informação

faz sucesso

Em Camaçari (BA), o Conselho de Direitos tem espaços abertos juntoa emissoras de tevês, jornais e rádioscomunitárias. Nestes veículos, elesdistribuíram um “kit de formação”sobre o Sistema de Garantias de Direitos, contendo folders institu-cionais dos Conselhos de Direitos e Tutelares, cartilhas com a íntegra doEstatuto e informações sobre asações desenvolvidas pelos Conse-lhos. Os conselheiros enxergam amídia local como parceira na di-vulgação do Estatuto da Criança e doAdolescente.

/o exemploque vem do sul

O Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Caxias do Sul(RS) está gradativamente se aproximando da imprensa local. Os conselheirosfazem visitas periódicas aos veículos, acompanham as reportagens veiculadasem tevês, rádios e jornais, o que tem estreitado a relação com os jornalistas epauteiros. Os profissionais da imprensa têm o telefone e o e-mail dosconselheiros e sempre mantêm contato para novas entrevistas. Umapreocupação do Conselho é conhecer o perfil dos conselheiros e a área com aqual se identificam para indicá-los como fontes de informação. Alguns atuam emáreas específicas como educação e erradicação do trabalho infantil e, nessesentido, podem servir de referência para os jornalistas.

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Muito além da tevê, do rádio e do jornal, acomunicação está presente em nossas vidas, nonosso cotidiano, a todo momento. No Brasil, a “mídiaalternativa” tem crescido ano a ano, a partir deiniciativas de pessoas que já entenderam que nãoprecisamos ter um programa numa emissora de rádioou que escrevamos artigos e matérias nos grandesjornais e revistas para sermos percebidos.

Consideramos “mídias alternativas” aquelas soluçõessimples de comunicação criadas para atingir os maisdiferenciados públicos, contribuindo para a mobi-lização da sociedade por meio das campanhas deesclarecimento, de convites para eventos, da come-moração de datas específicas e da divulgação deinformações sobre serviços disponíveis.

Selecionamos aqui algumas estratégias de comu-nicação eficazes para atingir nosso objetivo de difundira cultura promotora dos direitos da criança e doadolescente para a sociedade.

O computador e a Internet – Os recursos dainformática possibilitam a produção de jornaiseletrônicos, a criação de sítios (websites) eletrônicosque funcionam como apresentação das atividadesdesenvolvidas pelos Conselhos, a formação de redesde intercâmbio entre Conselhos, a criação de bancosde dados sobre denúncias recebidas, atendimentos eencaminhamentos, organização e disponibilização dearquivos de imagens, realização de consultas epesquisas em todos os campos e acesso a

bibliotecas, legislações e dados estatísticos, comextrema agilidade.

No entanto, segundo o IBGE - Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística, apenas 10% da populaçãobrasileira tem acesso à informática. Um dos grandesdesafios atuais da comunicação é combater a“exclusão digital” e, por isso, crescem ações paraviabilizar a adoção das redes de computadores nasescolas e em espaços públicos como bibliotecas ecentros culturais.

É importante que os Conselhos ingressem naera digital e utilizem os seus computadorescomo ferramentas de comunicação e pesquisa.Para organizar e socializar as suas informações,os Conselhos podem utilizar especialmente trêsestratégias:

_Banco de DadosO Sipia – Sistema de Informação para a Infância eAdolescência, em fase de implantação no País, tende a serum mecanismo eficaz de produção de informaçõespadronizadas, nos parâmetros no Estatuto da Criança e doAdolescente (ver quadro na página 61). Outro bancoimportante para os Conselhos e para a Justiça da Infância eda Juventude é aquele decorrente do registro de entidades einscrição de programas de atendimento a essa faixa etária,produzido pelo Conselho de Direitos. Oferecer informaçõesorganizadas e atualizadas é um dever que os Conselhos têmem relação à população.

AÇÕES DE APROXIMAÇÃO COM A COMUNIDADE TÊM SE ESPALHADO POR TODO O BRASIL. AQUI ESTÁ UMA REDE DE NOVAS IDÉIAS E UMA LISTA DE CONCEITOS QUE INDICAMCAMINHOS PARA A CONSTRUÇÃO DE DIÁLOGOS MAIS PRÓXIMOS COM A COMUNIDADE

/alternativas em comunicação para mobilizar a sociedade

boas, criativase baratas_

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“Criamos uma rádio comunitária porentendermos que a sociedade civil tem odireito de comunicar e ter um veículo decomunicação para divulgar suas ações. Arádio comunitária também tem um papelimportante de conscientização sobre odireito da criança e do adolescente. Nosemi-árido da Bahia nós trabalhamos coma denúncia da exploração do trabalhoinfantil na pedreira e no sisal, atividadesinsalubres que prejudicam a saúde. Osouvintes ligam para a rádio e denunciam otrabalho infantil na zona rural, a violênciadoméstica. Imediatamente acionamos oConselho Tutelar para tomar as medidasnecessárias”.Edsvânio Nascimento– Rádio Comunitária, Santa Luz /BA

“Nós construímos o informativo Pandorapara que a sociedade conheça osConselhos, suas ações e projetos, ondeestão sendo aplicados os recursospúblicos e quais os projetos emandamento. O nome e o logotipo do jornalforam escolhidos por crianças em umconcurso sem prêmios.”Lúcia Castênho– CMDCA de Porto Alegre/RS

“Na carência de veículos sofisticados,buscamos a igreja, a praça, solicitando aoscomerciantes que divulguem o trabalhoatravés de embalagens dos produtoscomercializados em seusestabelecimentos. Enfim, haverá sempreuma forma de divulgar o trabalho quandoas pessoas estiverem interessadas”.Celina Chagas– Conselheira Tutelar de Belo Horiezonte/MG

_Boletim EletrônicoPara facilitar e agilizar a comunicação, osConselhos podem produzir regularmente umboletim eletrônico e distribui-lo por meio do correioeletrônico (e-mail) para a rede de contatos e/oudisponibilizá-lo também na Internet. Ao fazer isso,é preciso ter em mente as características enecessidades do público que se quer atingir ecuidar para que as informações sejam adequadas(poucas e curtas) para este tipo de publicação.

_Página Eletrônica (website)É muito simples e barato construir uma página edivulgá-la na Internet. Existem programas para aprodução de páginas eletrônicas disponíveisgratuitamente. Alguns lembretes são importantes:a página deve ser leve (poucas figuras oudesenhos que pesam muito), para que as pessoasas acessem rapidamente, mesmo em compu-tadores mais antigos.É interessante cadastrar a página nos chamadossites de pesquisa (Ex: Yahoo, Google, Cadê?,Altavista, etc). Assim, quando alguém procurar pelotema “direitos da criança e do adolescente”, onome do Conselho aparece para o interessado. Ostextos para Internet devem ser curtos e resumir aidéia central, mas podem remeter a links cominformações mais aprofundadas. É um bom espaçotambém para divulgar informações e estatísticas.As fotografias devem ter crédito e legenda e suadivulgação deve ser previamente autorizada porquem foi fotografado e por quem fotografou.

Boletim impresso – Os Conselhos podem também produzirseu próprio jornalzinho. O ideal é que ele tenha umaprodução regular (bimestral, por exemplo) e o tamanho eformato dependerão da disponibilidade de recursos de cadaConselho. Um jornal deve ter pelo menos uma matériacentral e duas ou três matérias menores, além do editorialcom a opinião do Conselho sobre determinado assunto.Importante trazer um expediente, seção que apresenta osnomes dos editores, repórteres, o nome do jornalistaresponsável (todo jornal ou boletim impresso exige a figurado jornalista responsável, sob pena de multa prevista na Leide Imprensa), o nome do Conselho, o seu endereço etelefone, e o nome e endereço da gráfica onde o boletim foiimpresso. No caso dos Conselhos que não possuemjornalistas em seu quadro de funcionários, o ideal é convidarum profissional local para ser colaborador na revisão ouedição do informativo e solicitar que ele seja o jornalistaresponsável da edição. Fotos e desenhos são muitoadequados, desde que bem relacionados com os assuntostratados e contenham legendas e créditos explicativos.

Nos postes e ônibus – Em São João Del Rei (MG), existe oJornal do Poste que é aguardado semanalmente pelosmoradores. Enquanto esperam o ônibus, eles podemacompanhar as notícias da cidade. Em Belo Horizonte (MG),a prefeitura produz o Jornal do Ônibus: em formato cartaz,os exemplares são distribuídos e afixados em todos osônibus que circulam na cidade. Jornais veiculado em ônibussão um instrumento eficaz para a divulgação de campanhase datas importantes para os cidadãos que podem ser muitoúteis para os Conselhos darem mais visibilidade a suasações.

Jornal Mural – É um espaço coletivo muito utilizado e quepode servir para divulgações externas (para a comunidade)ou internas (dentro do Conselho). É fundamental que tenhaagilidade nas atualizações de conteúdo. Para promover aintegração, também cabem comentários, correspondênciase textos divertidos. O local precisa estar em ponto depassagem obrigatório do público leitor. Uma chapa decortiça forrada com feltro e emoldurada com madeira, ou

materiais reciclados podem ser uma boa base para o jornal mural. Aescolha do nome também é estratégica, sendo importante ouvir assugestões encaminhadas pelo grupo. Algumas dicas de assuntos quepodem constar no jornal: notícias do Conselho; informativo dacomunidade; comentários sobre assuntos nacionais que repercutemna vida do cidadão; informes do terceiro setor (inclusive cursos,encontros, seminários); depoimento de algum parceiro; editorial;humor.

Varal – O varal é um meio de divulgação para informes rápidos (umasemana, no máximo). Impresso ou escrito em papel resistente, omaterial é pendurado como roupas numa corda. Dependendo dotamanho das notícias, elas podem ser protegidas por capas plásticasusadas em arquivos de documentos. A escolha do local é decisiva paraa eficiência do veículo. É preciso um espaço de grande circulação esem corrente de ar. Festas populares, feiras, centros comerciais,saguões, centros comunitários, escolas e bares são boas opções.

Sistemas de som – Outras alternativas de baixo custo são ossistemas de som, montados em carros, bicicletas, nos postes dacidade ou em uma feira. Também são úteis para divulgar o Conselho e,dependendo da região, as idéias mais simples podem ser a melhorsaída. Os sistemas de som podem ter programação ao vivo (como nasfeiras e festas) ou divulgar uma mensagem pré-gravada (em fita K-7 ouCD) pelas ruas da cidade, como no caso dos carros de som.

Panfletagem – Muitos Conselhos têm lançado mão dessa estratégiasimples e direta de comunicação. Em espaços de grande circulação,os conselheiros podem distribuir materiais (folders, folhetos) referentesa campanhas ou para divulgar a existência e atividades dos Conselhos.Muitas pessoas aproveitam para fazer perguntas na hora a quem estádistribuindo o material. Por isso é bom estar preparado. Para ser eficaznessa estratégia é aconselhável que o material distribuído seja bonito eatraente para os leitores. A prefeitura ou o governo estadual podeapoiar a impressão desses materiais utilizando, muitas vezes, osprofissionais que criam os produtos de comunicação e a estrutura dasgráficas oficiais. O Estatuto (Art. 265) prevê que as gráficasadministradas pelo governo federal devem promover impressão decópias do Estatuto para distribuição em escolas e entidades.

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_Janeiro / FevereiroÉpoca de matrícula escolar. Os Conselhos devem se posicionarsobre a política educacional do seu âmbito de atuação(municipal, estadual ou federal) e informar a população sobresuas decisões nessa área e o número de ocorrênciasregistradas por falta de vagas._MarçoAs discussões sobre as questões da mulher podem seraproveitadas pelos Conselhos no Dia Internacional da Mulherpara dizer dos direitos – respeitados ou violados – dasmeninas e de suas mães._MaioUm bom momento para divulgar informações e posiçõessobre o trabalho infantil e de adolescentes, pois o dia 15 é oDia Internacional da Família de acordo com a ONU. Outrapauta importante é a data do 18 de maio, estabelecidanacionalmente como o dia de reflexões sobre oenfrentamento da violência e exploração sexual de criançase adolescentes._JunhoO dia 4 é dedicado internacionalmente às crianças vítimasde violência. Aproveite para divulgar a posição dosConselhos no sentido da proteção e promoção dos direitosao respeito e à integridade física. Posicione-se também emrelação ao Dia Internacional do Meio Ambiente (5), falandodas condições ambientais em que crianças e adolescentesestão se desenvolvendo.

_JulhoMês de aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente,que foi promulgado em 13/07/90.

_AgostoNeste mês comemora-se o Dia do Estudante (11) e aSemana da Pessoa com Deficiência (21 a 28). Informe sobreos direitos de crianças e adolescentes relacionados àeducação e à inclusão social._Outubro12 é o Dia da Criança

_NovembroO dia 20 é consagrado à consciência negra. Entre no debatesobre a atenção social voltada para crianças e adolescentesnegros._DezembroNos dias dedicados ao enfrentamento da Aids (1) e à saúde(2), apresente informações sobre as políticas de orientaçãopara a vivência saudável e feliz da sexualidade e as da áreada saúde, voltadas para crianças e adolescentes. No Dia doVoluntário (5), apresente alternativas de discussão sobrepolíticas de voluntariado dentro dos Conselhos.

/agenda cheia o ano inteiro

A imprensa acompanha eventos importantes ou datas significativas. Os Conselhos devem sugerir“ganchos” (ver glossário) para os veículos de comunicação, a partir de datas importantes. Vejamosalguns exemplos:

Dica GeralEm qualquer pauta, os Conselhos podem incluir a divulgação de experiências bem sucedidasrelacionadas ao assunto que está sendo tratado pela mídia. Merecem destaque iniciativas que seapresentam como solução para os desafios relacionados à promoção dos direitos da criança e doadolescente e que, de alguma forma, têm um diferencial em relação ao que a população já conhece.

/trabalhando com as instituições da comunidade

_Palestras em escolas e/ou aulas incorporadas ao currículo de todos os níveis deensino, por exemplo, têm sido utilizadas por vários conselheiros para divulgarinformações e formar nos estudantes uma opinião crítica, visando sua participaçãono exercício da defesa e promoção dos seus direitos. É importante que esse trabalhoseja planejado junto com a escola; que tenha sistematicidade (e não seja algopontual) e que se estenda a toda comunidade escolar (alunos, professores, outrosprofissionais e aos pais). Como o tempo do conselheiro é muito curto para atendertoda a demanda de formação, é adequado que ele sugira outras pessoas para darcontinuidade ao trabalho e fontes bibliográficas para que os profissionais de ensinopossam aprofundar seus conhecimentos e introduzir uma rotina de formação naescola sobre os direitos da infância e da juventude.

_As igrejas têm sido outro lugar muito utilizado pelos Conselhos para ganharvisibilidade, repassar informes e desenvolver campanhas. Como a maioria delas temprogramas de atendimento ou participa de alguma forma na defesa da justiça social,os canais de comunicação tendem a se estabelecer mais facilmente. É precisocuidado, no entanto, para que a causa dos direitos da criança e do adolescente nãoseja confundida com um rito religioso e/ou ligada a um credo específico.

_Os clubes de serviço (Rotary, Lions, Maçonaria) são geralmente muito acessíveisaos Conselhos e têm também como missão a promoção da eqüidade social,potencialmente enriquecida a partir de uma parceria com os Conselhos.

_O processo de registro de entidades e de inscrição de programas, deresponsabilidade do Conselho de Direitos, é outra possibilidade de comunicaçãocom instituições de atendimento a crianças e adolescentes. Além de gerarinformações para o Conselho, este processo media o diálogo entre ele e as entidadese órgãos públicos que atendem nos regimes previstos no artigo 90 do Estatuto daCriança e do Adolescente, no sentido de estabelecer indicadores de atendimentocompatíveis com os princípios legais.

_Outro processo que também serve para estreitar o contato com a comunidade é aescolha de conselheiros de direitos (não governamentais) e tutelares. É umaexcelente oportunidade para esclarecer a sociedade civil o papel de cada um dosConselhos, além de avaliar sua atuação e prestar contas dos recursos recebidos.

“A experiência que a gente tevede comunicação é quecomeçamos a visitar as escolas.Lá em Igarassu/PE, temos 49escolas municipais, 10 escolasestaduais e, aproximadamente,40 associações de moradores.Propusemos às escolas arealizarem reuniões com os pais,alunos e professores, ondeexibimos vídeos e fazemos umdebate em cima do Estatuto daCriança e do Adolescente. Hoje,as escolas procuram o Conselhoem busca de material e o númerode denúncias no Conselho Tutelarpraticamente duplicou.”Fernando Fernandes de Melo– CMDCA de Igarassu/PE

“Não podemos utilizar somente opotencial da imprensa, do jornal,da televisão, do rádio, mastambém precisamos estar nasassociações de moradores, nosboletins informativos das igrejas,aproveitando aquele espaço,divulgando o Estatuto da Criançae do Adolescente, aproveitandoas rádios comunitárias. Temosque aproveitar todos os espaçospara divulgar a política deatendimento à criança e aoadolescente”.Abigail Gonçalves Silva Corrêa– CMDCA de GovernadorValadares/MG

Há espaços privilegiados para os Conselhos se comunicarem. São as instituições que existem no seuentorno e aglutinam pessoas que dinamizam a rotina comunitária.

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54DIÁLOGO COM A COMUNIDADE

Durante os encontros regionais do Projeto Mídia e Conselhos, osparticipantes relataram idéias inovadoras de comunicação, vencendoas barreiras de infra-estrutura e recursos, aproveitando os espaçosque a própria comunidade oferece para dialogar sobre o Estatuto.

/o Estatutovai às escolas

Em Igarassú (PE), há três anos o Conselho Municipalcomeçou a visitar as escolas e associações de moradoresda cidade para divulgar o Estatuto. Nas escolas, sãolevados televisão e vídeo e exibidos documentários sobrea função dos Conselhos. Também são realizadas reuniõescom pais de alunos, promo-vendo o debate público sobre

o Estatuto. O efeito já está sendosentido. Hoje, as escolas procu-ram o Conselho em busca demateriais, o número de denún-cias no Conselho Tutelarpraticamente duplicou e nãoexiste mais o conflito Conselho /escola / município.Foi publicada ainda uma cartilhaem quadrinhos para os alunosenfocando aspectos do Estatuto.

/pedalando e divulgando o Estatuto

Em Vila Velha (ES), o Conselho Tutelar encontrou uma forma eficaz e barata de fazer a divulgação desuas ações e do próprio Estatuto, atingindo um público maior. A comunicação é feita por meio dabicicleta de som. Trata-se de um veículo único de comunicação que divulga pela cidade, através de caixade som conectada a um rádio, mensagens gravadas pelos conselheiros. O serviço é contratado peloConselho, que acredita ser este um valioso instrumento de divulgação das informações para acomunidade. A mobilização agora é para conseguir a concessão de uma rádio comunitária para a região.

/som na feira

Os Conselhos de Camaçari (BA)utilizam o serviço de som da feirapara divulgar informações deutilidade pública ligadas às suas

ações, aproveitando o am-biente descontraído e apresença de um grandenúmero de pessoas.

/corpo a corpocom a comunidade

No Município de Belo Oriente (MG), os doisConselhos Tutelares fazem panfletagem nafeira livre da cidade para se comunicar como público. Duas vezes por semana,participam da feira distribuindo materialinformativo dos Conselhos, com suporte daprefeitura municipal. As rádios comunitáriassão um outro meio de divulgar o trabalho einformar os 20 mil habitantes da cidadesobre as ações dos Conselhos e a garantiados direitos das crianças e adolescentes.

/a tenda itinerante

Em São Miguel dos Campos (AL), o ConselhoMunicipal, em parceria com o Conselho Tutelar ea Secretaria da Infância e da Juventude,juntamente com a prefeitura, criaram a TendaItinerante. A cada 15 dias, uma tenda é armadacom o objetivo de divulgar informações sobreabuso sexual, negligência, trabalho infantil ehigiene. O projeto ocorre na zona rural, ondereside a maior parte da população do município.

/1% para umavida 100% melhor

O Conselho Municipal de Defesados Direitos de Crianças eAdolescentes de Fortaleza (CE)realiza a campanha 1% para uma vida 100% melhorpara sensibilizar os empresários e pessoas físicas adestinarem parte do imposto de renda para o FundoMunicipal. Em parceria com o Conselho Regional deContabilidade do estado do Ceará, o Conselhopromoveu um seminário para contabilistas,profissionais que desempenham papel fundamental notrabalho de informar como as pessoas jurídicas e físicaspodem destinar recursos ao Fundo, deduzindo-os nadeclaração anual do Imposto de Renda.

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/banco de pautas

Sugerir assuntos, informar resultados de pesquisas, comunicar a realização de conferências e seminários sobre atemática da infância e da adolescência são caminhos que fortalecem os laços entre os Conselhos e a mídia. OBanco de Pautas que listamos é apenas uma sugestão inicial do levantamento de temas que os Conselhos podemfazer para cultivar esta aproximação. Afinal, a imprensa vive de fatos para criar um diálogo diário com a sociedade.

CONHEÇA AQUI UMA RELAÇÃO DE QUESTÕES QUE PODEM CONTRIBUIRPARA TORNAR A TEMÁTICA DA INFÂNCIA E DO ADOLESCENTEPRESENTE NO COTIDIANO DAS REDAÇÕES.

/adolescência _Adolescente em conflito com a lei

Mostre ao jornalista quais são as ações previstas da redede medidas socioeducativas e quais dificuldades ela temencontrado para o seu pleno funcionamento. Apresenteos problemas sérios existentes pela rede. Valorize asações bem sucedidas e busque histórias interessantes.É importante mostrar também casos de garotos queestejam cumprindo as medidas, mas que tenhamproblemas de enquadramento e ajuste a elas, lembrandoo papel da sociedade na reinserção desses jovens.Esclareça que, ao buscar dados sobre o assunto, ojornalista deve ter o cuidado de contextualizar osnúmeros comparando-os com indicadores sociais eeconômicos do município. Ofereça cópias dos artigos103 a 125 do Estatuto da Criança e do Adolescente, quereconhecem o ato infracional praticado por adolescentese determinam medidas a serem tomadas como respostasocial a este ato.

Outras fontes: juiz, promotor da infância e da juventude,conselheiros tutelares, pesquisadores de universidades quetenham estudos sobre o assunto, pais de adolescentes eadolescentes (infratores e não infratores) e sites (Ministério daJustiça, IBGE e Unicef).

_Adolescentes e a escola

Casos de professores mal remunerados e vivendopéssimas condições de trabalho são noticiadostodos os dias na imprensa. Mostre ao jornalistaque também é importante saber qual é a avaliaçãoda escola feita pelos próprios alunos. São eles quevivem o cotidiano escolar e são pouco ouvidos.Divulgue projetos e métodos criativos deaprendizado. Sugira ao repórter abrir espaço parao questionamento sobre o compromisso que osalunos têm com a escola e quais são os reaisinteresses deles. Vontade de aprender não falta.Muitos alunos acham que os professores não sepreocupam com o aprendizado deles. Nacontramão, muitos professores acham osestudantes desinteressados. O que, na opiniãodos alunos, poderia ser feito para melhorar aqualidade do ensino, de forma viável e criativa?

Outras fontes: educadores, secretaria e Conselhos deEducação, projetos de protagonismo juvenil e sites(Aprendiz do futuro, Editora Moderna on line, Estadão naEscola, Escola net).

ganhando espaços_

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58 cação, pode-se ampliar o espaço para a reflexãosobre a situação dos povos indígenas e, conseqüen-temente o diálogo e o respeito entre os índios e não-índios.

Outras fontes: Fundação Nacional do Índio (Funai), Coordenaçãodas Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab),secretarias municipais e estaduais de ensino, ONGs eentidades que trabalham com a defesa da questão indígena.

_Educação infantil

Existe um mito de que com a Lei de Diretrizes e Basesda Educação (LDB/96) o atendimento a crianças dezero a 6 anos passou para a educação e agora nãoseria mais assunto do Conselho de Direitos nem doConselho Tutelar. Mostre que o Estatuto da Criança edo Adolescente, no Artigo 54, inciso IV, já faziareferência ao dever do poder público de ofereceratendimento em creches e pré-escolas a criançaspequenas e que a nova LDB só regulamentou issocomo um direito exigível. Insista que esta é umaconquista do movimento pelos direitos da criança econtinua a ser pautado pelos Conselhos Municipal eTutelar. Apresente dados que comprovem aimportância do atendimento educacional para essafaixa etária. Sugira visitas a instituições de educaçãoinfantil. Dê visibilidade ao que o Conselho de Direitostem decidido em relação a esta política e às demandase encaminhamentos do Conselho Tutelar.

Outras fontes: secretário de educação; Conselho de Educação;educadores e dirigentes de instituições de educação infantil;pais; crianças; psicólogos; pedagogos; assistentes sociais esite (Ministério da Educação, Fundação Orsa).

/família_O direito à convivência familiar e comunitária

Apresente dados históricos que comprovem aineficácia do atendimento institucional em substituiçãoà família. Informe sobre o conteúdo dos artigos 19 a 52do Estatuto da Criança e do Adolescente, quereconhecem o direito incondicional à convivênciafamiliar e comunitária. Argumente que não é justo nemético que uma criança seja privada desse direito só porser pobre. Explique que a lei determina, quando foramtentadas todas as alternativas de permanência nafamília natural, que seja providenciada uma famíliasubstituta. Mostre que o custo de uma criançainstitucionalizada é muito maior do que apoiarfinanceira e pedagogicamente uma família para cuidardela. Questione a insuficiência de programas públicosvoltados para a família, como Bolsa-Escola e Bolsa-Alimentação. Apresente a posição do ConselhoMunicipal e do Conselho Tutelar em relação a políticasde apoio à família.

Outras fontes: educadores; pais; crianças e adolescentes; juiz;promotores de justiça; psicólogos; pedagogos; assistentessociais e sites (IBGE, Ministério da Justiça).

_Dia das crianças

Prepare um balanço da situação da infância no seumunicípio. Apresente dados estatísticos que mostremo que está funcionando e o que não está nas maisdiversas áreas como saúde, educação, lazer,mortalidade infantil. A partir dos dados, especialistaspodem analisar o que precisa e pode ser melhorado.Compare o que o estado e o município estãogarantindo a infância com o que determina o Estatuto.

Outras fontes: IBGE, especialistas, secretarias de saúde,de educação, Ministério Público.

_Adolescentes do meio rural

Ensino precário, dificuldade de acesso à saúde,transporte deficitário e falta de opção de lazer etecnologia são alguns dos problemas que levam osadolescentes do campo a procurarem melhorescondições e alternativas de vida nas grandes cidades.A falta de políticas públicas no meio rural causa oinchaço das cidades e o crescimento caótico dasfavelas. Qual é a realidade dos adolescentes docampo? Quais são as políticas públicas voltadas aeles? O que os atrai para a cidade? O que gostariamque fosse feito para que tenham vontade epossibilidade de continuar em suas cidades? Existemprogramas de apoio? Com o que eles podem contarnos mais diversos segmentos, como saúde, edu-cação, lazer e sexualidade?

Outras fontes: Confederação Nacional dos Trabalhadores naAgricultura, MST, Nossa Terra Nossa Escola (Incra), OIT,Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde(Ministério da Saúde).

/cultura e comportamento_Consciência negra

Existem iniciativas de discussão sobre a questão racialnas escolas? Há uma reflexão sobre a cultura e históriaafro-brasileira? Procure iniciativas em que os projetosdidáticos levem em conta aspectos da cultura negralocal e relate aos jornalistas. Mostre a importância deuma criança negra se reconhecer como tal. Lembreque pequenas iniciativas podem garantir umaconvivência melhor entre crianças negras e brancas eque a sociedade também tem um papel importantenesses casos.

Outras fontes: movimentos negros organizados, educadores,pesquisadores da cultura negra, jovens do movimento hip hop.

_Vida cultural de criançase adolescentes com deficiência

No Brasil, existem quase três milhões de crianças eadolescentes com algum tipo de deficiência. Eles têmdireito à cultura garantido pelo Estatuto, comoqualquer outro cidadão nessa faixa etária. Será queexiste uma preocupação em realmente possibilitar oacesso dessas pessoas aos bens culturais? Quais sãoas dificuldades que eles encontram para freqüentarmuseus, teatros, shows, etc? Existem políticaspúblicas que incentivem e garantam esse acesso?Qual é importância dessa vivência cultural para aformação desses cidadãos?

Outras fontes: secretarias municipais e estaduais de cultura,entidades governamentais ou não governamentais de apoio àspessoas com deficiência, especialistas.

/educação_Educação indígena

No Brasil, a população indígena está espalhada empraticamente todo o território nacional. Portanto, éimportante abrir um leque de sugestões sobre essacomunidade. Como funcionam as escolas indígenas?O calendário é adaptado às datas festivas e rituais dacomunidade? O que acontece quando as criançasterminam o equivalente à 4ª série? Todas as criançascontinuam estudando a 5ª série? Elas têm acesso aoensino fundamental completo e o ensino médio? Queimpacto, sob a avaliação das crianças, o investimentona escolarização pode ter sobre as culturas indígenas?As escolas do município abordam a cultura indígenaem seus conteúdos? Mostre que, por meio da edu-

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/leis e direitos_Descentralização político-administrativa

e municipalização do atendimento

A descentralização muitas vezes é vista como umobstáculo ao atendimento governamental. Argumenteque a proximidade do poder de decisão do local ondeserá executada a ação amplia as chances de eficácia.Defenda que aumentar o número de pessoasresponsáveis pela decisão torna mais democrático oprocesso. Explique que o que está errado é o fato deos recursos não terem sido descentralizados. Estimuleas pessoas a se aproximarem dos Conselhos e fórunsde discussão de políticas públicas. Dê exemplosconcretos de situações que melhoraram ou mesmo sereverteram graças à atuação dos Conselhos. Divulgueos processos de escolha de conselheiros de Direitos eTutelares.

Outras fontes: prefeito; lideranças comunitárias; militantes domovimento pelos direitos da criança e do adolescente e sites(Conanda, Fórum DCA Nacional).

_O estatuto da criançae do adolescente na escola

A escola é um lugar privilegiado para o debate sobre oEstatuto, levando ao conhecimento dos alunos osseus direitos. Uma boa pauta a sugerir aos jornalistasé o esforço de algumas escolas em levar a lei ao seupúblico direto. Lembre que cidadania é uma via demão dupla, ou seja, a todo direito, corresponde umdever. Mostre que quanto mais os cidadãos tiveremnoção de seus direitos e deveres mais chances a

sociedade tem de manter relações pacíficas. Compareeste tema com a educação sexual, mostrando que émelhor uma orientação planejada, fundamentada, doque deixar que as crianças e jovens tenhaminformações distorcidas, equivocadas do tipo "eu sótenho direitos". Muitos Conselhos têm feito visitas àsescolas, oferecendo palestras para pais, educadorese educandos sobre o Estatuto e o trabalho dosConselhos.

Outras fontes: juiz; promotor; secretário de educação; Conselhode educação; educadores e dirigentes de escolas; pais;crianças e sites (Conanda, Fórum DCA Nacional, Senado,ABMP).

_Privação da liberdade

Durante a internação, em algumas entidades, osadolescentes não têm direito a visitas íntimas nem dereceberem preservativos. Antes de serem internados,muitos tinham vidas sexuais ativas. Alguns têm atéfilhos. Como eles lidam com essa proibição? O que dizo Estatuto com relação às internações? As entidadestêm o direito de privar o adolescente de afeto e prazer?Como o interno, que na adolescência vive ummomento crucial da formação sexual, reage àproibição de visitas íntimas? Até que ponto essaprivação do corpo, afeto e sexualidade prejudica seudesenvolvimento? Qual a posição das instituições edas Secretarias Estaduais de Saúde? E doDepartamento da Criança e do Adolescente/Ministérioda Justiça?

Outras fontes: Ministério da Saúde, Unicef, Conanda, Fonacriad(Fórum Nacional de Dirigentes Governamentais de EntidadesExecutoras da Política de Promoção de Defesa dos Direitos daCriança e do Adolescente).

_Registro civil

Procure saber qual é o percentual de sub-registro na suacidade. Com base nesses números, mobilize a imprensa paraa causa. Mostre que sem esse documento a criança não serácidadã e não terá acesso a outros direitos básicosfundamentais. Divulgue a importância de se registrar umacriança logo após o nascimento e a possibilidade de se obtero documento para os adolescentes que não foramregistrados ao nascer. Quais as dificuldades vividas por umacriança ou adolescente que não tem certidão de nascimento?Divulgue ainda que o registro é gratuito.

Outras fontes: Secretaria Especial de Direitos Humanos,Secretarias Municipais de Direitos da Cidadania, ANDI, IBGE, Unicef.

/saúde_Aids e as meninas

O sexo feminino é mais vulnerável numa relação sexual devidoa fatores biológicos. Portanto, é preciso intensificar as açõesde prevenção entre as adolescentes de 13 a 19 anos. Alémdisso, na adolescência as meninas costumam esconder dasmães que têm uma vida sexual ativa e acabam não seprevenindo. Outro problema comum às jovens é o medo deimpor a seus jovens parceiros o uso de preservativos. Apressão do machismo ainda impera entre o público jovem eimpede a prevenção às DSTs. Qual é o papel da escola emrelação à sexualidade de adolescentes? Como elas estãoabordando o tema? Os professores estão preparados parafalar sobre sexo? E as alunas? Como prepará-las para tomara iniciativa de usarem preservativo e se cuidarem?

Outras fontes: Programa Nacional de DST e Aids, médicos, programasde educação sexual, professores e alunas.

Outras sugestões úteis para asfontes e jornalistas podem ser

encontradas nos livros da coleçãoMídia e Mobilização Social, parceria

entre a ANDI, o Unicef e a CortezEditora. As publicações estão

disponíveis nas livrarias e tambémpodem ser solicitadas à editora:

[email protected]

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QUADRO DEMONSTRATIVO DO NÚMERO DE CONSELHOS TUTELARES E DE DIREITOS NO PAÍS.TAMBÉM É APRESENTADO O NÚMERO DE CONSELHOS TUTELARES QUE JÁ TRABALHAM COM OSIPIA - SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA.

221026216

417184

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24621785378

1391432231852223991081675215

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1 Conselho Distrital78

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18768

17401766671

280

570

188311509

2011437

1719

1033

ACALAMAPBACEDFESGOMAMGMSMTPAPBPEPIPRRJRNRO*RRRSSCSESPTO

TOTAL

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/trabalho_Estudo e emprego - um sonhoadolescente, um desafio social

Quais são as dificuldades que um adolescenteencontra para estudar e ingressar no mercadoprofissional? O que diz a legislação sobre o trabalho nacondição de aprendiz e o direito à educação? Existempolíticas públicas que garantam o exercício correto dasatividades? Quais são os entraves para que a lei possase configurar como realidade na vida dosadolescentes? Estudo e emprego são privilégiosapenas de parte da população que tem melhorescondições de renda? Os adolescentes pobres têm quetrabalhar? Mostre ao jornalista como esclarecer essasdúvidas, quais são os atores sociais que podemresponder por isso e qual a situação real da educaçãoe do trabalho no seu município. Procure tambéminiciativas que protejam o trabalho adolescente, comoo Projeto Primeiro Emprego. Converse comadolescentes aprendizes.

Outras fontes: OIT, PETI, Sistema S (Senai, Sesi e Senac),Delegacias Regionais do Trabalho, Ministério Público doTrabalho, secretarias municipais.

_Trabalho de crianças e adolescentes

Provoque o debate propondo uma reflexão sobre aigualdade de direitos entre as crianças pobres e ricas.Apresente depoimentos de especialistas acerca dosprejuízos que o trabalho precoce causa ao indivíduo eà sociedade. Mostre a incoerência de sacrificar ainfância e adolescência dos pobres, enquanto cresce odesemprego dos pais adultos. Ofereça cópias do

Estatuto da Criança e do Adolescente - Artigos 60 a 69que tratam da proibição do trabalho para menores de16 anos e das condições para o trabalho deadolescentes. Leve as pessoas a concluírem que oque está errado é a realidade social e, portanto, ela éque precisa mudar, avançar, e não a lei retroceder.Mostre o que o Conselho Tutelar tem apurado emrelação à violação deste direito e o que o Conselho deDireitos propõe como política de enfrentamento.

Outras fontes: Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação doTrabalho Infantil, fóruns estaduais, delegados e fiscais daDelegacia Regional do Trabalho; promotores de justiça;empresários; educadores; médicos; psicólogos; assistentessociais; pais; crianças, adolescentes e sites do Ministério doTrabalho, da Justiça, da OIT, do Unicef.

/violência_Abuso sexual

Reúna dados e estatísticas sobre o abuso sexual.Busque diferentes abordagens e não fique apenas nadenúncia de casos pontuais. Será que os médicos, aoidentificar indícios de violência numa criança,denunciam ao Conselho Tutelar, às delegacias oupromotorias? De acordo com o estatuto, o médico ouresponsável que deixar de comunicar a suspeita demaus-tratos deve ser penalizado com multa. A falta dadenúncia pode se dar por medo ou até mesmo pordesconhecimento. Informe os jornalistas sobre alegislação e como apresentar o problema sem que acriança seja revitimizada.

Outras fontes: programa Sentinela, pediatras, enfermeiros,psicólogos, instituições de saúde, entidades governamentais enão-governamentais.

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Dados atualizados em outubro de 2003, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Informações: (61) 429.3454

Os Conselhos pelo Brasil_

UF nº municípiosnº Conselhosmunicipais

nº Conselhostutelares

Nº CTscom SIPIA

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Para dar maior visibilidade aos Conselhos Tutelares e de Direitos, a ANDIdesenvolveu em parceria com o Conselho Nacional dos Direitos das Criançase Adolescentes (Conanda) e a Secretaria Especial de Direitos Humanos daPresidência da República, com o apoio da Rede ANDI e Petrobras, o ProjetoMídia de Conselhos – Aliança Estratégica na Prioridade Absoluta aos Direitosdas Crianças e dos Adolescentes.

Dividida em duas etapas, a iniciativarealizou, em um primeiro momento, seisoficinas nas diversas regiões do País,durante as quais, jornalistas e conselheirospuderam discutir caminhos para umrelacionamento profissional. As oficinasforam excelentes oportunidades para queesses profissionais participassem da Redede Trocas de Experiências e relatasse suasvivências de comunicação. O resultado dosencontros é a elaboração deste Guia, quepossibilitará aos conselheiros ampliar seusconhecimentos sobre o universo dacomunicação e dos veículos de imprensa,estabelecendo uma relação profissional eefetiva com as redações.

A outra etapa do Projeto consistiu narealização de uma campanha publicitáriadenominada Conselho Tutelar: todo mundoprecisa conhecer, lançada em julho de 2003no 13º aniversário do Estatuto da Criança edo Adolescente. Criada para dar visibilidadeaos Conselhos Tutelares, a campanha écomposta por VTs, spots para rádio eanúncios para jornais e revistas - elaborados pela Cipó – ComunicaçãoInterativa, agência da Rede ANDI na Bahia. Diversos grupos de comunicaçãovêm contribuindo de forma decisiva para o sucesso da campanha, veiculandogratuitamente as produções. Novas rádios interessadas em inserirvoluntariamente os spots na programação, encontram cinco versõesdisponíveis para download nos sites da ANDI, Conanda e agências da RedeANDI. Os VTs e anúncios podem ser solicitados à ANDI pelo [email protected].

INFORMAÇÕES ANDI (61) 322-6508 [email protected]

o ProjetoMídia e Conselhos_

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realização_ANDI -Agência de Notíciasdos Direitos da InfânciaPresidente: Anamaria SchindlerDiretor de Planejamento: Marcus FuchsDiretor Editor: Veet VivartaCoordenação Executiva Rede ANDI:Graziella NunesSDS Ed. Boulevard Center,Bloco A, Sala 101 CEP 70391-900Brasília/DF (61) [email protected] / www.andi.org.br

CONANDA -Conselho Nacional dos Direitosda Criança e do AdolescentePresidente: Nilmário MirandaVice-presidente:José Fernando da SilvaAssessora Técnica: Maria Bernate OlivoEsplanada dos Ministérios, Bloco T,Anexo 2, Sala 506, Ministério da Justiça,CEP 70064-901 Brasília/DF(61) [email protected]/sedh/conanda

apoio_Secretaria Especial de Direitos Humanos /Presidência da RepúblicaRede ANDIPetrobras

coordenação geral_Oficina de Imagens / Rede ANDIDiretor-executivo:Luiz Guilherme GomesRua Salinas, 1.101 Santa Tereza CEP 31015-190 Belo Horizonte/MG(31) [email protected]

assessoria_Gláucia BarrosBernardo Brant

pesquisa e redação_Adriano GuerraBernardo BrantCarlos MendonçaDébora JabourFabrício SantosGláucia BarrosHenrique MilenIvanéa Maria PastorelliLuiz Guilherme GomesMárcia Maria

assistentes de produção_Alcione RezendeDébora JabourLeonardo BrandãoLisane FerreiraAne Lima

edição de textos_Beatriz Lima

fotos de projetos sociais_Mila Petrillo

projeto gráfico_Adriano PaulinoHenrique MilenRogério Santiago

mídiaconselhosum guia para encurtar a distânciaentre Conselhos de Direitos,Conselhos Tutelares e a sociedade

e

REALIZADO COM RECURSOS DESTINADOS PELA PETROBRAS AO FUNDO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE