dona nozinha - uma mulher feliz e realizada!

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas 4 Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº 1746 Setembro/2014 Serra de São Bento Realização Apoio Dona Nozinha - Uma Mulher Feliz e realizada! D ona Nozinha é uma jovem senhora de 51 anos, que tem 4 filhos. É batalhadora por uma vida melhor, tanto para sua família quanto para as pessoas da sua comunidade. Participa das discussões sobre políticas públicas para a comunidade onde nasceu e vive até hoje, em Sítio Cruz, Serra de São Bento, localizada no Semiárido Potiguar. Ela já ajudou a decidir coisas importantes, por exemplo, a implementação do Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2, como participante da comissão municipal da Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA Brasil. Acima de tudo é uma pessoa alegre! E é com essa alegria que ela também fala das dificuldades nos períodos de seca e da transformação da sua vida após o Programa, acreditando sempre que a vida melhoraria... E melhorou! “Jamais eu vou deixar de participar e de buscar conhecimento lá fora, pra família, pra comunidade e pra quem precisar!”. As águas da chuva sempre foram uma necessidade Nozinha aprendeu a importância de captar água da chuva já com seu pai, Seu Luiz Viola, como é conhecido, e que hoje tem 84 anos. Quando criança ela e sua família iam pegar água na cabeça, no único reservatório da comunidade: o Tanque de Pedra do General, que tem mais de cem anos, e que fica há 1 quilometro de distância da sua casa, em subida para um lajedo. Além de grande captação de água é admirado pela sua beleza natural. Nozinha também faz o manejo da água combinando diferentes reservatórios de captação de água existente na comunidade, principalmente, com outro tanque de pedra potencializado por um Projeto de uma organização da alemã. Ela utiliza a água do tanque também para encher a cisterna calçadão: “faz dez anos que eu faço essa experiência aí... eu conheci essa experiência lá na zona rural, eu encho a mangueira, quando a mangueira tá cheia eu tampo lá em baixo. Na hora que eu jogo aqui dentro ela desce direto, com gravidade... Antes das cisternas eu não tinha reservatório pra botar água, agora eu tenho né?», Combinando a participação na vida social na comunidade com sua plantação “Eu divido o tempo: 50% para as reuniões e 50 % para plantar, porque eu não posso parar as duas coisas... Planto hoje, amanhã tem reunião, por exemplo, se eu chegar cedo da reunião de 5 horas já começo a limpar... mas sempre tem um tempinho pra plantar e eu não vou parar não, eu vou continuar porque eu gostei...”, revela. Seu João, conhecido como Dandão, companheiro de Dona Nozinha, ainda revela sua admiração pelo trabalho da companheira: “ela é muito interessada, ela gosta muito... De todo esse pessoal aí que tem essas cisternas foi através do interesse dela, porque o interesse era só dela mesmo... Ela ajuda a família e ajuda a comunidade...Vale a pena a pessoa dela...ela é uma guerreira!”, afirma. “Se eu não tivesse feito a cisterna eu tinha me arrependido até hoje, porque tinha dia que eu não tinha nem água de tomar banho, não tinha água pra lavar roupa, e hoje com a cisterna cheia e o tanque hoje tem água suficiente pra lavar roupa, tomar banho, e tenho pra minha verdura”.

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A sistematização conta a história de dona Marivalda. Mulher da área rural do município de Pinhão - Se. A história dela ganha significado pela forma como ela constrói sua autonomia. Um mulher que migrando de um município para outro encontro no Programa Bolsa Família sua estratégia para inciar sua criação de ovinos. Por outro lado, ela desconstrói a ideia de que a mulher da área rural é só sofrimento e falta de vaidade. Vale muito a leitura.

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Page 1: Dona Nozinha - Uma Mulher Feliz e realizada!

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1746

Setembro/2014

Aqui entra o

Serra de São Bento

Realização Apoio

Dona Nozinha - Uma Mulher Feliz e realizada!

Dona Nozinha é uma jovem senhora de 51 anos, que tem 4 filhos. É batalhadora por uma

vida melhor, tanto para sua família quanto para as pessoas da sua comunidade. Participa das discussões sobre políticas públicas para a comunidade onde nasceu e vive até hoje, em Sítio Cruz, Serra de São Bento, localizada no Semiárido Potiguar. Ela já ajudou a decidir c o i s a s i m p o r t a n t e s , p o r exe m p l o , a implementação do Programa Uma Terra e Duas Águas - P1+2, como participante da comissão municipal da Articulação do Semiárido Brasileiro – ASA Brasil. Acima de tudo é uma pessoa alegre! E é com essa alegria que ela também fala das dificuldades nos períodos de seca e da transformação da sua vida após o Programa, acreditando sempre que a vida melhoraria... E melhorou!

“Jamais eu vou deixar de participar e de buscar conhecimento lá fora, pra família, pra comunidade e pra quem precisar!”.

As águas da chuva sempre foram uma necessidade

Nozinha aprendeu a importância de captar água da chuva já com seu pai, Seu Luiz Viola, como é conhecido, e que hoje tem 84 anos. Quando criança ela e sua família iam pegar água na cabeça, no único reservatório da comunidade: o Tanque de Pedra do General, que tem mais de cem anos, e que fica há 1 quilometro de distância da sua casa, em subida para um lajedo. Além de grande captação de água é admirado pela sua beleza natural.

Nozinha também faz o manejo da água combinando diferentes reservatórios de captação de água existente na comunidade, principalmente, com outro tanque de pedra potencializado por um Projeto de uma organização da alemã. Ela utiliza a água do tanque também para encher a cisterna calçadão: “faz dez anos que eu faço essa experiência aí... eu conheci essa experiência lá na zona rural, eu encho a mangueira, quando a mangueira tá cheia eu tampo lá em baixo. Na hora que eu jogo aqui dentro ela desce direto, com gravidade... Antes das cisternas eu não tinha reservatório pra botar água, agora eu tenho né?»,

Combinando a participação na vida social na comunidade com sua plantação

“Eu divido o tempo: 50% para as reuniões e 50 % para plantar, porque eu não posso parar as duas coisas... Planto hoje, amanhã tem reunião, por exemplo, se eu chegar cedo da reunião de 5 horas já começo a limpar... mas sempre tem um tempinho pra plantar e eu não vou parar não, eu vou continuar porque eu gostei...”, revela.

Seu João, conhecido como Dandão, companheiro de Dona Nozinha, ainda revela sua admiração pelo trabalho da companheira: “ela é muito interessada, ela gosta muito... De todo esse pessoal aí que tem essas cisternas foi através do interesse dela, porque o interesse era só dela mesmo. . . E la a juda a famí l ia e a juda a comunidade...Vale a pena a pessoa dela...ela é uma guerreira!”, afirma.

“Se eu não tivesse feito a cisterna eu tinha me arrependido até hoje,

porque tinha dia que eu não tinha nem água de tomar banho, não tinha água pra lavar roupa, e hoje com a cisterna

cheia e o tanque hoje tem água suficiente pra lavar roupa, tomar banho,

e tenho pra minha verdura”.

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Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do NorteBoletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A vida antes do Programa (P1+2)

“Antes, eu não participava só das reuniões do Sindicato, por exemplo: uma reunião pra cadastrar um animal, uma vacina, uma semente, que vinha pra zona rural, pro agricultor...E assim mesmo essa semente vinha com veneno né?!”

“Pra sair de casa só ia até à feira, e, assim mesmo, voltava pra casa. Pra participar de reunião não sabia nem o que era, eu participava das reuniões ficava escutando, não abria nem a boca com vergonha, o povo perguntava e eu ficava calada, e hoje eu já respondo, animo... pra onde eu vou o povo fica todo animado...»

“Antes da cisterna calçadão eu trabalhava em casa e no roçado, e já fazia parte do sindicato. Na época eu plantava só assim: milho, feijão, fava, no quintalzinho, eu arrumava um cantinho pra plantar um coentro... só pro consumo, mas mesmo assim nem dava, mas hoje com a cisterna eu já estou realizada, veio com a bênção de Deus”.

Encontro das Mulheres da ASA Trairí

O Envolvimento nas atividades do Programa

Nozinha conta como foi se envolver nas atividades do Programa: “aí comecei a me envolver com as reuniões, na parte da Comissão... primeira viagem foi muito difícil, que me botaram dentro de um barco (risos), mas hoje eu não perco mais nenhuma reunião, porque graças à Deus foi onde eu conheci muita coisa boa... e hoje, eu não perco mais nenhuma reunião, não! Se for preciso, aonde for eu vou!

“Me disseram: a primeira reunião lá em Galinhos vai ser pra outra cidade, mas

mesmo assim eu e o presidente nos interessamos...”

As trocas de saberes durante as viagens

Através das viagens Nozinha procura levar para sua vida e para a vida da comunidade as experiências vistas: “... achei interessante lá que conheci uma experiência da água de sabão. Aí eu estou querendo trazer pra cá também o fogão agroecológico, que achei muito interessante, que o bujão agora tá R$ 50,00, ninguém pode comprar...uma agricultora que nem eu... Lá disseram assim, na entrevista: Dona Nozinha a cisterna calçadão a senhora tinha condições de fazer? Eu disse: eu não tinha condição de fazer nenhuma de 12.000 litros! Mesmo assim é o bujão de gás, nós estamos querendo fazer aqui porque nós que somos agricultoras vivemos da agricultura e do Bolsa Família, então, tem que, no máximo, economizar...”, conta.

Nozinha incentiva outras mulheres da sua comunidade para participar dos momentos: «com o Programa me interessei e levei todas as mulheres daqui! E toda reunião eu incentivo as mulheres: não pare, não deixe de ir para as reuniões, procure conhecer mais, porque a gente hoje come uma verdura sadia, uma verdura sem veneno né? E agente hoje tem melhoras com a verdura que a gente come, que nem essa fava aí oh...ela já dá pra tirar e comer ela não tem veneno, não costumo mais botar veneno na minha plantação...», afirma.

“A primeira viagem foi pra Galinhos, aí fomos fazer, Campo Redondo, Lajes Pintadas, pra conhecer né... aí fizemos

cursos, fizemos intercâmbios, fui pra Bahia pro encerramento do Programa”.

A vida mudou após a conquista da Cisterna Calçadão

Com a chegada da cisterna calçadão a segurança de ter uma alimentação mais saudável e o poder para produzir o que a família consome mudou a vida da família: «eu achei interessante que tudo vem pra nós, então a gente tem que buscar, e economizar...Olha, agora eu não compro mais nada, na feira eu comprava verdura e eu não me sentia bem.. depois que eu comecei a comer daqui acabou-se isso, muitas partes dos meu problemas acabou, eu sentia dor nas pernas, cansada, meu estômago queimava...eu como dessa tomate pequenininha aqui, diariamente... e acabou dor nas pernas dor no estomago.. Isso aí eu digo a todo mundo! Eu só compro o coloral, e, assim mesmo, já plantei a semente aqui, pra não comprar mais nada!», afirma.

Dona Nozinha começou a plantar quando começou a part ic ipar das reuniões, e, principalmente, “quando veio fazer a cisterna, que quando terminou veio os quites de sementes completos, aí foi quando eu comecei a plantar...”, revela.