2º BOLETIM TRIMESTRAL DE MONITORAMENTO
PRÉ-ENCHIMENTO (MC-01 – EC-05)
(Contrato Copel No 4600002755)
PERÍODO ENTRE 01 DE AGOSTO E 31 DE OUTUBRO DE 2013
JANEIRO DE 2014
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PROGRAMA DE MONITORAMENTO SISMOLÓGICO DA USINA
HIDROELÉTRICA DE COLIDER
2º BOLETIM TRIMESTRAL DE MONITORAMENTO
PRÉ-ENCHIMENTO (MC-01 – EC-05)
PERÍODO ENTRE 01 DE AGOSTO E 31 DE OUTUBRO DE 2013
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4
2. OCORRÊNCIAS DE SISMOS INDUZIDOS ................................................................................. 6
2.1. Algumas considerações sobre os estudos de Baecher e Keeney para o caso da UHE
Colíder 9
3. LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO ................................................................................................ 10
3.1. Caracterização Geológica - Geomorfológica da Região da UHE COLIDER....................... 10
3.1.1. Suíte Colíder ................................................................................................................ 12
3.2. Histórico Sismológico na Região do Empreendimento. .................................................. 13
3.3. Localização da Estação Sismológica ................................................................................ 14
4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS EQUIPAMENTOS .............................................................. 15
5. OPERAÇÃO DA REDE ESTAÇÕES SISMOLÓGICAS ................................................................ 21
5.1. Instalação da 1º estação de monitoramento sismológico .............................................. 21
5.2. Operação da Estação e Triagem dos Eventos ................................................................. 23
6. ANÁLISE DOS REGISTROS .................................................................................................... 23
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 24
8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 26
ANEXO 1 ...................................................................................................................................... 28
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório refere-se ao monitoramento da sismicidade na área da
Barragem-reservatório da UHE Colíder, situada no Rio Teles Pires, a cerca de
37 km da cidade de Colider (Figura 1) no estado do Mato Grosso.
Figura 1: Foto aérea da região de construção da UHE Colider abrangendo o local escolhido para instalação da primeira estação sismográfica (CLDB), a cerca de 12 km a norte do eixo do barramento.
A estação sismográfica digital denominada CLDB começou a operar em 16 de
Abril de 2013, e vem monitorando a atividade sísmica regional e local do
empreendimento UHE Colíder, decorrentes de movimentos tectônicos e da
atividade antrópica relacionada a detonações com explosivos.
Basicamente o programa de monitoramento será executado em três etapas, a
saber: pré-enchimento, enchimento e pós-enchimento do reservatório.
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Nesta primeira etapa, espera-se caracterizar e monitorar o padrão de atividade
sísmica local, livre dos efeitos do reservatório, ou seja, antes do período de
enchimento do reservatório.
Nessa primeira etapa (pré-enchimento) foi instalada uma estação com sensor
tri-axial para monitorar o padrão da atividade sísmica circunvizinha às obras. A
segunda etapa do programa consiste em instalar mais três estações para o
monitoramento sísmico durante e após a fase de enchimento do reservatório.
A UHE Colíder está localizada no trecho médio do rio Teles Pires (Figura 1), a
aproximadamente 1,5 km a jusante de um ponto do rio conhecido localmente
como Rio Estreito, na divisa entre os municípios de Nova Canaã do Norte
(margem direita) e Itaúba (margem esquerda), na sub-bacia do Tapajós,
componente da bacia Amazônica. Suas coordenadas geográficas são: 10º 59’
06.62” S e 55º 45’ 52.06” W ou UTM N= 8.785.362 e E= 635.070 (Datum
SAD69, Fuso 21L). O enchimento do reservatório alagará áreas dos municípios
de Cláudia, Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte, no estado de Mato Grosso.
A morfologia da região mostra um vale amplo, com vertentes de baixa
declividade e áreas amplas de terrenos aplainados que, em alguns casos,
compõem a planície de inundação do rio. Na área do barramento, destaca-se a
feição topograficamente elevada, em forma de crista transversal ao rio.
A potência instalada da UHE Colíder será de 300 MW. O reservatório possuirá
168,2 km² e inundará 143,5 km², o comprimento do reservatório entre o
barramento e o remanso será de 94 km, a barragem terá comprimento na crista
de 1.480 m e altura máxima de 37,5 m, a vida útil prevista do reservatório será
de 150 anos, com profundidade média de aproximadamente 6 m, o que se
pressupõe um risco baixo para a ocorrência de sismo induzido. A operação
normal do reservatório será com o nível de água na cota de 272 m, de acordo
com estudos prévios.
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O arranjo sismológico proposto para o empreendimento contempla a
localização do circuito de geração, da estrutura do vertedouro, dos muros de
transição, de uma barragem de terra para fechamento, na margem direita, no
município de Nova Canaã do Norte, e da barragem principal de terra, que
atravessará a calha do rio até a ombreira esquerda, ou seja, o arranjo
sismológico ficará ao redor da barragem.
2. OCORRÊNCIAS DE SISMOS INDUZIDOS
A sismicidade induzida é atividade sísmica resultante da atividade humana. Ela
se caracteriza por um aumento da taxa de liberação de energia, que reflete
num aumento da sismicidade local em relação a atividade sísmica histórica.
As observações sobre a ocorrência de sismos induzidos mais consistentes se
coadunam as premissas indicadas por diversos pesquisadores na segunda
metade da década de 70 do século passado (por exemplo, os estudos de
Gevin 1979), de que a sismicidade induzida deve refletir um ambiente
geológico dinamicamente evoluído.
Na própria década de 70 a Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) percebendo a importância do tema se envolvia
em discussão dos efeitos dos sismos induzidos na segurança das grandes
barragens e da população, os estudos evoluíram rapidamente no sentido de
esclarecer as causas dos fenômenos, enfatizando a ambiência geológica e as
condições geotécnicas locais dos projetos hidráulicos e hidrelétricos.
Assim, as características essencialmente geométricas dos projetos de
barragens e reservatórios foram cedendo espaço nas discussões das causas
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de sismos induzido para aquelas de cunho neotectônico e geotécnico,
motivando várias revisões sobre o assunto (Marza et al. 1999).
Para ocorrências de sismos induzidos, o mecanismo aceito é o da percolação
d’água a grandes profundidades, em planos de fraqueza do maciço rochoso
subjacente ao reservatório, que estejam submetidos a estados críticos de
tensão, ou seja, próximos à ruptura.
Além da infiltração, a massa de água do reservatório representa uma carga
adicional que causa um acréscimo significativo na tensão elástica, esse
aumento pode acelerar o processo de liberação de energia através de tremores
de terra (sismos) caso o limite elástico do material rochoso seja ultrapassado.
De modo geral, o período mais crítico para esse tipo de monitoramento é
justamente a fase de enchimento. Estudos realizados em vários reservatórios
têm mostrado o início de alguma atividade sísmica ou mesmo um aumento na
sismicidade local durante esta fase de execução.
Baecher e Keeney (1982) utilizaram os dados de 29 reservatórios com
sismicidade induzida associada e 205 reservatórios sem sismicidade induzida
associada, no estudo eles utilizaram cinco parâmetros, a saber: profundidade,
volume, estado de stress, presença de falha ativa e geologia. Esses atributos
foram escolhidos porque são possíveis de correlacionar com a sismicidade
induzida. Outros parâmetros, por exemplo, pressão do fluido pela profundidade
não foram usados devido à falta de registros.
Os parâmetros foram subdivididos em:
• Profundidade: raso (< 92 m), profundo (entre 92 e 150 m) e muito
profundo (> 150m);
• Volume: pequeno (< 12*108 m3), largo (entre 12 e 100*108 m3) e muito
largo (> 100*108 m3);
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• Estado de stress: cisalhante, compressional, extensional;
• Falha ativa: falha ativa presente, falha não ativa e não se sabe;
• Geologia: sedimentar, metamórfica e ígnea.
Segundo os autores, dos cinco parâmetros analisados o parâmetro altura da
coluna d’água é aquele que melhor discrimina as circunstâncias a qual pode ou
não desencadear um processo de sismicidade induzida. No estudo, Baecher e
Keeney estimaram que a probabilidade de ocorrer sismicidade induzida em
reservatórios muito profundos (> 150 m) é de 27%, nos reservatórios
classificados como profundos (entre 92 e 150 m) é de 11% e nos reservatórios
classificados como rasos (< 92 m) são de 3%.
Quando analisado o parâmetro volume d’água (indiretamente correlacionado a
largura) do reservatório, Baecher e Keeney estimaram que a probabilidade de
ocorrer sismicidade induzida em reservatórios muito largos (> 100*108 m3) é de
22%, nos reservatórios classificados como largos (entre 12 e 100*108 m3) é de
21% e nos reservatórios classificados como pequeno (< 12*108 m3) é de 7%.
Os autores analisaram o pior caso possível, com base no conjunto de dados
atuais de atributos, tendo um atributo de cada vez, o mais propício para ocorrer
sismos induzidos é o seguinte: um reservatório muito profundo, muito largo, em
uma zona de tensão de cisalhamento, falha ativa antes da existência de
reservatórios e em local com formações sedimentares, eles concluíram que
nesse caso a probabilidade de ocorrer sismos induzidos é de 69%.
Como existem poucos dados sobre a presença de falha ativa em reservatórios,
os autores afirmam que pouco pode ser concluído estatisticamente sobre a
relevância desse fator. É difícil assegurar que não existem falhas ativas numa
área. No entanto, se fosse conhecida com certeza a não existência de falhas
ativas existentes numa área, a probabilidade de sismo induzido seria reduzida.
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2.1. Algumas considerações sobre os estudos de Baecher e Keeney para o caso da UHE Colíder
Tomando como referência o artigo de Baecher e Keeney (1982) e aplicando
seus fundamentos para o reservatório UHE Colíder, em relação aos dois
principais parâmetros, que são altura da barragem e volume d’água, podemos
tecer algumas considerações, a saber:
• Estimativa do Volume da área total a ser inundada = 143.5 km2 (1) =
1,435*108 m2 * 6 m (1) = 8,61*108 m3
(1)Os valores acima foram extraídos do relatório: Especificação Técnica - Monitoramento
Sismológico da Usina Hidrelétrica de Colíder – MT, Julho/2012.
Portanto, esse volume recai na classificação como barragem com volume
pequeno (< 12*108 m3).
O outro parâmetro que é a altura máxima da barragem, a UHE Colíder terá
37,5 m, portanto recaindo na classificação como barragem rasa.
Portanto, de acordo com o trabalho de Baecher e Keeney, se considerarmos
somente o parâmetro altura da barragem UHE Colíder, a probabilidade de
ocorrer sismo induzido é de 3%. Já se utilizarmos somente o parâmetro volume
da barragem UHE Colíder, a probabilidade de ocorrer sismo induzido é de 7%.
Porém, os próprios autores afirmam que reservatórios rasos e de volume
pequeno não foram incluídos na análise e que a probabilidade de sismos
induzidos seria muito próxima de zero. Pelas dimensões do reservatório da
UHE Colíder recairia nesse contexto.
Embora o trabalho de Baecher e Keeney seja de 1982, ele continua sendo uma
referência no tratamento estatístico/probabilístico dos casos de sismicidade
induzida por reservatório (SIR) e desconhecemos outros trabalhos mais atuais
abordando o tema como eles abordaram.
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3. LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO
3.1. Caracterização Geológica - Geomorfológica da Região da UHE COLIDER.
No contexto geotectônico da UHE Colider acha-se inserida na porção centro-
sul do domínio do Cráton Amazônico em terrenos Proterozóicos.
SANTOS et al. (2000) redefiniu a compartimentação do Cráton Amazônico,
subdividindo-o em províncias geotectônicas: Carajás - Itamaca (3,10 – 2,53
Ga.), Transamazônica (Guianas), (2,15 – 2,0 Ga.); Tapajós -Parima (2,1 – 1,87
Ga.); Amazônia Central (1,88 – 1,70 Ga.); Rio Negro (1,86 – 1,52 Ga.); Juruena
(1,85 – 1,75 Ga.); Rondônia (1,76 – 1,47 Ga.); e Sunsas (1,33 – 0,99 Ga.).
Nesta proposta a área de estudo (Empreendimento UHE COLIDER) se localiza
na porção sul da Província Juruena (Figura 2).
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Figura 2: Províncias Geológicas do Cráton Amazônico e localização do empreendimento UHE COLIDER
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Recentemente, a equipe do Serviço Geológico do Brasil - OLIVEIRA &
ALBUQUERQUE (2005) e SOUZA et al. (2005) incorporaram a proposta de
SANTOS et al. (2000) para a incorporação do Cráton Amazônico. Na área de
abrangência do Projeto PROMIN – ALTA FLORESTA foram separados em três
ambientes geotectônicos: Arco Tapajós (1,96 Ga.); Arco Juruena (1,85 – 1,75
Ga.); terrenos de retroarco da região de Cabeças (1,74 Ga.).
Assim, as Áreas de Influência Direta (AID) e Diretamente Afetada (ADA) do
empreendimento estão inseridas nos domínios do Arco Magmático Juruena, do
Paleoproterozóico, cuja evolução envolve processos de subducção e consumo
de placa oceânica, colisão de blocos continentais e geração de crosta.
A AID e ADA da UHE Colider estão contidas em um cinturão de rochas
plutono-vulcânicas afetadas por deformação rúptil a rúptil-dúctil, metamorfismo
incipiente, formadas por um magmatismos cálcio-alcalino alto potássio da série
monzonítica/monzonítica-granítica, representadas regionalmente pelas Suítes
Intrusivas Juruena (1,848 ±17 Ma a 1,817 ±57 Ma) e Paranaíta (1,803 ±16 Ma
a 1,793 ±6 Ma), que mantém uma associação temporal e espacial com as
intrusivas básicas Guadalupe e com as vulcânicas ácidas e intermediárias da
Suíte Colider 1,801 ±11 Ma a 1,786 ±17 Ma), onde predominam microgranitos,
micromonzonitos, riolítos, riodacítos e andesítos. Junto a esse conjunto
ocorrem, ao final do estágio pós-colisional, granitos cálcio alcalinos, como o
granito Nhandu.
3.1.1. Suíte Colíder
A Suíte Colíder, em termos regionais constitui uma extensa faixa de rochas
vulcânicas ácidas na porção centro-norte do Estado do Mato Grosso e extremo
sul do Estado do Pará.
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A Suíte Colíder é a unidade litoestratigráfica composta por derrames de lavas
ácidas riolíticas, vitrofíricas e microporfiríticas, riodacitos e dacitos, e lavas
intermediárias andesíticas, porfíriticas, com frequentes intercalações de
depósitos piroclásticos e epiclásticos, e associações de intrusões muito raras,
epizonais formadas de microgranitos, microquartzo-monzonitos,
micromonzonitos, porfiríticos.
De modo geral, os riolítos e microgranitos apresentam-se pouco alterados,
gerando consequentemente, solos residuais de pequena espessura. As formas
de relevo observadas na área de ocorrência da Suíte Colíder são colinas e
morrotes rochosos, com topos convexos, com baixa a média declividade,
emergindo de uma topografia subaplanada característica das unidades
geomorfológicas Planalto Dissecado do Sul da Amazônia e Depressão
Interplanáltica da Amazônia Meridional.
Em termos tectono-estruturais, a Suíte Colíder está inserida em um domínio
rúptil a rúptil-dúctil, caracterizado por zona de cisalhamento confinadas, com
largura centimétrica a métrica, na maioria das vezes descontínuas, formadas a
partir de nucleação de fraturas e/ou falhas preexistentes, com direções
predominantes NW-SE e EW (OLIVEIRA & ALBUQUERQUE, 2005).
3.2. Histórico Sismológico na Região do Empreendimento.
De acordo com o PBA, os estudos de inventário da bacia do rio Teles Pires
encontraram registros, junto ao Observatório Sismológico da Universidade de
Brasília - UNB, de eventos sísmicos desde 1744 até 2005, cuja maior parte
ocorreu na Zona Sismogênica 1 de Aripuanã (Figura 3), condicionada pela
presença de grandes estruturas reativadas, correspondentes aos lineamentos:
Madeira e 14 de Abril, Juruena e Guaporé.
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Na região de interesse do empreendimento, o maior sismo natural (6.2 Mb) que
ocorreu em 1955, na Serra do Tombador (Porto dos Gaúchos), à
aproximadamente 200 km a sudoeste do local de instalação da barragem da
UHE Colíder. Os sismos naturais registrados em locais mais próximos ao
empreendimento foram de menor magnitude, entre 3,5 e 4,4 Mb, e ocorreram a
cerca de 90 km a sudoeste (Figura 3).
Figura 3: Zona Sismogênica 1 – Aripuanã, próxima ao empreendimento UHE COLIDER (ponto
em vermelho). O ponto no interior do círculo em amarelo é a localização epicentral de um dos
maiores sismos naturais do Brasil de magnitude calculada de 6,2 Mb que dista cerca de 200
km da barragem. No interior do círculo verde estão assinalados os epicentros dos sismos
naturais de magnitude entre 3.5 e 4.4 Mb.
3.3. Localização da Estação Sismológica
O local para instalação da estação foi escolhido em uma visita técnica realizada
entre os dias 9 e 10 de Abril de 2013 (figura 4). Dentre os principais critérios
adotados para a escolha do local, foram à presença de afloramentos do maciço
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rochoso sem elevado grau de fraturamento e a distancia da estação até o
reservatório que deve ser de 5 km a 20 km. Fatores como o acesso e a
segurança da estação também foram levados em conta. A tabela 1 apresenta
informações referentes à localização da estação.
Localização da Estação
Nome da estação Alt (m) LATITUDE (N) LONGITUDE (E) Distância até a barragem (km)
CLDB (UHE Colider) 302 8.797.818 631.582 12
Tabela 1: Coordenadas em UTM - Datum SAD69, Fuso 21L.
Figura 4: Trajeto percorrido entre os dias 9 e 10 de Abril de 2013, visando um local ideal para
a instalação da primeira base da Estação Sismológica e observando outros locais para a
construção de futuras bases das Estações Sismológicas. As setas amarelas indicam os locais
de instalação da Estação Sismológica CLDB e da barragem.
4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DOS EQUIPAMENTOS
O sismômetro tri-axial instalado é o modelo Trillium 120PA (Tabela 2) da
fabricante Nanometrics (Foto 1), fabricado no Canadá com número de série
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001750 (Foto 2). Possui largura de banda -3dB em 120s e 175Hz de
freqüência.
Este sensor é compacto, portátil e com uma ótima razão sinal/ruído o que torna
o Trillium 120PA ideal para estudos sismológicos locais, regionais e
telessísmos.
Tabela 2: Especificações técnicas do sismômetro Trillium 120PA.
Especificações Técnicas do Sismômetro
Largura de banda -3dB em 120s para 175Hz
Clip level 15mm/s acima de 1.5Hz
Sensibilidade 1200 Vs/m nominal
Nível de Ressonância nada abaixo de 200Hz
Voltagem 9V - 36V DC
Temperatura de operação -20°C à 50°C
Peso 7.2Kg
Diâmetro 21cm
Pressão Invólucro optimizado para ser insensível a
variações atmosféricas
Inclinação Dinâmica ± 0.2º
Umidade 0 a 100%
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Foto 1: Sensor (Sismômetro) tri-axial instalado - modelo Trillium 120PA.
Foto 2: Modelo e número de série do Sensor (Sismômetro).
O digitalizador é o Trident 305 (Foto 3), 24bits de resolução também da
fabricante Nanometrics com número de série 00677 (Foto 4) e especificações
apresentadas na tabela 3.
Os dados adquiridos são enviados via satélite através do transceiver Cygnus
205, Nanometrics, (Tabela 4, Fotos 5 e 6), se por ventura ocorra uma
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interrupção no envio de dados via satélite o Cygnus possui um compact flash
interno (16 Gb) para back-up dos dados.
Especificações Técnicas do Digitalizador Trident
Modos de comunicação
Buffered (armazenamento) e
Comunicação
Interface 10/100 base-T Ethernet; RS-232 serial
Peso 1,8kg
Voltagem 9V - 36V DC
Temperatura de operação -20°C à 55°C
Memória interna 16 Gb
Canais 3
Filtro digital 140dB na frequência de Nyquist
Tipo do filtro Fase linear
Filtro passa alta 0.001 à 1Hz
Intervalo dinâmico 141dB a 100sps
Consumo 1.8 W
Tabela 3: Especificações técnicas do Digitalizador Trident.
Foto 3: Digitalizador (Trident 305) dos dados do sensor.
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Foto 4: Modelo e número de série do Digitalizador (Trident 305).
Especificações Técnicas do Transceiver Cygnus 205
DC input 12 V – 30 V
Frequência 14.00 – 14.50 GHz
L.O. 13.05 GHz
Output power 33 dBm
Tabela 4: Especificações técnicas do Transceiver Cygnus 205.
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Foto 5: Transceiver Cygnus 205, utilizado para enviar os dados para a antena Ku-band.
Foto 6: Modelo e número de série do Transceiver (Cygnus 205).
Devido ao pouco consumo de todos os equipamentos sismológicos (Sensor,
Digitalizador e Transceiver) estes são alimentados por painéis solares (Tabela
5) e em períodos de baixa incidência solar os equipamentos são mantidos por
baterias de 12V (Tabela 6)
Especificações Técnicas do Módulo de Energia
Desempenho em condições de teste padrão (STC*)
Componentes
Potência máxima (Pmax) 85 W Tipo de célula Silício
Policristalino
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Tensão em circuito aberto (Voc)
21,65V Células por módulo 36
Tensão de pico (Vmp) 17,9 V Dimensões do painel
970 x 680 x 35 (mm)
Corrente de curto-circuito (Isc) 5,08 A Moldura Alumínio
Corrente de Pico (Impp) 4,75 A Peso 8,1 Kg
Máxima tensão do sistema 750 V Resistência ao
vento 2400 Pa
Tabela 5: Especificações técnicas do Painel Solar, que é utilizado para recarregar a bateria.
*STC: As especificações elétricas estão sob condições de teste de irradiação de 1 KW/m²,
espectro de 1,5 de massa de ar e temperatura de 25ºC.
Especificações Técnicas da Bateria
Tensão 12 V RC 25 160 min
HCA 25ºC 900 C20 95 Ah
Dimensões (Comp. x Larg. x Alt.) 330 x 172 x 241 (mm)
Tabela 6: Especificações técnicas da Bateria que é utilizada para o funcionamento dos
equipamentos.
5. OPERAÇÃO DA REDE ESTAÇÕES SISMOLÓGICAS (Período de Operação entre 01 de Agosto de 2013 e 31 de Outubro de 2013 – 2º Trimestre da
Fase Pré-enchimento)
5.1. Instalação da 1º estação de monitoramento sismológico
O monitoramento sismológico da área do empreendimento Hidrelétrico Colíder
iniciou-se no dia 16 de Abril de 2013 com a instalação da primeira estação
sismográfica denominada CLDB.
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O equipamento instalado é classificado como banda larga, ou seja, trabalha em
uma ampla faixa de frequência sendo adequado para registrar sismos locais,
regionais e também telessismos (Anexo 2). Os procedimentos de instalação,
bem como as características dos equipamentos foram descritas no Relatório de
Instalação (MC-01 EC-03), emitido no dia 21 de Junho de 2013.
Para efeito de cadastro no Banco de Dados da Rede Mundial, a estação foi
denominada CLDB (Figura 1). A localização da estação esta relacionada na
tabela 1.
Na segunda visita à estação sismológica realizada em 2 de Setembro de 2013,
foram efetuadas manutenções nos abrigos, instalação de uma antena para
transmissão de dados em tempo real (banda KU - Foto: 7) e troca de
equipamentos (para transmissão em tempo real) todos os procedimentos foram
descritos no 1º Boletim Trimestral de Monitoramento Pré-Enchimento (MC-01 –
EC-04), emitido no dia 07 de Outubro de 2013.
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Foto 7: Antena Ku-band alinhada com o satélite e pronta para transmissão de dados.
5.2. Operação da Estação e Triagem dos Eventos
Os registros analisados neste boletim abrangem o período de operação
compreendido entre os dias 01 de Agosto de 2013 e 31 de Outubro de 2013.
Os dados coletados na estação neste período foram em parte gravados
diretamente no cartão de memória e coletados durante a 2º visita técnica da
equipe da Alta Resolução no Local e parte foram gravados em tempo real pelos
computadores da Alta Resolução, no escritório em São Paulo.
6. ANÁLISE DOS REGISTROS Conforme citado o período de abrangência da análise dos registros desse
relatório compreende entre os dias de 01 de Agosto de 2013 e 31 de Outubro
de 2013.
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A estação funcionou bem durante o período que abrange este relatório,
registrando algumas detonações realizadas dentro do empreendimento UHE
Colíder.
Notou-se a presença de alguns ruídos devido à movimentação de veículos
pesados. É de se esperar que os ruídos inerentes à construção da barragem
diminuam à medida que a obra se aproxime do final.
Na segunda fase, será classificado os eventos de acordo com sua categoria:
telessismos, sismos regionais, sismos locais e detonações. Essa classificação
é feita de acordo com as distâncias “epicentrais”, ou seja, a distância entre o
local de ocorrência de determinado sismo e a estação sismológica que a
registrou (Tabela 8).
Tipo do sismo Distância epicentral
Sismo local 0 - 100km
Sismo regional 100 – 2.000km
Telessismo > 2.000km
Tabela 8: Classificação de eventos sísmicos.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa primeira fase (pré-enchimento) a análise dos dados é importante para
caracterizar a atividade sísmica regional (natural e de pedreiras próximas) para
se formular filtros mais eficazes, para serem utilizados posteriormente durante
as fases de enchimento e pós-enchimento.
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Este complemento de análise sismotectônica permitiu caracterizar, de modo
preliminar, o nível de estabilidade regional para o UHE Colíder. Os sismos
regionais e os micro-tremores locais registrados indicam o ambiente geológico
contemporâneo onde está inserido o UHE Colíder.
Devido a UHE Colíder ser próxima da Zona Sismogênica 1 – Aripuanã (Figura
3), é importante ter um monitoramento sismológico contínuo da região, para se
ter um controle sobre o comportamento sismológico na área do
empreendimento da UHE Colíder.
São Paulo, 15 de Janeiro de 2013.
Willian Carlos Oliveira, Geofísico
Alta Resolução Geologia e Geofísica Ltda.
Adriano Marchioreto, DSc.
Alta Resolução Geologia e Geofísica Ltda.
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8. REFERÊNCIAS
BAECHER, G.B., & KEENEY, R.L., 1982, Statistical examination of reservoir-
induced seismicity: Seismological Society of America Bulletin, v. 72, no. 2, p.
553-569. 1982.
BERROCAL, J., ASSUMPÇÃO, M. ANTEZANA, R., DIAS NETO, C. M.,
ORTEGA, R., FRANÇA, H. e VELOSO, J. A. V. 1984. Sismicidade do Brasil.
São Paulo (SP), Instituto Astronômico e Geofísico – USP / Comissão Nacional
de Energia Nuclear, 320p.
BOLT, B. A. 1978. Earthquakes. A primer. San Francisco (USA), W. H.
Freeman and Company, 241 p.
ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA - Monitoramento Sismológico da Usina
Hidrelétrica de Colíder – MT, Julho/2012.
GEVIN, P. 1979. La seismicite induite par lês lacs reservoirs dans son contexte
geologique dynamiquement considere. Paris (France), Revue Française de
Géotechnique, no7, p.1-8.
LACERDA, F. J. V. et al., 2004. Geologia e Recursos Minerais do Estado de Mato Grosso. Goiânia: CPRM, 2004. (Convênio CPRM/SICME). 200p. MARZA, V.I., et al., 1999. Aspectos da Sismicidade Induzida por Reservatórios
no Brasil. Belo Horizonte (MG), Anais do XXIII Seminário Nacional de Grandes
Barragens, Comitê Brasileiro de Barragens, p. 199-211.
OLIVEIRA, C.C. de; ALBUQUERQUE, M. C.. Programa Levantamentos
Geológicos Básicos do Brasil – PLGB. Projeto Província Mineral de Alta
Floresta (PROMIN Alta Floresta). Geologia e Recursos Minerais da Folha Alta
Floresta-MT. 21-Z-X-C. Brasília: CPRM, 2005.
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RELATÓRIO TÉCNICO: Avaliação da Potencialidade Espeliológica da Área de
Influência Direta (AID) e da Área Diretamente Afetada (ADA) da UHE Teles
Pires. Anexo do Ofício nº179/EPE/2010. 2010.
Relatório integrado. Folhas Brasília: CPRM – Serviço Geológico do
Brasil/DEPAT/DICART/DIEDIG,2005.
SANTOS, J. O. et al. A New Understanding of the Provinces of the Amazon
Cráton Based on Integration of Field Mapping and U-Pb and Sm-Nd
Geochronology. Gondwana Research, v.3, n.4, p. 453-488, 2000.
SOUZA, J. O. et al. Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil -
PLGB. Geologia e recursos minerais da Província Mineral de Alta Floresta.
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ANEXO 1
Abaixo foram selecionados Sismo Regional e Telessismo e uma detonação na
pedreira registrada pela estação sismográfica CLDB.
Na figura 6, temos a explicação do sismograma.
Figura 5: Registro de um Telessismo (> 2.000 km) detectado pela estação Sismológica CLDB
(15h:48min horário UTC), ocorrido a 101km WSW de Mutis, Colômbia em 13/08/2013 as
15h:43min (UTC) com Magnitude de 6.7. No Sismograma 1, temos a janela completa do
arquivo (período de 24 horas). Em “1”, temos a seleção de uma parte da janela de tempo
(Zoom), visualizado em detalhe no Sismograma 2. Em “2”, visualizamos o detalhe da janela de
tempo decorrido selecionado no Sismograma 1. Em “3”, apresenta o tempo total registrado no
arquivo.
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Figura 6: Sismo regional (entre 100 e 2.000 Km) captado pela Estação CLDB (14h:55min
horário UTC), ocorrido a 29 km SSW de Redenção, Pará em 11/08/2013 as 14h:53min (UTC)
com Magnitude de 4.0.
Eventos causados por explosões na pedreira:
Figura 7: Sismicidade causada por detonações na pedreira no dia 06/08/2013 às 18 horas
(Brasília), repare que há diferença entre o horário dos dados indicado na figura e o horário
oficial de Brasília, isso porque a Estação Sismológica utiliza o horário Universal (UTC) que
possuí diferença de 3 horas se considerarmos o horário de Brasília.
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Figura 8: Ao analisar os dados nos deparamos com o registro acima que é muito semelhante a
um sismo local com onda P e S, porém essa hipótese foi descartada. Esse registro na verdade
é um telessismo, provavelmente uma onda PKP de algum terremoto no Pacífico. A segunda
fase com amplitude grande também é uma onda P, talvez pP ou mais provavelmente uma
outra fase PKP. O que caracteriza ser um telessismo é que o período predominante é perto de
1s. Se fosse um sismo local, os períodos seriam de décimos de segundo ou até menos. Quanto
menor e mais perto for o sismo, mais altas são as frequências predominantes nas ondas. Todas
as 3 fases têm as mesmas relações entre as componentes – são todas ondas P vindo do SW.
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Figura 9: Mapa Mundial com as divisões de hora UTC.