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REVISTA SEMANAL 135
DE 02-06-2014 A 08-06-2014
BRIEFING INTELI|CEIIA » TRANSPARÊNCIA || 2014
Revista de Imprensa26-06-2014
1. Record, 02-06-2014, Corrupção pode deixar o Qatar sem a fase final 1
2. Público, 02-06-2014, Denunciada rede de subornos na atribuição do Mundial 2022ao Qatar
2
3. Jogo, 02-06-2014, Catar está em risco de perder o Mundial 3
4. i, 02-06-2014, FIFA admite retirar Mundial ao Qatar face a denúncias de corrupção 4
5. Diário de Notícias, 02-06-2014, Qatar em risco de perder Mundial devido a subornos 6
6. Bola, 02-06-2014, Acusação de corrupção põe em risco Mundial no Catar 9
7. Record, 03-06-2014, FIFA com mão pesada 11
8. Público, 03-06-2014, Presidente da CAF recusa acusações de corrupção 12
9. Diário de Notícias, 03-06-2014, Investigação da FIFA concluída dia 9 13
10. Correio da Manhã, 03-06-2014, Corrupção do Qatar leva Madaíl à FIFA 14
11. Público, 04-06-2014, PS quer Comissão de Acesso aos DocumentosAdministrativos como entidade reguladora
16
12. Jogo, 04-06-2014, Platini alega transparência 17
13. i, 04-06-2014, Bruxelas diz que PPP são mais vulneráveis à corrupção 18
14. i, 04-06-2014, Parlamento aumenta prazos de prescrição para crimes de corrupção 19
15. Diário de Notícias, 04-06-2014, Atletas admitem apostas mas não viciação deresultados
20
16. Visão, 05-06-2014, Processo contra «vice» de Angola na Relação 22
17. Sábado, 05-06-2014, Megainvestigação aos vistos gold 23
18. Público, 05-06-2014, PSD e CDS viabilizam dois dos três diplomas do PS sobretransparência e combate à corrupção
26
19. Público, 05-06-2014, Julgamento de polícias suspeitos de corrupção arrisca perder20 testemunhas
27
20. Público, 05-06-2014, Presidente da câmara de Veneza detido pela polícia 28
21. Jornal de Notícias, 05-06-2014, Maioria viabiliza diplomas do PS contra corrupção 29
22. Correio da Manhã, 05-06-2014, Presidente detido 30
23. Bola, 05-06-2014, Avenses atentos a caso de corrupção 31
24. Sol, 06-06-2014, Suspeitas de corrupção nos ´vistos gold´ 32
25. Página 1, 06-06-2014, PGR confirma investigação a luvas milionárias nos vistos"gold"
33
26. Primeiro de Janeiro, 06-06-2014, Corrupção nos vistos "gold" 36
27. Primeiro de Janeiro, 06-06-2014, Vale e Azevedo continua preso 37
28. Primeiro de Janeiro, 06-06-2014, Crime de corrupção passiva e peculato 39
29. Negócios, 06-06-2014, Ministra irá agir contra corrupção nos vistos «gold» 40
30. Jornal de Notícias, 06-06-2014, Corrupção nos vistos gold nas mãos da PGR 41
31. i, 06-06-2014, Ministra da Justiça garante punição se houver corrupção nos vistosgold
42
32. Diário dos Açores, 06-06-2014, Acusação de polícias suspeitos de corrupçãoarrisca perder 20 testemunhas em julgamento
43
33. Diário de Notícias, 06-06-2014, Vistos «gold» vão continuar apesar de investigados 44
34. Diário de Notícias, 06-06-2014, Vale e Azevedo perde recurso e fica na Carregueira 46
35. Correio da Manhã, 06-06-2014, Relação confirma pena a Vale 47
36. Correio da Manhã, 06-06-2014, Tabela especial para chineses 49
37. Bola, 06-06-2014, Fiscal da câmara acusado de corrupção passiva 51
38. Expresso, 07-06-2014, PGR investiga vistos gold 52
39. Diário de Notícias, 07-06-2014, Polícia viola leis ao investigar comunicações 53
40. Correio da Manhã - Sport, 07-06-2014, FIFA - Qatar 2022 56
41. Diário de Notícias, 08-06-2014, Advogados não cumprem lei que obriga adenunciar clientes
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FADI AL-ASSAAD/REUTERS
Denunciada rede de subornos na atribuição do Mundial 2022 ao Qatar
Mohammed bin Hammam está no centro de toda a controvérsia
A atribuição do Mundial 2022 ao Qa-
tar já era uma gigantesca pedra no
sapato da FIFA. E o tamanho desse
incómodo não pára de aumentar.
Como se não bastassem as preocu-
pações com as temperaturas que
podem verifi car-se no país do Gol-
fo Pérsico (entre os 40 e os 50 graus
durante o mês de Junho, tradicional-
mente o período em que se dispu-
ta o Campeonato do Mundo), que
levaram a colocar em cima da me-
sa a possibilidade de o torneio ser
realizado no Inverno, ou os abusos
sobre os trabalhadores imigrantes
envolvidos na construção dos está-
dios – foram denunciadas dezenas
de mortes entre os operários e há
relatos de escravidão, fome, falta de
condições de higiene, salários nunca
pagos ou em atraso – agora a FIFA
enfrenta as mais sérias acusações de
corrupção relativamente ao proces-
so de escolha do Qatar para anfi trião
do Mundial 2022. Uma operação de
compra de votos para a candidatura
do emirado terá distribuído cinco
milhões de dólares (3,6 milhões de
euros) em subornos. A posição da
FIFA é cada vez menos sustentável
e começa a pedir-se com insistência
que seja repetida a votação.
O (mais recente) escândalo de
corrupção foi exposto pelo britâni-
co The Sunday Times: a análise de
centenas de milhões de documentos
– correio electrónico, cartas e certi-
fi cados de transferências bancárias
– revelou uma campanha conduzida
por Mohammed bin Hammam, cida-
dão do Qatar e então presidente da
Confederação Asiática de Futebol,
que fez pagamentos a diversos di-
rigentes para infl uenciar o sentido
de voto na escolha do país organiza-
dor do Mundial 2022. Bin Hammam
seria banido pela FIFA em Julho de
2011, sete meses depois da atribui-
ção do Campeonato do Mundo ao
Qatar, devido à tentativa de compra
de votos para a sua candidatura nas
eleições presidenciais do organismo
que tutela o futebol mundial.
O comité organizador do Qatar
tem vindo a negar qualquer envolvi-
mento de Mohammed bin Hammam
no processo de candidatura. E em
comunicado desmentiu as revela-
ções feitas pelo The Sunday Times:
“Negamos veementemente todas as
alegações de má conduta”.
Owen Gibson escrevia no The
Guardian que a atribuição do Mun-
dial 2022 ao Qatar era um resulta-
do “que parecia improvável, quase
risível, no início da corrida, mas
que se tornou inevitável pela altura
em que os votos foram contados”.
Para tal terá contribuído o esforço
de lobbying, à margem das leis, de
Mohammed bin Hammam. Através
de uma empresa que detém, o di-
rigente terá feito dezenas de paga-
mentos (transferências bancárias e
entregas em numerário) aos líderes
de 30 federações africanas. Mas não
só: pagou pelo menos 300 mil eu-
ros em despesas feitas por um outro
membro do comité executivo da FI-
FA, Reynald Temarii, representante
da Oceânia, e transferiu mais de 1,6
milhões de dólares (1,1 milhões de eu-
ros), incluindo 450 mil dólares (330
mil euros) antes da votação, para
contas bancárias controladas direc-
tamente por Jack Warner, elemento
do comité executivo da FIFA e da fe-
deração de Trindade e Tobago.
Está em curso uma investigação –
liderada por Michael Garcia, antigo
vice-presidente da Interpol e respon-
sável pelo comité de ética da FIFA –
ao processo de atribuição dos Mun-
diais de 2018 (à Rússia) e 2022, cujos
resultados deverão ser conhecidos
até ao fi nal do ano. Mas aumentam
as vozes a favor de uma repetição
da votação: “Se o relatório de Garcia
concluir que houve irregularidades
na escolha para o Mundial 2022, eu,
enquanto membro do comité exe-
cutivo da FIFA, não teria problemas
em recomendar uma nova votação”,
admitiu o norte-irlandês Jim Boyce,
que é vice-presidente da FIFA. “Se
se provar que as alegações são cor-
rectas, o processo de escolha para
2022 tem de ser revisto”, concordou
o líder da comissão parlamentar bri-
tânica responsável pelo Desporto,
John Whittingdale.
O organismo que tutela o futebol
mundial recusou fazer comentários
sobre os dados do The Sunday Times.
Na rede social Twitter, o presiden-
te Joseph Blatter passou ao lado do
assunto: “[Estou] feliz por estar no
Brasil. Muito entusiasmado com as
seis semanas que aí vêm!”, escreveu.
A FIFA reúne-se em São Paulo a 10 e
11 de Junho para o congresso anual e
no dia 12 começa o Mundial 2014.
A poucos dias do início do Campeonato do Mundo organizado pelo Brasil, a FIFA é abalada com suspeitas de corrupção. Aumentam de tom as vozes que reivindicam uma repetição da votação
FutebolTiago Pimentel
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FIFA
Presidente da CAF recusa acusações de corrupção
Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF) e vice-presidente da FIFA, reagiu ontem às suspeitas de corrupção no âmbito da atribuição do Mundial 2022 ao Qatar, rejeitando “categoricamente” as acusações que têm recaído sobre si. Apontou ainda o dedo a “alegações fantasiosas” e “afirmações ridículas”.
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A intenção é assumida por um dos
deputados do PS que promovem o
debate de hoje. O Parlamento vai dis-
cutir três propostas, incluindo uma
que defende a conversão da Comis-
são de Acesso aos Documentos Ad-
ministrativos (CADA) num Conselho
para a Transparência e Bom Governo
(CTBG). E a atribuição, a esta enti-
dade, acrescenta José Magalhães, do
“poder de entidade reguladora”.
“Hoje ninguém vela para que a ad-
ministração pública revele os seus
documentos, nem indique quais os
documentos que têm de ser publica-
dos”, diz o deputado. É por isso que
o PS propõe, antes de mais, que o
CTBG a criar assuma “todas as atri-
buições e competências exercidas até
à data da entrada em vigor da presen-
te lei pela Comissão de Acesso aos
Documentos Administrativos”.
E depois “acrescenta muitos pode-
res” à actual CADA. Estipula que “a
violação reiterada das obrigações de
transparência activa previstas é con-
siderada infracção grave para efeitos
de aplicação de sanções aos respon-
sáveis” e concede o poder ao CTBG
preconizado de “apresentar parti-
cipações tendentes ao desencadea-
mento dos processos-crime e disci-
plinares que tenha por justifi cados”.
O projecto abre ainda, nas palavras
de José Magalhães, a porta à “vigilân-
cia popular” da administração públi-
ca, uma vez que defi ne que “qualquer
PS quer Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos como entidade reguladora
cidadão pode apresentar queixa” ao
CTBG da inexistência, bem como da
disponibilização parcial ou incorrec-
ta, da informação ou documentação
prevista na presente lei”.
A proposta defi ne também parte
da composição do CTBG, que deverá
contar com um conselheiro do Su-
premo Tribunal Administrativo — pa-
ra presidir —, dois deputados eleitos
pela Assembleia da República, um
jurista designado pelo presidente da
Assembleia da República, dois mem-
bros indicados pelo Governo, outros
dois pelas regiões autónomas e um
indicado pela Associação Nacional
de Municípios, entre outros.
São também propostos mandatos
“de dois anos, renováveis”, para os
membros do CTBG. A “ampliação de
objectivos” desta entidade deve ser
suportada pelos meios já previstos,
“sem acréscimo de despesa”.
O projecto faz parte de um pacote
que engloba alterações ao nível da
penalização dos crimes relaciona-
dos com a corrupção. O PS defende
o aumento da pena máxima de seis
meses para três anos no crime de
tráfi co de infl uências e a fi xação em
15 anos do prazo prescricional, tal
como acontece nos crimes de cor-
rupção. A tentativa da prática deste
crime também passa a ser punida.
A colaboração dos arrependi-
dos é incentivada, ao permitir a
dispensa da pena quando o arre-
pendimento é efectivo e a vanta-
gem (ou o seu valor) seja restituída.
A corrupção no sector privado
também sofre um agravamento nas
penas. Na forma passiva, a sanção
passa de dois para cinco anos e na
activa a pena de prisão agrava-se no
caso de causar distorção na concor-
rência ou prejuízo patrimonial para
terceiros.
CorrupçãoNuno Sá Lourenço
Socialistas propõem transformação da CADA em Conselho da Transparência e Bom Governo
CARLOS LOPES
Projecto permite a “vigilância popular” da administração pública
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Corte: 1 de 1ID: 54229676 05-06-2014
A maioria PSD/CDS deverá viabilizar
amanhã, em plenário, a aprovação na
generalidade de dois dos três diplo-
mas apresentados pelo PS para refor-
ço do combate à corrupção e maior
transparência no exercício de funções
públicas. Fonte da direcção da banca-
da social-democrata adiantou à Lusa
que a maioria que suporta o Governo
no Parlamento apenas reprovará o
projecto sobre “Transparência e bom
Governo”.
Em relação ao projecto do PS que
pretende dar cumprimento às reco-
mendações internacionais dirigidas
a Portugal em matéria de combate à
corrupção, a maioria PSD/CDS votará
a favor, até porque os sociais-demo-
cratas dizem já ter em discussão em
sede de Comissão de Assuntos Cons-
titucionais um diploma que vai no
mesmo sentido.
Já no que respeita à resolução sobre
abertura e transparência parlamen-
tar, PSD e CDS deverão optar pela
abstenção. Na apresentação dos di-
plomas, em plenário, José Magalhães
(PS) defendeu a urgência de Portugal
adoptar o princípio da “transparência
activa” na disponibilização de infor-
mação por parte da administração
pública. E sustentou que devem ser
as próprias instituições públicas a dis-
ponibilizarem online os documentos,
reforçando-se por essa via o envolvi-
mento dos cidadãos na fi scalização
das decisões públicas.
PSD e CDS viabilizam dois dos três diplomas do PS sobre transparência e combate à corrupção
O ex-secretário de Estado dos go-
vernos de José Sócrates deu ainda
destaque à necessidade de Portugal
transpor para o ordenamento jurídi-
co nacional normas contra a corrup-
ção recomendadas por organizações
internacionais como o Conselho da
Europa. “Na lei de política criminal
devia ser defi nida como prioridade o
combate à corrupção”, frisou o socia-
lista, apontando um dos exemplos de
insufi ciência na justiça portuguesa.
Na reacção à intervenção de José
Magalhães, Hugo Velosa (PSD) criti-
cou a tentativa do PS de se tentar co-
locar na linha da frente do combate à
corrupção, quando existe um grupo
de trabalho na Comissão de Assuntos
Constitucionais que ainda não deu
sequência a diplomas do PSD sobre a
mesma matéria. Hugo Velosa criticou
também a posição contrária do PS
face à elaboração de uma lei contra
o enriquecimento ilícito, passo que
considerou fundamental para um
combate efi caz à corrupção.
Sobre este assunto, António Filipe
(PCP) questionou os socialistas so-
bre se estão agora disponíveis para
levantar reservas a uma lei de com-
bate ao enriquecimento ilícito, tendo
em vista ultrapassar as normas antes
consideradas contrárias à lei funda-
mental pelo Tribunal Constitucional.
José Magalhães desvalorizou a con-
trovérsia, classifi cando-a como um
“gambuzino legislativo”.
Já Cecília Honório (BE) questionou
o PS se está disponível para alargar
o âmbito das incompatibilidades no
regime do exercício das funções de
deputado. José Magalhães respon-
deu que o PS está disponível para
alargar o quadro das incompatibili-
dades, mas não para impor um re-
gime de exclusividade nas funções
de deputado.
Parlamento
Maioria só não aprova o projecto que prevê a disponibilização online dos documentos da administração pública
ADRIANO MIRANDA
O Parlamento debateu projectos anticorrupção do PS Página 26
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País: Portugal
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Corte: 1 de 1ID: 54229698 05-06-2014NUNO FERREIRA SANTOS
Três polícias do departamento de explosivos estão a ser julgados por corrupção e abuso de poder
O Ministério Público, que acusou três
polícias do departamento de explo-
sivos da PSP de corrupção e de abu-
so de poder, corre o risco de perder
duas dezenas de testemunhas no
julgamento que está a decorrer nas
varas criminais de Lisboa, com todas
as consequências que isso implica
para o desfecho do caso.
É que além dos arguidos que se
sentam hoje no banco dos réus, ha-
via muitos outros que nunca chega-
ram a tribunal, em relação aos quais
foi decretada a suspensão provisória
do processo depois de terem opta-
do pela denúncia do sucedido — um
mecanismo legal que permite aos
suspeitos, mediante entrega de di-
nheiro a instituições de solidariedade
social ou a prestação de serviços de
interesse público, manterem-se em
liberdade.
O Ministério Público contava com
o depoimento de duas dezenas deles
para esclarecer os factos e eventual-
mente incriminarem os três polícias,
que estão a ser julgados juntamente
Julgamento de polícias suspeitos de corrupção arrisca perder 20 testemunhas
com dois empresários que lhes terão
pago para fecharem os olhos aos atro-
pelos à lei detectados nos seus negó-
cios de explosivos. Só que ninguém
nas varas criminais de Lisboa sabe,
neste momento, se os processos que
os arguidos viram suspensos já foram
arquivados — condição essencial pa-
ra poderem testemunhar. Por outro
lado, ao terem sido arguidos neste
processo, a lei poderá conferir-lhes
a prerrogativa de se remeterem ao
silêncio, não podendo ser obrigados
a falar pelo tribunal.
“Já estava à espera de que isto su-
cedesse”, observa o advogado dos
agentes da PSP, Melo Alves, admi-
tindo, no entanto, que, depois das
mais recentes alterações ao Código
do Processo Penal na matéria, a ques-
tão dos depoimentos prestados em
julgamento por arguidos que passam
a testemunhas se tornou muito dis-
cutível.
O colectivo de juízes já se prepa-
rava para ouvir ontem uma dessas
testemunhas quando o problema
foi suscitado, obrigando a inter-
romper a audiência para perguntar
ao Departamento de Investigação
e Acção Penal de Lisboa se aquela
vintena de pessoas ainda é arguida
ou se já deixou de o ser, por via da
extinção dos respectivos processos.
“Se isso não fosse feito, podia re-
sultar numa eventual anulação do
julgamento”, explicou o presiden-
te do colectivo, que aguarda agora
uma resposta urgente à questão.
Até este momento, apenas duas
testemunhas corroboraram em tri-
bunal factos que apoiem a tese do
Ministério Público, segundo o qual os
três polícias receberam, entre 2008 e
2012, não só dinheiro como também
caixas de vinho, refeições grátis e até
calçado para ignorarem explosivos
em quantidades superiores às permi-
tidas e outras ilegalidades em pirotec-
nias, pedreiras e também armeiros.
Os empresários que alegadamente
cederam às pressões dos agentes têm
vindo, porém, a negar em tribunal
qualquer espécie de envolvimento
no esquema — mesmo aqueles que,
em fase de inquérito, admitiram al-
guns factos à Polícia Judiciária.
As suspeitas recaíram sobre os po-
lícias depois de terem sido encontra-
dos por colegas numa pedreira de
Monção quando estavam de férias.
Os colegas que tinham ali ido fi scali-
zar os explosivos usados na pedreira
fi caram muito surpreendidos quan-
do depararam com outros polícias,
que não estavam em serviço. “Mais
tarde, nesse mesmo dia, um deles
ligou-me a dizer que tinham lá ido
ver de uma pedra para a sua bancada
de cozinha”, relatou um dos antigos
colegas dos arguidos. “Quando nos
encontrámos, fi cámos todos um bo-
cado desconfortáveis, sem saber o
que dizer uns aos outros”, confi rmou
outro dos polícias de serviço nesse
dia chuvoso de 2012.
Justiça Ana Henriques
Até agora nenhum dos empresários da indústria de explosivos ouvidos em tribunal admitiu ter pago a agentes da PSP
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Corte: 1 de 1ID: 54229833 05-06-2014
Os detidos desviaram dinheiro de um projecto para travar as cheias
O presidente da câmara de Veneza
é um dos 35 políticos e empresários
italianos detidos ontem por suspei-
tas de corrupção, desvio de fundos e
branqueamento de capitais ligados
ao megaprojecto para a construção
de barreiras destinadas a proteger a
histórica cidade das cheias.
Giorgio Orsoni, eleito em 2010 pe-
lo Partido Democrata (PD) do actual
primeiro-ministro, Matteo Renzi,
é suspeito de ter recebido vários
milhares de euros de um dos con-
sórcios envolvidos nas obras e que
terão sido usados no fi nanciamento
da campanha eleitoral. Segundo o
jornal La Repubblica, é um dos dez
detidos colocados provisoriamente
em prisão domiciliária.
Na mesma operação foram deti-
dos Renato Chisso, assessor para as
infra-estruturas da região do Veneto
e dirigente do Força Itália (o parti-
do do ex-primeiro-ministro Silvio
Berlusconi), e Giampiero Marchese,
líder regional do PD. Mas da lista
constam também vários empresá-
rios e até um general na reforma.
Igualmente acusado está o sena-
dor da Força Itália Giancarlo Galan,
presidente da região do Veneto en-
tre 1995 e 2010, antes de se mudar
para Roma, onde foi ministro da
Agricultura e da Cultura no último
Governo de Silvio Berlusconi. Tido
como um dos responsáveis pelo
projecto de barreiras — conhecido
Presidente da câmara de Veneza detido pela polícia
em Itália pelo acrónimo Mose (Mo-
dulo Sperimentale Elettromeccani-
co) —, Galan só poderá ser detido se
o Senado autorizar o levantamento
da sua imunidade.
As mediáticas detenções aconte-
cem três anos depois de a procu-
radoria de Veneza ter começado a
investigar suspeitas de que uma fa-
tia do dinheiro orçamentado para a
obra — mais de cinco mil milhões de
euros — tinha sido desviado através
de um esquema de facturas falsas
para contas no estrangeiro. Os pro-
curadores dizem ter descoberto o
rasto a pelo menos 20 milhões de
euros que foram posteriormente
usados para fi nanciamento ilegal
aos partidos italianos.
No centro do esquema terá esta-
do o antigo presidente executivo
da construtora italiana Mantovani,
Giorgio Baita, detido no ano passa-
do juntamente com o engenheiro
responsável pelo projecto, Giovan-
ni Mazzacurati. Segundo o La Re-
pubblica, a ordem para o desvio de
fundos partia de Baita e o dinheiro
era levado pela secretária pesso-
al de Galan para San Marino, um
paraíso fi scal dentro das fronteiras
italianas, onde uma empresa fi nan-
ceira se encarregava de lhe limpar
o rasto e de o canalizar para os seus
destinatários.
Idealizado na década de 1980
e com data de conclusão prevista
para 2016, o projecto Mose prevê
a colocação de 78 barreiras móveis
numa extensão de 20 quilómetros
em redor de Veneza. O objectivo é
proteger a histórica cidade dos cada
vez mais numerosos episódios de
acqua alta. A cidade, que no sécu-
lo XX se afundou 23 centímetros,
está cada vez mais vulnerável face
à subida do nível do mar.
MARCO SABADIN/AFP
Itália
Detidos 35 políticos e empresários num caso que envolve suspeitas de desvio de fundos do projecto para proteger a cidade das cheias
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PGR confirmainvestigação a luvasmilionárias nosvistos "gold"Estarão a ser cobradas comissões ilegaisentre 5 e 25% do valor dos investimentos queos estrangeiros têm que fazer em Portugalpara conseguir um visto.
Por Celso Paiva Sol
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma aexistência de uma investigação à atribuição doschamados vistos “gold”. Os investigadores desconfiamque estejam a ser cobradas comissões ilegais entre 5 e25% do valor total dos investimentos que osestrangeiros têm que fazer em Portugal paraconseguirem o visto dourado.O inquérito-crime está a cargo do DepartamentoCentral de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Semavançar outros pormenores, a PGR apenas acrescentaque não há por enquanto nem acusados, nemarguidos.De acordo com as notícias publicadas esta quinta-feirapelo “Correio da Manhã” e pela revista Sábado, oMinistério Público está há cerca de um ano a investigarum grupo de pessoas que têm alegadamenteinfluenciado a concessão de vistos “gold” aestrangeiros extracomunitários.Segundo as duas notícias, apenas um nome está sobinvestigação do DCIAP e da Judiciária: o de AntónioFigueiredo, presidente do Instituto dos Registos eNotariado. Mas há também referências a outros altosquadros dos ministérios da Justiça e da AdministraçãoInterna, a elementos de forças e serviços de segurançae a pessoas ligadas a imobiliárias – entre as quais umafilha de António Figueiredo.A Procuradoria-Geral da República confirma, em notaenviada às redacções, a existência de um inquérito porsuspeitas de corrupção na atribuição dos vistos, masapenas acrescenta que não há por quanto qualquerarguido constituído.Questionados pela Renascença, os ministérios
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Corte: 2 de 3ID: 54253379 06-06-2014envolvidos reagem de forma diferente. O da Administração Interna nem sequer responde àsperguntas, enquanto o da Justiça diz já ter confirmadoa investigação junto da Procuradoria, acrescentandoque vai aguardar pelas conclusões. O gabinete de PaulaTeixeira da Cruz diz que não deixará de agir emconformidade, caso algum seu dirigente seja acusadoou constituído arguido.SEF defende processoAo final da tarde, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras,um dos organismos com maior responsabilidade naconcessão de vistos, emitiu um comunicado em queassegura que o processo cumpre todas as disposiçõeslegais.Diz o SEF que cada visto só é concedido quando todosos requisitos da lei estão cumpridos e que estáinteiramente disponível para colaborar nasinvestigações.
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PGR confirmainvestigação aluvas milionáriasnos vistos "gold"
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Acusação de polícias suspeitos de corrupção arrisca perder 20 testemunhas em julgamento
O Ministério Público, que acu-sou três polícias do departamento de explosivos da PSP de corrupção e de abuso de poder, corre o risco de perder duas dezenas de testemu-nhas no julgamento que está a de-correr nas varas criminais de Lis-boa, com todas as consequências que isso implica para o desfecho do caso.
É que além dos arguidos que se sentam no banco dos réus ha-via muitos outros que nunca che-garam a tribunal, em relação aos quais foi decretada a suspensão provisória do processo depois de terem optado pela denúncia do su-cedido – um mecanismo legal que permite aos suspeitos, mediante entrega de dinheiro a instituições de solidariedade social ou a presta-ção de serviços de interesse públi-co, manterem-se em liberdade. O Ministério Público contava com o depoimento de duas dezenas deles para esclarecer os factos e eventu-almente incriminarem os três polí-cias, que estão a ser julgados jun-tamente com dois empresários que lhes terão pago para fecharem os olhos aos atropelos à lei detectados nos seus negócios de explosivos. Só que ninguém nas varas criminais de Lisboa sabe, neste momento, se os processos que os arguidos viram suspensos já foram arquivados – condição essencial para poderem testemunhar. Por outro lado, ao te-rem sido arguidos neste processo a lei poderá conferir-lhes a prerro-gativa de se remeterem ao silêncio, não podendo ser obrigados a falar pelo tribunal.
“Já estava à espera que isto su-cedesse”, observa o advogado dos agentes da PSP, Melo Alves, admi-tindo, no entanto, que, depois das mais recentes alterações ao Código do Processo Penal na matéria, a questão dos depoimentos presta-dos em julgamento por arguidos que passam a testemunhas se tor-nou muito discutível.
O colectivo de juízes já se pre-parava para ouvir quarta-feira uma dessas testemunhas quando o problema foi suscitado, obrigan-do a interromper a audiência para perguntar ao Departamento de In-vestigação e Acção Penal de Lisboa se aquela vintena de pessoas ainda são arguidos ou se já deixaram de o ser, por via da extinção dos respec-tivos processos. “Se isso não fos-se feito isso podia resultar numa eventual anulação do julgamento”, explicou o presidente do colectivo, que aguarda agora uma resposta urgente à questão. Página 43
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