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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ORGANIZAÇÃO DOS SINDICATOS NO BRASIL CHRISTIANY DA SILVA JOSÉ Orientador Prof. Willian Rocha Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ORGANIZAÇÃO DOS SINDICATOS NO BRASIL

CHRISTIANY DA SILVA JOSÉ

Orientador

Prof. Willian Rocha

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ORGANIZAÇÃO DOS SINDICATOS NO BRASIL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Direito e Processo do

Trabalho.

Por: Christiany da Silva José

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço à todas as pessoas

presentes em minha vida.

4

DEDICATÓRIA

Dedico à todas as pessoas

presentes em minha vida.

5

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal abordar detalhadamente toda

estrutura sindical no Brasil, abrangendo seu contexto histórico e sua

organização perante a Constituição Brasileira. Neste trabalho irei cruzar

informações, confrontar interpretações e a partir daí dar uma visão da formação

da organização sindical, das lutas e divergências abrangidas pelos Sindicatos,

assim como apresentar seus objetivos e funções na sociedade. A intenção

deste trabalho monográfico é a de favorecer uma visão global dos tópicos

sobre sindicatos, sua evolução histórica, implicações e análises sob pontos de

vista sociais, políticos e econômicos.

Vale ressaltar que neste estudo será enfatizada a importância de

conhecimentos sobre a CLT, aspectos constitucionais relacionados ao

sindicalismo no Brasil, história pessoal e profissional dos participantes do

processo de negociação e também as formas de composição de negociação

coletiva no âmbito sindical. Importante ponto que deve ser levantado na análise

da estrutura sindical é grande influência que as centrais possuem, apesar de

não reconhecidas como de natureza sindical, dento do movimento sindical

atual. É uma tendência mundial a fusão de sindicatos e sua organização em

ligas e centrais sindicais, devendo o Direito Sindical está atento a estas

mudanças. Será abordado ainda todo o movimento sindical brasileiro bem

como suas novas ansiedades e necessidades, já que este assunto vem sendo

cada vez mais notório e importante, até mesmo no Supremo Tribunal Federal.

Em resumo a organização sindical é composta de sistema

confederativo adotado pela Constituição de 1988 que são os sindicatos,

federações e confederações, hierarquicamente dispostas, e Centrais Sindicais

que se adéquam a este sistema. E como não há proibição constitucional para a

criação de centrais sindicais, nada obsta a sua aceitação na ordem jurídica.

6

METODOLOGIA

Para o trabalho em questão, foram usados livros relacionados à

matéria, além de visitas à sítios na internet, que me ajudaram a criar e ter uma

ideia maior sobre o assunto.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................08

1 SINDICALISMO NO BRASIL........................................................................10

1.1 Contexto Histórico do surgimento dos Sindicatos................................10

1.2 Natureza Jurídica dos Sindicatos............................................................13

1.3 Sindicato no Ordenamento Jurídico Brasileiro......................................15

1.4 Organização dos Sindicatos após a Constituição Federal de 1988..... 17

2 SISTEMA CONFEDERATIVO NO BRASIL..................................................19

2.1 Função das Centrais Sindicais.................................................................19

2.2 Confederações e Federações...................................................................21

2.3 Princípios da autonomia e da proibição de interferência do Estado na

organização dos sindicatos sobre as confederações e federações...........23

3 RECEITAS SINDICAIS..................................................................................25

3.1 Contribuição Sindical................................................................................25

3.2 Contribuição Associativa..........................................................................26

3.3 Contribuição Assistencial.........................................................................27

4 NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO................................................29

4.1 Conceito e aspectos Constitucionais da Negociação Coletiva.............29

4.2 Convenção Coletiva...................................................................................33

4.3 Acordo Coletivo.........................................................................................35

4.4 Contrato Coletivo.......................................................................................37

CONCLUSÃO....................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................43

BIBLIOGRAFIA CITADA.............................................................................46-47

8

INTRODUÇÃO

O estudo da organização sindical no Brasil deve ser realizado em uma

abordagem ampla, onde sejam abarcados institutos, princípios e normas que

versam sobre relações coletivas de trabalho no âmbito sindical.

Direito Sindical nada mais é que a parte do direito do trabalho que se

refere ao conjunto de normas instrumentais, elaborado pelo Estado e pelas

próprias organizações de trabalhadores e empresários, ou seja, é uma parte da

ciência do Direito que se ocupa do estudo das relações coletivas de trabalho.

Uma das divisões do direito sindical que é o tema do trabalho em

questão chama-se organização sindical, que compreende o estudo, de forma

estática, das entidades sindicais, envolvendo sua criação, organização e forma

de administração. Este aspecto envolve, ainda, o estudo das pessoas e grupos

que possuem atuação relativa às relações coletivas de trabalho, bem como a

participação das pessoas físicas e jurídicas, no processo de criação e atuação

das entidades sindicais, com base no que se convencionou chamar de

liberdade sindical individual.

O direito sindical se divide em organização sindical, conflitos coletivos e

representação dos empregados e convenções coletivas de trabalho.

Cabe ao direito sindical estudar disposição do modelo sindical

brasileiro, tendo como instrumento o direito comparado. Devendo analisar a

estrutura piramidal, disposta na Constituição de 1988, bem como as novas

ansiedades e necessidades do movimento sindical brasileiro.

Os conflitos entre empregados e empregadores são o objeto de estudo

do sindicalismo. Que a partir daí nascem soluções que geram o

desenvolvimento das relações de trabalho. Podemos exemplificar como uma

dessas soluções o direito a greve que pode ser convocada pelos sindicatos,

9

tendo previsão constitucional. Os sindicatos podem e devem representar os

empregados em negociações, podendo também atuar como substituto

processual em causas de interesse coletivo.

Importante lembrar que para o sindicato exercer esta atividade não é

necessário que o trabalhador sindicalizado, as conquistas são extensivas a

todos os trabalhadores ali representados.

Outro alvo da organização sindical é uma das principais atividades

sindicais, as convenções e acordos coletivos, a fim de estabelecer regras para

reger a atividade laboral da categoria, estas convenções refletem nos contratos

individuais de trabalho.

10

CAPÍTULO 1

SINDICALISMO NO BRASIL

1. Histórico do surgimento dos Sindicatos no Brasil

O Sindicalismo no Brasil teve seu nascimento em momento posterior

ao do movimento europeu. A economia inicial e a mão de obra, em princípio,

justificam esse dado.

Mesmo as corporações aqui existentes, denominadas confrarias, nada

tinham que ver com as corporações medievais da Europa, como se verifica

com Russomano que, apesar disto, não deixa de reconhecer a abolição das

corporações de ofício pela Constituição do Império de 1824.

Os acontecimentos no final do século XIX, porém, criaram as

condições para o surgimento efetivo do sindicalismo brasileiro. Pode-se dizer

que o marco inicial foi o desaparecimento da escravatura, primeiro, pela Lei do

Ventre Livre, e depois, com a Lei Áurea que enfim foi a Abolição.

Inicialmente, vigorou no Brasil o regime de trabalho escravagista. O

sistema corporativo de produção e trabalho não poderia vicejar, por

pressupor o trabalho livre, embora subordinado a normas

estatutárias. [1]

Desde então houve uma nova fase para o Sindicalismo no Brasil.

Conseqüência da adoção do liberalismo como doutrina deste primeiro período

da História da República, o Estado deixa de regular as relações de trabalho,

dentro da concepção de ser o contrato o instrumento apto a regular a relação

entre trabalhador e empregador.

No ano de 1858 houve no Rio de Janeiro a primeira greve de

trabalhadores do Brasil, promovida pelos operários gráficos. Nessa época, os

11

operários brasileiros trabalhavam de doze a quinze horas por dia, as fábricas

estavam cheias de crianças, e as mulheres faziam trabalho noturno com

salários muito inferiores aos dos homens. Além de acidentes, péssimas

condições de trabalho e inexistência de direitos.

A partir daí, em 1870, começaram a surgir as primeiras organizações

com conotação sindical no Brasil, tais como as Ligas de Resistência e os

Círculos Operários, que passaram a organizar o proletariado e a reivindicar

direitos. Tendo como principal forma de luta, a greve.

No início do século XX, no momento em que a indústria crescia

visivelmente, a classe trabalhadora posicionava-se contra a dura realidade em

que vivia: alto custo de vida, baixos salários, desemprego, longa jornada de

trabalho, falta de liberdade e acidentes de trabalho. Em 1905 foi criada a

primeira organização estadual de trabalhadores, a Federação Operária de São

Paulo.

No ano de 1912 foi marcado pelo Congresso dos Pelegos, assim

denominado pelos sindicalistas combativos, porque foi realizado sob a égide do

filho do então Presidente da República, Marechal Hermes da Fonseca, e reunia

os setores do movimento sindical comprometidos com as autoridades. Eles

pretendiam criar um sindicalismo atrelado ao Estado.

Mais adiante, no início da década de 1920, iniciou o desenvolvimento a

indústria, que alterou a estrutura da economia e da sociedade brasileira. Muito

embora prevalecesse o caráter agrário-exportador da economia e a hegemonia

política e social das oligarquias rurais, o crescimento ocorrido durante o

período da primeira Guerra Mundial, duplicando a produção industrial do país,

reforçou o processo de concentração urbana e produziu novos atores sociais

que começaram a lutar na busca de espaços políticos para defesa de seus

interesses.

Desta forma a classe operária cresceu reforçada por novos continentes

de origem camponesa que, praticamente, diluíram a força de trabalho

12

anteriormente existente, ao mesmo tempo em que impulsionavam o

crescimento dos setores médios e do empresariado industrial.

Com a revolução liderada por Getúlio Vargas já no ano de 1930,

iniciou-se um processo de modernização e consolidação de um Estado

Nacional atuante nas relações fundamentais da sociedade. Em função disso o

Brasil passou a ser um país industrializado e a classe operária ficou mais

destacada e também muito importante. Isso desencadeou diversas

mobilizações das massas trabalhadoras e também um aumento generalizado

das lutas sindicais.

Mais adiante, modificou-se a cena sindical, e assim afirma Maria

Hermínia Tavares de Almeida:

O sindicalismo brasileiro segue, a partir de 1978, trajetória diversa

dos outros países latino-americanos. Enquanto nos demais países

houve enfraquecimento, no Brasil o sindicalismo teve uma posição

melhor que a de épocas passadas, encontrada nas condições

oferecidas pela democratização do País, alicerçando-se este

sindicalismo em bases diversas do que denomina sindicalismo

populista. Enquanto este girava em torno dos trabalhadores em

transportes coletivos e estatais, o novo sindicalismo assentava-se nos

trabalhadores das indústrias de ponta. [2]

Este período para o sindicalismo é época de mudanças. Divide-se o

movimento sindical, em 1983, após tentativas de organização conjunta, com a

fundação da CUT, Central Única dos Trabalhadores e, posteriormente da

Central Geral dos Trabalhadores em 1986.

A primeira pretendendo uma reforma geral do movimento sindical com

objetivo de indicar o caminho da liberdade e autonomia sindicais, e a segunda,

se manifestando contra a intervenção do Estado, porém, pregando a

manutenção da unicidade sindical.

13

Iniciou-se em São Paulo uma onda de greves que segundo Eduardo

Noronha, é aberta em 1978 pelos metalúrgicos da região do ABC,

gerando ciclo sem precedentes no Brasil. [3]

Por fim o último marco concreto do sindicalismo brasileiro é a

promulgação da Constituição Federal de 1988 onde houve por ela concessão

de liberdade as organizações sindicais, para então regrar de forma autônoma,

sua vida inteira, além de impedir a interferência e a intervenção do Estado.

Outro ponto importante abordado pela referida Constituição foi a

permissão de sindicalização de servidores públicos, ampliando, do ponto de

vista qualitativo e quantitativo, os grupos que podem ter seus interesses

profissionais defendidos por meio de sindicatos.

Contudo, é importante ressaltar que desde a promulgação da

Constituição da República de 1988 e até os dias de hoje, tivemos algumas

iniciativas de alteração do modelo de organização sindical no Brasil, porém

sem sucesso.

1.2 Natureza Jurídica dos Sindicatos

A definição da natureza jurídica dos sindicatos é uma questão polêmica

e geralmente é identificada quando baseada no sistema sindical que se

encontram inseridos.

É possível dizer que em uma primeira posição o sindicato é definido

como ente de direito privado, já que se trata de uma associação de pessoas

onde o objetivo precípuo é a defesa de seus interesses pessoais. Para esta

posição, os sindicatos seriam disciplinados pelas regras gerais pertencentes a

esse departamento do direito.

Já para a segunda corrente é o sindicato considerado ente de direito

público, sendo de certa forma uma continuação do Estado. Neste caso os

14

interesses do sindicato são confundidos com os próprios interesses particulares

do Estado.

Ainda há a terceira posição que é a do sindicato como pessoa jurídica

de direito social. Neste caso fica o sindicato no meio termo, onde o sindicato

seria um ente que não se pode classificar exatamente nem entre as pessoas

jurídicas de direito privado nem entre as pessoas jurídicas de direito público,

constituindo-se, portanto, num terceiro gênero.

Segundo Amauri M. Nascimento o sindicato é um sujeito coletivo,

como organização destinada a representar interesses de um grupo,

na esfera das relações trabalhistas. Tem direitos, deveres,

responsabilidades, patrimônios, filiados, estatutos, tudo como uma

pessoa jurídica. A doutrina se divide quando da indagação acerca de

o sindicato ser um ente do direito público ou de direito privado. Os

autores mais modernos afirmam ser uma pessoa jurídica de direito

privado, já que é criado por iniciativa de particulares, para

representação e defesa de seus interesses. Há ainda quem considere

ter natureza semipública, vez que os sindicatos têm fins específicos,

de caráter profissional, enquanto que as associações têm finalidades

diversas. [4]

Cabe ressaltar que o Conselho da Justiça Federal, nas últimas

Jornadas de Direito Civil, definiu, pelo Enunciado 142, que os sindicatos são

associações. Existem na verdade muitas definições acerca dos sindicatos.

É possível retirar uma definição para sindicato, nos termos do artigo

511 da Consolidação das Leis do trabalho que seria “associação para fins de

defesa e coordenação de interesses econômicos ou profissionais de

empregadores ou de trabalhadores”.

Embora não haja na legislação brasileira uma definição de sindicato,

a doutrina na qualidade de interpretar a ciência tratou de trazer diversas

definições de sindicato. Vejamos algumas delas:

15

Sindicato e o agrupamento estável de várias pessoas de uma

profissão, que convencionam colocar, por meio de uma organização

interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para

assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com

vistas a melhorar suas condições de trabalho. Dizer que antes

mesmo de se adentrar ao tema propriamente dito, cumpre ressaltar

as funções dos sindicatos. [5]

Destarte que dentro dessas definições o doutrinador Washington faz

uma observação importante.

Conforme em assevera Washington Coelho, o costume jurídico

brasileiro é o registro. Diferentemente das pessoas físicas, não basta

o puro nascimento de fato; a sociedade deve tomar conhecimento

para que, a partir da existência de direito, as pessoas jurídicas

possam constituir direitos e obrigações. [6]

Instituições sindicais são sujeitos coletivos na forma de associação

instituída para proteger os interesses profissionais que a integram. Tem

direitos, deveres, responsabilidades, patrimônio, filiados, estatutos, tudo como

uma pessoa jurídica.

1.3 Sindicalismo no Ordenamento Jurídico Brasileiro

Os sindicatos e todo sistema sindical possuem grande importância no

ordenamento jurídico brasileiro.

Durante o Estado Novo foi editado o decreto que versava sobre

unicidade sindical no Brasil que foi logo recepcionado pela CLT. Em seguida

houve a queda do Estado e com isso foi determinado que seria livre a

associação sindical profissional, sendo regulados por lei a forma de sua

constituição. Mas adiante a Constituição marcou o restabelecimento da

16

democracia no Brasil. Atualmente é assegurada pela República, a liberdade de

filiação e total autonomia sindical.

A Consolidação das Leis trabalhistas aborda em seu título V diversos

temas como organização, instituição e associação sindical. Trata ainda das

prerrogativas e deveres dos sindicatos.

A CLT ainda faz uma abordagem sobre o atrelamento do sindicato ao

poder público, além de destacar detalhes do processo de administração, e

ainda das atribuições e limitações dos seus administradores. Ressalte-se que

ainda faz menção as Federações e Confederações.

A Constituição brasileira vigente aborda o principal princípio da

unicidade sindical. Em conformidade com essa maneira de organização, é

possível existir somente uma entidade sindical por categoria para uma mesma

base territorial. Ressalte-se que a base territorial mínima é simplesmente o

Município. Ressalte-se ainda que nenhum sindicato pode possuir base

territorial menor que um Município, porém pode ter base em mais de um

Município, um Estado inteiro e pode até mesmo ter base nacional.

O atual inciso II do artigo 8.º define o sistema sindical vigente, de

unicidade, em suas linhas mestras, desde a década de 30, ao

prescrever: “Art. 8.º... II - é vedada a criação de mais de uma

organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria

profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será

definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não

podendo ser inferior a área de um Município”. O atual sistema

sindical tem as seguintes bases: a) uma só entidade representativa

de categoria profissional ou econômica na mesma base territorial, o

que se entende por unicidade sindical um só sindicato, uma só

Federação, uma só Confederação; b) base territorial limitada a, pelo

menos, um município, impossibilitando, assim, o sindicato de

empresa, mas não vedando sindicatos intermunicipais, estaduais,

interestaduais e nacionais; c) direito do trabalhador ou empregador

definir a base territorial, possibilitando, portanto, o desmembramento

da entidade sindical que detenha a base em mais de um município. [7]

17

1.4 Organização dos Sindicatos após a Constituição Federal

de 1988

Com o fim do regime autoritário, e a eleição de uma assembléia

constituinte objetivando conceber a Constituição que faria a transição entre o

regime anterior e o democrático, o sindicalismo brasileiro adquiriu maior

liberdade, sendo vedado ao Estado interferir na organização e administração

sindical, ressalvado o registro no órgão competente.

Porém, a mesma Carta Magna, em seguida, enumera uma série de

restrições, que devem ser obrigatoriamente observadas pelo movimento

sindical brasileiro. Entre elas, estão as principais condições submetidas a

organização sindical no Brasil, todas previstas no art. 8º, II da CRFB/88, quais

sejam: a unicidade sindical, a sindicalização por categoria e base territorial

mínima. Destarte que com o advento da nova ordem constitucional os

sindicatos brasileiros foram beneficiados com a liberdade sindical. E quanto à

organização, ainda existe restrições no que tange a unidade sindical, base

territorial mínima, sindicalização por categoria e sistema confederativo.

A unicidade sindical também foi abordada pela Constituição Federal,

sendo a obrigatoriedade de existir apenas um sindicato na mesma área de

atuação. Neste caso, o enquadramento da classe trabalhadora ou empresarial

em determinado sindicato decorre da vontade da lei, que dispõe no sentido de

fazer com que a classe inteira seja representada pelo único sindicato existente

naquela área de atuação delimitada pela lei.

Outro aspecto relevante conservado pela Constituição foi o sistema

confederativo, onde manteve sua estrutura básica, sendo estrutura composta

de sindicatos, federações e confederações.

Esse sistema deve ser observado tanto no setor privado como no setor

público, dentro de uma análise comparativa, utiliza-se o artigo 8º da

Constituição na sindicalização dos servidores públicos.

18

Além dessas razões, acrescenta-se que, antes da Constituição

Federal de 1988 as entidades sindicais dependiam do

reconhecimento do Estado para ter personalidade jurídica e sindical,

a partir do novo texto legal podem ser fundadas independentemente

de prévia autorização do Estado, mediante simples registro perante o

órgão competente. A solução está em reconhecer a amplitude do

princípio da auto-organização, respaldado que está pela CF de 1988.

As centrais vêm convivendo com o sistema confederativo. Desse

modo, a experiência demonstrou que não são incompatíveis as

centrais e o referido sistema. O direito comparado também mostra o

mesmo. Não há proibição constitucional para a criação de centrais.

Logo, nada obsta a sua aceitação na ordem jurídica como entidades

integrantes da organização sindical. [8]

A Constituição traz o sindicato podendo ser formado por trabalhadores

da mesma categoria profissional e tem por objetivo a defesa dos direitos e

interesses coletivos e individuais da categoria, além da presença obrigatória

quando das negociações coletivas. E faz menção também quanto à finalidade

do sindicato no tocante a defesa de direitos. Os sindicatos são incumbidos de

defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria que

representa.

Dispõe ainda sobre a realização de assembleia geral e da não

obrigatoriedade de se filiar ou manter-se filiado a sindicato. E no fim do artigo

8º, já no inciso VIII, prevê a vedação da dispensa do empregado sindicalizado

a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical

e caso seja ele eleito a titular ou até mesmo suplente, essa garantia de

estabilidade se estende até um ano após o término do mandato. Importante

ainda enfatizar que as disposições elencadas pelo artigo 8º referem-se também

às organizações rurais e colônias de pescadores.

Enfim, são diversas inovações abordadas pela Constituição de 1988

acerca do universo sindical, fato este que ocasiona uma reviravolta nas

questões sindicais nos dias atuais.

19

CAPÍTULO 2

SISTEMA CONFEDERATIVO NO BRASIL

2.1 Função das Centrais Sindicais

Em 1930 foi criado o Ministério do trabalho e com ele começou a se

atribuir à delegação de poder público aos sindicatos. A sindicalização foi

regulada em 1931 e os sindicatos passaram a órgãos consultivos do Estado.

A partir da Constituição de 1937 e da CLT, o sindicato brasileiro

perdeu, legalmente, sua autonomia e liberdade e se tornou, obrigatoriamente,

único na mesma profissão ou princípio ou atividade e na mesma base

territorial, tornando a unicidade o princípio diretor da estrutura sindical no

Brasil, o que por si só inviabilizaria a existência das centrais sindicais.

As centrais sindicais são muito conhecidas no Brasil, como a Central

Única dos Trabalhadores (CUT); a Confederação Geral dos Trabalhadores do

Brasil (CGTb); a Central Geral dos Trabalhadores (CGT); A União Sindical

Independente (USI); a Força Sindical (FS) e a Central dos Servidores Públicos

(CSP).

As Centrais Sindicais são organismos de coordenação de entidades

sindicais ou não, de atividades ou de hierarquia das associações sindicais. Por

isso, além de não serem elas uma espécie de confederação, podem as centrais

sindicais multiplicar-se com base no princípio da liberdade associação.

A única exigência para a filiação às centrais sindicais é que os filiados,

trabalhadores individuais, grupos de trabalhadores e entidades sindicais de

trabalhadores estejam de acordo com os princípios, objetivos e condições

estabelecidas em seus Estatutos.

20

As Centrais Sindicais, como são organizadas atualmente, são

sociedades civis, distante de agremiação sindical, e estão proibidas de

representar qualquer categoria profissional ou patronal.

O Ministro Arnaldo Sussekind salienta que:

As centrais sindicais são associações civis, não gozam de titularidade

para a prática de atos cuja legitimidade é, por lei, reservada às

entidades sindicais: assinatura válida de instrumentos coletivos

negociados, a instauração de dissídios coletivos e a representação

das categorias econômicas e profissionais, poder este restrito, em

grau superior, às confederações e federações. [9]

As centrais possuem o objetivo a mobilização, a ação conjunta, na

defesa de interesses que não são apenas de uma categoria, mas de todos os

trabalhadores, e já se verifica, quer no plano do direito comparado, quer no do

direito positivo nacional, uma clara tendência no sentindo da institucionalização

da central sindical, que constitui verdadeira confederação geral de todas as

categorias.

Dentro deste modelo, então, e cedendo à tentação de inserir as

centrais dentro de um contexto observado sob o prisma hierárquico, as centrais

sindicais são órgãos que estão acima das demais entidades sindicais e

desenvolvem uma defesa ampla dos interesses classistas de trabalhadores ou

de empregadores.

Existem diversas posições acerca da natureza jurídica das centrais

sindicais. Mas é importante enfatizar a posição dos Tribunais que se firma no

sentido de não reconhecer a legitimidade de negociar das Centrais Sindicais,

bem como seu reconhecimento enquanto entidade representativa de categorias

profissionais, razão pela qual tem reiteradamente decidindo pelo não

provimento das ações movidas pelas mesmas.

Nas sessões do julgamento da Seção de Dissídios Coletivos do

Tribunal Superior do Trabalho, é comum dizer que os processos se dividem em

21

dissídios da categoria e dissídios da diretoria, estes, assim chamados, porque

quase sempre instaurados com base na autorização de uma assembleia geral

constituída apenas por um número de presentes que corresponde ao dos

cargos existentes na Diretoria.

Existem cada vez mais processos do dissídio coletivo na Justiça do

Trabalho apresentando como matéria preliminar ativa de dois sindicatos de

trabalhadores que lutam pela representação da categoria.

Nesses últimos anos as centrais avançaram em sua unidade e em sua

capacidade de mobilização. Houve ainda a conquista da valorização

permanente do salário mínimo, objetivavam-se a luta pela redução da jornada

de trabalho sem redução de salário e progressivamente desempenham papel

protagonista na defesa dos direitos dos trabalhadores. Contudo, mesmo tendo

seu prestígio, a sua vem sendo motivo de constantes julgamentos no STF e

objeto de ADINs na mesma.

2.2 Confederações e Federações

As confederações e federações estão compreendidas pelo sistema

confederativo e são denominadas pela CLT como entidades de grau superior

que possuem a mesma natureza jurídica dos sindicatos.

O principal objetivo das federações é coordenar os interesses dos

sindicatos a ela filiados, embora não os possa representar. Pode ainda a

federação de forma supletiva, representar para fins de contratação coletiva e

ajuizamento de dissídio coletivo, trabalhadores e empregadores, deste que isso

ocorra na ausência de sindicato. A exigência é de no mínimo cinco sindicatos

que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de

profissões idênticas, similares.

Acima das federações estão as confederações que são formadas pela

união das primeiras. Possuem o objetivo precípuo de coordenar os interesses

das federações, agrupando, nacionalmente, as atividades ou profissões, ou

22

seja, enquanto a federação coordena interesses, via de regra, regionais, a

confederação o faz nacionalmente. Importante destacar que a CLT prevê que

para existência de uma confederação é necessário no mínimo três federações

no setor.

Tal estrutura obedece a um princípio de união que, segundo o Estado,

é o de atividades econômicas idênticas. Entretanto, são incluídas, sob a forma

de grupos que se encaixam nesses troncos, outras atividades meramente

similares ou conexas. Podem elas, tanto a federação como confederação, ser

constituídas livremente, sem as amarras impostas pela CLT, considerando a

liberdade sindical instituída pelo artigo 8º CRFB, devendo respeitar somente as

restrições constitucionais do inciso II deste artigo.

A respeito comenta Orlando Gomes:

Cumpre acrescentar que a extinção do 'enquadramento' envolve a

queda da 'dimensão profissional', ficando a questão da 'conexidade e

similaridade' entre os profissionais aglutináveis uma decisão exclusiva

da opção dos interessados, uma questão decorrente de suas

aspirações eletivas, seus impulsos associativos, cuja única inspiração

é o próprio interesse profissional e econômico, e similitude de

condições de vida. [11]

No que tange à administração das federações e confederações, esta

se encontra na CLT, na seguinte forma:

Art.538 A administração das federações e confederações será

exercida pelos seguintes órgãos:

a) Diretoria;

b) Conselho de Representantes;

c) Conselho Fiscal.

§ 1. A Diretoria será constituída no mínimo de 3 (três) membros e de

3 (três) membros se comporá o Conselho Fiscal, os quais serão

eleitos pelo Conselho de Representantes com mandato por 3 (três)

anos.

§ 2. Só poderão ser eleitos os integrantes dos grupos das federações

ou dos planos das confederações, respectivamente.

23

§ 3. O Presidente da federação ou confederação será escolhido

dentre os seus membros, pela Diretoria.

§ 4. O Conselho de Representantes será formado pelas delegações

dos Sindicatos ou das Federações filiadas, constituída cada

delegação de 2 (dois) membros, com mandato por 3 (três) anos,

cabendo 1 (um) voto a cada delegação.

§ 5. A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da

gestão financeira.

Cabe ainda ressaltar que uma Federação pode abranger categorias

bem mais amplas que os sindicatos, como por exemplo: Federação dos

Trabalhadores na Indústria, Federação do Comércio. O uso das denominações

"Federação" e "Confederação", seguido da indicação de uma atividade, são

simplesmente privativos das entidades sindicais de grau superior.

Destarte que para que sejam instituídas estas entidades, os sindicatos

interessados devem agir em conformidade com as normas vigentes, já que não

é facultado a qualquer entidade o uso destas nomenclaturas.

2.3 Princípios da autonomia e da proibição de interferência do

Estado na organização dos sindicatos sobre as confederações

e federações

No que diz respeito ao princípio da autonomia cabe dizer que a

Constituição de 1988, dispõe que é vedada ao Poder Público a interferência e a

intervenção na organização sindical, recebendo o princípio da liberdade da

administração sindical. A Carta Magna veda qualquer interferência do Estado

na organização sindical como um todo.

Se ao Estado é vedado interferir na organização sindical, ele não pode

de forma alguma indicar os órgãos integrantes da estrutura administrativa dos

sindicatos. Neste caso cada sindicato deve estruturar-se em conformidade com

as regras estabelecidas pelo respectivo estatuto, que deverão ser submetidos à

assembleia sindical para sua aprovação, com a criação do organograma

24

administrativo interno pronto ao atendimento das suas necessidades, da

mesma forma que ocorre com uma entidade privada.

Na situação das Confederações, estas também mantêm a sua

representatividade exclusiva em todo o País, em sua categoria respectiva. As

entidades de grau superior ainda integram o modelo sindical, como órgãos

representativos de interesses nas respectivas categorias. A autonomia de

organização faz com que as entidades de segundo grau não fiquem na

dependência mais de autorização do Ministério do Trabalho para que sejam

fundadas. Portanto, se na base territorial existir uma federação fica totalmente

vedada a criação de outra, na mesma área, representativa do mesmo grupo.

Poderão surgir alguns problemas de desmembramentos, sabendo-

se que as confederações e as federações englobam setores amplos e

diversificados, dos quais podem pretender emanciparem-se atividades conexas

ou semelhantes que tenham a finalidade de fundar uma entidade específica.

Caso a questão não se resolva pelo entendimento direto dos

interessados e diante da proibição constitucional de interferência do

Ministério do Trabalho, é necessário que um órgão suprapartes a

decida. Será o Poder Judiciário ou, no caso de reforma da

legislação, a Comissão de Enquadramento Sindical, do Ministério do

Trabalho, desde que por lei venha a ter essa função. [12]

Com o advento da Constituição de 1988, as entidades sindicais

passaram a ter liberdade para definir seu regramento interno, definir o teor de

seus estatutos sociais, fixarem seus órgãos de administração e fiscalização,

definir suas fontes de receita, dentre outras questões. Gozam, portanto, as

entidades sindicais no Brasil, de democracia interna e autarquia externa.

Salienta-se que a impossibilidade de interferência e de intervenção

não é apenas do Estado, mas, ainda de terceiros.

25

CAPÍTULO 3

RECEITAS SINDICAIS

3.1 Contribuições Sindicais

No Brasil as contribuições feitas por associados e não associados

ainda constituem a principal fonte de receita das entidades sindicais ainda

constituem a principal fonte de receita das entidades sindicais. É uma espécie

de parcela devida por todos que participarem de determinada categoria

profissional ou econômica. Também daqueles que exercerem uma profissão

liberal, em favor do sindicato.

A contribuição sindical cobrada compulsoriamente de trabalhadores e

empregadores, independentemente de sua condição de associados ou não. É

considerada a principal receita do sindicato do Brasil. Possui natureza jurídica

de tributo e é compulsória. Destina-se ao custeio de todo o sistema

confederativo e por este motivo ela é repartida entre sindicato, federação e

confederação e também com as Centrais Sindicais previsto pela Lei nº.

11.648/08.

Algumas doutrinas defendem a tese de que essa contribuição fere a

liberdade sindical, uma vez que é imposta aos trabalhadores. Eles alegam que

todo o suporte financeiro dos sindicatos deve ser oriundo de contribuições

completamente voluntárias.

Importante ressaltar que a contribuição sindical é regulamentada pelo

artigo 578 e seguintes da CLT. Essa contribuição é um meio de atrelar os

sindicatos ao status existente e é o indício de que a liberdade sindical não é

completa. Ela será recolhida de uma vez só de forma anual. Consistirá na

importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho.

26

Tal contribuição deve ser distribuída, na forma da lei, aos sindicatos,

federações, confederações e à "Conta Especial Emprego e Salário",

administrada pelo Ministério do Trabalho.

O objetivo da cobrança é o custeio das atividades sindicais e os valores

destinados à "Conta Especial Emprego e Salário" integram os recursos do

Fundo de Amparo ao Trabalhador. Compete ao Ministério do Trabalho expedir

instruções referentes ao recolhimento e à forma de distribuição da contribuição

sindical. Portanto, ela é legal e automática, conforme determina a lei.

3.2 Contribuição Associativa

Também chamada de mensalidade, onde o associado paga uma

parcela mensal ao sindicato por sua própria vontade. O valor dessa

mensalidade é submetida a votação e aprovação e finalmente é estabelecida

em Assembleia Geral. Cabe ressaltar que em função de ser de caráter

voluntário não possui natureza jurídica de tributo.

Existem dois requisitos para essa contribuição ser cobrada. São eles:

previsão estatutária e filiação sindical. É necessário que o empregado se filie

para então contribuir com a mensalidade, e neste momento ele passar a obter

direitos oferecidos pelos sindicatos correspondentes à sua filiação.

Essa contribuição é devida somente durante o período em que o

empregado se mantenha filiado ao respectivo sindicato. A Constituição prevê

que nenhuma pessoa é obrigada a manter-se filiada a sindicato.

Por este motivo a partir do momento que houver o desligamento, cessa

a contribuição associativa. E tem previsão legal na CLT no artigo art. 548,

alínea b, da CLT, onde estabelece que essas contribuições sejam

regulamentadas por estatutos e assembleia geral.

27

3.3 Contribuição assistencial

Recebe também o nome de taxa assistencial, taxa de fortalecimento

sindical, sendo cobrada normalmente, para custear as despesas de campanha

das entidades sindicais, após o estabelecimento de convenções e acordos

coletivos de trabalho e, até, de sentenças normativas. Alguns doutrinadores

alegam inexistir qualquer amparo legal para esta contribuição, e sim se baseia

nas normas coletivas.

Uma vez instituída, é extensiva à toda a categoria representativa, tendo

caráter compulsório. É fixada por assembleia da categoria, devidamente

convocada para tal, através da publicação de edital e vem prevista em acordo

ou convenção coletiva de trabalho ou, na ausência dessas, em sentença

normativa em processo de dissídio coletivo (no caso de contribuição de

categoria profissional).

Essa contribuição é compreendida como um pagamento realizado pelo

trabalhador de uma categoria profissional ou econômica ao respectivo sindicato

da categoria em função de participação deste nas negociações coletivas, em

caráter espontâneo e não obrigatório. Sua previsão de pagamento é

estabelecida através de convenções coletivas, acordos coletivos ou em

sentenças normativas, para o custeio de atividades assistenciais dos

Sindicatos, as colônias de férias, ambulatórios, hospitais e obras semelhantes.

O doutrinador Sérgio Pinto Martins entende sobre o significado da

contribuição assistencial:

A prestação pecuniária, voluntária, feita pela pessoa pertencente à

categoria profissional ou econômica ao sindicato da respectiva

categoria, em virtude de este ter participado das negociações

coletivas, de ter incorrido em custos para esse fim, ou para pagar

determinadas despesas assistenciais realizadas pela agremiação.[13]

28

Ressalte-se que a contribuição assistencial possui a finalidade de

angariar para o sindicato, recursos financeiros para custear a defesa de direitos

e interesses profissionais, além de proporcionar melhores condições de vida

aos trabalhadores e seus familiares, na medida em que programas de

assistência social podem ser implementados através dessa fonte de custeio.

Desta maneira, a contribuição voluntária que é feita pelo membro da

categoria profissional ou econômica ao sindicato, tem o objetivo de arcar com a

participação da entidade nas negociações coletivas ou proporcionar a

prestação de assistência jurídica, médica, dentária, etc.

Importante destacar que toda receita arrecadada será investida em

serviços de interesse do sindicato e no patrimônio do sindicato, com a devida

aprovação em Assembleia. Com efeito, o sindicato, para realização de seus

fins, pode estabelecer, para seus associados, a contribuição que bem

entender, desde que instituída de acordo com seus estatutos e com a lei, mas

não pode sua assembleia impor obrigação a terceiros que dela não

participaram.

A legalidade das taxas assistenciais está definida por Acórdãos do TRT

4ª Região:

“Contribuição assistencial — A previsão de contribuição assistencial

em normas coletivas negociadas situa-se dentro dos limites em que é

permitida a transação de vontades coletivas das categorias e abrange

todos os integrantes das categorias econômica e profissional” (TRT

RO 00007.005/00.8 — Relator Juiz Raul Zoratto Sanvicente — DJRS

12.12.03. “Contribuição assistencial. As normas coletivas devem ser

cumpridas, não podendo os empregados apenas usufruir as

vantagens, sem arcar com as obrigações nelas estabelecidas. Assim,

as contribuições assistenciais previstas nas normas coletivas são

devidas por todos os empregados da reclamada integrantes da

categoria do sindicato autor” (Proc. N. 01084.771/01-2(RO). 6ª Turma

TRT 4ª Reg — Relatora Juíza IRIS Lima de Moraes — Publicado DJ

27.10.03).

29

CAPÍTULO 4

NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO

4.1 Conceito e aspectos Constitucionais da Negociação

Coletiva

A negociação coletiva no plano legal é definida pelo artigo 2º da

Convenção nº. 154 da Organização Internacional do Trabalho.

Artigo 2 - Para efeito da presente Convenção, a expressão

“negociação coletiva” compreende todas as negociações que tenham

lugar entre, de uma parte, um empregador, um grupo de

empregadores ou uma organização ou várias organizações de

empregadores, e, de outra parte, uma ou várias organizações de

trabalhadores, com o fim de: fixar as condições de trabalho e

emprego; ou regular as relações entre empregadores e

trabalhadores; ou regular as relações entre os empregadores ou

suas organizações e uma ou várias organizações de trabalhadores,

ou alcançar todos estes objetivos de uma só vez. [15]

Observe-se que a definição da OIT não indica efetivamente o que seria

negociação coletiva, mas sua pretensão é limitar o campo da negociação

coletiva, no âmbito das relações de trabalho, do ponto de vista de seus sujeitos

e de sua finalidade. O que parece é que a OIT emprega o termo negociação

coletiva no sentido de procedimento que tenha por fim a fixação de condições

de trabalho ou emprego ou a regulação das relações entre as forças do capital

e do trabalho.

Negociação Coletiva é a que se celebra entre empregadores e

trabalhadores ou seus respectivos representantes, de forma

individual ou coletiva, com ou se intervenção do Estado, para

30

procurar definir condições de trabalho ou regulamentar as relações

laborais entre as partes. [14]

O conceito de negociação coletiva é, portanto o processo de ajuste

entre empregados e empregadores que visa à harmonização de interesses

antagônicos com o intuito de estabelecer normas e condições de trabalho.

Existem diversos conceitos acerca da negociação coletiva. Os

doutrinadores divergem um pouco sobre esse tema. Para uns, é fonte

normativa típica do Direito do Trabalho.

Leciona Amauri Mascaro Nascimento que a

Negociação coletiva da qual resultam convenções coletivas de

diferentes tipos, graus de obrigatoriedade e âmbitos de aceitações, é

uma fonte de produção normativa típica do Direito do Trabalho. [15]

Na mesma linha, Enoque Ribeiro dos Santos pondera que a

negociação coletiva é o

Processo dialético por meio do qual os trabalhadores e as empresas,

ou seus representantes, debatem uma agenda de direitos e

obrigações, de forma democrática e transparente, envolvendo

matérias pertinentes à relação trabalho-capital, na busca de um

acordo que possibilite o alcance de uma convivência pacífica, em

que impere o equilíbrio, a boa-fé e a solidariedade humana. [16]

Em decorrência da pluralidade de conceitos, também há diversidades

de proposições doutrinárias a respeito da natureza jurídica da negociação

coletiva.

Acerca desta questão, Enoque Ribeiro dos Santos observou que

“Orlando Gomes, ao estudar o fenômeno da negociação coletiva,

utilizou a expressão convenção coletiva, ou seja, ao invés de tratar

do processo como um todo — a negociação coletiva — focava um

dos seus instrumentos normativos — a convenção coletiva. Esse fato

31

pode explicar, por si só, porque o legislador pátrio, ao legislar sobre

o fenômeno, no ordenamento jurídico ordinário, deu mais destaque à

convenção e ao acordo coletivo.” [17]

No Brasil, parece-nos que a natureza jurídica da negociação coletiva

constitui autêntico instrumento decorrente do poder negocial coletivo conferido

aos sindicatos representativos das categorias profissionais e empregadores ou

sindicatos representativos das categorias econômicas para que promovam a

defesa dos interesses coletivos dos seus representados.

A rigor, da negociação coletiva não resulta uma lei (à exceção do setor

público, ante o princípio da legalidade), e sim um acordo coletivo ou convenção

coletiva ou, ainda, uma sentença arbitral ou, no caso brasileiro, uma sentença

normativa.

A negociação coletiva é informada pelos princípios da boa-fé onde a

negociação coletiva deve ser no sentido de encerrar o conflito coletivo de

trabalho, e não instigá-lo ainda mais. Dessa forma, as condutas na negociação

devem observar os deveres morais da ética e lealdade entre as partes, sem

que haja o intuito de umas prejudicarem as outras.

Tem também o princípio do dever de informação que atesta ser

fundamental o conhecimento da situação real da empresa, bem como das

necessidades dos trabalhadores, por ambas as partes, a fim de que a

negociação possa se embasar de acordo com os elementos da realidade. Até

porque se o grande mérito da negociação está no fato de que ela pode melhor

refletir os interesses das partes por ter condições de conhecer melhor a

realidade da empresa e dos trabalhadores, é óbvio que deve ser observado o

dever de repassar as informações necessárias ao objeto da negociação.

Existe ainda o princípio da razoabilidade. Ele impõe que as partes

atuem com bom senso na negociação, de forma que não cabe aos

empregados, por exemplo, exigir condições impossíveis de serem concedidas

pela empresa, da mesma forma que as empresas não devem conceder

32

condições muito abaixo de suas reais possibilidades. Não é que as partes

devem concordar com as propostas da outra parte, mas sim que devem

negociar ancoradas no sentimento de que precisam atuar, para alcançar o

consenso sempre com boa vontade baseando-se nos limites e necessidades

de cada uma.

No que se refere às funções da negociação coletiva, Amauri Mascaro

Nascimento, tem a seguinte posição

Negociação coletiva cumpre funções jurídicas e não jurídicas. As

primeiras seriam as funções normativa, obrigacional e compositiva e,

as últimas, as funções política, econômica e social, sendo que para

ele, a principal função seria a normativa. [18]

A função normativa seria a criação de normas aplicáveis às relações de

emprego; a obrigacional, a criação de normas válidas para os sujeitos da

negociação; a compositiva, visando a superar o conflito existente entre as

partes; a política, que resultaria do diálogo entre grupos sociais, como forma de

suplantar divergências; a econômica, que seria forma de distribuição da riqueza

e a social, pela participação dos trabalhadores na vida e no desenvolvimento

da empresa.

A Constituição brasileira de 1988, não obstante estabeleça o pluralismo

como princípio fundamental (art. 1º, V) e prestigie a negociação coletiva e seus

instrumentos como direito coletivo fundamental dos trabalhadores (arts. 7º,

XXVI, e 8º, VI), acabou limitando a liberdade sindical e, por via de

conseqüência, uma de suas vertentes: a negociação coletiva.

Com efeito, ao prescrever o regime da unicidade sindical, a Carta

Magna de 1988 só permite dois âmbitos de negociação: no âmbito das

categorias e no âmbito da empresa. No âmbito das categorias, porquanto na

CCT-Convenção Coletiva de Trabalho as suas cláusulas e condições alcançam

apenas aos integrantes da categoria econômica e profissional. Já no âmbito da

empresa, temos o ACT-Acordo Coletivo de Trabalho cujas cláusulas e

33

condições são aplicáveis restritivamente aos trabalhadores da(s) empresa(s)

que dele participaram.

Além disso, a negociação coletiva em nosso ordenamento jurídico

acaba sendo, na prática, monopólio sindical, seja em função da regra expressa

no inciso VI do art. 8º da CF, seja porque as federações e confederações

somente comparecem e participam das negociações coletivas quando não

existirem sindicatos em determinada base territorial ou quando estes se

recusarem a assumir a direção negocial.

É o que se infere dos arts. 611, §§ 1º e 2º, 613, I, 614 e 617 da CLT.

Consoante previsão constitucional, a negociação coletiva é requisito para a

arbitragem e para a jurisdição19. Ademais, a própria CLT20, condiciona a

instauração da instância à comprovação cabal e inequívoca da tentativa de

negociação prévia.

A negociação coletiva distingue-se da convenção e do acordo coletivo

de trabalho, já que se trata de procedimento que visa superar divergência entre

as partes, sendo o seu resultado, a convenção ou o acordo coletivo de

trabalho.

4.2 Convenção Coletiva

São acordos entre sindicatos de trabalhadores e empregadores. Esse

acordo geralmente é feito anualmente, podendo se estender por mais um

tempo.

Já que a Constituição não define a convenção coletiva, é necessária a

análise do art. 611 da CLT, in verbis:

Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo

pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias

econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho

34

aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações

individuais de trabalho.

Na concepção do ilustre Valentin Carrion

“A distinção fundamental entre o contrato individual de trabalho e

convenção coletiva lato sensu, é que, enquanto o primeiro cria

obrigação de trabalhar e a de remunerar, a convenção coletiva prevê

direitos e obrigações para os contratos individuais em vigor ou que

venham a celebrar-se; como se diz, é mais uma lei do que um

contrato. Tem a vantagem de descer a minúcias e, melhor que a lei,

adaptar-se às circunstâncias específicas das partes, do momento e

do lugar.” [19]

Importante ressaltar que todos os efeitos oriundos dos acordos

celebrados entre as partes não só as atingem como também a terceiros.

As Convenções Coletivas devem ser celebradas por escrito, sem

emendas em rasuras, em tantas vias quantos forem os Sindicatos

convenentes. Ressalte-se que esses instrumentos caracterizam-se como

contratos bilaterais e solenes.

Acerca ainda das convenções coletivas é importante evidenciar que o

professor Octávio Bueno Magano traz uma classificação das convenções

coletivas de trabalho que são

Convenção coletiva de eficácia limitada, que obriga somente os

sujeitos convenientes e seus respectivos associados, e a convenção

coletiva de eficácia geral, que obriga não apenas os sujeitos

convenientes e seus respectivos associados, mas também pessoas

estranhas aos quadros de associados. [20]

Portanto, a convenção coletiva é uma forma de composição autônoma

realizada entre dois ou mais sindicatos. Essa convenção acontecer após

Assembléia convocada especialmente para este fim.

35

Enfim, o objetivo da convenção coletiva é o de superar as insuficiências

da contratação individual, sendo uma forma de auto-regulamentação dos

próprios interesses.

4.3 Acordo Coletivo

O conceito de acordo coletivo de trabalho está prevista no § 1º do art.

611 da CLT, e que diz

É facultado aos sindicatos representativos de categorias

profissionais celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas

da correspondente categoria econômica, que estipulem condições

de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das empresas

acordantes às respectivas relações de trabalho.

Acordo coletivo é todo pacto celebrado entre sindicato dos

trabalhadores e uma ou mais empresas, atuando diretamente, sem

representação, no qual se estabelecem regras na relação trabalhista existente

entre ambas as partes.

O artigo. 617 e seus §§ 1º e 2º da CLT, estabelece que:

“Art. 617 — Os empregados de uma ou mais empresas que

decidirem celebrar Acordo Coletivo de Trabalho com as respectivas

empresas darão ciência de sua resolução, por escrito, ao Sindicato

representativo da categoria profissional, que terá o prazo de 8 (oito)

dias para assumir a direção dos entendimentos entre os

interessados, devendo igual procedimento ser observado pelas

empresas interessadas com relação ao Sindicato da respectiva

categoria econômica.

§ 1º — Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha-

se desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar

conhecimento do fato à Federação a que estiver vinculado o

Sindicato e, em falta dessa, à correspondente Confederação, para

que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos.

36

Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir

diretamente na negociação coletiva até final.

§ 2º — Para o fim de deliberar sobre o Acordo, a entidade sindical

convocará Assembléia Geral dos diretamente interessados,

sindicalizados ou não, nos termos do art. 612.”

Destarte que o TST considera válido o acordo coletivo sem sindicato,

desde que atendido o procedimento previsto no art. 617 da CLT. É o que pode

ser observado a seguir

“Acordo coletivo — Celebração sem a participação do sindicato —

Nos termos do art. 8º, VI, da Constituição da República e caput do

art. 617 da CLT, é obrigatória a participação dos sindicatos nas

negociações coletivas, sem a qual o ajuste não será considerado

válido, salvo se cumprida a formalidade constante no § 1º do art. 617

da CLT (Expirado o prazo de 8 (oito) dias sem que o Sindicato tenha

se desincumbido do encargo recebido, poderão os interessados dar

conhecimento do fato à Federação a que estiver vinculado o

Sindicato e, em falta dessa, à correspondente confederação, para

que, no mesmo prazo, assuma a direção dos entendimentos.

Esgotado esse prazo, poderão os interessados prosseguir

diretamente na negociação coletiva até final), procedimento não

respeitado no caso em apreço. Honorários advocatícios — Sindicato

— Atuação em nome próprio — A concessão da verba honorária,

nesta Justiça do Trabalho, restringe-se à hipótese do art. 14 da Lei n.

5.584/70 (reproduzido pelos Enunciados ns. 219 e 329, ambos desta

Casa), condicionada

à constatação de dois fatores, quais sejam a assistência por parte de

sindicato obreiro e remuneração inferior ou igual a dois salários

mínimos mensais pelos assistidos, ou comprovação de situação

econômica tal que impossibilite a demanda judicial sem prejuízo de

seu próprio sustento. No caso, o Sindicato, na condição de

representante de categoria profissional, encontra-se atuando em

nome próprio, resultando sem amparo legal, pelo menos nesta

Especializada, a concessão da referida verba. Recurso provido, no

particular” (TST — ROAA 749835 — SBDI 2 — Relª Minª Conv.

Anelia Li Chum — DJU 9.11.01 — p. 658).

37

Tanto as convenções coletivas quanto os acordos coletivos estão

previstos no art. 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal. Esse artigo prevê

também o acordo coletivo como instrumento normativo de autocomposição dos

conflitos trabalhistas.

Para a doutrinadora Vólia Bonfim Cassar

Acordo coletivo de trabalho é o negócio jurídico extrajudicial efetuado

entre sindicato dos empregados e uma ou mais empresas, onde se

estabelecem condições de trabalho, obrigando as partes acordantes

dentro do período de vigência pré-determinado. [21]

Para alguns doutrinadores acerca do acordo coletivo

Suas cláusulas são comandos abstratos, gerais e impessoais. Em

face disto, a convenção ou o acordo coletivo se assemelham à

lei.Estes instrumentos normativos têm corpo de contrato e alma de

Lei. [22]

Destarte que o acordo coletivo é comumente utilizado para atender

demanda local, decorrente de um conflito em determinada empresa e seu

pessoal.

4.4 Contrato Coletivo

O contrato coletivo de trabalho é o conjunto de normas que regulam as

relações profissionais de uma determinada categoria de trabalhadores em nível

de sindicato.

Esse contrato garante ao profissional ter respeitados os seus direitos. E

quando houver uma contratação que não esta em conformidade com as

normas vigentes, o profissional pode pedir a intervenção do Sindicato para que

atue como mediação na referida contratação. Depois de esgotadas as

negociações e após a instituição do acordo coletivo, toda contratação deve se

38

submeter as suas normas. Caso haja desrespeito as normas, poder haver a

aplicação de sanções previstas até mesmo pelo contrato coletivo.

É uma nomenclatura antiga, mas usada ainda em alguns países.

Importante esclarecer que a doutrina não é unânime acerca desta matéria. Na

concepção de Orlando Gomes e Élson Gottscahlk,

Acerca do conceito de contrato coletivo de trabalho, mesmo antes da

vigência da Lei nº. 8+542/92 que contrato coletivo é o contrato de

equipe. Todavia, um não se confunde com outro. Enquanto o

primeiro é instituto de direito coletivo o outro é direito individual. [23]

Já o Ministério do Trabalho atesta que o contrato coletivo do trabalho

seria

O emprego da negociação coletiva direta e voluntária entre

empregador e empregadores, com força da lei, sobre todos os

aspectos da relação de trabalho, dos mais simples aos mais

complexos. Para que isso possa ocorrer, torna-se necessário criar

um novo modelo de relações, que desafios da produtividade e da

competitividade. E que conduza ao redimensionamento do papel do

Estado nas relações do trabalho, transformando-o de repressor e

intervencionista num organizador e articulador do processo, além de

viabilizar efetivamente a liberdade e a autonomia sindical. [24]

Alguns doutrinadores preferem dizer que o contrato coletivo não faz

parte da realidade do ordenamento jurídica, constituindo meramente uma

pretensão. Nos dias atuais o contrato coletivo é apenas referência existente

dentro de nosso ordenamento jurídico, e não existe mais a possibilidade de ser

utilizado na prática. A proposta reforma sindical trata do contrato coletivo como

gênero do qual são espécies os convênios nacionais, estaduais e municipais,

efetuados pelas Centrais Sindicais, Confederações, Federações e Sindicatos.

É mister encontrar uma forma equilibrada para estabelecer o

contrato coletivo, possibilitando que não só os sindicatos, federações

e confederações negociem, mas também as centrais sindicais, de

modo que estas entidades convivam e estabeleçam regras de

39

maneira harmônica para a solução de conflitos coletivos de

trabalho.[25]

Os contratos coletivos são sui generis e pelas suas características

de serem contratos, firmados por pessoas jurídicas capazes e de possuírem

efeitos normativos, regulamentando, por força de lei, relações individuais de

pessoas representadas à revelia delas, pelos que contratam, não se podem

enquadrar dentro de nenhuma das concepções, afastam-se dos extremos.

40

CONCLUSÃO

Devido ao trabalho exposto, é possível concluir que Direito Sindical

nada mais é que a parte do direito do trabalho que se refere ao conjunto de

normas instrumentais, elaborado pelo Estado e pelas próprias organizações de

trabalhadores e empresários. Em outras palavras, direito sindical é a parcela da

Ciência do Direito que se ocupa do estudo das relações coletivas de trabalho.

Dentro de uma análise do contexto histórico, é válido dizer que

diversos acontecimentos importantes contribuíram para a história do

sindicalismo no Brasil. Foram diversos movimentos, greves, e por último, teve o

marco concreto do sindicalismo brasileiro com a promulgação da Constituição

Federal de 1988 onde houve por ela concessão de liberdade as organizações

sindicais, para então regrar de forma autônoma, sua vida inteira, além de

impedir a interferência e a intervenção do Estado.

No que tange a natureza jurídica dos Sindicatos, pode-se dizer concluir

que existem algumas correntes onde doutrinadores divergem acerca deste

tema. Porém a tese mais adequada para definir a natureza jurídica é que

Instituições sindicais são sujeitos coletivos na forma de associação instituída

para proteger os interesses profissionais que a integram. Tem direitos, deveres,

responsabilidades, patrimônio, filiados, estatutos, tudo como uma pessoa

jurídica.

A CLT traz várias abordagens sobre o tema sindical. Mas a

Constituição Federal de 1988 trouxe inovações para o sistema sindical

brasileiro. Esta Carta Magna enumera uma série de restrições, que devem ser

obrigatoriamente observadas pelo movimento sindical brasileiro. Entre elas,

estão as principais condições submetidas a organização sindical no Brasil,

todas previstas no art. 8º, II da CRFB/88, quais sejam: a unicidade sindical, a

sindicalização por categoria e base territorial mínima.

41

Com o advento da Constituição de 1988, as entidades sindicais

passaram a ter liberdade para definir seu regramento interno, definir o teor de

seus estatutos sociais, fixarem seus órgãos de administração e fiscalização,

definir suas fontes de receita, dentre outras questões. O Estado não pode

intervir de forma alguma na estrutura administrativa sindical.

O Sistema confederativo sindical engloba algumas instituições

importantes e essenciais à ele, tais como, Centrais Sindicais que são

organismos de coordenação de entidades sindicais ou não, de atividades ou de

hierarquia das associações sindicais. Por isso, além de não serem elas uma

espécie de confederação, podem as centrais sindicais multiplicar-se com base

no princípio da liberdade associação. Existem ainda as federações que

possuem a finalidade de coordenar os interesses dos sindicatos a ela filiados,

embora não os possa representar. E também as confederações que possuem o

objetivo principal de coordenar os interesses das federações, agrupando,

nacionalmente, as atividades ou profissões.

Quanto às receitas sindicais, existem contribuições a serem pagas aos

sindicatos para custear suas despesas. Tem a contribuição sindical que é

contribuição feita por associados e não associados ainda constituem a principal

fonte de receita das entidades sindicais ainda constituem a principal fonte de

receita das entidades sindicais. Existe também a contribuição associativa é a

parcela paga mensalmente ao sindicato pelo empregador oriundo de sua

própria vontade. Por fim, tem a contribuição assistencial que também pode ser

chamada de taxa de fortalecimento sindical, e geralmente é cobrada para

custear as despesas de campanha das entidades sindicais.

No que concerne às negociações coletivas no âmbito sindical, pode

elucidar que o conceito de negociação coletiva é, portanto o processo de ajuste

entre empregados e empregadores que visa à harmonização de interesses

opostos com o objetivo de criar normas e condições de trabalho. Dentro deste

tema é importante evidenciar as formas de composição de conflitos. A

convenção coletiva de trabalho é uma forma de composição autônoma onde

42

existe uma série de acordos entre sindicatos de trabalhadores e empregadores.

Já o acordo coletivo de trabalho é todo pacto celebrado entre sindicato dos

trabalhadores e uma ou mais empresas, atuando diretamente, sem

representação. E por último, seria importante destacar o contrato coletivo de

trabalho, já que este faz parte deste assunto, que seria o conjunto de normas

que regulam as relações profissionais de uma determinada categoria de

trabalhadores em nível de sindicato.

Enfim, o sindicalismo brasileiro evoluiu muito e alcançou inúmeras

conquistas após uma intensa luta pelos direitos dos trabalhadores. A história

mostra marcos importantes que contribuíram para o desenvolvimento do

sistema sindical. A Constituição Federal de 1988 veio para completar e

fortalecer as garantias sindicais dando às entidades plena autonomia

administrativa, evidenciando também o princípio da unicidade sindical e

estabelecendo alguns critérios para o funcionamento do mesmo. Além disso, a

CLT também se dedica ao sindicalismo ao abordar normas de funcionamento

do mesmo.

Atualmente existem diversas jurisprudências acerca de sindicatos,

federações, confederações e centrais sindicais; o que desperta cada vez mais

uma preocupação com o sistema sindical brasileiro que já tem um espaço

garantido e uma tremenda importância no ordenamento jurídico brasileiro e na

vida de todo povo brasileiro também, devido à sua finalidade.

43

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALKIMIN CUNHA, Edilson e J. RUPRECHT, Alfredo. Relações Coletivas de

trabalho. Tradução Cunha. São Paulo: LTr, 1995.p.265.

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______.Texto integral da Convenção nº. 154 pode ser encontrado na

publicação “Convênios y recomendaciones internacionales del trabajo:1919-

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46

BIBLIOGRAFIA CITADA

1 ROMITA, Arion Sayão, Direito Sindical Brasileiro. Rio de Janeiro:

Brasília/Rio, 1976. p. 35.

2 TAVARES DE ALMEIDA, Hermínia, Crise Econômica e interesses

organizados: o sindicalismo no Brasil dos anos 80. São Paulo, 1996. p. 125-

127.

3 BOITO Jr., Armando, A explosão das greves na década de 80.. O

sindicalismo brasileiro nos anos 80. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. p.95.

4 NASCIMENTO, Amauri Mascaro do. Apud, José Cláudio Monteiro de Brito

Filho. Direito Sindical. LTr, São Paulo: 2000.

5 GOTTSCHALK ÉLSON e ORLANDO GOMES , Curso de direito do trabalho,

Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 185.

6 COELHO, José Washington. Sistema Sindical Constitucional Interpretado,

São Paulo: Resenha Tributária, 1989.

7 PASSOS, Edésio. Unicidade sindical – Decisões do STF. Disponível em

<http://www.parana-online.com.br/canal/direito-e-justica>. Acesso em: 15 maio

2011.

8 FILHO, Evaristo de Moraes, Entendem que não há incompatibilidade entre o

Sistema Confederativo e as Centrais Sindicais, Sindicato – organização e

funcionamento. Ltr, São Paulo, 1965, set. 1980 e VIANNA, Segadas.

Instituições de Direito do Trabalho (co-autoria Susseskind e Délio Maranhão).

8ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1981, v..2., p. 1024.

10 SUSSEKIND, Arnaldo. Direito Constitucional do Trabalho. Rio de Janeiro:

Renovar, 2004. p. 399.

11 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson. Ob. cit., p. 589.

13 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Ob. cit., p. 147.

14 MARTINS, Sérgio Pinto. Contribuições sindicais: direito comparado e

internacional: Contribuições assistenciais, confederativa e sindical. 2 ed., São

Paulo: Atlas, 1998.

47

15 Texto integral da Convenção nº. 154 pode ser encontrado na publicação

“Convênios y recomendaciones internacionales del trabajo:1919-1984”

(Ginebra: Oficina Internacional Del Trabajo, 1985.p. 1625-1628).

16 ALKIMIN CUNHA, Edilson e J. RUPRECHT, Alfredo. Relações Coletivas

de trabalho. Tradução Cunha. São Paulo: LTr, 1995.p.265.

17 BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. “Direito sindical: análise do

modelo brasileiro de relações coletivas de trabalho à luz do direito comparado e

da doutrina da OIT: proposta de inserção da comissão de empresa”. São

Paulo: LTr, 2000.

19 SANTOS, Enoque Ribeiro dos. “Direitos humanos na negociação coletiva”.

São Paulo: LTr, 2004.

20 Idem

21 Idem

22 ROMITA, Arion Sayão, Direito Sindical Brasileiro. Rio de Janeiro:

Brasília/Rio, 1976. p. 35.

23 CARRION, Valentim, Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho,

São Paulo, Saraiva, 1996 (arts. 611 e ss.).

24 MAGANO, Octávio Bueno. Manual de Direito do Trabalho - Vol. III, Direito

Coletivo do Trabalho. São Paulo: LTr, 3ª edição, 1993.

25 CASSAR, Vólia Bonfim, Direito do Trabalho, Niterói/RJ, Editora Impetus, 2ª

edição, 2008, p. 1285.

26 Apud SUSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas;

TEIXEIRA, Lima. Instituições de Direito do Trabalho. 21. Ed. São Paulo: LTr,

2003, v.1. p. 87.

27 GOTTSCHALK ÉLSON e ORLANDO GOMES , Curso de direito do

trabalho, Rio de Janeiro: Forense, 1995. p. 185.

28 MINISTÉRIO do Trabalho. Trabalho e cidadania 1. Fevereiro/03.

29 PINTO MARTINS, Sérgio, Direito do Trabalho, Editora Atlas S.A, 15ª ed., p.

754.