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Exmo.Sr. Dr.Pedro Ivo Lins Moreira MM.Juiz de Direito da Primeira Vara Cível Comarca de Cascavel – Paraná
Autos n° 0037342-73.2014.8.16.0021 Laudo Pericial sobre incidente de João Luiz Maschio
Augusto Antônio de Conto, perito contador nomeado nos Autos Mov.43.1, registrado no Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Paraná, CRC-PR n° 013258/O-4, com escritório à rua Antonina n° 2.781, nesta cidade de Cascavel, Estado do Paraná, vem respeitosamente requerer a juntada aos Autos do presente Laudo Pericial.
I – Esclarecimentos iniciais – Procedimentos adotados
a) A Administradora Judicial apresentou quesitos no Mov.49.1; b) O Ministério Público conforme exposto no Mov.54.1 comunga com os quesitos
apresentados pela Administradora Judicial; c) O Requerido apresentou quesitos no Mov.72.1; d) Comuniquei o Dr.Rodrigo Tesser (advogado do Requerido) sobre o início da perícia, o qual
indicou o Sr.Alberto Romano Ferrari como assistente técnico; e) Fiz reunião com o Requerido juntamente com o assistente técnico para esclarecimentos.
II – Resposta aos quesitos formulados pela Administradora Judicial Mov.49.1
Quesito 1 – Quando se deu a criação da empresa DIP PETRÓLEO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA? Resposta – Para melhor entendimento, fiz um apanhado desde a constituição até a última alteração contratual: 1. Constituída em 10 de outubro de 2005 com a Razão Social de DIP’OILGAS
DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA. conforme contrato social arquivado na Junta Comercial do Estado do Paraná sob n° 41205578270 em 11 de outubro de 2005, cuja sede era na rua Eli Volpato n° 948, Sala 05, Bloco 01, Distrito Industrial, CEP.83707-720, na cidade de Araucária – Paraná e o capital de R$ 1.800.000,00 seria integralizado em 60 (sessenta) dias, ou seja; até 10 de dezembro de 2005, fato que acabou ocorrendo somente em 31 de janeiro de 2006. Os sócios eram: Diplomata S/A.Industrial e Comercial, representada por seu administrador Sr.Jacob Alfredo Stoffels Kaefer com R$ 1.799.999,00 e, João Luiz Maschio com R$ 1,00.
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2. Em 15 de dezembro de 2005 através da primeira alteração contratual arquivada na Junta Comercial do Estado do Paraná sob n° 20054593220 em 23 de dezembro de 2005, foi alterado o endereço da sede da sociedade para a Rua Lídia Camargo Zampieri n° 1438, Bairro Tindiquera, CEP.83708-135 na cidade de Araucária – Paraná.
3. Em 16 de maio de 2006 através da segunda alteração contratual arquivada na Junta Comercial
do Estado do Paraná sob n° 20061705594 em 18 de maio de 2006, é informado que o capital que estava subscrito foi integralizado em 31 de janeiro de 2006 em moeda corrente Nacional. Constatei que a integralização foi feita efetivamente na data informada, mediante depósito na conta corrente n° 0000131-7 da agência 3536 do Banco Bradesco S/A. em nome da Dip’Oilgas Distribuidora de Combustíveis Ltda. Segundo depoimento do Sr.João Luiz Maschio na
audiência do artigo 104 realizada em 06.03.2015, a empresa começou a operar em 06 de
junho de 2006.
4. Em 08 de janeiro de 2007 através da terceira alteração contratual arquivada na Junta Comercial do Estado do Paraná sob n° 20070254770 em 29 de janeiro de 2007, foram feitas as seguintes modificações: (a) Alterada a Razão Social para DIP PETRÓLEO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA. e, (b) Criada a Filial de Cascavel localizada na Rodovia BR-369, Km.517, Zona Rural, CEP.85818-640.
5. Em 25 de julho de 2008 através da quarta alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20083456929 em 05 de agosto de 2008, foi estabelecido que o pró-labore para os que estiverem na administração da sociedade será fixado em janeiro de cada ano, valendo para todo o exercício e também, que seria destinado aos mesmos administradores 20% (vinte por cento) dos lucros apurados no final do exercício social.
6. Em 01 de março de 2011 através da quinta alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20112123864 em 24 de março de 2011, foram efetuadas as seguintes modificações: (a) O capital social foi aumentado de R$ 1.800.000,00 para R$ 3.000.000,00, sendo o aumento de R$ 1.200.000,00 integralizado com Reserva de Lucros. A participação na sociedade passou a ser a seguinte: Diplomata S/A.Industrial e Comercial com R$ 2.999.998,00 e o Sr.João Luiz Maschio com R$ 2,00; (b) Ingressa na sociedade Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. representada pela Sra.Clarice Roman; (c) Retira-se da sociedade a Diplomata S/A. Industrial e Comercial, cedendo e transferindo o total da sua participação de R$ 2.999.998,00 para a ingressante Alfredo Kaefer & Cia.Ltda.
7. Em 18 de fevereiro de 2013 através da sexta alteração contratual arquivada na Junta Comercial
do Estado do Paraná sob n° 20131265652 em 28 de fevereiro de 2013, ocorreu as seguintes modificações: (a) Ingressa na sociedade ACT Capital Brazil Ltda. representada por seu administrador Sr.Giovanni Cataldi Neto; (b) Retira-se da sociedade Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. cedendo e transferindo o total da sua participação no valor de R$ 2.999.998,00 para a sócia ingressante ACT Capital Brazil Ltda.; (c) A administração da sociedade passa ser exercida pelo sócio João Luiz Maschio e pelo não sócio Giovanni Cataldi Neto, em conjunto ou separadamente. A representação passa ser obrigatoriamente em conjunto para compra e venda
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de móveis e imóveis que pertençam à sociedade; para avais, fianças, caução e para oferecer garantias em operações de empréstimos e financiamentos. Faculta-se os administradores estarem representados por procuradores legalmente constituídos.
8. Em 17 de junho de 2013 através da sétima alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20133773841 em 09 de julho de 2013, ocorreu as seguintes modificações: (a) Ingressa na sociedade Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. representada pelo Sr.Jacob Alfredo Stoffels Kaefer; (b) Retira-se da sociedade ACT Capital Brazil Ltda. cedendo e transferindo o total da sua participação no valor de R$ 2.999.998,00 para a sócia ingressante Alfredo Kaefer & Cia.Ltda.; (c) A administração da sociedade passa ser exercida pelo sócio João Luiz Maschio e pelo não sócio Jacob Alfredo Stoffels Kaefer, mantidas as exigências de representação em conjunto prevista na sexta alteração contratual.
9. Em 15 de julho de 2013 através da oitava alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20134087119 em 17 de julho de 2013, ocorreram as seguintes modificações: (a) Aberta Filial na Rua Luiz Franceschi n° 666, Thomaz Coelho, CEP.83707-072 na cidade de Araucária – Paraná; (b) Aberta Filial na Avenida Recife, s/n°, Base BDI, Jardim Santo Afonso, CEP.07215-030 na cidade de Guarulhos – São Paulo.
10. Em 19 de março de 2014 através da nona alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20141902230 em 01 de abril de 2014, foi alterada a Razão Social para DIAL – DISTRIBUIÇÃO, ABASTECIMENTO E LOJISTICA LTDA.
11. Em 04 de abril de 2014 através da décima alteração contratual arquivada na Junta Comercial do
Estado do Paraná sob n° 20142050970 em 11 de abril de 2014, foi alterada a Razão Social para DIAL – DISTRIBUIÇÃO, ABASTECIMENTO E LOGÍSTICA LTDA. Observação:
Houve apenas a correção ortográfica da palavra logística grafada erroneamente na nona
alteração contratual. Logística com “j” ao invés de “g” que é o correto.
12. Em 01 de agosto de 2014 através da décima primeira alteração contratual arquivada na Junta Comercial do Estado do Paraná sob n° 20144651696 em 13 de agosto de 2014, foi alterado o endereço da Filial de Cascavel para a Rodovia BR-277, s/n°, Km.600, Santos Dumont, CEP.85804-600.
13. Quanto ao ingresso e saída da ACT Capital Brazil Ltda. Não houve benefício nem prejuízo
com a entrada e saída desta empresa no quadro societário da DIAL. Nenhum valor foi transferido para a ACT nem para seu sócio Giovanni Cataldi Neto, que mesmo fazendo parte da administração da DIAL durante o período de 04 (quatro) meses, de 18.02.13 a 17.06.13, nenhum ato foi praticado por ele. Segundo o Sr.João Luiz Maschio, a entrada da ACT tinha por objetivo a captação de recursos no mercado financeiro, já que o Sr.Giovanni Cataldi Neto é especialista nesta área, fato que não ocorreu e com isso desfez-se a sociedade. A nomeação do Sr.Giovanni como gerente, foi para dar-lhe legitimidade e, com isso, poder representar e falar (negociar) em nome da sociedade.
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Quesito 2 – Quem eram seus sócios? Resposta – Também para melhor entendimento, fiz um apanhado desde a constituição até a última alteração contratual, cuja composição societária foi a seguinte: 1. Da constituição da sociedade em 10 de outubro de 2005 até 28 de fevereiro de 2011.
Sócios N° Quotas Valor R$ % Diplomata S/A Industrial e Comercial 1.799.999 1.799.999,00 99,9999% João Luiz Maschio 1 1,00 0,0001 T o t a i s 1.800.000 1.800.000,00 100%
2. De 01 de março de 2011 até 17 de fevereiro de 2013.
Sócios N° Quotas Valor R$ % Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. 2.999.998 2.999.998,00 99,9999% João Luiz Maschio 2 2,00 0,0001 T o t a i s 3.000.000 3.000.000,00 100%
3. De 18 de fevereiro de 2013 até 16 de junho de 2013.
Sócios N° Quotas Valor R$ % ACT Capital Brazil Ltda. 2.999.998 2.999.998,00 99,9999% João Luiz Maschio 2 2,00 0,0001 T o t a i s 3.000.000 3.000.000,00 100%
4. De 17 de junho de 2013 até hoje:
Sócios N° Quotas Valor R$ % Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. 2.999.998 2.999.998,00 99,9999% João Luiz Maschio 2 2,00 0,0001 T o t a i s 3.000.000 3.000.000,00 100%
5. Resumindo: (a) O Sr.João Luiz Maschio sempre foi sócio com 0,0001% de participação. (b) Os
outros 99,9999% inicialmente foram da Diplomata S/A. que cedeu e transferiu para a Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. Posteriormente a Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. cedeu e transferiu a sua participação para a ACT Capital Brazil que 4 (quatro) meses depois foi novamente transferida (retornou) para a Alfredo Kaefer & Cia.Ltda.
Quesito 3 – Quem eram seus administradores? Resposta – Da mesma forma, para melhor entendimento, fiz um apanhado dos administradores desde a constituição até a última alteração contratual, conforme segue: 1. Da constituição em 10 de outubro de 2005 até 17 de fevereiro de 2013 a administração da
sociedade foi exercida exclusivamente pelo sócio João Luiz Maschio.
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2. A partir de 18 de fevereiro de 2013 até 16 de junho de 2013, com a entrada da ACT Capital Brazil Ltda. na sociedade, a administração foi compartilhada entre o sócio João Luiz Maschio e o não sócio Giovanni Cataldi Neto. Segundo nos informou pessoalmente o Sr.João Luiz Maschio, o Sr.Giovanni Cataldi Neto não praticou nenhum ato inerente a administração da sociedade.
3. A partir de 17 de junho de 2013 até a falência a administração da sociedade passou a ser
exercida pelo sócio João Luiz Maschio e pelo não sócio Jacob Alfredo Stoffels Kaefer. Segundo informação verbal do Sr.João Luiz Maschio, a participação do Sr.Alfredo e também da Sra.Clarice (esposa do Sr.Alfredo) era bastante intensa, principalmente na movimentação financeira da sociedade, pois a sua senha bancária ficava com a Sra.Luciane (funcionária do departamento financeiro da Diplomata) e, com isso, faziam inúmeras movimentações financeiras, transferindo recursos da DIAL para outras empresas do Grupo, como Diplomata e Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. e vice-versa, principalmente após o pedido de Recuperação Judicial, pela falta de dinheiro provocada pela retração das Instituições Financeiras e, também, pelo receio do bloqueio judicial de valores em conta corrente.
4. Resumindo: O Sr.João Luiz Maschio sempre foi administrador da sociedade. Durante 04
(quatro) meses (de 18.02.13 a 16.06.13) compartilhou a administração com o Sr.Giovanni Cataldi Neto e, posteriormente, a partir de 17.06.13 compartilhou com o Sr.Jacob Alfredo Stoffels Kaefer, o qual participou ativamente da movimentação financeira da sociedade, transferindo recursos da DIAL para outras empresas do Grupo e vice-versa. Observo que essa movimentação financeira entre as empresas está devidamente contabilizada.
Quesito 4 – Houve alteração no quadro societário ou quanto aos administradores da referida empresa? Resposta – Sim, conforme já demonstrado na resposta aos quesitos anteriores. Quesito 5 – Os sócios recebiam pró-labore pelas atividades desenvolvidas? Qual era a função do sócio JOÃO LUIZ MASCHIO na empresa e a remuneração percebida por ele? Resposta – O Sr.João Luiz Maschio sempre foi administrador da sociedade e foi o único a obter rendimentos. Os outros dois, Sr.Giovanni Cataldi Neto e Sr.Jacob Alfredo Stoffels Kaefer, pela análise dos registros contábeis, não consta que tenham recebido pro-labore nem distribuição de lucros. Essa informação também foi confirmada verbalmente pelo Sr.Sidnei Nardelli (contador) e pelo Sr. Ferrari (assistente técnico do requerido). Pelo exame nos registros contábeis, confrontando-os com as declarações do imposto de renda entregues à Receita Federal, constatei que o Sr.João Luiz Maschio recebeu remuneração durante o período suspeito – a partir de 23.01.09 – conforme demonstrado:
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Valores em Reais Ano Pró-Labore Distribuição de Lucros Total 2009 34.132,00 87.174,00 121.306,00 2010 34.344,00 75.564,00 109.908,00 2011 38.594,04 75.564,00 114.158,04 2012 38.980,44 119.320,60 158.301,04 2013 58.248,37 166.297,00 224.545,37 2014 60.000,00 156.199,09 216.199,09
T o t a i s 264.298,85 680.118,69 944.417,54 Importante: Segundo o Sr.João Luiz Maschio, a criação da DIAL foi ideia sua. Ele procurou o Sr.Alfredo Kaefer para uma sociedade de capital e trabalho, já que ele tinha o conhecimento do negócio, mas não tinha dinheiro. A promessa do Sr.Alfredo é de que ele teria 8% de participação na sociedade, fato que nunca ocorreu. Outro objetivo de participar da sociedade era a possibilidade de fazer retiradas (distribuição) de lucros em complemento ao pró-labore, cuja parcela estaria isenta dos encargos sociais. Quesito 6 – É possível comprovar a integralização do capital social da empresa? Em caso de venda de quotas é possível comprovar a entrada de recursos? Resposta – Sobre esses questionamentos tenho a informar: 1. Quanto ao capital inicial no valor de R$ 1.800.000,00, constatei que a integralização foi feita em
31 de janeiro de 2006, mediante depósito na conta corrente n° 0000131-7 da agência 3536 do Banco Bradesco S/A. em nome da Dip’Oilgas Distribuidora de Combustíveis Ltda.
2. Quanto à venda das quotas da Diplomata S/A. para a Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. em 01 de
março de 2011, pelo valor de R$ 2.999.998,00, houve apenas lançamentos contábeis em conta corrente, inexistindo entrada efetiva de recursos financeiros na Diplomata e saída da Alfredo Kaefer & Cia.Ltda.
3. Também no caso da venda das quotas da Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. para a ACT Capital Brazil
Ltda. em 18 de fevereiro de 2013 e depois a recompra em 17 de junho de 2013, ambas por R$ 2.999.998,00, também houve apenas lançamentos contábeis em conta corrente, inexistindo efetivamente entradas e saídas de recursos financeiros.
Quesito 7 – Tais recursos estão devidamente registrados e foram declarados nos órgãos competentes? Resposta – Sim, tanto a integralização inicial do capital social no valor de R$ 1.800.000,00 efetuada mediante depósito em conta bancária em nome da sociedade, como as outras transações já citadas, que envolveram apenas lançamentos em conta corrente no valor de R$ 2.999.998,00 cada uma, estão contabilizadas e foram informadas ao Fisco através das DIPJ – Declaração de Informações da Pessoa Jurídica ou através do SPED – Sistema Público de Escrituração Digital.
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Quesito 8 – Qual o objeto social da empresa? Houve alteração no objeto social da empresa? Resposta – O objeto social manteve-se inalterado desde a constituição até hoje, sendo: Distribuição e Comercialização de Combustíveis Líquidos, Derivados de Petróleo, Álcool Combustível e Lubrificantes e Outros Combustíveis Automotivos em Geral. Quesito 9 – O objeto social da empresa DIP PETRÓLEO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA. é referente ao objeto social de outras empresas do Grupo Diplomata? Resposta – Não há outra(s) empresa(s) no Grupo Diplomata/Kaefer com o objeto social de distribuidora de combustíveis. Importante salientar, que esta empresa permanece em funcionamento, mesmo depois da falência, e o Sr.João Luiz Maschio continua prestando serviço à Massa Falida na condução operacional dessa empresa, enquanto aguarda a regularização da subsidiária integral Diplomata Petróleo S/A. que dará continuidade aos negócios desenvolvidos pela Dip Petróleo. Quesito 10 – Quais relações comerciais foram celebradas entre a empresa DIP PETRÓLEO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA e demais pessoas físicas e jurídicas envolvidas na sentença de quebra? Resposta – A DIAL vendia combustível para a Diplomata, que por sua vez, revendia em seus postos de combustíveis – exemplo: Posto Gralha Azul (que era Filial da Diplomata). Também vendia combustível para a DIP FLEX que também revendia em seus postos de combustíveis. Quesito 11 – Foram realizados pagamentos, transferências ou quaisquer outras movimentações financeiras entre a empresa DIP PETRÓLEO DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEIS LTDA e as demais empresas falidas do Grupo Diplomata? Resposta – Sim, foram realizadas inúmeras movimentações financeiras decorrentes de operações de compra e venda de combustíveis. Outro fato que merece destaque, foram efetuadas inúmeras movimentações financeiras, em função do receio de bloqueios judiciais, dado o agravamento da situação financeira pós pedido de Recuperação Judicial. A Sigha Consultoria e Auditoria, de propriedade do Sr.César Luis Scherer, operador da Massa Falida, efetuou um levantamento das transferências havidas no período de 09 de abril de 2009 a 21 de agosto de 2014 entre a Diplomata e DIAL e vice-versa, apurando uma movimentação de R$ 125.702.017,46 a débito e R$ 126.816.042,93 a crédito, ou seja; movimentação financeira extremamente relevante, mas que implicava tão somente na proteção de valores para impedir algum bloqueio judicial. Este relatório
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compreende 30 (trinta) folhas detalhando operação por operação, todas contabilizadas, que aqui copiamos a última folha para documentar o fato relatado.
Quesito 12 – Houve retirada fraudulenta de recursos financeiros por parte dos sócios ou administradores? É possível demonstrar cada uma? Resposta – Não foi possível apurar se fatos desse tipo tenham ocorrido. Quesito 13 – Houve transferência de valores diretamente para as contas das pessoas físicas ou jurídicas envolvidas na sentença de quebra? Resposta – Também não foi possível apurar se fatos desse tipo tenham ocorrido. Quesito 14 – Houve algum período de expressiva expansão patrimonial do Sr.João Luiz Maschio? Resposta – Baseado nas declarações do imposto de renda entregues pelo Requerido à Secretaria da Receita Federal pude apurar a seguinte evolução patrimonial: Em milhares de Reais
Descrição 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Bens e direitos 329 343 309 331 459 553 ( - ) Dívidas - 39 - 7 0 0 - 60 - 57 Superávit patrimonial 290 336 309 331 399 496 Evolução em relação ano anterior + 150 + 46 - 27 + 22 + 68 + 97
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1. Comparando os rendimentos declarados, informados na resposta ao quesito 5, constata-se que a evolução patrimonial é compatível com tais rendimentos. Verifica-se durante o período examinado (de 2009 a 2014) que o Requerido obteve renda de R$ 944.417,54 enquanto a evolução patrimonial foi de R$ 496.401,75. Partiu de um patrimônio líquido (bens e direitos – dívidas) de R$ 140.189,20 em 2008 atingindo R$ 496.401,75 em 2014 e, em nenhum ano houve evolução patrimonial expressiva, muito menos, acima da renda obtida.
2. Observo que em 2009 a evolução patrimonial foi R$ 150 mil, enquanto os rendimentos
informados totalizaram R$ 121 mil, demonstrando uma aparente falta de caixa de R$ 29 mil. Como está demonstrado no seu imposto de renda, naquele ano efetuou a venda de um lote de terreno urbano por R$ 120 mil, que supre a necessidade de caixa.
3. Nos demais anos os rendimentos demonstrados na resposta ao quesito 5 foram sempre superiores a variação patrimonial evidenciada.
III – Respostas aos quesitos formulados pelo Requerido Mov.72.1 Quesito 1 – A empresa DIAL possui débitos? Com quem? Resposta – Não houveram dívidas vencidas e/ou em atraso originárias da DIAL que foram incluídas no passivo da falência. As dívidas existentes com fornecedores, tributárias, trabalhistas e com Instituições Financeiras, todas originárias da atividade operacional exercida pela sociedade, foram honradas pelos falidos e mantém-se em dia pós falência, já que esta empresa foi mantida em funcionamento. Quesito 2 – A empresa DIAL possui passivo trabalhista? Com quem? Resposta – Já respondido no quesito anterior. Quesito 3 – A empresa DIAL possui reclamações de consumidores? Quais? Resposta – Não pude apurar se existem reclamações deste tipo. Quesito 4 – A empresa DIAL é lucrativa? Resposta – Por lucratividade entende-se lucro sobre faturamento. Pelos balanços da sociedade, durante o período suspeito (2009 a 2014), busquei essa informação demonstrando a seguir: Em milhares de Reais
Discriminação 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Faturamento 75.431 77.501 91.876 102.126 130.172 118.825 Lucro (Prejuízo) Líquido 559 200 471 281 538 - 2.025 Percentual 0,74% 0,26% 0,51% 0,28% 0,41% - 1,70
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1. De 2009 a 2013 apresentou lucro em todos os anos, mas como pode ser observado, a lucratividade é bem reduzida, com percentuais que variam de 0,26% a 0,74% sobre o faturamento. Importante: Opera com grandes volumes, que gera faturamento relevante, mas a
lucratividade é baixa. 2. Já em 2014 apresentou prejuízo de R$ 2.025 mil que correspondeu 1,70% do faturamento. O
motivo deste prejuízo foram as doações eleitorais pagas e contabilizadas em despesa no total de R$ 2.105.500,00, sendo: R$ 1.270.500,00 para o candidato Jacob Alfredo Stoffels Kaefer e R$ 835.000,00 para outros candidatos. Vide extrado Mov.72.27. Segundo nos informou verbalmente o Sr.João Luiz Maschio, isso foi motivo de discussões entre ele e o Sr.Alfredo, pois não concordava com a descapitalização da empresa para fins políticos. Mas, como quem comandava essa destinação de recursos era o Sr.Alfredo e, a senha bancária estava em poder da Sra.Luciane, funcionária do financeiro da Diplomata, o Sr.Alfredo fazia o quem bem entendia.
3. As doações e contribuições para campanha eleitoral, na época autorizadas pela Lei n° 9.504/97,
artigo 81, parágrafo 1°, estabelecia que, àquelas feitas por pessoas jurídicas, estavam limitadas a 2% do faturamento bruto do ano anterior a eleição. (Hoje essa possibilidade não mais existe,
pois este artigo foi revogado pela Lei n° 13.165/2015)
4. Pois bem, o faturamento bruto do ano anterior (2013) foi de R$ 130.172.189,89, portanto, a doação máxima poderia atingir R$ 2.603.443,80. Como foram doados R$ 2.105.500,00 manteve-se dentro do limite estabelecido pela Lei.
5. Por outro lado, conforme demonstrado a partir de 2009, a lucratividade sempre esteve abaixo de
1% (um por cento). É óbvio que a doação efetuada, mesmo estando dentro da Lei, penalizou a sociedade de duas formas: (a) Comprometendo o resultado e (b) Comprometendo a liquidez. Como é uma sociedade controlada pelo do Grupo Falido Diplomata/Kaefer, acabou desviando recursos financeiros em detrimento dos credores. Observação importante: Convém salientar
também, que esta despesa é indedutivel para fins tributários: Ou seja; além de ter tido a
despesa, terá que pagar imposto de renda e contribuição social sobre o resultado antes da
dedução desta despesa.
6. Quesito 5 – A empresa DIAL possui créditos tributários contra o Estado? Resposta – O balanço da sociedade levantado em 31 de dezembro de 2.014 demonstra a existência dos seguintes créditos tributários:
Tipo do crédito tributário Valor em R$ Observação Pis a recuperar 7.582,17 01 Confins a recuperar 34.923,72 01 Pis a recuperar sobre compra de álcool anidro 59.045,34 02 Cofins a recuperar sobre compra de álcool anidro 272.037,15 02 ICMS a recuperar sobre compras de imobilizado 152.019,13 03 Imposto de renda retido na fonte a recuperar 11.381,83 04 Total dos créditos “ditos” recuperáveis 536.989,34
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1. Observação 01 – Refere-se a créditos de Pis e Cofins sobre insumos e/ou operações, cujo direito ao crédito está previsto em Lei, tais como; crédito sobre energia elétrica. Portanto, passíveis de compensação. Estão sendo compensados com débitos de imposto de renda e contribuição social quando necessário.
2. Observação 02 – Refere-se a créditos de Pis e Cofins sobre aquisições de álcool anidro, baseado
em legislação antiga, anterior a mudança e implementação da substituição tributária. Portanto, um crédito irrecuperável “crédito podre” que precisa ser estornado.
3. Observação 03 – Refere-se ao ICMS sobre aquisições de bens do imobilizado, que a legislação
fiscal estabelece o direito a esse crédito. Ocorre que esse crédito só pode ser utilizado com a venda de mercadorias que gerem débito desse imposto. A mercadoria comercializada com essa característica era o etanol, que há muito tempo deixou de ser comercializado por ser inviável. Portanto, mais um crédito irrecuperável “crédito podre” que precisa ser estornado.
4. Observação 04 – Refere-se ao imposto de renda retido na fonte passível de compensação. Está
sendo compensado quando necessário.
5. Conclusão: Portanto, do total apresentado no balanço de 31.12.14 de R$ 536.989,34, apenas R$ 53.887,72, equivalente a 10% é passível de recuperação. O restante R$ 483.101,62 é irrecuperável, “crédito podre”, que precisa ser estornado. Em valores bem menores do que constavam na contabilidade, mesmo assim, existiam créditos tributários passíveis de compensação ao invés de dívidas tributárias.
Quesito 6 – Quais foram, ESPECIFICAMENTE, os atos praticados pela DIAL, ou pelo Requerido enquanto seu sócio, que configuram abuso de personalidade? Resposta – Não cabe a este perito fazer julgamentos. Mesmo porque, não tenho formação nem qualificação profissional para dizer o que é e o que não é abuso de personalidade. Quesito 7 – Tendo em vista que o juízo afirmou que o Requerido seria um “testa de ferro”, de que “(...) há graves indícios de que está diretamente ligado às fraudes” e de que teria agido “(...) com dolo para lesar credores e ludibriar a justiça”, bem como que os atos do Requerido “se desviam dos objetivos sociais que regem a entidade da qual fazem parte ou quando manipulam o princípio da separação patrimonial para lesar terceiros”. (item III.15, p.126/134; item IV.3, p.154), pergunta-se: a) Quais são as fraudes em que o Requerido participou? b) Quais são os atos praticados pelo Requerido “(...) com dolo para lesar credores e ludibriar a
justiça”? c) Quais são os atos do Requerido que “se desviam dos objetivos sociais que regem a entidade da
qual fazem parte ou quando manipulam o princípio da separação patrimonial para lesar terceiros?
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Resposta – Mais uma vez afirmo, não cabe a este perito fazer julgamentos. Mas o fato de ter destinado recursos financeiros relevantes para financiamento de campanhas políticas, ainda que dentro da Lei, mas comprometendo o resultado e a saúde financeira da sociedade e, sendo ela controlada pelo Grupo Falido Diplomata/Kaefer, certamente houve desvio de recursos, que poderiam ter sido usados para honrar compromissos assumidos com credores. Quesito 8 – Em quais das hipóteses relacionadas verifica-se ato concreto por parte da DIAL ou do Requerido? Quais foram os atos? Qual a repercussão direta de tais atos? As hipóteses relacionadas são: a) Empréstimos não remunerados e a realização de ativos sem a comprovação da entrada de
recursos; b) Alienação fraudulenta do “West Side Shopping”(20/04/12); c) Das doações em campanha durante a crise; d) Descapitalização não esclarecida; e) Movimentação societária fraudulenta; f) Da saída repentina do Controlador; g) Absorção do objeto social da Diplomata S/A por outra sociedade do Grupo Kaefer/Interagro; h) Paralisação das atividades e sucessão ilegal das demais Recuperandas. Resposta – Repito aqui a mesma resposta dada ao quesito anterior.
IV – Outros esclarecimentos Participação do Requerido na sociedade DIP FLEX COMÉRCIO DE COMBUSTÍVEIS LTDA. 1. O Requerido participou desta sociedade, cujo ingresso ocorreu na constituição em 01 de junho
de 2007. O capital era de R$ 300.000,00, sendo R$ 299.999,00 da Diplomata e R$ 1,00 do Requerido. Permaneceu na sociedade até 18 de fevereiro de 2013 transferindo sua quota de R$ 1,00, pelo mesmo valor nominal, para a ACT Capital Brazil Ltda.
2. A atividade exercida era de postos de combustíveis, loja de conveniência e transporte, o qual
durante todo o período em que foi sócio também exerceu a administração da sociedade.
3. Esta sociedade teve atividade somente a partir de abril/2013. Portanto, durante o período em que o Requerido foi sócio e administrador da sociedade (01.06.07 a 18.02.13) não ocorreu nenhuma movimentação operacional. Fato também comprovado pela entrega de declarações inativas à Secretaria da Receita Federal.
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Participação do Requerido na sociedade CORETUBA DISTRIBUIÇÃO E VAREJO LTDA. 1. O Requerido participa desta sociedade desde a sua constituição em 21 de outubro de 2013 até
hoje. Foi constituída com capital a integralizar de R$ 500.000,00, sendo R$ 495.000,00 de Jacob Alfredo Stoffels Kaefer e R$ 5.000,00 do Requerido. A administração da sociedade até 10 de março de 2014 era exercida pelo Sr.Alfredo.
2. Em 10 de março de 2014 através da Segunda Alteração Contratual, o sócio Jacob Alfredo
Stoffels Kaefer retira-se da sociedade cedendo e transferindo a sua participação para a Dip Petróleo Distribuidora de Combustíveis Ltda., que mais tarde passou a denominar-se de Dial – Distribuição, Abastecimento e Logística Ltda. A partir desta data a administração passou a ser exercida pelo sócio João Luiz Maschio Vide documento Mov.72.41.
3. Apesar de constar na cláusula quinta da Segunda Alteração Contratual Mov.72.41 que o capital
estava totalmente integralizado, efetivamente isso nunca ocorreu. O capital permanece a integralizar até hoje, como prova o balanço levantado em 31 de dezembro de 2014.
4. Esta sociedade foi criada com a finalidade de montar uma rede de lojas da franquia espanhola
DIA100%, inicialmente pequenas lojas nos supermercados e postos de combustíveis explorados pelo Grupo Diplomata/Kaefer e, posteriormente, abririam a franquia para outros supermercados e postos de combustíveis, o que acabou não acontecendo.
5. Para levar adiante o projeto foram gastos R$ 342 mil na reforma de 02 (duas) lojas em
supermercados na época explorados pelo Grupo Diplomata/Kaefer. Posteriormente, houve a reintegração de posse das lojas pelo proprietário anterior – Lembrasul Supermercados – e o investimento perdido.
6. Todos os gastos com a reforma foram bancados pela sócia Dip Petróleo (Hoje DIAL) que possui
um valor a receber da Coretuba de R$ 341.048,04. A sociedade também possui dívidas tributárias no total de R$ 41.039,75 (valores originais), decorrente de INSS, Imposto de Renda, Contribuição Social e Imposto Sobre Serviço retidos na fonte sobre os serviços prestados por terceiros na reforma das referidas lojas.
Permaneço ao inteiro dispor para os esclarecimentos complementares que se fizerem necessários. Em, 26 de outubro de 2015. Augusto Antônio de Conto Perito Contador CRC.PR.n° 013258/O-4 Assinado Digitalmente
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Exmo.Sr. Dr.Pedro Ivo Lins Moreira MM.Juiz de Direito da Primeira Vara Cível Comarca de Cascavel – Paraná
Autos n° 0037342-73.2014.8.16.0021 Esclarecimentos à perícia realizada do incidente de João Luiz Maschio
Augusto Antônio de Conto, perito contador nomeado nos Autos Mov.43.1, registrado no Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Paraná, CRC-PR n° 013258/O-4, com escritório à rua Antonina n° 2.781, nesta cidade de Cascavel, Estado do Paraná, vem respeitosamente prestar os esclarecimentos solicitados por V.Exa.Mov.162.1 e também, sobre a manifestação do Requerido Mov.172.1 e sobre a juntada de documentos pela Administradora Judicial Mov.173. a) Considerando todas as sociedades em que o requerido figura ou figurou como
administrador, quais foram os valores de doação de campanha de 2010 e 2014, com base nas informações fornecidas pela Justiça Eleitoral?
Resposta: Conforme verificado no site oficial do Tribunal Superior Eleitoral, em 2010 não constou nenhuma doação de campanha feita por empresas das quais o Requerido participou como administrador e, em 2014 constou a DIAL – DISTRIBUIÇÃO, ABASTECIMENTO E LOGÍSTICA LTDA. com doações que totalizaram R$ 2.095.500,00. Observa-se pelos registros contábeis da DIAL, comprovado também pelo extrato trazido aos Autos pelo Requerido Mov.72.27, que o valor contabilizado foi de R$ 2.105.500,00, valor este também informado no Laudo Mov.160.1, nas explicações dadas na resposta ao quesito 4 do Requerido. Entre os registros contábeis e os valores informados ao TSE – Tribunal Superior Eleitoral existe uma divergência de R$ 10.000,00 a menor na informação prestada ao TSE, devendo prevalecer o registro contábil de R$ 2.105.500,00. b) Essas doações foram formalmente autorizadas, isto é, teve algum ato societário para
implementar essa decisão administrativa? Resposta: Não houve nenhum ato societário que autorizasse tal decisão. Segundo informação verbal do Requerido, já constante do Laudo Pericial, essas doações foram motivo de discussões com o Sr.Alfredo Kaefer, pois o Requerido não concordava com a descapitalização da empresa para fins políticos.
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16/11/2015: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO DO PERITO. Arq: Laudo
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Página 111
No entanto, ao invés do Requerido brecar tal procedimento, disponibilizou a sua senha bancária para a Sra.Luciane, funcionária do departamento financeiro da Diplomata, que recebia ordens do Sr.Alfredo e da Sra.Clarice (esposa do Sr.Alfredo), os quais, segundo o Requerido, mandavam fazer tais doações. c) Qual o montante do passivo fiscal e trabalhistas das sociedades em que o requerido
figurou como administrador? Eventuais valores em aberto poderiam ter sido pagos pelos valores das doações?
Resposta: (a) Quanto a DIAL, não houveram dívidas vencidas e/ou em atraso incluídas no polo passivo da falência. As dívidas tributárias e trabalhistas foram honradas pelos falidos, mantendo-se em dia pós falência, uma vez que esta empresa continua em funcionamento. (b) No tocante a DIP FLEX o Requerido foi sócio e administrador da sociedade no período de 01.06.07 – data da constituição da sociedade – até 18.02.13. Neste período a sociedade manteve-se inativa, como prova os registros contábeis e as declarações de inatividade entregues à Secretaria da Receita Federal. Passou a operar a partir de abril/2013, depois da sua saída da sociedade e da administração. Encerrou o exercício de 2014 com dívidas de impostos e contribuições sociais no total de R$ 628.645,60 e trabalhistas no total de R$ 146.591,73. (c) Quanto a CORETUBA DISTRIBUIÇÃO E VAREJO LTDA. participa como sócio e administrador a partir de 10.03.2014 Mov.72.41. O balanço encerrado em 31.12.2014 demonstra dívidas com impostos e contribuições no total de R$ 41.039,75. (d) Quanto ao questionamento se os valores em aberto poderiam ter sido pagos com recursos destinados às doações de campanha eleitoral, evidente que sim.
Correção importante: No Laudo Pericial – Parte IV – Mov.160.1 em outros esclarecimentos
prestados, quando comento a participação do Requerido na CORETUBA, disse erroneamente que
ele participava da sociedade desde a sua constituição em 21.10.2013 até hoje. Efetivamente ele
participa como sócio e administrador da sociedade a partir de 10.03.2014 até hoje, como prova o
documento Mov.72.41, fato que não prejudica a perícia realizada. d) A distribuição de lucro foi regular e contabilmente adequada? Os valores estão corretos?
Considerando o contrato social e a lei, a distribuição respeitou as bases ali contidas? No momento de distribuição de lucros, a Diplomata ou outras empresas do grupo eram credoras da DIP FLEX, DIAL ou DIP PETRÓLEO?
Resposta: Nos balanços apresentados pela sociedade durante o período suspeito de 2009 a 2014 busquei as informações dos lucros apurados e dos lucros distribuídos. Confrontei tais valores com o que diz o contrato social e alterações, passando a informar o que segue:
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Quadro demonstrativo dos lucros apurados x lucros distribuídos x limitação imposta pelo contrato social Em milhares de Reais
Descrição 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Lucro (Prejuízo) Apurado 559 200 471 281 538 - 2.025 Lucro Distribuído 87 75 75 119 166 156 Lucro Distribuído x Lucro Apurado 15% 37% 16% 42% 31% - Limitação pelo contrato social = 30% - 60 84 161 - Excesso de lucros distribuídos - 15 - 35 5 156 Total dos lucros distribuídos em excesso 211
1. Constata-se que o Requerido sempre teve 0,0001% de participação na sociedade, mas este
percentual não era parâmetro para distribuição dos lucros. 2. O contrato social previa inicialmente, que a retirada mensal a título de pró-labore, em valor a ser
fixado no mês de janeiro de cada ano e vigente para todo o exercício, limitava-se ao contido no art.152 da Lei n° 6404/76 (Lei das Sociedades Anônimas). Mov.72.3 a 72.5. A aplicação deste dispositivo é um tanto quanto confusa, pois como se trata de sociedade por quotas de responsabilidade limitada, nem tudo o que está contido neste artigo é aplicado. No entanto, interpretando e trazendo o entendimento ao caso em exame, pode-se concluir que a distribuição de lucros estaria limitada a 10% dos lucros apurados.
3. Mais adiante, a quarta alteração contratual realizada em 25 de julho de 2008 Mov.72.12 a 72.14 estabeleceu que a retirada mensal a título de pró-labore, limitava-se ao contido no art.152 da Lei n° 6404/76 (Lei das Sociedades Anônimas) e também, seria destinado aos administradores parcela de até 20% (vinte por cento) dos lucros apurados no final do exercício social. Este dispositivo está mantido até hoje, como se comprova examinando os documentos Mov.72.15 a 72.24.
4. Vejamos o que diz o artigo 152 da Lei n° 6404/76 com nova redação dada pela Lei n° 9457/97:
Art.152 – A assembleia geral fixará o montante global ou individual da remuneração dos
administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em
conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação
profissional e o valor dos seus serviços no mercado. Parágrafo 1° - O estatuto da companhia que fixar o dividendo obrigatório em 25% (vinte e
cinco por cento) ou mais do lucro líquido, pode atribuir aos administradores participação no
lucro da companhia, desde que o seu total não ultrapasse a remuneração anual dos
administradores nem 0,1 (um décimo) dos lucros (art.190), prevalecendo o limite que for
menor.
5. Confrontando o que diz o contrato social com o art.152 da Lei das Sociedades Anônimas,
entendo que a limitação aqui definida aplica-se apenas a distribuição de lucros e não a remuneração como um todo, ou seja; pró-labore mais distribuição de lucros. Nas sociedades anônimas a remuneração é fixada em assembleia geral. Aqui, o contrato social deixa claro que
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03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Pericia Joao L. Maschio mov. 184.pdf
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deveria ter um documento – ata de reunião dos sócios por exemplo – que estabelecesse o pró-labore a ser pago a partir de janeiro de cada ano, mas não há. Portanto, os valores retirados mensalmente pelo Requerido a título de pró-labore foram fixados tacitamente entre as partes.
6. Reforço o meu entendimento de que este dispositivo atinge somente a distribuição de lucros e
não, a remuneração total (distribuição de lucros + pró-labore), pois independentemente do resultado da sociedade, o administrador tem direito ao pró-labore como contrapartida pelos serviços prestados.
7. Fazendo essas observações e considerando o contido na quarta alteração contratual, concluo que
a distribuição de lucros, a partir de 25 de julho de 2008, estaria limitada a 30% (trinta por cento) dos lucros apurados; ou seja; 10% + 20%.
8. Reportando este raciocínio ao quadro do início da resposta, constata-se que, com exceção de
2009 e 2011, nos demais anos houveram retiradas de lucros em excesso, principalmente em 2014 que foi apurado prejuízo. Se houve prejuízo não havia lucro a ser distribuído. Portanto, durante o período suspeito da falência de 2009 a 2014 o Requerido recebeu a título de distribuição de lucros, a mais do que o previsto no contrato social, o total de R$ 211 mil.
9. Como demonstrado na resposta ao quesito de letra “f” a seguir, a DIAL devia para empresas do
Grupo Diplomata/Kaefer em 31.12.14 o total de R$ 2.375.690,60. Por outro lado, tinha a receber de outras empresas do mesmo Grupo o valor de R$ 1.611.439,84. Respondendo objetivamente o que foi perguntado, no momento da distribuição dos lucros, empresas do Grupo eram credoras da DIAL.
10. A título de informação adicional, observo que o Requerido continua prestando serviço à Massa
Falida percebendo R$ 18.375,00 por mês, que é a mesma remuneração que percebia anteriormente à quebra, considerando a soma do pró-labore + lucros distribuídos.
e) Levando em conta a movimentação de mais de 120 milhões entre a Diplomata e as demais
sociedades, entre 2009 e 2014, qual o critério utilizado para chegar à conclusão de que “implicava tão somente na proteção de valores”?
Resposta: Esta informação tem como base o relatório elaborado pela Sigha Consultoria e Auditoria Empresarial, empresa da qual o Sr.César Scherer (gestor da Massa Falida) é sócio, constante no Mov.173.10. Como o próprio relatório diz, trata-se de trânsito de recursos entre Diplomata e Dial Petróleo, que neste caso, implicava tão somente na proteção de valores. Segundo o que nos informou o Sr.Sidnei (contador da Diplomata), Sr.Ferrari (assistente técnico do Requerido) e também o Sr.César (Sigha), como a DIAL era uma das poucas empresas do Grupo que não tinha restrições para operar e, para que não houvesse bloqueio e/ou sequestro de valores da Diplomata, os valores disponíveis nas contas bancárias da Diplomata eram transferidos para a
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DIAL, que faziam a operação inversa, tão logo esses recursos eram necessários na Diplomata. Como pode ser observado, essa movimentação era diária ou, com poucos dias de diferença entre uma e outra, implicando quase sempre, em valores iguais de entradas e saídas. Da mesma forma, a demonstração de trânsito de valores entre a Diplomata e Dip Flex Mov.173.7 e Diplomata e Super Dip Mov.173.8, também vai de encontro à proteção de valores. Essa movimentação foi extraída do relatório do Coaf como bem salientado pelo Sr.César no Mov.173.2. Essa proteção de valores nada tem a ver com o que as empresas movimentaram e ficaram devendo uma para as outras, conforme resposta ao próximo quesito. f) Quanto de dinheiro a Diplomata e as demais empresas do grupo injetaram nas sociedades
administradas pelo Sr.João? Esses valores retornaram ou ficaram em aberto? Resposta: Examinando os balanços levantados em 31.12.14 e confrontando os valores a receber e a pagar das empresas do Grupo Diplomata/Kaefer que fazem parte deste incidente, constata-se que a DIAL tinha a receber de algumas empresas do Grupo o valor de R$ 1.611.439,84 e devia para outras empresas do Grupo o valor de R$ 2.375.690,60, conforme demonstrado na sequência. 1. Valores que a DIAL tem a receber de empresas do Grupo Diplomata/Kaefer
Nome da Empresa Valor em R$ � Diplomata 99.224,79 � Diplomata – veículos para revenda 1.046.391,19 � Dip Flex – Posto 124.775,82 � Coretuba 341.048,04 � Total a Receber 1.611.439,84
Observação: Conforme apurado juntamente com os Srs.Ferrari e Othmar Rempel, ambos
funcionários da Massa Falida e o primeiro também assistente técnico do Requerido, o valor
que consta na contabilidade da DIAL na conta “veículos para revenda”, refere-se a 05 (cinco)
caminhões placas AMR-6254, AMR-6255, AOW-2846, AOL-6079 e AQS-8385, que foram
contabilizados como se entregues pela Diplomata para quitar dívida com a DIAL, mas
efetivamente tais veículos nunca foram transferidos. Esses veículos estão devidamente
arrecadados na falência.
2. Valores que a DIAL deve para empresas do Grupo Diplomata/Kaefer
Nome da Empresa Valor em R$ � Alfredo Kaefer & Cia.Ltda. 1.507.753,99 � Dip Flex – Transportadora 867.936,61 � Total a Pagar 2.375.690,60
3. Portanto, em 31.12.14 a DIAL devia para empresas do Grupo Diplomata/Kaefer R$
2.375.690,60 e tinha a receber de outras R$ 1.611.439,84, valores estes que permanecem em aberto.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 184.1 - Assinado digitalmente por Augusto Antonio de Conto:18664954968
16/11/2015: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO DO PERITO. Arq: Laudo
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03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Pericia Joao L. Maschio mov. 184.pdf
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g) Justifique o motivo de não ter sido possível apurar retiradas fraudulentas, a exemplo do que ocorre com o saque de vales e outros tipos de práticas informais?
Resposta: Como disse, não foi possível apurar se fatos desse tipo possam ter ocorrido. Aprofundei os exames na movimentação de caixa, onde práticas como as citadas são mais comuns e poderiam ter sido usadas, mas também não constatei nenhum fato ou indício que pudesse comprovar tal prática. h) Se o Sr.João tinha conhecimento na área de combustíveis e distribuição de petróleo,
conforme consta na perícia, diga se o objeto social da Coretuba Distribuição e Varejo estava relacionado a tais atividades, bem como, se havia elementos a demonstrar se havia intenção de sucessão informal das atividades da Super Dip?
Resposta: O objeto social da CORETUBA se aproximava muito mais da atividade praticada pelo SUPER DIP do que à distribuição e comercialização de combustíveis que é a atividade da DIAL e expertise do Requerido. Como já foi dito na perícia, a CORETUBA foi criada com a finalidade de montar uma rede de lojas da franquia espanhola DIA100%, inicialmente pequenas lojas nos supermercados e postos de combustíveis explorados pelo Grupo Diplomata/Kaefer e, posteriormente, abririam a franquia para outros supermercados e postos de combustíveis, fato que não ocorreu. Nada impediria que a partir de um determinado momento, esta sociedade assumisse as atividades desenvolvidas pelo SUPER DIP. Se havia ou não tal intenção, o Requerido poderá dizer. i) De onde saíram os R$ 342 mil referentes a reforma de duas lojas de supermercado. Resposta: Todos os gastos com a reforma foram pagos pela DIAL que possui um valor a receber da CORETUBA R$ 341.048,04, ou seja: A DIAL pagou as despesas da reforma e debitou em conta corrente da CORETUBA, a qual não reembolsou e/ou, não pagou a DIAL. Quanto a manifestação do Requerido Mov.172.1 1. O Representante do Requerido conclui que a DIAL é um belo exemplo para a maioria das
empresas brasileiras. Diante dessa afirmação, trago novamente o quadro demonstrando a lucratividade durante o período suspeito de 2009 a 2014, já constante do Laudo Pericial Mov.160.1.
Em milhares de Reais Discriminação 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Totais
Faturamento 75.431 77.501 91.876 102.126 130.172 118.825 595.931 Resultado* 559 200 471 281 538 - 2.025 24 Percentual 0,74% 0,26% 0,51% 0,28% 0,41% - 1,70 0,004%
*Por resultado entende-se lucro ou prejuízo.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 184.1 - Assinado digitalmente por Augusto Antonio de Conto:18664954968
16/11/2015: JUNTADA DE MANIFESTAÇÃO DO PERITO. Arq: Laudo
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PROJUDI - Processo: 0024946-35.2012.8.16.0021 - Ref. mov. 46762.91 - Assinado digitalmente por Luis Claudio Montoro Mendes:14696476804
03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Pericia Joao L. Maschio mov. 184.pdf
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Uma empresa que em 6 (seis) anos faturou R$ 595 milhões e apresentou lucro de R$ 24 mil, que corresponde a 0,004% do faturamento, é exemplo a ser seguido??? 2. Diz o Representante do Requerido que as doações podem até ter penalizado o resultado, mas
não a liquidez da empresa, eis que, como já dito, não existia e não existe passivo algum. Como não??? Se não tivessem feito doações de campanha, existiria mais R$ 2,025 mil em caixa para honrar compromissos com credores do Grupo Diplomata/Kaefer.
3. Diz também, que é absurda a minha afirmação de que as doações eleitorais desviaram recursos
financeiros em detrimento dos credores; que a DIAL não possui passivo algum; que a DIAL não tem obrigação de pagar contas de outras empresas do Sr.Alfredo; que não posso fazer tal vinculação, pois no mundo real isso não existia; que não houve desvio e sim, doações eleitorais. Pois bem: O fato da falência ter sido decretada do Grupo Diplomata/Kaefer, vincula todas as empresas. Portanto, essa vinculação foi estabelecida na sentença de quebra e não por este perito.
Quanto aos documentos juntados pela Administradora Judicial no Mov.173 Saliento que não há influência dos documentos juntados neste movimento com as conclusões apresentadas. Observo que os relatórios referentes ao trânsito de recursos entre empresas do Grupo Diplomata/Kaefer já foram objeto de comentário; que as notas fiscais juntadas aos Mov.173.12 a 173.58 documentam o contido no item 5.3 do relatório Mov.173.2. Portanto, a documentação juntada e que se refere a este incidente, em nada influencia a perícia realizada. Permaneço ao inteiro dispor para os esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários. Em, 16 de novembro de 2015. Augusto Antônio de Conto Perito Contador CRC.PR.n° 013258/O-4 Assinado Digitalmente
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03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Pericia Joao L. Maschio mov. 184.pdf
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Exmo.Sr. Dr.Pedro Ivo Lins Moreira
MM.Juiz de Direito da Primeira Vara Cível Comarca de Cascavel – Paraná
Autos n° 0037342-73.2014.8.16.0021
Esclarecimentos complementares à perícia realizada do incidente de
João Luiz Maschio
Augusto Antônio de Conto, perito contador nomeado nos Autos Mov.43.1, registrado no Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Paraná, CRC-PR n° 013258/O-4, com escritório à rua Antonina n° 2.781, nesta cidade de Cascavel, Estado do Paraná, vem respeitosamente prestar esclarecimentos complementares solicitados pela Administradora Judicial Mov.186.1 e por V.Exa. Mov.233.1
Esclarecimentos solicitados pela Administradora Judicial Mov.186.1
1. As empresas citadas que compuseram o quadro societário da Dip Petróleo Distribuidora de Combustíveis Ltda. (atualmente DIAL), em nenhum momento receberam distribuições de lucros na proporção de suas quotas na sociedade.
Os lucros distribuídos exclusivamente ao Sr.João Luiz Maschio tinha por objetivo a complementação da sua remuneração mensal (pró-labore). Nos dois últimos anos anteriores à falência (2013 e 2014) o Sr.João recebeu mensalmente R$ 5.000,00 a título de pró-labore e mais R$ 13.000,00 a título de lucros distribuídos, perfazendo uma retirada total mensal de R$ 18.000,00, conforme Laudo Pericial Mov.160.1. O Sr.João sempre teve participação ínfima na sociedade (0,0001%) e, os valores por ele recebido a título de distribuição de lucro, não obedeceu a prerrogativa legal de serem pagos a todos os sócios na proporção de suas participações no capital social, haja vista, que só ele recebeu. Esta forma de complementação do pró-labore tinha por objetivo a economia tributária, pois não incide INSS à alíquota de 20% sobre lucros distribuídos, ao passo, que sobre pró-labore, há esta incidência.
2. É prática cada vez mais usual de mercado, destinar parte do lucro apurado pela sociedade no
final de cada exercício, para gratificar administradores e empregados. Esta prática é formalizada no Estatuto da Companhia, no Contrato Social, em atas de reuniões do Conselho de Administração ou da Diretoria. No caso em questão, está formalizada no Contrato Social, o qual se reporta ao artigo 152 da Lei n° 6.404/76 (Lei das Sociedades Anônimas). Portanto, o procedimento de distribuir lucros está previsto legalmente.
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Quanto ao percentual de 20% também está inserido entre as práticas usuais de mercado. O problema, é que o valor resultante da aplicação deste percentual era destinado a apenas um sócio e administrador, por tratar-se de complemento de pró-labore e não de distribuição de lucro propriamente dita. A distribuição de lucro, exceto em 2.014 que não houve lucro, nos demais não trouxe prejuízo à sociedade, uma vez que havia lucros disponíveis. Em 2.014 houve prejuízo à sociedade de R$ 156 mil. O fato de ter sido direcionado a um único sócio e administrador, é lógico que causou prejuízo aos demais sócios, mas reforço mais uma vez, era uma forma de complementação da sua remuneração mensal. Todos os valores foram contabilizados e declarados ao Fisco tanto pela empresa quanto pelo Sr.João.
3. Quanto ao crédito da DIAL de R$ 341.048,04 a receber da CORETUBA, está devidamente
contabilizado em ambas as empresas e informado ao Fisco.
Esclarecimentos solicitados por V.Exa.Mov.233.1
1. Observa-se que em 2.013 e 2.014 o rendimento médio mensal do Sr.João era de R$ 18.000,00, sendo; R$ 5.000,00 a título de pró-labore e mais R$ 13.000,00 a título de distribuição de lucro, que nada mais era do que uma forma de complementação do pró-labore. O aumento ocorrido não obedeceu a nenhum parâmetro baseado em algum índice de correção, tais como; (INPC – IGP-M), nem foi formalizado em nenhum documento.
2. A movimentação de valores relevantes entre a DIAL e Diplomata, de R$ 125.702.017,46 a
débito e R$ 126.816.042,93 a crédito, teve como único objetivo evitar o bloqueio de valores da Diplomata, em função da situação financeira extremamente debilitada. Como a DIAL naquele momento era uma empresa saudável, transferia-se valores da Diplomata para a DIAL e, na medida das necessidades, fazia-se a operação inversa, retornando os valores à Diplomata para que honrasse seus compromissos. Esta operação não causou descapitalização nem prejuízo ao Grupo Diplomata, uma vez que os valores circulavam entre empresas do mesmo Grupo. A empresa gerenciada pelo Sr.João serviu como um “porto seguro” à Diplomata, pois se assim não procedesse, poderia provocar a derrocada da Diplomata e, em consequência, das demais empresas inclusive a DIAL naquele momento. Atitudes como esta só serviram para postergar um fato sabido há muito tempo, que o Grupo Diplomata/Kaefer estava falido. Destaco o Laudo
Pericial feito por mim em dezembro de 2.010 nos Autos n° 002.189/2009 de Execução de
Título Extrajudicial movido pela Law Debênture contra a Diplomata, que tramitou na
Terceira Vara Cível da Comarca de Cascavel – PR, que já informava a grave situação
econômica e financeira que o Grupo atravessava naquele momento. Referido laudo foi citado por V.Exa.na sentença de convolação de recuperação judicial em falência – item 47 – fls.20 e 21.
3. Com referência às doações eleitorais efetuadas em 2.014 no total de R$ 2.105.500,00, sendo: R$ 1.270.500,00 para o candidato Jacob Alfredo Stoffels Kaefer e R$ 835.000,00 para outros
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candidatos, como já informado, foram legais, porém imorais. Imorais porque causaram prejuízo à sociedade, desviando recursos que poderiam ter sido utilizados para pagamento de credores. O Sr.João foi conivente com as doações eleitorais liberando a sua senha (token ou certificado digital para movimentação bancária) à funcionária que obedecia ordens diretas do Sr.Alfredo Kaefer e da Sra.Clarice (esposa do Sr.Alfredo Kaefer). Com isso, o Sr.João não autorizou referidas doações, mas não se opôs ao Sr.Alfredo para que as fizesse. Por outro lado, tendo liberado sua senha, é como se tivesse autorizado pessoalmente. Também não tomou nenhuma outra medida que pudesse brecar tal procedimento, preservando a sociedade de tal descapitalização. Saliento, que se não tivesse ocorrido as doações eleitorais, restariam no caixa da DIAL mais R$ 2.105.500,00 que poderiam ter sido destinados ao pagamento de dívidas trabalhistas, tributárias, com fornecedores e/ou credores da Diplomata S/A.Industrial e Comercial ou, de qualquer outra empresa do Grupo Diplomata/Kaefer. Alega o Sr.João que a DIAL não tinha dívidas deste tipo e isso é verdadeiro. No entanto, a título de exemplificação, a DIP FLEX da qual foi sócio e, a CORETUBA que é sócio, tem dívidas tributárias e trabalhistas de aproximadamente R$ 1 milhão, que poderiam ter sido liquidadas com esses recursos.
4. Quanto a CORETUBA, foi mais um negócio que o Grupo Diplomata se aventurou, com a
participação e conivência do Sr.João. Referida sociedade foi constituída em 21 de outubro de 2.013, quando a situação econômica/financeira do Grupo já estava totalmente comprometida. Ao invés de concentrar esforços na DIAL para maximizar seus resultados, desviou o foco para uma atividade totalmente estranha e desconhecida e, deu no que deu, mais prejuízo.
Trata-se de caso típico de subcapitalização societária, como muito bem salienta Gustavo Saad Diniz em seu livro “Subcapitalização Societária – Financiamento e Responsabilidade” pág.17, Editora Fórum 2012, que diz: Hoje as sociedades empresárias se formam muitas vezes com
estrutura de capital insuficiente para o risco de atividade e isso acaba sendo coberto por
crédito de terceiros e uma alavancagem de excessivos endividamentos. Por conseguinte, o
mercado acaba arcando com os riscos próprios dos sócios, por transferência indevida. (grifo meu).
Vejamos: Foi constituída com um capital de R$ 500 mil, que não foi integralizado. A razão de constituir uma empresa e sequer integralizar o capital não pode ser outra senão a de transferir o risco ao mercado. Ficou devendo mais de R$ 40 mil em impostos. Investiu R$ 341 mil em reforma de salas em prédio de terceiros, que com a reintegração de posse aos proprietários, acabou perdendo tudo. Neste caso, quem arcou com os prejuízos foi o Fisco e a DIAL, esta última em funcionamento após a falência, aguardando autorização da ANP – Agência Nacional de Petróleo, para transferência das atividades à subsidiária integral Diplomata Petróleo S/A., encarregada de gerir esta atividade pós-falência.
5. No tocante a adequação do valor do pró-labore pago ao Sr.João, é compatível com os valores médios praticados pelo mercado para remunerar profissionais no mesmo patamar de conhecimento e responsabilidade. Informo também, que este profissional continua trabalhando
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para a Massa Falida, em função equivalente a anterior, percebendo a mesma remuneração praticada anteriormente à falência de R$ 18.375,00 mensais.
Houve distribuição de lucros exclusivamente ao Sr.João, por ser esta a forma utilizada de complementação do seu pró-labore. Conforme raciocínio constante dos esclarecimentos Mov.184.1, onde demonstro os lucros apurados em relação aos lucros distribuídos, constatei que foram distribuídos indevidamente ao Sr.João R$ 211 mil sob este título, considerando que todo o valor distribuído em 2.014 de R$ 156 mil foi indevido, porque naquele ano foi apurado prejuízo em função das doações eleitorais. Além do pró-labore e da distribuição de lucros não foi constatada qualquer outra forma de remuneração indireta, tais como; despesas pessoais pagas pela sociedade.
6. As informações de que trata o art.1065 do Código Civil (Lei n° 10.406/02) foram elaboradas,
assinadas e informadas através do registro de livros na Junta Comercial ou, através de SPED – Sistema Público de Escrituração Digital entregue à Secretaria da Receita Federal. Portanto, os relatórios de atividades restringiam-se as informações contábeis divulgadas em balancetes e balanços. Nenhum outro tipo de relatório de atividade, seja mensal ou anual, era elaborado.
Permaneço ao inteiro dispor para outros esclarecimentos que se fizerem necessários. Em, 04 de fevereiro de 2.016.
Augusto Antônio de Conto Perito Contador
CRC.PR.n° 013258/O-4 Assinado Digitalmente
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
1
Sentença de mérito
Incidente Falimentar n. 0037342-73.2014.8.16.0021
Parte autora: Ministério Público do Estado do Paraná;
Parte ré: João Luiz Maschio;
Terceiro interessado: Capital Administradora Judicial Ltda.
I. SUMÁRIO
1. Preambularmente, considerando a complexidade e as peculiaridades do presente
caso, mostra-se pertinente a elaboração de um sumário para facilitar a compreensão
e a leitura desta sentença:
I.SUMÁRIO..............................................................................................................................................................01 II. RELATÓRIO........................................................................................................................................................02 III. FUNDAMENTAÇÃO...........................................................................................................................................05
III.1.Das preliminares aventadas pelo requerido.................................................................................................05 a) Inaplicabilidade dos efeitos da revelia.......................................................................................................05 b) Violação do devido processo legal pelo cerceamento de defesa..............................................................06 c) Da ausência de legitimidade do Ministério Público do Estado do Paraná..................................................08
III.2. Breve introdução à controvérsia.................................................................................................................11 III.3. Multidisciplinariedade e o microssistema da responsabilidade societária...................................................13 III.4. Do Caso Concreto......................................................................................................................................15 III.5. Da Relação entre o réu e o grupo falido......................................................................................................16 III.6. Das condutas frente à DIP Petróleo Distribuidora de Combustíveis Ltda. (DIAL Distribuição Abastecimento
e Logística Ltda).................................................................................................................................................16 III.6.1.Contextualização do histórico da empresa...............................................................................................16 III.6.2.Enquadramento Jurídico do Ilícito ............................................................................................................18
a) A promiscuidade patrimonial entre empresas do grupo e a maquiagem da crise econômica (teoria da deepening insolvency)..................................................................................................................................19 b) Das Doações para campanha...................................................................................................................27 c) Do esvaziamento do caixa para fazer investimento em outra empresa.....................................................29 d) Apropriação indevida de valores...............................................................................................................30
III.7. Das condutas praticadas frente à Dip Flex Comércio de Combustíveis Ltda...............................................32 III.8. Das condutas frente à Coretuba Distribuição e Varejo Ltda........................................................................32 III.9 Do exame das teses defensivas..................................................................................................................35
a) Do Grupo Diplomata.................................................................................................................................38 b) Os prejuízos causados a terceiros............................................................................................................44
III.10. Da violação aos deveres da boa administração (Corporate Governance).................................................45 a) Sobre o dever de lealdade........................................................................................................................48 b) Sobre o dever de diligência e boa-fé.........................................................................................................50 c) Da omissão enquanto sócio e administrador.............................................................................................51
III.11. Da prova oral produzida............................................................................................................................54 III.12. Responsabilidade solidária e parâmetro da indenização..........................................................................56
IV. DISPOSITIVO.....................................................................................................................................................61
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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PROJUDI - Processo: 0024946-35.2012.8.16.0021 - Ref. mov. 46762.93 - Assinado digitalmente por Luis Claudio Montoro Mendes:14696476804
03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Sentenca Joao L. Maschio.pdf
Página 122
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
2
II. RELATÓRIO:
2. Trata-se de procedimento instaurado, em síntese, por força de pedido realizado no
parecer final do Ministério Público (mov. 1.2), acostado nos autos de recuperação
Judicial convolada em falência n. 24946-35.2012.8.16.0021.
3. A determinação para criação deste incidente constou na sentença de quebra (mov.
1.1), confira-se:
Em respeito ao devido processo legal e com base no princípio da adaptabilidade,
determino a instauração de incidentes para adequar o processamento do pedido do
Ministério Público referente à extensão dos efeitos da falência e desconsideração
da personalidade jurídica. A medida serve para oportunizar o contraditório diferido,
bem como evitar o tumulto nos autos principais.
4. Devidamente citado, João Luiz Maschio apresentou, no lugar da contestação,
arguição de suspeição e impedimento padronizada (mov. 9.1)1. Nada alegou sobre os
fatos ligados à sua participação no grupo falido e nos ilícitos praticados.
5. Em seguida, manifestação do Administrador Judicial no mov. 17, rebatendo as
impugnações e opinando pela responsabilização com base na desconsideração da
personalidade jurídica.
6. Parecer do Ministério Público no mov. 21.
7. No mov. 43 determinou-se a realização de prova pericial.
8. Diversos documentos juntados, merecendo destaque os movs. 26, 41, 61, 66, 173
e 226.
1 Diz-se padronizada porque praticamente o mesmo conteúdo da petição foi apresentado em outros incidentes.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Sentenca Joao L. Maschio.pdf
Página 123
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
3
9. Petição do réu no mov. 58, arguindo violação do devido processo legal. Tais
nulidades foram examinadas e rejeitadas na decisão de mov. 60.
10. No mov. 72, o réu peticionou mudança em sua representação processual, sendo
nova contestação oferecida pelo novo procurador. Fiz a apreciação desta ocorrência
no mov. 74, asseverando que aquele não era o momento propício para o ato
praticado.
11. O processo seguiu o seu curso e o perito contábil nomeado, Sr. Augusto de Conto,
acostou o laudo no mov. 160. Após, prestou esclarecimentos nos movs. 184 e 240.
12. As partes falaram sobre o laudo nos movs. 172, 186, 195 e 291.
13. No mov. 310 foi indeferido o pedido de substituição de indisponibilidade, em que
o réu informava a venda de seu BMW 320i para suposto terceiro de boa-fé.
14. Termo de audiência de instrução nos movs. 218 e 344, ocasião em que também
foi oportunizada a apresentação de alegações finais por escrito.
15. Sobrevieram as últimas manifestações da massa falida no mov. 351, do Ministério
Público no mov. 355 e do requerido no mov. 358. Nos próximos parágrafos faço um
breve resumo sobre as mesmas.
16. Pela massa foi requerida a procedência da demanda sob o argumento de que as
provas demonstraram que o réu praticou atos que trouxeram prejuízo a credores, pois
como sócio-administrador teve importante participação nas perdas advindas da
doação para campanha eleitoral do Sr. Alfredo Kaefer, distribuição antecipada de
lucros, empréstimo de domicílio bancário para recebimento de valores pela Diplomata,
empréstimo para a Coretuba integralmente perdido e etc.
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22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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17. O Ministério Público não divergiu. Igualmente pediu a procedência para
reconhecimento da responsabilidade e condenação do réu porque entendeu que o Sr.
João Maschio era envolvido com o grupo e teve atuação relevante em atos de
confusão patrimonial próximos a R$ 125.000.000,00. Também aponta como
fraude/desvio o recebimento de R$ 211.000,00 a título de adiantamento de lucro, bem
como os R$ 2.105.500,00 doados para campanha. Por fim, aponta irregularidade na
subcapitalização da Coretuba, cuja dívida é de aproximadamente R$ 400.000,00.
18. O requerido, por sua vez, pede para não lhe aplicar os efeitos da revelia, sem
prejuízo de ver reconhecida a violação ao devido processo legal, contraditório e ampla
defesa, já que não foi parte no processo falimentar. Argui, ainda, a ilegitimidade do
Ministério Público para requerer a convolação da falência.
19. No contexto do direito material, o réu nega ser testa-de-ferro, mas sim um
experiente administrador da área de distribuição de combustível. Reputa importante
pontuar que não possui débitos, que seu patrimônio é proporcional ao declarado e aos
anos de serviço prestado. Quanto a principal empresa que administrava (Dial),
sustenta o seu não pertencimento ao grupo falido. Alega impossibilidade de fraude em
virtude da mesma ser lucrativa, salientando que foi a sua eficiente gestão que impediu
que ela tivesse a mesma sorte das demais empresas controladas pelo Sr. Kaefer.
Também afirma que a relação patrimonial entre a Dial e a Diplomata não possui nada
de anormal e é regularmente explicada pela contabilidade. Sustenta que as
transferências bancárias não eram feitas por ele, mas sim por uma funcionária que
tinha seu cartão e-token. No tocante a doação eleitoral e recebimento adiantado de
remuneração, defende a legitimidade das operações porque se enquadram na
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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legislação aplicável. Discorre, ainda, sobre a ausência de requisitos para a
desconsideração da personalidade jurídica, principalmente porque não vislumbra
qualquer prejuízo causado à terceiros.
20. Ato contínuo, os autos vieram conclusos para sentença. Passo a decidir.
III. FUNDAMENTAÇÃO:
III.1. Das preliminares aventadas pelo requerido:
a) Inaplicabilidade dos efeitos da revelia:
21. A regra do pretérito e do atual Código de Processo Civil sempre caminhou no
sentido de exigir, em sede de contestação, a impugnação específica dos fatos objetos
da demanda. Na hipótese dos autos, contudo, não foi isso que ocorreu, bastando para
tanto a leitura da genérica contestação de mov. 9.1.
22. O réu, então, promoveu a substituição de seu procurador, oportunidade em que
manejou “intervenção no processo” visando aperfeiçoar a defesa apresentada (vide
mov. 72).
23. Examinando a peça, fiz constar, na decisão de mov. 74, o seguinte:
4 – Com efeito, tendo o requerido apresentado sua defesa no mov. 9.1, não lhe é
dado o direito de apresentar uma nova contestação, agora no mov.72. 5 – O
momento adequado para falar novamente sobre a situação posta nos autos é na
fase das alegações finais, desde que observe-se o previsto em lei.
24. Atendendo a esta determinação, o réu incorporou todas as suas teses de fato e
de direito nas alegações finais, reafirmando o pedido para não aplicação dos efeitos
da revelia.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
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PROJUDI - Processo: 0024946-35.2012.8.16.0021 - Ref. mov. 46762.93 - Assinado digitalmente por Luis Claudio Montoro Mendes:14696476804
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25. Neste ponto deve ser acolhido o requerimento do réu, pois apesar de sua
contestação ter sido genérica, as peculiaridades do presente caso tornam inadequada
a aplicação de qualquer presunção que pudesse prejudicá-lo.
26. Afinal, como muitas situações envolvidas neste processo se deram em caráter de
“fato superveniente”, negar conhecimento à substanciosa argumentação apresentada
no mov. 358 importaria em violação ao art. 5º, incs. LIV e LV da CRFB.
27. Forte nessa premissa, afasto os efeitos da revelia e consigno que todas as teses
registradas nas alegações finais - que puderem influenciar no julgamento - serão
examinadas nesta sentença.
b) Violação do devido processo legal pelo cerceamento de defesa:
28. Ao contrário do que sustenta o requerido, o presente incidente constitui um
desdobramento da sentença de quebra, sendo criado para garantir os direitos de
defesa, em sua máxima amplitude, àqueles que supostamente incorreram em desvios
e prejuízos contra os credores da massa falida do Grupo Diplomata.
29. Nesse viés, não procede a alegação contida no item IV, alínea “b” do mov. 358,
onde sustentou que: “nunca foi chamado a se defender no processo falimentar e os
efeitos da sentença foram a ele aplicados de forma absolutamente nula, pois foi
responsabilizado em processo do qual não fez parte. [...] Como se desconsiderou a
personalidade jurídica das empresas em que o Requerido foi sócio, era dever do juízo,
em atenção à ampla defesa, citar o requerido para que pudesse se defender no
processo falimentar, o que não ocorreu”.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
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30. A afirmativa não merece prosperar porque foi observado o rito ordinário com ampla
cognição e paridade de armas, englobando o direito postular e de produzir provas,
sendo certo que todas as exigências constitucionais atinentes ao devido processo
legal foram respeitadas.
31. Registe-se, por oportuno, que a sentença de quebra não apreciou qualquer
questão de mérito, em caráter definitivo, relacionada ao Sr. João Luiz Maschio. A bem
da verdade, este juízo somente adotou, diante dos indícios existentes, medidas
cautelares para evitar dilapidação e desvio de patrimônio.
32. O procedimento adotado seguiu estritamente o disposto na legislação de regência,
conforme demonstra a redação do art. 82 da Lei n.11.101/05:
Art. 82. A responsabilidade pessoal dos sócios de responsabilidade limitada, dos
controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas
respectivas leis, será apurada no próprio juízo da falência, independentemente da
realização do ativo e da prova da sua insuficiência para cobrir o passivo, observado
o procedimento ordinário previsto no Código de Processo Civil.
33. Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero2 interpretam esta regra aduzindo
que a observância de procedimento ordinário não se confunde com a necessidade de
propositura de ação autônoma3, senão vejamos:
2 in Osmar Brina Corrêa-Lima e Sérgio Mourão Corrêa-Lima: Comentários à Nova Lei de Falências e Recuperação de Empresas,
Ed. Forense, 2009, p. 526 e ss.
3 No âmbito do Superior Tribuna de Justiça, confira-se (i) Pela Terceira Turma: REsp 1266666/SP, Dj. 09/08/2011; AgRg no
REsp 1459831/MS, Dj. 21/10/2014; AgRg no AREsp 224.113/MS, Dj. 18/02/2014; REsp 228357/SP, Dj. 02/02/2004; (ii) Pela
Quarta Turma: REsp 881.330/SP, Dj. 19/08/2008; REsp 1071643/DF, Dj. 02/04/2009; REsp 907.915/SP, Dj. 07/06/2011; e REsp
1096604/DF, Dj. 02/08/2012. Por todos, transcrevo a lição do processualista e Desembargador, Alexandre Freitas Câmara:
“Direito empresarial. Extensão a terceiro, ex-sócio, dos efeitos de decisão que decretou falência de sociedade.
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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O artigo em comento alude à responsabilidade dos sócios, dos controladores e
administradores da sociedade falida, prescrevendo a sua apuração no próprio juízo
falimentar. Contudo, eventuais beneficiários de condutas ilícitas (atos ultravires ou
fraudulentos) praticadas por aquelas pessoas também podem ser responsabilizadas
no juízo falimentar, quer se tratem de pessoas físicas ou de outras sociedades. Não
se mostra necessário, inclusive, processo autônomo para tanto, dês que se
possibilite paridade de armas a todos que participem do feito. A responsabilidade a
eles pode ser estendida, sendo possível ainda, a desconsideração de eventual
personalidade jurídica, sempre observando o contraditório e a ampla defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes.
34. No mais, importante mencionar que eventual alteração do panorama processual,
em virtude de nova circunstância fática revelada durante o seu curso, não representa
qualquer ilegalidade, máxime quando se assegura o pleno debate sobre ela (art. 462
do CPC/73 e art. 493 do NCPC)4.
c) Da ausência de legitimidade do Ministério Público do Estado do Paraná:
35. A legitimidade do Ministério Público para requerer convolação em falência ou
ajuizar ação de responsabilidade não necessita estar, expressamente, prevista em
Desnecessidade de instauração de processo autônomo, desde que respeitados, em incidente processual, os princípios
do devido processo legal e do contraditório”. (TJRJ - AI n. 2009.002.07815, 2ª CC, Dj. 29/04/2009).
4 Na esteira dos ensinamentos de Fredie Didier Jr.: “O Art. 462 do CPC admite a possibilidade de o juiz, a requerimento da parte
ou mesmo de ofício, levar em consideração fatos constitutivos, modificativos ou extintivos do direito, que sejam supervenientes
e influam no julgamento da causa. [...] consagra o princípio segundo o qual a decisão deve refletir o estado de fato e de direito
existente no momento do julgamento da demanda, e não aquele que existia quando da sua propositura [...] A flexibilização do
rigor da estabilidade objetiva da demanda, nestes casos, proporciona não só resultados úteis, justos e efetivos, como também
uma maior economia processual. (in Curso de Processo Civil, v. 2, 6ª Ed., 2011, p.348-354).
No âmbito do Superior Tribunal de Justiça confira-se: (i) Terceira Turma - Resp. n. 911932/RJ Dj. 19.03.2013; (ii) Quarta
Turma: Resp. n. 500182/RJ, Dj. 03.09.2009.
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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artigo de lei, uma vez que a dimensão de sua atribuição emana diretamente da
Constituição Federal, que assim dispõe:
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: [...] II - zelar pelo efetivo
respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias à sua
garantia;
36. Em sua obra dedicada a Lei de Recuperação e Falência, Manoel Justino Bezerra
Filho5 trata desta questão, senão vejamos:
Enfim, o melhor entendimento, que trará maiores garantias à sociedade, é no
sentido de que os três procedimentos previstos nesta Lei (recuperação extrajudicial
com pedido de homologação judicial, recuperação judicial e falência) envolvem
sempre o interesse público e, por isso, até por se tratar de situação de crise da
empresa, poderá haver ameaça de lesão a esse interesse. Em consequência,
sempre que necessário, o Ministério Público deve ser ouvido, zelando o juiz do
processo para que os autos lhe sejam remetidos quando a situação, a critério
judicial, assim recomendar.
37. No caso do Grupo Diplomata, por exemplo, havia notícias de ilícitos graves
capazes de ameaçar os interesses múltiplos envolvidos, tais como os mais de 5000
credores trabalhistas, o elevado déficit fiscal e a dependência econômica dos
pequenos produtores rurais.
38. Tudo isso somado a bilionária dívida, sem sombra de dúvidas, autorizava uma
participação consistente do Ministério Público.
5 in Lei de Recuperação de Empresas e Falências. 9º Ed. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2013. P. 70.
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39. Assim, equivocada a interpretação que vê um quadrante máximo de atuação nos
dispositivos legais da Lei n.11.101/05 que tratam, expressamente, do Parquet, a
exemplo dos artigos 8º; 19; 22, §4º; 30 §2º; 52, V; 59 §2º; 99, XIII; 104, VI; 132; 142 §
7º; 143; 154§ 3º; 187; 187 §2º. Os defensores desta posição, salvo melhor juízo,
partem de uma leitura errônea, pois traçam limites às atribuições constitucionais por
meio de lei ordinária6.
40. A minha leitura sobre o tema é completamente diferente. Penso que tais artigos
visam apenas estabelecer um quadrante mínimo da participação ministerial, por
denotarem situações cuja atuação mostra-se imprescindível, de acordo com os
critérios ponderados pelo legislador7.
41. Destarte, o Ministério Público é o “senhor” de suas próprias atribuições, restando
ao Judiciário apenas aferir a observância dos artigos 127 a 129 da Constituição
6 Vale conferir a explicação de J. J. Gomes Canotilho: “Uma interpretação autêntica da constituição feita pelo legislador ordinário
é metodicamente inaceitável. Por um lado, o legislador não pode pretender fixar o sentido de uma norma constitucional tal como
o faz em relação às leis por ele editadas [...] Ele é um dos destinatários das normas constitucionais [...] cumprindo-lhe concretizar
a constituição, mas não é dono das normas constitucionais para poder, ex voluntate, fixar o sentido dessa norma”. (in Direito
Constitucional e Teoria da Constituição, 7ª ed., Almedina, 2007, p. 1231).
7 “A falência de um empresário gera inúmeros efeitos de ordem econômico-social, pois desestabiliza o sistema de crédito e
compromete o equilíbrio financeiro dos credores, podendo gerar, a partir do seu maior ou menor grau de incidência, perniciosos
efeitos na própria economia do País. Identificado o estado de falência, devem ser adotadas as medidas necessárias à
individualização das causas de sua ocorrência, buscando evitar, tanto quanto possível, a sua repetição ou mesmo a sua
indesejada exploração lucrativa, o que ensejaria o enriquecimento do falido e a frustração dos direitos creditícios de tantos
quantos com ele negociaram. É esse, em essência, o interesse público que tem justificado a intervenção do Ministério Público
em todas as fases do processo falimentar”. (Emerson Garcia in Ministério Público: Organização, atribuições e regime jurídico.
3º Ed. Rio de Janeiro. Lumen Juris. 2008. P. 330)
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Federal. Sobre o tema, oportuna a transcrição da seguinte ementa do Superior
Tribunal de Justiça:
[...] 2. Diante da inegável influência que um decreto de falência exerce na ordem
social, bem como diante da necessidade de se fiscalizar a obediência ao pagamento
preferencial de certas modalidades especiais de crédito disciplinadas pelo Poder
Público, reconhece-se a legitimidade do Ministério Público para realizar pedido
incidental, nos autos da falência, de desconsideração da personalidade jurídica e
de indisponibilidade de bens dos envolvidos em ato tido como destinado a prejudicar
credores da falida. 3. A existência de medida cautelar específica não impede o
exercício do poder cautelar do juiz, embasado no artigo 798 do CPC. 4. Garantido
o direito ao contraditório, ainda que diferido, não há falar em nulidade de decisão
que desconsidera a personalidade jurídica, em autos de processo de falência, para,
cautelarmente, alcançar bens de administradores que teriam agido com o intento de
fraudar credores. 5. A indisponibilidade de bens, quando determinada com o
objetivo de garantir o integral ressarcimento da parte lesada, alcança todos os bens,
presentes e futuros, daquele acusado da prática de ato ímprobo. 6. Recurso
especial desprovido e pedido cautelar indeferido. (STJ - REsp 1182620/SP, Rel.
Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 10/12/2013)
42. De toda sorte, todos os incidentes estão contando com a participação do
Administrador Judicial, que – além de possuir legitimidade para zelar pela massa –
não se opôs a iniciativa do Ilmo. Promotor de Justiça.
III.2. Breve introdução à controvérsia:
43. Há muito tempo, doutrina especializada vem alertando que o empresário de má-
fé, em estado de crise financeira profunda, propende a dar sobrevida artificial ao seu
negócio no intuito de extrair algum tipo de proveito8.
8 É a lição de Ricardo Tepedino, in Lei de Recuperação de Empresas e Falência, organizado por Paulo F.C. Salles de Toledo
e Carlos Henrique Abrão, Ed. Saraiva, 5ª Ed., 2012, p. 448. No mesmo sentido, Yussef Said Cahali, in Fraude Contra Credores,
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44. Invariavelmente, recusa-se a reconhecer a insolvabilidade, não por confiar na
possibilidade de superação, mas porque sabe que a conservação do poder de controle
permite-lhe drenar, discretamente, as últimas forças patrimoniais da sociedade em
franco prejuízo à terceiros.
45. Para alcançar tal desiderato em estruturas empresariais complexas, o controlador
conta com auxílio de outras pessoas de sua confiança, tais como gerentes, diretores,
supervisores, e demais ocupantes de cargos influentes, que aceitam cooperar para o
êxito do plano ilícito9.
46. Vejamos como isso ocorreu na hipótese dos autos envolvendo o Sr. João Maschio.
5ª Ed., Editora RT, 2013, p. 537. Por todos, transcreva-se a visão de Fábio Ulhoa Coelho: “O Devedor (em caso de empresário
individual) e os sócios, acionista controlador ou administradores de uma sociedade empresária, ao pressentirem que a
empresa se encontra em situação econômica pré-falimentar - caracterizada pela dificuldade de receber e realizar
pagamentos, redução da demanda dos produtos e serviços oferecidos, retração do crédito bancário -, podem ser
tentados a evitar a decretação da quebra ou contornar suas consequências por meios ilícitos, fraudando credores ou
as finalidades de execução concursal (que são a realização do ativo, o pagamento do passivo, o tratamento paritário dos
credores etc.). Poderão, nesse contexto, simular atos de alienação de bens do patrimônio social ou instituir, em favor de credor
quirografário, garantia real em troca de alguma vantagem indevida”. Grifo nosso (in Comentários à Lei de Falências e de
recuperação de empresas, 10ª Ed., Saraiva, 2014, p. 455.)
9 “A teoria do domínio do fato teria surgido no finalismo para fundamentar a punição, a título de autor, daquele que se vale de
interposta pessoa, como se fosse um instrumento, para praticar o ilícito. Entretanto, não se ignora que, muitas vezes, os
concorrentes desempenham ações indispensáveis ao resultado final, de forma plenamente racional e responsável. Para tais
hipóteses, desenvolveu-se a teoria do domínio funcional do fato. Ela preconiza a punição de todos os que atuam sob o selo da
divisão racional de tarefas, a título de autor, ou melhor, coautores.” (Artur de Brito Gueiros Souza, in Atribuição de
responsabilidade na criminalidade empresarial: das teorias tradicionais aos modernos programas de compliance. Revista de
Estudos Criminais, n. 54, jul/set. 2014, p. 107)
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III.3. Multidisciplinariedade e o microssistema da responsabilidade societária:
47. Antes de examinar o caso concreto, contudo, é preciso abrir parênteses para tecer
alguns comentários sobre a interpretação da responsabilidade civil do sócio ou do
administrador no âmbito da falência.
48. É comum ler nos livros dedicados ao tema, que a Lei n. 11.101/05 possui conteúdo
multidisciplinar, não só por envolver diversos ramos do direito10, mas por sofrer,
igualmente, influxos de outras ciências, a exemplo da contabilidade e economia.
49. A questão é de grande relevância, afinal, o ramo jurídico a incidir na espécie
exerce influência dominante sobre a sua solução, sendo intuitivo que subsunções
pautadas em premissas equivocadas conduzirão a resultados “incorretos”.
50. In casu, por exemplo, os credores trabalhistas e tributários ficariam desprotegidos
caso a legislação especial não fosse aplicada pelo juízo universal da falência,
notadamente quando se tem a competência absoluta tanto para responsabilização
(art. 76 c/c 82 da LRF), quanto para execução (art. 99, inc. V da LRF)11.
51. Forçoso concluir, portanto, que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o
Código Tributário Nacional (CTN) são fontes normativas que também “dialogam” com
a Lei n. 11.101/05 no desenvolvimento da tarefa subsuntiva.
10 É de se mencionar que as legislações falimentares dos ordenamentos jurídicos de todo o mundo são complexas, já que devem
tratar tanto de assuntos do ramo do direito empresarial, como de direito civil, penal, tributário, processual civil e penal,
administrativo, econômico, entre outros. (in Manoel Justino Bezerra Filho, op.cit., p. 39)
11 Neste sentido Maurício Godinho Delgado, Curso de Direito Tributário, 14ª Ed., LTR, 2015, p. 918-920. Na jurisprudência:
STF - Rcl 16962 MC, julgado em 17/12/2013.
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52. Ao lado dessas fontes são igualmente aplicáveis a principiologia e as disposições
esparsas do Código Civil e da Lei de Sociedades Anônimas formadoras do
microssistema da responsabilidade civil no âmbito societário12.
53. Afinal, a máxima naeminem laedere13 demanda exegese capaz de propiciar uma
integração coerente entre as diversas fontes do direito, evitando-se com isso o
desamparo dos lesados e a insensibilidade com suas circunstâncias14.
12 Em artigo destinado ao assunto, Cláudia Lima Marques explica: “1) na aplicação simultânea das duas leis, uma lei pode
servir de base conceitual para a outra (diálogo sistemático de coerência), especialmente se uma lei é geral e a outra especial [...]
2) na aplicação coordenada das duas leis, uma lei pode complementar a aplicação da outra, dependendo de seu campo de
aplicação no caso concreto (diálogo sistemático de complementariedade e subsidiariedade em antinomias aparentes ou reais),
e, ainda, indicando a aplicação complementar tanto de suas normas, quanto de seus princípios, no que couber, no que for
necessário ou subsidiariamente. [...] 3) há, ainda, o diálogo das influências recíprocas sistemáticas, como no caso de uma
possível redefinição do campo de aplicação de uma lei [...]” (in Superação das antinomias pelo diálogo das fontes - Revista de
Direito do Consumidor vol. 51, 2004, p. 34-67). Por sua vez, Fábio Ulhoa Coelho: “Os deveres de diligência e lealdade,
prescritos aos administradores de sociedade anônima, embora referidos na LSA (arts. 153 e 155), podem ser vistos
como preceitos gerais, aplicáveis a qualquer pessoa incumbida de administrar bens alheios”. (Curso de Direito Comercial,
v.2, Saraiva, 2005, p. 440)
13 Sérgio Cavalieri Filho, citando San Tiago Dantas, afirma que o principal objetivo da ordem jurídica é proteger o lícito e reprimir
o ilícito. Avançando no tema, esclarece o conteúdo da expressão naeminem laedere, vejamos: “Para atingir esse desiderato, a
ordem jurídica estabelece deveres que, conforme a natureza do direito a que correspondem, podem ser positivos, de dar ou
fazer, como negativos, de não fazer ou tolerar alguma coisa. Fala-se, até, em um dever geral de não prejudicar a ninguém,
expresso pelo Direito Romano através da máxima neminem laedere”. (In Programa de Responsabilidade Civil, 7ª Ed., Atlas,
2007, p.1)
14 Registre-se que apesar desta contextualização ser pouco usual - principalmente no âmbito de um juízo cível em que as matérias
tributárias e trabalhistas são estranhas ao seu dia-a-dia - nem por isso é dado rotulá-la de incorreta, notadamente porque os
Juízos Fiscal e Trabalhistas “perdem” parcela de suas competências para o Juízo Universal. Daí porque profundamente
acertada a obra de Nelson Abrão ao consignar que o direito falimentar é o mais público de todos os direitos (A
continuação do negócio na falência, 2ª ed., Ed. Leud, 1998, p. 63).
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III.4. Do caso concreto:
54. Com a decretação da falência e o afastamento dos devedores da administração -
que até então detinham o monopólio das informações societárias - restou franqueado
o acesso aos registros, livros, contratos e demais dados contábeis que, em tese,
descortinam o passado do Grupo Diplomata.
55. Isso contribuiu para compreensão da dinâmica dos ilícitos praticados, inclusive
abrindo caminho para que fossem apuradas as causas dos danos econômicos e
sociais refletidos na assombrosa dívida de 1,5 bilhões de reais.
56. Com efeito, o caderno probatório demonstra que o réu ocupava elevados cargos
na estrutura administrativa, como sócio-administrador. A esse respeito, confira-se o
gráfico abaixo:
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III.5. Da relação entre o réu e o grupo falido:
57. As empresas do ramo de distribuição de combustível do Grupo Diplomata
contaram com o envolvimento do Sr. João Maschio de 2005 até 2014. Desta forma,
correto afirmar que o mesmo esteve à frente da administração dos negócios por
quase 10 (dez) anos, tempo suficiente para desenvolver amplo conhecimento e
domínio sobre eles no contexto do conglomerado.
58. A seguir, será analisada cada uma das entidades das quais o réu teve relevante
ingerência.
III.6. Das condutas frente à Dip Petróleo Distribuidora de Combustíveis Ltda.
(Dial - Distribuição Abastecimento e Logística Ltda.):
II.6.1. Contextualização do histórico da empresa:
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59. A sociedade Dip Petróleo Distribuidora de Combustíveis (Dial Ltda.) foi criada para
o comércio de distribuição de combustíveis, em outubro de 2005, dispondo de um
capital social de R$ 1.800.000,00, (hum milhão e oitocentos mil reais) distribuído em
1.799.999 cotas para Diplomata S/A Industrial e Comercial e 1 cota João Luiz Maschio.
60. Segundo a perícia de mov. 160, a integralização do capital foi feita pela Diplomata
S/A, mediante depósito de R$ 1.800.000,00 realizado em janeiro de 2006. Vale
transcrever um trecho do laudo:
Importante: Segundo o Sr. João Luiz Maschio, a criação da DIAL foi ideia sua.
Ele procurou o Sr. Alfredo Kaefer para uma sociedade de capital e trabalho, já
que ele tinha conhecimento do negócio, mas não tinha dinheiro. A promessa
do Sr. Alfredo é de que ele teria 8% de participação na sociedade, fato que
nunca ocorreu. Outro objetivo de participar da sociedade era a possibilidade
de fazer retiradas (distribuição) de lucros em complemento ao pró-labore, cuja
parcela estaria isenta dos encargos sociais.
61. Já em março de 2011 (período inserido no termo legal da falência), houve
alteração societária aumentando o capital social para R$ 3.000.000,00 (três milhões
de reais) de reais, mediante mais um aporte de R$ 1.200.000,00 (hum milhão e
duzentos mil reais) feito pela Diplomata S/A por meio da “Reserva de Lucro”. Com
esta operação ela passou a deter 2.999.998 das cotas e o Sr. João Maschio 2 cotas.
62. Nesta mesma ocasião, a Diplomata S/A transfere e cede a totalidade de suas
cotas para Alfredo Kaefer & Cia Ltda - representada por Clarice Roman - que passa
a condição de sócia juntamente com o réu15.
15 Consta no laudo: “Quanto à venda das quotas da Diplomata S/A para a Alfredo Kaefer & Cia Ltda. [...] houve apenas
lançamentos contábeis em conta corrente, inexistindo entrada efetiva de recursos financeiros na Diplomata e saída da Alfredo
Kaefer & Cia Ltda”.
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63. Em fevereiro de 2013, através da sexta alteração contratual, retira-se Alfredo
Kaefer & Cia Ltda. cedendo o total de suas cotas para ACT Capital Brazil Ltda.,
representada por Giovanni Cataldi Neto. Quatro meses depois, isto é, em junho de
2013, a operação se inverte, reingressando na sociedade Alfredo Kaefer & Cia Ltda.
em virtude da cessão e retirada de ACT Capital Brazil Ltda16.
64. Desde a constituição da empresa (10.10.2005) até os efeitos da extensão da
quebra (01.12.2014), o réu desempenhou a administração da sociedade.
III.6.2. Enquadramento jurídico do ilícito:
65. Antes de analisar, especificamente, cada conduta e a sua respectiva
consequência jurídica, considero pertinente trazer um breve recorte das alegações
finais encartadas pela massa falida, porquanto resume bem o quadro fático
envolvendo o Sr. João Luiz Maschio:
[...] A prova pericial, a prova testemunhal e o depoimento pessoal do Senhor JOÃO
MASCHIO convergiram e comprovaram a prática de atos que trouxeram prejuízo à
coletividade dos credores. 5 Houve distribuição de lucros antecipadamente; a
doação de expressiva quantia para campanha; a utilização das contas da DIAL para
o recebimento de valores em nome da DIPLOMATA, uma vez que esta empresa já
se encontrava com ordens de bloqueio; o investimento da DIAL no projeto da
CORETUBA na ordem de aproximadamente ½ milhão de reais que acabou não
saindo do papel. 6 Todos estes fatos, não se pode negar, causaram prejuízos aos
credores do GRUPO FALIDO e o réu JOÃO LUIZ MASCHIO teve parcela de culpa
em tais acontecimentos. 7 Embora a MASSA FALIDA não desconheça sua condição
16 Da mesma forma, diz o perito que venda das quotas da Alfredo Kaefer & Cia Ltda. para ACT Capital Brazil Ltda. [...] também
houve apenas lançamentos contábeis em conta corrente, inexistindo entrada efetiva de recursos financeiros na Diplomata e saída
de recursos financeiros”
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de sócio minoritário, circunstância que lhe subtrai o poder de direção, tem pleno
conhecimento de sua conivência enquanto administrador. 8 E neste ponto as coisas
são irreconciliáveis. Uma coisa é a discordância do sócio minoritário que, embora
absolutamente irrelevante e inoperante, deveria ter sido consignada
documentalmente. Outra coisa é o comportamento e a realização de atos enquanto
administrador. 9 In casu é preciso que o feito seja situado corretamente no diagrama
societário, já que o Senhor JOÃO MASCHIO contracenou não apenas como sócio
minoritário, mas, também, como sócio administrador. [mov. 351]
66. Feito esse importante registro, passo a enfrentar as controvérsias do caso.
a) A promiscuidade patrimonial entre empresas do grupo e a maquiagem da
crise econômica (teoria da deepening insolvency):
67. A promiscuidade patrimonial consiste no trânsito de bens e direitos entre duas
esferas jurídicas autônomas, no intuito de promover desvio, fraude e blindagem
patrimonial em prejuízo a terceiros.
68. Esta espúria relação entre a Dial Ltda. e a Diplomata S/A foi identificada pelo Sr.
Perito. Vejamos o que diz o laudo:
A movimentação de valores relevantes entre a DIAL e Diplomata, de R$
125.702.017,46 a débito e R$ 126.816.042,93 a crédito, teve como único
objetivo evitar o bloqueio de valores da Diplomata, em função da situação
financeira extremamente debilitada. [...] A empresa gerenciada pelo Sr. João
serviu como um “porto seguro” à Diplomata, pois se assim não procedesse,
poderia provocar a derrocada da Diplomata e, em consequência, das demais
empresas inclusive a DIAL naquele momento. [mov. 240]
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69. A situação relatada acima é criminosa (art. 179 do CP e 168 da LRF)17. Nenhuma
pessoa que tenha respeito aos postulados da moralidade, honestidade e da ética, em
sã consciência, conseguiria justificar uma escandalosa fraude à execução superior
a R$ 120 milhões de reais.
70. A defesa tenta imputar este fato à terceiro, sustentando que apesar das operações
contarem com “autorização digital” em nome do réu (sócio-administrador), isso teria
ocorrido em razão da entrega de seu cartão “e-token”, com senha, para uma
funcionária, que efetuou as transferências à mando do Sr. Jacob Kaefer.
71. Porém, melhor sorte não lhe socorre, primeiro porque as transferências eram
feitas em seu nome e se repetiram ao longo de relevante lapso temporal; segundo
porque não houve um mínimo de prova demonstrando a irresignação contra este ilícito
(o réu poderia, por exemplo, ter notificado, requisitado o cartão de volta, alterado a
senha ou cancelado o seu uso); terceiro porque a responsabilidade civil por ato de
terceiro, neste caso, é objetiva (art. 932, inc. III do CC); quarto porque ao entregar
seu cartão e senha para terceiro assumiu o risco, a título de culpa grave ou dolo
eventual, de que desmandos pudessem ser praticados em seu nome.
72. Neste ponto, há inúmeras provas carreadas nos autos (relatório CCS do
BACENJUD, mov. 41.3) demonstrando que era o réu quem detinha poderes para
17 Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção,
de seis meses a dois anos, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa.
Art. 168. Praticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar a
recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar
vantagem indevida para si ou para outrem. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
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movimentar as contas correntes da Dial Ltda., o que torna indiscutível seu
conhecimento acerca da origem e destinação das verbas.
73. Como muito bem explanou o Ministério Público, não há como negar a existência
de responsabilidade. Confira-se:
Ainda no depoimento do requerido, fica esclarecido que as transferências foram
realizadas principalmente após o pedido de Recuperação Judicial, justamente
quando as recuperandas encontravam-se “impossibilitadas” diante das instituições
financeiras e a mercê de bloqueios judiciais de valores em conta corrente,
demonstrando que o requerido sempre deteve pleno conhecimento de toda a
situação envolvendo as empresas do Grupo Diplomata/Kaefer. O requerido
declarou que não concordava com as referidas transações/movimentações
financeiras. Nada obstante isso, nada fez para impedi-las e não documentou tal
discordância. Resta claro nos autos que o requerido e o Sr. Jacob. A. S. Kaefer,
enquanto administradores e sócios da empresa Dip Petróleo/Dial,
utilizaram/abusaram da pessoa jurídica para fraudar credores do Grupo
Diplomata/Kaefer, agindo, assim, de má-fé e abusando do direito que lhes era
conferido enquanto sócios e administradores (artigo 50, do Código Civil). Eis que
para ser possível a responsabilização do requerido, além de outros requisitos, é
necessário verificar quais foram os atos praticados por ele, sua atitude diante da
administração da empresa, pouco importando para esta finalidade, quais são as
suas crenças, seus ideais ou o seu julgamento do que é certo e errado. Outrossim,
os atos de liberalidade do requerido enquanto sócio-administrador, somado ao
descumprimento do dever de informar e de cuidado (artigo 1.011 do Código Civil),
prejudicaram a saúde financeira do Grupo Diplomata/Kaefer e, consequentemente,
de inúmeros credores. [...] Veja que ao desviar/transferir valores entre empresas do
mesmo Grupo Econômico, com o objetivo de evitar bloqueios judiciais e,
consequentemente, prejudicar credores, o Requerido violou a Lei, agindo em total
desacordo com o dever de diligência, lealdade e de não agir em conflito com os
interesses da sociedade. [mov. 355]
74. Neste viés, o ato de transformar a empresa em um “guarda-chuva” para ocultação
de quantias milionárias contra seus legítimos interessados constitui ilícito apto a
ensejar reparação.
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75. Em reforço a esta interpretação, traz-se à baila recorte do voto do Exmo. Des.
Vicentini Barroso, do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo18, cujo teor
segue abaixo:
Se o comportamento é ou não justo, não pode ser determinado de acordo com o
ponto de vista daquele que o pratica. O ordenamento jurídico não pode tolerar uma
violação voluntária ou involuntária de seus princípios fundamentais. Deve impor
seus objetivos, sem tomar em atenção se o violador atua ou não com consciência
de que o seu comportamento é contrário aos fins de direito. O ato judicial só trata
da desconsideração da pessoa jurídica quando ocorrente a disjunção, isto é,
quando ela se afasta de sua destinação, quer através de atos denunciadores de
promiscuidade patrimonial com outras sociedades e com seus sócios, quer pela
oposição ao interesse social imanente à pessoa jurídica. [...] Entre inúmeros casos
em que é cabível a desconsideração da personalidade jurídica, insere-se o da
sociedade que toma medidas prejudiciais para os credores doutra sociedade,
coligada ou não, em seu próprio benefício ou de terceiros, transferindo o risco da
empresa para os credores. E foi o que ocorreu no caso sub examine, na medida em
que manifesta a confusão patrimonial entre as sociedades que compõem o mesmo
grupo empresarial, praticando manobras societárias com reflexos patrimoniais em
prejuízo de credores. [TJSP - AI n. 0321449-29.2009.8.26.0000, 1ª CDP, Dj.
23/02/2010]
76. Além disso, esse ardil acabou criando uma falsa realidade, pois permitiu que o
dinheiro destinado aos credores fosse utilizado para manter em operação sociedades
absolutamente inviáveis e, por conseguinte, a perpetuação das iniquidades que
vinham sendo adotadas19.
18 Importante salientar que este primoroso julgado foi mantido pelo Superior Tribunal de Justiça, na ocasião do Agravo em
Recurso Especial n. 005682, julgado monocraticamente pelo Exmo. Ministro João Otávio de Noronha em 09/08/2011.
19 Por exemplo: (i) pagamento seletivo à alguns credores, em violação a par conditio creditorum. Foi o que ocorreu na execução
n. 2189/09 em que a exequente Law Debenture curiosamente recebeu, às vésperas da assembléia geral de credores, uma
quantia milionária depositada nos autos pelos falidos; (ii) Custeio de altos salários e pró-labores da cúpula administrativa e do
núcleo familiar do controlador.
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23
77. É o que diz o laudo pericial de mov. 240:
Como a DIAL naquele momento era uma empresa saudável, transferia-se
valores da Diplomata para a DIAL e, na medida das necessidades, fazia-se a
operação inversa, retornando os valores à Diplomata para que honrasse seus
compromissos. Esta operação não causou descapitalização nem prejuízo ao
Grupo Diplomata, uma vez que os valores circulavam entre empresas do
mesmo Grupo. [...] Atitudes como esta só serviram para postergar um fato
sabido há muito tempo, que o Grupo Diplomata/Kaefer estava falido.
78. As motivações para este tipo de prática tendente a maquiar a realidade financeira,
gerando a postergação da falência e o aprofundamento da crise (deepening
insolvency20) foram brilhantemente explicadas na doutrina de Bruno Meyerhof
Salama e Fabio Weinberg Crocco21:
20 Segundo Catarina Serra: “a jurisprudência norte-americana desenvolveu o conceito de “deepening insolvency”
(agravamento da insolvência), que é usado desde os anos oitenta para responsabilizar os gestores que prolongam a vida da
empresa para lá daquilo que seria aconselhável, agravando com isso a insolvência dela e lesando os direitos dos credores. O
seu equivalente funcional no Direito inglês é o wrongful trading, referido na Section 214 do Insolvency Act (IA). Aí se estabelece
que os administradores que permitiram a continuidade da empresa, sabendo que ela estava insolvente, com isso causando o
agravamento da situação dos credores, podem ser responsabilizados pessoalmente bem como inibidos para o exercício de
certos cargos durante o período determinado (desqualification order). Ambos os institutos visam eliminar ou compensar o dano
provocado pelos administradores no contexto da insolvência da empresa”. (Apud. Fábio da Silva Veiga, A Responsabilidade
Civil dos Administradores na Insolvência, 2013, p. 78)
21 Essa visão também é compartilhada pelo professor alemão Stergios Frastanlis, cuja posição merece ser transcrita: “Quando
uma sociedade é solvente, tanto os sócios como os credores tendem a ser avessos a riscos. Por um lado, sócios não possuem
grande interesse em uma estratégia de negócios de risco elevado, na medida em que seu patrimônio é o primeiro a ser afetado,
caso uma decisão empresarial não alcance os resultados esperados. [...] A situação torna-se bastante distinta quando a
sociedade está insolvente e seu patrimônio foi totalmente ou em grande parte dilapidado. Aqui os sócios passam a ter incentivos
para assumir riscos bastante elevados, ao passo que os credores possuem uma forte predisposição para uma administração que
assuma possivelmente menos risco. A causa para tanto está acima de tudo em uma característica fundamental do direito
societário, qual seja, a limitação da responsabilidade. Por conta dela, os sócios não têm tanto a perder quando um projeto de
investimento fracassa. Porém, têm eles muito a ganhar caso o investimento mostre-se bem sucedido, permitindo-lhes ao menos
recuperar o capital investido”. (in Revista de Direito Civil Contemporâneo, São Paulo, v. 2, n. 4, jul/set. 2015 - Proteção dos
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24
Os motivos são diversos. Primeiro, como a sociedade apresenta um déficit
patrimonial, os sócios já não teriam nada a receber caso a falência fosse decretada.
Segundo, por se beneficiarem (em tese pelo menos) de responsabilidade limitada,
a rigor eles não teriam mais nada a perder na hipótese de a sociedade quebrar.
Terceiro, se o projeto for bem-sucedido, eles seriam beneficiados, uma vez que a
sociedade voltaria a apresentar um superávit patrimonial. Ou seja, os sócios só
teriam a ganhar ao fazer apostas desesperadas na tentativa de recuperar a
empresa. Para os credores, no entanto, esse negócio provavelmente seria
desastroso, já que tenderia a reduzir o valor presente do ativo do devedor, o qual
em última instância seria utilizado na falência para satisfazer suas dívidas.
79. Tudo isso revela-se nocivo aos ideais de justiça distributiva contidos na Lei n.
11.101/05, pois no período de insolvência da empresa há de: “proceder-se à sua
declaração para preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos
produtivos, inclusive os intangíveis” com vistas à mais ampla satisfação dos credores
(art. 955 do CC c/c art. 75 e 105 da LRF)22.
80. Não por outro motivo a autofalência exsurge como um dever jurídico voltado a
proteção de terceiros, cujo cumprimento não é, e nem poderia ser encarado como
uma faculdade:
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos
requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua
falência [...]
credores na crise e os deveres dos administradores na iminência da insolvência na Alemanha e nos EUA, tradução de Ivens
Hubert)
22 Isso porque o processo de falência oferece um “complexo de medidas cautelares para impedir que o devedor comerciante
dissipe seus bens, garantia comum de seus credores [...] procura-se não perder ou perder o menos possível, realizando-se em
proveito comum, bens e direitos, partilhando-se igualmente o produto entre os credores, até ao montante de seus créditos”
(Waldemar Ferreira, Tratado de Direito Comercial , v. 14, Saraiva, 1965, p. 100-107).
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25
81. Entendeu o legislador, nas atemporais palavras de J. X. Carvalho de Mendonça,
“que não devia autorizar uma vida artificial ao devedor a braços com a crise que se
manifestasse, trazendo naturalmente a desordem aos negócios, a preocupação ao
espírito, a facilidade nas resoluções e principalmente a luta aberta entre as
necessidades que sentisse e a atração irresistível para satisfazê-las com os meios
que de pronto se lhe deparassem. Demorar a falência importaria iludi-lo, se de boa-
fé, cavando mais fundo a sua ruína, ou animá-lo, se de má-fé, a pôr em ação a fraude,
com calma, em prejuízo dos credores”23.
82. Isso implica em reconhecer que, mesmo durante a crise financeira, existem
standards ético-jurídicos a serem observados pelos gestores, no intuito de ajustar
seus comportamentos à preservação de ativos e mitigação das perdas24.
83. Nessa linha, a deepening insolvency se apresenta como uma especial forma de
imputação de responsabilidade em decorrência das distorções empregadas para dar
continuidade à empresa insolvente quando, a toda evidência, já não existia qualquer
perspectiva razoável de soerguimento25.
23 In Tratado de Direito Comercial Brasileiro, Volume V, Tomo 1, 1ª Ed., Bookseller, 2004, p. 256.
24 DIREITO CIVIL. CONTRATOS. BOA-FÉ OBJETIVA. STANDARD ÉTICO-JURÍDICO. OBSERVÂNCIA PELAS PARTES
CONTRATANTES. DEVERES ANEXOS. DUTY TO MITIGATE THE LOSS. [...] Preceito decorrente da boa-fé objetiva. Duty to
mitigate the loss: o dever de mitigar o próprio prejuízo. Os contratantes devem tomar as medidas necessárias e possíveis para
que o dano não seja agravado. A parte a que a perda aproveita não pode permanecer deliberadamente inerte diante do dano.
Agravamento do prejuízo, em razão da inércia do credor. Infringência aos deveres de cooperação e lealdade. 4. Lição da
doutrinadora Véra Maria Jacob de Fradera. Descuido com o dever de mitigar o prejuízo sofrido [...] (STJ - REsp 758.518/PR,
Terceira Turma, julgado em 17/06/2010)
25 Apesar de incipiente no Brasil, a teoria foi consagrada na Lei Espanhola, recentemente modificada pelo Real Decreto-Ley n.
3, de 27.03.09. Confira-se Leandro Santos de Aragão in Deveres dos Administradores de Sociedades Empresárias em
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84. Sobre o tema, existem inúmeros trabalhos doutrinários26. Por todos, transcrevo um
breve trecho escrito por Marcella Blok27:
Conceituar-se-á, outrossim, o termo “Deepening Insolvency”, como sendo uma
teoria legal que implica na prorrogação indevida da vida útil de uma corporação
ultrapassando a insolvência, resultando em danos com o aumento dos débitos, a
dissipação dos bens e demais ativos e diminuição da reputação da sociedade [...] É
necessário registrar que a Suprema Corte de Delaware, no caso George L. Miller v.
McCown de Leew & Co. (In re The Brown Schools), 2008, Bank. LEXIS 1226 (Banl.
D. Del. April 24, 2008), confirma a tendência mundial em exigir dos administradores
e controladores o dever de confessar a falência, como forma de manifestação do
dever de lealdade destes para com seus credores.
85. Sem querer alongar-me no enfrentamento do tema, sob pena de tornar a sentença
prolixa e enfadonha, entendo que este tópico não poderia ser encerrado sem o registro
das palavras do Professor Waldemar Ferreira eternizadas em seu Tratado de Direito
Comercial, in verbis:
A preocupação de todo comerciante em estado de insolvência é de ordinário a de
dissimulá-la, empregando meios ruinosos a fim de evitar a falta de pagamento28
[...] Mas continua à testa de seus estabelecimento , a vender, quiçá a comprar,
Dificuldade Econômico-Financeira: A teoria do Deepening Insolvency no Brasil. Direito Societário: Desafios Atuais. São Paulo:
Quartier Latin, 2009, p.180.
26 (i) Bruno Meyerhof Salama, Fabio Weinberg Crocco in 10 anos de vigência da Lei de Recuperação e Falência, obra
Coordenada por Carlos Abrão. Nancy Andrighi e Sidnei Beneti, Ed. Saraiva, 2015, p. 402; (ii) Luis Tomás Alves de Andrade, in
Deepening Insolvency e a legitimidade e para ajuizar a ação de responsabilidade civil do art. 82 da Lei n. 11.101/05 - Revista
Semestral de Direito Empresarial, n. 11, jul/dez, 2012, p.199. (iii) Ricardo Padovini Pleti e Rodrigo Pereira Moreira in A teoria da
deepening insolvency no Brasil: a responsabilidade do administrador pelo agravamento da crise de sociedades empresárias, p.
146. Fonte: http://jurisvox.unipam.edu.br/documents/48188/50570/a-teoria.pdf;
27 In Deepening Insolvency: A responsabilização dos administradores pela não confissão da falência no momento oportuno -
Revista de Direito Empresarial e Recuperacional, v.1, n.3, out/dez, 2010, p. 42.
28 Waldemar Ferreira, Tratado de Direito Comercial , v. 15, Saraiva, 1966, p. 429.
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consumindo o seu ativo na situação descrita pelo velho Renouard; ‘Quando os
embaraços se manifestam, alimentam-se ilusões, suspira-se pelo acaso,
tentam-se golpes de dados, põem-se à mercê dos agiotas e dos usurários; à
força de viver de expedientes, perdem-se os últimos sentimentos de
delicadeza. Vem, em seguida, a improbidade: nos credores legítimos,
enxergam-se inimigos; emprega-se toda habilidade de espírito a fim de criar
recursos ocultos; furta-se a garantia dos outros; ninguém se julga homem
de bem sem espoliar a uns para arranjar-se com outros; Dá-se acolhida ao
provérbio citado por Savary em circunstâncias idênticas: quando a pobreza
entra pela porta, a probidade sai pela janela29’
86. Em resumo, a contribuição do Sr. João Maschio na promiscuidade patrimonial,
almejando conferir deturpada sobrevida à Diplomata S/A repercutiu em esvaziamento
de ativos, aprofundamento do déficit, frustração de expectativa e, por conseguinte,
graves prejuízos à economia regional.
b) Das doações para campanha:
87. Em 2014, ano mais crítico da recuperação judicial, foram efetuadas doações
eleitorais em favor de Jacob Alfredo Kaefer e outros candidatos no valor total de R$
2.105.500,00 (dois milhões cento e cinco mil e quinhentos reais) com recursos da Dial
Ltda.
88. O conjunto probatório evidencia que as remessas desses valores foram operadas
pelo Sr. João Maschio, que apesar de afirmar ser contrário a liberalidade nada fez
para evitá-la ou revertê-la30.
29 Op.cit, v. 14, p. 98-99.
30 Lei das S/A. Art. 154, §2º, alínea “b” - É vedado ao administrador praticar ato de liberalidade à custa da companhia.
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89. Neste ponto, não se pode perder de vista o que constou no laudo pericial contábil,
in verbis:
Com referência às doações eleitorais efetuadas em 2.014 no total de R$
2.105.500,00, sendo: R$ 1.270.500,00 para o candidato Jacob Alfredo Stoffels
Kaefer e R$ 835.000,00 para outros candidatos, como já informado, foram
legais, porém imorais. Imorais porque causaram prejuízo à sociedade,
desviando recursos que poderiam ter sido utilizados para pagamento de
credores. O Sr.João foi conivente com as doações eleitorais liberando a sua
senha (token ou certificadodigital para movimentação bancária) à funcionária
que obedecia ordens diretas do Sr. Alfredo Kaefer e da Sra. Clarice (esposa
do Sr. Alfredo Kaefer). Com isso, o Sr. João não autorizou referidas doações,
mas não se opôs ao Sr.Alfredo para que as fizesse. Por outro lado, tendo
liberado sua senha, é como se tivesse autorizado pessoalmente. Também não
tomou nenhuma outra medida que pudesse brecar tal procedimento,
preservando a sociedade de tal descapitalização. [mov. 240] É óbvio que a
doação efetuada, mesmo estando dentro da Lei, penalizou a sociedade de
duas formas: (a) Comprometendo o resultado e (b) Comprometendo a liquidez.
Como é uma sociedade controlada pelo do Grupo Falido Diplomata/Kaefer,
acabou desviando recursos financeiros em detrimento dos credores.
Observação importante: Convém salientar também, que esta despesa é
indedutivel para fins tributários: Ou seja; além de ter tido a despesa, terá que
pagar imposto de renda e contribuição social sobre o resultado antes da
dedução desta despesa. [mov. 160]
90. Embora não houvesse qualquer ganho comercial com as doações, havia
nitidamente um benefício político proveniente do abastecimento financeiro da
campanha eleitoral do controlador. Sobre o tema, há uma interessante passagem na
obra de Waldemar Ferreira31, vale conferir:
Liberalidade no conceito dos dicionaristas, é largueza no dar, entre os termos da
parcimônia e da prodigalidade. Generosidade. Franqueza. Munificência. Amplitude
em despender. Raro é, no entanto, seja o comerciante levado a praticar atos a título
31 In Compêndio das sociedades mercantis, v. 2, 2ª Ed, Freitas Bastos, 1942, p. 234-236
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gratuito, pelo conforto íntimo de bem fazer. A sua dádiva nunca é desinteressada.
[...] Mesmo quando apresente caráter de inteira gratuidade, nela se desvenda o
propósito interesseiro, senão atual, longínquo. Dar um, a fim de receber dois. Plantar
hoje, para colher amanhã [...]
91. De mais a mais, a legislação eleitoral deve ser aplicada em consonância com os
demais diplomas normativos existentes, motivo pelo qual a autorização legal da
doação, por si só, não torna legítima a fraude cometida contra terceiros.
92. Como o réu não demonstrou sua efetiva objeção contra tal ato, principalmente
porque a transferência do dinheiro consta como feita em seu nome, entende-se que
acabou desempenhando papel relevante no desfalque profundamente nocivo ao
patrimônio do Grupo Diplomata e, principalmente, à empresa sob sua direção.
c) Do esvaziamento do caixa para fazer investimento em outra empresa:
93. Contra a lei e a margem do contrato social da Dial Ltda., o Sr. João Maschio, na
figura de sócio administrador, lesou o caixa da empresa ao retirar R$ 342 mil reais
para fazer investimentos na Coretuba Distribuição e Varejo Ltda., sociedade
integrante do Grupo Diplomata (ato ultra vires - art. 1.015 c/c art. 1.017 do Código
Civil).
94. O profundo estado de insolvência enfrentado pelo conglomerado não permitia que
os recursos para satisfação dos credores fossem consumidos, inapropriadamente, em
novas aventuras estranhas ao objeto social. Há, portanto, uma indiscutível
responsabilidade pelo empobrecimento causado.
95. Mais abaixo abordaremos este fato com mais profundidade.
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d) Apropriação indevida de valores:
96. O réu tinha uma participação ínfima na sociedade e por conta disso sua
remuneração seguia dinâmica diversa daquela baseada na proporcionalidade das
quotas. Elegeu-se, em comum acordo com o outro sócio, o modelo de participação
nos lucros.
97. Após a quarta alteração contratual registrada na JUCEPAR, ficou consignado que
ao sócio-administrador caberia cerca de 30% do lucro apurado no exercício. Contudo,
a perícia aponta que essa cláusula não foi cumprida, tendo havido apropriação
indevida de valores pelo Sr. João Maschio:
[...] Fazendo essas observações e considerando o contido na quarta alteração
contratual, concluo que a distribuição de lucros, a partir de 25 de julho de
2008, estaria limitada a 30% (trinta por cento) dos lucros apurados; ou seja;
10% + 20%. 8. Reportando este raciocínio ao quadro do início da resposta,
constata-se que, com exceção de 2009 e 2011, nos demais anos houveram
retiradas de lucros em excesso, principalmente em 2014 que foi apurado
prejuízo. Se houve prejuízo não havia lucro a ser distribuído. Portanto, durante
o período suspeito da falência de 2009 a 2014 o Requerido recebeu a título de
distribuição de lucros, a mais do que o previsto no contrato social, o total de
R$ 211 mil. 9. Como demonstrado na resposta ao quesito de letra “f” a seguir,
a DIAL devia para empresas do Grupo Diplomata/Kaefer em 31.12.14 o total de
R$ 2.375.690,60. Por outro lado, tinha a receber de outras empresas do mesmo
Grupo o valor de R$ 1.611.439,84. Respondendo objetivamente o que foi
perguntado, no momento da distribuição dos lucros, empresas do Grupo eram
credoras da DIAL. [mov. 184]
98. Apesar do réu tentar minimizar este desfalque, sob o argumento de que seriam
meros “adiantamentos”, o ilícito é evidente e indiscutível, tendo sido praticado em
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descompasso às normas aplicáveis, causando prejuízos ao giro da empresa e aos
credores.
99. Essa mesma conclusão foi partilhada com o Ministério Público, conforme consta
no parecer final:
Já quanto à distribuição de lucros, pertinente destacar que a partir de julho de 2008
este valor estava limitado a 30%. Ocorre que se a empresa não tem lucro, por óbvio,
não há distribuição de lucro a ser feita. Porém, o requerido recebeu distribuição de
lucros durante o período suspeito mesmo quando a empresa apresentou prejuízo,
sendo deduzido que o requerido recebeu em excesso, a título de distribuição de
lucros, durante o período suspeito (ano de 2009 a 2014) cerca de R$ 211.000,00.
Em seu interrogatório, o Requerido justifica que legalmente é permitido que o
administrador sócio receba adiantamento da distribuição de lucro e que, portanto,
não haveria nada de irregular e/ou estranho em ter recebido tais valores. Porém,
também é de conhecimento notório que muitos atos que não são proibidos por Lei
são moralmente repulsivos e intolerados, como é o caso dos autos. Veja que se a
empresa estava com dificuldades financeiras, não obtendo lucro, mas sim prejuízo.
Pertinente relevar que, em 31/12/2014, empresas do Grupo Diplomata/Kaefer eram
credoras da Dip Petróleo/Dial, logo, o adiantamento da distribuição de lucros
auferida pelo Requerido advinha do Grupo Diplomata/Kaefer, e, por óbvio, poderia
ter sido utilizado para quitar dívidas com credores da atual Massa Falida. [mov. 355]
100. A toda evidência, o conceito de lucro demanda uma análise contábil e de
desempenho financeiro que denotam sua aleatoriedade e incerteza, especialmente
por dependerem de conjunturas econômicas na composição do resultado.
101. Por isso, chamar os desfalques aplicáveis ao caixa da empresa de
“adiantamento” não passa de uma frágil tentativa de disfarçar algo muito evidente: o
locupletamento indevido (art. 884 do CC) no valor de R$ 211.000,00 (duzentos e onze
mil reais).
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III.7. Das condutas praticadas frente à Dip Flex Comércio de Combustíveis Ltda.:
102. A sociedade Dip Flex Comércio de Combustíveis Ltda. foi criada em junho de
2007 para exploração de postos de combustíveis, loja de conveniência e transporte,
tendo sido constituída com capital social de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais),
dividido em 299.999 cotas da Diplomata S/A e 1 cota de João Maschio, que, em 18
de fevereiro de 2013, cedeu para ACT Capital Brazil Ltda.
103. De acordo com o laudo pericial, “esta sociedade teve atividade somente a partir
de abril/2013. Portanto, durante o período em que o Requerido foi sócio e
administrador da sociedade (01.06.07 a 18.02.13) não ocorreu nenhuma
movimentação operacional. Fato também comprovado pela entrega de declarações
inativas à secretaria da Receita Federal” (mov. 160).
104. Deste modo, não se vislumbra qualquer ilegalidade que tenha sido praticada pelo
réu.
III.8. Das condutas frente à Coretuba Distribuição e Varejo Ltda.:
105. Esta sociedade foi constituída em outubro de 2013, ou seja, durante a
recuperação judicial. No ato de criação constou capital a integralizar no valor de R$
500.000,00, sendo R$ 495.000,00 de Alfredo Kaefer e Cia Ltda. e R$ 5.000,00 do Sr.
Jacob Alfredo Stoffels Kaefer.
106. Em março de 2014, os sócios Alfredo Kaefer e Cia Ltda. e Jacob Kaefer retiraram-
se da sociedade, cedendo suas cotas para a Dip Petróleo Distribuidora de
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Combustíveis Ltda e João Maschio, oportunidade em que este passa a exercer a
administração.
107. O Sr. Perito examinou a situação da empresa, fazendo constar o seguinte:
Quanto a CORETUBA, foi mais um negócio que o Grupo Diplomata se
aventurou, com a participação e conivência do Sr. João. Referida sociedade
foi constituída em 21 de outubro de 2.013, quando a situação
econômica/financeira do Grupo já estava totalmente comprometida. Ao invés
de concentrar esforços na DIAL para maximizar seus resultados, desviou o
foco para uma atividade totalmente estranha e desconhecida e, deu no que
deu, mais prejuízo [...] Vejamos: Foi constituída com um capital de R$ 500 mil,
que não foi integralizado. A razão de constituir uma empresa e sequer
integralizar o capital não pode ser outra senão a de transferir o risco ao
mercado. Ficou devendo mais de R$ 40 mil em impostos. Investiu R$ 341 mil
em reforma de salas em prédio de terceiros, que com a reintegração de posse
aos proprietários, acabou perdendo tudo. Neste caso, quem arcou com os
prejuízos foi o Fisco e a DIAL [mov. 240]. [...] O objeto social da CORETUBA
se aproximava muito mais da atividade praticada pelo SUPER DIP do que à
distribuição e comercialização de combustíveis que é a atividade da DIAL e
expertise do requerido. [...] Nada impediria que a partir de um determinado
momento, esta sociedade assumisse as atividades desenvolvidas pelo SUPER
DIP. Se não havia tal intenção, o requerido poderá dizer [mov. 184].
108. Três passagens merecem destaque: (i) não houve integralização do capital
social; (ii) existem dívidas inadimplidas, inclusive com o fisco; (iii) os investimentos
foram pagos com recursos extraídos, indevidamente, de outra empresa (Dial Ltda.).
109. Com relação aos dois primeiros itens, incide a responsabilidade solidária dos
sócios pelas dívidas inadimplidas até o limite do capital social subscrito e não
integralizado, consoante a redação do artigo 1.052 do Código Civil:
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Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao
valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social.
110. A interpretação do dispositivo acima conduz a conclusão de que a integralização
do capital social constitui o preço a ser pago para o acionamento da limitação da
responsabilidade. Não diverge Gustavo Tepedino e outros grandes civilistas32, in
verbis:
[...] o limite máximo da responsabilidade dos sócios encontra-se no valor do capital
social não integralizado, nos termos do artigo em análise, que reproduz preceito
constante nos termos dos arts. 2 º e 9º do D. 3.708/1919. Embora cada sócio só se
obrigue, efetivamente, a integralizar as quotas que subscreveu, todos os sócios
respondem, de forma solidária, pela integralização do capital social, podendo aquele
que satisfizer a obrigação exigir de cada um dos demais a respectiva quota-parte.
111. No que tange débito de R$ 342 mil reais da Coretuba com a Dial no valor, além
da responsabilidade solidária pela ausência de integralização, o réu também deve ser
condenado porque a operação era estranha ao objeto social desta última.
112. Essa não foi uma escolha racional, tendo sido tomada apenas em razão do
conflito de interesse decorrente do exercício simultâneo da administração das duas
empresas pelo Sr. João Maschio33.
32 Gustavo Tepedino, Heloiza Helena Barbosa e Maria Celina Bodin de Moraes, in Código Civil Interpretado, v. III, Renovar, 2011,
p. 151.
33 Há um julgado do E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo enfrentando, praticamente, a mesma controvérsia,
conforme demonstra um pequeno trecho do voto: “Mais do que demonstrado, ficou provado que os administradores [...] atuaram
em franco prejuízo da Companhia e das empresas controladas, visando benefício próprio, de parentes e amigos, ao realizarem
a concessão e obtenção de empréstimos pessoais, dação em pagamento, venda de avião e investimentos em empresa de
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113. Para piorar, verifica-se a total displicência no gasto realizado, pois o laudo relata
que absolutamente todo o valor investido foi perdido. Ou seja, o dinheiro que serviria
para pagamento de credores foi ilegalmente desperdiçado por atos praticados pelo
réu.
III.9. Do exame das teses defensivas:
114. O exercício do contraditório e da ampla defesa exige o efetivo exame das teses
versadas pelo réu. Exatamente por isso reservei este tópico para tratar das seguintes
argumentações aventadas para fundamentar o pedido de improcedência: (a)
inexistência de débitos; (b) patrimônio declarado proporcional aos anos de serviço; (c)
zelo e lucro na administração da Dial; (d) questionamento quanto a participação da
Dial no Grupo Diplomata; (e) inexistência de abuso ou ato irregular autorizador da
desconsideração da personalidade jurídica.
115. Pois bem, a circunstância de alguém não possuir dívidas ou ter patrimônio
efetivamente compatível com as próprias declarações fiscais não constitui excludente
de ilicitude, porquanto a existência de benefício pessoal não é elemento necessário
para configuração da responsabilidade civil.
116. Quanto a alegação de ter sempre administrado a empresa com zelo e de forma
lucrativa34 também é controversa, não só por refletir uma opinião pessoal em
Táxi Áereo, esta última claramente estranha ao seu objeto social, entre outras ações danosas. (Ap. n. 0000024-
98.1991.8.26.0404, Des. Paulo Alcides, 6ª CDP, Dj. 18/12/2014)
34 De acordo com Marcelo Vieira Von Adamek, o “lucro é, por si só, insuficiente para aferir a diligência. Além disso, em segundo
lugar, da caracterização do dever de diligencia como obrigação de meio, segue-se que a consecução de lucros no exercício não
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descompasso com o caderno processual, mas porque o próprio Perito Contábil
discorda dessa assertiva, senão vejamos:
1. O Representante do Requerido conclui que a DIAL é um belo exemplo para
a maioria das empresas brasileiras. Diante dessa afirmação, trago novamente
o quadro demonstrando a lucratividade durante o período suspeito de 2009 a
2014, já constante do Laudo Pericial Mov.160.1.
Uma empresa que em 6 (seis) anos faturou R$ 595 milhões e apresentou lucro
de R$ 24 mil, que corresponde a 0,004% do faturamento, é exemplo a ser
seguido??? 2. Diz o Representante do Requerido que as doações podem até
ter penalizado o resultado, mas não a liquidez da empresa, eis que, como já
dito, não existia e não existe passivo algum. Como não??? Se não tivessem
feito doações de campanha, existiria mais R$ 2,025 mil em caixa para honrar
compromissos com credores do Grupo Diplomata/Kaefer. 3. Diz também, que
é absurda a minha afirmação de que as doações eleitorais desviaram recursos
financeiros em detrimento dos credores; que a DIAL não possui passivo
algum; que a DIAL não tem obrigação de pagar contas de outras empresas do
Sr.Alfredo; que não posso fazer tal vinculação, pois no mundo real isso não
existia; que não houve desvio e sim, doações eleitorais. Pois bem: O fato da
falência ter sido decretada do Grupo Diplomata/Kaefer, vincula todas as
empresas. Portanto, essa vinculação foi estabelecida na sentença de quebra
e não por este perito. [mov. 184]
significa que o administrador pautou-se em conformidade com o padrão de conduta legal. Os lucros podem, por exemplo, ser
frutos de ilícitos. Ou da assunção de riscos desmedidos e de operações estranhas ao objeto social. Ou, simplesmente não
corresponder a lucros mais expressivos que a companhia poderia ter desfrutado sob a direção de administrador diligente.
Portanto, a simples obtenção de lucros não abona a gestão social nem isenta o administrador de ser chamado a responder por
seus atos.” (in Responsabilidade Civil dos Administradores de S/A. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 133-134)
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117. A informação de que a Dial Ltda. não teria dívidas carece de prova, já que o laudo
pericial aponta para direção oposta ao informar um passivo milionário para com outras
sociedades coligadas.
118. Se não bastasse, viu-se nos tópicos anteriores condutas que ilustram fraude,
abuso, confusão patrimonial, incluindo apropriação de valores, sendo todos motivos
idôneos para desconsideração da personalidade jurídica no entender do Superior
tribunal de Justiça:
PROCESSO CIVIL. FALÊNCIA. EXTENSÃO DE EFEITOS. POSSIBILIDADE.
PESSOAS FÍSICAS. ADMINISTRADORES NÃO-SÓCIOS. GRUPO ECONÔMICO.
DEMONSTRAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.
CITAÇÃO PRÉVIA. DESNECESSIDADE. AÇÃO REVOCATÓRIA.
DESNECESSIDADE. 1. Em situação na qual dois grupos econômicos, unidos em
torno de um propósito comum, promovem uma cadeia de negócios formalmente
lícitos mas com intuito substancial de desviar patrimônio de empresa em situação pré-
falimentar, é necessário que o Poder Judiciário também inove sua atuação, no intuito
de encontrar meios eficazes de reverter as manobras lesivas, punindo e
responsabilizando os envolvidos. 2. É possível ao juízo antecipar a decisão de
estender os efeitos de sociedade falida a empresas coligadas na hipótese em que,
verificando claro conluio para prejudicar credores, há transferência de bens para
desvio patrimonial. Inexiste nulidade no exercício diferido do direito de defesa nessas
hipóteses. 3. A extensão da falência a sociedades coligadas pode ser feita
independentemente da instauração de processo autônomo. A verificação da
existência de coligação entre sociedades pode ser feita com base em elementos
fáticos que demonstrem a efetiva influência de um grupo societário nas decisões do
outro, independentemente de se constatar a existência de participação no capital
social. 4. O contador que presta serviços de administração à sociedade falida,
assumindo a condição pessoal de administrador, pode ser submetido ao decreto de
extensão da quebra, independentemente de ostentar a qualidade de sócio,
notadamente nas hipóteses em que, estabelecido profissionalmente, presta tais
serviços a diversas empresas, desenvolvendo atividade intelectual com elemento de
empresa. 5. Recurso especial conhecido, mas não provido. (REsp 1266666/SP, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 09/08/2011)
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119. A extensão da falência à Dial, Dip Flex e Coretuba, por sua vez, decorre da
compreensão do significado de “grupo econômico” e das consequências extraídas dos
ilícitos envolvendo este fenômeno jurídico. Para facilitar a compreensão, o tema será
tratado a seguir em dois tópicos: (a) o fenômeno do grupo econômico de fato; (b) os
prejuízos praticados contra terceiros.
a) Do Grupo Diplomata:
120. Os grupos caracterizam-se por aliar diversidade jurídica e unidade econômica
marcada por uma direção unitária.
121. A direção unitária de diversas entidades autônomas faz nascer o que a doutrina
chama de influência dominante e subordinação de interesse. Em termos simplificados,
poderíamos dizer que a “parte” (célula) é influenciada e subordinada pelo “todo”
(grupo).
122. Confrontando a teoria com as provas dos autos, não há dúvidas de que as
empresas Dial, Coretuba e Dip Flex são entidades autônomas, mas filiadas ao mesmo
grupo, cujo controle comum sempre ficou à cargo do Sr. Jacob Alfredo Kaefer.
123. No entanto, a doutrina percebeu que o grupo de empresas coloca em xeque dois
pilares do direito societário clássico (que toma como paradigma a sociedade isolada):
separação patrimonial e autonomia jurídica.
124. Isso ocorre, em larga medida, porque, nas sociedades controladas, o centro de
decisões deixa de ser interna corporis, deslocando-se para o âmbito da sociedade
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controladora que, por sua vez, é dominada pela(s) pessoa(s) que detém o seu
controle.
125. Na doutrina, Eduardo Secchi Munhoz descreve, com muita clareza, os dilemas
envolvendo este fenômeno:
[...] como os grupos levam à substituição do interesse da sociedade isolada pelo
interesse do grupo, desequilibra-se todo o sistema, concebido como modelo
vigente, de atribuição de deveres e responsabilidades ao acionista controlador e
aos administradores. Veja-se o caso dos administradores. Passam a viver nos
grupos um eterno conflito de lealdade - interesse da sociedade verus interesse do
grupo35.
126. Portanto, se é certo que o agrupamento de empresas traz vantagens jurídicas,
não é menos correto que ele também impõe ônus e deveres, inclusive perante
terceiros36.
127. O problema exsurge quando os gestores ignoram tais ônus e deveres, e passam
a encarar a estrutura societária complexa como um mecanismo de fuga de
compromissos e obrigações, dando início a um processo de colusão como meio de
assegurar resultados ilegítimos. A corroborar o exposto, cito Jorge Lobo37:
35 In Direito empresarial e outros estudos em homenagem ao Professor José Alexandre Tavares Guerreiro, Ed. Quartier Latin,
2013, 269-391.
36 Conforme pontuam Fábio Konder Comparato e Calixto Salomão Filho: Na Alemanha Federal, a confusão de patrimônio
entre sociedades do mesmo grupo econômico é considerada manifestação do princípio proibitivo do venire contra factum
proprium: quem desrespeita, na prática, a separação patrimonial consequente à personalização das sociedades não pode,
depois, invocar essa mesma separação para pôr seus bens pessoais ao abrigo das execuções de credores sociais (op. cit., p.
427).
37 Direitos dos Grupos de Sociedade”, Revista de Direito Mercantil, vol. 107, p. 114.
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PROJUDI - Processo: 0037342-73.2014.8.16.0021 - Ref. mov. 360.1 - Assinado digitalmente por Pedro Ivo Lins Moreira:16197
22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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Se empreendermos uma pesquisa metódica, extensa e profunda sobre as ações
ajuizadas por co-contratantes e credores para reconhecimento de seus direitos e
satisfação de seus créditos, verificaremos que, muitas vezes, durante a lenta
tramitação dos processos judiciais, aqueles que têm a obrigação de reparar
prejuízos se desfazem de seus bens, quer transferindo-os para 'homens de palha',
quer alienando-os a terceiros de boa-fé, sob as mais diferentes e sofisticadas
formas, frustrando, destarte, a eficácia do provimento judicial. Essa prática, entre
nós tão comum, é extremamente facilitada quando se trata de grupo de
sociedades, em que, através de transferência de ativos e cisões parciais para
sociedades novas ou já existentes, empresas, que litigam em juízo, têm o seu
ativo dilapidado e, em consequência, desfalcada a garantia dos credores.
128. A exploração desse viés maligno do fenômeno plurissocietário foi intensamente
cultivado pelo núcleo administrativo do Grupo Diplomata.
129. Uma das manobras mais utilizadas era a imposição de uma segregação
patrimonial entre sociedades “boas” e “ruins”, figurando de um lado aquelas voltadas
para concentração de dívidas e contração de novos débitos e empréstimos, e em
paralelo outras destinadas a auferir direitos e drenar os ativos das demais.
130. Na hipótese em exame, o réu sabia (ou deveria saber) que a Dial Ltda. fazia parte
desta estrutura, especialmente porque a sua criação deu-se a partir de uma “costela
patrimonial” da Diplomata S/A, que fez o aporte de R$ 1.800.000,00 (hum milhão e
oitocentos mil reais) para compor o seu capital social. Aliado a isso, mencione-se que
em toda sua existência, a Dial Ltda. sempre teve como controlador o Sr. Jacob Alfredo
Kaefer.
131. Se tais elementos já seriam suficientes para configurar o seu pertencimento ao
grupo, o que dizer (i) da confusão patrimonial superior a 120 milhões de reais; (ii) da
inexplicável liberalidade em favor do controlador; (iii) das operações suspeitas entre
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PROJUDI - Processo: 0024946-35.2012.8.16.0021 - Ref. mov. 46762.93 - Assinado digitalmente por Luis Claudio Montoro Mendes:14696476804
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
41
partes relacionadas; (iv) do corpo de funcionários em comum; e da (v) blindagem de
bens38?
132. Tendo isso em mira, torna-se absolutamente irrelevante para extensão da
falência o fato da Dial Ltda. ter se mostrado financeiramente saudável ao tempo da
quebra, sobretudo quando se divulga que essa circunstância foi estrategicamente
explorada para fraudar credores.
133. Corrobora esta conclusão o fato da perícia ter apurado um débito de R$
2.375.690,60 (dois milhões trezentos e setenta e cinco mil seiscentos e noventa reais
e sessenta centavos) da Dial Ltda. perante outras coligadas, apto a reforçar que a sua
“solvabilidade” possa ter sido forjada [vide mov. 184, fl. 5].
134. Ora, se falência foi decretada porque o controlador se valia do agrupamento de
empresas para o cometimento de desvios, natural que os efeitos sejam ampliados
para atingi-lo como um todo, donde se inclui a Dial Ltda39. Nesse sentido, Modesto
Carvalhosa:
38 A propósito, o Professor Modesto Carvalhosa aponta dois filtros para examinar a legitimidade dos negócios entre partes
relacionadas (coligadas), vejamos: “Busca-se, desta forma, aplicar determinados ‘testes’ para aferir a legitimidade do
comportamento do acionista controlador, tendo em vista basicamente verificar a equidade (fairness) de seu
comportamento. [...] Assim, na prática, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: se a companhia não fosse
controladora, controlada ou coligada, o negócio em tela seria firmado no mesmo valor, prazo, forma, financiamento,
etc?” (g.n.)
39 “Não se pode admitir, por puro formalismo, que a existência de mais de uma pessoa jurídica seja empecilho para a
caracterização de uma única empresa. Neste sentido, há uma ampla doutrina que não se limita à forma e valoriza a essência do
ato jurídico, um exemplo é a doutrina, bem desenvolvida nos EUA, do business purpose, ou seja, deve-se analisar o propósito
negocial em questão para aplicar, ou não, a forma preconizada em lei. [...] Os grupos de fato, caracterizam-se por serem criados
exclusivamente para reduzir riscos (repassando-os ao mercado), agindo como uma unidade nos benefícios e como entidades
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03/04/2017: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Sentenca Joao L. Maschio.pdf
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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No direito estrangeiro a tendência é a de prevalecer o princípio da desconsideração
da personalidade jurídica das sociedades do grupo, para decretar judicialmente a
responsabilidade solidária entre todas as sociedades participantes. [...] A ausência
de solidariedade presumida em nossa lei societária - que a rejeita consoante os
ambíguos termos da norma ora em estudo – deixa esse encargo fundamental à
magistratura. Esta deve construir jurisprudência capaz de remediar a falta de
solidariedade legal, tanto nos casos de culpa contratual como nos de culpa
extracontratual40.
135. Assim, seja lá a crítica que possa ser feita a aplicação da desconsideração da
personalidade jurídica relacionada a extensão da falência, certo é que o Superior
Tribunal de Justiça41, ao se deparar com um cenário de confusão patrimonial, abuso
ou fraude, tem ignorado a individualidade das partes para atingir todo o grupo
econômico de fato.
136. No âmbito deste Egrégio Tribunal de Justiça, por sua vez, destacam-se alguns
julgados: (i) AI 1098412-0, 17ª CC, Rel. Lauri Caetano, DJ 26/03/2014;42 (ii) AI.
distintas nos malefícios”. (Bradston Tibério Luna Camelo - Solidariedade Tributária de Grupo Econômico de Fato, in Revista
Dialética de Direito Tributário n. 170)
40 (Op. citp, v.4, t. II, p. 259-275)
41 São incontáveis acórdãos neste sentido, dos quais se elenca: Terceira Turma: (i) REsp n° 211.619/SP; DJ 23/04/2001; (ii)
RMS n° 14.168-SP; (iii) REsp nº 948.117 – MS; (iv) REsp nº 228.357 – SP; (v) RMS nº 12.872 – SP; (vi) REsp nº 1259018/SP,
DJ 09/08/2011; (vii) REsp 1266666/SP, DJ 09/08/2011; (viii) REsp nº 1259020/SP, DJ 09/08/2011; Quarta Turma: (i) REsp n°.
63.652/SP, (ii) RMS nº 29.697 – RS; (iii) REsp nº 331.921 – SP, (iv) AgRg no REsp 1229579/MG, DJ 18/12/2012; (v) REsp
476.452/GO, DJ 05/12/2013.
42 “A extensão dos efeitos da falência a outras empresas do mesmo grupo econômico ocorre quando a administração das
empresas, individualmente consideradas, praticam atos de transferência de bens ou desvio patrimonial, com o objetivo de lesar
credores. Nestes casos é reconhecida a responsabilidade solidária das empresas, visando à proteção dos credores”.
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891358-8, 10ª CC, Rel. Luiz Lopes, DJ 12/07/2012;43 (iii) AI 677742-4, 18ª CC, Rel.
137. Lenice Bodstein, DJ 03/11/2010; (iv) AI. 569545-8, 18ª CC, Rel. Roberto de
Vicente, DJ 22/07/200944; (v) AI. 493912-2, 18ª CC, Rel. Luís Spindola, DJ
01/10/2008; (vi) AI. 481287-3, 18ª CC, Rel. José Carlos Dalacqua, DJ 24/09/2008;
(vii) AI. 135375-3, 4ª CC, Rel. Vicente Misurelli, DJ 19/11/2003; (viii) AI. 101982-3, 6ª
CC, Rel. Ramos Braga, DJ 05/09/2001.
138. Interpretação contrária frustraria o saneamento do mercado e a reconstrução
ética da ordem econômica, porquanto os sujeitos ímprobos continuariam atuando por
meio das sociedades não atingidas pela extensão45.
43 “Desta forma, vê-se que, embora se tratem de pessoas jurídicas distintas, as referidas empresas operam em conjunto e nos
mesmos ramos de atividade econômica, sendo apresentadas ao público de forma semelhante ou complementar, fato que faz
presumir manobras para se esquivar do cumprimento de suas obrigações perante credores, demonstrando, assim, o abuso da
personalidade, verificável, no caso, pelo desvio de finalidade e pela confusão patrimonial. [...] Nos grupos societários é estrutural
a ruptura da autonomia patrimonial e organizacional da sociedade-pessoa jurídica. O patrimônio separado, que caracterizava a
sociedade isolada, dá lugar a um conjunto de ativos e passivos transferidos livremente segundo os interesses do grupo, sem o
menor respeito à fronteira das personalidades jurídicas das sociedades. Ocorre, assim, uma total dissociação entre o patrimônio
e os riscos do negócio, beneficiando-se o grupo das vantagens econômicas da livre transferência de recursos e, ao mesmo
tempo, da limitação da responsabilidade a cada unidade jurídica e patrimonial que o compõe”.
44 “Foi utilizada a extensão dos efeitos da falência c/c desconsideração da personalidade jurídica para que além da
responsabilização patrimonial a agravante tivesse sua falência decretada, uma vez que a simples desconsideração sem a
extensão dos efeitos falimentares não seria suficiente para a total satisfação dos credores, pela impossibilidade, por exemplo,
de alienação de bens, além de beneficiar a agravante que continuaria a operar no mercado não obstante as irregularidades
perpetradas”.
45 Fábio Konder Comparato: "A confusão patrimonial entre controlador e sociedade controlada é, portanto, o critério fundamental
para a desconsideração da personalidade jurídica externa corporis. E compreende-se, facilmente, que assim seja, pois, em
matéria empresarial, a pessoa jurídica nada mais é do que uma técnica de separação patrimonial. Se o controlador, que é o
maior interessado na manutenção desse princípio, descumpre-o na prática, não se vê bem porque os juízes haveriam de respeitá-
lo, transformando-o, destarte, numa regra puramente unilateral." (Retirado do voto da Min. Nancy Andrighi, RMS-12872-SP)
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b) Dos prejuízos causados a terceiros:
139. Com base na perspectiva acima, a análise da atuação do requerido não pode
perder de vista o contido no artigo 245 da Lei das S/A, cuja norma integra o
microssistema da responsabilidade empresarial, senão vejamos:
Lei das S/A. Art. 245. Os administradores não podem, em prejuízo da
companhia, favorecer sociedade coligada, controladora ou controlada,
cumprindo-lhes zelar para que as operações entre as sociedades, se houver,
observem condições estritamente comutativas, ou com pagamento compensatório
adequado; e respondem perante a companhia pelas perdas e danos resultantes de
atos praticados com infração ao disposto neste artigo.
140. O tema é muito bem desenvolvido por Modesta Carvalhosa46, conforme se extrai
da passagem abaixo:
Ao administrador cabe observar os critérios de prudência e lealdade na defesa dos
interesses negociais da companhia, não podendo, em prejuízo desta, estabelecer
relações com coligadas, controladoras ou controladas, que visem ao benefício
destas últimas em detrimento daquela, sob sua administração. [...] Em
consequência, qualquer ato de liberalidade (art. 154. §2º) ou de favorecimento a
outras companhias do grupo de fato caracterizará ato de improbidade. A norma
dirige-se não só aos administradores da sociedade controladora como também aos
da sociedade controlada.
141. No presente caso, há um coeso acervo de prova capaz de ilustrar os ilícitos
cometidos pelo réu, bem como os prejuízos advindos, na forma do seguinte resumo:
(a) utilização da empresa que administrava para ocultar recursos das demais sujeitas
à atos judiciais de expropriação, permitindo a fraude e desvio contra credores em mais
de R$ 120 milhões de reais; (b) prática de liberalidade com recursos da empresa para
46 (op. cit., v. 4, t. II, p. 30/31)
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favorecer o controlador em doações de campanha política, durante o período suspeito,
em mais de R$ 2 milhões de reais; apropriou-se de R$ 211 mil reais, subtraídos
indevidamente ao frágil argumento de “adiantamento de lucro”; (c) desperdício de R$
342 mil reais da empresa que administrava para fazer arriscado investimentos em
outra pessoa jurídica, agindo contra o estatuto e a lei, tendo em vista que era operação
totalmente estranha ao objeto social. Fez isso sabendo que outras empresas do grupo
eram credoras da Dial Ltda. em mais de R$ 2 milhões de reais; (d) atuação, na
Coretuba, sem tomar as medidas necessárias para promoção da integralização do
capital social, motivo pelo qual deve responder pela dívida de R$ 382.000,00
(investimento+débitos tributários), que se inserem no limite de R$ 500.000,00 (capital
social a integralizar).
142. Enfim, tudo isso foi praticado durante o período suspeito, isto é, ao tempo em
que a maioria das empresas do grupo se apresentavam em profundo estado de
insolvência e pediam socorro ao judiciário para soerguer-se.
143. Fica fácil de ver, portanto, que a alegação do réu acerca da “ausência de prejuízo
a terceiros” ignora as dificuldades e os sofrimentos suportados pelos incontáveis
trabalhadores, pequenos produtores rurais, fornecedores, fisco, entre tantos outros
que compõem a universalidade de credores do Grupo Diplomata.
III.10. Da violação aos deveres da boa administração (Corporate Governance)47:
47 “Corporate Governance”: as boas práticas administrativas. Em tempos mais recentes, os deveres dos administradores
novamente se tornaram assunto do momento, agora sob a pomposa expressão inglesa corporate governance - que, entre nós,
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144. As leis brasileiras vigentes, no tocante aos deveres fiduciários dos
administradores e sócios, refletem a tendência mundial de considerar as corporações
como unidades de produção de riqueza e utilidade social, cuja gestão eficiente e
correta interessa a toda coletividade48.
145. A governança corporativa, neste viés, reflete o conjunto de práticas que busca o
difícil alinhamento entre lucro, ética e responsabilidade social.
146. O seu prestígio na doutrina vem alçando-a como fonte de orientação,
conformação e limitação dos agentes de mercado, no intuito de evitar que a empresa
seja manejada de forma abusiva e inconsequente (art. 187 do CC)49.
foi servil e literalmente traduzida pela horripilante expressão “governança corporativa”-, sinalizando a necessidade de adotar
procedimentos de boa gestão societária tendentes a garantir que os administradores atuem realmente no interesse dos sócios
e, atualmente, sopesem os interesses de colaboradores (stakeholders), em especial os trabalhadores. Preconiza-se, por este
movimento (de difícil definição jurídica), o reforço dos deveres fiduciários (como o de diligência e o de lealdade) e das medidas
de transparência (discolure); o aperfeiçoamento dos sistemas de informação sobre a gestão social (accountability) e dos
mecanismos de fiscalização e controle[...]” (Marcelo Von Adamek, op. cit. p.115)
48 Essa percepção foi bem traduzida por Ferdinand Stone: “a mais importante lição da segunda metade deste século, a ser
aprendida por aqueles que exercem o poder empresarial, é que o preço desse poder é a responsabilidade pelo seu uso e abuso”
(in Oscar Barreto Filho, Medidas judiciais da Companhia contra os administradores, in Doutrinas Essenciais de Direito
Empresarial, v. 2, p. 297, Dez/2010).
49 Segue relevante trecho de um voto sobre a questão: “Ora, para o desempenho do encargo administrativo o agente não tem a
liberdade de procurar outro objetivo ou de dar fim diverso ao prescrito em lei, no contrato ou nos estatutos sociais. A melhor
doutrina pátria consubstancia os princípios da administração societária regras de observância permanente e obrigatória para o
bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação, etc., mas, especialmente fixa os princípios da diligência, da lealdade e do
dever de informar, expressamente previstos na legislação societária conforme mais adiante se menciona. [...] Não há dúvidas
de que todos os princípios supra citados são sustentáculos da atividade empresarial e mais especificamente, da
atividade societária, devendo, pois, ser seguidos pelo bom administrador, fazendo com que o bom gestor, seja na
qualidade de sócio, diretor, etc., atinja o fim supremo da atividade societária que é o de fazer com que a pessoa jurídica
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147. Isso porque na atual quadra da história não é mais permitido atuar de forma
egocêntrica e insulada, como se o espaço público não fosse dividido com outros
indivíduos igualmente carecedores de atenção e respeito.
148. Não por outra razão, tem-se entendido que a violação culposa desses padrões
de conduta é suficiente para impor o dever de indenizar. Nesse sentido, Fábio Ulhoa
Coelho assevera:
[...] para a conveniente operacionalização das normas sobre responsabilidade civil
dos administradores de companhia, é suficiente a noção de que o descumprimento
de dever acarreta a obrigação de recompor os danos provocados por esta
conduta50.
149. A mesma ratio é extraída do Recurso Especial n. 1276311, no sentido de que
descumprimento dos deveres fiduciários à boa administração - tais como a boa-fé
objetiva, lealdade, diligência e probidade -, implica responsabilidade civil pelo caráter
antijurídico do comportamento.
150. Já no âmbito deste Egrégio Tribunal de Justiça, a 17ª Câmara, tais deveres foram
reconhecidos no judicioso voto do Des. Fernando Paulino da Silva Wolff Filho, na
Apelação n. 1.244.771-7, julgada em 08 de julho de 201551.
sob seu comando possa ter existência saudável conferindo bons resultados a todos os interessados, sejam eles
partícipes ou não da administração societária”. (TJPR - Ap. n. 682.195-8, Rel. Fabian Schweitzer, 18ª CC, 15/12/2010)
50 Op. Cit. v. 2, p. 259.
51 AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DE ADMINISTRADOR. SOCIEDADE LIMITADA. AGRAVO RETIDO. CERCEAMENTO DE
DEFESA.INOCORRENTE. INDEFERIMENTO DA PROVA ORAL.PRECLUSÃO LÓGICA. INUTILIDADE DE DEPOIMENTOS
PESSOAIS OU TESTEMUNHAIS PARA COMPROVAÇÃO DA REGULARIDADE NA ADMINISTRAÇÃO DA EMPRESA (ART.
130 DO CPC). INTERESSE PROCESSUAL. PRESENTE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE PRÉVIO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. PEDIDO DE DESTITUIÇÃO DO ADMINISTRADOR QUE POSSUI MAIS DE
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151. Nos tópicos seguintes examinaremos, separadamente, alguns desses deveres.
a) Sobre o dever de lealdade:
152. Os gestores da empresa devem exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe
conferem para alcançar os fins corporativos, satisfeitas as exigências do bem público
e da função social da empresa (art. 154 c/c art. 155 da Lei das S/A).
153. Note-se que o interesse da companhia é amalgamado pela função social e pelo
bem público, não podendo, jamais, resumir-se à ambição dos controladores (donos
do negócio) 52.
UMA CAUSA DE PEDIR, QUAIS SEJAM, A NÃO PRESTAÇÃO DAS CONTAS E O DESCUMPRIMENTO DOS DEVERES DE
LEALDADE, PROBIDADE E DILIGÊNCIA. [...] DESTITUIÇÃO DE ADMINISTRADOR DE SOCIEDADE LIMITADA INSTITUÍDO
PELO CONTRATO SOCIAL. HIPÓTESES.JUSTA CAUSA RECONHECIDA JUDICIALMENTE. VIOLAÇÃO DOS DEVERES DE
PROBIDADE E DILIGÊNCIA (ART. 1.011 DO CC).[...] (TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1244771-7 - Catanduvas - Rel.: Fernando
Paulino da Silva Wolff Filho - Unânime - - J. 08.07.2015)
52 “Como se vê, a lei reconhece que, no exercício da atividade empresarial, há interesses internos e externos, que devem ser
respeitados: não só os das pessoas que contribuem diretamente para o funcionamento da empresa, como os capitalistas e
trabalhadores, mas também os interesses da “comunidade” em que ela atua. Não há certamente dificuldade alguma em entender
em que consistem os deveres negativos do empresário, relativamente a esses múltiplos interesses. Eles representam a mera
aplicação do princípio geral neminem laedere” (Fábio Konder Comparado, Estado Empresa e Função Social, in Revista dos
Tribunais, v. 732, Out/1996 p. 38)
No mesmo sentido, explica Judith Martins Costa: Assim, deve ser concretizada a noção de ilicitude a partir de conceitos
semanticamente abertos, como “conduta contrária a boa-fé”, ou “ato desviado do fim econômico social do negócio”, desta forma
se alargando extraordinariamente o campo semântico da ilicitude à vista de determinados valores objeto de tutela do
ordenamento jurídico para coibir-se o uso inadmissível de posições jurídicas” (Culturalismo e experiência no Novo Código Civil,
Revista dos Tribunais, v. 819, p. 23, Jan/2004.)
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154. Ser leal a companhia, portanto, significa ser leal a esta comunhão de interesses
que orbitam na esfera da sociedade comercial. É a lição de Sheila Cerezetti53:
É de se concluir, portanto, que uma das funções centrais do administrador é
equilibrar as demandas de uma ampla gama de interessados, os quais incluem
não apenas os acionistas, majoritários e minoritários, as também os credores,
trabalhadores, consumidores e mesmo a comunidade em que está inserida.
155. À vista disso, a positivação deste dever54 faz com que a estima pelos interesses
externos, ao invés mera recomendação, seja encarara como um preceito compulsório
a ser observado pelos gestores.
156. Trata-se de uma decorrência lógica da estrutura orgânica do ente coletivo, pois
se a administração constitui um órgão, seria incongruente que ele operasse contra os
desígnios de quem (re)presenta.
157. No contexto dos autos, o réu violou a lealdade societária, trazendo para si
responsabilidade pelos prejuízos causados, ao ser conivente com os projetos
privados do Sr. Jacob Alfredo Kaefer mesmo quando eles se apresentavam
claramente destrutivos à sociedade e, especialmente, lesivo a terceiros.
b) Sobre o dever de diligência e boa-fé:
53 Op. Cit. p. 202.
54 Poderia objetar-se que o dever de lealdade, assim como o de diligência, em termos de Direito Positivo, só foram previstos na
Lei das S.A. (art. 153 e 155), e cuidando-se de hipótese relativa a outras formatações associativas, não haveria que ser invocado
tais deveres. Fábio Ulhoa Coelho nos concede a resposta correta para o suposto problema, in verbis: “Os deveres de diligência
e lealdade, prescritos aos administradores de sociedade anônima, embora referidos na LSA (arts. 153 e 155), podem ser
vistos como preceitos gerais, aplicáveis a qualquer pessoa incumbida de administrar bens alheios”. (Op.cit, v.2, p. 440)
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158. O dever de diligência é inerente à boa administração da empresa, motivo pelo
qual o legislador preocupou-se em positivá-lo no Código Civil (art. 1.011) e na Lei das
S/A (art. 153 c/c art. 245):
CC. Art. 1.011. O administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas
funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar
na administração de seus próprios negócios.
Lei das S/A. Art. 153. O administrador da companhia deve empregar, no exercício
de suas funções, o cuidado e diligência que todo homem ativo e probo costuma
empregar na administração dos seus próprios negócios.
Lei das S/A. Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o
estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas
as exigências do bem público e da função social da empresa. [...] § 2° É vedado ao
administrador: a) praticar ato de liberalidade à custa da companhia; b) sem
prévia autorização da assembléia-geral ou do conselho de administração, tomar por
empréstimo recursos ou bens da companhia, ou usar, em proveito próprio, de
sociedade em que tenha interesse, ou de terceiros, os seus bens, serviços ou
crédito; c) receber de terceiros, sem autorização estatutária ou da assembléia-geral,
qualquer modalidade de vantagem pessoal, direta ou indireta, em razão do exercício
de seu cargo.
159. Diligente, de acordo com a doutrina, é o administrador que observa os postulados
técnicos referentes a gestão empresarial, fazendo o que neles se recomenda e não
fazendo o que desaconselham55. Na definição de Modesto Carvalhosa:
Tem o dever de diligência o sentido de cuidado ativo, zelo, aplicação aos misteres.
Trata-se de conceito abstrato que não implica um comportamento determinado, mas
padrão de comportamento, ao qual se referiu o Código Comercial, em seu art. 142,
quando determina que o mandatário deve demonstrar, na execução do mandato, “a
mesma diligência que qualquer comerciante ativo e probo costuma empregar na
gerência de seus próprios negócios”56
55 Fábio Ulhoa, op. cit. 244.
56 In Comentários à Lei de Sociedades Anônimas, v. 3, Saraiva, 1997, p. 230.
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160. Tal dever costuma ser dividido em outros quatro deveres derivados, a saber:
(i) dever de monitorar, pelo qual se exige que o administrador fiscalize e
supervisione os atos dos demais agentes da empresa, por meio de mecanismos e
sistema de controle;
(ii) dever de investigar, pelo qual está obrigado a realizar investigações
apropriadas e razoáveis quando toma conhecimento de alguma denúncia ou
irregularidade;
(iii) dever de decisões técnicas;
(iv) dever de decisão equânime e ponderada57.
c) Da omissão enquanto sócio e administrador:
161. Ao não se insurgir, ao não se opor, ao não fiscalizar os inúmeros desmandos
praticados, o Sr. João Maschio - enquanto administrador das empresas do ramo de
distribuição de petróleo - comportou-se de forma omissiva, pois deixou de fazer coisas
que qualquer dirigente minimamente cuidadoso, diligente, ativo e probo faria no seu
lugar.
162. Neste sentido, vale conferir a arguta lição de Marcelo Von Adamek58:
A bem da verdade, o administrador que, de forma cega e submissa, limitar-se a dar
cumprimento a toda e qualquer deliberação de outro órgão jamais estará dando
regular cumprimento ao dever de diligência; ao contrário, estará positivamente
violando-o (por ser passivo e não ativo) e, com isso, expondo-se à responsabilidade
civil [...] Na prática, é claro que, deixando de cumprir a deliberação [...] poderá
o administrador vir a se indispor com os acionistas (ou, com maior
propriedade, com o acionista controlador), correndo o risco de ser destituído
da administração e, se for empregado, ainda ser demitido. Paciência: é o preço
a pagar. O que não pode é dar cumprimento a deliberação ilegal e, depois,
57 Marcelo Von Adamek, op. cit.135
58 Op. cit. 141.
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querer forrar-se de suas responsabilidades, com a simples alegação de que
estava a cumprir ordem [...]
163. A omissão dolosa afasta a tese de irresponsabilidade pela “divisão orgânica” da
sociedade, que comumente gera argumentos do tipo: “isso ficava a cargo de outra
pessoa”. A esse propósito, faz-se mister trazer à colação a lição do eminente
Professor Artur Brito Gueiros Souza59:
[...] a atribuição de responsabilidade aos estratos superiores torna-se mais difícil
quando a infração é perpetrada no âmbito das grandes e complexas corporações,
muitas delas de nível transnacional, em que o iter crimnis esconde-se em um
labirinto burocrático [...] A doutrina tem envidado esforços para superar as
dificuldades ora apresentadas [...] O objetivo maior de toda essa discussão é o de
evitar os efeitos negativos daquilo que chamam de “irresponsabilidade organizada”
- isto é, evitar lacunas de impunidade dos criminosos do colarinho branco.
164. No âmbito cível, o legislador superou essa visão, ao estipular verdadeiro dever
de vigilância e fiscalização, que decorrem, naturalmente, da leitura do Código Civil e
da Lei das S/A60:
CC. Art. 1.013. § 1º Se a administração competir separadamente a vários
administradores, cada um pode impugnar operação pretendida por outro [...]
CC. Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade
e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções.
Lei das S/A. Art. 158 - § 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de
outros administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em
descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para impedir a
sua prática. Exime-se de responsabilidade o administrador dissidente que faça
consignar sua divergência em ata de reunião do órgão de administração ou, não
59 Op.cit. p. 95
60 Somente no caso de grandes corporações, dividida tecnicamente em diversas áreas, a aplicação do art. 1.016 sofre mitigações,
mas este, definitivamente, não é o caso dos autos.
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sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração,
no conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembléia-geral.
Lei das S/A. Art. 158 - § 2º. Os administradores são solidariamente responsáveis
pelos prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres impostos
por lei para assegurar o funcionamento normal da companhia, ainda que, pelo
estatuto, tais deveres não caibam a todos eles.
165. Tais regras foram concebidas justamente para desconstruir a famosa “cegueira
deliberada”, que incentivava a concentração de toda a responsabilidade em um único
administrador para livrar os demais.
166. Em um grupo econômico operado por uma cúpula de aproximadamente 15
pessoas e cujas dívidas são superiores à 1.500.000.000,00 (um bilhão e quatrocentos
milhões de reais), dificilmente algum desses agentes poderá alegar ignorância ou
desconhecimento da crise financeira.
167. Na doutrina, essa visão também é compartilhada por Marcelo Fortes Barbosa
Filho61, cujos comentários ao artigo 1.016 do Código Civil apresentam a seguinte
lição:
Está, aqui, estratificada a principal regra regente da responsabilidade dos
administradores. Dos administradores, é exigida, de acordo com o art. 1.011, a
manutenção de um padrão de conduta de retidão e cuidado próprio ao “homem ativo
e probo” (bom homem de negócios) e, com base em tal paradigma jurídico, cabe
avaliar, quando o prejuízo for resultante de uma operação realizada, se as perdas
podem ser consideradas responsabilidade daqueles a quem a gestão é atribuída;
Persistentes uma conduta negligente, imprudente ou imperita (art. 181) ou, com
mais razão, a intenção de prejudicar, materializando a culpa em sentido amplo,
surge, conjugada ao dano emergente ou ao lucro cessante, a responsabilidade civil.
Há o dever de indenizar a pessoa jurídica, e, eventualmente, terceiros, o que é
61 Código Civil Comentado, 6ª Ed., Revisada e Atualizada, Ed. Manole, 2012, p. 1017
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atribuído não apenas ao administrador faltoso, mas ao conjunto de todos os
encarregados da gestão social, conforme o texto do presente artigo.
168. Diante de tão veementes provas de conluio fraudulento, há respaldo fático
suficiente para afirmar que o réu negligenciou o dever de diligência e boa-fé, ao
demonstrar cumplicidade com os artifícios utilizados para burlar à lei e a
probidade gerencial.
III.11. Da prova oral produzida:
169. Na audiência realizada em 18.04.2016, o réu, em seu depoimento pessoal,
narrou a história de como iniciou seu vínculo com o grupo Kaefer e com as demais
sociedades das quais fez parte como sócio ou administrador. Reconheceu,
parcialmente, o recebimento de valores sob a rubrica “adiantamento de lucro”. Disse
ter sido contra a doação de campanha, bem como as tentativas do Sr. Alfredo Kaefer
em praticar malfeitos. Confessa que administrava as contas da Dial e que elas foram
utilizadas para blindagem e ocultação de patrimônio. Quanto a isso, disse que
repassou a sua senha e que as movimentações foram realizadas por uma funcionária.
Contou que a sua gestão foi qualificada, não deixando débitos.
170. A testemunha Vanessa disse que trabalhava na Diplomata S/A e em 2010 foi
transferida para Dial Ltda. Disse que os sócios não portavam a senha “e-token”,
pertencente ao administrador, para realização das operações, mas que autorizavam
as mesmas. Também informou que as ordens de movimentação bancária do Sr.
Alfredo prejudicaram a atividade de petróleo e que o Sr. João se considerava
impotente diante da situação por ser minoritário.
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171. A testemunha Gilberto trabalhou na parte operacional junto com o réu. Disse ter
conhecimento da retirada de valores para doação de campanha e que o Sr. João
também tinha conhecimento disso.
172. A testemunha Sidnei Nardelli, contador do grupo Diplomata e também da Dial
Ltda., diz ter conhecimento da “proteção patrimonial” entre as empresas do grupo.
Discorreu sobre o investimento fracassado da Coretuba e dos valores que foram
retirados da Dial Ltda. para financiá-lo. Disse que a Dip Flex e a Coretuba não
chegaram a entrar em operação. Afirmou que o Sr. João era contra a confusão
patrimonial entre as empresas. A seu ver, o “adiantamento de lucro” não constitui
operação ilícita. Por fim, confirma que nunca fez ou viu documento do réu consignando
a irresignação contra práticas abusivas do Sr. Jacob Kaefer, mas ainda assim achava
que por ser minoritário o Sr. João nada poderia fazer.
173. Pois bem. Em que pese os depoimentos buscassem demonstrar que o réu nunca
agiu por motivos baixos ou que nunca tivera a inclinação de fraudar ou prejudicar
terceiros, notadamente porque ele acreditava na inexistência de qualquer vínculo com
o Grupo Diplomata, deve ser registrado que foram levantadas provas contra o Sr. João
Maschio que evidenciam, acima de qualquer dúvida razoável, a consciente e ousada
atuação contra legem.
174. No mais, saliente-se que a Justiça se ocupa apenas com o que o réu fez ou
deixou de fazer, e não com a natureza boa ou má de seu caráter ou dos motivos
determinantes que o levaram a prática de tais ato. Mesmo supondo que foi
simplesmente a má fortuna dos negócios que fez do Sr. João uma peça da
engrenagem voltada a aplicação de fraudes em massa, ainda assim pesa o fato do
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mesmo ter participado voluntariamente, e, portanto, apoiado ativamente os ilícitos
praticados pela organização que integrava62.
175. Ademais, administrar uma empresa não é nem nunca será um “jardim-de-
infância”. Nesta seara, “obediência cega” e “apoio” significam a mesmíssima coisa63,
notadamente quando estão em jogo atos notoriamente prejudiciais à terceiros64.
III.12. Responsabilidade solidária e parâmetro da indenização:
176. Em razão de sua gestão temerária e fraudulenta, o réu causou severos prejuízos
econômicos e sociais, revelados no inadimplemento de dívidas trabalhistas, tributárias
e demais credores, cujo o montante alcança cifras milionárias, senão vejamos [laudo
pericial - mov. 160, 184 e 240]:
62 Nas palavras de Modesto Carvalhosa: “Em consequência, se os administradores da controlada omitem-se na defesa dos
interesses dela, permitindo o favorecimento da controladora, podem eles ser civil e administrativamente responsabilizados, por
não terem empregado o cuidado e a diligência requeridos pela lei (art. 153), bem como não terem exercido suas atribuições,
visando lograr os fins e os interesses da companhia (art. 154). As relações entre sociedade controladora e controlada, e entre
coligadas, devem ser pautadas pela estrita observância de condições comutativas, cumprindo aos administradores dessas
sociedades atuar de maneira absolutamente isenta, nem beneficiando, nem prejudicando a outra sociedade (controladora,
controlada, coligada). (Op. citp, v.4, t. II, p. 31)
63 Nas palavras de Gastone Cottino: “Um administrador insubmisso pode ser destituído ou não reeleito, mas não pode ser
forçado a adotar uma atitude”. (in Marcelo Von Adamek, op. cit., p. 142).
64 EMENTA: AÇÃO DE RESPONSABILIDADE CIVIL. FRAUDE. FALÊNCIA. CREDORES. SÓCIOS. PROCEDÊNCIA DO
PEDIDO. A pessoa jurídica tem existência distinta de seus sócios, os quais não respondem pelas dívidas da sociedade, a não
ser quando diretores, gerentes e representantes ajam com infração à lei, ao contrato social ou estatuto. Provadas as relações
jurídicas contratuais preexistentes, apurados as irregularidades, os inadimplementos e os prejuízos, e não ilidida a culpa de um
dos ex-administradores, firmam-se a responsabilidade e o dever de reparação. Recursos não providos. (TJMG - Ap. n.
1.0024.05.899441-9/001, Des. Almeida Melo, 4ª CC, Dj 27/05/2010)
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PREJUÍZO CONSOLIDADO
Origem: Montante:
1 - Ocultação, blindagem e desvio de recursos; R$ 125.702.017,46
2 - Apropriação indébita - “adiantamento de lucro”; R$ 211.000,00
3 - Doação milionária apesar da dívida com outras empresas do grupo; R$ 2.105.500,00
4 - Investimento negligente e responsabilidade pelas dívidas em socie-
dade, cujo capital social não foi integralizado;
R$ 382.000,00
Total: R$ 128.400.517,46
177. No campo tributário, por exemplo, seria aplicado o arts. 135, inc. III c/c 185 do
CTN, de modo que João Maschio seria responsável direta e solidariamente por
infração à lei. Afinal, suas condutas foram ilícitas e determinantes para: (i) fraudar o
fisco, (ii) ocultar e blindar, ilicitamente, recursos; (iii) agravar a crise patrimonial.
178. Na esfera trabalhista, mais protetiva ao empregado, não só se aplica o
instrumental tributário para tutelá-lo (art. 889 da CLT), mas também o princípio da
alteridade, cujos os riscos do negócio correm, em regra, pelo empregador (incluindo-
se a cúpula das empresas coligadas: sócio, administradores e diretores envolvidos
em ilícitos), não servindo o infortúnio como fundamento para justificar o
inadimplemento do crédito trabalhista, no caso de ser comprovado o direcionamento
dos recursos para despesas menos prioritárias, quiçá ilegítimas.
179. No âmbito cível, existem um conjunto normativo consistente sobre a
responsabilidade do sócio-administrador, como é o caso dos arts. 50, 186, 187, 884,
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1.011, 1.015 1.016, 1.017 e 1.052 do Código Civil, arts. 153, 154, 155, 158 e 245 da
Lei das S/A; e 82 da Lei n. 11.101/05)65.
180. Em breve resumo, viu-se que o requerido descurou-se dos atos da boa
administração, violou os deveres decorrentes da boa-fé, não agiu de forma
diligente e cuidadosa, desviou-se da função social e das finalidades da empresa,
foi conivente com a fraude e a blindagem patrimonial, malversou recursos,
participou de liberalidades e permitiu a relação “incestuosa” entre as empresas
do grupo em prejuízo a terceiros66.
181. Em casos análogos, a jurisprudência pátria posicionou-se no sentido de
reconhecer a responsabilidade do administrador/sócio, inclusive com base na
desconsideração da personalidade jurídica, conforme demonstram os seguintes
precedentes:
Tribunais de Justiça: (i) TJPR, AI. 798806-5, Des. Fernando Antonio Prazeres, Dj.
11/06/2013; (ii) TJPR, AI. 956771-1, Des. José Hipólito Xavier da Silva, 14ª CC, Dj.
15/05/2013; (iii) TJSP, AI. 532.479-4/4-00, Des. Elliot Akel, 1ª CDP, Dj. 18/03/2008;
(iv) TJMG, Ap. n. 1.0024.05.583830-4/001, Des. Kildare Carvalho, 3ª CC, Dj.
29/01/2009; (v) TJMG, Ap. 1.0024.05.656959-3/003, Des. Vanessa Verdolim
65 [...]não se pode prestigiar a fraude e fechar os olhos para o abuso que se verifica nos autos. A executada tem registro de
considerável patrimônio que desapareceu. Esse patrimônio não foi utilizado para pagar credores, assim como não foi arrecadado
em falência, porque nenhuma prova nesse sentido foi apresentada. Ignorando-se o destino que tomou o patrimônio social,
surgem como possíveis duas alternativas: ou o capital declarado não existia ou os sócios desviaram o patrimônio da sociedade.
Em qualquer hipótese, o ilícito está presente e autoriza ignorar a existência da pessoa jurídica, o que, tudo indica, os próprios
sócios já fizeram ao se apropriar dos bens sociais. [...] (TJSP - AI n. 0265218-45.2010.8.26.0000, Des. Carlos Alberto Garbi;
Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 26ª Câmara de Direito Privado; Data do julgamento: 23/11/2010)
66 Conforme pontua Fábio Ulhoa Coelho: “O Administrador que descumpre norma legal ou cláusula estatutária, se não atua
conscientemente, está sendo negligente, imprudente ou imperito”. (Op. cit., v. 2, p. 258)
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22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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Hudson Andrade, 1ª CC, Dj. 29/01/2008; (vi) TJMG, Ap. 1.0000.00.340235-1/000,
Des. Lucas Sávio de Vasconcellos Gomes, 3ª CC, 11/09/2003.
Superior Tribunal de Justiça: (vii) REsp 1266666/SP, Min. Nancy Andrighi, 3ª T.,
Dj. 09/08/2011; (viii) REsp 1182620/SP, Min. Raul Araújo, 4ª T., Dj. 10/12/2013; (ix)
REsp 1036398/RS, Min. Nancy Andrighi, 3ª T., Dj. em 16/12/200867; (x) REsp
1087142/MG, Min. Nancy Andrighi, 3ª T., julgado em 18/08/2011.
182. Sendo certo o dever de indenizar, resta agora estabelecer o quantum devido.
Esta não é uma tarefa fácil, notadamente porque a teoria da responsabilidade foi
construída para examinar “atos concretos”, enquanto a atividade empresarial, por sua
própria natureza, não é caracterizada por eventos isolados, mas sim por um conjunto
com várias interligações causais.
183. A condenação do réu emana desse conjunto de atos comissivos e omissivos que
formam o desenho de uma administração em descompasso com a lei. Pelas normas
ordinárias seria o caso de atribuir responsabilidade solidária68 pela extensão do dano
consistente no somatório das dívidas e desvios de recursos.
67 Extrai-se do voto relevantíssima passagem: “A regra é adequada para a grande maioria dos casos vividos pela sociedade
brasileira, que, em regra, envolvem empresas pequenas e médias, organizadas sob a forma de sociedade por quotas de
responsabilidade limitada, e onde a participação social e a administração se confundem. A legislação não apresenta, entretanto,
soluções claras para as realidades que se apresentam em organizações empresariais mais complexas. O Recurso Especial traz
à tona uma dessas questões, que consiste em saber se o mero administrador, que não é sócio nem investiu capital, pode ser
atingido pela desconsideração. O recorrente advoga que sua situação jurídica é diversa daquela em que se encontravam os
sócios controladores e sócios minoritários e que, por questão de igualdade, não poderia se sujeitar ao mesmo grau de
responsabilidade. Segundo a dicção do art. 50, o julgador pode determinar que “os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. Assim, a solução legal
não deixa margem a dúvidas: o administrador pode ser atingido pela desconsideração. A lei não poderia ignorar o papel,
muitas vezes central, que o administrador exerce no desvio de finalidade e na confusão patrimonial”. (REsp 1036398/RS)
68 DIREITO CIVIL E COMERCIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. SEMELHANÇA COM AS AÇÕES
REVOCATÓRIA FALENCIAL E PAULIANA. INEXISTÊNCIA. PRAZO DECADENCIAL. AUSÊNCIA. DIREITO POTESTATIVO
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
60
184. No entanto, a quantia expressiva que resulta deste cálculo violaria o senso de
justiça e equidade, pois se é certo que o réu teve uma participação relevante e por
vezes foi protagonista de muitos prejuízos causados a terceiros, por outro lado as
peculiaridades do caso apontam para a aplicação do art. 944, parágrafo único, do
Código Civil:
CC. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se
houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz
reduzir, equitativamente, a indenização.
185. Destarte, como prejuízos efetivos, líquidos e indiscutíveis temos o somatório
destes quatro itens alcança R$ 128.400.517,46. Todavia, este juízo não ignora
situações igualmente importantes que, apesar de não afastarem a responsabilidade,
inequivocamente implicam a redução do quantum indenizatório, como por exemplo:
(i) o fato do réu não figurar como controlador; (ii) ter sido sócio administrador
minoritário; (iii) existirem outros corresponsáveis; (iv) não ter sido beneficiário direto
da doação (R$2.105.500,00) ou da blindagem fraudulenta (R$ 125.702.017,46); (v)
QUE NÃO SE EXTINGUE PELO NÃO-USO. DEFERIMENTO DA MEDIDA NOS AUTOS DA FALÊNCIA. POSSIBILIDADE.
AÇÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO SOCIETÁRIA. INSTITUTO DIVERSO. EXTENSÃO DA DISREGARD A EX-SÓCIOS.
VIABILIDADE. [...] Em sede de processo falimentar, não há como a desconsideração da personalidade jurídica atingir somente
as obrigações contraídas pela sociedade antes da saída dos sócios. Reconhecendo o acórdão recorrido que os atos fraudulentos,
praticados quando os recorrentes ainda faziam parte da sociedade, foram causadores do estado de insolvência e esvaziamento
patrimonial por que passa a falida, a superação da pessoa jurídica tem o condão de estender aos sócios a responsabilidade
pelos créditos habilitados, de forma a solvê-los de acordo com os princípios próprios do direito falimentar, sobretudo aquele que
impõe igualdade de condição entre os credores (par conditio creditorum), na ordem de preferência imposta pela lei. 8. Recurso
especial parcialmente conhecido e não provido. (REsp 1180714/RJ, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 05/04/2011)
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22/06/2016: JULGADA PROCEDENTE A AÇÃO. Arq: Sentença de Mérito
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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ – 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL
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ter mantido certo equilíbrio econômico na sociedade que administrou (ainda que
existam ressalvas quanto a isso).
186. Traçado o cenário, e ponderando as finalidades da responsabilidade civil,
entendo pertinente reduzir a condenação ao patamar de R$ 2.500.000,00 (dois
milhões e quinhentos mil reais).
IV. DISPOSITIVO:
187. Ante o exposto, JULGO O PEDIDO PARCIALMENTE PROCEDENTE, na forma
do art. 487, inc. I do CPC, para reconhecer a responsabilidade do réu, com aplicação
do art. 944, § único do CC, condenando-o a pagar a quantia de R$ 2.500.000,00 (dois
milhões e quinhentos mil reais), corrigido monetariamente com base na tabela do
TJPR e acrescido de juros de mora de 1% ao mês a contar da citação.
188. Em razão da desconsideração da personalidade jurídica, estenda-se a falência
na forma do art. 81 da LRF.
189. Por oportuno, condeno o réu ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios em favor da massa falida, os quais fixo em R$ 20.000,00, nos termos do
art. 85, §2 e 8º, do CPC.
P.R.I.
PEDRO IVO LINS MOREIRA
JUIZ DE DIREITO
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