GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS NOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE - GERES
Dra. Rôsani Arantes de Faria Enfermeira – Mestre em Engenharia Ambiental/UFG
Especialista em Gestão do Trabalho e em Educação para a Saúde Gerente da GERISCO
Goiânia, 10 de maio de 2012
SUPERINTENDÊNCIA DE GERENCIAMENTO DAS UNIDADES ASSISTENCIAIS DE SAÚDE – SUNAS
GERÊNCIA DE GESTÃO DE RISCOS - GERISCO
INTRODUÇÃO
Resíduos Sólidos (SALOMÃO et al.,2004)
• Problema da sociedade moderna e consumista
• Privilegia a produção de bens de consumo de uso único
• Conseqüência direta na qualidade e quantidade
RSS (SCHNEIDER et al., 2004)
• Desafio com múltiplas interfaces relacionadas
Questões ambientais Saúde pública
Risco ocupacional Controle de Infecções
Serviço de saúde (ANVISA, 2004)
• Responsável pelo correto GR
• Atender às normas e exigências legais
• Desde o momento de sua geração até a destinação final
Resíduos perfurocortantes (TAKAYANAGUI, 2005)
• Impõem realmente risco • Por inocularem agentes infectantes diversos em tecidos estéreis
Manuseio inadequado dos RPC (ELIAM, 2004; BREVIDELLI, 2006)
• Podem levar a acidentes • Contaminação dos profissionais por doenças veiculadas pelo
sangue HIV, HBV e HCV
Resíduos perfurocortantes merecem maiores discussões, devido
aos riscos ocupacionais, pois propicia imediatamente a porta de
entrada de um possível agente infeccioso ao hospedeiro em estado
de susceptibilidade.
Diversos autores Preocupação Déc. 80
Déc. 90 alguns autores iniciaram Divulgados poucos
estudos 2000
INTRODUÇÃO
Brasil gerados 120 mil ton. de lixo urbano/dia: • 1% a 3% gerados em EAS; • 10% a 25% representam risco. (FARHAT, 2003; HINRICHSEN et al., 2004; ANVISA, 2006; SANTOS, 2007)
Principais problemas (OPAS/OMS, 1997; BRASIL, 2002; ANVISA, 2006)
• Dificuldade dos geradores em implantar o PGRSS • Falta de infra-estrutura adequada • Poucos conhecimentos para o planejamento • Destinação inadequada – falha no manejo • Risco p/ pessoas e contaminação do solo da água e do ar
Acondicionamento inadequado RPC • Expõe ao risco outros profissionais envolvidos no manejo • Há relatos de inúmeros casos de acidentes ocupacionais (SCHNEIDER et al, 2004)
PROBLEMÁTICA DOS RSS
Século XIX 1ª concessão para a coleta resíduos sólidos - RJ;
Lei Federal nº 2.312/54 Coleta, transporte e destino final do
lixo sem inconvenientes à saúde pública;
Portaria nº 53/79 – MI Resíduos tóxicos/inflamáveis/corrosivos/
radioativos/outros prejudiciais sofrer tratamento;
Lei Federal nº 6.938/81 Política Nacional do Meio Ambiente
princípio “poluidor pagador” e criação CONAMA;
Final década 80 Princípios: “desenvolvimento sustentável” e 3R;
Lei Federal nº 8.080/90 promoção/proteção/recuperação da
saúde promover a proteção do meio ambiente;
ECO 92 Conferência das Nações Unidas Meio Ambiente e
Desenvolvimento;
Resolução nº 5/93 - CONAMA GRSS;
ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS DOS RSS NO BRASIL
NBR 12.807/93 Terminologia dos RSS;
NBR 12.808/93 Classificação dos RSS;
NBR 12.809/93 Higiene e segurança infectantes, especiais e comuns;
NBR 12.810/93 Coleta interna e externa dos RSS
OPAS/OMS (1997) Guia para el manejo interno de resíduos hospitalares (CEPIS e MS Peru)
Resolução nº 237/97 - CONAMA Licença Ambiental
• Federal IBAMA
• Estadual e Municipal depende da complexidade e localização
Discussões e controversas
• RDC nº 33/03 ANVISA
• Resolução nº 283/01 CONAMA
ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS DOS RSS NO BRASIL
RDC nº 306/04 - ANVISA Regulamento Técnico para o GRSS
Resolução nº 358/05 - CONAMA Tratamento e disposição final dos RSS
ANVISA 2006 Manual de gerenciamento de RSS
LEI nº 12.305/2010 e Decreto nº 7.404/2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS
- Resíduo: lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado;
- Rejeito: o que não pode ser reaproveitado.
ASPECTOS LEGAIS E NORMATIVOS DOS RSS NO BRASIL
3R 5R
LOGÍSTICA REVERSA
RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA
Após a PNRS em 2010 ANVISA vem discutindo o “descarte de medicamentos” criação em 16/03/2011 do Grupo de Trabalho Temático (GTT) de Medicamentos do MS objetivando analisar,
estudar e apresentar propostas sobre o descarte de medicamentos, incluindo responsabilidade compartilhada.
Discutida e articulada com os diversos entes da cadeia de medicamentos, entre eles:
- Conselhos profissionais da saúde (medicina, farmácia, enfermagem, odontologia, medicina veterinária);
- Setor de transportes;
- Setor de publicidade;
- Rede hospitalar;
- Associações da indústria farmacêutica, da indústria farmoquímica e das farmácias e drogarias;
- Representação das vigilâncias sanitárias municipais e estaduais.
Preocupação no gerenciamento 3 vertentes (VENERANDA, 2003)
• Evitar contaminação ambiental;
• Infecções hospitalares;
• Acidentes ocupacionais.
GRSS Todas etapas de planejamento (ANVISA, 2004; 2006)
• Recursos físicos;
• Recursos materiais;
• Capacitação dos recursos humanos.
Conceito procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos, proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro e eficiente, visando a proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente.
RDC nº 306/04 da ANVISA
GERENCIAMENTO DOS RSS
Considerando que toda e qualquer atividade humana resulta na geração de resíduos gerenciamento é o assunto mais relevante para o desenvolvimento sustentável (garantia da manutenção da qualidade dos recursos naturais para o uso das futuras gerações).
(MANDELLI, 1997)
Há problemas em todas suas etapas por vários fatores:
• Escassez de conhecimentos específicos;
• Carência de normas ou de leis efetivas;
• Negligência dos responsáveis;
• Não exigência dos PGRSS pelos órgãos competentes;
• Fiscalização inadequada e/ou ausente;
• Carência de programas de prevenção à poluição. (SCHNEIDER et al., 2004)
GERENCIAMENTO DOS RSS
O que é necessário para o risco de transmissão de doenças infecciosas pelos resíduos sólidos:
CAPACIDADE DE
SOBREVIVÊNCIA
DOSE DE
INFECTIVIDADE
PORTA DE
ENTRADA
HOSPEDEIRO
SUSCEPTÍVEL
AGENTE
INFECCIOSO
CADEIA DA INFECÇÃO
Zanon (1990); Ribeiro Filho (2000); Garcia e Ramos (2004); Machado e Moraes (2004); Schneider et al. (2004)
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
Conhecer os riscos dos RSS caracterização quali-quantitativa (RIBEIRO FILHO, 2000; BRASIL, 2002; VENERANDA, 2003; SCHNEIDER, 2004)
Risco de infecção pós exposição ocupacional
• HIV 0,25 – 0,4%
• HBV 6 – 30%
• HCV 0,4 – 1,8% (INTERNATIONAL HEALTH CARE WORKER SAFETH CENTER; CDC, 2001)
Minimizar os riscos identificação da atividade que implica os riscos
• Segregação
• EPI e EPC
• Itinerários/horários/instalações
• Mapeamento dos riscos por setor
• Educação em saúde ambiental (BRASIL, 2002)
RISCO OCUPACIONAL RELACIONADO AOS RSS
Década 80 primeiros relatos de contaminação pelo HIV pelos profissionais de saúde riscos ocupacionais associados ao manuseio de objetos PC.
Mundo 99 casos confirmados até junho 2000
• Profissionais norte-americanos 66%
• Após acidente percutâneo 46 (INTERNATIONAL HEALTH CARE WORKER SAFETH CENTER; CDC, 2001)
Relatório feito pela Agency for Toxic Substances and Disease Registry - ATSDR risco de transmissão de doenças pelos RSS
• Acidentes PC 1 – 4 casos HIV /ano e 80 – 160 casos HBV /ano
• Potencial de infecção dos resíduos não PC menor pela falta de uma via de entrada para os microrganismos que possibilite a ocorrência de infecção
(RIBEIRO FILHO, 2000)
ACIDENTES OCUPACIONAIS COM RPC
2 anos de coleta de dados na Univ. Virgínia - EUA EPINet
Acidentes com material biológico
• Objetos PC 84,5%
• Após o uso e antes do descarte (reencape ou transporte)
70%
• Durante o uso de materiais 17%
• Durante ou após o descarte 13% (JAGGER, 1995)
Brasil órgãos governamentais de saúde apontaram
• 4 casos Contaminação ocupacional pelo HIV
• Dificuldade e/ou ausência de notificações / não acompanhamento do profissional acidentado / registros não retratam a real situação. (RAPPARINI, 2001)
GERENCIAMENTO DOS RSS
Diferentes critérios estado físico / composição / características físico-químicas / impacto ambiental / potencial de risco / origem áreas críticas, semicríticas e não críticas. (OROFINO, 1996)
Evolução contínua novos tipos de resíduos nos EAS conhecer o comportamento perante o meio ambiente e a saúde estabelecer uma gestão segura avaliação dos riscos. (ANVISA, 2006)
ABNT (1993) quanto aos riscos potenciais ao MA e à SP
Classe A – Resíduos infectantes
A1-Biológico
A2-Sangue e hemoderivados
A3-Cirúrgico, anátomo-patológico e exsudato
A4-Perfurante ou cortante
A5-Animal contaminado
A6-Assistência ao paciente
Classe B – Especial
B1-Rejeito radioativo
B2-Resíduo farmacêutico
B3-Resíduo químico e perigoso
Classe C – Comum.
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS
OPAS/OMS, 1997 segundo o risco para a saúde, considerando os pontos de geração e os tipos de tratamento ou disposição final
ANVISA, 2004 em função de suas características e conseqüentes riscos, que podem acarretar ao meio ambiente e à saúde.
• Resíduos gerais
• Patológicos
• Radioativos
• Químicos
• Infecciosos
• Farmacêuticos
• Objetos perfurocortantes
• Grupo A – Potencialmente Infectantes
• Grupo B – Resíduos químicos
• Grupo C – Rejeitos radioativos
• Grupo D – Comuns
• Grupo E - Perfurocortantes
CLASSIFICAÇÃO DOS RSS
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO A: Potencialmente Infectantes
Grupo A: (Potencialmente infectantes)
Grupo B: (Químicos)
Grupo C: (Rejeitos radioativos)
Grupo D: (Comuns)
Grupo E: (Perfurocortantes)
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO A: Potencialmente Infectantes
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem
apresentar risco de infecção.
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO B: Químicos
Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao
meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade,
corrosividade,
reatividade
e toxicidade.
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO C: Rejeitos Radioativos
Frascos - Emissor Beta Emissor Gama
Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos
limites de isenção especificados nas normas do CNEN e
para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista.
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO D: Comuns
Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio
ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
GRUPO D: Comuns
AZUL Papel, papelão
VERMELHO Plástico
VERDE Vidro
AMARELO Metal
PRETO Madeira
LARANJA Perigosos
BRANCO Infectantes
ROXO Radioativo
MARRON Orgânico
GRAFITE Não reciclável
CONAMA, 2001
RDC nº 306/04 - ANVISA
GRUPO E: Perfurocortantes
Segregação;
Acondicionamento;
Identificação;
Coleta e Transporte internos;
Armazenamento temporário;
Tratamento;
Armazenamento externo;
Coleta e Transporte externos;
Disposição Final.
RDC nº 306/04 - ANVISA
ETAPAS NO MANEJO DOS RSS
MANEJO DOS RSS
São necessários mudanças de hábitos de todos profissionais das
instituições, bem como toda população envolvida, afim de reduzir
ou minimizar a geração destes resíduos, adequar produtos,
equipamentos e procedimentos.
Desenvolver campanhas educativas com programa de treinamento e
conscientização tanto para o pessoal interno (profissionais,
clientes/pacientes, visitantes...), quanto para os envolvidos com as
coletas, transportes e destino final, esclarecendo os riscos e cuidados
que devem ser aplicados para garantir a qualidade de todo o processo.
DESAFIOS
Gerenciamento precisa de intervenções segregação,
acondicionamento, identificação, coleta e transporte, tratamento e armazenamento
Recursos materiais alternativas de maior segurança
Educação permanente formadores de opinião
Sensibilização e motivação dos profissionais
RESÍDUO PERFUROCORTANTE RESÍDUO QUÍMICO
DESAFIOS
“O ambiente biosseguro juntamente com as práticas adotadas pelos profissionais, gerentes das instituições de saúde,
clientes e governantes são essenciais para a manutenção do equilíbrio e segurança da vida.”
Obrigado!!!