dolz - generos orais e escritos - aula de 06-03-10

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GÊNEROS ORAIS E ESCRITOS NA ESCOLA BERNARD SCHNEUWLY, JOAQUIM DOLZ E COLABORADORES (Tradução e organização: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro)

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Bom material para o trabalho com gêneros. É uma boa teoria

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  • GNEROS ORAIS E ESCRITOSNA ESCOLA

    BERNARD SCHNEUWLY, JOAQUIM DOLZ E COLABORADORES

    (Traduo e organizao: Roxane Rojo e Glas Sales Cordeiro)

  • Os autores:Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, so professores e pesquisadores em Didtica do Francs/Lngua Materna, da Faculdade de Psicologia e Cincias da Educao da Universidade de Genebra, Sua, e coordenador e membro, respectivamente, do Grupo Romando de Anlise do Francs Ensinado

    A obra destina-se aos professores, pesquisadores, estudantes e a todos os que se interessam pelo ensino e prtica de leitura e produo de textos orais ou escritos.

  • A primeira parte, Os gneros do discurso e a escola enfoca, luz das concepes tericas, as principais dvidas dos professores: Por que trabalhar com gneros e no com tipos de textos? Em que esses trabalhos e esses conceitos so diferentes? O que gnero de texto? Como entender a noo? Que gneros selecionar e como organiz-los ao longo do currculo? Como pensar progresses curriculares? Com que gneros em circulao trabalhar: somente os de circulao escolar, com os de circulao extra-escolar ou com ambos? Quais os mais relevantes?

  • A segunda parte, Planejar o ensino de um gnero fornece elementos para a reflexo e planejamento do ensino de gneros especficos o ensino da linguagem oral e dos gneros orais formais pblicos.A terceira parte, Propostas de ensino de gneroSubsidia a prtica docente como ensinar s gneros especficos e em circulao relevantes e mencionados nos PCNs: narrar, expor, argumentar, refletir, alem de relatar os procedimentos para elaborao e aplicao de uma seqncia didtica.

  • Os gneros do discurso e a escola

  • 1 - Gneros e tipos de discurso: consideraes psicolgicas e ontogenticas - Bernard Schneuwly

    ABORDAGEM:aspectos psicolgicos da aprendizagem a forma COMO PESSOAS APRENDEMaspectos ontogenticos a capacidade de um indivduo de APENDER SEMPRE

    PROCURA RESPONDER o que aprendemos nas trocas com outros indivduos, nas relaes sociais, pode interferir em nosso desenvolvimento? O desenvolvimento das pessoas um fato biolgico, independente das relaes sociais? Se for um fato biolgico, algumas pessoas so mais dotadas do que outras, j nascem com uma capacidade inicial que outras no possuem? Se forem, podemos concluir que algumas pessoas nascem com "dom" para certas aprendizagens e outras no? O que se aprende socialmente interfere no desenvolvimento cognitivo? Aprender gneros textuais amplia nossas capacidades de linguagem?

  • Concepo de gnero (BAKTINIANA)gneros so tipos relativamente estveis de enunciados elaborados em cada esfera de troca social os gneros primrios nascem na troca verbal espontnea. Esto fortemente ligados experincia pessoal. (...)Troca, interao, controle mtuo pela situao;Funcionamento imediato do gnero com entidade global controlando todo o processo, como uma s unidade;Nenhum ou pouco controle metalingustico da ao lingustica em curso;Utilizado pela criana nas mltiplas praticas de linguagem.

  • os gneros secundrios no so espontneos. Seu desenvolvimento, sua apropriao implica em outro tipo de interveno nos processos de desenvolvimento, diferente do necessrio para o desenvolvimento dos gneros primrios:Modos diversificados de referncia a um contexto linguisticamente criado;Modos de desdobramento do gnero. Se os meios de referncia a um contexto linguisticamente criado caracterizam, por assim dizer, os gneros secundrios do interior, asseguram sua coeso interna e sua autonomia em relao ao contexto, outros meios asseguram do exterior, seu controle, sua avaliao, sua definio.

  • os gneros primrios so os instrumentos de criao dos gneros secundrios

    A escola o lugar institucional em que se opera a passagem de um sistema para outro.

  • Tese: Existe uma relao dialgica entre gnero e contextoA escolha de um gnero se determina pela esfera social, as necessidades da temtica, o conjunto dos participantes e ia vontade enunciativa ou inteno do locutor. A escolha do gnero decorre de uma situao definida por alguns elementos: finalidade, destinatrios, contedo: o que eu quero dizer, para quem vou dizer, como vou dizer, onde vou dizer; A escolha ocorre dentre vrios possveis, no interior de uma esfera, num lugar social definido. contexto familiar: gneros familiares, informais contexto profissional: gneros especficos Cada rea profissional tem seus gneros e linguagem socialmente situados.

  • Os gneros tm uma base fixa depende da situao de comunicao, o que nos permitem reconhec-los e escolh-los. definem o que pode ser dito, ou, ao contrrio, o que deve ser dito tambm pode definir a escolha de um gnero. Ao encontrar algum, sabemos que preciso fazer os cumprimentos de praxe, porm em cada encontro h aspectos novos no gnero usado para a comunicao que so incorporados.

  • Por que trabalhar com textos diversificados? O autor considera que diferentes tipos de textos so construes necessrias para gerar uma maior heterogeneidade nos gneros, para oferecer possibilidades de escolha, para garantir um domnio mais consciente dos gneros, em especial daqueles mais complexos.

  • 2- Gneros e progresso oral e escrita elementos para reflexes sobre um experincia sua (Francfona) - Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz

    Currculo e progresso (Programa escolar x Currculo) programa escolar: supe um foco maior sobre a matria/contedo currculo: os contedos so definidos em funo das capacidades, experincias e necessidades do aluno so elaborados em relao aos objetivos de aprendizagem e aos outros componentes do ensino

  • Coll: Um currculo para o ensino da expresso dever fornecer aos professores, para cada um dos nveis de ensino, informaes concretas sobre os objetivos visados pelo ensino, sobre as prticas de linguagem que devem ser abordadas, sobre os saberes e habilidades implicados em sua apropriao. progresso interciclos: diviso dos objetivos gerais entre os diferentes ciclos do ensino obrigatrio. progresso intraciclo: seriao temporal dos objetivos e dos contedos disciplinares em cada ciclo.

  • Proposta de progresso curricular: SD e gneros agrupamentos de gneros Narrar, Expor, Argumentar, Instruir e Relatar organizados pelas semelhanas/situaes de produo dos gneros facilitam a escolha de gneros adequados para cada srie possibilita uma progresso em espiral para seu ensino a criao de eixos no ensino de gneros: possvel escolher os mais adequados de cada agrupamento para cada srie, retomando a cada ano ampliando capacidades

  • Domnios sociais de ComunicaoAspectos tipolgicosCapacidades de linguagem dominantes Exemplos de Gneros Escritos e Orais Cultura literria ficcionalNarrarMimese da ao atravs da criao da intriga no domnio verossmil Conto maravilhoso / Conto de fadas / Fbula / Lenda / Narrativa de aventura / Narrativa de fico cientfica / Narrativa de enigma / Narrativa mtica / Sketch ou histria engraada / Biografia romanceada / Novela fantstica / Conto / Crnica Literria / Adivinha / Piada Documentao e memorizao das aes humanasRelatarRepresentao pelo discurso de experincias vividas, situadas no tempo Relato de experincia vivida / Relato de uma viagem / Dirio ntimo / Testemunho / Anedota ou caso / Autobiografia / Curriculum vitae / Notcia / Reportagem / Crnica social / Crnica esportiva / Histrico / Relato histrico / Ensaio ou perfil biogrfico / Biografia Discusso de problemas sociais controversosArgumentarSustentao, refutao e negociao de tomada de posio Textos de opinio / Dilogo argumentativo / Carta de Leitor / Carta de reclamao / Carta de solicitao / Deliberao informal / Debate regrado / Assemblia / Discurso de defesa (Advocacia) /Discurso de acusao (Advocacia) / Resenha crtica / Artigos de opinio ou assinados / Editorial / Ensaio

  • Domnios sociais de ComunicaoAspectos tipolgicosCapacidades de linguagem dominantes Exemplos de Gneros Escritos e Orais Transmisso e construo de saberesExporApresentao textual de diferentes formas dos saberes Texto expositivo (em livro didtico) / Exposio oral / Seminrio / Conferncia / Comunicao oral / Palestra / Entrevista de especialista / Verbete / Artigo enciclopdico / Texto explicativo / Tomada de notas / Resumo de textos expositivos e explicativos / Resenha / Relatrio cientfico / Relatrio oral de experincia Instrues e prescriesDescrever AesRegulao mtua de comportamento Instrues de montagem/ Receita / Regulamento / Regras de jogo / Instrues de uso / Comandos diversos / Textos prescritivos Os agrupamentos podem facilitar a escolha de gneros adequados para cada srie do Ensino Fundamental, possibilitando uma progresso em espiral para seu ensino. Os autores propem a organizao de uma progresso temporal do ensino, construda sobre a base de um agrupamento de gneros e levando em conta os diferentes nveis de operaes de linguagem.

  • 3 - Os Gneros Escolares: das prticas de linguagem aos objetos de ensino - Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz

    Os autores defendem que o gnero utilizado como meio de articulao entre as prticas sociais e os objetos escolares no domnio do ensino da produo de textos orais e escritos.

    Estudar o funcionamento da linguagem como prticas sociais significa analisar as diferenciaes e variaes, em funo de sistemas de categorizaes sociais disposio dos sujeitos observados

  • Atividade de linguagem

    funciona como interface entre o sujeito e o meio, tem origem nas situaes de comunicao, se desenvolve em zonas de cooperao social determinadas e atribui s prticas sociais um papel determinante. consiste em produzir, compreender, interpretar e/ou memorizar enunciados orais ou escritos (um texto). demanda do sujeito capacidades para adaptar-se s caractersticas do contexto e do referente (capacidades de ao) mobilizar modelos discursivos (capacidades discursivas) dominar as operaes psicolingsticas e as unidades lingsticas (capacidades lingustico- discursivas).

  • Gneros de linguagem

    atravs dos gneros as prticas de linguagem se materializam em trs dimenses dos contedos e os conhecimentos que so enunciados por meio dele dos elementos das estruturas comunicativas e semiticas partilhadas pelos textos do mesmo gnero as configuraes especficas (seqncias textuais e de tipos discursivos)

  • O objetivo, no contexto escolar, do trabalho com diferentes gneros ensinar os alunos a escrever, a ler e a falar.

    PONTOS FORTESPONTOS FRACOSNecessidade de criaes de objetos escolares para um ensino/aprendizagem eficaz;Pensamento em progresso.Progresso como processo linear, do simples para o complexo, definido atravs do objeto descrito;Abordagem puramente representacional, no comunicativa. Leva muito em conta a particularidade das situaes escolares e utilizao destas;Importncia do sentido da escrita;Tnica na autonomia dos processos de aprendizagem nestas situaes. No leva em conta explicitamente e no utiliza modelos externos;No modelizao das formas de linguagem e, portanto, ausncia de ensino.

    Evidencia as contribuies das prticas de referncia;Importncia do sentido da escrita;Insistncia na dimenso comunicativa e na variedade das situaes.Negao da particularidade das situaes escolares como lugares de comunicao que transformam as prticas de referncia;Ausncia de reflexo sobre a progresso e desenvolvimento.

  • O autor defende que os gneros so objeto e instrumento de trabalho para o desenvolvimento da linguagem e aponta a necessidade de construir modelos didticos a partir dos quais seja possvel elaborar sequncias didticas que possibilitem a apropriao dos gneros pelas crianas sendo necessrio o estudo das dimenses passveis de serem ensinadas a respeito de cada gnero lingustico.

  • Planejar o ensino de um gnero

  • 4 - Seqncias Didticas para o Oral e o Escrito: apresentao de um procedimento - Dolz, Michele Noverraz e Schneuwly

    Como ensinar a expresso oral e escrita? A resposta : criar contextos de produo precisos, efetuar atividades ou exerccios mltiplos e variados permitir aos alunos apropriarem-se das noes, das tcnicas e dos instrumentos necessrios ao desenvolvimento de suas capacidades de expresso oral e escrita, em situaes diversas

  • Orientao metodolgica: O trabalho com a escrita e oralidade tem suas especificidades: possibilidade de reviso, observao do prprio comportamento e de textos de referncia, trabalha com seqncias e atividades de estruturao da lngua em uma perspectiva textual, explorar questes de gramtica e sintaxe (ortografia, reviso ortogrfica, escolhas lexicais, etc), o agrupamento de gneros e a progresso entre as sries/ciclos. (ver quadros abaixo)

  • Detalhamento da SDApresentao da situao definio do contexto, da forma e do contedo do gnero a ser estudado e produzido, envolvendo duas dimenses. A situao de comunicao e a escolha do gnero e dos contedos a serem trabalhados. definiao de tema e possveis subtemas que sero abordados. Deve responder a quatro questes: Qual o gnero que ser abordado? A quem se dirige a produo? Que forma assumir a produo? Quem participar da produo?

  • Primeira produo Os alunos faro uma produo oral ou escrita dependendo do gnero que ser trabalhado. Objetivo: para os alunos ser o momento de compreender o quanto sabem do gnero e do assunto a serem estudados, se entenderam a situao de comunicao qual tero de responder; para os professores tem o papel de analisar o que os alunos j sabem, identificar os problemas lingusticos do gnero que devero ser enfocados e definir a sequncia didtica.

  • Mdulos A quantidade e contedo dos mdulos de ensino devem ser definidos de acordo com as informaes colhidas pelo professor da primeira produo dos alunos.

    Cada mdulo deve contemplar problemas especficos do gnero em questo a fim de garantir melhora dos alunos na compreenso e uso da expresso oral ou escrita estudada.

  • Produo final

    Aps o processo os alunos devero realizar uma produo que demonstrar o domnio adquirido ao longo da aprendizagem acerca do gnero e do tema propostos e permitir ao professor avaliar o trabalho desenvolvido.

  • Concretizar uma proposta na forma de material didtico por vezes, correr o risco de torn-la esttica ou mesmo v-la desviada dos princpios sobre os quais se apia. por essa razo que importante insistir ainda em alguns pontos de ordem metodolgica.

    No material proposto, as seqncias no devem ser consideradas como um manual a ser seguido passo a passo. Para o professor, a responsabilidade efetuar escolhas, e em diferentes nveis.

  • 5 - Palavra e Ficcionalizao: Um Caminho para o Ensino da Linguagem Oral - Bernard Schneuwly

    No texto o autor argumenta que o nico caminho para o ensino da linguagem oral na escola atravs da construo de uma relao nova com a da linguagem.

  • Algumas concepes usuais sobre o oral e o ensino

    Representaes a cerca o ensino da oralidade (expresso e compreenso), obtidas numa pesquisa, sistematizadas em trs grupos: oralidade como materialidade, oralidade como espontaneidade e trabalho sobre o oral como norma. A anlise da pesquisa revelou que o oral percebido como lugar privilegiado da espontaneidade e da liberao. o aluno se exprime espontaneamente, no qual no existe escrita o oral cotidiano atravs do qual se comunicam professores e alunos. Para o autor: nem um nem outro parece suscetveis de se tornarem objetos de ensino: o oral puro escapa de qualquer interveno sistemtica; aprende-se naturalmente, na prpria situao. O oral que se aprende o oral da escrita.

  • Abordagens de ensino que decorrem da concepo usual de oral

    a abordagem que objetiva desenvolver nos alunos habilidades lingusticas orais Tem como referncia a norma escrita culta, com nfase nas dimenses estruturais da linguagem (fonolgicas, sintticas, lexicais) excluindo-se as dimenses mais discursivas (estratgias argumentativas, a estrutura textual e o encadeamento de frases).A abordagem que toma a linguagem oral como uma expresso em si mesma,O aluno poder expressar oralmente seus sentimentos e pensamentos. No so propostos objetivos pedaggicos e didticos definidos para a linguagem oral na escola

  • O autor prope que o trabalho da linguagem oral assuma outra dimenso na instituio escolar objetivando levar os alunos de uma oralidade espontnea a uma expresso oral gestada, ou seja, pensada e planejada intencionalmente pelos sujeitos em interlocuo.

  • 6 O oral como texto: como construir um objeto de ensino Dolz, Schneuwly e Haller

    A linguagem oral estar bastante presente no cotidiano das salas de aula, nas rotinas, nas leituras, na correo de exerccios, porm no ensinada a no ser incidentalmente, durante atividades diversas e pouco controladas. O oral esta presente nas duas pontas do sistema na pr-escola e nos primeiros anos do ensino fundamental no ensino superior onde se requer um domnio da palavra em pblico (jornalista, advogado, empresrios, professores, etc.).

  • No haveria possibilidade de se incluir o oral tambm entre as duas pontas?

    tomar o oral como objeto de ensino pressupe que se conhea e compreenda as prticas orais e os saberes e lingusticos nelas implicados. O oral: aquilo que dito em voz alta As relaes entre oral e escrito no ensinoOs gneros de textosGneros orais e atividades de linguagem orais Quais gneros ensinar? Os modelos didticos de gnero

  • PROPOSTAS DE ENSINO DE GNEROS

    Os textos que compem esta parte da obra relatam atividades prticas, elaboradas a partir de gneros (orais ou escritas)

  • A anlise do produto texto, ao longo dos trs captulos, mostrou que um trabalho com seqncias didticas em torno de gnero textual determinado tem conseqncias muito produtivas nos textos dos alunos. O papel do professor na sequncia didtica importante em todos os momentos Cada etapa do trabalho deve terminar numa sntese, construda em interao com os alunos em forma de regras ou de constataes: permite a compreenso e cria ligao com o projeto global no qual a turma estar envolvida; cria os meios para melhor argumentar.

  • Em sntese, os autores apresentam trs papis essenciais do professor no desenvolvimento do trabalho com os gneros:o de explicitar as regras e constataes, por meio das observaes e anlises das atividades, utilizando a escrita como instrumento;o de intervir pontualmente, em momentos escolhidos, para lembrar as normas que preciso ter em conta e para avaliar a produo dos alunos;o de dar um sentido s atividades levadas a efeito na sequncia, situando-as em relao ao projeto global da classe.