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[1] ÉTICA NO SÉCULO 21 REFLEXÕES e-BOOK

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ÉTICA NOSÉCULO 21 REFLEXÕES

e-BOOK

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COMISSÃO DE ÉTICA DO SINDAPP

OUTUBRO/2020

ÉTICA NOSÉCULO 21 REFLEXÕES

e-BOOK

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

ÉTICA E PRECONCEITO

FAKE NEWS

A ÉTICA NO TRATAMENTO DE DADOS DA LGPD

ÉTICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

ÉTICA NO TRABALHO REMOTO

COMISSÃO DE ÉTICA DO SINDAPP

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🙶APRESENTAÇÃO

Recém encarregado da área no SINDAPP, veio com ela a responsabilidade de acompanhar as atividades da Comissão de Ética, tarefa até então brilhantemente desempenhada pela Dra. Liane Chacon.

O Colegiado está composto por cinco membros indicados pelas Regionais: Sul, Sudeste, Sudoeste, Centro Norte, Leste e Nordeste, e segue a tradição de editar, anualmente, um e-book trazendo temas importantes para reflexão de todos aqueles que, direta ou indiretamente, se relacionam com a previdência complementar fechada, sejam conselheiros, diretores, participantes, assistidos, colaboradores de todos os níveis.

Neste terceiro e-book a Comissão se dedicou a explorar temas muito atuais e, portanto, penso que serão de interesse geral:

⨳Aparecida Pagliarini discorre sobre o terrível mal do preconceito;

⨳Bernardo Andrade discorre sobre Redes Sociais e “FAKE NEWS”;

⨳Fernando Simões discorre sobre A Ética no Tratamento de Dados da LGPD;

⨳Jorge Berzagui discorre sobre Ética e Liberdade de Expressão;

⨳Roberto de Sá Dâmaso discorre sobre Ética no Trabalho Remoto.

Espero que possamos todos divulgar, estimular e praticar as melhores condutas neste século de grandes e importantes transformações.

BOA LEITURA!

Erasmo CirqueiraDiretor Executivo do SINDAPP

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ÉTICA E PRECONCEITO

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Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Ética e Preconceito

🙶Aparecida Pagliarini

“O indivíduo preconceituoso, entretanto, acredita que o único ponto de vista a ser considerado é o dele. E é justamente essa incapacidade que o impede de compreender a razão central da ética: a visão de alteridade. É essa visão que nos permite ver o outro como outro, e não como estranho.”1

De acordo com o texto da nossa Constituição de 1988, todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se o direito à igualdade, com punição de qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais – aí incluído o direito à igualdade, portanto - constituindo crime inafiançável a prática do racismo2 - prática atentatória contra o direito de igualdade, também. Dito assim, o direito fundamental da igualdade significa que a lei deve dar o mesmo tratamento a todas as pessoas - igualdade formal.

A igualdade material - mais ampla – encontra-se assegurada como um dos objetivos do Estado Democrático, para preservar uma sociedade sem preconceitos.3

1 Mario Sergio Cortella, A Diversidade: aprendendo a ser humano; São Paulo, 3DEA Editora/Littera, 2020; pág. 322 Art. 5°, XLI, XLII3 “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e

individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”

4 Comentário Contextual à Constituição; São Paulo, Malheiros, 2012; pág. 81

Nos comentários de José Afonso da Silva,4

“A Constituição vigente é mais veemente e mais abrangente na condenação das desiquiparações entre pessoas. Confere a igualdade perante a lei, sem distinções de qualquer natureza, de sorte que as hipóteses que indicaremos a seguir são simplesmente exemplificativas, tanto quanto o são na própria Constituição.”

Assim, de forma exemplificativa - porque ela não admite distinções de qualquer natureza - a Constituição prega a igualdade “sem distinção de sexo e de orientação sexual” e “sem distinção de origem, cor e raça” no art. 3°, IV; “sem distinção de idade” no art. 7°, XXX; “sem distinção de trabalho” no art. 5°, XIII; “sem distinção de credo religioso” no art. 5°, VI e VIII; e “sem distinção de convicções filosóficas ou políticas” no art. 5°, VIII.

Pois bem. Apesar das garantias constitucionais de igualdade sem distinções de qualquer natureza, o que se observa no dia-a-dia da conduta humana é bem diferente. E isso leva a três conclusões, pelo menos: a primeira, que a Lei não é suficiente para coibir preconceitos - é do que se trata com as desiquiparações na expressão do Prof. José Afonso da Silva -; a segunda, que a razão ética nem sempre guia o comportamento humano; a terceira,

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Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Ética e Preconceito

que o distanciamento e o isolamento proporcionados pelas novas tecnologias, dando a impressão de proteção atrás de cada telinha, acirra o comportamento desumano do preconceito que, de um lado, humilha as vítimas que são rejeitadas pelo ato ou fala intolerantes e, de outro, diminui a dignidade dos opressores, na constatação do Prof. Cortella,5 que recomenda sempre “ter ouvidos para a vítima” sem pré-conceitos que anulam nosso senso crítico, sendo insuficiente o discurso pronto e repetitivo.6

De acordo com artigo publicado na edição brasileira da Harvard Business Review7, empresas gastam anualmente milhões em treinamento para criar ambiente de inclusão, porque grupos heterogêneos apresentam melhor desempenho e mais comprometimento no ambiente de trabalho. Entretanto, o mesmo artigo mostra que estudos apontam que raramente programas de prevenção de pré-conceitos são muito eficazes no mesmo ambiente. Em função disso, as duas autoras do artigo indicam sete formas de mudar esse cenário de degradação - e é disso que se trata: o pré-conceito busca degradar, diminuir o outro em várias circunstâncias, corrompendo a mais importante das regras éticas que é o respeito pelos seres vivos. São elas, dentre muitas outras para não desequiparar os indivíduos: 1) Fazer um programa rotativo de algumas “atividades domésticas” no ambiente de trabalho, para que ela não recaia sempre para as mulheres. (Parêntese por minha conta e não das autoras do artigo. Há algum tempo,

5 A Diversidade, pág.516 A Diversidade, pág. 667 Ano 98, vol. 2, págs. 76/81, Como os Melhores Chefes Evitam o Preconceito em suas Equipes, de Joan C. Williams e Sky Mihaylo8 As autoras citam a antiga consultora jurídica da Nokia Siemens Networks, Joyce Norcini: se você possui apenas um pequeno círculo de pessoas em que confia para lidar com atividades

importantes, você está encrencado.9 Essa situação pode configurar o que o Prof. Alexandre Di Miceli classifica como um tipo de viés cognitivo coletivo que pode impactar negativamente no ambiente de negócios e que

significa o favoritismo dentro do grupo: tendência a apoiar visões de pessoas do próprio grupo em relação a opiniões de pessoas de fora do grupo. Governança Corporativa – o essencial para líderes, Elsevier, RJ, 2014; pág. 44

durante uma reunião de executivos e conselheiros, um deles me pediu para servir café e eu, “gentilmente”, fui obrigada a dizer: “a máquina está no aparador bem atrás de você.”); 2) Sair da zona de conforto para selecionar de forma consciente colaboradores para grandes projetos e não atribuí-los sempre a um pequeno grupo8 9; 3) Atribuir relevância a contribuições menos importantes contribui para a diversificação e demonstra interesse pela inclusão, também para critérios de promoções; 4) Manifestar-se em situações de manterruption (quando homens interrompem falas de mulheres), bropriating (quando homens se apropriam de propostas feitas por mulheres) e de whipeatin (quando grupos majoritários tomam para si ideias de outras pessoas); 5) Pedir para pessoas contribuírem e se manifestarem, principalmente em situações de timidez ; 6) Agendar reuniões de maneira inclusiva, em ambientes onde todos os participantes do encontro se sintam confortáveis, ou seja, em “ambiente neutro”; e 7) Igualar o acesso, na medida em que todos possam ter contato com as chefias e, quando não, deixar bem claro para todos os membros da equipe que isso ocorre em razão unicamente profissional.

Essas recomendações contra pré-conceitos, como se vê, têm alto conteúdo ético e devem ser praticadas pela alta administração das EFPC - conselho deliberativo e diretoria executiva - porque a regra de ouro da governança corporativa é “o tom vem do topo”. Praticar a ética, este é o “segredo”. Sair do discurso e ir para a prática, este

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Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Ética e Preconceito

é outro “segredo”. Tirar os códigos de condutas recomendadas das prateleiras, este é mais um “segredo”.

Os “segredos éticos”, na verdade, estão cotidianamente presentes na nossa sociedade e estampados nas várias formas de preconceito. Basta passar os olhos nas notícias publicadas nos jornais dos dias 25 e 27 de setembro: “Declarações de ministro contrariam até o governo - Adversários de Milton Ribeiro veem ‘desvio de função’ e ‘preconceito’10; “MPT rejeita denúncias de racismo contra Magazine Luiza”11; “De mil executivos formados, apenas 10 negros”12; “Pesquisa vê preconceito na hora da seleção - Seis em cada dez profissionais negros relatam ter sido preteridos em entrevistas de emprego”13.

A razão ética é a mais importante das razões porque guia - ou deve guiar - as ações humanas, o comportamento do humano, e se apóia em duas outras, segundo Fabio Konder Comparato14: corpórea e sentimental. Discorrendo sobre esses vínculos com a razão ética, diz ele sobre o campo emocional que

“Especificamente no tocante à paixão, é sabido que um dos princípios cardeais da cultura grega sempre foi o da exaltação da justa medida, com a correspondente condenação de todo excesso.’ Nada excessivo’ (...) era uma das duas célebres inscrições do templo de Apolo em Delfos. Sob esse aspecto, o pecado capital, para os gregos, era a hybris, o orgulho desmedido, a insolência

10 O Estado de São Paulo, 25/09/2020, pág. A1711 O Estado de São Paulo, 25/09/2020, pág. B312 O Estado de São Paulo, 27/09/2020, pág. B113 O Estado de São Paulo, 27/09/2020, pág. B414 Ética, Direito, Moral e Religião no Mundo Moderno, São Paulo, Companhia das Letras, 2006, 2ª reimpressão, pág.470

que representava a antítese da principal virtude humana: a sabedoria ou moderação (...)

Por outro lado, é exatamente essa característica de racionalidade ética que distingue as sociedades humanas dos bandos de animais. Quando Aristóteles definiu o homem como animal político, ou um ser político pela sua natureza, quis salientar que não somos apenas seres gregários, que precisam viver agrupados para sobreviver (nutrição, abrigo contra intempéries, defesa coletiva contra os predadores). A convivência social, no quadro de uma organização política, é indispensável para desenvolver a nossa capacidade de vida autônoma e racional, em todos os sentidos que acabam de ser assinalados: a descoberta da verdade, a invenção técnica, a criação artística, as diferentes manifestações de amor.”

Penso, para concluir, que o preconceito, no olhar da ética e, mais, do racional ético, é um dos piores sentimentos que o humano pode expressar porque é excludente e desequipara, é guiado pela paixão do mal, é destrutivo, é desagregador, é infame porque tolhe a autonomia do outro viver como indivíduo pleno, com independência, com liberdade de existir, de pensar e de se expressar.

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Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Ética e Preconceito

Assim, precisamos tirar os códigos das prateleiras. Precisamos, mesmo, abandonar o discurso da igualdade e praticá-la sem preconceitos em nome da Ética, do Direito e da Justiça.

“Assim como o homem é o melhor dos animais quando perfeito, ele é o pior de todos quando afastado do direito e da justiça.”

Aristóteles

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FAKENEWS

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🙶Bernardo Andrade

Google, Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Pinterest, LinkedIn, e diversas outras Redes Sociais mudaram a vida de toda a população mundial, mudaram a forma como interagem em sociedade, como pensam e até mesmo direcionam decisões futuras a serem tomadas, de acordo com o interesse de uma classe privilegiada.

O mundo está conectado, as notícias são instantâneas onde quer que aconteçam. O planeta vive na era da informação. Boas notícias, más notícias, fotos, entretenimento, músicas, tudo está, literalmente, na palma da mão, sob demanda, a qualquer instante. As Redes Sociais conectaram o mundo.

Como disse John Lennon: “Imagine all the people sharing all the world... and the world will live as one”. John Lennon não imaginou a internet, as Redes Sociais, mas sim, um mundo conectado, sem fronteiras. Isto a internet conseguiu, um mundo digital sem fronteira, onde todos, a qualquer hora, podem se comunicar. Isto é fantástico, mas tudo tem um preço.

A partir do avanço das Redes Sociais, as pessoas deixaram de ser quem realmente são, para se tornarem a imagem de quem os outros gostariam que elas fossem. Os princípios mudaram, não basta ter prazer, ter sucesso, ter ódio, concordar ou discordar, é necessário que todas as emoções sejam compartilhadas e aprovadas por um grupo de seguidores, de amigos virtuais.

Falta bom senso na sociedade de hoje. Qualquer divergência de opinião gera uma enorme discussão entre as partes envolvidas, envolvendo ainda milhares de pessoas que não tinham nada

relacionado ao assunto, mas, como foram compartilhadas na conversa, sentem-se no direito de opinar.

Futebol, política, religião, diferenças sociais, opção sexual, tudo era discutido entre amigos, discordavam, discutiam outro assunto e a amizade continuava. Hoje, devido às Redes Sociais, grupos de discussão, não se pode mais discutir com amigos. Desta forma famílias se afastam, amigos se afastam, casamentos acabam, tudo por meras bobagens, que poderiam ter sido resolvidas, ou até mesmo deixadas de lado.

A Mídia Social age como uma droga, vicia o usuário. E todos estão viciados. É praticamente impossível não olhar para o celular ao ouvir o “bip” de uma mensagem. Onde quer que esteja, “bipou”, a ânsia de olhar, ler e responder é imediata, seja no meio de uma conversa, de uma reunião, no trânsito, no meio do jantar. Não só crianças e adolescentes estão viciados, mas também os pais, que muitas vezes utilizam o celular como babás, como substitutos para interagirem com os filhos.

Outro reflexo negativo causados pelas Redes Sociais é o isolamento que ocorre quando as pessoas passam a se conectar virtualmente e não mais pessoalmente. Crianças e adolescentes, nascidos nesta era da informação apresentam um alto índice de depressão, assim como o número de suicídios amentou drasticamente. Muito se dá pelo fato da criança e adolescente, por qualquer motivo que seja, não ser aceito em um grupo, não ser a imagem da perfeição virtual.

Em um documentário produzido pela Netflix, “O Dilema das Redes”, levantou-se a teoria de as Redes Sociais passaram a dominar não só o mercado, mas também mudou o estilo de vida das pessoas em sociedade, a ponto de controlar, de certa forma, setores

Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Fake News

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Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Fake News

econômicos, políticos e sociais, manipulando a opinião pública.

A sociedade deixou de viver na era da informação, e passou à era da desinformação.

Hoje as Mídias Sociais conseguem manipular a opinião pública plantando sementes de informações e deixando que elas se espalhem pelas Redes Sociais. Em segundos, estas sementes de informação espalham-se pelo mundo e criam-se florestas de informações. Informações estas que podem ser verdadeiras, ou, não, nem sempre é possível distinguir a realidade da ficção.

Estas falsas informações, semeadas com o intuito de espalharem pelas redes sociais, são as chamadas “Fake News” e atingem milhões de usuários que absorvem a notícia como se fosse verdade.

O objetivo das “Fake News” é sempre o mesmo: Manipular a opinião pública.

O Novo corona Vírus, ou COVID 19, também está cercado por “Fake News”. A eleição do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi cercada por inúmeras “Fake News” a respeito da candidata Hilary Clinton.

Recentemente, em agosto de 2020, o Facebook removeu uma postagem do Presidente Donald Trump, na qual alegava ser possível a volta as aulas, uma vez que crianças seriam quase imunes ao vírus, informação esta que nunca foi comprovada cientificamente.

Segundo informações postadas no site tecmundo.com.br:

1 https://www.tecmundo.com.br/ciencia/155919-facebook-remove-post-donald-trump-fake-news-covid-19.htm

“”A publicação retirada do ar é um vídeo com uma entrevista de Trump ao canal Fox News. Ao defender a reabertura de escolas no país em meio à pandemia do novo coronavírus, ele cita que crianças seriam “quase imunes” — afirmação que ainda carece de comprovação científica.

“Esse vídeo inclui afirmações falsas de que um grupo de pessoas é imune à covid-19, o que representa uma violação de nossas políticas sobre desinformações prejudiciais”, disse um porta-voz do Facebook à agência de notícias Reuters. O mesmo conteúdo foi postado no Twitter pela conta oficial da campanha, retweetado pelo presidente e também removido.””1.

Segundo notícia publicada no dia 27 de março de 2018, no site do FETECCN (Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte), as “Fake News” chegaram aos Fundos de Pensão.

AS “FAKE NEWS” DO TCU E O OLHO GORDO DO MERCADO NO PATRIMÔNIO DA PREVIPor Marcel Barros

Em pleno voo livre das ”fake news” – tema que preocupa cada vez mais os regimes democráticos -, a “Folha de São Paulo” e o “Valor Econômico” publicaram no último sábado a mesma matéria, baseada em relatório

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do Tribunal de Contas da União, com o título “Fundos estatais deixam de ganhar R$ 85 bi por ineficiência, afirma TCU”.

Segundo o texto, o TCU fez um comparativo da evolução do patrimônio líquido de 88 fundos de previdência complementar públicos e 385 fundos de investimentos privados entre julho de 2006 e maio de 2017. “O resultado agregado da Previ, Petros e Funcef foi pior que o consolidado de todos os fundos públicos”, disse, de acordo com a matéria, o ministro do TCU José Múcio Monteiro, ex-deputado federal por Pernambuco pelo PDS, pelo DEM e mais recentemente pelo PTB.

A Diretoria da Previ está enviando os dados corretos ao TCU. Mas é preciso dizer que o relatório contém uma enxurrada de erros técnicos tão primários e grosseiros, com omissões e manipulação de dados tão grotescos, que tornam evidentes os seus objetivos políticos.

, , , os dados do TCU são grosseiramente mentirosos e a mídia ajuda a divulgá-los acriticamente, contribuindo com a circulação de “fake news”. A propósito, veja comentário da ombudsman da Folha de São Paulo publicado neste domingo dia 25 mostrando como o jornal ajuda a alimentar o mercado de notícias falsas

2 http://www.feteccn.com.br/noticia/as-fake-news-do-tcu-e-o-olho-gordo-do-mercado-no-patrimonio-da-previ/

nas redes sociais.

“O Tribunal de Contas é um playground de políticos fracassados”, disse em agosto de 2015 o ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, ao denunciar as acusações infundadas do Tribunal de Contas que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Veja aqui.

Até pode ser. Mas é muito mais que isso. É um clube formado por ex-políticos de partidos da base do presidente não eleito Michel Temer, que está implementando a ferro e fogo a agenda do mercado financeiro, que não só está interessado na privatização das empresas públicas (entre elas o Banco do Brasil) como no bilionário patrimônio dos nossos fundos de pensão.

Construímos a Previ para os Associados e resistiremos a mais esse ataque” 2

A retirada de uma postagem do Presidente Donald Trump pelo Facebook, assim como pelo Twitter, duas das maiores Redes Sociais do planeta, demonstra uma preocupação em um controle das “Fake News”. É um começo.

Já existem vários movimentos visando a contenção das “Fake News”.

A jornalista ucraniana Olga Yurkova, cofundadora do StopFake, uma organização ucraniana engajada no combate às “Fake News”, em seu discurso de abertura no evento TED 2018, falou sobre a

Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Fake News

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importância de deter as notícias falsas na Ucrânia, mas seu discurso serve para o mundo todo.

Segundo ela, “Se uma história é demasiadamente emocionante ou dramática, provavelmente não é real. A verdade é geralmente entediante”, e ainda disse que as chamadas “Fake News” são “uma ameaça à democracia e à sociedade”3

As “Fake News” circulam os milhões de usuários das Redes Sociais, a fim de manipular a opinião pública. Já não se sabe o que é fato e o que é “fake”.

Pelo fato da propagação das “Fake News” ser extremamente eficaz, rápida, e atingir milhões de pessoas, quase simultaneamente, a ética não só de quem divulga, mas também de quem compartilha, está em cheque.

As “Fake News” não irão acabar, a forma mais eficaz de combatê-las é impedir que sejam compartilhadas, antes de compartilhar verifique se é verdade. Para isto pode-se ser utilizado o padrão Ético de Sócrates ao divulgar notícias, o conhecido, “Filtro Triplo de Sócrates”, o que está sendo divulgado é verdade? Se houver dúvida quanto a verdade da notícia, não divulgue. O que está sendo divulgado é bom? Se não for bom, se denegrir alguém, não compartilhe, e por fim, o que está sendo divulgado é útil? Se não for, não divulgue.

Desta forma, um simples preceito ético pode virar uma forme arma para combate às “Fake News”.

3 https://www.bbc.com/portuguese/geral-43895609

Como regra, siga o conselho de seus avós, que provavelmente nunca estiveram conectados às Redes Sociais: se for muito bom para ser verdade, não deve ser.

Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ Fake News

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A ÉTICA NO TRATAMENTO DE DADOS DA LGPD

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🙶Fernando Simões

Quando se fala em proteção de dados logo nos apresenta a questão da privacidade. Assim, iniciamos com a definição de privacidade:

Privacidade. Qualidade do que é privado, particular, ou, ainda, dados particulares, conforme a etimologia da palavra.

Continuando, a privacidade está nos direitos fundamentais da Constituição. Se na tônica dos direitos fundamentais constitucionais, conforme a doutrina, podemos compreendê-los em direitos de primeira dimensão (ligados aos valores de liberdade), direitos de segunda dimensão (direitos sociais, econômicos e culturais), de terceira dimensão (fraternidade ou solidariedade) e de quarta dimensão (direito à democracia, informação e pluralismo)1, o direito à privacidade pode ser entendido com um direito fundamental de primeira dimensão, ou seja, para o qual já se há uma preocupação de proteção desde a primeira dimensão de direitos fundamentais e que ficou expressa no art. 5°, inciso X de nossa Constituição Federal de 1988 nos seguintes termos:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

O mencionado dispositivo constitucional tratou da privacidade e da honra e da imagem das pessoas no mesmo texto, ou

1 NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. São Paulo: Editora Método, 2009, 3 ed., 362/364.2 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acessado em 14/08/2020

seja, demonstrando também que princípios éticos devem ser resguardados e compreendidos juntamente na temática de eficácia de tais direitos tanto na vertente vertical, ou seja, das liberdades negativas que devem ser respeitadas do Estado sobre o indivíduo, quanto na vertente horizontal, quando se trata do relacionamento e do respeito mútuo que deve haver entre os particulares na defesa e conjugação de tais direitos nas relações sociais.

Com o desenvolvimento da tecnologia no passar dos anos, desde a revolução industrial até os dias atuais, o acesso e a troca de informações e dados passou a ficar cada vez mais ágil, rápida e mesmo instantânea, de modo que a necessidade de regulação e proteção de tais dados e informações ficassem cada vez mais em voga no desenvolvimento das legislações e ferramentas sobre o tema.

De modo a reforçar a política de proteção de dados pessoais, foi publicada em 14 de agosto de 2018 a Lei n° 13.709, denominada de Lei Geral de Proteção de Dados.2

A denominada legislação surge em um contexto de vazamento de dados pessoais de plataformas digitais, tais como Google e Facebook que eram utilizados para fins políticos e comerciais por empresas comerciais, como a Cambridge Analytica, que combinava dados pessoais vazados para analisar perfis de eleitores e assim influenciar a campanhas políticas nos Estados Unidos.

Nesse contexto, no ano de 2018, a União Europeia editou o seu RGPD – Regulamento Geral de Proteção de Dados, que passou a vigorar em 25 de maio de 2018, fundada em 3 pilares: transparência,

Ética no Século 21 - Reflexões ⨳ A Ética no Tratamento de Dados da LGPD

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gestão e governança, seguindo conceitos já previstos na resolução da ONU de 2013 sobre o mesmo tema.

Os Estados Unidos3 também já vinham adaptando sua legislação à proteção de dados pessoais desde 1986, com a Lei Nacional de Privacidade de Comunicação Eletrônica até a mais recente legislação do Estado da Califórnia, denominada Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia, considerada a mais abrangente dos Estados Unidos e que também teve como base a Legislação Europeia (RGPD).

A legislação brasileira dispõe sobre o tratamento de dados pessoais com o objetivo de proteger os direitos fundamentais de liberdade e privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.

Os fundamentos basilares trazidos pela legislação no artigo 2° são o respeito à privacidade, a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião, a livre iniciativa, livre concorrência e defesa do consumidor, dentre outros.

A autodeterminação informativa é um dos fundamentos elencado no inciso II do artigo 2°, uma novidade no sentido de que o titular só deve fornecer os dados que desejar.

A Lei traz ainda a definição de dado pessoal no artigo 5°, inciso I, como sendo a informação relacionada a pessoa natural identificada ou identificável.

Há ainda um conceito trazido da legislação europeia, denominada de dados pessoais sensíveis, que são aqueles relacionados à

3 Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2018-05/legislacao-de-protecao-de-dados-ja-e-realidade-em-outros-paises. Acessado em 14/08/2020

origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural.

Um outro conceito trazido pela lei e muito bem sistematizado é o de tratamento de dados pessoais, que é denominado como toda operação realizada com dados pessoais, como a coleta, produção, recepção, avaliação, modificação, difusão ou extração do dado, conforme o artigo 5°, inciso X da Lei.

De modo a ampliar os conceitos trazidos pela nova legislação, vale citar ainda os personagens que passam a fazer parte do tratamento dos dados pessoais e denominados pela legislação de controlador, operador e encarregado.

O controlador é a pessoa física ou jurídica a quem compete as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais.

O operador é a pessoa física ou jurídica que realiza o tratamento de dados pessoais em nome do controlador.

E o encarregado é a pessoa física ou jurídica, indicada pelo controlador, que atua como canal de comunicação entre o controlador e os titulares dos dados e a autoridade nacional de proteção de dados, figura esta governamental responsável por zelar, implementar e fiscalizar o cumprimento da lei de proteção de dados em todo o território nacional.

No artigo 6° a Lei traz conceitos ligados à ética e à probidade no tratamento dos dados pessoais, ligados à boa-fé e princípios gerais,

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de finalidade, adequação, necessidade, transparência e segurança, dentre outros, que devem ser observados.

E de forma a preservar o tratamento dos dados pessoais, no artigo 7° da Lei traz regras atinentes a esta proteção, com destaque para o inciso I, que condiciona o tratamento de dado pessoal ao consentimento expresso do titular, ou seja, não pode ser um campo genérico ou abstrato no sentido de autorização do tratamento, mas algo que seja claro e destacado como uma autorização específica do titular para o tratamento daquele dado pessoal.

Outras hipóteses de tratamento são elencadas na lei, como a limitação do uso dos dados, o consentimento específico para a comunicação e o compartilhamento dos dados com outros controladores e operadores e a justificativa necessária em caso de necessidade de arquivamento de tais dados em poder do operador.

De forma a garantir a proteção e a qualidade dos dados do titular a lei prevê, ainda, que o titular pode requerer, a qualquer momento, a confirmação de uso correto de seus dados, o acesso a seus dados, a correção de dados incompletos, inexatos ou desatualizados, a anonimização, bloqueio ou eliminação de dados desnecessários, a portabilidade de seus dados, exclusão ou revogação de consentimento, quando necessários.

E passando a olhar a proteção de dados pessoais sob a ótica do operador, é interessante destacar que aquele que faz o tratamento dos dados devem adotar as medidas de proteção dos dados mesmo após seu uso, como a prática de backups e softwares atualizados de segurança da informação e a segregação de acesso aos dados somente às pessoas autorizadas de cada área inerente às suas atividades.

A adoção de boas práticas e uma rotina de atualização e treinamento da equipe do operador sobre a proteção de dados pessoais também são exigências da legislação.

Deve-se destacar, ainda, o dever de informação do operador no caso de vazamento dos dados pessoais sob sua responsabilidade, agindo de boa-fé para com os titulares.

Agora, mesmo dentro da legalidade outra ordem atua no tratamento efetuado pelos operadores dos dados protegidos. Essa ordem eclode do anseio da sociedade de impor limites para o exercício legal, o que denominamos de ética.

Como seria a aplicação da ética como limite da legalidade. Os operadores podem agir dentro dos princípios imposto pela regra legal, fazendo o tratamento do dado, levantando o relatório de impacto e implementando ações de mitigação de vazamento do dado, associado a uma política de tratamento de dado, que molde a ação dos operadores para difundir a cultura fazendo com que seja tratado somente o dados legais e seja evitado o vazamento.

Entretanto, todos esses procedimentos devem estar associados à ética, pois, como exemplo, os comentários sobre os dados dos titulares, especialmente, os dados sensíveis, podem ser utilizados de forma pejorativa, com dificuldade de identificação da origem, atingindo o titular. Da mesma forma, falamos sobre o vazamento, ou seja, o vazamento verbal em uma rede estabelecida para essa finalidade, também, com grande dificuldade de identificação da fonte.

Nesses exemplos, a ética atua na origem, uma vez que está vinculada ao operador maior, a pessoa jurídica, que atua na contratação e

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controle dos operadores dos dados, seus empregados.

Desta forma, a ética, que deve estar registrada em um código do operador maior, atua nas relações sociais sendo uma ferramenta eficaz de exteriorização de valores básicos de comportamento.

Essa exteriorização de postura serve como facilitador nas relações, pois demonstra qual o caminho que se pretende trilhar, permitindo aos que comungam dos mesmos valores seguirem juntos, separando, na origem, os que pensam diferentemente.

Desta forma, transmite confiança para os titulares dos dados que terão seus dados tratados dentro da legalidade e da ética.

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ÉTICA E LIBERDADE DE EXPRESSÃO

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🙶Jorge Berzagui

INTRODUÇÃO

O tempo passa, mas alguns temas estão sempre presentes nos debates públicos e em nosso cotidiano. Uma das mais relevantes pautas é a discussão sobre os limites da liberdade de expressão, enquanto um dos principais alicerces do regime democrático de direito.

O presente artigo tem por objetivo tecer algumas considerações sobre o direito à liberdade de expressão, sobre as respectivas limitações impostas pela ética e pela Lei Fundamental, em especial em relação a outros direitos fundamentais, certo de que não há valores absolutos no ordenamento jurídico.

Vamos desenvolver algumas premissas relativas ao rechaço do anonimato, expressamente vedado no art. 5°, IV, do texto constitucional vigente, como limite à manifestação do pensamento e de manifestações desagregadoras, dentre elas o discurso de ódio, suas nuances e consequências.

DESENVOLVIMENTO

Ainda nos primórdios da civilização, para possibilitar a vida em comum, ou seja, a vida ao lado de outras pessoas e para garantir que todas elas pudessem agir e interagir, que surgiu a noção de ética.

A palavra “ética” vem do grego éthikos1 e significa modos de ser. A

1 https://www.significados.com.br/tudo-sobre-etica/ (consultado em 27/09/20200).

ética pode ser entendida como a reflexão sobre o comportamento moral. A ética analisa os fatos morais a partir das noções de bem e do mal, de justo e de injusto. Ela não diz a forma como as pessoas devem comportar-se, e sim pretende elaborar princípios de vida (conduta) para orientar as ações humanas.

Desde a tenra idade aprendemos valores éticos e morais que dependem do nosso contexto sociopolítico. A partir desses valores, criamos uma noção do que é uma ação ética e moralmente correta ou ética e moralmente incorreta.

Através do senso comum ético somos inclinados a repelir manifestações repulsivas e desagregadoras. De outra forma, somos naturalmente compelidos a aplaudir manifestações agregadoras e inclusivas. É o senso comum ético nos movendo, nos orientando e norteando nossas condutas.

Por sua vez, em suas variadas maneiras de concretização, a liberdade de expressão assume tanto o direito de a pessoa exprimir-se quanto o de nada desejar informar ou explicitar, consignando, então, dimensões positiva e negativa.

Nunca é demais lembrarmos do antigo jargão “o seu direito termina quando começa o direito do outro”. E quais direitos, nestes casos, estão em jogo? Bem, se de um lado temos a liberdade de expressão, podemos ter do outro a dignidade humana, o direito à vida privada, à imagem, à honra e à ética, é claro.

A propósito, a liberdade de expressão não pode ser apenas um direito juridicamente tutelado, cujo único oposto é a censura e a restrição da manifestação de expressão, mas antes disso a uma

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conjectura ética e política.

Essa liberdade é pressuposto essencial da própria autenticidade do indivíduo, vez que requisito para a realização digna e pessoal de cada um.

É por meio da liberdade de expressão que criamos novas formas de dizer e de pensar, que ampliam o que entendemos e praticamos como liberdade. Quando a democracia se expande, tornando-se mais e mais inclusiva, a liberdade de expressão tende a ser positiva. Por sua vez, quando a democracia se torna restritiva, alcançando um número menor de pessoas, a liberdade de expressão torna-se pretexto para ofender os outros e a legitimar a violência e a desagregação, aqui se encaixa o repulsivo discurso de ódio.

O certo é que a liberdade de expressão, mais que um direito individual subjetivo, trata-se de um valor central e fundamental para o Estado Democrático de Direito, adquirindo a liberdade de expressão, neste ponto, uma dimensão coletiva, vinculada à opinião pública e ao funcionamento das instituições.

A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988, no capítulo que trata dos Direitos e Garantias fundamentais e funciona como um verdadeiro termômetro no Estado Democrático.

Muito embora denso seja seu escopo constitucional, impende dizer que tal liberdade, muito festejada, encontra limitações na própria Carta Magna, assim como nas hipóteses de concorrência e de colisões entre direitos fundamentais, quando, a partir de um juízo de ponderação, aquela ceda a um outro direito que, num caso

2 BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva: 2002, p. 44.

específico, há de merecer maior proteção.

Convém repelir, dessa forma, qualquer argumento tendente a considerar a existência de um direito absoluto, imune a flexibilizações, na medida em que, reitere-se, o próprio legislador constituinte estabeleceu restrições a essa liberdade, com o intuito de não descuidar de outros direitos e valores igualmente dignos de guarida.

Por seu turno, a vedação ao anonimato foi expressamente prevista, no texto constitucional de 1988, correlata ao direito à livre manifestação do pensamento (art. 5°, IV), o qual, naturalmente, é inerente à liberdade de expressar-se.

O legislador constituinte limitou acertadamente, pois, o relato anônimo tem potencial de impossibilitar eventual utilização da resposta proporcional ao agravo, quaisquer pleitos judiciais por danos materiais e morais que venham a atingir a imagem (art. 5°, V) ou mesmo ações penais envolvendo, por exemplo, crimes contra a honra ou crime de denunciação caluniosa, porquanto somente por meio do conhecimento da autoria da mensagem torna-se crível proceder a uma circunstancial e legítima responsabilização do infrator.

Nessa mesma toada é o pensamento de Celso Ribeiro Bastos2: “Proíbe-se o anonimato. Com efeito, esta é a forma mais torpe e vil de emitir-se o pensamento. A pessoa que o exprime não o assume. Isto revela terrível vício moral consistente na falta de coragem. [...] mas este fenômeno é ainda mais grave. Estimula as opiniões fúteis, as meras assacadilhas, sem que o colhido por estas maldades tenha possibilidade de insurgir-se contra o seu autor, inclusive

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demonstrando a baixeza moral e a falta de autoridade de quem emitiu estes atos. Foi feliz, portanto, o Texto Constitucional ao coibir a expressão do pensamento anônimo”.

Isso resultou de um balanceamento de valores, pois a liberdade de expressão e de pensamento, longe de ser intocável, pode ser sobrepujada, em virtude de opção constitucional, por outros bens jurídicos de semelhantes relevo e dignidade.

Sem sobra de dúvida, o direito à liberdade de expressão não pode violar o direito de terceiros, devendo interagir com respeito e com o reconhecimento de crenças, etnias e culturas diferentes.

O Supremo Tribunal Federal, guardião da constituição, em 30/04/2009, consagrou o entendimento de que na hipótese de colisão de princípios constitucionais à liberdade de expressão possui um caráter de preferência sobre os direitos de personalidade: “quando se tem um conflito possível entre a liberdade e sua restrição deve-se defender a liberdade. O preço do silêncio para a saúde institucional dos povos é muito mais alto do que o preço da livre circulação das ideias” (...) “A mesma Constituição que garante a liberdade de expressão, garante também outros direitos fundamentais, como os direitos à inviolabilidade, à privacidade, à honra e à dignidade humana.” Para Celso de Mello, “esses direitos são limitações constitucionais à liberdade de imprensa. E sempre que essas garantias, de mesma estatura, estiverem em conflito, o Poder Judiciário deverá definir qual dos direitos deverá prevalecer, em cada caso, com base no princípio da proporcionalidade”. O ministro lembrou que o direito de resposta existe na legislação brasileira desde 1923, com a Lei Adolpho Gordo. Hoje, disse Celso

3 Supremo Julga Lei de Imprensa incompatível com a Constituição Federal. Disponível em < http://www.stf.jus.br/portal/cms/vernoticiadetalhe.asp?idconteudo=107402>. Acessado em 27/09/2020.

de Mello, esse direito ganhou status constitucional (artigo 5°, V), e se qualifica como regra de suficiente densidade normativa, podendo ser aplicada imediatamente, sem necessidade de regulamentação legal. Por isso, a eventual ausência de regulação legal pela revogação da Lei de Imprensa pelo STF, na tarde desta quinta (30), não será obstáculo para o exercício dessa prerrogativa por quem se sentir ofendido, seja para exigir o direito de resposta ou de retificação”.3

CONCLUSÃO

O direito à liberdade de expressão é amplo e abrange um conjunto diversificado de situações, como as faculdades de conteúdo espiritual, as expressões não verbais, musicais, da comunicação pelas artes plásticas etc., tutelando, normalmente, qualquer opinião, convicção, comentário, julgamento, de importância, ou não, sobre qualquer assunto ou sobre qualquer pessoa.

Ainda como corolário dessas limitações, a vedação ao anonimato foi prevista, na Constituição Federal de 1988, correlata ao direito à livre manifestação do pensamento (art. 5°, IV), o qual, naturalmente, é inerente à liberdade de expressar-se.

Transcrevo, a seguir, decisão do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, ao negar o habeas corpus pedido pelo editor nazista Siegfried Ellwanger. Por oito votos a três, o Pleno do STF negou o pedido com os seguintes argumentos: “O direito à livre expressão do pensamento (...) não se reveste de caráter absoluto, pois sofre limitações de natureza ética e de caráter jurídico. Os abusos no exercício da liberdade de manifestação do pensamento,

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quando praticados, legitimarão, sempre “a posteriori”, a reação estatal, expondo aqueles que os praticarem a sanções jurídicas, de índole penal ou de caráter civil.” (...) “Aquele que ofende a dignidade de qualquer ser humano, especialmente quando movido por razões de cunho racista, ofende a dignidade de todos e de cada um” concluiu Celso de Mello4.

Com efeito, sempre que houver colisão de direitos fundamentais, deve-se lançar mão do princípio de harmonização, no qual a solução adotada pelo processo da hermenêutica deve-se otimizar a realização dos direitos sem acarretar a negação de nenhum deles.

Assim, além da limitação legal e constitucional (a exemplo das hipóteses de concorrência e de colisões entre direitos fundamentais), não podemos perder de vistas e prescindir do controle ético da liberdade de expressão para o fim de assegurar a plenitude das liberdades democráticas.

Tem uma expressão que explica perfeitamente essa necessidade, que é o respeito à alteridade5 e se traduz por ser condição essencial para assegurar as liberdades democráticas. “Alteridade, muito mais que um conceito é uma prática. Ela consiste, basicamente, em colocar-se no lugar do outro, entender as angústias do outro e tentar pensar no sofrimento do outro. Alteridade também é reconhecer que existem culturas diferentes e que elas merecem respeito em sua integridade.”6

Nesse sentido, com a contribuição da alteridade, da observância da ética e do respeito aos princípios legais e constitucionais, forjaremos

4 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=60327. Acessado em 27/09/2020.5 HOLANDA, Aurélio B. Dicionário da língua Portuguesa. 6. Ed. Positivo, 2004. O dicionário Aurélio traz a seguinte definição de alteridade: ”al.te.ri.da.de – (francês alterité) – substantivo

feminino – 1. Qualidade do que é outro ou do que é diferente. – 2. (Filosofia). Caráter diferente, metafisicamente.”6 https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/alteridade.htm (Acessado em 05/10/2020).

o amalgama para atingir a maturidade para o pleno exercício do direito da liberdade de expressão, essencial para uma sociedade democrática equilibrada, tolerante e justa.

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ÉTICA NO TRABALHO REMOTO

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🙶Roberto Dâmaso

Significado de Ética

Ética vem do grego “ethos” que significa analogicamente “modo de ser” ou “caráter” enquanto forma de vida também adquirida ou conquistada pelo homem. Estatui princípios e valores que orientam pessoas e sociedades.

A Ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. As palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a palavra latina moral , ambas signif icam hábitos e costumes. ...Ética nas empresas.

No momento único que estamos vivendo, neste ambiente no qual as pessoas tiveram que ir para o isolamento, as atividades de trabalho tiveram que rapidamente se adaptar de forma remota, ou seja, fora do ambiente tradicional da empresa onde todos juntos trabalhavam.

Tomando como exemplo algumas empresas multinacionais (American Express, Dell, Facebook, Google, IBM) que praticaram o trabalho remoto, e se juntaram às fileiras de muitas outras organizações no mundo para dar aos funcionários maior autonomia no trabalho, ou seja, mais liberdade para decidir quando, onde e como fazer seu trabalho, diante do quadro da pandemia impossibilitando o trabalhar no ambiente tradicional da empresa.

E por que não?

Pesquisas feitas por psicólogos organizacionais demonstraram

que a autonomia no trabalho pode ter muitos efeitos positivos. A evidência das pesquisas indica que os funcionários que experimentam mais autonomia são mais motivados, criativos e satisfeitos com seus empregos.

Contra este pano de fundo dos efeitos geralmente favoráveis da autonomia do trabalho, pesquisas recentes mostraram que ela também pode ter um lado negativo: por exemplo, comportamento antiético. Em estudos de campo realizados em Israel, funcionários de uma ampla gama de indústrias classificaram quanta autonomia tinham e quantas vezes se envolviam em comportamentos antiéticos tais como, procrastinação ou desperdiçar tempo de trabalho em ligações telefônicas particulares.

Aqueles que tinham maior autonomia diziam que se envolviam em comportamentos mais antiéticos no trabalho.

Todo comportamento é uma função do que as pessoas querem fazer (motivação) e do que são capazes de fazer (capacidade). Considere o comportamento pouco ético provocado por altos níveis de autonomia. Ter alta autonomia pode não ter feito com que as pessoas queiram se comportar de forma antiética. Entretanto, ela pode ter possibilitado o comportamento antiético, tornando possível que as pessoas se envolvam nele. De fato, a diferença entre pessoas que querem se comportar de forma antiética versus pessoas que têm a capacidade de fazê-lo pode ajudar a responder a duas questões importantes:

1 - O que pode atenuar a tendência de autonomia do trabalho para provocar comportamentos antiéticos?

2 - Se a autonomia no trabalho pode levar a um comportamento

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antiético, as empresas deveriam reavaliar se devem dar autonomia no trabalho a seus funcionários? Ou seja, a autonomia no emprego pode ser introduzida de forma a maximizar suas consequências positivas (por exemplo, maior criatividade) sem introduzir o efeito negativo de um comportamento antiético?

Com relação à primeira pergunta, as pessoas que têm autonomia no emprego e, portanto, são capazes de se comportar de forma antiética, não o farão se elas não quiserem se comportar de forma antiética. Por exemplo, as pessoas que são elevadas na dimensão da identidade moral, para as quais o comportamento moral é central na forma como se definem, teriam menos probabilidade de se comportar de forma antiética, mesmo quando há muita autonomia no trabalho que lhes permitisse ou tornasse possível fazê-lo.

Com relação à segunda pergunta, não recomendo que as empresas abandonem seus esforços para proporcionar aos funcionários autonomia de trabalho. As consequências de dar autonomia aos funcionários podem não ser sumariamente favoráveis. Ter uma visão mais equilibrada de como os funcionários respondem à autonomia de trabalho pode lançar luz sobre como as organizações podem maximizar os efeitos positivos da autonomia de trabalho, enquanto minimizam a consequência negativa do comportamento antiético.

A realidade é que o trabalho remoto é uma forma nova e viável de desenvolver as atividades, dentro das novas facilidades vantajosas que a tecnologia proporcionou e, não será a ética que poderá atrapalhar o desenvolvimento desta conquista. Teremos várias outras adaptações para o trabalho remoto, legais é uma delas, que deverão ser feitas para podermos seguir neste “Novo Normal”.

Na verdade, a ética está e estará presente na sociedade, nas

atitudes de todos os indivíduos e, ela por si só, não será limitadora de necessidades que os homens venham a enfrentar. O que tem que estar presente nas pessoas vivendo em sociedade é que existem princípios e valores a serem seguidos, independente da liberdade de ação de qualquer indivíduo.

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Diretor-PresidenteJosé de Souza Mendonça

Diretor ResponsávelErasmo Cirqueira

CoordenadoraAparecida Pagliarini

MembrosBernardo Coelho de Andrade

Fernando SimõesJorge Luiz Ferri Berzagui

Marcelo CoelhoRoberto de Sá Dâmaso

COMISSÃO DE ÉTICA DO SINDAPP

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