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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA Doenças de Veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do Rio Piranhas-Assu: ocorrência de bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e concepções de professores e agentes de saúde Viviane Silva Félix Nascimento 2011 Natal RN Brasil

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

Doenças de Veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do Rio Piranhas-Assu:

ocorrência de bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e

concepções de professores e agentes de saúde

Viviane Silva Félix Nascimento

2011

Natal – RN

Brasil

2

Viviane Silva Félix Nascimento

Doenças de Veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do Rio Piranhas-Assu: ocorrência de

bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e concepções de professores e agentes

de saúde

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do título de

Mestre.

Orientador: Prof(a).Dra. Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo

2011

Natal – RN

Brasil

3

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca

Setorial do Centro de Biociências

Nascimento, Viviane Silva Félix.

Doenças de Veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do Rio Piranhas-Assu:

ocorrência de bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e

concepções de professores e agentes de saúde./ Viviane Silva Félix

Nascimento. – Natal, RN, 2012.

100 f. : Il.

Orientadora: Profa. Dra. Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Biociências. Programa Regional de Pós-Graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente/PRODEMA.

1. Bactérias oportunistas – Dissertação 2. Semiárido – Dissertação. 3.

Educação ambiental – Dissertação. I. Araújo, Magnólia Fernandes Florêncio

de. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 579

4

5

AGRADECIMENTOS

Á DEUS, por estar presente em todos os momentos iluminando meu caminho.

Aos meus pais, Manoel e Socorro por todo amor, carinho e dedicação, todos esses anos.

Ao meu filho Víctor, e ao meu esposo Rodrigo, que me dão forças para lutar e ser

perseverante a cada dia.

Á minha família, pelo apoio e incentivo.

Á professora Dra. Magnólia Fernandes Florêncio de Araújo pela orientação, confiança,

competência e simplicidade acima de tudo.

Aos colegas de laboratório, Luisa, Cirleide, Mariana, Luiz Sodré, Aline, Well, Fabrício, Mari,

Edson e Leide. Além dos professores Ermeton, Ivaneide e Renata.

Ao Cnpq, por financiar esta pesquisa.

Á todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para que esta pesquisa fosse

realizada.

Muito Obrigada.

6

Doenças de Veiculação Hídrica em Trechos da Bacia do Rio Piranhas-Assu: ocorrência

de bactérias oportunistas, caracterização epidemiológica e concepções de professores e

agentes de saúde

RESUMO

A água é essencial à vida e a todos os organismos vivos e o seu suprimento é

necessário para o desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida das populações

humanas, mas sua qualidade vem sendo alterada pelas ações antrópicas. No semiárido

nordestino, a água é uma questão preocupante, especialmente a sua qualidade. Nessa região é

comum a construção de reservatórios, que captam águas de chuvas, córregos e rios

temporários, na busca de amenizar essa situação, sendo destinados para diversas finalidades.

A escassez de água é limitante para o desenvolvimento econômico e social da região e

contribui com a manutenção das doenças de veiculação hídrica. Cerca de 80% das doenças

que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas pela água contaminada por

microrganismos patogênicos. Nesse contexto, este trabalho objetivou determinar, em dois

ambientes semilênticos que fazem parte do reservatório Armando Ribeiro Gonçalves, e em

um trecho do rio Assu, todos localizados no semi-árido potiguar, a ocorrência de bactérias

patogênicas oportunistas; verificar as concepções de professores e agentes de saúde a respeito

dos temas “doenças de veiculação hídrica” e “bactérias”, e realizar um diagnóstico das

doenças diarréicas que acometem a população de alguns municípios do semi-árido do RN a

partir do levantamento de dados epidemiológicos. Para identificação das bactérias utilizaram-

se kits comerciais, e o diagnóstico das doenças diarréicas foi realizado com base em

informações de bancos de dados. As concepções prévias de professores e agentes de saúde

foram obtidas por meio da aplicação de questionários. Os resultados confirmaram a presença

de bactérias oportunistas nos ambientes estudados, evidenciando a importância de vigilância

da qualidade da água. Verificou-se uma sub-notificaçao de casos de diarréias apontando

falhas no Monitoramento das Doenças Diarréicas, e indicando a necessidade de aprimorá-lo.

Percebeu-se, ainda, a necessidade de implementação de atividades educativas sobre os temas

abordados, tanto com os professores como com os agentes de saúde, uma vez que foram

identificadas concepções equivocadas sobre o tema.

PALAVRAS-CHAVE: Doenças de veiculação hídrica, bactérias oportunistas, concepções

prévias, semiárido

7

Waterborne diseases in River basin and Rio Piranhas-Assu: occurrence of opportunistic

bacteria, characterization and epidemiological concepts of teachers and health workers

ABSTRACT

Water is essential to life and all living organisms and their supply is necessary for economic

development and quality of life of human populations, but their quality has been altered by

human actions. In semi-arid northeast, the water is an issue of concern, especially its quality.

This region is common to the construction of reservoirs that capture rain water, streams and

temporary rivers in search of ease this situation, being intended for various purposes. Water

scarcity is a limiting factor for the economic and social development of the region and

contributes to the maintenance of waterborne diseases. About 80% of diseases that occur in

developing countries are infected by waterborne pathogens. Therefore, this study aimed to

determine in two environments that are part of semilênticos Armando Ribeiro Gonçalves

reservoir, and a stretch of the river Assu, all located in the semiarid RN, the occurrence of

opportunistic pathogenic bacteria; check the conceptions of teachers and health workers about

the issues "waterborne diseases" and "bacteria" and a diagnosis of diarrheal diseases that

affect the population in some municipalities of the semi-arid region of RN from a survey of

epidemiological data. For identification of bacteria using commercial kits and the diagnosis of

diarrheal disease was based on information from databases. The previous conceptions of

teachers and health workers were obtained through questionnaires. The results confirmed the

presence of opportunistic bacteria in the studied area, showing the importance of monitoring

water quality. There was an under-reporting of cases of diarrhea pointing out flaws in the

monitoring of Diarrheal Diseases and indicating the need to improve it. It was felt also the

need to implement educational activities on topics dealt with both with teachers and health

workers, since they were identified misconceptions on the subject.

KEYWORDS: waterborne diseases, opportunistic bacteria, preconceptions, semiarid

8

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................................. 11

2 - CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ............................................ 14

3 - METODOLOGIA GERAL .............................................................................................. 15

3.1 - Identificação de Bactérias oportunistas ......................................................................... 15

3.1.1 – Amostragem e procedimentos de coleta ............................................................... 15

3.1.2 – Isolamento e identificação de espécimes .............................................................. 16

3.2 – Caracterização epidemiológica das doenças diarréicas ................................................. 16

3.3 – Verificação das concepções de agentes de saúde e professores .................................... 17

FIGURA 1. Bacia do Rio Piranhas Assu ............................................................................... 15

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 18

CAPÍTULO 1 –Ocorrência de bactérias oportunistas em um reservatório do semiárido

do Rio Grande do Norte ......................................................................................................... 21

RESUMO ............................................................................................................................... 21

ABSTRACT ........................................................................................................................... 22

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 22

2. METODOLOGIA .............................................................................................................. 25

2.1 – Caracterização da área de estudo .................................................................................. 25

2.2 – Procedimentos e amostragem ........................................................................................ 25

2.3 – Isolamento e identificação ............................................................................................. 26

3. RESULTADOS .................................................................................................................. 27

3.1 – Determinação das variáveis físico-químicas ................................................................. 27

3.2 – Caracterização e identificação dos isolados .................................................................. 27

9

4. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 32

5. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 36

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37

QUADRO 1 – Características morfológicas das bactérias identificadas ............................... 28

QUADRO 2 – Testes para caracterização inicial dos isolados .............................................. 29

QUADRO 3 – Resultados dos testes bioquímicos para bactérias fermentadoras de glicose . 30

QUADRO 4 – Testes bioquímicos para bactérias não fermentadoras de glicose .................. 31

QUADRO 5 – Frequência das ocorrências das bactérias por período e local de coleta ........ 32

CAPÍTULO 2 –Caracterização Epidemiológica das Doenças Diarréicas de Veiculação

Hídrica no Semiárido do Estado do Rio Grande do Norte ................................................. 44

RESUMO ............................................................................................................................... 44

ABSTRACT ........................................................................................................................... 45

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 45

2. METODOLOGIA .............................................................................................................. 46

3. RESULTADOS .................................................................................................................. 47

4. DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 51

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 57

TABELA 1 – Dados sobre pacientes internados por todos os agravos e internados com

diarréia aguda (DATASUS) e internados e não internados com diarréia (SES/RN) ............. 48

TABELA 2 – Dados de pacientes com diarréia aguda, internados e não internados,

classificados por idade (Fonte: SES/RN/2011). .................................................................... 49

TABELA 3 – Tipos de tratamentos de pacientes com diarréia e óbitos, por cidade avaliada

para o período de 2009 e 2010 (Fonte: DATASUS e SIAB/2011) ........................................ 50

10

CAPÍTULO 3 – Concepções prévias de agentes de saúde e professores de uma região

semiárida sobre bactérias e doenças de veiculação hídrica ................................................ 60

RESUMO ............................................................................................................................... 60

ABSTRACT ........................................................................................................................... 60

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 61

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 63

2.1- Caracterização geral dos municípios onde se localizam as escolas e unidades de saúde

envolvidas no estudo/participantes da pesquisa ..................................................................... 63

a. – Questionários ................................................................................................................... 64

2.3 – Amostragem .................................................................................................................. 64

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 65

3.1 – Perfil do público alvo .................................................................................................... 65

3.2 – Análises do questionários .............................................................................................. 66

3.2.1 – Eixo temático 1: Doenças de veiculação hídrica................................................... 66

3.2.2 – Eixo temático 2: Bactérias .................................................................................... 68

4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS ................................................................................ 72

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74

TABELA 1. Localidade, sujeitos da pesquisa e quantidade de questionários ...................... 65

FIGURA 1. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão

se o participante acha que a contaminação de açudes, rios e mares pode trazer doenças à

população ............................................................................................................................... 66

FIGURA 2. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante conhece alguma doença que pode ser transmitida pela água .......................... 67

FIGURA 3. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante já teve alguma doença relacionada ao consumo de água contaminada ............. 68

11

FIGURA 4. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante já ouviu falar sobre bactérias ............................................................................. 69

FIGURA 5. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante sabe onde encontramos as bactérias .................................................................. 69

FIGURA 6. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante sabe se todas as bactérias causam doenças ........................................................ 70

FIGURA 7. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante sabe se existem bactérias nos açudes da sua cidade .......................................... 71

FIGURA 8. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante acha que se houver a presença de bactérias no ambiente aquático da sua cidade,

o mesmo está contaminado ....................................................................................................... 71

FIGURA 9. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se

o participante já ouviu falar sobre bactérias patogênicas ......................................................... 72

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 77

ANEXOS ................................................................................................................................. 78

ANEXO I – Questionário aplicado aos professores e agentes de saúde ........................... 79

ANEXO II – Cartilha educativa sobre doenças de veiculação hídrica e bactérias ......... 81

12

1. INTRODUÇÃO GERAL

A história da humanidade revela que as sociedades vêm promovendo adaptações ou

modificações no ambiente natural, de forma a adequá-lo ao suprimento das necessidades

individuais ou coletivas, na busca do seu desenvolvimento. A lógica dessa utilização esteve

baseada na ideia de usufruir dos recursos naturais como se fossem infinitos, com desperdício e

exploração predatória. Segundo Philippi Jr. et al. (2004), a apropriação dos recursos naturais

pela cultura humana quase sempre foi feita de uma forma predatória e como resultado desse

processo de apropriação da natureza gera-se a degradação intensa dos ambientes. O uso

indiscriminado da água é um exemplo desse processo de degradação ambiental.

A água é essencial à vida e a todos os organismos vivos (Okura; Siqueira, 2005; Neto

et al., 2006; Cabral, 2010). O suprimento de água doce de boa qualidade é necessário para o

desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida das populações humanas. O planeta

Terra é o único planeta do sistema solar que tem água nos três estados (sólido, líquido e

gasoso), e as mudanças de estado físico da água no ciclo hidrológico são fundamentais e

influenciam os processos biogeoquímicos nos ecossistemas terrestres e aquáticos (Tundisi,

2003).

De acordo com Telles & Costa (2007), pode-se considerar que a quantidade total de

água na terra é de 1.386 milhões de km³, onde apenas 2,5% são de água doce. No Brasil, a

região coberta por água doce ocupa aproximadamente 55.457 km², o que equivale a 8% da

reserva de água doce do planeta, destacando nosso país no cenário mundial como um

território de vasta rede hidrográfica.

A água e sua demanda estão distribuídas de forma irregular no planeta. As condições

de disponibilidade hídrica e consumo apontam que não suficientes recursos hídricos, embora

o Brasil possua uma grande riqueza dos mesmos. Porém a sua distribuição é bastante irregular

nas diferentes regiões do país.

A situação de escassez hídrica é bastante preocupante no Nordeste brasileiro,

especialmente nas regiões semiáridas, sendo fator limitante para o desenvolvimento

econômico e social da região, além de contribuir para o aumento das doenças de veiculação

hídrica (Joventino et al., 2010).

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, o semiárido possui as seguintes

características: precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 mm; índice de aridez de

até 0,5 calculado pelo balanço hídrico, que relaciona as precipitações e a evapotranspiração

potencial, no período entre 1961 e 1990; e risco de seca maior que 60% tomando-se por base

13

o período entre 1970 e 1990. A partir desta classificação, o semiárido brasileiro passou a ter

969.589,4 km2,cobrindo 11% do território nacional e contendo 1.132 municípios em dez

Estados da Federação (PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA e MG). Portanto a escassez hídrica e

a heterogeneidade espacial são características que marcam a região semiárida brasileira

(INSA, 2011).

Devido à escassez de água nas regiões semiáridas, a construção de reservatórios nas

áreas mais atingidas é uma solução na tentativa de compensar a sazonalidade e a variabilidade

interanual. Araújo et al.(2006) afirmam que os açudes e os trechos perenes dos rios têm um

papel fundamental nessas regiões, pois a água armazenada ajuda a superar os períodos de

escassez. O precário acesso à água pela população local pode também colocar a saúde das

pessoas em risco, por possibilitar o aumento da ocorrência de doenças infecciosas agudas,

assim como a de elevar a prevalência de doenças crônicas (Razzolini; Günther, 2008).

A quantidade e a qualidade da água são fatores importantes para o estabelecimento dos

benefícios à saúde relacionados à redução da incidência e prevalência de diversas doenças,

destacando-se as doenças diarréicas (Queiroz et al., 2009). Segundo a Organização Mundial

da Saúde cerca de 80% das doenças que ocorrem em países em desenvolvimento são

veiculadas pela água contaminada por microrganismos patogênicos (Coelho et al., 2007).

Dois bilhões e meio de pessoas não tem acesso ao saneamento básico e mais de 1.5

milhão e meio de crianças morrem a cada ano devido as doenças associadsa com diarréias.

Por isso não basta que a população tenha acesso a água, é importante garantir que esta tenha

boa qualidade. Na definição da OMS, a água segura para consumo é aquela que não

representa risco à saúde humana durante o consumo por toda a vida, incluindo as

sensibilidades inerentes a cada estágio da vida (HWO, 2005).

De acordo com o Programa de Pesquisa em Saneamento Básico – PROSAB (2009):

Até o final do século XIX, a qualidade da água

para consumo humano era, em geral, aferida por sua aparência física. Mas a

partir do século XX, depois da ocorrência de diversos surtos de doenças de

veiculação hídrica e com o avanço do conhecimento cientifico, tornou-se

necessário o desenvolvimento de recursos técnicos, e mais tarde legais, que, de

modo objetivo, traduzissem as características que a água deveria apresentar para

ser considerada potável. Assim, a qualidade da água para consumo humano

passou a ser estabelecida, como o e ate hoje, com base em valores máximos

permitidos (VMP) para diversos contaminantes, ou indicadores da qualidade da

água, reunidos em normas e critérios de qualidade da água, ou padrões de

potabilidade.

14

A Portaria 2914/2011 do Ministério da Saúde que estabelece os padrões para

a potabilidade da água, afirma que, água para consumo humano é a potável, destinada à

ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal, independentemente da sua

origem. A água potável é aquela que atende ao padrão de potabilidade estabelecido nesta

Portaria e que não ofereça riscos à saúde. E este padrão se refere ao conjunto de valores

permitidos como parâmetro da qualidade da água para consumo humano, conforme definido

na Portaria.

Na região semi-árida as águas dos reservatórios são bastante utilizadas pela população,

para diversos fins tais como: abastecimento, recreação, fonte pesqueira e agricultura, tornando

estes ambientes bastante susceptíveis à contaminação. Devido ao aumento e a diversificação

dos impactos causados pelos diversos usos dos recursos hídricos, diferentes tipos de análises e

monitoramentos são necessários (Carvalho, 2008). Na análise ou monitoramento da água são

empregados indicadores biológicos específicos. Os coliformes, bastonetes gram-negativos da

família Enterobacteraceae, são os indicadores biológicos mais comumente empregados ao

estudo de qualidade da água. Amplamente distribuídos na natureza, se propagam com maior

freqüência na água por fazerem parte da microbiota intestinal.

Alguns gêneros como Enterobacter, Citrobacter, Klebisiella e Serratia, vivem na água

e no solo, como também constituem parte da microbiota intestinal do homem, e de outros

animais de sangue quente, sendo caracterizados como coliformes totais. Porém alguns

membros da família Enterobacteriaceae podem ser patógenos oportunistas e causar infecções,

sendo as mais comuns septicemia, pneumonia, meningite e infecções do trato genito-urinário

e intestinal. Os gêneros Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Hafnia, Morganella,

Providencia e Serratia, são exemplo de Enterobactérias capazes de causar infecções. Os

patógenos oportunistas estabelecem uma relação comensal com o hospedeiro, mas caso a

imunidade deste reduza podem causar infecção oportunista.

Nesse contexto, é importante trabalhar nas regiões semiáridas, temas como qualidade

de água e doenças de veiculação hídrica. Atividades de Educação Ambiental e Educação em

Saúde podem ser utilizadas para prevenção e redução de incidência de doenças de veiculação

hídrica e sensibilização da população sobre os principais problemas que ocorrem em sua

região, no que se refere a qualidade da água. A identificação das concepções prévias sobre

bactérias e doenças de veiculação hídrica são uma forma de dar início a estas atividades

educativas. A importância de realizar esta pesquisa com professores de ensino fundamental e

15

médio e agentes de saúde se deve a relação de confiança que a população possui com estes

profissionais.

Concepções prévias são os conhecimentos derivados da primeira leitura de mundo por

parte dos indivíduos, e da necessidade de se responder e resolver os problemas do cotidiano

(Florentino, 2004). São construções pessoais a partir da interação do homem com o mundo,

através dos seus sentidos. Dá-se de maneira espontânea, preexistem ao ensino e foram

identificadas em crianças, adolescentes e adultos, inclusive em universitários em sua área de

especificidade (Carvalho & Bossolan, 2009 apud Garcia-Milà, 2004). Embora seja superficial

e não sistemático, não pode ser considerado falso.

Este trabalho teve como objetivos determinar, em um trecho do rio Assu, e nos

ambientes semilênticos de Itajá e São Rafael que compõem a barragem Armando Ribeiro

Gonçalves (semi-árido potiguar), a ocorrência de bactérias patogênicas oportunistas; verificar

as concepções de professores do ensino fundamental e médio e agentes de saúde a respeito

dos temas “doenças de veiculação hídrica” e “bactérias”, além de realizar um diagnóstico das

doenças diarréicas que acometem a população de alguns municípios próximos aos corpos de

água estudados a partir do levantamento de dados epidemiológicos.

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Bacia do Rio Piranhas-Assu possui 17.498,50 Km2 de superfície, distribuídos entre os

Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, com 17 reservatórios em território potiguar, o que

representa 49% dos açudes do estado, fornecendo água para consumo humano, lazer e para

diversas outras atividades nas comunidades favorecidas pelos açudes.

A bacia possui precipitações médias entre 400 e 800 mm anuais, concentradas entre os

meses de fevereiro a junho. Apresenta altas temperaturas, em média 28°C promovendo taxas

de evapotranspiração bastante elevadas, podendo chegar a mais de 2000 mm/ano, o que

ocasiona déficit hídrico significativo (SEMARH, 2011).

Esse estudo utilizou três pontos de amostragem, dois pontos, semilênticos, situados

nos municípios Itajá e São Rafael localizados na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, e o

terceiro um ambiente lótico, o Rio Assu, no município de Assu.

16

Figura 01 - Bacia do Rio Piranhas-Assu. (Fonte: SEMARH - RN)

3. METODOLOGIA GERAL

3.1 - Identificação de bactérias oportunistas

3.1.1 - Amostragem e procedimentos de coleta

As amostras de água para pesquisa de bactérias potencialmente causadoras de doenças

de veiculação hídrica foram coletadas no período de fevereiro de 2009 até novembro de 2010,

com frequência mensal, abrangendo períodos de estiagem e de chuva. Foram realizadas às

margens do reservatório, na sub-superfície, a uma profundidade de, no máximo, 20 cm, em

frascos âmbar de 100mL, estéreis. Os frascos com as amostras foram transportados e

armazenados sob refrigeração até a chegada ao Laboratório de Microbiologia Aquática, na

UFRN. As análises foram iniciadas imediatamente após receber as amostras.

17

3.1.2 - Isolamento e identificação dos espécimes

No laboratório foi inoculado 1 ml da amostra de água em tubos contendo caldo

nutriente e 1 ml em placas de petri contendo Agar Nutriente. Ambos foram incubados por 18-

24 horas a 37ºC. Todos os tubos apresentavam que crescimento com 18-24h, o que era

caracterizado por turvação do meio líquido ou crescimento colonial nas placas, eram

transferidos para os seguintes meios sólidos: Agar nutriente (AN), Agar MacConkey (MC),

Agar Salmonella-Shigella(SS), Agar Eosina Azul de Metileno (BEM) e Agar de Tiossulfato,

citrato, bílis e sacarose (TCBS), seguidos de incubação à 37ºC por 24-48 horas. Foram

selecionadas colônias, nos meios sólidos citados para isolamento, então, as colônias puras

foram armazenadas em tubos contendo Agar nutriente inclinado em temperatura ambiente,

para posterior identificação.

Para identificação dos espécimes isolados, as cepas foram submetidas a testes iniciais

de coloração de gram, provas de oxidase e fermentação (TSI – TRÍPLICE AÇÚCAR-

FERRO). A partir dos resultados, as cepas foram divididas em dois grupos: bactérias

fermentadoras de glicose e bactérias não fermentadoras de glicose. Em seguida foram

realizadas técnicas microbiológicas clássicas de identificação bioquímica (Koneman et al.,

2008).

Utilizou-se dois kits de identificação: para as bactérias fermentadoras de glicose o kit

Probac do Brasil, constando do Painel de enterobactérias e para as não fermentadoras de

glicose o kit NF II, também da Probac do Brasil.

3.2 – Caracterização epidemiológica das doenças diarréicas

Este estudo foi realizado através do método descritivo com abordagem quantitativa

que foi delineado tomando-se por base os dados do Sistema de Informação de Atenção Básica

(SIAB), do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde/Ministério da Saúde

(DATASUS/MS) e a partir do levantamento de dados secundários, obtidos na Secretaria de

Saúde do Estado do Rio Grande do Norte (SES/RN). Os municípios escolhidos para a

pesquisa foram Acarí, Açú, Caicó, Cruzeta, Currais Novos, Ipanguaçú, Jardim do Seridó,

Ouro Branco, Paraú, Parelhas, Santana do Matos e São João do Sabugi que possuem corpos

d’água com capacidade de armazenamento superior a 10 milhões de m3 de água. Para essa

pesquisa levou-se em consideração informações sobre Casos de Doenças Diarréica aguda por

faixa etária, sexo, plano de tratamento e Morbidade Hospitalar do SUS - por local de

18

internação, semanas epidemiológicas e óbitos causados por doenças diarréicas, nos anos de

2009 e 2010.

3.3 – Verificação das concepções de agentes de saúde e professores

O público alvo do estudo são professores do ensino público e agentes de saúde dos

municípios de Itajá e São Rafael. A atividade foi realizada com aplicação de questionário

composto por 9 questões fechadas relacionadas aos temas doenças de veiculação hídrica e

bactérias patogênicas.

Os questionários foram elaborados com base nos trabalhos de Sodré-Neto e Araújo

(2008), Petrovich e Araújo (2009) e Araújo et al. (2011) que visavam identificar as

concepções espontâneas dos participantes a respeito de temas como: qualidade da água,

fornecimento de água na cidade, conhecimento a respeito de doenças e os riscos para a saúde

que a água pode trazer, assim como eutrofização.

Os questionários apresentam um texto introdutório com as informações referentes ao

objetivo da pesquisa e apresentação dos responsáveis pela pesquisa. Abaixo da introdução

existe um termo de consentimento individual para obter a permissão dos participantes na

utilização dos dados. Também possuem um local para a identificação dos participantes da

pesquisa, com informações sobre, sexo, idade, quanto tempo exercem a profissão, dentre

outras. E por fim questões fechadas sobre os temas já apontados.

19

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, M. F. F. de; PANOSSO, R. de F.; COSTA, I. A. S. da. Ações em educação

ambiental visando à sensibilização dos moradores da cidade de Jardim de Piranhas para a

preservação do Rio Piranhas (RN). Educação Ambiental em ação, Natal, 2006.

ARAÚJO, M. F. F.; DANTAS, C. M.; AMORIM, A. S.; SILVEIRA, SILVEIRA, M. L. DA;

MEDEIROS, M. L. Q. DE. (2011). Concepções prévias de professores do ensino básico de

uma região semiárida sobre qualidade de água. Edu. Amb. em Ação. n. 38. Ano X.

CABRAL, J. P. S. Water Microbiology. Bacterial Pathogens and Water. Int. J. Environ. Res.

Public Health, 7, 3657-3703, 2010.

CARVALHO, J. C. Q.; BOSSOLAN, N. R. S. In: Encontro Nacional de Pesquisa em

Educação em Ciências. Florianópolis, 2009.

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22

Capítulo 1

Ocorrência de bactérias patogênicas oportunistas em um reservatório do

semiárido do Rio Grande do Norte

Occurrence of opportunistic pathogenic bacteria in a semiarid reservoir of

Rio Grande do Norte _______________________________________________________________________

Viviane Silva Félix Nascimento1, Magnólia Fernandes Florêncio Araújo

2

1,2 Centro de Biociências, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Campus

Universitário Lagoa Nova, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,BR 101,

Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal, RN, Brasil e-mail: [email protected],

[email protected]

RESUMO

A água é essencial a todos os organismos vivos, sendo o adequado suprimento de água doce

necessário para o desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida das populações

humanas. Porém a sua qualidade vem sendo diminuída devido as ações antrópicas humanas,

principalmente devido ao descarte de esgotos. Estes podem conter uma gama de

microrganismos presentes na microbiota intestinal humana, como exemplo os membros da

família Enterobacteriaceae que podem ser patogênicos causando infecções oportunísticas.

Este trabalho objetivou identificar bactérias potencialmente patogênicas em reservatórios da

Bacia do Rio Piranhas-Assu, em trechos dos municípios de Assu, Itajá e São Rafael, estado do

Rio Grande do Norte, Brasil. As amostras de água foram coletadas no período correspondente

a fevereiro de 2009 até novembro de 2010, mensalmente, abrangendo períodos de estiagem e

chuva, e a identificação bioquímica foi feita utilizando-se kits comercias de identificação. O

maior percentual de isolados (78%) apresentou características morfológicas e bioquímicas de

enterobactérias. Dentre as espécies encontradas, Citrobacter diversus, Enterobacter

agglomerans, Morganella morganii ss morganii, Enterobacter ssp, Proteus myxofaciems,

Proteus penneri e Serratia ss. são espécies patogênicas oportunistas. Espécies de interesse

biotecnológico e ambiental como Chromobacterium violaceum e Acinetobacter lwoffii

também foram identificadas. Os dados obtidos apontam para a necessidade de uma vigilância

23

da qualidade da água utilizada na região estudada e o desenvolvimento de ações em educação

ambiental e educação em saúde com a população.

PALAVRAS-CHAVE: bactérias patogênicas oportunistas, reservatório, semiárido.

ABSTRACT

Water is essential to all living organisms, and the adequate supply of freshwater is needed for

economic development and life quality of human populations. But their quality has been diminished

due to human anthropogenic activities, mainly due to the disposal of sewage. The sewage may

contain a range of microorganisms from human intestinal, for example members of the

Enterobacteriaceae family which may be causing pathogenic opportunistic infections. This work

aimed to identify potentially pathogenic bacteria in reservoirs of the River Basin Piranhas-Assu, in

the municipalities of Assu, Itajá and São Rafael, in Rio Grande do Norte state, Brazil. Water samples

were collected from February 2009 tol November 2010, monthly, covering dry and rain periods.

Biochemical identification was performed using commercial identification kits. The highest

percentage of isolates (78%) showed morphological and biochemical characteristics of

enterobacteria. The found species Citrobacter diversus, Enterobacter agglomerans, Morganella

morganii ss morganii, Enterobacter spp, Proteus myxofaciems, Proteus penneri and Serratia spp. are

opportunistic pathogens. Species of interest for environmental biotechnology as Chromobacterium

violaceum and Acinetobacter lwoffii were also identified. The findings point to the need for

monitoring the water quality from the study area, and developing activities in environmental

education and health education to the population.

KEYWORDS: opportunistic pathogenic bacteria, reservoirs, semiarid.

INTRODUÇÃO

A água é essencial a todos os organismos vivos, sendo o adequado suprimento de água

doce necessário para o desenvolvimento econômico e para a qualidade de vida das populações

humanas. A diminuição da qualidade da água é hoje um dos mais graves problemas mundiais

e um grande desafio para a humanidade que, nesse novo milênio, terá que conviver cada vez

mais com a baixa disponibilidade hídrica (33). Esse fato é evidenciado principalmente, dentre

outras razões, pelas descargas de águas residuárias que provocam a contaminação dos corpos

24

aquáticos com organismos patogênicos e os transformam em veículos de transmissão de

enfermidades infecciosas (1).

No Brasil, cerca de 90% da população tem acesso à água de qualidade para consumo,

porém 47,8% dos municípios brasileiros ainda não dispõem de coleta de esgoto e, naqueles

onde existe uma rede de esgotamento sanitário, somente 20,2% possuem sistema de

tratamento (22). Esta situação é ainda mais grave em regiões semiáridas que são

caracterizadas, de modo geral, pelo clima quente e deficiência hídrica com irregularidade das

precipitações pluviométricas (44).

Devido ao déficit hídrico significativo, na região semiárida do Nordeste brasileiro

foram construídas inúmeras barragens que possibilitam à população a prática de irrigação,

consumo humano e turismo, no intuito de diminuir as dificuldades socioeconômicas que se

apresentam na época da seca (6). Porém, a maioria dos reservatórios da região semiárida do

nordeste brasileiro encontra-se em estado eutrófico ou hipereutrófico (28), o que implica em

que não baste que se tenha quantidade, mas também qualidade da água, pois o uso dos

reservatórios com baixa qualidade hídrica põe em risco a saúde e o bem estar das pessoas que

entram em contato direto com a água poluída de rios e reservatórios do semiárido (41, 50).

Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2003), cerca de 80% das doenças

que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas pela água contaminada por

microrganismos patogênicos. Diversos estudos epidemiológicos mostram resultados de saúde

adversos (incluindo infecções gastrointestinais, respiratórias e mortes) associados à inalação,

ingestão ou ao contato com água contaminada com organismos aquáticos patogênicos (11).

Devido ao aumento dos impactos causados pelos diversos usos dos recursos hídricos,

diferentes tipos de análises e monitoramentos são necessários (10). Na análise ou

monitoramento da água geralmente são empregados indicadores biológicos específicos, como

por exemplo, protozoários e bactérias. Apesar de terem importância na ciclagem dos

nutrientes, os microrganismos aquáticos também podem se destacar, por outro lado, no papel

de causadores de graves doenças de veiculação hídrica (11).

Os coliformes, bastonetes gram-negativos da família Enterobacteraceae, são os

indicadores microbianos mais comumente empregados ao estudo de qualidade sanitária da

água. Amplamente distribuídos na natureza, propagam-se com grande facilidade e, por serem

bastante comuns nas fezes humanas e de outros animais, de fácil identificação em laboratório

e com fisiologia semelhante à de microorganismos patogênicos é que eles se tornam

importantes indicadores de contaminação fecal.

25

Alguns gêneros como Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Serratia, vivem na água,

no solo e também constituem parte da flora intestinal do homem, assim como a de outros

animais de sangue quente. Vários membros da família Enterobacteriaceae podem causar

infecções oportunísticas, incluindo septicemia, pneumonia, meningite e infecções do trato

genito-urinário. Como exemplo de gêneros que podem causar essas infecções, temos:

Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Hafnia, Morganella, Providencia e Serratia. Em

situação normal, os organismos da nossa microbiota intestinal não podem invadir outras

partes do organismo, mas podem acontecer infecções oportunísticas se o hospedeiro

apresentar uma redução temporária de suas defesas imunológicas. Isso permite que ele possa

ser colonizado por um número de organismos da microbiota normal comensal, que sao

considerados oportunistas, uma vez que antes não estavam em situação de causar doença.

Dentre eles, estão as enterobactérias, as quais estão presentes em altas densidades nos

reservatórios da Bacia do Rio Piranhas-Assu.

Alguns estudos realizados nos reservatórios dessa Bacia apontam que esses ambientes

apresentam características eutróficas e eventualmente hipereutróficas, sinalizadas pelas eleva-

das concentrações de nitrogênio e fósforo total (20, 14, 47). Apresentam ainda dominância de

cianobactérias filamentosas, favorecendo a ocorrência de florações tóxicas nos reservatórios

(15, 40). Foram determinadas, nesses ambientes, altas densidades de bactérias heterotróficas,

se comparadas a outros reservatórios do Nordeste, alcançando em torno de 107 organismos

por mL de amostra. A variação é significativa entre os períodos seco e chuvoso, resultado da

influência do aporte de material alóctone proveniente do solo próximo das margens ou de

atividades humanas e pelas elevadas temperaturas (4,46, 16). Um trabalho realizado no

reservatório Boqueirão, localizado no município de Parelhas/RN, também abastecido pela

Bacia do Rio Piranhas Assu, identificou a presença das bactérias potencialmente patogênicas:

Cedeceae espécie 5, Klebsiella planticola, Morganella morganii ss morganii, Serratia

plymuthica e Enterobacter sakasakii (16).

Nesse contexto, o estudo de microrganismos aquáticos se torna imprescindível para o

diagnóstico da qualidade da água que é utilizada para múltiplos fins, pelas populações

humanas, neste caso especial, aquelas da região semiárida brasileira. Com base nisto, o

objetivo deste trabalho é identificar bactérias patogênicas oportunistas em reservatórios da

Bacia do Rio Piranhas-Assu, em trechos dos municípios de Assu, Itajá e São Rafael, no estado

do Rio Grande do Norte, Brasil.

26

METODOLOGIA

2.1 Caracterização da área de estudo

A bacia hidrográfica do Rio Piranhas-Assu, possui 17.498,50 Km2 de superfície,

distribuídos entre os Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte. Em território potiguar está

localizada no semiárido, contribuindo com 79% do total de água acumulado. No estado são 17

reservatórios, o que representa 49% dos açudes, fornecendo água para consumo humano, lazer

e para diversas outras atividades nas comunidades favorecidas pelos açudes. A bacia possui

precipitações médias variando entre 400 e 800 mm anuais, concentradas entre os meses de

fevereiro a junho. Possui ainda taxas de evapotranspiração bastante elevadas, podendo chegar

a mais de 2000 mm/ano, o que ocasiona um déficit hídrico significativo. Apresenta altas

temperaturas, que em média estão em torno dos 28°C, com máxima de 33°C nos meses

quentes e 21°C nos meses frios (13). Os pontos de coleta utilizados nesta pesquisa estão

situados próximos aos municípios de Assu, Itajá e São Rafael, sendo o primeiro de um

ambiente lótico e os dois últimos de ambientes semilênticos.

2.2 Procedimentos e amostragem

Os pontos de amostragem (figura 1) foram determinados de acordo com a proximidade

dos municípios de São Rafael, Itajá e Assú, sendo os dois primeiros ambientes semilênticos,

situados à montante da Barragem e o último um sistema lótico, localizado à jusante do

reservatório. Todos localizados próximos as margens dos corpos d’água.

As variáveis pH e temperatura foram mensuradas utilizando-se uma sonda

multiparamétrica HORIBA modelo U-23. Para a concentração de clorofila a, seguiu-se a

metodologia recomendada por Jespersen and Christoffersen (27). As diferenças significativas

entre os dados nos diferentes períodos foram evidenciadas utilizando-se teste-t de Student

para variáveis independentes (p < 0,05).

As amostras de água para pesquisa de bactérias potencialmente causadoras de doenças

de veiculação hídrica foram coletadas no período correspondente a fevereiro de 2009 até

novembro de 2010, mensalmente, abrangendo períodos de estiagem e chuva. Foram

realizadas na sub-superfície da água, a uma profundidade de no máximo 20 cm, em frascos

âmbar de 100mL, estéreis. Os frascos com as amostras foram transportados e armazenados

27

sob leve refrigeração até a chegada ao Laboratório de Microbiologia Aquática, na UFRN. As

análises foram iniciadas imediatamente após a chegada ao laboratório.

2.3 Isolamento e identificação

No laboratório foi inoculado 1 ml de amostra de cada ponto de coleta em tubos

contendo caldo nutriente e 1 ml da amostra em placas de petri contendo Agar Nutriente e

incubados em estufa bacteriológica por 18-24 horas a 37ºC. Todos os tubos ou placas que

apresentavam crescimento bacteriano após 18-24h, caracterizado por turvação do meio

líquido ou crescimento colonial nas placas, eram transferidos para os seguintes meios sólidos:

Agar nutriente (AN), Agar MacConkey (MC), Agar Salmonella-Shigella(SS), Agar Eosina

Azul de Metileno (BEM) e Agar de Tiossulfato, citrato, bílis e sacarose (TCBS), incubados a

37ºC por 24-48 horas. Foram selecionadas colônias nos meios sólidos para isolamento,

através da técnica de esgotamento, em placas contendo Agar nutriente. As colônias puras

foram armazenadas em tubos contendo Agar nutriente inclinado em temperatura ambiente,

para posterior identificação.

Na etapa inicial de identificação foi realizada a caracterização morfológica

macroscópica das colônias bacterianas, levando-se em conta a forma, elevação, borda,

estrutura, cor, tamanho e aspecto, respectivamente.

Para identificação dos isolados as cepas foram submetidas a testes iniciais de

coloração de Gram, prova de oxidase e prova do metabolismo fermentador (TSI – TRÍPLICE

AÇÚCAR-FERRO). A partir dos resultados obtidos com os testes anteriormente citados, as

cepas foram divididas em dois grupos: bactérias fermentadoras de glicose e bactérias não

fermentadoras de glicose. Em seguida, foram aplicadas técnicas microbiológicas clássicas

para a identificação bioquímica.

Os testes bioquímicos foram realizados com a utilização de dois kits de identificação.

Para as bactérias fermentadoras de glicose foi usado o Painel para Enterobactérias (Probac do

Brasil), constando do Painel de enterobactérias e para as bactérias não fermentadoras de

glicose o kit NF II (Probac do Brasil).

28

RESULTADOS

3.1 Determinação das variáveis físico-químicas

Os valores médios das variáveis físicas, químicas e biológicas (pH, temperatura e

concentração de clorofila a) para os três locais de coleta serão descritos a seguir. Os dados se

referem ao período seco e período chuvoso dos anos de 2009 e 2010 nos três pontos de

amostragem. As variáveis de cada ambiente em questão foram testadas entre si e

apresentaram oscilações entre os períodos estudados, havendo, de modo geral, uma diferença

significativa (p < 0,05).

As médias do pH de São Rafael, Itajá e Assu para 2009 e 2010 do período seco foram

respectivamente: 8,48, 8,65 e 8,11, já no período chuvoso 8,01, 8,69 e 6,98. Com relação a

temperatura obteve-se para os períodos secos e chuvosos, médias de 28,2 °C e 29,5 °C em

São Rafael, 27,9 °C e 3,15 °C em Itajá e em Assu 30,9 °C e 31,9 °C respectivamente. A

clorofila a variou significativamente do ambiente lótico para os ambientes lênticos. Assu

apresentou nos períodos secos média de 15,13 µg/L e chuvosos 12,56 µg/L. Itajá no período

seco obteve médias de 38,36 µg/L, já nos períodos chuvosos médias de 42,71 µg/L. São

Rafael apresentou as médias mais elevadas, com 54,95 µg/L nos períodos secos e 49,14 nos

períodos chuvosos.

3.2 Caracterização e identificação dos isolados bacterianos

Foram obtidos 70 isolados bacterianos no período estudado. Deste total, foram

identificadas 9 espécies bacterianas e definida sua distribuição espaço- temporal. Das espécies

identificadas, uma era não fermentadora de glicose, Acinetobacter lwoffi, e as demais

fermentadoras de glicose (Quadro 1).

29

Quadro 1 – Espécies e características morfológicas das bactérias.

Espécie Características morfológicas coloniais

Acinetobacter lwoffi circular/convexa/lisos/lisa/pigmentada/média/leitosa

Chromobacterium violaceum circular/convexa/lisos/lisa/pigmentada/pequena/leitosa

Citrobacter diversus circular/convexa/lisos/lisa/transparente/pigmentada/pequena/leitosa

Enterobacter agglomerans Irregular/redonda/protuberante/ondulado/granulosa/incolor/grande/membranosa

Enterobacter ssp. circular/concava/lobados/lisos/rugosa/incolor/grande/viscosa

Morganella morganii ss

morganii

circular/convexa/lisos/lisa/translucida/pigmentada/media/leitosa

Proteus myxofaciens irregular/elevada/ondulados/rugosa/opaca/pigmentada/grande/membranosa

Proteus penneri irregular/elevada/ondulados/rugosa/opaca/pigmentada/grande/membranosa

Serratia ssp. circular/convexa/ondulada/lisa/lisa/translucida/pigmentada/pequena/leitosa

Houve crescimento bacteriano de todos os isolados em Ágar Nutriente (não seletivo),

MacConkey e Agar Eosina Azul de Metileno – EMB (meios diferenciais para isolamento de

Enterobacteriaceae). No meio SS (Agar Salmonella-Shigela) apenas a Chromobacterium

violaceum, Citrobacter diversus e Serratia ssp. apresentaram crescimento. No meio TCBS

(Agar de Tiossulfato, citrato, bílis e sacarose), utilizado para isolamento de Vibrio, não houve

crescimento. A técnica de coloração de Gram demonstrou que todos os isolados eram bacilos

gram negativos, com reações negativas para o teste da oxidase. No meio teste TSI (ágar

tríplice açúcar-ferro) a bactéria Acinetobacter lwoffii não for capaz de fermentar a glicose,

sendo o inverso comprovado para as demais (Quadro 2).

30

Quadro 2 - Testes para caracterização inicial dos isolados

AN- Agar Nutriente, MC – Agar MacConkey, SS - Agar Salmonella-Shiguela, EMB - Agar Eosina Azul de

Metileno, TCBS - Agar de Tiossulfato, citrato, bílis e sacarose. Positivo (+), Negativo (-), BG- : bacilo gram

negativo.* Positivo(+) – fermentador e Negativo(-) – não fermentador.

Os resultados dos testes bioquímicos para verificação das características diferenciais

das bactérias fermentadoras de glicose estão descritos no quadro 3, e os resultados para os

testes de identificação das bactérias não fermentadoras de glicose estão expressos, na

sequência, no quadro 4.

Testes Acinetobac

ter lwoffii

Chromobacteriu

m violaceum

Citrobacter

diversus

Enterobacter

agglomerans

Enterobacter

ssp.

Morganella

morganii ss

morganii

Proteus

myxofaciens

Proteus

penneri

Serratia

ssp.

Crescimento

em AN + + + + + + + + +

Crescimento

em MC + + + + + + + + +

Crescimento

em SS - + + - - - - - +

Crescimento

em EMB + + + + + + + + +

Crescimento

em TCBS - - - - - - - - -

Coloração de

Gram BG- BG- BG- BG- BG- BG- BG- BG- BG-

Oxidase - - - - - - - - -

*TSI - + + + + + + + +

31

Quadro 3 – Resultados dos testes bioquímicos para bactérias fermentadoras de glicose.

Testes

bioquímicos

Chromobacterium violaceum

Citrobacter diversus

Enterobacter ssp.

Enterobacter agglomerans

Morganella

morganii ss

morganii

Proteus myxofaciens

Proteus penneri

Serratia ssp.

Indol - + - - + - - -

Vogues

Proskauer - + + - - + - +

Citrato + + - + + - - +

H2S - - - - - - - -

Uréia - + - + + - - -

Lisina - - + - - - - +

Arginina + - + - - - + -

Ornitina - + + - + - - +

Malonato - - - - - - + -

Glicose + + + + + + + +

Lactose - - - + - - + -

Sacarose - - - - - - - +

Manitol - - - + - - - -

Adonitol - - - - - - - -

Miosina - - - - - - - -

Sorbitol - - - - - - - -

Rafinose - - - - - - - -

Raminose - - - - - - + -

Malonato - - - - - + - +

Melobiose - - - - - - + -

ONPG - - - + - - - +

Esculina - + + + - + - +

(+) – positivo

(-) – negativo

32

Quadro 4 – Testes bioquímicos para bactérias não fermentadoras

Acinetobacter lwoffii

Testes Resultado

Oxidase Negativo

MacConkey Positivo

Lisina NUAm

Arginina NUAm

Glicose com óleo NUA

Glicose NUA

Maltose NUA

Lactose NUA

Atividade gelatinase Negativo

NUAm – Não utilização do aminoácido

NUA – Não utilização do açúcar

Como revela o quadro 5, Acinetobacter lwoffii foi identificada nos três ambientes de

coleta no período seco e apenas em Itajá no chuvoso, e Chromobacterium violaceum foi

isolada apenas no ambiente lótico, que fica no município de Assu. Foi registrada a presença

de Morganella morganii ss morganii no período chuvoso na localidade de São Rafael.

Enterobacter ssp. foi identificada na maioria dos pontos de coleta nos período seco e chuvoso.

A bactéria Enterobacter agglomerans foi identificada apenas nos pontos de coleta localizados

nos municípios de Assu e Itajá no ano de 2009. A bactéria Proteus penneri foi isolada apenas

nos municípios de São Rafael e Assu. Serratia ssp. e Citrobacter diversus apareceram no

período chuvoso de 2009 em Assu, e Proteus myxofasciens apareceu apenas em período

chuvoso em Assu e São Rafael.

33

Quadro 5 – Frequência de ocorrência das bactérias por período e local de coleta

Espécie

2009 2010

Período seco Período chuvoso Período seco Período chuvoso

SR IT AS SR IT AS SR IT AS SR IT AS

Acinetobacter lwoffii X X X X X X X X

Chromobacterium violaceum X X X X

Morganella morganii ss morganii X

Enterobacter ssp. X X X X X X X

Enterobacter agglomerans X X X

Proteus penneri X X X

Serratia ssp. X

Citrobacter diversus X

Proteus myxofasciens X X

SR- São Rafael; IT – Itajá; AS - Assu

DISCUSSÃO

A variedade de microrganismos presentes nos ambientes aquáticos é determinada,

dentre outras variáveis, pelas características ambientais como temperatura, pH e clorofila a,

que interferem na dinâmica dos ecossistemas aquáticos modificando a estrutura e função das

comunidades microbianas (32). Os dados encontrados neste estudo demonstram que os

ambientes aquáticos estudados estão eutrofizados, concordando com os resultados de outros

trabalhos realizados nos reservatórios do semiárido norte-riograndense que apresentam

condições eutróficas e eventualmente hipereutróficas (14, 20, 47). As bactérias têm grande

relevância nos ambientes aquáticos, pois são importantes para a decomposição de matéria

orgânica e por sua participação nos ciclos biogeoquímicos. Por outro lado, algumas espécies

são patogênicas, podendo ser a causa de doenças, às vezes, de difícil cura e tratamento. Neste

estudo, verificou-se a ocorrência de bactérias potencialmente patogênicas em todos os locais

de amostragem, sendo a maioria enterobactérias, possivelmente provenientes do escoamento

da água da bacia. Isso pode ser suposto pelo fato de que alguns gêneros como Morganella e

Serratia tenham ocorrido apenas no período chuvoso, em alguns pontos de coleta.

34

Acinetobacter spp. são pertencentes ao filo Proteobacteria, comuns na natureza, e

podem ser obtidas a partir da água, solo, organismos vivos e até mesmo de peles humanas. De

acordo com Towner (51), ganharam reconhecimento nos últimos anos como patógenos que

têm o potencial de causar graves infecções nosocomiais em pacientes clinicamente doentes.

Por outro lado, espécies de Acinetobacter têm atraído cada vez mais atenção em aplicações

ambientais e biotecnológicas (53). Algumas cepas deste gênero são conhecidas por estarem

envolvidas na biodegradação de um número de diferentes compostos químicos orgânicos e

inorgânicos poluentes, tais como bifenilos clorados e bifenil, aminoácidos, fenol, óleo,

benzoato de crude, acetonitrila, degradação de lignina (8) e na remoção de fosfatos biológicos

ou metais pesados (21). A. lwoffi foi identificada em todos os locais de estudo, especialmente

nos períodos de estiagem, e é uma das principais bactérias responsáveis pela meningite.

Chromobacterium violaceum foi identificada apenas em Assu, ambiente lótico, tanto

na estação seca como chuvosa, embora possua capacidade de resistir a uma ampla variedade

de condições severas, incluindo escassez de nutrientes, altas temperaturas, próximas de 37°C,

altos níveis de radiação, pH e elevadas concentrações de agentes tóxicos (9). No Brasil, há

publicações iniciais sobre sua ocorrência nas águas do Rio Negro, na região amazônica, norte

do país, onde ocorre em grande abundância (5, 35). Mas, sabe-se também de sua ocorrência,

em rios no sudeste do país (34, 38); no sul (31) e na região nordeste brasileira (3, 18, 45). É

classificada como Beta-proteobactéria, pertencente à família Neisseriaceae e encontrada em

uma variedade de ecossistemas nas regiões de clima tropical e subtropical, habitando

normalmente o solo e a água (23). Produz um pigmento violeta, denominado de violaceína

que possui muitas atividades biológicas de interesse, podendo atuar contra determinados

parasitas como o Tripanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas, (17) e protozoários

do gênero Leishmania, causadores da Leishmaniose (29, 30); Apresenta também atividade

anti-tumoral, sendo efetiva em culturas de células de algumas leucemias, linfomas e tumores

de cólon e pulmão (30), além de linfomas relacionados à AIDS (19). A violaceína também

apresenta atividade antifúngica, como por exemplo, contra a Rosellina necatrix, fungo

fitopatogênico da amoreira (49); além de atividade anti-viral (2). Chromobacterium violaceum

apresenta também atividade antibiótica (3). A produção de polihidroxialcanoatos (PHA) é

outra característica importante observada em culturas de C. violaceum.

Em humanos a C. violaceum pode atuar como patógeno oportunista e causar

septicemia fatal de lesões na pele com abscessos no fígado e pulmão (48). Outros relatos

associados a C. violaceum são a granulomatose crônica, a adenite, a osteomielite, a celulite

periorbital e a infecção ocular (12).

35

Neste trabalho, as enterobactérias estiveram representadas em todos os ambientes de estudo.

A família Enterobacteriaceae é encontrada no solo, água, plantas e nos animais, incluindo o

homem. São responsáveis por cerca de 50% das infecções nosocomiais, sendo as mais

freqüentes causadas por Escherichia (26), e a sua maioria habita os intestinos do homem e

animais, seja como membros da microbiota normal ou como agentes infecciosos (52). O

grupo inclui os gêneros Salmonella, Shigella, Escherichia, Klebsiella, Enterobacter, Serratia,

Proteus, Morganella, Providencia e Yersinia.

Resultados semelhantes a estes foram encontrados por Borges e Bertolin (7) e por

Dantas (16). O primeiro foi realizado em Tocantins/Brasil, para avaliação da qualidade

microbiológica da água no Córrego São João, que atribuiu a predominância desses

microrganismos no ambiente aquático ao carreamento de solo contaminado; e o segundo

realizou a caracterização morfotintorial e bioquímica de bactérias potencialmente patogênicas

em um reservatório da região semi-árida do Rio Grande do Norte, obtendo 37,5% dos

isolados bacterianos com características de enterobactérias.

Desse grupo bacteriano as espécies Morganella morganii ss morganii, Enterobacter ssp,

Enterobacter agglomerans, Proteus penneri, Serratia ssp, Citrobacter diversus e Proteus

myxofasciens foram identificadas nas amostras de água. Essas enterobactérias são patogênicas

oportunistas e podem causar infecções, podendo aumentar os casos de doenças

gastrointestinais, ocasionalmente. Sua entrada na água deve se dar pela descarga de esgotos,

ou escoamento de materiais da Bacia Hidrográfica. De outra forma, a redução da lâmina

d’água nos períodos chuvosos também pode concentrar a matéria orgânica e favorecer o

crescimento acentuado de outras espécies, como é o caso de Citrobacter diversus, que só

ocorreu em período seco, no Rio Assu.

Os microrganismos identificados são comumente encontrados no ambiente e no trato

intestinal de seres humanos e animais de sangue quente. Rodrigues et al. (42) avaliaram a

qualidade da água do Rio Piracuama/SP, e identificaram Enterobacter aerogenes, Escherichia

coli, Klebsiella ozaenae, Edwardsiella tarda, Shigella sp., Morganella morgani, Hafnia alvei,

Salmonella sp. e Citrobacter (diversus koseri). Já Goni-Urriza, Capdepuy e Arpin (25)

verificaram a biodiversidade e distribuição de Enterobactérias no Lago Baikal, tendo

encontrado, na ocasião, as Enterobactérias: Escherichia coli, Enterobacter sp., Klebsiella sp,

Klyivera sp, Citrobacter sp., Serratia sp., Proteus sp., e Yersinia frederikenii. Os dois estudos

apontam que a presença desses microrganismos está associada com a carga antrópica

depositada nos ambientes aquáticos.

36

Apesar de sua ampla distribuição, Morganella morganii é uma causa rara de infecção

adquirida e é mais freqüentemente encontrada de casos de pós-operatório, causando infecções

do trato urinário, septicemia, pneumonia, infecções do sistema nervoso central, meningite e

outras infecções nosocomiais, podendo causar até a morte (36).

As espécies de Enterobacter ocorrem na água, solo e plantas podendo colonizar o trato

gastrointestinal. Raramente estão implicadas nas infecções primárias e são colonizadoras

importantes em pacientes hospitalizados, podendo causar doenças invasivas (24). Estão

associadas a infecções respiratórias, de pele, trato urinário, ossos, articulações, sistema

nervoso central e trato gastrointestinal. Possuem elevadas taxas de co-infecções com outros

patógenos, predominantemente em infecções de fígado e pulmão. E. agglomerans não é uma

causa tão freqüente de infecções hospitalares, e está associada com fontes exógenas.

Geralmente apresentam associações com plantas, sendo bastante comuns em infecções em

algodão (43).

Os membros do gênero Proteus estão relacionados a infecções em feridas difíceis de

tratar, em especial feridas de indivíduos diabéticos, em associação a E. coli, Enterobacter,

Klebsiella e Serratia marcescens. Infecções com Proteus penneri são freqüentes nos rins e

eliminados na urina, feridas no abdômen, virilha e tornozelo (37). É a segunda Enterobactéria

mais isolada em laboratórios. Colonizam e infectam o sistema urinário. Proteus penneri é

facilmente isolado de indivíduos que têm longa permanência em hospitais e de pacientes com

doenças subjacentes ou sistemas imunológicos comprometidos (24). Em hospitais, geralmente

são isolados em pacientes com diarréia, sendo associados em casos de bacteremia, e de

formação de pedras nos rins, devido a enzima urease (39). Proteus myxofasciens é patógeno

oportunista, e agente de diferentes infecções.

O gênero Serratia é natural do solo e água doce. Pode infectar ferimentos e ser a causa

de infecções do sistema urinário e respiratório, sepsia em acessos intravenosos e septicemia

(24).

Os membros do gênero Citrobacter são isolados com freqüência de indivíduos doentes

como um patógeno oportunista ou secundário. Também são encontrados no solo, água, esgoto

e alimentos. Alguns sorotipos de C. diversus podem ser enteropatogênicos, causando diarréia

(26). Podem provocar septicemia em pacientes hospitalizados, meningite bacteriana, abcesso

cerebral e endocardite (24).

O fato de essas bactérias serem freqüentes em ambientes aquáticos pode favorecer a

possibilidade de ocorrência de doenças entéricas, ou outras infecções nessas comunidades,

posto que a população os utiliza para diversos fins. Ainda que em situações normais isso

37

geralmente não ocorra, os casos citados na literatura sobre doenças causadas pelas espécies

oportunistas encontradas neste trabalho tornam necessário o controle e acompanhamento da

qualidade da água nesses locais.

CONCLUSÕES

O maior percentual de isolados (78%) apresentou características morfológicas e

bioquímicas de enterobactérias. Dentre as espécies encontradas, Citrobacter diversus,

Enterobacter agglomerans, Morganella morganii ss morganii, Enterobacter ssp, Proteus

myxofaciems, Proteus penneri e Serratia ssp. são espécies patogênicas oportunistas, podendo

causar doenças em pessoas com situação de baixa imunidade. Espécies de interesse

biotecnológico e ambiental como Chromobacterium violaceum e Acinetobacter lwoffii

também foram identificadas, levantando a possibilidade de estudos futuros que envolvam o

uso e aplicação dessas espécies em atividades dessa natureza.

De modo geral, os resultados sugerem a necessidade de uma vigilância da qualidade

bacteriológica da água utilizada na região estudada e o desenvolvimento de ações em

educação ambiental e educação em saúde para a divulgação dos problemas potenciais que

podem ocorrer advindos desse fato. As possíveis fontes poluidoras devem ser identificadas e

controladas, resultando na melhoria da vida da população que habita as proximidades dos

ambientes estudados.

38

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Capítulo 2

Caracterização epidemiológica das Doenças diarréicas de veiculação

hídrica no semi-árido do Estado Rio Grande do Norte.

Epidemiologic characterization of Waterborne diarrheal diseases in the

semi-arid region of Rio Grande do Norte state.

__________________________________________________________________

Viviane Silva Félix Nascimento1, Magnólia Fernandes Florêncio Araújo

2, Ermeton Duarte

Nascimento3

1,2,3 Centro de Biociências, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Campus

Universitário Lagoa Nova, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,BR 101,

Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal, RN, Brasil e-mail: [email protected],

[email protected]

RESUMO

Objetivo: Analisar dados sobre a ocorrência de doenças diarréicas agudas em municípios do

semi-árido potiguar, no período de 2009 e 2010.

Método: Foi realizado um estudo descritivo com abordagem quantitativa, tomando-se por

base os dados do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), Departamento de

Informática do Sistema Único de Saúde/Ministério da Saúde (DATASUS) e dados

secundários, obtidos na Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte (SES/RN).

Resultados: Verificou-se que os dados obtidos podem estar subestimados, o tratamento mais

escolhido para o combate a doença diarréica pela maioria dos municípios foi o Tipo A, não

houve registros de casos de óbitos por doenças diarréicas na maioria dos municípios e

observou-se um pico de número de casos no período chuvoso para a maioria das cidades.

46

Conclusões: O quadro leva à necessidade do aprimoramento do Sistema de Monitoramento

das Doenças Diarréicas Agudas e realização de ações de Educação em saúde, junto à

população, no sentido de melhorar sua qualidade de vida e saúde.

Palavras - chave: Diarreia, Água, Internações, Semiárido

ABSTRACT

Objective: To analyze data on the occurrence of acute diarrheal diseases in semi-arid districts

of Natal, between 2009 and 2010.

Method: We conducted a descriptive study with quantitative approach, taking as basis the data

of the Information System of Primary Care (ISPC), Department of the Unified Health System

/ Ministry of Health (DATASUS) and secondary data obtained in Health Secretariat of Rio

Grande do Norte (SES / RN).

Results: It was found that the data may be underestimated, the most often chosen to combat

diarrheal disease by most municipalities was Type A, no reported cases of deaths from

diarrheal diseases in most cities and there was a peak number of cases during the rainy season

for most cities.

Conclusions: The framework leads to the necessity of improving the Monitoring System of

Acute Diarrheal Diseases and carrying out actions of health education, with the population, to

improve their quality of life and health.

Keywords: Diarrhea, Water, Hospitalizations, Semiarid

1. INTRODUÇÃO

A contaminação da água representa um dos principais riscos à saúde pública, e a

estreita relação entre a qualidade da água e as inúmeras enfermidades que ela pode veicular,

especialmente para aquelas populações que não são atendidas por serviços de saneamento

básico, tem sido bastante estudada1.

No Brasil, cerca de 20 milhões de habitantes da área urbana não têm acesso à água e às

condições de saneamento básico, e certas situações, como aglomerações com intensa

circulação de pessoas, favorecem a transmissão de doenças de veiculação hídrica2. Essas

doenças representam cerca de 60% entre todas aquelas que acometem a população brasileira e

47

sua transmissão acontece através da ingestão de água contaminada por microrganismos

patogênicos, eliminados principalmente por material fecal humano e de outros animais. As

doenças diarreicas são responsáveis por vários surtos epidêmicos e pelas elevadas taxas de

mortalidade infantil, relacionadas à água de consumo humano. Podemos citar como exemplos

febre tifóide, cólera, salmonelose, shigelose poliomielite, hepatite A, verminoses, amebíase e

giardíase8.

Os números elevados de morbimortalidade relacionados a diarréia, colocam esse

agravo, como tema permanente e atual. Para ilustrar a sua relevância, dados apontam que a

cada ano, cerca de dois milhões de crianças morrem nos países subdesenvolvidos em

conseqüência de infecções diarréicas. Estas doenças já são a segunda maior causa de morte

em crianças com menos de cinco anos de idade no Brasil3.

As doenças diarréicas têm sido bastante utilizadas como indicador epidemiológico,

merecendo atenção de estudiosos e das autoridades sanitárias em todo o mundo4. Na região

semi-árida do Nordeste do Brasil, que possui características climáticas extremas, com altas

temperaturas durante todo o ano, irregularidade de chuvas e altas taxas de evapotranspiração,

são relatados graves problemas com a qualidade e disponibilidade hídricas. Para amenizar a

pouca disponibilidade da água nessas regiões, utiliza-se a construção de reservatórios

artificiais, que podem ser usados para diversos fins, como abastecimento, lazer, agricultura e

aqüicultura. Porém nem sempre a qualidade dessa água é satisfatória, podendo servir de

veículo para várias doenças.

No Estado do Rio Grande do Norte a maior parte dos reservatórios da região semi-

árida é alimentada por água proveniente da Bacia hidrográfica do rio Piranhas-Assu. Este rio

nasce na Serra de Piancó, Estado da Paraíba, e desemboca no município de Macau, no Rio

Grande do Norte. No seu trajeto, por dentro do RN, alimenta vários reservatórios, mas entre

estes, doze recebem maior destaque por apresentarem capacidade de armazenamento superior

a 10 milhões de m3 5.

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é analisar dados epidemiológicos sobre as

doenças diarréicas que acometem as populações de doze cidades localizadas na região semi-

árida do RN, no período correspondente aos anos de 2009 e 2010 e, a partir desses dados,

caracterizar a ocorrência dessas doenças na área estudada.

2. METODOLOGIA

48

Este é um estudo descritivo com abordagem quantitativa que foi delineado tomando-se

por base os dados do Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB), do Departamento de

Informática do Sistema Único de Saúde/Ministério da Saúde (DATASUS/MS) e a partir do

levantamento de dados secundários, obtidos na Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande

do Norte (SES/RN). Os municípios escolhidos para a pesquisa foram Acarí, Assu, Caicó,

Cruzeta, Currais Novos, Ipanguaçú, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Paraú, Parelhas, Santana

do Matos e São João do Sabugi por possuírem reservatórios com capacidade de

armazenamento superior a 10 milhões de m3 de água. Para essa pesquisa levou-se em

consideração informações sobre prevalência de internação por todos os agravos e por doença

diarréica, casos de doenças diarréicas agudas por faixa etária, plano de tratamento para doença

diarréica, casos de doença diarréica por semanas epidemiológicas e óbitos causados por

doenças diarréicas, nos anos de 2009 e 2010.

Para cumprir com o objetivo do trabalho, comparou-se o número de casos de internações

por todos os agravos em relação aos casos de doença diarréica aguda, determinou-se a faixa

etária em que a doença diarréica aguda é mais prevalente na população, identificou-se o tipo

de tratamento mais utilizado pela população para tratar a doença diarréica aguda, verificou-se

se havia uma relação entre o número de casos registrados de doença diarréica aguda e a

sazonalidade e por fim quantificou-se o número de óbitos por doença diarreica aguda, sendo

todos esses dados relativos aos municípios estudados.

O plano de tratamento significa o tipo de cuidado que será prestado ao paciente, de acordo

com o seu quadro clínico diarreico. O plano A é utilizado para prevenir a desidratação, com a

administração de mais líquido que o habitual ao paciente, este pode ser realizado no próprio

domicílio; o plano B é utilizado para prevenir a desidratação através de administração de sais

de reidratação oral (TRO) e o plano C é usado para prevenir desidratação grave, onde o

paciente recebe hidratação endovenosa6.

As semanas epidemiológicas são utilizadas para notificação de todos os agravos, pelas

Secretarias de Saúde Municipais. Estas semanas iniciam-se no domingo e terminam no

sábado. A primeira semana epidemiológica de cada ano é aquela que contém o maior número

de dias do novo ano, por isto, elas não coincidem, necessariamente, com o calendário. Os

dados correspondentes a estas semanas estão de acordo com o plano de tratamento e faixa

etária dos pacientes.

49

3. RESULTADOS

No período compreendido entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010 foram

notificados, segundo dados do DATASUS7 38.072 agravos diversos com internação

hospitalar nos doze municípios pesquisados. Destes, 2.710 (7,1%) correspondem ao total de

casos de diarréias agudas com internação de crianças e adultos de ambos os sexos. Esse valor

é cinco vezes maior quando comparado àqueles em que foi ou não foi necessária a internação

hospitalar, chegando a totalizar 12.626 casos para o mesmo período, segundo a Secretaria

Estadual de Saúde – SES8 do RN (Tabela 01).

Tabela 01. Dados sobre pacientes internados por todos os agravos e internados com diarréia

aguda (DATASUS) e internados e não internados com diarréia (SES/RN).

Município Habitantes

(IBGE/2011)

Internados – todos os

agravos

(DATASUS/2011)

Internados – Com diarréia

aguda (DATASUS/2011)

Internados e não internados

com diarréia (SES/RN/2011)

2009 2010 2009 2010 2009 2010

Acarí 11035 1206

(6,3%)

1297

(6,7%)

178

(15,9%)

260

(16,3%)

430

(7,4%)

776

(11,3%)

Assu 53227 3569

(18,8%)

3784

(19,7%)

220

(19,7%)

363

(22,7%) 2393 (41,3%)

1349

(19,7%)

Caicó 62709 5939

(31,4%)

5714

(29,8%) 465 (41,7%)

552

(34,5%)

779

(13,4%)

756

(11,0%)

Cruzeta 7967 259

(1,3%)

156

(0,8%)

63

(5,6%)

50

(0,8%)

100

(1,7%)

54

(0,8%)

Currais

Novos 42652

5293

(27,9%)

5699

(29,7%)

83

(7,4%)

158

(9,9%)

225

(3,9%)

412

(6,0%)

Ipanguaçu 13856 SN SN SN SN 639

(10,9%)

546

(8,0%)

Jardim do

Seridó 12113

635

(3,3%)

616

(3,2%)

1

(0,08%)

1

(0,06%)

198

(3,4%)

385

(5,6%)

Ouro Branco 4699 61

(0,3%)

34

(0,8%)

15

(1,3%)

16

(1,0%)

88

(1,5%)

155

(2,2%)

Paraú 3859 SN SN SN SN SN 67

(1,0%)

Parelhas 20354 1186

(6,2%)

1156

(6,0%)

1

(0,08%)

15

(0,9%)

475

(8,2%)

1967

(28,7%)

Santana do

Matos 13809

776

(4,1%)

692

(3,6%)

88

(7,9%)

181

(11,3%)

183

(3,1%)

221

(3,2%)

São João do

Sabugi 5922 SN SN SN SN

282

(4,8%)

146

(2,1%)

50

Total 18924 19148 1114 1596 5792 6834

38072 2710 12626

SN – Sem notificação

Percebe-se que o município com a maior prevalência de pacientes internados com

episódios diarréicos em fase aguda foi Caicó com 465 casos em 2009 (41,7%) e 552 em 2010

(34,5%). O município com a menor prevalência foi Jardim do Seridó com 1 caso em cada ano,

(0,08% e 0,06% , 2009 e 2010 respectivamente). Quando consideramos os casos de diarréia

com internação, somados aos casos de diarréia em que não foi necessária a internação, esse

número total aumentou em 4,6 vezes, passando a 12.626 casos. Os municípios com maior

prevalência foram Assu com 2.393 casos (41,3%) no ano de 2009 e Parelhas com 1.967 casos

no ano de 2010 (28,7%). Os municípios analisados para o mesmo agravo, mas com menor

prevalência, foram Ouro Branco com 88 casos (1,5%) no ano de 2009 e Cruzeta com 54 casos

(0,8%) para o ano de 2010.

A faixa etária de maior prevalência das doenças diarréicas de um modo geral, para os

dois anos estudados, foi aquela situada entre 10 anos ou mais, com 57% dos casos, em

segundo lugar entre 1 e 4 anos de idade, com um total de 2.828 indivíduos, prevalência de

22,4%, em terceiro está a faixa etária entre 5 e 9 anos (10,5%) e a menos prevalente foi a

faixa etária de até 1 ano de idade, correspondendo a 9,3% dos casos. Houve ainda uma faixa

etária na qual a idade dos pacientes foi ignorada, equivalente a 0,7% dos casos (Tabela 02).

Tabela 02. Dados de pacientes com diarréia aguda, internados e não internados, classificados

por idade (Fonte: SES/RN/2011).

Município

Até 1 ano De 1 a 4 anos De 5 a 9 anos 10 anos ou mais Idade Ignorada

2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010

Acarí 34 45 89 150 48 105 252 474 7 2

Assu 232 116 504 315 170 127 1486 790 1 1

Caicó 98 86 189 228 70 62 398 370 24 10

Cruzeta 6 2 17 16 13 3 64 33 SN SN

Currais Novos 27 34 51 92 17 27 129 258 1 1

Ipanguaçu 91 54 180 121 89 162 258 209 21 SN

51

Jardim do Seridó 8 17 44 74 23 46 123 243 SN 5

Ouro Branco 4 4 21 21 13 12 50 118 SN SN

Paraú SN 9 SN 17 SN 5 SN 35 SN 1

Parelhas 83 144 76 475 78 163 238 1173 SN 12

Santana do Matos 18 16 30 34 15 11 117 159 3 1

São João do Sabugi 29 18 50 34 46 24 155 70 2 SN

Total 630 545 1251 1577 582 747 3270 3932 59 33

1.175 (9,3%) 2.828 (22,4%) 1.329 (10,5%) 7.202 (57,0%) 92 (0,7%)

12.626

SN – Sem notificação

Como podemos perceber na tabela 03, o tratamento mais escolhido para a diarréia

aguda , em quase todos os municípios, é o Tipo A, com 6.519 casos (51,6%), e o tratamento

menos escolhido para a maioria das cidades é o Tipo B, com 2.380 casos (18,8%). As cidades

com o maior e o menor número de indivíduos que utilizaram o tratamento do tipo A, no ano

de 2009, foram Assu e Ouro Branco com 1.041 e 34 casos, respectivamente, e em 2010

Parelhas e Cruzeta (741 e 23 casos respectivamente). Para o tratamento Tipo B, em 2009,

foram Assu e São João do Sabugi, com o maior e o menor valor (1185 e 1 respectivamente) e

no ano de 2010, Assu com o maior valor, 713 casos e Paraú e São João do Sabugi com

nenhum caso registrado para este tratamento. Para o tratamento Tipo C, os maiores valores

para 2009 e 2010 foram registrados para os municípios de Acari e Parelhas, com 241 e 1.195

casos, respectivamente. Os menores valores registrados para 2009 e 2010, foram

respectivamente 4 e 0 casos, para as cidades de Cruzeta e Paraú.

Tabela 03. Tipos de tratamentos de pacientes com diarréia aguda e óbitos, por

cidade avaliada para o período de 2009 e 2010 (Fonte: DATASUS e SIAB/2011 ).

Município

Tratamento (DATASUS/2011) SIAB/2011

Tipo A Tipo B Tipo C Ignorado Total Óbitos

2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010

52

Acarí 150 70 37 34 241 670 2 2 430 776 SN SN

Assu 1041 492 1185 713 158 132 9 12 2393 1349 6* 2*

Caicó 602 521 54 24 97 207 26 4 779 756 SN SN

Cruzeta 49 23 47 18 4 13 0 0 100 54 SN SN

Currais Novos 118 168 4 10 101 222 2 12 225 412 SN SN

Ipanguaçu 591 532 24 6 22 8 2 0 639 546 SN SN

Jardim do Seridó 186 278 7 28 5 79 0 0 198 385 SN SN

Ouro Branco 34 78 39 23 15 54 0 0 88 155 SN SN

Paraú SN 67 SN 0 SN 0 SN 0 SN 67 SN SN

Parelhas 226 741 73 31 175 1195 1 0 475 1967 SN 2*

Santana do Matos 101 75 5 17 76 129 1 0 183 221 SN SN

São João do Sabugi 251 125 1 0 30 21 0 0 282 146 SN SN

Total 3349 3170 1476 904 924 2730 43 30 5792 6834 6* 4*

6519

(51,6%)

2380

(18,8%)

3654

(28,9%)

73

(0,6%) 12626

10

SN - Sem Notificação, * indivíduos com menos de um ano de idade.

Segundo consulta ao SIAB9, em 2011 não houve registros de casos de óbitos por

doenças diarréicas agudas na maioria das cidades pesquisadas. Apenas Assu e Parelhas

registraram óbitos por este agravo, com 8 casos no primeiro e 2 no segundo (Tabela 03).

Todos ocorreram em crianças menores de um ano de idade.

O número de casos das doenças diarreicas agudas teve um pico de ocorrência, para a

maioria das cidades, no período compreendido entre a terceira e décima sétima semana

epidemiológica, correspondendo aos meses de fevereiro a abril, dos anos de 2009 e 2010

(Figuras 01e 02). A cidade de Caicó apresentou os maiores números de casos, com 172 e 142,

para os anos de 2009 e 2010 respectivamente, e a cidade de Paraú obteve o menor número de

casos, nenhum registrado para o ano de 2009 e apenas 1 caso registrado no ano de 2010.

4. DISCUSSÃO

53

A doença diarréica aguda (DDA) é uma das doenças mais comuns em crianças em

todo o mundo, tendo como uma de suas características o aparecimento abrupto. É importante

ressaltar que a diarreia atinge pessoas de qualquer faixa etária, mas é na infância que esta

afecção causa maior mortalidade. Ela figura como a terceira causa mais comum de doenças

em crianças dos países em desenvolvimento e é responsável por cerca de um terço de todas as

hospitalizações entre os menores de cinco anos10

.

Embora tenha havido diminuição das doenças diarreicas agudas como causa de

mortalidade, no que se refere a doenças infecciosas e parasitárias, em todo o mundo, ela ainda

é considerada uma das maiores causas de morbidade tanto em países em desenvolvimento

como desenvolvidos3;11

.

Em princípio, as diarreias nas crianças são processos autolimitados, com uma duração

média de três dias. Dependem de fatores como: agente patogênico, vulnerabilidade do

hospedeiro, mediada por condições inespecíficas como o estado nutricional e por fatores

específicos, como os mecanismos imunológicos, bem como procedimentos terapêuticos

inadequados, podendo se agravar na fase aguda ou evoluir para formas prolongadas,

persistentes. Nas duas condições, muitas vezes, os processos diarréicos podem demandar os

cuidados intensivos da hospitalização12

.

No que se refere ao total das internações por diarréia em relação às internações por

outros agravos, observou-se uma elevação no número de casos do ano de 2009, 1.114

correspondendo a (5,9%), em relação ao ano de 2010, 1.596 casos (8,3%). Um estudo3

realizado em Fortaleza - CE, também registrou essa oscilação no número de casos

comparando-se os anos. Em 2004, 13,34% dos casos de internação foram relativos à diarréia,

em 2005 esse valor se elevou para 14,51%, já no ano de 2006 ocorreu uma nova diminuição

para 12,84%. Em 2007 e 2008 os valores se mantiveram praticamente constantes com 10,48%

e 10,78%, respectivamente, o que foi considerado bastante elevado.

Um aspecto importante a ser analisado diz respeito aos dados obtidos na Secretaria

Estadual de Saúde – SES do RN. O valor de 2.710 casos de diarréia, encontrado para as

internações nos municípios em estudo pode estar subestimado, não correspondendo à

realidade, já que os dados obtidos pelo DATASUS apontam para um valor muito mais

elevado de casos (12.626). Um estudo6 apontou que essa subnotificação ocorre,

provavelmente, por falta de registros ou pela decisão da população de ministrar tratamentos

caseiros para as doenças, o que acarreta na ausência de notificação.

Em relação à prevalência das doenças diarréicas por idade, observa-se que a faixa

etária mais acometida foi a de dez anos ou mais. Isto se deve principalmente ao número de

54

indivíduos que fazem parte dessa faixa etária, pois se trata de um universo de pessoas bastante

elevado.

A segunda faixa com maior prevalência para os dois anos estudados foi a situada

entre 1 a 4 anos de idade com 22,4% dos casos. Dentre os fatores que contribuem para esta

ocorrência estão a multiplicação e proliferação dos microorganismos e aumento das doenças,

devido a falta de higiene das mãos e dos alimentos13

, nas crianças que compõe esta faixa.

A terceira faixa mais acometida foi entre 5 e 9 anos com o total de 10,5% dos casos, e

em quarto lugar, com 9,3% dos casos está a faixa etária de crianças com até 1 ano de idade.

As crianças menores de 1 ano foram menos acometidas pela doença diarréica aguda

provavelmente devido à amamentação. Esta confere proteção contra diversas doenças,

inclusive as diarréias, e alguns autores relatam que a amamentação exclusiva, em crianças

nessa fase, contribui para o registro dos menores índices, quando comparadas àquelas que tem

alimentação manipulada14

.

Em alguns trabalhos foram observados os mesmos padrões de comportamento deste

estudo, onde a maior concentração de casos de doenças diarréicas corresponde à faixa etária

de 10 anos ou mais e em segundo lugar crianças entre 1 a 4 anos 15,16

. Em outros estudos,

entretanto, encontrou-se uma maior prevalência de casos por faixa etária diferente em relação

a este trabalho, onde a faixa mais atingida pela doença diarréica está entre crianças de 1 e 4

anos, seguida pelas menores de 1 ano, em terceiro lugar a de 10 anos ou mais e em último

entre 5 e 9 anos3,17,18

.

De uma forma geral a maior concentração de casos de doença diarréica aguda

corresponde a crianças menores que 5 anos, sendo esta considerada uma faixa etária de risco3,

19. Outros autores também apontam que as doenças diarréicas atingem mais facilmente

crianças com menos de cinco anos de idade, sendo a mortalidade mais comum na faixa etária

de menores de dois anos 20

.

Com relação ao plano de tratamento, o mais utilizado foi o Tipo A equivalendo a

51,6% dos casos. Este resultado indica que possivelmente a maior parte dos pacientes

apresentou um quadro clínico de baixa gravidade, uma vez que este plano de tratamento é

destinado a pacientes com diarréia, mas sem sinais de desidratação. Baseia-se apenas em

orientações ao paciente para o aumento da ingestão de líquidos e manutenção da alimentação.

Alguns autores 15;16

, também encontraram, em seus estudos nas cidades de Campina Grande –

PB, Viçosa-MG, respectivamente, o tratamento do tipo A como sendo o mais freqüente, no

combate à doença diarréica.

55

O plano C de tratamento referente aos quadros graves foi o segundo mais utilizado,

com 28,9% dos casos. Esse fato merece atenção, já que nesse tipo de tratamento o paciente

com diarréia está em desidratação grave e precisa ser submetido à reidratação venosa, além da

oral. Um estudo realizado no Rio de Janeiro20

demonstra que entre 1995 e 1998 houve uma

tendência de declínio de internações por doença diarréica naquele estado, o que, segundo os

autores, pode representar uma redução dos casos moderados e graves da doença em menores

de cinco anos.

Houve um mesmo padrão de comportamento das curvas epidemiológicas relacionadas

ao número de casos de doenças diarréicas agudas a partir da análise das semanas

epidemiológicas. Em relação à distribuição temporal, houve maior concentração do número

de casos entre a terceira e a décima sétima semanas, correspondente aos meses de fevereiro a

abril, período que inicia as chuvas, nos municípios em estudo. Segundo o Ministério da Saúde

a elevação do número de ocorrência casos, que ocorre em certas épocas do ano, está

relacionada ao aumento da temperatura, associada ao regime de chuvas, turismo, migração,

colheita agrícola, mudança de pasto para o gado, dentre outros motivos.

A DDA pode apresentar comportamento diferente de acordo com as mudanças

sazonais. O aumento no número de casos de diarréia, logo depois dos picos de pluviosidade,

pode estar associado à ingestão de águas de fontes diferentes das habituais, à contaminação do

lençol freático por fossas sépticas ou à circulação de outros agentes etiológicos21

. Essas

variações no comportamento das diarréias afetam a população de um modo geral, mas quem

sofre mais com isso são as crianças, pois muitas delas podem apresentar complicações, como

desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico, o que pode levá-las à morte.

Em um estudo que trata do padrão temporal das internações e óbitos por diarréia em

crianças no Rio de Janeiro, encontrou-se a existência de uma relação de sazonalidade de

inverno, em que as internações e os óbitos por diarreia aumentam nesse período 20

. Da mesma

forma em pesquisa realizada na cidade de Fortaleza3 encontrou-se uma interligação entre a

intensidade das chuvas e as doenças diarréicas. Porém numa pesquisa realizada em São Paulo,

os autores obtiveram um resultado diferente, pois observaram uma maior ocorrência de óbitos

em crianças, devido à diarréia, na estação do verão22

.

No que diz respeito aos casos de óbitos, apenas as cidades de Assu e Parelhas possuem

registros desse tipo de agravo. Os resultados apontam a ocorrência de apenas 10 casos de

óbitos em todos os municípios em estudo, o que reflete uma baixa mortalidade ocasionada por

doenças diarréicas agudas. Esta diminuição substancial de mortalidade é uma realidade

global. A mortalidade por diarréias tem caído substancialmente nas duas últimas décadas, seja

56

por conta de fatores de proteção contra sua ocorrência (saneamento ambiental, melhoria das

práticas de higiene individuais, familiares e coletivas, aleitamento materno, melhoria do

estado nutricional e outros fatores) seja pela massificação de métodos mais adequados para

seu manejo terapêutico, como a Terapia de Reidratação Oral (TRO) e os cuidados dietéticos

dos casos12

.

Entretanto, estudos relativos às análises globais da tendência da diarréia infantil a

partir dos anos 1980, indicam declínio na mortalidade, mas não na incidência da doença.

Assim, este estudo confirma que, também nesta região, as doenças diarréicas ainda constituem

um grave problema de saúde pública, representando nos países subdesenvolvidos uma das

principais causas de morte entre crianças de 0 a 4 anos12

. Apesar dos esforços para sua

redução, as diarréias continuam sendo um grave problema de saúde pública nos países com

desigualdades na distribuição de riquezas23

, necessitando investimentos e políticas públicas,

além de ações de prevenção que incluam educação ambiental e em saúde.

5. CONCLUSÕES

Este trabalho nos permitiu concluir que a quantidade de casos de doença diarréica

aguda, nos locais estudados, não parece estar muito elevada em relação a todos os outros

agravos registrados referentes a todas as doenças. Porém verificou-se um número importante

de sub-notificações dos casos diarréias registrados pelo DATASUS, fato que pode

comprometer investigações epidemiológicas e apontar uma falha no Monitoramento das

doenças Diarréicas.

Conclui-se também que, abaixo dos dez anos de idade, a faixa etária que obteve a

maior prevalência das doenças diarréicas está situada entre 1 a 4 anos, em segundo lugar está

a faixa etária entre 5 e 9 anos, e em terceiro, crianças menores que 1 ano de idade. A faixa

etária que obteve a maior prevalência é mais susceptível à doença diarréica, sendo

considerada faixa etária de risco. Assim, torna-se de extrema relevância a notificação dos

casos de diarréia aguda, no sentido de desencadear uma investigação quanto à sua origem

(domicílios, creches, escolas, hospitais, problemas ambientais) para se conhecerem as

possíveis causas de transmissão, com o objetivo de que medidas eficazes de controle possam

ser adotadas o mais precocemente possível.

O tratamento mais utilizado no combate as doenças diarréicas agudas foi o plano do

Tipo A, seguido do Tipo C e o menos utilizado o Tipo B. O tratamento do Tipo A

possivelmente foi mais prevalente porque os pacientes apresentaram um quadro clínico de

57

baixa gravidade, uma vez que este plano de tratamento é destinado a pacientes com diarréia,

mas sem sinais de desidratação.

As semanas epidemiológicas demonstraram uma maior ocorrência de casos de doença

diarréica aguda, no período compreendido entre a terceira e décima sétima semana

epidemiológica, correspondendo aos meses de fevereiro à abril, dos anos de 2009 e 2010.

Esse pico de número de casos se deve, possivelmente, ao início do período chuvoso, e pode

estar associado à ingestão de águas de fontes diferentes das habituais, à contaminação do

lençol freático por fossas sépticas ou à circulação de outros agentes etiológicos, já que a

população dos municípios utiliza as águas de seus reservatórios para diversos fins.

Com relação aos casos de óbitos, apenas as cidades de Assu e Parelhas registraram

casos desse tipo de agravo. Os resultados apontam que houve apenas 10 casos de óbitos em

todos os municípios em estudo, o que reflete uma baixa mortalidade ocasionada por doenças

diarréicas agudas, um quadro de diminuição substancial que é reforçada por uma realidade

global.

Diante disso, espera-se que o poder público, que é detentor dos dados relacionados à

saúde da população, tenha interesse e iniciativa de realizar e/ou incentivar estudos e

atividades em Educação Ambiental e Saúde, com vistas à melhoria da qualidade de vida da

população. Neste sentido, sugerimos o aprimoramento do Sistema de Monitoramento das

Doenças Diarréicas Agudas; o incentivo às equipes de saúde para trabalharem ações

educativas sobre a importância do aleitamento materno exclusivo, da qualidade de água com

enfoque no tratamento domiciliar e da terapia de reidratação oral (TRO).

58

REFERÊNCIAS

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qualidade de água: avaliação da relação entre indicadores sociais, de disponibilidade

hídrica, de saneamento e de saúde pública. Artigo técnico. Eng. Sanit. Ambient. v.10

n.3 Rio de Janeiro jul./set. 2005.

2. NAVARRO, M. B. M. de A. Doenças emergentes e reemergentes, saúde e meio

ambiente. In: MINAYO, M. C. de S.; MIRANDA, A. C. (Org.). Saúde e ambiente

sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2002. p. 37 - 50.

3. FAÇANHA, M. C.; PINHEIRO, A. C. Comportamento das doenças diarréicas agudas

em serviços de saúde de Fortaleza, Ceará, Brasil, entre 1996 e 2001. Cadernos de

Saúde Pública, v. 21, n. 1, p. 49-54, 2005.

4. QUEIROZ, J. T. M. de; HELLER, L.; SILVA, S. R. da. Análise da Correlação de

Ocorrência da Doença Diarreica Aguda com a Qualidade da Água para Consumo

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2009.

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Capítulo 3

Concepções prévias de agentes de saúde e professores de uma região

semiárida sobre bactérias e doenças de veiculação hídrica

Previous conceptions of health workers and teachers in a semiarid region of

bacteria and waterborne diseases __________________________________________________________________

Viviane Silva Félix Nascimento1, Magnólia Fernandes Florêncio Araújo

2

61

1,2 Centro de Biociências, Departamento de Microbiologia e Parasitologia, Campus

Universitário Lagoa Nova, Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN,BR 101,

Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal, RN, Brasil e-mail: [email protected],

[email protected]

RESUMO

A qualidade da água vem sendo degradada, situação que contribui para o aumento da

incidência de doenças de veiculação hídrica. Sabendo-se que os problemas ambientais

provocam também problemas de ordem social, faz-se necessário a realização de medidas

educativas com o objetivo de informar e sensibilizar a população. O objetivo desse trabalho

foi investigar as concepções de professores e agentes de saúde de dois municípios do Rio

Grande do Norte (Brasil) a respeito dos temas doenças de veiculação hídrica e bactérias. Os

resultados apontam que alguns participantes possuem concepções equivocadas sobre os temas

tratados, havendo assim a necessidade de implementação de atividades educativas a respeito

dos temas abordados, tanto com os professores como com os agentes de saúde.

PALAVRAS-CHAVE: concepções prévias, professores, agentes de saúde

ABSTRACT

Water quality has been degraded, a situation that contributes to the increased incidence of

waterborne diseases. Knowing that environmental problems also cause social problems, it is

necessary to carry out educational measures in order to inform and sensitize the population.

The aim of this study was to investigate the conceptions of teachers and health workers in two

cities of Rio Grande do Norte (Brazil) about the issues waterborne diseases and bacteria. The

results indicate that some participants have misconceptions about the topics covered, so there

is a need to implement educational activities regarding the topics addressed, both with

teachers and with health workers.

KEYWORDS: previous conceptions, teachers, health workers

1. INTRODUÇÃO

62

A água é um recurso essencial para o desenvolvimento sócio-econômico e vem tendo

rápido aumento de consumo e de usos, o que faz com que venha se tornando escassa em

qualidade para a maioria das regiões em desenvolvimento (Tundisi, 2003). No Brasil, a

qualidade da água tem sido afetada de maneira impressionante, devido à demanda gerada pelo

crescimento populacional e ao aumento da industrialização, o que leva à necessidade cada vez

maior de descarte de esgotos e resíduos industriais nos ambientes naturais (Lopes Tiburtius,

2004).

Esta situação contribui para a existência de condições ou situações de risco que vão

influenciar no nível de saúde da população (Cesa & Duarte, 2010). A saúde humana é

diretamente prejudicada por esses processos, sendo ainda muito elevado o índice de mortes no

país por doenças de origem hídrica, devido à falta de água de boa qualidade (Araújo et al.,

2006).

Os principais agentes biológicos encontrados nas águas contaminadas são as bactérias

patogênicas, os vírus e os parasitas. As bactérias patogênicas são consideradas umas das

principais fontes de morbidade, sendo responsáveis pelos numerosos casos de enterites,

diarréias infantis e doenças epidêmicas (como a febre tifóide), com resultados freqüentemente

letais (D’Águila, 2000).

No Nordeste do Brasil, principalmente em regiões semi-áridas, onde há pouca

disponibilidade de recursos hídricos, resultado da irregularidade de chuvas e altas

temperaturas durante todo o ano, a situação da qualidade e quantidade hídrica é complexa. A

construção reservatórios é uma tentativa para amenizar esse problema. Os açudes e os trechos

perenes dos rios têm um papel fundamental nessas regiões, pois a água armazenada ajuda a

superar os momentos de escassez (Araújo et al., 2006).

Os municípios de Itajá e São Rafael, localizados no semiárido do RN, possuem seus

reservatórios inseridos na Bacia do Rio Piranhas Assu. Esta, apresenta alguns açudes com

elevado nível de trofia, através da mensuração dos valores de clorofila ɑ e fósforo, sendo

considerados eutróficos ou hipereutróficos. Em geral, os valores médios de clorofila ɑ e

fósforo foram superiores a 20 Chl-ɑ L-1

e 50µg L-1

respectivamente (Souza et al., 2008; Costa

et al., 2009). A população utiliza os mesmos para diversas finalidades tais como: pesca,

irrigação de culturas, recreação e o próprio abastecimento. Portanto o precário acesso à água

pela população pode colocar a saúde das pessoas em risco, pelo fato de que é capaz de

aumentar a ocorrência de doenças infecciosas agudas, assim como pode elevar a prevalência

de doenças crônicas (Razzolini; Günther, 2008).

63

A partir deste cenário, de diminuição da qualidade da água dos reservatórios, e

sabendo-se que os problemas ambientais provocam problemas de ordem social, faz-se

necessário a realização de medidas educativas com o objetivo de informar e sensibilizar a

população. A partir da aquisição do conhecimento, acredita-se que pode haver uma mudança

de atitude, no sentido de preservação do ambiente e da própria saúde. Uma maneira de iniciar

esse tipo de atividade é a identificação das concepções prévias que professores e agentes de

saúde têm sobre bactérias e doenças de veiculação hídrica. Esses profissionais são

fundamentais para a disseminação de informações, pois lidam diretamente com a população,

uma vez que os professores do ensino fundamental e médio são considerados multiplicadores

de conhecimento e os agentes de saúde, fonte de informação confiável sobre questões de

saúde pela população e formam parte do principal programa governamental para a saúde o

PSF - Programa de Saúde da Família.

Concepções prévias são os conhecimentos derivados da primeira leitura de mundo por

parte dos indivíduos e da necessidade de se responder e resolver os problemas do cotidiano

(Florentino, 2004). São construções pessoais geradas a partir da interação do homem com o

mundo, através dos seus sentidos. Dá-se de maneira espontânea, preexistem ao ensino e

foram identificadas em crianças, adolescentes e adultos, inclusive em universitários em sua

área específica (Carvalho & Bossolan, 2009 apud Garcia-Milà, 2004). Embora esse tipo de

conhecimento seja superficial e não sistemático, ele é importante e não pode ser considerado

falso.

Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo investigar as concepções de

professores do ensino médio e fundamental e agentes de saúde dos municípios de Itajá e São

Rafael, a respeito de doenças de veiculação hídrica e bactérias, com a perspectiva de

ampliação dos conhecimentos dos participantes, em um momento posterior, através da

distribuição de cartilhas educativas que abordam os temas citados.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 Caracterização geral dos municípios onde se localizam as escolas e unidades de saúde

envolvidas no estudo/participantes da pesquisa

Os municípios de Itajá e São Rafael localizam-se na região semiárida do Rio Grande

do Norte, o primeiro à uma distância de 200 Km da capital (Natal) e o segundo à 216 Km.

Possuem clima quente, semiárido, com temperaturas médias anuais em torno dos 28°C.

64

Encontram-se com 100% do seu território inseridos na Bacia Hidrográfica do rio Piranhas-

Assu, que contribui com 79% do total de água acumulado no Estado. São 17.498,50 Km2 de

superfície que representam 49% dos açudes do estado, fornecendo água para consumo

humano, lazer e para diversas outras atividades nas comunidades favorecidas pelos açudes

(SEMARH, 2011).

Itajá tem uma população total de 6.952 habitantes (IBGE, 2010). Os dados de saúde

apontam que o município possui 3 estabelecimentos de saúde pública, um Posto de Saúde,

uma Unidade Mista e um Laboratório. Com relação aos profissionais de saúde atuam na

cidade vinte e dois agentes de Saúde. Possui sete estabelecimentos de ensino, sendo duas

escolas Estaduais e cinco Municipais, com dezenove professores de ensino infantil, 207 de

ensino fundamental e 101 de ensino médio. A cidade possui 1.410 domicílios, destes 1.130

são abastecidos com água da rede, quatro através de poço ou nascente e 276 por outros tipos,

não especificados. Com relação ao saneamento básico apenas seis domicílios são atendidos

pela rede geral de esgotos, 932 casas possuem fossas, 62 possuem valas e 410 não tem

banheiros (IDEMA, 2011).

A população total de São Rafael é em torno dos 8.106 habitantes (IBGE, 2010). Possui

seis estabelecimentos de saúde, sendo um Centro de Saúde, três Unidades Mistas e dois

Laboratórios. Existem dezenove agentes de saúde atuando no município. Possui vinte e um

estabelecimentos de ensino, dois Estaduais, dezessete Municipais e dois Privados. O total de

professores é de 21 na Educação Infantil, 135 no Ensino Fundamental e 81 no ensino médio.

Existe um cadastro de 2.123 residências, das quais 1.520 são abastecidas pela rede geral de

água, 375 através de poço ou nascente e 228 de outras fontes. O escoamento do esgoto de

1.108 casas é feito através da rede geral, 530 através de fossa, 27 por meio de valas e 458 não

possuem banheiros (IDEMA, 2011).

O público alvo do estudo foram professores do ensino público e agentes de saúde dos

municípios de Itajá e São Rafael.

a. Questionários

Para a coleta de dados foi utilizado um questionário composto por 9 questões

fechadas, divididas em dois eixos temáticos: doenças de veiculação hídrica e bactérias

patogênicas.

Os questionários foram elaborados com base nos trabalhos de Sodré-Neto e Araújo

(2008), Petrovich e Araújo (2009) e Araújo et al., (2011), que visavam identificar as

65

concepções prévias dos participantes a respeito de temas como: qualidade da água,

fornecimento de água na cidade, conhecimento a respeito de doenças e os riscos para a saúde

que a água pode trazer, assim como eutrofização.

Os questionários eram compostos por um texto introdutório com as informações

referentes ao objetivo da pesquisa e pela apresentação dos responsáveis pela pesquisa. Em

seguida, um termo de consentimento individual para obter a permissão dos participantes na

utilização dos dados era assinado por eles. Havia também uma solicitação da identificação dos

participantes da pesquisa, com informações sobre, sexo, idade, tempo de profissão, dentre

outras. Por fim, uma série de questões fechadas sobre os temas já apontados compunha o

corpo central dos questionários (ANEXO I).

2.3 Amostragem

Foram aplicados 71 questionários com os participantes. No caso dos agentes de saúde

os questionários foram respondidos nos Centros de Saúde de cada município, já os

professores do ensino fundamental e médio responderam nas escolas em que lecionam

(Tabela 1).

Tabela 1 – Localidade, sujeitos da pesquisa e quantidade de questionários

Localidade Público Questionários

Itajá – Unidade Integrada de Saúde

Maria Carmelita Pessoa

Agentes de Saúde 15

São Rafael – Centro de Saúde de São

Rafael

Agentes de Saúde 11

Itajá - Escola Municipal Vereador

João Medeiros Lopes e Escola

Municipal Libânea Lopes

Professores do ensino

fundamental e médio

15

São Rafael – Escola Municipal

Francisco de Assis de Souza e Escola

Professores do ensino

fundamental e médio

30

66

Estadual Professora Claudeci Pinheiro

Torres

Total - 71

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Perfil do público alvo

Os professores dos dois municípios possuem uma faixa etária entre 20 a 54 anos,

sendo a maioria de 20 a 30 anos (53%). Mais da metade dos participantes é do sexo feminino

(57%). Nos questionários aplicados em São Rafael observou-se que cerca de 70% dos

professores nasceram no próprio município, porém em Itajá apenas 1 participante nasceu na

cidade, sendo 73% naturais de Assu, cidade vizinha. Em São Rafael 86% dos professores

residem no município e em Itajá, 93%. A maioria (53%) tem como formação acadêmica o

curso de pedagogia, atuando como professor polivalente e aproximadamente 57% exerce a

profissão há mais de 10 anos.

Os agentes de saúde apresentaram idades variando de 25 a 59 anos, sendo que 69%

estavam na faixa etária entre 20 e 30 anos. A maioria era do sexo feminino (73%). De todos

os participantes do município de São Rafael 54% nasceram na cidade e 91% moram no local,

já em Itajá 46% nasceram em Assu e 73% moram no município alvo do estudo. A formação

acadêmica de 50% dos agentes é ensino médio completo e 27% possuem curso técnico de

enfermagem, sendo que 46% do total exercem a profissão há mais de 5 anos.

3.2 Análises dos questionários

3.2.1 Eixo temático 1: Doenças de veiculação hídrica

Esse eixo está composto por três perguntas que visavam verificar se os participantes

estabelecem relação entre o uso de água contaminada e a aquisição de doenças de veiculação

hídrica. A primeira pergunta questionava se a contaminação de açudes, rios e mares poderia

trazer doenças à população, à qual cerca de 100% dos profissionais responderam

positivamente, indicando que sabem da relação entre água contaminada e doenças (Figura 1).

Resultado semelhante também foi encontrado nos trabalhos de Petrovich e Araújo (2009) e

Araújo et al. (2011), dirigidos a professores do ensino médio e fundamental.

67

Figura 1. Percentual de respostas para os agentes de saúde e professores sobre a questão se o

participante acha que a contaminação de açudes, rios e mares pode trazer doenças à

população.

A quantidade e a qualidade da água são fatores importantes para o estabelecimento dos

benefícios à saúde relacionados à redução da incidência e prevalência de diversas doenças,

destacando-se as doenças diarréicas (Queiroz et al., 2009). A contaminação do ambiente

aquático é proveniente principalmente da descarga de resíduos humanos, através dos esgotos,

abrangendo uma gama de diferentes patógenos, dentre eles, bactérias, vírus, protozoários e

helmintos que podem ocasionar doenças gastrointestinais (Tundisi, 2005). Por isso não basta

que a população tenha acesso a água, é importante garantir que seja de boa qualidade.

A segunda pergunta desse eixo temático indagava se os participantes conheciam alguma

doença que poderia ser transmitida pela água, e pedia para dar exemplos, em caso positivo.

Todos os agentes de saúde afirmaram conhecer alguma doença transmitida pela água, e 95%

do total apresentou pelo menos um exemplo. No caso dos professores 88% tiveram resposta

positiva, e destes 77% exemplificaram com pelo menos uma doença (Figura 2). No trabalho

realizado por Araújo et al. (2011), 78% dos professores disseram saber de alguma doença

transmitida pela água.

No geral as doenças exemplificadas foram: cólera, hepatite, diarréia, micoses,

vermes, parasitoses, dengue e leptospirose. Essas respostas demonstram que alguns

participantes confundem o que seriam sintomas com doenças. Trabalhos realizados por

Petrovich e Araújo (2009) e Araújo et al. (2011), também tiveram o mesmo padrão de

respostas. Em um estudo sobre percepção ambiental voltada ao uso sustentável dos recursos

hídricos na Paraíba por Oliveira et al. (2007), alguns professores responderam “diarreia”

como uma doença de veiculação hídrica. No município de São Paulo do Potengi/RN, Carlos e

Kligerman (2005) em um estudo de percepção das condições de saúde pública com moradores

68

de comunidades rurais, cerca de 35% dos entrevistados responderam diarreia, como exemplo

de doença de veiculação hídrica. No trabalho de Zompero (2009), sobre concepções de alunos

do ensino fundamental sobre microrganismos envolvendo a saúde, também se pode perceber a

falta de clareza entre o agente causador e os sintomas e doença, pois surgiram como exemplos

de doenças causadas por água contaminada: cólera, micose, diarreia e vômitos, ou seja, os

exemplos às vezes correspondiam claramente a doenças (cólera, micose), mas às vezes o

sintoma é tomado como sendo a doença (diarreia, vômitos).

Figura 2. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre o conhecimento de

alguma doença que poderia ser transmitida pela água.

Um dado importante é que as doenças diarreicas de veiculação hídrica, como a febre

tifóide, cólera, salmonelose, shigelose, poliomielite, hepatite A, verminoses, amebíase e

giardíase, têm sido responsáveis por vários surtos epidêmicos e pelas elevadas taxas de

mortalidade infantil, relacionadas à água de consumo humano (Macêdo, 2001).

Na terceira questão desse eixo temático, os participantes foram indagados se já tinham

tido alguma doença relacionada ao consumo de água contaminada, e apenas 23% dos agentes

de saúde e 40% dos professores afirmaram já ter tido alguma doença relacionada ao consumo

de água contaminada. Resultado semelhante ao trabalho de Petrovich e Araújo (2009), onde

menos da metade, 38% dos professores, deram resposta positiva a pergunta (Figura 3).

69

Figura 3. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre se o participante já

teve alguma doença relacionada ao consumo de água contaminada.

De acordo com Santos et al. (2008), como os organismos causadores de doenças de

veiculação hídrica são microscópicos, tal fato dificulta a percepção de que algumas doenças

podem ter relação com o consumo de água contaminada. Segundo a Organização Mundial da

Saúde cerca de 80% das doenças que ocorrem em países em desenvolvimento são veiculadas

pela água contaminada por microrganismos patogênicos (Coelho et al., 2007). Isso demonstra

a necessidade de que as questões relacionadas às doenças de veiculação hídrica, como aquelas

que são mais comuns no semiárido e suas principais formas de contágio e as medidas de

prevenção sejam ensinadas, principalmente nas escolas e comunidades onde há dificuldade de

acesso à água potável.

3.2.2 Eixo temático 2: Bactérias

O eixo temático 2 é formado por seis questões que tinham como objetivo investigar as

concepções dos professores e dos agentes de saúde sobre bactérias. Nas respostas à primeira

questão quase que a totalidade dos agentes de saúde (88%) e dos professores (93%) já tinham

ouvido falar sobre bactérias (Figura 4).

70

Figura 4. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre o conhecimento de

bactérias.

Na pergunta sobre os possíveis habitats desses microrganismos, os participantes

poderiam marcar mais de uma opção: ar, água, solo, dentro de animais e em plantas. Caso

marcassem a opção em todos esses locais, as demais não seriam contabilizadas, já que a

resposta abrangia a totalidade. Houve divergências na percepção dos professores e dos

agentes de saúde a respeito de onde as bactérias são encontradas. A maioria dos professores

(40%) afirmou que as bactérias são encontradas em todos os locais propostos (solo, água, ar,

dentro de animais e em plantas), porém apenas 20% dos agentes de saúde compartilham esses

conhecimentos. (Figura 5).

Figura 5. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre os habitat das

bactérias.

No trabalho de Zompero (2009), onde foi perguntado a alunos do ensino fundamental

onde os microrganismos são encontrados no corpo humano, estes responderam que eles estão

presentes em órgãos externos como: pele, unhas, pés e mãos e no interior do corpo no sangue,

71

saliva, vias respiratórias, dentes e intestino. Na opinião daqueles alunos, esses

microrganismos são adquiridos pelo ar, alimentos, água e ambiente fechado. Também em um

trabalho realizado por Ovigli & Silva (2009), com estudantes do ensino médio e fundamental,

sobre os habitats das bactérias, 100% responderam que em praticamente todos os lugares.

Assim, parece ser algo bem difundido entre estudantes, o fato de que as bactérias poderem ser

encontradas em diversos lugares, como em amostras de água, solo, no ar, no nosso próprio

organismo e em plantas.

Quando perguntados sobre se todas as bactérias causam doenças, uma maior

porcentagem de agentes de saúde (42%) respondeu positivamente, e uma parcela significativa

de professores também (31%). Porém a maioria dos professores (58%) afirmou que nem todas

as bactérias causam doenças e apenas 38% dos agentes concordam com esse conceito (Figura

6). As respostas evidenciam a percepção da maioria das pessoas, baseada no senso comum,

influenciada pela história e pela mídia, de que os microrganismos estão quase sempre

associados a doenças. Percebe-se, pois, que são necessárias ações de Educação Ambiental e

Educação em Saúde sobre esta temática, para também sejam difundidos os papéis

fundamentais dos microrganismos como recicladores e decompositores no ambiente.

Figura 6. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre as bactérias como

causadoras de doenças.

Ao contrário do que comumente se imagina, a grande maioria dos microorganismos

beneficia o homem, seja reciclando os elementos, participando da produção de alimentos, ou

produtos industrializados e servindo de ferramentas para pesquisas. Levando em consideração

a sua imensa biodiversidade, apenas uma pequena fração dos micro-organismos

(possivelmente menos de 1% deles) comporta-se como agentes causadores de doenças.

72

A maior parte dos professores (69%) e dos agentes de saúde (73%) afirmou que

existem bactérias nos açudes da sua cidade. Mas uma porcentagem significativa, 27% dos

professores e 23% dos agentes não souberam responder a pergunta (Figura 7).

Figura 7. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre se o participante

saberia informar se existem bactérias nos açudes da sua cidade.

Neste aspecto, as respostas foram diversas. Os agentes de saúde em sua maioria (61%)

acreditam que, se houver presença de bactérias no ambiente aquático, isso significa que o

mesmo está contaminado, e 31% dos professores compartilham da mesma resposta. Cerca de

27% dos agentes e 44% dos professores afirmam que não necessariamente a presença de

bactérias tornará o ambiente contaminado e 12% dos agentes de saúde e boa parte dos

professores (25%) não sabiam a resposta (Figura 8).

Figura 8. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre se a presença de

bactérias no ambiente aquático da sua cidade significa que haveria contaminação.

73

Essa conotação negativa dada às bactérias tornou-se evidente nas respostas dessa

questão, onde houve uma associação da presença desses organismos com a contaminação da

água do reservatório por uma parcela significativa dos participantes. Embora as bactérias

existam naturalmente na água e a maioria delas não constitui risco à saúde, tendo, ao

contrário, um papel ambiental benéfico.

Na última questão do eixo temático sobre as bactérias os participantes foram

questionados se já tinham ouvido falar sobre o que seriam bactérias patogênicas. Mais da

metade dos agentes (54%) já tinham ouvido sobre o assunto e a maioria dos professores

(53%) nunca tinha ouvido falar a respeito. Destaque-se aqui o alto percentual de agentes

(31%) que não tinha ouvido falar em bactérias patogênicas (Figura 9).

Figura 9. Percentual de respostas dos agentes de saúde e professores sobre o conhecimento de

bactérias patogênicas.

Os resultados indicaram que uma grande quantidade dos agentes e professores não

possuía as informações sobre o que seriam bactérias patogênicas. Isso surpreende,

especialmente se avaliamos que os agentes de saúde trabalham diretamente com questões de

saúde, devendo ter noções básicas desta natureza.

4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

Os resultados das questões apontam que alguns participantes da pesquisa sabem que

algumas doenças podem ser adquiridas pelo contato com a água contaminada, porém possuem

concepções errôneas sobre os locais onde são encontradas as bactérias, sobre o seu papel

como agentes causadores de doenças e sobre a relação existente entre a presença delas no

ambiente aquático e a contaminação ambiental.

74

A partir dos resultados encontrados no trabalho, percebe-se a necessidade de

implementação de atividades educativas a respeito dos temas abordados, tanto com os

professores como com os agentes de saúde. Nessa perspectiva, elaborou-se, para essa

finalidade, uma cartilha educativa que trata das doenças de veiculação hídrica e das bactérias

em geral, a qual deverá ser distribuída junto às comunidades-alvo deste trabalho (ANEXO II).

Espera-se, com isso, aumentar o conhecimento dos agentes de saúde e professores sobre os

assuntos tratados, reduzindo as concepções equivocadas a respeito dos temas e divulgar de

maneira apropriada o papel das bactérias na água.

75

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78

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho verificou que existe a necessidade de monitoramento da qualidade da

água dos ambientes em estudo, uma vez que a população os utiliza para diversas finalidades.

Esses ambientes podem se constituir, dessa forma, numa fonte de contaminação por bactérias

patogênicas, podendo se tornar um problema de saúde pública e aumentar os riscos de

ocorrência de doenças de veiculação hídrica. Os casos de doença diarréica estão

subnotificados e sugere-se que o Sistema de Monitoramento dos casos deve ser aprimorado. A

averiguação das concepções prévias de professores e agentes de saúde permite observar a

necessidade de implementação de medidas educativas a respeito dos temas abordados, pois

concepções alternativas sobre o tema foram identificadas.

79

ANEXOS

80

ANEXO I

Questionário aplicado aos professores e agentes de saúde

DADOS PESSOAIS:

IDADE: __________________

SEXO: ( ) FEMININO ( ) MASCULINO

CIDADE EM QUE NASCEU: _______________________

CIDADE EM QUE MORA ATUALMENTE:_____________________

Para os professores:

FORMAÇÃO ACADÊMICA:__________________________

DISCIPLINA(S) QUE LECIONA: ____________________________

SÉRIES PARA AS QUAIS LECIONA: __________________________

HÁ QUANTO TEMPO EXERCE A PROFISSÃO:__________________

Para os profissionais em saúde:

FORMAÇÃO ACADÊMICA:__________________________

ONDE TRABALHA: __________________________

HÁ QUANTO TEMPO EXERCE A PROFISSÃO:__________________

Questões

1- A contaminação de açudes, rios e mares pode trazer doenças à população?

( ) sim ( ) não ( ) não sei ( ) nunca pensei nisso

2- Você conhece alguma doença que pode ser transmitida pela água contaminada?

( ) sim ( ) não ( ) não sei

Dê exemplos: _________________________________________________________

3- Já teve alguma doença relacionada com o consumo de água contaminada?:

( ) sim ( ) não ( ) não sei

Qual? _____________________________________________________

81

4- Já ouviu falar sobre as bactérias?

( ) sim ( ) não ( )não sei

5- Onde encontramos bactérias?

( ) solo ( )água ( ) ar ( )dentro de animais ( ) em plantas

( )todos esses locais ( ) não sei

6- Todas as bactérias causam doenças?

( ) sim ( )não ( )não sei

7- Existem bactérias nos açudes da sua cidade?

( )sim ( )não ( ) não sei

8- Se houver a presença de bactérias no ambiente aquático da sua cidade, isso significa que o

mesmo está contaminado?

( ) sim ( )não ( )não sei

9- Já ouviu falar sobre bactérias patogênicas?

( ) sim ( )não ( ) não sei

82

ANEXO II

Cartilha educativa sobre doenças de veiculação hídrica e bactérias

DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO SEMIÁRIDO DO

RIO GRANDE DO NORTE

Água, Saúde e Vida

83

A água pode ser fonte de vida ou de morte. Quando bem tratada, ou quando é de boa

qualidade, ela é fundamental para a nossa saúde e bem-estar. Mas quando a água não é tratada

adequadamente, ela pode ser fonte de muitas doenças, as quais são chamadas de doenças de

veiculação hídrica. Vamos aprender mais sobre essas doenças, como elas são transmitidas e

como podem ser evitadas.

Fonte: http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/imagens/md_ef_ci/2009-03-10_13/image001.gif

A água destinada ao consumo humano é denominada de água potável. Esta deve estar

livre de qualquer contaminação, não oferecendo riscos à saúde de quem a consome, além de

preencher todos os requisitos de natureza física, química e biológica, seguindo os padrões

estabelecidos pela legislação de cada país. Para que a água se torne potável deve passar por

um processo de tratamento, conjunto de procedimentos físicos e químicos aplicados para que

esta fique em condições adequadas para o consumo. O grau e o tipo de tratamento pode ir de

uma simples desinfecção até um tratamento mais complexo, dependendo das condições da

qualidade da água e a finalidade da sua utilização.

Para se submeter ao tratamento, a água é captada dos reservatórios (rio, açude) e

levada a Estação de Tratamento de Água (ETA), onde passa por diversos processos tais como:

coagulação, floculação, decantação, filtração e desinfecção (Figura 1). Então se torna potável

e é distribuída para a população.

84

Figura 1: Captação, tratamento e distribuição de água

Fonte: http://www.uniagua.org.br/public_html/website/default.asp?tp=3&pag=tratamento.htm

Saiba mais....

A água, tão necessária à vida do ser humano, pode ser também responsável por

transmitir doenças quando não passa por nenhum tratamento e está contaminada por alguma

substância ou por microrganismos patogênicos que atingem a água através de fezes de pessoas

BREVE DESCRIÇÃO DAS ETAPAS DO TRATAMENTO DA ÁGUA

Coagulação: Primeira etapa do tratamento onde a água bruta recebe adição de sulfato de alumínio,

cloreto férrico ou outro coagulante. Este elemento é agitado juntamente com a água fazendo com

que as partículas sólidas ou sedimentos, iniciem o processo de agregação (união).

Floculação: Etapa seguinte, onde em tanques de concreto há uma mistura lenta da água para

provocar a formação de flocos com as partículas sólidas.

Decantação: Passagem da água por grandes tanques para decantar os flocos de sujeira formados

na floculação. Os flocos vão se separar da água pela ação da gravidade, indo para o fundo do

tanque.

Filtração: Passagem da água por tanques que contêm leito de pedras, areia e carvão antracito

(carvão mineral) para reter a sujeira que restou da fase de decantação.

Desinfecção: Adição de cloro à água antes de sua saída da Estação de Tratamento com o objetivo

de eliminar organismos patogênicos, como bactérias e vírus, e garantir que a água fornecida ao

consumidor seja própria para o consumo.

Fluoretação: Etapa opcional onde é feita a adição de flúor à água para a prevenção de cáries

especialmente nos consumidores até aos 12 anos de idade, período de formação dos dentes.

85

ou animais infectados, causando problemas principalmente no aparelho intestinal do homem.

O problema é que existem doenças graves que podem levar os indivíduos à morte.

Fonte: http://dream.santegidio.org/public/edusan/HTML_PT/ComeVaSalute092.png

Conceituando

As doenças de veiculação hídrica são aquelas adquiridas através da ingestão direta da

água contaminada com o microrganismo patogênico. Mas estão relacionadas a água as

doenças transmitidas pelo contato com a água contaminada, em atividades recreativas ou de

higiene, além das doenças cujo vetor tem parte do seu ciclo desenvolvido no ambiente

aquático.

Microrganismos patogênicos – são organismos microscópicos, unicelulares (uma célula) ou acelulares, como os

vírus, que só podem ser vistos ao microscópio. Tem a capacidade de provocar doenças infecciosas aos seus

hospedeiros sempre que estejam em circunstâncias favoráveis. Incluem os vírus, as bactérias, os protozoários, as

algas unicelulares e algumas formas de fungos.

Esclarecendo

As principais doenças de veiculação hídrica são: amebíase, giardíase, gastroenterite, febre

tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa e cólera.

As doenças transmitidas de forma indireta pela água são as verminoses como a

esquistossomose, ascaridíase, teníase, oxiuríase e ancilostomíase.

86

Vetores, como o mosquito Aedes aegypti, que se relacionam com a água podem ocasionar a

dengue, a febre amarela e a malária.

Fonte: www.dicasdesaude.info

Mais informado

O quadro 1 apresenta as principais doenças de veiculação hídrica que ocorrem no semi

árido nordestino, além da maneira como se contrai a doença, os agentes etiológicos (com

imagens de microscopia eletrônica), os principais sintomas e formas de prevenção.

Quadro 1: Conhecendo algumas das doenças de veiculação hídrica

Nome da Doença Como se contrai a O que causa a Quais os sintomas? Como prevenir?

Principais políticas normativas nacionais de uso da água

RESOLUÇÃO 357/2005 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)

RESOLUÇÃO 274/2000 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)

PORTARIA 2.914/11 do Ministério da Saúde

87

doença? doenças?

Cólera

Após comer ou beber

água que foi contaminada

por fezes de pessoas

infectadas. Frutos do mar

crus ou mal cozidos

podem ser uma fonte de

infecção em áreas onde a

cólera é prevalente e o

saneamento é deficiente.

Legumes e frutas lavados

com água contaminada

por esgoto também

podem transmitir a

infecção se contiverem a

bactéria.

Uma bactéria

Vibrio cholerae

FONTE: http://n-equals-

one.com/blogs/2010/11/1

1/drugs-and-blood-

types-in-the-time-of-

cholera/

Diarréia abundante,

vômitos ocasionais,

rápida desidratação,

acidose, cãibras

musculares e colapso

respiratório. Se não for

tratada, 50% das pessoas

com cólera podem

morrer.

Consumir água de

boa qualidade.

Adequada Higiene

pessoal e dos

alimentos.

Eliminação adequada

dos dejetos humanos.

Amebíase

Pela ingestão de

alimentos ou água

contaminada com matéria

fecal com os cistos da

Entamoeba histolytica.

Pode-se adquirir de

outras formas, mas são

bem menos freqüentes e

estão restritas

praticamente a pessoas

com a imunidade

comprometida.

Um protozoário

Entamoeba

histolytica

Fonte:

www.brasilescola.com

Disenteria aguda, com

febre, calafrios e

diarréia sanguinolenta.

Acesso a água limpa.

Boas condições

sanitárias.

Higiene pessoal e dos

alimentos adequada.

Lavagem das mãos.

Giardíase

Pela ingestão de cistos,

diretamente com o

indivíduo infectado, pela

ingestão de alimentos e

água contaminados.

Um protozoário

Giardia lamblia

Fonte: WWW.

wdyane.blogspot.com

Dores abdominais e

diarréia.

Acesso a água limpa.

Boas condições

sanitárias.

Higiene pessoal e dos

alimentos adequada.

Lavagem das mãos.

Pela ingestão de alimento

ou água contaminada.

Rotavírus ou

bactérias

Diarréia e vômitos,

levando à desidratação

grave. Pode haver febre.

Acesso a água limpa.

Boas condições

88

Gastroenterites

sanitárias.

Higiene pessoal e dos

alimentos adequada.

Educação em saúde

Hepatite A

Pela ingestão de água e

alimentos contaminados

ou diretamente de uma

pessoa para outra.

O consumo de frutos do

mar está particularmente

associado com a

transmissão, uma vez que

esses organismos

concentram o vírus por

filtrarem grandes

volumes de água

contaminada.

A transmissão através de

transfusões, uso

compartilhado de

seringas e agulhas

contaminadas também

pode acontecer.

Vírus

Vírus da hepatite

A

Fonte:

http://revoada.net/virus-

da-hepatite-a/

Febre, mal-estar geral,

falta de apetite, náusea,

icterícia (pele e olhos

amarelados) e urina

escura.

Educação sanitária e

higiene pessoal,

especialmente lavar

as mãos

Adequado

abastecimento de

água potável e

disposição adequada

de resíduos

A vacinação contra a

hepatite A para as

pessoas em risco, por

exemplo, Viajantes

visitando as áreas

onde a doença é

comum.

Desinteria

bacteriana

Devido a hábitos

inadequados de higiene,

como não lavar as mãos.

A falta de água de água

de boa qualidade também

contribui para aumentar

os casos da doença. As

disenterias bacterianas

são causadas por diversas

bactérias

(enterobactérias), tais

como Salmonella,

Shigella, Enterobacter,

Klebsiella, Proteus e a

Escherichia coli,

transmitidas através de

alimentos, água, leite,

mãos sujas, saliva, fezes,

etc.

Bactéria

Shigella

fonte: www.

mundoeducacao.com.br

Fezes com sangue e pus,

vômitos e cólicas.

Acesso a água limpa.

Boas condições

sanitárias.

Higiene pessoal e dos

alimentos adequada.

Educação em saúde

89

Esquistossomose

Doença transmitida por

um animal que vive na

água, ou que passa parte

do seu ciclo de vida em

outros organismos

aquáticos, podendo

causar infecção por meio

do contato da larva com a

pele da pessoa ou pela

ingestão de água

contaminada. Veja este

ciclo na figura 2.

Verme parasita

Schistossoma

mansoni

Fonte: www. dpd.cdc.

gov

Na fase aguda: coceiras

e dermatites, febre,

tosse, diarréia, enjôos,

vômitos e

emagrecimento.

Na fase crônica,

geralmente

assintomática, a diarréia

alterna-se com períodos

de prisão de ventre. A

doença pode evoluir

para um quadro mais

grave com aumento do

fígado e cirrose,

aumento do baço,

hemorragias provocadas

por rompimento de veias

do esôfago, e ascite ou

barriga d’água, isto é, o

abdômen fica dilatado.

Melhoria do

saneamento e uso de

água potável.

Educação em saúde é

um componente

fundamental que

garante a participação

da comunidade nas

intervenções de

controle.

Dengue

Doença cujos vetores são

insetos que usam a água

para procriar, mas a

causa da doença é um

vírus. A larva do

mosquito se desenvolve

completamente em água

limpa.

Vírus

Flaviviridae,

transmitido pela

picada do

mosquito

Aedes aegypti

fonte:

www.odiariodabahia.co

m

Febre, prostração, dor de

cabeça e dores

Musculares

generalizadas. Erupções

na pele (parecidas com

rubéola), coceira

principalmente em

palmas e plantas,

náuseas, vômitos, dor

abdominal, diarréia,

tonturas ao sentar-se ou

levantar-se.

Combate à larva do

mosquito.

Evitar ser picado pelo

mosquito.

Ascaridíase

Ingestão de ovos

contaminados por meio

de água ou alimentos.

Veja o ciclo na figura 3.

Verme

Ascaris

lumbricoides

Podem causar irritação

pulmonar com

hemorragias e

hemoptise (tosse com

sangue). Outros

sintomas nesta fase além

da tosse são, falta de ar

(dispneia) e febre baixa,

nauseas, vômitos,

diarréia e dor

abdominal.

Evitar contato com o

solo que podem estar

contaminados com

fezes humanas;

Lavar as mãos com

água e sabão antes de

manipular alimentos;

Proteger os alimentos

da terra e de lavagem

90

Fonte: www. e-

cleansing.com

ou aquecer qualquer

alimento que cai no

chão.

91

Ciclos de desenvolvimento de Schistossoma e de Ascaris

Figura2: Ciclo da esquistossomose

Fonte: http://www.saaecolina.com.br/imagens/doencas5.jpg

Figura 3: Ciclo da Ascaridíase

Fonte: http://www.profliliane.hpgvip.com.br

92

Para você ter uma idéia do quanto esses problemas são graves e afetam o mundo todo, não

apenas o nosso semi-árido, observe os dados abaixo, da Organização Mundial de Saúde.

Veja também como medidas simples diminuem muito a ocorrência dessas doenças:

1,8 milhão de pessoas morrem por ano de doenças diarréicas (incluindo a cólera) 90%

delas são crianças com menos de 5 anos e a maior parte em países em

desenvolvimento ;

88% das doenças diarréicas são atribuídas a fontes de água não potável, sem

tratamento adequado ou condições higiênicas;

A melhora dos hábitos de higiene incluindo educação sanitária e lavagem das mãos

pode levar à redução de casos de diarréia em mais de 45%.

A melhora da qualidade da água consumida com tratamento usando cloro pode levar à

redução de diarréias em 35% a 39%.

1.3 milhão de pessoas morrem a cada ano de malária. 90% delas são crianças com

menos de 5 anos. Um melhor controle das fontes de água reduzem a transmissão da

malária.

Estima-se que 160 milhões de pessoas estejam infectadas pela esquistossomose, com

dezenas de milhares de mortes ao ano. Medidas sanitárias básicas reduzem a doença

em mais de 77%.

133 milhões de pessoas sofrem de infecções intestinais causadas por helmintos (como

a lombriga, por exemplo), doenças que levam a um severo atraso na capacidade de

aprendizagem, disenterias e anemias. Essas doenças causam cerca de 9.400 mortes ao

ano. A ascaridíase pode ser reduzida em 29% pelo simples uso de melhores práticas de

higiene.

Mais de 1,1 bilhão de pessoas no mundo, não têm acesso à água tratada de boa

qualidade e 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a qualquer tipo de saneamento

básico.

93

Mais de 10 milhões de pessoas morrem a cada ano, em decorrência de doenças

relacionadas à ingestão de água contaminada e à falta de saneamento, sendo a maioria

crianças abaixo de cinco anos de idade;

Atualmente, as doenças infecciosas – muitas delas de veiculação hídrica – matam duas

vezes mais do que o câncer. As doenças associadas à água matam quase o mesmo

número de pessoas que as doenças relacionadas ao fumo.

Fonte: www. pv-vitoria.blogspot.com

Fonte: www. transformandoomundojuntas.blogspot.com

Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br

94

Entre os principais problemas que levam a essa situação estão:

- A falta de prioridade dada ao setor;

- a falta de recursos financeiros;

- a falta de sustentabilidade do abastecimento de água;

Fonte: http://voiceofcanada.files.wordpress.com/2007/02/water_tap_glass_cartoon.jpeg

- O saneamento inadequado de locais públicos como hospitais, centros de saúde e escolas.

- Defecação a céu aberto. Embora isso venha diminuindo ao longo do tempo, 1.1 bilhão de

pessoas no mundo ainda defecam a céu aberto. 81% dessas pessoas vivem em onze países:

Índia, Indonésia, China, Etiópia, Paquistão, Nigéria, Sudão, Nepal, Brasil, Nigéria e

Bangladesh. O fenômeno é mais atribuído à área rural.

95

O que fazer, então???

O acesso a quantidades suficientes de água potável, a disponibilização de instalações

sanitárias para eliminação das excretas, coleta de lixo, drenagem urbana e a introdução de

comportamentos de higiene são fundamentais para reduzir a carga de doenças causadas por

esses fatores de risco.

Fonte: http://mpoeste.blogspot.com/2011/05/saneamento-basico-em-sul-brasil.html

96

O que mais podemos fazer para prevenir as doenças de veiculação hídrica?

Conservar os nossos rios e açudes, para que eles sejam sempre fonte de água de boa

qualidade.

Melhorar a distribuição e oferecer, de forma contínua, água de boa qualidade.

para o consumo humano. Uma cidade sem fornecimento de água regular (todo dia)

está mais vulnerável à ocorrência de doenças de veiculação hídrica, pois a água

consumida nem sempre está bem tratada.

Promover a desinfecção adequada da água.

Oferecer sistema de esgotamento sanitário adequado.

Melhorar o saneamento diretamente nos domicílios.

Evitar o consumo de fontes opcionais de água, que possam estar contaminadas.

Coletar regularmente, acondicionar e dar um destino final adequado ao lixo e às

embalagens descartáveis.

Não jogar o lixo nas ruas ou nos açudes e rios. Esse lixo pode, depois, se transformar

em doenças.

Conscientizar os grupos de risco.

Promover a educação sanitária. A escola é um núcleo importante de difusão de

conhecimento e de conscientização.

Melhorar a disponibilidade e a quantidade de água para bebida, alimentação, banho,

lavagem das mãos e dos utensílios de cozinha.

Melhorar os hábitos de higiene das pessoas. Reforçar a importância dos hábitos

saudáveis de higiene diária.

Isolar açudes e reservatórios contaminados.

Evitar e controlar a retenção de água, em especial, das chuvas, em vasos, pneus,

vasilhames, e outros ambientes que proporcionam locais apropriados para o

desenvolvimento dos mosquitos.

Abastecer as áreas rurais com água potável para evitar o contato direto das pessoas

com áreas de proliferação de mosquitos.

Investir em medicamentos preventivos, em vacinações e em drenagens dos criadouros.

97

- Lave bem as mãos antes de se alimentar; Depois de ir ao banheiro, lave bem as mãos, com

água e sabão.

Veja a melhor maneira de lavar as mãos:

Fonte: http://diariodebiologia.com/wp-content/uploads/2009/08/info_sau_lavar_as_maos.gif

Dicas:

98

- Verifique atentamente as condições de limpeza do rio ou açude, antes de utilizar.

Fonte: http://www.uintacountycd.com/cartoon%20fisherman.gif

- Faça exames periódicos. Às vezes, as doenças de veiculação hídrica não causam sintomas

durante algum tempo. Você só vai descobrir que está doente depois que a doença já se

instalou e afetou seriamente a sua saúde. Você pode estar transmitindo a doença sem saber.

Fonte:http://3.bp.blogspot.com/_ePcEtAaRqy8/Sl5k03Gn6QI/AAAAAAAAAos/24YcVJ9aam8/s400/3.jpg

- Fique atento às ações públicas (prefeituras, governo de estado) que investem na saúde

pública. O seu imposto deve também ser revertido em melhorias sanitárias.

99

Fonte:http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imagens/artigos/editorial/05-06-13_02.jpg

- Converse com seus amigos, pais, professores. A troca de informações e o envolvimento da

comunidade podem reduzir a ocorrência das doenças de veiculação hídrica.

Fonte: http://www.scn.org/cmp/images/eb-15.gif

- De novo: Lave bem as mãos.

100

Fonte: https://texasvipers.securespsites.com/Swine%20Flu%20images/WashYourHands.jpg

101