Direito Internacional Penal Tributário
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ON-LINE EM
Aspectos básicos do Direito Penal Econômico.Globalização. Macrocriminalidade.
Política Criminal e crimes sócio-econômicos
Professora Dra. Fabiola Emilin Rodrigues
Direito Penal Econômico
Prevenção da criminalidade econômica
Direito Penal Econômico
Direito Penal Econômico - DisciplinaAutônoma?
• Metodologia própria
• Objeto diferenciado e autônomo
• Regras e principios com particularidades
Direito Penal Econômico
Dirige sua intervenção sobre as condutasque atentam contra o conjunto total daeconomia.
Mudança de preocupação legislador deixade tratar de bens individuais pararegulamentar bens jurídicos supra-individuais.
Direito Penal Econômico
Surge a necessidade de responsabilizarpenalmente as pessoas jurídicas, novostipos penais
Globalização e Direito Penal
Sociedade do risco, Sociedade doConsumo, Sociedade da Informação
Novas demandas sociais
Globalização e Direito Penal
O complexo funcionamento do mercado mundialcriou um ambiente fértil para a proliferação doscrimes econômicos.
Novos bens jurídicos tutelados pelo Direito PenalEconômico está relacionada ao conceito desociedade de risco — são bens jurídicossupraindividuais, cuja lesão acarreta em danosque, embora invisíveis à maior parte dapopulação, afetam uma pluralidade de indivíduos,e muitas vezes são irreversíveis.
Globalização e Direito Penal
Expansão do Direito Penal, observado:
(i) surgimento de novos bens jurídicos;
(ii) aparecimento de novos riscos;
(iii) o sentimento social de insegurança;
(iv) a configuração de uma sociedade de“sujeitos passivos”;
Globalização e Direito Penal
(v) a difusão social dos efeitos dos delitos;(vi) a pressão de novos grupos sociais(feministas, pacifistas, consumidores,ecologistas, defensores dos direitos humanos,entre outros) pela tutela penal de seusinteresses; e
(vii) o descrédito de outras instâncias deproteção.”
Direito Penal Econômico
Indeterminação dos agentes e das vítimasda infração
Ofensividade penalmente relevanteproduzida em série
Direito Penal Econômico
Tratatos e Convenções Internacionais
Limites de atuação são alterados,mecanismos de investigação tornam-secomplexos
Globalização e Direito Penal
Ratificada pelo Brasil em 2004, a Convençãode Palermo é uma estratégia internacional deenfrentamento ao crime. Tem por objetivo oredirecionamento das ações dos Estados e dacomunidade internacional para o corte dofluxo financeiro das organizações criminosas,demonstrando assim que “o crime nãocompensa”.
Globalização e Direito Penal
• Convenção de Mérida
• Convenção sobre o Combate à Corrupçãode Funcionários Públicos Estrangeiros emTransações Comerciais Internacionais” daOrganização para a Cooperação eDesenvolvimento Econômico (OCDE)
• Convenção das Nações Unidas contra oCrime Organizado Transnacional (UNTOC)
• Convenção das Nações Unidas contra aCorrupção (UNCAC)
Globalização e Direito Penal
Cidadão que cobra fim da impunidade é omesmo que compra DVD pirata...
Globalização e Direito Penal
Seletividade do bem jurídico tutelado,valoração proteção
Criminalidade Econômico Financeira
Segundo Schunemann, a criminalidadeeconômica é aquela relativa às infraçõeslesivas da ordem econômioca cometidas porpessoas de alto nível socioeconômico nodesenvolvimento de sua atividade profissional
Macrocriminalidade – Crime do colarinhobranco, “status do autor”
Criminalidade Econômico Financeira
Edwin Sutherland – cinco elementos:
Ser um crime
Ser cometido por uma pessoa respeitável
Pessoa pertencer a uma camada alta social
Estar no exercício de seu trabalho
Constituir uma violação da confiança
Criminalidade Econômico Financeira
Superior Tribunal de Justiça
manifesta expressões “testa de ferro”,“fantasmas”, dissimulando a partipação dosverdadeiros mentores ou beneficiários datrama.
Direito Penal Econômico
E. Sutherland explicava que a aplicaçãodiferenciada da lei pode ser atribuída aosseguintes fatores:
(1) status: o poder imuniza os “homens denegócio” em relação aos crimes, já queincriminá-lo poderá trazer problemas para oincriminador no futuro; criminoso financiacampanhas políticas = legislativo
Direito Penal Econômico
(2) homogeneidade cultural: juízes,administradores, legisladores e homens denegócios possuem a mesma formaçãocultural, muitas vezes partilham as mesmasorigens sociais e essa homogeneidade fazcom que não seja uma tarefa fácil caracterizaros criminosos econômicos dentro doestereotipo do criminoso comum.
Direito Penal Econômico
(3) a relativa desorganização na reaçãoaos crimes de colarinho branco: asviolações das leis pelos homens de negóciossão complexas e produzem efeitos difusos.Não se tratam de agressões simples e diretasde um indivíduo contra outro. Além disso,podem permanecer por muitos anos semserem descobertas..
Direito Penal Econômico
Os meios de comunicação de massa nãoexprimiriam uma expressiva valoração moralda coletividade a respeito dos crimes docolarinho branco, em parte porque são fatoscomplexos, de difícil colocação jornalística,mas, sobretudo porque também os jornaispertencem a homens de negócios, que àsvezes são responsáveis por numerosos ilícitosanálogos.
Direito Penal Econômico
No caso do Poder Judiciário, pressionadospela sociedade a oferecer uma resposta àimpunidade dos criminosos de colarinhobranco, alteram os mecanismos jurídico-penais de forma a provocar uma aparenteseveridade punitiva, ainda que, emcontrapartida, sejam violados os preceitosmais basilares do Direito Penal, que seconsubstanciam na forma de garantiasindividuais.
Direito Penal Econômico
Exemplo: crimes societários, onde adificuldade de identificar com precisão cadapartícipe do organograma criminoso levou àconcepção, pelo Ministério Público, da“denúncia genérica” (amplamente aceitapelos juízes), que afronta o princípio geral doDireito Penal clássico — a individualização dascondutas no concurso de agentes.
Direito Penal Econômico
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá aexposição do fato criminoso, com todas assuas circunstâncias, a qualificação do acusadoou esclarecimentos pelos quais se possaidentificá-lo, a classificação do crime e,quando necessário, o rol das testemunhas
Direito Penal Econômico
Art. 29 do Código Penal: "Quem, de qualquermodo, concorre para o crime incide nas penasa este cominadas, na medida de suaculpabilidade".
Direito Penal Econômico
Órgão de acusação imputa a todos,indistintamente, o mesmo fato delituoso,independentemente das funções exercidas poreles na empresa ou sociedade (e, assim, dopoder de gerenciamento ou de decisão sobrea matéria), a hipótese não será nunca deinépcia da inicial, desde que seja certo einduvidoso o fato a eles atribuídos.
Direito Penal Econômico
A questão relativa à efetiva comprovação deeles terem agido da mesma maneira é, comologo se percebe, matéria de prova, e nãopressuposto de desenvolvimento válido eregular do processo". (OLIVEIRA, EugênioPacelli de. Curso de Processo Penal. 17 ed.São Paulo: Atlas, 2013. p. 168).
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Direito Penal Econômico
Alegava-se que a denúncia genérica seriainadmissível no Direito Brasileiro por conta daviolação do princípio da responsabilizaçãosubjetiva... não afronta as garantiasindividuais, uma vez que a denúncia em sinão é mais que a peça processual que acionaa jurisdição criminal, mas que a averiguaçãoda culpa dos réus sempre se faz sempre nobojo do próprio processo penal e que,independentemente de a denúncia sergenérica ou não...
Direito Penal Econômico
Responsabilidade objetiva e subjetiva noscrimes financeiros.
Denúncias genéricas em crimes societários.
Direito Penal Econômico
Problemática da responsabilidade objetiva noscrimes societários envolve a distinção entre ocargo ocupado pelo agente e a função por eleefetivamente exercida. Na situação, porexemplo, em que não haja coincidência entreambos — em que o indivíduo acusado possuium cargo que em tese permitiria que eletivesse conhecimento e efetivamente atuassena execução dos crimes, mas não exerciaefetivamente função nenhuma noorganograma criminoso.
Direito Penal Econômico
“Admite-se a denúncia geral, mas repudia-se adenúncia genérica. Na primeira atribui-se umdeterminado ato criminoso a todos osdenunciados, por tê-lo praticado em conjunto; nasegunda, mostra-se que ocorreram ações quelevaram ao resultado delituoso, atribuindo-o atodos os diretores, sem estabelecer acorrespondência concreta entre aquele e as açõesde cada um dos que as produziram, impedindo-lhes a defesa, culminando a denúncia da inépciaformal”,.
Direito Penal Econômico
Necessidade de individualização dasrespectivas condutas dos indiciados.Observância dos princípios do devido processolegal (CF, art. 5o, LIV), da ampla defesa,contraditório (CF, art. 5o, LV) e da dignidadeda pessoa humana (CF, art. 1o, III).Precedentes: HC no 73.590-SP, 1a Turma,unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de13.12.1996; e HC no 70.763-DF, 1ª Turma,unânime, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de23.09.1994.
Direito Penal Econômico
No caso concreto, a denúncia é inepta porquenão pormenorizou, de modo adequado e suficiente, a conduta do paciente. Habeas corpusdeferido. STF. HC 86879/SP. Relator originárioMinistro Joaquim Barbosa. Relator / AcórdãoMinistro Gilmar Mendes. 2ª Turma.Julgamento: 21/02/2006. publicação:16/06/2006
Direito Penal Econômico
Mudança de orientação jurisprudencial, que,no caso de crimes societários, entendia serapta a denúncia que não individualizasse ascondutas de cada indiciado, bastando aindicação de que os acusados fossem dealgum modo responsáveis pela condução dasociedade comercial sob a qual foramsupostamente praticados os delitos. Precedentes: HCno 86.294-SP, 2a Turma, por maioria, de minha relatoria, DJ de 03.02.2006; HC no85.579- MA, 2a Turma, unânime, de minha relatoria, DJ de 24.05.2005; HC no80.812-PA, 2a Turma, por maioria, de minha relatoria p/ o acórdão, DJ de 05.03.2004;HC no 73.903-CE, 2a Turma, unânime, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ de 25.04.1997; eHC no 74.791-RJ, 1a Turma, unânime, Rel.Min. Ilmar Galvão, DJ de 09.05.1997.
Direito Penal Econômico
Deve-se impor penas restritivas deliberdade ou penas pecuniárias compatíveiscom a magnitude da lesão?
Deve-se punir as pessoas físicas ou asorganizações?
Globalização e Direito Penal
Deve o legislador regular os delitoseconômicos com a legislação penal (sejano Código Penal ou em lei especial), oudeve configurá-los como infraçõesadministrativas (regulação tributária, fiscal,previdenciária)...
Direito Penal Econômico
Ainda são válidos conceitos de que oDireito Penal orienta a escolha dos bensjurídicos de acordo com os princípios dasubsidiariedade e fragmentariedade.
Atua portanto, como ultima ratio?
Direito Penal Ecocômico
Consequência da admissão dos bens jurídicossupraindividuais pelo Direito Penal é a criaçãodos chamados delitos de perigo, em quenão se exige a efetiva lesão, bastandosimplesmente que haja a colocação em perigodo bem jurídico, que resta sujeito àpossibilidade de vir a ser lesado emdecorrência da ação delituosa.
Direito Penal Econômico
Contexto processo penal de emergência
Anteriormente - necessidade do dano
mitigação das garantias processuais
Direito Penal Econômico – Crime Org.
Conceito de criminalidade organizada
reunião de vários membros de umasociedade, que se associam e organizamsua atividade criminal como um projetoempresarial, formando o que se denomina"organizaçao criminosa“.
Direito Penal – Crime Organizado
Criminalidade organizada
Hierarquia estrutural
planejamento empresarial
uso de meios tecnológico avançados
recrutamento de pessoas
divisão funcional das atividades
Direito Penal – Crime Organizado
Criminalidade organizada
conexão estrutural ou funcional com opoder público ou com o agente do poderpúblico
oferta de prestações sociais
divisão territorial das atividades ilícitas
alto poder de intimidação
alta capacidade para praticar fraudes
Direito Penal sem fronteiras
Direito Penal de Emergência , respostasimbólica à sociedade
x
Direito Penal Clássico
Política Criminal do Risco?
Expansão do Direito Penal - crítica aosistema de execução penal, penas tidascomo principais – eficácia
Cooperação Internacional e relevância nocombate ao novo tipo de criminalidadetransfronteiriça
Política Criminal
Direito Penal é (in)eficaz para o combatede problemas sociais estruturais?
Desemprego
Saude
Educação
Violência
Transporte
Política Criminal
Solução, seria o Direito sancionatório decaráter administrativo?
Novos bens jurídicos – alteram-se astécnicas, a construção dos tipos penais e...
Flexibilizam-se as garantias individuais.
Política Criminal
Respeito aos direitos e garantias individuais:
"Foi no âmbito do Direito Penal e por meiodele que foram conquistadas as principaisliberdades e garantias que hoje estruturam,em termos axiológicos, inúmeras constituiçõesao redor do mundo. Essas conquistas quecustearam a vida de muitos representam omais importante legado do direito ocidental.
Política Criminal
"Elas representam a consolidação doreconhecimento de direitos fundamentais queestruturam não só a sociedadecontemporânea, mas a nossa própriaconcepção de ser humano. E cujo abandonorepresenta um inadmissível retrocessocivilizacional".
Fabio Roberto D´Avila
Independência das instâncias Civil e Penal
Sistema de jurisdição dual - quando háprevisão de que dois órgãos se manifestem deforma definitiva sobre o Direito, cada qualcom suas competências próprias.
Esse modelo é o adotado, por exemplo, naFrança, onde as decisões da administraçãopública que são objeto de recursosadministrativos não são passíveis de seremnovamente discutidas no âmbito judicial.
Independência das instâncias Civil e Penal
Sistema de jurisdição una é aquelesegundo o qual cabe apenas ao PoderJudiciário a competência de dizer o direito deforma definitiva. Esse é o modelo adotado noBrasil (como se extrai do art. 5, XXXV, daConstituição da República: “a lei não excluiráda apreciação do Poder Judiciário lesão ouameaça a direito”), bem como nos EstadosUnidos da América.
Independência das instâncias Civil e Penal
Auditor fiscal – relatório – lavra auto deinfração – encaminha ao MPF – Banco Centralinstaura procedimento por omissão deinformação relevante no demonstrativobancario e expede ofício ao MPF.
Independência das instâncias Civil e Penal
Habeas corpus 25.417-SP — STJ — Rel.Felix Fischer
Habeas corpus 13.028-SP — STJ — Rel.Edson Vidigal
Crimes Sócio Econômicos
Diversas Leis Esparsas…
Lei 7.492/86
Lei 8.078/90
Lei 8.137/90
Lei 8.429/92
Lei 9.605/98
Lei 9.613/98 – Lei 12.683/12
Crime Sistema Financeiro Nacional
Direito Penal Econômico
Art. 4º Gerir fraudulentamente instituiçãofinanceira:
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos,e multa.
Parágrafo único. Se a gestão é temerária:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, emulta.
Direito Penal Econômico
O art. 4º da Lei nº 7.492/86 abriga dois tipospenais distintos. O caput se refere ao crimede gerir fraudulentamente uma instituiçãofinanceira, enquanto o parágrafo único tipificao crime de gestão temerária, que é tido comomenos ofensivo, tendo em vista a penamenor.
Direito Penal Econômico
Ex: gestão fraudulenta é a falsificação debalanços com objetivo de enganarinvestidores, auditores ou autoridadesencarregadas da fiscalização, simulando umafalsa situação de saúde financeira dainstituição.
Já a gestão temerária significa a prática deatos sem as cautelas que seriam razoáveis ounecessárias, tais como práticas impetuosas,imponderadas ou irresponsáveis.
Direito Penal Econômico
Gestão envolve necessariamente uma série devários atos ao longo de um determinadoperíodo de tempo. Por exemplo, um bancoque por vários anos falsifica documentosfiscais para justificar a realização deempréstimos sem lastro, e durante todo essetempo manteve uma contabilidade paralela naqual registra os verdadeiros valoresmovimentados nas operações...
Direito Penal Econômico
— seria um exemplo de gestão fraudulenta,em que as fraudes não constituiriam o objetodo ilícito em si (como no crime de estelionato,em que a própria obtenção da vantagemilícita depende de manter alguém em erro),mas um expediente necessário para mascarara forma como o banco operou por anos.
Direito Penal Econômico
Poderia acontecer até mesmo o reverso: aconduta temerária acabou se provandobeneficial para a instituição, na medida emque expandiu os ativos ou gerou resultadosmuito positivos. Assim, se considerarmos queo crime de gestão temerária é de dano, nãopoderiam os gestores responsáveis pelaconduta temerária ser penalmenteresponsabilizados, uma vez que não houveefetiva lesão ao bem jurídico.
Direito Penal Econômico
Qual a definição “conduta temerária” queresulte na subsunção ao tipo penal. O riscoadmissível deve ser analisado em face dovolume de ativos movimentado pelainstituição financeira (um banco pequenodeveria incorrer em menos riscos que umbanco grande)? Existem critérios objetivospara averiguar o “risco mínimo” dentro doqual qualquer instituição financeira poderiaoperar?
Direito Penal Econômico
A tendência na jurisprudência é que atemeridade se configure na medida que ainstituição financeira viole alguma norma deconduta do órgão especializado, que é oBanco Central, por exemplo, no valor máximoque um banco pode utilizar para determinadaoperação, ao aplicar um porcentual aquém doadmitido, estaria incorrendo não só numaviolação de norma administrativa, mastambém em temeridade criminalmentepunível.
Direito Penal Econômico
No caso do crime de gestão fraudulenta, afraude em si é um comportamento criminoso,crime de mera conduta.
Crime habitual ou permanente?
Ambos são crimes habituais uma vez que, umúnico ato de fraude ou uma única operaçãomais arrojada realizada por uma instituiçãofinanceira não caracteriza habitualidade.
Direito Penal Econômico
Denúncia do MPF — Caso do Banco Nacionalde São Paulo (BNSA) — Procuradora SilvanaBatini César Goes.
Evasão de Divisas
Art. 22. Efetuar operação de câmbio nãoautorizada, com o fim de promover evasão dedivisas do País:
Pena - Reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, emulta.
Evasão de Divisas
Câmbio – é o escambo de moeda, troca demercadoria, a moeda estrangeira passa areceber o nome de divisa. E se for em reais?
Interesse manutenção do valor da moedanacional e equilibrio no balanço depagamentos.
BACEN – Banco Central
Evasão de Divisas
Art. 22 (...)
Parágrafo único. Incorre na mesma penaquem, a qualquer título, promove, semautorização legal, a saída de moeda ou divisapara o exterior, ou nele mantiver depósitosnão declarados à repartição federalcompetente.
Evasão de Divisas
Saída - operações de cabo, via-cabo ou dólar-cabo, estrutura de câmbio sacado à distância:é depósitada uma quantia em determinadamoeda na conta do vendedor em um país,que entrega quantidade correspondente emoutra moeda em outro país.
Doleiro
Evasão de Divisas
Resolução Conselho Moneario Nacional nº3.265/2005 – art. 10.
Abolitio criminis?
Evasão de Divisas
Art. 65, § 1º. Da Lei 9.069/95. O ingresso nopaís e a saída do país, da moeda nacional eestrangeira serão processados exclusivamentepor transferência bancária, cabendo aoestabelecimento bancário a perfeitaidentificação do cliente ou do beneficiário;
§ 1º Excetua-se ..porte em espécie dosvalores: moeda nacional de até R$10.000,00.
Evasão de Divisas – manter depósito
Por quanto tempo?
Acima US$ 100.000,00 (cem mil dólares),inclui divisas que tiveram origem no proprioexterior. (CMN nº 3.854/10, declaraçãotrimestral – 31/03; 30/06 e 30/09)
Evasão de Divisas – manter depósito
Quem é o sujeito ativo?
Controlador, administradores instituiçõesfinanceiras – diretores e gerentes, ou aindapor equiparação o interventor, liquidante eo síndico,
Evasão de Divisas
Omitir receita no exterior configura crime?
...o Banco Central proíbe a omissão somenteem depósitos no exterior, sem incluir outrasformas de investimento.
... Tese de defesa?
Evasão de Divisas
A incriminação da manutenção de depósitosnão declarados no exterior tutela tanto opatrimônio fiscal, quanto as reservas cambiaisdo país, razão pela qual exigisse a declaraçãotanto ao BACEN e à Secretaria da ReceitaFederal do Brasil (SRFB).
Sonegação Impostos
Evasao de Divisas
Evasão de Divisas
O dever de informação das divisas mantidaspor brasileiros no exterior existe desde 1962,quando a Lei 4.131/62, em seu art. 17, previuque as pessoas físicas e jurídicas, domiciliadasou com sede no Brasil, ficariam obrigadas adeclarar à extinta Superintendência da Moedae do Crédito (SUMOC), os bens e valores quepossuírem no exterior, inclusive depósitosbancários, excetuados, no caso deestrangeiros, os que possuíam ao entrar noBrasil.
Evasão de Divisas
A partir de 2001, então, o BACEN deu inícioao processo de identificação dasdisponibilidades de brasileiros no exterior,regulamentando a declaração dos capitaisbrasileiros no exterior (CBE), conforme jáprevia o art. 1 do Decreto-Lei 1.060/69.
Circulares anuais, estabelecendo prazos elimites para que os brasileiros, pessoas físicasou jurídicas, detentores de disponibilidades noexterior...
Evasão de Divisas
Sendo assim, hoje, a pessoa que mantémrecursos no exterior tem a obrigação deinformá-los através de duas declarações (cadaqual com prazos e procedimentos própriosinformados pelo órgão responsável): uma àSRFB (Declaração de Ajuste Anual do Impostode Renda) e outra ao BACEN (Declaração deCapitais Brasileiros no Exterior).
Evasão de Divisas
Com o descumprimento da primeiradeclaração, além de infrações administrativas,incorre o agente em crime contra a ordemtributária (“sonegação fiscal”), previsto na Lei8.137/90.
E o descumprimento da informação ao BACENque sujeita o agente à pratica de crime contrao Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86).
Evasão de Divisas
A própria norma penal faz alusão àmanutenção de “depósitos não declarados”.
O conceito pode ser ampliado?
Quem, por exemplo, possui um imóvel noexterior em valor acima de U$ 100 mil e não odeclara ao BACEN no prazo certo praticaevasão de divisas ou ilícito de naturezaadministrativa?
Evasão de Divisas
O próprio BACEN, por resolução, distingue o“depósito” de outras modalidades de bens evalores (empréstimo em moeda;financiamento; arrendamento mercantilfinanceiro; investimento direto; investimentoem portfólio; aplicação em instrumentosfinanceiros derivativos; e outrosinvestimentos, incluindo imóveis e outrosbens).
Evasão de Divisas
Assim, não resta dúvida de que “depósito” éuma categoria própria.
E se a lei penal faz menção exclusivamente a“depósito”, ampliar esse conceito é violar oPrincípio da Reserva Legal, o que é vedadoconstitucionalmente, especialmente se ainterpretação se dá em desfavor do imputado(proibição de analogia in malam partem).
Evasão de Divisas
Hoje, nós temos o controle efetivo dasreservas cambiais?
Evasão de Divisas
Faz sentido em termos de globalização arestrição à circulação livre das divisas?
Evasão de Divisas
Correto se valer do crime de evasão dedivisas para coibir sonegação de impostos?
Ou, o que de fato se quer coibir é alavagem de dinheiro?
Evasão de Divisas – Legalização/BCB
O número de declarantes do CBE ano-base2014 aumentou 21,3% em relação ao ano-base 2013 e ultrapassou 37 mil declarantes.
Declararam o CBE ano-base 2014 33.169pessoas físicas – expansão de 22,8% emrelação ao ano anterior – e 3.916 pessoasjurídicas – aumento de 10% na mesma basede comparação.
Evasão de Divisas – Legalização/BCB
Totais ativos US$394,2 bilhões para o ano-base 2014, expansão de 0,7% em relação a2013.
O estoque de imóveis no exterior atingiuUS$5,7 bilhões, ante US$5,4 bilhões naposição de 2013 (aumento de 5,4%).
Evasão de Divisas – Legalização/BCB
Com relação à distribuição geográfica doinvestimento, o estoque de IBD – participaçãono capital concentra-se nos seguintes países:
Ilhas Cayman (US$53,3 bilhões, 1.170investidores), Áustria (US$48,1 bilhões, 45investidores), Países Baixos (US$29,1 bilhões,238 investidores) e Ilhas Virgens Britânicas(US$27,8 bilhões, 4945 investidores)
Evasão de Divisas – Legalização/BCB
Outros dois países de destaque são Espanha eEstados Unidos, respectivamente com 6% e4,4% do total.
Os paraísos fiscais centros financeirospermanecem como importantes destino doIBD, citando-se, adicionalmente às IlhasCayman, 19,7%, e às Ilhas Virgens Britânicas,10,3%, Bahamas, 8,4%, e Luxemburgo,7,7%.
Evasão de Divisas – STF
Julgamento da AP 470 e a ótica do STF.
Evasão de Divisas – STF
Em voto divergente, proferido pela condenaçãodos publicitários Duda Mendonça e ZilmarFernandes, o Ministro Marco Aurélio declarou quea regulamentação do Banco Central não poderia“criar” tipo penal e não teria o condão decondenar ou absolver alguém.
“O ministro disse entender que uma circular doBanco Central não pode sobrepor-se a uma leiaprovada pelo Congresso Nacional para incluir ouexcluir tipo penal definido pela norma...
Evasão de Divisas – STF
No caso, trata-se da parte final do parágrafoúnico do artigo 22 da Lei 7.492/86, quetipifica como crime a prática de manter contano exterior sem a comunicar à autoridadefederal competente, no caso o Banco Central.Portanto, segundo ele, uma vez definido emlei e comprovada a prática – como ocorreuem relação a depósitos no valor total de R$10,4 milhões na conta Dusseldorf, ...
Evasão de Divisas – STF
...aberta no início de 2003 para receber partedos pagamentos de serviços de publicidadeprestados pela empresa de Duda e Zilmar aoPT –, uma circular do Banco Central não temo condão de atuar no sentido da absolviçãoou condenação, mediante o estabelecimentode datas em que deva ser aferida a prática docrime, nem tampouco dos locais ou valoresenvolvidos, conforme analisou o ministro.”
Evasão de Divisas - STF
Voto de Joaquim Barbosa
(...)
Não houve evasão de divisas, segundo Barbosa,porque os réus cumpriram as regras do BancoCentral, que obriga a declaração de valores emconta no exterior superiores a US$ 100 mil no dia31 de dezembro de cada ano. Duda e Mendonçamovimentaram milhões na conta da empresaDusseldorf, criada por eles, mas deixaram saldode pouco menos de US$ 600 em dezembro de2003.
Evasão de Divisas - STF
Ao final, pela contagem de votos, prevaleceu aabsolvição, por ausência de conduta típica.
Mesmo não prevalecendo, o voto do MinistroMarco Aurélio merece análise mais acurada, doispontos cruciais da doutrina dos crimeseconômico-financeiros: (i) a existência de tipospenais caracterizados, em sua maioria, comonormas abertas; (ii) a necessidade de seestabelecer um marco para a consumação daconduta de evasão de divisas, sob pena deindefinição da proibição afetada.
Evasão de Divisas - STF
O crime de evasão de divisas em sua modalidade“manutenção de depósitos não declarados noexterior” é uma norma penal que estabelece aobrigatoriedade de se informar à autoridadecompetente os bens depositados em contasbancárias no exterior. No entanto, o tipo penalnão contém o conteúdo completo da proibição,cabe à autoridade competente definir sob quaiscondições, em que situação, e quando deverá serinformado ao órgão os valores depositados.
Evasão de Divisas - STF
O Banco Central, por circular, fixou padrão edefinições para as informações de pessoasportadoras de valores depositados no exterior.Função é de regulação, não podendo o BancoCentral elevar à categoria de conduta típica.
O mero depósito no exterior não caracterizacrime. É preciso que não haja a informação àautoridade competente nos moldes delineadospela própria agência estatal, para só então serdigna de atenção das autoridades criminais.
Evasão de Divisas – STF
Julgamento da Operação Lava Jato
Evasão de Divisas – Legalização/BCB
Regularização de bens não declarados noexterior e o crime de evasão de divisas –uma medida de Política Criminal?