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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
CAMPUS LONDRINA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
LARISSA DANIELLE MELO COSTA
POTENCIAL POLUIDOR DE INDSTRIAS GERADORAS DE
MATERIAIS PARTICULADOS NO MUNICPIO DE LONDRINA
TRABALHO DE CONCLUSO DE CURSO
LONDRINA
2014
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LARISSA DANIELLE MELO COSTA
POTENCIAL POLUIDOR DE INDSTRIAS GERADORAS DE
MATERIAIS PARTICULADOS NO MUNICPIO DE LONDRINA
Trabalho de Concluso de Curso apresentado
disciplina Trabalho de Concluso de Curso 2, do
Curso Superior de Engenharia Ambiental da
Universidade Tecnolgica Federal do Paran,
Cmpus Londrina, como requisito parcial para
obteno do ttulo de Engenheira Ambiental.
Orientadora: Prof. Dra. Joseane Debora Peruo
Theodoro.
LONDRINA
2014
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Ministrio da Educao
Universidade Tecnolgica Federal do Paran Campus Londrina
Coordenao de Engenharia Ambiental
TERMO DE APROVAO
Potencial poluidor de indstrias geradoras de materiais particulados no
municpio de Londrina
por
Larissa Danielle Melo Costa
Monografia apresentada no dia 05 de agosto de 2014 ao Curso Superior de Engenharia Ambiental da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Cmpus Londrina. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Aps deliberao, a Banca Examinadora considerou o trabalho _____________________________________________________ (aprovado, aprovado com restries ou reprovado).
____________________________________ Prof. Dr. Aulus Roberto Romo Bineli
(UTFPR)
____________________________________ Prof. Dr. Orlando de Carvalho Junior
(UTFPR)
____________________________________ Profa. Dra. Joseane Debora Peruo Theodoro
(UTFPR) Orientadora
__________________________________ Profa. Dra. Joseane Debora Peruo Theodoro
Responsvel pelo TCC do Curso de Eng. Ambiental
UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN
PR
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AGRADECIMENTOS
Agradeo ao meu pai, Celso da Silva Costa, por ser o melhor pai que eu
poderia ter. Por me apoiar em todas estas etapas, por facilitar a minha vida da maneira
que pde, por me surpreender com palavras carinhosas em momentos que eu
realmente precisava, por acreditar em mim, e por me proporcionar todas as maravilhas
que eu tive e ainda tenho na minha vida.
minha me, Emiliana Cristina Melo, por ser muito mais que me, por estar
presente a hora que fosse, incluindo longas madrugadas de dvidas, incertezas e
alegrias, pelo amor incondicional, pela presena sempre necessria, pelo exemplo de
fora, superao e dedicao que s ela soube ensinar, pelo no julgamento das
minhas decises e acima de tudo, pelos conselhos me orientando a ser sempre uma
pessoa melhor.
s minhas irms, Pamyla Carolina Melo Costa e Natasha Mirella Melo Costa,
que independente das diferenas, sempre prevalecer o amor, o companheirismo e o
lao de que sempre estaremos aqui, para tudo, uma pela outra. E tambm a Lara,
minha sobrinha que est por vir, acrescentando amor e unio famlia.
minha av Conceio Maria Ferreira Melo, por simplesmente ser a melhor
av do mundo.
Ao Carlos Eduardo Fernandes, por sempre demonstrar carinho, saber os meus
gostos e ser presente no meu dia-a-dia.
Fabiane Verderesi, pela convivncia dos ltimos anos, pela ajuda nos
perodos em que estive em casa e pelo carinho.
minha professora e orientadora Joseane Debora Theodoro Peruo, pelos
ensinamentos, pacincia, e carinho demonstrado durante toda esta etapa de concluso
de curso.
Aos meus mais que queridos amigos, Fernanda Nascimento Ribeiro amiga
presente de longa data, Marcella Garcia Baldin amiga e parceira de todas as horas,
Liliana Cristina Malmegrin Puzzi amiga que supera fronteiras, Carolyne Bueno
Machado amiga que me inspira, Ana Paula Araujo Cosso amiga sempre disponvel,
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Rafaela Squizzato amiga de cumplicidade, Jessica Lara Nunes de Souza amiga
para qualquer assunto, Cinthia Kazumi Nish (Kaua) amiga que espero sempre ter por
perto, Adriano Vincus Scalco amigo de conversas, Larissa Pivetta Fernandes amiga
desde o comeo, Monielen Monara Bettio amiga de convivncia, Leonardo Moraes
Parellada amigo de crescimento pessoal, Fernanda Cesar Fumes amiga de
amadurecimento, Ricardo Bispo Razaboni Jnior querido cunhadinho, Mailton Leite
Patta querido mala. A estes tantos amigos, muito obrigado por terem sido mais que
amigos, por terem sido como uma famlia, estando presentes nas mais diversas
situaes, sendo excepcionais na tarefa que dada um amigo, a tarefa de cuidar,
amar, prezar, acolher e compartilhar momentos inesquecveis.
E por fim, mas no por ltimo, agradeo a Deus por sempre me orientar, seja
na dificuldade ou na alegria, por cuidar de mim e de toda minha famlia, e por ter
colocado todas estas pessoas incrveis em minha vida, pessoas estas que influenciam
em cada caracterstica que me faz ser quem sou, e me aceitam como sou.
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Para ver muita coisa preciso antes despregar os olhos de si mesmo.
(Friedrich Nietzsche)
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fpensador.uol.com.br%2Ffrase%2FMjQ2ODc0%2F&ei=nr3VU_2iDq7KsQTPyYB4&usg=AFQjCNHrB0fR3XpUhc3Mfr-34kFRsSqw3w&sig2=q-OttoZTwvs9yBkdQGkMSg&bvm=bv.71778758,d.cWc&cad=rja
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RESUMO
COSTA, Larissa Danielle Melo. Potencial poluidor de indstrias geradoras de materiais particulados no municpio de Londrina. 2014. 78 p. Trabalho de Concluso de Curso (Bacharelado em Engenharia Ambiental). Curso de Engenharia Ambiental Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Londrina, 2014. O desenvolvimento tecnolgico somado ao elevado consumo de matrias-primas e energia apontam para a necessidade do estudo dos poluentes atmosfricos emitidos pelos processos industriais. Com o objetivo de determinar as potenciais atividades industriais geradoras de poluentes atmosfricos no municpio de Londrina e os efeitos do MPA (material particulado atmosfrico) emitidos sobre o meio ambiente, o presente trabalho utilizou dados fornecidos pelo Ministrio do Trabalho e Emprego para identificar e quantificar as indstrias potencialmente poluidoras do municpio, e assim caracterizar os processos de produo e as etapas de geraes de poluentes atmosfricos da indstria de alimentos, bebidas e lcool etlico, relacionando os efeitos do MPA emitido sobre o meio ambiente caracterstico do municpio com os dados climatolgicos fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia. Constatou-se que o setor de produo de alimentos e bebidas possui 506 estabelecimentos localizados e concentrados nas regies perifricas do municpio, sendo que os processos que envolvem maiores emisses de MPA na atmosfera so o de beneficiamento e o de elaborao do produto. Os principais fatores de disperso e intensificao do MPA pela regio so: pelo vento, pela quantidade de precipitao, pela umidade relativa do ar e pela intensidade solar, sendo que a partir destes quatro fatores, a estao sazonal que poderia acarretar maior prejuzo ao meio ambiente a primavera, e que poderia acarretar menor prejuzo o inverno. Os potenciais efeitos inferidos sobre o meio ambiente so: infertilidade do solo, inibio do desenvolvimento da vegetao, descaracterizao da qualidade das bacias hidrogrficas, e desenvolvimento de doenas respiratrias, cardiovasculares e neurolgicas sobre a populao. Palavras-chave: Potencial Poluidor Industrial. Gerao de Materiais Particulados Atmosfricos. Efeitos Materiais Particulados Atmosfricos.
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ABSTRACT
COSTA, Larissa Danielle Melo. Pollution potential industries that generate particulate matter in Londrina. 2014. p. 78. Completion of course thesis (Bachelor of Environmental Engineering). - Environmental Engineering - Federal Technological University of Paran, Londrina, 2014. The technological development added up with the high consumption of raw materials and energy shows us the importance of studying atmospheric pollutants emitted by industrial processes. In order to determine the potential sources of air pollutants among the industries of Londrina and the effects of APM (atmospheric particulate matter) on the environment, the following study used data provided by the Ministry of Labor to identify and quantify the potentially polluting industries in the municipality, and thus characterize the production and generating processes of air pollutants in the food , beverages and ethyl alcohol industries, relating the effects of APM emitted on the peculiar environment of the municipality with the climatological data supplied by the National Institute of Meteorology. It was found that the production sector of food and drink has 506 establishments located and concentrated in the suburbs of the city, and the processes involving higher emissions of APM in the atmosphere are the ones of processing and preparing the product. The main factors of dispersal and intensification of MPA by region are: the wind, the amount of rainfall, the relative humidity and the solar intensity, and from these four factors to the season which could lead to greater damage to the environment is spring, and could entail minor injury is winter. The inferred potential effects on the environment are: soil infertility, inhibiting vegetation growth, characterization of the quality of the watershed, and development of respiratory, blood circulation and neurological diseases on the population. Keywords: Pollution Potential Industries. Generate Atmospheric Particulate Matter. Effect of Atmospheric Particulate Matter.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Condio desfavorvel de disperso de poluente: Inverso Trmica. .......... 23
Figura 2 Localizao do municpio de Londrina. ......................................................... 37
Figura 3 Grfico de distribuio percentual das atividades industriais em Londrina-PR.
....................................................................................................................................... 42
Figura 4 Localizao das indstrias no municpio de Londrina PR. ......................... 43
Figura 5 Fluxograma de processo de produo. ......................................................... 44
Figura 6 Fluxograma de processo de produo de alimentos. .................................... 46
Figura 7 Fluxograma de processo de produo de bebidas........................................ 47
Figura 8 Fluxograma de processo de produo de lcool etlico. ............................... 48
Figura 9 Fluxograma de processo de produo: etapa beneficiamento. ..................... 49
Figura 10 Fluxograma de processo de produo: etapa conservao. ....................... 50
Figura 11 Fluxograma de processo de produo: etapa armazenamento. ................. 53
Figura 12 Fluxograma de processo de produo alimentcia: etapa elaborao. ....... 56
Figura 13 Fluxograma de processo de produo de bebidas: etapa elaborao. ....... 57
Figura 14 Fluxograma de processo de produo de lcool etlico: etapa elaborao. 58
Figura 15 Grfico de distribuio sazonal da velocidade do vento em Londrina-PR. .. 60
Figura 16 Grfico de distribuio sazonal da insolao mdia em Londrina-PR......... 61
Figura 17 Grfico de distribuio sazonal da precipitao em Londrina-PR. .............. 62
Figura 18 Grfico de distribuio sazonal da umidade relativa em Londrina-PR. ....... 63
Figura 19 Caracterstica do solo em Londrina PR. ................................................... 64
Figura 20 Caracterstica da vegetao em Londrina PR. ......................................... 66
Figura 21 Caracterstica da hidrografia em Londrina PR. ........................................ 67
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Padres Nacionais da Qualidade do Ar. ....................................................... 32
Tabela 2 Qualidade do Ar............................................................................................ 34
Tabela 3 Indstrias em Londrina PR. ....................................................................... 41
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SUMRIO
1 INTRODUO ............................................................................................................ 12
2 OBJETIVOS ................................................................................................................ 14
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 14
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS .................................................................................... 14
3 FUNDAMENTAO TERICA .................................................................................. 15
3.1 INDUSTRIALIZAO ............................................................................................... 15
3.2 A ATMOSFERA ........................................................................................................ 16
3.3 POLUIO ATMOSFRICA .................................................................................... 17
3.3.1 Fontes de Emisso de Material Particulado .......................................................... 18
3.3.2 Aspectos e Impactos Ambientais .......................................................................... 20
3.3.2.1 Efeitos sobre a Cobertura Vegetal ..................................................................... 20
3.3.2.2 Efeitos sobre a Atmosfera .................................................................................. 21
3.3.2.3 Efeitos sobre a gua e o Solo ............................................................................ 24
3.3.2.4 Efeitos sobre a Sade ........................................................................................ 24
3.3.2.5 Efeitos sobre a Economia ................................................................................... 26
3.4 MATERIAL PARTICULADO ..................................................................................... 27
3.5 LEGISLAES VIGENTES ..................................................................................... 28
3.7 NDICE DE QUALIDADE DO AR (IQAr) ................................................................... 30
4 MATERIAISEMTODOS ............................................................................................ 36
4.1 TIPO DE ESTUDO ................................................................................................... 36
4.2 POPULAO E Local de Estudo ............................................................................. 36
4.3 VARIVEIS DE ESTUDO ......................................................................................... 38
4.4 COLETA E ANLISE DOS DADOS ......................................................................... 39
5 RESULTADOSE DISCUSSES ................................................................................. 41
5.1 CARACTERIZAO INDUSTRIAL DO MUNICPIO ................................................ 41
5.1.1 Quantificao Industrial ......................................................................................... 41
5.1.2 Mapeamento das Indstrias .................................................................................. 43
5.2 PROCESSOS DE PRODUO ............................................................................... 44
5.2.1 Processo de beneficiamento ................................................................................. 49
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5.2.2 Processo de conservao ..................................................................................... 50
5.2.2.1 Mtodo fsico ...................................................................................................... 51
5.2.2.2 Mtodo qumico .................................................................................................. 52
5.2.2.3 Irradiao ........................................................................................................... 53
5.2.3 Processo de armazenamento ................................................................................ 53
5.2.3.1 Temperatura Ambiente ....................................................................................... 54
5.2.3.1 Refrigerao ....................................................................................................... 54
5.2.3.3 Atmosfera modificada ......................................................................................... 55
5.2.4 Processo de elaborao ........................................................................................ 55
5.2.4.1 Processo de elaborao: indstria alimentcia ................................................... 55
5.2.4.2 Processo de elaborao: indstria de bebidas ................................................... 57
5.2.4.3 Processo de elaborao: indstria de lcool etlico ............................................ 58
5.3 DANOS AMBIENTAIS: MPA .................................................................................... 59
5.3.1 Disperso do MPA sobre o meio ambiente ........................................................... 59
5.3.2 Interao do MPA sobre o solo ............................................................................. 64
5.3.3 Interao do MPA sobre a vegetao ................................................................... 65
5.3.4 Interao do MPA sobre a hidrografia ................................................................... 67
6 CONCLUSO ............................................................................................................. 69
REFERNCIAS .............................................................................................................. 71
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1 INTRODUO
Com o crescimento populacional e o desenvolvimento tecnolgico a partir da
Revoluo Industrial nos sculos XVIII e XIX, a economia mundial passou a elevar o
consumo das matrias-primas e de energia, intensificando o impacto do homem sobre a
natureza, uma vez que os recursos naturais passaram a ser caracterizados como
recursos finitos (CHIOCHETTA; HATAKEYAMA; LEITE, 2004).
As intensificaes desse desenvolvimento econmico e de produo agregaram
uma preocupao que transcende problemtica ambiental, englobando os riscos
sade pblica. A poluio do ar est relacionada poluio do solo e dos recursos
hdricos, pois os materiais particulados podem ser carreados at eles atravs das
precipitaes pluviais. Estudos epidemiolgicos indicam que os materiais particulados
esto diretamente relacionados s doenas respiratrias, cardiovasculares e o cncer
(MIRANDA; BAPTISTA, 2008; CANADO et al. 2006).
Assim, a problemtica ambiental decorrente da poluio atmosfrica torna-se
uma preocupao global, a qual, associada conscientizao ambiental e social
impulsiona a ideia atual de desenvolvimento sustentvel. A sustentabilidade no tempo
das civilizaes humanas vai depender da sua capacidade de se submeter aos
preceitos de prudncia ecolgica e de fazer um bom uso da natureza (VEIGA, 1948 p.
10).
Tendo em vista a importncia do monitoramento da qualidade do ar para
alcanar padres satisfatrios da emisso de material particulado e minimizar os efeitos
da industrializao na poluio atmosfrica, uma vez que seus resultados permitem no
apenas o monitoramento sistemtico da qualidade do ar, mas tambm a elaborao de
diagnsticos (JACOMINO et al., 2009), no Brasil, a Resoluo 03/90 do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece os nveis mximos de cada material
particulado emitido na atmosfera.
No estado do Paran, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos
Hdricos (SEMA) o rgo oficial de proteo ambiental, que segue os padres
estabelecidos pelo CONAMA, como a determinao da concentrao de partculas
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totais em suspenso (PTS), partculas inalveis (PM10), dixido de enxofre (SO2),
monxido de carbono (CO), oznio (O3) e nitrognio (NOx) (BRASIL, 1990).
A busca da relao existente entre os fatores de origem antrpica e a
quantidade de material particulado gerado pelas indstrias (MILANO; DALCIN, 2000) no
municpio de Londrina, podem auxiliar no diagnstico ambiental na qual vivem os
habitantes do municpio, uma vez que o municpio possui grande plo industrial, sendo
que suas atividades variam desde cooperativas de gros, fabricantes de embalagens,
fbricas de biscoitos, chocolates e caf at produo de elevadores.
Visto que o nmero de indstrias no municpio tende a crescer (LONDRINA,
2012), agravando assim a influncia das atividades industriais sobre o meio ambiente e
populao, como tambm intensificando os impactos sobre estes, de extrema
importncia compreender as variveis e os aspectos que influenciam significativamente
nos processos industriais, bem como os possveis impactos advindos destes. Portanto,
este trabalho precursor no estudo da qualidade do ar em Londrina, visando fornecer
embasamento terico atualizado para as futuras anlises realizadas no municpio.
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Determinar as potenciais atividades industriais geradoras de poluentes
atmosfricos do municpio de Londrina - PR e os efeitos sobre o meio ambiente a partir
da anlise dos principais processos industriais com foco na gerao de material
particulado.
2.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
i) Identificar as principais indstrias poluidoras de Londrina-PR e quantific-
las;
ii) Identificar atravs do levantamento das atividades de produo destas
indstrias as etapas de gerao de poluentes atmosfricos;
iii) Descrever o efeito do material particulado sobre o meio ambiente, a partir
de referencial terico atualizado a cerca da temtica.
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3 FUNDAMENTAO TERICA
3.1 INDUSTRIALIZAO
A industrializao no Brasil teve incio em 1827 a partir da fundao da SAIN
(Sociedade Auxiliadora da Indstria Nacional) com o objetivo de desenvolver a indstria
brasileira. O crescimento de fato das indstrias no pas s se concretizou em meio
Primeira Guerra Mundial, devido crise europeia, e posteriormente possibilitou o
desenvolvimento de outros setores com a exportao do caf como geradora de
recursos para o incentivo destas (CHIOCHETTA;HATAKEYAMA; LEITE, 2004).
No decorrer dos anos at a atualidade, a indstria brasileira passou por altos e
baixos, sendo influenciada pelas crises do mercado exterior. Entretanto, o seu
crescimento prevalece, caracterizando constante desenvolvimento na produo,
tecnologia e processos industriais, visando o desenvolvimento sustentvel (IBGE,
2012).
Devido ao desenvolvimento sustentvel e a preocupao com os recursos
naturais, as indstrias necessitam se adaptar s legislaes vigentes do pas, a fim de
manter a qualidade ambiental e se manter no mercado capitalista, a onde os clientes
exigem uma conscientizao ambiental em toda a cadeia produtiva (GUARIDO;
MACHADO-DA-SILVA, 2001).
De acordo com Arantes (2003), os impactos ambientais nas reas urbanas
esto relacionados e potencializados pela falta de infraestrutura bsica durante a
formao e o crescimento das cidades.
Segundo a Associao Comercial e Industrial de Londrina, (LONDRINA,
2014a), haviam 1774 indstrias estabelecidas no municpio de Londrina at o ano de
2010, dentre estas, destacando-se as 240 indstrias relacionadas fabricao de
produtos alimentcios, que tem como caracterstica emitir ao meio ambiente grande
concentrao de material particulado (EVANGELISTA, 2008).
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3.2 A ATMOSFERA
A atmosfera denominada como a camada de gases que envolvem a Terra e
que se estende at a altitude de 9.600 Km, sendo constituda principalmente de
nitrognio (aproximadamente 78%) e oxignio (aproximadamente 21%). Sua
composio depende basicamente da altitude acima da superfcie, sendo que metade
da massa atmosfrica est contida dentro da altitude de 5 Km e 99% da outra metade
est contida dentro da altitude de 30 Km (LIMA, 2007).
Constituda por quatro camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera e
termosfera, a atmosfera provavelmente o mais importante caminho para o transporte
a longa distncia e diluio de poluentes e material particulado, apontando para uma
melhor compreenso da relao entre os organismos vivos e o meio ambiente, os
chamados ciclos biogeoqumicos (PRESTON, 1992; GLINAS; LUCOTTE; SCHMIT,
2000).
A troposfera a camada de ar mais afetada pelas atividades de desenvolvimento
humano, as atividades antrpicas. Esta camada est situada cerca de 12 Km acima da
crosta terrestre e composta basicamente por: oxignio com 20,95%, nitrognio,
78,0%, argnio, 0,93%, dixido de carbono, 0,0345% (NEVES, 2005).
Alm dos componentes materiais anteriores, existem outros de origem antrpica,
como os CFCs (clorofluorcarbonos) cuja concentrao pode apresentar modificaes
na composio da troposfera e alterar as caractersticas qumicas da atmosfera,
resultando em alteraes climticas e ambientais como chuva cida, aumento no
buraco da camada de oznio, inverso trmica, entre outros fatores ambientais
(NEVES, 2005).
As alteraes na atmosfera influenciam toda a forma de vida na Terra, seja no
homem, nos animais e na vegetao, pois os seres vivos necessitam do ar para
desenvolverem suas funes vitais, comunicao, transporte, combusto e processos
industriais (LIMA, 2007).
A atmosfera recebe agentes contaminantes de processos naturais, como
vulcanismo e incndio de grandes propores, entretanto, processos naturais na
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atmosfera e na biosfera reduzem e removem os poluentes atravs da diluio,
precipitao, filtrao e reaes qumicas (MILANO; DALCIN, 2000).
O uso indiscriminado do recurso ar para as atividades produtivas,
principalmente em reas geogrficas limitadas resulta na poluio atmosfrica(LIMA,
2007).
3.3 POLUIO ATMOSFRICA
A situao do meio ambiente global est inserida no cotidiano dos cidados. O
aquecimento global, a escassez dos recursos naturais, est diretamente relacionado
com a poluio atmosfrica, que afeta, cada vez mais a vida e a sade dos seres
humanos (ALMANA et al., 2010).
A poluio atmosfrica pode ser definida como a presena de substncias na
atmosfera em concentraes suficientes para interferir direta ou indiretamente na
sade, segurana e bem estar dos seres vivos, que so resultantes da atividade de
fbricas, veculos ou de processos naturais, como, por exemplo, vulces (CANADO et
al., 2006).
Considera-se poluente atmosfrico qualquer forma de matria slida, lquida ou
gasosa, podendo tornar a atmosfera poluda. A variedade de substncias que podem
estar presentes na atmosfera muito grande, dificultando a tarefa de estabelecer uma
classificao, uma vez que desencadeado um processo de disperso destes
poluentes, que pode ser agravado dependendo das condies meteorolgicas, dos
seus respectivos nveis de concentrao e das fontes de poluio(LIMA, 2007; LYRA,
2008).
As fontes de poluio do ar so: a queima de biomassa e erupes vulcnicas,
sendo a primeira uma das importantes fontes antropognicas de poluio atmosfrica,
englobando a queima de combustveis fsseis nos motores combusto nas indstrias
siderrgicas, nos veculos automotivos e nos processos de produtos qumicos
(CANADO et al., 2006). Os mesmos autores relatam que os estudos e anlises do
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impacto dos poluentes atmosfricos sobre o meio ambiente e os danos sade s
ocorrem diante de eventos que interferiram no bem social, adotando a partir de ento
limites mximos tolerados, a partir dos quais, a populao exposta no sofreria danos
sade.
A emisso de poluentes na atmosfera por fontes naturais e atividades humanas
ocorre de forma contnua atravs da condensao de vapores e reao qumica de
gases. J a remoo dos poluentes ocorre por fenmenos naturais como a chuva,
granizo, neblina e cerrao. A chuva e o granizo agem como uma forma de lavagem do
ar atmosfrico quando partculas dispersas no ar podem ser coletadas por impactao
nas gotas de chuva ou pedras de granizo. A neblina e a cerrao podem tambm levar
limpeza do ar, quando promovem a aglomerao de partculas dispersas favorecendo
a sedimentao das partculas poluentes (LIMA, 2007).
Os processos de disperso dos poluentes na atmosfera desempenham papel
fundamental, pois permitem a renovao do ar no ambiente, tornando a concentrao
dos poluentes provenientes das fontes naturais ou antropognicas a nvel aceitvel
para a vida humana (BARBON; GOMES, 2010).
Quando as atividades humanas superam a capacidade dos processos naturais
de remover ou reduzir os contaminantes, a poluio do ar se torna uma problemtica
(MILANO; DALCIN, 2000), j que altas quantidades de material particulado e quaisquer
outros poluentes interferem em todo o ciclo biogeoqumico.
3.3.1 Fontes de Emisso de Material Particulado
O conhecimento quantitativo dos nveis dos poluentes presentes na atmosfera
fator fundamental para a compreenso de seus efeitos sobre o meio ambiente. Para
tanto, o controle das emisses de poluentes, o gerenciamento urbano e as autorizaes
para a implantao de novas fontes poluidoras so baseados, muitas vezes, em
informaes sobre a qualidade do ar (TRESMONDI et al., 2008).
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A emisso de poluentes atmosfricos gerada a partir de fontes naturais:
provenientes dos vulces, solo, vegetao, e fontes antrpicas: queima de
combustveis fsseis para gerao de energia, uso de veculos, queima de biomassa
(TRESMONDI et al., 2008).
As principais fontes naturais de emisso de partculas so: o solo; spray
proveniente do mar e vulces; partculas de origem vegetal como, por exemplo, o plen
das plantas, em concentrao muito menor que as emitidas pelas demais fontes
(SEINFELD; PADIS, 1998).
As principais fontes antropognicas emitem partculas a partir de carros, avies,
indstrias, entre outros. Reagem fsica e quimicamente na atmosfera, convertendo-se a
substncias danosas ao meio ambiente (LYRA, 2008).
As regies metropolitanas, geralmente apresentam forte atividade industrial e
uma grande frota de veculos. Segundo LEVINE et al. (1995), a queima de biomassa
tem aumentado significativamentenos ltimos 100 anos, devido s atividades
industriais. A prtica de queima de biomassa intensamente difundida e o efeito
imediato a produo e a liberao na atmosfera de gases e partculas resultantes da
combusto, como:
Dixido de carbono e metano gases de efeito estufa;
Monxido de carbono, metano e hidrocarbonetos gases quimicamente
ativos que afetam a capacidade de oxidao da atmosfera e levam
produo fotoqumica do oznio troposfrico;
Cloreto de metila fonte de cloro na atmosfera e que pode levar
destruio do oznio estratosfrico, e brometo de metila;
Partculas que afetam a radiao solar e o clima.
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3.3.2 Aspectos e Impactos Ambientais
Dentre os maiores problemas causados pelo modelo de desenvolvimento
industrial brasileiro est a poluio do ar, da gua e do solo, principalmente nos centros
urbanos, agravando a qualidade de vida e da sade da populao (LIMA, 2007).
3.3.2.1 Efeitos sobre a Cobertura Vegetal
Com o passar do tempo, os efeitos dos poluentes sobre a cobertura vegetal,
denominados fitotxicos e suas interaes podem resultar em eliminao de espcies
sensveis, reduo na diversidade, remoo seletiva das espcies dominantes,
diminuio do crescimento e da biomassa e aumento da suscetibilidade ao ataque de
pragas e doenas. Os efeitos podem ser agudos, danosos e causados pela ao de
uma grande concentrao de poluente em curto espao de tempo, ou crnicos, quando
a planta tem contato com uma pequena quantidade do elemento em um longo perodo
(CETESB, 2013a).
As plantas podem ser afetadas pelos poluentes atmosfricos atravs dos
seguintes mecanismos (CETESB, 2013a; LIMA, 2007):
A deposio de particulados sobre as folhas interceptando a luz que
atinge a superfcie foliar, diminuindo a penetrao da luz por
sedimentao de partculas nas folhas ou por interferncia de partculas
em suspenso, reduzindo assim a fotossntese;
Deposio de resduos nas folhas podendo dar origem a um filme
impermevel sobre a superfcie, prejudicando todos os processos que
envolvam trocas gasosas;
Penetrao dos poluentes pelos estmatos das plantas (pequenos poros
na superfcie das plantas, geralmente na face inferior das folhas);
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A sedimentao de partculas no solo inibindo o desenvolvimento da
vegetao, a depleo de nutrientes no solo, a deteriorao de florestas e
a alterao do ecossistema.
Os mesmos autores destacam ainda que qualquer que seja a forma pela qual
uma planta tenha sido afetada, o efeito poder ser visvel ou no. Os sintomas de
danos visveis sobre as folhas das plantas, atribudas poluio do ar, podem ser
consideradas em trs categorias gerais:
Colapso do tecido foliar;
Clorose ou outras alteraes da cor normal das folhas;
Alteraes no crescimento e produo das plantas importantes no s
para a agricultura como tambm para a floricultura.
3.3.2.2 Efeitos sobre a Atmosfera
A concentrao de poluentes est relacionada s condies meteorolgicas,
em que a alta porcentagem de calmaria, ventos fracos e inverses trmicas baixa
altitude favorecem altos ndices de poluio (CETESB, 2013b).
A variedade dos efeitos causados por estes poluentes na atmosfera bastante
elevada, podendo modificar as caractersticas fsicas e qumicas da atmosfera e gerar
impactos locais, regionais e globais sobre o meio ambiente, interferindo na qualidade do
ecossistema e da populao (RESENDE, 2007).
Aquecimento Global:
O clima afetado pela poluio do ar. O aumento da temperatura do planeta
consequncia das aes humanas provenientes da industrializao. Com a combusto
incompleta de combustveis fsseis, devido normalmente escassez de oxignio, so
liberados no ar grandes volumes de monxido de carbono (CO) e dixido de carbono
(CO2), os quais, em condies naturais, fazem com que a temperatura do planeta seja
adequada para a manuteno da vida, porm, quando em excesso,o CO2 tem como
-
22
caracterstica reter calor, aumentado assim a temperatura do planeta, contribuindo para
a elevao do nvel do mar e alterao dos ecossistemas terrestres (GREENPEACE,
2008; SILVA; MENDES, 2006).
Efeito SMOG:
O efeito SMOG tem origem quando h a condensao de vapor dgua, no
entanto, em associao com a poeira, fumaa e outros poluentes (como o MPA),
tornam o ar atmosfrico com aspecto acinzentado. muito comum a ocorrncia desse
fenmeno nas grandes cidades e metrpoles, sobretudo nos dias frios de inverno,
quando ocorrem associados presena de uma inverso trmica (MIRANDA;
BAPTISTA, 2008).
Buraco na Camada de Oznio:
O oznio um oxidante fotoqumico formado na atmosfera devido a reaes
qumicas envolvendo poluentes orgnicos, xidos de nitrognio, oxignio e luz solar.
uma substncia gasosa, simples e incolor, presente no ar que respiramos. A ocorrncia
do oznio pode ser considerada boa ou ruim. O oznio bom encontra-se e forma-se
na estratosfera, a uma altitude entre os 15 a 50 Km acima da superfcie da Terra, e
constitui a Camada de Oznio, a onde o oznio um constituinte natural,
desempenhando um papel fundamental para a existncia de vida na Terra, pois
constitui um filtro aos raios ultravioletas provenientes do Sol. Quando encontrado
prximo crosta terrestre, este caracterizado como ruim, pois o oznio troposfrico
(O3), formado na atmosfera em resultado da atividade fotoqumica, presente ao nvel do
solo considerado poluente (MIRANDA; BAPTISTA, 2008; SILVA; MENDES, 2006).
Inverso Trmica:
So fenmenos meteorolgicos que ocorrem durante todo o ano, sendo que, no
inverno elas so menos intensas, principalmente no perodo noturno. Em um ambiente
com um grande nmero de indstrias e de circulao de veculos, como o das cidades,
a inverso trmica pode levar a altas concentraes de poluentes, podendo ocasionar
problemas de sade (CETESB, 2006).
-
23
As inverses trmicas podem ser diferenciadas em dois: so as de irradiao e
as de subsidincia. A por irradiao acontece quando o solo esfria por irradiao
durante a noite. A presena destas inverses noturnas por irradiao impede a
disperso de poluentes nas cidades. A de subsidincia ocorre quando h a existncia
do processo de afundamento e compresso da massa de ar. Quanto maior for a
convergncia de massa e altitude, maior o movimento de afundamento, havendo
consequentemente maior grau de compresso da atmosfera e maior aumento de
temperatura (DERISIO, 1992).
Nos primeiros 10 Km da atmosfera, como mostra a Figura 1, normalmente, o ar
vai se resfriando a medida que se distancia da superfcie da terra. Assim o ar mais
prximo superfcie, que mais quente, portanto mais leve, pode ascender,
favorecendo a disperso dos poluentes emitidos pelas fontes (CETESB, 2006).
Desta forma, a inverso trmica uma condio meteorolgica que ocorre
quando uma camada de ar quente se sobrepe a uma camada de ar frio, impedindo o
movimento ascendente do ar, uma vez que, o ar abaixo dessa camada fica mais frio,
portanto, mais pesado, fazendo com que os poluentes se mantenham prximos da
superfcie (CETESB, 2006).
Figura 1 Condio desfavorvel de disperso de poluente: Inverso Trmica. Fonte: FELTRE, 1996.
-
24
3.3.2.3 Efeitos sobre a gua e o Solo
A chuva cida a principal consequncia da poluio atmosfrica sobre a gua
e o solo. Este fenmeno refere-se precipitao mais cida que a chuva natural,
aquela no poluda, devido presena de dixido de carbono atmosfrico dissolvido
emitidos pela poluio atmosfrica, formando o cido carbnico (H2CO3), que em
seguida ioniza-se parcialmente liberando on hidrognio, reduzindo o pH do sistema.
Devido a essa fonte de acidez, o pH da chuva natural cerca de 5,6, ou seja, quando a
chuva apresenta pH inferior a este caracterizada como chuva cida (BAIRD, 2002).
Os dois cidos predominantes na chuva cida so o cido sulfrico (H2SO4) e o
cido ntrico (NHO3), os quais so gerados durante o transporte de massa de ar que
contem poluentes, e so transportados pelo vento em locais distantes da fonte dos
poluentes primrios (BAIRD, 2002).Este processo acarreta na acidificao do solo e das
guas superficiais, alterando a disponibilidade de nutrientes nas guas costeiras e
bacias, bem como no prprio solo (SILVA; MENDES, 2006).
A chuva cida ao precipitar em forma de chuva, nvoa, neve ou deposio seca
de partculas sobre o solo e a gua, acidifica estes ao baixar o pH, deixando-os
contaminados, inibindo o desenvolvimento da vegetao no solo e a fonte de nutrientes
para o fitoplncton e zooplncton aqutico, levando a mortandade de espcies
aquticas, a no potabilidade da gua e a desestruturao qumica e no fertilidades
dos solos (BAIRD, 2002; SILVA; MENDES, 2006).
3.3.2.4 Efeitos sobre a Sade
As concentraes de poluentes atmosfricos encontradas em grandes cidades
acarretam afeces agudas e crnicas no trato respiratrio. A maior incidncia de
patologias, como asma e bronquite, est associada com as variaes das
concentraes de vrios poluentes atmosfricos (BRAGA; PEREIRA; SALDIVA, 2002).
-
25
Entretanto, mesmo em condies de exposio em baixas concentraes, porm em
perodos prolongados, elevam o risco sade podendo levar morte (SILVA;
MENDES, 2006).
A mortalidade por patologias do sistema respiratrio apresenta uma forte
associao com a poluio atmosfrica. As populaes mais vulnerveis so as
crianas, idosos e aquelas que apresentam doenas respiratrias. O material
particulado inalvel, com dimenso inferior a 10 mm e mais recentemente 2,5 mm,
apontado como o poluente mais frequentemente relacionado com danos respiratrios
(BRAGA; PEREIRA; SALDIVA, 2002).
H sinais, cada vez mais evidentes, de que os padres de qualidade do ar so
inadequados para a proteo da populao mais susceptvel poluio atmosfrica,
uma vez que as concentraes de poluentes abaixo dos padres de qualidade do ar
tambm afetam a sade da populao (BRAGA; PEREIRA; SALDIVA, 2002).
A problemtica do Monxido de Carbono est relacionada afinidade do CO
com a hemoglobina, pois o CO forma um complexo mais estvel, a
carboxihemoglobina, em vez da oxihemoglobina, reduzindo a quantidade de O2 aos
vrios rgos do corpo, provocando ento a morte das clulas por asfixia (SILVA;
MENDES, 2006).
J o O3 e os MPAs, podem irritar os pulmes e causar inflamao permanente.
Outros sintomas incluem tosse, respirao dolorosa e dificuldades da prtica de
exerccio ao ar livre (SILVA; MENDES, 2006).
Segundo SALDIVA (2002), atravs de anlise de estudos realizados em
diversos centros urbanos, pode-se concluir que:
As concentraes de poluentes atmosfricos encontradas em grandes
cidades acarretam afeces agudas e crnicas no trato respiratrio,
mesmo em concentraes abaixo do padro de qualidade do ar. A maior
incidncia de patologias, tais como asma e bronquite, est associada com
as variaes das concentraes de vrios poluentes atmosfricos;
A mortalidade por patologias do sistema respiratrio apresenta uma forte
associao com a poluio atmosfrica;
-
26
O material particulado inalvel, com dimenso inferior a 10 m e mais
recentemente 2,5 m, apontado como o poluente mais frequentemente
relacionado com danos sade;
A mortalidade por doenas cardiovasculares tambm tem sido relacionada
poluio atmosfrica urbana, sendo novamente o material particulado
inalvel, o poluente frequentemente associado.
3.3.2.5 Efeitos sobre a Economia
complexo estabelecer o custo dos efeitos provocados pela poluio do ar,
principalmente porque os bens e servios ambientais, como o ar, no esto sujeitos s
leis de Mercado. Duas razes explicam esta complexidade, a primeira que os bens e
servios ambientais eram considerados bens livres, ou seja, inexaurveis. A outra que
no possvel, em muitos casos, estabelecer direitos de propriedade sobre os bens
ambientais (DERISIO, 1992). Por isto, atualmente, existem ramos da economia que
estudam especificamente a relao meio ambiente e capital, como por exemplo, a
Economia Ecolgica. Essa rea trata os recursos ambientais como bens
complementares, pois, segundo ela, s haver capital e mo de obra se houver o
respeito capacidade de carga do meio ambiente (GOMES; KUAWAHARA, 2008).
Desta forma, o valor econmico de um recurso ambiental determinado pela
soma dos seus atributos, atributos estes relacionados com o uso do recurso ambiental,
o seu no-uso ou sua existncia (SEROA DA MOTTA, 1998).
Os mtodos de valorao dos recursos ambientais mais usuais so: o mtodo
da funo de produo e da funo de demanda. O mtodo da funo de produo
inclui o mtodo da produtividade marginal e do mercado de bens substitutos,
relacionando com os custos de reposio, de gastos evitados e de custos de controle.
O mtodo da funo de demanda corresponde ao mtodo dos bens complementares,
representado pelo mtodo dos preos hednicos e do custo de viagem e pelo mtodo
-
27
da valorao contingente (GOMES; KUAWAHARA, 2008).
3.4 MATERIAL PARTICULADO
A atmosfera composta de nitrognio e oxignio majoritariamente que, juntos,
correspondem a aproximadamente 99% da sua composio. Os componentes
presentes em menor escala so gases, como o monxido de carbono (CO), o dixido
de enxofre (SO2), o xido de nitrognio (NOx) e o material particulado atmosfrico
(MPA). Mesmo como componentes minoritrios, possuem um papel importante na
modificao das propriedades qumicas e fsicas da atmosfera. O MPA, por exemplo,
pode afetar a visibilidade, a sade humana, mobilizar macro nutriente em larga escala e
capaz de atuar como ncleo de condensao de nuvens na presena de
supersaturao de vapor dgua (OLIVEIRA; CARDOSO; ANGLICA, 2013; SALLES;
PIUZANA, 2006).
O material particulado uma mistura de partculas lquidas e slidas com
diferentes propriedades fsicas e qumicas em suspenso no ar. Os diferentes
tamanhos de MPA geralmente esto relacionados com fontes distintas e apresentam
uma composio qumica diversificada. Os processos qumicos que ocorrem na
atmosfera e processos de combusto favorecem a formao de particulados mais finos
do MPA. As partculas podem ser divididas em dois grupos: 1 - PTS (Partculas Totais
em Suspenso), que possuem dimetro entre 10mm e 100mm, oriundas da combusto
descontrolada, movimentao do solo ou outros minerais da crosta terrestre, podendo
conter silcio, esporos e materiais orgnicos; 2 - Partculas Inalveis (PI), que possuem
menos de 10mm de dimetro, derivadas da queima dos combustveis usados nas
indstrias e veculos automotores, podendo ser formadas por carbono, chumbo,
vandio, bromo e outros xidos (SALLES; PIUZANA, 2006).
Algumas Partculas so consideradas de origem primria, pois so emitidas
diretamente para a atmosfera, sendo as principais fontes: o trfego rodovirio, estaleiro
de obras, queima de material lenhoso, etc. Outras Partculas so consideradas de
-
28
origem secundria, pois so formadas indiretamente na atmosfera, atravs das reaes
qumicas dos MPAs em contato com o vapor dgua, ou com o sol, ou ainda em contato
com outros poluentes (SILVA; MENDES, 2006).
Processos fsicos, como a ressuspenso de poeiras de solos, transferem
principalmente partculas grossas para a atmosfera. Desta forma, a determinao da
composio de MPA em diferentes faixas de tamanho importante para se conhecer o
tipo e a intensidade das fontes de emisso que atuam em uma determinada regio
(OLIVEIRA; CARDOSO; ANGLICA, 2013).
3.5 LEGISLAES VIGENTES
As legislaes aplicadas no estado do Paran dispem sobre o controle da
poluio atmosfrica sobre o meio ambiente, provocadas por aes antropognicas,
sendo elas:
RESOLUO CONAMA n 05/89 (BRASIL, 1989), que dispe sobre o
Programa Nacional de Controle da Poluio do Ar PRONAR. Instituindo
o PRONAR como um dos instrumentos bsicos da gesto ambiental para
proteo da sade e bem-estar das populaes e melhoria da qualidade
de vida com o objetivo de permitir o desenvolvimento econmico e social
do Pas de forma ambientalmente segura, pela limitao dos nveis de
emisso de poluentes por fontes de poluio atmosfrica, com vistas a:
a) Melhoria na qualidade do ar;
b) Atendimento aos padres estabelecidos;
c) No comprometimento da qualidade do ar em reas
consideradas no degradadas.
RESOLUO CONAMA n 03/90 (BRASIL, 1990), que dispe sobre os
padres da qualidade do ar, previsto no PRONAR. Em que, so padres
de qualidade do ar as concentraes de poluentes atmosfricos que,
ultrapassadas, podero afetar a sade, a segurana e o bem-estar da
-
29
populao, bem como ocasionar danos flora e fauna, aos materiais e
ao meio ambiente em geral. Entende-se como poluente atmosfrico
qualquer forma de matria ou energia com intensidade e em quantidade,
concentrao, tempo ou caractersticas em desacordo com os nveis
estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar:
a) Imprprio, nocivo ou ofensivo sade;
b) Inconveniente ao bem-estar pblico;
c) Danoso aos materiais, fauna e flora;
d) Prejudicial segurana, ao uso e gozo da propriedade e s
atividades normais da comunidade.
RESOLUO CONAMA n 382, de 26 de dezembro de 2006, que
estabelece os limites mximos de emisso de poluentes atmosfricos para
fontes fixas levando em considerao a tipologia do processo industrial
analisado, unidade de produo e quais os poluentes atmosfricos que
so gerados pelo processo.
RESOLUO CONAMA n 436, de 22 de dezembro de 2011,
complementando as RESOLUES 05 e 382 do CONAMA, a fim de
determinar padres e limites mximos de emisso atmosfrica para as
indstrias instaladas antes de 2 de janeiro de 2007 ou que solicitaram
Licena de Instalao (LI) anteriormente a essa data.
RESOLUO n 054/06 SEMA (PARAN, 2006), que dispes sobre os
critrios para o Controle da Qualidade do Ar como um dos instrumentos
bsicos da gesto ambiental para proteo da sade e bem estar da
populao e melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o
desenvolvimento econmico e social do Estado de forma ambientalmente
segura, pelo estabelecimento de:
a) Padres de emisso e critrios de atendimento para fontes
industriais, comerciais e de servios;
b) Padres de condicionamento;
c) Metodologias a serem utilizadas para determinao de
emisses com vistas amelhoria na qualidade do ar e o no
-
30
comprometimento da qualidade do ar em reas consideradas
no degradadas.
Lei n 13.806 de 30 de setembro de 2002 (LONDRINA, 2002), que dispe
sobre as atividades pertinentes ao controle da poluio atmosfrica,
determinando que as atividades potencialmente poluidoras do ar devam
adotar tcnicas e tecnologias, bem como o uso de insumos e fontes de
energia evitando e minimizando a poluio atmosfrica, e assim, visando o
uso sustentvel dos recursos naturais e priorizando a qualidade do ar. A
gesto da qualidade do ar realizada atravs dos seguintes instrumentos:
a) Inventrio de fontes;
b) Monitoramento da qualidade do ar;
c) Relatrio de qualidade do ar;
d) Licenciamento ambiental;
e) Preveno de deteriorao significativa da qualidade do ar;
programa de emergncia para episdios crticos de poluio
do ar.
3.7 NDICE DE QUALIDADE DO AR (IQAr)
A qualidade do ar pode ser avaliada, em nvel local, regional, nacional e
internacional, atravs de estimativas das emisses, do uso de modelos matemticos e
de medidas das concentraes ambientais dos principais poluentes (KLUMPP et al.,
2001).
O ndice de qualidade do ar uma ferramenta que permite a classificao
simples e compreensvel do estado da qualidade do ar. Este ndice traduz a qualidade
do ar, especialmente das aglomeraes existentes no pas, nas cidades, e tambm de
outras reas industriais (CETESB, 2013c).
Os padres de qualidade do ar definem legalmente o limite mximo para a
concentrao de um poluente na atmosfera, garantindo desta forma a proteo da
-
31
sade e do meio ambiente. Estes padres de qualidade so baseados em estudos
cientficos sobre os efeitos produzidos por poluentes especficos e so fixados em
nveis que possam propiciar uma margem de segurana adequada (CETESB, 2013c).
So estabelecidos dois tipos de padres de qualidade do ar, os primrios
(podero afetar a sade da populao) e os secundrios (efeito adverso sobre o bem
estar da populao, assim como o mnimo dano fauna e flora, aos bens materiais e
ao meio ambiente em geral) (CETESB, 2013c).
Os parmetros regulamentados pelo CONAMA so: partculas totais em
suspenso, fumaas, partculas inalveis, dixido de enxofre, monxido de carbono,
oznio e dixido de nitrognio, Tabela 1 (CETESB, 2013c).
-
32
Tabela 1 Padres Nacionais da Qualidade do Ar.
Poluentes Tempo de
Amostragem
Padro
Primrio
(g/m3)
Padro
Secundrio
(g/m3)
Mtodo de Medio
Partculas Totais em
Suspenso
24 horas1
MGA2
240
80
150
60
Amostrador de grandes volumes
Partculas Inalveis 24 horas
1
MAA3
150
50
150
50
Separao Inercial/Filtrao
Fumaa 24 horas
1
MAA3
150
60
100
40 Refletncia
Dixido de Enxofre 24 horas
1
MAA3
365
80
100
40 Pararosanilina
Dixido de Nitrognio 1 hora
1
MAA3
320
100
190
100 Quimiluminescncia
Monxido de Carbono
1 hora1 40.000
35ppm 40.000 35ppm
Infravermelho no dispersivo
8 horas1 10.000
9ppm 10.000
9ppm
Oznio 1 hora1 160 160 Quimiluminescncia
Fonte: BRASIL, 1990.
O ndice de qualidade do ar (Equao 1) uma ferramenta matemtica
desenvolvida para simplificar o processo de divulgao da qualidade do ar. Esse ndice
utilizado desde 1981, e foi criado usando como base uma longa experincia
desenvolvida no Canad e Estados Unidos (KLUMPP et al., 2001):
=
100 (1)
-
33
Onde: PP o valor correspondente ao padro primrio, e CP a mdia
aritmtica no tempo dado da concentrao dos poluentes, exceto para o PTS que
consiste na mdia geomtrica para todas as amostras obtidas (BRASIL, 1990).
Atravs do ndice obtido, o ar recebe uma qualificao, conforme apresentado
na Tabela 2 (BRASIL, 1990):
-
34
Tabela 2 Qualidade do Ar.
(continua)
Qualidade ndice MP10
(g/m3)
24h
O3 (g/m3)
1h
CO (g/m
3)
8h
NO2 (g/m
3)
1h
SO2 (g/m
3)
24h
Fumaa (g/m
3)
24h
PTS (g/m
3)
24h
Significado
Boa 0-50 0-50 0-80 0-4,5 0-100 0-80 0-60 0-80 No h risco a
sade.
Regular >50-100 50-150 80-160 4,5-9 100-320 80-365 60-150 80-240
Sintomas como tosse seca,e cansao podem afetar ao grupo sensvel.
Inadequada >100-200 150-250 160-200 9-15 320-1130 365-800 150-250 240-375
Toda a populao pode apresentar
sintomas como tosse seca e cansao.
-
35
Tabela 2 Qualidade do Ar.
(concluso)
M
>200-300 250-420 200-800 15-30
1130-2260
800-1600 250-420 375-625
Toda a populao pode apresentar agravamento de
sintomas como tosse seca e cansao.
Pssima >300-400 420-500 800-1000 30-40 2260-3000
1600-2100
420-500 >625-875
Toda a populao pode apresentar
manifestaes de doenas respiratrias e cardiovasculares. Aumento de mortes
prematuras de grupos sensveis.
Crtica >400 >500 >1000 >40 >3000 >2100 >500 >875
Toda a populao pode apresentar
manifestaes de doenas respiratrias e cardiovasculares. Aumento de mortes
prematuras de grupos sensveis
Fonte: BRASIL, 1990..
-
36
4 MATERIAL E MTODOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
Este foi um estudo exploratrio descritivo para determinar as potenciais fontes
industriais poluidoras do municpio de Londrina-PR e seus processos produtivos,
relacionando a emisso de material particulado com o efeito sobre o meio ambiente, a
partir de referencial terico atualizado acerca da temtica.
Os estudos exploratrios so aqueles que tm por objetivo explicitar e
proporcionar maior entendimento referente a um determinado problema, buscando um
maior conhecimento sobre o tema de estudo, com o intuito de torn-lo mais explcito
(GIL, 2002).
4.2 POPULAO E LOCAL DE ESTUDO
A populao estudada foram as indstrias do setor alimentcio e bebidas por ser
o setor de atividade industrial mais representativo no plo industrial do municpio de
Londrina PR e por emitirem grande concentrao de material particulado ao longo dos
seus processos de produo.
O municpio de Londrina est localizado na latitude entre 230847 e 235546
Sul e Longitude entre 505223 e 511911 Oeste. De acordo com os dados do censo
de 2010 do IBGE, o municpio possui populao de 506.701 sendo que deste total de
populao, 493.520 pessoas residem na rea urbana.O municpio compreende uma
rea territorial de 1.653,075 Km2 (Figura 2).
-
37
Figura 2 Localizao do municpio de Londrina. Fonte: IBGE, 2010.
O solo da regio de origem basltica, entretanto, apresenta tipos de solos
diferentes, como: Latossolo Roxo Eutrfico e, em menor quantidade, o Brunizen
Vermelho e o Litlico Eutrfico, sendo assim de fertilidade varivel (LONDRINA, 2012).
O polo da regio essencialmente agrcola, devido ao regime pluviomtrico ser
bem distribudo, durante todo o ano, sendo rarssimos os perodos de grandes
estiagens ou chuvas prolongadas (LONDRINA, 2012).
No municpio, so poucas as reas remanescentes da formao vegetal natural
(mata pluvial tropical e subtropical). A mata dos Godoy (Reserva Florestal Estadual) e a
Reserva Indgena do Apucaraninha so formaes florestais que demonstram a
variedade de gneros e espcies de vegetao que se encontravam na regio,
entretanto, em razo do desmatamento intenso que houve no passado, existem outras
poucas reas com vegetao natural, em propriedades particulares (LONDRINA, 2012).
-
38
4.3 VARIVEIS DE ESTUDO
Nmero total de indstrias: O nmero de indstrias em um municpio
importante para a compreenso do desenvolvimento socioeconmico da
populao, uma vez que a indstria apontada como uma importante
geradora do bem-estar humano. Entretanto, o setor industrial tambm
responsvel pelos problemas sociais e ambientais, quando estes no
possuem uma poltica sustentvel (PINTO, 2006).
Nmero total de indstrias por setor de produo: Identificar quais os
setores industriais predominantes em um municpio ou regio de suma
importncia, uma vez que a partir deste levantamento se torna possvel o
reconhecimento de quais as reas de produo que esto em dficit no
pas, alterando a economia, o desenvolvimento de novas tecnologias com
fins de aperfeioamento produtivo e de impactos ambientais e na sade
direta e indireta da populao (SKAF; HENRIQUE; SILVA, 2011).
Nmero total de indstrias do setor: A determinao do nmero de
indstrias de um setor essencial para estabelecer a relao entre as
problemticas ambientais e na sade humana da regio, correlacionando-
as com as concentraes de poluentes emitidos pela atividade (PINTO,
2006).
Caractersticas do processo de produo: A partir da caracterizao dos
processos de produo de um setor, possvel determinar quais so as
etapas que os processos interagem com o meio ambiente e a populao,
e assim investir em tcnicas e tecnologias que visem a reduo de
impacto (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008).
Poluentes do processo de produo: A produo de uma indstria emite
poluentes que alteram os compostos qumicos, fsicos e biolgicos da
atmosfera, gua e solo, interferindo diretamente no meio ambiente e na
populao (LYRA, 2008).
-
39
Efeitos dos MPAs sobre o meio ambiente: O estudo da relao entre as
atividades antrpicas e o meio ambiente necessrio para determinar a
qualidade ambiental, a fim de estabelecer critrios e limites para que este
seja utilizado de forma sustentvel e portanto, haja o crescimento e
desenvolvimento econmico (LYRA, 2008).
4.4 COLETA E ANLISE DOS DADOS
Os dados coletados foram obtidos com o Ministrio do Trabalho e Emprego
(MTE) por meio eletrnico, consultando o perfil do municpio de Londrina no site
http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.php.
Estes dados foram utilizados para quantificar as indstrias em Londrina,
realizando o levantamento do nmero total de indstrias, os quais posteriormente foram
subdividas segundo o setor de atividade de produo, possibilitando a identificao e
seleo do setor de atividade predominante no municpio.
Para o mapeamento do setor industrial selecionado, a Federao das Indstrias
do Estado do Paran (FIEP), forneceu a partir do site
http://www.cadastrosindustriais.com.br/pr/pr_pesq_ind.aspx?uf=pr o local a onde
estavam situados os estabelecimentos industriais.
Aps o mapeamento, foram caracterizadas as etapas de processo de produo
do setor selecionado, sendo que os processos de produo de alimentos foram
embasados no livro Tecnologia de alimentos (EVANGELISTA, 2008), e os processos de
produo de bebidas e lcool etlico foram embasados no estudo de Tcnico em
alimentos (LIMA; MELO FILHO, 2011).
A partir da caracterizao do processo de produo, foram analisados quais
eram os potenciais poluentes emitidos em cada etapa e como eles eram emitidos na
atmosfera, sendo que o MPA foi o poluente selecionado para anlise do presente
trabalho.
http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.phphttp://www.cadastrosindustriais.com.br/pr/pr_pesq_ind.aspx?uf=pr
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40
Definidas as etapas em que havia a emisso de MPA, foram analisados os
dados climatolgicos entre os anos de 2005 e 2013, fornecidos pelo Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET), a fim de caracterizar os fatores de disperso do MPA,
segundo as estaes sazonais de cada ano, e desta forma relacionar os fatores de
disperso com os efeitos que o MPA pode gerar sobre o meio ambiente, a partir de
reviso bibliogrfica.
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41
5 RESULTADOSE DISCUSSES
5.1 CARACTERIZAO INDUSTRIAL DO MUNICPIO
5.1.1 Quantificao Industrial
Os resultados obtidos pelo MTE, quantificando as indstrias a partir dos setores
de atividades exercidas por elas esto expressados na Tabela 3:
Tabela 3 Indstrias em Londrina PR.
Setor de Atividade Estabelecimentos
Indstria de extrao de minerais 7
Indstria de produtos minerais no metlicos 23
Indstria metalrgica 368
Indstria mecnica 252
Indstria de materiais eltricos e de comunicao 93
Indstria de materiais de transporte 52
Indstria de madeira e do mobilirio 320
Indstria do papel, papelo, editorial e grfica 319
Indstria da borracha, fumo, couros, peles, entre outros 260
Indstria da borracha, fumo, couros, peles, entre outro 266
Indstria txtil, do vesturio e artefatos de tecidos 502
Indstria de calados 7
Indstria de produtos alimentcios, de bebida e lcool etlico 506
Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego. Perfil do Municpio, 2014.
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42
O setor industrial do municpio contemplava 2.975 estabelecimentos at o ms
de junho de 2014, tendo como atividades predominantes: indstria de produtos
alimentcios, de bebidas e lcool etlico e indstria txtil do vesturio e artefatos de
tecidos, com 506 e 502 estabelecimentos, respectivamente.
Conforme o Figura 3, possvel verificar que 17,01% das indstrias instaladas
no municpio esto relacionadas produo alimentcia, de bebidas e lcool etlico,
sendo desta forma o setor de atividade mais representativo do municpio.
Figura 3 Grfico de distribuio percentual das atividades industriais em Londrina-PR. Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego. Perfil do Municpio, 2014.
0,24
0,77
12,37
8,47
3,13
1,75
10,76
10,72
8,74
8,94
16,87
0,24
17,01
% Indstrias por setor em Londrina - PR
Indstria de extrao de minerais (0,24%)
Indstria de produtos minerais no metlicos (0,77%)
Indstria metalrgica (12,37%)
Indstria mecnica (8,47%)
Indstria de materiais eltricos e comunicao (3,13%)
Indstria de materiais de transporte (1,75%)
Indstria de madeira e do mobilirio (10,76%)
Indstria do papel, papelo, editorial e grfica (10,72%)Indstria da borracha, fumo, couros, entre outros (8,74%)Indstria qumica prod. Farmaceuticos, entre outros (8,94%)Indstria textil, do vesturio e tecidos (16,87%)
Indstria de calados (0,24%)
Indstria de produtos alimentcios, de bebida e lcool etlico (17,01%)
-
43
Estas caractersticas produtivas tm como fator de base o histrico de
desenvolvimento do municpio de Londrina-PR, uma vez que a sua povoao teve incio
com a chegada dos primeiros compradores de terra e os colonos nacionais, alemes e
japoneses, procedentes do Estado de So Paulo, orientados por agenciadores da
Companhia de Terras Norte do Paran, e assim, desenvolvendo principalmente
atividades agrcolas (IBGE, 2013).
Na indstria de produtos alimentcios, de bebidas e lcool etlico, a poluio
atmosfrica est relacionada com os poluentes emitidos pelas chamins das fbricas,
descargas dos automveis no sistema de logstica, manipulao e preparo do produto,
queima de leo combustvel e lenhas nas casas de caldeiras, emitindo gases de
combusto, como fuligem, dixido de enxofre e dixido de carbono (EVANGELISTA,
2008; LIMA; MELO FILHO, 2011).
5.1.2 Mapeamento das Indstrias
A distribuio espacial das indstrias de produtos alimentcios, de bebidas e
lcool etlico estabelecidas no municpio est representada na Figura 4.
Figura 4 Localizao das indstrias no municpio de Londrina PR. Fonte Autoria prpria.
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44
Estas indstrias se concentram em sua maioria nas regies oeste e leste, em
locais prximos aos acessos e sadas do municpio. Entretanto, h estabelecimentos na
Cidade Industrial Prefeito Milton Menezes e nos parques industriais, sendo que nestes
locais h a concentrao em menor quantidade devido falta de infraestrutura e
gerenciamento administrativo destes parques (LONDRINA, 2014b).
Os locais onde esto concentradas estas indstrias de extrema importncia,
uma vez que a poluio atmosfrica no se configura como poluio com efeitos locais,
e sim regionais e at mesmo globais (RESENDE, 2007, KLUMPP et al., 2001). Ao se
concentrar as indstrias em regies especficas, o monitoramento e controle das
partculas poluentes se tornam mais eficientes, possibilitando o manejo adequado do
ambiente, tanto em relao aos recursos hdricos, solo e vegetao caractersticas da
regio, como minimizando os efeitos diretos sade da populao que residem ao
redor destas regies (SILVA; MENDES, 2006).
5.2 PROCESSOS DE PRODUO
As etapas de produo das indstrias de alimentos, bebidas e bebidas etlicas
so divididas basicamente em quatro processos, como mostra a Figura 5:
Figura 5 Fluxograma de processo de produo. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
O processo de beneficiamento um conjunto operacional que visa melhorar ou
aprimorar as caractersticas de um lote de matria-prima aps a colheita. Muitas vezes
estes lotes esto acompanhados por diversos materiais como: palha, ervas daninhas,
Principais Etapas
Beneficiamento Elaborao Conservao Armazenamento
-
45
poeira, torres. Este conjunto de operaes tem como objetivo eliminar as impurezas,
tornando o lote uniforme, reduzir as cargas microbianas normais existentes, diminuir a
ao de enzimas exo e endocelulares, bem como eliminar ovos de parasitas
(EVANGELISTA, 2008).
O processo de elaborao a etapa de maior importncia na fabricao do
produto, que caracterizado como um conjunto de todas as operaes e processos
pelos quais a matria-prima passa para se obter o produto final, modificando ou no a
sua composio original, ou seja, determinam as transformaes que caracterizam os
produtos, aproveitando integralmente a matria-prima ou separando destas, seus
resduos (EVANGELISTA, 2008).
O processo de conservao um conjunto de mtodos necessrios para
eliminar a flora normal inconveniente e patognica, assim como as enzinas produtoras
de alteraes nas caractersticas do produto, a fim de garantir a qualidade do produto
final em um determinado perodo de tempo (SILVA JUNIOR, 2002).
O processo de armazenamento um conjunto de aes para preservar o
produto com as suas caractersticas estveis, de forma que no se deteriorem. Estas
alteraes podem ser referentes temperatura, umidade, imperfeio da embalagem,
ao de predadores, dentre outros (EVANGELISTA, 2008, MACHADO, 2000).
As figuras 6, 7 e 8 caracterizam as etapas de produo de produtos
alimentcios, de bebidas e lcool etlico, respectivamente.
-
46
Figura 6 Fluxograma de processo de produo de alimentos. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
Principais Etapas
Beneficiamento
Colheita
Transporte
Limpeza
Classificao
Seleo
Elaborao
Descascamento Corte
Moagem triturao
Separao
Extrao
Mistura
Conservao
Mtodos fsicos
Mtodos qumicos
Irradiao
Armazenamento
Ambiente
Refrigerao
Atmosfera modificada
-
47
Figura 7 Fluxograma de processo de produo de bebidas. Fonte: Baseado em LIMA; MELO FILHO, 2011.
Principais Etapas
Beneficiamento
Colheita
Transporte
Limpeza
Classificao
Seleo
Elaborao
Descascamento Corte
Moagem triturao
Separao
Mistura
Conservao
Mtodos fsicos
Mtodos qumicos
Irradiao
Armazenamento
Ambiente
Refrigerao
Atmosfera modificada
-
48
Figura 8 Fluxograma de processo de produo de lcool etlico. Fonte: Baseado em LIMA; MELO FILHO, 2011.
Estas etapas so essenciais para que haja uma produo de qualidade dos
produtos (EVANGELISTA, 2008, LIMA; MELO FILHO, 2011), entretanto, os processos
destas etapas interferem na qualidade do meio ambiente ao utilizarem mecanismos
potencialmente poluidores, poluindo diretamente a atmosfera.
Nos trs ramos de produo do setor de atividade de indstria de produtos
alimentcios, de bebidas e lcool etlico, os processos de beneficiamento, de
conservao e de armazenamento so similares em relao a poluio atmosfrica. A
diferenciao se d no processo de elaborao de cada ramo deste setor, que sero
descritos separadamente.
Principais Etapas
Beneficiamento
Colheita
Transporte
Limpeza
Classificao
Seleo
Elaborao
Descascamento Corte
Moagem triturao
Separao
Mistura
Fermentao
Destilao
Conservao
Mtodos fsicos
Mtodos qumicos
Irradiao
Armazenamento
Ambiente
Refrigerao
Atmosfera modificada
-
49
5.2.1 Processo de beneficiamento
O processo de beneficiamento, descrito na Figura 9, evidencia que nesta etapa
h a emisso de gases provenientes da reao de combusto dos maquinrios
utilizados, bem como a emisso de MPA em todas as etapas.
Figura 9 Fluxograma de processo de produo: etapa beneficiamento. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
Segundo Fonseca e Silva (2006), o corte na fase da colheita pode ser realizado
de forma manual utilizando ferramentas manuais, ou mecanizado utilizando
maquinas colheitadeiras. O corte realizado de forma manual bem menos nocivo ao
meio ambiente, uma vez que no h a emisso de gases de combusto e o
revolvimento do solo e da matria-prima no intenso, emitindo concentraes de MPA
inferiores se comparados ao corte mecanizado. Contrrio ao corte manual, no corte
mecanizado h intensa emisso de MPA, visto que o revolvimento do solo e da matria-
prima intenso, devido ao peso e velocidade dos maquinrios. Alm disso, h emisso
de grandes concentraes de gases de combusto completa e de combusto
incompleta quando no h a manuteno adequada dos maquinrios.
A matria-prima, aps a colheita, ser transportada at uma unidade de
beneficiamento em caminhes. Neste transporte necessrio embalar a matria-prima
adequadamente a fim de evitar perdas do material e emitir a menor quantidade possvel
Beneficiamento
Colheita
(CO2, CO, MPA, SO2,
NO2)
MPA
Transporte
(CO2, CO, MPA, SO2,
NO2)
MPA
Limpeza
MPA
Classificao
MPA
Seleo
MPA
-
50
de MPA na atmosfera. Entretanto, ao se utilizar automveis para o transporte, h a
emisso constante de gases de combusto (FONSECA; SILVA, 2006).
A operao de limpeza realizada pela mquina de ar e peneira para separar
as impurezas contidas no lote. Esta operao conta com controle de ventilao que
aspira ou sopra as impurezas mais leves que a matria-prima. Este processo gera
grande quantidade de MPA, entretanto por se tratar de maquinrios que utilizam
energia eltrica, no geram gases de combusto (CHITARRA; CHITARRA, 2005).
Aps a limpeza, quando necessrio, a matria-prima deve ser conduzida s
mquinas de classificao, que fazem o acabamento final e o aprimoramento do
produto, eliminando, com base em certas caractersticas diferenciais, as impurezas no
removidas nas mquinas de limpeza e assim selecionando a matria-prima que ser
utilizada na produo. Nestas duas ltimas etapas, h a gerao de MPA, porm em
menor quantidade, pois se trata de um material relativamente mais limpo (CHITARRA;
CHITARRA, 2005).
5.2.2 Processo de conservao
O processo de conservao, descrito na Figura 10, a etapa em que h
emisso de poluentes atmosfricos apenas no tratamento fsico:
Figura 10 Fluxograma de processo de produo: etapa conservao. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
Conservao
Mtodos fsicos
(CO2, CO, MPA, SO2, NO2) - maquinrio
Mtodos qumicos Irradiao
-
51
Os microrganismos que esto presentes no produto final, seja em sua
superfcie ou em seu interior, fazem parte da microbiota natural do ambiente onde foram
produzidos ou incorporados ao produto durante o processo de elaborao. Entretanto,
estes microrganismos so nocivos aos seres humanos, sendo necessrio portanto, que
o produto passe por um processo de conservao a fim de reduzir o grau de
contaminao (EVANGELISTA, 2008, SILVA JUNIOR, 2002, CREXI, 2013).
Para estes autores, a conservao do produto pode ser alcanada criando
condies ambientais desfavorveis ao desenvolvimento dos microrganismos, como o
controle de umidade, temperatura e pH, elevando a vida til do produto. Para tanto, h
necessidade de utilizar maquinrios durante este processo, os quais acabam por poluir
a atmosfera.
A remoo de microrganismos pode ser obtida a partir da lavagem, filtrao ou
sedimentao do produto (CREXI, 2013), porm estas tcnicas no envolvem a
emisso de gases poluentes na atmosfera, como pode ser observado a seguir:
Lavagem: utilizao de gua potvel para a limpeza;
Filtrao: utilizao de filtros vidro, porcelana, terra diatomcea, areia,
etc.;
Sedimentao: floculao dos colides por substncias qumicas.
5.2.2.1 Mtodo fsico
O tratamento fsico est diretamente relacionado com o controle de temperatura
e umidade, podendo ser realizado por insero de calor ou resfriamento do produto.
A aplicao de processos de conservao pelo calor est relacionada com a
intensidade e o tempo de exposio do produto ao calor, os quais dependem das
caractersticas fsicas e qumicas de cada produto para no alterar sua qualidade, e
tambm resistncia trmica dos microrganismos presentes. Alguns exemplos de
tratamento por calor so: pasteurizao, branqueamento, esterilizao, secagem e
desidratao. Desta forma, a utilizao de calor necessita de um rigoroso controle, a fim
-
52
de no destruir o produto, mas sim, contribuir para a sua conservao (ALEGRE, 2006).
Neste processo h emisso de gases de combusto provenientes do maquinrio
necessrio para a produo de calor.
A aplicao de processos de conservao pelo frio est relacionada ao
resfriamento ou congelamento do produto. A refrigerao til para a preservao do
produto para posterior processamento, podendo ser utilizada como meio de
conservao bsica ou temporria, pois no inibe o desenvolvimento de
microrganismos, apenas retarda as atividades microbianas e enzimticas. J o
congelamento, permite que o produto seja conservado por um longo perodo de tempo,
uma vez que inibe e retarda o desenvolvimento dos microrganismos (EVANGELISTA,
2008, ALEGRE, 2006). Neste processo h a emisso de gases de combusto
provenientes do maquinrio necessrio para a produo de frio.
5.2.2.2 Mtodo qumico
O tratamento qumico est relacionado com a utilizao de aditivos ao produto,
a fim de conservar o alimento at o momento de consumo, proporcionar maior vida til
e intensificar ou modificar as propriedades do produto de forma que no prejudique o
seu valor nutricional. Os aditivos mais utilizados para esta finalidade so
(EVANGELISTA, 2008):
Acidulantes: agem como conservantes ex. cido ctrico, cido ltico,
entre outros;
Conservantes: proporcionam maior durabilidade e interferem na
membrana celular, na atividade enzimtica e no mecanismo gentico do
microrganismo ex. dixido de enxofre, cido benzico, entre outros;
Este processo no emite poluentes atmosfricos por caracterizar a utilizao de
compostos qumicos na mistura do produto.
-
53
5.2.2.3 Irradiao
A radiao um mtodo que vem sendo utilizado cada vez mais na indstria de
alimentos, bebidas e lcool etlico. Esta radiao pode ser por raios ultravioletas
reduzindo a contaminao superficial do produto, ou radiaes ionizantes impedindo
a multiplicao de microrganismos (WALDER, 2011).
A irradiao no produto utiliza as formas de radiao para provocar ionizao,
resultando em efeitos qumicos e biolgicos que impedem a diviso celular de
bactrias. Esta radiao no afeta o produto, apenas os microrganismos, e a energia
necessria para a inibio destes inferior se comparada a energia utilizada em
mtodos que envolvem frio ou calor (WALDER, 2011). Este processo no emite gases
poluidores visto que a radiao obtida por lmpadas especficas e no por meios
onde h queima de combustvel ou gerao de MPA.
5.2.3 Processo de armazenamento
No processo de armazenamento, descrito na Figura 11, h emisso de
poluentes atmosfricos nas etapas de refrigerao e de atmosfera modificada.
Figura 11 Fluxograma de processo de produo: etapa armazenamento. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
Armazenamento
Ambiente Refrigerao
(CO2, CO, MPA,SO2, NO2) -maquinrio
Atmosfera modificada
-
54
O armazenamento do produto deve garantir que no haja alteraes na
qualidade do produto at o final de sua vida til. Para tanto, essencial que haja
controle de temperatura do ambiente no qual este estar armazenado, pois cada
produto possui uma caracterstica especfica e situaes de timo desenvolvimento de
microrganismos (EVANGELISTA, 2008, SILVA JUNIOR, 2002.
5.2.3.1 Temperatura Ambiente
Os produtos que passaram por processo de conservao rigoroso e que no
possuem caractersticas fsico-qumicas que exijam controle de temperatura so
armazenados em ambientes com temperaturas entre 25 C e 30 C, em estoque seco e
bem ventilado, reduzindo as chances de perda do produto (SEBRAE, 2004).
Este processo no emite poluentes atmosfricos, pois no h a necessidade de
controle do ambiente.
5.2.3.1 Refrigerao
Os produtos que mesmo aps o processo de conservao, que por suas
caractersticas fsico-qumicas necessitem de controle de temperatura para que no
haja a deteriorao do produto, devem ser armazenados em ambientes refrigerados
temperatura entre 0 C e 5 C, de acordo com o grau de pericibilidade; ou em
ambientes congelados temperatura inferior a 0 C, de acordo com o grau de
pericibilidade (SEBRAE, 2004).
Este processo, por exigir o controle de temperatura ambiente e sistema para
mant-la estvel, acarreta emisso de gases de combusto na atmosfera.
-
55
5.2.3.3 Atmosfera modificada
A utilizao de embalagens adequadas e especficas para cada produto de
suma importncia, pois protege o produto contra possveis contaminaes aps a sua
fabricao e proporciona maior garantia de que o produto no ser comprometido
durante o seu manuseio e transporte (MANTILLA et al., 2010).
Para a determinao da embalagem preciso levar em considerao as
caractersticas fsico-qumica do produto e o seu potencial de desenvolver
microrganismos. O enchimento adequado, a reduo de espaos vazios ou a
substituio do ar por gs carbnico ou outro gs inerte, pode proporcionar condies
anaerbicas no interior da embalagem, impossibilitando o desenvolvimento de bactrias
aerbicas, e assim sendo eficiente inibio de microrganismos aerbios que foram
tolerantes ao tratamento de conservao do produto (MANTILLA et al., 2010).
O processo de fabricao das embalagens e o prprio ato de embalar
dificilmente geram emisses de poluentes atmosfricos, pois um processo
mecanizado, utilizando na maioria das vezes energia eltrica para o processamento.
5.2.4 Processo de elaborao
5.2.4.1 Processo de elaborao: indstria alimentcia
No processo de elaborao de produtos alimentcios, Figura 12, h a emisso
de gases provenientes da reao de combusto dos maquinrios utilizados, bem como
a emisso de material particulado em todas as etapas.
-
56
Figura 12 Fluxograma de processo de produo alimentcia: etapa elaborao. Fonte: Baseado em EVANGELISTA, 2008.
A etapa inicial para a elaborao de produtos alimentcios a limpeza e corte
da matria-prima que ser utilizada. Esta etapa pode ser realizada manualmente ou
mecanicamente. Seja ela realizada mecanicamente ou manualmente, haver a emisso
de MPA (FONSECA; SILVA, 2003).
A etapa seguinte consiste na moagem e triturao desta matria-prima pr-
selecionada, a fim de se extrair o suco que caracterizar o alimento ou ento as partes
que sero importantes para a produo deste (EVANGELISTA, 2008).
A etapa de mistura caracterizada pela mistura entre o suco extrado e ou as
partes separadas da matria-prima, o qual caracterizar o produto a ser elaborado,
como: inserindo aucares; gua potvel; aditivos conservantes e cidos para o controle
de pH, microrganismos, proporcionar sabor ao alimento, levar ao forno, remover o sal e
impurezas, entre outros (EVANGELISTA, 2008).
A etapa de mistura a fase mais crtica em relao a emisso de poluentes
atmosfricos, pois nesta fase que h a utilizao de mecanismos distintos como:
maquinas de bateladas, peneiras, fornos, substancias introduzidas, entre outros, que
so essenciais para a elaborao do produto.
Elaborao
Descascamento Corte
MPA
Moagem triturao
(CO2, CO, MPA, SO2, NO2) -maquinrio
Separao
MPA
Mistura
MPA
-
57
5.2.4.2 Processo de elaborao: indstria de bebidas
O processo de elaborao de bebidas descrito Figura 13.
Figura 13 Fluxograma de processo de produo de bebidas: etapa elaborao. Fonte: Baseado em LIMA; MELO FILHO, 2011.
A elaborao de bebidas pode ser dividida em: bebidas naturais gua, leite e
suco de frutas; infuses e decoces ch e caf; e bebidas refrescantes coquetis,
xaropes de refrigerantes, entre outros. A produo destas bebidas segue o mesmo
padro, diferenciando-se apenas na fase de mistura aplicadas para a obteno final do
produto.
A etapa preliminar para a elaborao a limpeza e corte da matria-prima a ser
utilizada. Esta etapa pode ser realizada manualmente ou mecanicamente, dependendo
da demanda de matria-prima. Seja ela realizada mecanicamente ou manualmente,
haver a emisso de MPA (EVANGELISTA, 2008).
A etapa seguinte consiste na moagem e triturao desta matria-prima pr-
selecionada, a fim de se extrair o suco que caracterizar a bebida. Sequencialmente h
a separao entre o suco e as partes da matria-prima que no ser utiliza, como por
exemplo, as sementes (LIMA; MELO FILHO, 2011).
Elaborao
Descascamento Corte
MPA
Moagem triturao Separao Mistura
(CO2, CO, MPA,SO2, NO2) -maquinrio
MPA
-
58
A etapa de mistura caracterizada pela mistura entre o suco extrado e a
caracterstica da bebida a ser produzida, como: inserindo aucares isento de
umidade, fungos e outros sabores; gs carbnico processo de carbonatao da
bebida; gua potvel; aditivos conservantes e cidos para o controle de pH,
microorganismos e proporcionar sabor bebida, entre outros (LIMA; MELO FILHO,
2011, SANTOS, 2005).
A etapa de mistura a fase mais crtica em relao a emisso de poluentes
atmosfricos, pois assim como ocorre no item 5.2.4.1, nesta fase que h a utilizao
de mecanismos distintos como: maquinas de bateladas, peneiras, fornos, substancias
introduzidas, entre outros, que so essenciais para a elaborao do produto.
5.2.4.3 Processo de elaborao: indstria de lcool etlico
O processo de elaborao de lcool etlico descrito pela Figura 14.
Figura 14 Fluxograma de processo de produo de lcool etlico: etapa elaborao. Fonte: Baseado em LIMA; MELO FILHO, 2011.
A elaborao de bebidas de lcool etlico pode ser dividida em: bebidas
fermentadas cerveja, vinho; e destiladas aguardente, licores. Entretanto, a produo
destas bebidas segue o mesmo padro de produo das bebidas no item 5.2.4.1,
diferenciando-se apenas na fase que precede a mistura, ou seja, a fermentao e
destilao do produto.
Elaborao
Descascamento Corte
MPA
Moagem triturao
Separao Mistura
(CO2, CO, MPA, SO2,
NO2) -maquinrio
MPA
Fermentao
CO2
Destilao
cetona,
metanol,
aldedo,
ter,
alcois
-
59
O processo de fermentao ocorre em tanques de fermentao, podendo ser
de ao inox ou de madeira e possuem uma vlvula de escape na parte superior,
emitindo gs carbnico. Este processo consequncia de uma sequncia de reaes
na quais microrganismos atuam sobre os aucares, produzindo o lcool etlico e o