domingo - editora sextante · – eu disse que já é de manhã e está na hora de você sair da...

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Domingo

Cocoricóóó!

– Acorda, seu dorminhoco, está na hora de levantar!

– Urrggghhoquefoi?

– Eu disse que já é de manhã e está na hora de você

sair da cama.

“De manhã”? Meus pais esqueceram que os zumbis

pegam fogo com a luz do sol?

– Mãe, não tem graça nenhuma, estou tentando

dormir.

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– Quem você está chamando de mãe?

– O quê?

Ai, cara! Não foi um sonho. Eu troquei mesmo de

corpo com o Steve! Agora esse aldeão está tentando

me fazer sair da cama e me mandando para a luz

do dia. É melhor eu entrar no clima, assim não vão

desconfiar.

– Olá... hum... senhor aldeão. Como vai a vida...

hum... na aldeia?

– Qual é o seu problema, Steve? Foi mordido por

um zumbi ou algo assim?

– Ha-ha-ha... Essa foi muito boa! Ha-ha-ha.

– Cara, você está muito esquisito – disse o aldeão.

Acho que não sou um ator muito talentoso. Mas

tenho que melhorar logo, porque vou ter que fin-

gir que sou o Steve durante as próximas semanas

até a lua cheia. É só nesse período que a bruxa do

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pântano vai voltar à casa dela e destrocar nossos

corpos.

Eu só preciso me lembrar das dicas que o Steve me

deu. Ele falou para eu me misturar aos humanos e

me concentrar no básico:

– Os humanos são simples – explicou Steve. – Desde

que você imite tudo que eles fazem, vai se encaixar

direitinho.

Certo! Então, o que o Steve faz o dia inteiro? Deixa

eu ver... Sei que ele gosta de minerar, de cultivar e

de dar socos em árvores. Se eu fizer essas três coi-

sas, vou conseguir me misturar direitinho.

Mas como é que eu vou aprender? Nunca fiz nada

disso antes! Então um raio de sol entrou no meu

quarto. No começo, eu fiquei em pânico porque

achei que a minha pele ia fritar que nem bacon.

Mas aí percebi que ser o Steve tem suas vantagens.

Não preciso mais ter medo da luz do sol!

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Assim, a primeira coisa que fiz foi correr até lá fora

e aproveitar aquele sol. Foi gostoso sentir o calor no

meu rosto e no meu corpo, mas a luz era um pouco

forte demais.

Consegui enxergar todos os campos, as árvores, o

lago...

O lago! Acabei de me dar conta de que posso pular

na água! Normalmente, zumbis evitam a água como

se fosse uma praga, mas agora posso nadar, como

todos os outros humanos.

Então corri até o lago, escalei uma árvore bem gran-

de e... SPLAAASH!

Só que a alegria não durou muito. Por algum motivo,

achei que os humanos conseguissem respirar debai-

xo d’água... cof, cof.

À noite, fui visitar o Steve no nosso lugar de sempre.

Mal pude acreditar no que vi! Só tinha passado um

dia e o Steve já estava mandando muito bem na vida

de zumbi!

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– Como foi o seu primeiro dia como zumbi? – per-

guntei a ele.

– Ah, cara, a vida de zumbi é muito legal! Eu podia

me acostumar fácil.

– É mesmo? Achei que ser zumbi era a maior chatice.

– Bom, o cheiro é bem ruim, mas já me acostu-

mei – respondeu Steve. – E você? Como está so-

brevivendo à minha velha vida chata? Já conheceu

aqueles aldeões malucos?

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– Já. Steve, pode me explicar melhor sua vida? – per-

guntei. – Achei que você morasse com os seus pais.

– Bom, por incrível que pareça, não sei de onde

vim – respondeu Steve. – Passei a vida toda com os

aldeões. Nunca conheci os meus pais.

– Você não perguntou para os aldeões de onde

veio?

– Não. Eles só contaram que um dia eu acordei na

cama deles. Não fazem ideia de como apareci lá.

– Nossa!

– Tem muita coisa que você vai achar esquisita, es-

pera só para ver.

– Tipo o quê?

– Você vai ver.

Então nos separamos. Cara, nunca pareci tão baca-

na quanto ele quando era zumbi. Como é que ele

faz isso?

Assim que cheguei em casa, um dos aldeões disse:

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– Nossa, Steve, você está fedendo! Precisa tomar um

banho para tirar esse cheiro de carne podre. Parece

que brigou com um zumbi!

“Tirar esse cheiro de carne podre”? Mas eu estava

gostando de ter o meu cheirinho de volta...

O aldeão me deu um negócio retangular chamado

“sabonete” e um pedaço de pano chamado “toalha”,

então me disse para ir até o “chuveiro”. Perguntei

onde ficava isso e ele apontou para um lugar cha-

mado “banheiro”.

Cara, eu estava ficando tonto tentando decorar todos

os nomes.

Quando entrei no “banheiro”, passei na frente do

espelho e tomei um susto. Tive a oportunidade de

ver o meu rosto. Como era esquisito! Eu tinha olhos,

nariz, orelhas e pele em todo lugar. Também tinha

uns pelinhos no queixo.

Aí abri a boca e notei que tinha, tipo, um milhão

de dentes! Eu parecia um tubarão. Nossa! O que

o Steve faz com todos esses dentes? Será que os

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humanos realmente comem zumbis, como a gente

vê nos filmes?

Talvez eu pudesse aproveitar o espelho para treinar

minhas expressões de Steve. Então tentei fazer várias

caras diferentes.

Olha, não sei se vou conseguir viver assim, mas vou

tentar.

Depois que tomei banho, fui para a cama. Mas foi

meio difícil dormir com as roupas molhadas.

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Segunda-feira

– Steve, anda logo ou você vai se atrasar para a

escola! – disse o aldeão pela manhã.

Ai, cara! Steve não tinha falado nada sobre escola!

Achei que minerar e cultivar iam ser atividades difí-

ceis, mas tentar me misturar em uma escola humana

vai ser impossível!

Quer dizer, o que eu vou vestir? Como vou me

comportar? O que vou dizer para os outros alunos?

Será que vão gostar de mim? E se descobrirem que

na verdade sou um zumbi com a roupa de carne

do Steve?

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Cara, só dois dias como humano e a minha vida já

está dramática. Olhei no armário para ver se tinha

alguma roupa para vestir e não achei nada. Olhei

nas gavetas e descobri que Steve tinha um monte de

camisetas e calças iguais.

Achava que só os zumbis fossem assim. Peguei uma

camiseta e uma calça. Estava com a maior dificul-

dade de vestir a roupa, até que o aldeão apareceu.

– Você está tentando vestir a roupa limpa por cima

da suja? – perguntou o aldeão. – Parece que nunca

usou uma roupa na vida.

Depois que ele saiu do quarto, tirei a roupa suja

e não acreditei no que vi... A pele do Steve cobria

todo o corpo dele! Não tinha nenhum buraco ou

pedaços pendurados. Os órgãos dele nem estavam

caindo para fora!

Não dava para enfiar a mão na barriga para brincar

com os intestinos ou com a espinha, como eu fazia

quando era zumbi.

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“Que coisa esquisita”, pensei. Então vesti minhas

roupas e fui para a escola.

Durante o dia a aldeia era bem movimentada! Tinha

aldeões por todos os lados: com aventais pretos ou

brancos, com mantos roxos... e muitos outros. Era

uma loucura!

Ainda bem que a escola ficava na aldeia. Foi super-

fácil de achar. Só que ela era ainda mais maluca!

Tinha todo tipo de aluno: magros, gordos, altos e

baixinhos.

E esses garotos não vestiam túnicas; usavam tudo

que é tipo de roupa maluca. Um deles parecia ter

um porco-espinho na cabeça. Uma menina tinha o

rosto todo pintado. E tinha um monte de outros ga-

rotos que eram quase tão grandes quanto o Mutante,

mas tinham pele cobrindo o corpo. Praticavam um

esporte chamado “futebol americano”.

Eu até vi um zumbi na escola! Mas ele tinha mais

carne no corpo do que um morto-vivo normal.

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Talvez, no mundo do Steve, os zumbis comam bem

mais bolo.

A coisa mais estranha que notei foi que todos os ga-

rotos só andavam com garotos que tinham o mesmo

visual que eles. Isso era muito diferente da turma de

mobs na minha escola, onde todo mundo fala com

todo mundo.

É por isso que Esquely, Slimey, Creepy e eu somos

melhores amigos. Mas, aqui, os humanos se com-

portam de um jeito muito esquisito.

Acho que hoje vou mais cedo para casa...

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Terça-feira de manhã

Fiquei muito impressionado com o que vi ontem.

Quer dizer, todos aqueles humanos juntos me de-

ram calafrios. Sem falar no cheiro! Nenhum aluno

tinha cheiro de carne podre, nem de muco rançoso,

nem de meia de ginástica mofada.

Sem contar um garoto que cheirava a essas três coi-

sas juntas. Gostei muito dele.

Resolvi que hoje ia encarar e me sair bem. Quer

dizer, o Steve provavelmente também estava com

dificuldades. Ser zumbi é difícil de verdade, sabia?

Principalmente porque ele vai ter que se manter à

altura do estilo de vida bacana e da reputação que

eu tinha construído na escola.

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Estou com muita pena dele.

O bom é que o Steve me deu o celular dele, assim

a gente pode ligar um para o outro se rolar uma si-

tuação difícil. Provavelmente vou ligar para ele umas

cinquenta vezes hoje.

Bom, vai começar mais um dia de loucura na escola

humana de ensino fundamental...

Divirta-se ajudando o zumbi

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