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ENFRENTAMENTO DO HIV/AIDS EM IDOSOS: PERSPECTIVA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE
SAÚDE E DE MÉDICOS DA SAÚDE DA FAMÍLIA, CAMPO GRANDE, MS
Valdirene Silva Pires Macena1; Maurício Antonio Pompilio2
1 Bióloga. Pesquisadora. Mestra em Saúde da Família2 Médico. Infectologista. Orientador. Docente na UFMS
CAMPO GRANDE-MS2016
O mundo está envelhecendo e o envelhecimento populacional é
visível na sociedade.
.
INTRODUÇÃO
Fonte: BRASIL, 2015a
BRASIL até 2030 - 41,5 milhões de pessoas idosas e estima-se que em 2060 - 73,5 milhões de idosos (IBGE, 2015);
MATO GROSSO DO SUL (MATO GROSSO DO SUL, 2015):
• 1991→ 104.852 idosos (5,9% habitantes);
• 2010 → 239.270 idosos (9,8% habitantes).
CAUSAS DO AUMENTO DE PESSOAS IDOSAS:
Aumento da expectativa de vida para 75,44 anos;
Conquista social com melhoria das condições de vida;
Ampliação do acesso a serviços médicos preventivos e curativos;
Aumento da escolaridade e da renda;
Ampliação da cobertura de saneamento básico;
Avanço da tecnologia médica;
Redução dos níveis da fecundidade e mortalidade.
(BRASIL, 2010; BRASIL, 2016)
NO MUNDO (até 2014) = 36,9 milhões; NO BRASIL (de 1980 a junho de 2015) = 798. 366; EM MATO GROSSO DO SUL (1980 a 2014) =
8.608; 6º estado brasileiro com maior índice da doença
(2010 a 2014);
MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE, MS (2011 a 2015) = 1.035 casos de AIDS.
(UNAIDS, 2015; BRASIL, 2015b; CAMPO GRANDE, 2015; MATO GROSSO DO SUL, 2015)
A EPIDEMIOLOGIA DO HIV/AIDS
A TRAJETORIA DA Aids NO BRASIL
(SANTOS; ASSIS, 2011; SOUZA, 2008)
Aids
Pauperização
Heterossexualização
Juventudilização Interiorização
Feminização Envelhecimento
Retrovírus - família Lentiviridae (COSTA, 2009);
FORMAS DE TRANSMISSÃO (BRASIL, 2013):
Relação sexual desprotegida;
Uso de drogas por agulhas/seringas compartilhadas;
Acidentes ocupacionais com instrumentos perfurocortantes;
Transfusão de hemocomponentes contaminados;
Via vertical (gravidez, parto e amamentação).
HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana
HIV - infecta os linfócitos T CD4+ e causa imunodepressão favorecendo as doenças oportunistas (BRASIL, 2013);
A Aids - interfere nas relações sociais, na vida profissional, na vida afetiva, na sexualidade e na vida reprodutiva (SOUZA, 2008).
AS CONSEQUÊNCIAS DO HIV/Aids
1. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DO HIV - deve ser feito após o segundo mês da infecção pelo HIV (ELISA; Imunocromatográfico; outros métodos de triagem) (BRASIL, 2013);
2. RESULTADOS POSITIVOS - confirmar pelos métodos de Imunofluorescência e o Western Blot (BRASIL, 2013);
A IDENTIFICAÇÃO DO HIV E O DIAGNÓSTICO DA Aids
3. DEFINIÇÃO DOS CASOS DE Aids - CDC Adaptado, Critério Rio de Janeiro/Caracas e o Critério excepcional de óbito (BRASIL, 2013);
4. MONITORAMENTO DA DOENÇA - deverá ser monitorada clinicamente e laboratorialmente (dosagem da carga viral e das células T CD4+) (STEPHENS et al., 2014).
A IDENTIFICAÇÃO DO HIV E O DIAGNÓSTICO DA Aids
HÁ TRÊS GRUPOS DE PESSOAS MAIS VELHAS - Idosos jovens (65 a 74 anos de idade), Idosos velhos (75 a 84 anos) e Idosos mais velhos (85 anos a mais) (SCHENEIDER; IRIGARAY, 2008);
Os idosos estão cada vez mais adquirindo DST sendo uma delas - a Aids (KLEBER; QUEIROZ; MOTA, 2013);
IDOSOS E A VULNERABILIDADE PELO HIV/Aids
BRASIL (de 1980 a 2014) → 23.271 casos de Aids em pessoas com 60 e mais, sendo 14.756 em homens idosos e 8.515 em mulheres idosas (BRASIL, 2015b);
CAMPO GRANDE, MS (de 2010 a 2014) ocorreram 33 casos de Aids em idosos, sendo 16 casos em homem e 17 casos de AIDS em mulheres (CAMPO GRANDE, 2014).
IDOSOS E A VULNERABILIDADE PELO HIV/Aids
Falta de ações em saúde para orientar a população idosa sobre a prevenção do HIV;
Preconceito do uso de preservativos; Associação à ampliação do acesso a medicamentos
para distúrbios eréteis; A participação de idosos em grupos de convivência; A maior vulnerabilidade de contrair DST.
(BRASIL, 2007; GLINA, 2004; LIMA-COSTA; VERAS, 2003; SANTOS; ASSIS, 2011)
FATORES QUE COLABORAM PARA A EPIDEMIA DO HIV/AIDS EM IDOSOS:
FINAL DA DÉCADA DE 90 – Envelhecimento Ativo e a Saúde do Idoso passou ser uma das prioridades no Pacto pela Vida (BRASIL, 2010).
ATENÇÃO À SAÙDE DA PESSOA IDOSA NA ESF OCORRE POR (BRASIL, 2007): Demanda espontânea e busca ativa dos ACS;
Atribuições dos médicos em realizar: consulta, prescrição de medicamentos, solicitação de exames complementares, encaminhamento a serviços de referência de média e alta complexidade.
ESF COMO POLÍTICA PÚBLICA A SAÚDE DO IDOSOS
Integra os serviços de saúde da Atenção Básica e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL,
2009);
ACS – realiza atividades educativas para adesão ao tratamento e prevenção das DST e Aids (HILDEBRAND; SHIMIZU, 2008).
O ACS E SUAS ATRIBUIÇÕES
A ACELERAÇÃO DA RESPOSTA PELO FIM DA EPIDEMIA DE AIDS
BRASIL (até 2020) tem a expectativa de atingir a meta 90-90-90 estabelecida pelo país, perante a ONU;
A meta consiste em ter 90% das pessoas com HIV diagnosticadas; deste grupo, 90% seguindo o tratamento; e, dentre as pessoas tratadas, 90% com carga viral indetectável;
A meta mundial prevê novas infecções limitadas a 500 mil ao ano e zero discriminação.
(BRASIL, 2015)
OS NÓS-CRÍTICOS PARA PREVENÇÃO DAS DST/AIDS EM IDOSOS NAS ESF
As campanhas, as ações de promoção de saúde e prevenção HIV/Aids do Programa Nacional de DST e AIDS estão voltadas aos jovens (ZORNITTA, 2008);
Quando os Programas estão voltados a terceira idade, ainda há a dificuldade dos organizadores e participantes abordar o tema sexualidade e isso dificulta que as informações sobre a prevenção atinja esta população (AFFELDT; SILVEIRA; BARCELOS, 2015);
Percebe-se que as atuais políticas públicas não estão sendo suficientes para suprir as necessidades da educação e saúde sexual da população idosa (MOREIRA et al., 2015).
Identificar ações de enfrentamento ao HIV/Aids em
idosos na perspectiva dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Médicos de Saúde da Família no Município de Campo Grande, MS.
OBJETIVO
TIPO DE PESQUISA - estudo descritivo, seccional, quantitativo.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
8 UBSF
3 UBSF 11 UBSF
10 UBSF
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMS no dia 16 de julho de 2015 (Parecer nº 1.151.462).
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA
RESULTADOS
Tabela 2 – Capacitações e treinamentos em DST/Aids e percepção da necessidade, Campo Grande, MS (n=140)
ACS e as ações de enfrentamento da epidemia da Aids na terceira idade
ACS
Os idosos possuem poucas informações sobre DST/Aids
(CEZAR; AIRES; PAZ, 2012)
A falta de informações leva tratamento tardio da doença (MATO GROSSO DO SUL, 2015b)
A capacitação dos ACS favorece a ampliação de
conhecimentos (DINIZ; SALDANHA, 2008)
Quadrilátero da formação: a gestão, atenção, ensino e
controle social (CECCIM; FEUERWERKER, 2004)
RESULTADOS
Tabela 3 – Campanhas educativas e ações de prevenção das DST/Aids e fornecimento de preservativos nas unidades de saúde, Campo Grande, MS (n=140)
UBSF e o contexto das DST/Aids
ACS
Os idosos são sexualmente ativos, expostos às DST.
A questão do uso de preservativos, deve ser assunto natural durante as
consultas(LAROQUE et al., 2011)
Importante investir em ações de prevenção e capacitação de profissionais da saúde para melhorar a qualidade de
vida do idoso e reduzir esses índices (GIRONDI et al., 2012)
Disponibilizar às pessoas idosas: preservativo masculino e feminino
e gel lubrificante para práticas sexuais mais seguras (BRASIL,
2007)
ACS e idosos
RESULTADOS
Tabela 4 – Vulnerabilidade do idoso a infecção pelo HIV e dificuldade de abordar a sexualidade, Campo Grande, MS (n=140)
ACS
Crenças equivocadas sobre a prevenção do HIV em idosos e isso contribui para aumentar a sua vulnerabilidade à infecção
(BITTENCOURT et al., 2015)
Os idosos acreditam que picada de mosquito (79,9%),
compartilhamento de sabonetes e toalhas (62,1%), talheres,
copos e pratos (62,3%) podem transmitir o vírus
(PEREIRA; BORGES, 2010)
ACS, enquanto veículos de informações colaboram para que as famílias sejam orientadas a se prevenir de inúmeras doenças e
pensar em ter saúde (DINIZ; SALDANHA, 2008)
É recomendável incentivar o uso de preservativos durante a relação sexual e realizar atividades para ampliar a procura do teste anti-HIV
(ANDRADE; SILVA; SANTOS, 2010)
Médicos da estratégia de saúde da família e idosos
RESULTADOS
Tabela 5 – Diagnóstico de DST em idosos, oferta de testagem e medicamentos para disfunção erétil e orientação para uso de preservativos, Campo Grande, MS (n=48)
MÉDICOS
56% dos idosos dos CCI são vulneráveis a Aids por manterem relação sexual
desprotegidas(DRIEMEIER, 2010)
Existem ideias conflitantes sobre o uso de preservativos (RODRIGUES; PRAÇA, 2010)
Os idosos são sexualmente ativos, mas
não dialogam com os profissionais de saúde.
(LAROQUE et al., 2011)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os ACS tem o conhecimento da vulnerabilidade dos idosos ao risco de infecção do HIV;
Parte dos ACS não receberam capacitação para esta temática, encontram dificuldades para abordar a sexualidade nas visitas domiciliares e necessitam de treinamento específico;
Os ACS referem que há distribuição regular de preservativos, entretanto, não identificam estratégias e ações para enfrentamento da epidemia neste grupo etário.
A Educação Permanente em Saúde pode ser uma grande oportunidade dos ACS e outros profissionais da ESF aprofundar seus conhecimentos como metodologia crítico-reflexiva sobre seu processo de trabalho.
REFERÊNCIASAFFELDT, A. B.; SILVEIRA, M. F.; BARCELOS, R. S. Perfil de pessoas idosas vivendo com HIV/AIDS em Pelotas, sul do Brasil, 1998 a 2013. Epidemiologia de Serviços de Saúde, Brasília, v. 24, n. 1, p. 79-86, jan./mar. 2015.
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OBRIGADA!!!
“Apenas quando somos instruídos pela realidade é que podemos mudá-la”. (Bertolt Brecht)