doenças infecciosas em sistemas de produção de leitea mastite ou mamite bovina é uma das...

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Doenças Infecciosas em Sistemas de Produção de Leite O manejo sanitário dos rebanhos leiteiros é extremamente importante para que sejam evitadas doenças que possam interferir na produtividade e na qualidade do leite. Medidas profiláticas são necessárias para garantir a saúde dos rebanhos leiteiros. A seguir são descritas algumas das principais doenças às quais o produtor de leite deve estar atento para garantir a produtividade dos rebanhos leiteiros. A mastite ou mamite bovina é uma das principais doenças que afetam os rebanhos leiteiros em todo o mundo. As mastites podem ser de natureza infecciosa (provocada por microrganismos) ou não infecciosa (causada por agentes físicos, produtos químicos, etc.), sendo as de natureza infecciosa as que mais comprometem o desempenho produtivo dos rebanhos, uma vez que são transmissíveis e alteram a composição do leite. As mastites se classificam em clínica (quando os sintomas já estão evidentes) e subclínica (só pode ser diagnosticada através da contagem de células somáticas (CCS) ou do Califórnia Mastitis Test). A ocorrência de mastite é influenciada por uma série de fatores não inter-relacionados, tais como a conformação do úbere, o estado imunitário dos animais, as condições dos esfíncteres das tetas, as condições gerais de higiene, os procedimentos de ordenha, as condições de manutenção da ordenhadeira mecânica e do ordenhador. Mastites A desinfecção das tetas antes e após a ordenha e o tratamento das vacas no início do período seco são métodos efetivos para a redução da ocorrência de mastite. A ordenha em separado de vacas com mastite desempenha importante papel para a manutenção da qualidade do leite a ser beneficiado, evitando prejuízos ao produtor. O tratamento da mastite clínica deve ser feito logo após o exame diário através do teste da caneca de fundo escuro, preferencialmente obedecendo ao antibiograma (teste de sensibilidade a antibióticos) do rebanho. O tratamento da mastite sub-clínica é feito no período seco da vaca, utilizando antibióticos específicos, também de acordo com o antibiograma do rebanho. A febre aftosa é uma das enfermidades virais que mais prejuízos causa à pecuária brasileira, sendo estes decorrentes da restrição do comércio de animais e de seus produtos por parte de países livres da doença. Acomete todos os animais de casco fendido, como os bovinos, ovinos, caprinos e suínos, sendo uma doença de notificação obrigatória às autoridades sanitárias da região, que se responsabilizarão pelas providências necessárias. Os sintomas clínicos da doença são típicos de enfermidades vesiculares: os animais param de se alimentar (anorexia), febre, salivação intensa (sialorréia), vesículas que formam úlceras e se localizam no epitélio oral, nos espaços entre as unhas, nas tetas e na região coronária dos cascos. Não há um tratamento específico para a doença, por ser esta uma infecção viral. Febre Aftosa .As fontes de infecção são bovinos infectados e seus produtos. Após um surto da doença, todas as instalações deverão ser desinfetadas e a propriedade isolada. O período de incubação da enfermidade é de aproximadamente 2 a 6 dias, sendo o diagnóstico laboratorial muito importante para que se possa fazer a diferenciação entre outras doenças vesiculares, sendo o material de escolha a ser enviado ao laboratório o líquido das vesículas. O controle da doença é feito através da vacinação sistemática com vacina de ação prolongada, a ser aplicada de acordo com o calendário oficial divulgado pela agência de defesa sanitária estadual, IDARON. É uma enfermidade viral, aguda e fatal, caracterizada por sintomas nervosos representados por isolamento do rebanho, agressividade, andar cambaleante, opacidade da córnea, dificuldade para engolir líquidos, dificuldade para defecar (fezes ressecadas) mudanças de comportamento, paralisia progressiva dos membros e morte. A transmissão dessa doença nos bovinos é feita por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue). O período de incubação pode variar de 1 a 3 meses. O controle da raiva dos herbívoros se dá através de vacina inativada aplicada em todo o rebanho (animais acima de três meses) e uma segunda dose 30 dias após a primeira. Raiva dos herbívoros

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Doenças Infecciosas em Sistemas de

Produção de Leite

O manejo sanitário dos rebanhos leiteiros éextremamente importante para que sejam evitadasdoenças que possam interferir na produtividade ena qualidade do leite. Medidas profiláticas sãonecessárias para garantir a saúde dos rebanhosleiteiros. A seguir são descritas algumas dasprincipais doenças às quais o produtor de leitedeve estar atento para garantir a produtividade dosrebanhos leiteiros.

A mastite ou mamite bovina é uma das principaisdoenças que afetam os rebanhos leiteiros em todoo mundo. As mastites podem ser de naturezainfecciosa (provocada por microrganismos) ou nãoinfecciosa (causada por agentes físicos, produtosquímicos, etc.), sendo as de natureza infecciosa asque mais comprometem o desempenho produtivodos rebanhos, uma vez que são transmissíveis ealteram a composição do leite.

As mastites se classificam em clínica (quando ossintomas já estão evidentes) e subclínica (só podeser diagnosticada através da contagem de célulassomáticas (CCS) ou do Califórnia Mastitis Test).

A ocorrência de mastite é influenciada por umasérie de fatores não inter-relacionados, tais como aconformação do úbere, o estado imunitário dosanimais, as condições dos esfíncteres das tetas, ascondições gerais de higiene, os procedimentos deordenha, as condições de manutenção daordenhadeira mecânica e do ordenhador.

Mastites

A desinfecção das tetas antes e após a ordenha e otratamento das vacas no início do período seco sãométodos efetivos para a redução da ocorrência demastite.

A ordenha em separado de vacas com mastitedesempenha importante papel para a manutençãoda qualidade do leite a ser beneficiado, evitandoprejuízos ao produtor.

O tratamento da mastite clínica deve ser feito logoapós o exame diário através do teste da caneca defundo escuro, preferencialmente obedecendo aoantibiograma (teste de sensibilidade a antibióticos)do rebanho.

O tratamento da mastite sub-clínica é feito noperíodo seco da vaca, utilizando antibióticosespecíficos, também de acordo com oantibiograma do rebanho.

A febre aftosa é uma das enfermidades virais quemais prejuízos causa à pecuária brasileira, sendoestes decorrentes da restrição do comércio deanimais e de seus produtos por parte de paíseslivres da doença. Acomete todos os animais decasco fendido, como os bovinos, ovinos, caprinose suínos, sendo uma doença de notificaçãoobrigatória às autoridades sanitárias da região, quese responsabilizarão pelas providênciasnecessárias.

Os sintomas clínicos da doença são típicos deenfermidades vesiculares: os animais param de sealimentar (anorexia), febre, salivação intensa(sialorréia), vesículas que formam úlceras e selocalizam no epitélio oral, nos espaços entre asunhas, nas tetas e na região coronária dos cascos.Não há um tratamento específico para a doença,por ser esta uma infecção viral.

Febre Aftosa

.As fontes de infecção são bovinos infectados eseus produtos. Após um surto da doença, todas asinstalações deverão ser desinfetadas e apropriedade isolada. O período de incubação daenfermidade é de aproximadamente 2 a 6 dias,sendo o diagnóstico laboratorial muito importantepara que se possa fazer a diferenciação entreoutras doenças vesiculares, sendo o material deescolha a ser enviado ao laboratório o líquido dasvesículas.

O controle da doença é feito através da vacinaçãosistemática com vacina de ação prolongada, a seraplicada de acordo com o calendário oficialdivulgado pela agência de defesa sanitáriaestadual, IDARON.

É uma enfermidade viral, aguda e fatal,caracter i zada por s in tomas nervososrepresentados por isolamento do rebanho,agressividade, andar cambaleante, opacidade dacórnea, dificuldade para engolir líquidos,dificuldade para defecar (fezes ressecadas)mudanças de comportamento, paralisiaprogressiva dos membros e morte.

A transmissão dessa doença nos bovinos é feitapor morcegos hematófagos (que se alimentam desangue). O período de incubação pode variar de 1 a3 meses.

O controle da raiva dos herbívoros se dá através devacina inativada aplicada em todo o rebanho(animais acima de três meses) e uma segundadose 30 dias após a primeira.

Raiva dos herbívoros

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Doenças Infecciosas

em Sistemas

de Produção de Leite

Rondônia

Informação técnica: (Méd. Vet., Dsc., emCiências Veterinárias - Parasitologia, pesquisadora da EmbrapaRondônia, Porto Velho, RO, [email protected])Editoração e layout: Itacy Duarte SilveiraFotos: acervo Embrapa RondôniaPorto Velho, RO, julho, 2008Tiragem: 300 exemplares.

Luciana Gatto Brito

No caso de suspeita de um animal acometido peladoença deve-se:

· Isolar o animal do rebanho.· Nunca manipular o animal.· Não consumir a carne do animal doente.· Procurar imediatamente o escritório da

IDARON no seu município.

No caso de mordedura no homem ou contato comanimais suspeitos de raiva deve-se:

· lavar com água e sabão o ferimento;· procurar a Secretaria Municipal de Saúde;

A leptospirose bovina é uma doença bacterianafreqüente nos rebanhos bovinos, podendodeterminar abortos, distúrbios reprodutivos(retenção de placenta e natimortos), alteraçõescongênitas, ou infecções inaparentes capazes decomprometer a eficiência reprodutiva do animal,levando-o à subfertilidade, além de perdas naprodução de leite e problemas com mastitesnormalmente associadas com o sorovar hardjo quedetermina a síndrome da queda do leite ou milkdrop syndrome. Embora a taxa de mortalidadenesta espécie seja baixa (5%), a morbidade (taxade animais portadores da doença) geralmente éalta.

Na prevenção e no controle da leptospirose éimportante eliminar as fontes de infecção. Animaisportadores sadios e aqueles em recuperaçãopodem eliminar o microrganismo pela urina,infectando outros animais. Os ratos sãoreservatórios permanentes de leptospiras einfectam reservatórios de água, poças de águaestagnadas, bebedouros e cochos. A vacinação é ométodo mais eficiente de controle da doença edeve ser feita com vacinas polivalentes.

Leptospirose bovina

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