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Livro: Por uma ética do cuidado Marisa Maia(org.)
Profa. Joyce Brito1
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APRESENTAÇÃO: Em tempos de descuido: o paradigma do cuidado
Marcus Renato de Carvalho
Marisa Schargel Maia
Este livro é fruto do trabalho de uma rede interdisciplinar na Maternidade
Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Voltado para não
especialistas tem como objetivo tratar da questão do cuidado fazendo uma
barreira ao sentimento de descuido que tanto fragiliza os sujeitos.
Possui 4 (quatro) temas foco: . Cultura
. Subjetivação
. Clínica
. Descuido e Violência
- Aponta que a Negligência com a vida e sua fragilidade são as mais graves
sinalizações socioculturais de descuido (que vem se agravando na última
década).
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3 (três) diretrizes fundamentais apontam a forma como os autores que
compõem este trabalho compreendem o cuidado e suas balizas:
Ética
Se subdivide em Éthos: conjunto de hábitos
Êthos: disponibilidade de espírito, somente
compreensível na alteridade; ética da vida, da preservação.
Política
Micropolítica exercida na práxis (pública ou privada); maior objetivo é a
celebração da vida e seu investimento
Clínica
Visa a integralidade da assistência que aprofunda a formação humanística
dos profissionais; no campo da Saúde Coletiva tem a ver com o campo
complexo de propostas e estratégias públicas com o enfoque no bem-estar
do Homem (Homem este compreendido como fruto de um projeto
civilizatório).
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QUAIS AS
COMPREENSÕES A
RESPEITO DA ÉTICA
DO CUIDADO
TRAZIDAS PELO
LIVRO?
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- CUIDAR E VIVER são INDISSOCIÁVEIS.
A não-distinção entre viver e cuidar;
O caráter temporal do viver;
A fundamentação do cuidado na mortalidade do homem;
A angústia como reveladora do cuidado, reveladora das estratégias que
usamos para esquecer que o destino da vida é a morte.
- O CUIDADO TEM PAPEL DECISIVO NO PROCESSO DE EMERGÊNCIA
DO SUJEITO.
Partindo do “paradigma da modernidade” – que se caracteriza por um
modelo de divisão e oposição – onde o lucro é privilegiado em detrimento
das genuínas necessidades humanas, reflete-se sobre o homem e seus
processos de constituição.
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- O CUIDADO COMO UM VALOR JURÍDICO
Considerando a efetiva mudança de paradigma que a entrada em vigor do
ECA representou, a autora nos indica que os vínculos de afetividade
projetam-se no campo jurídico que sustenta o direito ao cuidado – como
direito fundamental de todos os cidadãos – estabelecendo punições em
casos de falhas de cuidado.
- CUIDADO COMO POSSIBILIDADE PARA O INDIVÍDUO ‘FAZER
SENTIDO’DE SUA VIDA.
Importância do agente cuidador manter o equilíbrio entre presença implicada
e presença reservada, se permitindo sustentar, conter, reconhecer, interpelar
e reclamar, ou seja, exercendo as funções fundamentais do agente cuidador.
Ao exercer suas funções, o agente cuidador também estará transmitindo as
funções cuidadoras.
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- CUIDADO É POSSÍVEL A PARTIR DA IGUALDADE SOCIAL, DO
RECONHECIMENTO DO OUTRO E DA RESPONSABILIZAÇÃO PELO
OUTRO.
- O ALICERCE FUNDAMENTAL PARA O CUIDADO É FUNDAMENTAL
ESTÁ NO MODO COMO SE RELACIONA E COMO SE ENCONTRA
COM O OUTRO.
- HOSPITALIDADE E EMPATIA COMO FIGURAS FUNDAMENTAIS PARA
O CUIDADO.
- CUIDADO ESTÁ PAUTADO NO NÃO JULGAMENTO DAS
DIFICULDADES E AGRESSIVIDADES DA MÃE. PERMITIR A
DECIFRAÇÃO, PELA MÃE, DAS EMOÇÕES DA CRIANÇA.
COMPREENSÃO MÚTUA HUMANIZANTE PRECISA SE INSTAURAR
PARA O CUIDADO.
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- REVITALIZAÇÃO DO CUIDADO DE SI TENDO COMO CONDIÇÃO DE
POSSIBILIDADE O CUIDADO DO OUTRO. INCLUSIVE NA RELAÇÃO
ANALISTA – ANALISANTE.
Diante da derrocada da lei do Pai, dos valores institucionais tradicionais ou
morais, novos padrões de padecimento subjetivo se apresentam, há
afastamento entre o cuidado de si e o cuidado do outro, com a
consequente valorização do pensamento mecanicista e determinista da
modernidade . A relação transferencial deverá priorizar o afeto (Afekt) -
afetar e ser afetado. Para “se deixar afetar” o analista deve ser capaz de
suspender o saber teórico, a formação institucional e até sua história
pessoal. Apenas a constituição de um campo transferencial que opere pelo
potencial de afetar e ser afetado poderá, de maneira significativa, concorrer
para o tratamento atual das compulsões. Na clínica da contemporaneidade,
seria preciso, cada vez mais, dar ênfase às características psíquicas do
analista.
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- O CUIDADO SE APRESENTA NA POSSIBILIDADE DE PROPICIAR ÀS
CRIANÇAS NOVOS CAMINHOS DE EXPRESSÃO SUBJETIVA,
LIBERTANDO-AS E LIBERTANDO-NOS DA POBREZA DE
IDENTIDADES CRISTALIZADAS.
Influência do ambiente acolhedor, constante e que tenha a força de
sobreviver aos impulsos agressivos. Para Winnicott há uma reparação
possível ao que não foi simbolizado por uma criança: como uma nova
chance de se viver o que não foi vivido. Esse processo se dá, naturalmente,
na companhia viva de um outro disponível.
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- CUIDADO ESTÁ NA POSSIBILIDADE DE OFERECER A ESCUTA,
ACREDITANDO QUE ALGO DO SUJEITO POSSA APARECER
ATRAVÉS DE SUAS PALAVRAS. ASSIM PODE SURGIR O QUE O
ACOMETE E O LEVA A ESCOLHER ALGO TÃO RADICAL QUANTO A
PULSÃO QUE O CONDUZ À SUA PRÓPRIA DESTRUIÇÃO.
Só é possível fazer algo em relação à posição que o sujeito ocupa e o
contorno que produz em relação ao que vivencia naquele momento. Propor e
oferecer uma escuta ao doente pode abrir caminho para um discurso que
remeta a algo além do que é visto, falado – inconsciente – e, dessa forma,
aposta-se que a doença para o sujeito pode se tornar uma possibilidade de
despertar para seu desejo, desejo para a vida.
A resistência ao cuidado põe em xeque o postulado de que qualquer pessoa
quer o seu próprio bem, pois denuncia um sujeito que não trabalha mais para
o que seria bom para ele, e sim para a sua destruição. Não nos cabe
convencer ou forçar o sujeito a seguir as recomendações médicas.
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- CUIDADO SE DÁ ATRAVÉS DA CONVERSA. “PROFISSIONAL
CONVERSADOR”, TREINADO PARA CONVERSA-DE-CONFIANÇA.
É proposto o instrumento da conversa como humanizador das mais
diversas atuações da prática da saúde, em que ambivalências, dúvidas e
medos possam ser acolhidos num contexto que se estenda para além das
margens da objetividade, das regularidades e das disciplinas.
É preciso atender o sujeito-doente em sua singularidade, acolhendo,
portanto, seu sofrimento, sua cultura, seu linguajar, suas ideias. Este
trabalho de conversa é vital, uma vez que com ele se pode alinhavar suas
inúmeras demandas. Amor e coexistência prazerosa e amigável permite
escapar da alienação normatizadora, capacitando a saúde.
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- O CUIDADO, NOS PRIMEIROS TEMPOS DE VIDA, PRINCIPALMENTE
EM CONDIÇÕES MUITO ADVERSAS, PROMOVE UMA DINÂMICA
AFETIVA FAVORÁVEL QUE PERMITE UMA CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA
MAIS BEM ESTRUTURADA, ISTO LEVA A MAIORES CHANCES DOS
SUJEITOS TRILHAREM CAMINHOS À MARGEM DA VIOLÊNCIA.
Condições socioeconômicas + valores predominantes na cultura ,
contribuem para efeitos de violência; Para os autores esta equação é
importante, mas não suficiente.
O modo como cada pessoa singular responde às contingências do seu
cotidiano depende fundamentalmente:
. da sua constituição psíquica,
. das dinâmicas afetivas que favoreceram – ou não – a formação de recursos
psíquicos que lhe permitam promover a transformação dos afetos que o
impactam.
Isto preserva a sua própria integridade e a do outro com o qual se confronta.
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- CUIDADO DEVE PROMOVER UNIDADE, NAS IRREDUTÍVEIS E
RESPEITÁVEIS DIFERENÇAS.
Autores referem um programa de salvação nacional da juventude vulnerável.
- CUIDADO PENSADO JUNTO COM A POTÊNCIA DE RESILIÊNCIA;
Experiência de existir-com-o-outro mediante a existência de um campo de
afetação que se abre sempre à possibilidade de uma reinauguração
subjetiva, isto propicia uma reapropriação dos modos fundamentais de
subjetivação. Refletir sobre uma ética do cuidado implica conferir visibilidade
a mecanismos sensíveis que, além de possibilitar, otimizam e potencializam
os processos de subjetivação.
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- CUIDADO COMO FORMA DE NÃO PRIVAÇÃO DOS SUJEITOS AO
AFETO E A COMUNICAÇÃO.
É nítida a ausência de respostas jurídicas que efetivamente assegurem a
proteção à criança nos espaços públicos e privados. Esses sujeitos
juridicamente incapazes são conduzidos pela lógica dos operadores
jurídicos. Essa enorme privação de afeto e comunicação leva a rupturas
profundas dos laços sociais. Para a Psicanálise isto representa a
impossibilidade de elaborar os lutos e integrá-los, produzindo
esfacelamento da imagem inconsciente do corpo.
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SMS – 2013
Cargo: Psicólogo
41)Para Daniel Kupermann (2005), a concepção de clínica do sensível
se articula a partir de um paradigma estético que, diferentemente do
paradigma técnico-cientificista, positiva o exercício de afetação
mútua entre analista e analisando. Considerando as formulações
desenvolvidas e os argumentos sobre o modo como o analista opera
no processo de análise e de criação, deve-se entender que a clínica
do sensível se refere a uma implicação do analista:
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(A) no processo de sublimação repressiva, através da interpretação e do tato,
produzindo novos modos de subjetivação e um laço terapêutico não
marcado pelo legal, contratual e institucional.
(B) de forma direta, nas produções do analisando, com a criação de um
espaço de jogo, sendo a produção de sentido um efeito desse encontro,
sem uma separação rígida entre sujeito e objeto da experiência ou
qualquer isolamento entre analista e analisando.
(C) na produção do abandono traumático, condição de possibilidade para a
emergência dos processos criativos.
(D) de forma indireta, nas produções do analisando, através da interpretação
das resistências, das formações do inconsciente e dos fantasmas,
remetendo o analisando, via transferência, ao seu desamparo
constitucional e facilitando os seus processos criativos pela possibilidade
do mesmo suportar esse desamparo.
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(A) no processo de sublimação repressiva, através da interpretação e do
tato, produzindo novos modos de subjetivação e um laço terapêutico não
marcado pelo legal, contratual e institucional.
(B) de forma direta, nas produções do analisando, com a criação de um
espaço de jogo, sendo a produção de sentido um efeito desse encontro,
sem uma separação rígida entre sujeito e objeto da experiência ou
qualquer isolamento entre analista e analisando.
(C) na produção do abandono traumático, condição de possibilidade para a
emergência dos processos criativos.
(D) de forma indireta, nas produções do analisando, através da interpretação
das resistências, das formações do inconsciente e dos fantasmas,
remetendo o analisando, via transferência, ao seu desamparo
constitucional e facilitando os seus processos criativos pela possibilidade
do mesmo suportar esse desamparo.
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53) Após o bárbaro assassinato do menino João Hélio Fernandes
Vieites, em Fevereiro de 2007, a população, em seus vários segmentos,
reagiu com extrema indignação em todo o país. A presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie, pronunciou-se,
de acordo com um tradicional argumento jurídico, negando a
pertinência
de se julgar sob comoção. Mesmo reconhecendo a validade do
argumento, do ponto de vista jurídico, Daniel Kupermann (2009), a
partir das reflexões desenvolvidas com a teoria do trauma de Sandor
Ferenczi, observa que esta fala poderia ter um efeito traumatizante cuja
consequência maior seria a perpetuação do estado de anestesia e a
paralisia se abater sobre a sociedade. Isto porque se coloca aí uma
ação que é a principal responsável pelo efeito traumático. Ela recebe o
nome de:
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(A)Forclusão
(B) identificação projetiva
(C) denegação
(D) desmentido
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(A)Forclusão
(B) identificação projetiva
(C) denegação
(D) desmentido
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57)Ao desenvolver uma interlocução entre as questões postas por
Foucault sobre o cuidado de si e as problematizações psicanalíticas
sobre a clínica contemporânea, Eduardo Rozenthal (2009) observa
que o sofrimento subjetivo contemporâneo não se deixa mais
interrogar e acolher pelas estratégias analíticas relacionadas ao
manejo da interpretação das resistências inconscientes. Para fazer
frente à especificidade das situações que comparecem na clínica, na
contemporaneidade a relação transferencial deverá priorizar:
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(A)o processo de tornar consciente o inconsciente
(B) o processo de afetar e ser afetado
(C) o processo de destituir o autoerotismo
(D) o processo de neutralidade do analista
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(A)o processo de tornar consciente o inconsciente
(B) o processo de afetar e ser afetado
(C) o processo de destituir o autoerotismo
(D) o processo de neutralidade do analista
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60)Ao refletir sobre os processos que produzem a desigualdade e o não
reconhecimento do outro, especialmente se este for pobre e excluído
de determinadas possibilidades inscritas na sociedade democrática,
Maria Izabel Szpacenkopf (2009) propõe que a ultrapassagem das
fronteiras do narcisismo pode propiciar o exercício de uma
responsabilidade em relação ao outro. Nesse contexto, apresenta
algumas ideias extraídas da obra de Levinas sobre o fundamento
ético da condição de sujeito, articulado diretamente à
responsabilidade para com o outro. Isso traria, como consequência
fundamental:
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(A) sair de si, ocupar-se do outro desmentindo as diferenças
(B) sair de si, ocupar-se do outro e seu sofrimento
(C) sair de si, ocupar-se do outro tratando-o como estranho
(D) sair de si, ocupar-se do outro denegando a miséria
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(A) sair de si, ocupar-se do outro desmentindo as diferenças
(B) sair de si, ocupar-se do outro e seu sofrimento
(C) sair de si, ocupar-se do outro tratando-o como estranho
(D) sair de si, ocupar-se do outro denegando a miséria
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