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8/8/2019 DUELO DE TITÃS análise da cobertura jornalística do Jornal Nacional e do Jornal da Record nas reportagens sobre a … http://slidepdf.com/reader/full/duelo-de-titas-analise-da-cobertura-jornalistica-do-jornal-nacional-e-do 1/52 Frederico Melo Paixão DUELO DE TITÃS análise da cobertura jornalística do  Jornal Nacional e do Jornal da Record nas reportagens sobre a denúncia contra a Igreja Universal do Reino de Deus, nas edições dos dias 11 e 12 de agosto de 2009 Belo Horizonte Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) 2010 

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Frederico Melo Paixão

DUELO DE TITÃS

análise da cobertura jornalística do Jornal Nacional e do Jornal da Record nasreportagens sobre a denúncia contra a Igreja Universal do Reino de Deus, nas

edições dos dias 11 e 12 de agosto de 2009

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH)

2010 

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Frederico Melo Paixão

DUELO DE TITÃS

análise da cobertura jornalística do Jornal Nacional e do Jornal da Record nasreportagens sobre a denúncia contra a Igreja Universal do Reino de Deus, nas

edições dos dias 11 e 12 de agosto de 2009

Monografia apresentada ao Centro Universitário de Belo Horizontecomo requisito parcial à obtenção do título de graduação emComunicação Social habilitação em Jornalismo

Orientadora: Wanir Campelo.

Belo Horizonte

Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH)

2010

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 Agradeço primeiramente a Deus, que me deu capacidadede enfrentar e vencer todos os desafios ao longo do curso.

 Aos meus pais, Jorge e Marinete, por toda a dedicação e  por me ensinarem a nunca desistir dos meus sonhos. Atodos que contribuíram direta ou indiretamente para estaconquista.

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RESUMO

Esta monografia é o resultado da análise dos critérios de noticiabilidade utilizados pelo  Jornal

 Nacional e   Jornal da Record nos dias 11 e 12 de agosto de 2009, respectivamente, nas

matérias sobre a ação criminal aberta contra o fundador da   Igreja Universal do Reino de

 Deus, Edir Macedo, e mais nove pessoas ligadas a ele. Foi verificado também se as coberturas

de ambas as reportagens seguiram os padrões éticos estabelecidos pelo Código de Ética dos

Jornalistas Brasileiros. Foi constatado que, embora tratem do mesmo assunto, os noticiários

trabalharam o fato de formas diferentes e, às vezes, tendenciosas.

Palavras chave: Critérios de noticiabilidade; Ética; Telejornalismo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 06

2 O JORNALISMO E SUAS RAÍZES ............................................................................. 08

2.1 As teorias da comunicação e suas escolas ....................................................................... 08

2.2 O que é jornalismo? ....................................................................................................... 12

2.2.1 As teorias do jornalismo .............................................................................................. 13

2.3 A ética no jornalismo ..................................................................................................... 16

3 O TELEJORNALISMO NO BRASIL ........................................................................... 19

3.1 O jornalismo na grade televisiva brasileira ..................................................................... 193.2 A introdução de novas tecnologias na produção do jornalismo ....................................... 21

3.3 As funções dentro de um telejornal ................................................................................. 24

3.4 Os processos de produção da notícia .............................................................................. 27

4 A ANÁLISE DOS TELEJORNAIS................................................................................ 33

4.1 Metodologia de pesquisa ................................................................................................ 33

4.2 TV Globo ....................................................................................................................... 34

4.2.1 Jornal Nacional........................................................................................................... 37

4.3 TV Record ..................................................................................................................... 38

4.3.1 Jornal da Record ......................................................................................................... 39

4.4 As reportagens ............................................................................................................... 40

4.4.1 do Jornal Nacional ...................................................................................................... 40 

4.4.2 do Jornal da Record .................................................................................................... 41

4.5 Os critérios de noticiabilidade ........................................................................................ 43

4.5.1 A quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento direta ou indiretamente ........... 434.5.2 O grau e nível hierárquico do(s) envolvido(s) no acontecimento .................................. 43

4.5.3 A relevância e significatividade do acontecimento quanto à evolução futura dasituação ................................................................................................................................ 44

4.5.4 Eventos que quebram a rotina e chamam a atenção ...................................................... 44

4.5.5 Critérios relativos à concorrência................................................................................. 45

4.6 A ética no exercício do jornalismo ................................................................................. 45

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 48

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6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 50

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1 INTRODUÇÃO

Diante da velocidade da informação e das novas formas de divulgar as notícias,

 jornalistas do mundo inteiro vêm discutindo a ética profissional nos diversos meios de

comunicação. As novidades tecnológicas precisam ser melhor exploradas e vivenciadas

pelos profissionais da área para que a informação chegue ao receptor de forma rápida,

clara e, sobretudo, verdadeira. As tecnologias alteram o cotidiano do homem em suas

diversas atividades e no jornalismo não é diferente. Os profissionais devem conhecer

tais ferramentas para o bom exercício da profissão.

A televisão é um meio de grande influência na sociedade. Por isso, torna-se

imprescindível distinguir o que é de interesse público e primar pela imparcialidade

diante dos fatos. Chaparro (1994) afirma que jornalistas têm o poder de decidir o que

vai ser publicado ou não, teoricamente agindo em prol do interesse público. Para isso,

deve existir uma série de normas e conceitos que possam garantir a qualidade da

informação veiculada.

Para que o fato se transforme em notícia, deve se observar se ele se enquadra nos

critérios de noticiabilidade. A prática do jornalismo consiste em relatar a versão de um

fato, mas Wolf (1999) define o conceito de distorção involuntária, afirmando que a

mesma pode vir de fatores organizativos, burocráticos e também da própria notícia.

Outro fator que deve ser discutido no processo de produção das notícias é a ética

profissional dos jornalistas. Lembrando que a ética jornalística, segundo Bucci (2000),

não depende apenas do profissional, mas de uma série de fatores externos a ele, como as

fontes e os interesses das empresas jornalísticas. Mais do que discutida, a ética deve serexercida nas redações de qualquer empresa jornalística, para que a sociedade, principal

interessada na notícia, tenha acesso à informação de qualidade.

No dia 11 de agosto de 2009, o  Jornal Nacional publicou uma reportagem de duração

de dez minutos e dezessete segundos noticiando a ação criminal aberta pelo juiz da 9ª

Vara Criminal de São Paulo, Gláucio de Araújo, que acusava o fundador da  Igreja

Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e mais nove pessoas ligadas a ele pelo crimede lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

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No dia 12 de agosto de 2009, um dia após a exibição da reportagem do  Jornal Nacional 

sobre a ação criminal, o Jornal da Record publicou uma matéria de oito minutos e onze

segundos a TV Globo de atacar a emissora com tais acusações.

Segundo Mauro Wolf (1999), para se transformar em notícia, o fato precisa passar por

determinados filtros , chamados critérios de noticiabilidade. Esta pesquisa pretende

analisar alguns dos critérios utilizados por ambas as reportagens, bem como verificar se

os preceitos do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros foram cumpridos na

execução das matérias.

A escolha deste objeto se deu pelo fato de se tratar das duas emissoras de maior

audiência no Brasil e pela repercussão que o episódio teve na mídia, sendo divulgado

em diversos meios como internet, impressos, rádios e emissoras de TV.

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2 O JORNALISMO E SUAS RAÍZES 

2.1 As teorias da comunicação e suas escolas

Vista sob uma perspectiva histórica, a comunicação sempre esteve presente nas relações

humanas. Com o passar do tempo, as formas de se comunicar foram sendo

aperfeiçoadas, especialmente com o surgimento da fala e da escrita. Hoje, são infinitas

as possibilidades de troca de informações e de meios para que elas sejam transmitidas

para curtas e longas distâncias.

Para entender esse processo, foi necessário estudar o fenômeno da comunicação e as

consequências que ele pode gerar para a sociedade.

Antes, porém, faz-se necessário entender o que é comunicação.

Vera Veiga França (2001) explica que um campo científico se define antes de tudo pelo

seu objeto, e, no caso da comunicação, está à nossa frente, disponível aos nossos

sentidos e é tudo que podemos ver, ouvir e tocar. Ela ressalta que esta ciência está

intrínseca ao homem e não surgiu com a imprensa. França (2001) afirma que, além de

ser compreendida como um objeto empírico, esta ciência também é uma representação,

ou seja, uma forma de conceber e compreender a informação que chega através da

notícia.

Com o surgimento da comunicação de massa por meio das ondas de rádio, os estudos

sobre este objeto começaram a acontecer no início dos anos 30, nos Estados Unidos. Foi

o surgimento da Escola Americana que, no contexto da Segunda Guerra Mundial,analisava o fenômeno e os efeitos da propaganda no cinema, jornal, rádio e TV. Outros

estudiosos também começaram a estudar a comunicação na Europa nessa mesma época,

mas suas análises mais conhecidas surgiram nas décadas de 60 e 70.

Segundo Mauro Wolf (1999), a apresentação e a análise das teorias não seguem apenas

um critério cronológico, algumas delas aconteceram simultaneamente. Elas seguem

outras determinações como o contexto social e econômico em que o modelo se difundiue o processo comunicativo em que cada teoria se apresenta.

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A primeira das teorias é a hipodérmica, que coincide com o período das duas guerras

mundiais. Como um de seus principais objetivos é mostrar o poder que a propaganda

exerce sobre o indivíduo, Wolf (1999) afirma que o seu modelo comunicativo baseia-se

na   psicologia behaviorista e estuda o comportamento humano usando métodos de

observação das ciências naturais e biológicas. Ou seja, quando um animal qualquer

recebe um estímulo, automaticamente ele dará uma resposta. Segundo Bauer (1964), 

durante o período da teoria hipodérmica, os efeitos, na sua maior parte, não são

estudados, são dados como certos. (Apud WOLF, 1999)

Um dos fatores que fortalecia a teoria hipodérmica, segundo Wolf (1999), era que a

massa, composta por um grupo heterogêneo de pessoas que não se conhecem, gerava

uma situação propícia para um isolamento do indivíduo. Portanto, a teoria segue uma

linha de pensamento que, se a massa é igual, o modelo comunicacional também deve ser

simples, de forma que a resposta ao estímulo era a mesma.

Sobre a Abordagem Empírico-Experimental , Wolf (1999) indica algumas características

que a diferem da hipodérmica, pelo fato de as duas possuírem alguns aspectos comuns,

como o poder da mídia sobre o indivíduo e a passividade do mesmo em relação aos

objetivos dos emissores. Contudo, o autor afirma que ela é considerada uma superação

da antiga teoria. Nesta abordagem, a afirmação não é da resposta imediata, mas sim da

persuasão que os mass media podem exercer sobre o receptor, dependendo da

organização e da forma que a mensagem é veiculada. Ele afirma que "as mensagens dos

meios de comunicação contêm características particulares do estímulo que interagem de

maneira diferente com os traços específicos da personalidade dos elementos que

constituem o público" (WOLF, 1999, p. 34). Em outras palavras, o modelo da teoriahipodérmica ainda existe, mas é analisado de uma forma mais complexa.

Wolf (1999) salienta alguns pontos nesta teoria. Nos fatores ligados à audiência são

observadas as características dos receptores e a forma como eles são expostos à

informação.

Nos fatores ligados à mensagem, trata-se da credibilidade do comunicador, dosargumentos utilizados por ele e de como as conclusões são explicitadas. Estes aspectos

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descartam a possibilidade da manipulação e apontam para a persuasão que os mass

media podem exercer sobre o indivíduo. O autor afirma que "A interpretação transforma

e adapta o significado da mensagem recebida, fixando-a às atitudes e aos valores do

destinatário até mudar, por vezes, radicalmente, o sentido da própria mensagem."

(WOLF, Mauro. 1999).

Para ele, na  Abordagem Empírica dos Efeitos Limitados, além de se preocupar com a

mensagem veiculada, deve ser pensada a capacidade de influência que o emissor tem

perante o público.

Em pesquisas sobre o consumo dos mass media, Wolf (1999) explica que existem três

processos diferentes para saber o que um programa significa para o público: análise de

conteúdo, característica dos receptores e os estudos sobre as satisfações. O autor faz

uma comparação desta teoria com as duas anteriores:

Se a teoria hipodérmica falava de manipulação ou propaganda, e se a teoriapsicológica-experimental tratava de persuasão, esta teoria fala de influênciae não apenas da que é exercida pelos mass media, mas da influência maisgeral que «perpassa» nas relações comunitárias e de que a influência dascomunicações de massa é só uma componente, uma parte. (WOLF, Teorias

da Comunicação. 1999. p. 47) 

Esta teoria também trabalha com o contexto social dos efeitos do mass media e explica

que as forças exercidas em uma sociedade num determinado período também alteram a

percepção do indivíduo. O autor destaca um papel importante nesta teoria: os líderes de

opinião. Eles fazem parte do setor mais ativo da sociedade e possuem maior

participação política e maior poder de decisão no voto. Eles também servem como

dinamizadores e disseminadores da opinião e intermediários entre a mídia e o indivíduo.

As três teorias retratadas até aqui a teoria hipodérmica, a abordagem empírico-

experimental e a abordagem empírica dos efeitos limitados - retratam os mass media e

seus efeitos. Já a teoria funcionalista, trata de suas funções na sociedade, num contexto

em que ela já estava se acostumando com o fenômeno da comunicação, diminuindo a

sensação de estranhamento com as novas tecnologias. Wolf (1999) afirma que "a teoria

sociológica do estrutural-funcionalismo salienta a acção social (e não o comportamento)

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na sua adesão aos modelos de valores interiorizados e institucionalizados." (WOLF,

Mauro. 1999).

Todas as teorias anteriores foram criadas e analisadas na chamada Escola Americana.

Paralelo a isso, foi fundado, em 1923, o Instituto de Pesquisas Sociais, na cidade de

Frankfurt, na Alemanha. Com o advento do nazismo, o instituto foi obrigado a fechar as

portas e seus pesquisadores migraram para os Estados Unidos, se instalando na Escola

de Nova Iorque.

As escolas americana e europeia se diferenciam em alguns aspectos. Enquanto a Escola

Americana enfatizava as pesquisas quantitativas, a Escola Europeia tinha um olhar mais

apocalíptico sobre a sociedade moderna e propunha uma reorganização racional da

sociedade. A Escola de Frankfurt tentava prever determinados acontecimentos visando

somente os objetivos do emissor. Ela não buscava estudar os receptores e o seu poder de

decisão sobre a informação que lhe era transmitida.

Criada por pesquisadores da Escola Europeia, a identidade central da teoria crítica,

segundo Wolf (1999) é uma construção analítica dos fenômenos que investiga e a

capacidade de atribuir esses fenômenos às forças sociais que os provocam.

No contexto da criação desta teoria, surge o conceito da Indústria Cultural que

condiciona [...] o tipo e a função do processo de consumo e sua qualidade, bem como a

autonomia do consumidor. (WOLF, 1999. p. 85). Enquanto ainda se discutia sobre a

teoria crítica e ela se tornava referência para os estudiosos da época, outra teoria estava

sendo criada. Menos ligada ao mass media, a teoria culturológica tem como objeto

principal de análise a nova forma de cultura da sociedade contemporânea. O que adifere das demais teorias é que, nos outros casos, estudava-se apenas o indivíduo e neste

estudo destaca-se a cultura de massa, tornando-a mais importante que a própria

sociedade.

A cultura de massa forma um sistema de cultura, constituindo-se comoum conjunto de símbolos, valores, mitos e imagens que dizem respeitoquer à vida prática quer ao imaginário colectivo. Todavia, não é oúnico sistema cultural das sociedades contemporâneas. (WOLF, 1999.p. 87) 

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2.2 O que é jornalismo? 

Para definir a atividade jornalística, Felipe Pena (2007) afirma que sua natureza está no

medo, pois o homem tem medo do desconhecido, que o leva a busca do saber para

compartilhar com a sociedade. O autor observa que, desta maneira, o ser humano pode

administrar sua vida com mais facilidade, se sentindo mais seguro para enfrentar

situações no ambiente onde vive.

Em uma visão mais histórica e referindo-se ao Iluminismo, Ciro Marcondes Filho

(2000) pontua que o jornalismo é baseado na razão como verdade e transparência, que

se impõe contra a tradição obscurantista. O autor também se refere à profissão como

filho legítimo da Revolução Francesa , pois se expande a partir da luta pelos direitos

humanos. Outro fator que propiciou o desenvolvimento da prática jornalística foi a

desconstrução do poder da igreja e das universidades, que até então monopolizavam o

conhecimento.

Saindo do contexto histórico e analisando a prática jornalística, Nelson Traquina (2005)

a define sob alguns pontos de vista. Numa definição filosófica, o autor diz que [...]

 jornalismo é a vida, tal como é contada nas notícias de nascimentos e mortes [...]. É a

vida em todas as suas dimensões . (TRAQUINA. 2005. p. 19). Na versão do jornalista,

o autor diz que os profissionais da área responderiam prontamente que é a realidade,

mas ele faz uma ressalva sobre esta afirmação ao dizer que

No entanto, dever-se-ia acrescentar rapidamente que muitas vezes essa realidade écontada como uma telenovela, e aparece quase sempre em pedaços, emacontecimentos, numa avalanche de acontecimentos perante a qual os jornalistassentem como primeira obrigação dar respostas com notícias, rigorosas e se possívelconfirmadas, o mais rapidamente possível, perante a tirania do fator tempo.(TRAQUINA. 2005. p.20) 

O autor considera importante o papel do jornalista ao afirmar que ele tem um papel

ativo na construção das notícias e, por consequência, na construção da realidade. No

entanto, ele afirma que, devido ao desenvolvimento da ideologia profissional e fatores

ligados ao capitalismo, o jornalismo tem se tornado um negócio e a notícia uma

mercadoria.

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Traquina (2005) considera um absurdo definir o que é jornalismo em apenas um livro,

pois muitas vezes o exercício da profissão é reduzido ao domínio técnico da linguagem

e da forma. Para ele, o jornalismo é uma atividade intelectual, pois embora seja uma

atividade restringida pelo tempo, ela promove uma construção do mundo.

A imprensa, e por consequência, o jornalismo, também é conhecida como o "quarto

poder". Segundo Traquina (2005), esta definição foi dada em 1828 por McCaulay, um

deputado do Parlamento inglês, que afirmou que a imprensa tinha o poder de "vigiar"

os outros três poderes da época: o clero, a nobreza e o troisième état , compostos pela

burguesia e o povo. O autor afirma que os jornais da época partiam de uma premissa

diferente dos outros governos e questionavam todos os princípios. No novo modelo da

democracia, os três poderes são o Legislativo, Executivo e o Judiciário.

Quando o assunto é a natureza do jornalismo, os autores a definem das mais variadas

formas, mas todos apontam para dois fatores: realidade e verdade.

2.2.1 As teorias do jornalismo

Para entender melhor o que é jornalismo e quais as suas funções na sociedade, é

necessário responder a determinadas perguntas como: Qual a função do jornalista na

produção de notícias? Por que as notícias são como são? Qual o papel do jornalismo na

sociedade?

Ao longo de décadas foi realizada uma série de estudos sobre o campo jornalístico, que

resultou na criação de teorias para solucionar tais dúvidas. Traquina (2005) diz que as

diversas teorias existentes não se excluem mutuamente e não são independentes umasdas outras.

Segundo Alfredo Vizeu (2002), a teoria do espelho é uma das mais antigas e diz que as

notícias são como são porque a realidade assim as determina. Como se o jornalismo

fosse um reflexo do acontecimento. Ele critica esta teoria ao dizer que Esquece-se o

trabalho simbólico do jornalismo, reduzindo o jornalismo a meras técnicas, meia dúzia

de regras os tradicionais o quê?, quem?, quando?, onde?, como?, e por quê? (VIZEU,2002, p. 4).

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Mauro Wolf (1999) aborda a hipótese do agenda-setting e a sua importância para a

produção de notícias. Para o autor, os estudos sobre a mensagem e os efeitos foram

superados. Foi preciso fazer então uma pesquisa sobre os receptores diante da

complexidade da informação e porque ela não diz respeito apenas à lógica produtiva

interna dos mass media.

Segundo Shaw1 (1979), o pressuposto fundamental do agenda-setting é que a

compreensão que as pessoas têm de grande parte da realidade social, lhes é fornecida,

por empréstimo, pelos mass media. (SHAW, 1979, citado por WOLF, 1999). Em

suma, esta hipótese afirma que os assuntos tratados pela sociedade partem primeiro dos

meios de comunicação de massa, que não pretendem persuadir, mas propor uma lista

sobre o que é necessário discutir.

Wolf (1999) cita um conceito bastante conhecido nas teorias da comunicação, o dos

gatekeepers. Ele explica que esta categoria profissional tem o poder de decidir o que

será notícia ou não. O autor cita a teoria de Lewin (1947) sobre as zonas filtro, que são

uma espécie de seleção do que é ou não de interesse do público. Segundo ele, as zonas

filtro são controladas por sistemas objectivos (sic) de regras, ou por gatekeepers.

(WOLF, 1999, p. 180).

Ainda sobre os gatekeepers, Wolf (1999) diz que, se antes as decisões eram tomadas por

um pequeno grupo ou por apenas uma pessoa, hoje as definições são tomadas

coletivamente Segundo Robinson2 (1981) As decisões do gatekeeper são tomadas,

menos a partir de uma avaliação individual da noticiabilidade do que em relação de um

conjunto de valores que incluem critérios, quer profissionais, quer organizativos(ROBINSON, 1981, citado por WOLF, 1999).

Sobre o conceito do newsmaking, o autor explica que ele está diretamente ligado à

cultura profissional do jornalista e a organização do trabalho e dos processos

produtivos. Para isso, Wolf (1999) afirma que são estabelecidos critérios de

1

MCCOMBS, M. E. and SHAW, D. L. The agenda-setting function of the press , in: Graber, D. A.Media ower in politics. 2nd ed. Washington: Congressional Quarterly Inc, 1979.2 ROBINSON, G. News agencies and World News. University Press, Fribourg, 1981, p. 97.

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noticiabilidade para cada acontecimento, que é a sua aptidão para ser transformado

em notícia.

O autor salienta que A noticiabilidade é constituída pelo conjunto de requisitos que se

exigem dos acontecimentos [...] para adquirirem a existência pública de notícias

(WOLF, 1999, p. 190) e também relata que ela está relacionada com os processos de

rotinização das práticas produtivas.

Defendida a ideia dos critérios de noticiabilidade, Wolf (1999) define o conceito de

valores/notícia e os apresenta como a resposta a uma pergunta: quais os

acontecimentos que são considerados suficientemente interessantes, significativos e

relevantes para serem transformados em notícia? (WOLF, 1999, p. 195). Ele explica

também que os valores/notícia derivam de pressupostos implícitos quanto ao seu

conteúdo, à disponibilidade do material, ao público e à concorrência.

Wolf (1999) subdivide os critérios de noticiabilidade de acordo com a sua derivação.

Ele cita os critérios substantivos, que se sustentam em dois fatores: a importância e o

interesse da notícia. O primeiro deles é o grau e nível hierárquico dos indivíduos

envolvidos no acontecimento. Quanto maior a importância do cargo da pessoa

envolvida, mais noticiável será. O autor também cita os seguintes critérios: impacto

sobre a nação e sobre o interesse nacional, quantidade de pessoas envolvidas no

acontecimento e a relevância do acontecimento quanto à evolução futura de uma

determinada situação.

Quanto aos critérios relativos ao produto, o autor diz que é importante saber sobre a

disponibilidade do acesso à notícia para que o jornalista possa trabalhar em cima dela.Se as informações são confusas, difíceis de apurar ou inacessíveis, a matéria fica

incompleta. Ele também diz que a importância de não produzir uma matéria muito

extensa, em especial as televisivas, é de ser uma escolha dos acontecimentos do dia, e

que deve estar dentro dos limites do formato do telejornal.

Nos critérios relativos ao meio de comunicação, Wolf (1999) defende a ideia de que a

importância da notícia varia de acordo com os recursos que o meio oferece como aqualidade de som, imagem, texto entre outros. Já nos critérios relativos ao público, o

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autor explica que este é um aspecto difícil de definir, já que a imagem que o jornalista

tem do público varia de acordo com valores individuais. Ele afirma que o jornalista

conhece pouco o seu público e seu dever é apresentar programas informativos e não

satisfazê-los.

Por fim, Wolf (1999) explica sobre os critérios relativos à concorrência, em que os

veículos de comunicação divulgam a notícia porque a emissora concorrente também

está veiculando. Ele afirma que esta competição contribui para o estabelecimento dos

parâmetros profissionais, dos modelos de referência. O autor conclui dizendo que nem

todos os valores/notícia são importantes do mesmo modo e afirma que a transformação

de um acontecimento em notícia é o resultado de uma ponderação de avaliações

relativas a elementos de peso, relevo e rigidez diferentes quanto aos processos

produtivos (WOLF, 1999, p. 215).

Traquina (2005) salienta que os valores/notícia não são imutáveis. Para o autor, as

definições sobre o que é notícia estão inseridas no contexto histórico e nas definições de

noticiabilidade. Isso significa que o um acontecimento pode ser insignificante em um

momento, mas pode ser noticiado em outro, dependendo do contexto social em que o

acontecimento esteja inserido.

2.3 A ética no jornalismo

Estamos na era digital. Informações brotam nos diversos meios de comunicação e é

preciso criar normas de conduta para que sejam resguardados os valores morais de uma

sociedade. Para que seja mantida uma ordem no exercício da profissão, foi elaborado no

Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado em Vitória em 1987, o código de éticados jornalistas.

Eugênio Bucci (2000) diferencia ética de etiqueta. Segundo ele A etiqueta é a pequena

ética pela qual se estrutura a gramática dos cerimoniais. [...] traduzindo-se numa

singular estética da conduta. (BUCCI, Eugênio. 2000. p.9). O autor explica que, ao

contrário da etiqueta, a ética não é baseada em valores e normas imutáveis com o passar

do tempo. Ela é construída de acordo com as necessidades da sociedade moderna e ospreceitos morais da época.

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Barbeiro e Lima (2002) afirmam que, ao contrário da moral, a ética não é imutável, o

que as diferencia. Eles mostram que uma das funções da ética é reforçar ou modificar os

valores morais. Explicam também que o jornalismo precisa de um código de ética para

orientar a sua conduta para o bom exercício social da profissão.

Ao contrário de Bucci (2000), o jornalista Manuel Carlos Chaparro (1994) é contra as

correntes deontológicas. Para ele, [...] a criação de éticas particulares sinaliza a falta de

uma ética geral, que devia estar na lei como resultado de cultura, estabelecendo, com

rigor científico, em função de valores fundamentais enraizados no conhecimento [...]

(CHAPARRO, 1994, p. 101). Se a ética pessoal fosse exercida em todas as relações

humanas, não haveria a necessidade de se criar deontologias específicas.

Chaparro (1994) ainda afirma que a ausência de ética na comunicação é derivada dos

conselhos introdutórios dos manuais de redação. Ele diz que os jornalistas brasileiros

encaram a ética como um dever individual, mas que deveria ser coletivo, em que todos

pudessem exigir o cumprimento desses princípios.

Bucci (2000) faz a relação entre o jornalismo e o conflito, afirmando que eles sempre

andam juntos. Ele afirma que é aí que deve entrar a ética profissional:

Onde a etiqueta cala, a ética pergunta. [...] A ética jornalística não seresume a uma normatização do comportamento de repórteres e editores;encarna valores que só fazem sentido se forem seguidos tanto porempregados da mídia como por empregadores e se tiverem como seusvigilantes os cidadãos do público (BUCCI, Eugênio. Sobre ética eimprensa. Companhia das Letras: São Paulo, 2000. p. 12, 13.) 

Bucci (2000) observa que a ética deve estar cada vez mais relacionada com a prática do

  jornalismo, sendo aliada dos costumes e da boa conduta. Tudo que for notícia deve

privilegiar o bem da maioria, e não a interesses individuais. Segundo o autor, o

  jornalismo é uma invenção da democracia moderna, pois se antes ela era vista como

uma extensão das necessidades do governo de criar uma conduta única para a sociedade,

hoje é exatamente o contrário.

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Quando entra na discussão sobre a ética na comunicação, Vizeu (2002) afirma que a

mesma nunca é algo acabado, ela deve estar sempre em construção. Segundo o autor, já

que a notícia é um bem público, as empresas de comunicação devem prestar contas para

a sociedade do que fazem, como fazem e porque fazem. Para ele, todo valor ético nos

meios de comunicação deve apoiar-se na dignidade da pessoa humana e ter como

principal objetivo, a humanização. Vizeu (2002) também cita que deve haver um

equilíbrio entre formação, informação e recreação nos noticiários jornalísticos.

O autor questiona se é possível discutir ética jornalística no Brasil. Para Bucci (2000)

muito se é discutido sobre as boas maneiras dos repórteres, como estes profissionais

devem se portar diante do entrevistado, na apuração dos fatos, e diz que tudo isso é

importante, mas também deve ser observada e questionada a postura ética da empresa

 jornalística: Enfrentar a discussão ética é aceitar o pressuposto de que é possível, ainda

que numa perspectiva mais ou menos utópica, buscar mecanismos que protejam valores

coletivamente eleitos contra um regime do não-valor moral (BUCCI, Eugênio. 2000. p.

34).

O autor diz que, embora os jornalistas não gostem de falar sobre ela, é muito importante

discutir sobre ética profissional, pois hoje ela exerce função de adjetivo, e não como

substantivo. Bucci (2000) afirma que ainda é um tema pouco familiar para a nossa

sociedade que se recusa a discuti-la em público como declaração de independência. Para

o autor, a dificuldade de se falar em ética é um denominador comum entre o governo, a

empresa e a imprensa. Ele afirma que os imperativos nestas três esferas são,

respectivamente, a burocracia, o lucro e a ignorância:

O jornalismo é a realização de uma ética: ele consiste em publicar o que os outrosquerem esconder, mas que o cidadão tem direito de saber. Isto é a notícia: a

informação que, uma vez revelada, afeta as expectativas do cidadão [...]. Notícia não é

apenas uma novidade . É uma novidade que altera o arranjo dos fatos, dos poderes ou

das ideias em algum nível (BUCCI, 2000, p.42).

O autor também afirma que dar voz aos dois lados é uma exigência ética e técnica do

 jornalismo. Para ele, a verdade é um imperativo ético e o objetivo da prática jornalística.Trata-se da transparência dos fatos e de não mentir. Bucci (2000) julga que a realidade

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dos fatos é tão vasta que talvez nunca seja alcançada, e coloca a ética em xeque quando

pergunta se a realidade dos fatos existe. O que na verdade existe é uma versão dos fatos

ou um relato do mesmo.

Lage (2006) explica que muitos problemas éticos são discutidos em relação às fontes

quando se referem à distinção entre o que é de interesse público e privado. Ele diz que

essa pergunta deveria ser respondida por meio de uma cultura, em contextos

particulares.

Para Bucci (2000), as questões éticas também são afetadas quando fatores externos ao

 jornalismo influenciam na práxis. Ele explica que o poder político exerce grande poder

sobre a imprensa e o que acontece algumas vezes dentro das redações é o conflito de

interesses. Bucci (2000) destaca que a imprensa deve usar do método igreja-estado ,

que separa as ações do jornalismo e do anunciante, por terem interesses distintos.

3 O TELEJORNALISMO NO BRASIL 

3.1 O jornalismo na grade televisiva brasileira

O advento da televisão no Brasil se deu graças ao investimento do empresário Assis

Chateaubriand, dono de um império de comunicação chamado   Diários e Emissoras

 Associados, que incorporava diversos jornais, revistas e emissoras de rádio.

Segundo Vera Íris Paternostro (2006), Chateaubriand trouxe dos Estados Unidos, além

de técnicos da empresa RCA para a implantação deste novo veículo de comunicação,

vários equipamentos para colocar seu sonho no ar.

Uma torre de transmissão foi instalada no alto do prédio do Banco do Estado de São

Paulo, na capital paulista, para tornar possível a retransmissão do som e das imagens

que eram produzidas nos estúdios dos Diários Associados.

Paternostro (2006) afirma que a televisão chegou ao Brasil justamente na era de ouro

do rádio . Segundo a autora, todas as atenções foram voltadas para a TV, já que ela sediferenciava dos outros meios de comunicação pela transmissão da imagem.

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Em 18 de setembro de 1950 foi inaugurada a primeira emissora de TV brasileira, PRF-3

TV Difusora, que mais tarde se transformou na TV Tupi de São Paulo. Segundo

Paternostro (2006), até o final da década de 50 já existiam as TVs Tupi, Paulista (1952)

e Record (1953) em São Paulo; Tupi Rio (1955) e Excelsior (1959) no Rio de Janeiro; e

Itacolomi (1955) em Belo Horizonte.

O primeiro telejornal da TV brasileira, segundo Paternostro (2006), foi o Imagens do

Dia, da TV Tupi de São Paulo em 1950. Apresentado pelo radialista Ribeiro Filho, com

texto e reportagens de Rui Rezende, o telejornal não tinha horário fixo e seu conteúdo

era limitado e regional, tratando apenas de alguns fatos que aconteciam na cidade do

Rio de Janeiro ou em São Paulo.

Marcondes Filho (2000) observa que o jornalismo televisivo era uma variante do

 jornalismo impresso. A informação se baseava nas notícias publicadas em jornais, lidas

pelo apresentador e com algumas imagens de fundo. Ainda não havia uma linguagem

própria para o jornalismo feito na TV e a prática era amadora. Daniel Filho (2001),

afirma que, no início, a televisão brasileira era produzida por artistas vindos do rádio.

Contudo, Paternostro (2006) afirma que o primeiro jornal considerado sinônimo de

telejornalismo no Brasil foi o Repórter Esso, dirigido e apresentado por Kalil Filho, que

surgiu em 1953 e permaneceu durante 20 anos no ar. Na abertura do telejornal, o

 jornalista dizia a frase: "Aqui fala o seu repórter Esso, testemunha ocular da história".

Em 1954, passou a ser transmitido também no Rio de Janeiro com apresentação de

Gontijo Teodoro.

Paternostro (2006) afirma que a partir daí o telejornalismo começou a esboçar

linguagem e narrativa próprias, com um texto mais objetivo e com o apresentador

enquadrado em plano americano. Essas eram as principais preocupações editoriais no

tratamento das notícias, além do compromisso com um horário fixo para entrar no ar.

Em 1958, a TV Tupi estreou o programa TV de Vanguarda, que apresentava o teleteatro

O Duelo, de Guimarães Rosa. O programa foi o primeiro a utilizar o vídeo tape (VT),que era precário, pois não havia a possibilidade de montagem. As cenas tiveram de ser

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cronometradas para serem gravadas em uma hora de fita, mas a fita foi totalmente

gravada e os 10 minutos finais tiveram que ser exibidos ao vivo.

O videoteipe só foi utilizado regularmente a partir de 1962, com um melhor acabamento

dos programas e podendo ser reproduzido simultaneamente para vários locais, mas sem

torres de transmissão, que era um aparelho de custo elevado.

No dia 27 de agosto de 1962, foi instituído o Código Brasileiro de Telecomunicações ,

que autorizava o Governo Federal a criar a Empresa Brasileira de Telecomunicações, a

Embratel. Com esta medida, o poder executivo da União tinha poderes de julgar e

decidir, unilateralmente, a aplicação de sanções e a liberação de concessões.

Nessa época, o Brasil estava em plena guerra política. No ano de 1964, o então

presidente João Goulart foi destituído do seu cargo por conta de uma suposta ameaça

comunista e uma junta militar assumiu o comando. Um dos maiores investimentos deste

governo foi com os meios de comunicação. De 1964 à 1988, as concessões de emissoras

de rádio e TV só eram dadas às empresas que, de alguma forma, apoiavam as ações do

governo.

Apesar do grande investimento realizado por Chateaubriand para lançar a TV no Brasil,

não houve qualquer planejamento para que a nova mídia passasse a ser incorporada ao

cotidiano nacional. Além da falta de aparelhos para serem vendidos aos consumidores,

ávidos pela nova tecnologia, faltavam também profissionais qualificados para exercer

todas as funções que aquele novo rádio provido de imagens exigia.

Abreu (2002) afirma que, devido ao investimento do governo militar, a TV sedesenvolveu rapidamente na década de 70.

Ao mesmo tempo em que censuravam matérias e interferiam no conteúdoda informação, os governos militares financiaram a modernização dos meiosde comunicação. Isso se explica porque, para eles, essa modernização eraparte de uma estratégia ligada à ideologia da segurança nacional. Aimplantação de um sistema de informação capaz de integrar o país eraessencial dentro de um projeto em que o Estado era entendido como o centroirradiador de todas as atividades fundamentais em termos políticos(ABREU, 2002, p.15).

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Essa estratégia dos militares foi um marco na história da televisão brasileira e os

investimentos possibilitaram um alcance nacional, fazendo com que todas as regiões do

país tivessem acesso à informação. A partir deste momento, o desafio dos telejornais

passou a ser o de transmitir as notícias para um número cada vez maior de pessoas e no

menor tempo possível.

3.2 A introdução de novas tecnologias na produção do jornalismo

A comunicação sempre esteve presente nas relações humanas desde os tempos mais

remotos. As formas de se comunicar eram vastas, desde batidas de tambor até desenhos

em pedras. Os homens viviam em comunidades isoladas e independentes, com

estruturas próprias. Com o tempo, os processos de interação entre os homens foram se

aperfeiçoando e se tornaram vitais para o funcionamento da sociedade.

Embora a produção do primeiro jornal impresso diário de tiragem regular tenha

acontecido no século XVII, a imprensa começou a se desenvolver de forma acelerada

somente no século XIX, em conseqüência da Revolução Industrial. As prensas eram

feitas em aço, em vez de madeira, e eram movidas pela energia a vapor, o que permitiu

uma maior velocidade na produção dos jornais. Segundo Paternostro (2006), as

invenções que surgiram com a eletricidade também favoreceram a consolidação da

imprensa.

Paternostro (2006) afirma que o telégrafo teve uma grande expansão no final do século

XIX. Quase ao mesmo tempo, surgiram o telefone e o cinema. A autora explica a

velocidade na evolução das comunicações:

As novidades tecnológicas se incorporavam à comunicação e os meios deinformação se afirmavam. O homem na sua ânsia de vencer barreiras, notempo e no espaço, os queria mais velozes e eficazes. (PATERNOSTRO,Vera Íris. 2006. p.20) 

Neste contexto de descobertas e evoluções tecnológicas, a televisão surgiu como um

divisor de águas na era da comunicação. Embora alguns estudos e descobertas tenham

sido realizados no século XIX, a sua consolidação se deu em meados do século XX.

Paternostro (2006) afirma que, entre o final dos anos 40 e o começo dos 50, o veículo

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tornou-se popular com grande rapidez e se transformou no maior veículo de informação

e entretenimento.

O pesquisador Marshall MacLuhan criou o conceito da aldeia global. Segundo esta

teoria, a tecnologia tem a capacidade de reduzir o planeta de tal forma que se

transformaria numa pequena aldeia, onde tudo que acontecesse seria do conhecimento

de todos. E isso de fato aconteceu com a invenção da TV via satélite, que possibilitou a

transmissão em tempo real.

Este sistema permite a emissão de sinais (de áudio, vídeo ou telefone) para o satélite,

localizado a 36 mil quilômetros de distância da superfície terrestre, e o mesmo devolve

a qualquer outra estação terrestre na sua área de abrangência, em vários pontos da terra.

Paternostro (2006) afirma que com a integração dos sistemas de satélites o mundo da

informação teve uma grande evolução, fazendo com que a transmissão de notícias

acontecesse em tempo real, em qualquer parte do planeta.

A autora observa que o desenvolvimento de altas tecnologias nas telecomunicações é

ininterrupto, e esse avanço, permanentemente associado ao jornalismo, o transforma a

todo instante (PATERNOSTRO, 2006. p. 26). Ela afirma que as imagens mais nítidas

e velozes mexem com nossos sentimentos e com a percepção de aldeia global em que

vivemos.

Partindo para o contexto nacional, a produção televisiva era bastante precária na década

de 50. Existiam poucos aparelhos receptores e os sinais de transmissão só podiam ser

captados num raio de 100 quilômetros em torno da antena transmissora. Segundo

Gabriel Priolli (2000), esta realidade começou a mudar a partir de 1960, com aintrodução do vídeo tape nas produções.

Esta tecnologia chegou ao Brasil para fins jornalísticos, inicialmente com o objetivo de

registrar a festa de inauguração da nova capital, Brasília, já que ainda não era possível a

transmissão ao vivo. Priolli (2000) afirma que este equipamento tinha a função de

registrar e duplicar as imagens, fazendo com que elas pudessem ser reproduzidas mais

de uma vez. O primeiro programa editado eletronicamente no vídeo tape foi o Chico Anysio Show, em 1962.

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A partir de 1969, o governo militar, por meio do Ministério das Comunicações e da

Embratel, inaugurou a Rede Básica de Microondas, que interligava diversas regiões do

país, permitindo a transmissão de programas em tempo real para muitas cidades. Com a

implantação deste novo sistema, somente as maiores emissoras permaneceram no

mercado (Tupi, Globo, Bandeirantes, Record), pois transmitiam a maior parte da

produção cultural da época.

Neste período, as maiores e mais importantes produções artísticas estavam concentradas

no Rio de Janeiro e São Paulo, cidades em que as principais redes de TV estavam

sediadas. Este movimento que diminuiu a quantidade de emissoras criou uma

identidade nacional , ou seja, a difusão de expressões e gírias típicas da região Sudeste

para todo o país. Portanto, [...]a expressão que os brasileiros têm de si mesmos e do

país, passou a ser mediada fortemente pelo ponto de vista das duas maiores metrópoles

(PRIOLLI, 2000. p. 19).

O desenvolvimento técnico da televisão no Brasil aconteceu na década de 70, com a

expansão econômica gerada pelo governo militar. A partir de 1980 o vídeo cassete

profissional foi introduzido nas emissoras de TV, chegando para uso doméstico em

1982. A TV por assinatura chegou ao país na década de 90, transmitida por cabo ou via

satélite, oferecendo uma gama maior de canais e maior qualidade técnica.

3.3 As funções dentro de um telejornal

Com o advento de novas tecnologias, as informações circulam numa velocidade antes

nunca vista. O campo do jornalismo convive com tais mudanças, já que o seu produto

final é a notícia. Barbeiro e Lima (2002) pontuam todas as funções de um telejornal,

assim como a postura do jornalista frente às câmeras.

A imagem é de grande importância para a produção de notícias e causa impacto visual

em seus receptores. Barbeiro e Lima (2002) afirmam que existem ocasiões em que os  jornalistas não podem se aproximar do fato, mas devido ao zoom das câmeras, o

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episódio pode ser acompanhado. Os autores afirmam também que a televisão foi o

veículo do século XX e vai reinar ainda durante algum tempo neste século até que haja

definitivamente a convergência das mídias. (BARBEIRO e LIMA, 2002, p. 14). Eles

sustentam a ideia de que mesmo com o advento de novas tecnologias e a expansão da

internet, a televisão ainda é considerada o veículo de comunicação das massas.

É fato que as tecnologias vêm alterando todo o cotidiano do homem, e no jornalismo

não é diferente. Os profissionais devem conhecer tais ferramentas para o bom exercício

da profissão. Mesmo com as novas formas de se trabalhar a notícia, Barbeiro e Lima

(2002), também têm uma visão tradicional do jornalismo quando afirmam que ele não é

feito só de novas tecnologias. Os autores observam também que o exercício do

 jornalismo não pode ser automatizado e a notícia não deve ser um produto para venda e

consumo.

Barbeiro e Lima (2002) afirmam que o verdadeiro compromisso do jornalista é com a

notícia. Os profissionais deste ramo [...] buscam sistematicamente o que entendem ser

verdade e desenvolvem suas investigações dentro dos parâmetros de isenção.

(BARBEIRO e LIMA, 2002, p. 14). Para eles, o jornalista, ao contrário do ator, não

deve trabalhar com a emoção de seu público representando personagens, mas sim

mostrar o que de fato aconteceu.

O processo de produção da notícia conta com diversos profissionais que fazem com que

a informação seja passada de forma clara, objetiva e primando pela credibilidade das

informações.

O diretor de jornalismo tem um papel fundamental na empresa. Ele é responsável pelalinha editorial da emissora. Juntamente com outros gerentes e diretores, ele é também

um gestor. Barbeiro e Lima (2002) afirmam que um de seus papéis é conciliar a

liberdade de expressão de seus colaboradores e os interesses econômicos e políticos da

empresa.

Entre as funções de um diretor de jornalismo, está a participação ativa no processo de

produção das notícias. Barbeiro e Lima (2002) dizem que ele não deve ficar inacessívelem sua sala e não pode apenas ficar repassando ordens. Para que ele tenha o controle

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das atividades da sua equipe, este profissional deve estar sempre disponível para atender

aos seus subordinados. Ele também deve ser responsável pela motivação da equipe e

pela comunicação interna entre os colaboradores. Os autores salientam que o chefe deve

ser flexível, deve saber trabalhar em grupo, ouvir, falar, ter um bom relacionamento

com todos e ser tolerante com eventuais erros.

Embora concordem com o sistema hierárquico dentro das empresas, os autores afirmam

que as instituições precisam de maior flexibilidade e agilidade para atender os desafios.

Eles observam que uma estrutura organizacional rígida é inadequada para um jornal,

embora funcione em quartéis generais, fábricas ou organizações religiosas.

Outra função de extrema importância numa redação é a do editor-chefe. Ele [...] é o

responsável direto pelo telejornal. É ele quem escolhe as reportagens que vão ao ar e,

em última análise, responde pelos erros e acertos do programa. (BARBEIRO e LIMA,

2002, p.55). Seu papel é fazer uma avaliação crítica da qualidade das matérias e discutir

sobre isso com a chefia de reportagem.

Ele deve ficar atento ao que acontece e deve escolher um conjunto de fatos

desconhecidos pelo seu público alvo. Segundo Barbeiro e Lima (2002), o editor-chefe é

o representante do telespectador na empresa. Seu papel é determinar o que vai ser

noticiado ou não, além de ordenar, classificar e escolher qual informação vai ao ar. Este

profissional também tem a missão de fazer com que o conteúdo prenda a atenção de

quem está assistindo.

O editor-chefe deve cuidar para que o jornal seja transparente e não se omita por

dificuldades na apuração ou por pressões externas. Ele deve praticar a interatividade,pois além de criar um canal de comunicação com o telespectador, funciona como um

ombudsman do jornal. Este profissional é responsável por fazer críticas do veículo ao

qual pertence.

Aos jornalistas que não possuem cargos de chefia e trabalham diretamente na produção

de notícias, Barbeiro e Lima (2002) dão o nome de  planície. Segundo os autores, estes

profissionais precisam ter uma boa relação com os colegas de trabalho, pois a

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rotatividade deste mercado é intensa e são grandes as chances de um chefe ser

comandado por um ex-subordinado quando muda de emprego.

Os profissionais que compõem a  planície têm a função de lidar diretamente com a

notícia com ética e veracidade, podendo ser cobrados pela chefia. Barbeiro e Lima

(2002) enfatizam no relacionamento da equipe com a gerência e como deve ser a

postura destes profissionais.

Ainda na  planície estão os videoreporteres, jornalistas capazes de produzir sozinhos

uma reportagem televisiva, não havendo necessidade de produtor, cinegrafista,

iluminador, entre outros. Esta categoria profissional surgiu no final de 1987, na TV

Gazeta de São Paulo, e hoje é utilizada por diversas emissoras. Os autores afirmam que

o conceito de videoreportagem estabelece que a câmera deve ser uma extensão do corpo

e pode-se produzir matérias diferentes do modelo tradicional, em que o repórter começa

com o off , grava uma passagem e termina com uma sonora. 

Quanto à apresentação do telejornal, Barbeiro e Lima (2002) pontuam que o âncora não

é a estrela do noticiário, mas o rosto mais conhecido e familiar do telespectador. Os

autores dizem que ele não é artista nem notícia, apenas trabalha com ela. O profissional

que trabalha nesta função deve acompanhar todas as etapas do processo de confecção do

telejornal, na redação ou fora dela. Segundo Barbeiro e Lima (2002) esta participação

de todo o processo faz com que, em muitos casos, o âncora também seja o editor-chefe

do jornal.

O apresentador do telejornal deve estar atento a todos os elementos que o cercam, desde

sua postura até o ponto eletrônico, ferramenta de comunicação com o diretor. Deveadministrar o tempo das entrevistas, estimulando ou interrompendo a fala do

entrevistado caso seja necessário. Apesar de não ser artista, o âncora deve ter cuidados

com sua aparência física e voz, para dar credibilidade à notícia.

O produtor é o responsável por boa parte do conteúdo do telejornal e acompanha a

edição do programa desde o início. Barbeiro e Lima (2002) afirmam que este

profissional também é responsável pela coordenação do programa dentro e fora doestúdio. Cabe a ele a função de entrar em contato com as fontes, agendar entrevistas

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Segundo Jespers (1998), é sempre válido saber quais são as expectativas do público e o

que é considerado importante em matéria de informação. Ele afirma que o jornalismo

televisivo acaba seguindo um formato em que as notícias devem ser padronizadas para

que a informação seja casada com a imagem, além de serem dinâmicas e passadas de

maneira rápida.

O receptor da notícia, seja ela televisiva, radiofônica ou escrita, está sempre em busca

de novidades. Erbolato (1984) afirma que os fatos que empolgam pela manhã, logo

serão superados ou não despertarão mais interesse. A notícia deve ser publicada de

forma sintética e direta, visando maior objetividade dos fatos e com foco no assunto

principal.

Erbolato (1984) observa que, embora as redações recebam notícias dos mais variados

tipos, alguns fatores determinam o que será publicado na edição do jornal. Na rotina

produtiva das redações, vários fatos chegam ao conhecimento dos jornalistas, mas

somente uma pequena parte deles é veiculada. Felipe Pena (2007) afirma que revelar o

modo como as notícias são produzidas é mais do que a chave para compreender o seu

significado, é contribuir para o aperfeiçoamento democrático da sociedade (PENA,

2007, p.71).

Vizeu (2002) pontua que o texto televisivo é muito mais coerentemente organizado e

coeso, devido ao seu compromisso com o tempo. [...] A notícia de televisão é uma

forma muito mais flexível e intelectualmente amoldável do que a variedade do jornal:

mais interpretativa , menos influenciável pelo fluxo diário dos acontecimentos, e

menos submetida à escrita perspectiva temporal [...] (VIZEU, 2002, p. 8).

Antes de transformar o acontecimento em matéria, o jornalista conta com a pauta,

instrumento responsável por indicar as informações necessárias para que a reportagem

seja executada. Ela deve conter dados básicos como o nome do entrevistado, local, data

e hora da entrevista, sugestão de perguntas e um pequeno histórico sobre o assunto. A

pauta deve ser bem apurada e elaborada para que não haja problemas na execução da

matéria. Ela serve como um roteiro para o repórter.

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A questão principal que norteia a produção jornalística são os princípios gerais da

imparcialidade. Deve-se avaliar se o repórter cumpriu o papel de informar ou deixou

questões pessoais interferirem na notícia. [...] Recorre-se, por vezes, para descrever

esta obrigação à noção de objetividade [...] O simples fato de tornar a palavra para

descrever uma situação é um ato profundamente pessoal (JESPERS, 1998. p.54).

No jornalismo televisivo um grande dilema, que acaba ligado à imparcialidade, é a

separação entre informação e comentário. Surge a questão: até onde o jornalista está

informando e quando passa a opinar? Para Jespers (1998), o telespectador deve saber

diferenciar os dois gêneros. Se a notícia é criada para informar o receptor, ele tem o

poder de decidir sobre a qualidade do conteúdo veiculado. Erbolato (1984) afirma que o

  jornalista deve guiar seus telespectadores e levá-los pelo caminho do acontecimento,

mas sem opinar.

A televisão pode transmitir um acontecimento ao vivo na íntegra, mas no jornalismo

isso é raro, devido aos problemas de estrutura, como o tempo de um jornal. Para Jespers

(1998) é preciso dispor, nos lugares onde o fato acontece, de pechas com credibilidade

para poderem comentar e servirem de fonte para notícia; além de ignorar informações

não comprovadas e que podem estar erradas.

A imagem no jornalismo televisivo assume a função de emocionar o espectador, mas

pode ser usada para fim comercial ou sensacionalista. A competição pela audiência

levou os programadores a ignorarem a censura na escolha das imagens e dar um maior

valor às emoções, ressalta Jespers (1998).

A entrevista acaba se tornando um mecanismo que alimenta a curiosidade por parte doespectador, pelo que acontece na vida de alguém, ou comprovar um fato, por meio de

uma fonte gabaritada. A entrevista televisiva fornece ao espectador a oportunidade de

uma identificação projetiva com um indivíduo parecido com ele (JESPERS, 1998.

p.151).

Quando se fala em produção da notícia, temos que ter em mente que existem diversas

forças atuando sobre a mesma. Uma delas é a escolha das fontes. Nilson Lage (2006)afirma que são poucas as matérias produzidas diretamente da observação do jornalista, a

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maioria delas contém informações fornecidas por instituições ou personagens que

participaram ou testemunharam o fato.

Lage (2006) classifica as fontes quanto à sua natureza, afirmando que elas podem ser

mais ou menos confiáveis, pessoais, institucionais e documentais. Quanto às fontes

oficiais, o autor afirma que elas são mantidas pelo Estado ou por instituições que

exercem algum poder de estado, como sindicatos, associações e fundações. Ele afirma

que, apesar de tidas como as mais confiáveis, estas fontes comumente sonegam

informações que, efetivamente dispõem. Outro tipo de fonte citada pelo autor é a

oficiosa, que é ligada diretamente a alguma instituição, mas responde individualmente e

sua informação e poderá ser desmentida.

Outra categoria de fontes citada por Lage (2006) é a de fontes primárias e secundárias.

Ele diz que primárias são aquelas fontes utilizadas pelo jornalista para a produção da

própria matéria, enquanto as secundárias são utilizadas para a construção de pautas,

premissas genéricas e contextos ambientais.

Por fim, Lage (2006) classifica as testemunhas e os experts como fontes e afirma que,

normalmente, seus depoimentos são envolvidos pela emoção. O autor explica a

importância dessas fontes:

De modo geral, o testemunho mais confiável é o mais imediato. Ele se apóiana memória de curto prazo, que é mais fidedigna, embora eventualmenteconfusa; para guardar fatos na memória de longo prazo, a mente osreescreve como uma narrativa ou exposição, ganhando em consistência oque perde em exatidão. (LAGE, Nilson. 2006, p. 67) 

Quanto à ética em relação às fontes, Lage (2006) afirma que o público tem o direito de

ser informado e isso é regra para os jornalistas, mas o que se informa ao público é o que

é de seu interesse real, nem sempre o de sua curiosidade. O autor também explica sobre

a importância da relação com a fonte ao afirmar que, segundo estatísticas americanas,

elas respondem por 60% de tudo que é publicado.

O autor explica que a relação com as fontes deve ser cordial e correta, pois isso gera

uma troca de informações onde ambos são beneficiados. As fontes podem mentir, mas é

de se esperar que não mintam. Lage (2006) diz que os principais questionamentos da

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fonte são: porque se conta que alguém preste informações a um estranho se não ganha

nada com isso? e por que confiamos que, decidida a responder, essa pessoa não

inventará uma resposta qualquer? (LAGE, 2006. p.54). O autor explica, por meio da

corrente funcionalista, que os homens consideram crucial ser aceitos socialmente.

Assim, desenvolvem atitudes de cooperação. Ele também afirma que se ambos os

indivíduos admitem boa fé, eles não serão deliberadamente falsos, não contarão mais do

que lhe foi perguntado, não serão minuciosos e nem ambíguos ou vagos na sua resposta.

Sobre a importância da postura do repórter em relação à fonte, o autor afirma que ele

não deve ser subordinado nem inquisidor à fonte. Ele afirma que a fonte não pode ver

no repórter uma ameaça, senão ela pode ser tornar parcimoniosa, minuciosa e fará

reivindicações.

A narração é responsável pela continuidade do jornal, seguindo uma lógica entre as

notícias. Ela deve ter um encadeamento lógico do texto, com início, meio e fim. O texto

televisivo é essencial para a concretização da mensagem real, que tem a missão de

passar a informação, além de dar importância maior para a parte oral e menor para a

questão da imagem. Segundo Jespers (1998), muitas mensagens reais televisivas

baseiam-se mais na palavra do que na imagem: apresentação do jornal, nota, animação

de debates, vivo, entre outras coisas.

Barbeiro e Lima (2002) salientam que o texto televisivo deve ser coloquial, e que o

  jornalista tenha a consciência de que ele está contando uma história para alguém. Os

autores também explicam que, além de contar a história, [...] existe uma diferença

fundamental: o casamento da palavra com a imagem. É a sensibilidade do jornalista que

vai fazer essa união atingir o objetivo de levar ao ar uma informação que seja fácil deser compreendida pelo telespectador. (BARBEIRO e LIMA, 2002, p. 95).

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4 A ANÁLISE DOS TELEJORNAIS

4.1 Metodologia de pesquisa 

O método utilizado para a execução da pesquisa será a análise de conteúdo das

reportagens relacionadas às denúncias contra a   Igreja Universal do Reino de Deus,

veiculadas pelo Jornal Nacional, em 11 de agosto de 2009 e pelo  Jornal da Record , em

12 de agosto de 2009. Na análise, serão utilizados, também, o Código de Ética dos

Jornalistas Brasileiros, elaborado no Congresso Nacional dos Jornalistas, em setembro

de 1985 e os critérios de noticiabilidade.

Num primeiro momento será feita uma análise quantitativa dos dois telejornais

retratados. Itens como duração dos telejornais, tempo médio de matérias por edição,

editorias, blocos, quantidade de reportagens serão levados em consideração.

Após o levantamento dos dados quantitativos, será feita uma análise sistemática das

reportagens, observando:

- A duração de cada reportagem;

- As fontes utilizadas;

- Se todos os assuntos tratados nas matérias têm ligação com o fato gerador da notícia,

ou seja, a denúncia contra o bispo Edir Macedo.

Para a análise qualitativa do conteúdo serão estudados alguns critérios de

noticiabilidade e incisos do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros e sua

aplicabilidade em ambas as matérias.

Os critérios de noticiabilidade analisados serão os de Mauro Wolf (1999):

- A quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento direta ou indiretamente;

Este critério é importante para saber se o fato atinge um grande número de pessoas.

Quanto mais cidadãos afetados, maiores são as chances do fato se transformar em

notícia.

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- O grau e nível hierárquico do(s) envolvido(s) no acontecimento;

Quanto mais alto o cargo do envolvido, mais provavelmente se transformará em notícia.

- A relevância e significatividade do acontecimento quanto à evolução futura da

situação;

É importante se discutir este critério, pois se o fato tiver uma repercussão futura,

maiores são as chances de se transformar em notícia.

- Eventos que quebram a rotina e chamam a atenção;

Este critério é importante por retratar a inversão de valores de uma sociedade, o que

chama a atenção das pessoas e tem mais possibilidades de se transformar em notícia.

- Critérios relativos à concorrência;

Quanto mais depoimentos e imagens exclusivas uma emissora tiver, mais

provavelmente se transformará em notícia.

Será analisado também se as emissoras seguiram os preceitos do Código de Ética dos

Jornalistas Brasileiros na produção de suas matérias.

4.2 TV Globo

Fundada em 26 de abril de 1965 pelo jornalista e herdeiro do Jornal O Globo, Roberto

Pisani Marinho, a Rede Globo de Televisão é considerada líder de audiência entre as

TV s abertas no Brasil. Transmitida por 122 emissoras próprias ou afiliadas em todo o

país e assistida por mais de 80 milhões de pessoas, ela é considerada a quarta maior rede

de televisão do mundo, segundo o site TV Foco. (http://tvfoco.com.br/tv-foco/as-maiores-emissoras-de-tv-do-mundo , acessado em 20/04/2010)

Antes de sua fundação, em 1962, foi assinado um acordo entre as Organizações Globo e

o grupo Time-Life, que proporcionou ao grupo de Roberto Marinho um capital em torno

de 6 milhões de dólares. Em troca, empresa estrangeira teria participação em 30% de

todos os lucros da TV Globo, o que foi considerado ilegal de acordo com a Constituição

Federal vigente na época, que proibia qualquer pessoa ou empresa estrangeira depossuir participação em uma empresa brasileira de comunicação. O acordo foi

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investigado, mas a emissora não foi considerada culpada, pois o contrato dizia que o

grupo Time-Life não tinha participação direta nas decisões da emissora.

A TV Globo foi pioneira no país nas transmissões via satélite. Em 1969 estreou o

primeiro telejornal em rede, o Jornal Nacional. Em 1972, ela começou sua transmissão

em cores e em 1975, já contava com a transmissão padronizada para todo o país, com

produção na sua sede localizada no Rio de Janeiro.

No ano em que a emissora começava suas transmissões, o país estava sob o regime

militar, iniciado no golpe de Estado ocorrido um ano antes, em 1964. Este governo

possuía um esquema de segurança nacional que fazia intervenções em quem se

manifestava publicamente contra suas decisões. Por isso tentava ter o controle sobre a

população, principalmente nos veículos de comunicação, alterando suas grades de

programação.

Várias emissoras de TV, como a Tupi e a Excelsior, tiveram suas concessões cassadas

pelo fato do seu conteúdo ir contra aos ideais do governo. A Rede Globo foi uma das

únicas emissoras que tinha relações cordiais com os militares, o que gerou

questionamentos em relação ao envolvimento da emissora com o governo militar e

sobre a postura ética da emissora.

Em 1976, a TV Globo começou a construir o que seria chamado de "Padrão Globo de

Qualidade", segundo Eugênio Bucci (2000), baseado no modelo norte-americano, com

matérias curtas, objetivas e que evidenciam as imagens nos telejornais. Com este

sistema, a emissora se manteve na liderança isolada de audiência até 2005, ano em que a

TV Record alcançou altos índices de popularidade e começou a ameaçar a hegemoniada emissora concorrente.

Anos mais tarde, em 1982, a TV Globo estava envolvida em um escândalo. Desta vez,

ligado às eleições para governador do estado do Rio de Janeiro. Segundo o site

Observatório da Imprensa, a emissora pagou a Proconsult, empresa responsável pela

apuração dos votos no estado, para que ela manipulasse  os resultados das urnas na

capital fluminense, favorecendo o candidato Moreira Franco. A fraude foi descoberta atempo de eleger Leonel Brizola pela maioria dos votos no estado.

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Essa tentativa de fraudar as eleições de 1982 foi lembrada de formas distintas nas

matérias produzidas após a morte do líder histórico do PDT. O tom geral foi de

acusações à Rede Globo, que estaria envolvida com o esquema que originou e sustentou

os resultados advindos do "diferencial delta" residente nos computadores da Proconsult.

(EGYPTO, 2004. Disponível em

<http://observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=284MEM001>, acessado em

20/04/2010)

Insatisfeitos com a política indireta de eleição presidencial, diversos setores da

sociedade brasileira se reuniram no dia 25 de janeiro de 1984, na Praça da Sé, em São

Paulo, para uma manifestação que exigia voto direto para o cargo. Era o movimento

conhecido como Diretas Já. Diversos veículos cobriram o acontecimento, enquanto a

TV Globo referiu-se ao fato como a festa de aniversário pelos 430 anos da cidade.

Em 1989, a emissora foi acusada de influenciar nas eleições presidenciais ao promover

uma edição tendenciosa que favorecia o então candidato Fernando Collor de Melo e

prejudicava seu adversário, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Foi ao ar pelo

 Jornal Nacional uma versão editada do debate entre os dois candidatos, que disputavam

o cargo presidencial nas eleições no segundo turno.

Em 1992 o então ministro da Saúde do governo Collor, Alceni Guerra, foi acusado de

superfaturamento na compra de bicicletas para o seu ministério. O equipamento foi

adquirido para ajudar os agentes de saúde a combater uma epidemia de cólera e

denúncias afirmaram que o preço estava 50% acima do mercado. Segundo o jornalista

Sandro Heringer3, o ex-ministro foi obrigado a entregar o cargo, devido à acusaçõesinfundadas da Rede Globo.

Segundo o site Terra4, em 2006 a Polícia Federal prendeu o empresário do Planam Luiz

Antonio Trevisan Vedoin e seu tio Paulo Roberto Trevisan, quando planejavam vender,

por cerca de R$ 2 milhões, imagens e fotografias que poderiam envolver políticos no

3 <http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/nostalgia/trint1/nostalgia2.htm> . Acessado em

22/04/2010.4 <http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/interna/0,,OI1145422-EI6651,00.html>. Acessado em20/04/2010.

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esquema de compra superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento Geral da

União. O tio de Vedoin tinha um dossiê que relacionava o candidato ao governo de São

Paulo, José Serra, ao esquema. Integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) foram

presos ao tentar comprar o documento. Para não prejudicar as eleições presidenciais

daquele ano, a justiça decidiu não liberar as imagens do material apreendido, até que o

delegado Edmilson Bruno, que realizou as prisões, entregou-as para a TV Globo.

Segundo ele, não houve acordo financeiro para a entrega do material.

Atualmente a TV Globo5 cobre 98,44% do território nacional e atinge 99,50%  da

população. Somente no jornalismo, são produzidas, anualmente, 1.800 horas de

noticiários.

4.2.1 Jornal Nacional

Considerado o carro-chefe da Rede Globo de televisão, o Jornal Nacional é exibido

desde o dia 1° de setembro de 1969, sendo também o primeiro telejornal transmitido em

rede para todo o país. Seus primeiros apresentadores foram os jornalistas Cid Moreira e

Hilton Gomes.

Em 1972, Sérgio Chapelin substituiu Hilton Gomes na apresentação e passou a dividir a

bancada com Cid Moreira. Em 1978 houve uma grande mudança na área técnica do

 Jornal Nacional. Foram introduzidas novas tecnologias que facilitaram a produção do

telejornal, entre elas o vídeo tape, que permitia a edição eletrônica das imagens.

O   Jornal Nacional já contou com diversos apresentadores, entre eles Cid Moreira,

Ronaldo Rosas, Sérgio Chapelin, Celso Freitas, William Bonner e Fátima Bernardes.

O telejornal tem, em média, 28 matérias por edição, com duração média de um minuto e

quarenta segundos, salvo casos de notícias de grande impacto sobre a população, como

por exemplo o episódio do ataque às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001.

Geralmente, o JN tem em média 6 blocos por edição e suas editorias são fixas, como

cotidiano, política, cidades, economia, esportes e internacional.

5 <http://redeglobo.globo.com/TVG/0,,9648,00.html>. acessado em 20/04/2010)

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Em 2000, o Jornal Nacional saiu do estúdio e passou a ser apresentado da redação. Por

trás da bancada, percebe-se o movimento da equipe durante toda a edição.

Em 2002 e 2006, durante o período da Copa do Mundo, o telejornal ousou na

interatividade. A apresentadora Fátima Bernardes apresentou o   Jornal Nacional à

distância. Por meio de um link que permitia a transmissão ao vivo, ela apresentou o

telejornal com o âncora e editor William Bonner, que estava na sede da emissora.

Atualmente, o telejornal é exibido de segunda a sábado às 20h15 e apresentado por

Fátima Bernardes e William Bonner, que também atua como editor chefe. Aos sábados,

outros jornalistas da emissora apresentam o  Jornal Nacional, como Alexandre Garcia,

Carla Vilhena, Chico Pinheiro, Christiane Pelajo, Heraldo Pereira, Márcio Gomes,

Renata Vasconcellos, Renato Machado, Sandra Annemberg e Willian Waack.

O  JN  recebeu vários homenagens, entre elas, o Prêmio Abraciclo 30 Anos de

 Jornalismo, o jornalístico sobre segurança no trânsito em 2006, o Qualidade Brasil 

como melhor telejornal e melhor apresentador (William Bonner) em 2005 e o

Comunidade Brasileira de Nova York e New Jersey como Melhor Programa de TV ,

entre outros.

4.3 TV Record

Considerada a rede de televisão mais antiga do país em atividade, a Rede Record de

Televisão foi fundada por Paulo Machado de Carvalho, inaugurando suas transmissões

no dia 27 de setembro de 1953. No início de suas atividades, a TV exibia programas

musicais, esportivos, humorísticos e informativos. Na década de 1960, a Record tornou-se líder de audiência e foi a única emissora a transmitir, ao vivo, a festa da inauguração

de Brasília e também os festivais de Música Popular Brasileira (MPB).

Com o passar do tempo, os programas musicais foram perdendo audiência. O público se

voltou para as telenovelas, produzidas pelas TV s Tupi e Globo.

Em 1972, 50% das ações da Record foram vendidas para o Grupo Silvio Santos. Apartir daí a emissora começou a entrar em decadência e grande parte da sua

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programação passou a ser proveniente do Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT,

também pertencente ao empresário Sílvio Santos.

Em novembro de 1989 a emissora, que estava prestes a falir, foi vendida ao bispo Edir

Macedo, fundador da   Igreja Universal do Reino de Deus. A partir daí, a TV Record

ampliou sua programação, apostando no jornalismo como carro-chefe e formando uma

rede nacional de emissoras.

Em 2000, a emissora reformulou grande parte da sua grade e começou a investir em

teledramaturgia e telejornalismo. Foram contratados profissionais de destaque no

mercado, alguns deles ex-funcionários TV Globo.

Atualmente, a TV Record6 cobre cerca de 98% do território nacional e conta com 97

emissoras próprias e afiliadas.

Em 2006, a TV Record tornou-se vice-líder de audiência e, em alguns momentos, fica

em primeiro lugar, ameaçando a hegemonia da TV Globo, até agora, líder no país.

4.3.1 Jornal da Record

O  Jornal da Record - JR surgiu na década de 1980, com a função de ser o principal

telejornal da TV Record. Os primeiros apresentadores foram Paulo Markun e Silvia

Poppovic. Passaram pela bancada do JR os jornalistas Carlos Nascimento, Carlos

Oliveira, Chico Pinheiro, Boris Casoy, Salete Lemos e Adriana Araújo. Os atuais

apresentadores do telejornal são os jornalistas Celso Freitas e Ana Paula Padrão, ex-

funcionários da TV Globo.

Com o grande investimento de capital, desde que foi comprada pelo bispo Edir Macedo

a emissora reestrutura constantemente sua grade, inclusive nos telejornais. Em 2000, a

TV Record contratou profissionais experientes, sendo vários deles ex-funcionários da

6 MAIA, Wander Veroni(2007): Edição no Jornal Nacional e Jornal da Record : uma análise comparativa

a partir dos critérios de noticiabilidade dos telejornais de rede. Belo Horizonte: Uni-BH, 2007.88p.Monografia para conclusão do curso de jornalismo, Centro Universitário de Belo Horizonte. BeloHorizonte: 2007.

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TV Globo. O JR passou a contar com correspondentes em Londres, Nova Yorque,

Tóquio e Jerusalém.

Para o novo formato do   Jornal da Record , que estreou em 30 de janeiro de 2006, a

emissora promoveu uma reforma na redação que passou a ser o cenário do telejornal. O

novo JR tem, em média, 30 matérias por edição, com duração média de dois minutos,

salvo casos de notícias de grande impacto sobre a população. Geralmente, o telejornal

tem em média 3 blocos por edição e suas editorias são fixas, como cotidiano, política,

cidades, economia, esportes e internacional. Seus apresentadores têm o costume de

introduzir comentários ao fim de algumas matérias, mostrando a postura editorial do

telejornal.

Em 2006, a TV Record fez uma grande mudança em toda a sua grade de programação,

passando pelos programas de auditório, telenovelas e também o jornalismo. Foi neste

ano que o telejornal ganhou uma nova roupagem com a aquisição de novas tecnologias

e algumas alterações em suas editorias. Atualmente o telejornal é exibido de segunda a

sábado, às 20h15 e apresentado por Celso Freitas e Ana Paula Padrão, ambos ex-

funcionários da TV Globo. O JR também recebeu prêmios como o Esso e Embratel, e

também foi premiado pela Sociedade Brasileira de Diabetes, na categoria televisão,

pela série Diabetes: a vida pode ser doce .

4.4 As reportagens 

4.4.1 do Jornal Nacional 

No dia 11 de agosto de 2009, o Jornal Nacional exibiu uma reportagem com duração dedez minutos e dezessete segundos noticiando a ação criminal aberta pelo juiz da 9ª Vara

Criminal de São Paulo, Gláucio de Araújo, que acusava o fundador da  Igreja Universal

do Reino de Deus, Edir Macedo, e mais nove pessoas ligadas a ele pelo crime de

lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

A matéria dizia que, segundo a promotoria, Edir Macedo e os outros acusados

desviaram dinheiro da doação de fiéis e se aproveitaram da isenção de impostosoferecida às igrejas de qualquer culto, determinada pela Constituição. Após dois anos de

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investigação, o Ministério Público e a Justiça concluíram que houve o desvio da verba e

os recursos das doações foram empregados na compra de empresas e visavam ao lucro

por parte de Edir Macedo.

A reportagem mostrou o depoimento de duas supostas vítimas, Gilmosa dos Santos e

Maria Moreira, que entraram com ação judicial contra a Igreja Universal para reaver os

bens doados à instituição na promessa de recompensas. O telejornal também afirmou

que, com base em informações de órgãos federais, entre os anos de 2001 e 2008, a

instituição lucrou cerca de 8 bilhões de reais.

Segundo a promotoria, parte deste dinheiro era desviada para empresas de fachada, a

Cremo e a Unimetro Empreendimentos. De acordo com as investigações, a verba

arrecadada de fiéis era repassada para estas instituições, que mandavam o dinheiro para

outras duas empresas fora do Brasil: a Investholding e a Cableinvest, que possuem

contas bancárias em paraísos fiscais e também são controladas pelos acusados. Este

dinheiro voltava para o país em forma de empréstimos à pessoas físicas ligadas a Edir

Macedo e era aplicado na compra de aeronaves, imóveis e empresas de comunicação.

Além de Edir Macedo, os outros acusados são: Honorilton Gonçalves, vice-presidente

da TV Record; João Batista Ramos da Silva, integrante da igreja e ex-deputado federal;

Jerônimo Alves Pereira, presidente do grupo Record no RS; Alba Maria da Costa,

diretora de finanças da TV Record; Osvaldo Sciorilli, Edilson da Conceição Gonzáles,

Veríssimo de Jesus, João Luiz Dutra Leite e Maurício Albuquerque e Silva, diretores e

ex-diretores de empresas ligadas ao grupo Universal.

A reportagem também exibiu um vídeo divulgado em 1995, em que Edir Macedo ensinapastores a extorquir dinheiro de fiéis. Após a exibição das imagens, o  Jornal Nacional 

mostrou o depoimento do advogado dos réus, Arthur Lavigne, que afirmou que já houve

vários inquéritos contra Edir Macedo, mas todos foram arquivados. No encerramento da

reportagem, o telejornal citou a repercussão do caso em diversos jornais de outros

países.

4.4.2 do Jornal da Record  

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No dia 12 de agosto de 2009, um dia após a exibição da reportagem do  Jornal Nacional 

sobre a ação criminal aberta contra os membros da Igreja Universal, o Jornal da Record  

publicou uma matéria com duração de oito minutos e onze segundos acusando a TV

Globo de atacar a emissora. Segundo o telejornal, o crescimento da TV Record foi

impressionante e o investimento em novas tecnologias e em profissionais qualificados

incomoda a concorrente que, durante anos, deteve o monopólio da informação e

manipulou a opinião pública.

De acordo com a reportagem, a família Marinho, proprietária da TV Globo, usa a

emissora para seus interesses, como acordos suspeitos, perseguições, dinheiro ilegal do

exterior, apoio à ditadura militar e tentativa de fraude em eleições. O  Jornal da Record  

afirmou que a emissora concorrente obteve imagens vetadas pela Polícia Federal, e

acusou o delegado Edmilson Bruno de entregá-las em troca de dinheiro.

A matéria cita também a acusação de edição tendenciosa do debate presidencial nas

eleições de 1990, que favorecia o então candidato Fernando Collor de Melo e

prejudicava seu concorrente, Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o  Jornal da Record ,

democracia nunca foi o forte da TV Globo, já que ela apoiou a ditadura militar em troca

de sinal verde para a ilegalidade. Um ano após o Golpe Militar de 64, a emissora foi

acusada de burlar a legislação e conseguiu milhões de dólares do grupo americano Time

 Life para investimentos em tecnologias.

A reportagem mostrou o fato conhecido como escândalo Pró Consult, ocorrido em

1982, nas eleições para governador do Estado do Rio de Janeiro. Segundo o telejornal, a

TV Globo foi acusada de apoiar a empresa encarregada pela apuração dos votos a

manipular o resultado das urnas. Por decisão da justiça, a emissora foi obrigada aveicular direitos de resposta ao candidato Leonel Brizola.

Outra acusação exibida na reportagem do   Jornal da Record foi em relação ao

movimento das Diretas Já, que reivindicava o voto presidencial direto. De acordo com a

matéria, a TV Globo manipulou a informação e ignorou a manifestação popular. O

noticiário também exibiu o depoimento do ex ministro da saúde, Alceni Guerra, se

declarando prejudicados por contrariar interesses políticos e financeiros da emissora

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carioca, e do advogado Antônio Pitombo, que questiona a forma com que a Globo teve

acesso ao conteúdo a ação criminal.

Ainda na reportagem, o   Jornal da Record também questiona como a Rede Globo teve

acesso aos documentos jurídicos, dizendo que eles estavam sob sigilo. Por fim, a

matéria questiona o motivo do ataque feito contra a Rede Record e afirma que a

resposta pode estar no constante crescimento da emissora.

4.5 Os critérios de noticiabilidade 

Para analisar as reportagens, serão aplicados alguns critérios de noticiabilidade citados

por Mauro Wolf (1999) e aplicados conforme sua adequação.

4.5.1 A quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento direta ou indiretamente

A reportagem publicada no  Jornal Nacional apresenta este critério de noticiabilidade,

pois as informações contidas nela eram de interesse público principalmente para os fiéis

da   Igreja Universal do Reino de Deus, que, segundo a notícia, estavam sendo

extorquidos pelos acusados.

Embora os fatos relatados não sejam atuais, a reportagem do   Jornal da Record  

apresenta este critério de noticiabilidade, já que alguns trechos da matéria acusam a

Rede Globo de manipulação da informação, que pode influenciar a opinião de um

grande número de pessoas devido à quantidade de indivíduos que têm acesso à aquela

informação. Um trecho da matéria afirma que a emissora atentou contra a democracia

do país, o que fere os direitos políticos do cidadão de escolher seus representantes pormeio do voto.

4.5.2 O grau e nível hierárquico do(s) envolvido(s) no acontecimento

A matéria veiculada pelo  Jornal Nacional diz respeito à denúncia que envolve o dono

da Igreja Universal do Reino de Deus e nove dirigentes da instituição. Devido ao nível

hierárquico que cada um dos acusados possui, ou seja, a importância de seus cargos paraa instituição, a reportagem atende a este critério de noticiabilidade

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O  Jornal da Record apresenta fatos que envolvem pessoas como o fundador da Rede

Globo, o jornalista Roberto Irineu Marinho, membros da Polícia Federal e

personalidades políticas, entre elas o ex presidente Fernando Collor de Melo, o atual

representante do executivo nacional, Luiz Inácio Lula da Silva e o ex governador do

Estado do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. Todas estas pessoas possuem determinada

influência sobre o poder público e privado, a reportagem apresenta este critério.

4.5.3 A relevância e significatividade do acontecimento quanto à evolução futura da

situação

A reportagem veiculada pelo  Jornal Nacional apresenta este critério, pois é por meio

destas acusações que o poder público poderá investigar as movimentações financeiras

da igreja, bem como a utilização do capital. Caso continuem os desvios de verba,

conforme mostrado na notícia, existe a possibilidade se produzir outra matéria sobre o

assunto.

Embora a reportagem veiculada pelo  Jornal da Record contenha fatos que, segundo a

própria matéria, influenciaram na história do Brasil, o que foi exibido pelo telejornal

não tinha ligação direta com o fato gerador da notícia, ou seja, as acusações contra os

líderes da Igreja Universal do Reino de Deus.

4.5.4 Eventos que quebram a rotina e chamam a atenção

A denúncia exibida pelo   Jornal Nacional traz uma inversão de valores. Segundo a

própria matéria, o dinheiro que a igreja recebia de fiéis não era aplicado em obras decaridade e estava sendo desviado para outros fins.

Embora não haja factualidade nos acontecimentos retratados na matéria publicada pelo

 Jornal da Record , a notícia incita um desvio da conduta ética de integrantes da Rede

Globo de Televisão. A reportagem acusa uma série de fraudes, acordos ilícitos e

manipulações que chamam a atenção do telespectador por se tratar de atitudes que vão

contra as leis vigentes no país.

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4.5.5 Critérios relativos à concorrência

A reportagem veiculada pelo Jornal Nacional apresenta este critério de noticiabilidade.

Todas as emissoras abertas produziram matérias com menor tempo sobre o assunto,

enquanto a duração da reportagem da Rede Globo ultrapassou 10 minutos. Para se

sobressair diante das emissoras concorrentes, o telejornal apresentou dados mais

detalhados sobre o assunto e utilizou diversas fontes e infográficos.

O  Jornal da Record apresentou em sua reportagem diversos fatos da história da Rede

Globo de Televisão. Embora alguns deles não sejam exclusivos, a emissora exibiu o

depoimento do ex ministro da saúde, Alceni Guerra, se declarando prejudicados por

contrariar interesses políticos e financeiros da emissora, e do advogado Antônio

Pitombo, que questiona a forma com que a Globo teve acesso ao conteúdo da ação

criminal.

Dos cinco critérios de noticiabilidade apresentados, nota-se que na maioria deles o

 Jornal da Record não se utilizou deles para a produção de sua reportagem, enquanto o

 Jornal Nacional se baseou nos mesmos na execução de sua matéria.

4.6 A ética no exercício do jornalismo

Como fundamentações para a análise ética das reportagens, serão utilizados artigos e

incisos do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros que são relacionados ao tema.

Capítulo I - Do direito à informação[...]

  Art. 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito

 fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo

de interesse, razão por que:

 I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e

deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou

diretores ou da natureza econômica de suas empresas; 

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Na reportagem veiculada pelo   Jornal Nacional, todos os fatos são relativos à ação

criminal movida pelo juiz Glauco de Araújo, da 9° Vara Criminal de São Paulo, embora

a duração da matéria seja seis vezes maior do que a média de tempo das outras

publicadas pelo telejornal.

A matéria produzida pelo   Jornal da Record não possui trechos que defendam a

emissora das acusações movidas pelo juiz, somente um comentário ao final da matéria,

em que os apresentadores afirmam que as informações contra os nove integrantes da

igreja estão sendo apuradas. Não foram citados trechos da ação criminal em nenhuma

parte da reportagem.

 Art. 6º É dever do jornalista:

[...]

VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão; 

O Jornal Nacional publicou imagens feitas por uma câmera escondida em que o bispo

Edir Macedo ensinava os pastores da   Igreja Universal do Reino de Deus a pedir

dinheiro aos fiéis. As imagens contidas na gravação não respeitaram o direito à honra do

acusado pelo fato de que não houve condenação em última instância dos acusados,até o

dia da exibição da reportagem.

A reportagem veiculada no   Jornal da Record acusou o delegado da Polícia Federal,

Edmilson Bruno, de entregar imagens protegidas por sigilo para a Rede Globo no ano

de 2006. A emissora acusou o cidadão sem provas das motivações que o levaram a

entregar as fotografias.

 Art. 7º O jornalista não pode:

[...]

 III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;

Na reportagem veiculada pelo  Jornal Nacional, foi destinado ao advogado da  Igreja

Universal do Reino de Deus, Arthur Lavigne, o direito de se manifestar e defender a

instituição das acusações.

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O Jornal da Record não citou as acusações feitas contra a igreja, fato gerador da notícia,

tratou outros acontecimentos ligados à Rede Globo de televisão e não deu à emissora

concorrente o direito de defesa.

 Art. 7º O jornalista não pode:

[...]

VI - realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre

organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor,

empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para

defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;

O   Jornal Nacional apenas noticiou o fato da acusação, sem defender ou acusar

instituições ligadas à Rede Globo.

O   Jornal da Record é o principal telejornal da emissora cujo dono, o bispo Edir

Macedo, é também proprietário da instituição acusada, ou seja, a   Igreja Universal do

 Reino de Deus. De acordo com o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, não é

recomendado que estes profissionais defendam os interesses das empresas em que eles

trabalham.

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5 CONCLUSÃO

Após a descrição e análise dos objetos apresentados nesta pesquisa, pode-se concluir

que o fato que originou as reportagens de ambos os telejornais foi o mesmo, mas cada

um produziu uma matéria com focos diferentes. Este trabalho não pretende comparar as

emissoras, nem mesmo afirmar qual delas teve a conduta mais ética ou se orientou por

maior quantidade de critérios de noticiabilidade.

Com base na ação criminal aberta pelo juiz da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Gláucio

Araújo, no dia 11 de agosto de 2009, o  Jornal Nacional produziu uma reportagem de

cerca de 10 minutos sobre o fato. Deve-se levar em conta o tempo médio das matérias

veiculadas pelo telejornal, que duram cerca de um minuto e quarenta segundos.

Em grande parte da notícia, o JN se fundamentou no documento judicial, embora se

perceba determinada ênfase nas acusações contra Edir Macedo, não citando qual a

participação dos outros réus. O telejornal apresentou como fonte o advogado de defesa,

que afirmou que as informações estão sendo apuradas e outros processos contra a

instituição foram arquivados por falta de provas.

No dia seguinte à veiculação da matéria do JN, o Jornal da Record exibiu uma série de

acusações contra a Rede Globo, todas ocorridas nas décadas de 60, 70, 80 e 90. As

acusações contra Edir Macedo, dono da TV Record, aparecem no início da reportagem e

não foram encontrados trechos em que a emissora se justifique. Na maior parte da

matéria, o JR acusa a Rede Globo de uma série de fraudes que a emissora cometeu,

embora os fatos relatados não sejam inéditos.

Outro ponto a ser discutido é a utilização das fontes durante a matéria. Quanto à

credibilidade das fontes, Lage (2006) diz que apesar de tidas como as mais confiáveis,

as fontes oficiais comumente sonegam informações que efetivamente dispõem. Por

manter um cargo político, existe a possibilidade da parcialidade da fonte utilizada pela

emissora. Durante a matéria, o Jornal da Record utilizou fontes que já tiveram um atrito

com a emissora concorrente, como o ex ministro da saúde, Alceni Guerra, que perdeu o

cargo por conta de uma campanha midiática da Rede Globo. Se por um lado a notícia

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não apresenta temporalidade, por outro ela acerta quanto ao grau hierárquico dos

envolvidos, citado por Wolf (1999).

A reportagem parece ter tido o objetivo inicial de defender a emissora das acusações,

mas acabou sendo um ataque à emissora concorrente, demonstrando falta de ética

  jornalística da Rede Record. Sobre as questões éticas que envolvem a prática do

 jornalismo, Bucci (2000) afirma que elas também são afetadas quando fatores externos

ao jornalismo influenciam. Ele explica que o poder político exerce grande poder sobre a

imprensa, e a outra, que acontece dentro das redações, é o conflito de interesses.

Apesar de trabalhar com fatos comprovados, nota-se o emprego de palavras que

expressam uma determinada emoção ou apelo tais como manipulou, surpreendeu,

desesperado, entre outros adjetivos que deixam a matéria com um tom tendencioso.

Barbeiro e Lima (2002) explicam que o jornalista, ao contrário do ator, não deve

trabalhar com a emoção de seu público representando personagens, mas sim mostrar o

que de fato aconteceu.

Percebe-se que na busca pela audiência, algumas empresas jornalísticas têm trabalhado

com notícias sensacionalistas para chamar a atenção do público. Esta atitude tende a

distorcer a informação, fazendo com que o fato não seja transmitido de forma clara ao

receptor. O ideal é que o jornalismo priorize a verdade e imparcialidade diante do

acontecimento, para que haja respeito tanto com o telespectador quanto com as pessoas

envolvidas na reportagem.

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