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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
O PAPEL DA SUPERVISÃO FRENTE A QUESTÃO
DISCIPLINAR
Wagner Rodrigues Alves
ORIENTADOR: Prof. Maria Esther de Araújo
Rio de Janeiro 2017
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Wagner Rodrigues Alves
O PAPEL DA SUPERVISÃO FRENTE A QUESTÃO
DISCIPLINAR
Rio de Janeiro 2017
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, a minha família, minha
namorada e a todos, que de alguma forma
tiveram compreensão e paciência comigo nesta
caminhada. Onde as ausências foram muitas em
prol da conquista deste objetivo.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a meu Pai e minha Avó. Que
tenho certeza que, dos céus, torceram por mim e
me iluminaram neste caminho.
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RESUMO
A sociedade atual está inserida em um mundo onde os conflitos
culturais se maximizaram em virtude dos avanços tecnológicos. Que
encurtaram distâncias, possibilitam a disseminação de informações de todo o
tipo. Porém, ampliaram o individualismo, a xenofobia, o racismo e outros
sentimentos mesquinhos. Criando uma sociedade global conflituosa e
excludente. Onde a violência e a sensação de impunidade são constantes, no
cotidiano dos indivíduos e na mídia.
Partindo do ponto de vista que a escola é um reflexo de sua
sociedade. Muitos destes conflitos influenciam o cotidiano das instituições.
Gerando conflitos que se externam na indisciplina e violência tão presentes nas
comunidades escolares atuais.
Tomando por base estas questões, a presente pesquisa busca
analisar a violência e indisciplina nas escolas. Elucidando o papel do supervisor
no complexo caminho, primeiramente no entendimento dos problemas.
Passando posteriormente a análise dos caminhos para sua prevenção e
finalmente, a solução de possíveis conflitos que possam ocorrer. Apesar da
adoção desta postura preventiva.
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METODOLOGIA
Para realização deste estudo sobre a violência e indisciplina nas
escolas e o papel da supervisão frente a resolução e prevenção destes
acontecimentos. Este trabalho será pautado na pesquisa e análise de ampla e
atual bibliografia de diversos autores. Reportagens de periódicos e revistas que
abordem o tema, além de pesquisas já realizadas, por diversos estudiosos da
pedagogia, psicologia e áreas afim. Tendo em vista que estes problemas estão
intimamente ligados a questões culturais e psicológicas muito amplas e
complexas. Necessitando de uma analise multidisciplinar.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A Violência e a Indisciplina no Âmbito Escolar 09
CAPÍTULO II
As Causas da Violência e Indisciplinas nas Escolas 16
CAPÍTULO III
A Ação Supervisora Frente a Indisciplina e Violência nas Escolas 25
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
ÍNDICE 42
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INTRODUÇÃO
A questão da disciplina e da violência no ambiente escolar se
tornaram uma questão vital, para as instituições de ensino na atualidade.
Sendo notório, em variadas situações, o despreparo tanto de gestores, quanto
professores e funcionários para a identificação, classificação e trato dessas
questões, tão presentes na atualidade.
Sendo assim, esta pesquisa busca fazer uma reflexão frente a
questão disciplinar e a violência nas instituições de ensino, realizando em um
primeiro momento a definição do conceito de violência e indisciplina, suas
convergências e diferenças, no tocante a sua estrutura e forma, partindo à
seguir, para identificação de suas causas, para só então propor caminhos para
o seu equacionamento.
Este intento será logrado por intermédio de uma pesquisa
bibliográfica ampla nas publicações de autores da atualidade, reportagens de
periódicos e revistas que abordem o tema e pesquisas já realizadas por
diversos estudiosos da pedagogia, psicologia e áreas afim, pois a tratativa
dessas questões tão amplas e complexas requer a opinião dos mais variados
profissionais.
Este trabalho não tem a audácia de findar a discussão sobre esta
temática, tendo em vista que são questões novas e que variam de acordo com
a sociedade em que se inserem e até mesmo de uma instituição de ensino
para outra, dentro de uma mesma comunidade, mas pretende ampliar os
alicerces para gestores, professores e demais profissionais da área de
educação abordarem estes problemas e resolvê-los adaptando as orientações
propostas a seu universo institucional.
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CAPÍTULO I
A VIOLÊNCIA E A INDISCIPLINA NO ÂMBITO ESCOLAR
Para viabilizar o estudo das questões, faz-se necessário definir o
conceito de violência e indisciplina, pois apenas o amplo conhecimento do
problema possibilita seu entendimento e solução.
Nesta primeira etapa do trabalho será definido o conceito de
violência e indisciplina e como elas se apresentam na comunidade escolar.
1.1. A Violência na Escola
O conceito de violência é muito bem definido, resumidamente, pela
socióloga Léa Mougeolle, em um de seus artigos:
A violência se define como uma ação que gera, de maneira intencional, dano, ou intimidação moral, a outro indivíduo ou ser vivo. A violência pode implicar em um trauma, dano psicológico, ou também em uma morte. Então, ela tem consequências relativamente diversas, mas todas incidem em traumas. Existem diferentes tipos: a violência entre pessoas, a violência de Estado, a violência criminal, a política, a econômica, a natural ou também a simbólica. (MOUGEOLLE, Léa. 2014.)
É possível perceber que o conceito sociológico de violência é bem
amplo, sendo possível encontrar no espaço escolar grande parte ou todos
esses tipos de violência, atingindo ou influenciando o meio.
Na sociedade brasileira o termo violência tem um sentido ainda mais
amplo e bem estruturado, ligando-se a diversas questões, como o tráfico de
drogas, a corrupção na esfera pública e privada, os assédios (sexual e moral),
o bullying, o estupro, arrastões, homofobia, entre outros tipos.
A violência nada mais é do que a agressividade humana
exacerbada, e desprovida do filtro moral de nossos dogmas sociais, tendo em
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vista que os indivíduos são competitivos e presam por satisfazer seus egos e
desejos.
A violência que presenciamos no universo escolar é um reflexo dos
conflitos que ocorrem nas ruas todos os dias, tendo em vista a degradação dos
valores éticos e morais da sociedade atual.
Imagine uma instituição que está inserida dentro de uma
comunidade carente, com a presença de problemas sociais, como a ausência
de ações do poder público no que tange ao saneamento básico, ações culturais
e de lazer, o tráfico de drogas permeado de constantes invasões e lutas entre
facções rivais e das mesmas contra a polícia, ou até mesmo a ação truculenta
de alguns policiais despreparados para abordar esses cidadãos que ali
habitam, entre outros problemas de segurança pública ao seu redor.
Direta ou indiretamente, todos esses problemas passam a ser um
problema da escola, pois se a escola é a reprodução de seu meio social, ela
será afetada, seja tendo que fechar suas portas tendo em vista os conflitos que
estejam ocorrendo e que coloquem a integridade física de seus alunos em
risco, obrigando o seu fechamento, seja tendo que lidar com estes problemas
externos infiltrando-se no ambiente escolar, como a presença de traficantes
dentro das unidades escolares e a presença até mesmo de armas e drogas em
seu interior.
1.2. A Indisciplina
Tida como o grande mal do século XX, a indisciplina foi muitas
vezes, erroneamente, confundida com um distúrbio psicológico-
comportamental denominado hiperatividade. Sendo comum nesse período
crianças que por algum motivo não detectado, eram deveras indisciplinadas ou
até mesmo violentas em demasia como “hiperativas”, por seus professores,
sendo as mesmas, muitas vezes, encaminhadas a psicólogos, por suas
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escolas, tendo em vista o despreparo dos professores e corpo gestor da
escola, para resolução dos problemas disciplinares daquele aluno.
Mas será que todo hiperativo é violento ou indisciplinado?
O psicólogo César A. S. Borella, em sua página na internet, define
de forma bem elucidativa o que é hiperatividade:
A Hiperatividade ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é caracterizada por um comportamento agitado, desatento e impulsivo, tais características são maiores e mais intensas do que o observado em outras pessoas do mesmo gênero e faixa etária. Crianças hiperativas não conseguem ficar paradas ou prestar atenção em qualquer coisa por mais de alguns instantes. Além disso, elas não se concentram em jogos, brinquedos, brincadeiras ou qualquer tipo de atividade. Em geral o hiperativo não possui um bom desempenho na escola, tendem a ter problemas com a leitura e outras tarefas acadêmicas. Frequentemente esse transtorno é acompanhado de outros atrasos no desenvolvimento como dificuldade na fala e falta de habilidade (dispraxia) (BORELLA, César Augusto S. 2013.)
Fazendo uma leitura atenta das características dos indivíduos
hiperativos, é possível perceber o porquê da rotulação de crianças
indisciplinadas como hiperativas, pois o hiperativo apresenta grande parte, ou
todas as características comportamentais indesejáveis em ambiente escolar,
como a agitação e falta de atenção, comum a esses indivíduos.
Nelson Pedro-Silva alerta, em seu livro Ética, Indisciplina & Violência
nas Escolas, que ao tacharmos uma criança como hiperativa, podemos estar
deixando de observar questões importantes do processo de ensino em
aprendizagem, como a interação aluno/professor, aluno/colegas; o estágio de
desenvolvimento intelectual e moral; a infraestrutura da instituição e
circunstâncias inerentes a vida social desses alunos, como conflitos familiares,
violência doméstica, entre outros.
Ao Contrário do discurso supostamente médico, a hiperatividade é muito mais um rótulo do que uma doença. A médica Sucupira (1986), ao realizar retrospectiva sobre os estudos acerca da hiperatividade, não encontrou evidências científicas que sustentassem a existência dessa doença. Isso não significa dizer que inexistem casos de crianças e adolescentes excessivamente ativos, provavelmente
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influenciados por alguma disfunção ou mesmo lesão cerebral mínima. Contudo, até o momento, se desconhecem estudos científicos que sustentem a tese da relação entre indisciplina, violência escolar e problemas neurológicos. (PEDRO-SILVA, Nelson. 2014. Pp. 114-115)
Esclarecida a diferença entre hiperatividade e indisciplina, é possível
definir indisciplina com maior assertividade.
Silvia Parrat-Dayan, na obra “Como Enfrentar a Indisciplina na
Escola”, atenta que o conceito de indisciplina, como criação cultural, não é
universal, pois se relaciona com uma série de fatores variáveis. Sendo assim é
possível que para alguns profissionais a manutenção do silêncio é uma
demonstração clara de disciplina, enquanto para outros o aluno indisciplinado
será o aluno questionador do motivo da adoção de determinadas regras e para
outro grupo a indisciplina seria uma forma de construir o conhecimento, sendo
boa a sua existência.
Fica assim claro que a indisciplina também é fruto de uma
reprodução alternativa, do contexto social, político e econômico de determinado
grupo de convívio. Sendo as suas causas, que serão estudas mais a frente,
diferentes em cada contexto.
Silvia ainda elabora uma divisão que pode ser muito útil para o
entendimento mais didático da questão da indisciplina. Ela agrupa os atos de
indisciplina em três tipos:
Atos de indisciplina que buscam a fuga do trabalho escolar
entediante, pouco interessante ou demasiadamente complexo.
Atos de indisciplina que visam a obstrução do trabalho do professor
no desenvolvimento do curso.
Atos de indisciplina que protestam contra as regras e forma de
trabalho definidas, visando sua renegociação, levando a opinião dos alunos em
conta.
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1.3. Violência e Indisciplina – Intercessões e diferenças
Definidos o conceito de violência e indisciplina, chega o momento de
realizar a diferenciação e a interligação entre esses dois fenômenos sociais, na
escola.
Primeiramente é necessário deixar claro que a violência é um
problema de responsabilidade da polícia e demais órgãos responsáveis pela
supressão e julgamento de tais questões, às vistas das normas legislativas e a
indisciplina é um problema de ordem especificamente escolar e lá deve ser
resolvida.
É necessária grande cautela ao abordarmos a questão da violência
dentro das instituições de ensino, pois a definição deste fenômeno ainda está
em construção, não havendo estudos que apontem em definitivo suas
caraterísticas básicas, o que acaba por confundir violência com indisciplina.
Neste sentido é interessante analisarmos as considerações das
pesquisadoras Natália Branco Lopes e Adreana Dulcina Platt, bolsistas pela
CNPQ, da Universidade Estadual de Londrina, que em seu artigo “Violência e
Indisciplina na Escola: Um Cotejo Necessário”, constataram após o envio de
um questionário a um grupo de professores do Paraná, que por diversas vezes
estes profissionais, por possuírem dificuldades no trato da indisciplina, ou até
mesmo pelo desconhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, de
forma mais ampla e concreta, recorriam a patrulha escolar comunitária para
equacionar problemas disciplinares mais complexos, porém nem perto de
serem casos de violência.
Ainda nesse estudo, as autoras constatam que tal atitude acabava
por não resolver a questão e o aluno indisciplinado, por vezes se vangloriava
ao voltar de uma conversa com os policiais.
“Tive raras experiências com a ação da patrulha escolar junto a alunos meus. Então, não tenho muito embasamento para fornecer a resposta. Nos poucos casos que eu precisei, os
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policiais fizeram o que puderam, mas os alunos não mudaram nada. Na verdade, eles retornaram para a sala de aula contando vantagens, como se tivessem encarado os policiais de homem para homem” (Professora 2) (apud LOPES e PLATT, 2010.)
Dirimida esta concepção equivocada, a violência escolar se constitui
em fenômenos de grande heterogenia e que tem fundamentação nos conflitos
sócio-políticos da sociedade, na utilização de práticas profissionais
inadequadas, por parte dos professores e colaboradores das instituições de
ensino.
Sendo assim, atitudes de indisciplina podem se tornar ou não casos
de violência, dependendo se suas ações e consequências. Diferindo uma da
outra apenas pelas consequências que gerem.
Atrasos, conversa durante a aula, agitação exacerbada, não podem
ser tratados como violência, pois não infringem nenhuma legislação. Apenas
não condizem com o ambiente escolar. Enquanto a agressão física, que causa
lesões podendo ocasionar risco a integridade física do aluno, de forma severa,
exigindo internação ou causando sua morte, já permeiam o âmbito da violência.
Uma agressão física menos severa, que não gere grandes danos ou
ponha em risco a vida, já é um problema advindo da questão disciplinar não
tratada devidamente e deve ser abordada como um problema da escola.
Fica claro que esta linha de diferenciação é muito tênue, mas os
profissionais da área de educação devem buscar estar aptos a resolver e o
corpo gestor das instituições pronto para fornecer, o suporte a estes
profissionais na solução destas questões.
O cuidado que todos os profissionais devem ter nesta diferenciação
deve ser muito grande, pois conforme diz Silvia Parrat-Dayan:
... confiar à escola a função de manter a coesão social que o Estado não consegue obter é condenar a escola ao fracasso e alimentar os discursos oficiais sobre a sua incapacidade perante os desafios que lhe são apresentados. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 25)
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Claro que os conflitos socioeconômicos extramuros influenciam o
ambiente escolar, mas não se deve esquecer que a função primordial da
escola é construir o conhecimento científico do aluno e ajuda-lo a ter uma visão
crítica do mundo, porém não podemos ser hipócritas em considerar que a
escola, isoladamente, poderá resolver os conflitos socioeconômicos atuais.
Isso é uma problemática que a sociedade deverá resolver.
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CAPÍTULO II
AS CAUSAS DA VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA NAS
ESCOLAS
Delimitada a definição dos termos disciplina e violência nas escolas
é necessário entender as causas que levam tanto a indisciplina quanto a
violência. Já que o entendimento as causas, torna mais eficaz a busca pela
abordagem do problema e obtenção de possíveis soluções, para esta questão
tão em voga nas comunidades escolares contemporâneas.
Partindo deste intuito e entendendo que, em alguns casos, esses
dois fenômenos se interligam. Serão elucidadas as possíveis causas,
primeiramente da indisciplina e a posteriori da violência. Tendo em vista que a
primeira é inerente do ambiente escolar e seu tratamento é responsabilidade
exclusiva da escola e dos pais, enquanto a última advém, de forma majoritária,
das influências sociais, políticas e econômicas da sociedade atual. Requerendo
uma abordagem jurídica.
2.1. Causas da Indisciplina escolar
O ser humano é um ser social e racional. A racionalidade é a
característica que diferencia os humanos dos demais grupos de animais.
Assim, cada grupo social tem suas normas de conduta e dogmas a serem
respeitados, visando uma convivência mais harmoniosa entre os indivíduos.
Sendo a escola fruto de sua sociedade. Ela reproduz as normas de
conduta do grupo social em que se insere, possuindo uma clara definição da
conduta desejável a um indivíduo, que nela conviva. Sendo qualquer ação que
despreze esta conduta desejável chamada de indisciplina. Como bem
definimos anteriormente.
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2.1.1. Fatores Externos
A massificação da escolaridade, na contemporaneidade, acaba por
unir grupos sociais com regras e dogmas distintos, dentro de uma mesma
instituição de ensino. Sendo o convívio entre essas diferentes concepções
sociais gerador de atritos entre os indivíduos que compões este complexo meio
social.
As diferenças entre os valores da sociedade neoliberal e de consumo (a resolução imediata, o prazer, o zapping, a competição, etc.) e os valores que a escola considera importantes (esforço, abnegação, prazer diferido etc.) implicam contradições que podem levar à indisciplina. Enfim, a falta de referências numa sociedade individualista, a perda do sentido de regra e a perda do sentido da obrigação são fatores que podem explicar a indisciplina. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 56)
Outro fator fomentador da indisciplina na escola, ainda no contexto
social, pode a família. Célula social primordial desses indivíduos, onde são
criados os primeiros vínculos afetivos. Local das primeiras descobertas e onde
a criança tem o contato primaz com os sentimentos de amor e ódio. Local onde
esses jovens indivíduos aprendem os primeiros dogmas sociais. Fato que
ocorre desde a gênese da sociedade, como podemos ver à seguir:
Os pais romanos eram considerados extremamente permissivos na criação de seus filhos, de acordo com os padrões não Romanos. O rigor e as dificuldades na existência dos Romanos tornavam a criança forte, a mesma, possuía um lugar especial no seio da família, adorada e guardada por seus pais. E era de responsabilidade de todos os membros da família ajudar a cuidar da criança, a qual aprendia e realizava as habilidades de seus pais, primeiro como um processo de imitação e finalmente ajudando os seus pais no que for preciso. (SAMPAIO, Ângela Oliveira e VENTURINI, Renata Lopes Biazotto. 2008. p.04)
Uma família onde ocorra grande permissividade, por parte dos pais,
ou ausência de regras. Gerará um indivíduo que não terá respeito por qualquer
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normatização. Sendo muito provável que este indivíduo tenha atitudes tidas
como indisciplinadas.
Oposto a isso. Uma família que exacerbe nas regras e no rigor de
seu cumprimento, também pode gerar um indivíduo frustrado, por não ter vez e
voz. Que pode acabar sendo indisciplinado no ambiente escolar, como forma
de protesta contra esses dogmas.
Uma célula familiar, onde a agressividade seja uma marca, pode
acabar, na maioria das vezes, um indivíduo agressivo. Que preconize a
agressão e a violência para dirimir os problemas que surjam em sua vida. O
que acaba sendo refletido em seu comportamento na escola. Que também será
tido como indisciplinado e indesejável.
Outro fator que pode ser motivo de um aluno ser tido como
indisciplinado é a ausência de afeto, seja entre os cônjuges ou entre eles e
seus filhos. Tendo em vista que esta problemática deixa o ambiente familiar
inseguro ou muitas vezes conflituoso. Influindo drasticamente no
comportamento deste aluno no trato com o próximo.
Por último, porém não menos importante. Uma desestruturação
familiar. Que gere questionamento do papel da família, pela ausência de um
dos pais ou falta de atenção. Pode tornar a criança indisciplinada na escola.
Os meios de comunicação também contribuem amplamente para a
existência da indisciplina. Ao evidenciar indivíduos e instituições que se
destacam, porém não tem o mínimo apreço pelas regras existentes. O que é
prejudicial, pois devido a sua massificação, as crianças acabam tendo suas
mentes dominadas por este universo audiovisual. Gerando dicotomia entre a
escola, TV, internet e celulares.
As facilidades apresentadas pelo mundo audiovisual, onde tudo é
fácil, imediato e voltado para o consumismo, lançam para segundo plano a
escola, que exige esforço e dedicação constante. Isso acaba por explicar o
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desinteresse das crianças para com a mesma. O que é considerado como uma
atitude indisciplinada pelas instituições de ensino.
2.1.2. Fatores Internos
Além dos fatores exógenos, temos fatores inerentes ao ambiente
escolar que perpassam a relação professor/aluno; o perfil dos discentes e a
sua capacidade adaptativa a estrutura das instituições de ensino; a ausência
de motivação; a inexistência de normas que viabilizem o diálogo; o desrespeito
ao ritmo biológico do alunado e a ausência de autoridade de professores,
colaboradores e, em casos extremos, dos próprios gestores das instituições.
Não podemos deixar de mencionar, que a mudança da estrutura das
escolas, que mudou de uma posição extremamente repressiva, em alguns
momentos violenta (aplicação de castigos físicos como a palmatória) e
vexatória (utilização do chapéu de burro, por alunos que não atendiam as
expetativas), para instituições plurais. Responsáveis por formar alunos e não
máquinas ou fantoches e respeitando os direitos dos indivíduos. Também
contribuiu para a ampliação dos problemas disciplinares nas instituições, já que
essa mudança de paradigma deu vez e voz aos discentes. Obrigando as
instituições a buscar novos caminhos para o entendimento e o bom convívio
em seu âmago.
Alexandra Draxler, especialista da UNESCO na área de educação, vê a indisciplina como contrapartida do enorme avanço dos direitos dos indivíduos, da democratização generalizada da vida pública nos últimos trinta anos. Antes, os alunos violentos ficavam na rua ou eram expulsos, e nas salas de aula reinava uma paz olímpica, porque a repressão era tão severa que os alunos não se atreviam a transgredir as normas. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 58)
Vale ressaltar que esta mudança é muito bem-vinda e não deve ser
criticada. Porém é necessário ter em vista que isso contribuiu muito para a
ocorrência de conflitos que não existiam anteriormente. Gerando um universo
totalmente novo, ao qual as escolas buscaram e continuam buscando se
adaptar.
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Ainda no campo dos fatores endógenos. Um fator que atrapalha o
ambiente institucional e consequentemente, a tratativa da indisciplina, é a
existência de conflitos na relação entre o corpo docente. Seja na existência de
grupos que rivalizem ou na falta de consenso quanto ao estilo de ensino e
normas de convivência. Até mesmo a existência de professores que se sintam
prejudicados pela equipe de direção ou colegas hierarquicamente superiores.
Ou pelo não envolvimento da equipe de orientação no projeto educativo da
escola.
Esses fatores acabam por aumentar o nível de stress da equipe
docente. Podendo influenciar os alunos e gerar um clima de animosidade que
cisalhe o corpo discente. Gerando a indesejada atitude indisciplinada por parte
deles.
A coesão interna do conjunto de professores, sua vinculação pessoal e o respeito profissional são aspectos primordiais para uma tarefa educadora. (FERNÁNDEZ, Isabel. 2005. p. 38)
A relação Professor Aluno é outro fator que pode ser causa da
indisciplina, quando é permeada pelos seguintes fatores:
• Pouca motivação ou interesse pelo aprendizado ou pela área
lecionada, por parte do aluno;
• Baixa autoestima, aliada a pouca motivação do aluno;
• Alunos contestadores, que fazem interrupções seguidas.
Prejudicando o aprendizado dos demais;
• Ausência de comunicação sobre os assuntos pessoais do
aluno;
• Professores considerando-se poderosos frente aos alunos;
• Falta de atração, por parte do professor, aos conteúdos e
métodos aplicados;
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• Ausência de sensibilidade e respeito a estrutura de
relacionamento do cormo discente, com pouca inclusão de
sentimentos ao currículo;
• Dificuldade no controle dos grupos, seja no campo da
comunicação ou da autoridade.
No campo de relacionamento entre os discentes, a existência de
grupos dominantes e herméticos. Aliada a ausência de respeito e solidariedade
entre os pares; as agressões ocorridas constantemente e a dificuldade de
integração (social ou étnica). São outros importantes fatores, que geram a
indisciplina nas escolas.
2.2. Causas da Violência no ambiente escolar.
Elencar as causas da violência, seja ela no ambiente escolar ou na
sociedade, é uma tarefa hercúlea, praticamente impossível. Tendo em vista
que essa problemática perpassa pela cultura, economia, política e sociedade.
Sendo assim, o intuito dessa pesquisa é enumerar as principais causas deste
fenômeno.
Para analisarmos as causas da violência na escola, devemos
primeiramente colocar em voga as causas da violência na sociedade como um
todo. Sendo essas as mais diversas e de complexa (muitas vezes distante)
resolução.
A história brasileira está marcada pela presença da violência. Sendo
o primeiro registro de violência a questão da escravidão (seja dos índios ou de
africanos). Que foi o alicerce da política mercantilista e gera tensões até os
dias atuais.
Depois podemos citar a opressão realizada pelas oligarquias e o
coronelismo sobre a sociedade e a implementação da ditadura militar. Esta
última, atingindo em cheio os direitos civis, a cultura e a educação. Marcas que
estão no subconsciente da população.
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Orson Camargo, mestre em sociologia pela Universidade Estadual
de Campinas. Definiu de forma muito eficaz, alguns fatores que podem ser
tidos como integrantes da gênese da violência em nossa sociedade:
Diversos fatores colaboram para aumentar a violência, tais como a urbanização acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim contribui para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Colaboram também para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho. (CAMARGO, Orson. 2014.)
A questão da corrupção, em todos os níveis, é uma forma de
violência. Seja ela cometida por políticos, policiais, servidores públicos ou
funcionários de empresas privas.
A associação dos casos de violência as questões sociais (miséria,
fome e desemprego) é bem comum, mas não é o único viés possível. A
ausência de políticas públicas para o enfrentamento desses problemas, e da
própria violência, também deve ser considerada como sua causa.
Outro fator que contribui para perenidade da violência, em nossa
sociedade é a quentão da sua banalização na sociedade brasileira.
Especialmente no Rio de Janeiro, onde isso é perceptível, tendo em vista que
poucos casos violentos são tidos como espantosos. Basta assistirmos os
telejornais diários que isso se evidencia.
Como já foi dito, o ambiente escolar tende a espelhar o ambiente
social. Sendo assim, várias causas da violência são comuns a sociedade e ao
ambiente escolar.
“O ambiente escolar reflete, de certa forma, o ambiente social, e a violência escolar se manifesta das mais diversas formas, tais como agressões (física, psicológica e sexual); ameaças de grupos e de gangues; ataques contra o patrimônio público e privado, destacando-se as pichações, as bombas, os arrombamentos e as depredações; os furtos e roubos contra o patrimônio alheio; uso e tráfico de drogas, entre outras. (NUNES, Antonio Ozório. 2016. p. 20)
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Este espelhamento também se dá quando a criança, tendo em vista
a banalização da violência na sociedade e meios de comunicação, reproduz
atitudes violentas. Tendo em vista que ela visualiza que não ocorre punição
aos agentes agressores, pela TV, seja em jornais, novelas ou filmes.
2.2.1. A questão do Bullying.
Tendo em vista a atualidade da temática e o grande número de
casos registrados, a questão do Bullying não pode deixar de ser mencionada.
Pois esta prática a maior atitude de violência no âmbito escolar atual. Se
desdobrando para o universo digital como o Cyberbullying.
Este fenômeno, segundo Antonio Ozório Nunes, pode ser
expressado pela seguinte lista de palavras e termos:
... agredir, ameaçar, apelidar, bater, agarrar, beijar a força, brigar na escola, praticar racismo, dar em cima do namorado do outro como forma de agredir, desrespeitar, difamar (falar mal da vítima, escrever fofocas, espalhar boatos), molestar e difamar pela internet (cyberbulying), discriminar, empurrar, esnobar, excluir, magoar emocionalmente, ferir fisicamente, furtar, gozar, humilhar, implicar, isolar (não querer ficar perto da vítima, evitar fazer trabalho em grupo com a vítima, não querer falar com a vítima, rejeitar a vítima, nos permitir que a vítima faça ou tenha amizades), magoar, maltratar, manifestar preconceito, ofender, oprimir, perseguir, quebrar pertences, rir, sacanear, xingar, zombar ou caçoar, entre outras. (NUNES, Antonio Ozório. 2016. p. 26)
Ainda na concepção de Antonio Ozório, os indivíduos inseridos no
universo desta prática podem ser classificados como alvos (sofrem a ação o
bullying), Alvos/Autores (tanto sofrem quanto praticam o bullying) e autores
(apenas praticam o bullying).
Para identificar que um indivíduo está sofrendo bullying, é
necessário estar atento a reações bem comuns a suas vítimas. Uma delas é a
apresentação de vários motivos para não ir a aula. Somada a constantes
solicitações para ser mudado de turma ou até mesmo escola. Culminando com
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o desinteresse pelos estudos, a apresentação de uma fisionomia bem sisuda,
depressão e dificuldade de se relacionar com colegas.
Tanto vítimas quanto autores têm suas vidas influenciadas por essas
ocorrências no decorrer de toda a sua vida. Sendo um exemplo contumaz e
símbolo da resposta extrema e este tipo de agressão, a tragédia ocorrida na
cidade de Columbine. Quando dois alunos, munidos de armas de grosso
calibre e farta munição abriram fogo contra os estudantes de sua escola
(Columbine High School), após terem sido vítimas de bullying por algum tempo.
No que consiste as causas da ocorrência desse fenômeno,
enumeram-se alguns fatores. Como o grande número de alunos em sala de
aula; a ineficiência ou despreparo das escolas para lidar com os problemas das
famílias dos alunos; inabilidade dos professores para educar sem utilizar a
força e a agressividade; a inexistência de uma estrutura física adequada; além
da ausência de espaços para os discentes expressarem emoções e
dificuldades.
De posse dessas informações, já está preparado o ambiente para a
abordagem das soluções possíveis para todas as problemáticas apresentadas.
O que será feito na próxima etapa dessa pesquisa.
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CAPÍTULO III
A AÇÃO SUPERVISORA FRENTE A INDISCIPLINA E
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
De posse de todas as informações apresentadas até aqui. Chega o
momento de se pensar o papel da equipe gestora, mais especificamente dos
supervisores, diante da desafiante questão da indisciplina e violência no
ambiente escolar.
Nesta etapa da pesquisa será definido o papel do supervisor frente a
estas questões. Além de serem elencadas algumas técnicas para sua
abordagem.
3.1. O Papel do Supervisor Frente a Violência e Indisciplina nas
Escolas
Tendo em vista que, na atualidade, a ação supervisora se afastou do
estigma de mero controle do trabalho discente. Passando a ter como função
primaz o desenvolvimento de ações pautadas na análise do processo
pedagógico. Sendo o professor o seu foco principal, no tocante ao
fornecimento de subsídios ao processo de ensino-aprendizagem e ao
estabelecimento de um ambiente escolar propício a esta ação. O supervisor
escolar, bem como a equipe gestora, devem debater e refletir sobre o processo
de ensino-aprendizagem. Inserindo nesse contexto a questão disciplinar e da
violência. Visto que estes fatores acabam por influenciar esse processo.
Dessa forma, cabe ao supervisor escolar analisar, em ação conjunta com os professores, as contradições existentes entre o fazer pedagógico e a proposta pedagógica da escola. Também é necessário que o mesmo demonstre, fundamentado cientificamente, que quando se trata de indisciplina na escola as ações voltadas para a prevenção desta são mais eficazes do que medidas baseadas em mecanismos de intervenção, ou seja, é fundamental que se avance para uma mentalidade preventiva quando o assunto é indisciplina escolar, encarando esse fenômeno como previsível e deixando de vê-lo apenas no
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nível de intervenção. (GOLBA, Mônica Aparecida de Macedo e OLIVEIRA, Rosimary Lima Guilherme de. 2006. p.05)
Além disso, a ação supervisora, frente a questão da indisciplina e
violência nas escolas, deve estar voltada para a viabilização do alinhamento
entre as mesmas, o projeto político pedagógico e ao regimento institucional.
Sempre ponderando que ambos devem ser fruto de uma reflexão conjunta de
toda a comunidade escolar. O primeiro pautando os caminhos a serem
traçados pela instituição para realização do processo ensino-aprendizagem e o
último as diretrizes normativas, para o convívio na sociedade escolar.
Auxiliando no alcance dos objetivos e manutenção da organização institucional.
A observância de uma gestão participativa, principalmente no
tocante a elaboração do projeto político pedagógico e do regimento
institucional, propiciam a geração de um sentimento de pertencimento ao
grupo. Sendo esta sensação, de pertencimento e participação na construção
das normativas institucionais, muito benéfica ao ambiente escolar. Propiciando
a prevenção da indisciplina e violência. Criando um ambiente de convivência
muito mais sadio, pois o que pertence a todos, por todos é fiscalizado e
cumprido.
Portanto, quando o assunto é gestão não há receitas prontas, nem sequer a figura dos gestores “salvadores da Pátria”. Os problemas que permeiam a realidade educacional de agora, inclusive a violência escolar, requerem a busca por um trabalho coletivo, uma postura de corresponsabilidade, de construção do todo, numa perspectiva de união e de solidariedade, educação para o exercício da cidadania, baseada no diálogo. (CARREIRA, Débora Bianca Xavier. 2014. p. 18)
A adoção desta postura não garante a inexistência de divergências
ou indisciplina. Porém viabiliza a administração das dicotomias, visando a
obtenção de harmonia consensual. Ficando claro que o gestor deve tonar-se
um mediador dos conflitos, sejam eles sociais, culturais, disciplinares ou até
mesmo de violência.
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3.2. Como Prevenir e Debelar a Indisciplina e Violência nas
Escolas?
Diversos pesquisadores consideram que a indisciplina e a violência
nas escolas devem ser tratadas, primeiramente de forma preventiva e por
último pela tomada de ações corretivas. Pois a prevenção é muito mais eficaz
que a ação corretiva, nesses casos.
Sendo assim faz-se necessário esmiuçar as formas de prevenção e
de equacionamento dessas questões. Sem ter a presunção de esgotar esta
questão, pois trata-se de questão ampla, complexa e diversificada.
3.2.1. A Prevenção.
A prevenção e a abordagem corretiva da indisciplina e violência na
escola, perpassam a questão do tipo de liderança existente. Tendo em vista os
estudos de Silvia Parrat-Dayan existem três modelos de liderança. Cada um
com especificidades e que são mais ou menos propícios ao surgimento da
indisciplina e violência.
O primeiro deles seria o líder autoritário, que tem por característica a
adoção de uma posição centralizadora. Toda e qualquer decisão passa por seu
crivo. Nada é decidido sem a sua atuação. Nenhuma voz é ouvida, além da
dele.
Líderes deste tipo acabam gerando uma grande insatisfação e
conflitos em todos os níveis. Não existindo a colaboração. Sendo os
funcionários meros vassalos que devem atender a suas determinações e
caprichos. Sendo estimadas a disciplina, a obediência cega e a eficiência.
O segundo modelo de liderança, caracterizado pela autora é o líder
democrático. Que pauta suas ações na valorização do grupo, diante do poder
de decisão. Sua função no contexto é mediar as discussões do grupo visando o
alcance dos objetivos traçados. Sendo os problemas resolvidos por todo o
grupo.
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Nesta concepção o líder é o propositor de ações resolutivas. Sendo
estas analisadas pelo grupo e a melhor delas escolhida por todos, para dirimir
o problema. Sendo a afirmação dessa liderança fundada em sua expertise e
carisma. E a coerção tida como última das ferramentas para a resolução dos
problemas.
O último tipo de líder definido pela autora é o laissez faire, que
dissemina todas as funções do líder entre os componentes do grupo, ficando
em posição apática e inerte perante as decisões.
Os estudantes que trabalham com um líder laissez faire experimentam mais estresse, produzem pouco e desenvolvem sentimentos de decepção e frustração. Os alunos de líder autocrático produzem quantitativamente mais, mas o líder democrático tem uma produção qualitativamente superior. A diferença entre o grupo dirigido por um ou por outro desses dois últimos não é, portanto, a produtividade, e sim a qualidade – mais originalidade e espírito crítico – e também mais respeito nas relações interpessoais do líder com os alunos e destes entre si. No grupo autocrático as relações caracterizam-se pela hostilidade, competitividade e alta dependência; e no democrático, pela abertura, cooperação, comunicação amistosa e independência. Também é maior a motivação. A liderança mais satisfatória é, então, a democrática. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 71)
Partindo dessa análise, fica perceptível que a adoção de uma gestão
democrática pode contribuir, muito positivamente, para a prevenção da
indisciplina e violência nas escolas. Sendo o diálogo uma das melhores
ferramentas para a implementação deste modelo de gestão.
Outro ponto importante para a prevenção e solução do problema da
indisciplina, segundo o psicólogo Nelson Pedro-Silva, seria a substituição da
cultura da culpa pela da responsabilidade. Onde cada um deve assumir suas
responsabilidades, tanto na culpa, quanto na busca de ações preventivas ou
corretivas da indisciplina e violência na escola.
Ainda segundo o psicólogo, a tática utilizada por muitos, na
atualidade, é errônea, pois busca sempre culpar algo ou alguém pelo problema.
Sem esgotar a análise de todo o arcabouço que pode ser originário da
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indisciplina e violência nas escolas. Sendo o principal réu, nesses casos, a
família do educando.
Em resumo, não adianta ficar culpando a família pelas condutas indisciplinadas dos alunos. Até onde sei, isto não ajudará em nada a resolver o problema, se é que ele pode ser concebido dessa forma. Ao agir assim, se está sendo ainda mais perverso com as famílias, que já sofrem todo tipo de acusação pelas mazelas sociais. Estaremos com tal atitude, além do mais, fugindo de nossas responsabilidades: afinal, assim como os pais, também somos educadores. (PEDRO-SILVA, Nelson. 2014. p. 161)
Silvia Parrat-Dayan e Nelson Pedro-Silva, são uníssonos em afirmar
que os professores e colaboradores devem ser capacitados para lidar com os
problemas disciplinares nas escolas. Seja no âmbito psicológico ou
pedagógico. Sendo o supervisor um dos principais responsáveis por fomentar
tais capacitações e fornecer este conhecimento. Visto que na atualidade esta é
uma de suas funções primazes.
Nestas capacitações a participação de especialistas, como
psicólogos, é de fundamental importância. Pois estes profissionais podem
apresentar estudos de caso, dinâmicas e oficinas. Com alunos e professores,
em conjunto ou em separado. Abordando casos e questões que permeiam o
ambiente institucional e assim conseguindo entende-lo. Auxiliando no processo
preventivo.
A participação de toda a comunidade escolar na elaboração do
projeto político pedagógico e do regimento institucional também é
importantíssima. Tendo em vista que o primeiro é a alma da instituição e
aponta os rumos a serem seguidos e o segundo define as normas a serem
seguidas em prol da chegada a esses objetivos.
Sendo assim, as regras, direitos e obrigações devem ser
amplamente discutidas com toda a comunidade escolar e estarem pautadas no
projeto político pedagógico. Podendo figurar como tema transversal as
disciplinas e ações pedagógicas. Visto que a presença desta participação
30
demonstra respeito as características individuais e opiniões de cada indivíduo.
Facilitando a implementação e cumprimento dos acordos firmados e reduzindo
de forma drástica a indisciplina e a violência.
Vale ressaltar que estas regras devem ter aplicação a toda a
comunidade escolar. Do diretor ao faxineiro, todos devem ter consciência,
participação e responsabilidade pela manutenção dos acordos firmados. Pois a
visão de que as regras só devem ser aplicadas aos discentes, além de
retrograda, acaba por gerar a contestação e consequentemente a indisciplina.
Enquanto uma legislação abrangente e aplicável a todos demonstra respeito
aos direitos democráticos de cada indivíduo. Dando-lhes a noção completa de
seus deveres e direitos e auxiliando na prevenção aos conflitos.
Sentir-se acolhido na escola transforma a necessidade de instrução um convite a aprender. A disciplina não é apenas uma história de técnicas e de organização, é também a história de uma postura e de um lugar. Pensar e organizar a vida do grupo vincula a dimensão instrumental da disciplina como o horizonte de responsabilidade que acompanha toda a ação educativa. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 88)
Em um capítulo do livro Prevenção da Violência e Solução de
Conflitos – O Clima Escolar como Fator de Qualidade, a professora Isabel
Fernández afirma que outra forma de realizar a prevenção da indisciplina e da
violência é aproximar o currículo a temas transversais. Temas este que possam
auxiliar nesta tarefa. Como a implementação de temáticas voltadas a educação
de valores. A valorização das habilidades sociais. Além da implementação de
uma metodologia cooperativa.
A autora ainda nos alerta que estes temas não devem estar
subordinados a esta ou aquela disciplina. Devem ser abordados pelo currículo
oculto da instituição como um todo.
O desenvolvimento da primeira parte do modelo “pensar juntos”, indubitavelmente transcende a prática diária dentro das aulas. O processo de ensino-aprendizagem pressupõe uma inter-relação constante entre seus membros e a base institucional da socialização, interação e integração. Os processos dentro da aula terão importância vital, pelo fato de
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que a tarefa do professor é “ajudar os alunos a aprenderem”, favorecendo uma comunicação que facilite o ensino e gere bons relacionamentos. (FERNÁNDEZ, Isabel. 2005. p. 95)
Outra ação preventiva defendida pela autora é a implementação de
uma metodologia de trabalho em que o educador demonstre respeito e
educação pelo aluno. Realizando uma avaliação individual do mesmo. Além de
buscar ajuda-lo em seus problemas pessoais e escolares. Aumentando a
proximidade na relação interpessoal. O que também pode contribuir de forma
contumaz na implementação de uma política de ações preventivas da violência
e indisciplina.
Apesar da tarefa não ser tão fácil, todo o corpo administrativo e
docente deve aprender a ouvir. Sem a realização de um pré-julgamento.
Apenas realizar uma escuta que busque a compreensão do que o outro diz.
Deixando de lado a frieza tecnocrata da atualidade. Onde os indivíduos não
escutam o outro, apenas querem impor sua vontade, prejulgando quem pense
diferente. Pois dentro da pluralidade de culturas existentes na escola atual,
saber ouvir já ajuda a evitar muitos conflitos e gera um ambiente institucional
muito mais favorável ao ensino-aprendizagem. Minimizando a possibilidade da
ocorrência de atos de indisciplina ou violência escolar.
Fica claro que todas as ações apresentadas se voltam ao
estabelecimento de limites a todos. Sempre vislumbrando que estes não se
tratam apenas de uma ferramenta coercitiva e autoritária. Mas uma forma de
orientar os indivíduos, que compõe a comunidade escolar, das diretrizes
básicas para a realização do processo de ensino-aprendizagem eficaz. Sendo
assim todos os seus membros devem discutir sobre as razões da existência
desses limites a serem respeitados. Não deixando de observar que os mesmos
não podem ser excessivos. O que pode acabar por atentar contra a criatividade
e liberdade de todos, mas em especial do corpo discente.
Também é cristalina a necessidade da existência de diálogo
constante entre todos os atores do processo de ensino aprendizagem. Seja na
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construção do projeto político pedagógico ou do regimento institucional.
Sempre respeitando as individualidades e o direito à liberdade dos indivíduos.
A partir do momento que a participação, cooperação e o respeito as
individualidades, estiverem impregnados na cultura institucional. A
possibilidade de ocorrência de casos de indisciplina ou violência será muito
menor. E a tratativa dos problemas que ocorrerem será muito mais fluída e
eficaz. Resguardando não só a reputação, mas todo o processo de ensino-
aprendizagem da instituição.
3.2.2. A Resolução dos Conflitos.
Mesmo adotando uma postura preventiva, não é incomum que
ocorram conflitos. Afinal o processo de ensino aprendizagem perpassa a
questão da conciliação dos conflitos, para que deste “caos”, nasça o
conhecimento. Formando um indivíduo muito mais crítico e completo.
Sendo assim, a partir deste momento, esta pesquisa volta seu olhar
para a conciliação destes conflitos. Reafirmando que a intenção não é esgotar
todas as problemáticas existentes e nem mesmo apresentar receitas infalíveis.
Mas apenas algumas maneiras eficazes de realizar a abordagem a essas
questões. Visto que como fruto de seu grupo social, cada escola apresentará
características e problemas distintos e que devem ser analisados a partir de
sua realidade.
Outra das minhas preocupações é a de que se está lidando com homens; logo, com seres em permanente transformação, diferentes entre si e que constantemente procuram e transformam o mundo. Assim, não se pode partir da ideia de que uma medida implantada em determinado contexto, só porque se obteve bons resultados com ela, funcionará para todos e independente de outros aspectos. Seus proponentes esquecem ou não levam em consideração a premissa – defendida aqui – de que aquilo que pode funcionar para um talvez não funcione para outro. (PEDRO-SILVA, Nelson. 2014. p. 161)
Silvia Parrat-Dayan atenta que a resolução de uma situação de
conflito, com eficiência, está ligada, a priori, a minimização ou eliminação das
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causas. Sendo importante a análise de todo o processo e não somente no
resultado final. Pois a compreensão das causas é mais interessante ao
processo educativo, do que a eliminação das condutas indesejáveis.
Neste contexto a solução dos conflitos pode ser uma oportunidade
de trabalhar questões como os valores e regras. Inserindo-os no currículo
oculto, nas mais variadas disciplinas. Viabilizando a reorganização dos
conhecimentos prévios e possibilitando meios para o crescimento dos
indivíduos.
Vale ressaltar que adoção desta conduta depende da qualificação
dos profissionais (gestores, colaboradores e todo corpo docente). Sendo
primaz a necessidade de sua capacitação para a tratativa dessas questões.
Como já foi dito anteriormente.
Evidentemente, esse trabalho precisa de uma formação específica do professor que, muitas vezes, age de maneira improvisada. O professor precisa também trocar os pontos de vista e tomar consciência de que uma situação de indisciplina ou de conflito não é em si mesma negativa e que não é necessário resolvê-la imediatamente. (PARRAT-DAYAN, Silvia. 2016. p. 94)
Diante da eclosão de conflitos disciplinares ou atos violentos nas
instituições. Uma abordagem defendida pelo educador Antônio Ozório Nunes é
a implementação de uma pedagogia restaurativa. Onde alunos e professores
possam construir acordos e regras de conduta em conjunto. Ou seja, em meio
ao conflito, os profissionais da educação devem buscar tratar das questões
como valores e regras, seu respeito e forma de construção. O que acaba por
auxiliar na resolução dos problemas.
Com esta reconfiguração. Quando outro evento parecido ocorrer,
mais fácil será sua solução e os alunos se sentirão capazes de dirimir tais
questões com uma atitude colaborativa. Preparando assim os indivíduos para
sua vida social futura. Sendo a resolução dos problemas, dentro desta filosofia,
pautada nos seguintes passos:
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• Efetuar a detecção das necessidades que não foram
atendidas;
• Em resposta a esta detecção, buscar a restauração da
harmonia entre as partes envolvidas;
• Finalizando este processo, conseguindo reestabelecer o
equilíbrio institucional.
Dentro desta pedagogia, uma prática comum para a resolução de
conflitos é a realização de um “Círculo Restaurativo”. Que consiste na
realização de uma reunião. Onde os envolvidos em um ato de indisciplina ou
violência se juntam a um mediador e outros indivíduos da comunidade escolar,
interessados em auxiliar no equacionamento da questão.
O nome “Círculo Restaurativo” se deve ao fato de que as pessoas envolvidas num conflito fazem uma reunião em círculo com a ajuda de um facilitador e de outras pessoas interessadas em ajudar na solução do caso. Nessa reunião, todos falam; os envolvidos poderão discutir, refletir, se redimir e recuperar a harmonia e a paz entre eles. É um encontro para restaurar as relações abaladas por algum problema. Ele evita que o conflito permaneça entre as parte e gere mais problemas no futuro. Essa prática de se sentar e conversar após uma briga ou um ato de violência é muito comum em povos indígenas e nas comunidades orientais, como é o caso dos maoris na Nova Zelândia, dos aborígenes na Austrália e do provo timorense, em Timor Leste. (NUNES, Antonio Ozório. 2016. p. 91)
A adoção desta estratégia pode ser aplicada aos mais variados tipos
de conflito. Sejam eles de grande ou pequena complexidade. Além de viabilizar
a sua adoção nos mais variados tipos de comunidade escolar. Pois como prima
pela análise e diálogo. As diretrizes a serem seguidas para a solução dos
problemas estará pautada na cultura e dogmas daquela célula social em
específico. Respeitando suas particularidades.
A realização desta atividade não é permeada por nenhuma diretriz
fixa. Porém deve seguir alguns parâmetros mínimos para a sua realização.
Como a formação de uma equipe responsável por coordenar essas reuniões
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(podendo a mesma ser composta por docentes, discentes (com maior
experiência e fácil comunicação) ou voluntários vindos da comunidade.
Um viés para esta equipe é colocar os facilitadores internos
(professores e alunos) encarregados da mediação de reuniões para resolução
de problemáticas menos complexas e inerentes a rotina da instituição.
Enquanto os facilitadores provenientes da comunidade se aterem a mediação
de problemas de maior complexidade. O que acaba fortalecendo o elo entre a
instituição e a comunidade.
Outro ponto importante para realização dessas reuniões é a
existência de um local apropriado para a sua realização. Um local onde a
privacidade dos diálogos possa ser mantida. Sendo também necessária a
determinação de dias e horários específicos para mesma.
Quanto maior a frequência de realização dessa atividade melhor.
Mas o mínimo recomendado seria uma vez na semana. Com uma duração
média de duas a quatro horas. Sendo a solicitação das mesmas podendo ser
feita, pela utilização de uma caixa de sugestões para sua realização ou por
intermédio de um livro de marcações na secretaria da instituição. Onde cada
aluno possa colocar seu nome e turma em que estuda, para marcar o encontro.
A diretoria ou a equipe pedagógica também pode convocar a
realização dessa atividade. Como forma alternativa de punição a um aluno, ou
grupo de alunos, indisciplinados ou violentos.
Outro ponto de suma importância para a implementação desta
política é solicitar a autorização de pais e responsáveis para a realização
destas atividades. Seja por documento específico ou inclusa como umas das
cláusulas do contrato de prestação de serviços educacionais.
É necessário que estas ações sejam amplamente divulgadas, junto à
comunidade escolar. Seja pela realização de reuniões para orientação sobre as
mesmas ou por divulgação em murais. Deixando claro como essas ações
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funcionam, os passos de seu funcionamento, seus horários e formas de
solicitação.
Os responsáveis pela coordenação devem ter como característica o
comprometimento com essas ações. Sendo imparciais e agindo como
facilitadores do processo de restauração. Incentivando a utilização, por parte
dos participantes de uma linguagem onde suas responsabilidades e anseios
fiquem claras (a linguagem do “eu”). Utilizando-se de perguntas para concluir
como se chegou ao impasse e o que poderia ter ofendido a cada uma das
partes. O que pode facilitar a chegada a um senso comum.
Além disso os coordenadores devem incentivar a escuta entre as
partes, de cada um de seus anseios e de suas críticas. O que acaba facilitando
a chegada a um acordo entre as mesmas. Além de buscarem o
estabelecimento de uma empatia entre as mesmas (uma parte se colocando no
lugar da outra). Sempre respeitando uma igualdade comunicativa, focada no
relato dos fatos e os sentimentos de cada uma das partes, com clareza.
Distinguindo problemas de âmbito pessoal dos problemas materiais.
Um coordenador de círculo deve primar pela imparcialidade,
prezando as experiências de uma vítima. Auxiliando as partes a trabalhar o
problema e indicando, ao final da reunião, de forma clara, as responsabilidades
do infrator para que possa se redimir.
Nunes aponta que o círculo possui três etapas, onde a primeira é
denominada Pré-Círculo, onde cada uma das partes é ouvida em separado.
Explicando como será o funcionamento do círculo, para cada uma delas.
Verificando cada um dos demais envolvidos na questão, de forma direta ou
indireta.
Após esta definição o coordenador passa ao chamamento das
partes para participação no Círculo. Tendo a preocupação de se certificar que
cada um entendeu o significado e a estrutura do mesmo.
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O Círculo primeiramente ouvirá a todos. Que deverão expressar
como estão e o que almejam no momento. Onde o indivíduo um falará como o
dois e o dois resumirá o que entendeu de sua escuta. Passando ao momento
onde quem se expressou efetua correções ou confirma o que foi entendido pelo
outro. O mesmo ocorrendo com as demais partes envolvidas até que todos
sejam ouvidos. Passando então ao firmamento de um acordo, visando sanar o
problema através do diálogo entre todos. Sendo o coordenador o mediador das
ofertas e na construção do acordo entre as partes. Sendo agendada a fase
pós-círculo.
O pós-círculo nada mais é que a realização de encontros visando a
verificação do nível de satisfação das partes, diante do acordo firmado.
Principalmente no que se refere a satisfação da vítima. Sendo importante a
realização da avaliação do Círculo com perguntas simples como:
• Você se sentiu ouvido?
• Você acha que foi compreendido?
• Você sabe o que lhe foi oferecido?
• No tocante ao que acontecerá posteriormente, você concorda
ou discorda?
• Você gostaria de fazer alguma observação? Qual?
A resolução dos problemas de indisciplina, nessa pesquisa, se
pautou na implementação de uma filosofia democrática, dentre as várias
metodologias resolução da indisciplina e violência nas escolas. Sendo este o
motivo de ser enfatizada a a pedagogia restaurativa para a resolução dos
problemas de indisciplina e violência. Visto que a mesma está pautada no
diálogo e no respeito as diferenças. Além de sua abordagem poder ser
adaptada a qualquer sociedade ou cultura institucional. Viabilizando a harmonia
e formando cidadãos seguros, críticos e capazes de buscar a harmonia.
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CONCLUSÃO
Após a análise de todo o contexto que envolve a indisciplina e
violência nas escolas. É possível depreender que o melhor caminho para a
solução da problemática é, a priori identificar as causas para posteriormente
buscar a resolução do problema. Tendo em vista que em seu âmago, estas
questões são amplamente influenciadas pelo contexto sociocultural e
econômico de uma comunidade.
Outro ponto de atenção, nesta tratativa, é que cada instituição se
insere em um grupo social distinto e com características próprias. Onde não
existem soluções infalíveis ou fórmulas prontas para sua resolução. Sendo a
análise do contexto importantíssima, para a adaptação das abordagens.
Para tal, a implementação de uma política institucional democrática.
Que respeite as diferentes culturas advindas dos componentes das instituições
de ensino. É fundamental para construção de uma escola com menos
indisciplina e violência.
Além disso é possível concluir que a melhor forma de tratar a
questão da violência e indisciplina nas escolas é pela prevenção. Sendo a
figura da Supervisão Escolar fundamental para a capacitação dos indivíduos
para implementação desta política. Permeando a questões morais,
disciplinares e culturais no currículo oculto da instituição. Impregnando o
projeto político pedagógico com temas transversais pertinentes a adoção de
uma cultura institucional democrática e participativa.
E por último e não menos importante, é possível perceber que a
solução da indisciplina e violência nas escolas está ligada não só ao diálogo.
Também é necessário capacitar o corpo docente e discente para a
implementação dessas ações e a tratativa dos possíveis problemas. Mais uma
atribuição importante dos Supervisores Escolares.
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A temática é complexa. Mas as soluções são possíveis. Bastando a
cada um dos indivíduos se conscientizar de sua importância nesta mudança de
paradigma. Afinal, educadores são por natureza destemidos e adaptativos.
40
BIBLIOGRAFIA
BORELLA, César Augusto S. O que é Hiperatividade? Sintomas e causas –
01/10/2013. Disponível em: <http://www.psicologosp.com/2013/10/o-que-e-
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41
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Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2014.
SAMPAIO, Ângela Oliveira e VENTURINI, Renata Lopes Biazotto. Uma Breve
Reflexão Sobre a Família na Roma Antiga. In: VI Jornada de Estudos Antigos e
Medievais, Maringá. Anais... Maringá: UEM, 2008.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A Violência e Indisciplina no âmbito Escolar 09
1.1. A Violência na Escola 09
1.2. A Indisciplina 10
1.3. Violência e Indisciplina – Intercessões e diferenças 13
CAPÍTULO II
As Causas da Violência e Indisciplina nas Escolas 16
2.1. Causas da Indisciplina Escolar 16
2.2. Causas da Violência no Ambiente Escolar 21
CAPÍTULO III
A Ação Supervisora Frente a Indisciplina e Violência nas Escolas 25
3.1. O papel do Supervisor Frente a Violência e Indisciplina nas Escolas 25
3.2. Como Prevenir e Debelar a Indisciplina e Violência nas Escolas 27
CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 40