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JULLIANE LUIZA FUSCALDI

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE SELEÇÃO

GENÔMICA AMPLA PARA CANA-DE-AÇÚCAR –

ANÁLISE EM UM AMBIENTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Genética e Melhoramento de

Plantas, da Universidade Federal de Goiás,

como requisito parcial à obtenção do título

de Magister Scientiae.

Orientador:

Prof. Dr. Alexandre G. S. Coelho

Goiânia, GO – Brasil

2014

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JULLIANE LUIZA FUSCALDI

DESENVOLVIMENTO DE UM MODELO DE SELEÇÃO GENÔMICA

AMPLA PARA CANA-DE-AÇÚCAR – ANÁLISE EM UM AMBIENTE

Dissertação DEFENDIDA E APROVADA em 30 de Setembro de 2014, pela Banca

Examinadora constituída pelos membros:

__________________________________________

Prof. Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho

Presidente - EA-UFG

__________________________________________

-

Membro Interno – EA - UFG

__________________________________________

-

Membro Externo – EMBRAPA

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DEDICO este trabalho a Deus, que permitiu

que tudo pudesse ser realizado.

Aos meus pais, Odilon e Divina, pelo

exemplo de luta e dedicação diária, pelos

princípios e ensinamentos.

Aos meus irmãos pelo carinho e apoio nesta

caminhada.

Ao meu sobrinho, Eric, pequena joia, que

desperta o que há de melhor em mim.

OFEREÇO.

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4

“Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E

você aprende que realmente pode suportar, que realmente é forte, e que pode ir muito mais

longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você

tem valor diante da vida!”

WILLIAM SHAKESPEARE

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Federal de Goiás, pela oportunidade.

Ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, por

todo auxílio oferecido.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

pela concessão de bolsa de estudo.

A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético

(Ridesa), pela concessão de recursos para realização dos experimentos.

Aos funcionários da Ridesa pelo auxílio na condução do experimento de

campo.

A Centroálcool, por disponibilizar a área para a condução do experimento e

mão-de-obra para auxílio durante o plantio e as avaliações fenotípicas.

Ao Prof. Alexandre Guedes Siqueira Coelho que idealizou o trabalho e

concedeu a mim a oportunidade de realizá-lo.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento

de Plantas, pelos conhecimentos compartilhados durante minha formação.

Aos meus pais, Odilon e Divina, que nunca mediram esforços para que este

sonho se concretizasse e sempre estiveram ao meu lado, mesmo estando a quilômetros de

distância. Vocês são a minha vida!

Aos meus irmãos, Kelliane, Polliane e Odilon, que mesmo longe, sempre

estiveram presentes. Obrigada pelo amor, carinho, apoio e momentos de descontração.

Ao meu sobrinho, Eric, por deixar os meus dias mais alegres.

A Quel, pelas orações e carinho.

Aos colegas do Laboratório de Genética e Genômica de Plantas, Clistiane,

Milena, Camila, Isabela, Stela, pelo aprendizado e agradável convivência durante este

período, em especial a Ivone pela ajuda primordial na reta final durante as análises.

Aos amigos que me acompanharam durante a estadia em Goiânia, em especial

Clistiane, Milena, Lênio e Victor. Obrigada pelas farras, pela diversão e compreensão nos

momentos difíceis.

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Aos amigos de Palmas, em especial Pedro, Nico e Marcelo, que nunca me

deixaram desistir, me incentivando e dando forças para chegar ao fim desta etapa.

Enfim, a Deus, que tornou tudo isso possível.

Meu sincero reconhecimento.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ 8 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... 9 RESUMO ...........................................................................................................10 ABSTRACT ....................................................................................................................... 11

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 14 2.1 A CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR ............................................................. 14 2.1.1 Importância econômica ....................................................................................... 14 2.1.2 Origem, domesticação e citogenética ................................................................. 15

2.2 MELHORAMENTO GENÉTICO DA CANA-DE-AÇÚCAR ............................. 16 2.2.1 Breve histórico ..................................................................................................... 16

2.2.2 Melhoramento convencional da cana-de-açúcar .............................................. 18

2.2.3 Seleção assistida por marcadores moleculares ................................................. 22 2.2.4 Seleção genômica ampla ..................................................................................... 23 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 25 3.1 MATERIAL VEGETAL E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL .................... 25

3.2 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA ............................................................................... 25 3.3 AVALIAÇÃO GENOTÍPICA .............................................................................. 27

3.3.1 Extração de DNA ................................................................................................. 27 3.3.2 Genotipagem ........................................................................................................ 28 3.4 SELEÇÃO GENÔMICA AMPLA ........................................................................ 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 32 4.1 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA ............................................................................... 32

4.2 SELEÇÃO GENÔMICA AMPLA ........................................................................ 34 5 CONCLUSÕES ................................................................................................... 38

6 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 39

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Área de origem de S. spontaneum, S. sinense e S. Barberi e S. robustum. As

setas indicam a dispersão de S. officinarum pela migração humana (Aitken &

Mcneil, 2010). ..................................................................................................... 15

Figura 2. Etapas de seleção no programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar

conduzido pela Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do

Setor Sucroenergético). ....................................................................................... 21

Figura 3. Esquema de aplicação da seleção genômica ampla em um programa de

melhoramento genético (Resende Júnior, 2010). ................................................ 24

Figura 4. Avaliação fenotípica das caracterísicas (A) PESO, (B) NCOLM, (C) DIAM,

(D) COMP, (E) NENT e (F) BRIX. .................................................................... 26

Figura 5. Resumo do primeiro passo da PCR utilizando o método RAPiD-Seq. A reação

é realizada utilizando primers iniciadores que amplificam o loco desejado do

genoma. O primer contém a sequência requerida para o sequenciamento, um

código que identificará os indivíduos que estão sendo genotipados, uma

sequência degenerada que dá estabilidade ao primer na reação e sequência

específica que confere especificidade da reação ................................................. 28

Figura 6. Resumo do Segundo passo do método RAPiD-Seq. O produto da primeira PCR

para as amostras 48-96 é combinado para uma única reação de PCR

multiplex. Essa PCR curta incorpora nos fragmentos a estrutura final para o

sequenciamento. .................................................................................................. 29

Figura 7. Gráficos de dispersão (triangular inferior), histogramas (diagonal) e estimativas

do coeficiente de correlação (triangular superior) entre as diversas variáveis

avaliadas no presente estudo. .............................................................................. 33

Figura 8. Comparação da acurácia seletiva entre o modelo cheio e os dois métodos de

validação cruzada, Tem-fold e LOO, para as seis características estudadas. ..... 35

Figura 9. Gráficos de dispersão dos valores genéticos preditos via RR-BLUP e os valores

de eBLUPs observados para os seis caracteres avaliados. .................................. 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estatísticas descritivas das variáveis analisadas no experimento de avaliação

fenotípica .......................................................................................................... 32

Tabela 2. Estimativas obtidas para os parâmetros genéticos das variáveis quantitativas

avaliadas ........................................................................................................... 34

Tabela 3. Herdabilidade, capacidade preditiva e acurácias da seleção genômica ampla

via RR-BLUP para graus Brix, comprimento e diâmetro do colmo, número

de colmos por parcela, número de entrenós e peso da parcela ......................... 36

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RESUMO

FUSCALDI, J. L. Desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

cana-de-açúcar – análise em um ambiente. 2014. 43 f. Dissertação (Mestrado em

Genética e Melhoramento de Plantas: Genética e Genômica de Plantas) – Escola de

Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.1

Um programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar leva em torno de

12 a 15 anos para disponibilizar no mercado genótipos elites previamente testados. Com o

propósito de acelerar esse processo, métodos mais eficientes de seleção vêm sendo

propostos como forma de obter uma seleção mais rápida e objetiva de características

relacionadas com a produção. Neste contexto, a seleção genômica ampla (GWS) foi

proposta objetivando aumentar a eficiência no melhoramento genético, fazendo uso direto

das informações de DNA na seleção, de forma a permitir alta eficiência seletiva, grande

rapidez na obtenção de ganhos genéticos com a seleção e baixo custo, em comparação à

tradicional seleção baseada em dados fenotípicos. Diante do exposto, o objetivo deste

trabalho foi avaliar uma plataforma de genotipagem de alto desempenho para cana-de-

açúcar e calibrar um modelo de seleção genômica ampla com base na análise de dados de

genotipagem de alto desempenho e análise de dados fenotípicos em um único ambiente.

Para isto, foi utilizada uma população constituída por 91 genótipos derivados da

autofecundação do genótipo-elite RB97327, e outra constituída por 81 genótipos oriundos

do cruzamento RB97327 x RB72454. O experimento foi conduzido no campo

experimental da Usina Centroálcool, localizada no município de Inhumas-GO (16°20'50"S,

49°29'2"W), entre novembro de 2010 a julho de 2012, com área total de 978,75 m2. O

delineamento utilizado foi o de blocos aumentados. Os colmos foram colhidos ao final do

ciclo. A partir do material coletado, foram feitas as seguintes avaliações: peso total da

parcela em kg (PESO), número de colmos por parcela (NCOLM), diâmetro médio do

colmo em mm (DIAM), comprimento do colmo em m (COMP), número de entrenós

(NENT) e brix em °Brix (BRIX). Os dados obtidos foram submetidos a análises

estatísticas para obtenção das estimativas dos parâmetros genéticos. O DNA genômico foi

isolado, utilizando o protocolo descrito por Aljanabi et al. (1999), com adaptações para

microtubos de 1,5mL. No total realizou-se a extração de DNA de 179 plântulas mais os

genitores envolvidos no estudo. A genotipagem foi realizada através da técnica RAPiD-

Seq e foram utilizados 153.831 locos SNPs para BRIX e 153.829 para os demais

caracteres. A predição dos valores genéticos genômicos foi obtida via RR-BLUP/GWS. A

acurácia foi calculada através da correlação entre os valores genéticos observados e

preditos via Ten-fold e Leave-one-Out Cross-Validation. As acurácias máximas obtidas

foram de 0,96 para diâmetro de colmo e 0,86 para graus Brix e comprimento de colmo. Os

valores genéticos genômicos preditos na população de validação cruzada aproximam-se

bem dos valores fenotípicos observados, exceto para número de entrenós, que apresentou

baixa acurácia seletiva. Os resultados deste estudo mostra grande oportunidade para o uso

deste método de seleção na cultura da cana-de-açúcar, permitindo estimativas acuradas de

parâmetros genéticos e a predição de valores genéticos genômicos para plantas jovens

ainda não fenotipadas. Com isso, o uso deste método pode reduzir significativamente a

duração dos ciclos de seleção e, consequentemente, otimizar a alocação de recursos e a

sustentabilidade do melhoramento.

Palavras-chave: Melhoramento genético, Seleção genômica ampla, Cana-de-açúcar.

1 Orientador: Prof. Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho. EA-UFG.

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ABSTRACT

FUSCALDI, J. L. Development of a model genome wide selection (GWS) cane sugar -

an environmental analysis. 2014. 43 f. Dissertation (Master in Genetics and Plant

Breeding: Genetics and Plant Genomics) – Escola de Agronomia e Engenharia de

Alimentos, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.1

A sugar cane breeding program takes about 12 to 15 years to deliver into the market elite

genotypes previously tested. With the goal of speeding up this process, more efficient

selection methods have been suggested, as a way of obtain a more objective selection of

characteristics related with yield. IN this context, the genome wide selection (GWS) was

proposed, aiming the increase of efficiency in plant breeding, making a direct use of DNA

information in the selection, allowing a high efficiency and low cost process. The goal of

this project is to evaluate a genotyping platform of high performance for sugar cane and to

calibrate a genome wide selection model based on high performance data analysis of

genotyping and phenotypic data analysis in a single environment. A population composed

of 91 genotypes derived from the self-pollination of the elite genotype RB97327, and

another composed by 81 genotypes as a result of the cross of RB97327 x RB72454. The

experiment was conducted at the experimental field of CentroÁlcool Plant, located in

Inhumas-GO (16°20'50"S, 49°29'2"W), from November 2010 to July 2012, with a total

area of 978.75 m2. The experimental design used was augmented blocks. Stalks were

harvested at the end of the cycle. From each sample of the harvested material, the

following evaluations were performed: Total weight, in Kilograms (PESO), number of

stalks (NCOLM), average diameter of stalks, in millimetres (DIAM), stalk length, in

meters (COMP), internode number (NENT), and brix, in °Brix (BRIX). Data was

submitted to statistical analysis and used to obtain the genetic parameters estimates.

Genomic DNA was isolated through the protocol described by Aljanabi et al. (1999),

adapted to1.5 mL micro tubes. DNA was extracted from 179 seedlings and its parents.

Genotyping was done through the RAPiD-Seq technique and the use of 153 831 SNPs loci

for BRIX and 153,829 for other characters. The prediction of the genomic genetic values

was obtained through RR-BLUP/GWS. The accuracy was calculated through the

correlation between the observed genetic values and the ones predicted Ten-fold and

Leave-one-Out Cross-Validation. The maximum accuracy obtained was of 0.95 for stalk

diameter and of 0.85 for stalk length. The genomic genetic values predicted in the

population of cross validation are close to the observed phenotypic values, except for

internode numbers, that presented low selective accuracy. The results of this study show

great opportunity to use this selection method in sugar cane, allowing accurate estimates of

genetic parameters and the prediction of genomic genetic values for young plants not yet

phenotyped. Therefore, the use of this method can significantly reduce the selection cycle

length, and consequently, optimize the resource allocation and the breeding sustainability.

Key words: Plant breeding, Genome-wide selection, Sugarcane.

1 Adviser: Prof. Dr. Alexandre Siqueira Guedes Coelho. EA-UFG.

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1 INTRODUÇÃO

O melhoramento genético vem, há vários anos, proporcionando grande avanço

no setor agrícola do Brasil e do mundo, atuando na melhoria de várias características de

interesse na agricultura e pecuária, e, com isso, apresentando grandes retornos sociais e

econômicos para os clientes dos segmentos público e privado. Com maior conhecimento

da natureza e da informação genética, métodos mais eficientes de seleção vêm sendo

propostos como forma de obter uma seleção mais rápida e objetiva de características

relacionadas com a produção, visando proporcionar o desenvolvimento de materiais

superiores.

Uma primeira proposição realizada para aumentar a eficiência desse

procedimento, baseada em dados fenotípicos, foi descrita por Lande & Thompson (1990).

Nesta foram identificados marcadores genéticos com potencial de aplicação na localização

de regiões genômicas que controlam características de interesse (QTL) (Resende Júnior,

2010). A incorporação de informação desses marcadores na seleção de genótipos

superiores é denominada Seleção Assistida por Marcadores Moleculares (SAM), a qual

utiliza simultaneamente informações genotípicas e características fenotípicas para a

seleção de indivíduos com maior valor genético. Essa técnica requer o estabelecimento

(análise de ligação) de associações marcadores-QTLs para cada família em avaliação; para

ser útil, precisa explicar grande parte da variação genética de uma característica

quantitativa, que é governada por muitos locos de pequenos efeitos, e; só apresenta

superioridade considerável em relação à seleção baseada em dados fenotípicos, quando o

tamanho de família avaliado e genotipado é muito grande (da ordem de 500 ou mais). No

entanto, apesar de ter sido um grande avanço para o melhoramento genético, a

implementação da MAS tem sido limitada e os ganhos em eficiência muito reduzidos

(Resende et al., 2008). Essas limitações motivaram pesquisadores a buscarem alternativas

mais eficientes, de menor custo e maior ganho por unidade de tempo para auxiliar a

seleção.

Visando a tais objetivos, Meuwissen et al. (2001) propuseram um novo método

de seleção. Esse método foi denominado Seleção Genômica Ampla (Genome Wide

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Selection – GWS). Consiste na predição (sem o uso de testes de significância para

selecionar marcadores) dos valores genéticos dos indivíduos com base na análise de grande

número de marcadores genéticos dispersos em todo o genoma do organismo, de forma a

capturar os efeitos de todos os locos, pequenos e grandes, e explicar grande parte da

variação genética do caráter quantitativo (modificado Fritsche Neto, 2011). Através desta

técnica é possível predizer valores genotípicos, maximizando o ganho genético e

acelerando, portanto, o melhoramento genético.

Essa nova abordagem para a seleção de genótipos já vem sendo utilizada em

programas de melhoramento animal (Goddard & Hayes, 2007; Legarra & Misztal, 2008;

Rocha, 2011) e vegetal (Crossa et al. 2010; Crossa et al., 2011; Denis and Bouvet, 2013;

Fritsche Neto, 2011; Grattapaglia et al. 2011; Guo et al. 2012; Heslot et al. 2012; Lorenz et

al. 2011; Lorenzana and Bernardo 2009; Resende et al. 2012a; Resende et al. 2012b;

Resende Júnior, 2010; Rutkoski et al. 2012; Zhong et al. 2009), com resultados otimistas.

No melhoramento de animais domésticos a seleção genômica tem sido considerada uma

revolução, e seus conceitos têm sido facilmente aplicados ao melhoramento de plantas

(Grattplagia et al., 2011).

Na cultura da cana-de-açúcar, apesar dos programas de melhoramento genético

serem antigos, ainda não existe exemplos na literatura de seleção baseada neste método

para a cultura. Porém, com o desenvolvimento e baixo custo dos marcadores tipo SNP

(single nucleotide polymorphism), a GWS tem se apresentado como uma estratégia atrativa

e promissora ao melhoramento genético da cana-de-açúcar. Esse método permite avaliação

de maior número de clones e, com isso, exploração de maior variabilidade gerada. A

predição e seleção poderão ser realizadas em fases muito juvenis, acelerando, assim, o

processo de melhoramento e permitindo o desenvolvimento e lançamento de variedades

em períodos de tempo mais curtos, contribuindo fortemente para a expansão e crescimento

do setor sucroalcooleiro do país.

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivos avaliar uma

plataforma de genotipagem de alto desempenho para cana-de-açúcar e calibrar um modelo

de seleção genômica ampla com base na análise de dados de genotipagem de alto

desempenho e análise de dados fenotípicos em um único ambiente.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR

2.1.1 Importância econômica

A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) ocupa lugar de destaque na agricultura

estando entre as espécies vegetais mais cultivadas no mundo, alcançando mais de oitenta

países (Teixeira, 2006). É cultivada no Brasil desde 1532, trazida por Martim Afonso, o

primeiro colonizador português, com o propósito de implantar engenhos de açúcar

(BNDES & CGCE, 2008). Portanto, a cultura sempre teve papel importante na economia

brasileira, desde o período dos engenhos coloniais.

Atualmente, a cultura da cana-de-açúcar alcança quase todos os estados

brasileiros e ocupa cerca de 9% da superfície agrícola do país, sendo o terceiro cultivo

mais importante em superfície ocupada, depois da soja e do milho. A região produtora de

maior destaque é a Centro-Sul, com mais de 85% da produção, com destaque para o estado

de São Paulo, maior produtor nacional (BNDES & CGCE, 2008).

Da safra de 1990/1991 até a safra de 2011/2012, a produção brasileira de cana-

de-açúcar avançou de 222,4 para 588,4 milhões de toneladas (Unica, 2013). Isso significa

grande crescimento e expansão do setor, proveniente da modernização do agronegócio

brasileiro, tornando-o cada vez mais competitivo. De acordo com o MAPA (2013), o país é

responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo e deve alcançar taxa

média de aumento da produção de 3,25% até 2018/19, atingindo um volume previsto para

exportação, em 2019, de 32,6 milhões de toneladas. Além disso, o etanol produzido no

Brasil a partir da cana-de-açúcar também conta com projeções positivas para os próximos

anos, devido principalmente ao crescimento do consumo interno, alimentado em quase

totalidade pelo aumento da compra de veículos tipo flex e a diminuição das vendas de

carros monocombustíveis desde 2003.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de cana-de-açúcar (Mapa,

2013), o que coloca o país na liderança mundial em tecnologia de produção de etanol e

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açúcar a partir da cana. Além da importância para a produção de açúcar e álcool, a cana-

de-açúcar é matéria-prima para diversos outros produtos, como bebidas e doces, e os seus

subprodutos e resíduos são utilizados para cogeração de energia elétrica, fabricação de

ração animal e fertilizantes para lavouras, sendo, portanto, inteiramente aproveitada.

2.1.2 Origem, domesticação e citogenética

Alguns autores acreditam que a cana-de-açúcar teve origem nas regiões de

Assam e Bengala, na Índia. Outros creditam sua procedência a Nova Guiné e as Ilhas do

Arquipélago da Polinésia. Embora existam divergências quanto ao centro de origem exato

da cana-de-açúcar, acredita-se que ela seja originária do sudeste da Ásia (Figura 1). Há

relatos de que a domesticação dessa planta ocorreu em seu centro de origem cerca de 8.000

a. C.

Figura 1. Área de origem de S. spontaneum, S. sinense e S. Barberi e S. robustum. As setas indicam a

dispersão de S. officinarum pela migração humana (Aitken & Mcneil, 2010).

A cana-de-açúcar é uma planta alógama, pertencente à família Poaceae, tribo

Andropogoneae e ao gênero Saccharum, o qual abrange várias espécies, dentre elas S.

officinarum (2n=80), S. spontaneum (2n = 40-128), S. robustum (2n = 60-205), S. sinense

(2n = 111-120), S. barberi (2n = 81-124) e S. edule (2n = 60-80) (Figueiredo, 2008). Essas

seis espécies pertencem ao “Complexo Saccharum”, que compreende cruzamentos entre as

espécies do gênero Saccharum.

Acredita-se que S. sinense e S. barberi são duas espécies derivadas a partir de

hibridações naturais entre S. officinarum e S. spontaneum (D’Hont et. al, 1996). Dados

moleculares mostram que as populações de S. robustum são geneticamente mais próximas

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de S. spontaneum, admitindo-se a evolução desta a partir daquela. Apesar da baixa

disponibilidade de dados moleculares para rastrear a origem de S. edule, aqueles existentes

suportam a hipótese de que a espécie corresponde a uma série de clones mutantes que

foram identificadas em populações de S. robustum (D’Hont et al., 2008).

As variedades modernas são, em sua maioria, híbrido derivado de um processo

denominado “nobilização”. Esse processo, descrito por Bremer (1961), consistiu na

hibridação entre S. officinarum e a espécie selvagem S. spontaneum, seguido de

retrocruzamento com S. officinarum, para recuperar a maioria dos genes favoráveis para

elevados teores de sacarose do parental recorrente. Esses cruzamentos foram bem

sucedidos e contribuíram para introgressão de genes de resistência a doenças, vigor e

capacidade de adaptação, e o processo levou a genomas interespecíficos, cuja

complexidade provavelmente excede a de qualquer outra cultura importante poliploide

(D’Hont, 2005). Isto torna o genoma da cana-de-açúcar um dos mais difíceis de ser

estudado.

Análises citogenéticas de diversas variedades de cana-de-açúcar revelam que o

genoma das cultivares modernas é constituído por cerca de 100 a 130 cromossomos, com a

contribuição de S. officinarum variando de 70-80% e de S. spontaneum variando de 10-

20%. O restante é proveniente de rearranjos cromossômicos entre as duas espécies

(D´Hont, 2005).

2.2 MELHORAMENTO GENÉTICO DA CANA-DE-AÇÚCAR

2.2.1 Breve histórico

De acordo com Matsuoka (1996), em meados do século XIX os canaviais do

mundo todo passaram a apresentar graves problemas fitossanitários, com elevadas perdas

de produção e, com isso, muitas indústrias foram à falência. Em virtude disso e do

conhecimento das leis da genética, aliada à descoberta de que a cana-de-açúcar produzia

sementes, começaram os esforços para o seu melhoramento genético.

O primeiro cruzamento em cana-de-açúcar do mundo foi realizado em Java, em

1887, por Soltweld. Ele cruzou a cultivar Glagah com a Loethers e seu recíproco, obtendo

sementes férteis somente da Glagah. Era demonstrada a viabilidade do melhoramento

genético da cana-de-açúcar, por intermédio de cruzamentos controlados. Dois anos mais

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tarde, em Barbados, também Harrison & Bowell obtiveram seedlings de sementes

originárias de cruzamentos. Criavam-se, assim, os primeiros programas de melhoramento

genético (Cesnik, 2004).

O Brasil importou, por muito tempo, variedades de cana-de-açúcar de outros

países. Porém, como não havia quarentenário e nem controle fitossanitário dessas

importações, com o passar dos anos foram identificadas várias doenças, como o mosaico e

o carvão, o que afetou drasticamente a produção. O país, então, precisava contornar esses

problemas e voltar à missão de manter seus canaviais em padrões elevados de

produtividade, em toneladas de cana-de-açúcar por hectare, e nas melhores porcentagens

de sacarose, com índices razoáveis de resistências a pragas e doenças. Com isso, no início

do século XX, surgiu a grande necessidade de criar uma experimentação canavieira no

Brasil.

Ao longo dos anos foram criadas várias instituições de pesquisas espalhadas

pelo país, e estas obtiveram grande sucesso na obtenção e desenvolvimento de genótipos

superiores. Inicialmente, objetivou-se a resistência às principais doenças conhecidas,

utilizando-se como “ferramenta” o cruzamento interespecífico, envolvendo Saccharum

officinarum, S. spontaneum, S. barberi e S. sinense. Isto proporcionou significativa

alteração no ideótipo varietal.

Em 1970 foi criado o Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar

(Planalsucar), vinculado ao Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), com a finalidade de

desenvolver e transmitir resultados de pesquisas com melhoramento da cana-de-açúcar,

para o campo e para a indústria. A ideia principal foi dar apoio às regiões com potencial de

desenvolvimento do Programa Nacional do Álcool, que buscava respostas rápidas em

termo de produção de álcool, levando em conta as características regionais.

Com a extinção do Planalsucar, em 1990, houve momentos de grande incerteza

sobre os destinos do seu patrimônio. Porém, um ano depois, grande parte desse patrimônio

foi absorvida por sete universidades federais: Universidade Federal de Alagoas (UFAL),

Universidade Federal de Sergipe (UFS), Universidade Federal Rural de Pernambuco

(UFRPE), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal

de Viçosa (UFV), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal

do Paraná (UFPr) (Matsuoka et al., 1999). Estas universidades assumiram os trabalhos

daquele órgão, instituindo a Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor

Sucroenergético – RIDESA. Em 2004, a Universidade Federal de Goiás (UFG) foi

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18

agregada à Rede. Em 2008, as Universidades Federais de Mato Grosso (UFMT) e Piauí

(UFPI) também foram incluídas (Barbosa & Silveira, 2011).

Outro programa de melhoramento que tem tido significativa contribuição ao

setor é o do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Este programa tem a finalidade de

estabelecer pesquisa e desenvolvimento agrícola, passada por crises e reformas e mantida

até hoje com objetivo de gerar inovações significativas para a área agrícola, desde o

melhoramento genético, sistema de produção, colheita, transporte, área industrial e

comercialização (Figueiredo, 2008). O programa de melhoramento genético do IAC é o

mais antigo em atividade no Brasil.

Também em São Paulo, a Cooperativa dos Usineiros do Oeste do Estado de

São Paulo (Copereste) criou, em 1953, no município de Dumont, região de Ribeirão Preto,

uma estação experimental importante àquela região do Estado. Em 1968, a Cooperativa

Central dos Produtores de Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) deu início

a outro importante programa de melhoramento genético, incorporando a Copereste e sua

estação experimental. Esse programa foi substituído pelo Centro de Tecnologia Canavieira

(CTC), cujas pesquisas estão nas mesmas instalações que eram ocupadas pela Copersucar.

Atualmente existem no Brasil quatro programas de melhoramento que possuem

variedades comerciais lançadas aos produtores, o programa da Ridesa, do CTC, do IAC e

da Monsanto. Graças ao alto potencial produtivo desses programas, o grande número de

variedades de cana-de-açúcar permite a disponibilidade de materiais adaptados às

condições específicas de solo, clima, época de colheita e manejo agronômico (Landell &

Bressiani, 2008).

2.2.2 Melhoramento convencional da cana-de-açúcar

O sucesso de um programa de melhoramento genético está condicionado à

utilização e ao manejo corretos dos recursos genéticos ao longo dos ciclos seletivos

(Resende, 2002). Segundo Landell et al. (2005), o progresso genético eficaz decorre da

habilidade do melhorista em conduzir eficientemente todas as etapas desse longo processo,

desde o planejamento da hibridação até os ensaios de competição em diferentes locais e

épocas de colheita, passando por etapas de seleção em que o componente tático é bastante

exercitado.

Page 19: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

19

O planejamento dos cruzamentos é realizado adotando-se como critérios

principais: grau de endogamia entre genitores, teor de açúcar, produtividade agrícola,

resistência às principais doenças (carvão, mosaico, ferrugem, amarelinho e escaldadura),

capacidade de brotação em soqueira e hábito ereto de crescimento da touceira nos

genitores (Landell et al., 2005).

O tamanho efetivo populacional é, também, um parâmetro muito importante a

ser considerado nos programas de melhoramento genético. Porém, o que se observa é um

elevado estreitamento genético em busca de genótipos cada vez mais produtivos,

proveniente de pequeno tamanho efetivo populacional e, consequentemente, da

variabilidade genética disponível para ciclos posteriores de melhoramento. É importante

salientar que quanto maior a variabilidade genética, maior a possibilidade de ganho de

seleção para o caráter desejado.

2.2.2.1 Hibridação e produção de seedlings

Os cruzamentos em cana-de-açúcar são realizados a partir do planejamento

prévio estabelecido por meio de métodos específicos. Os melhoristas buscam materiais

elite com ampla variabilidade genética para geração de populações segregantes. Porém,

esses materiais devem ser escolhidos com cautela, de modo a não ocorrer cruzamento entre

indivíduos aparentados, a fim de evitar os efeitos da endogamia, visto que a cana-de-açúcar

é uma espécie alógama.

Através da seleção de parentais, buscam-se progênies mais resistentes a pragas

e doenças, e adaptadas ao ambiente local, gerando ganhos de produtividade. Isso pode ser

obtido, convencionalmente, pelos seguintes tipos de hibridação:

a) Cruzamentos bi-parentais: cruzamento simples que são utilizados apenas dois

genitores conhecidos;

b) Policruzamentos: cruzamento no qual é intercruzado um grupo de genitores

selecionados. Este tipo de cruzamento impede a identificação da fonte de pólen,

sendo conhecido apenas o genitor feminino, de onde serão coletadas as panículas

fecundadas.

Para o êxito nos cruzamentos, são necessárias condições climáticas favoráveis

ao florescimento e viabilidade dos grãos de pólen. No Brasil, a hibridação é feita em

regiões litorâneas do Nordeste, onde o fotoperíodo e temperatura são adequados para tal

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20

atividade. Muitos programas de melhoramento de cana-de-açúcar no mundo utilizam-se de

“Casa de Fotoperíodo”, ou seja, aplicam condições artificiais para induzir o florescimento

da cana (Landell et al., 2005).

Obtidas as sementes, estas são submetidas a condições adequadas para

germinação. Após a germinação e crescimento parcial, os seedlings são individualizados

para o enraizamento total, mantendo, durante este tempo, podas frequentes para evitar o

estiolamento, até serem levadas para ensaios em campo.

2.2.2.2 Seleção, obtenção e avaliação de clones

A primeira fase de seleção em progênies de melhoramento de cana-de-açúcar é

denominada T1. O transplantio pode ser feito agrupado ou individual. A cana-planta

normalmente é cortada, sem seleção, um ano após o transplantio, e a seleção é feita em

soca aos doze meses de idade. Opta-se pela seleção da soca porque, segundo Matsuoka et

al. (1999), em cana-planta não se permite avaliação segura da capacidade de brotação,

aspecto crucial em climas subtropicais e temperados, com frio e seca.

Na seleção de T1 em geral é avaliado, além da brotação da soca, apenas o vigor

da planta, pois o elevado número de plantas, na casa de 1,5 milhões, inviabiliza outros

tipos de avaliação. A seleção nesta etapa inicial é a que apresenta a menor eficiência,

quando comparada as demais.

A próxima fase é denominada T2. Nesta fase, é feita a avaliação tanto em cana-

planta quanto em cana-soca. São feitas as seguintes avaliações: teor de sólidos solúveis,

teor de sacarose, altura da planta, diâmetro do colmo, número de colmos, peso médio de

colmos, produção estimada de colmos, tonelada de colmos por hectare, tonelada de sólidos

solúveis por hectare, teores de fibra.

Na terceira fase, denominada T3, o número de genótipos sob avaliação é menor

e permite que sejam realizados experimentos em mais de um local. Assim busca-se

minimizar o efeito do ambiente na seleção. São feitas as mesmas avaliações descritas em

T2.

Por fim, a última etapa consiste na fase experimental (FE). Nesta etapa o

número de genótipos diminui de modo a possibilitar, ao longo das fases de seleção,

aumento nos locais de avaliação, no número de repetições por experimento e no tamanho

das parcelas. Assim, é possível obter elevada precisão experimental.

Page 21: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

21

Os experimentos são conduzidos por vários ciclos, colhendo-se, pelo menos,

três safras, e procedendo-se as avaliações em três épocas diferentes de corte com objetivo

de prever qual a época adequada para o cultivo da nova variedade. Além das avaliações

descritas anteriormente, é feita a curva de maturação separadamente para cada nova

variedade possível.

As etapas de seleção dos diversos programas de melhoramentos de cana-de-

açúcar diferem de uma instituição para outra. Na Figura 2 é apresentado o cronograma das

fases de seleção no programa de melhoramento de cana-de-açúcar da Ridesa.

Figura 2. Etapas de seleção no programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar conduzido pela

Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético).

2.2.2.3 Liberação de cultivares

Após doze a quinze anos de pesquisas e avaliações, os melhores genótipos são

selecionados e, então, liberados para comercialização como nova variedade. Logo, o tempo

gasto e, consequentemente os custos, para o desenvolvimento de uma nova variedade de

cana-de-açúcar são elevados.

Assim, as ferramentas moleculares constituem-se em técnicas valiosas para

esses programas de melhoramento, principalmente por oferecerem a possibilidade de

reduzir o tempo e os custos gastos na obtenção de novas variedades com características

agronômicas desejáveis. Segundo Heerdt (2008), o sequenciamento do genoma da cana-de-

açúcar tem facilitado e acelerado a identificação de genes responsáveis por caracteres

Page 22: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

22

desejáveis, possibilitando a manipulação subsequente de genes de interesse através de

técnicas de genética molecular. Com as tecnologias de nova geração de sequenciamento,

espera-se melhorar os estudos sobre a estrutura deste genoma, a genômica comparativa e a

identificação de marcadores associados a características agronômicas de interesse.

2.2.3 Seleção assistida por marcadores moleculares

O desenvolvimento de marcadores moleculares para aplicações no

melhoramento de plantas foi popularizado no início dos anos 1980, quando os marcadores

isoenzimáticos foram usados para acelerar a introgressão de características monogênicas de

germoplasma exótico em um cultivar (Xu & Crouch, 2008). Os marcadores moleculares

vieram como ferramenta para auxiliar os melhoristas na seleção de genótipos superiores,

tornando o processo de seleção mais rápido, podendo, de forma mais eficaz, identificar,

quantificar e caracterizar a variação genética dentro de uma população segregante.

Com o desenvolvimento dos marcadores moleculares e o avanço em técnicas

de biologia molecular, criou-se a expectativa de que as informações genotípicas dos

marcadores moleculares, uma vez correlacionadas com características fenotípicas de

interesse, pudessem ser amplamente utilizadas na obtenção e seleção de indivíduos com

maior valor genético. Esta técnica ficou conhecida como seleção assistida por marcadores

moleculares (MAS - Marker Assisted Selection).

A seleção baseada em MAS apresenta as seguintes características: (i) requer o

estabelecimento de associações marcadores-QTLs, via análise de ligação, para cada família

em avaliação; (ii) para ser útil, precisa explicar grande parte da variação genética de uma

caracter quantitativo, que seja governado por muitos locos de pequenos efeito; e (iii) só

apresenta superioridade considerável em relação à seleção baseada em dados fenotípicos,

quando o tamanho da família avaliada e genotipada é muito grande. E, em função desses

aspectos, a implementação da MAS tem sido limitada e os ganhos em eficiência muito

reduzidos (Resende et al., 2008). Em razão disso, o uso desta estratégia tem se justificado,

principalmente, em retrocruzamentos, visando a obtenção de maior eficiência na

transferência de fatores genéticos, e em seleção recorrente, para melhoramento de

populações envolvendo cruzamento de indivíduos com combinação alélica favorável.

Page 23: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

23

2.2.4 Seleção genômica ampla

O grande atrativo da genética molecular, em benefício do melhoramento

genético aplicado, é a utilização direta das informações de DNA na seleção, de forma a

permitir alta eficiência seletiva, grande rapidez na obtenção de ganhos genéticos com a

seleção e baixo custo, em comparação à tradicional seleção baseada em dados fenotípicos

(Resende et al., 2008). Baseado nestas premissas, Meuwissen et al. (2001) propuseram um

novo método de seleção como forma de predizer o fenótipo futuro de uma população,

baseado em informações de marcadores moleculares. Este método envolve a utilização de

métodos estatísticos de estimação/predição dos valores genotípicos (Resende, 2007;

Resende et al., 2008), baseado na genotipagem em larga escala utilizando marcadores

moleculares, sendo denominada seleção genômica ampla (GWS – Genome Wide

Selection).

Essa técnica permite a seleção precoce de indivíduos, gerando rapidez ao

processo e aumentando a sua eficiência, objetivando maximizar a acurácia e,

consequentemente, o ganho de seleção. De acordo com Resende et al. (2008), a técnica

pode ser aplicada em todas as famílias sob avaliação nos programas de melhoramento de

espécies alógamas; apresenta alta acurácia para seleção baseada exclusivamente em

marcadores; e não exige prévio conhecimento das posições dos QTL, característica

necessária ao seu uso em seleção assistida por marcadores (MAS).

A GWS consiste na predição simultânea dos efeitos genéticos de grande

número de marcadores de DNA dispersos em todo o genoma do organismo. Essa predição

é realizada de forma a capturar os pequenos e grandes efeitos de todos os locos e explicar

grande parte da variação genética do caráter quantitativo (Fristsche Neto, 2011).

Através de dados fenotípicos da população de estimação, equações de predição

de valores genéticos genômicos são obtidas para cada caráter de interesse. Nessa

população são descobertos, via marcadores, os marcadores que explicam os locos que

controlam os caracteres, bem como são estimados os seus efeitos (Resende et al., 2010).

De posse do modelo obtido na população de estimação, uma população de validação é

utilizada para avaliar suas acurácias. Com base nestas acurácias, os modelos são então

escolhidos e incorporados à seleção nos programas de melhoramento, sendo usados na

predição dos valores genotípicos dos indivíduos candidatos à seleção (Figura 3).

Page 24: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

24

Figura 3. Esquema de aplicação da seleção genômica ampla em um programa de melhoramento genético

(Resende Júnior, 2010).

A obtenção de valores genômicos pode ser efetuada com uso de estimadores de

quadrados mínimos (LS), por preditores BLUP/GWS (Best Linear Unbiased Prediction),

utilizando uma abordagem Bayesiana – BayesA e BayesB (Meuwinsen et al., 2001;

Bernardo & Yu, 2007; Lorenzana & Bernardo, 2009), ou por aprendizado de máquina

(Long et al., 2007). Essas abordagens diferem na suposição sobre o modelo genético

associado ao caráter quantitativo (Resende et al., 2008).

A abordagem da predição de valor genômico proposta por Meuwissen et al.

(2001) considera a predição dos efeitos BLUP pela solução das equações de modelos

mistos de Henderson (Resende, 2007; Resende et al., 2008). Nesse contexto, podem ser

considerados, por exemplo, todos os marcadores SNPs identificados, para posterior

predição do valor genotípico dos indivíduos avaliados, conforme prescrevem Meuwissem

et al. (2001), Bernardo & Yu (2007) e Lorenzana & Bernardo (2009).

Outra alternativa é a utilização da metodologia conhecida como Regressão

Aleatória (Random Regression) do tipo BLUP (RR-BLUP), aplicada à Seleção Genômica

Ampla (RR-BLUP/GWS), sendo esta um tipo especial da regressão de cumeeira (Ridge

Regression) (Resende et al., 2010). O procedimento RR-BLUP/GWS visa identificar os

marcadores com maiores efeitos, objetivando processar análises com subgrupos menores

de marcadores e determinar quantos e quais marcadores maximizam a acurácia seletiva.

Page 25: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAL VEGETAL E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

Para a condução do experimento foram utilizados clones desenvolvidos no

Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-Açúcar da Universidade Federal de

Goiás (PMGCA-UFG), provenientes de cruzamentos realizados na Estação de

Cruzamentos de Serra do Ouro, em Murici-AL.

Foi utilizada uma população constituída por 91 genótipos, oriunda da

autofecundação de um genótipo-elite da Ridesa RB97327 e outra, constituída por 81

genótipos, proveniente do cruzamento entre RB97327 e a variedade comercial RB72454.

Os genótipos foram plantados em novembro de 2010, no campo experimental da Usina

Centroálcool, localizada no município de Inhumas-GO (16°20'50"S, 49°29'2"W),

vinculada ao PMGCA-UFG.

O experimento apresentou área total de 978,75 m2 e o delineamento utilizado

foi o de blocos aumentados (Federer, 1956). O experimento foi constituído por nove linhas

de 67,5 m cada, tendo sido cada uma destas subdividida em 15 blocos. Cada bloco foi

constituído por oito parcelas (touceiras), das quais duas eram testemunhas comuns a todos

os blocos. As variedades comerciais utilizadas como testemunhas foram a RB99395 e

RB98710. O espaçamento de cada parcela, bem como o utilizado entre as plantas na linha

foi de 0,5m, apresentando, portanto, cada bloco, 4,5 m de comprimento.

O experimento foi conduzido utilizando-se os tratos culturais tradicionalmente

recomendados para a cultura da cana-de-açúcar.

3.2 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA

Em julho de 2012, os colmos de todos os genótipos foram identificados,

coletados, amarrados em feixes e transportados para a Escola de Agronomia da

Universidade Federal de Goiás, onde foi realizada a avaliação fenotípica dos seguintes

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26

caracteres: peso total da parcela em kg (PESO), número de colmos por parcela (NCOLM),

diâmetro médio do colmo em mm (DIAM), comprimento do colmo em m (COMP),

número de entrenós (NENT) e brix em °Brix (BRIX) (Figura 4). Com exceção dos dois

primeiros caracteres, os demais foram avaliados tomando-se seis colmos ao acaso em cada

touceira.

Figura 4. Avaliação fenotípica das caracterísicas (A) PESO, (B) NCOLM, (C) DIAM, (D) COMP, (E)

NENT e (F) BRIX.

Para a obtenção do peso total da parcela, os colmos cortados foram amarrados

em feixes e pesados em balança digital. NCOL foi obtido pela contagem direta do número

de colmos presentes em cada feixe; DIAM foi obtido por paquímetro, tendo sido a medição

realizada no centro do entrenó localizado na porção mediana do colmo; COMP foi obtido

com trena, considerando-se a medida da base do colmo até o último entrenó; e NENT pela

contagem direta do número de entrenós existentes desde a base do colmo até à altura da

emissão das últimas folhas. Para a avaliação do teor de sólidos solúveis totais presentes nos

colmos (°BRIX), estes foram cortados em sua porção mediana, no centro de um entrenó, e

esmagados para obtenção de uma amostra de “suco”. A leitura do valor referente ao brix,

Page 27: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

27

diretamente relacionada à quantidade de sacarose nos colmos, foi realizada em

refratômetro analógico portátil.

3.3 AVALIAÇÃO GENOTÍPICA

3.3.1 Extração de DNA

O DNA genômico foi isolado, utilizando o protocolo descrito por Aljanabi et

al. (1999), com adaptações para microtubos de 1,5mL. No total realizou-se a extração de

DNA de 179 plântulas mais os genitores envolvidos no estudo. A quantificação do DNA

extraído foi realizada através do espectrofotômetro Qubit (Invitrogen®).

Duas gemas frescas foram coletadas e colocadas em microtubos do tipo

eppendorf, contendo 300 µL de tampão de homogeinização, em pH 8,0, constituído por

Tris-HCl 200mM, EDTA 50 mM, CTAB 2% e 0,06% de Sulfito de Sódio, juntamente com

três beads de tungstênio. Isto foi conduzido ao Laboratório de Genética e Genômica de

Plantas, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, da Universidade Federal de

Goiás, para continuação da extração. Posteriormente, em cada microtubo foram

adicionados 150 µL de solução de PVP (Polivinilpirrolidona) 10%, 150 µL de solução de

CTAB 20% e 150 µL solução de N-Lauril Sarcosina 5%.

As amostras foram maceradas durante 3’ em equipamento Tissulyser

(Qiagen®), e, posteriormente, colocadas em banho-maria a 65ºC, por sessenta minutos.

Após retirar os microtubos do banho-maria, foi adicionado 750 µL de clorofórmio: álcool

isoamílico (24:1), em cada tubo, os quais foram homogeneizados por 10’. Em seguida, as

amostras foram centrifugadas a 10.000 rpm durante 10’ e, aproximadamente 400 µL do

sobrenadante foram transferidos para tubos contendo 500 µL de isopropanol, acrescido de

150 µL de solução de NaCl 6M.

As amostras foram homogeneizadas e submetidas a -20ºC por 40’, para

promover a precipitação do DNA. Em seguida, os tubos foram centrifugados a 10.000 rpm

por 10’, para ocorrer a formação do pellet. O sobrenadante foi novamente descartado e o

pellet formado foi lavado duas vezes com 500 µL de etanol 70% e colocados para secar à

temperatura ambiente. Após completamente secos, os pellets foram ressuspendidos em 100

µL de TE (Tris-EDTA).

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28

Após a extração, a quantificação de DNA foi realizada utilizando-se

espectrofotômetro Quibit (Invitrogen®).

3.3.2 Genotipagem

Na genotipagem foram utilizados 153.831 locos SNPs para BRIX e 153.829

para os demais caracteres, que foram escolhidos pelo seu conteúdo informativo, pela

localização nos cromossomos e por apresentarem associação com caracteres de interesse

agronômico.

Estes dados foram gerados através da tecnologia denominada RAPiD-Seq

(Rapid Genomics, 2014) a qual foi desenvolvida visando alto rendimento, baixo custo e

uma plataforma flexível para genotipagem de DNA de qualquer espécie. Para isso, o

método faz uso de duas sequências de reações em cadeia de polimerase (PCR) para gerar

uma representação reduzida do genoma que pode ser sequenciada em qualquer plataforma

de sequenciamento de nova geração (NGS).

A primeira PCR é realizada de forma independente para cada amostra a ser

genotipada. Os primers utilizados nesta reação contém uma sequência específica que

determina o número e a distribuição dos locais de anelamento do genoma. Portanto, o

número de locos que são genotipados pode ser ajustado pela seleção de diferentes primers,

de acordo com a densidade de cobertura do genoma e a espécie (Figura 5).

Figura 5. Resumo do primeiro passo da PCR utilizando o método RAPiD-Seq. A reação é realizada

utilizando primers iniciadores que amplificam o loco desejado do genoma. O primer contém a

sequência requerida para o sequenciamento, um código que identificará os indivíduos que estão

sendo genotipados, uma sequência degenerada que dá estabilidade ao primer na reação e

sequência específica que confere especificidade da reação.

Page 29: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

29

A segunda PCR é realizada com um pool de amostras derivadas da primeira

PCR, combinando indivíduos que serão sequenciados juntos para aumentar o rendimento

do processo. Após essa reação, as amostras são lidas em um sequenciador de nova geração.

Os dados da sequência são analisados usando algoritmos customizados e informação

genotípica obtida (Figura 6).

Figura 6. Resumo do Segundo passo do método RAPiD-Seq. O produto da primeira PCR para as amostras

48-96 é combinado para uma única reação de PCR multiplex. Essa PCR curta incorpora nos

fragmentos a estrutura final para o sequenciamento.

3.4 SELEÇÃO GENÔMICA AMPLA

Nesta etapa, foi empregado o método da regressão aleatória para realização das

análises. Este método utiliza preditores do tipo BLUP, mas os efeitos de marcadores não

são ajustados como variáveis classificatórias, mas sim como variáveis explicativas ou

explanatórias. Assim são variáveis regressoras e são ajustadas com base nessas

covariáveis. O nome apropriado ao método é Regressão Aleatória (Random Regression) do

tipo BLUP (RR-BLUP) aplicado à seleção genômica ampla (RR-BLUP/GWS), sendo esta

um tipo especial da regressão de cumeeira (Ridge Regression) (Resende et al., 2010). Este

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30

método estima simultaneamente os efeitos de todas as marcas, sendo estas consideradas

efeitos aleatórios com variância comum, ou seja, assumem que todos os marcadores

contribuem igualmente para a variação genética (ausência de genes de efeitos maiores).

A predição via RR-BLUP/GWS é descrita a seguir com base em Resende

(2007; 2008). O seguinte modelo linear misto geral é ajustado para estimar os efeitos dos

marcadores:

eZaXby ,

em que: y é o vetor de médias fenotípicas de cada clone, b é o vetor de efeitos fixos de

blocos, a é o vetor dos efeitos aleatórios de marcadores, e e refere-se ao vetor de resíduos

aleatórios. X e Z são as matrizes de incidência dos efeitos b e a. A matriz de incidência X

contém os valores para o número de alelos do marcador.

A estrutura das médias e das variâncias pode ser definida como:

)G,(N~a 0

)R,(N~e 0

Xb)y(E

R'ZGZV)y(Var

As equações de modelo misto genômicas para a predição de m via o método

RR-BLUP equivalem a:

y'Z

y'X

a

b

n/Z'ZX'Z

Z'XX'X

A

e

2

2

em que, 2

A se refere à variância genética aditiva total do caráter, 2

e é a variância residual

e n o númeto total de marcadores ponderados.

O valor genético genômico global do indivíduo j é dado por:

i

ii aZyVGG

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31

Primeiramente foi realizada a análise com o “modelo cheio” (full), ou seja,

considerando as informações de todos os indivíduos para o cálculo dos VGG, e

posteriormente foram realizadas validações por dois diferentes métodos, k-Fold Cross-

Validation e Leave One Out Cross-Validation (LOO), ambos por jack-knife. O primeiro

método de validação cruzada consiste em particionar aleatoriamente a população em k

subconjuntos. Destes k subconjuntos, um é retido para ser utilizado na validação do

modelo e os k-1 subconjuntos restantes são utilizados para predição. O processo de

validação cruzada é, então, repetido k vezes, de forma que todos os subgrupos foram

utilizados para predição e validação. Neste estudo, foi utilizado k igual a 10, sendo

denominada como Tem Fold Cross-Validation (10-Fold).

O segundo método possui a mesma definição da técnica anterior, a diferença

está no número do subconjunto k. O método Leave-One-Out define o número de

subconjunto igual ao número de exemplos pertencentes ao conjunto de treinamento.

Em ambos os procedimentos, em cada subgrupo analisado a GWS foi avaliada

ao calcular a correlação entre o valor genético predito por esse método e o valor fenotípico

observado nos indivíduos. Essa correlação é conhecida como capacidade preditiva ( ),

sendo dada teoricamente pela acurácia de seleção ( ) multiplicada pela raiz quadrada da

herdabilidade individual no sentido restrito ( ) (Resende et al., 2010).

=

As análises foram realizadas empregando o software R versão 3.1.0 (R Core

Team, 2014), utilizando o pacote rrBLUP (Endelman , 2011).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA

A Tabela 1 apresenta um resumo das estimativas obtidas para os parâmetros

descritivos relativos a cada um os seis caracteres avaliados. Foram estimados os valores

mínimos (mín.) e máximos (máx.) para cada variável, os três quartis (Q.25, Q.50 e Q.75),

sendo o segundo a própria mediana, a média aritmética, a variância, o desvio padrão e o

coeficiente de variação. Através destes dados é possível que tenhamos uma visão global da

variação desses valores.

Tabela 1. Estatísticas descritivas das variáveis analisadas no experimento de avaliação fenotípica

Variável mín. Q.25 Q.50 Q.75 máx. média σ2 σ CV%

BRIX 4,00 20,13 21,64 22,83 26,33 21,17 6,58 2,57 12,12

COMP 0,48 1,37 1,62 1,84 2,84 1,60 0,13 0,37 22,86

DIAM 9,48 18,95 22,33 25,31 30,39 21,73 19,80 4,45 20,47

NCOL 1,00 4,00 6,00 8,00 2,001 6,46 12,18 3,49 54,02

NENT 10,00 23,2 26,75 31,6 45,00 27,05 44,98 6,71 24,80

PESO 0,10 1,80 3,80 6,80 31,40 4,75 16,80 4,10 86,21

A partir do coeficiente de variação pode-se avaliar a homogeneidade do

conjunto de dados e, consequentemente, se a média é uma boa medida para representar

estes dados. Um coeficiente de variação superior a 50% sugere alta dispersão o que indica

heterogeneidade dos dados. Quanto maior for este valor, menos representativa será a

média. Quanto mais próximo de zero, mais homogêneo é o conjunto de dados e mais

representativa será sua média. Além disso, com CV<50%, podemos afirmar que a média é

uma medida descritiva representativa para todas as características estudadas, exceto para

NCOL e PESO.

Na Figura 1 são apresentados os histogramas obtidos para todas as variáveis

avaliadas, além da análise de correlação entre todas as variáveis e os gráficos de dispersão

entre elas. Do total de 15 correlações avaliadas, nenhuma delas apresentou correlação

perfeita (r = 1,0), 2 apresentaram correlação forte (0,6 < r < 0,9), 4 apresentaram

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33

correlação média (0,3 < r < 0,6) e 7 apresentaram correlação fraca (0,0 < r < 0,3) e 2

apresentaram correlação negativa, indicando associação negativa entre os caracteres.

Figura 7. Gráficos de dispersão (triangular inferior), histogramas (diagonal) e estimativas do coeficiente de

correlação (triangular superior) entre as diversas variáveis avaliadas no presente estudo.

Na Tabela 2 estão apresentados os parâmetros genéticos dos diversos

caracteres avaliados estimados via REML. As variâncias genotípicas foram maiores que as

variâncias ambientais para os caracteres BRIX, DIAM, NCOL e PESO. Os coeficientes de

variação genética (CVg) e coeficientes de variação ambiental (CVe) também foram estimados.

O CVg fornece informações à respeito da magnitude relativa da variabilidade genética presente

na população para uma dada variável de interesse. Valores elevados (superiores a 20%) foram

observados para os caracteres relacionados diretamente com a produtividade de cana na

Page 34: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

34

população deste trabalho. Este resultado evidencia a existência de variabilidade genética

suficiente para condução do trabalho de melhoramento.

Tabela 2. Estimativas obtidas para os parâmetros genéticos das variáveis quantitativas avaliadas

Variável s2g s2

e CVg (%) CVe (%) CVg/CVe 2CVg (%)

BRIX 6,73 2,25 12,26 7,09 1,73 24,51

COMP 0,12 0,06 21,38 15,81 1,35 42,76

DIAM 14,51 10,14 17,53 14,65 1,20 35,06

NCOL 14,06 5,15 58,04 35,13 1,65 116,08

NENT 7,01 24,90 9,79 18,45 0,53 19,58

PESO 19,06 8,82 91,92 62,52 1,47 183,84

Conforme salientam Vencovsky & Barriga (1992), a razão CVg/CVe

representa uma relação importante por sugerir se o ambiente foi favorável ou desfavorável

para realização de seleção para os caracteres avaliados. Segundo estes autores quando a

razão CVg/CVe é maior do que 1,0, as condições podem ser consideradas favoráveis para

se fazer seleção para a determinada característica. Com base neste critério, as condições

ambientais em que o experimento foi conduzido foram favoráveis para prática da seleção

sobre os seguintes todos os caracteres, exceto NENT. Esta variável, devido à

preponderância dos efeitos residuais ambientais sobre os genéticos, não estão em

condições favoráveis para se fazer a seleção de genótipos superiores.

Na Tabela 2 são também apresentados os valores correspondentes ao dobro do

CVg (2CVg). Este parâmetro permite a avaliação da magnitude dos limites teóricos

alcançáveis sob seleção na população. Para a variável PESO, por exemplo, com média

igual a 4,75 kg/parcela, a prática da seleção pode acarretar um aumento aproximado de até

183,84%, ou seja, explorando a variabilidade existente na população a média deste caráter

poderia chegar até o limite de 13,48 kg/parcela. Observações análogas podem ser feitas

para as demais variáveis.

4.2 SELEÇÃO GENÔMICA AMPLA

Foi obtido um modelo de GWS, via RR-BLUP, para 179 indivíduos com uso

de informação de 153.831 locos SNPs para BRIX e 153.829 para os demais caracteres.

Com base nos modelos obtivemos os valores genéticos genômicos (VGG) de cada

indivíduo, para todos os caracteres avaliados. Além disso, foram calculados valores de

Page 35: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

35

acurácia para cada um dos caracteres e construídos gráficos de dispersão evidenciando a

relação entre os VGG preditos para os indivíduos e os valores por eles apresentados

durante a fenotipagem (eBLUPs).

Durante as análises, foi realizada uma comparação entre a acurácia obtida entre

a avaliação do modelo cheio e os dois métodos de validação cruzada utilizados para definir

qual melhor método (Figura 8). Os dois métodos de validação tiveram grande diferença

apenas para as características BRIX e NENT, para as demais não houve diferença

significativa. Para BRIX, o método LOO apresentou maior acurácia, ao contrário de

NENT. Sendo assim, para inferência sobre os valores obtidos foram considerados os

valores obtidos pela validação LOO, visto que esta gera valores mais consistentes.

Figura 8. Comparação da acurácia seletiva entre o modelo cheio e os dois métodos de validação cruzada,

Tem-fold e LOO, para as seis características estudadas.

A herdabilidade de cada caráter, no sentido restrito, foi estimada através da

variância dos caracteres. Esse valor variou de 0,22 a 0,80 entre os diferentes caracteres e

foi observados o maior valor de herdabilidade para brix (Tabela 3). Com exceção do

número de entrenós, no geral, observou-se valores relativamente altos de herdabilidade

indicando a existência de efeitos aditivos na expressão genética desses caracteres.

Verifica-se também que a herdabilidade relacionada ao caractere brix

maximiza a capacidade preditiva na validação cruzada (Tabela 3). O ponto de máximo da

capacidade preditiva reflete a coerência interna e intrínseca dos dados em informar sobre o

fenótipo. As maiores capacidades preditivas foram obtidos para brix seguido por diâmetro

e comprimento do colmo. Através do estudo da precisão genômica em cana de açúcar,

Gouy et al. (2013), obtiveram capacidade preditiva de 0,13 para resistência à ferrugem e

Page 36: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

36

0,55 para brix; e afirmam que este nível de correlação é promissor para futuras

implementações do método para cana de açúcar.

Tabela 3. Herdabilidade, capacidade preditiva e acurácias da seleção genômica ampla via RR-BLUP para

graus Brix, comprimento e diâmetro do colmo, número de colmos por parcela, número de entrenós

e peso da parcela

Trait Tamanho da

população Herdabilidade (h2)

Capacidade

preditiva Acurácia

BRIX 176 0,80 0,77 0,86

COMP 179 0,67 0,70 0,86

DIAM 179 0,59 0,73 0,96

NCOL 179 0,73 0,65 0,76

NENT 179 0,22 0,03 0,06

PESO 179 0,68 0,66 0,80

A acurácia da GWS, em geral, segui a tendência observada para capacidade

preditiva; os valores máximos obtidos foram de 0,96 para diâmetro de colmo e 0,86 para

graus Brix e comprimento de colmo, respectivamente (Tabela 3). Em simulações feitas

por Meuwissen et al. (2001) o RR-BLUP apresentou uma acurácia de 0,732. Muir (2007)

simulou 512 genótipos para um caráter com uma baixa herdabilidade (h2 = 0,1) que

resultou numa acurácia ainda maior, de 0,83; Cavalcanti et al. (2012), em estudo de 74

indivíduos de uma família de irmãos completos de caju, obteve acurácia de 86% para peso

de amêndoas, na análise com 70 marcadores de maiores efeitos. No melhoramento animal,

VanRaden et al. (2009) avaliando uma população de 3500 touros, genotipados com 38416

SNPs através de dois métodos diferentes, RR-BLUP e Bayes B, obtiveram acurácias de

0,44 a 0,79 para características com herdabilidades entre 0,04 e 0,50.

Além disso, Fritsche Neto (2011), estimando dois componentes da eficiência

no uso de nitrogênio e de fósforo (eficiência de absorção e de utilização) em 41

combinações híbridas, em dois experimentos, sob baixa e alta disponibilidades de N e P,

através do mesmo método utilizado neste estudo, RR-BLUP, obtiveram altos valores de

acurácia e concluíram que, com o uso da GWS, houve aumento significativo na acurácia

seletiva e nos ganhos genéticos por unidade de tempo.

Gráficos de dispersão entre os valores genéticos preditos via RR-BLUP e os

valores de eBLUPs observados para os seis caracteres avaliados podem ser observados na

Figura 9. Eles ilustram, visualmente, a capacidade de predição genômica obtida para as

diferentes características.

Page 37: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

37

Nestes gráficos, para os caracteres COMP, DIAM, NCOL e PESO, observa-se

a formação de dois diferentes aglomerados de pontos. Verificou-se que quanto maior a

acurácia mais concisos e determinados estes grupos se encontravam. Os demais caracteres

apresentaram este efeito tão menos evidenciado quanto menor a acurácia do modelo.

Figura 9. Gráficos de dispersão dos valores genéticos preditos via RR-BLUP e os valores de eBLUPs

observados para os seis caracteres avaliados.

Page 38: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

5 CONCLUSÕES

Com base nos resultados obtidos, constataram-se, com uso da GWS, altos

valores de acurácia seletiva para todos os caracteres estudados, exceto para NENT. Além

disso, no geral, os valores genéticos genômicos preditos na população de validação cruzada

apresentam alta correlação com os valores fenotípicos observados e, portanto, a seleção

genômica ampla pode ser usada com eficiência no melhoramento de cana de açúcar.

Dessa forma, os resultados obtidos neste estudo apontam grande potencial

deste método como forma de acelerar a seleção para características complexas em cana de

açúcar, podendo reduzir significativamente a duração dos ciclos de seleção e,

consequentemente, otimizando a alocação de recursos e a sustentabilidade do

melhoramento.

Page 39: desenvolvimento de um modelo de seleção genômica ampla para

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