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20 COLUNA ANAP Revista O Papel - Novembro/November 2018 20 CAROL CARQUEJEIRO INDICADORES DO SETOR DE APARAS A queda no consumo de aparas foi observada no mercado tanto no mês de agosto quanto no de setembro deste ano na comparação com os indicadores de consumo dos me- ses imediatamente anteriores. Em especial, em setembro último, o consumo de 420 mil toneladas foi praticamente igual ao verifica- do nesse mesmo mês de 2017. O fato é que, motivada pela greve dos caminhoneiros, a curva anual do volume de consumo está atípica, deixando difícil prever o que vai acontecer nos próximos meses de 2018. Com relação às aparas marrons, a definição da eleição presidencial com um candidato, em princípio, mais alinhado com os anseios do Presidente Executivo da ANAP E-mail: [email protected] POR PEDRO VILAS BOAS mercado, vem animando a economia e ainda poderemos observar alguma reação positiva no consumo dos próximos meses de 2018. Mas será difícil igualar aos níveis de consumo observados em junho, julho e agosto passados. Assim, acreditamos que teremos alguma sobra de aparas no final do ano, já que os fortes volumes desses meses começam a retornar ao mercado. Nessa condição, acreditamos que teremos, no mínimo, preços estáveis nos dois últimos meses de 2018. Contudo, devemos observar que o menor consumo em setembro recente não significou queda nos preços das aparas com o ondulado II registrando um reajuste de 5,3% com relação aos valores praticados em agosto deste ano. Fonte: Anguti Estatística Evolução da estimativa do consumo total de aparas

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COLUNA ANAP

Revista O Papel - Novembro/November 201820

CARO

L CA

RQU

EJEI

RO

INDICADORES DO SETOR DE APARAS

A queda no consumo de aparas foi observada no mercado

tanto no mês de agosto quanto no de setembro deste ano

na comparação com os indicadores de consumo dos me-

ses imediatamente anteriores. Em especial, em setembro último, o

consumo de 420 mil toneladas foi praticamente igual ao verifica-

do nesse mesmo mês de 2017. O fato é que, motivada pela greve

dos caminhoneiros, a curva anual do volume de consumo está

atípica, deixando difícil prever o que vai acontecer nos próximos

meses de 2018.

Com relação às aparas marrons, a definição da eleição presidencial

com um candidato, em princípio, mais alinhado com os anseios do

Presidente Executivo da ANAP E-mail: [email protected]

POR PEDRO VILAS BOAS

mercado, vem animando a economia e ainda poderemos observar

alguma reação positiva no consumo dos próximos meses de 2018.

Mas será difícil igualar aos níveis de consumo observados em junho,

julho e agosto passados.

Assim, acreditamos que teremos alguma sobra de aparas no final

do ano, já que os fortes volumes desses meses começam a retornar ao

mercado. Nessa condição, acreditamos que teremos, no mínimo, preços

estáveis nos dois últimos meses de 2018. Contudo, devemos observar

que o menor consumo em setembro recente não significou queda nos

preços das aparas com o ondulado II registrando um reajuste de 5,3%

com relação aos valores praticados em agosto deste ano.

Fonte: Anguti Estatística

Evolução da estimativa do consumo total de aparas

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COLUNA ANAP

Novembro/November 2018 - Revista O Papel 21

Evolução de preços das aparas de ondulado I e ondulado II

Fonte: Anguti Estatística

Fonte: Anguti Estatística

jan./1

6

jan./1

7jan

./18fev

.fev

.fev

.mar. mar. mar.ab

r.ab

r.ab

r.maio

maio maiojun.jun.

jun.jul. jul. jul.ag

o.ag

o. ago. set

.set

.set

.ou

t.ou

t.nov. nov.dez. dez.

Ond. IIOnd. I

As aparas brancas ainda apresentam uma situação complicada,

como sempre, em função da baixa geração e da forte alta nos preços

da celulose que refletiu em uma maior procura pela matéria-prima re-

ciclada. Porém, a matéria-prima virgem está mostrando sinais de mu-

dança de tendência, e a recente valorização do real já está provocando

expectativa de redução de preços da celulose, o que poderá se refletir

no mercado de aparas.

A falta de aparas brancas gera preocupação nos fabricantes de pa-

péis de fins sanitários que ainda estão bastante comprometidos com a

reciclagem. Entretanto, não estão conseguindo vislumbrar um cenário

Comércio exterior por tipos de aparas

-

500,0

1.000,0

1.500,0

2.000,0

2.500,0

Branca I Branca II Branca IV

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Evolução de preços de aparas brancas

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Revista O Papel - Novembro/November 201822

Fonte: Anguti Estatística

Consumo aparente de papéis de imprimir e escrever e coleta de aparas brancas

2.963 2.943 2.894

2.705 2.726

2.191 2.096 2.063

820 790 882 876 850

758 748 819,0

-

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

. Consumo aparente de papel . Coleta de aparas - brancas

Desempenho do volume de vendas no comércio varejista brasileiroAgosto 2018 / 2017

Fonte - IBGE

de abastecimento normalizado. Os aparistas estão trabalhando inten-

samente para melhorar a eficiência na coleta do material, mas a dificul-

dade pode ser medida quando consideramos que o consumo aparente

de papéis brancos no Brasil encerrou o ano de 2017 perdendo 900 mil

toneladas em relação ao volume de 2010 e, mesmo assim, a recuperação

de aparas ficou no mesmo volume, ou seja, 819,0 mil toneladas.

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Novembro/November 2018 - Revista O Papel 23

4.481 4.626

4.770 4.811 4.760 4.801 4.747 4.848

3.031

3.393 3.432

3.772 3.823 3.886 3.877 4.026,0

-

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

1000

t

Cons. aparente papel embalagem Coleta Aparas Marrom

Fonte: Anguti Estatística

Consumo aparente de papéis de embalagem e coleta de aparas marrons

Em raciocínio simples, se o consumo aparente tivesse se man-

tido nos mesmos níveis de sete anos atrás, teríamos mais 360 mil

toneladas de aparas brancas para entregar às indústrias, já que,

atualmente, recuperamos 29,7% de todo o papel branco que entra

no mercado. Esse percentual de recuperação pode ser considerado

baixo, principalmente se comparado com a recuperação do consu-

mo de aparas marrons que, em 2017, foi de 83,0% do consumo

aparente de papéis de embalagem.

Todavia, é difícil saber qual a parte do consumo aparente de papéis

de imprimir e escrever pode efetivamente ser recuperado, já que

grande parte ficará armazenado indefinidamente na forma de livros e

outros materiais que dificilmente serão descartados ou, como no caso

dos impressos fiscais, têm de ser guardados por prazos longos.

Interessante observar que os fabricantes de papel tissue, de for-

ma natural, estão aumentando o consumo de celulose. A mudança

na matriz das matérias-primas vem ocorrendo de forma equilibrada,

porém, com fortes desequilíbrios pontuais, principalmente quando

a matéria-prima virgem apresenta variações de preços, já que os

fabricantes de papel não têm poder de negociação com os fabrican-

tes de celulose e, com isso, têm nas aparas a única oportunidade de

diminuir seus custos de produção.

Voltando às aparas marrons que, praticamente, são compostas pe-

las caixas de papelão ondulado, outro fato que está indicando esta-

bilidade na oferta do material é o desempenho do volume de vendas

no varejo que, considerando o mês de agosto de 2018 contra 2017,

está positivo em 23 dos 27 estados brasileiros e, na média nacional,

cresce 4,1%, permitindo supor um igual aumento no volume de apa-

ras ofertadas ao mercado.

Neste caso, o maior problema é que a coleta já está se aproxi-

mando do máximo possível, gerando um mercado que, na maior

parte do tempo, trabalha pressionado pela falta de material e con-

sequente dificuldade em se ampliar a coleta. Em 2017 recuperamos

83,0% das 4,8 milhões de toneladas de papéis de embalagem que

entraram no mercado nacional. n