e scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA Rilzimar Carneiro Silva Teones Araújo Carneiro ESCOLA DIGITAL? Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Conceição do Coité, 2011

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Page 1: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Rilzimar Carneiro Silva

Teones Araújo Carneiro

ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à

Educação

Conceição do Coité,

2011

Page 2: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

2

Rilzimar Carneiro Silva

Teones Araújo Carneiro

ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à

Educação

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Habilitação em Radialismo

e TV, da Universidade do Estado da Bahia, como

requisito parcial de obtenção do grau de bacharel

em Comunicação Social, sob a orientação da

professora Kátia Morais.

Conceição do Coité

2011

Page 3: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

3

Rilzimar Carneiro Silva

Teones Araújo Carneiro

ESCOLA DIGITAL?

Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à

Educação

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de

Comunicação Social - Habilitação em Radialismo

e TV, da Universidade do Estado da Bahia,

Campus XIV – Conceição do Coité, como

requisito parcial de obtenção do grau de bacharel

em Comunicação Social, sob a orientação da

professora Kátia Morais.

Data:_______________________________________

Resultado:___________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. (orientador) MS.Kátia Morais

Assinatura___________________________________

Prof. Dr. Raimundo Cláudio Silva Xavier

Assinatura____________________________________

Prof. MS. Emanuel Rosário dos Santos Nonato

Assinatura___________________________________

Page 4: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

4

Dedicamos este trabalho aos nossos pais, irmãos, parentes,

amigos.

Page 5: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

5

AGRADECIMENTOS

A Deus...

A Terezinha Araújo Carneiro, João Ramos Carneiro, Antonia Carneiro da Silva Silva, e

Everaldo Fagundes da Silva, pelo apoio afetivo, moral e financeiro.

A professora orientadora Kátia Morais, nossa general nessa batalha...

A Carla Goveia de Melo...!

Aos professores e estudantes, protagonistas do documentário.

A todos os professores do curso.

A direção das escolas pesquisadas.

A direção do Campus XIV - UNEB, pelos suportes técnicos.

Page 6: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

6

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende

ensina ao aprender.

Paulo Freire

Page 7: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

7

RESUMO

Por meio da produção de um vídeo-documentário, o presente trabalho busca mostrar como as

tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm sido aplicadas no processo

ensino/aprendizagem em escolas públicas do semi-árido baiano, ressaltando as mudanças das

práticas pedagógicas em relação ao ensino tradicional, sob a perspectiva dos alunos, especialistas

e profissionais da área. O vídeo discute a inserção das TIC no universo escolar, a articulação

desses recursos com o projeto pedagógico, como o Estado tem atuado no sentido de preparar os

docentes e no investimento/manutenção em suportes tecnológicos, com ênfase para o Território

do Sisal, onde se localizam as escolas pesquisadas. Embora as TIC tenham inovado as

metodologias educacionais, entendemos, a partir dos discursos dos sujeitos expressos no vídeo,

que as Tecnologias da Informação e Comunicação são suportes que potencializam o papel do

professor e não subestimam suas funções no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-Chave: Tecnologia; Educação; Território; Vídeo.

Page 8: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

8

ABSTRACT

Through the production of a documentary video, this paper seeks to show how information and

communication technologies (ICTs) have been applied in the teaching / learning in public

schools in the semi-arid region of Bahia, highlighting the changes in teaching practices in

relation to traditional methods, from the perspective of students, specialists

and professionals. The video discusses the integration of ICT in the school environment, the

articulation of these resources with the educational project, as the state has worked to

prepare teachers and investment / maintenance on media technology, with emphasis on

the Territory of Sisal, which locate the schools surveyed. Although ICTs have innovative

educational methodologies, we understand from the speeches of the subject expressed in the

video, the Information and Communication Technologies are supports that enhance the teacher's

role and do not underestimate their role in the process of teaching and learning

Key words: Education. Technology. Territory. Vídeo

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9

LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Gráfico - Pesquisa “O mapa da tecnologia”........................................................................... 22

Tabela 1 - Cronograma das Atividades.................................................................................. 46

Tabela 2 - Orçamento............................................................................................................. 48

Page 10: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

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LISTA DE SIGLAS

CETIC - CENTRO DE ESTUDOS SOBRE AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA

COMUNICAÇÃO

DIREC- DIRETORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO

GC- GERADOR DE CARACTERES

GESAC - GOVERNO ELETRONICO SERVIÇO AO CIDADÃO

IAT - INSTITUTO ANISIO TEIXEIRA

IDH - INDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA

NTE - NUCLEO DE TECNOLOGIA

PAM - PLANO AMERICANO

PC - PLANO CONJUNTO

PG - PLANO GERAL

PP-PRIMEIRO PLANO

PROINFO - PROGRAMA DE INFORMATICA

TIC - TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

TCC - TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Page 11: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

11

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13

1.1 ESTRUTURA DO MEMORIAL .............................................................................. 14

2. TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR ........... 16

2.1 CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM ..................................................... 16

2.2 A INSERÇÃO DAS TIC NO UNIVERSO EDUCACIONAL .............................. 19

2.2.1 O papel do Estado ........................................................................................ 24

2.2.2 Contexto regional no campo da Educação ................................................. 26

2.2.2.1 Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido ......................... 28

2.2.2.2 Colégio Estadual João Carneiro ................................................................. 30

2.2.2.3 Colégio Estadual José ferreira ................................................................... 31

3. VÍDEO DOCUMENTÁRIO: CONCEITO, LINGUAGEM, TÉCNICA ......... 32

3.1 CONCEITOS ........................................................................................................... 32

3.2 LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO ..................................................................... 35

3.3 TÉCNICA: IMAGENS E SONS .............................................................................. 38

3.3.1 Imagens ......................................................................................................... 38

3.3.2 Enquadramento ........................................................................................... 39

3.3.3 Movimento de câmera ................................................................................. 40

3.3.4 Angulação ..................................................................................................... 41

3.3.5 O Som no vídeo ............................................................................................ 41

Page 12: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

12

3.3.6 Roteiro .......................................................................................................... 43

4. ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo.................. 45

4.1 PRÉ-PRODUÇÃO .................................................................................................... 45

4.1.1 Cronograma .................................................................................................. 46

4.1.2 Orçamento ..................................................................................................... 48

4.2 PRODUÇÃO ............................................................................................................ 48

4.2.1 Detalhamento das gravações ...................................................................... 49

4.3 PÓS-PRODUÇÃO ................................................................................................... 51

4.3.1 Edição ........................................................................................................... 52

4.3.2 Trilha Sonora ................................................................................................ 53

4.3.3 Finalização .................................................................................................... 53

4.3.3.1 Ficha Técnica ................................................................................................ 54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56

6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58

7. ANEXOS .................................................................................................................. 61

8. APÊNDICE ……………………………………………………………………....... 66

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13

1. INTRODUÇÃO

Com o avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) houve mudanças

importantes nos diferentes setores da sociedade. A Educação, não exclusa desse processo,

começa a usufruir esses recursos de forma sistemática, provocando inovação na aplicação das

metodologias de ensino, no final do século passado. O avento da informática alterou o modo de

disseminação da informação e a escola enquanto ambiente de construção de conhecimento passa

a utilizar as ferramentas das TIC como suporte metodológico. A atual geração de estudantes lida

diariamente com os aparatos tecnológicos e já não admite apenas aulas expositivas. É inclusive

uma exigência mercadológica, que o sistema educacional acompanhe os passos do avanço

tecnológico.

Uma pesquisa do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da

Comunicação (CETIC), divulgada em agosto de 2011, mostra que os alunos sabem manipular as

ferramentas digitais mais do que os professores. Por isso é fundamental a capacitação dos

docentes. O Estado, na condição de gerenciador das escolas públicas, deve oferecer a preparação

conforme as demandas das escolas. No Território do Sisal, as escolas estaduais são gerenciadas

por Diretorias Regionais de Educação (DIREC), vinculadas à Secretaria de Educação do Estado.

Para manutenção dos laboratórios de informática implantados pelo Programa de Informática

(Proinfo), existem os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anísio

Teixeira.

Embora as tecnologias não tenham provocado uma revolução na educação, é evidente que

implicaram em mudanças relevantes nas práticas pedagógicas, sem substituir o papel do

professor, nem ignorar o modo tradicional de ensino. Percebendo essa mudança de perto, uma

vez que estamos inseridos no ambiente escolar diariamente, entendemos que este tema é

interessante para ser pesquisado, explorado e melhor compreendido.

Diante desse cenário, este trabalho se norteia a partir do seguinte problema de pesquisa:

De que forma tem sido o uso das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) em

escolas públicas do semi-árido baiano no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem?

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Por isso, o nosso objetivo geral é justamente compreender, tendo o vídeo como suporte,

de que forma as tecnologias da comunicação têm sido aplicadas no processo de ensino –

aprendizagem em escolas públicas do Território do Sisal, a partir da realidade dos municípios de

Conceição de Coité e São Domingos.

A partir desse objetivo, surgem os objetivos específicos:

Comparar de forma genérica os modos tradicionais de ensino com os atuais

adotados pelos professores no contexto das novas tecnologias da informação e da

comunicação;

Apontar as vantagens e os limites destes recursos no processo de ensino-

aprendizagem.

Para formular a resposta do problema de pesquisa, bem como aos objetivos apresentados

acima, consideramos crucial a realização de uma pesquisa de campo e o registro de depoimentos

dos sujeitos envolvidos no referido contexto. Optamos por desenvolver tal investigação tendo

como suporte básico a produção de um vídeo documentário.

A presente pesquisa pode motivar os professores das escolas públicas na busca de

qualificação inerente a adaptação das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem,

sobretudo provocar a discussão acerca da temática, que remete a aspectos tais como políticas

públicas, o papel do professor, articulação do projeto político pedagógico com as TIC, dentre

outros. A pesquisa tem como público alvo os Profissionais da Educação – professores e

diretores, alunos, gestores e estudiosos do assunto.

A proposta do projeto nasceu do interesse de realizar um produto (vídeo) de Trabalho de

Conclusão de Curso, pois na condição de estudantes de Comunicação Social, é importante para

aperfeiçoamento dos conhecimentos práticos sobre vídeo documentário. Tal investida se dá pela

metodologia da gravação depoimentos dos sujeitos e imagens das atividades escolares.

1.1 ESTRUTURA DO MEMORIAL

O capitulo 2 aborda a questão da relação Tecnologia/Educação, destacando a inserção e a

utilização da TIC no processo de ensino-aprendizagem em escolas públicas. Para embasar tal

discussão recorremos a pesquisadores e estudiosos como Piaget, Skinner, Vigotsky e Paulo

Page 15: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

15

Freire pra apresentar os conceitos de aprendizagem. Ainda no mesmo capitulo, abordamos o

histórico da inserção da TIC no universo escolar, e também como tem sido o papel do Estado

nessa conjuntura, bem como o contexto regional no campo da Educação, mostrando dados e

apresentando as unidades pesquisadas.

No capitulo seguinte, abordagem se concentra no suporte utilizado para a construção do

nosso produto TCC. É importante discutir conceitos, linguagem social e técnicas inerentes ao

documentarismo.

No ultimo capitulo, evidenciamos como ocorreram as fases do projeto, da pré-produção a

pós-produção, ou seja, a descrição das tarefas de fomento do TCC.

Nas considerações finais, em síntese, expressamos nossa conclusão do projeto, partindo

das pesquisas teóricas e dos discursos dos sujeitos envolvido no processo em debate.

Page 16: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

16

2. TECNOLOGIAS DA COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR

Este capítulo discute a admissão das TIC no processo ensino-aprendizagem em escolas

públicas, apresentando, a priori “conceitos de aprendizagem” segundo estudiosos e

pesquisadores da área, tais como Piaget, Skinner, Vigostsky e Paulo Freire, os quais explicam a

construção do conhecimento e o desenvolvimento da aprendizagem na perspectiva da Psicologia

Educacional e do contexto sócio-histórico do individuo. Em seguida discorre-se sobre a

“inserção das TIC no universo educacional”, destacando a efetivação do uso das novas

tecnologias como suporte na prática pedagógica em escolas públicas, ressaltando a relação

tecnologia e educação, através de um recorte histórico.

Para os docentes se adaptarem ao contexto das TIC e mediante a possibilidade de

estabelecer inovações nas metodologias de ensino, “o papel do Estado” é primordial. Esta

questão aqui abordada enfatizando-se a necessidade da ação estatal na efetivação de políticas

publicas na região, no que tange as demandas de investimentos em tecnologias na educação,

apontando-se ainda as eventuais carências e deficiências inerentes neste processo.

O capitulo se encerra com a apresentação do cenário educacional através do qual se

desenvolve o produto descrito por esse memorial.

2.1 CONCEITOS DE ENSINO APRENDIZAGEM

A educação já passou por diversas tendências pedagógicas em função de um dado

contexto social. Juntamente com essas tendências começam a surgir novas demandas e recursos.

Variadas metodologias de ensino vem sendo utilizadas, inclusive com uso da repressão, através

de castigos e palmatórias, segundo a história oral. Não havia intercâmbio de saberes. Neste tipo

de ensino os alunos são tidos como produtos do meio e são reativos a ele.

Estudiosos e pesquisadores discutiram e fomentaram concepções para explicar a

construção do conhecimento e o processo de ensino-aprendizagem. Paulo Freire, educador

brasileiro do mais expoentes, define-o como um procedimento político de formação e de

transformação de pessoas aonde “quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao

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17

aprender” (FREIRE, 1983, p.69). O pensamento pedagógico de Freire funda-se na linguagem

historiada e na experiência humana compartilhada e mediada pelo mundo histórico-social. Para

este pedagogo, o conhecimento é algo a ser construído na coletividade, com diálogo, pelo qual o

movimento da ação–reflexão é tido como primordial. “O pensar do educador somente ganha

autenticidade na autenticidade do pensar dos educandos, mediatizados ambos pela realidade,

portanto, na intercomunicação” (FREIRE, 1979, p. 73).

Freire ainda critica o método tradicional de ensino:

O educador faz “depósitos” de conteúdos que devem ser arquivados pelos

educandos. Desta maneira a educação se torna um ato de depositar, em que os

educandos são os depositários e o educador o depositante. O educador será tanto

melhor educador quanto mais conseguir “depositar” nos educandos. Os

educandos, por sua vez, serão tanto melhores educados, quanto mais

conseguirem arquivar os depósitos feitos. (FREIRE, 1983, p. 66)

A metáfora do educador explica como o professor se posiciona perante o alunado:

injetava informação. Os alunos deveriam ser capazes de repetir os elementos transmitidos. Não

se estabelecia uma relação dialógica. Por oposição à educação “bancária”, a educação, segundo

Freire (2005), é libertação. Esta educação libertadora sugere compreender os sujeitos do

processo educativo como seres ativos, criativos, que possuem uma concepção de mundo, de si

mesmos e da cultura. Portanto, para Freire o conhecimento tem de constituir uma função

libertadora, na medida em que é instalado de forma dialógica e o aprendizado tem um sentido

para o individuo, a partir da sua leitura do mundo, partindo do princípio de que a comunicação é

a que transforma essencialmente os homens em sujeitos.

Skinner, pesquisador americano, pioneiro da psicologia experimental, reformulou a teoria

do behaviorismo, desenvolvida por John Watson1, que visou estudar cientificamente o homem e

descrever comportamentos observáveis para explicar como se dá processo de aprendizagem.

Para Watson, cada comportamento é sempre uma resposta a um estímulo especifico. Em sua

tese, Skinner sugere algumas formas de controle para o processo de aprendizagem através de

situações arranjadas com o intuito de possibilitar ou aumentar a ocorrência de uma resposta a ser

aprendida-condicionada. O psicólogo realizou inúmeras experiências sobre comportamento

1 Psicó logo america no fundador da corrente behavior ista dentro da Psicologia .

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animal, em laboratório, transferindo posteriormente suas pesquisas para a área da aprendizagem

humana, através da analogia. Segundo o pesquisador, dadas as condições adequadas o individuo

fomenta a aprendizagem, quando se obtém o chamado reforço positivo, ou seja, há um retorno.

Concluiu que o aprendizado é constante, e que o homem atua e age sobre o mundo modificando-

o, a partir da interação.

Para Jean Piaget (1974, p.38), “o conhecimento procede a partir, não do sujeito, nem do

objeto, mas da interação entre os dois”. A aprendizagem é sempre provocada por situações

externas ao sujeito, supondo a atuação do individuo sobre o meio, mediante experiências.

Segundo a perspectiva construtivista de Piaget, conhecer consiste em operar sobre o real e

transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto

de conhecimento.

Ainda refletindo o tema em discussão neste capítulo, Lev Vygotsky (1989), é outro

estudioso da área, chamado de interacionista, pois defende, assim como Piaget e Skinner, que o

desenvolvimento da aprendizagem é estabelecido pela interação entre os sujeitos e o meio. De

acordo com Vigotsky, é fundamental que o professor desperte a curiosidade dos alunos,

acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.

A invenção e o uso de símbolos para representação de signos, facilitou a comunicação,

permitiu ao homem selecionar, separar, conhecer, relatar e lembrar-se de situações e eventos.

Para o estudioso, a interação do individuo com mundo é mediada por signos, de natureza

simbólica, e por instrumentos, quando utiliza ferramentas para tarefas do cotidiano, uma ação

concreta sobre o meio. Por isso, alega que o aprendizado é construído pela interação, a partir de

experiências concretas e do conhecimento prévio individual.

Na perspectiva da Psicologia Educacional, o aprender é um procedimento de descoberta:

A aprendizagem é processo de descoberta das relações existentes entre os

eventos (...) é um processo de organização das relações descobertas e não apenas

a soma das partes (...) a pessoa que aprende responde à situação de acordo com

sua interpretação e percepção dessa situação (CORIA-SABINI, 1986, p.2)

As concepções de aprendizagem estão assentadas no Construtivismo, no qual processo

de constituição e fomento de conhecimento se concebe a partir da interação do sujeito com o

meio físico e social, de forma inacabada, ou seja, o sujeito está sempre aprendendo de modo

constante e evolutivo.

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19

Para Masetto (2000, p. 139-140) o conceito de aprender está ligado mais diretamente ao

sujeito (que é o aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele próprio, os outros colegas e o

professor, busca e adquire informações, dá significado ao conhecimento, produzem reflexões e

conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, desenvolve competências pessoais e profissionais,

atitudes éticas, política, muda comportamentos, transfere aprendizagens, integra conceitos

teóricos com realidades práticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido às diferentes

práticas da vida cotidiana, desenvolve sua capacidade de considerar e olhar para os fatos e

fenômenos sob diversos ângulos, compara posições e teorias, resolve problemas.

Portanto, partindo dessas premissas, compete aos docentes definir as tarefas e colocar à

disposição dos estudantes algumas sugestões de conteúdos, mas são os alunos que através de

pesquisas e discussões constroem o seu conhecimento, com a contribuição do mediador, do

instigador, que é justamente o professor. Partindo do pressuposto de que o processo de ensino-

aprendizagem compreende a organização do ambiente educativo, a motivação dos participantes,

a definição do plano de formação, o desenvolvimento das atividades e a avaliação do processo e

do produto, o uso das TIC vem provocar inovações nos modos de ensinar e aprender, exigindo

dos docentes uma adaptação para encarar o desafio de fomentar um aprendizado consistente,

qualificado, usando tais recursos como suporte, neste cenário que se consolida cada vez mais no

novo século.

2.2 A INSERÇÃO DAS TICS NO UNIVERSO EDUCACIONAL

Em artigo publicado na revista TV Escola, intitulado “Educação: O que a televisão tem a

ver com isso?”, Catarina Chagas relata e contextualiza o processo historico da inserção das

Tecnologias da Informação e da Comunicação no ambiente escolar em escolas públicas no

Brasil. Em sintese, descreve que a partir da década de 1970, em pleno regime militar, a indústria

crescia de modo consistente e a produção de bens de consumo se expandia cada vez mais e

aproveitando a expansão da economia, o governo investiu nas tecnologias da comunicação, com

o intuito de propagar os ideais do poder vigente em campos estratégicos, como as escolas

públicas. Televisores com vídeo cassete começaram a compor o quadro de recursos para a

metodologia de ensino. No inicio dos anos 80 as escolas públicas brasileiras começam a utilizá-

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20

lo de forma sutil, mas gradativa. Após a redemocratização, no início dos anos 90, as escolas

recebem as inovadoras antenas parabólicas com televisores mais modernos. Desde 1996, o

Ministério da Educação distribuiu kits (antena parabólica, TV e videocassete) para escolas

públicas sintonizarem a programação educativa e em 2011 alcançaram 21 mil escolas, segundo o

site do Ministério. O objetivo principal era utilizar a TV Escola como suporte de métodos e

conteúdos para professores do ensino público. A emissora de iniciativa pública, fundada

especialmente para a educação, transmite programas de debates, nos quais se discutem as novas

possibilidades de ensino-aprendizagem, e, sobretudo veicula documentário e reportagens das

diferentes disciplinas, sugerindo planejamentos de aula e interferindo na metodologia, inclusive

repassando toda grade de programação para as escolas. (CHAGAS, Catarina. Revista TV Escola,

abril de 2010, p. 32-33).

Com o advento da informática, houve uma mudança no modo de processamento de

informação e disseminação de conhecimento. Assim a pioneira TV Escola tornou-se menos

utilizada. Para o pedagogo Arnaud Soares de Lima Júnior, “o acesso às redes digitais de

comunicação e informação é importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer

instituição social, especialmente para a educação que lida diretamente com a formação humana”

(1997, p.22).

Partindo do pressuposto de que a educação lida com a formação intelectual e social do

individuo, na sociedade globalizada e capitalista, o acesso a essas tecnologias é fundamental para

a inclusão digital, sobretudo considerando as exigências de mercado.

Para Manuel Castells (1999) o modo de aplicação dos recursos caracteriza a revolução da

tecnologia:

O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de

conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa

informação para a geração de conhecimento e de diapositivos de processamento

- comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativa entre a

inovação e seu uso. (CASTELLS, 1999. p.50)

O argumento de Castells busca evidenciar as mudanças que as tecnologias provocaram de

modo geral na sociedade, enfatizando a questão da construção de conhecimento através do

acentuado processo de disseminação da informação, mediante o uso dos meios avançados. A

partir deste pressuposto, supõe-se que a escola enquanto espaço de propagação do saber e

geração de conhecimento, tende a acompanhar estas tecnologias, para apropriá-las ao processo

Page 21: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

21

de ensino-aprendizagem, sem desmerecer, nem subestimar o mais importante na correlação de

ensinar/aprender: a função do professor e participação do aluno.

Segundo Maria Luiza Belloni “modelos pedagógicos foram quebrados, tornando-se

desatualizados frente aos novos meios de armazenamento e difusão da informação”. (BELLONI,

2005, p 17). A inserção das TIC nas escolas representa desse modo, uma possibilidade de reduzir

as desigualdades de acesso, pois alunos de baixa renda passam a ter contato com os

equipamentos, com o computador, por exemplo, que fora do ambiente escolar não têm. Assim, a

priori, a inclusão digital é um aspecto relevante, enquanto resultado imediato desse processo.

Dessa potencialidade do virtual a educação passa a contar com uma poderosa aliada no processo

de ensino aprendizagem: as tecnologias digitais que, se bem aplicadas, pedagogicamente

falando, além de romperem as barreiras de espaço e tempo como é o caso da EaD.

Segundo pesquisa do grupo CIVITA, divulgada no site da Revista Escola 2, realizada em

400 escolas públicas do Brasil, a quantidade de aparatos existentes implica no número de acesso

às mídias digitais pelos alunos. As escolas pesquisadas usam variadas tecnologias para fins

pedagógicos e administrativos. De caráter mais quantitativo do que qualitativo, não aponta dados

relevantes quanto ao ensino e aprendizagem, pois se trata de uma pesquisa objetiva, o infográfico

mostra que as escolas estão cada vez mais equipadas. Portanto, não esboça um diagnostico das

práticas pedagógicas com os recursos.

A Revista Escola divulgou na sua edição 223, de junho de 2009, uma pesquisa que traça

um panorama quantitativo em relação ao uso das tecnologias nas escolas públicas do Brasil. Em

400 escolas públicas pesquisadas verificou que a televisão, o DVD e o computador são nesta

ordem, os equipamentos mais utilizados como suportes metodológicos. De forma objetiva, o

estudo aponta que a quantidade de aparatos nas escolas influencia na maneira da utilização: onde

existem mais de 20 computadores, verificou-se a realização de tarefas diversas e mais

complicadas. Abaixo deste número, elaboram-se tarefas mais simples. Onde há menos de 15

maquinas disponíveis, são utilizadas basicamente para funções administrativas.

A pesquisa também cita, de forma superficial, a questão do acesso à internet em escolas

públicas, a partir da instalação da chamada banda larga. Segue abaixo, o gráfico descrito e

divulgado na citada edição da revista.

2 www.revistaescola.abril.com.br

Page 22: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

22

Gráfico: Pesquisa “O mapa da tecnologia”

Fonte: www.revistaescola.abril.com.br - Edição 223 | Junho 2009

Deste modo, entende-se que o gráfico da pesquisa expressa uma realidade que se constata

na maioria das escolas públicas do país. Mas há um contraste em relação as escolas do Território

em pesquisa, pois ainda não é oferecida na região, a internet em banda larga para os laboratórios

das unidades escolares. Vale ressaltar que a pesquisa apresentada é essencialmente quantitativa,

por isso não esboça um panorama quanto à maneira pela qual as ferramentas têm sido utilizadas

no processo de ensino-aprendizagem.

Page 23: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

23

A fim de aproveitar os recursos existentes, as experiências que estão sendo desenvolvidas

caminham nessa direção, de fomentar metodologias adequadas, adaptadas ao contexto das TIC.

Através da integração das tecnologias de informação e comunicação ao cotidiano escolar, de

modo criativo, competente, planejado, consistente, o docente atua como instigador, adaptando-se

ao contexto, para fomentar um aprendizado qualificado, reconhecendo os limites e as

possibilidades do uso dos aparatos informatizados. Isso poderá permitir ao aluno explorar novas

linguagens, vivenciando experiências importantes para desenvolver tarefas do cotidiano, segundo

os paradigmas exigidos pela sociedade da informação, cada vez mais globalizada, digitalizada.

A integração de novas tecnologias nas escolas precisa, reafirmando, enfatizar a

importância do contexto sócio-histórico-cultural em que os alunos vivem, bem como os aspectos

afetivos que suas linguagens representam.

A tecnologia posta à disposição dos estudantes tem por objetivo desenvolver as

possibilidades individuais, tanto cognitivas como estéticas, através das múltiplas

utilizações que o docente pode realizar nos espaços de interação grupal. Se nas

aulas resolvemos problemas autênticos e não de “brinquedo” isto é, se propomos

problemas reais para gerar processos de construção do conhecimento, somos

conscientes de que utilizamos as tecnologias que foram transformando as mentes

dos estudantes ao longo de sua vida (LITWIN, 1997, p. 10).

O desafio então da atual geração de professores é como utilizar essas ferramentas no

universo escolar e instigar a construção do conhecimento, considerando a multiplicidades de

saberes intrínsecos ao sujeito. É importante ressaltar que a ligação inevitável das TIC com a

Educação deve ser compreendida e abarcada por disciplinas múltiplas, na busca de construção de

conhecimentos diversificados, e não menos relevante, para a formação pessoal e intelectual do

individuo.

Estamos diante de uma bela demonstração de que a modernização da educação é

séria demais para ser tratada somente por técnicos. É um caminho

interdisciplinar e a aliança da tecnologia com o humanismo é indispensável para

criar uma real transformação. (...) Em síntese, só terá sentido a incorporação de

tecnologia na educação como na escola, se forem mantidos os princípios

universais que regem a busca do processo de humanização, característico

caminho feito pelo homem até então (RENATO, 1997, p.05).

Deste modo, o uso das TIC como ferramentas de mediação pedagógica, abarca um

dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco utilizados. Porém, essas são

suposições de um cenário pouco notório. A educação pública ainda demanda conceber e

Page 24: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

24

vislumbrar essa realidade. O professor pode assim estar mais próximo dos alunos, receberem

mensagens via e-mail com dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar

a aula para o ritmo de cada um.

Portanto, entende-se que o compromisso do professor é com o desenvolvimento humano

para a vida em área profissional e social, portanto sua mediação deve explorar os recursos

presentes nessa realidade para que o indivíduo saiba utilizá-los de maneira consciente, ética,

crítica e progressiva a fim de exercer efetiva participação em seu meio. Por isso é importante

buscar um método que não comprometa o aprendizado, e para não deixar o aluno se acomodar

no uso destes meios ao ponto de inibir o desenvolvimento de habilidades. Compete aos docentes

perceber os limites das TIC, incrementando-as conforme as competências individuais e coletivas

dos alunos. Para tanto é primordial a ação do Estado na medida em que precisa oferecer suporte

técnico para as escolas públicas.

2.2.1 O papel do Estado.

No âmbito das escolas publicas dos municípios de Conceição do Coité e São Domingos,

o impacto proporcionado pelos investimentos estaduais na “modernização da educação” trouxe

uma nova perspectiva ao processo de ensino e de aprendizagem. Para as escolas, este incremento

nas tecnologias informáticas vem permitindo a busca e acesso rápido à informação, além de

servir como um meio de representação do conhecimento. Contudo, talvez uma perspectiva muito

otimista a respeito da incorporação da TIC nas escolas públicas, deixou de considerar as

dificuldades suscitadas neste processo de implementação, que dizem respeito às condições

estruturais da escola e à formação docente, o que exige investimentos significativos e

transformações profundas e radicais em espaços físicos escolar; formação de professores;

pesquisa voltada para metodologias de ensino; modos de seleção, aquisição e acessibilidade de

equipamentos; materiais didáticos e pedagógicos, além de muita criatividade.

Netto (1987) pressupõe que a utilização generalizada da tecnologia nas escolas dependerá

do treinamento dos professores, tanto no uso como na produção de bons materiais curriculares.

Como forma de intervir no processo de melhoria da qualidade da educação, as políticas de

Informática Educativa foram inseridas a partir de 1997 nas escolas públicas da Bahia. (BRASIL,

2007, p.39) Em atendimento a estas políticas, diversos cursos têm sido oferecidos, em âmbito

Page 25: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

25

estadual ou mesmo federal, aos professores da rede pública. As capacitações e qualificações em

serviço em cursos de formação continuada têm sido implementadas visando promover a

preparação destes profissionais para atuar com os ambientes tecnológicos de aprendizagem. Um

exemplo é o Programa Mídias na Educação, desenvolvido pela Secretaria de Educação a

Distancia do Ministério da Educação, com o objetivo de proporcionar formação a distancia, com

estrutura modular, voltada a professores da educação básica, para o uso pedagógico das

diferentes tecnologias da informação e da comunicação.

A Secretária de Educação da Bahia oferece, em parceria com Instituto Anísio Teixeira

(IAT), curso de preparação para uso das TIC. Apesar disso, muitos professores não participam,

principalmente pela localização centralizada dos pólos das DIREC. Com vistas à inserção dos

recursos tecnológicos propiciados pelas TIC na escola, mostrou-se relevante no campo

educacional, acentuando os desafios da geração atual de professores e dos gestores da educação.

Compreender as diferentes formas de representação e comunicação propiciadas

pelas tecnologias disponíveis na escola bem como criar dinâmicas que permitam

estabelecer o diálogo entre as formas de linguagem das mídias são desafios para

a educação atual que requerem o desenvolvimento de programas de formação

continuada de professores (BRASIL, 2007, p. 40).

É considerável a responsabilidade dos sistemas educativos em relação ao desafio de

formar os educadores para o fomento de disciplinas que são as ciências da informação e

comunicação. O Estado vem promovendo ações de formação e treinamentos para docentes, mas

com deficiências notáveis, como aparatos defeituosos e sem a preparação eficiente.

A Secretaria de Educação do Estado distribuiu às unidades escolares as TVs PEN

DRIVES. Trata-se de um monitor adaptado com entrada de USB e cartão de memória. Com a

possibilidade de passar vídeos, slides, fotos, as apresentações de seminários, aulas podem ou não

se tornar mais dinâmicas e interessantes, tanto para alunos quanto para professores. Mas os

professores têm reclamado dos freqüentes defeitos destes aparelhos, fato que os obriga a recorrer

a outras ferramentas, ou ao método tradicional. Além disso, em alguns casos os equipamentos

ficam trancados, longe do manuseio de alunos e professores.

Para que a disseminação das tecnologias nas escolas públicas brasileiras aconteça

efetivamente, o Governo Federal vem distribuindo computadores para algumas escolas através

do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo). Os Núcleos de Tecnologia

Educacional (NTE), ligados ao Instituto Anisio Teixeira, prevê a formação dos professores para

Page 26: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

26

a utilização das TIC nas escolas. Ações conjuntas dos governos Federal e Estadual, através de

programas como o PROINFO, têm implantado nas escolas da rede pública salas de informática

com acesso à internet.

Entre as tecnologias da comunicação, o computador aparece com ênfase, pois permite a

realização de tarefas interdisciplinares. É sem dúvida uma ferramenta muito importante,

indispensável na metodologia pedagógica contemporânea e no processo do ensino-

aprendizagem, neste novo século.

Silva (2010), em recente pesquisa, abordou as implicações do uso das tecnologias da

informação e comunicação para a aprendizagem de alunos do ensino médio de uma escola da

rede pública estadual de Salvador. O estudo apontou que a maioria dos docentes entrevistados já

havia participado de cursos para uso pedagógico do computador e da internet. Por outro lado,

também a maioria deles informou não fazer uso destes recursos na escola, devido à falta de

condições estruturais do laboratório de informática (equipamentos com defeitos, falta de conexão

a internet, entre outras questões) ou mesmo por sentirem ainda grandes dificuldades para a

utilização principalmente do computador e seus softwares.

A aquisição de ferramentas pelas escolas como computadores, DVDs, rádios, televisores,

maquinas fotográficas, projetores, não significa, a priori, que as instituições estão desenvolvendo

a aprendizagem adequada aos meios. Os programas têm sido importantes, mas não basta montar

salas com computadores modernos e com acesso a internet sem professores capacitados para esta

utilização.

Evidentemente, a simples introdução de um suporte tecnológico não significa

inovação educacional. Esta só ocorrerá quando houver transformação nas

metodologias de ensino e nas próprias finalidades de educação. (BELLON, I

2005, p.89)

A apropriação das TIC por parte dos professores deve estar apoiada em um material que

instigue e o ajude a apropriar-se das mesmas. Mas esta apropriação não é passível de uma

simples leitura; para que os professores realmente assimilem esta forma de produção de

conhecimento.

Atrelada a esta concepção de mudança do paradigma está a compreensão de que

o papel do profissional de educação na atualidade é o de estimular os alunos a

aprenderem a buscar e selecionar as fontes de informações disponíveis para a

construção do conhecimento, analisando-as e reelaborando-as (PIMENTEL,

2007, p.37)

Page 27: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

27

No entanto é importante ratificar que o foco recai, em especial, na constatação de que

muitos dos profissionais que hoje atuam na docência, em escolas públicas de educação básica,

não foram preparados para os constantes avanços tecnológicos que se vivencia nos tempos

atuais.

2.2.2 Contexto regional no campo da Educação.

Esta pesquisa se desenvolve, tendo como objeto empírico de investigação o Território do

Sisal da Bahia, especificamente através dos municípios de Conceição do Coité e São

Domingos, semi-árido do estado. O município de Conceição do Coité está localizado na zona

fisiológica do nordeste, na Microrregião de Serrinha e Mesorregião Nordeste Baiano. Situado a

240 km da capital baiana, tem uma população estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística), em 2010, de 62.042 habitantes. Limita-se em Serrinha (ao sul),

Retirolândia (ao norte), Araci (ao leste). Riachão do Jacuipe (ao oeste), Ichu (ao sudeste), e

Santa Luz (a noroeste).

No setor educacional o município conta com escolas de 1º e 2º graus, públicas e

particulares, além da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e faculdades particulares (FTC,

UNOPAR). A rede estadual de ensino é coordenada por Diretorias Regionais de Educação

(DIREC), estando às escolas de Coité sob gerência da DIREC 12, com sede em Serrinha. Os

parâmetros curriculares, as logísticas de direção e os projetos pedagógicos seguem o padrão das

escolas do Estado da Bahia. O município obteve a nota 3.2 do IDEB (Índice de

Desenvolvimento da Educação Básica) do ano de 2009 nas escolas da rede municipal no ensino

fundamental, da 1ª a 4ª séries, tendo ultrapassado a meta de 3.0. Nos ensinos da 5ª a 8ª séries,

pertencentes à rede estadual, o município alcançou o índice de 2.9, enquanto que a meta era de

3.1.

Já São Domingos, também localizado no nordeste Baiano, na região sisaleira, na

microrregião de Serrinha. Está situado próximo de Valente, Conceição do Coité, Retirolândia,

Gavião, Nova Fátima, Riachão do Jacuípe, Santa luz, e distante da capital em 234 km. Segundo

o IBGE, em 2010 o município teve uma população estimada em 9.195 habitantes. O município

Page 28: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

28

superou mais uma vez as metas estabelecidas pelo Ministério da Educação relativas ao IDEB,

calculado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), através de

critérios que levam em conta a aprovação, reprovação, evasão escolar e desempenho dos alunos

de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental na Prova Brasil. Em São Domingos não há curso de

ensino superior.

O índice atingido pelo sistema municipal de ensino nas séries iniciais - 1ª a 4ª série -

passou de 3,9 em 2007 para 4,3 em 2009, superando a meta de 3,4 estabelecida pelo MEC e

também a média da Bahia. No entanto, foi nas séries finais do ensino fundamental - 5ª a 8ª série

– que o município conquistou o maior avanço, passando de 3,4 para 4,4, superando a meta e as

médias estadual e nacional, o que fez São Domingos se destacar na 3ª posição entre os melhores

sistemas de educação municipal do estado da Bahia.

As escolas do Território têm sido equipadas com aparatos tecnológicos tais como, TV pen

drive, aparelhos de DVD, retroprojetor, computador, câmara digital fotográfica, data show, entre

outros equipamentos tecnológicos. Porém, especificamente em escolas dos dois municípios

analisados, há um déficit no que tange a preparação técnica dos docentes para o uso das TIC na

sala de aula. O problema consiste nas condições materiais e técnicas, além da falta de preparo

dos professores para esta tarefa. A DIREC 12 oferece em parceria com o IAT, cursos de

treinamentos para uso das TIC. Mas pelo fato do difícil acesso e a localização centralizada das

DIREC, onde acontecem esses treinamentos os docentes estão poucos se preparando para este

novo cenário com a isenção das TIC. Apesar da falta de preparação dos docentes, percebe-se que

cada vez mais as tecnologias têm sido usadas para fins pedagógicos nestas escolas. Ainda não há

pesquisas concretas a cerca dos efeitos das TIC no ensino aprendizagem nessa região, mas de

forma geral, nota-se que há certa motivação por parte dos alunos e dos professores em aprender.

Considerando que o aprendizado se dá forma dialógica, partindo da premissa freiriana, as

TIC têm sido primordiais neste processo, uma vez que estabelecem uma relação interativa entre

educador e educando, essencial no ensino-aprendizagem, sendo explorada como suporte nesse

processo.

Para centralizar a pesquisa, três escolas dos citados municípios foram selecionadas.

2.2.2.1 Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido

Page 29: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

29

O Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido (CEEPS3) está localizado em

São Domingos, pequena cidade do interior da Bahia a cerca de 240 km de Salvador.

Trata-se de uma unidade escolar de Porte Especial, pois é o único colégio da região do

Sisal que possui o ensino técnico, profissional direcionado a alunos do segundo grau. Segundo o

diretor do CEEPS, Crispim Silva, a implantação da unidade no município de São Domingos

busca articular a educação profissional de forma inovadora com a educação básica, proposta esta

de uma educação atual integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à

tecnologia, conduzindo a um processo permanente do desenvolvimento de aptidões para a vida

produtiva na perspectiva do exercício pleno da cidadania.

O público atendido pelo Centro Estadual de Educação Profissional faz parte dos

Territórios de Identidade do Sisal e da Bacia do Jacuipe, sendo nove municípios contemplados:

São Domingos, Valente, Retirolândia, Conceição do Coité, Santaluz, Gavião, Barreiros (distrito

de Riachão do Jacuípe) e Nova Fátima. Uma boa parcela dos alunos é oriunda da zona rural. A

faixa etária vai dos quinze aos vinte e cinco anos, totalizando 410 alunos, distribuídos nos três

turnos.

O motivo da escolha do CEEPS para integrar esta pesquisa se deve ao fato de o mesmo

contribuir com o desenvolvimento social, econômico e ambiental, bem como, a interação da

educação profissional com o mundo do trabalho e o incentivo à inovação e desenvolvimento

científico- tecnológico de uma das regiões mais carentes do país, a região do semiárido. Além

disso, o CEEPS organiza seus cursos em torno de eixos de formação, sendo um deles o eixo

“Comunicação e Informação”, que contempla, dentre outros, o curso de Técnico em Informática.

No Centro Estadual de Educação Profissional do Semiárido, diretores, coordenação,

professores e alunos compartilham a busca de alternativas para enfrentar os problemas e tornar

viável a integração das TIC aos espaços da escola. Para o uso das tecnologias pelos alunos, o

CEEPS conta com vinte e cinco professores, um diretor, dois vice-diretores e três outros

funcionários que fazem parte da coordenação.

3 O CEEPS foi instituído no âmbito do Sistema Público Estadual de Ensino pelo Decreto nº 11.355 de 04 de

dezembro de 2008 e Portaria de Criação 8.677/09 - Diário Oficial de 17 de Abril de 2009.

Page 30: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

30

Na parte Administrativa o CEEPS conta com oito computadores sendo sete com internet,

no laboratório de informática são vinte e duas maquinas todas com internet, espaço esse que

acaba sendo o mais utilizado pelos alunos. O Centro Estadual também possui em seu aparato de

equipamentos que fazem parte das TIC recursos educacionais como: dois aparelhos de TV, três

aparelhos de som (micro sistem), duas caixas amplificadas de som com microfone, um

retroprojetor, um notebook, duas câmeras fotográficas, uma câmera filmadora, cinco aparelho de

DVD e sete TVs pendrive que são fixas nas salas de aulas.

É importante salientar que, segundo o diretor do colégio, desde que esses equipamentos

chegaram ao CEEPS, em 2009, nunca passaram por manutenção e alguns se encontram com

defeito e em péssimo estado de conservação. Quanto à preparação dos docentes em relação ao

uso das TIC, alguns professores foram capacitados pelo Programa Mídias na Educação,

oferecido pela SEC – BA.

2.2.2.2. Colégio Estadual João Carneiro

O colégio Estadual João Carneiro, situado no povoado de Vila Carneiro, município de

Conceição do Coité – BA é uma unidade de médio porte e está bem equipada com recursos

tecnológicos.

Pelo fato de um dos autores desta pesquisa conhecer a realidade desta unidade, uma vez

que estudou todo o ensino fundamental e atualmente trabalha na função de auxiliar de secretario.

Fundado em 1987, no Colégio há três modalidades de ensino: Fundamental, Médio e Ensino de

Jovens e Adultos. Há um total de 143 alunos, divididos nos turnos vespertino (65) e noturno

(76). Doze professores lecionam nesta Unidade. Desde 2009 a Escola começou a se equipar com

ferramentas tecnologias, como a implantação do laboratório de informática através do Governo

Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão - GESAC - um programa de inclusão digital do

Governo Federal, coordenado pelo Ministério das Comunicações – através do Departamento de

Serviços de Inclusão Digital, que atende a população com baixo índice de IDH, e onde não

internet banda larga. Também adquiriu um retroprojetor digital (data show), em cada sala há uma

Tv com entrada para pendrive, há DVD e TV para passar filmes, câmara digital fotográfica,

caixa de som amplificada. Os professores não são treinados para lidar com as TICs, apesar de

Page 31: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

31

haver curso para tal finalidade na cidade de Serrinha, oferecido pela DIREC, através do NTE –

(Núcleo de Tecnologia) em parceria com o IAT (Instituto Anisio Teixeira)

Os equipamentos recebem manutenção quando necessário e, segundo a direção da escola,

apresentam bom estado de conservação. Na grade curricular há a disciplina Ciência e

Tecnologia, que aborda conteúdo inerente as tecnologias, inclusive as da informação e da

comunicação.

2.2.2.3 Colégio Estadual José ferreira

Fundado em 1983, o Colégio Estadual José Ferreira está situado na rua Felipe dos Santos,

em Salgadália, Conceição do Coité - BA. Nesta Unidade são oferecidos os ensinos Fundamental,

Médio e Ensino de Jovens Adultos. Há um total de 295 alunos, na faixa etária de 10 a 65 anos.

São 26 professores que lecionam neste Colégio, que desde 2008 começou a se equipar com as

TIC, com a implantação de laboratório de informática. O motivo da escolha é pelo fato do

Colégio ter oferecido, até ano de 2010, o curso de Magistério, formação de professores, e

também por se encontrar equipado.

No Colégio há os seguintes equipamentos: DVD, TV, TVs pen drive, câmara digital,

retroprojetor e datashow, utilizados com freqüência pelos professores e alunos de forma

complementar as tarefas das disciplinas. Conforme apuramos na visita prévia os docentes não

recebem treinamento para uso e aplicação dos meios nas salas de aula. Com auxilio do professor

de Informática, os professores planejam suas aulas com antecedência para aplicar os ferramentais

nas metodologias. Os equipamentos recebem regularmente a manutenção técnica, contratado

pela SEC. Tal como as Unidades Estaduais, há a disciplina Ciência e Tecnologia, cuja demanda

conteúdos de uso das TIC.

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32

3. VÍDEO DOCUMENTÁRIO: Conceito, Linguagem, Técnica.

Está pesquisa de TCC é idealizada através de um produto audiovisual: um documentário,

pois na condição de estudantes de Comunicação, é interessante para aprimorar os conhecimentos

práticos sobre vídeo, para retratar, mesmo que seja um resumo de uma dada realidade, o contexto

das escolas públicas do semiárido baiano no que diz respeito a inserção da TIC para fins

pedagógicos.Por isso, este capitulo trata de vídeo e aborda as conceituações teóricas acerca de

documentário, considerando fatores relevantes que envolvem a produção audiovisual, tais como

conceitos, estilos, linguagem, técnica e a implicância sócio-cultural. Para tanto é interessante e

necessário abordar a partir de referenciais acerca do vídeo para embasar a discussão proposta no

decorrer deste capitulo. Em seguida recorrer a autores que enaltecem o potencial de vídeo

documentário, apresentando estilos e técnicas de produção que constituem a linguagem

audiovisual.

3.1. CONCEITOS

O surgimento do termo documentário está creditado ao escocês John Grierson4 pioneiro

no estudo do documentarismo e criador da escola britânica de documentários, conhecida como a

primeira no mundo a se dedicar ao estudo do assunto. Robert Flaherty, precursor do

documentário, com o filme longa metragem “Nanook, o esquimó” em 1922, priorizava a

exploração de temas antropológicos nas suas históricas produções, um modo de produzir que se

convencionou como Cinema Direto. Mas Grierson não acreditava na abordagem “exótica”,

etnográfica e propôs a aproximação com o mundo que está à sua volta, em meio aos problemas

econômicos e sociais, inaugurando assim a corrente chamada Cinema Verdade.

Embora os diretores, produtores e cineastas, notavelmente, venham buscando desde as

primeiras produções do documentarismo “retratar” a realidade por meio da representação, não

4 John Grierson é considerado um dos principais nomes da história dos primórdios do documentário. Foi o fundador

da escola inglesa de documentário, na época em que trabalhou no Empire Marketing Board, agência governamental.

Tal escola foi responsável pela afirmação institucional do gênero ao lançar as bases para o que hoje se denomina

documentário clássico.

Page 33: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

33

chegaram a uma concepção para o termo documentário. Por isso, estudiosos são unânimes ao

afirmar que não há um conceito fechado.

Uma produção de vídeo documentário contextualiza uma dada realidade através da

representação, e não de uma reprodução da mesma. Representa uma visão de mundo, segundo a

perspectiva do realizador. O documentário busca, como o nome sugere documentar ou

representar o mundo histórico sob uma perspectiva conveniente e/ou uma proposta artística,

baseada nas convicções políticas acerca de um determinado tema, e nos contextos culturais e

sociais dos sujeitos.

Para Sheila Curran Bernard (2008),

O documentário é um discurso de auto-expressão, como romances, canções ou

pinturas, podendo ser criado em diferentes formatos. Quando bem formulado, é

um instrumento que, de certa forma, compensa o descompasso entre culturas ou

expõe realidades desconhecidas. E, apesar de muitas vezes promover

entretenimento, o conteúdo deve possuir um caráter inspirador, motivador e

educacional (BERNARD, 2008, p.153).

O avanço tecnológico implicou em inovações técnicas no vídeo, e interferiu na maneira

de se produzir, logo nas concepções. Embora essas tecnologias sejam influentes em tais

mudanças, é relevante ponderar, na medida em que os aspectos históricos, políticos, sociais e

culturais modelam os estilos, as linguagens e as abordagens dos documentários contemporâneos.

Os diferentes conceitos inerentes se modificaram e se adaptaram conforme tais transformações.

Assim uma definição apenas não abarca os filmes considerados documentários.

Segundo Ramos (2008, p.21), “o conceito de documentário confunde-se com a forma

estilística da narrativa documentária em seu modo clássico, provocando confusão”. Isso ocorre

devido à generalização. O modo clássico pode ser resumido nas seguintes características

estruturais: fusão de música e ruídos, montagem rítmica e narração em voz off, a chamada “voz

de Deus”. Sua função era, a priori, educativa e social, com objetivo de formar a opinião pública.

As produções contemporâneas incrementaram novos estilos, diferentes linguagens e

narrativas, na medida em que os aparatos técnicos mais modernos implicaram em tais avanços,

da mesma maneira que os aspectos econômicos, políticos e sócio-culturais.

Partindo de suas formulações conceituais, Bill Nichols classificou os documentários em

seis categorias: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático. O autor

adota o critério do “estilo” para diferenciar os tipos de documentários: “como toda voz que fala,

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34

a voz fílmica tem um estilo ou „natureza‟ própria, que funciona como uma assinatura ou

impressão digital” NICHOLS (2005, p. 135)

Segundo Nichols, cada cineasta tem uma peculiaridade ao produzir um filme. Sendo

assim, classifica os documentários baseado na idéia de que a maneira pela qual o realizador

constrói a narrativa e constitui a voz fílmica apresenta certas distinções, gerando diferenciações

em relação aos demais modos. Mas pondera que há uma predominância de um modo, numa

composição que agrega diferentes estilos, já que “nem todos os documentários exibem um

conjunto de características comuns (...). Abordagens alternativas são constantemente tentadas e,

em seguida, adotadas por outros cineastas”, NICHOLS (2005, p.48)

A classificação é explicada dessa forma: o documentário poético reúne fragmentos do

mundo de modo poético e teve evidencia nos anos 1920. Já o expositivo trata diretamente de

questões do mundo histórico, tendo característica didática como marca. O tipo observativo, com

ênfase nos anos 1960, evita o comentário e a encenação, observa os eventos. O modo

participativo, por sua vez, entrevista os participantes ou interage com eles. Usa imagens de

arquivo e pode ser invasivo demasiadamente. O reflexivo tem como característica marcante

questionar as demais formas de produção audiovisual, com predomínio nos anos 1980. E

finalmente, o performático, que enfatiza aspectos subjetivos de um discurso classicamente

objetivo.

Os documentários estão em constante modificação, através de experiências inovadoras,

sejam adotadas ou não como paradigmas. Assim, entende-se que o vídeo estabelece ligações

entre os assuntos retratados e o mundo em que os espectadores estão inseridos, através de uma

conexão entre imagem e som, como afirma Ramos:

Documentário é uma representação narrativa que estabelece inserções com

imagens e sons, utilizando-se das formas habituais de linguagem falada ou

escrita, ruídos ou musica. As imagens predominantes na narrativa documentária

possuem a mediação da câmara, fazendo assim que as asserções faladas sejam

flexionadas pelo peso do mundo. RAMOS (2008, p.23)

Os recursos técnicos utilizados contribuem para a formação da narrativa, mas o discurso

moldado pela historicidade dos sujeitos, pelos contextos sociais, culturais e políticos, é

primordial para a mensagem que se pretende passar, mediados pela lente da câmara, que simula

de forma alusiva (metáfora) a visão de mundo do realizador.

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35

No documentário há o entrelaçamento de histórias. Como atesta Nichols (2005, p.93)

“para cada documentário, há pelo menos três histórias que se entrelaçam: a do cineasta, a do

filme e a do público”. O cineasta deixa sua marca pela proposta de arte, pelas convicções

políticas, pela visão social, mediante o seu contexto cultural. Segundo o autor, NICHOLS (2005,

p.72) “os documentários representam questões, aspectos, características e problemas encontrados

no mundo histórico, pode-se dizer que falam desse mundo por meio de sons como de imagens”.

Ou seja, constitui e apresenta uma questão discursiva. Assim, a construção do discurso se dá por

uma “voz”, que transmite um ponto de vista, mostra um argumento, para tentar convencer,

persuadir.

O próprio filme é carregado de significados intrínsecos, mas complementados pelo

receptor, que por sua vez, interpreta a mensagem, sabendo que vem de algum lugar e de alguém.

Esta relação constitui a narrativa fílmica. Por isso o público tende a perceber a linguagem e o

discurso através de um conhecimento antecipado.

O autor explica: “cada expectador chega a novas experiências, como a de assistir a um

filme, com pontos de vista e motivações baseadas em experiências prévias, NICHOLS (2005,

p.26)”. Por isso o publico vai absorver o conteúdo conforme seu conhecimento, podendo se

convencer ou não pela retórica, tecer críticas, questionar, analisar, compreender as metáforas e a

alusões, adquirir novos conhecimentos. A complexidade de conceituação se reduz na medida em

que se estabelece a interação discursiva entre as três histórias, pontuadas pelo autor, pois assim a

explicação para documentário se torna mais compreensível.

Cineastas, estudiosos, pesquisadores, estudantes têm diferentes concepções para formular

um conceito, mas de certa forma, suas considerações se complementam. Portanto, com base nas

premissas apontadas, mesmo considerando que não há um conceito convencional, nem apenas

uma definição, em síntese, pode-se afirmar genericamente: documentário é uma representação

parcial e subjetiva do mundo histórico, um fragmento temporal e espacial de uma realidade

registrada pela câmera, partindo da perspectiva de quem o produz, considerando que o

significado do vídeo será complementado tanto pelo próprio filme, quanto pelo receptor.

3.2. LINGUAGEM SOCIAL DO VÍDEO

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36

Enquanto meio que representa o mundo histórico, o documentário é dotado, de forma

acentuada, de uma linguagem social. A Escola Griersoniana defende a tese de que o

documentário tem um potencial educacional sobre as “massas”, podendo contribuir para a

discussão acerca de problemas econômicos, sociais ou políticos através da conscientização das

pessoas a respeito de suas responsabilidades como cidadãos.

Partindo desta afirmativa, subentende-se que o vídeo documentário pode possibilitar ao

publico, (re) conhecer uma dada realidade, refletir sobre a mesma e adotar respaldo para uma

discussão que interesse a coletividade, na medida em que carrega o potencial de expressar o

contexto social, político e cultural da sociedade, mesmo sob um ponto vista socialmente

construído, regado de ideologias e convicções políticas associado a uma estética fílmica.

O sistema capitalista implicou mudanças importantes na sociedade pelo viés dos meios de

comunicação de massa, incrementando novos princípios, ditando normas de consumo,

interferindo nos costumes e nas relações sócio-econômicas. Sendo assim, faz-se necessário

ressaltar, neste contexto, a relação entre arte, entretenimento e sociedade com a indústria

cultural, termo primariamente utilizado pelo filósofo da Escola de Frankfurt, Theodor Adorno5,

para designar a sociedade onde tudo se torna negocio. As produções culturais, antes empregadas

ao lazer, são exploradas para fins comerciais de forma sistemática.

Para Adorno, o homem não passa de mero aparelho de trabalho e de consumo. Então o

processo de individualismo gerado deste contexto, tornou o homem tão bem manipulado que até

mesmo o seu lazer virou uma extensão do trabalho, segundo o pensador.

A televisão e o cinema são historicamente instrumentos da indústria cultural. Desde o

inicio do século XX, quando a produção cinematográfica começava a se expandir, cada vez mais

apreciadas pela burguesia e depois pela plebe, os produtores perceberam a força de influencia do

cinema. Durante a crise de 1929, os filmes de Hollywood já enalteciam a questão do patriotismo

e a abordagem política, enfatizando as medidas do poder vigente para contornar a situação

econômica adversa. Charles Chaplin, o ícone do cinema mudo e gênio da teledramaturgia

criticou o capitalismo, a exploração da mão de obra, com o clássico “Tempos Modernos” (1936).

5 Foi um filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão. É um dos expoentes da chamada Escola de

Frankfurt.

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37

Porém, os alemães são pioneiros na utilização do cinema como um meio formador de opinião

pública. Os nazistas disseminaram a ideologia (racista) ariana, apontando Hitler como um líder e

herói, enquanto que judeus, negros, analfabetos eram os vilões da humanidade. O crescimento

político do partido nazista deveu-se a intensa utilização do cinema. O ministro da Propaganda de

Hitler, Goebbels, considerava o meio mais moderno de influenciar a população na época. Outros

governos totalitários usaram o cinema para propaganda ideológica, como o fascismo e

stalinismo.

Nos anos 1970 e 1980, alguns filmes contestavam as ditaduras implantadas na América e

na Europa, com uma narrativa politizada. No Brasil, na mesma época, além de censurar os filmes

“subversivos”, o regime militar usou a linguagem televisiva para manter a “ordem vigente”, sob

o lema de integração e segurança nacional, através de programas como o Telecurso, pautado

numa pedagogia conservadora, pregando os valores da “moralidade civil”.

Segundo Laurindo Leal Filho (1988, p.33) depois do golpe militar e da implantação de

uma política de controle dos meios de comunicação, o governo autoritário articulava a

apropriação da televisão para fins políticos:

Se Vargas soube usar com eficiência o rádio e o cinema para subordinar as

oligarquias regionais ao seu projeto, os generais de 64 vão montar uma

sofisticada rede de telecomunicações capaz de servir como um dos principais

sustentáculos para sua política autoritária e centralizada (FILHO 1988, p. 31 e

32)

A popularização da televisão potencializou a influência do vídeo na sociedade

consumista. Os costumes, os comportamentos, a escolha de determinadas marcas começaram a

sofrer implicância da televisão. Segundo Arlindo Machado (2000), a televisão é um meio

paradoxal, pois pode ser tanto perigoso quanto indispensável para a sociedade, tanto servir de

meio de alienação quanto de educação nacional. Para o autor, o caráter coletivo da televisão

poderia ser utilizado para o convite à mobilização e participação na sociedade em torno de um

interesse comum e acrescenta que para haver qualidade nesse meio de comunicação de massa é

preciso valorizar a produção de “programas e fluxos televisuais que valorizem as diferenças, as

individualidades, as minorias, os excluídos, em vez de a integração nacional e o estímulo ao

consumo '' (MACHADO, 2000, p.25).

As produções audiovisuais, atualmente, são na maioria realizadas para abastecer o

mercado cinematográfico. Mas, há exceções, como os vídeos institucionais ou aqueles usados

Page 38: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

38

pelo Estado para propaganda política, embora mais discreta do que nas primeiras décadas do

século XX, em épocas de guerra. Há também os vídeos com os propósitos educativos e culturais,

nos quais se percebe o autêntico papel social do filme, seja televisivo ou de cinema.

Mediante as novas possibilidades de reprodução e disseminação através de softwares de

regravação, da internet (download) e dos dispositivos móveis (celular, smartphone, pen drive),

conteúdos audiovisuais podem ser acessados com facilidade, sem custo direto, em detrimento à

lógica mercadológica. Entretanto, o consumismo inevitavelmente se acentua, mediante a relação

arte, entretenimento e sociedade capitalista.

A linguagem e a narrativa do vídeo são constituídas com a contribuição de técnicas

fundamentais na produção audiovisual.

3.3. TÉCNICAS – IMAGENS E SONS

O registro, a organização e a relação entre o som e a imagem com o conteúdo são pontos

fundamentais na produção de um documentário, pois a forma em que os mesmos são captados,

organizados já deixa implícito o ponto de vista do autor, que dar-se inicio a partir da escolha do

tema.

Para uma boa produção faz-se necessário recorrer a procedimentos, recursos que irão

nortear e contribuir com o vídeo. A imagem (enquadramentos, movimento de câmeras,

angulação) e o som (trilha sonora, som ambiente, silêncio, etc.).

3.3.1. Imagens

Desde os primórdios das civilizações, o homem usava a imagem como representação para

se comunicar, através de pinturas nas pedras. Após muitos anos desenvolveu a prática de

desenhar e pintar em tecidos e papéis. Bem mais recente, com a descoberta da fotografia surgiu

uma nova forma de reproduzir figuras. Com a invenção e fomento da eletricidade surgiram

equipamentos capazes de gravar e armazenar o som e as imagens em movimentos: a câmera

filmadora. Assim inventou-se o vídeo. Para realização de uma produção audiovisual é necessário

empregar algumas técnicas principais.

Page 39: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

39

3.3.2. Enquadramento

É a ação de enquadrar uma imagem, dando-lhe a dimensão exata de como ela será

apresentada aos espectadores na tela. Determinar o enquadramento significa pensar sobre qual

área vai aparecer na cena e qual o ponto de vista mais indicado para que a ação seja registrada. O

enquadramento pode reforçar sentimentos e intenções da cena.

O tamanho da figura humana dentro do quadro serve como referencial para a

classificação dos planos em se tratando do tipo de enquadramento. Santos (1993, p. 24-27)

classifica os planos cinematográficos em oito tipos, que vão desde planos que retratam o

ambiente, ate os que valorizam a ações dos personagens.

O plano geral (PG) abrange uma vasta e distante porção de espaço, como uma paisagem.

Os personagens, quando presentes no PG, normalmente não são identificados na tela. O PG pode

ser um conjunto de casas, uma cena geral e aberta das ruas de uma cidade, um grande campo

para agricultura e outras cenas de iguais proporções. Este plano serve para contextualizar o local

onde se passa a historia; O plano conjunto (PC) é um pouco mais fechado, pode mostrar um

grupo de personagens, já reconhecíveis, e o ambiente em que se encontram. Assim como no

Plano Geral, este plano serve para contextualizar o local onde ocorrerá todo o resto da cena,

como também para mostrar quais personagens participam dela; Plano médio (PM) é um plano

muito utilizado no jornalismo televisivo. O sujeito aparece da cintura para cima, o ambiente

surge, mas não é o foco e caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte superior do corpo.

É um intermédio entre a ação e a expressão. Um plano médio mais aberto pode ser

considerado plano americano (PA) que é bastante utilizado no cinema e vídeo, pois enquadra o

personagem dos joelhos para cima. Facilita a visualização da movimentação e reconhecimento

dos personagens. Já o primeiro plano (PP) costuma enquadrar os personagens do busto para cima

dando destaque ao semblante do sujeito, registrando a emoção, a fisionomia, dirigindo a atenção

do espectador. O primeiríssimo plano (PPP) enquadra apenas o rosto, objetos ou qualquer outra

parte do corpo, nele a ação não é percebida, mas o espectador percebe a emoção da personagem.

Por fim o plano detalhe (PD) que enquadra e destaca partes do corpo (um olho, uma mão) ou

objetos (um lápis sobre a mesa).

Page 40: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

40

Apesar da importância, os planos não são rigorosamente fixados por padrões e medidas

exatas. Permitem sim variações, que serão definidas pelo equilíbrio entre os elementos do quadro

e pelo bom senso do cinegrafista, pois ele é o será o responsável da escolha do melhor

enquadramento.

3.3.3. Movimento de câmera

Diversas técnicas de filmagem são utilizadas e intercaladas em um filme. É dever de o

diretor escolher quando e como as câmeras devem realizar movimentos.

Os movimentos de câmera são ações executadas com uma câmera cinematográfica ou de

vídeo através de trilhos, gruas e outros mecanismos para dar mais dinamicidade ao

enquadramento de uma cena ou acompanhar uma ação de personagens de um filme ou vídeo.

A câmera pode realizar todos os movimentos que se deseje, porem eles devem ter um

motivo e uma intenção. Uma cena pode pedir ou não determinado movimento. O movimento

pode unir, separar, revelar ou esconder algo. Pode também acelerar ou não uma cena. Santos

(1993) afirma que só existem dois movimentos de câmera:

O Travelling é o movimento físico da câmera que pode acompanhar o movimento da

personagem ou de alguma coisa que se move à mesma velocidade, podendo ser para frente (in),

para trás (out), para cima, para baixo, para os lados ou combinado.

O outro tipo de movimento de câmera, chamado de Panorâmica ou Pan, é o movimento

de câmera a partir de uma posição fixa. A pan possui a rotação da câmera em torno de seu eixo

horizontal (para cima e para baixo) ou vertical (para um ou outro lado). Costuma ser empregado

para mostrar o ambiente ou acompanhar o movimento de um personagem ou veículo. Os

manuais de vídeo recomendam que a pan deva ser uniforme e ter a mesma velocidade do

princípio ao fim. O início e o fim do movimento devem ser estudados antecipadamente

definindo-se corretamente o enquadramento nas duas pontas.

Santos (1993, p. 35) coloca ainda um movimento de objetiva chamado de Zoom. Nele a

variação se dá pela angulação de visão da objetiva de um enquadramento mais aberto para um

mais fechado (ZOOM IN) ou o contrário, de um enquadramento mais fechado para um mais

aberto (ZOOM OUT).

Page 41: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

41

3.3.4. Angulação

Os ângulos de visão são determinados pela posição da câmera em relação ao assunto

tratado. A depender da intencionalidade que se tem ao produzir um vídeo, a angulação da câmera

pode influenciar para intensificar o conteúdo da cena. Santos (1993, p. 64) apresenta três ângulos

diferentes: Câmera Normal é a posição mais comum em que se aponta a câmera para a cena

numa superfície plana; Na Câmera Alta (Plongée) a objetiva enquadra as pessoas e os objetos de

cima para baixo, a pessoa filmada parece abatida, comunicando aos espectadores uma sensação

de esgotamento, como o acusado do crime, durante a mesma cena de julgamento. A Câmera

Baixa (Contre - Plongée) é usada para valorizar o assunto enquadrado, a câmera enquadra de

baixo para cima. Tomando como exemplo personagens de filmes, a câmera baixa atribui ao ator

um ar de importância, um ar dominador. Caracteriza personagens prepotentes ou tirânicos, ou

personagens que, num dado momento, estão em situação vantajosa em relação a outros, como o

promotor de acusação durante uma cena de julgamento.

É importante frisar que essas são convenções no universo do mundo audiovisual, o que

não impede que tais angulações sejam utilizadas em sentido inverso ao apontado pelos manuais.

Pois não existe uma imposição no que diz respeito à produção audiovisual tanto no

enquadramento, nos movimentos de câmera e na angulação que são formas de construir um

sentido ao vídeo a partir das imagens.

3.3.5. O Som no vídeo

Desde o nascimento do cinema, pretendeu-se que o som sempre estivesse unido às

imagens. Essa união só não existiu desde o início por conta de limitações técnicas. É importante

frisar este argumento, uma vez que quando se diz que o chamado "período mudo" durou cerca de

trinta anos, isso pode levar a crer que o advento do som não era desejado, quando, na verdade, se

verifica o oposto; o que nos leva à questão: por que existiam essas limitações em relação à

gravação e reprodução do som, enquanto a imagem já passava por esses processos de forma

“satisfatória,” e ainda, por que o advento do cinema sonoro quando finalmente aconteceu,

Page 42: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

42

cunhou um modo de unir os sons e as imagens que deu margem ao argumento de que o som seria

um mero acompanhamento daquelas. Ou seja, como se forjou uma hierarquização entre os dois

elementos, onde a imagem, na teoria e na análise dos filmes, seria o ator principal e o som o

coadjuvante. Mas o que parecia ser apenas um complemento ou até mesmo um retrocesso na

linguagem, já que pensava-se que ele poderia tirar a poética da construção da imagem, hoje

tornou-se indispensável em uma boa produção. Desta forma com o decorrer dos tempos o som,

não só passou a ser uma forma de se contar a história através de diálogos e narração como

também passou a ser utilizado de modo cada vez mais interessante nos filmes.

Leal (2006) afirma que a utilização, a manipulação do som em relação com a imagem

começou a ser intensificada a partir da década de 60 e ganhou o nome de Sonoplastia por ser a

manipulação de registros sonoros, criação de ambientes musicais, de paisagens sonoras e de

efeitos sonoros.

Não há como negar que a sonoplastia é uma parte essencial de qualquer produção

audiovisual. O ritmo e a intensidade são muitas vezes aqueles que definem o tom das imagens

que vemos, e sutilmente manipula os sentidos para gerar emoções fortes.

O som por si só estimula a imaginar os recursos visuais em nossa mente, criando uma

experiência única para cada ouvinte. Segundo definição do Dicionário da Língua Portuguesa

Larousse Cultural (1992, p. 1048), sonoplastia é o estudo, seleção e aplicação de efeitos sonoros

em rádio, teatro, cinema e televisão. Sendo assim, é a união de sons, sejam eles na forma de

músicas ou sons ambientes, também chamados de ruídos.

É importante trabalhar o som juntamente com a imagem, o que Salles (2002) chama de

simbiose do som e da imagem, pois manifestações de naturezas diversas se complementam,

gerando um significado único, resultante da interação de dois ou mais sistemas. Segundo o autor,

a utilização sistemática nas artes, na comunicação e nos rituais da relação som-imagem é muito

antiga e tem sido largamente explorada nos dias atuais. Na era da reprodutibilidade técnica, a

máquina reproduz indefinidamente uma gravação e com a evolução tecnológica, foi permitido

um sincronismo perfeito entre som e imagem. Mas sobre esse fato o autor comenta que gerou

certo incômodo e diversos questionamentos acerca da relação do som e da imagem. Seria ela

parasitária ou simbiótica? Vários estudos nasceram a partir daí e os profissionais de comunicação

Page 43: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

43

tentam compreender ou responder a tais perguntas. Para muitos autores é possível estabelecer

uma combinação harmônica para gerar uma confluência de sentidos.

Beleboni (2004) contribui com a reflexão proposta acima ao relatar em seu artigo “A

difícil relação entre imagem e som no audiovisual contemporâneo” que a sociedade

contemporânea apresenta uma extensa gama de produtos audiovisuais, porém integra suas

linguagens constituintes em diferentes níveis de resolução. Na era denominada da imagem,

assistimos e escutamos a diferentes formas de relação entre som e imagem: em alguns casos há

submissão dos sons à imagem, em outros o domínio do som e, em poucos o diálogo entre essas

expressões.

Jan Roberts-Breslin em seu livro Produção de imagem e som, fala:

O som mediado é uma grande parte de nossa vida – sozinho ou combinado com

imagens. A música, a voz e o som ambiente nos informam, nos entretêm e

movem as nossas emoções. Independentemente da dominância visual de nossa

cultura, a comunicação eficiente através do é uma poderosa ferramenta de mídia

(ROBERTS-BRESLIN, 2009: 147).

De modo abarcante, o que fica explícito em todas as áreas de estudos sobre sonoplastia

(linguagem sonora) em vídeo é que faze-se necessário a harmonia entre esses dois ícones da

comunicação o som e a imagem.

3.3.6. Roteiro

Para Puccini (2009, p.16), “roteirizar significa recortar, selecionar e estruturar eventos

dentro de uma ordem que necessariamente encontrará seu começo e seu fim”. O roteiro funciona

como uma bussola que norteia as filmagens, o caminho que as cenas têm de seguir para chegar

ao objetivo traçado.

O autor também aponta de forma genérica como se processa o roteiro de documentário:

O processo de seleção se inicia já na escolha do tema, desse pedaço de mundo a

ser investigado e trabalhado na forma de um filme documentário. Continua com

a definição dos personagens e das vozes que darão corpo a essa investigação.

Inclui ainda a escolha de locações e cenários, a definição de cenas, seqüências,

até chegar uma prévia elaboração dos planos de filmagem, dos enquadramentos,

do trabalho de câmera e som, entre outros detalhes técnicos que podem

contribuir para a qualidade do filme. (PUCCINI, 2009, p.16)

Page 44: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

44

Baseado neste conceito, o roteiro do vídeo documentário “Escola Digital?” constitui-se

em variadas temáticas que cercam o tema central, tais como: inserção das TIC no ambiente

escolar; território; políticas publicas e práticas pedagógicas. Professores, alunos e gestores são os

protagonistas e as vozes que discursarão no documentário. Os sujeitos envolvidos no processo de

ensino e aprendizagem das escolas públicas selecionadas exprimem suas opiniões sobre uma

dada realidade que contempla a relação entre tecnologia e educação, a qual tende a se consolidar

gradativamente no âmbito regional da presente pesquisa, embora com notáveis entraves, atrasos

e desafios que permeiam o tema em discussão. O roteiro esboçado na pré-produção se formou

definitivamente após as filmagens, pois nos possibilitou ajustar os depoimentos conforme nossa

proposta, com material gravado.

Page 45: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

45

4. ESCOLA DIGITAL? - Descrevendo as etapas de realização do vídeo.

Esse capítulo evidencia as etapas de pré-produção, produção e pós-produção de toda a

conjuntura de realização do Trabalho de Conclusão de Curso, como exigem as normas que

regem as atividades acadêmicas. Trata-se da descrição da diferentes etapas das tarefas realizadas.

4.1. PRÉ-PRODUÇÃO

A pré-produção é fundamental para o desenvolvimento do produto, pois é nesta fase de

concepção de um projeto que se afirmam as questões de tipologia e finalidade. Aqui buscamos

construir a base do projeto: leitura das referências, definição de modelo de vídeo, agendar visita

nas escolas, conversa com professores e alunos sobre a proposta. Começamos a pensar no roteiro

e formular um esboço da produção do documentário. Também, a produção textual do memorial,

sob orientação da professora Kátia Morais, se iniciou nesta etapa. Fizemos reconhecimento de

campo (reco), ou seja, visitas in loco nas escolas, para observar a viabilidade das gravações

nesses locais, ver o que seria necessário de equipamento complementar, começamos a pesquisa

sobre trilha, e fizemos um esboço do cronograma e do orçamento que seria fechado após a etapa

de pós-produção do vídeo.

Vale salientar que optamos por não realizar um roteiro durante a fase de pré-produção

por entendermos que tal recurso poderia nos levar ao risco de um maior controle durante as

gravações. E substituição ao roteiro, uma pesquisa aprofundada, acompanhada pelas visitas in

loco, e um esboço de gravações, serviram para conduzir o trabalho durante as externas. O roteiro

final foi desenvolvido após a gravação, servindo para direcionar a edição do vídeo.

Considerando a classificação do documentário em gêneros, o produto da presente

pesquisa, se enquadra no gênero expositivo, pois demanda argumentação, com objetividade. A

montagem e a narrativa supostamente serão nos moldes desta categoria, partindo da

conceituação:

Os documentários expositivos dependem muito de uma lógica informativa

transmitida verbalmente. (...) o cineasta expositivo muitas vezes tem mais

liberdade na seleção e no arranjo de imagens do que o cineasta de ficção. O

documentário expositivo facilita a generalização e a argumentação abrangente.

(NICHOLS, 2005, p.143-144)

Page 46: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

46

O modo expositivo valoriza a objetividade e enaltece mais o discurso do que as imagens.

Bill Nichols (2005, p.143) ressalta que “os documentários expositivos dependem muito de uma

lógica informativa transmitida verbalmente”.

Outra característica marcante é a tradição da “voz de Deus”: uma narração explicativa em

off, que busca construir credibilidade através da neutralidade. Nichols (2005, 144) explica “o

comentário com voz over parece literalmente “acima” da disputa; ele tem a capacidade de julgar

ações do mundo histórico sem se envolver nelas”.

Apesar da voz-over caracterizar de forma marcante o modo expositivo, na nossa

produção, não será utilizado o recurso da narração. Partindo do pressuposto de que num vídeo

documentário há vários modos entrelaçados com predominância de um, a produção “Escola

Digital” segue o padrão expositivo, mas com momentos do modo participativo e observativo.

Pretende-se através desta produção audiovisual, propor a discussão sobre o uso das

tecnologias da comunicação no ambiente educacioanal, mediante as demandas do ensino

público, num momento em que a tarefa de fomentar um ensino-aprendizado qualificado torna-se

um desafio, pois nota-se que a aprendizagem através dos aparatos tecnológicos, tem seus limites

e suas vantagens.

4.1.1. Cronograma

O cronograma é a disposição gráfica do tempo que será gasto para a realização do

projeto, de acordo com as atividades a serem cumpridas. Serve para auxiliar no gerenciamento e

controle da produção, permitindo de forma rápida a visualização de seu andamento.

Segue abaixo o cronograma do projeto “Escola Digital?”:

Tabela 1: Cronograma das Atividades

ATIVIDADES

2010 2011

Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set

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47

Escolha do tema X

x

X

Seleção e leitura das fontes

teóricas X

x

Elaboração do pré-projeto x

x

Ajustes no projeto

X X

x

Pesquisa exploratória X

x

X

x

Entrevistas prévias X

x

X

x

X

x

x

x

x

Filmagens das entrevistas e

gravações X X X X

x

X

Decupagem e edição do vídeo X X X X

x

X

x

Elaboração do Memorial X

x

X

x

Entrega do produto X

x

Apresentação do TCC X x

x

Fonte: Elaborado pelos autores

Page 48: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

48

4.1.2. Orçamento

O orçamento é a ferramenta que equaciona as fontes de receita versus custos, despesas e

investimentos. É, portanto, indispensável na tomada de decisões, pois antes de começar é

necessário documentar as premissas que envolvem o orçamento, fazendo uma análise consciente

do material que será produzido, listando suas variáveis controláveis e incontroláveis.

No caso do vídeo documentário “Escola Digital?” os idealizadores custearam todas as

despesas não cobertas pela estrutura oferecida pela Universidade, fazendo assim com que o

produto acadêmico não ficasse dispendioso. Segue abaixo o orçamento do projeto “Escola

Digital?”:

Tabela 2: Orçamento

Item Qtd Contagem Valor unitário Valor total

Transporte 5 Durante a produção 10,00 50,00

Alimentação 10 Por refeição individual 7,00 70,00

Créditos Celulares 10 Cartão 12,00 120,00

DVD 20 Unidade 2,00 40,00

Capa para DVD 20 Unidade 1,00 20,00

Papel ofício A4 1 ½ pacote 7,25 7,25

Impressão do Memorial 3 Por folha 0,50 135,00

Combustível 20 Por litros 3,00 60,00

TOTAL 502,25

Fonte: Elaborado pelos autores

4.2. PRODUÇÃO

Finalizada a etapa de pré-produção deu-se inicio a etapa de produção. A produção é

caracterizada por ser a fase onde o produto audiovisual é executado. Serão percorridas as etapas

até se obter o produto em “estado bruto”. Para a captação do material audiovisual necessário à

realização do vídeo aqui descrito, fizemos entrevistas em datas previamente agendadas nas

seguintes locações: Colégio João Carneiro, em Vila Carneiro, Conceição do Coité – BA, com as

professores Jaqueline Carneiro, Valéria Carneiro e com estudantes Douglas Cerqueira, Evanilson

Junior, José Caio Almeida e Bruna Pinheiro; no Centro Estadual de Educação Profissional do

Semiárido, em São Domingos – BA, com o professor Tony Carvalho e alunos Valdenon Oliveira

e Luiz Alberto Santos e no Colégio José Ferreira, em Salgadália, Conceição do Coité – BA, com

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49

a professora Carla Suzana Sales e alunos Marluce Lima e Moisés de Oliveira; o historiador e

professor Robenilton Carneiro, Nilzete Cruz, psicóloga e Emanuel Nonato, mestre em Educação

e Contemporaneidade. No que se refere à captação do audiovisual do documentário “Escola

Digital?” foram usadas duas câmera filmadoras uma profissional Panasonic AG-DVC20 3CCD e

uma semi-profissional Sony DCRSR67 e quatro fitas Mini DV, no o período 15/16 e 17 de

Agosto do ano de 2011.

4.2.1. Detalhamento das gravações

No primeiro dia de gravação (15/08/2011), fomos para o povoado de Vila Carneiro,

Conceição do Coité – BA onde foram feitas entrevistas com professores e alunos do colégio João

Carneiro. Em seguida fomos pra a UNEB – CAMPUS XIV, Conceição do Coité - BA onde foi

gravado o depoimento de Emanuel Nonato.

No segundo dia (16/08/2011), por conta de uma paralisação dos professore estaduais não

foram feitas gravações nos colégios. Neste dia foram colhidas as sonoras com Robenilton

Carneiro, em sua residência, e Nilzete Cruz, na UNEB – CAMPUS XIV, Conceição do Coité-

BA.

O terceiro dia (17/08/2011) foi o mais produtivo em termos de material audiovisual

obtido. Pela manhã, foram gravadas entrevistas com professores e alunos do Centro Estadual de

Educação Profissional do Semiárido, em São Domingos– BA e na parte da tarde com professores

e alunos Colégio José Ferreira, em Salgadália, Conceição do Coité – BA. Nas entrevistas,

realizadas com duas câmeras, captamos imagens com enquadramentos e angulação diferentes

com a predominância dos planos americano (PA), que é bastante utilizado em vídeo,

enquadrando o personagem dos joelhos para cima, facilitando a visualização da movimentação e

reconhecimento dos entrevistados; e o primeiro plano (PP), pois o mesmo costuma enquadrar os

personagens do busto para cima dando destaque ao semblante do sujeito, registrando a emoção, a

fisionomia, dirigindo a atenção do espectador o que era nossa intenção. Quanto à angulação das

imagens usamos o três tipos de angulação descrita Santos (1993), com predominância da câmera

normal, a mais comum, e da câmera baixa (Contre-Plongée), pois tínhamos a intenção de

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50

valorizar o que estava sendo enquadrado. No que se refere aos movimentos de câmeras nas

entrevistas houve apenas um o zoom.

Ainda sobre as entrevistas, foram elaboradas a partir das visitas, imagens dos colégios,

professores, alunos em seu cotidiano, o que serviria como insert, 6 e nessas imagens houve a

predominância do plano conjunto (PC), pois queríamos mostrar os professores e alunos na sala

de aula. Este plano serve para contextualizar o local onde ocorrerá a cena, como também para

mostrar quais personagens participam dela. Já com plano detalhe (PD), também muito utilizado

no vídeo, tivemos a intenção de enquadrar e destacar partes do corpo (um olho, uma mão) ou

objetos (computador, mause, caderno, etc.). Quanto aos ângulos e movimentos de câmera nessas

imagens, foram mais usados a angulação de câmera normal, e o movimento de câmera

Panorâmica, ou Pan, especialmente pra mostrar os ambientes filmados (sala de aula, laboratório

de informática, pátio do colégio), acompanhar o movimento dos personagens, e o ZOOM

(ZOOM IN, ZOOM OUT), pela sua variação de enquadramentos. Vale ressaltar que as

autorizações de uso da imagem e som foram coletadas durante as gravações.

Considerando a classificação de Nichols (2005) para os gêneros de documentário, o

produto da presente pesquisa se enquadra no gênero expositivo, pois demanda argumentação,

com objetividade. A montagem e a narrativa supostamente serão nos moldes desta categoria,

partindo da conceituação:

Os documentários expositivos dependem muito de uma lógica informativa

transmitida verbalmente. (...) o cineasta expositivo muitas vezes tem mais

liberdade na seleção e no arranjo de imagens do que o cineasta de ficção. O

documentário expositivo facilita a generalização e a argumentação abrangente.

(NICHOLS, 2005, p.143-144)

No entanto, partindo do pressuposto de que num vídeo documentário há vários modos

entrelaçados com predominância de um, a produção “Escola Digital?” segue o padrão

expositivo, mas com momentos do modo participativo e observativo.

O modo expositivo valoriza a objetividade e enaltece mais o discurso do que as imagens.

Bill Nichols (2005, p.143) ressalta que “os documentários expositivos dependem muito de uma

6 Permite que o operador acrescente uma nova imagem e/ou um novo áudio no meio de planos já gravados na

fita.

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51

lógica informativa transmitida verbalmente”. Apesar da voz-over caracterizar de forma marcante

o modo expositivo, na nossa produção, não foi utilizado o recurso da narração.

Pretende-se através desta produção audiovisual, propor a discussão sobre o uso das

tecnologias da comunicação no universo escolar, mediante as demandas do ensino público, num

momento em que a tarefa de fomentar um ensino-aprendizado qualificado torna-se um desafio,

pois nota-se que a aprendizagem através dos aparatos tecnológicos, tem seus limites e vantagens.

Analisando essa parte de produção percebemos o quanto é necessário o conhecimento

sobre as técnicas de filmagens (enquadramentos, angulação, movimentos de câmera) para a

adequada produção de um material audiovisual. Ressaltamos que o principal problema

enfrentado nessa parte de execução do documentário “Escola Digital?” foi à sonora não

concedida por representantes da DIREC 12. Tentamos entrar em contato com os mesmos, pois

entendíamos que essa sonora poderia enriquecer nosso vídeo no que diz respeito ao papel do

estado e sua relação com as TIC nos processos educacionais do estado, mas não obtivemos

nenhum retorno, nenhum diretor se disponibilizou a conceder a entrevista no período de

gravação do vídeo. No mais tudo ocorreu como planejado.

4.3. PÓS-PRODUÇÃO

Esta é a fase onde o “produto bruto” obtido na fase anterior é trabalhado para atingir o

resultado visado pelo projeto, caracterizada pela edição e finalização do vídeo.

A pós-produção se iniciou com a decupagem do material gravado, processo que precedeu

a edição. Para isso, separamos os trechos das entrevistas que usaríamos e o assunto de cada

trecho selecionado, marcando a fita e o tempo nos quais tais entrevistas estavam. Esse processo

foi realizado em quatro dias.

Após a decupagem, sob orientação da professora Kátia Morais, partimos para a

montagem do roteiro de edição, tendo sido postas na sequência em que foram gravadas as

entrevistas, os trechos que seriam utilizados e os inserts a serem feitos. O roteiro de edição foi

desenvolvido tendo como eixo orientador a divisão do vídeo em questões relacionadas à temática

central do vídeo, todas elas tratadas pelos entrevistados durante a condução das entrevistas. As

questões inseridas no vídeo foram: Inserção da TIC no universo escolar, articulação das TIC com

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52

o projeto pedagógico, Território do Sisal inserido nesse processo e o papel do Estado. A partir

delas se tentou construir uma narrativa lógica e coerente, onde as falas e imagens substituíram o

papel de um narrador. Esse roteiro foi imprescindível para facilitar o trabalho nos dias de edição

e organizar a elaboração final do vídeo.

4.3.1. Edição

A edição de vídeo é o processo de corte e montagem do conteúdo que servirá para o

vídeo. Esse processo é importante, pois é aqui que o conteúdo filmado e decupado será

organizado conforme a estrutura proposta pelo roteiro, ganhando assim sua forma final de

apresentação. Essa edição pode acontecer em meio analógico ou digital, de maneira linear ou não

linear.

A maneira de edição linear foi criada antes do surgimento do micro computador, o nome

“linear” decorre da forma como as imagens são acessadas nos originais e montadas na versão

final: como as mesmas se encontram em fitas é necessário efetuar uma busca seqüencial, linear

das mesmas, não é possível através deste processo, por exemplo, inserir uma imagem entre

outras duas já pré-gravadas na fita sem refazer todo processo desde o seu inicio. Santos (1993, p.

191-194) alerta que em vídeo existem dois modos de editar linearmente:

O primeiro chamado de Assemble é o mais simples, porque os planos são organizados um

após o outro. A dificuldade desse tipo de edição está no fato de não haver possibilidades de

inserções perfeitas de imagens e sons. O segundo tipo de edição apresentado por Santos é

conhecido como Insert e é bem mais complexo, pois os pontos de cortes devem ser bem

marcados sob pena de apagar o vídeo ou o áudio sem necessidade. Este modo permite ao

operador manipular o vídeo com a inserção de novas imagens e sons no interior de planos já

gravados.

O encadeamento de áudio e vídeo é um processo simples e de fácil aplicabilidade, sendo

a primeira coisa a ser feita na edição não-linear, paralelo a digitalização das imagens. O material

é transferido para o computador podendo ser acessado e utilizado em qualquer ordem. Como as

Page 53: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

53

filmagens do vídeo “Escola Digital?” foram feitas em câmeras analógicas, foi necessária a

conversão das imagens para o modo digital e o programa escolhido foi Adobe Premiere Pro7.

É importante elucidar que o processo de edição, não se limita só a escolha de das

melhores imagens, mas, além disso, a aplicação das possibilidades que a ilha de edição dispõe e

que são essenciais para um vídeo com qualidade técnica como no caso do vídeo “Escola

Digital?”: efeitos especiais, legendas, preenchimento de tela, correção de cores e trilha sonora,

entre outros.

4.3.2. Trilha Sonora

Não menos importante para a constituição da estilística do documentário é o tratamento

dado ao som. A trilha sonora é a escolha de músicas que farão parte do vídeo e que seguem uma

lógica para construção da narrativa. Tanto pode ser obtida em material de arquivo, trilha musical

reunida, músicas que já existem, como podem ser compostas exclusivamente para o

documentário. Sendo assim, a escolha adequada das músicas é imprescindível para a construção

que se pretende realizar. Criar uma trilha sonora não é meramente selecionar algumas músicas, é

importante ter a consciência em saber o porquê e como ela deve ser usada e para isso, deve-se

refletir conceitos e técnicas assimilados na academia.

No documentário “Escola Digita?” selecionamos músicas e sons instrumentais com

ritmos mais acelerados que pudessem caracterizar sons de computadores, que falassem

principalmente sobre tecnologias, assim contribuindo com a narrativa do documentário. O

cuidado com a trilha sonora foi redobrado, pois qualquer erro poderia colocar a perder toda a

estrutura anteriormente montada. A trilha sonora, assim como a qualidade do texto e das

imagens, é essencial para condução do vídeo.

4.3.3 Finalização

A produção do vídeo documentário “Escola Digita?” se deu em várias fases já descritas

neste memorial, a saber: pré-produção, produção e pós-produção. Havendo necessidade de

7 É um programa que é empregado para a edição de vídeos profissionais.

Page 54: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

54

detalhar a feitura do vídeo, nos deteremos em descrever a fase de edição que depreendeu uma

maior dedicação nossa, bem como explicar os motivos que nos levamos a escolher o título

“Escola Digital?” para o projeto e vídeo do documentário.

O vídeo “Escola Digital?”, após uma revisão minuciosa de todo conteúdo do vídeo e dos

efeitos e das trilhas sonoras utilizadas, aprovamos a finalização do material que totalizou dezoito

minutos e trinta e cinco segundos. No que tange a escolha do titulo, a idéia seria intitular o

trabalho com duas palavras que estão em consonância na relação Educação e Tecnologia, no

caso “Escola Digital?”, com detalhe da interrogação, que expressa uma indagação reflexiva, pois

se fosse uma afirmativa, nesse caso, ficaria pressuposto que escola enquanto espaço de interação

social, seria assim, do ponto de vista tecnológico, totalmente digital. Mas a pergunta vem

contrariar a suposição, e desse modo provoca uma reflexão, denota dúvida. É também uma

referencia a chamada era digital, na qual os aparatos tecnológicos digitais avançados mudaram a

forma de produzir conhecimento e de transmitir, armazenar e compartilhar informação.

Embora tenha sido uma tarefa árdua e trabalhosa, que exigiu dedicação, paciência,

organização e articulação de atividades múltiplas, ainda tivemos que conciliar com a elaboração

do memorial, o resultado da produção do vídeo é satisfatório, pois contemplou o objetivo e

respondeu o problema da pesquisa. A proposta do projeto de compreender como tem sido o uso

da TIC no universo escolar, em escolas públicas do Território do Sisal, através de um vídeo,

concretizou-se superando as nossas expectativas.

4.3.3.1 Ficha Técnica

Roteiro e Produção: Rilzimar Carneiro da Silva Silva

Teones Araújo Carneiro

Imagens: Reinaldo de Assis

Rilzimar Carneiro da Silva Silva

Rodrigo Carneiro

Teones Araújo Carneiro

Page 55: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

55

Edição de Imagens: Rodrigo Carneiro

Trilha Sonora: Rilzimar Carneiro da Silva Silva

Teones Araujo Carneiro

Direção: Rilzimar Carneiro da Silva Silva

Teones Araújo Carneiro

Orientação: Kátia Morais

Page 56: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

56

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A invenção de aparatos tecnológicos utilizados para expandir as formas de comunicação,

simultânea à expansão socioeconômica no século XX, e a evolução tecnológica gradativa,

evidenciada no início do século XXI, provocaram interferências relevantes nas relações sociais,

na cultura do consumo e nas formas de produzir conhecimento e disseminar informação.

A Educação, enquanto parte desse processo passa a usufruir das Tecnologias da

Informação e da Comunicação como ferramentas pedagógicas, explorando-as para fins didáticos.

É justamente nessa premissa que a presente pesquisa se assenta e focaliza. Tal investida se dá

através de um vídeo documentário intitulado “Escola Digital?”: Tecnologias da Informação e

Comunicação aplicadas à Educação.

Partindo do pressuposto de que o documentário é um fragmento temporal e espacial de

uma dada realidade, sob a perspectiva de quem o produz, o documentário idealizado buscou

retratar de que forma as escolas públicas do Território do Sisal têm utilizado as TIC no processo

de ensino-aprendizagem, a partir da experiência em unidades escolares estaduais de Conceição

do Coité e São Domingos.

Convencer os estudantes a participar do vídeo, e depois de selecionar depoimentos na

edição para enquadrar na proposta de roteiro, sem duvida, foram situações desafiadoras, mas

superadas. A experiência de produzir um vídeo dessa natureza nos moldes de documentário, e

participar de todo processo, nos trouxe conhecimentos importantes e interessantes no que tange a

realização de uma produção audiovisual. O vídeo atendeu nosso anseio, à medida que tornou

evidente o cenário no qual os professores usam as TIC em escolas públicas estaduais do

Território do Sisal, no processo de ensino-aprendizagem, apontando os métodos de aplicação

desses recursos. Professores, alunos e especialistas discursam, dialogam e atestam a realidade do

ensino público, no que diz respeito à utilização dos aparatos tecnológicos, como suportes

pedagógicos. Assim consideramos que o objetivo geral é alcançado, na medida em que

encontramos resposta para o problema da pesquisa.

O “Escola Digital?” deixa explícito um contexto conhecido para quem lida com

Educação. Porém torna-se relevante para a comunidade e os sujeitos envolvidos, profissionais e

pesquisadores da área, pois instiga uma discussão mais apurada acerca da temática, e pode

Page 57: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

57

motivar os docentes na busca de melhorias de condições de ensino, reivindicando capacitação e

recursos mais qualificados. O vídeo expõe uma dada realidade da nossa educação, numa região

historicamente atrasada no aspecto socioeconômico, mas que vem se expandindo e

acompanhando o avanço das tecnologias.

Portanto, concluímos a partir de leitura de referências e principalmente dos depoimentos

de professores, alunos e especialistas registrados no vídeo, que a escolas demandam preparar

mais adequadamente os docentes para essa realidade, os alunos nativos digitais preferem aulas

com recursos inovadores. Além disso, o Estado, enquanto gerenciador da Educação pública,

precisa expandir a estrutura oferecida: equipar as escolas com recursos modernos e de qualidade,

encaminhar manutenção regularmente e disponibilizar treinamentos específicos para os docentes

de forma que atendam toda a demanda, pois o suporte estatal ainda é limitado, especialmente nas

escolas no Território, numa região que requer mais atuação do governo principalmente no campo

da educação.

Deste modo, a Educação não pode atracar no cais do mar no mundo digital, sem

acompanhar o avanço das TIC e, sobretudo, que as tecnologias são apenas suportes que

potencializam o papel do professor, e não o substitui, pois, como afirma a psicóloga Nilzete Cruz

em sua entrevista: “a grande tecnologia da Educação ainda é o professor”.

Page 58: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

58

REFÊRENCIAS

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WATTS, Harris. Direção de câmera: um manual de técnicas de vídeo e cinema. SP: Summus,

1992.

ANEXOS

Page 61: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

61

TRILHA SONORA

Amores Eletrônicos - Astronautas

Amores são biônicos - Também são eletrônicos

E com domínio virtual

Amores são platônicos - também aerodinâmicos

E com memória digital

Eu vou mesmo acabar com essa relação

Antes que caia a minha ou a sua conexão

Ou vou acelerar todo o meu HD

Pra ver se dessa forma fico bem mais perto de você

Amores eletrônicos - domínios virtuais

Amores platônicos - memórias digitais

Amores não-modernos - escritos nos cadernos

E com domínio pessoal

Amores não-platônicos - de nada eletrônicos

E com rede sensorial

Eu quero acabar com a comunicação

Ou enviar e-mail e discutir a relação

Ou vou acelerar todo o meu HD

Pra ver se dessa forma fico bem mais perto de você

Page 62: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

62

Amores eletrônicos - domínios virtuais

Amores platônicos - memórias digitais

Coco Dub - Chico Science & Nação Zumbi.

Cascos, cascos, cascos

Multicoloridos, cérebros, multicoloridos

Sintonizam, emitem, longe

Cascos, cascos, cascos

Multicoloridos, homens, multicoloridos

Andam, sentem, amam

Acima, embaixo do mundo

Cascos, caos, cascos, caos

Imprevisibilidade de comportamento

O leito não-linear, segue...

Para dentro do universo

Música quântica...

Computadores Fazem Arte - Chico Science & Nação Zumbi

Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores avançam

Artistas pegam carona.

Cientistas criam robôs

Artistas levam a fama.

Page 63: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

63

Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores fazem arte

Artistas fazem dinheiro.

Computadores avançam

Artistas pegam carona.

Cientistas criam robôs

Artistas levam a fama.

Pela Internet - Gilberto Gil

Criar meu web site

Fazer minha home-page

Com quantos gigabytes

Se faz uma jangada

Um barco que veleja ...(2x)

Que veleje nesse informar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve um oriki do meu orixá

Ao porto de um disquete de um micro em Taipé

Um barco que veleje nesse infomar

Que aproveite a vazante da infomaré

Que leve meu e-mail até Calcutá

Depois de um hot-link

Num site de Helsinque

Para abastecer

Page 64: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

64

Eu quero entrar na rede

Promover um debate

Juntar via Internet

Um grupo de tietes de Connecticut

De Connecticut de acessar

O chefe da Mac Milícia de Milão

Um hacker mafioso acaba de soltar

Um vírus para atacar os programas no Japão

Eu quero entrar na rede para contatar

Os lares do Nepal, os bares do Gabão

Que o chefe da polícia carioca avisa pelo celular

Que lá na Praça Onze tem um videopôquer para se jogar...

Tecnologia - Astronautas

Start

E começa mais um dia

Cotidiano e tecnologia

Eu posso ver em 3ª dimensão

Cinema preto-e-branco pela televisão

Eu vou compor uma música eletrônica

No meu violão

Page 65: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

65

E poderia destruir a bomba atômica

Com meu controle remoto

Stand by

Tecnologia! dia-a-dia

Restart

Com uma lógica analógica

A minha vida é um vídeo game

E com minha caneta ótica

Escrevo holografia em poesia concreta

Eu vou compor uma música eletrônica

No meu violão

E poderia destruir a bomba atômica

Com meu controle remoto

Stand by

Tecnologia! dia-a-dia

Page 66: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

APÊNDICE

ROTEIRO DO VIDEO “ESCOLA DIGITAL?”

IMAGEM

ÁUDIO

APRESENTAÇÃO

TRILHA – “AMORES ELETRNICOS”

ASTRONAUTAS.

MOVIMENTO DE ALUNOS NA

ESCOLA; GC NOME DA ESCOLA.

SOM AMBIENTE

BIBLIOTECA;

LABORATORIO.

SOM AMBIENTE

VINHETA ABERTURA.

TITULO DO VIDEO

TRILHA – “TECNOLOGIA”

ASTRONAUTAS.

EMANUEL

INSERÇÃO DAS TIC NA EDUCAÇÃO

NÃO É NOVIDADE.

Page 67: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

VALÉRIA

TIC NO CONTEXTO EDUCACIONAL

É IMPORTANTE NESSE CONTEXTO.

NILZETE

ALUNA PRESQUISANDO

TIC COMO SUPORTE DE ENSINO. O

ALUNO APRENDE TAMBÉM SEM AS

TECNOLOGIAS

ALUNOS CHEGANDO A ESCOLA;

IMAGEM CORREDOR DO CEEPS

ALUNOS NA SALA DE

INFORMATICA

TRILHA – “TECNOLOGIA”

ASTRONAUTAS.

VALDENON OLIVEIRA - CEEPS

INSERT

MOTIVAÇÃO DAS AULAS COM TIC;

ENSINO TRADICIONAL

JOSÉ CAIO - CJC

ENSINO SAI DA MONOTOMIA COM

ESSAS TECNOLOGIAS

SUZANA SALES-CJFO

COM AS TECNOLOGIAS OS ALUNSO

TEM UMA PERCEPÇÃO MAIS

APURADA.

ROBENILTON – PROFESSOR DE

HISTÓRIA.

COM USO DO CINEMA OS ALUNOS

ABSORVEM MAIS O CONTEUDO.

APRENDEMOS MELHOR COM OS

Page 68: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

MOISÉS DE OLIVERIA -CJF -

SALGADALIA

RECURSOS DAS TECNOLOGIAS,

POIS EXPANDE OS HORIZONTES E

AGENTE CRIA UMA IMAGEM

SOBRE O CONTEUDO.

NILZETE

CONCEITO DE APRENDIZAGEM DE

PIAGET, VIGOSTY.

TOMADA – ALUNOS USANDO

COMPUTADOR

TRILHA - INSTRUMENTAL

JAQUELINE – C J C

INSERT JAQUE NA SALA

NO TEMPO QUE EU ESTUDAVA NÃO

HAVIA TODO ESSE RECURSO QUE

EXISTE HOJE.

IMAGEM DE AULA COM DATA

SHOW

JAQUELINE - ACESSIBILIDADE

SOM AMBIENTE

FACILIDADE PARA ENSINAR COM O

RECURSO DO “DATA SHOW”, POIS

TEM DEFICIENCIA.

ALUNAS – CJC-BRUNA

A GENTE TEM UMA PROFESSORA

QUE TEM DIFICULDADE DE USAR O

QUADRO

TOMADAS – IMAGENS VARIADAS

TRILHA – “COCO DUB

(AFROCIBERDELIA)” CHICO

SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI.

Page 69: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

TONY CARVALHO - CEEPS

A DISPONIBILIZADE DESSAS

TECNOLOGIAS FAZ FLORESCER A

PRODUÇÃO ESPONTANEA DE

CONHECIMENTO.

EVANILSON JUNIOR - CJC

SISTEMA DE FORUM PARA

ATIVIDADE ESCOLAR

DOUGLAS CERQUEIRA

O PROFESSOR PEDIU PRA GENTE

FAZER UMA PESQUISA E EU FIZ

AQUI MESMO.

MARLUCE LIMA - CJF

ALUNA FALANDO COMO FAZ

PESQUISA ATUALMENTE – O

ALUNO PERDEU CONTATO COM O

LIVRO.

IMAGENS NO LABORATORIO

TRILHA SONORA - INTRUMENTAL

VALÉRIA - CJC

O INTERESSANTE QUE A

TECNOLOGIA CHEGA ATÉ NÓS

Page 70: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

TONY - CEEPS

IMPORTANCIA DAS TIC NO

TERRITORIO DO SISAL: A ESCOLA

ONDE ESTIVER DEVE ESTAR

INSERIDA NESSE PROCESSO

LUIS ALBERTO

INSERT – ALUNO USANDO

COMPUTADOR

A OPORTUNIDADE DE

PREPARAÇÃO PARA O MERCADO

MESMO NO SEMIÁRIDO. O SERTÃO

É DESCRIMINALIZADO.

IMPORTANCIA DE ESCOLA

TECNICA NO SEMIÁRIDO BAIANO

VALDENON

INSERT – PRAÇA DE SÃO

DOMINGOS

A OPORTUNIDADE OFRECIDA PELO

CURSO DE INFORMÁTICA NA

REGIÃO.

ALUNOS NA SALA CONCERTANDO

COMPUTADOR; ALUNA USANDO A

TV PEN DRIVE.

TRILHA -

“COMPUTADORES FAZEM ARTE”

CHICO SCIENCE & NAÇÃO ZUMBI.

VALÉRIA - CJC

INSERT – ESTUDANTES NO

LABORATORIO DE INFORMÁTICA.

AS TIC CHEGAM NO UNIVERSO DA

ESCOLA, MAS OS ALUNOS AS

DOMINAM MAIS.

Page 71: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

GC - PESQUISA CETIC 2011

EMANUEL

PRATICA PEDAGOCIA E POLITICAS

PÚBLICAS DIRECIONADAS Á

EDUCAÇÃO; NUMERO DE NTE É

MENOR DO QUE DIRECS.

GC – NTE

FONTE IAT

TONY CARVALHO - CEEPS

QUANTIDADE DE APARELHOS NÃO

IMPLICA EM QUALIDADE NO

ENSINO.

GC - DIREC - NÃO TIVEMOS

RETORNO DA “DIREC” NA

TENATIVA DE ENTRAR EM

CONTATO...

ROBENILTON

PESRPECTIVA QUANTO A ESCOLA

DO FUTURO.

Page 72: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

TOMADAS – ALUNOS USANDO

COMPUTADOR; ALUNO

ESCREVENDO; USANDO CELULAR;

SAINDO DO COLÉGIO

TRILHA – “PELA INTERNET”

GILBERTO GIL.

VALÉRIA

TRILHA BG - TRILHA – “PELA

INTERNET” GILBERTO GIL.

A TECNOLOGIA NÃO SUPRE O

PAPEL DO PROFESSOR

ALUNAS CJC

TRILHA BG - TRILHA – “PELA

INTERNET” GILBERTO GIL.

A TECNOLOGIA MOVE TUDO.

TRILHA BG - TRILHA – “PELA

VALÉRIA - CJC

OS PROFESSORES PRECISAM ESTAR

APTOS A RECEBER A TECNOLOGIA.

GC – PESQUISA CETIC 2011

EMANUEL

O PROBLEMA RESIDA EM

ARTICULAR O PROJETO

PEDAGOGICO COM AS TIC

Page 73: E scola digital as tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à educação

NILZETE

INTERNET” GILBERTO GIL.

O MELHOR RECURSO

TECNOLOGICO DA EDUCAÇÃO

AINDA É O PROFESSOR.

VINHETA DE ENCERRAMENTO

CREDITOS.

TRILHA BG - TRILHA – “PELA

INTERNET” GILBERTO GIL.